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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO: PATOLOGIAS, PREVENES E CORREES ANLISE DE CASOS

DISSERTAO DE MESTRADO

Geovane Venturini Righi

Santa Maria, RS, Brasil. 2009

ESTUDOS DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO: PATOLOGIAS, PREVENES E CORREES ANLISE DE CASOS

por

Geovane Venturini Righi

Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil, rea de Concentrao em Construo Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Denise de Souza Saad

Santa Maria, RS, Brasil 2009

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil

A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertao de Mestrado

ESTUDO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO: PATOLOGIAS, PREVENES E CORREES - ANLISE DE CASOS elaborada por Geovane Venturini Righi

Como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Engenharia Civil COMISSO EXAMINADORA:____________________________________ Denise de Souza Saad, Dr. (Presidente/Orientadora) ____________________________________ Caryl Eduardo Jovanovich Lopes, Dr. (UFSM) ____________________________________ Maria Isabel Pimenta Lopes, Dr. (Unifra)

Santa Maria, 18 de dezembro de 2009.

AGRADECIMENTOSAgradeo aos meus pais, Cleuza Venturini Righi e Irineu Miguel Marin Righi pela dedicao, carinho e contribuio para que eu prosseguisse meus estudos; Ao Eng. Luiz Felipe de Brito Etges que muito mais do que conselhos, compartilhou comigo sua experincia profissional, colaborando de forma mpar com o estudo; Clarissa, namorada, companheira, pelo amor e apoio sempre demonstrado ao meu lado; A todos os amigos, prximos e distantes, que sempre souberam o valor da verdadeira amizade; professora Denise, minha orientadora, que proporcionou que esse trabalho fosse elaborado; Ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e todos seus professores, por oportunizar a realizao de meu aperfeioamento profissional; Universidade Federal de Santa Maria pela oportunidade de realizar os meus estudos de graduao e ps-graduao, sempre gratuitos e de excelente qualidade.

RESUMODissertao de Mestrado Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria ESTUDO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAO: PATOLOGIAS, PREVENES E CORREES ANLISE DE CASOS. AUTOR: GEOVANE VENTURINI RIGHI ORIENTADORA: DENISE DE SOUZA SAAD Data e Local da Defesa: Santa Maria, 18 de dezembro de 2009. A impermeabilizao uma etapa muito importante na construo civil, mas vem sendo relegada, na maioria das vezes por conteno de custos e desinformao, resultando no aparecimento de patologias de impermeabilizao. Os custos do reparo dessas patologias podem ser at quinze vezes maiores do que se fosse executado no andamento da obra. Esse estudo apresenta uma anlise de mltiplos casos de patologias de impermeabilizao, com sugestes de correes e indicaes de como prevenir tais patologias. De forma a elucidar melhor sobre o assunto, primeiro foi realizado um levantamento dos principais tipos de materiais usados no processo de impermeabilizao, assim como tcnicas de uso, principais cuidados que se deve ter na execuo e detalhes construtivos indispensveis no processo. Palavras-chave: sistemas de impermeabilizao; patologias de impermeabilizao; projeto de impermeabilizao.

ABSTRACTMasters Degree Dissertation Post-Graduation Program in Civil Engineering Federal University of Santa Maria, RS, Brazil STUDY OF WATERPROOFING SYSTEMS: PATHOLOGIES, PREVENTIONS AND CORRECTIONS CASE STUDIES. AUTHOR: GEOVANE VENTURINI RIGHI ADVISOR: DENISE DE SOUZA SAAD Date and Place of Defense: Santa Maria, December 18th, 2009. The waterproofing is a very important step in the civil construction, but it has been relegated, mostly by cost containment and misinformation, resulting in the manifestation of waterproofing pathologies. Repair costs of these pathologies can be up to fifteen times higher than if it were running on the course of the work. This study presents a multiple cases studies of waterproofing pathologies, with suggestions of corrections and indications on how to prevent such pathologies. To better illustrate the subject, it was accomplished an inspection of the main types of materials used in the waterproofing process, as well as the applied techniques, main cares that should be considered in the execution and indispensable constructive details in the process. Keywords: waterproofing systems; waterproofing pathologies; waterproofing project.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23

Porcentagem de investimentos nas edificaes Custo da impermeabilizao X Quando executado Preparao da argamassa com o aditivo hidrfugo Aplicao de cristalizante na forma de pintura Injeo de cristalizantes em parede com umidade ascendente Cimento impermeabilizante de pega ultra-rpida Aplicao de argamassa polimrica na forma de pintura Aplicao de argamassa polimrica na forma de revestimento Execuo de membrana de asfalto a frio Execuo de membrana de asfalto a quente Execuo de membrana acrlica Imprimao da superfcie Execuo de manta asfltica com maarico Teste de estanqueidade Processo de solda com equipamento automtico Processo de solda com equipamento manual Fixao automtica com parafusos e arruelas especiais Fixao com perfis tipo cantoneira em reservatrio Cuidado nas tubulaes Cantos chanfrados em reservatrio Execuo de arremate de impermeabilizao junto ao ralo Detalhamento do encaixe da manta na alvenaria Execuo de manta asfltica em rodap

16 17 26 27 28 29 31 31 33 33 35 38 39 39 40 41 41 42 43 44 45 46 47

Figura 24 Figura 25 Figura 26 Figura 27 Figura 28 Figura 29 Figura 30 Figura 31 Figura 32 Figura 33 Figura 34 Figura 35 Figura 36 Figura 37 Figura 38 Figura 39 Figura 40 Figura 41 Figura 42 Figura 43 Figura 44 Figura 45 Figura 46 Figura 47 Figura 48 Figura 49 Figura 50

Representao grfica de chumbamento Detalhe de impermeabilizao na soleira Representao grfica de pingadeira Pingadeira metlica Teste de verificao das juntas de dilatao Detalhe de impermeabilizao em junta de dilatao Disposio do isolamento em relao impermeabilizao Isolamento trmico com placas de poliestireno expandido moldado Principais efeitos de problemas de impermeabilizao Principais situaes de sinistro em edificaes Locais da edificao mais afetados por manifestaes patolgicas Parede enterrada com infiltrao Esquema de parede enterrada com infiltrao Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em estruturas enterradas Exemplo esquemtico de uma barreira estanque associada a um sistema drenante/filtrante Impermeabilizao dos baldrames com argamassa polimrica Impermeabilizao dos baldrames com membrana asfltica Patologia em revestimento devido umidade ascendente Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em fundaes Aplicao de cristalizante em alvenaria de tijolos macios Patologia em forro de banheiro Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em boxes de banheiros Patologia em reservatrio Vista do reservatrio do lado externo Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em reservatrios Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em Lajes de cobertura Infiltrao em laje

47 48 49 49 50 51 53 53 55 56 60 66 67 67 68 70 70 71 72 73 75 76 78 78 79 82 82

Figura 51 Figura 52 Figura 53 Figura 54

Face superior da mesma laje, apresentando fissuras Junta de dilatao Infiltrao em viga situada abaixo da junta de dilatao Patologia em rodap

83 84 84 85

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Quadro 2

Parmetros de ensaio para mantas asflticas Resumo das Solues de Patologias de Impermeabilizao

37 89

SUMRIO

1 INTRODUO .......................................................................................................14 2 OS PROCESSOS DE IMPERMEABILIZAO, SUAS APLICAES E PATOLOGIAS CAUSADAS PELA FALTA DOS MESMOS.....................................15 2.1 Mecanismos de atuao da gua nas edificaes .........................................17 2.1.1 Umidade de infiltrao......................................................................................18 2.1.2 Umidade ascensional .......................................................................................18 2.1.3 Umidade por condensao...............................................................................18 2.1.4 Umidade de obra..............................................................................................19 2.1.5 Umidade acidental............................................................................................19 2.2 Projeto de impermeabilizao..........................................................................19 2.3 Escolha da impermeabilizao ........................................................................22 2.4 Sistemas Impermeabilizantes ..........................................................................24 2.4.1 Tipos de sistemas impermeabilizantes.............................................................24 2.4.1.1 Impermeabilizao Rgida .............................................................................25 2.4.1.1.1 Argamassa impermevel com aditivo hidrfugo.........................................25 2.4.1.1.2 Cristalizantes..............................................................................................26 2.4.1.1.3 Cimento impermeabilizante de pega ultra-rpida .......................................28 2.4.1.1.4 Argamassa polimrica ................................................................................30 2.4.1.2 Impermeabilizao Flexvel ...........................................................................31 2.4.1.2.1 Membrana de polmero modificado com cimento.......................................32 2.4.1.2.2 Membranas asflticas.................................................................................32 2.4.1.2.3 Membrana acrlica ......................................................................................34 2.4.1.2.4 Mantas asflticas........................................................................................35 2.4.1.2.5 Manta de PVC ............................................................................................40

2.5 Detalhes Construtivos ......................................................................................43 2.5.1 Regularizao e caimentos ..............................................................................43 2.5.2 Ralo ..................................................................................................................44 2.5.3 Rodap.............................................................................................................45 2.5.4 Chumbamento..................................................................................................47 2.5.5 Soleira ..............................................................................................................48 2.5.6 Pingadeira ........................................................................................................48 2.5.7 Junta de dilatao ............................................................................................50 2.6 Etapas posteriores ao processo de impermeabilizao................................51 2.6.1 Isolamento trmico ...........................................................................................51 2.6.2 Proteo mecnica...........................................................................................54 2.7 Patologias causadas pela m impermeabilizao ou falta da mesma..........55 2.8 Manuteno da impermeabilizao .................................................................61 3 METODOLOGIA ....................................................................................................63 4 ESTUDOS DE CASOS MLTIPLOS ANLISE E SUGESTES DE IMPERMEABILIZAES .........................................................................................65 4.1 Caso I - Estruturas enterradas .........................................................................65 4.1.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em paredes enterradas ...................................................................................................66 4.1.1.1 Soluo atravs do lado externo da parede ..................................................68 4.1.1.2 Soluo atravs do lado interno da parede ...................................................69 4.2 Caso II - Fundaes...........................................................................................69 4.2.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em fundaes..................................................................................................................71 4.2.1.1 Soluo para paredes de tijolos macios. .....................................................72 4.2.1.2 Soluo para paredes de tijolos furados. ......................................................73 4.3 Caso III - Boxes de banheiros ..........................................................................74 4.3.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em boxes de banheiros..............................................................................................................75 4.4 Caso IV - Reservatrios ....................................................................................77 4.4.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em reservatrios..............................................................................................................77 4.5 Caso V - Lajes de cobertura .............................................................................80

4.5.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em Lajes de cobertura. .............................................................................................................81 4.5.1.1 Soluo para reimpermeabilizao total da laje. ...........................................85 4.5.1.2 Soluo para reimpermeabilizao localizada da laje. ..................................86 4.5.1.3 Soluo para reimpermeabilizao de juntas de dilatao............................86 5 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................88 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .........................................................................90

