Pasta de Sociologia 2015

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PAST A DE SOCIOLOGIA (TEXTOS/ROTEIROS) - PROF. WAGNER LUIZ (2015) OBS. ORIENTAÇÕES SOBRE O FUNCIONAMENTO DO CURSO DE SOCIOLOGIA: - Material Anglo distribuído em 12 Atividades ano letivo; - Para um bom andamento do curso, a divisão das atividades foi organizada em aulas 1e 2. Obs. Nem todas as atividades devem ser divididas em 02 aulas! AULA 1 (AULA INTRODUTÓRIA): O QUE É SOCIOLOGIA E AS RAZÕES DE ESTUDAR O COMPORTAMENTO SOCIAL DEFINIÇÕES DE SOCIOLOGIA A) “A Sociologia é uma das Ciências Sociais. Seu objetivo mais amplo é descobrir a estrutura básica da sociedade humana, identificar as principais forças que mantém os grupos unidos ou que os enfraquecem e verificar que condições transformam a vida social”. (BROOM, Leonard, e SELZNICK, Philip. Elementos de Sociologia. Rio de Janeiro: livros Técnicos e Científicos, 1979, p. 2). B) “A Sociologia, como modo de explicação científica do comportamento social e das condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento moderno”. (FERNANDES, Florestan. Ensaios de Sociologia Geral e Aplicada. P. 30/31). C) A Sociologia pertence a um grupo do que se convencionou chamar por Ciências Sociais. Ao lado de Ciências como a Antropologia, Ciência Política, História, dentre outras, procura pesquisar e estudar o comportamento social humano em suas mais variadas formas de organização e conflito, que genericamente, poderíamos dizer que seja esse o seu objeto de foco. D) “A Sociologia – este conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social – no contexto histórico que possibilitou o seu surgimento, formação e desenvolvimento.”. (MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 08. (Coleção Primeiros Passos). E) “(...) A sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. (...) Na verdade, a sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções

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Olá pessoal, este é o material a ser utilizado durante as aulas, são vários roteiros e bibliografias. Um abraço !!!

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PAST A DE SOCIOLOGIA (TEXTOS/ROTEIROS) - PROF. WAGNER LUIZ (2015)

OBS. ORIENTAÇÕES SOBRE O FUNCIONAMENTO DO CURSO DE SOCIOLOGIA:- Material Anglo distribuído em 12 Atividades ano letivo;- Para um bom andamento do curso, a divisão das atividades foi organizada em aulas 1e 2. Obs. Nem todas as atividades devem ser divididas em 02 aulas!

AULA 1 (AULA INTRODUTÓRIA): O QUE É SOCIOLOGIA E AS RAZÕES DE ESTUDAR O COMPORTAMENTO SOCIAL

DEFINIÇÕES DE SOCIOLOGIA

A) “A Sociologia é uma das Ciências Sociais. Seu objetivo mais amplo é descobrir a estrutura básica da sociedade humana, identificar as principais forças que mantém os grupos unidos ou que os enfraquecem e verificar que condições transformam a vida social”. (BROOM, Leonard, e SELZNICK, Philip. Elementos de Sociologia. Rio de Janeiro: livros Técnicos e Científicos, 1979, p. 2).B) “A Sociologia, como modo de explicação científica do comportamento social e das condições sociais de existência dos seres vivos, representa um produto recente do pensamento moderno”. (FERNANDES, Florestan. Ensaios de Sociologia Geral e Aplicada. P. 30/31).C) A Sociologia pertence a um grupo do que se convencionou chamar por Ciências Sociais. Ao lado de Ciências como a Antropologia, Ciência Política, História, dentre outras, procura pesquisar e estudar o comportamento social humano em suas mais variadas formas de organização e conflito, que genericamente, poderíamos dizer que seja esse o seu objeto de foco.D) “A Sociologia – este conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social – no contexto histórico que possibilitou o seu surgimento, formação e desenvolvimento.”. (MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 08. (Coleção Primeiros Passos). E) “(...) A sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. (...) Na verdade, a sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização.”. (idem, p. 08.) F) “A Sociologia é uma Ciência, ou seja, trata-se de um conjunto de conhecimentos sistemáticos, organizados, baseados na observação e na pesquisa objetiva dos fatos sociais e não em crenças preconcebidas ou sentimentos subjetivos a respeito dos mesmos fatos. “(...) Como profissional, um sociólogo tem a obrigação de relatar e analisar “objetivamente” tudo o que constitui a vida em grupo (como a vida em família, as classes sociais e as comunidades) e seus derivados (valores, tradições e costumes)”. (COHEN, Bruce. Sociologia Geral. São Paulo: MacGraw-Hill, 1980, p. 1). G) “Quanto ao objeto de estudo, a Sociologia estuda a sociedade humana, sua estrutura básica, a coesão e a desintegração dos grupos, a transformação da vida social. Mas não basta um conjunto de indivíduos para que tenhamos vida social. É preciso que esses indivíduos interajam, se relacionem, convivam, tenham interesses comuns, vivam “de acordo” com normas comuns.” (PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação. São Paulo: Ática, p. 12).

O ESTUDO DA SOCIOLOGIA “Por que estudar a sociedade em que vivemos? Não basta vivê-la? É possível conhecer a sociedade cientificamente? A Sociologia serve para quê? (...) O que se pode dizer, inicialmente, é que a Sociologia, assim como as demais CIÊNCIAS HUMANAS (História, Ciência Política, Economia, Antropologia,

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Geografia, etc.), tem como objetivo compreender e explicar as permanências e as transformações que ocorrem nas sociedades humanas e até indicar algumas pistas sobre os rumos das mudanças. Através dos tempos, os seres humanos buscam suprir suas necessidades básicas mediante a produção não só de alimentos, abrigo e vestuário, mas também de normas, valores, costumes, propriedades, desigualdades, conflitos, arte e explicações sobre a vida e sobre o mundo. Viver em sociedade é participar dessa produção. Ao fazê-lo, acabamos produzindo a história das pessoas, dos grupos e das classes sociais. Por isso, a Sociologia tem uma estreita relação com a História. Basta dizer que precisamos de ambas para explicar a existência da própria Sociologia. (...) Das relações pessoais aos grandes conflitos mundiais, a Sociologia investiga os problemas que afetam o nosso cotidiano, evidenciando a estreita relação entre as questões individuais e as questões sociais. (...) (...) Mas qual é o campo de estudo específico da Sociologia? Para entender os elementos essenciais da sociedade em que vivemos, os sociólogos procuram dar respostas a questões como estas: ATENÇÃO – OBSERVAR AS REGULARIDADES SOCIAIS!- Por que as pessoas agem e pensam desta forma e não de outra?- Por que nos relacionamos uns com os outros de determinada maneira, normalmente padronizada?- Por que existe tanta desigualdade e desemprego em nosso cotidiano?- Por que existem a política e as relações de poder na sociedade?- Quais são os nossos direitos e o que significa cidadania?- Por que existem movimentos sociais com interesses tão diversos? Estes movimentos são revolucionários ou reformadores?- O que é cultura? Qual a relação entre cultura e ideologia? Como elas estão presentes nos meios de comunicação de massa?- Como entender o comportamento social dos mais diferentes grupos humanos?

Para Pierre Bourdieu, sociólogo francês contemporâneo, a Sociologia, quando se coloca numa posição crítica, incomoda muito, porque, como outras ciências humanas, revela aspectos da sociedade que certos indivíduos ou grupos se empenham em ocultar. (...) Ora, uma das preocupações da sociologia é justamente formar indivíduos autônomos (...), capazes de analisar o noticiário, as novelas de televisão (...). (...) Onde está a autonomia de um indivíduo aprisionado aos meios de comunicação? Como manter a liberdade de pensamento e julgamento em uma sociedade que atua no sentido da massificação?(TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 06 e 07).

- ROTEIRO DE ESTUDO

1. APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR2. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA- O que é sociologia?& Devemos entender a Sociologia como uma CIÊNCIA! Uma Ciência Social ao lado da História, Geografia, Antropologia entre outras.& Ciência Moderna que analisa o Comportamento social – uma ciência da sociedade. Os primeiros cientistas sociais pretendiam elaborar uma ciência que explicasse os FENÔMENOS SOCIAIS com o mesmo rigor utilizado nas chamadas ciências naturais – Biologia ou a Física. Buscavam LEIS UNIVERSAIS que dessem conta de compreender, racionalmente, O PENSAMENTO SOCIAL.& Primeira Escola Sociológica: O Positivismo (Auguste Comte). & Sociologia – compreender as REGULARIDADES SOCIAIS.3. OBJETOS DE OBSERVAÇÃO (ESTUDO) DA SOCIOLOGIA:& Processos sociais, movimentos sociais, conflitos sociais, instituições sociais (exemplo – a família), poder, status etc.4. CORRENTES SOCIOLÓGICAS (MATRIZES) TEÓRICAS:

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& POSITIVISTA-FUNCIONALISTA: Comte/Durkheim& SOCIOLOGIA COMPREENSIVA: Max Weber& DIALÉTICA (Histórico-crítica): Karl Marx 5. PAPEL BÁSICO DA SOCIOLOGIA:& Formular generalizações sobre a realidade social.& Não cabe ao sociólogo estudar fatos isolados e sim a repetição do fenômeno social. Deve haver uma regularidade social.& Conexões analíticas com outras disciplinas – exemplo: observar o contexto histórico.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA - *COSTA, Cristina. Introdução a Ciência da Sociedade. 3ª edição. São Paulo: Moderna, 2005.- *MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.- OLIVEIRA, Luiz Fernandes; COSTA, Ricardo César Rocha. Sociologia para jovens do século XXI. Rio de Janeiro: Editora Ao Livro Técnico, 2007.- FORACCHI, Marialice M.; MARTINS, José de Souza. Sociologia e sociedade (Leituras de introdução à sociologia). Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ed., 1977.

Atenção: aquele que for marcado com um asterisco é de grande importância!

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AULA 1 (LEITURA COMPLEMENTAR) - “SOCIOLOGIA – CONCEITOS BÁSICOS”1. SOCIEDADE - PROCESSOS SOCIAIS: São os mecanismos através dos quais se dá a interação entre indivíduos e grupos, na vida social. Os processos sociais são numerosos: cooperação, competição, conflito, acomodação e assimilação. - GRUPOS SOCIAIS: Reunião de duas ou mais pessoas, associadas pela interação, e, por isso, capazes de ação conjugada visando objetivos comuns. Classificação: Primários (família, círculo de amigos etc.) e Secundários (empresa, clube, escola etc.).- INTERAÇÃO SOCIAL: Uma ação coletiva em vistas a objetivos comuns. John Donne “Nenhum homem é uma ilha” – Sociedade constituída de indivíduos.- ISOLAMENTO SOCIAL: Situação na qual uma pessoa ou um grupo social ficam desprovidos de contatos sociais. - ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: É o processo que coloca as pessoas de uma sociedade em camadas sociais, em estratos diferentes, segundo suas condições econômicas, ou mesmo de nascimento. Atualmente – grande parte das sociedades humanas – a estratificação ocorre devido às condições econômicas dos indivíduos. Um exemplo de estratificação são as classes sociais (capitalismo); estamental (feudalismo) ou mesmo as castas sociais (Índia). - STATUS SOCIAL E PAPEL SOCIAL: Corresponde à posição que o indivíduo ocupa em um grupo social ou na sociedade. O papel social constitui o conjunto de funções (ou o comportamento social) que cada indivíduo desempenha em consequência do status que ocupa. - MUDANÇA SOCIAL: Entende-se por mudanças sociais as transformações na vida e no funcionamento da sociedade. Toda mudança social é resultado de processos pelos quais a sociedade inteira, ou apenas alguns aspectos dela, passa de um estado a outro. As mudanças sociais podem ocorrer em diversos níveis da sociedade: no nível das instituições, no dos costumes e da conduta, ou seja, no nível cultural, no nível da estrutura social, nas relações entre os membros da sociedade, etc. - ALIENAÇÃO E TRANSGRESSÃO SOCIAIS: Alienação – se manifesta pela perda de consciência; Transgressão- sujeito se recusa a aceitar as coerções sociais (rompimento; criação de novas formas de representações coletivas).

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2. SOCIALIZAÇÃO PRIMÁRIA

* Onde a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo (FAMÍLIA).

- FAMÍLIA: Dois tipos básicos:- Família Nuclear (marido, esposa e filhos); Família Consanguínea (reúne todos ou a maioria dos parentes de sangue).- FUNÇÕES DA FAMÍLIA: Socialização; Reprodução; Regulação Social; Afeto e proteção. - FORMAS DE CASAMENTO: Endogamia (com membros do mesmo grupo); Exogamia (casamento com alguém de fora do grupo); Monogamia (de um só homem com uma só mulher) e Poligamia (pluralidade de cônjuges).

3. SOCIALIZAÇÃO SECUNDÁRIA* Todo e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objectivo da sua sociedade (na escola, nos grupos de amigos, no trabalho, nas atividades dos países para os quais visita ou emigra, etc.), existindo uma aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam no indivíduo relativamente ao seu desempenho, assim como dos novos papéis que ele assumirá nos vários grupos a que poderá pertencer e nas várias situações em que pode ser colocado. É isso aí! BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- PILETTI, Nelson. Sociologia da Educação. São Paulo: Ática, 1985.

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AULA INTRODUTÓRIA/Nº2 e 3/BREVE HISTÓRICO – SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

1. O PENSAMENTO CIENTÍFICO

*CIÊNCIA:- investiga os fenômenos da natureza- processo de experimentação (sistemático e metódico)- ciência de hoje: criada no século XVII

2. ANTIGUIDADE

- COSMOGONIA (descrições e interpretações mitológicas acerca da origem do universo); - Grécia (V a.C.) – passagem do mito à razão (explicações filosóficas substituem a cosmogonia)

*Egito antigo e Mesopotâmia antiga: geometria, calendários etc.

3. A “CIÊNCIA” NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA (GRÉCIA)

*Filósofos falavam em dois níveis de conhecimento:- A DOXA: opinião (observações cotidianas sem um método)- A EPISTEME: conhecimento racional baseado na observação – métodos

*EPISTEME: palavra grega traduzida por “ciência”.

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3.1. A CIÊNCIA DA NATUREZA (GREGOS)

- Filósofos pré-socráticos: explicar a natureza (Physis) - física - Physis: leis que regem a natureza (descobrir o Princípio Universal de todas as coisas – Arkhé- Exemplos: Tales de Mileto e o elemento água; Heráclito de Éfeso e o elemento fogo; Pitágoras de Samos e número como princípio.

3.2. OS SOFISTAS E A NOVA ORGANIZAÇÃO “DEMOCRÁTICA”

*Sofistas (sábios em grego): primeiros filósofos do período socrático- Substituíram a natureza, que antes era o principal objeto de reflexão, pela arte da persuasão (mundo das Pólis).- Estudiosos que discutiam assuntos como política, economia e sociedade (compreender a sociedade)

3.3. PLATÃO (428-347 a.C) E O MUNDO DAS IDEIAS

*Obra Principal: A República (Utopia platônica (construções sociais imaginárias) – como a sociedade deveria se organizar na política, na estrutura social etc). *Ideias de Platão:- Grande preocupação: busca do Conhecimento Verdadeiro ou a busca pela Essência (aquilo que é eterno e imutável).- Existência de dois Mundos: Hierarquia

- MUNDO DAS IDEIAS (INATAS) - (mundo da forma, morada da “alma” - consciência da realidade, centro da racionalidade e consciência ética - mundo da essência, mundo perfeito e imutável) - SUPERIOR - MUNDO DOS SENTIDOS - MATERIAL (uma imitação, que se transforma, plano mutável) – INFERIOR

O VERDADEIRO MUNDO REAL É O MUNDO DAS IDEIASALCANÇAR O CONHECIMENTO É COMPREENDER O MUNDO DAS IDEIAS!

*CONCLUINDO: PLATÃO E A VALORIZAÇÃO DO MUNDO DAS IDEIAS, DAS FORMAS PERFEITAS E IMUTÁVEIS.

3.4. ARISTÓTELES (384-322 a.C.) – VALORIZAÇÃO DO MUNDO DOS SENTIDOS

*Obra: “Política” – procurou tratar das coisas reais (mundo dos sentidos) – analisa a constituição social e política, enfim, reflexões sobre política - “homem um animal político”.*Ideias básicas de Aristóteles:- Para se alcançar o conhecimento verdadeiro é necessário utilizar os sentidos.- Para Platão as ideias eram inatas e para Aristóteles, a razão era inata. - Para compreender o mundo concreto era necessário utilizar a razão.*Teoria do “Lugar Natural” – Terra centro do universo (Geocentrismo)*Aristóteles dividiu o universo físico em duas partes: a região sublunar (o nosso mundo) e a região supralunar (a dos astros acima da lua).

3.5. PTOLOMEU (110-170 d.C.)

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*Atribuiu aos planetas órbitas elípticas, tendo a Terra como foco – Geocentrismo.

4. IDADE MÉDIA

*Teocentrismo

* SANTO AGOSTINHO (354-430) – INFLUÊNCIA PLATÔNICA *Obra: “A Cidade de Deus” – Tema de cunho social e cristão, construir o reino de Deus. Cada grupo social possui uma função para o bem estar de todos (aceitação). . Conciliação entre fé e a razão. Santo Agostinho elabora a “Filosofia Cristã”

FÉ ----- ALMA (ESPÍRITO) ________ Para Platão – Mundo das Ideias

PREDESTI- NAÇÃO!

