Patrimônio Vivo

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pertencimento ressignificação memória Caso do Patrimônio - Vale do Ribeira PATRIMÔNIO VIVO

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As paredes ganham almas

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pertencimento

ressignificação

memória

Caso do Patrimônio - Vale do Ribeira

PATRIMÔNIO VIVO

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pertencimento

ressignificação

memória

PATRIMÔNIO VIVO

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Realização IPHANPrefeitura de IguapeCasa do Patrimônio Casa Vale do Ribeira

ProduçãoCarlos Alberto JuniorDiego Dionisio

Artes PlásticasRauricio Barbosa

FotógrafosDiego DionisioRick Pellerin - fotos Detalhes

Projeto Gráfico e DiagramaçãoCarol Bampa

SUMÁRIO

IGUAPE - 04

APRESENTAÇÃO -07

IGUAPE IN-CONCRETUS - 09

PATRIMÔNIO VIVO - 11

DETALHES - 30

“Pensar em patrimônio agora, é pensar com transcendência, além das paredes, além dos

quintais, além das fronteiras. É incluir as gentes, os costumes, os sabores, os saberes. Não mais

somente as edificações históricas, os sítios de pedra e cal. Patrimônio também é o suor, o sonho,

o som, a dança, o jeito, a ginga, a energia vital e todas as formas de espiritualidade da nossa gente.

O intangível, o imaterial.”

Gilberto Gil

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Iguape é uma cidade localizada no litoral sul de São Paulo, na região do Vale do Ribeira e está próxima a duas capitais: São Paulo (208 Km) e Curitiba (263 Km).

Com data oficial de fundação em 03 de dezembro de 1538, Iguape era, em 1577, a Freguesia de Nossa Senhora das Neves de Iguape, transformando -se em vila por volta de 1635. Em 1849 a Vila alcança a categoria de cidade chamando-se Bom Jesus da Ribeira de Iguape e, mais tarde, a cidade tem seu nome simplificado: Iguape, que na linguagem tupi-guarani significa baía, enseada, em função da localização geográfica de seu primeiro núcleo de povoação. Com registros de povoação que remontam a chegada dos europeus, encontram-se ainda 140 sítios arqueológicos cadastrados datados de milhares de anos.

Acredita-se que na época do descobrimento do Brasil, em meio ao período das grandes navegações, durante os primeiros anos do século XVI, os portugueses faziam, pela região costeira do litoral paulista, incursões

O arroz era produzido em diversas localidades ao longo do Rio Ribeira, trazido a Iguape por este mesmo rio que, em certa altura, passava a cerca de 2km da cidade, desembocando no oceano 30 km acima. Para tal, os batelões davam enormes voltas para sair na Barra do Ribeira, entrar na Barra de Icapara e então atingir o Mar Pequeno e chegar ao Porto de Iguape e assim poder escoar a produção para outros portos do Brasil e Europa, ou seja, até essa época, todo o transporte de sacas de arroz podia ser feito das seguintes formas: ou eram desembarcados no Porto de Ribeira e dali eram transportadas em carroças até o Porto de Iguape (Porto Grande), ou as embarcações mesmo chegando tão perto do centro da cidade tinham que prosseguir viagem pelo Ribeira até atingir a Barra, entrando depois pela Barra do Icapara e só depois chegar ao Porto, esse trajeto além de oferecer perigos aumentavam sobremaneira os custos da viagem. Então, para facilitar o transporte das sacas e também reduzir as despesas com fretes, decidiram abrir esse canal que só foi totalmente terminado por volta de 1852, quando então possibilitava acesso a uma canoa por vez. Em agosto de 1827, foi iniciada a abertura do Canal do Valo Grande. O canal com mais de 2km de extensão, 1m de profundidade e 2m de largura, aberto por escravos, ao custo de 47 contos de Réis, onde os empresários e agricultores que quisessem fazer uso do canal teriam que ajudar com dinheiro, fornecendo escravos, ou ainda contribuindo na alimentação dos trabalhadores, se mostrou, na época uma solução para esse problema.

Aberto o canal, desenvolveu-se a navegação regular do Ribeira e então Iguape liderou economicamente a região.

O rio era o eixo das comunicações enquanto a cidade se tornava um entreposto armazenador e exportador de produtos produzidos na região (vale salientar que na época Iguape era composta por praticamente todo o atual Vale do Ribeira). Em 1861, quando Iguape já era um próspero município o Valo Grande começou a causar preocupações e, pouco mais de 50 anos após a abertura, o canal já estava com 200 m de largura e, por volta de 1970, com 300m e hoje, em alguns pontos chega a atingir 400m. Parte das terras da cidade, invadidas pelas águas eram agora grandes alagadiços. Tinham sido construídos muros de contenção e barragens, pouco eficientes, pois tudo era carregado pelo rio.

