PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada...

102
PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO - PÓS E PRÉ/PÓS-INDUÇÃO TUMORAL – SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE SARCOMA 180 UTILIZANDO SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE Pleurotus djamor JOINVILLE - SC 2012

Transcript of PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada...

Page 1: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO

INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO - PÓS E PRÉ/PÓS-INDUÇÃO

TUMORAL – SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE SARCOMA 180 UTILIZANDO

SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE Pleurotus djamor

JOINVILLE - SC

2012

Page 2: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO

INFLUÊNCIA DO TIPO DE TRATAMENTO - PÓS E PRÉ/PÓS-INDUÇÃO

TUMORAL – SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE SARCOMA 180 UTILIZANDO

SUBSTÂNCIAS BIOATIVAS DE Pleurotus djamor

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Meio Ambiente, na Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE. Área de concentração: Biotecnologia. Orientadora: Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Co-orientador: Prof. Dr. Mauro de Souza Leite Pinho

JOINVILLE - SC

2012

Page 3: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

2

TERMO DE APROVAÇÃO

“Influência do Tipo de Tratamento - Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral – Sobre o

Desenvolvimento de Sarcoma 180 Utilizando Substâncias Bioativas de Pleurotus djamor”

por

Paula Barjona do Nascimento Coutinho

Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de

concentração Biotecnologia e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em

Saúde e Meio Ambiente.

__________________________________

Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Orientadora (UNIVILLE)

__________________________________

Prof. Dr. Gilmar Sidnei Erzinger Coordenador do Programa de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente

Banca Examinadora:

__________________________________

Profa. Dra. Sandra Aparecida Furlan Orientadora (UNIVILLE)

__________________________________

Prof. Dr. Mauro de Souza Leite Pinho Coorientador (UNIVILLE)

__________________________________

Prof. (UNIVILLE)

__________________________________

Prof.

Joinville, ____ de ________ de 2012.

Page 4: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

3

Dedico este trabalho à minha vó, minha mãe e

minha irmã. Exemplos de mulheres fortes, que

me inspiram a vencer os desafios que encontro

no meu caminho.

Page 5: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

4

AGRADECIMENTOS

A Deus, em primeiro lugar, fonte de luz e paz interior que me faz seguir em frente, vencendo

cada obstáculo.

À professora Sandra Aparecida Furlan, pela orientação deste trabalho e pelo exemplo de

competência e dedicação.

Às professoras Márcia L. Lange Silveira, minha mentora nas bancadas laboratoriais, e

Mariane Bonatti Chaves, pelo auxílio sempre muito prestativo nos cultivos em biorreator.

Às técnicas dos laboratórios de pesquisa Leslie, Fernanda e Endi, que sempre muito

prestativamente me ajudaram ao longo do trabalho.

Ao estagiário de iniciação científica Thierry Waltrich Augusto, que me auxiliou em vários

testes laboratoriais.

A todo corpo docente do programa de mestrado em saúde e meio ambiente da Univille, que

contribuiu para minha formação.

Ao Sebastian Strauch, biólogo que mais admiro por seu amor à pesquisa, que me inspira com

seu exemplo de dedicação e competência.

À minha chefe Elza Cristina Giostri, que compreendeu a necessidade de algumas ausências ao

meu emprego e sempre facilitou para que eu conciliasse os horários.

Especialmente à minha família, que é a base de tudo na minha vida.

Page 6: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

5

RESUMO

O câncer é responsável por quase 17% dos óbitos ocorridos por causa conhecida no Brasil, sendo considerada a segunda causa de morte na população. As terapias disponíveis de combate ao câncer causam danos ou enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter sido danificadas pelo câncer em si. Diante disso, busca-se o desenvolvimento de terapias menos agressivas, que causem menos efeitos colaterais e diminuam o sofrimento típico de um paciente com câncer. A busca por novos tratamentos revelou a atividade antineoplásica de diversos fungos da classe dos basidiomicetos, dentre eles os fungos do gênero Pleurotus. A atividade antitumoral, em quase todos os cogumelos, é atribuída a polissacarídeos constituintes da parede celular. Muitos trabalhos reportados na literatura validaram a atividade de substâncias bioativas de fungos do gênero Pleurotus após a indução tumoral. No entanto, poucos trabalhos objetivaram investigar a possível ação preventiva dessas substâncias sobre o desenvolvimento das neoplasias. Este trabalho teve, portanto, como objetivo avaliar a atividade antitumoral de substâncias bioativas presentes na biomassa deslipidificada do basidiomiceto Pleurotus djamor contra Sarcoma 180, em camundongos albinos swiss machos, por meio de testes pós e pré/pós-indução tumoral. O tratamento pós-indução tumoral foi iniciado 24 horas após o implante tumoral e conduzido durante 10 dias, enquanto que o tratamento pré/pós-indução tumoral foi iniciado 10 dias antes da indução tumoral e mantido por 10 dias após a implantação do tumor. A administração da substância teste foi realizada por via intraperitoneal nas doses de 10, 30 e 50 mg kg-1 e a avaliação do desenvolvimento tumoral foi realizada 21 dias após a indução do tumor pela determinação do volume e da massa tumoral. Os resultados mostraram uma inibição tumoral média de 83,3% e 70% para os testes pré/pós- indução e pós-indução, respectivamente. A sobrevida dos animais tratados com 10 mg kg-1 da substância teste aumentou em 90%. O ensaio MTT revelou citotoxidade na dose de 16 mg mL-1. Palavras-chave: Pleurotus djamor, substâncias bioativas, câncer, tratamento preventivo, Sarcoma 180.

Page 7: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

6

ABSTRACT

Cancer is responsible for about 17% of the known causes of death in Brazil and is the second leading cause of death by desease in the country. Anticancer therapies very often cause damage and weaken the immunological resistance of patients that may also have been affected by the cancer itself. Therefore, the development of less aggressive therapies, which cause fewer side effects and diminish the typical suffering of cancer patients is being sought. The search for new thereapies revealed the antitumor activity of several basidiomycete mushrooms, including fungus of the genus Pleurotus. Antitumor activity in most mushrooms is exerted by polisaccharides present in the cell wall. Many works reported in literature have validated the activity of bioactive substances of fungi of the genus Pleurotus after tumor induction. Few studies aimed at investigating the possible preventive action of these substances against the development of tumors. Therefore, the aim of this work was to evaluate the antitumor activity of bioactive substances present in the delipidified mycelium of the mushroom Pleurotus djamor against Sarcoma 180 inoculated in albin swiss mice using protocols of post-inoculation treatment and pre/post-inoculation treatment. Post-treatment, started 24h after tumor inoculation and was maintained for 10 days, while pre/post- treatment started 10 days before tumor inoculation and was maintained for 10 days after tumor inoculation. The substance was administered intraperitoneally at doses of 10, 30 and 50 mg kg-1. Tumor inhibition was evaluated 21 days after inoculation by measuring tumor weight and volume. The results showed an average inhibition of 83.3% and 70% for the pre/post-treatment test and for the post-treatment test, respectively. The survival of animals, treated with 10 mg kg-1 of the test substance has increased by 90%. The MTT assay revealed cytotoxicity at the dose of 16 mg mL-1. Key words: Pleurotus djamor, bioactive substances, cancer, preventive treatment, Sarcoma 180.

Page 8: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Ciclo reprodutivo de um basidiomiceto.............................................................. 18

Figura 2 Diagrama do processo de produção da biomassa

deslipidificada..................................................................................................... 55

Figura 3 Delineamento experimental para o tratamento antitumoral................................ 61

Figura 4 Delineamento experimental do teste taxa de sobrevida...................................... 64

Figura 5 (A) massas (g), (B) volumes (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do

Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pré/pós-indução tumoral dos animais

com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus

djamor................................................................................................................. 67

Figura 6 (A) volumes (cm3), (B) massas (g) e (C) percentuais de inibição (%) do

Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pós-indução tumoral dos animais

com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus

djamor................................................................................................................. 70

Figura 7 Comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e pós-indução tumoral

para cada dose avaliada....................................................................................... 73

Figura 8 Viabilidade celular (%) de células de Sarcoma 180 tratadas com biomassa

deslipidificada de P. djamor............................................................................... 81

Page 9: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Fonte, tipo e bioatividade de alguns polissacarídeos macrofúngicos............... 20

Tabela 2 Efeitos medicinais de Pleurotus spp................................................................. 26

Tabela 3 Percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 por substâncias obtidas de

diferentes espécies de Pleurotus adiministradas após indução tumoral...........

36

Tabela 4 Diferenciação entre tumores benignos e malignos........................................... 39

Tabela 5 Classificação dos tumores segundo sua origem tecidual.................................. 40

Page 10: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

1 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14

1.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 14

1.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 15

2.1 Fungos ................................................................................................................................ 15

2.1.1 Generalidades sobre Fungos ............................................................................................ 15

2.1.2 Os Basidiomicetos ........................................................................................................... 17

2.1.2.1 Generalidades ............................................................................................................... 17

2.1.2.2 Atividades Biológicas de Basidiomicetos .................................................................... 19

2.1.2.3 Atividade Antitumoral de Basidiomicetos ................................................................... 22

2.1.3 Fungos do Gênero Pleurotus ........................................................................................... 24

2.1.3.1 Atividade antitumoral de Pleurotus spp. ...................................................................... 27

2.2 Protocolos de Tratamentos a Base de Substâncias Fúngicas Bioativas.............................. 32

2.2.1 Pré-Tratamento ................................................................................................................ 32

2.2.2 Pré/Pós-Tratamento ......................................................................................................... 34

2.2.3 Pós-Tratamento ................................................................................................................ 35

2.3 Neoplasias ........................................................................................................................... 38

2.3.1 Classificação e Nomenclatura ......................................................................................... 38

2.3.2 Carcinogênese .................................................................................................................. 40

2.3.3 Incidência do Câncer Humano ........................................................................................ 43

Page 11: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

10

2.3.4 Sarcomas .......................................................................................................................... 46

2.3.5 Tratamentos ..................................................................................................................... 47

2.3.5.1 Cirurgia ......................................................................................................................... 47

2.3.5.2 Quimioterapia ............................................................................................................... 48

2.3.5.3 Radioterapia .................................................................................................................. 49

2.3.5.4 Tratamentos Complementares ...................................................................................... 51

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 55

3.1 Obtenção da Biomassa Deslipidificada .............................................................................. 55

3.1.1 Microrganismo e Manutenção ......................................................................................... 56

3.1.2 Preparo do Inóculo .......................................................................................................... 56

3.1.3 Produção de Biomassa ..................................................................................................... 57

3.1.4 Separação da Biomassa ................................................................................................... 58

3.1.5 Dose de Tratamento ......................................................................................................... 58

3.2. Avaliação In Vivo da Biomassa Deslipidificada ................................................................ 58

3.2.1 Animais e Manutenção .................................................................................................... 59

3.2.2 Tumor e Manutenção ....................................................................................................... 59

3.2.3 Indução Tumoral.............................................................................................................. 59

3.2.4 Delineamento Experimental do Tratamento Antitumoral ............................................... 60

3.2.5 Testes Dose x Resposta ................................................................................................... 61

3.2.6 Avaliação do Desenvolvimento Tumoral ........................................................................ 62

3.2.7 Avaliação do Tempo de Sobrevida .................................................................................. 63

3.2.8 Teste de Citotoxicidade ................................................................................................... 65

3.2.9 Análise Estatística ........................................................................................................... 66

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 67

Page 12: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

11

4.1 Avaliação da Atividade Antitumoral .................................................................................. 67

4.1.2 Teste Pré/Pós-Indução Tumoral ...................................................................................... 67

4.1.3 Teste Pós-Indução Tumoral ............................................................................................. 69

4.1.4 Comparação Entre os Testes Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral ........................................ 72

4.2 Teste de Sobrevida.............................................................................................................. 78

4.3 Teste de Citotoxicidade ...................................................................................................... 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 84

PERSPECTIVAS FUTURAS .................................................................................................. 85

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 86

ANEXO .......................................................................................................................... 100

Page 13: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

12

INTRODUÇÃO

Em 2009, neoplasias malignas eram responsáveis por quase 17% dos óbitos ocorridos

por causa conhecida no Brasil, sendo considerada a segunda causa de morte na população. Em

2010 estimou-se ocorrência de 489.270 casos novos de câncer no país, estimativa também

válida para o ano de 2011 (INCA, 2012a, web). Para o ano de 2012 o Instituto Nacional do

Câncer aponta a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de câncer no país,

número também válido para 2013 (INCA, 2012b, web).

O envelhecimento da população é uma das causas que influencia o aumento no

número de casos de câncer (JEMAL et al., 2011). Outros fatores como sexo, lugar de

residência, etnia (COATES e MCCREDDIE, 1998) e fatores ambientais, tais como físicos

(raio ultravioleta, radiação ionizante), químicos (aflatoxinas) e biológicos (vírus), além de

culturais (alimentação, estresse, tabagismo) e hereditários, podem também contribuir para o

aparecimento de diversas neoplasias (COTRAN, KUMAR e COLLINS, 2000).

Tanto a radioterapia como a quimioterapia, que juntamente com a cirurgia são as

terapias mais convencionais de tratamento do câncer (BONASSA, 2001), invariavelmente

causam danos ou enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter

sido danificadas pelo câncer em si (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003).

Nesse contexto, torna-se de extrema importância a busca por terapias menos

agressivas, que causem menos efeitos colaterais e diminuam o sofrimento típico de um

paciente com câncer.

A partir dessas observações, vem-se desenvolvendo um novo conceito na terapia

contra o câncer, a de que é possível modificar a resposta do hospedeiro às células

Page 14: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

13

cancerígenas (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003) pela utilização de compostos, que

possam alterar ou aumentar os processos que ocorrem naturalmente no corpo. Tais compostos

são chamados modificadores de resposta biológica (BRMs) e atuam melhorando a atividade

do sistema imunológico, aumentando os mecanismos naturais de defesa do organismo

(GOLDSBY, KINDT e KUBY, 2000).

Estudos da literatura vêm revelando que vários autores atribuem a atividade

antitumoral exercida por polissacarídeos fúngicos à ativação do sistema imune do hospedeiro

(BOHN e BEMILLER, 1995; WASSER e WEIS, 1999; WASSER, 2002) e diversos estudos

têm sido conduzidos com o intuito de comprovar a atividade antineoplásica de diversos

fungos da classe dos basidiomicetos (KIHO et al., 2010; SOARES et al., 2011; TANAKA et

al., 2011; ISHII et al., 2011). Dentre estes, vários fungos do gênero Pleurotus já tiveram sua

atividade antitumoral comprovada (JUNG et al., 2011; ZAHNG et al., 2011; FACCHINI,

2011; ASSIS, 2011).

Inúmeros trabalhos buscaram comprovar a atividade antitumoral das substâncias

bioativas de fungos do gênero Pleurotus após a indução tumoral (ZHANG et al., 1994;

ZHANG et al., 2004; WANG et al., 2005; SARANGI et al., 2006; TAO, ZHANG e

CHEUNG, 2006; WOLFF et al. 2008; DE BARBA, 2010).

No entanto, poucos autores objetivaram investigar a possível ação preventiva dessas

substâncias sobre o desenvolvimento tumoral (SHAMTSYAN et al., 2004; BOBEK,

GALBAVY e OZDIN, 1998; NOSÁL’OVÁ et al., 2001).

Diante do exposto, o presente trabalho busca avaliar a atividade antitumoral de

substâncias bioativas presentes da biomassa deslipidificada do basidiomiceto Pleurotus

djamor em testes pós e pré/pós-indução tumoral, a fim de investigar a possível ação

preventiva dessas substâncias sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180 in vivo.

Page 15: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

14

1 OBJETIVOS

1.1 Objetivo Geral

Investigar in vivo a ação preventiva de substâncias bioativas presentes na biomassa

deslipidificada de Pleurotus djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180 (S180).

1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

• Investigar in vivo o efeito de diferentes concentrações de biomassa

deslipidificada de Pleurotus djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180

por meio de testes pós e pré/pós-indução tumoral;

• Avaliar o efeito da administração intraperitoneal da biomassa deslipidificada

de Pleurotus djamor sobre a taxa de sobrevida dos animais portadores de

Sarcoma 180;

• Avaliar in vitro o efeito citotóxico das substâncias presentes da biomassa

deslipidificada de Pleurotus djamor.

Page 16: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Fungos

2.1.1 Generalidades sobre Fungos

Os fungos são seres eucarióticos e constituem um grupo de organismos heterotróficos

em que não ocorre clorofila (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007; ESPOSITO e

AZEVEDO, 2004). Podem apresentar-se sob a forma levuriforme (unicelular), ou constituir

hifas (filamentos). O conjunto de hifas, ramificadas ou não, denomina-se micélio (ESPOSITO

e AZEVEDO, 2004).

Os fungos são responsáveis pela produção de importantes ácidos orgânicos, como o

ácido cítrico, pela produção de fármacos, como alguns antibióticos, pela produção de enzimas

de interesse industrial de elevado valor econômico, pelo controle biológico de pragas, pelo

controle de inúmeras moléstias que atacam plantas cultivadas, e pela produção de etanol,

dentre outros. Eles ainda têm destaque na produção de bebidas fermentadas como cervejas e

vinhos, queijos dos mais diversos tipos e muitos outros alimentos (ESPOSITO e AZEVEDO,

2004).

Para a obtenção de nutrientes eles agem como sapróbios, como parasitas ou como

simbiontes mutualistas (PUTZKE e PUTZKE, 1998; MIMS, PLAYFAIR e ROITT, 1999;

RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007), absorvendo pequenas moléculas, que são liberadas

Page 17: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

16

após secreção de enzimas sobre a fonte de nutrientes (MIMS, PLAYFAIR e ROITT, 1999;

RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007).

Os fungos são seres cosmopolitas (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2007)

ecologicamente importantes, pois, no solo, participam da ciclagem dos nutrientes. Além do

solo são também encontrados na água, em vegetais, em animais, no homem e em detritos

(TRABULSI e TOLEDO, 1996).

Os micologistas dividem o reino Fungi em três principais grupos: os fungos limosos,

os fungos inferiores flagelados e os fungos terrestres (PELCZAR, CHAN e KRIEG, 1996).

De acordo com o autor, a classificação dos fungos baseia-se primariamente nos seguintes

critérios:

• Características dos esporos sexuais e corpos frutíferos presentes durante os

estágios sexuais dos seus ciclos de vida;

• Natureza dos seus ciclos de vida;

• Características morfológicas de seu micélio vegetativo ou de suas células.

