Patrício José Moreira Pires Desenvolvimento de um Sistema ... advindo de transporte eólico. O...

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Patrício José Moreira Pires Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica In Situ para Remediação de Materiais Contaminados por Hidrocarbonetos de Petróleo Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao programa de pós- graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. José Tavares Araruna Júnior Rio de Janeiro Maio de 2004

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  • Patrício José Moreira Pires

    Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica

    In Situ para Remediação de Materiais Contaminados por

    Hidrocarbonetos de Petróleo

    Dissertação de Mestrado

    Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.

    Orientador: Prof. José Tavares Araruna Júnior

    Rio de Janeiro

    Maio de 2004

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  • Patrício José Moreira Pires

    Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica

    In Situ para Remediação de Materiais Contaminados por

    Hidrocarbonetos de Petróleo

    Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

    José Tavares Araruna Júnior Orientador

    Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

    Tácio Mauro Perreira de Campos Departamento de Química – PUC-Rio

    Maria Isabel Paes da Silva Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio

    Ana Paula Lougon Duarte Universidade Federal Fluminense – UFF

    Eng. Carlos António M. dos Santos REDUC / Petrobrás

    Prof. José Eugênio Leal Coordenador Setorial do

    Centro Técnico Cientifico da PUC-Rio

    Rio de Janeiro, 28 de Maio de 2004

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  • Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.

    Patrício José Moreira Pires

    Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB – em Maio de 2002.

    Ficha Catalográfica

    Pires, Patrício José Moreira

    Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica In Situ para Remediação de Materiais Contaminados por Hidrocarbonetos de Petróleo . Patrício José Moreira Pires; orientador: José Tavares Araruna Júnior - Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Engenharia Civil, 2004.

    v. , [20] 189 f. :il ;29.7 cm.

    1. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil.

    Inclui referências bibliográficas.

    1. Engenharia Civil – Teses. 2. Dessorção Térmica. 3. Remediação. 4. Cobertor Térmico. 5 Hidrocarbonetos de Petróleo. I Araruna, José Tavares II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. III. Titulo

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  • A meus sobrinhos, Camilla, Tito Lívio e Gabriella, as figurinhas mais divertidas que conheço. E em especial a meu sobrinho Ciro José, a mais nova alegria de

    minha família.

    Aos meus queridos pais, Pola (in memorian) e Terezinha, maiores incentivadores desse trabalho. A eles todo o meu amor, respeito e minha eterna gratidão.

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  • Agradecimentos

    Antes de mais nada, quero agradecer a Deus, por estar sempre a meu lado a

    iluminar o meu caminho.

    Ao Professor Araruna pela excelente orientação deste trabalho, por sua

    paciência e dedicação.

    A professora Maria Isabel Paes e Henrique, pela valiosa ajuda nas análises

    químicas realizadas.

    A Refinaria Duque de Caxias, pelo fornecimento das amostras indispensáveis

    para realização dos ensaios, em especial ao Engenheiro Carlos Antonio M.

    Santos.

    Aos professores, Tácio, Franklin, Vargas, Cláudio Amaral, Fontoura, Romanel,

    e Sayão pelos conhecimentos transmitidos ao longo do curso de mestrado.

    Ao professor Giuseppe e os funcionários do laboratório de estruturas, pela

    amizade e ajuda na confecção da calha em concreto.

    A professora Roberta Ziolli e a Wilson, pela ajuda nas análises de

    determinação de TPH.

    A Grace Mary, por sua competência e ajuda, com respeito a relatórios e bolsas

    da ANP.

    Aos companheiros do Laboratório de Geotecnia, Willian, “Seu” José, Josué e

    Amaury, pela essencial ajuda no desenvolvimento desse trabalho.

    A Vitor Hugo, pela ajuda na montagem dos controladores de temperatura.

    A Mariana Nogueira pelo fornecimento da Manta Asfáltica.

    Aos companheiros do apartamento 202 nos Oitis, Laerte, Julio, Aldo, Zé

    Roberto e o Rato, pelos bons momentos de descontração vividos e que muitas

    vezes terminavam no BG.

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  • Aos amigos de pós graduação, Ana Paula, Ciro (mental), Ataliba, Bello,

    Janaina, Fernando, Zé Roberto, Mônica, Jorge, Flávio, Renato, Hugo, Leandro

    (Bob Esponja), Patrícia e Gisele, pelos papos e amizade. Em especial a Rafael

    e Ricardo (Playboy), pelas longas horas de estudo em grupo e por tê-los como

    amigos e a Juliana por sua indispensável amizade e por sua companhia tão

    agradável.

    Aos companheiros , Aellington, Joabson e Leonardo Andrade, pela excelente

    convivência e pela indispensável amizade.

    Aos amigos distantes, nem por isso esquecidos, Airton, Wibergson, Aroldo,

    Messias, Reno, Luis, Uraíto, Júnior, Atenágoras, Erika e Carlangelo, pelos

    muitos anos de amizade.

    A Carolina Macedo, pelos bons momentos juntos.

    Ao tio Assis e dona Carmem, minha família no Rio, pela excelente acolhida em

    sua casa.

    A minha irmã Lisieux, aos meus irmãos, Ranieri e Romero, as minhas

    cunhadas, Lêda e Bemare, a meu cunhado Tito e a Dé, que mesmos distantes

    sempre se fizeram presentes nesses anos fora de casa.

    A ANP, PRONEX e ao CNPQ pelo apoio financeiro.

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  • Resumo

    Pires, Patrício José Moreira; Araruna, José Tavares. Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica In Situ para Remediação de Materiais Contaminados por Hidrocarbonetos de Petróleo. Rio de Janeiro, 2004. 190p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

    O presente trabalho avaliou a eficácia da dessorção térmica in situ em

    remediar materiais contaminados por hidrocarbonetos de petróleo em refinarias. Paralelamente, foi projetado e construído um novo sistema modular para ser empregado sob dutovias para remediação de britas contaminadas.

    Os resultados do programa experimental revelaram ser possível a remediação de pavimentos de concreto contaminados por óleo combustível. A aplicação de calor na superfície do pavimento reduziu em até 65% a sua resistência, porém propiciou a restauração de sua cor original. Verificou-se que os resíduos do processo, após análises mineralógicas por difração de raios X e químicas por espectroscopia de fluorescência, apresentavam uma composição muito semelhante ao solo empregado como material de construção dos aterros da refinaria, sugerindo que o resíduo possa ser advindo de transporte eólico.

    O sistema desenvolvido no presente trabalho apresentou um desempenho satisfatório. Verificou-se a necessidade de aeração do material remediado para eliminar a produção de coque. Adicionalmente, observou-se a importância de um bom isolamento térmico para minimizar o consumo energético e impedir a propagação de calor e das emissões para a atmosfera.

    As emissões geradas pelo aquecimento consistiam de olefinas e parafinas que podem ser devidamente tratadas pelo oxidador térmico.

    Palavras-chave Dessorção Térmica in situ; Remediação; Cobertor térmico;

    hidrocarbonetos de petróleo.

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  • Abstract

    Pires, Patrício José Moreira Pires; Araruna, José Tavares (Advisor). Development of an In Situ Thermal Desorption System for the Remediation of Petroleum Hidrocarbon Contaminated Materials. Rio de Janeiro, 2004. 190p. MSc Dissertation – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

    This dissertation assessed the adequacy of in situ thermal desorption (istd)

    in cleaning oil contaminated debris from Refineries. A new modulated istd system was designed and built in order to remediate oiled cobbles under pipeways.

    The experimental results revealed the possibility of cleaning concrete pavements contaminated by heavy oil. The thermal desorption process restored their original color but reduced their resistance up to 65%. It was observed that the resulting debris, after mineralogical analyses by X-ray diffraction and chemical analysis by X-Ray fluorescence, have a similar composition to the soil employed in the fills throughout the Refinery, indicating that the debris could well have been transported by the wind.

    The system devised here had a satisfactory performance. It was observed the necessity of aeration during the treatment in order to avoid the production of coke. Additionally, it was also observed the importance of a good thermal insulation in order to minimize power consumption and the propagation of heat and gas emissions to the atmosphere.

    The gases emissions consisted mainly of olefins and paraffins that had been reasonably been treated by the thermal oxidizer devised herein.

    Keywords In situ Thermal Desorption; Remediation; Thermal blanket; Petroleum

    hydrocarbons.

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  • Sumário

    1 Introdução 21

    1.1. Justificativa e Objetivo 24

    1.2. Organização da dissertação 24

    2 Revisão bibliográfica 26

    2.1. Do processo térmico de remediação e a escolha da técnica de mais

    adequada de descontaminação 26

    2.2. A técnica de dessorção térmica e suas aplicações 28

    2.3. Vantagens do uso da dessorção térmica in situ (DTIS) 36

    2.4. Comportamento do fluxo de fluido e calor no processo de dessorção 39

    2.5. Sistema de dessorção térmica e tratamento de gases 45

    3 Desenvolvimento de um novo protótipo de dessorção térmica in situ 52

    3.1. Características desejáveis 52

    3.2. Equipamentos projetados, desenvolvidos e materiais especiais utilizados no

    NPTIS 53

    3.2.1. Calha em concreto 54

    3.2.2. Cobertor térmico 58

    3.2.3. Isolante térmico 63

    3.2.4. Manta asfáltica 66

    3.2.5. Controlador de temperatura 68

    3.2.6. Câmara de carvão ativado e bomba a vácuo 72

    3.2.7. Oxidador térmico 75

    3.2.8. Sistema de monitoramento e aquisição de dados 79

    4 Avaliação da técnica de dessorção térmica 81

    4.1. Considerações iniciais 81

    4.2. Descrição do mini-sistema de dessorção térmica (MSDT) 82

    4.2.1. Mini cobertor térmico 82

    4.2.2. Controlador de temperatura 83

    4.2.3. Tanque em tijolo refratário 84

    4.2.4. Sistema de monitoramento e aquisição de dados 85

    4.3. Ensaio 01 – Uso do MSDT na remediação de britas contaminadas com óleo

    85

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  • 85

    4.3.1. Metodologia do ensaio. 85

    4.3.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 86

    4.4. Ensaio 02 – Uso do MSDT na remediação de britas contaminadas com óleo

    91

    4.4.1. Metodologia do ensaio 92

    4.4.2. Monitoramento da temperatura e consumo de energia 94

    4.4.3. Análise mineralógica por difração de raio-X 102

    4.4.4. Análise química por fluorescência de raio-X 105

    4.4.5. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 106

    4.5. Ensaio 03 – Uso do MSDT na remediação de placas em concreto

    contaminadas com óleo combustível 110

    4.5.1. Metodologia do ensaio 111

    4.5.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 112

    4.5.3. Análise mineralógica por difração de raio-X 118

    4.5.4. Análise química por fluorescência de raio-X 120

    4.5.5. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 121

    4.5.6. Resistência do concreto submetido a altas temperaturas 122

    5 Novo protótipo de dessorção térmica in situ 127

    5.1. Considerações iniciais 127

    5.2. Ensaio 01 - PDTIS 127

    5.2.1. Metodologia do ensaio 128

    5.2.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 133

    5.2.3. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 139

    5.3. Ensaio 02 - PDTIS 143

    5.3.1. Metodologia do ensaio 143

    5.3.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 145

    5.3.3. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 150

    5.4. Ensaio 03 - PDTIS 152

    5.4.1. Metodologia do ensaio 152

    5.4.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 155

    5.4.3. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 161

    5.4.4. Cromatografia gasosa 162

    5.5. Ensaio 04 – Oxidador térmico (OXT) 164

    5.6. Ensaio 05 - PDTIS 166

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  • 5.6.1. Metodologia do ensaio 166