GRAÇA DIVINA RAZÃO CORPO (MATÉRIA) _____ Para Platão – Mundo dos Sentidos

- LIVRE-ARBÍTRIO: leva ao pecado- É DEUS QUEM DOA A GRAÇA DIVINA AOS ELEITOS- AGOSTINHO: - a liberdade humana é própria da vontade de Deus e não da razão. - desconfiança nos dados dos sentidos

*SÃO TOMÁS DE AQUINO (1225-1274) – INFLUÊNCIA ARISTOTÉLICA - Filosofia deve servir a fé- Não há conflito entre a fé e a razão

FÉ RAZÃO (EQUILÍBRIO PERFEITO/HARMONIA)

- É possível explicar Deus pela razão. O ponto de partida é o mundo sensível (sempre em movimento). Busca da causa primeira (motor – Deus). - O papel da razão é demonstrar e ordenar os mistérios revelados pela fé. - Razão a serviço da fé

5. FINAL DA IDADE MÉDIA

*Filosofia e ciência continuavam a se libertar da teologia cristã.- Esta suposta liberdade separava o conhecimento científico da concepção divina.*RENASCIMENTO: o homem recuperou o racionalismo naturalista grego, abrindo caminho para a construção do conhecimento científico. - O peculiar pensamento teocêntrico cristão, foi cedendo lugar a um novo conhecimento do homem, frente a necessidade de conhecer sua realidade.*RENASCIMENTO: nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento.- O humanismo renascentista criou um novo método científico: uma premissa para toda uma evolução tecnológica. Este Novo Método estava na investigação da natureza por meio dos próprios SENTIDOS. O Método Empírico.- O conhecimento deixava de ser revelado por contemplação e fé em Deus.

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6. IDADE MODERNA E A CONSTRUÇÃO DA CIÊNCIA MODERNA

*Em síntese, com o Renascimento: substituição da visão sacra pela visão racional (Novo Enfoque Social – homem agente histórico).- Nova postura do Homem Ocidental diante da natureza e do conhecimento.* A navegação, os descobrimentos de novos continentes, as trocas de mercadorias, a criação de bancos, a circulação de bens e dinheiro geram o surgimento de uma nova classe social: a burguesia, que se opõe, naturalmente, ao poder dos príncipes e reis medievais, bem como aos dos cardeais da Igreja.

*O pensamento ocidental sofre, a partir daí, profundas e rápidas transformações em todos os campos: científico, religioso, filosófico, moral e social. Um após o outro, caem os dogmas medievais, iniciando-se uma grande REVOLUÇÃO CIENTÍFICA somente comparada à do século XX. Vejamos os seus principais artífices:

- Copérnico (1473-1543), um monge polonês, propõe, na obra Das Revoluções dos Corpos Celestes, O SISTEMA HELIOCÊNTRICO, em que todos os planetas descrevem órbitas circulares concêntricas em torno do sol.

*Este modelo simples tem, no entanto, profundas implicações filosóficas e religiosas, tirando a Terra e o homem do centro do universo, catapultando-os para um ponto qualquer do espaço.

- Kepler (1571-1630), após exaustiva análise de dados colhido pelo astrônomo dinamarquês Tycho Brahé (1546-1601), aprimora o sistema copernicano, concluindo que as trajetórias sequer eram circulares, mas sim elípticas, derrubando outro dogma, caríssimo dos gregos e da Igreja:

*os astros, como criaturas perfeitas do universo, deveriam se mover em movimento circular uniforme, pois o círculo era uma figura sacralizada.

- Kepler também descobriu que o movimento não era uniforme e variava de acordo com a distância do planeta ao sol.

- Galileu Galilei (1564-1642), o primeiro físico-matemático da história da Ciência, italiano de Piza, sepulta de vez o mais importante dos dogmas aristotélicos:

*O de que corpos mais pesados caem mais rapidamente. Após cuidadosas medições (uma grande novidade para a época), ele concluiu que o peso dos corpos nenhuma influência tem sobre a rapidez de suas quedas. Com sua atitude, ocorre uma das mais importantes REVOLUÇÕES CIENTÍFICAS de todos os tempos. Enquanto a ciência medieval coloca as ideias acima de qualquer suspeita, Galileu suspeita delas e vai cuidadosamente checá-las para saber se estão de acordo com as evidências experimentais. Se não estiverem, será necessário modificá-la ou até abandoná-las. Isto era absolutamente inconcebível em seu tempo, ainda dominado pelo pensamento platônico, no qual as ideias predominavam sobre os fatos, estes sim, considerados meras aparências. (...) A revolução galileana é, assim, sobretudo metodológica e para muitos historiadores Galileu é considerado o criador do método científico.

*Segundo Aristóteles e, consequentemente, para a Igreja medieval, os cosmos era imutável e, portanto, quaisquer fenômenos transitórios, como surgimento de cometas, deveriam estar situados dentro da

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esfera lunar (porção do espaço delimitada por uma esfera de raio igual à distância da Terra à Lua), local reservado para as transitoriedades do universo.

- Halley (1656-1742), astrônomo inglês, observando atentamente os cometas, concluiu estarem situados muito além da Lua.

*Foi assim quebrado o dogma da imutabilidade do cosmos, um dos mais arraigados conceitos medievais.

*O melhor, no entanto, ainda estava por vir. O epicentro dessa formidável revolução científica ocorre no século XVII, sendo obra de duas das mais poderosas mentes da história do pensamento ocidental: Descartes, filósofo e matemático, e Isaac Newton, físico-matemático e teólogo.

*Eles criaram uma nova concepção determinista de ciência: o universo visto como mecanismo previsível, governado por leis matemáticas precisas. Essas ideias deterministas, que colocam o homem como sujeito ativo diante de uma natureza previsível, tal qual um relógio, chegam a seu ponto culminante no século XVIII, até meados do século XIX, levando Laplace a formular uma teoria da origem do sistema solar que prescinde da ideia do Criador.

6.1. ALGUNS TEÓRICOS RENASCENTISTAS

*THOMAS MORUS (1478-1535): OBRA “UTOPIA”- Sonho de uma sociedade igualitária – daí uma Utopia.

*NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527): OBRA “O PRÍNCIPE”- Análise social – papel do representante maior – o príncipe, o governante.

7. OS ALICERCES DA MODERNIDADE EUROPÉIA *O Tripé da Modernidade: EMPIRISMO – RACIONALISMO – ILUMINISMO*Empiristas e Racionalistas diferem em relação à maneira como é adquirido o conhecimento.*Francis Bacon (1561-1626): Filósofo e político inglês (Saber é poder)- Deu início ao Método Empírico - conhecimento adquirido através das experiências visíveis, em outras palavras, todo conhecimento tinha que ser baseado em dados da experiência (valorização dos sentidos).- Indução como novo instrumento de pensamento – descoberta da realidade.- As ideias não são inatas – não nascem com as pessoas.

*René Descartes (1596-1650) – Racionalismo (REPRESENTANTE DA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO SÉCULO XVII)- “Penso, logo existo” – primeira certeza cartesiana- O conhecimento válido não provem da experiência, mas encontra-se inato na alma (mente). - Buscando uma fonte segura para o conhecimento, Descartes afirmava que só a razão é confiável, pois os sentidos podem nos enganar.

*Isaac Newton (1642-1727) – REPRESENTANTE DA REVOLUÇÃO CIENTÍFICA DO SÉCULO XVII. - Princípio da Gravidade Universal (mundo governado por leis físicas)- Lei da Inércia

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*“O SÉCULO DAS LUZES” – O MOVIMENTO ILUMINISTA- O conhecimento: atmosfera racional.- Quebra dos velhos princípios de autoridade católica.- Liberdade: passou a perseguir o ideal de emancipação do indivíduo junto a autoridade religiosa e política.- O ideal do Progresso manifestado no pensamento social do século XIX. “Razão leva ao Progresso”.- Os filósofos, tais como Voltaire, Rousseau e Montesquieu, destacavam-se pela crítica social e política. Defesa da liberdade. Eliminar as instituições “irracionais” e “injustas”, sendo um atentado à liberdade dos homens.- Os economistas (fisiocratas) destacam-se François Quesnay (1694 – 1774) e Anne Robert Jacques Turgot (1727 – 1781). Outro pensador de suma importância foi Vincent de Gournay ( 1712 – 1759), autor da célebre frase: “Laissez faire, laissez passer, lê monde va de lui même” (Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo). Essa frase foi de expressiva importância para que fosse lançado um dos pontos fundantes do pensamento liberal. Adam Smith, discípulo de Vincent de Gournay, sistematizou as primeiras premissas do liberalismo econômico. Estes procuravam descobrir leis que regulassem a economia.

*JOHN LOCKE (1632-1704): Obra principal “Segundo Tratado do Governo Civil” &Contemporâneo da Revolução Gloriosa de 1688 na Inglaterra.&Transferiu o racionalismo para a política e para a análise social.&Com ele, teve início a crença na bondade natural do homem, na imensa capacidade de ser feliz, na importância da crítica e do estudo racional.&Bases do Liberalismo – sociedade Liberal de cidadãos.&Principais Direitos Naturais: Direito a vida; Direito a Liberdade; Direito a Propriedade.

* BARÃO DE MONTESQUIEU (1689-1755): Obra principal “O Espírito das Leis” – Teoria dos Três Tipos de Governo (organização política das sociedades). Contribuição ao pensamento sociológico – Leis que regem o Movimento Social.

* JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778): Obra principal “Contrato Social”

- Crítica ao Processo Civilizatório:& Homem nasce livre em um estado de natureza – “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” (O que está em questão é justamente as Relações Sociais).& Homem nasce livre e ao adentrar na sociedade dominada pelas Leis e pelos governantes, acaba perdendo sua liberdade e seus direitos naturais. Segundo Rousseau a Legitimidade do poder político encontra-se na Soberania popular. Natureza do homem é positiva – “verdadeiro poder emana do povo!”& A propriedade leva a desigualdade

8. REVOLUÇÕES BURGUESAS

*Concretização do Sistema Capitalista de Produção e dos princípios burgueses.- Revolução Industrial na Inglaterra (XVIII): Modo de Produção Capitalista. - Revolução Francesa e a conquista do poder político – burguesia. A burguesia “liberal” vai se opor à aristocracia. Liberal nessa época era quem apoiava o ideal democrático. É o burguês esclarecido.*Grande desenvolvimento tecnológico e acelerado avanço da ciência:- Lançadeira de John Kay (1733) – processo produtivo fabril.- Máquina a vapor de James Watt (1761-1768) – processo produtivo fabril.

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- A Primeira Locomotiva (1804-1813) - A primeira locomotiva a vapor foi construída em 1804 por Richard Trevithick. - O Barco a vapor de Robert Fulton (1821).

9. O SÉCULO XIX – NASCE A CIÊNCIA SOCIOLÓGICA

*As Revoluções Burguesas e as Revoluções Liberais de 1830/48, intensificaram o ideal de liberdade, individualismo e anticlericalismo.- Século XVIII: Revolução Industrial e suas consequências – geraram profundas críticas à modernidade (urbanização descontrolada, homem alienado e desprovido de valores morais, péssimos salários, abusos quanto ao trabalho de mulheres e crianças, sociedade hierarquizada, o fim do produtor independente, o extraordinário êxodo rural e a explosão demográfica nas cidades, processo de proletarização, miséria, prostituição, suicídios, alcoolismo, primeiras manifestações operárias (Ludismo e Cartismo), sociedades altamente competitiva e individualista.- Pois bem, alguém tinha que compreender estes Fenômenos Sociais. (Origens da Sociologia).- Os Profetas do Passado (o inglês Edmund Burke; e os franceses Joseph de Maistre e Louis de Bonald), precursores imediatos da Sociologia, consideraram que as mazelas da sociedade moderna eram resultado do enfraquecimento das antigas instituições protetoras, como a Igreja por exemplo.- Temas como a coesão e a solidariedade ganham especial atenção para a análise sociológica.- Análise sociológica acaba por perseguir o ideal de Progresso e Modernidade.

*As análises “sociológicas” de Saint-Simon (1760-1825):- acreditava no industrialismo como domínio da natureza;- característica principal da sociedade moderna: o progresso;- a criação da Fisiologia Social – a ciência criada por Saint-Simon;- para Saint-Simon, o poder teológico seria também substituído pela capacidade científica positiva;- o conhecimento é adquirido através da observação;- Nada existe sem a produção e o trabalho.

*AUGUSTE COMTE (1798-1857): NASCE O TERMO SOCIOLOGIA

*Isidore Auguste Marie François Xavier Comte nasceu na França. Foi filósofo e sociólogo (pai do positivismo). Criou o termo Física Social e logo após Sociologia. Idealizou uma sociedade modelo, tendo o tripé: O AMOR como princípio, a ORDEM como base e o PROGRESSO como fim.

*O Positivismo da Ordem e do Progresso (organizar a sociedade moderna);- Para colocar a sociedade em ordem (daí positiva), Comte acreditava na importância da REORGANIZAÇÃO SOCIAL (REFORMA SOCIAL) – O PONTO DE PARTIDA SERIA JUSTAMENTE A REFORMA INTELECTUAL PLENA DO HOMEM. Para isso, seria importante reconstruir previamente as opiniões e os costumes do pensamento humano.- Objetivo era resolver problemas da incipiente sociedade industrial capitalista.- Sua opinião contrariava às ideias iluministas e racionalistas do direito individual, para ele “ninguém possui o direito senão de cumprir sempre o seu dever”. A ORDEM DEVE PREVALECER, afinal, ela forma a base da sociedade que alcança o estado positivo, do consenso moral e da autoridade.- Tanto Saint-Simon como Auguste Comte preocuparam-se em registrar a necessidade da criação de uma moral compatível com os novos tempos (SOLIDARIEDADE) reorganizando a sociedade, substituindo a antiga religiosidade cristã determinada pela fé, pela superstição e pelos privilégios.- O Positivismo apropriou-se do ideal Darwinista, o Darwinismo Social (homem em constante evolução). Princípio de que as sociedades se modificam e se desenvolvem num mesmo sentido;

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passagem de um estágio inferior para outro superior; Sobrevivência dos organismos – sociedades e indivíduos – mais fortes e evoluídos. Daí os conceitos Etnocêntricos.- Comte propõe que toda sociedade e todo homem passe pelos TRÊS ESTÁGIOS DA EVOLUÇÃO SOCIAL:& O Estágio Teológico (explica-se os fenômenos através dos deuses);& O Estágio Metafísico (período de transição) & O Estágio Positivo (científico) – estágio das sociedades industriais onde se busca respostas científicas para todas as coisas.

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AULAS 2 E 3 (LEITURA COMPLEMENTAR): UM POUCO DE HISTÓRIA – SURGE A SOCIOLOGIA

TEXTO BASEADO NA OBRA MENCIONADA ABAIXO – INCLUINDO CITAÇÕES

- DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA (IN: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2010. Páginas 234 a 252.)

1. A. INTRODUÇÃO “Para compreender como a Sociologia nasceu e se desenvolveu devemos analisar as transformações que ocorreram a partir do século XIV, quando se iniciou uma grande transformação: a passagem da sociedade feudal para a sociedade capitalista, ou a passagem da sociedade medieval para a sociedade moderna. Para isso vamos fazer uma pequena viagem histórica. Em cada sociedade, em todos os tempos, os seres humanos elaboram explicações próprias para as situações que viviam. Eram explicações próprias para as situações que viviam. Eram explicações religiosas, místicas, culturais, étnicas, etc. No século XIX, a busca de um outro tipo de explicação para os fenômenos da sociedade – a explicação científica – deu origem à Sociologia. (...) Procuramos demonstrar que, para entender as ideias de um autor e de determinada época, é fundamental contextualizá-las historicamente. Podemos dizer que os indivíduos e grupos concebem a sociedade em que vivem por meio de categorias do pensamento que emergem das tradições, do universo religioso, das raízes filosóficas e do conhecimento científico.

B. AS TRANSFORMAÇÕES NO OCIDENTE E AS NOVAS FORMAS DE PENSAR A SOCIEDADE A Sociologia, no contexto do conhecimento científico, surgiu como um corpo de ideias a respeito do processo de constituição, consolidação e desenvolvimento da sociedade moderna. Ela é fruto da Revolução Industrial e é denominada “Ciência da Crise”, porque procurou dar respostas às questões sociais impostas por essa revolução que, num primeiro momento, alterou a sociedade européia e, depois, o mundo todo. A Sociologia como “Ciência da Sociedade” não surgiu de repente, ou da reflexão de algum autor iluminado; ela é fruto de todo um conhecimento sobre a natureza e a sociedade que se desenvolveu a partir do século XV. (...) Essas transformações – a expansão marítima, o comércio ultramarino, a formação dos Estados Nacionais, a Reforma Protestante e o desenvolvimento científico e tecnológico. (...) Elas são o pano de fundo que permite entender melhor um movimento intelectual de grande envergadura que alterou profundamente as formas de explicar a natureza e a sociedade desde então.

A Expansão Marítima européia teve um papel importante nesse processo, pois, com a circunavegação da África e o descobrimento da rota para as Índias e para a América, a concepção de mundo dos povos europeus foi consideravelmente ampliada. A definição de um mundo territorialmente muito mais

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amplo, com diferentes povos e culturas, exigiram a reformulação do modo de ver de pensar dos europeus.

Ao mesmo tempo em que se conheciam novos povos e novas culturas, instalavam-se colônias na África, na Ásia e na América, ocorrendo com isso a expansão do comércio de mercadorias (sedas, especiarias e produtos tropicais, como açúcar, milho, tabaco e café) entre as metrópoles e as colônias, bem como entre os países europeus. Nascia então a possibilidade de um mercado muito mais amplo e com características mundiais. (...) Toda essa expansão territorial e comercial acelerou o desenvolvimento da economia monetária, com a acumulação de capitais pela burguesia comercial, que, mais tarde, teve uma importância decisiva na gestação do processo de industrialização da Europa.

As mudanças que se operavam nas formas de produzir a riqueza só poderiam funcionar se ocorressem modificações na organização política. Assim, pouco a pouco, desenvolveu-se uma estrutura estatal que tinha por base a centralização da justiça, com um novo sistema jurídico baseado no Direito romano. Houve também a centralização das forças armadas, com a formação de um exército permanente, e a centralização administrativa, com o aparato burocrático ordenado hierarquicamente e com um sistema de cobrança de impostos que permitiu a arrecadação constante para manter todo esse aparato jurídico-burocrático-militar sob um único comando. Nasceu, dessa forma, o Estado Moderno.