Entretanto, muitos fungos produzem esporos sexuais e basidiomas somente sob certas

condições ambientais. Aqueles que possuem todos os estágios sexuais conhecidos são

denominados fungos perfeitos e, os que não possuem, fungos imperfeitos. Estes são então

colocados arbitrariamente em uma classe especial denominada Deuteromycetes. Quando seus

ciclos sexuais são descobertos posteriormente, são então reclassificados entre as outras classes

e recebem novos nomes (PELCZAR, CHAN e KRIEG, 1996).

A classificação proposta por Alexopoulos, Mims e Blackwell (1996), bem como a de

Raven, Evert e Eichhorn (2007) agrupa no reino fungi os filos Chytridiomycota, Zygomycota,

Page 18: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

17

Ascomycota e Basidiomycota.

Em 1995 a classificação proposta por Hawksworth et al. (1995) dividiu o filo

basidiomycota em 3 classes: Basidiomycetes, Teliomycetes e Ustomycetes, sendo esta também

a classificação aceita por Alexopoulos, Mims e Blackwell (1996) e Raven, Evert e Eichhorn

(2007).

2.1.2 Os Basidiomicetos

2.1.2.1 Generalidades

Basidiomicetos são caracterizados, em parte, pela produção de basidiósporos (esporos

sexuais) em um basídio (célula onde ocorre cariogamia e meiose) (RAVEN, EVERT e

EICHHORN, 2007; HERNÁNDEZ et al., 2008).

Segundo Raven, Evert e Eichhorn (2007) o micélio da maioria dos basidiomicetos

passa por uma fase monocariótica (micélio primário), originada logo assim que o basidiósporo

germina, e uma fase dicariótica (micélio secundário), formada pela fusão das hifas

monocarióticas originadas de linhagens diferentes conforme demonstrado na Figura 1. Em

grande parte das espécies o micélio secundário se divide por meio da formação de ansas ou

fíbulas. O micélio terciário, dicariótico, é o que forma o basidioma, estrutura que contém os

basídios, de onde bilhões de basidiósporos são liberados. O micélio dos basidiomicetos é

sempre septado e os septos são perfurados.

Page 19: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

18

Figura 1 – Ciclo reprodutivo de um basidiomiceto Fonte: Hood (2006)

São conhecidas cerca de 23.000 espécies de fungos basidiomicetos (HOOD, 2006) e,

dentre estas estão diversas espécies de cogumelos comestíveis (RAVEN, EVERT e

EICHHORN, 2007).

Os cogumelos são muito apreciados como alimento em diversos países, não somente

devido ao seu paladar, mas também por terem elevado valor nutritivo e baixo valor calórico.

São fontes de ácidos graxos essenciais, sais minerais e proteínas (FURLANI e GODOY,

2005; TAKAHASHI e CARVALHO, 2010).

Furlani e Godoy (2005) conduziram um trabalho que relatou o valor nutricional de

cogumelos comestíveis. O estudo demonstrou que os cogumelos em questão mostraram ser

Micélio

secundário

(n+n)

Basidiocarpo (n+n)

Basídio inicial (cariogamia

2n) Plasmogamia

Basídio (meiose)

Basidiósporo (n)

Page 20: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

19

alimentos com características nutricionais excelentes, com alto teor de proteínas e fibras

alimentares, além do baixo teor de lipídeos e fonte considerável de fósforo.

Os cogumelos comerciais Agaricus bisporus (champignon), Lentinus edodes (shiitakii)

e Pleurotus spp (ostra) são os mais comuns (WEBSTER e WEBER, 2007; HERNÁNDEZ et

al., 2008). No entanto, muitos cogumelos selvagens, tais como Fistulina hepatica, Sparassis

crispa, Albatrellus sp., Grifola frondosa, Hericium erinaceum e Laetiporus sulphureus, dentre

vários outros, também são comestíveis (HERNÁNDEZ et al., 2008).

Além da grande importância na indústria alimentícia, atualmente destacam- se também

os produtos derivados de cogumelos com aplicações farmacológicas. Eles se apresentam, em

sua maioria, na forma de extratos ou pó, derivados tanto do micélio cultivado como do corpo

frutífero (BADALYAN, 2001).

2.1.2.2 Atividades Biológicas de Basidiomicetos

Muitos, se não todos os basidiomicetos contém polissacarídeos biologicamente ativos

em seus corpos frutíferos, micélio cultivado e caldo de cultura (WASSER, 2011).

A atividade biológica de basidiomicetos foi confirmada por Lucas pela primeira vez

em 1957, através do isolamento de uma substância de Boletus edulis, que apresentou efeito

significativo na inibição contra células tumorais de Sarcoma 180 (ZHANG et al., 2007) e,

desde então, diversos estudos têm sido conduzidos, buscando-se a confirmação de efeitos

medicinais de polissacarídeos encontrados em várias espécies de basidiomicetos como mostra

a Tabela 1.

Page 21: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

20

A atividade antitumoral, em quase todos os cogumelos, é atribuída a polissacarídeos

(GUNDE-CIMERMAN, 1999). No entanto, como pode ser observado na Tabela 1, além da

atividade antitumoral, destacam-se dentre as propriedades medicinais dos fungos

basidiomicetos, a atividade hipoglicêmica, antifúngica, antiviral, modulatória do sistema

imunológico, antioxidante, anticolesterolêmica, cardiovascular, antiviral, antibacteriana,

antiparasitária, antifúngica, desintoxicante, hepatoprotetora, antidiabética, entre outras

(SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2002; WASSER, 2011).

Tabela 1 - Fonte, tipo e bioatividade de alguns polissacarídeos macrofúngicos

Fonte fúngica Referências Fonte do

polissacarídeo Tipo Principal atividade

Pleurotus tuber-

regium

Zhang, Cheung e Zhang, 2001; Zhang, Chiu, Cheung, e Ooi, 2006; Zhang, Zhang e Cheung, 2003

Esclerotia, micélio

β-d-glucana Hepato-protetora, anti-câncer de seio

Ganoderma

lucidum

Miyazaki e Nishijima, 1981; Mizuno, 1997

Corpo de frutificação, caldo de cultivo

Heteroglucana, mannoglucana, glicopeptídeo

Hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, antioxidativa, anti-decrepitude

Auricularia

auricula

Ukai et al., 1983; Ukai et al., 1982

Corpo de frutificação

Glucana Hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, antiinflamatória, antiradioativa

Schizophillum

commune

Yamamoto, 1981 Micélio Glucana, schizophyllana

Antitumoral

Hericum erinaceus

Kawagishi, Ando e Mizuno, 1990

Corpo de frutificação, micélio

Heteroglucana, heteroglucanapeptídeo

Hiperglicemia, imunomodulatória, Antitumoral

Lentinus edodes

Chihara, 1969; Chihara et al., 1970; Hobbs, 2000

Caldo de cultivo, corpo de frutificação

Manoglucana, complexo polisacarídeo-proteína, glucana, lentinana

Imunomodulatória, antitumoral, antiviral

Page 22: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

21

Sclerotinia

sclerotiorum

Palleschi, Bocchinfuso, Coviello e Alhaique, 2005

Esclerotia Glucana, scleroglucana (SSG)a

Antitumoral

Polystictus

versicolar

Cui e Chisti, 2003 Corpo de frutificação, caldo de cultivo, micélio

Heteroglucana, glicopeptídeo, krestin (PSK)a

Imunomodulatória, antitumoral, antiradioativa, hiperglicemia, antiinflamatória

Grifola frondosa

Cun et al., 1994; Zhuang et al., 1994; Zhuang, Mizuno, Ito, Shimura e Sumiya, 1993

Corpo de frutificação

Proteoglucana, glucana, galatomanan, heteroglucana, grifolana

Imunomodulatória, antitumoral, antiviral, hepatoprotetora

Inonotus obliquus Kim et al., 2005 Corpo de

frutificação, micélio Glucana Antitumoral,

imunomodulatória

Agaricus blazei

Mizuno, 1992; Mizuno, 1998

Corpo de frutificação, micélio

Glucana, heteroglucana, glucana proteína, Glucomanana-complexo proteico

Antitumoral

Flammulina

velutipes

Zeng, 1990 Corpo de frutificação, micélio

Complexo glucana-proteína, glicoproteína

Antitumoral, antiinflamatória, antiviral, imunomodulatória

Ganoderma

applanatum

Nakashim, Umeda e Kanada, 1979

Corpo de frutificação

Glucana Antitumoral

Polypours

umbellatus

Yang et al., 2004 Micélio Glucana Antitumoral, imunomodulatória

Clitopilus

caespitosus

Liang, Miao e Zhang, 1996

Corpo de frutificação

Glucana Antitumoral

Pleurotus

citrinopileatus

Wang et al., 2005 Corpo de frutificação

Galactomanana Antitumoral

Trametes

robiniophila

Zhang, 1995 Micélio Proteoglucana Imunomodulatória, hepatoprotetora, anti-câncer

Tremella fuciformis

Huang, 1982 Corpo de frutificação, micélio, caldo de cultivo

Heteroglucana Hiperlipidemia, hiperglicemia, imunomodulatória, antitumoral, anti-decrepitude, antitrombótica

Tremella

aurantialba Liu, Xie, Su, Han e Liu, 2003

Corpo de frutificação, micélio Heteroglucana

Imunomodulatória, hiperglicemia

Pleurotus ostreatus

Solomko, 1992 Corpo de frutificação

Glicoproteína Antitumoral, hiperglicemia, antioxidante

Morchella

esculenta

Duncan et al., 2002 Corpo de frutificação

Heteroglucana Hiperglicemia, antitumoral

Page 23: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

22

Omphalia

lapidescens

Saito, Nishijima, Ohno, Yadomae e Miyazaki, 1992

Corpo de frutificação

Glucana Antiinflamatória, imunomodulatória

Phellinus linteus

Kim, Choi, Lee e Park, 2004

Corpo de frutificação Glucana

Glucana Antitumoral

Armillariella

tabescens

Kiho, Shiose, Nagai e Ukai, 1992

Micélio Heteroglucana Antitumoral

Dictyophora

indusiata

Hara et al., 1991 Corpo de frutificação

Heteroglucana, manana, glucana

Antitumoral, hiperlipidemia

Peziza vericulosa

Mimura, Ohno, Suzuki, e Yadomae, 1985

Corpo de frutificação

Proteoglucana, glucana

Imunomodulatória, antitumoral

Tricholoma

mongolium

Wang, Ooi, Ng, Chiu e Chang, 1996

Corpo de frutificação

Glucana Antitumoral

Cordyceps SP

Hsu, Shiao, Hsieh e Chang, 2002

Corpo de frutificação, micélio, caldo de cultivo

Glucana, heteroglucana

Antitumoral, imunomodulatória, antitumoral, hiperglicemia

Fonte: ZHANG et al (2007)

2.1.2.3 Atividade Antitumoral de Basidiomicetos

Diversos estudos vêm demonstrando o efeito antitumoral de fungos basidiomicetos.

Kiho et al. (2010) verificaram o efeito antitumoral in vitro de extratos etanólicos dos

cogumelos medicinais comestíveis Tremella aurantia, Pholiota adipose e Pholiota aurivella

contra células humanas de câncer de próstata, linhagens LNCaP e PC-3. Os extratos

etanólicos nomeados TA-70E, PAD-70E e PAU-70E, respectivamente, foram obtidos a partir

da desidratação dos corpos de frutificação (100 g) de cada fungo e deslipidificação com etanol

(700 mL) em Soxhlet. Em seguida, extrações com etanol 70% foram realizadas 4 vezes (500

mL) por 12 h em banho-maria. O extrato foi evaporado e liofilizado, obtendo-se um extrato de

etanol 70%. O extrato foi seco e suspenso em PBS, obtendo-se uma concentração final de 5

mg mL -1. As células LNCaP e PC-3 foram tratadas com 0,5 mg mL -1 ou 1 mg mL -1 de cada

Page 24: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

23

extrato. Os extratos de todos os fungos inibiram acentuadamente o crescimento das células

LNCaP. A viabilidade das células LNCaP e PC-3 foi drasticamente reduzida pelo TA-70E em

uma concentração de 1 mg mL-1 para 12% e 32% em relação ao controle, respectivamente, e

foi mais significativa do que PAD-70E e 70E-PAU. Os resultados desse trabalho

demonstraram a atividade inibitória dos extratos sobre o crescimento das linhagens de células

LNCaP e PC-3.

Em um estudo realizado por Soares et al. (2011) uma fração bioativa composta de um

polissacarídico ligado a proteínas, de Grifola frondosa (maitake), foi extraída e preparada por

um procedimento padronizado desenvolvido por Maitake Produtos Inc. Este estudo examinou

o efeito dessa fração sobre a viabilidade e apoptose de células de câncer de mama humano

(MCF7). Essas células foram tratadas com extrato de maitake (fração D) a 18 µg mL-1, 36 µg

mL-1, 91 µg mL-1, 183 µg mL-1 ou 367 µg mL-1 ou foram deixados sem tratamento (controle)

por 24 horas. A apoptose foi dose dependente, atingindo quase 98% de morte celular na

concentração máxima de 367 µg mL-1. Um ensaio de microarray revelou upregulation da

BAK-1 e transcrições do citocromo c, duas proteínas diretamente envolvidas na via de

apoptose. BAK-1 foi um dos genes mais expressos. Estes resultados confirmam o efeito

apoptótico de maitake fração D em células de câncer de mama.

Tanaka et al. (2011) examinaram o efeito antitumoral induzido por ingestão oral de

uma dieta imunomoduladora composta por extrato micelial de Lentinula edodes (L.E.M.).

Camundongos C57BL/6 foram inoculados por via subcutânea na pata com melanoma B16 e

após 24h iniciou-se a ingestão de alimento contendo 1%, 2% ou 10% de extrato L.E.M. A

ingestão de 1% ou 2% do extrato inibiu significativamente o crescimento tumoral nos animais

tratados em relação ao grupo controle. O crescimento do tumor nos animais que foram

alimentados livremente com 2% de extrato L.E.M. foi significativamente suprimido em

Page 25: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

24

comparação com camundongos alimentados com 1% de extrato de L.E.M. Não houve

diferença no crescimento do tumor entre os camundongos que foram alimentados livremente

com extrato L.E.M. 2% ou 10%.

2.1.3 Fungos do Gênero Pleurotus

Espécies de Pleurotus, comumente conhecidos como cogumelos ostra (MANDEEL,

AL-LAITH e MOHAMED, 2005) devido ao formato do píleo ser semelhante a uma concha

(CHANG e MILES, 2004), são fungos comestíveis cultivados em todo o mundo,

especialmente no sudeste da Ásia, Índia, Europa e África (MANDEEL, AL-LAITH e

MOHAMED, 2005).

O gênero Pleurotus pertence à classe dos basidiomicetos e é composto por um grupo

de cogumelos ligninolíticos, com propriedades medicinais e importantes aplicações

biotecnológicas e ambientais. Na indústria de alimentos, o cultivo de Pleurotus spp é

mundialmente importante do ponto de vista econômico (COHEN, PERSKY e HADAR,

2002). Essas propriedades e aplicações, bem como o fato de poderem ser facilmente

manipulados e apresentarem um rápido desenvolvimento devido ao uso de matéria orgânica

em decomposição para o crescimento, apresentando uma grande variedade de alternativas

para uso como substrato no cultivo, fazem com que os cogumelos deste gênero estejam entre

os mais cultivados no mundo (CARVALHO, SALES-CAMPOS e ANDRADE, 2010).

Eles apresentam elevado teor de proteínas, aminoácidos essenciais, proporção elevada

de ácidos graxos insaturados, diversas vitaminas e minerais, além de teores baixos de

Page 26: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

25

gorduras, ácidos nucléicos, açúcares e calorias (RAMPINELLI et al., 2010).

Um estudo, realizado por Guo, Lin e Lin (2007) verificou que Pleurotus djamor,

Pleurotus ferulae, Pleurotus nebrodensis e Pleurotus sapidus apresentam quantidades de

carboidratos totais, polissacarídeos, fibra bruta, proteína bruta, gordura bruta e cinzas nas

faixas de 46,2-59,9%, 9,02-18,8%, 11,2-17,2%, 15,6-30,3%, 1,65-7,35% e 3,84-5,83%,

respectivamente.

Rampinelli et al. (2010) avaliaram o valor nutricional de basidiomas de Pleurotus

djamor cultivados em palha de bananeira e verificaram teores de carboidratos totais, proteína

bruta, fibra bruta e cinzas para o 1o fluxo produtivo de 32,7%, 20,5%, 22,4%, 7,4%,

respectivamente e para o 2o fluxo produtivo de 27,4%, 19,8%, 12,7% e 6,3%,

respectivamente.

Devido à habilidade de secretar várias enzimas, como peroxidases, lacases, celulases,

hemicelulases e xilanases, o cultivo desses fungos torna-se possível em uma variedade de

substratos lignocelulósicos (COHEN, PERSKY e HADAR, 2002). Assim, os resíduos de

atividades agroindustriais como palha de milho, casca de café (DIAS et al., 2003), palha de

trigo (SHER, MOHAMAD e KHAN, 2011), palha de bananeira (GERN et al., 2010), entre

outros, podem ser utilizados para produção de cogumelos, trazendo consigo uma vantagem

tanto comercial, pela redução do custo de produção e agregação de valor ao resíduo, como

uma vantagem ambiental, pela disposição final adequada de um resíduo até então degradado

no meio ambiente.

Além do cultivo sólido, é possível a realização do cultivo submerso (WISBECK,

FURLAN e NINOW, 2005; ZANOTELLI, FURLAN e WISBECK, 2007; GERN et al.,

2008).

A aplicação ambiental desses fungos é também demonstrada pela capacidade de

Page 27: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

26

degradação de compostos poluentes.

P. ostreatus mostrou-se capaz de degradar 2,4-diclorofenol, importante poluente

encontrado nos resíduos da indústria de papel e celulose (SILVA et al., 2009). Garcia (2009)

validou a capacidade de P.ostreatus e P. sajor-caju em degradar 2,4 diclorofenol e 2, 4, 6

triclorofenol. Libardi Junior (2010) demonstraram a capacidade da lacase encontrada em

caldo fermentado por P. ostreatus em degradar os compostos interferentes endócrinos t-

nonilfenol, bisfenol-A e 17α-etinilestradiol.

Além da aplicação ambiental, destacam-se também diferentes atividades medicinais

atribuídas aos fungos do gênero Pleurotus. Estudos têm sido conduzidos e diversas dessas

atividades já foram comprovadas em espécies do gênero, como mostra resumidamente a

Tabela 2.