    5.6.2. Monitoramento da temperatura e do consumo de energia 168

    5.6.3. TPH – Hidrocarbonetos de petróleo totais 174

    5.6.4. Cromatografia gasosa 176

    6 Conclusões e sugestões para trabalhos futuros 179

    6.1. Conclusões 179

    6.1.1. Sugestões para trabalhos futuros 180

    Referências Bibliográficas 182

    Apêndice A - Programação do controlador de temperatura Incon CNT-110

    185

    A.1. Apresentação 185

    A.2. Parâmetros de programação do controlador 186

    A.3. Programação para realização de um ensaio de dessorção térmica. 187

    A.4. Ciclo de operação 189

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  • Lista de figuras

    Figura 1 – Controle das concentrações inicias de PCB, Vinegar et al. (1997). 34

    Figura 2 – Cobertor térmico e bastonetes térmicos, TerraTherm (2004). 35

    Figura 3 – Esquema do fluxo de calor que atravessa um material 42

    Figura 4 – Esquema do sistema de dessorção térmica in situ, Terratherm. 47

    Figura 5 – Detalhes do cobertor térmico. 47

    Figura 6 – Fluxo de ar provocado pelo bombeamento a vácuo. 48

    Figura 7 – A química do tratamento, oxidação. (TerraTherm,1999) 49

    Figura 8 – Esquema do novo sistema de dessorção térmica a ser desenvolvido.

    52

    Figura 9 - Perspectiva de calha em concreto (desenho não está em escala). 54

    Figura 10 – Distribuição transversal da armadura da calha em concreto 55

    Figura 11 - Forma e armadura da calha. 55

    Figura 12 – Detalhe da armadura e forma da calha. 56

    Figura 13 – Calha concretada. 56

    Figura 14 - Calha em concreto. 57

    Figura 15 – Esqueleto do cobertor térmico com os perfis em “L”, vista em planta.

    59

    Figura 16 – Esqueleto do cobertor térmico com os perfis em L e a tela tipo

    moeda. 59

    Figura 17 – Cobertor térmico ( grade, tela e resistência). 60

    Figura 18 - Cobertor térmico ( grade, tela e resistência), corte lateral. 60

    Figura 19 – Detalhe inferior da estrutura do cobertor térmico. 61

    Figura 20 – Estrutura metálica do cobertor térmico 61

    Figura 21 – Vista inferior do cobertor térmico 62

    Figura 22 – Detalhe das resistências e isolantes refratários do cobertor térmico.

    62

    Figura 23 – Fibra cerâmica. 63

    Figura 24 – Condutividade térmica de mantas de fibra cerâmica, FiberFrax

    (2003). 64

    Figura 25 – Manta asfáltica de 4mm, com uma face revestida com alumínio. 66

    Figura 26 – Manta asfáltica, após utilizada em alguns ensaio 67

    Figura 27 – Controlador de temperatura, Incon CNT 110. 68

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  • Figura 28 – Controlador de potência, série mini, bifásico até 40A, vista superior.

    70

    Figura 29 – Controlador de potência, série mini, bifásico até 40A, vista lateral. 70

    Figura 30 – Detalhe da chave e do controlador de temperatura. 71

    Figura 31 – Câmara de carvão ativado. 72

    Figura 32 – Câmara e tampa. 72

    Figura 33 – Câmara de carvão ativado adaptado para amostragem de gases. 73

    Figura 34 – Bomba a vácuo. 74

    Figura 35 – Aquecedor (tubo em alumina revestido com resistência). 74

    Figura 36 – Detalhe do aquecedor. 75

    Figura 37 - Aquecedor revestido com fibra cerâmica fixada com fita de amianto

    (frente). 75

    Figura 38 - Aquecedor revestido com fibra cerâmica fixada com fita de amianto

    (lateral). 76

    Figura 39 – Oxidador térmico (vista da alimentação) 76

    Figura 40 – Oxidador térmico ( lado do termopar) 77

    Figura 41 – Controlador de temperatura do oxidador térmico. 78

    Figura 42 – Termopares tipo k do data logger. 78

    Figura 43 - Data logger 79

    Figura 44 – Janela do AMR-Control. 79

    Figura 45 – Mini cobertor térmico 82

    Figura 46 – Diagrama esquemático do mini cobertor térmico (adaptado de

    Portes, 2002) 82

    Figura 47 – Controlador de temperatura do mini-sistema de dessorção térmica 83

    Figura 48 – Ensaio 01, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento. 87

    Figura 49 – Suporte para colocação de material contaminado no tanque

    refratário 93

    Figura 50 – Ensaio 02, britas contaminadas por óleo 94

    Figura 51– Ensaio 02, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento. 97

    Figura 52 – Ensaio 02, brita a 100ºC. 98

    Figura 53 - Ensaio 02, brita a 200ºC. 98

    Figura 54 - Ensaio 02, brita a 300ºC. 99

    Figura 55 - Ensaio 02, brita ao término do ensaio. 100

    Figura 56 – Ensaio 02, britas lavadas para retirada do material fino 100

    Figura 57 – Ensaio 02, brita macerada. 103

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  • Figura 58 – Difratograma de raio-X do macerado da brita. 104

    Figura 59 – Ensaio 02, resíduo sobre a brita. 104

    Figura 60 - Difratograma de raio-X do resíduo sobre a brita. 105

    Figura 61 – TOG/TPH Analyzer. 107

    Figura 62 – Calibração do TOG/TPH 108

    Figura 63 – Faixa linear do TOG/TPH 109

    Figura 64 – Ensaio 03, placa em concreto contaminadas por óleo 110

    Figura 65 – Ensaio 03, placa em concreto contaminada, preparação do ensaio.

    111

    Figura 66 - Ensaio 03, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento 114

    Figura 67– Ensaio 03, placa em concreto a 150ºC. 115

    Figura 68 - Ensaio 03, placa em concreto a 250ºC. 116

    Figura 69 - Ensaio 03, placa em concreto depois de tratada (vista superior). 117

    Figura 70 -Ensaio 03, placa em concreto depois de tratada (vista inferior). 117

    Figura 71 -Ensaio 03, placa em concreto depois de tratada (vista lateral). 117

    Figura 72 – Ensaio 03, placa em concreto macerada. 118

    Figura 73 – Difratograma de raio-X do macerado da placa em concreto. 119

    Figura 74 – Ensaio 03, resíduo sobre a placa em concreto. 119

    Figura 75 – Difratograma de raio-X do resíduo sobre a placa em concreto. 120

    Figura 76 – Corpos de prova em concreto (10x20cm). 123

    Figura 77 – Corpos de prova sobre suporte no tanque refratário 124

    Figura 78 - % de perda de resistência para corpos de prova em concreto

    submetidos a altas temperaturas. 126

    Figura 79 – Ensaio 01 - PDTIS , pesagem das britas contaminadas 128

    Figura 80 – Ensaio 01 - PDTIS , britas contaminadas dentro da calha em

    concreto. 129

    Figura 81 - Ensaio 01 - PDTIS , britas contaminadas dentro da calha em

    concreto, vista lateral. 129

    Figura 82 – Ensaio 01 - PDTIS , cobertor térmico apoiado sobre vergalhões

    dentro da calha em concreto. 130

    Figura 83 – Ensaio 01 - PDTIS, colocação da fibra cerâmica. 130

    Figura 84 – Ensaio 01 - PDTIS, detalhe de cantoneiras e cabos de aço para

    fixação da manta asfáltica 131

    Figura 85 – Ensaio 01 - PDTIS , termopares 132

    Figura 86 – Ensaio 01 - PDTIS, bancada de ensaio montada. 133

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  • Figura 87 - Ensaio 01 - PDTIS, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento 135

    Figura 88 – Ensaio 01 - PDTIS, cabo desconectado do cobertor térmico 137

    Figura 89 – Ensaio 01 - PDTIS, óleo endurecido sobre as britas 137

    Figura 90 - Ensaio 01 - PDTIS, fim do ensaio. 138

    Figura 91 – Ensaio 01 - PDTIS, brita macerada impregnada com coque após o

    aquecimento. 140

    Figura 92 – Ensaio 01 - PDTIS, coque impregnado as britas após o aquecimento.

    141

    Figura 93 – Ensaio 02 - PDTIS, britas contaminadas dentro da calha em

    concreto. 143

    Figura 94 – Ensaio 02 - PDTIS, termopares. 144

    Figura 95 - Ensaio 02 - PDTIS, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento. 147

    Figura 96 – Ensaio 02 - PDTIS, britas após o processo de dessorção térmica.149

    Figura 97 – Ensaio 02 - PDTIS, detalhe de britas contaminadas e após

    descontaminação. 150

    Figura 98 – Ensaio 02 - PDTIS, brita macerada depois tratamento. 151

    Figura 99 – Ensaio 02 - PDTIS – resíduo sobre a brita após a descontaminação.