No século XVI, desenvolveu-se outro movimento, o da Reforma Protestante. Esse movimento, que entrou em conflito com a autoridade papal e a estrutura da Igreja, valorizava o indivíduo e permitia a livre leitura das Escrituras Sagradas; provocava, dessa forma, o confronto com o monopólio do clero na interpretação baseada na fé e nos dogmas. Muitos passaram, então, em vários lugares do mundo ocidental, não só a interpretar as Escrituras Sagradas, como também a professar sua fé em Deus diretamente, sem a intermediação dos ministros da Igreja. Se nascia uma nova maneira de se relacionar com as coisas sagradas, concebia-se também outra forma de analisar o universo. A razão passava a ser soberana e era entendida como elemento essencial para se conhecer o mundo; isto é, os homens deviam ser livres para julgar, avaliar, pensar e emitir opiniões, sem se submeter a nenhuma autoridade transcendente ou divina, que tinha na Igreja a sua maior defensora e guardiã. C. A HEGEMONIA BURGUESA Na maioria dos países europeus no final do século XVIII, a burguesia comercial, formada basicamente por comerciantes e banqueiros, tornou-se uma classe com muito poder, na maior parte das vezes, por causa das ligações econômicas que mantinha com os monarcas. Essa classe, além de sustentar o comércio entre os países europeus, estendia seus tentáculos a todos os pontos do globo, comprando e vendendo mercadorias, tornando o mundo cada dia mais europeizado. O capital mercantil se estendia também a outro ramo de atividade: gradativamente se organizava a produção manufatureira. A compra de matérias-primas e a organização da produção por meio do trabalho domiciliar ou do trabalho em oficinas levavam ao desenvolvimento de um novo processo produtivo em contraposição ao processo artesanal e das corporações de ofício. Ao se desenvolver a manufatura, os organizadores da produção passaram a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos gente, aumentando significativamente os lucros. (...) Desenvolveu-se então o fenômeno que veio a ser chamado de maquinofatura. O trabalho que os homens realizavam com as mãos ou com ferramentas passou, a partir de então, a ser feito por meio de máquinas, elevando muito o volume da produção de mercadorias.

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A presença da máquina a vapor, que podia mover outras tantas máquinas, incentivou o surgimento da indústria construtora de máquinas. (...) Nesse contexto de profundas alterações no processo produtivo, cada vez mais o trabalho mecânico convivia com o trabalho artesanal. A maquinofatura se completava com o trabalho assalariado, incluindo a utilização, numa escala crescente, da mão de obra feminina e da infantil. (...) Todas essas mudanças, somadas à herança cultural e intelectual do século XVII, definiram o século XVIII como um período explosivo. Se no século anterior a Revolução Inglesa determinou novas formas de organização política, foi no século XVIII que a Revolução Francesa e Americana alteraram o quadro político e social do Ocidente, servindo de exemplo e parâmetro para as revoluções posteriores. As transformações na esfera da produção, a emergência de novas formas de organização política e a exigência da representação popular deram características muito específicas a esse século. Pensadores como Montesquieu (1689/1755), David Hume (1711/1776), Jean-Jacques Rousseau (1712/1778), Adam Smith (1723/1790) e Immanuel Kant (1712/1804), entre outros, refletiram sobre a realidade, na tentativa de explicá-la.

D. O SURGIMENTO DE UMA “CIÊNCIA DA SOCIEDADE” No século XIX, outras transformações ocorreram, como a emergência de novas fontes energéticas (eletricidade e petróleo) e de novos ramos industriais (indústria pesada, ferrovias), além da alteração profunda nos processos produtivos, com a introdução de novas máquinas e equipamentos. Saint-Simon (1760-1825) e a nova ciência dos fenômenos sociais: Claude-Henri de Rouvroy – Conde de Saint-Simon -, apesar de pertencer à nobreza, avaliava que o Antigo Regime estava corrompido e não podia durar muito mais. Durante a Revolução Francesa, renunciou ao título de conde e adotou o nome plebeu Claude Henri Bonhomme. (...) Para que a sociedade pós-revolucionária na França se firmasse seria necessário que a ciência tomasse o lugar da autoridade da Igreja, formando-se assim uma nova elite, agora científica. A ciência deveria substituir a religião como força de coesão. (...) A aliança dos cientistas com os industriais conformaria a nova classe dirigente. (...) Desde 1803 Saint-Simon escreveu uma série de livros em que professava sua confiança no futuro da ciência e buscava uma lei que guiasse a investigação dos fenômenos sociais, tal como a Lei gravitacional de Newton em relação aos fenômenos naturais. A nova ciência teria como principal tarefa descobrir as leis do desenvolvimento social, pois elas poderiam indicar para a sociedade o caminho do progresso continuado”. (TOMAZI, 2010.)

- ROTEIRO DE ESTUDO

1. DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA: “A reflexão sobre as origens e a natureza da VIDA SOCIAL é quase tão antiga quanto a própria humanidade, mas a Sociologia, como um campo delimitado do saber científico, só emerge em meados do século XIX na Europa. Para melhor entender esse processo, é mister referir-se ao quadro das mudanças econômicas, políticas e sociais ocorridas principalmente a partir do século XVI e às correntes de pensamento que estabeleceram os ALICERCES DA MODERNIDADE EUROPÉIA – O RACIONALISMO, O EMPIRISMO E O ILUMINISMO. A marca da Europa moderna f oi; sem dúvida, a INSTABILIDADE, expressa na FORMA DE CRISES nos diversos âmbitos da vida material, cultural e moral. Foi no cerne dessas dramáticas turbulências que NASCEU A SOCIOLOGIA enquanto um MODO DE INTERPRETAÇÃO chamado a explicar o “caos” até certo ponto assustador em que a sociedade parecia haver-se tornado.” (QUINTANEIRO, Tânia; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de. Um Toque de Clássicos – Marx, Durkheim, Weber. 2ª Edição. Belo Horizonte: UFMG, p. 09).

2. PALCO HISTÓRICO DO APARECIMENTO DA SOCIOLOGIA

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& O avanço do capitalismo e as mudanças no modo de vida material (mudanças na organização política e jurídica, nos modos de produzir e comercializar), desestruturando aos poucos as crenças, os princípios morais, jurídicos e filosóficos.& Com a Revolução Industrial e logo após a Revolução Francesa, surge o proletariado, crescem as pressões por uma maior participação política, como também a intensificação da urbanização.& Estas mudanças somadas a outras, provocaram o enfraquecimento dos estamentos sociais tradicionais (clero e nobreza), além das tradicionais instituições feudais. & Nas cidades: pobreza, alcoolismo, violência e promiscuidade.& Durante a Idade Moderna (Capitalismo Comercial), inúmeras foram as mudanças no âmbito social e cultural, na atmosfera das relações sociais, nas relações de produção, nas afetivas e familiares.& A Revolução Industrial obriga a um registro mais preciso do tempo na vida das pessoas.Obs. O esforço para entender as causas e o desenvolvimento das novas relações sociais motivou a reflexão que veio a cristalizar-se na Sociologia.

- ANTECEDENTES INTELECTUAIS:& Até o século XVIII: campos do conhecimento estudados como parte integrante dos grandes sistemas filosóficos.& Constituição dos saberes autônomos redefiniu várias questões como, por exemplo, liberdade e razão.& Correntes de Pensamento de base individualista.& A Reforma Protestante e a Consciência Individual como principal nexo com a divindade.& Mudanças provocadas pela Revolução Industrial e Francesa e pelas ideias do Movimento filosófico do Iluminismo: capacidades na razão e no conhecimento poderiam levar a humanidade a um patamar mais alto do progresso – IDEAL DE FELICIDADE – quebra dos velhos princípios de autoridade católica e a crença na razão capaz de captar a dinâmica do mundo; ideal de liberdade e a emancipação do indivíduo da autoridade social e religiosa; consolidação das ideias do progresso. & Iluministas: Rousseau :– homem nasce em um estado de natureza; crítica ao processo civilizatório; no estado primitivo, o homem é um ser livre e com a formação da sociedade e das leis, os seres humanos perdem a liberdade e os direitos naturais; propriedade privada leva a desigualdade. Barão de Montesquieu:- leis que regem o pensamento social.& Iluminismo: razão e conhecimento – divulgação dos conhecimentos científicos.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.- TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia Para o Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2010. ----------//----------//----------//----------//----------//----------//----------//----------//----------//----------//-----

AULA 04: A CONCEPÇÃO FUNCIONALISTA DE SOCIEDADE: ÉMILE DURKHEIM

- ÉMILE DURKHEIM: VIDA E OBRA: Nasceu em 15 de abril de 1858 na cidade francesa de Épinal e morreu em novembro de 1917. É considerado ao lado de Karl Marx e Max Weber, um dos pais da Sociologia. Sua educação foi rígida e muito tradicional. Descendente de uma família de rabinos, perdeu o pai quando ainda era um garoto.

“Vivendo numa época de mudanças, em que a nascente sociedade capitalista acabava de destruir as velhas instituições feudais e impunha os novos valores burgueses, Durkheim afirmava sua preocupação com o estabelecimento de uma Nova Ordem Social.” (MEKSENAS, Paulo. Sociologia. São Paulo: Cortez, 2010, pág. 64, 65)

“A época em que iniciou seus estudos na Universidade é também a época em que se começam a ensinar Ciências Naturais (Biologia, Física e Química). Tendo amplo conhecimento dessas disciplinas, passa a enxergar a sociedade de uma forma peculiar: para ele, a sociedade é como um imenso corpo biológico que precisa ser bem observado, para, em seguida, conhecer-se sua anatomia e aí descobrir as causas e as curas de suas doenças.” (MEKSENAS, 2010, Pág. 65).

Durkheim teve influência decisiva de Auguste Comte e Herbert Spencer (positivistas). Para eles, a vida social era regida por leis e princípios a serem descobertos a partir de métodos associados às ciências físicas e biológicas. Essa influência é percebida em suas metáforas em comparar a sociedade a um organismo vivo.

“Durkheim sempre lutou para provar que a Sociologia é uma ciência e que, por isso, deve ser neutra diante dos Fatos Sociais,

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isto é, que a Sociologia não deve envolver-se com a Política. (...)” (MEKSENAS, 2010, pág. 65). Foi com Émile Durkheim que a Sociologia passou a ser considerada propriamente uma ciência, dotada de um objeto específico – os Fatos Sociais – e de uma Metodologia.

Principais conceitos de Durkheim: digamos que a preocupação de Durkheim era para com a Ordem Social e, com isso, compreender a sociedade capitalista de seu tempo. Como positivista pretendia alcançar a integração social e a coesão de seus membros. Consciência Coletiva, fato social, divisão do trabalho social, solidariedade mecânica e orgânica, anomia, coerção social e coesão social.

- CONSCIÊNCIA COLETIVA: “Por este termo, Durkheim traduz a ideia do que seja o psíquico social. Cada indivíduo tem um psiqué, isto é, um jeito de pensar e agir, de entender a vida. Assim, cada um de nós possui uma consciência individual, que faz parte de nossa personalidade. Ela, porém, não é a única forma de consciência; existe também aquela formada pelas ideias comuns que estão presentes em todas as consciências individuais de uma sociedade.

Essas ideias comuns formam a base para uma consciência de sociedade: uma primeira consciência que determina a nossa conduta e que não é individual, mas social e geral, denominada por Durkheim de CONSCIÊNCIA COLETIVA.

E como essa consciência coletiva aparece na sociedade? Como ela se manifesta em nossas vidas? Podemos responder a esta questão afirmando que a consciência coletiva é objetiva, isto é, ela não vem de uma só pessoa ou grupo, mas está difusa (espalhada) em toda a sociedade e, por isso, ela é EXTERIOR ao indivíduo, quer dizer, a consciência coletiva não é o que um indivíduo pensa, mas é o que a “sociedade pensa”. Por isso, a consciência coletiva age sobre o indivíduo de forma COERCITIVA, isto é, exerce uma autoridade sobre o modo de como o indivíduo deve agir no seu meio social.

Vemos com isso que a consciência individual não determina as ações de uma pessoa; ao contrário, será a consciência coletiva que irá impor as regras sociais de uma sociedade, isto porque, ao nascer, o indivíduo já encontra a sociedade pronta e constituída em suas leis. Assim, o direito, os costumes, as crenças religiosas, o sistema financeiro não são criados pelo indivíduo, mas pelas gerações passadas, sendo transmitidas às novas através do processo de educação.

“(...) Vimos acima vários exemplos do controle que a consciência exerce sobre o indivíduo. Tente, individualmente, descobrir outros exemplos de como a consciência coletiva exerce um controle sobre as nossas vidas. Pense um pouco e você irá descobrir vários exemplos do nosso dia a dia.” (MEKSENAS, 2010, pág. 67/68)

FATOS SOCIAIS: “Os fatos sociais são coisas”. Com essa afirmação, Durkheim apresenta em seu livro As Regras do Método Sociológico um de seus mais conhecidos conceitos. Mas a que “coisas” esse conceito se refere? A qualquer “coisa”, própria da sociedade a que pertence um indivíduo, capaz de exercer algum tipo de coerção sobre ele. Isso significa que o fato social é independente e exterior ao indivíduo, e é capaz de condicionar ou mesmo determinar suas ações.

São fatos sociais, por exemplo, as regras jurídicas e morais de uma sociedade, seus dogmas religiosos, seu sistema financeiro e até mesmo seus costumes – ou seja, um conjunto de coisas aplicáveis a toda a sociedade, independentemente das vontades e ações de cada um. Na medida em que os fatos sociais acabam por moldar o comportamento de cada indivíduo a partir de um modelo geral, a coerção que eles exercem garante, segundo Durkheim, o funcionamento do todo social. Os fatos sociais podem, assim, ser definidos por três princípios básicos: a coercitividade; a exterioridade e a generalidade.” (BOMENY, Helena & FREIRE-MEDEIROS, Bianca. (Coordenadoras). Tempos Modernos, Tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. P.25. Fundação Getúlio Vargas).

DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL: “Outro conceito importante para entendermos a teoria de Durkheim: ele definia este termo como sendo a ESPECIALIZAÇÃO DAS FUNÇÕES entre os indivíduos de uma sociedade.

O Positivismo tenta entender o funcionamento da sociedade capitalista da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento de um corpo animal, isto é, Durkheim achava que, ao desenvolver-se, a sociedade ia multiplicando-se em atividades a serem realizadas. A partir daí, cada indivíduo teria uma função a cumprir, a qual seria importante para o funcionamento de todo o corpo social. Em suas palavras “(...) as funções políticas, administrativas, judiciárias, especializam-se cada vez mais. O mesmo acontece com as funções artísticas e científicas” (A divisão do trabalho social).

De acordo com Durkheim, cada membro da sociedade, desenvolvendo uma atividade útil e especializada, passa a depender cada vez mais dos outros indivíduos, isto é, com a sociedade progredindo, surgem novas atividades; estas, por sua vez, tornam-se divididas. Por exemplo: o marceneiro, para fazer uma mesa, depende do lenhador que corta a árvore, depende do motorista que transporta a madeira, depende do operário que prepara o verniz, depende daqueles que fabricam pregos, martelos e serrotes etc. (...) Com isso, o efeito mais importante da divisão do trabalho social não é apenas seu aspecto econômico (aumento da produtividade), mas também tornar possível a união e a solidariedade entre as pessoas de uma mesma sociedade.” (MEKSENAS, 2010, P. 68/69).

SOLIDARIEDADE MECÂNICA E ORGÂNICA: “Durkheim acentuava que nas sociedades anteriores ao capitalismo, isto é, nas sociedades tribais e feudal, a divisão do trabalho social era pouco desenvolvida, não havia um grande número de especializações das atividades sociais.

Na sociedade feudal (...) a produção de bens de consumo era realizada pelo trabalho artesanal. (...) Ao fazer uma mesa, o servo só dependia de seu trabalho individual e isolado. Ao contrário, na sociedade capitalista, as atividades são muito divididas: para fazer uma mesa,o marceneiro depende do trabalho de outras pessoas.

Nas sociedades tribais e feudal, as pessoas não se unem porque uma depende do trabalho da outra, e, sim, são unidas por uma religião, tradição ou sentimento comum a todos. Esta UNIÃO DAS PESSOAS A PARTIR DA SEMELHANÇA NA

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RELIGIÃO, TRADIÇÃO OU SENTIMENTO É O QUE DURKHEIM CHAMA DE SOLIDARIEDADE MECÂNICA. A solidariedade orgânica, ao contrário, aparece quando a divisão do trabalho social aumenta, e aí, como vimos, o que torna as pessoas unidas não é uma crença comum a todos, mas uma interdependência das funções sociais. A UNIÃO DAS PESSOAS, A PARTIR DA DEPENDÊNCIA QUE UMA TEM DA OUTRA, PARA REALIZAR ALGUMA ATIVIDADE SOCIAL É O QUE DURKHEIM CHAMA DE SOLIDARIEDADE ORGÂNICA.” (MEKSENAS, 2010, P. 70).

Resumidamente temos: no primeiro caso – solidariedade mecânica – laços de amizade (sentimento) permite a união de um grupo, já a – solidariedade orgânica – o que os une em grupo é a dependência que cada um tem na atividade produtiva. A união foi dada pela especialização de funções.

A SOCIOLOGIA DIANTE DO CASO PATOLÓGICO E DA ANOMIA: Durkheim viveu em um época de grandes conflitos sociais entre as classe dos burgueses (empresários) e a classe dos proletários (trabalhadores). “ (...) É também uma época em que surgem novos problemas sociais, como favelas, suicídios, poluição, desemprego etc. No entanto, o crescente desenvolvimento da indústria e tecnologia faz com que Durkheim tivesse uma visão otimista sobre o futuro do capitalismo. Ele pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um aumento generalizado da divisa do trabalho social e, por consequência, da solidariedade orgânica, a ponto de fazer com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos e problemas sociais.

Com isso, Durkheim admitia que o capitalismo é a sociedade perfeita; trata-se apenas de conhecer os seus problemas e de buscar uma solução científica para eles. Em outras palavras, a sociedade é boa, sendo necessário, apenas, “curar as suas doenças”.

Tal forma de pensar o progresso de um jeito positivo fez com que Durkheim concluísse que os problemas sociais entre empresários e trabalhadores não se resolveriam dentro de uma luta política, e, sim, através da ciência, ou melhor, da Sociologia. Esta seria então a tarefa da Sociologia: COMPREENDER O FUNCIONAMENTO DA SOCIEDADE CAPITALISTA DE MODO OBJETIVO, PARA OBSERVAR, COMPREENDER E CLASSIFICAR AS LEIS SOCIAIS, DESCOBRIR AS QUE SÃO FALHAS E CORRIGÍ-LAS POR OUTRAS MAIS EFICIENTES.