Tabela 2 - Efeitos medicinais de Pleurotus spp

Efeito medicinal Fungo Referências

Antimicrobiano Pleurotus ostreatus Wolff et al., 2008; Wisbeck, Robert e Furlan, 2002

Antitumoral

Pleurotus ostreatus Wolff et al., 2008

Pleurotus sajor-caju Dalonso et al, 2009

Pleurotus djamor De Barba, 2010

Pleurotus geesteranus Zhang et al., 2011

Pleurotus eryngii Jung et al., 2011

Anti- hipertensivo Pleurotus cornucopiae Jang et al., 2011

Antioxidante

Pleurotus ostreatus

Jayakumar, Thomas, Geraldine, 2009; Xia et al., 2011

Pleurotus eryngii Oke e Aslim, 2011

Pleurotus. sajor-caju Telles et al., 2011

Analgésico Pleurotus eous Suseem et al., 2011

Imunomodulatório Pleurotus florida Ghazanfari et al., 2009

Pleurotus tuber-regium Wong et al., 2011

Antialérgico Pleurotus eryngii Han et al., 2011

Fonte: Primária (2012)

Page 28: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

27

2.1.3.1. Atividade antitumoral de Pleurotus spp.

Resultados obtidos por Sousa, Nascimento e Correia (2004) sugerem que a fração

solúvel em água obtida a partir do cogumelo Pleurotus ostreatoroseus, testada in vitro contra

a linhagem de células NCI-H292 (originadas de células de carcinoma pulmonar humano) e in

vivo após indução do tumor Sarcoma 180 em camundongos albinos suíços, tem potencial

farmacológico no tratamento de tumores. Apesar de um efeito tóxico não ter sido observado

na cultura de células in vitro, quando o teste foi realizado in vivo, o grupo de animais tratados

mostrou sinais clínicos sugestivos de toxicidade e a mortalidade começou mais cedo do que

no grupo não tratado. Porém os camundongos tratados apresentaram uma inibição tumoral de

41,96% do tumor.

Frações solúveis em água de um proteoglicano obtido do micélio de P. ostreatus por

Sarangi et al. (2006) foram purificadas por meio de preciptação alcólica, cromatografia de

troca iônica e de permeação em gel. Foram obtidas 3 frações, com diferentes relações entre

polissacarídeos e proteínas. Essas frações foram testadas in vivo em camundongos inoculados

intraperitonealmente com Sarcoma 180. O tratamento com cada uma das três frações (5mg

kg-1 de massa corporal) foi realizado durante 6 dias consecutivos e revelou que todas as

frações foram capazes de reduzir o número de células de câncer significativamente. A fração

III, com relação de 18,3mg de polissacarídeo/ proteína, apresentou a maior atividade

antitumoral, chegando a mais de 90% de redução.

Para investigar o efeito antineoplásico de P. ostreatus, Wolff et al. (2008) utilizaram o

caldo de cultura in natura, o extrato do caldo de cultura (obtido pela precipitação do caldo de

cultivo por 4 volumes de acetona) e o extrato dos corpos de frutificação (obtido pela

Page 29: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

28

precipitação com 5 volumes de etanol do sobrenadante resultante de extração aquosa - 100ºC

por 4h - de corpos frutíferos frescos). Os testes foram conduzidos em camundongos albinos

Swiss fêmeas, inoculados com o tumor ascítico de Ehrlich no peritônio dos animais, na

concentração de 5x106 cel.animal-1. Todas as substâncias testadas inibiram o desenvolvimento

tumoral em níveis próximos de 70% quando injetadas via intraperitoneal nos camundongos. A

maior inibição tumoral foi 76%, alcançada para o tratamento com o extrato do caldo de

cultura.

Li et al. (2008), após isolarem a lectina, uma proteína ligada a carboidrato, de

basidiomas frescos do fungo Pleurotus citrinopileatus, verificaram cerca de 80% de inibição

do crescimento tumoral em camundongos ICR com sarcoma 180. O tratamento foi realizado

por via intraperitoneal, administrando-se 5 mg kg-1 diários durante 20 dias, após indução

tumoral.

Dalonso et al. (2010) investigaram a atividade antitumoral de 4 frações

polissacarídicas obtidas do basidioma de Pleurotus sajor-caju,. As frações foram

administradas por via intraperitoneal por 6 dias na dose de 10 mg kg-1 em camundongos

fêmeas da raça Swiss, inoculados com o tumor ascítico de Ehrlich- TAE. As frações FI e FII

apresentaram redução no número de células neoplásicas presentes no líquido ascitíco de

86,2% e 85%, respectivamente, quando comparado ao controle positivo (grupo inoculado com

o tumor, mas sem tratamento). As frações FIII-I e FIII-II inibiram o desenvolvimento tumoral

em 54% em 52%, respectivamente.

DE BARBA (2010) investigou em camundongos albinos suíços machos, inoculados

com Sarcoma 180 (S180), a atividade antitumoral de polissacarídeos extracelulares de

Pleurotus djamor, cultivado em meio líquido. Os extratos polissacarídicos foram obtidos por

precipitação com etanol (PE1) e com acetona (PE2), e foram administrados por via

Page 30: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

29

intraperitoneal nos animais durante 10 dias. Os resultados mostraram que ambos os

precipitados foram efetivos contra S180, com taxas de inibição de 60%, 83%, 94% e 64%

para doses de 3, 10, 30 e 100 mg kg-1 de massa corporal de PE1, respectivamente, e de 55%,

82%, 93% e 89% para doses de 3, 10, 30 e 100 mg kg-1 de massa corporal de PE2,

respectivamente.

Em um estudo in vitro realizado por Jung et al. (2011), corpos de frutificação de

Pleurotus eryngii secos a 40ºC por 24 horas e triturados, foram suspensos em água destilada

(1000g) e agitados a 100º C por 3 horas. Após centrifugação, adicionou-se ao sobrenadante 3

volumes de etanol a 4ºC por 24h. Após nova centrifugação, o precipitado foi dialisado com

água destilada por 5 dias. Os extratos, tanto na forma nativa como na forma modificada por

sulfatação, foram testados em dois diferentes tipos de células cancerosas: A549, de pulmão

humano e H4IIE, de fígado de rato. Os derivados sulfatados com diferentes graus de

substituição (0,12 a 0,92) demonstraram atividade inibitória da ordem de 80% sobre A549, de

forma dependente da dose, enquanto a forma nativa mostrou inibição de quase 40%,

dependendo da dose.

Zahng et al. (2011) obtiveram 4 frações a partir de cogumelos da espécie Pleurotus

geesteranus utilizando um tratamento com água quente e posterior fracionamento com

gradiente de precipitação em água e sulfato de amônia. Células humanas de câncer de mama

(linhagem MCF7) foram tratadas com 12,5, 25, 50, 100, e 200 µg mL-1 de cada fração durante

72h. Uma das frações, que apresentou alta massa molar e era composta principalmente de

glucose, exerceu um efeito citotóxico significativo sobre a linhagem de células MCF7. O

percentual de inibição do crescimento celular de MCF7 foi de 32% para a concentração de

200 µg mL-1 e 37% para a concentração de 100 µg mL-1.

Facchini (2011) avaliou a eficácia na redução do desenvolvimento do Tumor Ascítico

Page 31: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

30

de Ehrlich (TAE) e do Sarcoma 180 de seis extratos obtidos por meio de fracionamentos

subsequentes da biomassa micelial de Pleurotus ostreatus DSM 1833 congelada: FS

(tratamento com etanol a 80ºC por 3h, 4 vezes), FI (extração aquosa a 100ºC por 3h, 4 vezes),

FII (extração com NH4-oxalato a 100ºC por 3h, 4 vezes), FIII-1 (extração com NaOH e

NaBH4 em temperatura ambiente por 24h, 2 vezes e precipitação com AcOH até pH 6) e FIII-

2 (precipitação com etanol do sobrenadante de FIII-1) e ainda FC (fração etanólica do caldo

de cultivo). As substâncias foram administradas em camundongos por via intraperitoneal. O

tratamento dos animais foi iniciado 24 horas após o implante tumoral e foi conduzido durante

10 dias, na dose de 30 mg kg-1. A avaliação do desenvolvimento tumoral foi realizada 21 dias

após a indução do tumor pela determinação do volume e da massa tumoral. Os resultados

mostraram que as frações FC, FI e FII, na dose de 30 mg kg-1 proporcionaram um valor médio

de 70 % de inibição do desenvolvimento do TAE. A fração FII exerceu inibição, também, do

sarcoma 180 nessa mesma dose, bem como a fração FIII-2. Ambas resultaram num valor

médio de 90% de inibição contra este tumor. Sendo assim, S180, que apresentou melhor

resposta às frações e a fração FII, por ser obtida mais facilmente que FIII-2 foram

selecionados para os testes de determinação da dose capaz de proporcionar maior regressão

tumoral. As doses testadas foram, então, de 10, 30 e 50 mg kg-1. As doses 10 e 30 mg kg-1,

promoveram a maior inibição do Sarcoma 180, cerca de 75%, sem diferença significativa

entre si, sendo a dose de 10 mg kg-1, a que representou a necessidade de uma menor massa

para a realização do tratamento.

Assis (2011) avaliou a atividade antitumoral dos polissacarídeos extracelulares (PE1) e

intracelulares (PM1 e PM2) de Pleurotus sajor-caju, obtidos da seguinte forma: PM1 -

extração aquosa a 80ºC por 4 horas da biomassa liofilizada. Após aquecimento, a solução foi

filtrada em membrana de 0,45µm. O filtrado foi concentrado a vácuo em rotavapor e

Page 32: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

31

adicionado de etanol PA na proporção 1:4 (filtrado: etanol, v:v), agitado vigorosamente e

mantido “overnight” a 4°C. Após, o precipitado formado foi separado por centrifugação (5500

rpm por 20 minutos); PM2 – obtido a partir da biomassa liofilizada por processo de extração

em soxhlet com éter de petróleo por 8-10 horas para deslipidificação. O material isento de

lipídeo foi adicionado de metanol PA e, após a evaporação do metanol, liofilizado e mantido

em frasco vedado, em temperatura ambiente, até a sua utilização; PE1 – precipitação com

etanol PA na proporção 1:4 (caldo de cultivo:etanol, v:v) “overnight” a 4ºC, adicionado ao

caldo de cultivo isento de biomassa. Após, o precipitado formado foi separado por

centrifugação, liofilizado e mantido em frasco vedado, em temperatura ambiente, até sua

utilização. Os testes foram conduzidos em camundongos machos da raça albino swiss,

inoculados com S180 e submetidos a tratamento pós-indução tumoral com quatro diferentes

doses (3, 10, 30 e 100 mg kg-1) das substâncias teste. O precipitado polissacarídico PE1 e o

extrato PM2 apresentaram taxas de inibição da ordem de 86% e 82%, respectivamente, em

relação ao controle positivo. No caso do extrato polissacarídico PM1, apenas a dose de 100

mg kg-1 apresentou redução tumoral (80%), já que para as demais doses não se observou

diferença estatisticamente significativa no peso tumoral em relação ao controle.

Lavi et. al. (2011) avaliaram o papel de extratos obtidos de corpos frutíferos (FBE) e

do micélio (ME) do cogumelo comestível Pleurotus pulmonarius em cancer de colon

induzido. In vitro, células humanas de câncer colorretal foram tratadas com FBE e ME e

analisadas quanto à resposta inflamatória, marcadores de apoptose e progressão do ciclo

celular. In vivo, FBE e ME foram administrados oralmente a camundongos modelo FVB/N.

Os animais foram avaliados quanto a colite associada à carcinogênese colorretal induzida. Os

camundongos tratados foram alimentados com uma dieta diária contendo 2 ou 20 mg de FBE

ou ME por camundondo por 80 dias. Os autores concluíram que os extratos obtidos a partir de

Page 33: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

32

P. pulmonarius inibiram colite associada à carcinogênese de cólon induzida em camundongos

por meio da modulação da proliferação celular, indução de apoptose e inibição da inflamação.

2.2 Protocolos de Tratamentos a Base de Substâncias Fúngicas Bioativas

2.2.1 Protocolos de Pré-Tratamento

Trabalhos avaliaram a eficácia do pré-tratamento com substâncias fúngicas contra

diversos danos.

Nosáľová et al. (2001) demonstraram o possível papel imunomodulador preventivo de

Pleurotus ostreatus. Os autores estudaram a ação da pleuran, uma ß-1,3 glucana isolada do

cogumelo cometível P. ostreatus, em um modelo de colite aguda induzida em ratos pela

administração intracolon de ácido acético. Houve uma redução de 75% da classificação do

dano do cólon, após pré-tratamento intracólon único com suspensão de pleuran 2%, realizada

30 minutos antes da indução ao dano, em relação ao grupo de animais tratados com uma ração

à base de celulose. Resultados obtidos após administração intraperitoneal repetida de pleuran

em doses de 30 e 100 mg kg-1 48 e 24h anteriormente à exposição ao ácido acético foram de

75% e 90,42% de redução da classificação do dano de cólon, respectivamente. O pré-

tratamento com pleuran, administrado por via oral como componente de 10% da ração

alimentar por mais de 4 semanas anteriores à administração de ácido acético foi eficaz na

redução da extensão do dano em 38,85%.

Page 34: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

33

Em um estudo realizado por Shamtsyan et al. (2004) corpos frutíferos de Pleurotus

ostreatus secos a 60ºC foram tratados com etanol 85% a 80ºC durante 8h. Duas extrações com

água fervente durante 3h foram realizadas com o precipitado. O filtrado obtido foi evaporado

sob vácuo e as frações de polissacarídeos foram precipitadas em 5 volumes de etanol,

dialisadas contra água destilada e liofilizadas. Os extratos obtidos foram administrados por

duas semanas, por via oral (100mg de extrato por kg do animal) em camundongos fêmeas

C57BL. Após esse período, melanoma B16 foi transplantado subcutaneamente nos animais (1

x 106 cel.animal-1). A avaliação da inibição tumoral foi realizada de 8 a 40 dias após o

transplante. A inibição do tumor aumentou, entre o 8° e o 26º dia, de 30 para 80%, em relação

ao grupo controle.

Nada, Omara e Abdel-Salam (2010) avaliaram o efeito de polissacarídeos fúngicos

insolúveis livres de amido (MINSP) em ratos que sofreram dano hepatológico induzido por

tetracloreto de carbono (CCl4 ). MINSP (100 e 200 mg kg-1) foi administrado oralmente por

15 dias antes da indução do dano hepático com CCl4 (1,5mL kg-1). O pré-tratamento com

MINSP melhorou significativamente os parâmetros testados quando comparados ao grupo

controle. Observou-se a melhora na atividade antioxidante no fígado de forma dependente da

dose, e a análise histopatológica do tecido hepático revelou que a administração de MINSP

protegeu hapatócitos de danos causados por CCl4.

Ishii et al. (2011) reportaram um percentual de 45,52% de redução de genotoxicidade

em camundongos suíços machos, após administração de ração suplementada com 10% do

cogumelo Agaricus blazei desidratado. O dano no DNA dos animais foi induzido pela

administração de DMH pelo período de duas semanas. O tratamento com A. blazei foi

realizado pelo período de 2 semanas, antes do inicio da indução do dano, seguindo um

protocolo de pré-indução. Em relação à redução de danos no cólon dos animais, os autores

Page 35: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

34

observaram uma redução de 54,60%.

2.2.2 Protocolos Pré/Pós-Tratamento

Whistler et al. (1976) utilizaram polissacarídeo derivado do cogumelo Schizophyllum

commune (Schizophyllan) em camundongos implantados com células de sarcoma 180 e

reportaram um aumento da sobrevida em 57% dos animais que foram submetidos a um

tratamento pré/pós-indução tumoral.

Bobek, Galbavy e Ozdin (1998) estudaram o efeito da dieta suplementada com 5% de

Pleurotus ostreatus desidratado sobre a carcinogenese de colon induzida em ratos da raça

Wister. A indução tumoral foi realizada pela administração de 20 mg kg-1 de dimetil-hidrazina

(DMH) uma vez por semana, pelo período de 12 semanas. As lesões tumorais que ocorreram

foram caracterizadas como carcinomas in situ ou adenocarcinomas infiltrantes. A dieta

suplementada com Pleurotus ostreatus foi administrada concomitantemente à aplicação de

DMH, ou seja, anteriormente ao surgimento de lesões tumorais e mantido durante todo o

processo de indução tumoral com DMH. A dieta fúngica reduziu significativamente a

incidência de hiperplasia linfóide. Uma redução no número total de tumores foi observada nos

grupos de animais alimentados com dieta de cogumelo. Além disso, uma redução significativa

do número de focos tumorais do carcinoma in situ foi observada em animais alimentados com

P. ostreatus. Estes animais tiveram o número significativamente menor de focos de criptas

aberrantes no colon.

Ishii et al. (2011) ao seguirem um protocolo de pré-tratamento + condições contínuas,

Page 36: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

35

em que os animais se mantiveram sob tratamento, durante todo o tempo do experimento, com

ração suplementada pelo cogumelo A. blazei, como citado no item 3.3.1, observaram

atividade antigenotóxica demonstrada por um precentual de redução de danos de 38,76%.

Quando os autores avaliaram a redução de danos em relação a integridade do cólon dos

animais, análises comprovaram 50,45% de redução, comprovando a atividade

anticarcinogênica de A. blazei.

2.2.3 Protocolos de Pós-Tratamento

Whistler et al. (1976), ao seguirem um protocolo de pós-tratamento verificaram um

aumento no tempo de sobrevida de 43% em animais implantados com células de sarcoma 180

tratados com polissacarídeo derivado do cogumelo Schizophyllum commune (Schizophyllan).

Bobek, Galbavy e Ozdin, (1998) admistraram uma dieta imunomoduladora,

suplementada com 5% de Pleurotus ostreatus desidratado por 21 semanas após indução

tumoral descrita anteriormente no item 2.2.2. Houve redução no número total de tumores.

No protocolo de tratamento pós-indução seguido por Ishii et al. (2011), em que

animais receberam o tratamento de dieta suplementada com A. blazei após a indução do dano,

os autores verificaram uma redução de 50,09% da genotoxicidade induzida e a redução no

número de criptas aberrantes no cólon dos animais foi de 30,56%.

Diversos estudos comprovam a ação antitumoral de substâncias bioativas produzidas

por fungos do gênero Pleurotus em protocolos de pós-tratamento contra Sarcoma 180. A

Tabela 3 mostra os resultados da literatura com respeito ao percentual de inibição (%) do

Page 37: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

36

Sarcoma 180 por substâncias obtidas de diferentes espécies de Pleurotus adiministradas após

indução tumoral.