    151

    Figura 100 – Ensaio 03 – PDTIS , britas contaminadas dentro da calha em

    concreto. 153

    Figura 101 – Ensaio 03 – PDTIS, detalhe da fixação da manta asfáltica com

    parafuso. 153

    Figura 102 – Ensaio 03 – PDTIS, bancada de ensaio. 154

    Figura 103 - Ensaio 03 - PDTIS, comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento. 157

    Figura 104 – Ensaio 03 - PDTIS, britas após o processo de dessorção térmica.

    159

    Figura 105 – Ensaio 03 - PDTIS, detalhe de britas contaminadas e após

    descontaminação. 160

    Figura 106 – Ensaio 03 - PDTIS , britas após o processo de dessorção térmica.

    160

    Figura 107 – Ensaio 03 -PDTIS, brita macerada depois do aquecimento. 161

    Figura 108 – Ensaio 03 - PDTIS – resíduo sobre a brita após a

    descontaminação. 162

    Figura 109 – Ensaio 04 – Esquema do teste com o oxidador térmico 164

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  • Figura 110 – Ensaio 04 – teste do oxidador térmico 165

    Figura 111 – Ensaio 05 - PDTIS , britas contaminadas dentro da calha em

    concreto. 166

    Figura 112 – Ensaio 05 - PDTIS , bancada de ensaio montada. 168

    Figura 113 - Ensaio 05 - PDTIS , comportamento da temperatura nos pontos de

    monitoramento. 171

    Figura 114 – Ensaio 05 - PDTIS , britas após o processo de dessorção térmica.

    173

    Figura 115 – Ensaio 05 - PDTIS , brita macerada depois do aquecimento. 174

    Figura 116 – Ensaio 05 - PDTIS – Coque sobre a brita após o aquecimento. 175

    Figura 117 – Ensaio 05 - PDTIS – resíduo sobre a brita onde não houve

    formação de coque. 176

    Figura 118 – Painel frontal do controlador de temperatura Incon CNT-110 185

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  • Lista de tabelas

    Tabela 1 - Técnicas para Controle e Remediação de Áreas

    Contaminadas(Evans, 1991). 27

    Tabela 2 - Propriedades de alguns químicos orgânicos encontrados em áreas

    contaminadas ( Davis,1997). 30

    Tabela 3 – Resumo das temperaturas versus profundidade, Stegemeier e

    Vinegar (1995) 35

    Tabela 4 – Percentual de n-hexadecano removido e quantidade residual desse

    por camada de solo, Stegemeier e Vinegar (1995) 35

    Tabela 5 – Locais onde foram aplicado a dessorção térmica (Baker e Kuhlman,

    2002). 36

    Tabela 6 – Comparativo de preços entre diferentes técnicas de remediação

    (Wood, 1997). 38

    Tabela 7 - Propriedades Térmicas do Solo (adaptada de Mitchell, 1993). 42

    Tabela 8 – Mecanismos de remoção dos contaminantes versus temperatura

    (Baker e Kuhlman, 2002). 47

    Tabela 9 – Características do concreto da calha 54

    Tabela 10 - Resistência à corrosão (NBR 6847/81) 58

    Tabela 11 – Características das fibra cerâmicas (FiberFrax, 2003). 63

    Tabela 12 – Características da manta asfáltica (Denver, 2004) 66

    Tabela 13 – Características do controlador Incon CNT 110 68

    Tabela 14 – Resumo dos ensaios realizados e análises desenvolvidas para cada

    ensaio. 80

    Tabela 15 – Ensaio 01, temperaturas máximas e mínimas registradas. 86

    Tabela 16 – Variações máximas das temperaturas ao longo do ensaio 01 89

    Tabela 17 – Percentual de temperatura transmitida para os pontos 0, 1, 2, 3 e 4.

    90

    Tabela 18 - Pontos de ignição de combustíveis transportados em dutovias 91

    Tabela 19 – Ensaio 2, resumo do monitoramento da temperatura e consumo de

    energia 95

    Tabela 20 – Desvios padrões nos pontos de medição de temperatura do ensaio

    02. 100

    Tabela 21 - Ensaio 02, temperatura transmitida do cobertor térmico para sua

    superfície externa 101

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  • Tabela 22 – Ensaio 02, fluorescência de raio-X 104

    Tabela 23 - Valores de adsorbância (sinal) e concentração de TPH 107

    Tabela 24– Ensaio 3, resumo do monitoramento da temperatura e consumo de

    energia. 112

    Tabela 25 – Ensaio 03, fluorescência de raio-X 119

    Tabela 26 – Verificação da perda de resistência de concreto submetidos a altas

    temperaturas. 124

    Tabela 27 – Resumo dos ensaios realizados e análises desenvolvidas para

    ensaios com o PDTIS. 127

    Tabela 28 - Ensaio 01 – PDTIS, resumo do monitoramento da temperatura e

    consumo de energia 134

    Tabela 29 - Ensaio 02 – PDTIS, resumo do monitoramento da temperatura e

    consumo de energia. 146

    Tabela 30 - Ensaio 03 – PDTIS, resumo do monitoramento da temperatura e

    consumo de 156

    Tabela 31 - Ensaio 04 – PDTIS, resumo do monitoramento da temperatura e

    consumo de energia. 170

    Tabela 32 – Concentração dos compostos 177

    Tabela 33 – Ciclos de programação 186

    Tabela 34 – Programação do controlador de temperatura. 189

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  • Lista de símbolos e abreviaturas

    CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

    IPIECA International Petroleum Industry Environmental Conservation

    Association

    LIGTH Companhia Fornecedora de Energia do Estado do Rio de Janeiro

    MMA Ministério do Meio Ambiente

    OSDIR Oil Spill Inteligence Report

    USEPA United States Environmental Protection Agency

    PCBs Bifenilas Policloradas

    HPAs Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

    EPA Environmental Protection Agency

    TCE Tricloroetileno

    PCE Tetracloroetilleno

    IR Radiação infravermelha

    TPH Hidrocarbonetos de Petróleo Totais

    ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

    CO Monóxido de Carbono

    CO2 Dióxido de Carbono

    CH4 Metano

    ppm Partes Por Milhão

    V Volts

    A Ampere

    W Watts

    C Celsius

    Q Vazão

    mg Miligrama

    L Litro

    mL mililitro

    kg quilograma

    k Permeabilidade absoluta

    kr Permeabilidade relativa

    A Área

    p Pressão

    l Comprimento

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  • µ Viscosidade

    re Raio externo

    rw Raio do poço (bastonetes)

    h Comprimento do poço

    λ condutividade térmica α difusividade térmica c calor específico

    ρ densidade

    S constante de Stephan-Boltzmann

    e emissividade

    f fator de forma

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  • 1 Introdução

    Os derivados do petróleo detêm uma grande importância na sociedade

    atual, que dificilmente se encontrará outro grupo de produtos que se lhes possa

    comparar. São obtidos a partir do petróleo, substâncias diversas como os

    combustíveis, os óleos e massas lubrificantes, os asfaltos, as tintas e os

    plásticos.

    Sem prejuízo de todas as vantagens sócio-econômicas associadas à

    indústria do petróleo, não se poderão nunca desprezar alguns importantes

    malifícios que dela advêm. A poluição que é gerada, por si e pela utilização dos

    seus produtos, se tem revelado como alvo das maiores preocupações atuais.

    Um risco de contaminação potencial pode ser associado a esta indústria,

    visto os muitos acidentes que ocorrem em alguma etapa da produção da

    indústria petroleira, que levam contaminação por hidrocarbonetos ao meio

    ambiente atingindo oceanos, rios, água subterrânea e solos. É noticia quase que

    comum o relato de acidente em todo mundo que causam o derrame, muitas

    vezes, de grande quantidade de petróleo e de seus derivados, seja no transporte

    por dutos, ferrovias, marítimo, fluvial e rodoviário como também em etapas na

    extração e refino. Existe ainda a contaminação causada por vazamento de

    tanques de postos de combustíveis que contaminam o solo e a água

    subterrânea.

    Os pequenos vazamentos, provenientes do transporte marítimo

    representam cerca de 98% das perdas totais de petróleo e derivados, e são

    considerados "normais" por vários autores. Já as perdas acidentais, que

    correspondem aos 2% restantes, contribuem com o lançamento de,

    aproximadamente, 400.000 toneladas por ano de óleo (IPIECA, 1991).

    São os grandes vazamentos que mais chamam a atenção da maioria das

    pessoas. O primeiro caso conhecido envolveu o encalhe do navio Torrey

    Canyon, em 1967, com 123.000 toneladas de óleo derramadas, atingindo a zona

    costeira da Inglaterra e da França, causando mortandade de aves e prejuízos à

    pesca e ao turismo. Em 1978, ocorreu o encalhe do navio Amoco Cadiz, também

    na costa da Inglaterra, com liberação de 230.000 toneladas de óleo ao mar, que

    provocaram um grande desastre ambiental (OSIR, 1998). No Brasil, o primeiro

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  • Capítulo 1 – Introdução 22

    grande episódio conhecido ocorreu em agosto de 1974, quando o petroleiro

    Takimyia Maru chocou-se com uma rocha no Canal de São Sebastião, litoral

    norte de São Paulo, causando o vazamento aproximado de 6.000 toneladas

    (CETESB, 2004).

    Da década de trinta até os dias atuais, a indústria do petróleo vem

    crescendo progressivamente. Foram descobertos novos campos petrolíferos,

    aperfeiçoadas as explorações submarinas, construídos superpetroleiros

    transoceânicos, inaugurados terminais de carga e descarga de petróleo e

    derivados, refinarias e oleodutos interestaduais e internacionais.

    Conseqüentemente, foram sendo liberados cada vez mais petróleo, seus

    derivados e resíduos oleosos ao meio ambiente, provenientes dos motores e das

    lavagens de tanques de navios cargueiros, petroleiros e pesqueiros, da descarga

    de água de lastro, e os vazamentos provenientes das operações de carga e

    descarga nos portos (CETESB, 2004).