Assim, Durkheim acreditava que a sociedade, funcionando através de leis e regras já determinadas, faria com que os problemas sociais não tivessem sua origem na Economia (forma pela qual as pessoas trabalham), mas sim numa CRISE MORAL, isto é, NUM ESTADO SOCIAL EM QUE VÁRIAS REGRAS DE CONDUTA NÃO ESTÃO FUNCIONANDO.

Por exemplo: se a criminalidade aumenta a cada dia, é porque as leis que regulamentam o combate ao crime estão falhando, por serem mal formuladas. A este estado de crise social onde as leis não estão funcionando, Durkheim denomina CASO PATOLÓGICO.

Por outro lado, os problemas sociais podem ter sua origem também na ausência de regras, o que por sua vez se caracterizaria como ANOMIA.

Frente ao Caso Patológico (regras sociais falhas), cabe à Sociologia captar suas causas, procurando evitar a Anomia (crise total), através da criação de uma nova moral social que supere a velha moral deficiente.” (MEKSENAS, 2010, P. 71/71)

A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM E O ESTADO: “(...) Partindo do princípio de que a sociedade capitalista foi concebida por Durkheim como um corpo que às vezes fica doente, esse corpo, para funcionar bem, depende de que todas as suas partes estejam funcionando harmonicamente. A responsabilidade de desenvolver o funcionamento harmônico de todas as partes da sociedade cabe ao Estado. Em outras palavras: SE A SOCIEDADE É O CORPO, O ESTADO É SEU CÉREBRO, E POR ISSO TEM A FUNÇÃO DE ORGANIZAR ESSA SOCIEDADE, REELABORANDO ASPECTOS DA CONSCIÊNCIA COLETIVA.

Vimos que a sociedade capitalista está cheia de problemas. Durkheim admitia que o Estado é uma Instituição que tem o poder de elaborar as leis que corrijam os casos patológicos da sociedade. Em resumo: SE CABE À SOCIOLOGIA OBSERVAR, ENTENDER E CLASSIFICAR OS CASOS PATOLÓGICOS, PROCURANDO CRIAR UMA NOVA MORAL SOCIAL, CABE AO ESTADO COLOCAR EM PRÁTICA OS PRINCÍPIOS DESSA NOVA MORAL.” (MEKSENAS, 2010, P. 72/73).

1. A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM (1858/1917)- Consolidação da Sociologia como Ciência (ganha “status” de Ciência, academicamente reconhecida); - INTEGRAÇÃO SOCIAL e a SOLIDARIEDADE;- Preocupação com a ORDEM SOCIAL: males sociais se encontram numa fragilidade da moral contemporânea;- Solidariedade Mecânica (consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de COERÇÃO sobre os indivíduos);- Solidariedade Orgânica: “maior autonomia para o indivíduo”; - ANOMIA: Diferentemente de Marx, que vê a contradição e o conflito como elementos essenciais da sociedade, Durkheim coloca ênfase na coesão, integração e manutenção da sociedade. Para ele, o conflito existe basicamente pela anomia (crise), isto é, pela ausência ou insuficiência da normatização das relações sociais, ou por falta de instituições que regulem ou regulamentem essas relações. - SOCIEDADE: um conjunto de normas de ação (pensamento e sentimento) – são construídas exteriormente (fora das consciências individuais). As regras não foram criadas pelos indivíduos (elas fazem a sociedade funcionar e os indivíduos devem obedecer estas mesmas regras); - OBJETO DA SOCIOLOGIA: Estudo dos FATOS SOCIAIS (maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais. Esses tipos de conduta ou de pensamento não são apenas

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exteriores ao indivíduo, são também dotados de um poder imperativo e coercitivo, em virtude do qual se lhe impõe, quer queira, quer não; - O estudo dos Fatos Sociais:* considerar os fatos sociais como coisas; * reconhecer que os Fatos Sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos;* classificação para definição da organização social (Solidariedade Mecânica e Orgânica).

2. PORTANTO:A) Preocupação com a ORDEM SOCIAL – como também a ideia da INTEGRAÇÃO SOCIAL (COESÃO);B) O INDIVÍDUO e a COERÇÃO SOCIAL (FATOS SOCIAIS EXERCEM UMA COERÇÃO);C) Como positivista, classificou a organização social: Solidariedade Mecânica e Orgânica;D) FATO SOCIAL: maneiras de agir, pensar e sentir, existem fora das consciências individuais. E) ANIMIA: Crise Total das instituições, da moral etc.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- MEKSENAS, Paulo. SOCIOLOGIA. 3ª. Edição. São Paulo: Cortez Editora, 2010.- QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2ª edição. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

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AULA 05 – MAX WEBER

A SOCIOLOGIA DE MAX WEBER (1864-1920):

1. O CONTEXTO HISTÓRICOA. Século XVIII – Desenvolvimento da Revolução Industrial na Inglaterra.- Sedimentação do pensamento burguês.- Concretização do Sistema Capitalista de Produção.- Sociedade complexa: interpretação da diversidade e da realidade social. B. Na Alemanha a realidade histórica era distinta:- UNIFICAÇÃO TARDIA (1871) – o ideal de Estado Alemão caracterizou o interesse pela história como ciência da integração, da memória e do nacionalismo. Sendo assim, o pensamento alemão se volta para a diversidade, enquanto o inglês e o francês, para a universidade.- Pensamento burguês se organiza na Alemanha tardiamente.

A. Século XIX: Expansão econômica alemã durante o período do capitalismo concorrencial (IMPERIALISMO).- Forte interesse nas especificidades das formações sociais.

- Vivendo neste Contexto Histórico, Max Weber tornou-se o GRANDE SISTEMATIZADOR DA SOCIOLOGIA NA ALEMANHA. Desta maneira, o estudo da realidade social caracteriza-se sob uma perspectiva histórica.

OBS. O PENSAMENTO ALEMÃO FOI INFLUENCIADO TAMBÉM PELA ANTROPOLOGIA.

2. A SOCIEDADE SOB UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA A. Na época de Weber, o pensamento social e filosófico alemão travava um importante debate entre a corrente até então dominante – O Positivismo – e seus críticos antipositivistas.B. História para os positivistas: “História é o processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios o cientista pode perceber pelo método comparativo, capaz de aprimorar sociedades humanas de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade desaparece diluída nessa lei geral” (COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à Ciência da Sociedade. P. 71).

OBS. POSITIVISMO – ANULA OS PROCESSOS HISTÓRICOS PARTICULARES. Weber sabia disso!

C. Para Weber, a pesquisa histórica é essencial para compreender as sociedades. Ela coleta documentos e interpreta as fontes. Permite o entendimento das diferenças sociais, que para ele, seriam de gênese e formação, e não de estágios de evolução como afirmavam os positivistas.

* Weber: A busca de evidências (conhecimento histórico) – um poderoso instrumento para o cientista social.* Weber e as duas perspectivas:

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- A Histórica: respeito as particularidades de cada sociedade.- A Sociológica: ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico.

3. A AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO COM SENTIDO – WEBER SE LIMITA A PERGUNTAR COMO, COM QUE SENTIDO E COM QUAIS CONSEQUÊNCIAS OS SUJEITOS AGEM NAS SITUAÇÕES HISTÓRICAS CONCRETASA. Ponto de partida (objeto de investigação) da Sociologia de Weber – a ação social.B. Ação Social: conduta humana dotada de sentido (cada indivíduo age segundo motivos que partem da tradição, dos interesses racionais e da emotividade).

OBS. “(...) O homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria weberiana, significado e especificidade. É ele que dá sentido à sua ação social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus eleitos” (COSTA, Cristina. Sociologia – Introdução à Ciência da Sociedade, p. 72).

C. Não existe, segundo Weber, oposição entre indivíduo e sociedade: “as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação.” (idem, p. 72)

OBS. Lembre-se: A teoria positivista – para eles, a ordem social submete os indivíduos como força exterior.

- AGORA ATENÇÃO: PARA WEBER, A AÇÃO SOCIAL DE CADA INDIVÍDUO DECORRE DA INTERDEPENDÊNCIA DOS INDIVÍDUOS. CADA AÇÃO HUMANA TEM UM SENTIDO, UMA MOTIVAÇÃO INDIVIDUAL – UM ATOR AGE SEMPRE EM FUNÇÃO DE SUA MOTIVAÇÃO E DA CONSCIÊNCIA DE AGIR EM RELAÇÃO AOS OUTROS. Observe o exemplo: “O simples ato de enviar uma carta se decompõe em uma série de ações com sentido – escrever, selar, enviar e receber -, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes estão relacionados a essa ação social – o atendente, o carteiro etc. Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações – mesmo que orientadas por motivos diversos – é que dá a esse conjunto de ações seu caráter social” (idem, p. 73).

- WEBER também distingue a ação da relação social: quando um sentido é compartilhado, existe uma relação social, exemplo: no centro acadêmico (sala de aula), existe uma relação social, afinal, o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhado.

- WEBER: QUATRO TIPOLOGIAS PARA ENTENDER AS PRÁTICAS COLETIVAS:*AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A UM OBJETIVO – EX. Professora ensina seus alunos (as);*AÇÃO RACIONAL COM RELAÇÃO A UM VALOR – EX. Soldado vai para a guerra (contém um valor ético, pátrio, honra, dignidade do soldado etc.); Ex. O Bombeiro salva a vida de uma pessoa em um edifício em chamas (valor);*AÇÃO EMOCIONAL OU AFETIVO – EX. Torcida de um time de futebol;*AÇÃO TRADICIONAL – EX. pessoas vão a Igreja (parte de um costume, de uma tradição).

4. A TAREFA DO CIENTISTA SOCIAL: A. Por não existir neutralidade entre o cientista e o objeto de estudo, os Fatos Sociais não devem ser tratados como coisas, como no pensamento de Durkheim.B. A tarefa do cientista social – o sociólogo – é justamente descobrir os possíveis sentidos da ação humana.

5. O TIPO IDEAL: A. Para explicar os fatos sociais, Weber buscou um instrumento de análise – O TIPO IDEAL: “A partir de um estudo sistemático das diversas manifestações particulares, constrói um modelo acentuando aquilo que lhe pareça característico e fundamental” (idem, p. 75).

6. “A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO” *Por que as pessoas agem de certa forma?Objetivo: compreender o efeito das práticas morais nas condições econômicas.- Contribuição fundamental: compreender a ética protestante Calvinista e sua relação com o desenvolvimento do capitalismo.- Pensamento religioso influenciando relações sociais (disciplina, poupança, austeridade e a propensão ao trabalho). Portanto uma ética voltada para o trabalho capitalista (bases racionais).

7. ESTADO E VIOLÊNCIA – “A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO”*É preciso conceber o Estado contemporâneo como uma comunidade humana que, nos limites de um determinado território, (...) reivindica com sucesso para si própria o monopólio legítimo da violência física, da força.- Três características do Estado: Burocracia; Domínio sobre um território; Controle da Força.

*ATENÇÃO NO VESTIBULAR COM A TERCEIRA CARACTERÍSTICA – CONTROLE DA FORÇA!

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- O Estado pode ou não ser violento! O Estado deve ser legítimo.

*Tipos de Dominação: O Monopólio da força é legitimado por três tipos puros de dominação:-

1) Dominação Tradicional: Baseado na crença, e nos poderes dos senhores, há muito existentes. Ex. população obedece ao chefe de Estado Líbio, Muammar al-Gaddafi, também conhecido pelos nomes Gaddafi, Kadhafi e Qaddafi, era o chefe de Estado árabe no cargo há mais tempo: liderou a Líbia durante 42 anos.

2) Dominação Carismática: a população acredita nas qualidades excepcionais do líder, pode dar jeito para tudo. Ex. Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma"). Preocupação de Weber: como se transmite o carisma.  

3) Dominação Legal: obediência as leis – população aceita autoridade do presidente.

OBS. O Estado Brasileiro perdeu o monopólio da força nas favelas para o crime organizado.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA:- COSTA, Cristina. Introdução a Ciência da Sociedade. 3ª edição. São Paulo: Moderna, 2005

- MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.

- MEKSENAS, Paulo. SOCIOLOGIA. 3ª. Edição. São Paulo: Cortez Editora, 2010.- QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Lígia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia de. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2ª edição. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

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APOSTILA ANGLO

ATIVIDADE 1 (AULA 01) “RELAÇÕES SOCIAIS E IDENTIDADE”

ROTEIRO DE AULA (PÁG. 01 e 02)

1. PARA DEBATER :A. Trecho do poeta John Donne: “Nenhum homem é uma ilha”

ELOGIO À COLETIVIDADE – ELOGIO AO TODO!

B. Este “TODO - SOCIEDADE”: é formado por indivíduos (pessoas que têm sua história, seus anseios, e contribuem para que esse “todo” seja o que é).

C. COLETIVIDADE: resultado das interações entre indivíduos.

Lembra Democracia e tem por ideal garantir, a um só tempo, os direitos individuais e o bem comum.

D.O que deve prevalecer: o Bem da Coletividade ou as Liberdades individuais?

2. UM POUCO DE TEORIA A) INDIVIDUALIDADE E INDIVIDUALISMO:- John Donne: Todos os homens são parte de um mesmo todo* Ninguém pode viver como uma ilha (isolado do social).

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- Aristóteles: “O homem é um ser social” - Seres humanos se organizam em grupos: celebração dos valores comuns/necessidade de convivercom as diferenças. *Apesar dos valores comuns, os homens possuem sua individualidade (crenças pessoais, seus sonhos, seus medos, suas habilidades), enfim, um ser original, autêntico. - Individualismo: atitude de quem procura satisfação social a qualquer custo/comportamento egoísta, nega a SOLIDARIEDADE.

INDIVIDUALISMO X HOMEM SER SOCIAL = INCOMPATIBILIDADE

- Individualidade não se confunde com o egoísmo: podemos viver em grupo e, ao mesmo tempo, ter características que nos diferenciam das demais pessoas.

B. SOCIEDADE E SOCIOLOGIA:- O homem, embora tenha sua individualidade, vive em sociedade. Isto confirma a afirmação de John Donne de que de que “Nenhum Homem é uma Ilha”. - A sociedade é um agrupamento de pessoas que formam uma coletividade, uma comunidade. Seguem as mesmas normas e têm valores semelhantes.- Desde a Antiguidade Clássica, principalmente com Aristóteles, vários intelectuais se interessam pelo estudo da sociedade. Mesmo assim, até meados do século XIX, não existia ainda uma ciência da sociedade.- Foi justamente no contexto da Revolução Francesa e as transformações tecnológicas da Revolução Industrial – consolidação do capitalismo e o acirramento da luta de classes, em meio à Independência das colônias americanas e ao fim da escravidão, que nasce a Sociologia.- Na Segunda metade do século XIX, quando o Positivismo, o Evolucionismo Social e o Determinismo ganharam força, a Sociologia emergiu como ciência.

C. CENÁRIO EUROPEU NO SÉCULO XIX:

I. Desenvolvimento industrial acelerado: consequência – ImperialismoII. Aumento da produção industrial e da opressão ao trabalhadorIII. Desenvolvimento de novas teorias científicas: Darwin e a Teoria das espécies IV. Darwinismo Social: Europa desenvolvida (forte) outros espaços geográficos não evoluídos (fracos)V. Evolucionismo Social: afirmava que as sociedades passam por estágios evolutivos. VI. Marx, Weber e Durkheim: análise da realidade socialVII. Positivismo (estágio superior – finalidade máxima das civilizações – buscar este estágio científico). Corrente filosófica e científica que confirmava e apoiava a dominação imperialista. Raça branca Caucasiana alcançou pleno desenvolvimento.

Obs. Positivismo + Evolucionismo + Determinismo: correntes que valorizavam o Imperialismo!

- Determinismo: homem como produto do seu meio, etnia e cultura. Determinismo é a doutrina que afirma serem todos os acontecimentos (inclusive as vontades e escolhas) ocasionados por acontecimentos anteriores, ou seja, o homem é fruto direto do meio em que vive e atua como ser pensante. Assim, em tese, não teria a liberdade de escolher ou exercer influência nos acontecimentos.

* Marx, Weber e Durkheim: considerados os “pais” da Sociologia: deram dimensão científica à disciplina; estudaram as formas de organização e as regras de funcionamento das sociedades humanas.* Sociologia: desejo de intervir na Ordem Social.

A. Indivíduo e sociedade: entre os estudiosos que se preocuparam em analisar a relação do indivíduo com a sociedade, destacam-se os autores clássicos citados acima, além dos contemporâneos Norbert Elias e Pierre Bourdieu. Destacam-se as seguintes ideias:

*KARL MARX, OS INDIVÍDUOS E AS CLASSES SOCIAIS: Para este filósofo, “os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, já que

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produzem sua existência em grupo”. (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 22). “(...)Para Marx, o foco recai sobre os indivíduos inseridos nas classessociais.” (Idem, p. 27)

*ÉMILE DURKHEIM, AS INSTITUIÇÕES E O INDIVÍDUO: “O fundamental é a sociedade e a integração dos indivíduos nela.” (Idem, p. 27)

*MAX WEBER, O INDIVÍDUO E A AÇÃO SOCIAL: “Para Weber, os indivíduos e suas ações são os elementos constitutivos da sociedade.

*NORBERT ELIAS: Procura superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade, ou seja, “(...) é comum distanciarmos indivíduo e sociedade quando falamos desta relação” (Idem, p. 27). Para melhor explicar sua teoria, este sociólogo alemão (1897-1990) criou um conceito social – A CONFIGURAÇÃO – PERMITINDO PENSAR A RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE DE FORMA DINÂMICA. Este conceito procura explicar que existe uma interdependência entre as pessoas em um determinado contexto histórico. Outro conceito utilizado foi o de Habitus. “(...) Este conceito estabelece uma ligação entre o pensamento de Elias e odo francês Pierre Bourdieu (1930-2002)” (Idem, p. 29).

*PIERRE BOURDIEU: “A preocupação de Bourdieu ao retomar o conceito de Habitus era a mesma de Elias: ligar teoricamente indivíduo e sociedade. (...) Dessa maneira, seu conceito de habitus é o que articula práticas cotidianas – a vida concreta dos indivíduos – com as condições de classe de determinada sociedade. (...) Fundam-se as condições objetivas com as subjetivas.