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1 INTRODUO

Uma preocupao para o homem desde o tempo em que habitava as cavernas era a umidade. O homem primitivo passou a se refugiar em cavernas para proteger-se das chuvas, animais e do frio. Percebeu que a umidade ascendia do solo e penetrava pelas paredes, o que tornava a vida dentro delas insalubre. Esses problemas fizeram com que o homem fosse aprimorando seus mtodos construtivos e isolando a sua habitao. A gua, o calor e a abraso foram e sempre sero um dos principais fatores de desgaste e depreciao das construes a gua, principalmente, dado o seu poder de penetrao. Sendo uma das principais etapas na construo, a impermeabilizao propicia conforto aos usurios finais das mesmas. Uma eficiente proteo deve ser oferecida aos diversos elementos de uma obra sujeita s aes das intempries, com o intuito de proteger a edificao de inmeros problemas patolgicos que podero surgir com a infiltrao de gua, integradas ao oxignio e outros componentes agressivos da atmosfera. A vida til de uma edificao depende diretamente de uma eficiente realizao da impermeabilizao. Considerada ainda um desafio para a construo civil, a umidade precisa ser combatida e representa uma preocupao constante da rea devido aos efeitos negativos da m impermeabilizao. Entre os principais problemas em obras de construo civil, a falta de impermeabilizao sempre um dos mais citados. Pelo fato de, na maioria das vezes estar fora do alcance visual aps a edificao estar concluda, geralmente a impermeabilizao negligenciada no sendo tratada com a necessria importncia ou, at mesmo, no sendo utilizada. A confiabilidade e os custos devem ser analisados na seleo e na aplicao de sistemas de impermeabilizao, visto que esta notada mais freqentemente quando apresenta problemas e, a reimpermeabilizao, geralmente, muito cara e traumtica para os ocupantes da edificao. Muitos problemas associados s impermeabilizaes podem ser encontrados e eliminados ao se planejar j nos primeiros estgios do desenvolvimento da construo.

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A desinformao a respeito das tcnicas e materiais de impermeabilizao, alm do grande dinamismo no setor, so os principais responsveis por diversos problemas, que muitas vezes geram insucessos no processo. Na maioria dos casos as construtoras s dedicam ateno a impermeabilizao e seus problemas no final da obra, quando pode ser muito tarde. A falta de previso dos detalhes e a improvisao da resultantes so responsveis por um grande nmero de falhas. O objetivo principal deste estudo indicar solues para alguns dos principais problemas encontrados na construo civil na rea da impermeabilizao, e na seqncia foram definidos os objetivos secundrios: descrever os principais sistemas impermeabilizantes disponveis atualmente no mercado; determinar as variveis envolvidas na escolha do tipo de impermeabilizao; e, descrever a correta execuo dos sistemas disponveis no mercado. O captulo dois compe a reviso bibliogrfica desenvolvida neste trabalho. A primeira parte do capitulo Os Processos de Impermeabilizao e suas Aplicaes tem definies de projeto de impermeabilizao, bem como informaes sobre o que deve ser considerado na escolha do tipo de impermeabilizao a ser executada. Tambm h a descrio dos tipos de impermeabilizantes disponveis no mercado, mostrando o correto uso, exemplos de aplicaes e detalhes construtivos que devem ser executados para o sucesso do processo. Ainda no capitulo dois, na segunda parte Patologias de Impermeabilizao - discutido o assunto citando pesquisas sobre quais so as patologias mais usuais em obras e nos processos de impermeabilizao. Alm disso, so definidos os tipos de patologias e as falhas que as mesmas podem causar em um imvel. Aps a reviso bibliogrfica, apresenta-se, no captulo trs, a metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa. No captulo quatro, desenvolvem-se os estudos de casos de patologias em impermeabilizaes, indicando solues e as principais inferncias das causas que possam ter gerado tais patologias, assim como preveno das mesmas. Por fim, no captulo cinco, so apresentadas as concluses que o estudo proporcionou, ressaltando-se o quanto importante essa etapa da obra para a boa conservao do imvel e do conseqente bem-estar dos usurios do mesmo.

2 OS PROCESSOS DE IMPERMEABILIZAO, SUAS APLICAES E PATOLOGIAS CAUSADAS PELA FALTA DOS MESMOS

Segundo a NBR 9575/2003, impermeabilizao o produto resultante de um conjunto de componentes e servios que objetivam proteger as construes contra a ao deletria de fluidos, de vapores e da umidade. Picchi (1986) afirma que a impermeabilizao considerada um servio especializado dentro da construo civil, sendo um setor que exige uma razovel experincia, no qual detalhes assumem um papel importante e onde a mnima falha, mesmo localizada, pode comprometer todo o servio. Alm disso, h a necessidade de acompanhamento da rpida evoluo dos materiais e sistemas, o que propicia o surgimento de projetistas especializados. A impermeabilizao de fundamental importncia na durabilidade das construes, pois os agentes trazidos pela gua e os poluentes existentes no ar causam danos irreversveis a estrutura e prejuzos financeiros difceis de serem contornados. A impermeabilizao fator importantssimo para a segurana da edificao e para a integridade fsica do usurio. Existem no Brasil diversos produtos impermeabilizantes, de qualidade e desempenho variveis, de diversas origens e mtodos de aplicao, normalizados ou no, que devem ter suas caractersticas profundamente estudadas, para permitir a escolha de um adequado sistema de impermeabilizao. Deve-se sempre procurar conhecer todos os parmetros tcnicos e aes fsicas e qumicas envolvidas no processo para a escolha adequada do sistema impermeabilizante. Em relao ao custo da implantao da impermeabilizao em uma edificao, conforme se observa na figura 1, este representa em torno de 1 a 3% do custo total da obra.

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Figura 1 Porcentagem de investimentos nas edificaes (VEDACIT, 2009, p. 6)

Como normalmente existem sobre a impermeabilizao outros materiais complementares, como argamassa e pisos cermicos, caso ocorra uma falha na impermeabilizao, acaba-se por perder todos os materiais complementares cujos custos superam, e muito, o custo original, sem se considerar os custos de recuperao estrutural. O rigoroso controle da execuo da impermeabilizao fundamental para seu desempenho e, esta fiscalizao deve ser feita no somente pela empresa aplicadora, mas tambm pelo responsvel da obra. Executar a impermeabilizao durante a obra mais fcil e econmico do que depois da obra concluda, quando surgirem os inevitveis problemas com a umidade, os quais tornam os ambientes insalubres e com aspecto desagradvel, apresentando eflorescncias, manchas, bolores, oxidao das armaduras e outros. O custo para executar uma impermeabilizao menor quando est previsto em projeto, conforme demonstrado na figura 2. Quanto maior o atraso para o planejamento e execuo do processo de impermeabilizao mais oneroso o mesmo ficar, chegando a custar at 15 vezes mais, quando o mesmo executado depois que o problema surgir e o usurio final estiver habitando o imvel.

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Figura 2 Custo da impermeabilizao X Quando executado (Adaptado de ARQUITETURA E CONSTRUO, 2005).

A impermeabilizao tambm contribui para a sade pblica, pois torna os ambientes salubres e mais adequados preveno de doenas respiratrias.

2.1 Mecanismos de atuao da gua nas edificaes

A gua um dos maiores causadores de patologias, de forma direta ou indireta, quer se encontre no estado de gelo, no lquido ou mesmo enquanto vapor de gua. Pode ser vista como um agente de degradao ou como meio para a instalao de outros agentes. (QUERUZ, 2007). As causas da presena de umidade nas edificaes, segundo Lersch (2003). Umidade de infiltrao; Umidade ascensional; Umidade por condensao; Umidade de obra; Umidade acidental.

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2.1.1 Umidade de infiltrao

A umidade passa das reas externas s internas por pequenas trincas, pela alta capacidade dos materiais absorverem a umidade do ar ou mesmo por falhas na interface entre elementos construtivos, como planos de parede e portas ou janelas. Em geral, ocasionada pela gua da chuva e, se combinada com o vento, pode agravar a infiltrao com o aumento da presso de infiltrao.

2.1.2 Umidade ascensional

Caracteriza-se pela presena de gua originada do solo, tanto por fenmenos sazonais de aumento de umidade quanto por presena permanente de umidade de lenis freticos superficiais. A sua ocorrncia percebida principalmente em paredes e pisos, sendo que Veroza (1991 apud SOUZA, 2008) comenta que no costumam ultrapassar de 0,8m de altura. A ascenso da gua em paredes ocorre pela existncia do fenmeno de capilaridade. Os vasos capilares pequenos permitem a gua subir at o momento em que entra em equilbrio com a fora da gravidade. A altura que a gua ascende pelo vaso capilar depende principalmente do seu dimetro: quanto menor, maior a altura. (FEILDEN, 2003 apud QUERUZ, 2007).

2.1.3 Umidade por condensao

A umidade condensada conseqncia da presena de grande umidade no ar e da existncia de superfcies que estejam com temperatura abaixo da correspondente ao ponto de orvalho. O fenmeno ocorre pela reduo de capacidade de absoro de umidade pelo ar quando resfriado, na interface da parede, precipitando-se.

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Pode-se afirmar que os diferentes materiais, conforme a sua densidade, se comportam de forma diferenciada quanto condensao: os mais densos so mais atacados, enquanto que os de menor densidade sofrem menos. Klppel e Santana (2006 apud QUERUZ, 2007) concluem que esse tipo de agente costuma apresentarse de forma superficial, sem penetrar a grandes profundidades nos elementos.

2.1.4 Umidade de obra

Queruz (2007) caracteriza como a umidade que ficou interna aos materiais por ocasio de sua execuo e que acaba por se exteriorizar em decorrncia do equilbrio que se estabelece entre material e ambiente. Um exemplo desse tipo de situao a umidade contida nas argamassas de reboco, que transferem o excesso de umidade para a parte interna das alvenarias, necessitando de um prazo maior do que o da cura do prprio reboco para entrar em equilbrio com o ambiente interno.

2.1.5 Umidade acidental

a umidade causada por falhas nos sistemas de tubulaes, como guas pluviais, esgoto e gua potvel, e que geram infiltraes. A existncia de umidade com esse tipo de origem tem uma importncia especial quando se trata de edificaes que j possuam um longo tempo de existncia, pois pode haver presena de materiais com tempo de vida j excedido, que no costumam ser contempladas em planos de manuteno predial.

2.2 Projeto de impermeabilizao

A impermeabilizao parte do projeto da obra e sua elaborao fundamental para o bom e duradouro resultado de uma construo.