Tabela 3 - Percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 por substâncias obtidas de diferentes

espécies de Pleurotus adiministradas após indução tumoral

Espécie Origem da

fração polissacarídica

Concentração do tumor

(cel.animal-1)

Tempo/ tipo de

administração Dose

Tempo de

avaliação Inibição

Referência

(s* ou i.p.) (Dias/ i.p. ou

oral) (mg kg1) (dias)** (%)

P. ostreatus Corpos frutíferos

- (s) 10/i.p. 200 35 75,3 Ikekawa et

al. (1969)

P. ostreatus Corpos frutíferos

5x106 (s) 10/i.p. 0,2 35 95 Yoshioka et

al. (1985)

P.

citrinupileatus

Corpos frutíferos secos (FI)

2x106 (s) 10/i.p. 10 21 23 Zhang et al. (1994)

P.

citrinupileatus

Corpos frutíferos secos (FII)

2x106 (s) 10/i.p. 10 21 24,1 Zhang et al. (1994)

P.

citrinupileatus

Corpos frutíferos secos (FIII-1)

2x106 (s) 10/i.p. 10 21 79,5 Zhang et al. (1994)

P.

citrinupileatus

Corpos frutíferos secos (FIII-2)

2x106 (s) 10/i.p. 10 21 93,5 Zhang et al. (1994)

P. tuber-regium

Corpos frutíferos secos

1x105 (s) 10/i.p. 20 17 75 Zhang et al. (2004a)

P. tuber-regium Biomassa micelial seca

1x105 (s) 10/i.p. 20 17 65,4 Zhang et al. (2004b)

P.

citrinupileatus

Precipitado do caldo de cultivo

3x106 (i.p.) 20/oral 50 20 74 Wang et al. (2000)

P. ostreatus Biomassa micelial fresca

2x106 (i.p.) 6/i.p. 5 7 98 Sarangi et

al. (2006)

P. tuber-regium

Corpos frutíferos secos

1x105 (s) 8/i.p. 20 9 21,6 Tao, Zhang e Cheung, (2006)

Page 38: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

37

P. tuber-regium

Corpos frutíferos secos

1x105 (s) 8/i.p. 60 9 72,1 Tao, Zhang e Cheung, (2006)

P. ostreatus

Precipitado do caldo de cultivo

5x106 (i.p.) 6/i.p. 10 7 72 Wolff et al. (2008)

P. djamor

Precipitado do caldo de cultivo

- (s) 10/i.p. 10 21 83 De Barba (2010)

P. djamor

Precipitado do caldo de cultivo

- (s) 10/i.p. 30 21 94 De Barba (2010)

P. djamor

Precipitado do caldo de cultivo

- (s) 10/i.p. 100 21 64 De Barba (2010)

P. eryngii Biomassa micelial

6x106 (s) 28/i.p. 40 56 53,1 Jeong et al.

(2010)

P. eryngii Biomassa micelial

6x106 (s) 28/i.p. 80 56 25,7 Jeong et al.

(2010)

P. sajor-caju

Precipitado do caldo de cultivo

5x106 (s) 10/i.p. 10 21 79 Assis (2011)

P. sajor-caju

Precipitado do caldo de cultivo

5x106 (s) 10/i.p. 30 21 86 Assis (2011)

P. sajor-caju

Precipitado do caldo de cultivo

5x106 (s) 10/i.p. 100 21 86 Assis (2011)

P. ostreatus Biomassa micelial (FII)

5x106 (s) 10/i.p. 30 21 85,6 Facchini (2011)

P. ostreatus

Biomassa micelial (FIII-1)

5x106 (s) 10/i.p. 30 21 54,1 Facchini (2011)

P. ostreatus

Biomassa micelial (FIII-2)

5x106 (s) 10/i.p. 30 21 93,6 Facchini (2011)

P. ostreatus Biomassa micelial (FII)

5x106 (s) 10/i.p. 10 21 74,1 Facchini (2011)

P. ostreatus Biomassa micelial (FII)

5x106 (s) 10/i.p. 30 21 75,5 Facchini (2011)

P. ostreatus Biomassa micelial (FII)

5x106 (s) 10/i.p. 50 21 53,7 Facchini (2011)

*s= subcutâneo, i.p.= intraperitoneal **contados a partir do início do tratamento

Fonte: Facchini (2011)

Page 39: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

38

2.3 Neoplasias

Neoplasias são formas de crescimento celular não controladas, dando origem a uma

proliferação anormal de tecido que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo,

tendendo à autonomia e à perpetuação com efeitos agressivos ao hospedeiro (INCA, 2008).

Apresentam elevada atividade proliferativa, capacidade de invasão tecidual e o

desenvolvimento de metástases para outros órgãos (PINHO, 2005).

2.3.1 Classificação e Nomenclatura

De acordo com a manifestação biológica os tumores podem ser benignos ou malignos.

Alguns critérios morfológicos são utilizados para o diagnóstico, tais como encapsulação,

crescimento, diferenciação morfológica em relação ao tecido de origem, mitoses,

antigenicidade e metástases. A Tabela 4 mostra os critérios de diferenciação entre tumores

benignos e malignos (INCA, 2008).

Page 40: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

39

Tabela 4 - Diferenciação entre tumores benignos e malignos

Critérios Benignos Malignos Encapsulação Presença frequente Geralmente ausente

Crescimento Lento, expansivo e bem delimitado.

Rápido, infiltrativo com delimitação imprecida

Morfologia Reproduz o aspecto do tecido de origem

Caracteres diferentes do tecido de origem

Mitoses Raras e típicas Frequentes a atípicas

Antigenicidade Ausente Presente- embora geralmente fraco

Metástases Não ocorrem Frequentes Fonte: INCA (2008)

A nomenclatura dos tumores depende do tecido que lhes deu origem. O tumor benigno

pode apresentar mais de uma linhagem celular, recebendo na maior parte dos casos o nome

dos tecidos que o compõe acrescido do sufixo “oma”. Os tumores malignos podem ser

subdividos em dois grandes grupos de acordo com sua origem. Aqueles formados a partir de

tecidos epiteliais (de revestimento, derivados do ectoderma ou endoderma), são denominados

como carcinomas. Por outro lado, tumores oriundos de tecidos mesenquimais são

classificados em geral como sarcomas, podendo ser melhor caracterizados pela adição do

nome de seu tecido específico de origem, como por exemplo o tumor maligno do tecido

cartilaginoso – condrossarcoma, o tumor maligno do tecido gorduroso – lipossarcoma, entre

outros (INCA, 2008).

A Tabela 5 mostra a classificação dos tumores segundo sua origem tecidual.

Page 41: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

40

Tabela 5 - Classificação dos tumores segundo sua origem tecidual

Origem Benignos Malignos Tecido epitelial

Revestimento Papiloma Carcinoma Glândula Adenoma Adenocarcinoma

Tecido conjuntivo

Fibroso Fibroma Fibrossarcoma

Mixóide Mixoma Mixossarcoma Adiposo Lipoma Lipossarcoma

Cartilagem Condroma Condrossarcoma

Vasos sanguíneos Hemangioma Hemangiossarcoma Glômus Glomangioma -

Pericitos Hemangiopericitoma Hemangiopericitoma maligno Vasos linfáticos Linfangioma Linfangiossarcoma

Mesotélio - Mesotelioma maligno Meninge Meningioma Menigioma maligno

Tecido hemolinfopoético

Mielóide - Leucemia (vários tipos) Linfoide - Leucemia linfocítica

- - Linfoma - - Plasmocitoma

- - Doença de Hodgkin

Células de lagerhans - Histiocitose X Tecido muscular

Liso Leiomioma Leiomiossarcoma Estriado Rabdomioma Rabdomiossarcoma

Tecido nervoso Neuroblasto Ganglioneuroma Ganglioneuroblastoma

Neurônio - Neuroblastoma

Fonte: INCA (2008)

2.3.2 Carcinogênese

O câncer é causado pela falta de controle sobre nascimento e morte celular (FRANK,

2007). São os genes e seus mecanismos reguladores os responsáveis por determinar as

Page 42: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

41

características de crescimento das células e, também, quando ou se essas células devem

dividir-se para formar novas células. Uma mutação ou alguma outra forma de ativação

anormal desses genes controladores do crescimento e da divisão celular predispõem um

organismo ao câncer. Esses genes anormais são chamados de oncogenes (GUYTON e HALL,

1997). O câncer tem início com a proliferação descontrolada de células malignas causada por

problemas ocorridos na apoptose, processo que leva à morte celular (VULIMIRI E

DIGIOVANNI, 2006).

Segundo BORCHERS; KEEN e GERSHWIN (2004), a carcinogênese, processo de

formação do câncer, pode ser dividida em três etapas: iniciação, promoção e progressão.

Durante a iniciação, exposição a produtos químicos, por exemplo, muitas vezes

causam uma mutação (FRANK, 2007).

Após a iniciação, um promotor tumoral é necessário para estimular a divisão celular e

a formação de pequenos tumores benignos. A progressão resulta na proliferação

descontrolada de células cancerosas e envolve também a capacidade dessas células de invadir

tecidos adjacentes e, eventualmente, a metástase (BORCHERS, KEEN e GERSHWIN, 2004).

Para Pinho (2005) um distúrbio local, que tem origem na perda da capacidade

regulatória de uma única célula, resulta em uma linhagem celular que apresenta um ganho

proliferativo, resultando em nódulos de crescimento acelerado. Segundo o autor, essa etapa é

seguida pelo desencadeamento de uma série de reações análogas ao processo de inflamação,

que dá origem a uma progressiva formação de vasos sanguíneos, denominada como

angiogênese, o que favorece o ritmo proliferativo devido ao maior aporte nutricional.

A proliferação indefinida de células cancerosas demanda, eventualmente, toda a

nutrição disponível para o corpo. Como resultado, os tecidos normais sofrem, gradualmente,

morte nutricional (GUYTON e HALL, 1997).

Page 43: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

42

No entanto, uma única mutação ocorrida na etapa de iniciação, mesmo que causando

danos irreversíveis ao DNA, é insuficiente para causar câncer, sendo necessário um

progressivo acúmulo destas (BOCHERS, 2004). O surgimento de células com alterações em

seu DNA decorrente de defeitos ocorridos em divisões celulares é bastante frequente.

Entretanto, apenas um número reduzido destas irá de fato levar ao desenvolvimento de uma

neoplasia invasiva (câncer) em decorrência de diversos fatores, como descreve Guyton e Hall

(1997):

• A maioria das células mutantes tem menos capacidade de sobrevivência e,

simplesmente morrem;

• Controles normais por feedback impedem o crescimento excessivo de células

mesmo que essas apresentem grandes mutações;

• Ativação do sistema imune do corpo em resposta à formação de proteínas

anormais pelas células, devido aos seus genes alterados, fazendo com que

formem anticorpos, ou linfócitos sensibilizados que reagem contra as células

cancerosas, destruindo-as;

• Necessidade de que vários oncogenes diferentes sejam ativados ao mesmo

tempo.

A metástase ocorre quando células se desprendem de um tumor primário e invadem a

circulação sanguínea ou linfática e, após vencerem diversas barreiras, estabelecem nova

colônia em outro local (LIU e ROBINS, 2006). Algumas dessas barreiras são descritas por

Liu e Robins (2006) para o processo de invasão e metástase de um carcinoma epitelial no

pulmão. Segundo os autores, as células necessitam:

Page 44: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

43

• Ganhar mobilidade (secreção de fatores de mobilidade);

• Desprender-se de seu local ou afrouxar sua adesão (perda de E-caderina) às

células vizinhas;

• Superar sua membrana basal;

• Encontrar outra membrana basal;

• Evitar sua detecção pelo sistema imunológico para finalmente se alojar num

leito capilar;

• Afastar as células endoteliais;

• Repenetrar a membrana basal endotelial;

• Formar um novo aporte sanguíneo (angiogênese).

O conhecimento sobre os mecanismos mais importantes responsáveis pela ocorrência

de metástases levou pesquisadores a tomarem como alvo as etapas individuais da invasão.

Estão sendo estudados, por exemplo, inibidores especiais de metaloproteinase, que impedem

as células cancerosas de penetrarem nas membranas basais, e inibidores antiangiogênese,

como por exemplo, inibidores de fatores de crescimento vascular - endotelial (VEGF), a

talidomida e a endostatina (LIU e ROBINS 2006).

2.3.3 Incidência do Câncer Humano

O impacto global do câncer mais que dobrou em 30 anos. No Brasil, as neoplasias

malignas constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17%

Page 45: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

44

dos óbitos de causa conhecida (INCA, 2012a, web).

Em 2010 e 2011 estimou-se a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer no Brasil.

Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, seriam os

cânceres de próstata e de pulmão no gênero masculino e os cânceres de mama e do colo do

útero no gênero feminino (INCA, 2012a, web).

O ônus global do câncer continua a aumentar. As estimativas para o ano de 2012,

válidas também para 2013, segundo o Instituto Nacional do Câncer apontam a ocorrência de

aproximadamente 518.510 casos novos de câncer (INCA, 2012b, web). Tal fato se dá, em

grande parte, devido ao envelhecimento e crescimento da população mundial e uma crescente

adoção de hábitos que predispõem ao câncer, particularmente o tabagismo, em países

economicamente em desenvolvimento (JEMAL et al., 2011).

Idade, gênero, raça e lugar de residência são variáveis que segundo Coates e

McCreddie (1998), afetam a incidência da maioria dos cânceres. Entre homens brancos com

idade entre 80 e 84 anos, nos Estados Unidos, o câncer de cólon, por exemplo, é mais de 200

vezes mais frequente do que em indivíduos desse mesmo grupo com idade de 30 a 34 anos.

Homens em geral também apresentam uma incidência maior para a maioria dos cânceres, o

que é explicado por exposições mais frequentes a agentes conhecidamente causadores de

câncer do que as mulheres. Os autores supracitados mencionam ainda a etnia como fator de

influência visto que, a incidência de câncer de próstata, por exemplo, é duas vezes maior em

negros do que em brancos, nos Estados Unidos. Cotran, Kumar e Collins (2000) explicam que

a influência étnica pode ser decorrência de fatores genéticos.

Indivíduos que moram na zona rural têm menos casos de certos cânceres registrados,

tais como câncer de pulmão e de mama, do que indivíduos que moram na zona urbana

(COATES e McCREDDIE, 1998).

Page 46: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

45

Os fatores ambientais, tais como físicos (raio ultravioleta, radiação ionizante),

químicos (aflatoxinas) e biológicos (vírus) e a hereditariedade, são apontadas como

causadores de mutações gênicas, predispondo os organismos ao surgimento de diversas

neoplasias (GUYTON e HALL, 1997; COTRAN, KUMAR e COLLINS, 2000).

Segundo Guyton e Hall (1997), os íons formados nas células teciduais sob influência

de radiações ionizantes, tais como raios X, raios gama, as partículas radiantes de substâncias

radioativas e, até mesmo, a luz ultravioleta, são extremamente reativos e podem romper

filamentos de DNA, causando assim muitas mutações. Além disso, os autores relatam que

substâncias químicas de certos tipos apresentam elevada propensão de causar mutações. Estes

agentes carcinogênicos podem ser encontrados na fumaça do cigarro, por exemplo. A abrasão

continuada do revestimento do trato intestinal por alguns tipos de irritantes físicos, como os

encontrados em alguns tipos de alimentos, é também um dos fatores citados por pelos autores

como causador de mutações, pois leva à rápida substituição mitótica das células, elevando a

probabilidade de alterações gênicas. De acordo com os autores, no caso de mutações causadas

por vírus, o DNA viral pode inserir-se diretamente em um dos cromossomos. Os autores

sugerem ainda que em muitas famílias existe forte tendência hereditária para o surgimento do

câncer. Nestes casos, já que uma ou mais mutações podem ter sido herdadas a partir do

genoma paterno ou materno, diminuem o número de outras mutações necessárias para o

desenvolvimento do câncer.

Page 47: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

46

2.3.4 Sarcomas

Sarcomas é um grupo diverso e raro de tumores que são derivados de tecidos

conjuntivos, incluindo músculo, osso e cartilagem (HELMAN e MELTZER, 2003). Os

sarcomas acometem indivíduos de todas as faixas etárias e é a quinta causa mais comum de

morte por câncer em crianças. São classificados em sarcoma ósseo e sarcoma de partes moles,

sendo o primeiro mais raro que o segundo (PATEL e BENJAMIN, 2008). Segundo os

autores, os sarcomas de partes moles podem acometer músculos, tendões, gordura, tecidos

fibrosos e sinoviais, vasos e nervos. Os membros são afetados em 60% dos casos, sendo os

membros inferiores 3 vezes mais afetados que os superiores. O tronco é afetado em 30% dos

casos e a cabeça e pescoço em 10%. Aproximadamente 20 grupos diferentes de sarcomas de

partes moles são reconhecidos com base nos padrões de diferenciação para o tecido normal.

Por exemplo, o rabdomiossarcoma mostra evidências de fibras musculares esqueléticas com

estrias cruzadas, os leiomiossarcomas contêm fascículos entrelaçados de células fusiformes

que se assemelham ao músculo liso e, os lipossarcomas contêm adipócitos (PATEL e

BENJAMIN, 2008).

Os sarcomas metastáticos de partes moles são em grande parte incuráveis (PATEL e

BENJAMIN, 2008).

Baker (2009) classifica os sarcomas ósseos, segundo suas características citológicas e

produtos celulares em osteossarcomas, sarcomas de Ewing e condrossarcomas. O

osteossarcoma é uma neoplasia que forma osteóide (osso não mineralizado) e é responsável

por quase 45% dos sarcomas ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008). Os condrossarcomas são

tumores de cartilagem (BAKER, 2009) e representam aproximadamente de 20 a 25% dos

Page 48: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

47

sarcomas ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008). Os tumores de Ewing representam 10 a 15%

dos tumores ósseos (PATEL E BENJAMIN, 2008) e, segundo Baker (2009), a célula de

origem desses tumores permanece desconhecida, mas admite-se uma origem

neuroectodérmica.

2.3.5 Tratamentos

2.3.5.1 Cirurgia

A cirurgia é o método mais utilizado de combate ao câncer (PERRY, 2009).

Estima-se que 60% de todos os pacientes com câncer necessitem de procedimento

cirúrgico (INCA, 2008).

A cirurgia é denominada curativa quando, após a cirurgia, não há câncer residual e as

margens cirúrgicas são microscopicamente livres de lesão. Quando a cirurgia é realizada com

a finalidade de apenas reduzir a população de células tumorais, a fim de controlar sintomas,

que põem em risco a qualidade de vida do paciente (descompressão de estruturas vitais,

controle de hemorragias, controle da dor, entre outros) é então denominada paliativa (INCA,

2008).