    Paralelamente a esse “desenvolvimento” houve também o crescimento e

    o despertar de uma consciência ambiental voltada aos problemas causados ao

    meio ambiente por essa e por outras indústrias impactantes, havendo um maior

    rigor de órgãos e agências ambientais do governo, organizações não

    governamentais (ONG’s), ministério público e a sociedade em geral. Nasceu

    também nas próprias indústrias impactantes o espírito de preservação e solução

    para que suas atividades sejam menos ofensivas ao meio ambiente. Em alguns

    casos, essas ações foram forçosamente implementadas por estas indústrias

    estarem obrigadas a adequar sua postura e política às normas e leis vigentes.

    Hoje, as Agências Ambientais têm o poder de punir e fiscalizar atividades

    que possam causar danos à natureza. Muitas vezes aplicando multas bem

    elevadas, as quais, em sua maioria já destinadas à programas de remediação e

    limpeza de áreas contaminadas. Como exemplo da ordem que podem chegar

    essas multas, uma companhia de Nova Iorque cujo navio derramou 98000

    galões de óleo na costa de Massachusetts, em 27 de abril de 2003, foi

    condenada a pagar R$ 30 milhões por esse derrame. No Brasil, em janeiro de

    2000, a Petrobrás foi condenada a pagar R$ 50 milhões em multa pelo derrame

    de 2 milhões de toneladas de óleo da Baía de Guanabara.

    Infelizmente, acidentes com combustíveis continuam a acontecer e,

    muitas vezes, não tem só o meio ambiente como vítima. Conforme visto no O

    Globo (2004), recentemente no Irã um trem desgovernado carregado com

    combustível, enxofre e fertilizantes descarrilou e explodiu, espalhando destruição

    por cinco aldeias iranianas. Dos 51 vagões do trem, 17 tinham enxofre, seis

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  • Capítulo 1 – Introdução 23

    continham gasolina, sete estavam repletos de fertilizantes e dez traziam um

    carregamento de algodão, todos materiais inflamáveis. Nesse acidente além dos

    danos ao meio ambiente, pelo menos 295 pessoas morreram e mais de 400

    ficaram feridas, grande parte delas bombeiros e moradores da região que foram

    tentar apagar os incêndios causados pelas primeiras explosões.

    Um caso histórico da atuação de órgãos ambientais juntamente com a

    sociedade e empresas envolvidas diretamente com o problema para a

    descontamição de áreas contaminadas é visto na cidade Praia de Ávila na

    Califórnia nos Estados Unidos (Progressive Engineer, 2003).

    Durante 100 anos a indústria bombeava óleo dos campos central e da

    costa da Califórnia, a alguns quilômetros de distância, para tanques enormes na

    Praia de Ávila. Bombeando, por tubulações sob a cidade, o petróleo não

    refinado, gasolina e diesel para as instalações de armazenamento a espera de

    navios que transportavam esse material. Com o passar do tempo, os

    vazamentos em oleodutos, a pluma gerada por um derramamento de derivados

    de petróleo, da ordem de alguns milhões de litros, ocorridos no subsolo começou

    a mover-se em direção ao oceano.

    A Progressive Engineer (2003) relata que a contaminação nessa cidade

    chegou a tal ponto que dois jovens foram lançados para fora do apartamento por

    uma explosão causada por vazamento de gases das tubulações subterrâneas

    que atingiu a chama piloto do aquecedor. Em outro ponto da cidade, em uma

    escavação de uma fundação rasa, observou-se a presença de uma grande

    quantidade de gasolina misturada à água subterrânea. Por esses e por outros

    casos chegou-se a uma situação extrema que mobilizou toda a sociedade.

    Uma equipe multidisciplinar identificou em um trabalho cauteloso todas as

    áreas subterrâneas contaminadas. Através de escavações e retiradas do solo

    contaminado e, também, através de bombeamento feito em poços instalados

    eram retiradas enormes quantidades de hidrocarbonetos. A cidade foi

    praticamente reconstruída devido à necessidade, muitas vezes, de fazer

    demolições para a retirada de solo contaminado sob as construções.

    O problema de contaminação por hidrocarbonetos existe, sendo

    necessário o estudo e o desenvolvimento de técnicas eficientes para a

    remediação de áreas atingidas.

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  • Capítulo 1 – Introdução 24

    1.1. Justificativa e Objetivo

    O Brasil sofre com a falta de uma estrutura legal ambiental eficiente para

    regular projetos que envolvem a remediação de solos e águas subterrâneas.

    Não existem parâmetros definidos em lei, por exemplo, para o nível de

    descontaminação que se deve atingirem um solo impactado com

    hidrocarbonetos totais de petróleo ou compostos orgânicos voláteis. A falta

    desse arcabouço legal desencadeia conseqüências indesejáveis sobre este

    mercado. A escassa disponibilidade de equipamentos para projetos de

    remediação vai desde uma tampa de poço de monitoramento até “sofisticados”

    equipamentos de incineração. Fatores como estes fazem com que um projeto de

    remediação no país sofra incertezas técnicas extremas. Sabe-se, também, pela

    literatura disponível, que projetos envolvendo a descontaminação de solos e/ou

    águas subterrâneas normalmente assumem custos que podem alcançar

    facilmente a casa dos milhões de reais. Este tipo de investimento, às vezes não

    planejado, pode afetar a saúde financeira de uma empresa.

    O objetivo deste trabalho é apresentar, propor e avaliar o uso da técnica

    de dessorção térmica para descontaminação de materiais contaminados por

    derrame de óleo. Paralelamente, buscou-se desenvolver um protótipo de um

    sistema in situ adequado a remediação desses materiais. Esse protótipo que se

    busca aqui desenvolver, tem todas as suas características voltadas para sua

    utilização in situ, buscando-se representar um modelo reduzido de uma

    aplicação real desse equipamento e dessa técnica nas condições de campo.

    É importante ressaltar que esse trabalho é parte de uma linha de

    pesquisa na área de geotecnia ambiental, seguida na Pontifícia Universidade

    Católica do Rio de Janeiro. Essa foi a linha de pesquisa seguida por Portes

    ,2002; Oliveira, 2002; Mergulhão, 2003; Souza, 2003; Duarte, 2004. Quaisquer

    incertezas e/ou dúvidas aqui levantadas possivelmente serão esclarecidas em

    trabalhos futuros.

    1.2.Organização da dissertação

    Este trabalho foi dividido em sete capítulos, os quais são brevemente

    descritos a seguir.

    Capitulo 1 – Introdução – é apresentado um breve comentário a respeito

    da importância do estudo de métodos de descontaminação para limpeza de

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  • Capítulo 1 – Introdução 25

    materiais contaminados por hidrocarbonetos de petróleo, mostrando alguns

    casos de acidentes de grandes proporções ocorridos, apresentado o objetivo

    principal desse trabalho e como foi dividida essa dissertação.

    Capitulo 2 – Revisão Bibliográfica – nesse capitulo é apresentado a

    técnica de dessorção térmica, fazendo considerações relevantes a respeito

    desse método de remediação, como o funcionamento da técnica, vantagens de

    sua utilização, comportamento do fluxo de calor, tudo baseado em consultas na

    literatura existente que relatam essa técnica de remediação.

    Capitulo 3 - Desenvolvimento de um novo protótipo de dessorção térmica

    in situ – aqui é mostrado os equipamentos desenvolvidos bem como materiais

    especiais utilizados na confecção desse protótipo. São apresentadas as

    principais características desses equipamentos e a importância de cada um para

    o protótipo desenvolvido.

    Capitulo 4 - Avaliação da técnica de dessorção térmica na remediação de

    materiais contaminados por hidrocarbonetos de petróleo – nessa parte da

    dissertação faz-se inicialmente a apresentação de trabalhos preliminares que

    mostram a avaliação do método de dessorção térmica com o mini sistema de

    dessorção térmica anteriormente desenvolvido na PUC-RIO.

    Capitulo 5 – Teste do novo protótipo de dessorção térmica in situ

    desenvolvido – nesse capítulo é feita a avaliação do novo protótipo

    desenvolvido. Sendo apresentados para essas avaliações as análises e

    resultados obtidos.

    Capitulo 6 – Conclusões e Sugestões – finalmente são mostradas todas

    as conclusões desse trabalho e as sugestões para trabalhos futuros com

    respeito ao trabalho desenvolvido.

    Referências Bibliográficas – onde estão listados os materiais consultados

    para o desenvolvimento dessa dissertação.

    Ainda consta na parte final dessa dissertação, um apêndice que mostra

    como programar o controlador de temperatura.

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  • 2 Revisão bibliográfica

    O presente capítulo apresenta uma breve descrição do processo de

    dessorção térmica, detalhando as suas vantagens e fazendo uma abordagem do

    fluxo de calor em meios porosos.

    2.1. Do processo térmico de remediação e da escolha da técnica mais adequada de descontaminação

    A transmissão de calor de um corpo quente para um corpo frio é um

    fenômeno físico que o homem percebeu desde a mais remota época. De acordo

    com Araújo (1970), o controle, o manejo e o aproveitamento prático-econômico

    deste fenômeno são assuntos relativamente recentes, interessando cientistas,

    matemáticos e engenheiros de várias especialidades.

    De fato, o uso de processos térmicos, vem se difundindo nos últimos

    anos na engenharia ambiental como uma alternativa eficiente e, em alguns

    casos, a solução mais econômica e rápida para a remediação de áreas

    contaminadas.

    O processo ideal de remediação de áreas contaminadas deve atingir as

    seguintes metas:

    • Levar o nível de contaminação do ambiente a índices aceitáveis;

    • Evitar a migração de contaminantes e

    • Produzir um efluente limpo.

    Porém, é necessário, antes da escolha de qualquer técnica de

    remediação a ser utilizada, fazer um levantamento detalhado das condições

    hidrogeológicas do local e a devida caracterização dos contaminantes presentes

    na área. Várias opções de técnicas de controle e remediação podem ser

    selecionadas e combinadas para se ter a remediação do local. A Tabela 1,

    adaptada de Evans(1991), mostra algumas das técnicas de remediação já

    empregadas. No entanto, segundo Gusmão (1999), é importante ainda que se

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 27

    tenha um conhecimento das propriedades de degradação dos contaminantes e

    sua reatividade de ordem físico-química com o solo.

    Tabela 1 - Técnicas para Controle e Remediação de Áreas Contaminadas(Evans, 1991).