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A impermeabilizao tambm deve ter um projeto especfico, assim como os projetos arquitetnicos, de concreto armado, das instalaes hidrulicas e eltricas, entre outros. Esse projeto deve detalhar os produtos e a forma de execuo dos sistemas ideais de impermeabilizao para cada caso numa obra. Pieper (1992) afirma que na concepo de um projeto arquitetnico que se deve analisar qual o sistema impermeabilizante mais adequado e que as dificuldades de se tratar disso posteriormente a execuo da obra, seriam infundadas se fossem previstas em projeto. Segundo Ischakewitsch (1996) a participao do projetista de impermeabilizao no projeto da obra deve ser na mesma poca em que o arquiteto inicia o primeiro estudo, sendo que alguns conceitos bsicos no projeto podem e devem ser adotados logo no inicio dos estudos, tais como: Posicionamento da camada de impermeabilizao na configurao do Previso de acabamentos e terminaes que possibilitem a manuteno Vantagens que outros projetos complementares, tais como, os de sistema; futura; condicionamento de ar, isolamento trmico, paisagismo e outros, podem aferir do correto dimensionamento e posicionamento da impermeabilizao; Vantagem que o projeto de instalaes hidro-sanitrias pode aferir devido distribuio mais racional e compatibilizada de pontos de escoamento e/ou calhas. Segundo Souza e Melhado (1998) o projeto de impermeabilizao deve conter as seguintes informaes: Os sistemas a serem adotados em cada uma das reas; A espessura total do sistema de impermeabilizao (incluindo-se a As alturas e espessuras necessrias dos eventuais rebaixos necessrios na Desnveis necessrios para a laje; Corte tpico de cada sistema a ser empregado, identificando as camadas e

regularizao); alvenaria para a execuo dos rodaps;

suas respectivas espessuras mnimas e declividades;

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Lista com os pontos crticos dos demais projetos que possam comprometer o

sistema de impermeabilizao, juntamente com as justificativas e as alteraes propostas; Deve-se sempre obedecer ao detalhamento do projeto de impermeabilizao e estudar os possveis problemas durante o decorrer da obra. Verificar se a preparao da estrutura para receber a impermeabilizao est sendo bem executada, se o material aplicado est dentro das especificaes no que tange a qualidade, caractersticas tcnicas, espessura, consumo, tempo de secagem, sobreposio, arremates, testes de estanqueidade, mtodo de aplicao e outros. Cabral (1992) analisa que embora seja fundamental que a impermeabilizao seja parte integrante do projeto, na maioria dos casos as construtoras s dedicam ateno impermeabilizao e seus problemas no final da obra, quando j muito tarde. A falta de previso dos detalhes e a improvisao da resultantes so responsveis por um grande nmero de falhas. Os melhores resultados e vantagens tm-se verificado quando ocorre esta possibilidade de intercmbio de informaes, entre projetistas envolvidos logo na fase inicial. Estes resultados se traduzem em economia, segurana e qualidade. Antonelli et al. (2002) conclui em sua pesquisa que a falta de projeto especfico de impermeabilizao responsvel por 42% dos problemas, sendo significativa sua influncia na execuo e fiscalizao dos servios de impermeabilizao. Todos esses problemas citados so responsveis por um elevado nmero de insucessos, que contribuem para a manuteno no meio tcnico, de um preconceito contra a impermeabilizao. Segundo Antunes (2004) a existncia de um projeto de impermeabilizao minimiza a ocorrncia das patologias, j que permite controlar a execuo, alm de prever detalhes construtivos como arremates. A NBR 9575/2003 diz que o Projeto executivo de impermeabilizao deve conter: a) desenhos: Plantas de localizao e identificao das impermeabilizaes, bem como dos Detalhes genricos e especficos que descrevam graficamente todas as locais de detalhamento construtivo; solues de impermeabilizao.

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b) textos: Memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilizao; Memorial descritivo de procedimentos de execuo; Planilha de quantitativos de materiais e servios; Metodologia para controle e inspeo dos servios; Cuidados sobre a manuteno da impermeabilizao.

2.3 Escolha da impermeabilizao

O sistema de impermeabilizao a ser usado deve ser escolhido conforme circunstancias em que sero usados. Os principais fatores que devem ser levados em considerao so: presso hidrosttica, freqncia de umidade, exposio ao sol, exposio a cargas, movimentao da base e extenso da aplicao (SABBATINI, 2006). Souza e Melhado (1997) afirmam que a seleo do sistema de impermeabilizao deve ter como diretrizes: Atender aos requisitos de desempenho; A mxima racionalizao construtiva; A mxima construtibilidade; A adequao do sistema de impermeabilizao aos demais subsistemas, Custo compatvel com o empreendimento; Durabilidade do sistema. Para a seleo de um sistema de impermeabilizao no se deve apenas considerar o custo da camada impermevel, mas tambm o custo das demais camadas constituintes do sistema e os custos de utilizao e manuteno. Segundo Souza e Melhado (1997), facilidade de execuo, produtividade e mtodo construtivo so os parmetros que devem ser considerados na escolha do sistema impermeabilizante, relacionados com as caractersticas de execuo da impermeabilizao.

elementos e componentes do edifcio;

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Schmitt

(1990

apud

Moraes,

2002)

assegura

que

os

sistemas

impermeabilizantes referem-se especificao de diversos itens e que o projetista quem ir determinar caso a caso, individualizando as reas e peas a serem impermeabilizadas, levando ento em considerao o seguinte roteiro: Seleo do sistema de impermeabilizao mais apropriado, dependendo do Material impermeabilizante dentro do sistema como o mais indicado, Desempenho do material escolhido; Atuao da gua; Mtodo construtivo. A rea de aplicao da impermeabilizao deve ser analisada para a correta escolha do sistema impermeabilizante. Os principais fatores que devem ser considerados o comportamento fsico da estrutura e atuao da gua na mesma. Em relao ao comportamento fsico da estrutura, Cunha e Neumann (1979) destacam que: Elementos da construo onde normalmente se prev a ocorrncia de trincas so as partes da obra sujeitas as alteraes dimensionais provenientes do aquecimento e do resfriamento, ou a recalques e movimentos estruturais; Elementos da construo no sujeitos a fissuramentos e trincas so as partes da obra com carga estabilizada, em condies de temperatura relativamente constante. Enquanto que, em relao atuao da gua, para Cunha e Neumann (1979) necessrio considerar que: gua de percolao a que atua em terraos, coberturas e fachadas, onde gua de condensao a gua que atua quando ocorre a condensao do ar gua com presso a que atua em subsolos, caixas d'gua, piscinas, o gua sob presso negativa: exerce presso hidrosttica de forma inversa impermeabilizao; existe livre escoamento, sem exercer presso sobre os elementos da construo; atmosfrico; exercendo fora hidrosttica sobre a impermeabilizao. Pode ser de dois tipos: comportamento fsico da estrutura; escolhido basicamente em funo dos prximos itens;

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o gua sob presso positiva: exerce presso hidrosttica de forma direta na impermeabilizao. Umidade por capilaridade a ao da gua sobre os elementos das construes que esto em contato com bases alagadas ou solo mido.

2.4 Sistemas Impermeabilizantes

A principal funo dos sistemas de impermeabilizao, que se tornam cada vez mais elaborados o de proteger as edificaes dos malefcios de infiltraes, eflorescncias e vazamentos causados pela gua. Utilizando as fases sugeridas por Cruz (2003) pode-se citar trs etapas: a primeira etapa refere-se a aes anteriores a impermeabilizao, como a preparao da regularizao e dos caimentos, bem como cuidados com detalhes construtivos, a segunda etapa que o processo de impermeabilizao propriamente dito, e as etapas posteriores, tais como isolamento trmico, quando especificado, e proteo mecnica, quando necessria. Qualquer parte de uma obra que se destine a receber uma impermeabilizao deve receber cuidados especiais para o sucesso da mesma, a preparao da superfcie muito importante para o xito da impermeabilizao.

2.4.1 Tipos de sistemas impermeabilizantes

Para uma melhor elucidao, a seguir so descritos os diversos tipos de sistemas de impermeabilizao que podem ser empregados na execuo obra, modo de execuo e seus empregos. Dinis (1997 apud Moraes, 2002) declara que os sistemas de impermeabilizao existentes possuem diferenas de concepo, princpio de funcionamento, materiais e tcnicas de aplicao entre outros. Estas variaes servem de base para diversas classificaes, que podem auxiliar na compreenso e comparao dos sistemas existentes no mercado brasileiro.

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Segundo a NBR 9575/2003, os sistemas impermeabilizantes podem ser divididos em rgidos e flexveis, que esto relacionados s partes construtivas sujeitas ou no a fissurao. Quanto aderncia ao substrato, os sistemas de impermeabilizao, segundo Moraes (2002) podem ser classificados como: Aderido: Quando o material impermeabilizante totalmente fixado ao substrato, seja por fuso do prprio material ou por colagem com adesivos, asfalto quente ou maarico. Semi-aderido: Quando a aderncia parcial e localizada em alguns pontos, Flutuante: Quando a impermeabilizao totalmente desligada do substrato como platibandas e ralos. utilizada em estruturas de grande deformabilidade.

2.4.1.1 Impermeabilizao Rgida

A NBR 9575/2003 denomina impermeabilizao rgida como o conjunto de materiais ou produtos aplicveis nas partes construtivas no sujeita fissurao. Os impermeabilizantes rgidos no trabalham junto com a estrutura, o que leva a excluso de reas expostas a grandes variaes de temperatura.

2.4.1.1.1 Argamassa impermevel com aditivo hidrfugo

Aditivos hidrfugos so aditivos impermeabilizantes de pega normal, reagindo com o cimento durante o processo de hidratao. So compostos de sais metlicos e silicatos (DENVER, 2008). Os aditivos hidrfugos proporcionam a reduo da permeabilidade e absoro capilar, atravs do preenchimento de vazios nos capilares na pasta de cimento hidratado, tornando os concretos e argamassas impermeveis penetrao de gua e umidade. (SIKA, 2008)

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Cunha e Neumann (1979) afirmam que o aditivo hidrfugo aplicado em argamassas de revestimento utilizadas para impermeabilizaes de elementos que no estejam sujeitos a movimentaes estruturais, que ocasionariam a formao de trincas e fissuras. Esse sistema no indicado para locais com exposio ao sol que possa ocorrer algum tipo de dilatao no substrato. O aditivo deve ser dissolvido na gua de amassamento a ser utilizada, conforme a figura 3. A aplicao da argamassa aditivada deve ser feita em duas ou trs camadas de aproximadamente 1 cm de espessura, desempenando a ltima camada, cuidando para no alisar com desempenadeira de ao ou colher de pedreiro (SIKA, 2008). A principal vantagem desse sistema a facilidade de aplicao e desvantagem que deve ser aplicado em conjunto com outro sistema impermeabilizante, assim garante-se a estanqueidade, pois esse sistema muito suscetvel a movimentaes dos elementos.

