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REDES DE ABASTECIMENTO Patrimônio Cultural Campineiro

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REDES DE ABASTECIMENTO

Patrimônio Cultural Campineiro

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Projeto Cultural O acervo nas mãos do público II Pesquisa, texto e diagramação Denise Fernandes Geribello Projeto realizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria da Cultura, Fundo de Investimentos Culturais de Campinas – 2015/2016 – execução 2018/2019 Patrocínio:

Apoio

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REDES DE ABASTECIMENTO

Patrimônio Municipal Campineiro

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AS REDES DE ABASTECIMENTO

O funcionamento da cidade depende da operação de diversas redes de abastecimento.

Você já parou para pensar como a água, a internet, o gás e a energia elétrica chegam

até os edifícios, ou mesmo como os produtos chegam até o comércio? Para realizar

todos esses serviços, a cidade é cortada por um emaranhado de redes mas nem

sempre nos dos damos conta disso. Alguns elementos que integram essas redes – ou

que um dia integraram, mas estão hoje fora de operação – são considerados patrimônio

cultural devido a seu papel fundamental no desenvolvimento da cidade. Vamos olhar o

tecido urbano com atenção e tentar identificar alguns deles?

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REDES DE ABASTECIMENTO e o

CONDEPACC

Dentre os bens reconhecidos como patrimônio cultural pelo Conselho de Defesa do

Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC), órgão responsável pela tutela do

patrimônio cultural do município, há cerca de cinco processos de tombamento

diretamente relacionados aos sistemas de abastecimento da cidade, isso sem contar

os tombamentos de bens ferroviários, tratados no volume FERROVIAS dessa coleção,

que eram responsáveis pelo suprimento de boa parte das mercadorias consumidas na

cidade. O reconhecimento como patrimônio cultural acontece pelo tombamento, o

instrumento jurídico que determina a preservação de bens entendidos como portadores

de valores culturais.

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No ano de 2008, uma caixa d’água que é um importante marco da paisagem campineira

foi tombada: a Torre do Castelo Vitor Negrete, popularmente conhecida como Castelo

d’Água ou, simplesmente, Castelo. Esse edifício é apenas um exemplo das grandes

obras de abastecimento de água e saneamento que vem sendo realizadas em

Campinas desde o final do século XIX. Olhando atentamente a cidade, ainda podemos

notar elementos que faziam parte desses sistemas, como o antigo bebedouro instalado

na Praça 9 de Julho, em frente à Estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro,

cujo processo de tombamento foi aberto em 2015 (Processo nº 03/15).

Figura 1. Antigo bebedouro da Cia. Paulista de Estradas de Ferro situado à Praça Nove de Julho.

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Em 2012 e 2013, foram realizados dois tombamentos de estruturas ligadas ao

fornecimento de energia elétrica. Primeiro, foi tombado o conjunto arquitetônico da

Usina de Salto Grande, localizado no distrito de Joaquim Egídio e que ainda está em

pleno funcionamento. No ano seguinte, a Subestação Lix da Cunha foi tombada. Essa

subestação se localiza na avenida Lix da Cunha, no bairro Vila Teixeira e é composta

por edifícios e maquinários que forneciam energia elétrica para tração dos trens da

antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Figura 2. Subestação Lix da Cunha.

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Os mercados fazem parte de um outro tipo de rede de abastecimento. Eles garantem

que alimentos e outras mercadorias cheguem ao consumidor. Muito mais do que pontos

de distribuição de produtos, os mercados são locais de encontro e de práticas sociais e

culturais específicas de cada localidade. Em 2015, essa grande importância levou ao

tombamento do Mercado Municipal de Campinas, ou Mercadão como é popularmente

conhecido. O Mercado Campineiro, também conhecido como Mercadinho ou Mercado

da Barão, localizado na Rua Barão de Jaguara, teve seu processo de tombamento

aberto em 2008 (Processo nº 16/08).