    Técnica de remediação Problema do Local (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)

    Volatilização de substâncias químicas no ar X

    Lançamento de particulados na atmosfera X Produção de poeira por construção pesada ou outras atividades

    X

    Escoamento superficial do contaminante X Erosão superficial provocada pela água ou vento

    X

    Escoamento superficial do lixiviado X

    Contato de corpos de água com resíduos X

    Migração vertical ou horizontal do lixiviado X X Nível freático próximo à superfície podendo resultar em contaminação da água subterrânea ou interferir com outras técnicas de remediação.

    X

    Infiltração de água pluvial no terreno para formação de lixiviado

    X X

    Evidência de migração lateral no subsolo, de metano ou outros gases tóxicos

    X

    Materiais dispostos aleatoriamente em superfície (lagoas de rejeitos, pilhas de resíduos, etc.).

    X X X

    Contaminação de água superficial ou subterrânea através de resíduos líquidos ou pastosos

    X X X

    Solos contaminados X X X Gases perigosos e/ou tóxicos que tenham sido coletados

    X

    Sedimentos contaminados X X X Contaminação do sistema de distribuição de água

    X

    Rede de esgoto contaminado X (1) Drenagem / controle da água superficial.

    (2) Controle de poluição do ar.

    (3) Controle do lixiviado e da água subterrânea.

    (4) Controle de migração do gás.

    (5) Escavação e remoção do resíduo/solo e disposição em aterros.

    (6) Remoção e contenção de sedimentos contaminados.

    (7) Tratamento in situ.

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 28

    (8) Tratamento direto do resíduo.

    (9) Controle de linhas de sistemas sanitários (água e esgoto).

    A escolha do método mais adequado, para a remediação de um

    determinado local, é um processo difícil e requer a avaliação de uma série de

    fatores, como sugere Wood (1997):

    • Aplicabilidade e eficácia;

    • Disponibilidade, limitações e custos;

    • Categoria de desenvolvimento;

    • Impacto potencial ambiental e

    • Necessidade operacional de informação e monitoramento.

    São encontradas na literatura, publicações e estudos de casos

    mostrando que o processo de dessorção térmica in situ (DTIS) é um método que

    atende a esses fatores (Beker e Bierschenk, 2001; EPA, 1993; Blanchard e

    Stamnes, 1997). Esse processo vem sendo utilizado e aperfeiçoado nos últimos

    anos, se colocando como uma alternativa eficiente para limpeza de áreas

    contaminadas.

    2.2. A técnica de dessorção térmica e suas aplicações

    A dessorção térmica é um método de remediação que separa fisicamente

    os contaminantes voláteis e alguns semivoláteis do solo, lama e sedimento, por

    aquecimento direto em temperaturas altas por um período de tempo suficiente

    para volatilizar a água e os contaminantes sem oxidá-los para posterior

    tratamento dos gases (EPA, 1995).

    De acordo com Hansen et al. (1998), a técnica de dessorção térmica tem

    se mostrado eficiente, estando o sucesso da técnica diretamente associada as

    temperaturas atingidas pelo meio contaminado e pelo tempo de aplicação da

    temperatura no meio. Segundo Hansen (op. cit.), para meios contaminados por

    PCB’s e HPA’s tem-se reduzido, a níveis residuais, esses contaminantes para

    temperatura na faixa de 300ºC a 400ºC.

    Segundo a Terratherm (2003), a técnica de dessorção térmica in situ

    (DTIS) utiliza a transmissão direta de calor para remoção de substâncias

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 29

    químicas perigosas de meios sólidos, como rocha, solos e lamas. É um método

    de aplicação rápida e tem mostrado eficiência na limpeza de áreas afetadas por

    uma grande variedade de contaminantes voláteis e semi-voláteis, como:

    • Hidrocarbonetos;

    • DNAPL’s;

    • LNAPL’s;

    • PCB’s;

    • Pesticidas;

    • Dioxinas;

    • Solventes clorados;

    • Resíduos de explosivos e

    • Mercúrio.

    A eficácia da técnica de dessorção térmica é primeiramente uma função do

    volume de solo aquecido durante o tratamento e o tempo de residência no meio

    contaminado. De acordo com Aines et al. (2000), vários são os fatores que

    afetam a eficiência e/ou aplicação da dessorção térmica in situ, incluindo:

    • Ponto de ebulição do contaminante;

    • Sistema de vácuo;

    • Tipo de solo e tamanho efetivo dos grãos (permeabilidade do solo a

    ser tratado);

    • Teor de matéria orgânica;

    • Quantidade de metais no solo a ser tratado e

    • Grau de mistura solo-contaminante.

    Segundo Vinegar et al. (1998), a eficácia do método de dessorção

    térmica, está intimamente ligada em fazer com que os contaminantes possam

    atingir seus pontos de ebulição e, conseqüentemente, sua pressão de vapor. O

    aumento da temperatura provoca um aumento da energia cinética média das

    partículas do líquido, havendo assim um maior número de partículas com

    energia cinética suficiente para passar da fase líquida à fase gasosa. A ebulição

    acontece quando a sua pressão de vapor iguala a pressão atmosférica.

    Atingir a pressão de vapor, e aumentar a taxa de vaporização são,

    geralmente, os mecanismos mais importantes para se conseguir uma boa

    remediação, utilizando-se da técnica de aquecimento (EPA, 1998). O efeito da

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 30

    temperatura na solubilidade é dependente do composto químico, sendo que

    normalmente a pressão de vapor cresce com a temperatura (EPA, op. cit.). Em

    geral, quando um composto químico é aquecido, a sua densidade diminui, sendo

    a sua pressão de vapor aumentada. Paralelamente, sua adsorção na fase sólida

    ou na matéria orgânica é reduzida e sua difusão molecular na fase aquosa e

    gasosa aumentada (EPA, op. cit.).

    A Tabela 2 apresenta algumas propriedades de contaminantes orgânicos,

    comumente encontrados em áreas contaminadas.

    Tabela 2 - Propriedades de alguns químicos orgânicos encontrados em áreas

    contaminadas ( Davis,1997).

    Pressão de vapor (mmHg)Contaminante

    orgânico Ponto de ebulição

    (ºC) Densidade

    (Mg/m3) Viscosidade

    (25ºC) Solubilidade

    em água (mg/L) 10ºC 50ºC

    Diclorometano 40 1,3182 a 25ºC 0,413 20000 a 20ºC 260,9 >760

    1,2 Dicloroetileno 49 1,2444 0,317 600 a 20ºC 198,7 >760

    Acetona 56,3 0,7899 0,306 ∞ 121,7 622,4 1,1 Dicloroetano 57,4 1,17 0,464 5500 a 20º C 125,8 608,6

    1,2 Dicloroetileno 60

    1,2649 a 25ºC 0,445 800 a 20ºC 104,8 580,0

    Tricloroetano 61,2 1,49 0,537 8000 a 20ºC 98,6 541,3 1- Hexano 63,5 0,675 0,252 50 a 20ºC 90,0 485,3 N-Hexano 68,7 0,659 0,300 9,5 a 20ºC 80,8 407,5

    1,1,1-Tricloroetano 74,1

    1,3303 a 25ºC 0,793 4400 a 20ºC 67,4 360,1

    Metanol 64,6 0,791 0,544 ∞ 58,5 400 Tetracloreto de

    carbono 76,8 1,5833 a

    25ºC 0,908 800 a 20ºC 58,3 332,8

    2-Butanona (metil-etil cetona) 79,6

    0,7994 a 25ºC 0,405 26,8 52,6 314,3

    Benzeno 80,1 0,88 0,604 1770 a 25ºC 47,8 307,8

    Ciclohexano 80,7 0,7731 a 25ºC 0,894 58 a 25º C 50,5 272,3

    1,2- Dicloroetano 84 1,257 a 25ºC 0,779 8700 a 20ºC 40,0 278,6

    Tricloroetileno 87,3 1,4578 a 25ºC 0,545 1100 a 25ºC 37,6 256,7

    Tolueno 110,6 0,8647 a 25ºC 0,56 515 – 540 a

    25ºC 14,3 579,1 a 100ºC

    Tetracloroetileno 121,3 1,613 a 25ºC 0,844 150 a 25ºC 9,0 400 a 100ºC

    N- Octano 126 0,6986 a 25º C 0,508 0,7 a 20ºC 6,5 368,7 a 100ºC

    Etilbenzeno 136,2 0,8654 a 25ºC 0,631 160 a 25º C 6,0 295,7 a 100ºC

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 31

    Tabela 2 (continuação) - Propriedades de alguns químicos orgânicos encontrados em

    áreas contaminadas (Davis,1997).

    Pressão de vapor (mmHg)Contaminante orgânico

    Ponto de ebulição

    (ºC) Densidade

    (Mg/m3) Viscosidade

    (25ºC) Solubilidade

    em água (mg/L) 10ºC 50ºC

    Xileno 138,4 0,8577 0,608 160 a 25º C 4,5 238,9 a 100ºC Dicloro - benzeno 173

    1,2988 a 25ºC 1,044 80 a 25º C 2,2 67,1

    Dodecano 216,5 0,75 1,383 0,0034 19,5 Naftaleno 218 0,97 32 a 25ºC 22,7 1- Metil

    Naftaleno 244,8 1,020 28,5 0,043

    Hexadecano 286,9 0,773 3,032 0,0063

  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 32

    do meio, e dessa maneira, com um ponto de ebulição diminuído ter-se-ia um

    menor gasto de energia e os níveis desejados de contaminantes no solo

    poderiam ser atingidos mais facilmente.

    Nobre (2004) menciona que comumente é associado à descontaminação

    o termo mobilização de contaminantes. Entretanto não é garantido que

    mobilizando os contaminantes, principalmente os miscíveis, quando reduzido

    sua viscosidade com a elevação da temperatura, está se garantindo a

    descontaminação. Esses podem migrar para outras áreas, e ficarem ainda mais

    difíceis de serem removidos.

    Segundo Stegemeier e Vinegar (1995), o fato de baixar a viscosidade da

    água e contaminantes pode ter seu aspecto positivo, pois facilita o fluxo e a

    remoção dos contaminantes. Por outro lado, essa redução da viscosidade facilita

    o fluxo no material, uma vez que a viscosidade está diretamente relacionada

    com a permeabilidade. Isto pode fazer com que o contaminante migre para

    outras áreas antes que esse atinja seu ponto de ebulição, ficando ainda mais

    longe da fonte aquecedora e dessa forma não ser retirado da área a qual é

    aplicado o processo de dessorção térmica.