Ou seja, com o tempo, a obra se revelou fatal para a economia iguapense, pois suas margens começaram a desbarrancar, devido à força das águas do Rio Ribeira que passaram a entrar pelo canal, e essa areia começou a ser depositada em frente ao Porto de Iguape, o que aos poucos, foi impedindo a entrada de navios. Dessa forma prejudicou-se todo o escoamento, inviabilizando a produção e isolando a região, visto que o Porto de Iguape era a única alternativa de comunicação com o restante do estado, mergulhando a cidade no mais profundo colapso econômico, com projeções culturais que atingem os dias de hoje.

Esse isolamento que proporcionou a preservação da maior faixa contínua de Mata Atlântica do planeta e a proteção do rico acervo arquitetônico construído ao longo do Período de apogeu, proporcionou também profundas cicatrizes na população, imprimindo um sentimento derrotista e de perda se projeta até os nossos dias. Reverter esse processo mostra-se como o grande desafio.

de reconhecimento, tendo fundado a Vila de São Vicente, oficialmente em 1532 por Martin Afonso de Souza. Povoado esse que já existia desde meados de 1510. Em função de sua localização, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, essa região entre Iguape e Cananéia seria palco de disputas de terras entre portugueses e espanhóis.

O primeiro núcleo de povoação de Iguape se dá em frente à Barra Icapara. Atribui-se a fundação desse povoado ao degredado português Cosme Fernandes ou o “Bacharel de Cananéia” que, aliado a castelhanos vindos do rio da Prata como Rui Garcia de Mosquera, ajudaram a mantê-lo lutando contra invasores. Há registros de um conflito entre os icaparanos e os vicentinos logo após uma expedição de Martin Afonso de Souza durante no período de 1531 e 1532, que mapeava os limites da Vila de São Vicente. Segundo relatos do historiador Roberto Colaço, os icaparanos mortos foram enterrados em um cemitério improvisado onde uma capela foi construída para uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Hoje este lugar é conhecido como Vila do Prelado e Icapara hoje é uma vila de pescadores com traços peculiares de um povoado do início da colonização. Voltando à origem histórica, Iguape mudar-se-ia para uma enseada, por sofrer ataques constantes de corsários e por ser elevada a Freguesia de Nossa Senhora das Neves. Conta-se, em um misto de lendas e tradições, que a imagem encontrada hoje no altar da Basílica do Bom Jesus foi um presente de um capitão que tinha a transportava na cabine de seu navio. Durante a fuga de corsários, em 1537, o comandante consegue fugir avistando a barra do Icapara. Na tentativa de se esconder eles escapam dos piratas e atribuem à Virgem das Neves o sucesso da empreitada. Como agradecimento presenteiam o núcleo de povoação do Icapara e constroem uma capela em sua homenagem. Com a mudança para o lugar onde hoje Iguape se encontra, inicia-se em 1614 a construção de uma nova igreja concluída em 1637, onde mais tarde se juntará a ela a imagem do Bom Jesus de Iguape.

Essa mudança da cidade se dá em busca de maior proteção e pela necessidade de água potável em abundância. No início do século XVII, por volta de 1614, a Vila de Nossa Senhora das Neves de Iguape é transferida para o local onde até os dias de hoje encontra-se a cidade. Construiu-se a igreja , a casa da Oficina Real de Fundição de Ouro (a primeira do Brasil) e a Casa de Câmara e Cadeia.

Desde sua fundação Iguape passou por dois marcantes ciclos econômicos, o do Ouro e o do Arroz, que determinaram o comportamento social local e o seu acervo arquitetônico.

Os escravos africanos começam a ser trazidos para Iguape em meados do século XVII com a descoberta do ouro de aluvião no Vale do Ribeira. A decadência da mineração de ouro por ocasião da escassez das lavras e a descoberta das Gerais faz com que a Vila entre em um período de estagnação, superada mais tarde com o início do ciclo do arroz, ainda com o uso de mão de obra escrava. Hoje remanescentes de quilombos estão espalhados em várias cidades ao longo do Vale do Ribeira.

Com a construção do porto, o ciclo do arroz Iguape conhecerá seu auge econômico, proporcionando à cidade o título de produtor do melhor arroz do Mundo na Feira de Turim, na Itália, ano de 1860. Este ciclo econômico foi responsável pela construção do maior acervo arquitetônico de pedra e cal tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional dentro do Estado de São Paulo.

IGUAPE

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APRESENTAÇÃO

Existe uma etapa no processo de trabalho de Gestão Cultural, por vezes pouco compreendida, mas de fundamental importância, que consiste em estabelecer relações. Nesse momento nos deparamos com conceitos, métodos e segmentos absolutamente diferenciados, assim como produções e pessoas incríveis.