Gomes (2003) classifica os tipos de cirurgias oncológicas, além da curativa e paliativa,

ainda em cirurgia diagnóstica, e em um grupo diversificado, denominado “outros

procedimentos”.

Page 49: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

48

Na cirurgia diagnóstica, um dos procedimentos mais importantes é a biópsia,

fundamental para o planejamento terapêutico dos tumores malignos (GOMES, 2003).

Dentre as cirurgias classificadas por Gomes (2003) no grupo denominado “outros

procedimentos”, destacam-se a endocrinocirurgia, realizada como complementação

terapêutica nos tumores hormodependentes; cirurgia para implante de cateteres; cirurgia

reconstrutora, entre outras.

2.3.5.2 Quimioterapia

A quimioterapia do câncer usa normalmente drogas que bloqueiam os mecanismos de

duplicação celular, síntese de DNA, RNA e proteínas (DELGADO, 2003).

A maioria dos antineoplásicos quimioterápicos atua de forma não específica, lesando

tanto células malignas como células benignas por atuarem indistintamente no tumor e tecidos

normais de proliferação rápida, como o sistema hematopoiético e as mucosas (INCA, 2008).

A quimioterapia pode ser curativa se o seu resultado final puder levar a cura dos

pacientes, como é o caso das leucemias e linfomas, tumor do testículo e doença trofoblástica.

A quimioterapia paliativa é aquela que se aplica após tratamento loco-regional (cirurgia e

radioterapia), com o intuito de destruir micrometástases (DELGADO, 2003).

Perry (2009) cita ainda como modalidades de quimioterapia, a quimioterapia

neoadjuvante ou primária, que é utilizada antes da cirurgia ou radioterapia para diminuir o

tamanho de cânceres localmente avançados, permitindo assim melhor ressecção cirúrgica e

erradicação de metástases identificáveis e, a quimioterapia adjuvante, aplicada após

Page 50: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

49

tratamento cirúrgico ou radioterápico com o intuito de se evitar recidiva.

Os quimioterápicos antineoplásicos são classificados quanto à sua relação com o ciclo

celular, sendo divididos em ciclo-específicos, que atuam nas células que se encontram numa

fase específica do ciclo celular e ciclo-inespecíficos, que apresentam seus efeitos citotóxicos

em qualquer fase do ciclo celular. Eles são ainda classificados quanto à estrutura e função

química, podendo ser alquilantes, causando alterações nas cadeias de DNA; antimetabólicos,

bloqueando a produção de enzimas ou interpondo-se entre as cadeias de DNA e RNA,

transmitindo mensagens errôneas; antimitóticos, interferindo na formação do fuso mitótico;

topoisomerase-interativos, interagindo com a enzima topoisomerase I e II, interferindo assim

na síntese de DNA; antibióticos antitumorais, interferindo com a síntese de ácidos nucléicos,

impedindo a duplicação e a separação das cadeias de DNA e RNA (INCA, 2008).

2.3.5.3 Radioterapia

A radioterapia consiste na aplicação clínica de radiação para o tratamento de doenças

neoplásicas, que pode se realizar por meio de três métodos distintos de administração:

teleterapia, que envolve a aplicação da radiação a partir de uma fonte externa ao corpo,

braquiterapia, que coloca a fonte de radiação em contato com o corpo, a poucos centímetros

do tumor, podendo o implante físico da fonte ocorrer dentro dos tecidos, dentro das cavidades

existentes ou próximas da superfície do corpo (INCA, 2008; WALDRON e O’SULLIVAN,

2006) e a isoterapia, que consiste na administração intravenosa ou oral de isótopos radioativos

que são seletivamente absorvidos por tecidos específicos que contenham tumores

Page 51: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

50

(WALDRON e O’SULLIVAN, 2006).

A radioterapia pode ser aplicada como uma única modalidade curativa ou em

associação com a cirurgia ou a quimioterapia, para o tratamento da doença neoplásica. O

objetivo do tratamento é obter o melhor equilíbrio entre a probabilidade de cura do tumor e de

danos ao tecido normal, o que é chamado de índice terapêutico (WALDRON e

O’SULLIVAN, 2006).

Segundo Gates e Fink (2009), a radioterapia pode ser aplicada em caráter paliativo

proporcionando não a cura, mas a melhoria da qualidade de vida do paciente. As doses desse

tipo de radioterapia são baixas ou moderadas e auxiliam na redução de sintomas em certos

cânceres, como o alívio da dor em lesões ósseas, redução de metástases no cérebro,

desobstrução de lesões obstrutivas, atenuação de sangramento em neoplasias ginecológicas

(PERRY, 2009).

A radiação ionizante funciona induzindo à interrupção do ciclo celular em etapas de

controle específicas e, embora qualquer molécula dentro das células possa sofrer danos pela

radiação, é provável que a grande maioria desses danos não tenha conseqüências. No entanto,

lesões aos tecidos normais podem ocorrer devido à radiação por conseqüência de perda

celular (WALDRON e O’SULLIVAN, 2006). As manifestações clínicas de lesões em tecidos

normais podem ocorrer em um curto prazo depois da irradiação como nos tecidos da pele,

hemocitopoiético, linfóide, mucosa, aparelho, digestivo, ovário e outros (INCA, 2008),

carcterizando-os como tecidos de resposta rápida (BAKER, 2009). Alterações podem ocorrer

também em tempo mais prolongado após a irradiação, como nos tecidos ósseo, conjuntivo,

muscular e nervoso. Esses tecidos, caracterizados como tecidos lentos (BAKER, 2009)

apresentam baixa atividade proliferativa e menor suscetibilidade à apoptose (INCA, 2008).

Os danos às células são causados pela interação da radiação com o oxigênio

Page 52: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

51

molecular, induzindo a formação de superóxido ou peróxido de hidrogênio, ou radicais

hidroxila, que danificam o DNA, levando à morte celular (PERRY, 2009).

2.3.5.4 Tratamentos Complementares

Tanto a radioterapia como a quimioterapia invariavelmente causam danos ou

enfraquecem as defesas imunológicas do paciente, que também podem ter sido danificadas

pelo câncer em si. A partir dessas observações, vem-se desenvolvendo um novo conceito na

terapia contra o câncer, a de que é possível modificar a resposta do hospedeiro às células

cancerígenas (SMITH, ROWAN e SULLIVAN, 2003; SMITH, ROWAN e SULLIVAN,

2006).

As células tumorais são reconhecidas pelo sistema imunológico por elementos da

imunidade inata e adaptativa. Sendo assim, como parte da imunidade inata, macrófagos,

quando ativados, podem secretar, por exemplo, a TNF-α, que quando secretada, induz morte

por apoptose. Também como parte da imunidade inata, células NK (natural killers) são

responsáveis pelo reconhecimento e lise de células tumorais. Entre as células efetoras da

imunidade adaptativa, encontram-se os linfócitos B e os linfócitos T (CHAMMAS et al.,

2009).

Segundo Smith, Rowan e Sullivan (2006), agentes imunoestimulantes poderiam ser

coadjuvantes úteis para terapias contra o câncer se não interferirem com a eficácia do

tratamento convencional. Sendo assim, modificadores de resposta biológica (BRMs) vêm

Page 53: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

52

evoluindo como um quarto método de tratamento de câncer (SMITH, ROWAN e

SULLIVAN, 2003).

Modificadores da resposta biológica são compostos usados para tratar o câncer,

alterando ou aumentando os processos que ocorrem naturalmente no corpo. A imunoterapia

faz uso de BRMs para melhorar a atividade do sistema imunológico aumentando os

mecanismos de defesa naturais do organismo contra o câncer (GOLDSBY, KINDT e KUBY

2000).

Bisht, Bist e Dhasmana (2010) classificam os BRMs em:

• IFN: IFN-α - pequenas proteínas sintetizadas pelas células imunes em resposta

a vários estímulos. Promovem a resposta imune celular (células T);

• IL: IL-2, IL-6, IL-11- citocinas produzidas no organismo, pelos linfócitos;

• Fatores estimuladores de colônias (CSFs) - fatores de crescimento mediadores

da proliferação, maturação, regulação e ativação de células hematopoiéticas;

• Anticorpos monoclonais - clones de anticorpos similares que são dirigidos

contra antígenos específicos;

• Agentes diferenciadores- tretinoína, bexaroteno;

• Inibidores de tirosina quinase (TKIs);

• TNF-α; secretadas por macrófagos ativados por endotoxinas. A TNF liga-se ao

receptor em membranas celulares, inicia a atividade celular e é citotóxica a

célula.

• Talidomida e seus congêneres;

• Inibidores angiogênicos- atuam impedindo o crescimento de novos vasos

sanguíneos;

Page 54: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

53

• Vacinas contra o câncer - utilizadas contra agentes infecciosos que podem

causar câncer.

Segundo os autores os BRMs apresentam mecanismo de ação direta, propiciado pela

atividade citotóxica sobre células tumorais, como a conferida por anticorpos monoclonais;

mecanismo de ação indireta, atuando como imunoestimulantes, causadas por interleucinas e

interferons; ou mecanismo de ação mista caracterizada tanto pela promoção de diferenciação

celular, conferida pelos fatores estimuladores de colônias, ajudando a substituir células

alteradas, como pela interferência em alterações neoplásicas, exercida por agentes que

facilitam a diferenciação das células tumorais em células normais e pela prevenção de

metástases, causados por inibidores angiogênicos.

A atividade imunomoduladora de compostos isolados de macrofungos medicinais está

relacionada à ação exercida sobre células imuno-efetoras, como células-tronco

hematopoiéticas, linfócitos, macrófagos, células T, DCs e células NK envolvidas na

imunidade inata e adaptativa, resultando na produção de citocinas (MORADALI et al., 2007).

A estimulação dos sistemas de defesa imunológica por polímeros bioativos de

cogumelos medicinais tem efeitos significativos sobre a maturação, diferenciação e

proliferação de muitos tipos de células do sistema imunológico do hospedeiro (WASSER,

2011). Segundo Bohm e Bemillar (1995) parecem agir como imuno-estimulantes

inespecíficos, embora alguns tenham efeitos citotóxicos diretos.

Mizuno, Minato e Tsuchida (1998) sugeriram que a atividade antitumoral de Agaricus

blazei em camundongos se dá por meio da modulação do sistema imune, tratados com uma

fração solúvel em água de polissacarídeos deste cogumelo.

Akramiené, Didžiapetrienė e Kėvelaitis (2007) associam a atividade medicinal de

Page 55: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

54

fungos aos polissacarídeos encontrados na parece celular. Segundo o autor esses

polissacarídeos apresentam composições diferentes, sendo a maior parte pertencente ao grupo

das β-glucanas. Chan, Chan e Sze (2009) relatam que β-glucanas agem sobre vários

receptores imunológicos incluindo Dectin-1, receptor de complemento (CR3) e TLR-2/6 e

desencadeiam um grupo de células do sistema imunológico, incluindo macrófagos,

neutrófilos, monócitos, células natural killer e células dendríticas. Como consequência, tanto a

resposta adaptativa quanto inata podem ser moduladas por β-glucanas que também podem

aumentar a fagocitose.

O efeito imunomodulador de polissacarídeos de P. tuber regium e P. rhinocerus foram

estudados por Wong (2011). Os resultados obtidos nesse estudo demonstram um significativo

aumento do baço dos camundongos tratados com os extratos obtidos destes fungos, indicando

um aumento de atividade mitogênica, que leva à maturação de linfócitos.

A utilização de substâncias provenientes de cogumelos que seguem protocolos de

tratamento pré-indução demonstraram ação preventiva contra danos no cólon (NOSÁĽOVÁ

et al., 2001), tumores (SHAMTSYAN et al., 2004) e danos hepatológicos (NADA, OMARA

e ABDEL-SALAM, 2010). Protocolos pré/pós-indução tumoral demonstram a atividade

antitumoral exercida pelo fungo Pleurotus ostreatus (BOBEK, GALBAVY e OZDIN, 1998) e

pelo cogumelo Agaricus blazei (ISHII et al., 2011).

Tais relatos sugerem que substâncias fúngicas podem atuar como modificadores de

resposta biológica, podendo conferir um efeito preventivo ao surgimento de tumores.

Page 56: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

55

3 METODOLOGIA

3.1 Obtenção da Biomassa Deslipidificada

A biomassa deslipidificada foi obtida pelo processo demonstrado na Figura 2.

Figura 2 – Diagrama do processo de produção da biomassa deslipidificada Fonte: Primária (2012)

Page 57: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

56

3.1.1 Microrganismo e Manutenção

O fungo utilizado para a produção da biomassa deslipidificada foi o Pleurotus djamor

UNIVILLE 001, isolado pelo Grupo de Pesquisa de “Processos Biotecnológicos” da Univille.

A linhagem foi mantida em meio sólido Trigo-Dextrose-Ágar (TDA) (FURLAN et al., 1997),

sob refrigeração (4 ºC) e os repiques feitos a cada três meses.

3.1.2 Preparo do Inóculo

O inóculo foi preparado em frasco da marca DURAN de 2L contendo 400 mL de meio

POL. O meio POL foi preparado conforme descrito por Cavazzoni e Adami (1992): 5,0g de

(NH4)2SO4; 0,2g de MgSO4. 7H2O; 1,0g de K2HPO4; 2,0g de extrato de levedura; 1,0g de

peptona; 1,0g de CaCO3; 1,0L de H20 qsp; pH 6,5 – 7,0), com concentração inicial de glicose

igual a 20g L-1. O frasco foi inoculado com micélio de 7 dias, contido em uma placa de Petri

conforme item 3.1.1. Após a inoculação, o frasco foi incubado a 30ºC e mantido sob agitação

recíproca de 120 min-1, por seis dias.

Page 58: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

57

3.1.3 Produção de Biomassa

A biomassa foi obtida a partir de cultivos submersos, realizados em regime

descontínuo, em reator de mistura completa modelo Biostat B, B. BRAUN, com dorna de

vidro de capacidade de volume útil de 5,0L e volume de trabalho de 4,0L. O sistema possuía

três turbinas, estando a primeira turbina situada imediatamente acima do anel dispersor de ar.

O diâmetro das turbinas era de 63mm e a distância entre elas de 75mm. O pH foi controlado

em 3 pela da adição automática de soluções de NaOH 6M e H3PO4 12N, tendo acoplado ao

biorreator um sensor de pH (modelo EASYFERM PLUS K8 325, INGOLD ELECTRODES).

Conforme Wisbeck (2003), a temperatura foi controlada em 30ºC por meio de sensor

de temperatura (modelo PT 100, B.BRAUN) e um banho termostático. A vazão de ar foi

mantida em 0,25L min-1 e a frequência de agitação fixada em 300 min-1. No entanto, durante o

cultivo não foi monitorada a pressão parcial de oxigênio dissolvido (pO2) por meio do

eletrodo polarográfico, devido a aderência dos pellets formados à sonda de pO2, dificultando

assim a medida do KLa. Na preparação do sistema, o biorreator contendo 1,5L de água

destilada foi esterilizado em autoclave a gás a 121ºC por 20 minutos. Neste processo, os

sensores de temperatura e pH foram esterilizados juntamente com o biorreator. O meio de

cultivo (POL), concentrado em 1,5L, a solução de glicose (40gL-1), concentrada em 0,4L e a

solução de CaCO3 (1 g L-1), concentrada em 0,2L, foram esterilizados separadamente. O

volume de inóculo foi de 0,4L, completando o volume de trabalho de 4L e, tendo-se uma

fração de inóculo equivalente a 10% v/v (WISBECK, 2003). Após toda a preparação e

montagem do sistema, foi dado início ao processo de cultivo.

Page 59: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

58

3.1.4 Separação da Biomassa

O caldo de cultivo e a biomassa obtidos dos cultivos em biorreator foram separados

por filtração em papel Whatmann n° 1.

A biomassa micelial de Pleurotus djamor foi liofilizada e o conteúdo lipídico foi

extraído em Soxhlet com éter de petróleo por 8-10h, a fim de remover moléculas não

associadas a atividade antitumoral. Após, ao material deslipidificado, adicionou-se metanol na

proporção 2:3 (biomassa: metanol) e acondicionou-se a 4ºC “overnight”. O metanol foi

evaporado a 40º- 50ºC e o material foi liofilizado e armazenado em temperatura ambiente até

utilização (JOSE, AJITH e JANARDHANAN, 2004).

3.1.5 Dose de Tratamento

O material liofilizado deslipidificado foi solubilizado em solução tampão fosfato (PBS

0,01M, pH 7,0) e testado nas doses de 10 mg kg-1, 30 mg kg-1e 50 mg kg-1.

3.2. Avaliação In Vivo da Biomassa Deslipidificada

Page 60: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

59

3.2.1 Animais e Manutenção

Foram utilizados camundongos albinos suíços machos, com peso de 25 ± 5g, mantidos

em biotério, com água e ração ad libitum, controle de temperatura em 21±1°C e fotoperíodo

de 12 horas. Os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Animais da UNIVILLE (Anexo A).

3.2.2 Tumor e Manutenção

A linhagem tumoral, Sarcoma 180 (S180), foi obtida do Departamento de

Farmacologia da UNIVALI (Itajaí – SC) e mantida por meio de repiques intraperitoneais

realizados a cada 7 dias em camundongos albinos Swiss machos (PAGNO et al., 2006).

3.2.3 Indução Tumoral

A indução tumoral foi realizada, via subcutânea, no dorso de cada camundongo dos

grupos teste e controle positivo na concentração de 5x106 cel animal-1 conforme Pagno et al.

(2006).

Page 61: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

60

3.2.4 Delineamento Experimental do Tratamento Antitumoral

O número total de animais utilizados foi de 100 indivíduos, sendo 50 para o tratmento

pré/pós-indução tumoral e 50 para o tratamento pós-indução. Os animais em cada tratamento

foram divididos em grupos como descrito a seguir:

a) Grupo Teste (GT) - composto por 30 animais nos quais foi realizada a indução tumoral e

administração da substância teste por via intraperitoneal. Este grupo foi subdividido em 3

subgrupos, de acordo com a dose da substância utilizada:

• Grupo T1 (n=10): 10 mg kg-1 da substância teste;

• Grupo T2 (n=10): 30 mg kg-1 da substância teste;

• Grupo T3 (n=10): 50 mg kg-1 da substância teste.

b) Grupo Controle Substância (CS) - composto por 5 animais, nos quais foi realizada a

administração da substância, na dose de 50 mg kg-1 por, via intraperitoneal, sem indução

tumoral.

c) Grupo Controle positivo (CP) - composto por 10 animais, nos quais foi realizada a indução

tumoral e administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitoneal.

d) Grupo Controle negativo (CN) - Composto por 5 animais, nos quais foi realizada a

administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitonial, porém sem a indução

Page 62: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

61

tumoral.