    De acordo com Vinegar et al. (1998), a pluma de contaminação deve ser

    bem delimitada antes do início da aplicação da dessorção térmica in situ,

    localizando os contaminantes bem como suas concentrações a diversas

    profundidades. A Figura 1, adaptada de Vinegar et al. (op . cit.), exemplifica um

    caso em uma área, previamente a sua remediação, onde foi determinada para

    diversas profundidades os níveis de contaminação por PCB.

    Esta determinação detalhada apresentada na Figura 1 deve servir de

    parâmetro para, posteriormente à limpeza da área contaminada, certificar-se do

    sucesso do método de remediação utilizado, fazendo comparações com

    investigações ao fim do processo de remediação.

    Deve-se também ter um monitoramento de áreas próximas ao local

    contaminado para onde pode ter havido migração de contaminantes, sugere

    Vinegar et al. (1997).

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 33

    Figura 1 – Controle das concentrações inicias de PCB, Vinegar et al. (1997).

    Um esquema de um típico sistema de aquecimento do processo de

    dessorção térmica in situ é apresentado na Figuras 2. Nela são apresentados

    dois tipos de equipamentos para aquecimento. O primeiro, cobertor térmico, é

    mais utilizado para limpeza de contaminações mais superficiais. Já o segundo,

    bastonete térmico, é empregado para zonas mais profundas.

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 34

    o

    Figura 2 – Cobertor térmico e

    De acordo com a

    locais onde a fonte ou a p

    90cm. Os cobertores utiliz

    de caixas de aço com:

    espessura, em uma malha

    Simulações numéri

    cobertores térmicos, usad

    cobertores térmicos pa

    Stegemeier e Vinegar (1

    superfície podem ser rem

    leves, a menos de um me

    pode reduzir os contamin

    para contaminantes leves

    até 24 horas.

    A Tabela 3, aprese

    aplicação da dessorção té

    contaminado por n-hexade

    A eficácia do tratamento é

    Cobertor térmic

    o

    baston

    Terra

    luma d

    ados p

    2,4m d

    de aço

    cas p

    os em

    ra a

    995). E

    ovidos

    tro de

    antes a

    até ce

    nta os

    rmica

    cano (

    mostra

    Bastonetes térmic

    etes térmicos, TerraTherm (2004).

    therm (2001) os cobertores são efetivos para

    e contaminação não se aprofunda mais do que

    ela empresa Terratherm, consistem em seções

    e largura, 6m de comprimento e 30,5cm de

    inoxidável.

    ara o sistema de aquecimento utilizando

    um pequeno campo piloto onde foram utilizados

    descontaminação foram apresentadas por

    las mostraram que contaminantes próximo à

    em um tempo razoável. Para contaminantes

    profundidade em um solo seco, a remediação

    níveis bem baixos em menos de dez dias, e

    rca de 30cm pode se atingir níveis residuais em

    valores de temperaturas atingidas através da

    in situ, usando um cobertor térmico em um solo

    n 3416HC− ), cujo ponto de ebulição é de 287ºC.

    da na Tabela 4.

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 35

    Tabela 3 – Resumo das temperaturas versus profundidade, Stegemeier e Vinegar (1995)

    Máxima temperatura atingida no solo Depois de 65 horas de aquecimento

    Profundidade (cm) Temperatura máxima (ºC)

    0 575

    15 345

    30 195

    45 102

    60 91

    Tabela 4 – Percentual de n-hexadecano removido e quantidade residual desse por

    camada de solo, Stegemeier e Vinegar (1995)

    Camada (cm) Quantidade residual de

    3416HCn − (ppm)

    Removido (%)

    0-15 0,42 99,94

    15-30 14,26 98,00

    30-45 176,86 74,70

    Portes (2002) sugere que essa técnica pode reduzir substancialmente a

    contaminação do material quando este é submetido a temperaturas acima de

    300ºC. Em seu trabalho, Portes (op. cit.), relata que altas temperaturas nesse

    material pode levar a carbonização do contaminante.

    Já os bastonetes térmicos podem ser aplicados teoricamente a qualquer

    profundidade, como demonstrado por Vinegar et al. (1997).

    Segundo Reed (1998), os bastonetes aquecem o solo a uma temperatura

    que varia entre 215 e 800°C, dependendo do contaminante. Quando os

    contaminantes alcançam os seus pontos de ebulição, eles sobem para a

    superfície como vapor. Através do sistema de extração a vácuo, os vapores são

    coletados e encaminhados para o equipamento de tratamento. De acordo com o

    autor, a remoção dos contaminantes é maior que 99%.

    Baker (2000) relata os trabalhos realizados na Termelétrica de Missouri,

    MO. A contaminação era de PCB’s com concentração máxima de 20.000 ppm. O

    ponto de ebulição deste tipo de contaminante é da faixa de 380ºC a 415ºC. A

    área contaminada era composta de um solo argiloso, com uma profundidade de

    contaminação de 3m. O nível d’água se encontrava a 3,5m da superfície e se

    utilizaram tanto cobertores quanto bastonetes térmicos. A eficiência de aplicação

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 36

    da técnica de dessorção térmica neste local foi de 99% e não se registrou

    nenhuma migração de contaminantes para áreas vizinhas.

    A Tabela 5, adaptada de Baker e Kuhlman (202), apresenta alguns locais

    onde foi utilizada a DTIS como técnica de remediação. Na Tabela 5, também são

    apresentados os contaminantes presentes, bem como as concentrações desses

    antes e após o processo visando a descontaminação. Os resultados

    apresentados nesta Tabela, atestam a eficácia do procedimento na remediação

    de solos contaminados por compostos orgânicos.

    Tabela 5 – Locais onde foi aplicado a dessorção térmica (Baker e Kuhlman, 2002).

    Local ContaminanteConcentração inicial (ppm)

    Concentração final (ppm)

    S. Glens Falls, NY PCB 1248/1254 5000

  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 37

    A DTIS tem características as quais lhe dão um diferencial em relação a

    outros métodos (EPA, 1999), como:

    • Aplicável diretamente na superfície próxima a contaminação;

    • Efetividade para uma grande variedade de contaminantes (até

    aqueles com pontos de ebulição substancialmente maiores que o da

    água);

    • Habilidade de reduzir a contaminação para níveis muito baixos e

    • Facilidade de operação para remediação rápida e barata de uma

    variedade ampla de solos em condições de superfície.

    Aines et al. (2000) associam as vantagens desse método a diversos

    fatores, entre os quais:

    • Aumento da volatilidade dos contaminantes;

    • Rápida transferência de massa;

    • Rápida difusão e evaporação;

    • Aceleração das reações químicas;

    • Aquecimento de solos pouco permeáveis;

    • Baixa a viscosidade da água e contaminantes.

    Todos esses fatores estão relacionados diretamente ao aquecimento do

    meio contaminado.

    O processo de DTIS oferece várias vantagens em relação aos métodos

    tradicionais que utilizam calor com o princípio fundamental para limpeza de

    meios sólidos, como é o caso da incineração.

    Stegemeier e Vinegar (1995) sugere que o processo de incineração possui

    uma série de fatores que o torna uma alternativa mais onerosa, que causa mais

    impacto e ainda oferece um risco de provocar uma contaminação secundária

    durante seu processo de tratamento. No processo de incineração o material

    contaminado tem de ser removido da área em que se encontra, ser transportado

    para uma central de incineração e, depois de tratado, pode ser ou não devolvido

    ao lugar original. Isso onera esse método de tratamento, visto que as centrais de

    incineração nem sempre estão próxima das áreas que precisam ser

    descontaminadas. Os equipamentos e materiais envolvidos na mobilização e

    transporte do material a ser incinerado são contaminados quando em contato

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 38

    como o mesmo. Durante o transporte, caso o material esteja seco, pode ser

    produzido uma poeira contaminada e se espalhar pelo caminho por onde é

    transportado. No caso do material estar muito úmido, pode haver uma drenagem

    de líquidos contaminados e, da mesma forma que o material seco, provocar

    contaminação durante o trajeto.

    Outros métodos que envolvem biorremediação ou remediação de solos por

    algum tipo de substância química não têm provado ser suficientemente eficazes

    em remover substâncias químicas para níveis extremamente baixos ou para

    concentrações residuais quando combinações altamente tóxicas ou

    carcinogênicos estejam presentes (Stegemeier e Vinegar, op. cit.).

    A DTIS oferece maior segurança quanto ao risco de uma contaminação

    secundária, visto sua aplicação direta na área afetada, sem causar maiores

    impactos de acordo com Stegemeier e Vinegar (op. cit.). A DTIS é versátil e

    pode ser utilizada em vários locais onde a escavação não é possível, abaixo e

    ao redor de estruturas, por exemplo.

    Quando é abordada a técnica da dessorção térmica in situ está se falando

    de uma tecnologia que tem um custo efetivo mais baixo que incineração. De

    acordo com Baker (2000), os custos para aplicação da técnica de dessorção

    térmica variam de 75 a 260 dólares por m3. A Tabela 6 mostra um comparativo

    de preços entre diferentes técnicas de remediação realizado por Wood (1997).

    Tabela 6 – Comparativo de preços entre diferentes técnicas de remediação

    (Wood, 1997).

    Técnicas de Remediação Custo (em $)

    Correções de superfície 18 – 72 / t Escavação e destruição off-site 13 – 90 / t Sistema de cobertura 36 – 54 / m2

    Contenção 18 – 90 / t Parede de lama vertical: rasa 54 – 108 / m2

    Parede de lama vertical: funda 108 – 216 / m2

    Lavagem de solo 90 – 450 / t Lavagem físico-química 90 – 306 / t Extração de vapor do solo in situ 18 – 162 / t Estabilização/solidificação in situ 108 – 198 / t Técnicas eletrocinéticas in situ 72 – 216 / t Tratamento biológico: lagoa de sedimentação 90 - 144 / t

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 39

    Tabela 6 (continuação) – Comparativo de preços entre diferentes técnicas de

    remediação (Wood, 1997).