Figura 3 Preparao da argamassa com o aditivo hidrfugo. (VIEIRA, 2005, p. 76)

2.4.1.1.2 Cristalizantes

Cimentos cristalizantes so impermeabilizantes rgidos, base de cimentos especiais e aditivos minerais, que possuem a propriedade de penetrao osmtica

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nos capilares da estrutura, formando um gel que se cristaliza, incorporando ao concreto compostos de clcio estveis e insolveis (DENVER, 2008). Existem dois tipos de cristalizantes. No primeiro tipo, os cimentos cristalizantes, segundo Silveira (2001) so materiais aplicados sob a forma de pintura sobre superfcies de concreto, argamassa ou alvenaria, previamente saturadas com gua. A figura 4 mostra esse tipo de aplicao, no caso aplicado com uma trincha, direto na alvenaria, mas pode tambm ser aplicado sobre o revestimento argamassado. O segundo tipo so os cristalizantes lquidos base de silicatos e resinas que injetados e, por efeito de cristalizao, preenchem a porosidade das alvenarias de tijolos macios, bloqueando a umidade ascendente (VIAPOL, 2008).

Figura 4 Aplicao de cristalizante na forma de pintura. (NAKAMURA, 2006, p. 28).

A figura 5 apresenta o modo de aplicao dos agentes cristalizantes. Para a aplicao, deve-se retirar todo o reboco da rea a tratar, desde o piso at a altura de 1 m. executam-se duas linhas de furos intercaladas entre si, sendo a primeira a 10 cm do piso e a segunda a 20 cm. Os furos devem ser com uma inclinao de 45 e estar saturados com gua para a aplicao do produto. Aplica-se o produto por gravidade, sem necessidade de presso e, sim, de saturao (ABATTE. 2003).

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Figura 5 Injeo de cristalizantes em parede com umidade ascendente. (ABATTE, 2003, p. 52).

A aplicao sugerida pelo fabricante deve ocorrer at atingir o consumo sugerido em ambos os tipos de cristalizantes. O sistema utilizado em todas as reas sujeitas infiltrao por lenol fretico e infiltraes de contrapresso, tais como: subsolos, lajes, poos de elevadores, reservatrios enterrados, caixas de inspeo e outros. (VIAPOL, 2008). O produto utiliza a prpria gua da estrutura para se cristalizar, isto elimina a necessidade de rebaixamento do lenol fretico e no altera a potabilidade da gua (DENVER, 2008). A desvantagem do sistema que se deve tomar cuidado na aplicao do produto e o mesmo restrito a algumas situaes particulares de infiltraes.

2.4.1.1.3 Cimento impermeabilizante de pega ultra-rpida

O produto uma soluo aquosa de silicato modificado, quando misturado com a gua e o cimento, que um produto de alta alcalinidade, transforma-se em hidrosilicato, que tem como principais caractersticas ser um cristal insolvel em gua, que preenche os poros da argamassa (SIKA, 2008). O produto usado como aditivo liquido de pega ultra-rpida em pastas de cimento. Essa pasta apresenta inicio de pega entre 10 e 15 segundos e fim entre 20 e 30 segundos, e possui alta aderncia e grande poder de tamponamento (SIKA, 2008).

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A Denver (2008) indica este produto para tamponamento de infiltraes e jorros de gua sob presso em subsolos, poos de elevadores, cortinas, galerias e outras estruturas submetidas infiltrao por lenol fretico, sendo uma soluo temporria, permitindo que a impermeabilizao definitiva seja efetuada adequadamente. A figura 6 mostra a seqncia de utilizao desse produto.

Figura 6 Cimento impermeabilizante de pega ultra-rpida. (Adaptado de DENVER, 2008).

Para utilizao do produto, pontos de infiltrao devem ser aprofundados e alargados at cerca de duas vezes o seu dimetro. Na seqncia misturar uma parte do produto e uma parte de gua e, ao iniciar a pega, formar rapidamente um tampo e comprimir contra a infiltrao, aguardando alguns segundos at o completo endurecimento (SIKA, 2008)

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2.4.1.1.4 Argamassa polimrica

Silveira (2001) descreve as argamassas polimricas como materiais compostos por cimentos especiais e ltex de polmeros aplicados sob a forma de pintura sobre o substrato, formando uma pelcula impermevel, de excelente aderncia e que garante a impermeabilizao para presses dgua positivas e/ou negativas. Segundo o site da Viapol (2008) trata-se de uma argamassa de cimento modificada com polmeros, bicomponente, base de cimento, agregados minerais inertes, polmeros acrlicos e aditivos. Sayegh (2001) complementa que o produto resiste a presses positivas e negativas e acompanha de maneira satisfatria, pequenas movimentaes das estruturas, e que a impermeabilizao decorre da formao de um filme de polmeros que impede a passagem da gua e da granulometria fechada dos agregados contidos na poro cimentcia. Entre as suas principais caractersticas, destacam-se a resistncia a presses hidrostticas positivas, fcil aplicao, no altera a potabilidade da gua, uma barreira contra sulfatos e cloretos, uniformiza e sela o substrato, reduzindo o consumo de tinta de pinturas externas (VIAPOL, 2008) A argamassa polimrica pode ser aplicada na forma de pintura com trincha ou brocha (figura 7), ou ser aplicado na forma de revestimento final com desempenadeira (figura 8), nesse caso requer uma diminuio da quantidade de componente liquido da mistura (SAYEGH, 2001) O produto pode ser aplicado sobre superfcies de concreto, alvenaria ou argamassa, devendo-se aplicar a primeira demo do produto sobre o substrato mido, com o auxlio de uma trincha, aguardando a completa secagem. Aplicar a segunda demo em sentido cruzado em relao primeira, incorporando uma tela industrial de polister resinada e aplicar as demos subseqentes, aguardando os intervalos de secagem entre demos at atingir o consumo necessrio. Proceder cura mida por, no mnimo, trs dias (VIAPOL, 2008)

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Figura 7 Aplicao de argamassa polimrica na forma de pintura. (SAYEGH, 2001, p. 44)

Figura 8 Aplicao de argamassa polimrica na forma de revestimento. (SAYEGH, 2001, p. 44)

2.4.1.2 Impermeabilizao Flexvel

Impermeabilizao flexvel compreende o conjunto de materiais ou produtos aplicveis nas partes construtivas sujeitas fissurao e podem ser de dois tipos, moldadas no local e chamadas de membranas ou pr-fabricadas e chamadas de mantas. As membranas podem ou no ser estruturadas. Como principais estruturantes podem-se incluir a tela de polister termo estabilizada, o vu de fibra de vidro e o no tecido de polister. O tipo de estruturante definido conforme as solicitaes de cada rea e dimensionamento de projeto. Devem-se aplicar sobre o estruturante outras camadas do produto, at atingir a espessura ou consumo previsto no projeto. A principal vantagem das membranas em relao s mantas que as membranas no apresentam emendas. Segundo Cichinelli (2004) as membranas

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exigem um rgido controle da espessura e, conseqentemente, da quantidade de produto aplicado por metro quadrado, sendo essa uma falha que fica difcil de visualizar.

2.4.1.2.1 Membrana de polmero modificado com cimento

Trata-se de um produto flexvel indicado para impermeabilizao de torres de gua e reservatrios de gua potveis elevados ou apoiados em estrutura de concreto armado. Pode tambm ter adies de fibras de polipropileno que aumentam sua flexibilidade. O sistema formado base de resinas termoplsticas e cimento aditivado, resultando numa membrana de polmero que modificada com cimento (VIAPOL, 2008). Entre as suas caractersticas destacam-se a resistncia a presses hidrostticas positivas. de fcil aplicao, no altera a potabilidade da gua, sendo atxico e inodoro e acompanha as movimentaes estruturais e fissuras previstas nas normas brasileiras (DENVER, 2008) Aplicado sobre superfcies de concreto ou argamassa, deve-se preparar a mistura mecanicamente at atingir a consistncia de uma pasta cremosa, lisa e homognea. A seguir, aplicar a primeira demo do produto sobre o substrato mido, com o auxlio de uma trincha, aguardando a completa secagem e a segunda demo em sentido cruzado em relao primeira, incorporando uma tela industrial de polister resinada. Aplicar as demos subseqentes, aguardando os intervalos de secagem entre demos at atingir o consumo recomendado. Proceder cura mida por, no mnimo, trs dias (VIAPOL, 2008).

2.4.1.2.2 Membranas asflticas

So membranas que usam como materiais impermeabilizantes produtos derivados do CAP (Cimento Asfltico de Petrleo).

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Podem ser aplicados a frio, como se fosse uma pintura, com trincha, rolo ou escova. Na primeira demo, aplicar o produto sobre o substrato seco e, na segunda demo em sentido cruzado em relao primeira e, a seguir, aplicar as demos subseqentes, aguardando os intervalos de secagem entre demos at atingir o consumo recomendado. A figura 9 mostra a aplicao a frio de uma membrana asfltica com rolo de pintura.

Figura 9 Execuo de membrana de asfalto a frio. (LWART, 2009, p. 6).

Para serem aplicadas a quente (figura 10), as membranas asflticas requerem mo de obra especializada, pois necessrio o uso de caldeira. Segundo Moraes (2002) em reas de pouca ventilao deve-se tomar cuidado na utilizao de produtos a quente porque possuem restries, tanto na manipulao quanto ao risco de fogo.

Figura 10 Execuo de membrana de asfalto a quente. (LWART, 2009, p. 32).

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Estas membranas tm uso adequado em baldrames e fundaes de concreto, alm de serem empregados como bloqueador de umidade quando aplicado em contrapisos que iro receber pisos de madeira, primer para mantas asflticas (DENVER, 2008) Sabbatini (2006) cita que as membranas asflticas podem ser divididas em relao ao tipo de asfalto utilizado e apresentam-se trs tipos mais utilizados: Emulso asfltica: um produto resultante da disperso de asfalto em gua, atravs de agentes emulsificantes. So produtos baratos e de fcil aplicao para reas e superfcies onde no haver empoamento ou reteno de gua. aplicado a frio e geralmente sem a adio de estruturantes. Asfalto oxidado: um produto obtido pela modificao do cimento asfltico de petrleo, que se funde gradualmente pelo calor, de modo a se obter determinadas caractersticas fsico-qumicas. executado devidamente estruturado, aplicado a quente. Asfalto modificado com adio de polmero elastomrico: um produto obtido pela adio de polmeros elastomricos, no cimento asfltico de petrleo em temperatura adequada. executado devidamente estruturado, pode ser aplicado tanto a quente quanto frio.