ATIVIDADE 1 (AULA 02) – IDENTIDADE , IGUALDADE E DIFERENÇA - ALTERIDADE: O NASCIMENTO DA ANTROPOLOGIA (PÁG. 02 )

3. IDENTIDADE E ALTERIDADE:

A. Ciências Sociais: - Sociologia: Ciência da Sociedade – o comportamento social.- Antropologia: Ciência do Homem – ciência das diferenças.

B. Antropologia – “Anthropos = homem + Logos = estudo”.- Como ciência da humanidade, a Antropologia se preocupa em conhecer cientificamente o ser humano em sua totalidade. Preocupação clara para com as diferenças.- Objeto de estudo da Antropologia: o homem e suas obras (configuração cultural):* Crenças religiosas;* Formas de Organização Política;* Costumes e manifestações artísticas;* Relações com outros grupos sociais.

C. Cultura:- Conceito sociológico: pode ser entendida como a marca da identidade social de um determinado grupo. Neste sentido, cultura é o conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos materiais associados em um sistema social. - Conceito antropológico: padrões de comportamento social, as crenças e os valores, os conhecimentos e os costumes. Fazem com que cada membro de um mesmo grupointerprete o mundo de modo mais ou menos parecido (igualdade). Cultura abstrata e material.

UM POUCO DE TEORIA A. Surgimento da Antropologia (século XIX) na Europa:- O Contexto histórico do Neocolonialismo e a Corrente Evolucionista;

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- Antropólogos e a tentativa de compreensão das Diferenças entre os grupos sociais – destaque para as sociedades “SIMPLES” ou “PRIMITIVAS”. B. O contexto Evolucionista e a tentativa de compreensão do outro (Alteridade). C. Alteridade (o EU e o OUTRO) – encontro de duas IDENTIDADES. D. Identidade: Representação da cultura de um grupo humano (a maioria e a minoria). E. O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado denominado ENDOCULTURAÇÃO (processo permanente de aprendizagem e assimilação de valores e experiências, desde o nascimento). F. Mundo Globalizado – tendência de Uniformização de valores e crenças: cultura de massa. G. Afirmação da Identidade: conceitos de maioria e minoria. H. Durkheim – o comportamento dominante e o Princípio da Normalidade.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- CARDOSO, Fernando Henrique & IANNI, Octavio (orgs.) Homem e sociedade: leituras básicas de Sociologia. 2ª Ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1965.- DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005.- HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. 11ª Edição. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2006. (Tradução: Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro).- LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1991.- LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. Várias edições. - MUSSOLINI, Gioconda. Evolução, raça e cultura. São Paulo: Cia. Editora Nacional e EDUSP, 1969. - ROCHA, Everardo P. Guimarães. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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ATIVIDADE 2 (AULA 01) – INSTITUIÇÕES SOCIAIS E COERÇÃO (PÁG. 05)

1. LIBERDADES INDIVIDUAIS E COERÇÃO SOCIAL

Wang Weilin (estudante chinês – Praça da Paz Celestial em 1989) – Símbolo da luta pela afirmaçãodas Liberdades Individuais.

1. INTRODUÇÃO:- Luta pelo direito à livre expressão: um dos pilares da Democracia

- É possível dizer que alguém é absolutamente livre?

-Viver em sociedade significa, em certa medida, abrir mão de algumas liberdades?

- Pois bem, é possível dizer que somos livres dentro de certos limites! Assim, é possível identificar alguns desses limites? Quem os determina? Devemos aceitá-los passivamente ou é necessário questioná-los?

- Atenção, quando você nasceu, o mundo já estava pronto com leisCom regras

Com padrões de comportamento e normas de conduta

- Quando pautamos nosso modo de agir por estas regras prontas e acabadas somos livres? De certa forma utilizamos Máscaras Sociais para sermos aceitos em nossos grupos?

- É ai que entra o trabalho do sociólogo Émile Durkheim (1858-1917). Obras: “Regras do Método Sociológico” (1895) e “Da Divisão Social do Trabalho” (1893).

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- Durkheim:- “Escola: Funcionalismo/Positivismo”- Grande preocupação de Durkheim: compreender a Nova Ordem Social (segundo ele encontrava-se em uma crise moral e social.- Proposta: criar um Novo Sistema Científico e Moral.

2. UM POUCO DE TEORIA *Émile Durkheim: Solidariedade Social*Objeto próprio de sua Sociologia: compreender os Fatos Sociais* Fatos Sociais: Maneiras de ser, fazer ou pensar que exercem influência coercitiva sobre as consciênciasIndividuais (particulares). Eles podem ser: genérico (se repete), coercitivo (coerção sobre os indivíduos) e externo (exterior ao indivíduo).*Sociedade formada pela síntese Consciência Coletiva

*Combinação das consciências individuais de todos os homens ao mesmo tempo.

*ATENÇÃO: O SER SOCIAL É FORMADO A PARTIR DA CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL + CONSCIÊNCIA COLETIVA.

*A Consciência Coletiva exerce coerção sobre as consciências individuais.

Educação: indivíduo deve se integrar: COESÃO SOCIAL

*Solidariedade social: Solidariedade Mecânica (Sociedade Simples – consciência coletiva forte) Solidariedade Orgânica (onde ocorre uma divisão do trabalho social + individualista).

*Anomia: Ausência de normas, falta de regras.

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ATIVIDADE 2 (AULA 02) – INSTITUIÇÕES SOCIAIS E COERÇÃO (Pág. 05 e 06)

3. INTRODUÇÃO

*Observe a imagem familiar abaixo

- É possível verificar mudanças na constituição familiar de nossos dias?

2. UM POUCO DE TEORIA*Hoje, este cenário familiar apresenta um quadro completamente diferente. Isto significa que houve mudanças nesta Instituição. Este fenômeno histórico demonstra transformações na própria Instituição.

*Definição de Instituição: Segundo Peter e Brigite Berger: “Como um padrão de controle, ou seja, uma programação da conduta individual imposta pela sociedade”.

FAMÍLIA IGREJA COERCITIVA- Exemplos de instituições: ESCOLA AUTORIDADE GOVERNO E EXÉRCITO INFLUÊNCIA EXTERIORIDADE ESTADO

#IGREJA EXCOMUNGA INFIEL REGRAS LIMITES LEGITIMIDADE #ESTADO MANDA PARA A

CADEIA O HOMICIDA DEVE SER RECONHECIDA PELA COLETIVIDADE

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*ATENÇÃO: SE AS PUNIÇÕES FOREM RECONHECIDAS PELAS PESSOAS – EXISTE LEGITIMIDADE POR PARTE DESTA OU DE OUTRA INSTITUIÇÃO.

*PORTANTO: AS INSTITUIÇÕES INFLUENCIAM NOS COMPORTAMENTOS INDIVIDUAIS EXERCENDO UMA COERÇÃO SOCIAL

EX. FORÇAS ARMADAS E O UFANISMO DO “BRASIL – AME-O OU DEIXE-O!”

*QUANDO AS PUNIÇÕES NÃO SÃO RECONHECIDAS: REVOLTAS SOCIAIS - GERALDO VANDRÉ – “PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES”

3.PROPRIEDADE PRIVADA COMO INSTITUIÇÃO SOCIAL

*OBSERVE A IMAGEM DE SEBASTIÃO SALGADO

*AGORA LEIA ATENTAMENTE O FRAGMENTO DE JOSÉ SARAMAGO – PREFÁCIO DO LIVRO DE SEBASTIÃO SALGADO “FOTOS TERRA”. O SURGIMENTO DA PROPRIEDADE PRIVADA.

“Foi o caso que estando já a terra assaz povoada de filhos, filhos de filhos e filhos de netos da nossa primeira mãe e do nosso primeiro pai, uns quantos desses, esquecidos de que sendo a morte de todos, a vida também o deveria ser, puseram-se a traçar uns riscos no chão, a espetar umas estacas, a levantar uns muros de pedra, depois do que anunciaram que, a partir desse momento, estava proibida (palavra nova) a entrada nos terrenos que assim ficavam delimitados, sob pena de um castigo, que segundo os tempos e os costumes, poderia vir a ser de morte, ou de prisão, ou de multa, ou novamente de morte. Sem que até hoje se tivesse sabido porquê, e não falta quem afirme que disto não poderão ser atiradas as responsabilidades para as costas de Deus, aqueles nossos antigos parentes que por ali andavam, tendo presenciado a espoliação e escutado o inaudito aviso, não só não protestaram contra o abuso com que fora tornado particular o que até então havia sido de todos, como acreditaram que era essa a irrefragável ordem natural das coisas de que se tinha começado a falar por aquelas alturas. Diziam eles que se o cordeiro veio ao mundo para ser comido pelo lobo, conforme se podia concluir da simples verificação dos factos da vida pastoril, então é porque a natureza quer que haja servos e haja senhores, que estes mandem e aqueles obedeçam, e que tudo quanto assim não for será chamado subversão.”

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*OBSERVANDO ATENTAMENTE A LINGUAGEM VISUAL E ESCRITA É POSSÍVEL CHEGAR A SEGUINTE CONCLUSÃO:

- JOSÉ SARAMAGO E SEBASTIÃO SALGADO DESCREVEM AS INJUSTIÇAS SOCIAIS DECORRENTES DA POSSE INDISCRIMINADA DA PROPRIEDADE PRIVADA.

*A SOCIOLOGIA ESTUDA “A QUESTÃO AGRÁRIA” COMO ELA É! O OBJETIVO É COMPREENDER AS RELAÇÕES SOCIAIS RELACIONADAS A POSSE DA TERRA.

*A PROPRIEDADE PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO É A BASE DA ESTRUTURA DE CLASSES NO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA.

*PARA JOHN LOCKE: PROPRIEDADE É O BEM MAIOR DE UM INDIVÍDUO;*PARA JEAN-JACQUES ROUSSEAU: A PROPRIEDADE PRIVADA É A CAUSADORA DE TODOS OS MALES, JÁ QUE DELA PARTIRIA TODA A DESIGUALDADE ENTRE OS HOMENS;*PARA PIERRE JOSEPH PROUDHON SOCIÓLOGO FRANCÊS (ANARQUISTA), EM SUA OBRA “QUE É A PROPRIEDADE” DIZ QUE: “A PROPRIEDADE É O ROUBO”!

*NO BRASIL, SEGUNDO A CONSTITUIÇÃO DE 1988: NO BRASIL ESTÁ PREVISTA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NO ARTIGO 5º (INCISOS XXII E XXIII, RESPECTIVAMENTE, A GARANTIA DO DIREITO DE PROPRIEDADE E A INSTITUIÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE), 170 DENTRE OUTROS, COMO DIREITO FUNDAMENTAL. TAMBÉM ESTÁ PREVISTA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 EM SEU ARTIGO 1.228.

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ATIVIDADE 03 – “CASTAS, ESTAMENTOS E CLASSES SOCIAIS” (PÁG.8)

1. PARA DEBATER A. Perguntas essenciais: - “Ter e poder” e “Nome e fortuna” é essencial em nossas relações sociais? - Qual a origem deste tipo de pensamento?

2. INTRODUÇÃO A. HISTÓRICO E ORGANIZAÇÃO:- Surgimento da Propriedade Privada.- Exploração do trabalho de um homem por outros.- Formação de dois grupos sociais: exploradores X explorados – CONVENÇÃO ETNOCÊNTRICA E BASE PARA A CONCEPÇÃO EUROCÊNTRICA. - À medida que a humanidade foi se organizando em sociedades mais amplas que as tribais, a ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL foi se intensificando.

3. WEBER – ORGANIZAÇÃO DE UM CRITÉRIO MAIS OBJETIVO DE ANÁLISE DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL - Para compreender melhor a separação de camadas em que se divide a sociedade contemporânea, Max Weber propôs:

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& Século XIX: Três Dimensões da Estratificação Social:

* ORDEM ECONÔMICA: divisão da sociedade em classes (renda – capacidade de consumo; da posse de bens);* ORDEM SOCIAL: divisão em status (consciência de status (prestígio social/poder de influência) – exemplo os militares ou religiosos);* ORDEM POLÍTICA: divisão em partidos (participação local do poder político).

4. TEORIA A. Alguns conceitos essenciais:- O que é Estrutura Social? Uma estrutura social define uma determinada sociedade. Ela deve ser compreendida partindo de vários fatores: econômicos, políticos, históricos, sociais, religiosos, culturais. Estes fatores dão uma feição para cada sociedade. - O que é Estratificação Social? De forma sintética é a maneira como os indivíduos e grupos sociais são classificados em camadas sociais, permitindo também entender o modo como ocorre a mobilidade de um nível para outro.B. O sociólogo brasileiro Octavio Ianni demonstrou que para se entender Estratificação Social é necessário considerar como se dá a produção econômica e a forma de organização política de uma determinada sociedade. C. Estratificação Social - organizada em:- Sistemas de Castas;- Sistemas de estamentos;- Sistemas de classes.

D. As sociedades organizadas em castas:- exemplo típico de castas: na Índia- Castas - hierarquização baseada em: aspectos religiosos, étnicos, cor, hereditariedade e ocupação.- Quatro grandes castas na Índia: Os Brâmanes; os Xátrias; os Vaixás e os Sudras. Atenção: os Párias não pertencem a nenhuma casta, e vivem, fora das regras existentes.- Castas – características básicas:* Não existe mobilidade social;* Endogamia: casamento só entre membros da mesma casta;* Regras de alimentação: pessoas só podem se alimentar com os membros da própria casta e por alimentos feitos por eles;* Proibição de contatos físicos entre membros de castas superiores e inferiores.* Define-se castas a partir da Trilogia:- Repulsão, Hierarquia e Especialização Hereditária.

E. As sociedades organizadas em estamentos:- outra forma de estratificação social é exatamente o sistema de estamentos ou estados (exemplo típico: sociedade feudal e na França do século XVIII, às vésperas da Revolução havia três estados: a nobreza, o clero e o chamado terceiro estado).- As análises devem percorrer segundo Octávio Ianni, os seguintes critérios para se compreender o modo pelo qual categorias tais como tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalheirismo parecem predominar no pensamento e na ação das pessoas. - É possível dizer, portanto: “o que identifica um estamento é o que também o diferencia, ou seja, um conjunto de direitos e deveres, privilégios e obrigações que são aceitos como naturais e são publicamente reconhecidos, mantidos e sustentados pelas autoridades oficiais e também pelos tribunais.” (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 69).- Nesta organização o poder não é apenas de fato, mas também de direito.- A mobilidade existe, porém era muito controlada.

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- O que explica a RELAÇÃO ENTRE OS ESTAMENTOS (clero, nobreza e camponês-vilões) era exatamente a RECIPROCIDADE DE OBRIGAÇÕES.- A desigualdade era vista como fato natural nestas sociedades.

F. As sociedades organizadas em classes:- Sociologicamente, utiliza-se o termo classe na explicação da estrutura da sociedade capitalista com base na classificação ou hierarquização dos grupos sociais.- “A sociedade capitalista é dividida em classes e, como tal, tem uma configuração histórico-estrutural particular. Nela está muito evidente que as relações e estruturas de apropriação (econômica) e dominação (política) definem a estratificação social. Os outros fatores de distinção e diferenciação, como a religião, a honra, a ocupação e a hereditariedade, apesar de existirem, não possuem a força que têm nos sistemas de castas e estamentos. A produção e o mercado tornaram-se os elementos mais precisos de classificação e mobilidades sociais. Assim, as classes sociais expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista.” (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 74).

5. WEBER E O CONCEITO DE DOMINAÇÃO A. DOMINAÇÃO PARA WEBER: “um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados). B. Dominados e a submissão – “vontade de se comportar como submissos”.C. Weber e os três motivos de submissão (princípios de autoridade):- Os Motivos Racionais: A DOMINAÇÃO LEGAL. Exemplos: 1. Os servos dos feudos, interessava a proteção militar dos senhores feudais; 2. A fé no estatuto legal (servidores públicos e o Estado que os emprega); - Os Motivos Tradicionais: A DOMINAÇÃO TRADICIONAL. Exemplo: dependem da força dos costumes de geração a geração, que leva ao conformismo. Daí a dominação. Dominação dos príncipes europeus; dominação dos coronéis sertanejos;- Os Motivos Afetivos: A DOMINAÇÃO CARISMÁTICA. Exemplo: admiração pessoal no líder ou herói (seja um profeta, um senhor guerreiro ou mesmo um político demagogo.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1970.- LUKÁCS, Georg. História e Consciência de Classe. Rio de Janeiro: Elfos Editora LTDA., 1974.- MANNHEIM, Karl. Ideologia e Utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1972.- WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.

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(ATIVIDADE 4) (AULAS 1 e 2) “MODOS DE PRODUÇÃO E FORMAÇÕES SOCIAIS” (PÁG. 10, 11 E 12)

1. PARA DEBATER A. Algumas perguntas essenciais:- Qual a noção de trabalho predominante em nossa sociedade?- Existem, atualmente, condições para que o trabalho nos fortaleça no que temos de mais humano?- Por que tanta gente se entrega a trabalhos dos mais variados tipos nas suas horas de lazer?C. Análise – importância de todo tipo de trabalho para o bem comum. Prestar a atenção na hierarquização dos trabalhos criada pela sociedade capitalista.D. Pergunta fundamental: Afinal, que tipo de relação mantemos com o trabalho? Carregamos emoções no ato prático da produção? Em um objeto do período Neolítico – um vaso – o artesão apenas procurou

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praticidade ou, como também realizou a pintura deste mesmo vaso, também não caracterizou emoções? Em caso de resposta afirmativa – e o é de verdade -, deve-se considerar a presença de vida neste ato de produção humana!

2. INTRODUÇÃOA. “Trabalho é um assunto sobre o qual sempre há muitas perguntas a fazer. Afinal, para que ele existe? Quem o inventou? Seu significado é semelhante nas diferentes sociedades? Pode-se dizer que o trabalho é uma Atividade humana capaz de satisfazer as necessidades humanas, desde as mais simples, como as de alimento, vestimenta e abrigo, até as mais complexas, como as de lazer, crença e fantasia. Essa atividade humana nem sempre teve o mesmo significado, a mesma organização e o mesmo valor. Origem do termo Trabalho vem do latim “Tripallium” que significava instrumento de tortura”. (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 35.)B. Considerar como eixo norteador desta aula a questão da DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, destacando suas origens, evolução histórica e características contemporâneas.