O delineamento experimental utilizado tanto para o tratamento pré/pós- indução,

quanto para o tratamento pós-indução tumoral está demonstrado na Figura 3.

*substância a ser testada como antitumoral Figura 3 - Delineamento experimental para o tratamento antitumoral Fonte: Primária (2012)

3.2.5 Testes Dose x Resposta

A avaliação do tratamento antitumoral foi realizada por meio de dois tipos de teste

dose x resposta:

a) Teste pré/pós-indução– os animais dos grupos T1, T2 e T3 foram tratados uma vez ao dia,

durante os 10 dias que precediam a indução tumoral; o tratamento foi reiniciado 24 horas após

a indução do tumor e mantido por mais 10 dias. Esta metodologia foi adaptada a partir da

metodologia utilizada por Ajith e Janardhanan (2003).

Aos animais do grupo CP foi realizada a administração de PBS, iniciando-se também

* * * *

5 animais s/ tumor

Page 63: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

62

10 dias antes da indução tumoral e mantendo-os sob tratamento por 10 dias após indução do

tumor. Ao grupo CN foi realizada a administração de PBS, sem indução tumoral, por 20 dias,

uma vez ao dia. Ao grupo CS foi realizada a administração da substância, sem indução

tumoral, por 20 dias, uma vez ao dia.

Cada grupo recebeu a dose indicada na sessão 3.2.4.

b) Teste pós-indução – os animais dos grupos T1, T2 e T3 foram tratados uma vez ao dia,

iniciando-se 24h após a indução tumoral. O tratamento foi mantido por 10 dias consecutivos

(ZHANG et al., 1994; MIZUNO et al., 1999; AJITH e JANARDHANAN, 2003).

Aos animais do grupo CP foi realizada a administração de PBS iniciando-se também

24 h após a indução tumoral. Ao grupo CN foi realizada a administração de PBS, sem

indução tumoral, por 10 dias, uma vez ao dia. Ao grupo CS foi realizada a administração da

substância, sem indução tumoral por 10 dias, uma vez ao dia. As doses de tratamento estão

indicadas na sessão 3.2.4.

As soluções de tratamento foram preparadas na concentração de 1g L-1 da biomassa

deslipidificada para a dose de 10 mg kg-1 de peso do animal. Para as doses de 30 e 50 mg kg-1

de peso do animal as soluções foram preparadas na concentração de 10g L-1 da biomassa

deslipidificada.

3.2.6 Avaliação do Desenvolvimento Tumoral

A avaliação do desenvolvimento tumoral, tanto para o teste pré/pós como para o teste

Page 64: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

63

pós-indução tumoral, foi realizada após 21 dias, a contar da indução tumoral (ZHANG et al.,

1994; MIZUNO et al., 1999; AJITH e JANARDHANAN, 2003), considerando-se três

variáveis: determinação da massa (g) do tumor (MISAKI et al., 1984), obtida utilizando-se

balança analítica; do volume tumoral (AJITH e JANARDHANAN, 2003), calculado pelo uso

da fórmula da esfera após obtenção de duas medidas, a de menor diâmetro e a de maior

diâmetro, com uso de paquímetro; e determinação da taxa de inibição, obtida por meio da

relação [(1-T)/C]*100, onde T é a massa média do tumor do grupo teste e C é a massa média

do tumor do grupo controle positivo. (MIZUNO et al., 1999; ZHANG et al., 2004).

3.2.7 Avaliação da taxa de Sobrevida

O número utilizado para o teste de sobrevida foi de 30 indivíduos divididos em grupos

como descrito a seguir.

a) Grupo Teste (GT) - composto por 10 animais nos quais foi realizada a indução tumoral e

administração da substância teste por via intraperitoneal na dose de 10 mg kg –1.

b) Grupo Controle Substância (CS) - composto por 5 animais, nos quais foi realizada a

administração da substância, na dose de 10 mg kg-1 por, via intraperitoneal, sem indução

tumoral.

c) Grupo Controle positivo (CP) - composto por 10 animais, nos quais foi realizada a indução

Page 65: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

64

tumoral e administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitoneal.

d) Grupo Controle negativo (CN) - Composto por 5 animais, nos quais foi realizada a

administração de PBS na dose de 10 mg kg-1, por via intraperitonial, porém sem a indução

A substância teste, descrita no item 3.1.5, foi administrada na dose diária de 10 mg kg-

1 de peso do animal, via intraperitonial, durante 5 dias consecutivos, iniciando 24 horas após a

inoculação tumoral (KASAI et al., 1991). Nos grupos controle negativo e controle positivo foi

administrado solução de PBS.

A sobrevivência dos animais foi avaliada por 30 dias após a inoculação tumoral

(KASAI et al., 1991).

O delineamento experimental para o teste de sobrevida está representado na Figura 4.

Figura 4 - Delineamento experimental do teste de sobrevida Fonte: Primária (2012)

Grupo Teste

T1 (10 mg Kg-1

sub. teste). 10

animais c/

tumor

Grupos controle

Controle positivo

(10 mg kg-1

PBS).

10 animais c/

tumor

Controle substância

(50 mg kg-1

sub.

teste). 5 animais c/

tumor

Controle negativo

(10 mg kg-1

PBS). 5

animais s/ tumor

Page 66: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

65

3.2.8 Teste de Citotoxicidade

Foi utilizado o método colorimétrico 3-(4,5-Dimetiltiazol-2-il) 2,5-Difenil Brometo de

Tetrazoilium (MTT) descrito por Mosmann (1983), que consiste em medir indiretamente a

viabilidade celular pela atividade enzimática mitocondrial das células vivas.

O ensaio de MTT é um rápido e sensível ensaio espectrofotométrico usado para

determinar a viabilidade celular de culturas de linhagens de células que formam

monocamadas (SELVI et al., 2011). Detecta células vivas que são metabolicamente ativas

(BASSIL et al., 2012). O tetrazólio amarelo MTT (3-(4, 5- Dimetiltiazol -2- il)-2,5 Difenil

brometo de Tetrazoilium) é reduzido por células metabolicamente ativas, em parte pela ação

das enzimas desidrogenase, gerando equivalentes redutores como NADH e NADPH. A cor

roxa intracelular resultante pode ser solubilizada e quantificada por meios

espectrofotométricos (SELVI et al., 2011).

Uma concentração de 54 x 104 células por poço da linhagem tumoral de Sarcoma 180,

tratada com a biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor por 24h nas concentrações de 0,5,

1,0, 2,0, 4,0, 8,0, 16,0 mg mL-1, foi adicionada aos poços de cultivo celular em placas ELISA.

Cada dose foi avaliada em 11 replicatas. Após o período de 24h também se adicionou 10 µL

de MTT, na concentração de 5 mg mL-1. A placa foi então incubada por 3 horas em estufa a

37°C. Após este período, foram acrescentados 100 µL de Dodecil sulfato de sódio (SDS) a

10% e a placa foi recoberta por papel alumínio e colocada na estufa a 37°C por 24h. A

quantificação da densidade óptica foi medida em espectofotômetro utilizando-se o filtro de

interferência de 550 nm. A determinação do percentual de citotoxicidade foi relizada por meio

da comparação do valor obtido em cada dose com o obtido com o controle celular.

Page 67: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

66

O controle celular continha uma concentração de 54 x 104 células por poço da

linhagem tumoral de Sarcoma 180, porém não tratadas com a biomassa deslipidificada de P.

djamor.

3.2.9 Análise Estatística

Todos os dados obtidos de massa e volume tumoral foram analisados pelo teste

estatístico para rejeição de valores desviantes, denominado Teste ‘Q’ de Dixon (r10), com

nível de confiança de 95% (RORABACHER, 1991). Os dados resultantes do teste Q foram

submetidos à análise de variância de valores médios (ANOVA), por meio do Teste Tukey com

o nível de significância de 5% (p<0,05).

Page 68: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

67

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Avaliação da Atividade Antitumoral

4.1.2 Teste Pré/Pós-Indução Tumoral

Na Figura 5 estão apresentados os valores dos volumes (cm3), das massas (g) e dos

percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 nos animais tratados com 10, 30 e 50 mg kg-1 da

substância de tratamento no teste pré/pós-indução tumoral. Os asteriscos sobre as barras de

dados indicam os valores que não apresentaram diferença estastística.

Figura 5 – (A) massas (g), (B) volumes (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pré/pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de

A)

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

6,31

1,51

0,61 1,02

Page 69: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

68

Pleurotus djamor. CN = controle negativo, CP = controle poistivo. Os valores se referem às medias dos valores de massa e volume obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012)

Figura 5 – (continuação) Fonte: Primária (2012)

Observa-se na Figura B que as doses de 10, 30 e 50 mg kg-1 apresentaram diferença

significativa em relação ao grupo controle positivo tanto no que diz respeito ao volume

quanto à massa tumoral, porém não apresentaram diferença significativa entre si.

B)

C)

76,0%

90,4% 83,8%

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

20,25

6,33

3,5 3,53

Page 70: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

69

Os volumes tumorais foram de 6,3cm3 para o grupo tratado com 10 mg kg-1 e 3,5 cm3

para os grupos tratados tanto com 30 mg kg-1 quanto com 50 mg kg-1, O volume tumoral no

grupo controle positivo foi de 20,2cm3.

A massa tumoral observada nos grupos tratados foi de 1,5g, 0,6g e 1,0g para as doses

de 10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente. Já, a massa no grupo controle positivo foi de 6,3g.

O percentual de inibição tumoral em cada grupo tratado em relação ao grupo controle

foi de 76,0%, 90,4% e 83,8% para as doses 10 mg kg-1, 30 mg kg-1 e 50 mg kg-1,

respectivamente.

Considerando que o percentual de inibição tumoral é calculado a partir da massa

tumoral e que este parâmetro não apresentou diferença significativa entre as doses de

tratamento, pode-se dizer que para a concentração da substância de tratamento variando de 10

a 50 mg kg-1, a redução tumoral é de em média, 83,3%.

4.1.3 Teste Pós-Indução Tumoral

Na Figura 6 estão apresentados os valores dos volumes (cm3), das massas (g) e dos

percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 nos animais tratados com 10 mg kg-1, 30 mg kg-1

e 50 mg kg-1 da substância de tratamento no teste pós-indução tumoral.

Page 71: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

70

Figura 6 – (A) massa (g), (B) volume (cm3) e (C) percentuais de inibição (%) do Sarcoma 180 (S 180) após o tratamento pós-indução tumoral dos animais com 10, 30 e 50 mg kg-1 da biomassa deslipidificada, obtida de Pleurotus djamor. CN = controle negativo, CP = controle poistivo. Os valores se referem às medias dos valores de massa e volume obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012)

A)

B)

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

9,93

2,82

2,06

4,02

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

29,29

12,27

5,01

9,15

Page 72: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

71

Figura 6 – (continuação) Fonte: Primária (2012)

Os perfis obtidos nos testes pós-indução tumoral foram muito similares aos

observados no teste pré/pós-indução tumoral. Observa-se na Figura 6 que as doses 10 mg kg-1,

30 mg kg-1 e 50 mg kg-1 apresentaram diferença significativa em relação ao grupo controle

positivo tanto no que diz respeito ao volume quanto à massa tumoral, porém não apresentaram

diferença significativa quando comparadas entre si.

A massa tumoral observada nos grupos tratados foi de 2,8g, 2,0 g e 4,0g para as doses

10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente, enquanto a massa no grupo controle positivo foi de

9,93g. Já, o volume tumoral nos grupos tratados foi de 12,3cm3, 5,0cm3 e 9,2cm3 para as

doses 10, 30 e 50 mg kg-1 respectivamente, enquanto o volume tumoral no grupo controle

positivo foi de 29,3cm3.

C)

71,6%

79,2%

59,5%

10 mg kg-1 30 mg kg-1 50 mg kg-1

Page 73: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

72

O percentual de inibição tumoral em cada grupo tratado em relação ao grupo controle

foi de 71,6%, 79,2% e 59,5% para as doses 10, 30 e 50 mg kg-1, respectivamente. Seguindo o

mesmo raciocínio usado para a análise do primeiro teste, pode-se considerar que

independentemente da dose (10 a 50 mg kg-1) da substância de tratamento, obtém-se, em

média, 70% de redução tumoral.

4.1.4 Comparação Entre os Testes Pós e Pré/Pós-Indução Tumoral

Comparando-se os resultados dos testes pré/pós-indução tumoral com os resultados

dos testes pós-indução tumoral, observa-se que para a dose da substância de tratamento

variando de 10 a 50 mg kg-1 no teste pré/pós, a redução tumoral é de, em média, 83,3%. No

caso dos testes pós-indução tumoral, obteve-se, em média, 70% de redução tumoral, também

de forma independente da dose (10 a 50 mg kg-1). Os testes pré/pós-indução tumoral

conferiram um percentual de inibição em média 13,3 % maior do que os testes realizados após

a indução. A Figura 7 apresenta a comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e os

testes pós-indução tumoral em relação à massa tumoral média obtida com as doses 10, 30 e 50

mg kg-1.

Page 74: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

73

Figura 7 - Comparação entre os testes pré/pós-indução tumoral e pós-indução tumoral para cada dose avaliada. Os valores se referem às medias dos valores de massa obtidos ao fim do experimento ± erro padrão. Fonte: Primária (2012)

Verifica-se diferença significativa entre os tipos de tratamentos em todas as doses

testadas.

Em relação à dose de 10 mg kg-1, o teste pré/pós apresenta uma massa tumoral média

46,27% menor do que o teste pós-indução. Nesta dose o valor médio da massa tumoral foi de

1,51g para o teste pré/pós-indução tumoral e 2,81g para o teste pós-indução. Para a dose de 30

mg kg-1, a massa tumoral média observada no teste pré/pós-indução tumoral foi de 0,6 g,

enquanto que para o teste pós foi de 2,0g. Nesta dose a massa tumoral no teste pré/pós foi

70,88% menor que no teste pós. Para a dose de 50 mg kg-1 a massa tumoral média observada

Pré-Pós Pós Pré-Pós Pós Pré-Pós Pós

0

1

2

3

4

5

6

**

*

*

Massa T

um

ora

l (g

)

10 mg/Kg

30 mg/Kg

50 mg/Kg

**

*

**1,51

2,81

0,60

2,06

1,02

4,01

Page 75: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

74

no teste pré/pós foi de 1,02g e para o teste pós-indução, de 4,01g, ou seja, a massa tumoral do

teste pré/pós foi 74,57% menor do que a massa tumoral do teste pós.

O elevado percentual de inibição tumoral apresentado nos testes pré/pós-indução

tumoral em relação àquele obtido nos testes pós-indução pode estar relacionado à estimulação

do sistema imunológico, proporcionado pelas substâncias bioativas presentes na biomassa

deslipidificada do cogumelo testado, conferindo um efeito preventivo.

Outros autores compararam protocolos de pré e pré/pós-tratamento fúngico.

Whistler et al. (1976) reportam diferenças em testes pré-indução tumoral, pré/pós-

indução tumoral combinado, e pós-indução tumoral que utilizaram polissacarídeo derivado do

cogumelo Schizophyllum commune (Schizophyllan) em camundongos implantados com

células de Sarcoma 180. Os autores relatam que, nesse estudo, o tratamento prévio com

schizophyllan não teve qualquer efeito. Já, o tratamento pré/pós combinado e o tratamento pós

resultaram no aumento da sobrevida em 57% e 43% dos animais tratados, respectivamente. O

teste pré/pós-indução realizado neste trabalho também foi o que apresentou melhor resposta.

No trabalho realizado por Bobek, Galbavy, Ozdin (1998) observou-se uma redução no

número total de tumores tanto no grupo de animais alimentados com dieta de cogumelo que

seguiu protocolo de pós-tratamento como no grupo tratado duranto todo o experimento. No

entanto, observou-se uma redução significativa do número de focos de tumor do carcinoma in

situ em animais alimentados com os cogumelos durante todo experimento. Esses animais

também tiveram o número significativamente menor de focos de cripta aberrante.

Ishii et al. (2011) verificaram a redução dos danos sofridos pelo DNA, induzidos por

1,2 dimetilhidrazina (DMH) em camundongos suíços machos, conferida pela administração

de ração suplementada com 10% do cogumelo Agaricus blazei desidratado, em testes de

tratamento simultâneo, de pré-tratamento + condições contínuas, pré-tratamento e pós-

Page 76: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

75

tratamento. O teste pré-tratamento + condições contínuas, que se equivale ao teste pré/pós-

indução deste trabalho, apresentou um percentual de redução de danos de 38,76%. O teste

pós- tratamento apresentou um percentual de redução de danos 25,85% maior que o teste pré-

tratamento + condições contínuas. Os resultados apresentados por Ishii e colaboradores

apresentam uma tendência contrária à apresentada neste trabalho, em que os testes pré/pós-

indução apresentam, em média, maior taxa de inibição do que os testes pós-indução. No

entanto, quando o autor avaliou a redução de danos em relação à integridade do cólon dos

animais, análises estatísticas indicaram a atividade anticarcinogênica de A. blazei nos grupos

pré-tratamento e pré-tratamento + condições contínuas com uma redução percentual de danos

de 54,60 e 50,45%, respectivamente. Os grupos tratamento-simultaneo e pós-tratamento

apresentaram redução percentual de danos de 48,96 e 30,56, respectivamente. O autor

argumenta que mesmo não havendo diferença significativa entre os grupos existe uma

tendência à prevenção. No presente trabalho, os resultados obtidos com os testes em que o

tratamento teve início anteriormente à indução tumoral fica clara a ação antitumoral

preventiva de P. djamor, já que a taxa de inibição foi maior para todas as doses em relação

aos testes pós-indução.

A maioria dos trabalhos que avaliaram a ação antitumoral de substâncias bioativas

provenientes de fungos do gênero Pleurotus seguiram protocolos de tratamento pós-indução

tumoral.

Sousa, Nascimento e Correia (2004) realizaram testes in vivo em camundongos albinos

suíços. Os camundongos tratados após indução de Sarcoma 180 com uma fração solúvel em

água obtida a partir do cogumelo Pleurotus ostreatoroseus na dose de 0,1mL 10g-1

apresentaram uma redução de 41,96% do tumor, valor este inferior à média obtida no presente

trabalho.