2.4.1.2.3 Membrana acrlica

um impermeabilizante formulado base de resinas acrlicas dispersas, sendo indicados para impermeabilizao exposta de lajes de cobertura, marquises, telhados, pr-fabricados e outros. (DENVER, 2008).

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Figura 11 Execuo de membrana acrlica (SABBATINI, 2006, p.3).

Para atuar como camada primria, recomenda-se iniciar o sistema impermeabilizante aplicando sobre a superfcie mida duas demos de argamassa polimrica em sentidos cruzados, este procedimento visa uma melhoria na aderncia e no consumo (DENVER, 2008). aplicado em demos cruzadas, colocando uma tela industrial de polister como reforo aps a 1 demo. Aplicar as demos subseqentes, aguardando os intervalos de secagem entre demos at atingir o consumo recomendado (figura 11). A principal vantagem desse sistema que no necessita de uma camada de proteo mecnica sobre a membrana, somente ser necessrio se o uso da laje for de trfego muito intenso de pessoas ou existir trfego de automveis. A desvantagem que, por no ter camada de proteo mecnica, necessita de reaplicao do produto periodicamente.

2.4.1.2.4 Mantas asflticas

Consideradas membranas asflticas pr-fabricadas, as mantas asflticas so feitas base de asfaltos modificados com polmeros e armados com estruturantes especiais, sendo que seu desempenho depende da composio desses dois componentes. O asfalto modificado presente na composio da manta o responsvel pela impermeabilizao. Existem mantas asflticas dos mais variados tipos, que dependem da sua

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composio, do estruturante interno, do acabamento externo e da sua espessura. Segundo a NBR 9952/2007, os tipos de asfalto a serem utilizados nas mantas so os seguintes: Elastomricas: So mantas que apresentam a adio de elastmeros em sua Plastomricas: So mantas que apresentam a adio de plastmeros em sua Oxidado: So mantas de asfalto oxidado, policondensado, ou com a adio A mesma norma classifica as mantas asflticas, em relao ao estruturante interno, nos seguintes tipos: Filme de polietileno. Vu de fibra de vidro. No tecido de polister. Tela de polister. Em relao espessura, as mantas podem ser de 3 mm at 5 mm, sendo que, quanto maior a espessura, melhor ser seu desempenho. J quanto ao acabamento aplicado na superfcie, as mantas podem ser classificadas em: Granular. Metlico. Antiaderente. Alm destas classificaes ligadas ao processo produtivo e finalidade do produto, as mantas so ainda classificadas conforme a NBR 9952/2007, tipos I, II, III e IV. O quadro 1 apresenta os parmetros de ensaio para as mantas asflticas. massa. Usualmente usado SBS (Estireno-Butadieno-Estireno). massa. Usualmente usado APP (Polipropileno Attico) de uma mistura genrica de polmeros.

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Quadro 1 Parmetros de ensaio para mantas asflticas.

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As principais vantagens das mantas asflticas, segundo Mello (2005), so: Espessura constante Fcil controle e fiscalizao Aplicao do sistema de uma nica vez Menor tempo de aplicao No necessrio aguardar a secagem O mtodo de aplicao deste produto inicia-se com uma demo de primer sobre a superfcie regularizada e seca, aguardando sua secagem. A figura 12 mostra um terrao com aplicao de primer para posterior aplicao da manta. Pode-se notar que tambm, neste caso, foi executado o rodap com mantas asflticas.

Figura 12 Imprimao da superfcie (ACERVO DO AUTOR, 2007).

Deve-se certificar-se da boa aderncia entre a manta e o substrato, evitando, assim, bolhas ou outros problemas que possam comprometer o desempenho do sistema. As emendas so os principais pontos crtico da impermeabilizao com mantas asflticas. Por isso, deve-se fazer uma sobreposio de 10 cm entre as mantas. As emendas podem ser executadas com a chama de maarico a gs, asfalto aplicado a quente ou elastmero especial de poliuretano.

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Pereira (1995) conclui em sua pesquisa sobre emendas de mantas asflticas que, ao utilizar como adesivo um elastmero especial de poliuretano, o mesmo atende perfeitamente a colagem entre as mantas asflticas, eliminando de vez a colagem de mantas com asfalto quente ou maarico. Sendo assim, diminui os problemas que ocorrem com o superaquecimento da manta, que pode alterar a qumica do polmero incorporado na massa ou a destruio do estruturante interno, e com isso tornando a manta com menor capacidade de absorver as fissuras do substrato.

Figura 13 Execuo de manta asfltica com maarico. (VIAPOL, 2008).

A impermeabilizao executada com auxlio da chama de maarico gs (Figura 13).

Figura 14 Teste de estanqueidade. (ACERVO DO AUTOR, 2007).

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Aps a colocao da manta deve ser feito um teste de estanqueidade com uma lmina dgua, por 72 horas, a fim de detectar qualquer falha na impermeabilizao (NBR 9574/2008). A figura 14 demonstra essa etapa do processo.

2.4.1.2.5 Manta de PVC

As mantas de PVC so compostas, segundo Cimino (2002), por duas lminas de PVC, com espessura final que varia de 1,2 mm a 1,5 mm, e uma tela tranada de polister. A manta de PVC similar a um carpete de borracha, sendo utilizada, principalmente, em toda e qualquer piscina, reservatrios de gua, cisternas, caixas d'gua, independentemente de formato ou tipo, bem como em coberturas, tanto planas como curvas. As emendas so feitas por termofuso com equipamentos apropriados (figura 15), que tem controle de temperatura e de velocidade de deslocamento, de forma a garantir uniformidade e perfeita qualidade da solda. Como as soldas so duplas, paralelas e com um vazio entre elas, possvel realizar um teste de presso ou vcuo e verificar durante a instalao a estanqueidade.

Figura 15 Processo de solda com equipamento automtico. (SILVA E OLIVEIRA, 2006, p. 77).

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Quando no possvel o uso do equipamento automtico, como por exemplo, em pequenos arremates e locais de difcil acesso, utiliza-se um equipamento manual de solda, como o da figura 16.

Figura 16 Processo de solda com equipamento manual. (SILVA E OLIVEIRA, 2006, p. 77).

A fixao das mantas de PVC deve ser executada com parafusos e arruelas especiais. Aps, aplicada sobre a mesma, outra camada da manta empregando os equipamentos de termofuso (SILVA E OLIVEIRA, 2006).

Figura 17 Fixao automtica com parafusos e arruelas especiais. (SILVA E OLIVEIRA, 2006, p. 77).

J no caso de reservatrios, piscinas ou estruturas enterradas, segundo Cimino (2002), a manta instalada diretamente sobre uma manta geotxtil de 3,5 mm de espessura, cuja funo absorver as pequenas irregularidades que possa

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haver no local da aplicao. As fixaes metlicas so executadas com perfis metlicos do tipo cantoneira, que so rebitados ou parafusados na estrutura.

Figura 18 Fixao com perfis tipo cantoneira em reservatrio. (BADEN, 2009).

Segundo Loturco (2005) as mantas de PVC so indicadas principalmente para obras enterradas e coberturas. Apresentam a vantagem de no aderir ao substrato, o que elimina o risco de rompimentos frente movimentaes da estrutura, no entanto a aplicao mais trabalhosa. Outras vantagens desse sistema, segundo o mesmo autor, o amplo conhecimento que se tem sobre o comportamento do PVC; a execuo em camada nica, no necessitando de proteo mecnica devido dureza superficial; possibilidade de aplicao sobre pisos existentes; apresenta resistncia a raios ultravioletas; no propaga chamas; alm da rapidez de aplicao e limpeza na execuo. As desvantagens do sistema so as dificuldades de deteco de eventuais infiltraes, que podero ocorrer por ser um sistema no aderido, alm da necessidade de mo-de-obra especializada para sua colocao (ARANTES, 2007). Um ponto frgil deste sistema so os flanges a ser executados nas tubulaes em reservatrios, devendo-se executar com cuidado essa etapa (Figura 19).

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Figura 19 Cuidado nas tubulaes. (CIMINO, 2002, p. 62).

2.5 Detalhes Construtivos

Antes da execuo do processo de impermeabilizao alguns cuidados devem ser tomados para que no ocorram vazamentos posteriores. Esses detalhes so de suma importncia no processo, pois a maior parte dos problemas com impermeabilizao ocorre em encontros com ralos, juntas, mudanas de planos, passagem de dutos e chumbamentos. Por isso importante detalhar estes pontos crticos em projeto. Picchi (1986) afirma que o sucesso da impermeabilizao depende de uma srie de detalhes, que garantam a estanqueidade dos pontos crticos e singularidades especficas para cada construo.

2.5.1 Regularizao e caimentos

Em superfcies de concreto, devem-se detectar todas as falhas de concretagem, abrir at a obteno de concreto firme e homogneo, executar o corte das pontas de ferro sem funo estrutural e recompor estas reas com argamassa de cimento e areia trao 1:3 (SILVEIRA, 2001). Deve-se executar a regularizao das superfcies com argamassa desempenada de cimento e areia, com caimento mnimo de 1% em direo aos ralos. Arredondar ou chanfrar cantos vivos e arestas, de forma a permitir um ajustamento contnuo do sistema impermeabilizante, sem dobragem em ngulo,

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tubulaes emergentes e ralos que devero estar rigidamente fixados, a fim de garantir a perfeita execuo dos arremates (Figura 20) (NBR 9575/2003).

Figura 20 Cantos chanfrados em reservatrio. (ACERVO DO AUTOR, 2007).

No recomendado o uso de cal nas argamassas que ficaro em contato direto com a gua. Isso porque, nesses casos, a cal pode desagregar-se, prejudicando a aderncia do impermeabilizante no substrato. A superfcie deve estar isenta de leo, tinta, pasta de cimento, p ou outro material que possa interferir na aderncia (CUNHA E NEUMANN, 1979). Cichineli (2004) afirma que para aplicar produtos de base solvente, o substrato deve estar totalmente seco. J produtos do tipo emulsivos, base de gua, exigem substratos secos ou midos, sem presso d'gua atrs da superfcie de contato, o que evitar o descolamento.