Diversos elementos das redes de abastecimento estão inseridos em uma categoria

específica do patrimônio cultural, o patrimônio industrial. Esse patrimônio se refere

aos testemunhos de processos de produção industrial, abrangendo desde maquinários

e documentos textuais até grandes complexos e paisagens. Os sistemas associados à

produção industrial, como infraestruturas energéticas ou de transporte, também estão

incluídos nessa categoria. Assim, bens tratados nos volumes FERROVIAS e

FÁBRICAS dessa coleção, também podem ser considerados patrimônio industrial.

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Três EXEMPLARES

Para mostrar um pouco dos elementos de redes de abastecimento tombados em

Campinas, esta publicação apresenta três exemplares: a Torre do Castelo Vitor

Negrete, que funcionou como caixa d’água e hoje abriga o Museu da SANASA e um

belo mirante; o Mercado Municipal de Campinas e, finalmente, o Conjunto Arquitetônico

da Usina Salto grande, que ainda hoje fornece energia elétrica para a cidade de

Campinas. A grande diferença entre esses bens mostra como são variadas as redes de

abastecimento que permeiam a cidade, muitas vezes sem serem percebidas.

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Figura 4. Torre do Castelo Vitor Negrete. Figura 3. Mercado Municipal de Campinas.

Figura 5. Usina Salto Grande.

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O Processo de Tombamento de cada um desses bens é integrado por pareceres

técnicos, cópias de materiais relativos ao bem, como reportagens de jornal, trechos de

livros, mapas, plantas e fotografias, incluindo, ainda, documentos relacionados à

tramitação do processo. Também constam dos processos requerimentos, plantas e

fotografias referentes a propostas de intervenção ocorridas após a Resolução de

Tombamento. Dessa forma, todos os restauros e reformas em bens tombados são

registrados. É importante saber que grande parte dos processos de tombamento

está disponível para consulta pública na página Patrimônio Histórico e Cultural,

da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Campinas, constituindo uma

rica fonte de pesquisa e conhecimento.

Os processos de tombamento pesquisados para a elaboração desta publicação foram:

Processo nº 02/98, referente à Torre

do Castelo Vitor Negrete

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Processo nº 07/95, referente ao Mercado

Municipal de Campinas.

Processo nº 28/04, referente ao Conjunto

Arquitetônico da Usina Salto Grande.

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Torre do Castelo

Vitor Negrete

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Torre do Castelo Vitor Negrete

Praça 23 de Outubro Processo de Tombamento nº 02/98

Resolução de Tombamento nº 070 de 23 de junho de 2008

Figura 6. Localização da Torre do Castelo Vitor Negrete.

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Ao circular pela cidade, notamos que Campinas é estruturada a partir de um sistema

de avenidas. Parte dessas vias foi criada ou ampliada pelo Plano de Melhoramentos

Urbanos elaborado pelo engenheiro e arquiteto Prestes Maia, na década de 1930. Esse

plano pretendia criar em Campinas grandes e largas avenidas de trânsito rápido,

interligando os novos bairros que nasciam nas periferias com o centro da cidade. O

plano também previa a implantação de modernos edifícios públicos e o ordenamento

do uso e ocupação do solo (Rodrigues, s.d. apud Processo nº 02/98, folha 67).

Uma das propostas que integrava esse plano era o alargamento e prolongamento da

avenida Andrade Neves, que deveria ser estendida até uma praça circular situada no

Jardim Chapadão. Nessa praça, que seria o entroncamento de grandes avenidas,

Prestes Maia idealizou a construção de um ponto de referência, um marco. No

“Rascunho de Exposição Preliminar”, elaborado pelo próprio Prestes Maia, que integra

o Relatório Municipal de 1935, Prestes Maia menciona essa questão, conforme aponta

a imagem abaixo, que foi retirada do Processo de Tombamento da Torre do Castelo

(Processo nº 02/98, folha 72).

Figura 7. “Rascunho de Exposição Preliminar” de Prestes Maia.