3. UM POUCO DE TEORIA A. O que é trabalho? PALAVRA POLISSÊMICA – adquire significados diferentes, dependendo do contexto.B. Origem no Vocábulo Latino Tripalium, que designava um antigo Instrumento de Tortura. Daí a ideia de que muitas vezes, TRABALHO pode pressupor esforço, fadiga ou sacrifício. C. Mas o que seria precisamente o trabalho? Para MARX e ENGELS: “UM PROCESSO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA, DURANTE O QUAL O HOMEM, MEDIANTE SUA PRÓPRIA ATIVIDADE, MEDEIA, REGULA E CONTROLA O INTERCÂMBIO DE SUBSTÂNCIAS ENTRE ELE E A NATUREZA”. D. Neste sentido, o trabalho é apresentado como uma atividade RACIONAL que, num PROCESSO CONTÍNUO, TRANSFORMA o Meio Natural em que vivem os homens. E. Trabalho Humano – uma atividade criativa “uma presença de vida”.

3.1. FORMAS DE DIVISÃO DO TRABALHO F. TRABALHO E EVOLUÇÃO – BREVE HISTÓRICO:• Toda evolução do homem foi marcada pelo trabalho (processo de hominização: - produção humana e a luta pela sobrevivência – luta pelo domínio dos recursos naturais):- PERÍODO PALEOLÍTICO : vida nômade e criação de instrumentos de pedra lascada para coletar alimentos e caçar.- PERÍODO NEOLÍTICO ( REVOLUÇÃO NEOLÍTICA): vida sedentária e a Primeira Divisão Do Trabalho (DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO). - Esta Divisão Sexual Do Trabalho nas Tribos gerou a noção de Propriedade sobre os objetos necessários para cada atividade.- AINDA NO NEOLÍTICO : domesticou plantas e animais, produziu cerâmica. Neste momento nasce a ideia de que a terra em que os homens plantavam e criavam animais também lhes pertencia. - Com a noção de propriedade, a Divisão Sexual Do Trabalho evoluiu para a Primeira Grande DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO, em que uns cuidavam das plantações e dos animais e outros comandavam. - Essa ELITE que surgia (dava ao luxo do ócio), também passou a escravizar seus semelhantes, fazendo-os trabalhar para si. - As Civilizações da Antiguidade conheceram assim os Primeiros Impérios, consolidando-se a noção de poder . - Friedrich Engels, em seu livro “A Origem da Família, da propriedade privada e do Estado”, analisando este processo de gestação das primeiras comunidades, afirma que coube ao etnógrafo norte-

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americano Lewis Henry Morgan (1818-1881) a classificação do processo de hominização em três épocas: o estado selvagem, o estado de barbárie e a civilização. Para ele, no estado selvagem, em que os grupos primitivos eram nômades e viviam da coleta de frutos, da caça e da pesca, além da fabricação de instrumentos de Pedra (lascada, inicialmente, e polida, na fase neolítica), desenvolveu-se a linguagem humana (...). - O Contexto histórico de evolução foi notório O ADVENTO DA BURGUESIA E DO CAPITALISMO. Revolução Comercial Mercantilista, Primeira e Segunda Revolução Industrial, o advento da Terceira Revolução Industrial Tecnológica acelerou estas transformações.

4. O CONCEITO DE ECONOMIA:- o objetivo é perceber as várias formas de organização social OBS. “Os homens sempre desenvolveram atividades voltadas para o suprimento das necessidades básicas do grupo. Eis a gênese do Trabalho e da Produção”. Por isso falar em ECONOMIA.

A. ECONOMIA: O conjunto de práticas que satisfazem nossas necessidades (Max Weber).B. Weber: Entende economia como a “administração de recursos raros ou dos meios destinados a atingir determinados fins”. C. Economia: Ciência Social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços.

4.1. MAIS UM POUCO DE TEORIA • Ideia de trabalho para Karl Marx: “O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais cresce sua produção em potência e em volume. O trabalhador converte-se numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz. A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas.(...)” • Atividades Econômicas: necessidades básicas de sobrevivência individual ou coletiva. Estas podem significar a gênese do trabalho e da produção. • Nas Sociedades Modernas: as atividades econômicas têm como objetivo: – LUCRO E RIQUEZAS. • Quando se fala em produção não se deve pensar apenas na produção de bens econômicos (INFRAESTRUTURA), mas também é importante manifestar a produção de ideias e estas se traduzem nas artes, na religião, na política, nas leis, nos esportes, etc. (SUPERESTRUTURA). • 5. ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES • MEIOS DE PRODUÇÃO: Todo e qualquer utensílio ou recurso natural, como a terra, que seja usado na produção. O próprio Homem (ESCRAVIDÃO) foi um Meio de Produção.

• FORÇA DE TRABALHO: O ser humano se relaciona com o meio natural e o transforma de acordo com seus interesses. Isso ocorre através dos MEIOS DE PRODUÇÃO, aproveitados da natureza ou criados pelo homem. Ao transformar a natureza por meio do trabalho, o homem emprega sua energia pessoal e coletiva e gera o resultado – O PRODUTO.

• RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO: Relações entre os homens no processo produtivo. Os grupos sociais empregam sua Força de Trabalho no manuseio dos MEIOS DE PRODUÇÃO e estabelecem, assim, RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO.

• FORÇAS PRODUTIVAS: Entende-se a combinação da Força de Trabalho com os Meios de Produção (INSTRUMENTOS DE PRODUÇÃO E OS OBJETOS SOBRE OS QUAIS SE TRABALHA).

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ATENÇÃO: A CADA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS PRODUTIVAS CORRESPONDE UMA DETERMINADA FORMA DE RELAÇÕES DE PRODUÇÃO.

- MODOS DE PRODUÇÃO: MARX E ENGELS empregam frequentemente a expressão “MODO DE PRODUÇÃO DE BENS MATERIAIS” OU SIMPLESMENTE “MODO DE PRODUÇÃO” para descrever a maneira, a forma, o modo pelos quais se produzem os Bens Materiais. Este conceito de Modo de Produção é um modelo teórico utilizado para auxiliar a análise das diversas formas de civilização. O MODO DE PRODUÇÃO DA VIDA MATERIAL CONDICIONA O PROCESSO DA VIDA SOCIAL, POLÍTICA E ATÉ ESPIRITUAL. A EXISTÊNCIA ECONÔMICA DETERMINA A CONSCIÊNCIA SOCIAL.

• INFRAESTRUTURA: Base Econômica da sociedade (base que sustenta a produção).

- SUPERESTRUTURA: O “ESPAÇO” SOCIAL onde se dão as relações não econômicas, mas importantes para o funcionamento da sociedade. NESTE ESPAÇO NASCEM OS SISTEMAS EDUCACIONAIS, JURÍDICOS, OS CÓDIGOS MORAIS, AS TENDÊNCIAS ARTÍSTICAS E OS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS.

5.1. MARXISMO

• MATERIALISMO HISTÓRICO: Método de abordagem da vida social – as relações materiais e o modo como produzem os meios de vida (RELAÇÕES ECONÔMICAS).

• LUTA DE CLASSES: Origem primeira está na base econômica, projeta-se permanentemente em toda a sociedade. • CLASSES SOCIAIS PARA MARX: CONJUNTO DE MEMBROS DE UMA SOCIEDADE QUE SÃO IDENTIFICADOS POR COMPARTILHAR DETERMINADAS CONDIÇÕES OBJETIVAS, OU A MESMA SITUAÇÃO NO QUE SE REFERE À PROPRIEDADE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO, DAS CLASSES ENTRE SI, CLASSES QUE SE ORGANIZAM POLITICAMENTE PARA A DEFESA CONSCIENTE DE SEUS INTERESSES.

MODO DE PRODUÇÃO E FORMAÇÕES SOCIAIS : O que são FORMAÇÕES SOCIAIS? Uma organização social que pode abranger um só país ou vários (como é o caso de países latino-americanos, que apresentaram características semelhantes em certos períodos históricos). Em outras palavras: “Se estudarmos, por exemplo, os diversos países da América Latina, verificaremos que existem diferentes relações de produção que vão desde o capitalismo mais desenvolvido até a economia quase autárquica de certas regiões, sendo na maior parte delas, se não em todos, o capitalismo o modo de produção de bens materiais dominante, que submete a sua leis de desenvolvimento os outros modos que lhe estão subordinados. Portanto, na maior parte das sociedades historicamente determinadas deparamo-nos coma existência de várias relações de produção. Mas nesta diversidade existe sempre uma que é dominante e cujas leis de funcionamento têm influência decisiva sobre as demais. Do que ficou exposto, deduz-se que a dominação de um modo de produção de bens materiais, isto é, de um tipo determinado de relações de produção, não faz desaparecer de forma automática todas as demais relações de produção: estas podem continuar existindo, ainda que modificadas e subordinadas às relações de produção dominantes. Podemos afirmar, por exemplo, que desde a época da conquista, os países da América Latina têm estado submetidos ao regime de produção capitalista dos países hegemônicos, de início sob a forma de

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capitalismo comercial e depois através de relações de produção propriamente capitalistas (ou na maior parte deles); mas afirmar que o sistema de produção capitalista domina não significa negar que existiam e que ainda existem, de forma mui difundida, relações pré-capitalistas de produção: relações de produção que se aproximam das comunidades primitivas em alguns lugares isolados, relações semi-servis em muitas zonas camponesas e difusão bastante grande da pequena produção artesanal. Assim sendo, as relações de produção dominantes não só impõem suas leis de funcionamento às demais relações de produção que lhes estejam subordinadas mas também determinam o caráter geral da superestrutura dessa sociedade. Para designar esta realidade social historicamente determinada empregamos o conceito de Formação Social. Este conceito se refere, como vimos, a uma realidade concreta, complexa, impura, como toda realidade, diferentemente do conceito de MODO DE PRODUÇÃO, que se refere a um objeto abstrato, puro, ideal”. (HARNECKER, Marta. Os Conceitos Elementais do Materialismo Histórico. Pág. 140/141).

- O MODO DE PRODUÇÃO neste caso, refere-se a conceito científico de análise. - Certas particularidades que o sistema capitalista assumiu em cada canto do planeta, são conhecidas pelos marxistas como Formações Sociais.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- BOTTOMORE, Tom (Org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. - HARNECKER, Marta. Os Conceitos Elementais do Materialismo Histórico. São Paulo: Cortez e Moraes Ltda, 1973.--------------------///--------------------///--------------------///--------------------//--------------------//-------------

(ATIVIDADE 5) (AULAS 1 e 2) – “O MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA” (PÁG. 14, 15 E 16) 1. O que é CAPITAL? No sentido econômico, um bem possuído por um indivíduo, como sendo seu patrimônio particular. Para os empresários, capital: qualquer bem que possa se tornar fonte de renda! Uma casa de aluguel, por exemplo, gera capital. Para os marxistas: o capital seria uma relação social que toma a forma de coisa. Os seres humanos, através de seu trabalho, geram riquezas, o capital é, antes de mais nada, a relação entre seres humanos que se transforma em bens materiais. Segundo Marx: “(...) o capital não é uma coisa, mas uma relação de produção definida, pertencente a uma formação histórica particular da sociedade, que se configura em uma coisa e lhe empresta um caráter social específico.”

*O capital não é simplesmente um conjunto de meios de produção; esses é que foram transformados em capital ao serem apropriados por uma classe social (a burguesia) e empregados com a finalidade de gerar lucros ou renda.

1. O que é CAPITALISMO? Um Modo de Produção onde o capital, sob suas diferentes formas, é o principal meio de produção.

2. O que é MAIS-VALIA: Vejamos, ao assinar um contrato de trabalho, um trabalhador X aceita trabalhar, digamos, por oito horas diárias, ou seja, quarenta horas semanais, por determinado salário. O dono dos Meios de Produção – o capitalista - passa, a partir deste momento, a ter o direito de utilizar essa força de trabalho no interior da sua fábrica. O que acontece, de fato, ou seja, na realidade concreta histórica, é que o trabalhador – o operário que vendeu sua força de trabalho – em quatro ou cinco horas de trabalho diárias, por exemplo, já produz o referente ao valor de seu salário total; as horas restantes são apropriadas pelo capitalista. Isso significa que, diariamente, o operário trabalha três a quatro horas

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para o dono da empresa, sem receber pelo que produz. O que se produz nessas horas a mais é o que Marx chama de Mais-Valia.

3. LIBERALISMO ECONÔMICO

* O LIBERALISMO CLÁSSICO (SÉCULOS XVIII/XIX): Sobre o Liberalismo Econômico Adam Smith, que escreveu “A Riqueza das Nações”, e David Ricardo, com sua obra “Princípios de Política Econômica e Taxação”, inspiraram as ideias fundamentais do LIBERALISMO ECONÔMICO. A genialidade de Adam Smith revela-se principalmente quando ele considera, Pela Primeira Vez , que a SOCIEDADE CIVIL (o termo foi cunhado por ele) poderia distinguir-se do Estado e que o trabalho era fonte, causa e verdadeira medida do valor das mercadorias. Sua TEORIA DO VALOR-TRABALHO teve cabal importância na formação do pensamento econômico e sociológico de Karl Marx.

4. O IMPERIALISMO (SÉCULO XIX): Em sua obra “O Imperialismo – fase superior do capitalismo” (1916), Lênin (1870-1924), principal teórico e líder da Revolução Bolchevique na Rússia de 1917, escreveu: “O imperialismo é um capitalismo na fase de desenvolvimento, quando tomou corpo a dominação dos monopólios e do capital financeiro, quando ganhou significativa importância a exportação de capitais, quando se iniciou a partilha do mundo pelos trustes internacionais e terminou a repartição de toda a terra entre os países capitalistas mais importantes.” Ou seja, o imperialismo é, em sua essência, o próprio capitalismo monopolista. E o monopólio, que nasce precisamente da livre concorrência, seria para Lênin a transição do capitalismo para uma formação econômica e social mais avançada. Era a época do Neocolonialismo.

6. SOBRE O NEOLIBERALISMO (INÍCIO DE FATO - DÉCADAS DE OITENTA (SÉCULO XX) ATÉ HOJE): Principais “personagens” do Neoliberalismo: - Ronald Reagan: ator de filmes de faroeste assumiu a presidência pelo Partido Republicano em janeiro de 1981. Orientou seu governo até 1989 pelo ferrenho combate ao comunismo, em particular contra a União Soviética, a que chamou o “império do mal”. Foi um dos líderes políticos responsáveis pela ascensão do neoliberalismo à hegemonia mundial. Por esse motivo, esse sistema ficou conhecido como “reaganomia”.- Margareth Thatcher: Primeira – Ministra britânica, que comandou o Reino Unido de 1979 a 1990 em nome do Partido Conservador e deu total apoio à política neoliberalizante de Reagan. Foi a primeira mulher a exercer esse cargo na Inglaterra. Sua austeridade, ao combater os sindicatos, as greves e a inflação, privatizar empresas estatais e incentivar a produção industrial, valeu-lhe o apelido de “dama de ferro”. - Milton Friedman: um dos fundadores da ESCOLA DE CHICAGO, foi um dos principais teóricos da “Nova Ordem”. Em obras como “Capitalismo e Liberdade” de 1962, “Liberdade de escolher – o novo liberalismo econômico” (publicada em 1980 com a esposa Rose Friedman), dentre outras, expôs a crença na eficácia do mercado livre como meio de organizar recursos. Neste sentido, é notório o combate a intervenção do Estado na economia. OBSERVAÇÃO: No dia 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim foi derrubado pelo povo alemão. Simbolicamente, era o fim da Guerra Fria. Com o fim da URSS, em dezembro de 1991, consolidou-se a hegemonia do capitalismo neoliberal sobre o mundo ocidental.

*SOBRE A GLOBALIZAÇÃO: Em linhas gerais, globalização é o processo atual de crescimento do capitalismo – regime econômico predominante no Planeta. Ela tem origem nas chamadas multinacionais, que estão interessadas em explorar cada vez mais mercados para obter maiores lucros. O avanço dessas empresas estrangeiras pelo mundo acaba provocando consequências em outras áreas além da econômica. Frequentemente, a globalização influencia a cultura de um país, bem como provoca efeitos na área social. Repare no grande número de palavras e expressões estrangeiras que você vê e

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ouve todos os dias. Os brasileiros, por exemplo, usam dezenas de palavras em inglês, sem sequer saber seu significado. Isto é consequência da globalização. - Nas palavras de Gilson a globalização “(...) é a nova expressão para um fenômeno antigo, a organização de empresas e economias em escala planetária. (...) Para os otimistas, trata-se de movimento histórico cuja essência é o avanço da economia de mercado em todo o planeta, quebrando barreiras institucionais, culturais e econômicas. Para os pessimistas, a globalização é sobretudo financeira, animada por uma disponibilidade sem precedentes de dinheiro ocioso num mundo que cresce pouco, desemprega muito e convive, ainda, com formas cada vez mais sofisticadas de exclusão social e desigualdade tecnológica.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- ANDERSON, Perry. Balanço do Neoliberalismo. In: SADER, Emir e GENTILI, Pablo (Orgs.). Pós-Neoliberalismo: As Políticas Sociais e o Estado Democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.- APPLE, Michael W. Para além da lógica do Mercado – Compreendendo e opondo-se ao Neoliberalismo. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. - DOWBOR, Ladislau, IANNI, Octávio, RESENDE, Edgar A. (Orgs.). Desafios da Globalização. Petrópolis: Vozes, 1997.- HARNECKER, Marta. Os Conceitos Elementais do Materialismo Histórico. São Paulo: Cortez e Moraes Ltda, 1973.- HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 21ª. Edição. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986. - IANNI, OCTÁVIO. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

ENDEREÇO ELETRÔNICO:- http://www.fnepas.org.br/pdf/serviço_social_saude/texto1-1.pdf

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ATIVIDADE 6 (AULAS 1 e 2) – “ESTADO E PODER POLÍTICO” (PÁG. 19, 20, 21 e 22)

1. PARA DEBATER A. Fragmento textual de Paul Valéry – obra “Olhares sobre o mundo moderno”. “TODA POLÍTICA BASEIA-SE NA INDIFERENÇA DA MAIORIA DOS INTERESSADOS, SEM A QUAL NÃO HÁ POLÍTICA POSSÍVEL.”B. Com esta afirmação, Valéry reconhecia duas coisas:- 1ª. Que todas as pessoas deveriam interessar-se pelo mundo da política;- 2ª. Que a política só é possível se a maioria mantiver uma posição de indiferença sobre ela;

Obs. Organograma:

TermosPovo ---------------------- Nação Estado = Poder – ideologia nacionalista Associados (patriotismo)

2. UM POUCO DE TEORIA: POLÍTICA, POVO E NAÇÃO A. O que é Política?- Para alguns política é poder;- Para outros uma organização (Estado).B. Conceitos Dicionário (Houaiss da língua portuguesa)- “Arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negócios internos/externos da nação”.