2.5.2 Ralo

A execuo de arremates no ralo , provavelmente, o detalhe mais importante do processo de impermeabilizao. Segundo Abatte (2003) a execuo de arremates no ralo com membranas executada com aplicao de sucessivas demos que adentram a abertura no piso, podendo ou no receber reforos de

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estruturantes txteis e, se forem aplicados a quente, os reforos devero ser dimensionados para suportar as temperaturas de aplicao. A NBR 9575/2003 refere que os coletores devem ter dimetro que garanta a manuteno da seo nominal dos tubos prevista no projeto hidrulico aps a execuo da impermeabilizao, sendo o dimetro nominal mnimo de 75 mm. Os coletores devem ser rigidamente fixados estrutura. Mas, segundo Abatte (2003), na prtica alguns sistemas requerem ralos com dimetro de 100 mm e que o ralo esteja suficientemente afastado de paredes e paramentos verticais para permitir o manuseio dos produtos durante a execuo do arremate. Na figura 21 so demonstradas quatro etapas para a correta impermeabilizao de um ralo. Deve-se rebaixar a regio em torno do ralo para poder executar um reforo na impermeabilizao, sendo que esta deve ficar bem aderida face interna do ralo, caso contrrio a gua ser succionada, por capilaridade, para baixo da camada impermeabilizante.

Figura 21 Execuo de arremate de impermeabilizao junto ao ralo. (CRUZ, 2003, p. 81).

2.5.3 Rodap

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A NBR 9575/2003 prev que nos planos verticais, deve-se executar um encaixe para embutir a impermeabilizao, a uma altura mnima de 20 cm acima do nvel do piso acabado ou 10 cm do nvel mximo que a gua pode atingir. Na figura 22 apresenta-se o modo de execuo do rodap, em que deve-se executar um rebaixo de pelo menos 3 cm na parede com uma altura de pelo menos 20 cm de altura, para o encaixe da impermeabilizao. Recomenda-se utilizar uma tela galvanizada para evitar a fissurao do revestimento executado acima da impermeabilizao e evitar o descolamento da manta.

Figura 22 Detalhamento do encaixe da manta na alvenaria. (ANTUNES, 2004, p.185)

A figura 23 mostra a execuo de um rodap em manta asfltica com o detalhe da soleira tambm.

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Figura 23 Execuo de manta asfltica em rodap. (ACERVO DO AUTOR, 2007).

2.5.4 Chumbamento

Os chumbamentos devem ser detalhados, prevendo-se os reforos adequados, conforme grfica NBR do 9575/2003. Na figura que 24 apresenta-se estar uma representao chumbamento, devem fixados,

preferencialmente, antes da execuo da impermeabilizao, desde que no causem interferncia na sua execuo, de forma a permitir o arremate da impermeabilizao a uma altura no inferior a 20 cm.

Figura 24 Representao grfica de chumbamento. (CRUZ, 2003, p. 62).

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2.5.5 Soleira

Conforme NBR 9575/2003, nos locais limites entre reas externas impermeabilizadas e internas, deve haver diferena de cota de no mnimo 6 cm e ser prevista a execuo de barreira fsica no limite da linha interna dos contramarcos, caixilhos e batentes, para perfeita ancoragem da impermeabilizao, com declividade para a rea externa. necessrio que a impermeabilizao adentre nos ambientes cobertos, onde existem portas abrindo para a parte exposta chuva e ao vento. Na figura 25 encontra-se uma representao grfica de impermeabilizao de soleira, sendo que esta deve adentrar no mnimo 50 cm na regio coberta e elevando-se no mnimo 3 cm, evitando assim da gua que escorre pela esquadria cause algum dano na parte interior do imvel.

Figura 25 Detalhe de impermeabilizao na soleira. (PICCHI, 1986, p. 58).

2.5.6 Pingadeira

As pingadeiras servem para impedir o escorrimento da gua nos paramentos verticais, evitando com que a mesma penetre no arremate de impermeabilizao.

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Devem ser previstos nos locais necessrios, muretas, platibandas, parapeitos e em bordas de sacadas e terraos, cabendo ao projetista definir os tipos a serem adotados. A figura 26 apresenta uma representao grfica de uma pingadeira na platibanda.

Figura 26 Representao grfica de pingadeira. (CRUZ, 2003, p. 68)

A figura 27 mostra uma foto de pingadeira metlica usada em bordas de lajes, evitando assim que a gua escorra pela parede.

Figura 27 Pingadeira metlica. (ACERVO DO AUTOR, 2008).

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2.5.7 Junta de dilatao

As juntas de dilatao so cortes feitos em toda a extenso das edificaes, destinam-se a diminuir o valor absoluto das variaes volumtricas devidas s variaes trmicas, retrao hidrulica e outros. Forma-se assim, um espao de 2 cm 4 cm, em que cada segmento pode se expandir sem forar o outro segmento. Veroza (1983) observa que esse espao deve ser devidamente calafetado sem prejudicar a liberdade de movimentaes e, que a melhor resposta para esse caso, dada pelo processo executado durante a construo da junta. A figura 28 ilustra um teste de verificao da impermeabilidade das juntas de dilatao. Este teste consiste na construo de uma barragem com tijolos, a qual ser cheia com gua.

Figura 28 Teste de verificao das juntas de dilatao. (Adaptado de VEROZA, 1991 apud SOUZA, 2008).

Nas juntas de dilatao, conforme NBR 9575/2003, dever ser previsto tratamento especfico compatvel aos reforos atuantes e materiais utilizados na impermeabilizao. A norma tambm descreve que as juntas de dilatao devem ser divisores de gua, com cotas mais elevadas no nivelamento do caimento. A figura 29 representa um esquema de impermeabilizao de juntas de dilatao. Deve-se executar um rebaixamento no entorno da junta para o reforo da impermeabilizao e, dentro, colocar um limitador de junta e em seguida o mstique, que um selante base de polmeros, que ir absorver e selar a junta por dentro.

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Figura 29 Detalhe de impermeabilizao em junta de dilatao. (CRUZ, 2003, p. 66).

2.6 Etapas posteriores ao processo de impermeabilizao

Aps a aplicao dos produtos impermeabilizantes, executam-se os servios para a proteo da impermeabilizao, tais como o isolamento trmico e a proteo mecnica. importante fazer as seguintes verificaes: Verificar se a superfcie est uniforme e com bom aspecto; Verificar o embutimento nos pluviais e canaletas; Conferir o caimento final; Aps a aprovao, fazer a proteo mecnica de transio; Fazer testes finais, detalhados.

2.6.1 Isolamento trmico

Segundo a NBR 9575/2003, o isolamento trmico a camada com a funo de reduzir o gradiente de temperatura atuante sobre a camada impermevel, de

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modo a proteg-la contra os efeitos danosos do calor excessivo. Sabe-se que todas as estruturas sofrem efeitos das dilataes e das contraes, que depende do coeficiente de dilatao trmica do material. Esses efeitos das dilataes podem causar fissuras e movimentos da estrutura que podem prejudicar a impermeabilizao da cobertura e ocasionar infiltraes que acabam por deteriorar a estrutura. O processo de isolao trmica composto por trs elementos: o isolante trmico, o sistema de fixao e sustentao mecnica e a proteo ou revestimento exterior (ARAJO, 1993). Segundo Picchi (1986) a isolao trmica na cobertura atende a trs funes: conforto, economia de energia e estabilizao da estrutura, o que ocasiona um aumento da vida til dos componentes da edificao. Cunha (1979) conclui que, para minimizar os efeitos das dilataes, devem-se providenciar algumas medidas, tais como, isolar termicamente a laje de cobertura, optar por elementos construtivos com o menor comprimento possvel entre as juntas de dilatao e no confinar elementos de construo entre permetros rgidos, sem juntas de dilatao. Para um melhor desempenho da impermeabilizao e da estrutura em geral, a cobertura deve receber um isolamento trmico apropriado. O Isolamento trmico pode ser disposto de duas formas diferentes em relao impermeabilizao, sobre a impermeabilizao ou o contrrio, com a impermeabilizao sobre o isolamento trmico. Segundo Picchi (1986), antigamente a isolao trmica era composta de materiais que apresentavam grande absoro de gua e que tinham sua resistncia trmica diminuda com a umidade. Nessa poca era comum o uso do isolamento trmico antes da impermeabilizao. Atualmente, com a variedade de materiais isolantes trmicos menos absorventes, h a possibilidade de uso da isolao trmica sobre a impermeabilizao. A figura 30 representa o esquema de uma impermeabilizao usando isolamento trmico e proteo mecnica em uma laje de cobertura.

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Figura 30 Disposio do isolamento em relao impermeabilizao. (PICCHI, 1986, p. 42).

Vantagens de dispor a isolao trmica sobre a impermeabilizao, segundo Picchi (1986): Dispensa o uso da barreira de vapor, uma vez que a prpria impermeabilizao impede que o vapor dgua do ambiente interior atinja o isolamento trmico. Possibilita o uso da impermeabilizao em sistema aderente, facilitando a Protege a impermeabilizao termicamente, o que contribui sensivelmente Cunha e Neumann (1979, p.138) ressaltam que o isolamento trmico proporciona conforto, porque mantm estvel a temperatura nos ambientes, reduz o aquecimento no vero e o esfriamento no inverno e, tambm, que o isolamento trmico proporciona economia, pois permite reduo do tamanho dos equipamentos de ar condicionado, diminuindo o consumo de energia eltrica. Na figura 31 tem-se o exemplo do uso de isolamento trmico com placas de poliestireno expandido. localizao de uma eventual falha na impermeabilizao. para o aumento da sua durabilidade.

Figura 31 Isolamento trmico com placas de poliestireno expandido moldado. (CRUZ, 2003, p. 85).

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Os problemas de condensao superficial so resolvidos principalmente com uma isolao trmica e adequada ventilao. A migrao do vapor dgua atravs de uma estrutura est relacionada com a diferena de presso da parte exterior com a parte interior, pois, com a porosidade da estrutura, o vapor dgua sempre migra do lado mais quente para o mais frio. Barreira de vapor algo que se intercala no caminho do vapor dgua para impedir sua passagem e deve ser uma membrana estanque. Picchi (1986) afirma que, nas condies climticas brasileiras, no existiria a necessidade desta camada e constatou que numa laje de cobertura, se for adicionada, por exemplo, uma camada de isolante trmico de dois centmetros de poliestireno expandido, essa laje passa a atender as exigncias de conforto trmico de inverno e vero em todo territrio nacional.

2.6.2 Proteo mecnica

Segundo a NBR 9575/2003 a proteo mecnica a camada com a funo de absorver e dissipar os esforos estticos ou dinmicos atuantes sobre a camada impermevel, de modo a proteg-la contra a ao deletria destes esforos. Deve-se usar uma camada separadora entre a manta e a proteo mecnica, sendo que essa camada pode ser de papel Kraft ou filme de polietileno, evitando-se assim que a camada protetora fique aderida na impermeabilizao. Pode ser divididas em quatro tipos, segundo Cruz (2003): Sistemas de impermeabilizao que dispensam a proteo mecnica: so os que possuem acabamento superficial incorporado na fabricao (mantas asflticas com acabamentos granulares ou aluminizados). Em qualquer uma das situaes, deve possuir caractersticas tcnicas para retardar o envelhecimento da impermeabilizao pela ao das intempries, agentes poluentes e deve ser resistente a raios ultravioletas. E serem utilizados somente em locais com eventual trnsito de pessoas (manuteno); Proteo mecnica intermediria: devem servir de camada de distribuio de esforos e amortecimento das cargas na impermeabilizao, provenientes das protees finais ou pisos. A execuo deve ter, no mnimo, 1,0 cm de espessura.