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Em 1939, a área destina à construção da torre foi doada pelo loteador da antiga

Fazenda do Chapadão, Otaviano Alves de Lima. No ano seguinte, foi inaugurado na

praça circular um reservatório de 27 metros de altura e capacidade para armazenar 250

mil litros de água. Além de ser uma importante obra de infraestrutura para o

abastecimento da cidade, ele funcionava como um ponto de referência.

A construção dessa torre foi um símbolo da modernização e eficiência dos serviços

públicos e um marco da monumentalidade do novo desenho urbano que era criado,

como aponta o texto de Fabíola Rodrigues, agente cultural da Coordenadoria Setorial

do Patrimônio cultural, que integra o Processo de Tombamento (Rodrigues, s.d. apud

Processo nº 02/98, folha 67). O fato de a torre possuir a função de mirante permitia que

o observador tivesse uma visão privilegiada do traçado urbano proposto pelo plano,

evidenciando ainda mais as transformações da cidade. Nesse contexto, o surgimento

de símbolos que mantivessem na memória social da cidade a imagem de modernidade

e progresso dessa nova Campinas em construção estava diretamente relacionado à

lentidão e ao alto custo das obras em andamento.

Então, como menciona Rodrigues, o edifício possuía dupla função na paisagem urbana.

Por um lado, era “equipamento urbano, strictu sensu, visto que esse reservatório de

água garantiu o abastecimento da zona norte do município por muitos anos”, por outro,

a Torre também assumiu no imaginário social urbano uma representação de racionalidade, modernidade e grandiosidade, que lhe conferiram o status de “monumento” (o que significa dizer, suporte material do sentimento) do desenvolvimento urbano de Campinas (Rodrigues, s.d. apud Processo nº 02/98, Folha 68).

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Figura 8. Vista aérea da Torre do Castelo e sua implantação na Praça Circular do Jardim Chapadão,

loteamento recém aprovado, em fase inicial de ocupação (1939/1940).

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Além de reservatório e mirante, ao longo do tempo, a Torre do Castelo foi utilizada de

várias outras formas. Na década de 1940, o local funcionou como bar e restaurante,

conforme demonstram os registros de arrendamento encontrados na documentação

histórica levantada no Arquivo Municipal de Campinas mencionados no Relatório do

Conselheiro Sérgio Caponi, que integra o processo de tombamento (Caponi, 2007 apud

Processo nº 02/98, folha 67). Em 1972, seu uso como reservatório de água foi

desativado. O local passou a funcionar como Museu da SANASA em 1991. Dez anos

mais tarde, a Rádio Educativa de Campinas foi instalada no local. Em 2004, a Torre do

Castelo passou a ser aberta à visitação pública, resgatando sua função como mirante.

O local recebe um complemento em seu nome, passando a se chamar Torre do Castelo

Vitor Negrete em 2007, em homenagem ao primeiro alpinista brasileiro a conquistar o

cume do Monte Evereste, o ponto mais alto do mundo.

Para garantir tanto a visualização da Torre do Castelo, quanto a sua função como

mirante, foram estabelecidas alturas máximas para os edifícios localizados em sua área

envoltória. Nas resoluções de tombamento, o CONDEPACC estabelece, caso a caso,

um perímetro ao redor do bem tombado, visando preservar sua ambiência, ou seja, as

características do entorno daquele bem. No caso da Torre do Castelo, em um raio de

300 metros, as novas construções devem respeitar as alturas máximas de 14, 16, 18,

20, 22, 24 ou 26 metros, conforme o quarteirão em que se localizam, seguindo o

mapeamento apresentado na Resolução de Tombamento nº 070 de 23 de junho de

2008.

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Confira o horário de funcionamento do mirante da Torre do Castelo e não deixe de

apreciar a cidade de um de seus pontos mais altos!

Figura 9. Mapa da Resolução de Tombamento.

Quer saber

mais?