    Técnicas de Remediação Custo (em $) Tratamento biológico: torre biológica 27 - 81/ t Tratamento biológico: compostagem 18 - 180 / t Tratamento biológico: cultura anexa 9 – 108 / t Tratamento biológico: in situ 9 – 288 / t Tratamento biológico: aeração 27 - 144 / t Incineração 90 – 2160 / t Vitrificação forno-básico 54 – 900 / t Estabilização/solidificação ex situ: inorgânico 36 – 63 / t Estabilização/solidificação ex situ: orgânico 72 – 108 / t Solidificação: cimento e pozolânico básico 36 – 306 / t Solidificação: cal 36 – 72 / t Extração de solvente 54 – 1080 / t Dehalogenação 270 – 756 / t

    Conforme pode ser visto na Tabela 6, a incineração é a técnica mais

    onerosa. Quando se compara a faixa de valores sugerida por Baker (2000)

    observa-se que a dessorção térmica possui um valor competitivo.

    2.4.Comportamento do fluxo de fluido e calor no processo de dessorção

    O fluxo de calor em solos, embora não venha sendo muito estudado na

    área geotécnica, é extremamente importante com relação: a poluição térmica, a

    permanente estabilização do meio poroso por aquecimento, a transmissão de

    eletricidade pelo subsolo e, por fim, a remediação de áreas degradadas

    utilizando-se do aquecimento do subsolo.

    De acordo com Duarte (2004), a profundidade de penetração do calor

    dentro de uma massa de solo e a amplitude de variação diária de temperatura

    são influenciadas pelas propriedades térmicas do solo. A penetração de calor

    durante um dia é da ordem de 0,3 à 0,8m.

    O processo de dessorção térmica in situ pode ser descrito pelas

    equações fundamentais de fluxo de fluido e de calor (Stegemeier, 1998).

    Para o fluxo do fluido é considerado que este está no regime permanente

    de fluxo e é descrito pelas equações de Darcy para cada uma das fases do

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 40

    fluido. A maioria dos processos de DTIS envolve o fluxo de óleo e água da fase

    líquida, vapor d’água, voláteis produtos da volatilização de óleos e outros

    contaminantes e, ainda, o fluxo de ar presente nos vazios do meio contaminado

    (Stegemeier, op. cit.).

    A Equação 01, descreve o processo de fluxo de um cobertor térmico. A

    forma radial, mostrada na Equação 02, descreve o processo de fluxo dos

    bastonentes térmicos. Nas equações de Darcy as propriedades do material

    (permeabilidade absoluta e porosidade) são diferenciadas das propriedades do

    fluido (viscosidade e densidade). A presença de fluidos diferentes e multifásicos

    são descritos por uma correção da permeabilidade relativa que é função da

    saturação de cada fase. Todas as propriedades empregadas nas Equações 1 e

    2 podem variar com a temperatura (Stegemeier, 1998).

    lpAkkq rL ∆

    ∆=

    µ (01)

    ( )wer

    R rrphkkq

    ln2µ

    π ∆= (02)

    onde:

    =RLq , vazão;

    =k permeabilidade absoluta;

    =rk permeabilidade relativa;

    =A área;

    =∆p variação de pressão;

    =∆l comprimento do caminho de fluxo;

    =µ viscosidade;

    =er raio externo;

    =wr raio do poço (bastonetes) e

    =h comprimento do poço

    No processo de DTIS ocorre aquecimento do meio por transmissão de

    calor por condução e por radiação.

    Vinegar et al. (1997) afirmam que o aquecimento por condução térmica é

    responsável por mais de 80% da transferência de calor do processo de

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 41

    dessorção térmica. Uma característica importante citada por Vinegar et al. (op.

    cit.) é da criação de uma zona de alta temperatura (> 537ºC) nas proximidades

    dos aquecedores, que causa a destruição rápida dos contaminantes antes que

    eles saiam do meio contaminado.

    No processo de condução térmica, é considerado que ocorre transmissão

    de calor no regime permanente e transiente (Stegemeier, 1995).

    Fourier, conforme ilustrado na Figura 3, o fluxo de calor que atravessa

    um material plano de espessura “dx” e área “dA” normal ao fluxo, sendo “t1” e “t2”

    as temperaturas extremas ao material, é diretamente proporcional à área “dA”

    enquanto que a diferença de temperatura é inversamente proporcional à

    espessura “dx”. A equação 3 exprime numericamente esta afirmação.

    Figura 3 – Esquema do fluxo de calor que atravessa um material

    ( 21 ttdxdAq −⇒ ) (03)

    Substituindo os tipo de materiais, Fourier observava que, apesar de

    mantidas invariáveis as demais condições, o fluxo de calor não era igual. O fluxo

    variava com a natureza do material ensaiado.

    Surgiu então o conceito de um valor particular para cada material. Este

    valor foi denominado de coeficiente de condutividade térmica λ, que ao ser

    introduzido na Equação 03, produz a seguinte relação.

    )( 21 ttdxAq −= λ (04)

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 42

    O fluxo de calor por condução pode ser comparado ao fluxo de um fluido

    através de um meio poroso A permeabilidade é análoga ao coeficiente de

    condutividade térmica. A condutividade térmica (λ) é definida como a quantidade

    de calor que passa numa unidade de tempo através de uma unidade transversal,

    devido a um gradiente de temperatura aplicado na direção do fluxo.

    A Tabela 7, adaptada de Mitchell (1993), apresenta alguns valores típicos

    de condutividade térmica, e também valores de calor específico “c” e de

    capacidade de aquecimento volumétrico “C”.

    Tabela 7 - Propriedades Térmicas do Solo (adaptada de Mitchell, 1993).

    Condutividade Térmica Material W /m / ºK Ar 0,024

    Água 0,60 Gelo 2,25

    Granito 2,76 Folhelho 1,56

    Cobre 389 Condutividade Térmica Material W/m/ºK

    Valores médios de solos 0,25 – 2,9 (~1,7) Quartzo 8,4

    Matéria Orgânica 0,25 Calor específico Material cal/gºC

    Quartzo 0,175 Valores médios de solos 0,175

    Matéria orgânica 0,46 Água 1,00

    Ar 0,24 Capacidade de Aquecimento Volumétrico

    Material cal/cm3 ºC

    Água 1,0 Valores médios de solos 0,46

    Quartzo 0,46 Matéria Orgânica 0,60

    Ar 0,00029

    Calor específico é a capacidade de mudar em 1ºC a temperatura de um

    peso unitário de um dado material (cal/gºC). A capacidade de aquecimento

    volumétrico é a capacidade de mudar a temperatura de um volume unitário em

    1ºC (cal/cm3ºC). Assim a capacidade de aquecimento volumétrico é o produto do

    calor específico pelo peso específico “ρ”(g/cm3), de acordo com

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 43

    ρ.cC = (05)

    O comportamento do fluxo de fluido para cobertores térmico segundo

    Stegemeier (1998) pode ser descrito pela lei de Fourier. As Equações 06 e 07

    descrevem o fluxo de calor por condução no regime permanente, sendo a

    equação 06 a forma linear que representa o cobertor térmico e a Equação 07 a

    forma radial para o sistema de aquecimento que utiliza bastonetes térmicos.

    LTAqhl ∆

    ∆= λ (06)

    ( )wehr rrThq

    ln2 ∆

    =πλ

    (07)

    onde:

    =RLq , vazão;

    =∆T variação de temperatura; =∆L comprimento do caminho de fluxo;

    =λ condutividade térmica;

    =er raio externo;

    =wr raio do poço (bastonetes) e

    =h comprimento do poço.

    Devido à existência de fluxo de calor e fluxo de fluido simultaneamente, e

    como o fluxo de calor é bem mais lento que o fluxo de fluido, muitas vezes se faz

    necessário considerar o regime transiente para o processo (Stegemeier, 1998).

    O regime transiente de transmissão de calor é aquele em que o fluxo de

    calor que atravessa um corpo varia com o tempo, e, portanto, a temperatura de

    um ponto interior ao corpo é variável (Araújo, 1970).

    O fluxo de calor no regime transiente é expresso pela Equação 8:

    teTTAq

    xtx

    fi παλ

    4

    2

    )( −−= (08)

    onde:

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 44

    =q fluxo de calor;

    =λ condutividade térmica;

    =α difusividade térmica;

    =x distancia; =t tempo;

    =iT temperatura inicial na face A;

    =fT temperatura final na face A e

    =A área.

    Outro coeficiente útil no processo de transferência de calor, presente na

    Equação 08, é a difusividade térmica (α). Matematicamente a difusividade

    térmica é a razão da condutividade pelo produto do calor específico ( ) e

    densidade (

    cρ ), de acordo com:

    ρλαc

    = (09)

    Altos valores de difusividade térmica implicam na capacidade de

    mudanças rápidas e consideráveis na temperatura. Um solo deve ter uma

    difusividade térmica muito maior quando está congelado do que quando estiver

    descongelado, devido a dois fatores: os altos valores de condutividade térmica

    de solos congelados e os baixos valores de calor específico do gelo quando

    comparado à água líquida.

    Segundo Vinegar (1995) o aquecimento por radiação é importante

    apenas na região próxima dos aquecedores e para aquecedores com

    temperatura superior a 537ºC. Vinegar (op. cit.) relata que na região próxima aos

    bastonetes térmicos ocorre uma área de sobreaquecimento. Na prática, o

    aquecimento por radiação é desconsiderado tanto para cobertores térmicos

    como para bastonetes térmicos, visto a radiação provocar o aquecimento de

    uma pequena porção do meio tratado (Stegemeier, 1998). O aquecimento por

    radiação é aquele no qual uma fonte quente aquece uma fonte fria sem,

    entretanto, aquecimento do meio entre as duas fontes (Araújo, 1970). O

    processo obedece a seguinte expressão matemática:

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 45

    f

    ee

    TTSFo

    −+−=

    1111)(

    21

    42

    41 (10)

    Onde:

    =S constante de Stephan-Boltzmann;

    =e emissividade;

    =f fator de forma;

    =1T temperatura emitida e

    =2T temperatura absorvida.

    Nessa fórmula aparece o termo emissividade, , que se refere à fração

    de energia que um corpo emite quando comparado com a emissão de um corpo

    negro submetido à mesma temperatura.

    e

    2.5. Sistema de dessorção térmica e tratamento de gases

    Um sistema mais completo de dessorção térmica in situ envolve desde

    da limpeza do meio sólido contaminado como também o tratamento das

    emissões gasosas produzidas no processo de dessorção.