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Proteo mecnica final para solicitaes leves e normais: so utilizadas para

distribuir sobre a impermeabilizao dos carregamentos normais. Estas protees mecnicas devem ser dimensionadas de acordo com as solicitaes e possuir resistncia mecnica compatvel com os carregamentos previstos. A proteo mecnica final deve ter espessura mnima de 3,0 cm. Proteo em superfcie vertical: protege a impermeabilizao do impacto, intemperismo e abraso, atuando como camada intermediria quando forem previstos, sobre elas, revestimentos de acabamento. Nas impermeabilizaes flexveis, as camadas de proteo devem sempre ser armadas com telas metlicas fixadas, no mnimo, 5 cm acima da cota da impermeabilizao. A armadura deve ser fixada mecanicamente parede, sem comprometimento da estanqueidade do sistema.

2.7 Patologias causadas pela m impermeabilizao ou falta da mesma

As falhas no processo de impermeabilizao causam diversas patologias em uma edificao. A figura 32 mostra uma pesquisa de Antonelli (2002) que quantifica as principais causas de infiltraes em uma edificao.

Figura 32 Principais efeitos de problemas de impermeabilizao. (ANTONELLI, 2002, p.6)

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Martins (2006) cita uma pesquisa feita por uma seguradora da Frana que analisou dez mil situaes de sinistros, ou seja, deficincias construtivas em edifcios. Os resultados obtidos deste estudo foram os que se apresentam no grfico da figura 33.

Figura 33 Principais situaes de sinistro em edificaes. (MARTINS, 2006, p. 57)

Pode-se tambm dividir as falhas no processo de impermeabilizao nos mesmos quatro itens. Devido ao projeto, as origens dos defeitos podem ser de acordo com Moraes (2002): Pela ausncia do prprio projeto; Pela especificao inadequada de materiais; Pela falta de dimensionamento e previso do nmero de coletores pluviais Pela interferncia de outros projetos na impermeabilizao; Correia et al. (1998) atravs de entrevistas concluiu que 88% dos proprietrios das edificaes vistoriadas no souberam informar quanto existncia ou no de sistemas impermeabilizantes em seus imveis e 62% das edificaes pesquisadas sofrem manuteno corretiva, ou seja, quando aparecem os problemas. Devido execuo, esses defeitos so causados pelos aplicadores e operrios. Entre os defeitos devido execuo, Gody e Barros (1997 apud Moraes 2002) destacam: Falta de argamassa de regularizao que ocasiona a perfurao da impermeabilizao;

para escoamento dgua;

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No arredondamento de cantos e arestas; Execuo da impermeabilizao sobre a base mida, no caso de aplicaes

de solues asflticas, comprometendo a aderncia e podendo gerar bolhas que ocasionaro deslocamento e rupturas da camada impermeabilizante; Execuo da impermeabilizao sobre base empoeirada, comprometendo a Juntas travadas por tbuas ou pedras, com cantos cortantes que podem Uso de camadas grossas na aplicao da emulso asfltica, para economia Falhas em emendas; Perfurao de mantas pela ao de sapatos com areia, carrinhos entre Devido a qualidade dos materiais utilizados no processo de aderncia; agredir a impermeabilizao; de tempo, dificultando a cura da emulso;

outros. impermeabilizao, pode-se citar como conseqncias para a edificao de acordo com Vicentini (1997 apud Moraes 2002). Danos construo; Danos estrutura; Danos funcionais; Danos sade dos usurios; Danos aos bens internos do imvel; Desgastes entre cliente final/construtora/aplicador; Aes na justia; Grandes gastos para reparos totais; Desvalorizao do imvel; Necessidade de recuperao estrutural. Os defeitos devido m utilizao e/ou manuteno esto relacionados ao usurio, Cantu (1997 apud MORAES, 2002) destaca: Danos causados na obra em funo da colocao de peso excessivo (entulho Perfurao da impermeabilizao, sem qualquer reparo, aps instalao de Troca de pisos; e equipamentos) sobre a impermeabilizao; antenas, varais, grades e outros.

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Instalao de floreiras na cobertura de modo a possibilitar a penetrao de Para Brtolo (2001) uma impermeabilizao bem executada pode ser

gua por cima do rodap impermeabilizado; prejudicada por falhas na concretagem, m execuo do revestimento ou chumbamento inadequado de peas e equipamentos. Nesses casos inevitvel o aparecimento de patologias, no havendo outra soluo a no ser procurar orientao adequada e, se necessrio, reimpermeabilizar a rea de forma correta. Veroza (1983) cita os principais danos causados pela umidade na construo civil, como goteiras e manchas, mofo e apodrecimento, ferrugem, eflorescncias, criptoflorescncias e gelividade. Todos esses danos citados, com o tempo, deterioram os materiais e a obra construda. Segundo Pinto (1996) as patologias de impermeabilizao de uma forma geral apresentam-se com caractersticas prprias e sistematizadas conforme as descries a seguir: Carbonatao: Nas superfcies expostas das estruturas de concreto, a alcalinidade pode ser reduzida com o tempo, acarretando a despassivao da armadura da estrutura, essa reduo ocorre pela ao principalmente do gs carbnico presente na atmosfera Corroso: Ataque de natureza eletroqumica nas barras da estrutura, em que a presena de umidade, conduz a formao de xidos/hidrxidos de ferro. A corroso s ocorre nas seguintes condies: o o Deve existir um eletrlito (representado pela gua) Deve existir uma diferena de potencial (obtido pela trao nas barras de Deve existir oxignio (ar atmosfrico)

ao) o Degradao do concreto: ocorre devido a ao da gua provocando a Degradao do forro de gesso: Decomposio do revestimento executado em

dissoluo de sais e lixiviamento dos mesmos. placas de gesso, devido ao da gua, provocando a dissoluo de sais e lixiviamento dos mesmos, vindo a manifestar-se na superfcie como bolor, descascamento da pintura e desagregamento do revestimento entre outros. Desagregao da argamassa: A desagregao inicia-se na superfcie dos elementos de concretos com uma mudana da colorao, seguida de um

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aumento de fissuras que surgem pela perda do carter aglomerante do cimento, devido ao ataque, principalmente de sulfatos e cloretos, deixando os agregados livres da unio que lhes proporciona a pasta. Desagregao de tijolos macios: Formao de p de colorao avermelhada e na forma de escamas, seguida de camadas alternadamente ao interior da pea, devido ao ataque de sulfatos e exagerada presso hidrosttica interna. Eflorescncias: Formao de depsitos de sais cristalizados originados pela migrao de gua, rica em sais, do interior dos componentes de alvenaria e/ou concreto. So identificados por colorao geralmente esbranquiada. Gotejamento de gua: Umidade excessiva que se concentra em um ponto da superfcie por tenso superficial, caindo por gravidade ao atingir determinado volume. Mancha de umidade: Uma parte circunscrita da superfcie que se apresenta Vegetao: o crescimento de plantas em determinados pontos da estrutura, Vesculas: So as formaes de bolhas na pintura, que apresentam em eu Conforme Thomaz (1996), as mudanas higroscpicas ocasionam impregnada de gua, apresentando cor diferente do restante da mesma. geralmente em locais com fissuras e presena de umidade. interior nas cores branca, preta e vermelha acastanhado. modificaes nas dimenses dos materiais porosos que integram os elementos e componentes da construo. Com o aumento da umidade, h uma expanso do material e com a reduo, ocorre o contrrio, uma contrao do mesmo. Existindo ento vnculos que iro impedir ou restringir essas movimentaes por umidade, ocorrero fissuras. Martins (2006) destaca que a fissurao na impermeabilizao uma patologia de difcil reparao, exceto em casos de fissuraes localizadas e/ou acidentais. Complementa dizendo que a presena de qualquer fissura pode ser indicadora do incio do desfalecimento generalizado do revestimento e que neste caso, refazer completamente a soluo mais indicada, de outro modo, se apenas efetuar a reparao, a fissurao poder tomar novas propores posteriormente. Trauzzola (1998) comenta que o desenvolvimento do bolor ou mofo, um problema de grande importncia econmica e uma ocorrncia comum em reas

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tropicais. As alteraes provocadas nas superfcies emboloradas exigem, muitas vezes, recuperao ou reaplicao de revestimentos. Baseada em entrevistas com proprietrios de imveis na regio metropolitana de Recife, Correia (1998) constatou em sua pesquisa, que os locais que so mais afetados com manifestaes patolgicas ocorrem conforme apresentado na figura 34.

Figura 34 Locais da edificao mais afetados por manifestaes patolgicas. (CORREIA, 2008, p.6)

As patologias incidentes na construo civil demonstram-se geralmente atravs de manifestaes externas seguindo padres caractersticos. Anlises sobre essas manifestaes permitem investigar sintomas, mecanismos, causas, origens e estimar provveis conseqncias vinculadas evoluo de cada patologia atuante, viabilizando-se o diagnstico e, por conseqncia, a adequada soluo a ser aplicada. (ALMEIDA, 2008). Souza (2008) cita as principais causas para o surgimento de patologias em impermeabilizaes. Baixa Qualidade dos materiais impermeabilizantes; Falta de impermeabilizao; Escolha de materiais inadequados; Dimensionamento inadequado para o escoamento das guas pluviais; A no considerao do efeito trmico sobre a laje; Pouco caimento para o escoamento das guas; Execuo inadequada da impermeabilizao;

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M execuo das juntas; Rodaps mal executados; Acabamento mal executado no entorno de ralos; Acabamento mal executado em passagens de tubulaes pela laje; Ralos quebrados; Rachaduras da platibanda; Vazamento de tubulaes furadas ou rachadas; Entupimento de ralos; Ruptura da impermeabilizao; Ruptura de revestimentos cermicos; Concretagem mal executada, produzindo: falhas, concreto desagregado; Frmas mal executadas; Instalaes das tubulaes mal executadas.