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Mercado Municipal

de Campinas

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Mercado Municipal de Campinas

Rua Benjamin Constant, s/n. Processo de Tombamento nº 07/95

Resolução de Tombamento nº 142 de 22 de outubro de 2015

Figura 10. Localização do Mercado Municipal de Campinas.

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Seja por oferecer produtos que, dificilmente, são achados em outros locais da cidade,

ou pela facilidade de acesso devido à proximidade com terminais de ônibus, ou mesmo

pelo costume que passa de geração para geração de fazer compras ali, o Mercado

Municipal de Campinas está sempre movimentado. Essa característica não é novidade.

O Mercadão, como é popularmente chamado, atrai muitos frequentadores desde que

foi construído para substituir o antigo mercado, conhecido como “Casa das Andorinhas”,

que se localizava na Avenida Anchieta, em frente à Escola Carlos Gomes. Integra seu

processo de tombamento o Relatório “O Mercado Municipal de Campinas”, elaborado

por Ana Villanueva Rodrigues e Maria Joana Tonon, segundo o qual após a aprovação

do pedido de construção do mercado, em 1906, a Câmara Municipal cedeu o terreno

para a obra, que contaria com uma estação de passageiros da Companhia Funilense

de Estradas de Ferro incorporada ao edifício (Rodrigues e Tonon, 1995 apud Processo

nº 07/95, folha 14). Dessa forma, o acesso de pessoas e produtos ao mercado seria

facilitado.

Há muito tempo, os trens não chegam mais ao mercado, mas olhando com atenção,

notamos que, na face do mercado voltada para a rua Álvares Machado, onde fica o

Terminal Mercado II, há uma diferença entre o nível do edifício e o nível da rua, como

mostra a imagem na página 22. Essa diferença de altura formava a plataforma do

“trenzinho da Funilense”, que vinha do bairro do Funil (atual cidade de Cosmópolis) e

parava no mercado. A permanência desse degrau guarda um pouco da história da

ferrovia na cidade de Campinas e de sua articulação com o Mercado Municipal.

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O mercado foi projetado pelo arquiteto-engenheiro Francisco de Paula Ramos de

Azevedo, um dos mais conhecidos arquitetos campineiros. Sua pedra fundamental foi

lançada em 1907 e o edifício foi inaugurado em 1908. Observando sua fachada,

podemos notar a presença de vários elementos que fazem referência à arquitetura

árabe. Essas referências se devem à associação das atividades comerciais com a

cultura árabe, um povo tradicionalmente conhecido por suas habilidades no comércio.

Nesse período, em que predominava a arquitetura eclética, era muito comum essa

relação entre o uso de um determinado edifício e as referências de sua ornamentação.

Figura 11. Detalhe da fachada do Mercado.

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Figura 12. Diretrizes básicas para conservação, restauro e requalificação, elaborado pelo Estúdio Sarasá em 2007.

O mercado é organizado a partir de dois corredores centrais, ao longo dos quais se

localizavam, inicialmente, “28 quartos de armazém e duas dependências para os

serviços de tráfego da Funilense”. (Rodrigues e Tonon, 1995 apud Processo nº 07/95,

folha 15). Ele possui quatro portais principais de acesso, dispostos nas quatro fachadas

do edifício, cada uma delas apresenta um pequeno telhado apoiado em estrutura

metálica.

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Figura 13. Proposta de Rodrigues e Tonon de

regulamentação de gabarito de altura na

subárea adjacente ao bem tombado e exemplar de

arquitetura moderna a ser preservado.

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Alegando que o Mercadão estava inadequado para uma cidade tão grande quando

Campinas, a demolição do edifício foi cogitada pela prefeitura no início da década de

1970. O descontentamento dos comerciantes com a notícia foi geral. Então, optou-se

pela sua preservação e, em 1983, o edifício foi oficialmente reconhecido como

patrimônio cultural pelo órgão estadual de preservação, o Conselho de Defesa do

Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).