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- “Habilidade no relacionar-se com os outros tendo em vista a obtenção de resultados desejados”.C. Conceitos de intelectuais:- Para Hanna Arendt “o sentido da política é a liberdade”;- Para Bertrand Russerll “conjunto de meios que permite alcançar os fins desejados”.D. Em um sentido amplo:- É possível entender política como a organização de pessoas para atingir um determinado objetivo.E. Em um sentido estrito:- Para Marx Weber, em sua obra “A Política Como Vocação”: “Entendemos por política apenas a direção do agrupamento político hoje denominado ‘Estado’ ou a influência que se exerce em tal sentido”.F. Fim último da política:- A conquista do poder do Estado.Obs. Pode ocorrer em outros sentidos como, por exemplo: lutas políticas – luta contra a Ditadura Militar (direitos civis e políticos).G. Política – evolução histórica:- Grécia Antiga: Politikós – relacionando à cidade.- No Feudalismo: Poder político nas mãos dos senhores feudais.- Na época Moderna: poder político pertence ao monarca absoluto.- Na época contemporânea: Parlamento Nacional.H. O que é povo? - Conjunto de habitantes de um país.Obs. Como conceito político, desde Roma Antiga fala-se em povo. O “populus romanus”.

I. Estado Moderno e nação:- Com o Estado Moderno, nasceu a ideia de Nação.- Nação: reunião de habitantes num território demarcado, falando o mesmo idioma e compartilham determinadas manifestações culturais. - “Nação como forma historicamente constituída de uma comunidade humana. Sua principal característica é a existência de condições materiais de vida comuns aos seus integrantes, que habitam um território demarcado, falam o mesmo idioma e compartilham determinadas manifestações culturais. Enfim, a nação é uma ampla forma de comunidade, que se originou a partir do nascimento e do desenvolvimento do capitalismo.

3. NACIONALISMO E PATRIOTISMO - Nacionalismo: sentimento de valorização marcado pela aproximação e identificação com uma nação. Apresenta uma definição política mais abrangente. Por exemplo: da defesa dos interesses da nação.- Patriotismo: manifestações de amor aos símbolos do Estado, como hino, a bandeira, suas instituições.

4. O QUE É PODER? A. Tem poder político:- Quem estabelece as leis e normas – obriga os indivíduos a cumprir (executar) suas ordens.- Uso da violência – obriga os indivíduos a cumprir (executar) suas ordens.B. No campo da Sociologia o interesse é COMO SE DÁ o poder do homem sobre outro homem. Neste sentido, poder deve ser entendido como a capacidade de determinar o comportamento dos outros.

HOMEM PODER = PODER COMO RELAÇÃO SOCIAL

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HOMEM

- Nesta relação de poder entre os homens, os poderosos se sustentam na aceitação daqueles que estão dispostos a aceitarem o poder. - O sociólogo Max Weber, no campo da política propõe TRÊS TIPOS PUROS DE PODER LEGÍTIMO (OU SEJA, DE AUTORIDADE:* O Poder Legal: crença nos ordenamentos jurídicos, na burocracia, no aparelho administrativo (Fonte é a Lei);* O Poder Tradicional: baseia-se no caráter sagrado dos costumes existentes “desde sempre” nas comunidades (Fonte é a tradição – o aparelho administrativo é o patriarcal – um exemplo é o coronelismo.

* O Poder Carismático: fundado na dedicação afetiva à pessoa do chefe (Getúlio Vargas).

- Na modernidade é possível encontrar:* Poder Econômico – Organizador das forças produtivas. O poder econômico pode induzir (sugerir/aconselhar) as pessoas mudarem seu comportamento social.* Poder Ideológico – Organização do consenso social. Este poder decorre da influência de ideias formuladas para persuadir (propaganda política, por exemplo).* Poder Político – Organização da coação. Exerce o monopólio do uso da violência e da coação.Observação: Estes três poderes mantêm: ricos e pobres; sábios e ignorantes; fortes e fracos; superiores e inferiores.

5. O QUE É ESTADO?- O que é Estado? Instituição social que detém o poder de governo – monopólio do direito e da força sobre o povo ou os povos de uma nação. TERMOS- Povo, Nação e Poder –ASSOCIADOS-- AO DE ESTADO.

- PARA O FILÓSOFO HEGEL, Estado é a materialização do interesse geral da sociedade e está supostamente acima dos interesses particulares.- PARA MARX, acredita que o Estado não representa o interesse geral, mas sim os interesses da propriedade privada.- THOMAS HOBBES chamou o Estado de “Leviatã”.- GEORGE ORWELL, analisando o Estado Totalitário acrescentou: o Estado nos vigia vinte e quatro horas por dia. - FRIEDRICH ENGELS em “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” refletiu sobre as origens históricas do Estado, buscando sua construção no mundo antigo quando os gens (comunidades gentílicas) desapareceram formando o Estado.

- CONCLUINDO: O Estado é a consequência e expressão da dominação de uma classe social sobre outras; existe para regulamentar juridicamente a luta de classes e, como mediador, manter um equilíbrio entre as classes.

6. FORMAS DE GOVERNO

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- Estado Monárquico: Monarquia Absolutista/Monarquia Constitucional Centralista (o rei reina e governa)/Monarquia Parlamentar(rei chefe de Estado).

- Estado Republicano: República Presidencialista/República Parlamentarista.

7.1. FORMAS DE GOVERNO – MONARQUIA * MONARQUIA: Estado conduzido pelo governo de uma só pessoa. Poderes vitalícios e quase sempre hereditário.- Origens: Antiguidade (Egito e Mesopotâmia/Roma).- Idade Média: Descentralização política – rei um chefe militar.- Final da Idade Média – Formação das Monarquias Nacionais (centralização do poder político).- Idade Moderna: Absolutismo Monárquico – Luís XIV (“O Estado sou eu”).- Século XVIII – Despotismo Esclarecido (rei fala como um liberal modernizador).- Século XIX – avanço liberal e a monarquia constitucional.- Parlamentarismo monárquico: origem na Inglaterra.

7.2. FORMA DE GOVERNO - REPÚBLICA - Maneira de governar mais comum (Modernidade e Representatividade).- Chefe de Estado: acesso ao poder por eleição popular (direta ou indireta). Período de tempo determinado e chefia pode ser exercida por uma só pessoa ou por um colegiado (Suíça).- República pode ser: Presidencialista (chefe de governo – Presidente) e Parlamentarista (chefe de governo – Primeiro Ministro).- República Presidencialista (chefe de governo e chefe de estado – o próprio presidente). - República Parlamentarista: chefe de estado – o presidente e chefe de governo – o Primeiro Ministro (exemplo na Itália).

8. FEDERALISMO - Outro conceito importante no estudo da organização do Estado contemporâneo é o federalismo. - Autonomia de suas repartições territoriais internas (Províncias, Estados ou departamentos). - Os Estados ligados à União reconhecem um governo central.

9. DIVISÃO DOS PODERES A. MONTESQUIEU: Teoria dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).B. KANT: Separação radical entre os três poderes. Defendeu a existência de um poder neutro.

10. CONSTITUIÇÕES E CONSTITUINTE A. CONSTITUIÇÃO: Lei Magna (Carta Magna).B. Assembléia Constituinte: órgão colegiado (elaborar a Constituição).C. Constituição: pode ser outorgada ou promulgada.D. As Constituições Brasileiras.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- BOBBIO, Norberto e outros. Dicionário de Política. Brasília: UNB, 1995.- ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1985.- GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel – as concepções de Estado em Marx, Engels, Lênin e Gramsci. São Paulo: L&PM, 1987.- WEBER, Max. Ciência e Política – duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1970.

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ATIVIDADE 7 (AULAS 1 e 2) – “PARTIDOS POLÍTICOS E DEMOCRACIA” (PÁG. 23,24,25 e 26)

1. PARA DEBATER A. Análise do poema de Berthold Brecht “O Analfabeto Político”.

“AnalfabetoÉ o analfabeto político,Ele não ouve, não fala,nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,o preço do feijão, do peixe, da farinha,do aluguel, do sapato e do remédiodependem das decisões políticas.

O analfabeto políticoé tão burro que se orgulhae estufa o peito dizendoque odeia a política.

Não sabe o imbecil que,da sua ignorância políticanasce a prostituta, o menor abandonado,e o pior de todos os bandidos,que é o político vigarista,pilantra, corrupto e o lacaiodas empresas nacionais e multinacionais”.

B. É possível perceber a estreita ligação entre a organização da sociedade e a atividade política: a necessidade de representação de interesses gerou as corporações de ofício, as associações de bairros, os sindicatos, etc. No Plano do Estado, convém notar que as lutas pelo poder geraram o partido como forma superior de organização política. Nos regimes democráticos, os partidos exercem o papel de representantes da população. C. Você consegue pensar nos partidos políticos como Instituições sérias, fundamentais para a consolidação da democracia?

2. PARTIDOS POLÍTICOS A. Etimologicamente, a palavra “PARTIDO” vem do latim “PARTIRE”, que significa dividir ou partir, sendo que no mundo antigo este termo ainda não possuía nenhuma conotação política.B. Em um Sistema Democrático Representativo, partidos políticos são considerados como órgãos de coordenação e manifestação da vontade popular.C. É possível dizer que a Primeira Prática Política dos homens foi escolher seus líderes.

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D. Os partidos políticos nasceram da necessidade sentida por alguns grupos de se organizar para vencer eleições. Portanto, seu contexto histórico está no desenvolvimento de uma sociedade dividida em classes...E. O que é um Partido Político?

- Definição: O pensador irlandês Edmund Burke (XVIII): “Grupo de homens unidos para a promoção, através de seu esforço conjunto, do interesse nacional, com base em algum princípio determinado com o qual todos concordam”;* IDEIA DE PARTIDO EMBRIONÁRIA: ASSOCIAÇÕES SEM A ESTRUTURA, IDEOLOGIAS E REGIMENTOS ATUAIS.

- Definição: O sociólogo Max Weber: “Associação (...) que visa a um fim deliberado, seja ele “objetivo” como a realização de um plano com intuitos materiais ou ideais, seja “pessoal” isto é, destinada a obter benefícios, poder e, consequentemente, glória para os chefes e sequazes, ou então voltada para todos esses objetivos conjuntamente”.

- Resumidamente temos: interesse nacional (Burke) e poder (Weber).

F. Não é por acaso, portanto, que os partidos aparecem primeiro nos países que adotaram governos representativos (LIBERALISMO). Grandes transformações socioeconômicas abalaram a ordem tradicional e ameaçaram as relações de poder. Emergiam grupos que lutavam pela ampliação dos espaços de participação nas esferas dirigentes ou propunham uma forma de reestruturação sociopolítica da sociedade.

G. HISTÓRICAMENTE:- Primeira prática política dos homens: escolher seus líderes.- Organizações Pré-Partidárias: Corporações de Ofício, os Sindicatos e as Sociedades Secretas.- Organizações Partidárias: Partidos aparecem primeiro nos países que adotaram governos representativos.

OBS. O que diferencia as Organizações Pré-Partidárias das Partidárias é exatamente o “interesse nacional e o poder”.

- Ainda no século XIX, os partidos políticos começaram a tomar a forma que conhecemos hoje. H. Participação na vida partidária: Quanto mais intensa a participação nas bases e instâncias partidárias, maior o grau de questionamento às decisões dos dirigentes. E quanto menos intensa a participação, maior a tendência de a organização cair nas mãos de líderes elitistas.

3. HEGEMONIA E PODER A. Para a análise sociológica: hegemonia é um conceito aplicado às relações entre classes sociais, partidos políticos ou mesmo entre Instituições Públicas e privadas.B. Hegemonia e poder: domínio ou dominação.C. O marxista italiano Antonio Gramsci entende que, numa sociedade de classes, a supremacia de uma delas se dá combinando domínio e hegemonia.D. Uma Facção da classe dominante que pretende se tornar hegemônica vale-se dos partidos políticos, do Parlamento, dos órgãos de comunicação de massas.E. Do mesmo modo: o proletariado recorre aos conselhos operários, aos sindicatos, à imprensa e, sobretudo, aos partidos de esquerda.

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F. ATENÇÃO: É hegemônico o bloco que consegue tornar gerais os seus interesses particulares de classe ou que faz a sociedade como um todo assumir como se fossem nacionais aqueles interesses específicos de um setor dominante. Exemplo: Política Café-com-leite (Primeira República no Brasil).

4. PARTIDOS POLÍTICOS E ELEIÇÕES

PARTIDOS POLÍTICOS: Representam classes antagônicas – carregam ideologias \ Domínio do Poder Político – Objetivo: vencer as eleições (manter a Hegemonia política) (Hegemonia de uma classe sobre outra)

- Sistemas Eleitorais (diferentes sistemas): * Sistema Distrital Misto (Alemanha) – mistura dos outros dois sistema: uma porcentagem é eleita pelos distritos e outra, por eleições proporcionais. * Sistema Distrital (Inglaterra) – país dividido em pequenas regiões onde cada partido lança seus candidatos. O mais votado em cada uma é eleito. * Majoritários: - de maioria simples (EUA, Canadá, Brasil, Inglaterra etc). - dois turnos (Brasil, França etc.). - Voto Alternativo – Austrália. * Proporcional: Brasil – objetivo (correspondência entre os votos dados, as cadeiras recebidas e a representação das maiorias. Grau de representatividade é maior – grupos minoritários representados no Parlamento.

OBS. Sistemas Eleitorais: PREOCUPAÇÃO COM A REPRESENTATIVIDADE: - IGUALDADE ELEITORAL DOS CIDADÃOS; - DIVERSIDADE DE OPINIÕES; - REGIONALIZAÇÃO; - VONTADE POPULAR.

5. DEMOCRACIA A. DEMOCRACIA: Teoria Contemporânea de Democracia fundamenta-se em três tradições do pensamento político: - Teoria Clássica Aristotélica (Democracia – governo do povo; Monarquia – governo de um só; Aristocracia – governo de poucos); Teoria Romano-Medieval – raiz do pensamento democrático (IDEIA DE SOBERANIA POPULAR) e Teoria Moderna (Maquiavel).- Aristóteles define ainda a respeito de sua Teoria Clássica (Democracia/Monarquia/Aristocracia) que cada uma delas apresenta formas puras (detentor do poder governa tendo como objetivo o interesse geral da sociedade) e a formas corruptas (nas quais o governante governa apenas visando o interesse próprio).- No século XVIII – Iluminismo/Revolução Francesa – Liberalismo e o ideal de representatividade/sufrágio universal. No século XIX – Socialismo. - Características da Democracia: Parlamento ou Congresso (órgão Legislativo máximo); Dirigentes dos governos locais ou nacionais devem ser eleitos; Todos os cidadãos maiores devem ser eleitores; Eleitores: voto igual e voto livre; Partidos políticos: regimes bipolares (vários partidos se agrupam em

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governistas e oposicionistas) e multipolares (partidos se postam ao centro, à direita ou à esquerda do governo – poder).

Atenção: Distinção entre Democracia Formal (governo do povo) e Democracia Substancial (governo para o povo).

B. DITADURA OU DITADURAS: COMPLEXIDADE – origem na República Romana (Ditadura Constitucional – inspirou na atualidade a criação de dispositivos como o estado de sítio.- Convenção Nacional Francesa (1793) – surgiu a Ditadura Revolucionária (impunha-se pelas armas) – objetivo: fundar um novo regime.- Existem diferenças, portanto, no emprego do termo ditadura:* Ditadura Romana: conotação positiva (defesa da ordem);* Ditadura Revolucionária: conotação positiva (instaura um governo provisório que prepara o caminho de uma sociedade mais justa).* Ditadura Contemporânea: imagem negativa – regime antidemocrático.- Características da ditadura: concentração do poder (governo não é limitado pela lei); precariedade das regras de sucessão ao poder.- Classificação das ditaduras:* Ditadura Autoritária (meios tradicionais de coerção) – exemplo: Franco na Espanha;* Ditadura Totalitária (todos os meios tradicionais/partido único de massa) – exemplo: Alemanha nazista e Rússia Stalinista;* Ditaduras Revolucionárias (demolir a velha ordem e instaurar uma nova);* Ditadura Conservadora (defender o status quo ameaçado);* Ditaduras Simples (América Latina).

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- ALTHUSSER, Louis. Montesquieu – a Política e a História. Lisboa: Presença, 1972.- BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. Brasília: UNB, 1985. - _______________. O Futuro da Democracia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.- FERREIRA NETO; Edgard Leite. Os Partidos Políticos no Brasil. São Paulo: Contexto, 1989. - LIPSET, Seymour Martin. O Homem Político. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.- MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.- MOORE Jr., Barrington. As origens sociais da ditadura e da democracia. São Paulo: Martins Fontes, 1983. - NICOLAU, Jairo Marconi. Sistemas Eleitorais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.- ____________________. História do voto no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. - POULANTZAS, Nicos. Poder político e classes sociais do Estado capitalista. Porto: Portucalense, 1971. - SCHMITT, Rogério. Partidos políticos no Brasil (1945-2000). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

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ATIVIDADE 8 – “EVOLUÇÃO E REVOLUÇÃO” (PÁG. 27, 28 e 29)

1. PARA DEBATER A. Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974): Levante militar apoiado pela população, que derrubou o regime ditatorial desde 1926. Antonio de Oliveira Salazar (regime inspirado no fascismo italiano). Neste foram suprimidas as: liberdades de reunião; de organização e de expressão.B. Ler a analisar a frase do dramaturgo francês Victor Hugo: importância das Revoluções no processo evolutivo das sociedades/papel dos agentes sociais na construção de sua própria história.

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“As revoluções são iniciadas por homens que fazem as circunstâncias e terminadas por homens que fazem os acontecimentos.”