2.8 Manuteno da impermeabilizao

A manuteno da impermeabilizao importante para o no aparecimento de patologias. O usurio final do imvel precisa estar ciente da utilizao e manuteno do mesmo para evitar danificar a impermeabilizao. Segundo o IBI (2009) o proprietrio do imvel deve receber um manual tcnico de utilizao e manuteno referente s reas impermeabilizadas, contendo as informaes e orientaes necessrias para a melhor utilizao e preservao da impermeabilizao, incluindo: Descrio das caractersticas de cada tipo de impermeabilizao, inclusive Forma e cuidados de utilizao; Orientao e programa de manuteno preventiva, incluindo testes e ensaios; Relao de fornecedores; Garantia. So providncias para a manuteno da impermeabilizao, que devem ser tomadas pelo usurio do imvel: documentao tcnica;

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Executar inspees peridicas; Evitar perfuraes sem um posterior reparo; Executar limpeza interna nos reservatrios; Reparar vazamentos de tubulaes furadas ou rachadas; Executar limpeza de ralos para evitar o entupimento; Quando houver troca de revestimentos, cuidar para no haver ruptura da Cuidar os ralos para evitar quebras; Executar reparo das fissuras de movimentao; Evitar o entupimento do sistema de drenagem. No prximo captulo ser descrita a metodologia empregada no levantamento

impermeabilizao;

das patologias de impermeabilizao e todos os mtodos usados neste estudo.

3 METODOLOGIA

O objetivo deste trabalho o levantamento dos principais problemas relacionados impermeabilizao encontrados na construo civil, pesquisando conjuntamente solues para os mesmos e o modo de evit-los. Na primeira fase do estudo ocorreu uma busca por informaes que pudessem auxiliar na compreenso inicial do tema a ser desenvolvido, com base numa pesquisa bibliogrfica, utilizando como fonte principal revistas do meio, dissertaes, livros, manuais tcnicos dos fabricantes e material disponvel na internet. Nesta fase foram pesquisados os materiais impermeabilizantes usados comumente no mercado, procurando equivalncias entre os materiais dos fabricantes, seus modos de execuo e cuidados que devem ser tomados na aplicao dos mesmos. Procurou-se, tambm, formular uma diviso dos tipos de sistemas impermeabilizantes para uma melhor elucidao do tema. Aps ter-se levantado os tipos de materiais e tipos de sistemas com suas peculiaridades, a pesquisa focou-se em patologias dos sistemas impermeabilizantes. Foram definidos quais so os tipos de patologias encontradas na construo civil e os locais onde ocorrem em uma edificao, procurando solues e prevenes para cada caso. Aps a reviso bibliogrfica, foram realizados estudos de casos de diversas patologias de impermeabilizao encontradas em edificaes. O levantamento das patologias foi realizado nas cidades de Santa Maria e Santa Cruz do Sul, com vistorias realizadas nos locais, levantamento fotogrfico das patologias e diagnstico para identificar sintomas, mecanismos, causas e origens das manifestaes patolgicas. Dentre os casos estudados encontra-se uma residncia na cidade de Santa Maria, na qual foram constatados problemas diversos. A edificao apresenta infiltraes na laje de cobertura da garagem, problemas de umidade ascendente nos quartos e de infiltrao em parede encostada no aterro, conforme os estudos de caso apresentados a seguir.

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Em outro estudo encontra-se um condomnio de prdios em Santa Maria, com problemas avanados na laje do trreo, ocasionando srias infiltraes no pavimento subsolo. Em Santa Cruz do Sul encontrou-se apartamentos com problemas de impermeabilizao em box do banheiro e, em outro caso, uma residncia com fissuras em rodaps de impermeabilizao de laje de cobertura. Na mesma cidade, em um prdio comercial no centro, havia um srio problema de falha na impermeabilizao em um reservatrio que estava afetando os revestimentos abaixo do mesmo. Em cada caso estudado foi realizado um diagnstico com a caracterizao das patologias encontradas, indicando a soluo mais adequada e como prevenir tal patologia, constituindo-se em uma anlise do que realmente foi executado e onde ocorreram as falhas no processo. Com isso, depois de analisadas todas as informaes levantadas durante o perodo do estudo, foram elaboradas as consideraes finais.

4 ESTUDOS DE CASOS MLTIPLOS ANLISE E SUGESTES DE IMPERMEABILIZAES

A seguir sero descritos os principais locais que necessitam do processo de impermeabilizao em uma obra para evitar problemas de infiltraes, assim como as principais caractersticas de aplicao e restries. Citam-se tambm casos de problemas de impermeabilizao que foram estudados, com indicaes de causas e solues, e o processo mais adequado para cada caso. Dispondo de uma grande variedade de produtos com diferentes caractersticas, pouco provvel que apenas um tipo de produto possa ter desempenho satisfatrio. As solues de impermeabilizao estudadas so apenas algumas das disponveis, embora sejam as mais comuns e, por isso, as mais utilizadas e divulgadas.

4.1 Caso I - Estruturas enterradas

Estruturas enterradas so todas as estruturas que esto em contato permanente com o solo fazendo a conteno deste. Como exemplo, pode-se citar os muros de arrimo. As estruturas enterradas geralmente sofrem pela ausncia de um tratamento eficaz contra a umidade, ocorrendo infiltraes e degradao do revestimento. Gabrioli (2002) enfatiza que, como na maioria das vezes os sistemas impermeabilizantes ficaro enterrados, com srios impeditivos tcnicos e operacionais para correes de falhas, a impermeabilizao deve ser projetada para perdurar durante o prprio perodo de vida til previsto para a construo. As paredes enterradas podero, em certas situaes, apresentar problemas provocados pela infiltrao de gua do solo, o que poder ter como conseqncia, segundo Freitas (2003): A degradao do revestimento interior da parede; A formao de eflorescncias ou criptoflorescncias;

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Escorrncias e acumulao de gua; A corroso de elementos metlicos; Desenvolvimento de microbiota; Deteriorao dos materiais armazenados.

4.1.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em paredes enterradas

importante dizer que muitas vezes surge a impossibilidade de se realizarem as impermeabilizaes pelo exterior da estrutura, sendo que esta definitivamente a soluo mais eficaz. Por outro lado existem produtos que, pelas suas propriedades e caractersticas, no devem ser aplicados no interior de habitaes por no resistirem a presses negativas, de fora para dentro, originando o destacamento do sistema de impermeabilizao do suporte. A figura 35 mostra uma parede enterrada de uma casa de alvenaria na cidade de Santa Maria. A foto mostra a garagem da casa, na qual a parede foi executada encostada no aterro e apresenta problemas no revestimento interior devido m impermeabilizao e a falta de um dreno eficaz no lado do aterro.

Figura 35 Parede enterrada com infiltrao. (ACERVO DO AUTOR, 2009).

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A figura 36 mostra um esquema de patologia em estruturas enterradas.

Figura 36 Esquema de parede enterrada com infiltrao. (WEBER QUARTZOLIT, 2009).

A figura 37 apresenta um esquema das possveis solues para o problema.

Figura 37 Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em estruturas enterradas.

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4.1.1.1 Soluo atravs do lado externo da parede

Como geralmente h pouco espao para a execuo da impermeabilizao, os melhores sistemas so as membranas acrlicas ou com argamassa modificada com polmeros, devendo ser aplicadas no mnimo trs demos do produto. Podemse usar as mantas asflticas, com o cuidado de executar uma proteo mecnica para que o aterro ou o dreno que for executado em contato com a parede no prejudique o sistema. Associado ao sistema impermeabilizante deve-se executar um sistema de drenagem que esteja localizado entre o aterro e a impermeabilizao. A figura 38 demonstra um exemplo esquemtico de impermeabilizao executada pelo lado externo de parede em contato com o solo, com um dreno associado.

Figura 38 Exemplo esquemtico de uma barreira estanque associada a um sistema drenante/filtrante. (FREITAS, 2003, p. 3).

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4.1.1.2 Soluo atravs do lado interno da parede

No caso de soluo pelo lado interno, segundo Gabrioli (2002), deve ser feito em conjunto o rebaixamento do lenol fretico, por meio de ponteiras filtrantes, poos de drenagem, drenos horizontais ou outros recursos. Para eliminar a infiltrao, segundo a IBI (2009), devem ser executados os seguintes procedimentos: a) Delimitar a rea a ser tratada, marcando uma faixa com um metro de altura acima do nvel da terra acostada em toda a extenso de parede em que aparece a umidade; b) c) d) e) Nessa rea demarcada deve-se remover todo o revestimento Fechar as irregularidades com uma argamassa bem desempenada; Com a parede molhada, aplicar uma demo de argamassa polimrica. Aps um intervalo de seis horas entre cada demo, aplicar mais trs superficial da parede expondo a alvenaria;

demos, totalizando quatro demos. Depois de impermeabilizada a parede, executa-se novamente o revestimento. Para um melhor desempenho deve-se usar nesse revestimento argamassa com aditivo hidrfugo. Depois de solucionado o problema deve-se evitar perfuraes no revestimento que foi tratado, como a colocao de rodaps no ambiente, pois poder danificar a impermeabilizao e possibilitar a volta do problema.

4.2 Caso II - Fundaes

Um dos casos mais comuns de problemas relacionados infiltrao de gua se d por meio da capilaridade dos alicerces. O tratamento somente necessrio em fundaes diretas, como baldrames e radiers, para evitar transtornos futuros, principalmente de natureza esttica. Segundo Marques (2005) o cuidado no tratamento das fundaes no exige grandes investimentos ou mesmo execues muito complexas, sendo que existe no

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mercado uma diversidade de materiais que tornam as opes acessveis a todos os tipos de fundao. A aplicao do sistema impermeabilizante deve ser prevista com alguma antecedncia, evitando imprevistos e garantindo um servio bem feito. Para execuo de impermeabilizao em fundaes, dois tipos de sistemas so mais utilizados: as argamassas polimricas, demonstrado na figura 39, e as emulses asflticas (Figura 40).

Figura 39 Impermeabilizao dos baldrames com argamassa polimrica. (MARQUES, 2005, p. 49).

Figura 40 Impermeabilizao dos baldrames com membrana asfltica. (MARQUES, 2005, p. 49).

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4.2.1 Solues a serem empregadas nos problemas de impermeabilizao em fundaes.

No caso de no ocorrer uma boa impermeabilizao, o custo de executar um reparo muito maior. Segundo Marques (2005) as intervenes mais comuns so feitas com injees de produtos impermeabilizantes ou com argamassa polimrica, dependendo do material que foi utilizado na execuo das paredes, tijolos macios ou furados.

Figura 41 Patologia em revestimento devido umidade ascendente (ACERVO DO AUTOR, 2009).

A figura 41 mostra a foto da parede de uma casa de alvenaria em Santa Maria. A parede de um dormitrio com sute, sendo que nesse caso, apesar da parede ser de divisa com o banheiro, no h tubulaes na mesma, resultando que a patologia existente decorrente de falha na impermeabilizao das vigas baldrames, acarretando na degradao da argamassa de revestimento.

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A figura 42 apresenta um esquema das possveis solues para o problema.

Figura 42 Esquema de solues para problemas de impermeabilizao em fundaes.

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