Posteriormente, em 1995, foi aberto o processo de tombamento ex-officio no

CONDEPACC, órgão municipal de preservação do patrimônio. O termo ex-officio se

refere ao tombamento municipal que recai sobre um bem já tombado pelos órgãos de

preservação estadual (CONDEPHAAT) ou federal (IPHAN). A proposta de preservação

apresentada ao longo desse processo de tombamento, que consta no já mencionado

Relatório “O Mercado Municipal de Campinas”, sugere a regulamentação da altura

máxima dos novos edifícios na área adjacente ao mercado, representada na imagem

ao lado pelos quarteirões destacados, bem como a preservação de exemplar de edifício

modernista da década de 1950, localizado nas proximidades do mercado.

Quer saber

mais?

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[foto Chapéus Cury]

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Conjunto Arquitetônico

da Usina Salto Grande

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Conjunto Arquitetônico da Usina Salto Grande

Distrito de Joaquim Egídio Processo de Tombamento nº 28/04

Resolução de Tombamento nº 120 de 2 de abril de 2012

Figura 14. Localização do Conjunto Arquitetônico da Usina Salto Grande.

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Raramente conhecemos o lugar onde é gerada a energia elétrica que abastece as

nossas casas, escolas, locais de trabalho, a iluminação pública de nossas ruas. Ao

caminhar pelas ruas da cidade, podemos ver várias estruturas do sistema de

transmissão de energia, como postes e torres, mas, dificilmente, nos deparamos com a

casa de força de uma usina hidrelétrica. Devido à sua localização nas proximidades de

represas ou grandes quedas d’água, esses edifícios costumam estar situados em áreas

afastadas dos centros urbanos. Em Campinas, podemos observar de longe as

estruturas de uma hidrelétrica em funcionamento quando passamos pelo quilômetro

115 Norte da rodovia Dom Pedro I. Apesar de muitas vezes passar despercebida, a

Usina Salto Grande existe há mais de 100 anos e, devido à sua importância, é um bem

tombado pelo CONDEPACC.

A história da Usina Salto Grande é contada no Relatório “Conjunto remanescente da

Companhia Campineira de Tracção Força e Luz - Usina Hidrelétrica de Salto Grande”,

elaborado pelo historiador Antonio Henrique Anunziata e pela arquiteta Sandra M G

Milne-Watson em 2011, que integra o processo de tombamento da usina. Conforme

esse documento, em 1904, a empresa Cavalcante, Byngton & Cia foi fundada para o

aproveitamento de uma queda d’água localizada no rio Atibaia, em Campinas, para

geração de energia elétrica. No ano seguinte, é iniciada a construção de sua usina, que

se chama Salto Grande por se localizar na fazenda de mesmo nome. (Anunziata.

Watson, 2011 apud Processo nº 28/04, folhas 92).

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A Usina de Salto Grande começa a operar em 1906, mas, inicialmente, sua energia era

destinada apenas para a cidade de Itatiba e para o distrito de Sousas, em Campinas.

Nessa época, a Companhia Campineira de Iluminação a Gás possuía monopólio para

a iluminação urbana em Campinas e isso impedia que a empresa Cavalcante, Byngton

& Cia levasse seu sistema de transmissão para o centro da cidade. Cavalcante, Byngton

& Cia, então, compram a empresa. Em 1910, ela passa a se chamar Companhia

Campineira de Tração, Luz e Força e, em 1912, inaugurou os serviços de iluminação e

bondes elétricos em Campinas. (Anunziata e Watson, 2011 apud Processo nº 28/04,

folhas 94-97).

Figura 15. Grupo gerador da usina de salto grande na inauguração em 1906.

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Em 1929, a Campineira, como era popularmente conhecida, foi vendida para a

multinacional American & Foreing Power (Amforp), que vinha adquirindo, desde 1927,

empresas no interior de São Paulo, entre elas a Companhia Paulista de Força e Luz

(CPFL). Em 1950, a Campineira foi incorporada à CPFL por decisão da Amforp.