Page 77: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

76

Li et al. (2008) verificaram cerca de 80% de inibição do desenvolvimento tumoral em

camundongos ICR com sarcoma 180. A substância de tratamento foi obtida de corpos

frutíferos frescos do fungo Pleurotus citrinopileatuse e administrada na dose diária de 5 mg

kg-1 durante 20 dias, por via intraperitoneal, após inoculação tumoral. Comparando-se,

observa-se que o percentual de inibição verificado pelos autores é maior do que o obtido neste

trabalho.

De Barba (2010) testou extratos etanólicos obtidos a partir do caldo de cultivo da

mesma espécie fúngica utilizada no presente trabalho (P. djamor), para o tratamento pós-

indução tumoral de camundongos albinos suíços machos inoculados com S180. A redução do

crescimento do S180 nos animais tratados foi de 83% e 94% para as doses de 10 e 30 mg kg-1,

respectivamente, com tratamento intraperitoneal (i.p.) por 10 dias consecutivos. Verifica-se

que as taxas de inibição proporcionadas pelo caldo de cultivo no trabalho de De Barba foram

maiores do que as apresentadas neste trabalho para biomassa micelial.

Assis (2011) avaliou a taxa de inibição tumoral de camundongos albinos swiss machos

inoculados com S180 tratados após indução tumoral com uma substância de tratamento

proveniente de Pleurotus sajor-caju, obtida da mesma forma que a substância utilizada neste

trabalho. Os camundongos foram tratados por 10 dias e as doses utilizadas foram de 3, 10, 30

e 100 mg kg-1. Em todas as doses testadas a autora observou inibição tumoral de

aproximadamente 80% nos grupos tratados em relação ao controle, valor maior do que o

obtido com protocolo de pós-tratamento de Pleurotus djamor neste trabalho.

As três frações polissacarídicas obtidas de Pleurotus ostreatus, FII, FIII-1 e FIII-2,

avaliadas por Facchini (2011) apresentaram um percentual de inibição tumoral contra S180 de

85,6, 54,1 e 93,6%, respectivamente na dose de 30 mg kg-1. Após, o autor realizou a avaliação

da atividade antitumoral da fração FII por meio de ensaios dose x resposta nas doses de 10, 30

Page 78: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

77

e 50 mg kg-1. As doses de 10 e 30 mg kg-1 promoveram a maior taxa de inibição, cerca de

75%, sem diferença significativa entre si e a maior dose, 50 mg kg-1, promoveu uma menor

taxa de inibição (53,7%).

Um estudo realizado por Jeong et al. (2010) também revelou atividade antitumoral

contra S180 de uma fração polissacarídica obtida de biomassa micelial de P. eryngii após

extração aquosa a quente. Os animais foram tratados com 10 a 80 mg kg-1 de extrato micelial

durante 28 dias. A maior inibição observada foi de 53,1% para a dose de 40 mg kg-1, enquanto

80 mg kg-1 inibiu apenas 25,7%. Embora no presente trabalho não tenha sido possível

observar influência da dose da substância sobre o desenvolvimento tumoral, pode-se afirmar

que a biomassa deslipidificada de P. djamor, mostrou-se mais eficaz do que a biomassa de P.

eryngii, com maior redução tumoral em menor tempo de tratamento, muito embora, o método

de obtenção da substância seja outro.

Durante os testes dose x resposta realizados neste trabalho observou-se a morte de

alguns animais. Nos testes pré/pós-indução, o grupo controle substância (animais sem tumor e

tratados com biomassa deslipidificada de P. djamor na dose de 50 mg kg-1) apresentou a

perda de 2 animais, verificada a partir do décimo sexto dia de tratamento. No grupo controle

positivo (animais tratados com PBS), foi observada a morte de 1 animal no 20º dia do

experimento. No grupo controle negativo (animais sem tumor e trados com PBS) não houve

mortes. No grupo T1 (animais tratados com a dose de 10 mg kg-1 da substância) observou-se a

morte de 1 animal no décimo dia após indução. No grupo T2 (animais tratados com a dose de

30 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 6 animais, verificadas a partir do quarto dia

após inoculação tumoral (décimo quarto dia de tratamento). No grupo T3 (animais tratados

com a dose de 50 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 4 animais, verificadas a

partir do quarto dia após inoculação tumoral (décimo quarto dia de tratamento). O grupo

Page 79: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

78

tratado com a menor dose da substância de tratamento nos testes pré/pós-indução tumoral

(T1) foi o que apresentou a menor perda de animais, o que sugere que as doses administradas

nos outros grupos estão acima do tolerável, conferindo, provavelmente, um efeito tóxico nos

animais.

Nos testes pós-indução tumoral, observou-se a perda de 3 animais, verificadas a partir

do quarto dia de tratamento no grupo controle substância (animais sem tumor e tratados com

biomassa deslipidificada de P. djamor na dose de 50 mg kg-1). O grupo controle positivo

apresentou morte de 1 animal no nono dia do experimento. O grupo controle negativo não

apresentou mortes. No grupo T1 (animais tratados com a dose de 10 mg kg-1 da substância)

observou-se a morte de 1 animal, verificada no sétimo dia de tratamento. No grupo T2

(animais tratados com a dose de 30 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 7 animais,

verificada a partir do terceiro dia de tratamento. No grupo T3 (animais tratados com a dose de

50 mg kg-1 da substância) observou-se a morte de 5 animais, verificadas a partir do segundo

dia de tratamento. O grupo tratado com a menor dose da substância (10 mg kg-1) nos testes

pós-indução tumoral foi o que apresentou a menor perda de animais. Estes resultados vão de

encontro aos obtidos nos testes pré/pós-indução tumoral, em que o grupo T1 também teve o

menor número de mortes.

Devido ao exposto, mostrou-se necessário a realização do teste de sobrevida dos

animais, sendo, para tanto, escolhida a dose de 10 mg kg -1.

4.2 Teste de Sobrevida

Page 80: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

79

Durante o teste de sobrevida os animais foram tratados com 10 mg kg-1 da biomassa

deslipidificada de P. djamor e apresentaram uma taxa de sobrevivência de 90% em

comparação ao grupo controle positivo. Os animais do grupo controle positivo começaram a

morrer a partir do 18º dia, chegando a uma taxa de sobrevida de 0% em 30 dias. Já, a taxa de

sobrevivência do grupo controle substância (animais sem tumor e tratados com biomassa

deslipidificada de P. djamor na dose de 10 mg kg-1) foi de 100% em 30 dias.

De Barba (2010) utilizou precipitado de polissacarídeos extracelulares de Pleurotus

djamor obtidos com etanol (PE1) e com acetona (PE2) para avaliação do tempo de sobrevida

de camundongos inoculados subcutâneamente com uma concentração celular de 25x106 cel

mL-1 de tumor S180. A substância PE1, quando administrada por via intraperitoneal,

promoveu uma taxa de sobrevida em 30 dias de 100%, 100% e 80% para as doses de 30, 100

e 300 mg kg-1, respectivamente. A substância PE2, promoveu uma taxa de sobrevida em 30

dias de 100%, 100% e 0% para as doses de 30, 100 e 300 mg kg-1, respectivamente. A dose

testada neste trabalho para avaliação da taxa de sobrevida foi de apenas 10 mg kg-1 e conferiu

uma taxa de 90% de sobrevida dos animais. Nos estudos realizados por De Barba (2010)

doses maiores das substâncias teste (30 e 100 mg kg-1) conferiram maiores taxas de sobrevida

aos animais do que a apresentada neste trabalho. Vale ressaltar que apesar de se tratar do

mesmo fungo, trata-se de fontes diferentes da substância teste (extrato polissacarídico do

caldo de cultivo no trabalho de De Barba e biomassa deslipidificada no presente trabalho).

Wang, Gao e NG (2000), realizaram estudos de avaliação do tempo de sobrevida de

camundongos inoculados intraperitonealmente com células de S180 ou hepatoma H-22 nas

concentrações de 5 x 106 e 2,5 x 105. Os animais foram tratados com uma lectina obtida de

Pleurotus ostreatus e observou-se que os animais inoculados com uma concentração celular

de 5x106 células de Sarcoma 180 tratados com a lectina apresentaram um aumento do tempo

Page 81: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

80

de sobrevida de 57,6%. Já os animais inoculados com uma concentração celular de 2,5x105

desse mesmo tumor apresentaram um aumento do tempo de sobrevida na ordem de 106,7%

em relação ao grupo de animais não tratados. Para os grupos inoculados com H-22 observou-

se um aumento no tempo de sobrevida de 21,9 e 37,9% em grupos de animais inoculados com

uma concentração tumoral de 5 x 106 e 2,5 x 105, respectivamente. Neste trabalho os animais

também foram inoculados com uma concentração celular de 5x106 células por animal do

tumor Sarcoma 180. O presente trabalho corrobora os resultados de Wang, Gao e NG (2000),

que validam a influência na sobrevida positiva de animais portadores de tumores tratados com

substâncias bioativas obtidas de fungos do gênero Pleurotus.

Shamtsyan et al. (2004), avaliaram o efeito do extrato etanólico obtido de P. ostratus

em camundongos inoculados com melanoma B16 e verificaram uma taxa de sobrevida de

100% para o grupo tratado com o extrato 24 dias após transplante tumoral, enquanto o grupo

controle apresentou uma taxa de 50%. A taxa de sobreviventes chegou em 0% no 27º dia para

os animais do grupo controle, enquanto no grupo tratado 70% dos animais ainda estavam

vivos. No 30º dia após a inoculação tumoral, a taxa de sobrevida dos animais tratados era de

60%. A morte de todos os animais só foi atinginda no 44º dia no grupo tratado. Comparando

aos resultados obtidos neste trabalho, a taxa de sobrevida conferida por P. djamor em animais

inoculados com S180 é bem maior do que a observada por Shamtsyan e colaboradores

(2004). Vale notar que não só as espécies fúngicas são diferentes bem como se trata de

linhagens tumorais distintas.

Page 82: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

81

4.3 Teste de Citotoxicidade

Neste estudo várias concentrações da substância teste, obtida da biomassa

deslipidificada de P. djamor, foram testadas sobre células de Sarcoma 180 para avaliação do

efeito citotóxico da substância. As concentrações da substância teste foram 0,5, 1,0, 2,0, 4,0,

8,0 e 16,0 mg mL-1. A porcentagem final da viabilidade celular em 24 h de tratamento foi de

113,7; 76,5; 82,7; 94,9; 63,5; 9,88, respectivamente. A Figura 8 apresenta os valores de

viabilidade celular (%) em função das concentrações da substância teste em 24h de

tratamento. Os asteriscos indicam diferença significativa em relação ao controle.

Figura 8 – Viabilidade celular (%) de células de Sarcoma 180 tratadas com biomassa deslipidificada de P.

djamor. CC = controle celular de S180. Os valores representam as médias de 11 replicatas ± erro padrão.

Concentrações da substância teste mg mL-1

Page 83: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

82

Fonte: Primária (2012)

Citotoxicidade em cultura de células é normalmente expressa como LC50, a

concentração de um determinado agente que é letal para 50% das células (ZHANG et. al.,

2007). Sendo assim, a viabilidade celular observada nos tratamentos com as concentrações de

0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg mL-1 não foram consideradas citotóxicas, pois em todas essas

concentrações, mais de 50% das células permaneceram viáveis. Não houve diferença

significativa em relação ao controle celular (cc).

A partir da concentração de 8 mg mL-1, observa-se diferença significativa em relação

ao controle celular, indicando um efeito inibitório do crescimento celular de 36,41% para esta

concentração. Porém, 8 mg mL-1não foi considerada uma concentração citotóxica, já que o

percentual de inibição celular não chegou à marca de 50%.

A concentração mais alta (16,0 mg mL-1) mostrou um efeito citotóxico sobre as células

de Sarcoma 180, em que 90,12% das células não apresentavam atividade metabólica.

Apesar de vários autores atribuirem a atividade antitumoral fúngica à ativação do

sistema imune do hospedeiro e não à citotoxicidade direta, estudos demonstraram a inibição

da proliferação celular e o efeito citotóxico sobre diversos tipos de linhagens de células

cancerosas em testes in vitro, conferidos por fungos do gênero Pleurotus.

Venkatakrishnan et al. (2010) examinaram o efeito de extratos de P. ostreatus na

proliferação celular de HL-60, uma linhagem de células de leucemia, utilizando o teste MTT.

O extrato de Pleurotus ostreatus inibiu a proliferação de células de forma dependente da dose,

após 72h de tratamento com 0,1, 0,2, 0,4 e 0,8 mg mL-1 de extrato do cogumelo em 32,42,

47,2, 52,66 e 78,27%, respectivamente. Doses menores do que as utilizadas no presente

Page 84: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

83

trabalho apresentaram efeito citotóxico (0,4 e 0,8 mg mL-1). No entanto, tanto a espécie

fúngica quanto a linhagem tumoral e o tempo de tratamento diferem do presente trabalho.

Um estudo realizado por Maness et al. (2011), para determinar a atividade

antiproliferativa de extratos etanólicos e aquosos de P. tuberregium contra HCT-116 (células

de câncer de cólon) e HeLa (células de câncer de colo uterino) em concentrações de 0, 100,

200, 400, 600 e 800 µg mL-1 após 24, 48 e 72h de exposição, utilizou o ensaio MTT. Após 72

horas, o extrato etanólico de P. tuberregium na concentração de 800 µg mL- 1 apresentou

atividades inibidoras de 65 e 47% quando testado em células HCT 116 e HeLa,

respectivamente, enquanto o extrato aquoso na mesma concentração tinha atividades

inibidoras de 45 e 37%. No presente trabalho doses bem mais altas da substância teste

causaram efeito inibidor sobre as células de Sarcoma 180 (8,0 e 16,0 mg mL-1), porém em um

tempo menor de tratamento. Tanto a espécie fúngica quanto a linhagem tumoral utilizados

diferem em comparação a este trabalho.

Bassil et al. (2012) verificaram o efeito citotóxico de extratos etanólicos obtidos de

corpos frutíferos de P. ostreatus sobre células Jurkat (uma linhagem de células humanas de

leucemia linfoblástica aguda), utilizando o ensaio MTT e demonstram que P. ostreatus

induziu um aumento da atividade metabólica das células em 24h e 48h de tratamento em

baixas concentrações do extrato, até 8 mg mL-1. No presente trabalho as doses abaixo de 8 mg

mL-1 também não apresentaram efeito inibitório. O IC50 no trabalho de Bassil et al. (2012) foi

entre 10 e 16 mg mL-1 em 48h de tratamento. Para o tratamento de 24h um plateau foi

observado entre 10 e 20 mg mL-1, não atingindo a marca de 50%, ou seja não foi citotóxico. O

tratamento realizado com P.djamor neste trabalho apresenta citotoxicidade de 90,12% em um

tratamento de 24h para uma dose de 16 mg mL-1 e uma inibição do crescimento celular a

partir da dose de 8 mg mL-1 .

Page 85: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

84

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação aos testes antitumorais realizados com a biomassa deslipidificada de P.

djamor, tanto as doses testadas nos tratamento pré/pós-indução tumoral quanto as doses

testadas no tratamento pós-indução apresentaram potencial antitumoral. No entanto, entre os

dois tipos de tratamentos avaliados, o que apresentou maiores taxas de inibição tumoral foi o

pré/pós-indução tumoral para todas as doses testadas, indicando um efeito preventivo da

biomassa deslipidificada de P.djamor sobre o desenvolvimento de Sarcoma 180.

Os resultados do estudo da taxa de sobrevida demonstraram que a administração de 10

mg kg-1 da biomassa deslipidificada de P.djamor aumenta a sobrevida dos animais portadores

de Sarcoma 180.

O teste realizado para avaliar a citotoxicidade revelou que apenas na concentração de

16 mg mL-1 a substância apresenta citotoxicidade sobre as células de Sarcoma 180.

Page 86: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

85

PERSPECTIVAS

Para trabalhos futuros sugere-se que seja realizada a caracterização das substâncias

presentes na biomassa deslipidificada do fungo Pleurotu djamor; avaliada a atividade

antitumoral em outros modelos tumorais, para comprovar o efeito antitumoral em outros tipos

de células neoplásicas; realizado um estudo imunológico, para elucidação do mecanismo de

ação das substâncias bioativas da biomassa deslipidificada de Pleurotus djamor; estudada a

atividade citotóxica sobre células saudáveis, a fim de verificar se células saudáveis são

preservadas, após se alcançar a redução do tumor.

Page 87: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

86

REFERÊNCIAS

ADAMS, D. Fungal cell wall chitinases and glucanases. Microbiology Reading, v. 150, n. 7, p. 2029-2035, 2004. AJITH, T. A.; JANARDHANAN, K. K. Cytotoxic and antitumor activities of a polypore macrofungus, Phellinus rimosus (Berk). Pilat. J. Ethnopharm, n. 84, p. 157-162, 2003. AKRAMIENĖ, D. K. A.; DIDŽIAPETRIENĖ, J.; KĖVELAITIS, E. Effects of b-glucans on the immune system. Medicina (Kaunas), v. 43, n. 8, p.597-606, 2007. ALEXOPOULOS, C. J.; MIMS, C. W.; BLACKWELL, M. Introductory Mycology. New York: John Wiley & Sons, Inc, 1996. ASSIS, I. S. Síntese e avaliação in vivo de substâncias bioativas de Pleurotus sajor caju. 2011. 78f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Meio Ambiente) – Universidade da Região de Joinville, Joinville. BADALYAN, S. M. Higher Basidiomycetes as Prospective Objects for Mycopharmacological Research. International Journal of Medicinal Mushrooms, v. 3, p. 108, 2001. BAKER, L. Tumores ósseos: lesões primárias e metastáticas In: GOLDMAN, L.; AUSIELLI, D. Cecil. Tratado de Medicina Interna. 23. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. DE BARBA, F. F. M. Estudo da atividade antitumoral de substâncias bioativas de Pleurotus

djamor sobre sarcoma 180 in vivo. 2010. 60f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Meio Ambiente) UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville, Joinville. BASSIL, N. M. et al. Pleurotus ostreatus and Ruscus aculeatus Extracts Cause Non-Apoptotic Jurkat Cell. Journal of Plant Studies, v. 1, n. 1, mar., 2012. BISHT, M.; BIST, S. S.; DHASMANA, D. C. Biological response modifiers: Current use and future prospects in cancer therapy. Indian Journal of Cancer, v. 47, n. 4, p. 443-451, out-dez., 2010.