Essa etapa proporciona ao Gestor de Cultura a possibilidade de promover encontros que podem resultar em ações muito significativas para integrar a construção de uma política de cultura que reflita não só na formação do público, mas também na ressignificação da relação do indivíduo com as mais diferentes nuances do seu processo histórico e cultural. Este trabalho resultou em mais um desses felizes encontros, onde Patrimônio Histórico, Artes Plásticas e Fotografia se mesclam, transformando-se em um belo e poderoso instrumento capaz de contribuir com o despertar de uma nova consciência do cidadão frente á sua realidade, restabelecendo os laços com o seu legado histórico e cultural. Com este trabalho é possível percebermos que por meio de ações e atividades que priorizem aspectos de valorização à vida, de cooperação, de entendimento do processo histórico, somados à utilização de suportes de arte e beleza, espontaneamente a comunidade pode voltar a se integrar com o meio em que vive e a consequência disso é a preservação do patrimônio como

conquista, pois temos, à partir daí, a noção clara de que tudo é integrado à nossa formação e à nossa história. Trata-se de uma transformação individual para depois se tornar coletiva.

A preservação do patrimônio ganha um sentido muito mais significativo e verdadeiro quando nos percebemos parte integrante desse acervo que é resultado da nossa história, quando sentimos que a nossa alma, o nosso trabalho e tudo aquilo que somos, está impresso concretamente nas nossas casas, ruas, nas largas paredes e muros de pedra. Fortalecer esse laço em meio à enorme onda de informações dos mais variados setores, em geral decorrentes do processo de globalização (inclusive cultural), roborado pelo avanço da tecnologia é, certamente, o nosso maior desafio.

Baseados nessa ótica, instrumentos como este podem contribuir com o surgimento de novas possibilidades, avaliando, registrando e sugerindo “modernas” estratégias de valorização do processo histórico e ressignificação do patrimônio resultante dele. Iguape consolida-se como palco de encontros muito interessantes, o IPHAN como condutor dessas ações, mas o melhor de tudo é que a população iguapense consolida-se como protagonista desse processo. Só nós, iguapenses podemos fazer com que nossa história valha à pena, pois uma vez que percebemos com clareza a importância de atitudes saudáveis tanto para nós mesmos, quanto para a comunidade, nos tornamos mais um exemplo para que outros se conscientizem. O resgate dessa história e o restabelecimento dessas relações são fundamentais, não só sob o aspecto cultural como por sua função social e econômica.

Parabéns a todos que fazem parte desse “trem” e àqueles que passam a integrá-lo. Parabéns ao Raurício Barbosa, Diego Dionísio, aos jovens e dedicados iguapenses Alysson, .............., ................., ao IPHAN e à Prefeitura de Iguape e a todos que contribuíram para a produção deste trabalho. O nosso Patrimônio é resultado do que somos, como nos formamos e nos construímos ao longo da história. Somos o nosso maior patrimônio. Somos Iguape!

Carlos Jr.

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IGUAPE IN-CONCRETUS

O projeto In-Concretus surge da idéia de mostrar diferentes lugares no Brasil e exterior levando em consideração sua identidade

arquitetônica e social.

O conceito do título In-Concretus, se forma com o prefixo in, que, nesse caso, traz os dois significados: O primeiro (quando este é

usado isoladamente) que quer dizer interno, dentro e caracteriza-se como a parte humana expressa na estruturação das cidades, a

subjetividade social expressa através da arquitetura local; o segundo significado (quando é tomado com a palavra concretus) que quer dizer

não, contrário e procura, assim, uma reavaliação da palavra concretus como arquitetura que transmite e representa a sociedade em seus

diferentes aspectos. Já Concretus se volta diretamente para a idéia da arquitetura em si, como estrutura física. Vale salientar que, o termo

In-Concretus deixa de ser substantivo e passa a ser adjetivo quando vem seguido do local no qual as intervenções acontecem. Dessa forma,

destaca-se a cidade. Ou seja, Iguape In-Concretus, trouxe as seguintes características:

- Contribuiu com a difusão dos processos criativos nas artes visuais no município de Iguape.

- Procurou mostrar as características arquitetônicas dos bens materiais iguapenses, ou seja, seus casarios e os bens imateriais, s e u

contexto natural aliando a técnica de body painting à aspectos físicos.

- Durante o processo de pintura corporal foram destacadas partes específicas das paredes e locais escolhidos como cores, formas,

desgastes e padrões visuais que contam a história da cidade.

- Foram usados cidadãos iguapenses nas intervenções como tela para o mimetismo, dessa forma buscou-se que o observador se

sentisse mais próximo e se relacionasse mais humanamente com a cidade.

Com as intervenções urbanas todos tiveram acesso às apresentações, já que essas foram feitas em locais abertos e de grande

circulação. Os corpos dos modelos foram pintados totalmente de modo que se camuflaram no ambiente.

Significado do termo e aspectos gerais

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Raurício Barbosa

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casa amarela1110

patrimônio

artes plásticas

fotografia

PATRIMÔNIO VIVO

casa de maria

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banda santa cecília1312

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casa azul1514

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casa rosa1918

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casa crianças 2120

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fonte 22 praça23

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prefeitura 2524

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casa laranja 2726

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floresta 2928

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DETALHES

Rick Pellerin

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CRÉDITOS