(Anunziata e Watson, 2011 apud Processo nº 28/04, folhas 98).

Figura 16. Vista aérea da Usina nos anos 1980.

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Figura 17. Planta da Casa de Máquinas, 1981.

A Usina Salto Grande é um verdadeiro complexo formado por várias estruturas. As

águas utilizadas para a geração de energia são captadas em uma represa formada por

uma pequena barragem no Rio Atibaia. Nesta barragem se situa a tomada d’água,

ponto específico de captação da água. Desse local, a água segue pelo canal adutor até

a câmara de carga, onde estão conectados os tubos que levam a água até a casa de

força. A função da câmara de carga é manter o volume de água, impedindo a entrada

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de ar nos tubos, regular os níveis de água

e gerenciar a utilização dos tubos de

acordo com as necessidades de

manutenção. Na casa de força, a energia

potencial da água é transformada em

eletricidade por três unidades geradoras.

Ao sair da casa de força a água segue por

um canal até retomar o leito do Rio

Atibaia. A eletricidade produzida na casa

de força é distribuída pelo sistema de

transmissão.

Além das estruturas relacionadas à

geração e transmissão de energia, o

conjunto também possui cerca de dez

casas que eram destinadas a seus

trabalhadores. As plantas de todas essas

casas, assim como das estruturas de

geração e transmissão de energia estão

disponíveis no processo de tombamento.

Quer saber

mais?

Figura 18. Planta da vila de operadores, 1983.

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AGRADECIMENTOS

Arquivo Municipal de Campinas

Coordenadoria Setorial do Patrimônio

Cultural (CSPC)

Campinas, fevereiro de 2019.

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ÍNDICE

Redes de Abastecimento 5

Redes de Abastecimento e o

CONDEPACC 6

Três Exemplares 10

Torre do Castelo Vitor Negrete 15

Mercado Municipal de Campinas 23

Conjunto Arquitetônico da

Usina Salto Grande 31

CRÉDITOS DA ILUSTRAÇÕES

Figuras 1, 2 e 3. Página “Patrimônio Histórico Cultural” da Prefeitura Municipal de Campinas.

Figuras 4 e 5. Denise Geribello, 2019.

Figuras 6, 10 e 14. Mapas obtidos pelo programa Google Earth em 18 de fevereiro de 2019, editados pela autora.

Figura 7. Processo nº 02/98, folha 72.

Figura 8. Processo nº 02/98, folha 78.

Figura 9. Processo nº 02/98, folha 144.

Figura 11. Processo nº 07/95, folha 226.

Figura 12. Processo nº 07/95, folha 141.

Figura 13. Processo nº 07/95, folha 33.

Figura 15. Processo nº 28/04, folha 93.

Figura 16, 17 e 18. Companhia Paulista de Força e Luz apud Processo nº 28/04, folha 102, 106 e 110.

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O ACERVO NAS MÃOS DO PÚBLICO

Esta obra integra a série Patrimônio Cultural Campineiro, desenvolvida pelo Projeto

de Educação Patrimonial O Acervo nas Mãos do Público. O projeto tem como objetivo

promover o patrimônio do município e difundir o rico acervo constituído pelos Estudos

de Tombamento elaborados pelo CONDEPACC. Além de trazer para o leitor dados,

desenhos e fotografias que integram estes estudos, o projeto visa despertar o interesse

da população para a consulta deste acervo, disponível na internet para acesso público.

A série se desdobra em seis volumes:

A CASA PRAÇAS ESCOLAS

FÁBRICAS FERROVIAS REDES DE

ABASTECIMENTO Material disponível para download na página da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de

Campinas > Patrimônio Histórico e Cultural > Publicações> FICC.

PATROCÍNIO: Projeto realizado com apoio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria da Cultura, Fundo de

Investimentos Culturais de Campinas – 2015/2016 – execução 2018/2019.