    Stegemeier e Vinegar (1995) descrevem um equipamento de dessorção

    térmica bem como o seu procedimento de funcionamento. Esse sistema, visto na

    Figura 4, utiliza vácuo para extração das emissões produzidas.

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 46

    Filtro de carvão ativado

    Exaustão

    Fluxo de ar

    Aquecedor Oxidador térmico Bomba

    a vácuo Trocador

    Camada impermeável Isolante térmico

    Zona Contaminada

    Figura 4 – Esquema do sistema de dessorç

    O sistema apresentado por Ste

    fonte aquecedora cobertores térmicos o

    o solo contaminado. Possui sobre o cob

    visto esquematicamente na Figura 5, q

    externo, e sobre esse uma manta em si

    da área do cobertor térmico impedind

    para atmosfera. O fluxo de calor por

    temperatura gradual fazem com que

    vários mecanismos, incluindo: evaporaç

    oxidação entre outras reações químicas

    Figura 5 – Detalhes do cobertor térmico.

    Solo

    ão térmica in situ, Terratherm.

    gemeier e Vinegar (1995) utiliza como

    s quais são colocados diretamente sobre

    ertor um sistema de isolamento térmico,

    ue impede a perda de calor para o meio

    licone para vedação que se estende além

    o a saída das emissões gasosas direto

    condução térmica, e os incrementos de

    os contaminantes sejam removidos por

    ão, ebulição, destilação a vapor, pirólise,

    , sugere Baker e Kuhlman (2002).

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 47

    Baker e Kuhlman (2002) apresentam faixas de temperaturas onde ocorrem

    os mecanismos de remoção dos contaminantes. Essas faixas estão listados na

    Tabela 8.

    Tabela 8 – Mecanismos de remoção dos contaminantes versus temperatura (Baker e

    Kuhlman, 2002).

    Evaporação

    Ebulição ( e VOC’s) OH 2 Destilação a vapor (arrasto)

    ≤ 100ºC

    Ebulição (SVOC’s)

    Pirólise (craqueamento térmico) e

    Oxidação

    ≥ 100ºC

    Os produtos volatilizados são capturados pelo sistema a vácuo e passam

    por um processo de descontamição.

    No sistema de dessorção apresentado por Stegemeier e Vinegar (1995),

    o sistema de aplicação de vácuo além de fazer as emissões passarem pelo

    sistema de tratamento das emissões, tem o papel de manter o fluxo de ar e de

    contaminante dentro do cobertor térmico. Stegemeier e Vinegar (op. cit.) relatam

    que o fluxo de ar dentro do cobertor térmico é de fundamental importância para

    os processos de evaporação, ebulição, destilação a vapor, oxidação e pirólise

    que podem ocorrer no processo. Na Figura 6 é possível verificar o fluxo de ar

    provocado pelo bombeamento a vácuo.

    Figura 6 – Fluxo de ar provocado pelo bombeamento a vácuo.

    Segundo Baker e Kuhlman (2002) para hidrocarbonetos e para o TCE as

    reações são:

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 48

    Hidrocarbonetos:

    Pirólise 21220 6)(20 HcoqueCHC +⇒ (11)

    Oxidação OHCOOHC 2221220 62023 +⇒+ (12)

    C 22)( COOcoque ⇒+ (13)

    TCE:

    Pirólise 22232 3324 HHClCOOHHClC ++⇒+ (14)

    Oxidação HClCOOOHHClC 32 22232 +⇒++ (15)

    Na Figura 7 apresenta, esquematicamente, como os compostos

    perigosos são oxidados através do processo de dessorção térmica.

    Figura 7 – A química do tratamento por oxidação. (TerraTherm,1999)

    Antes do início do aquecimento é aplicado vácuo para criar um fluxo de

    fora da área coberta pela manta de silicone para dentro do sistema de dessorção

    térmica, conforme mostra a Figura 6. A aplicação de vácuo tem como função

    arejar o meio contaminado para facilitar o processo de dessorção. No caso de

    hidrocarbonetos de petróleo, a ventilação impede a formação de coque, e faz

    com que sempre se tenha um fluxo ascendente dos contaminantes volatilizados.

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 49

    Além disto, a sucção provocada no solo impede a migração de contaminantes

    para áreas distantes da fonte de aquecimento conforme citado no item 2.2.

    O sistema de tratamento das emissões gasosas produzidas no processo

    de descontaminação está instalado na linha do sistema a vácuo. Isto assegura a

    qualidade do ar dos gases a serem aspirados pela bomba a vácuo, melhorando

    sua eficiência.

    O sistema de tratamento das emissões é geralmente composto de alguns

    equipamentos, como um condensador (troca de calor), uma câmara de carvão

    ativado (filtro), e um oxidador térmico.

    Os oxidadores térmicos destroem os contaminantes ainda presente nas

    emissões gasosas por oxidação ou pirólise, dependendo se há presença ou não

    de ar. Os contaminantes vaporizados pelo cobertor térmico ou pelos bastonetes,

    são succionados pelo sistema de vácuo e os gases são destruídos quando

    alcançam as elevadas temperaturas do oxidador térmico, onde os contaminantes

    são transformados em dióxido de carbono e água, conforme sugere a Figura 7.

    Os condensadores são recomendados para processos onde os gases

    aspirados estejam contaminados por agentes químicos ou com excesso de

    umidade, comprometendo o funcionamento da bomba e, conseqüentemente, a

    eficiência no vácuo final. O condensador resfria as emissões gasosas e assim

    faz-se a captação de líquidos. A esses líquidos é dados um destino final.

    No sistema de descontaminação dos gases apresentado por Stegemeier

    e Vinegar (1995), o condensador é o segundo equipamento na linha de

    tratamento das emissões ficando logo após o oxidador térmico. A troca de calor

    provocada pelo condensador faz com que a adsorção pelo filtro de carbono

    ativado seja mais eficaz.

    As câmaras de carvão ativado captam os hidrocarbonetos gasosos,

    incluindo vapores de óleo, minimizando os odores exalados. O carvão ativado

    usado para adsorção dos contaminantes presente nas emissões é regenerado e

    pode ser reutilizado.

    Alguns fatores podem afetar a adsorção pelo carvão ativado. Manbe

    (1988), menciona:

    • Composição química das espécies a serem adsorvidas;

    • Características físicas e químicas do carvão ativado, tais como área

    superficial, tamanho e formato dos poros, composição química;

    • Características físicas e químicas do adsorbato (contaminante), tais

    como tamanho da molécula, polaridade e composição química;

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  • Capítulo 2 – Revisão bibliográfica 50

    • Características do contaminante tais como temperatura e pH;

    • Concentração do adsorbato e

    • Tempo de residência.

    A eficiência do filtro de carvão ativado é função do fluxo de ar, da

    temperatura e do teor de umidade (EPA, 1994). Altas temperaturas e umidade

    podem reduzir a capacidade de adsorção do carvão ativado.

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  • 3 Desenvolvimento de um novo protótipo de dessorção térmica in situ

    O primeiro protótipo de um sistema de dessorção térmica, desenvolvido

    por Portes (2002), tinha a finalidade de remediar in situ resíduos de limpezas de

    praias atingidas por derrame de óleo. O sistema foi projetado como uma

    ferramenta operacional de um sistema de contingência de derrame de óleo em

    ambientes costeiros. Suas características não são apropriadas para o uso em

    dutovias, que requerem um sistema modular que se adeque a suas

    características geométricas. Assim, resolveu-se projetar e construir um novo

    sistema. Este capítulo apresenta as características desejáveis de um sistema

    para remediação de britas das dutovias (pipeways) e de pisos de concreto, bem

    como descreve o sistema desenvolvido.

    3.1. Características desejáveis

    No intuito de obter a melhor simulação das condições e dificuldades a

    serem encontradas em campo, quando utilizado a técnica de dessorção térmica,

    procurou-se nesse trabalho projetar e desenvolver um protótipo de dessorção

    térmica in situ eficiente e que apresentasse as seguintes características:

    • Cobertor térmico, para o aquecimento do meio a ser

    descontaminado, que atinja temperaturas de até 1000ºC. Este

    ainda deve apresentar compatibilidade com compostos químicos

    agressivos;

    • Sistema de controle de temperatura, adequado às características

    do cobertor térmico;

    • Sistema de vedação para emissões, impedindo que as emissões

    gasosas, produzidas durante o funcionamento do NPTIS, sejam

    emitidas direto para a atmosfera sem o devido tratamento;

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  • Capítulo 3 - Desenvolvimento de um novo protótipo de dessorção térmica in situ 52

    • Um isolamento térmico eficaz, que evite, ou pelo menos, minimize a

    passagem de calor do cobertor térmico para o meio externo, e

    também impeça o aquecimento excessivo do material usado para

    vedação dos gases;

    • Um sistema de tratamento das emissões produzidas no processo

    de dessorção e

    • Um sistema de aquisição de dados e monitoramento de

    temperatura durante o funcionamento do NPTIS.

    3.2. Equipamentos projetados, desenvolvidos e materiais especiais utilizados no NPTIS

    Foram projetados e desenvolvidos uma série de equipamentos para o

    sistema de dessorção térmica in situ, e também se buscou materiais especiais

    mais adequados às condições que se desejava atingir. A Figura 8 mostra o

    diagrama esquemático do protótipo.

    Figura 8 – Esquema do novo sistema de dessorção térmica a ser desenvolvido.

    O protótipo possui os seguintes componentes:

    • Cobertor térmico;

    • Fibra cerâmica (isolante térmico);

    • Manta asfáltica (vedação para emissões);

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  • Capítulo 3 - Desenvolvimento de um novo protótipo de dessorção térmica in situ 53

    • Controladores de temperatura;

    • Controladores de potência;

    • Câmara de carvão ativado (filtro e amostragem de gases);

    • Bomba á vácuo;

    • Oxidador térmico e

    • Sistema de aquisição de dados.

    Segue abaixo a descrição mais detalhada desses equipamentos

    desenvolvidos e dos materiais utilizados.

    3.2.1. Calha em concreto

    Com a finalidade de representar um modelo piloto, do que poderia ser

    encontrado em campo, foi feita em concreto armado uma calha, em formato

    trapezoidal, nas dimensões apresentadas na Figura 9. A calha tem a finalidade

    de servir como local de depósito de material conta