2. UM POUCO DE TEORIA A. Evolução (compreender como uma mudança e não como sinônimo de progresso).B. Humanidade está sempre evoluindo.C. De tempos em tempos ocorrem mudanças profundas na sociedade (mudança e rumo/revoluções).D. Para os Positivistas e Socialdemocratas: vivemos o fim das Revoluções violentas. As transformações ocorrerão de forma civilizada.E. Para os Marxistas: caminho de rupturas ainda possível.F. POSITIVISMO (AUGUSTE COMTE):- Comte e sua Física Social – preocupação com a Ordem Social.- Comte: Sociologia – ciência da reorganização social (ensinar os homens a aceitar a ordem existente e deixar de lado a negação. Reorganização da ordem com o progresso).G. SOCIEDADE E REVOLUÇÃO: No plano social e político – mudança ampla (política, social, econômica e cultural).- diferença entre Revolução e revoltas/rebeliões (isentas de motivações ideológicas/sem romper os limites da estrutura vigente).H. LEGALIDADE, LEGITIMIDADE E VIOLÊNCIA: quando se fala em mudanças sociais: legalidade e legitimidade. “Nem tudo que é legal é legítimo” – “Nem tudo que é legítimo é legal”. O AI5 – era legal, mas não era legítimo aos olhos de amplos setores da sociedade. I. REVOLUÇÃO SOCIALISTA: ALGUMAS TESES:-- Necessidade de a revolução ocorrer em um só país ou em vários;- Hegemonia do proletariado e da transformação da revolução democrático-burguesa em socialista;- Dos vínculos entre as lutas dos operários dos países mais desenvolvidos e os movimentos de libertação nacional dos países coloniais;

*Desta maneira surgem os princípios da revolução socialista:- ditadura do proletariado;- aliança entre a classe operária e o campesinato;- liquidação da propriedade capitalista;- transformação socialista da agricultura;- desenvolvimento planificado da economia nacional;- pela revolução cultural;- pela defesa do internacionalismo proletário (classe trabalhadora é universal).

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- COHAN, A. S. Teorias da revolução. Brasília: UNB, 1975.- * FERNANDES, Florestan. O que é revolução. São Paulo: Brasiliense, 1981.- LÊNIN, Vladimir Ilyich. O Estado e a revolução. In: Obras Escolhidas. Moscou: Editorial Progresso, 1978.- LUKÁCS, Georg. História e consciência de classe. Rio de Janeiro: Elfos, 1974.

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ATIVIDADE 9 (AULAS 1 e 2) – “CULTURA, CONHECIMENTO E PODER” (PÁG. 31, 32 e 33)

1. INTRODUÇÃO A. LEIA COM ATENÇÃO O FRAGMENTO ABAIXO RETIRADO DA OBRA DE GRACILIANO RAMOS – VIDAS SECAS, (ANGLO, SOCIOLOGIA, PÁG. 12, LIVRO 4) - “NESSA PASSAGEM, FABIANO É ARBITRARIAMENTE PRESO, APÓS UM MAL-ENTENDIDO ENTRE ELE E UM SOLDADO. O VAQUEIRO NÃO CONSEGUE EXPLICAR-SE DIANTE DAS AUTORIDADES POLICIAIS, TOMA UMA SURRA E ACABA FICANDO UMA NOITE NA CADEIA. EIS SUAS REFLEXÕES SOBRE O CASO”: “Era um bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as cercas, curava os animais – aproveitava um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa?

B. Personagem Fabiano admite ser bruto e inculto: não tem conhecimento, não tem cultura...C. Quais as possíveis relações entre CONHECIMENTO E PODER? A quem pertence uma cultura? A uma classe social? Existe um monopólio da cultura? Por quê? Qual o motivo da dificuldade de acesso dos pobres a certos bens culturais? D. Enquanto a SOCIOLOGIA é “UMA CIÊNCIA DA SOCIEDADE”, DO COMPORTAMENTO SOCIAL, a ANTROPOLOGIA pode ser entendida como a “CIÊNCIA DO HOMEM”. É justamente por isso, que esta ciência, a Antropologia estuda e compreende as mais diversas formas de organização política, os costumes, as manifestações artísticas, os idiomas, as crenças religiosas etc. Resumidamente, a Antropologia tem como objeto de estudo é a cultura. E. A palavra cultura em sua origem: designar o processo de “cultivar a terra”.F. APOSTILA ANGLO (ATIVIDADE 9 – PÁG. 31): “Se encontramos uma pessoa com vasto conhecimento sobre literatura, cinema, artes plásticas,música, costumamos dizer que ela tem muita cultura, já que esse termo pode definir, de acordo com o Dicionário Houaiss, “o cabedal de conhecimentos, a ilustração, o saber de uma pessoa”. Em outra perspectiva, quando dizemos que um governo precisa investir mais em cultura, queremos dizer que é necessário valorizar o “complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins” – e eis outra acepção atual da palavra, ainda segundo o Houaiss.G. Para a Antropologia: conceito de cultura é mais amplo – cultura material + cultura abstrata. 2. CULTURA E CONHECIMENTO A. CULTURA: ---- NO SENTIDO POPULAR: Pessoa culta é aquela que: possui vasto conhecimento sobre a arte, música clássica, estuda mais de um idioma etc...---- NO SENTIDO TÉCNICO ANTROPOLÓGICO SEGUNDO WALDENYR CALDAS: “Cultura, quando aplicada ao nosso estilo de vida, ao convívio social, nada tem a ver com a leitura

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de um livro ou aprender a tocar um instrumento, por exemplo. Na realidade, o trabalho do antropólogo (...) começa pela investigação das culturas, ou seja, pelo modo de vida, pelos padrões de comportamento, sistemas de crenças característicos de cada sociedade. Noutras palavras, pode-se dizer que nenhuma sociedade, nenhum povo (...) jamais agirá de forma idêntica à dos demais.” Portanto, define uma cultura, uma identidade de um povo.B. CULTURA: DEFINE A IDENTIDADE DE UM GRUPO SOCIAL. Membros vão incorporando essa identidade naturalmente, seja pela Família, pela Escola ou língua. Portanto, adquirindo maneiras de pensar e agir, daí, como consequência, pessoas do mesmo grupo (visões de mundo parecidas).C. Os homens são, ao mesmo tempo, produtos e produtores de sua cultura e de seu conhecimento. A cultura e o conhecimento estão sempre sendo construídos.D. DISTINÇÃO ENTRE:- O SABER UNIVERSITÁRIO tido como um “conhecimento superior” (supervalorização do conhecimento científico como verdade). X - O SABER OU SABERES DA CULTURA POPULAR (igualmente importante para o convívio social)

- CULTURA OFICIAL X CULTURA NÃO OFICIAL

- CULTURA ERUDITA X CULTURA POPULAR

3. O EUROCENTRISMO: CULTURA E CIVLIZAÇÃO A. Início da Antropologia (séc. XIX):- eurocentrismo impede pesquisadores de compreender o outro – as sociedades não européias.B. As teorias Evolucionistas acreditavam na SUPERIORIDADE EUROPÉIA e da INFERIORIDADE DAS SOCIEDADES MENOS DESENVOLVIDAS (ideologia), ou seja, NÃO EUROPÉIAS (tidas como PRIMITIVAS).C. Europa: sociedades “Culturalmente Civilizadas”.

4. UNIDADE NA DIVERSIDADE A. Não existem culturas superiores ou inferiores. Existem culturas diferentes.B. Através da cultura: membros de um mesmo grupo (de uma mesma coletividade) interpretam o mundo.C. Etnias: especificidade sociocultural – língua, religião, maneiras de agir etc.D. O que talvez aproxime todos os grupos humanos seja a busca pela IDENTIDADE CULTURAL.- Identidade cultural: afirmação das diferenças e especificidades de uma comunidade (existe uma unidade na diversidade!);- O que nos iguala é o fato de sermos diferentes e de lutarmos pela afirmação dessa diferença;- Existem elementos culturais universais:- Exemplo: a Religião.E. Início do século XIX:- Teoria pseudocientífica do DETERMINISMO. Sujeito é condicionado pela raça, pelo meio e pelo momento histórico. Não existe portanto, por parte deste sujeito, nenhuma vontade ou transgressão (tudo ocorre de forma predeterminada – sujeito não controla). Determinismo – consequências: Superioridade de determinados grupos; preconceitos etc.

5. PADRONIZAÇÃO CULTURAL A. Cultura e Dominação: íntima relação.B. Padrões Culturais: “Formas relativamente homogêneas e socialmente aceitas de pensamentos, sentimentos e ações, assim como objetos materiais que lhe são correlatos. Um padrão cultural

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resulta de interação social e exerce função de conservar uma forma de organização social”. (Dicionário de Sociologia – Editora Globo).C. Padronização cultural pode assegurar:- Criação de uma Identidade Cultural;- Manifestações Etnocêntricas gerando: superiores e inferiores;- Hoje: imposições culturais ocorrem – na música, no cinema, na imprensa, com o poder do capital etc. Um bom exemplo: O AMERICAN WAY OF LIFE. As imposições culturais geram: ACULTURAÇÃO e interessa aos detentores dos Meios de Produção (ampliar mercados). Isto possibilita: um processo de Homogeneização cultural causando:- pessoas iguais; mesmos gostos; mesmas crenças, mesmos valores.- Este processo encontra Resistência.- Mundo hoje: apesar da ONU (UNESCO) reafirmar em documentos oficiais a necessidade de cada grupo manter a própria identidade, o contexto da GLOBALIZAÇÃO impõe a Padronização Cultural.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru, Edusc, 2002.- LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2008.- LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro. São Paulo: Perspectiva, 2002.- Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Globo, 1970.

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ATIVIDADE 10 – “CULTURA, MEMÓRIA E MÍDIA” (PÁG. 34 e 35)

1. INTRODUÇÃO A. Marilena Chauí – obra: “Cidadania Cultural: o direito à cultura”:- Cultura como sinônimo de História! “(...) É a relação dos humanos com o tempo e no tempo.” Segundo esta filósofa brasileira, uma capacidade racional encontrada apenas entre os seres humanos.

2. A QUESTÃO DA MEMÓRIA A. Seres humanos: capacidades cognitivas de abstração e articulação: tornou possível prever, programar e projetar eventos.B. Memória Individual e a Memória Coletiva: “ (...) O indivíduo tende a recordar, a lembrar, a memorizar aquilo que é importante para a manutenção da sua própria identidade”. (Apostila Anglo pág. 21, apostila 4). Para Ecléa Bosi: “Por muito que deva à memória coletiva, é o indivíduo que recorda. Ele é o memorizador e das camadas do passado a que tem acesso pode reter objetos que são, para ele, e só para ele, significativos dentro de um tesouro comum.” (BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos.).C. A Memória a serviço do poder – isolamento, perda da espontaneidade e da identidade.D. Walter Benjamin (Escola de Frankfurt) e a “Arte de Narrar” caminha para o fim.E. Museu: Cultura Oficial da Classe Dominante.F. Mídia e Sociedade Midiática/Sociedade de Massas – se caracteriza pela utilização de bens de consumo tanto materiais quanto culturais.G. Mass Média (Meios de Comunicação de Massa – Massificação: tornar o Homem-Massa, intensificando sua impotência para o diálogo. Fenômeno que consiste na incapacidade do homem moderno em exercer a atividade política).

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H. Cultura de Massas (sedimentação das formas de saber, que induzem condutas, ideologias e motivações depositadas sem contestação do Homem-Massa. Recebem opinião formada – uniformidade – manipulação e opinião pública passiva e indefesa, típica das sociedades industriais do século XX) e a Padronização Cultural: massificar (orientar, influenciar).I. Theodor Adorno e Max Horkheimer (Escola de Frankfurt):- Classe Dominante – Centro de Produção: Dominação cultural (tratar seres humanos como coisa – reificação/alienação – neste sentido: o verbo ALINEAR vem do latim ALIENARE “afastar, distanciar, separar”. Alienus significa portanto:- que pertence a outro, alheio, estranho. Concluindo, alienar é tornar alheio, é transferir para outrem o que é seu).- Classe Trabalhadora (recepção difusa)J. Indústria Cultural: cultura como simples mercadoria. Indústria cultural é um termo criado por Theodor Adorno e Max Horkheimer, ambos da Escola de Frankfurt e significa qualquer indústria que se organiza em função de um público-massa homogeneizado. Faz da cultura um bem industrial (mercadoria) – produção em série.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- BENJAMIN, Adorno, HORKHEIMER e HABERMAS. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980.- BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.- MIRANDA, Danilo Santos de (org.). Memória e cultura: a importância da memória na formação cultural humana. São Paulo: Sesc, 2006.____________________///____________________///____________________///________________

ATIVIDADE 11 – “INDÚSTRIA CULTURAL E DIVERSIDADE NO BRASIL” – (PÁG. 37, 38 e 39)

1. INTRODUÇÃO

A. Cultura brasileira segundo Alfredo Bosi – “Plural, mas não caótica” – De onde vem esta PLURALIDADE?

- Pluralidade – advém de vários fatores:

1ª. Mistura de elementos da cultura: Popular, Erudita, Massa e Raiz;

2ª. Miscigenação étnica: cultura brasileira – um MOSAICO de Tradições, Hábitos, Crenças e Valores.

PORTANTO TEMOS UMA COMPROVAÇÃO DE NOSSA DIVERSIDADE CULTURAL.

Obs. Segundo Alfredo Bosi em um de seus artigos sobre a cultura brasileira: “ (...) não existe uma cultura brasileira homogênea, matriz dos nossos comportamentos e dos nossos discursos. Ao contrário: a admissão do seu caráter plural é um passo decisivo para compreendê-la como um”efeito de sentido”, resultado de um processo de múltiplas interações e oposições no tempo e no espaço.” (citado por Apostila Anglo, pág. 37).

2. INDÚSTRIA CULTURAL NO BRASIL

A. Apesar do capitalismo tardio: Brasil convive com sua Cultura de Massa.

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B. Segundo Adorno: O único objetivo da Indústria Cultural é a dependência e a alienação.C. Na Sociedade Midiática (séculos XX/XXI), a transmissão de informações como também as trocas culturais, além dos debates sociais (Ex. Campanha Política de 2010 (Dilma X José Serra; a Questão do Aborto) ocorrem através dos meios de comunicação de massa. D. Sociedade Midiática:- A Globalização e os Computadores Pessoais;- A Televisão (poder) – funcionamento dos Meios de Comunicação depende da publicidade. Meios de comunicação “mantém dependência” tecnológica e informativa gerando um Colonialismo Cultural (pessoas se sentirem estrangeiras em seu próprio país).

3. A LUTA CONTRA A INDÚSTRIA CULTURAL: O ENRAIZAMENTO A. Enraizamento: luta (resistência) contra a massificação e alienação provocada pela atuação da Indústria Cultural (amplo poder de massificação).B. Enraizamento – forma de proteger a cultura nacional.C. Exemplos de Enraizamento: - 1º. Livros e leitura (opções de escolha);- 2º. Patrimônios Culturais: Materiais (prédio, cidade, floresta etc.) Imateriais (tradições e expressões orais)

4. A CONTRACULTURA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA A. Processo de Transgressão.B. Contramão da Indústria Cultural.C. Subcultura: Reação à cultura de massa, ao consumismo capitalista. Exemplo: o Fenômeno UNDERGROUND “subterrâneo” – é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais e está fora da mídia.D. Contracultura: é absolvida pelo poder estabelecido.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002.- COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 2007.- COHN, Gabriel. Comunicação e indústria cultural. São Paulo: T.A. Queiroz, 1987.- DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Lisboa, Mobilis in Móbile, 1991.- FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à sociedade de informação. São Paulo: Atlas, 2007.

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ATIVIDADE 12 – “BRASIL: DA CULTURA POPULAR AO POP” – (PÁG. 41 e 42)

1. INTRODUÇÃO A. Palavra: Erudito – do latim eruditus: aquele que obteve instrução (conhecedor, sábio).B. Quem é erudito no mundo capitalista? Resposta:- Os membros da classe dominante!C. Daí concluir no senso comum: a cultura erudita é a cultura das elites. As elites possuem segundo este critério: “Bom gosto”; Alto nível”; “Sofisticação”.D. Obs. “Não há transgressão na cultura erudita”! O objetivo é a manutenção do status social. Do ponto de vista da análise sociológica: obter a cultura erudita é vista como condição da ascensão social.

2. A CULTURA POPULAR E A CULTURA DE MASSA

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A. Cultura Popular: “O outro lado da moeda” da cultura erudita. Aquele que não se encontra na universidade. Para alguns um mecanismo de resistência contra a dominação de classe e um papel transformador na sociedade. Geralmente não se encontra nos livros – é transmitida oralmente. Para a filósofa Marilena Chauí: “O senso comum social”.B. Dentro da cultura popular reconhecemos a existência da cultura de massa.

3. CULTURA POPULAR E FOLCLORE A. Cultura dita “de raiz” + autêntica: menos influenciada pela Padronização.B. Cultura Popular: destaque para o Folclore – FOLK (POVO) e LORE (ENSINAMENTO). Termo criado na Inglaterra: Sabedoria Popular. C. FOLCLORE: Conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado através da tradição oral, por um povo ou um grupo populacional. É a Memória Cultural + remota de um povo! Narrativas populares, lendas, pratos típicos, danças, festas, rituais religiosos: uma espécie de inconsciente coletivo de um país.

4. CULTURA BRASILEIRA “TIPO EXPORTAÇÃO” A. Aspectos culturais que ajudam na Identidade Nacional: O samba, o carnaval, a feijoada etc...B. As tradições de uma cultura existem independentemente da sociedade midiática. A ideologia dominante costume se apropriar delas – produtos de consumo, inclusive para o exterior “Tipo exportação”. A classe dominante se apodera de uma manifestação cultural, mesmo que popular, que passa a fazer parte da Memória Coletiva – simples mercadoria. Exemplo: o carnaval e o Turismo no Brasil “do carnaval”. C. Elemento nacional – carnaval e a espetacularização – elemento mercadológico.

5. O BRASIL POP A. Há uma cultura de massa nacional que chega a rivalizar com a estrangeira – exemplo: O filme “Tropa de Elite” 1 e 2 bate recorde de audiência no Brasil.

BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA- BOSI, Alfredo (org.). Cultura brasileira: temas e situações. São Paulo: Ática, 2006.- COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil – ensaios sobre ideias de formas. Rio de Janeiro, DP&A, 2005.

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