Page 88: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

87

BOBEK, P.; GALBAVY, S. Effect of pleuran (beta-glucan from Pleurotus ostreatus) on the antioxidant status of the organism and on dimethylhydrazine-induced precancerous lesions in rat colon. Br. J. Biomed. Sci., n. 58, p. 164–168, 2001. BOBEK, P.; GALBAVY, S.; OZDIN, L. Effect of oyster mushroom (Pleurotus ostreatus) on pathological changes in dimethylhydrazine-induced rat colon cancer. Oncol. Rep., n. 5, p. 727–730, 1998. BOBEK, P.; NOSÁL’OVÁ, V.; CERNÁ, S. Effect of pleuran (beta-glucan from Pleurotus

ostreatus) in diet or drinking fluid on colitis in rats. Nahrung, n. 45, p. 360-363, 2001. BOBEK, P. et al. Effects of Pleuran (b-glucan Isolated from Pleurotus ostreatus) on experimental colitis in rats. Physiol. Res., n. 50, p. 575–581, 2001. BOHM, J. A.; BEMILLAR, J. N. (1-3)-β-D-glucans as biological response modifiers: A review of structure-functional activity relationships. Carbohyd Polym, v. 28, p. 3–14, 1995. BONASSA, E. M. A. Enfermagem em terapêutica oncológica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. BORCHERS A. T.; KEEN C. L.; GERSHWIN, M. E. Mushrooms, Tumors, and Immunity:

An Update Experimental.Biology and Medicine, v. 229, p. 393-406, 2004. CARVALHO, C. M.; SALES-CAMPOS, C.; ANDRADE, M. C. N. Mushrooms of the Pleurotus Genus: A Review of Cultivation Techniques. Interciencia, n. 35, p. 177-182, 2010. CAVAZZONI, V., ADAMI, A. Exopolysaccharides produced by mycelial edible muschrooms. Italian Journal of Food Science, n. 1, p. 9-15, 1992. CHAMMAS, R. et al. Imunologia Clínica das Neoplasias. In: VOLTARELLI, J. C. I et al. Imunologia Clínica na Prática Médica. 1. ed. São Paulo: Atheneu; 2009. CHAN, G. C. F.; CHAN, W.; SZE, D. M. Y. The effects of β-glucan on human immune and cancer cells. Journal of Hematology & Oncology, v. 2, n. 25, 2009. CHANG, S. T.; MILES, P. G. Mushrooms: Cultivation, nutritional value, medicinal effect,

and environmental impact. 2. ed. CRC: Press, Boca Raton, 2004.

Page 89: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

88

CHEN, J.; SEVIOUR, R. Medicinal importance of fungal β-(1→3), (1→6)-glucans. Mycological research, v. 3, p. 635-652, 2007. CHIHARA G. et al. Fractionation and purification of the polysaccharides with marked antitumour activity especially lentinan from Lentinus edodes. Cancer Res, n. 30, p. 2776-2781, 1970. CHIHARA G. et al. Inhibition of mouse sarcoma 180 by polysaccharides from Lentinus edodes (Berk.). Sing. Nature, n. 222, p. 687-688, 1969. COATES, M. E.; McCREDIE, M. Epidemiology of cancer. In: Morris, D.; Kearsley, J.; Williams, C. Cancer: a comprehensive clinical guide. Chur: Harwood Academic Publishers, 1998, cap 1. p. 1-6. COHEN, R.; PERSKY, L.; HADAR, Y. Biotechnological applications and potential of wood-degrading mushrooms of the genus Pleurotus. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 58, n. 5, p. 582-594, 2002. COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; COLLINS, T. Robbins. Patologia Estrutural e Funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. CZARNECKI, R.; GRZYBEK, J. Antiinflammatory and vasoprotective activities of

polysaccharides isolated from fruit bodies of higher Fungi P.1. polysaccharides from

Trametes gibbosa (Pers.: Fr)Fr. (Polyporaceae). J. Phytotherapy Research, v. 9, n. 2, p.123–

127, 1995

DABA, A. S. E.; EZERONYE, O. U. Anti-cancer effect of polysaccharides isolated from higher basidiomycetes mushrooms. African Journal of Biotechnology, v. 2, n. 12, p. 672-678, 2003. DALONSO, N. et al. Characterization and antineoplasic effect of extracts obtained from Pleurotus sajor-caju fruiting bodies. Applied Biochemistry and Biotechnology, v. 160, n. 8, p. 2265–2274, 2010. DELGADO, G. L. Quimioterapia do Câncer- Conceitos Básicos. In: Simpósio mineiro de

oncologia, 5. 2003. Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2026/simposio%20mineiro%20oncologia/paginas/simposio%20mineiro%20abertura.html>. Acesso em: 23 jan. 2012.

Page 90: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

89

DIAS, E. S. et al. Cultivo do Cogumelo Pleurotus sajor-caju em diferentes residues agrícolas. Ciência e Agrotecnologia, v. 27, n. 6, p. 1363-1369, 2003. ESPOSITO, E.; AZEVEDO, J. L. Fungos: uma introdução à biologia, bioquímica e

biotecnologia. Caxias do Sul: Educa, 2004. FACCHINI, J. M. Atividade antitumoral de frações polissacarídicas de Pleurotus ostreatus

DSM 1833 sobre tumor ascítico de ehrlich e sarcoma 180. 2011. 92f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Meio Ambiente) – Universidade da Região de Joinville, Joinville. FRANK, S. A. Dynamics of cancer: incidence, inheritance, and evolution. New Jersey: Princeton University Press, 2007. FURLANI, R. P. Z.; GODOY, H. T. Valor nutricional de cogumelos comestíveis. Rev Inst

Adolfo Lutz, v. 64, n. 2, p. 149-154, 2005. FURLAN, S. A. et al. Mushroom strains able to grow at high temperatures and low pH values. World Journal of Microbiology and Biotechnology, v. 13, p. 689-692, 1997. GARCIA, F. F. Biodegradação de 2,4 – diclorofenol e 2,4,6 – triclorofenol por fungos do

gênero Pleurotus. 2009. 80f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Meio Ambiente) Univille – Universidade da Região de Joinville. Joinville. GATES, R. A.; FINK, R. M. Segredos em Enfermagem Oncológica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. GERN, R. M. M. et al. Alternative medium for production of Pleurotus ostreatus biomass and potential antitumor polysaccharides. Bioresource Technology, v. 99, n. 1, p. 76-82, 2008. GERN, R. M. M. et al. Cultivation of Agaricus blazei on Pleurotus spp. Spent Substrate. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 53, n. 4, p. 939-944, 2010. GHAZANFARI, T. Y., R. et al. In vitro effect of Pleurotus florida on macrophage cell viability and nitric oxide production. Food and Agricultural Immunology, v. 20, n. 2, p. 105-110, 2009.

Page 91: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

90

GLAZER, A. N.; NIKAIDO. H. Microbial Biotechnology: Fundamentals of Applied Microbiology. New York: Cambridge University Press, 2007. GOLDSBY R.; KINDT T.; KUBY, Osborne B. Immunology. 4. ed. New York: WH Freeman & Company, 2000. GOMES R. Princípios de Cirurgia Oncológica. In: Simpósio mineiro de oncologia, 5., 2003. Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.praticahospitalar.com.br/pratica%2026/simposio%20mineiro%20oncologia/paginas/simposio%20mineiro%20abertura.html>. Acesso em: 23 jan. 2012. GUNDE-CIMERMAN, N. Medicinal value of the genus Pleurotus (Fr.) P. Karst. (Agaricales S.I., Basidiomycetes). International Journal of Medicinal Mushrooms, v. 1, p. 69-80, 1999. GUO, L.; LIN, J.; LIN, J. F. Non-volatile components of several novel species of edible fungi in China. Food Chemistry. v. 100, p. 643–649, 2007. GUTIÉRREZ, A. et al. Hyphal-sheath polysaccharides in fungal deterioration. The Science of

the Total Environment, v. 167, p. 315-328, 1995. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,. 1997. HAN E. H. et al. Inhibitory effect of Pleurotus eryngii extracts on the activities of allergic mediators in antigen-stimulated mast cells. Food Chem Toxico, v. 49, n. 6, p. 1416-25, 2011. HAWKSWORTH, D. L. et al. Ainsworth & Bisby's dictionary of the fungi. 8. ed. Oxon, UK: CAB International, 1995. HELMAN L. J.; MELTZER, P. Mechanisms of Sarcoma development. Nat Rev Cancer., v. 3, n. 9, p. 685-94, 2003. HERNÁNDEZ, L. R. et al. Review of agricultural and medicinal applications of basidiomycete mushrooms. Tecnociencia Chihuahua, v. 2, n. 2, p. 95-107, 2008.

Page 92: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

91

HOOD, I. A. The mycology of the Basidiomycetes In: POTTER, K., RIMBAWANTO, A.; BEADLE, C. Heart rot and root rot in tropical Acacia plantations. Proceedings of a workshop held in Yogyakarta, Indonesia. Yogyakart, p. 34-59, 2006 INCA. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: CEDC, 2008. _________. Estimativa 2010: incidência de câncer no Brasil. Disponível em: <http://oncoguia.com.br/site/pub//materialapoio/Estimativa_2010_incidencia_cancer_Brasil_INCA.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2012a. _________. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/estimativa20122111.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2012b. ISHII, P. L. et al. Evaluation of Agaricus blazei in vivo for antigenotoxic, anticarcinogenic, phagocytic and immunomodulatory activities. Regulatory Toxicology and Pharmacology, v. 59, p. 412-422, 2011. JANG, J. H. et al. Characterisation of a new antihypertensive angiotensin I-converting enzyme inhibitory peptide from Pleurotus cornucopiae. Food Chemistry, v. 127, n 2, p. 412-418, 2011.

JAYAKUMAR, T.; THOMAS, P. A.; GERALDINE, P. In-vitro antioxidant activities of an ethanolic extract of the oyster mushroom, Pleurotus ostreatus. Innovative Food Science and

Emerging Technologies, v. 10, n. 2, p. 228-234, 2009.

JEMAL, A. B. et al. Global Cancer Statistics. Ca Cancer J Clin, v. 61, p. 69-90, 2011. JEONG, Y. T. et al. Antitumor and Immunomodulating activities of endo-biopolymers obtained from a submerged culture of Pleurotus eryngii. Food Science and Biotechnology, v. 19, n. 2, p. 399-404, 2010. JOLY, A. B. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. 13. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2002.

Page 93: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

92

JOSE, N.; AJITH, T. A.; JANARDHANAN, K. K. Methanol extract of the oyster mushroom, Pleurotus florida, inhibits inflammation and platelet aggregation. Phytotherapy Research, v. 18, p. 43-46, 2004. JUNG, H. Y. et al. Effect of the degree of sulfation on the physicochemical and biological properties of Pleurotus eryngii polysaccharides. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 1291-1295, 2011. KASAI, S. et al. Antitumor activity of polymorphonuclear leukocytes activated by a β-1,3-D-Glucan. J. Pharmacobio-Dyn, n. 14, p. 519-525, 1991. KIHO, T., et al. Effect of Polysaccharides and 70% Ethanol Extracts from Medicinal Mushrooms on Growth of Human Prostate Cancer LNCaP and PC-3 Cells. International

Journal of Medicinal Mushrooms, v. 12, n. 2, p. 205-211, 2010. KIM, S. W. et al. Production and characterization of exopolyasaccharides from an entomopathogenic fungus Cordyceps militaris NG3. Biotechnology Progress, New York, v. 19, n. 2, p. 428-435, 2003. KRESSEL G. et al. Lipid lowering effects of oyster mushroom (Pleurotus ostreatus) in humans. Journal of Functional Foods, v. 3, n. 1, p. 17–24, 2011. LAROCHE, C. E.; MICHAUD, P. New Developments and Prospective Applications for β- (1,3) Glucans. Recent Patents on Biotechnology, v. 1, p. 59-73, 2007. LAVI, I. et al. Glucans from the edible mushroom Pleurotus pulmonarius inhibit colitis-associated colon carcinogenesis in mice. Journal of Gastroenterology, n. 10.1007/s00535-011-0514-7, 2011. LEE, B. C. et al. Biological activities of the polysaccharides produced from submerged culture of the edible Basidiomycete Grifola frondosa. Enzyme and Microbial Technology, v. 32, p. 574–581, 2003. LEE, Y. L. et al. Oral administration of Agaricus blazei (H1) strain inhibited tumor growth in a sarcoma inoculation model. Exp. Anim., v. 52, n. 5 p. 371-375, 2003.

Page 94: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

93

LI, Y. R. et al. A novel lectin with potent antitumor, mitogenic and HIV-1 reverse transcriptase inhibitory activities from the edible mushroom Pleurotus citrinopileatus. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1780, p. 51-57, 2008. LIBARDI JUNIOR, N. Estudo de lacases fúngicas para degradação de compostos

interferentes endócrinos. 2010. 111f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Processos) - Universidade da Região de Joinville, Joinville. LIU, G.; ROBINS, H. I. A história natural e a biologia do câncer em. In: Pollock, R. E. et al. Manual de oncologia clínica UICC. 8. ed. São Paulo: Willey, 2006, p. 01-18. MANDEEL, Q. A.; AL-LAITH, A. A.; MOHAMED, S. A. Cultivation of oyster mushrooms (Pleurotus spp.) on various lignocellulosic wastes. World Journal of Microbiology &

Biotechnology, v. 21, p. 601-607, 2005. MANESS, L. et al. Anti-proliferative effect of Pleurotus tuberregium against colon and cervical cancer cells. Journal of Medicinal Plants Research, v. 5(30), p. 6650-6655, dez., 2011. MANTOVANI, M. S. et al. B-Glucans in promoting health: Prevention against mutation and cancer. Mutation Research, v. 658, p. 154-161, 2008. MIMS, C; PLAYFAIR, J; ROITT, I. Microbiologia médica. 2. ed. São Paulo: Manole, 1999. MISAKI, A. et al.Struture of pestalotan, a highly branched (1-3)-_-D-Glucan elaborated by Pestalotia sp. 815, and the enhancement of its antitumor activity by polyol modification of the side chains. Carbohydrate Research, v. 129, p. 209-227, 1984. MIZUNO, M. et al. Antitumor polysaccharide from the micelium of liquid-cultured Agaricus blazei Mill. Biochemistry and Molecular Biology International, v. 47, n. 4, p. 707-714, 1999. MIZUNO, M. M. M.; MINATO, K.; TSUCHIDA, H. Polysaccahrides from Agaricus blazei stimulate lymphocyte T-cell subsets in mice. Biosci. Biotechnol. Biochem, v. 62, n. 3, p. 434-437, 1998. MIZUNO, T. et al. Antitumoractive substances from mushrooms. Food Reviews

International, n. 11, p. 23–61, 1995.

Page 95: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

94

MORADALI, M. et al. Immunomodulating and anticancer agents in the realm of macromycetes fungi (macrofungi). International Immunopharmacology, v. 7, p. 701-24, 2007. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxicity assays. J Immunol Methods, v. 65, n. 1-2, p. 55-63, 1983. NADA, S. A.; OMARA, E. A.; ABDEL-SALAM O. M. E. Mushroom insoluble polysaccharides prevent carbon tetrachloride-induced hepatotoxicity in rat. Food and

Chemical Toxicology, v. 48, n. 11, p. 3184–3188, 2010. NAKAMURA, T. et al. Fractionation and anti-tumor activity of the mycelia of liquid-cultured Phelinus linteus. Biosci. Biotechnol. Biochem, v. 68, n. 4, p. 868-872, 2004. NELSON, D. L.; COX, M. M. Principles of biochemistry. 5. ed. W.H. New York: Freeman Publishing, 2009. NEVES, J. C. S. Caracterização estrutural dos polissacarídeos obtidos do basidioma de

Pleurotus ostreatus variedade florida. 2007. 78f. Dissertação (Mestrado em Ciências - Bioquímica) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. NOSÁĽOVÁ, V. et al. Effects of Pleuran (ß-Glucan Isolated from Pleurotus ostreatus) on Experimental Colitis in Rats. Physiol. Res., n. 50, p. 575-581, 2001. OKE, F.; BELMA, A. Protective effect of two edible mushrooms against oxidative cell damage and their phenolic composition. Food Chemistry, v. 128 p. 613-619, 2011. OOI, V. E. C.; LIU, F. Immunomodulation and Anti-Cancer Activity of Polysaccharide-Protein Complexes. Current Medicinal Chemistry, v. 7, n. 7, p. 715-729, 2000. PAGNO, T. et al. Cytotoxic activity of the dichloromethane fraction from Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. (Asteraceae) against Ehrlich tumor cells in mice. Brazilian Journal

of Medical and Biological Research, v. 39, n. 11, p. 1483 -91, 2006. PATEL, S. R.; BENJAMIN, R. S. Sarcomas ósseos e das partes moles e metástases ósseas. In: Fauci, Anthony S. Harrison medicina interna. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, v.1, 2008.

Page 96: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

95

PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R. Microbiologia: conceitos e aplicações. v. II, 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. PELIZON, A. C. K. et al. Immunomodulatory Activities Associated with β-Glucan Derived from Saccharomyces cerevisiae. Physiological Researc, v. 54 p. 557-564, 2005. PERRY, M. C. Princípios da terapia do câncer. In: GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil - Tratado de Medicina Interna. 23. ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2009.

PINHO, Mauro. Biologia molecular do câncer – fundamentos para a prática médica. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

POKHREL, C. P.; OHGA, S. Submerged culture conditions for mycelial yield and polysaccharides production by Lyophyllum descastes. Food Chemistry, v. 105, p. 641-646, 2007. PUTZKE, J.; PUTZKE, M. T. L. Os reinos dos fungos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 1998. RAMPINELLI, J. R. et al. Valor nutricional de Pleurotus djamor cultivado em palha de bananeira. Alimentos e Nutrição, v. 21, n. 2, p. 195-200, 2010. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 2007. RORABACHER, D. B. Statistical treatment for rejection of deviant values: critical values of Dixon.s .Q. parameter and related subrange ratios at the 95% confidence level. Analytical

Chemistry, v. 63, n. 2, p. 139-146, 1991. RUBEL, R. Produção de Compostos Bioativos de Ganoderma lucidum por Fermentação em

estado sólido: Avaliação da ação antitumoral, imunomoduladora e hipolipidêmica. 2006. Tese (Doutorado em Processos Biotecnológicos - Área de concentração: Saúde Humana e Animal) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. SARANGI, I. et al. Anti-tumor and immunomodulating effects of Pleurotus ostreatus mycelia-derived proteoglycans. International Immunopharnacology, v. 6. p. 1287-1297, 2006.

Page 97: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

96

SELVI et al. Anticancer potential evoked by Pleurotus florida and Calocybe indica using T24 urinary bladder cancer cell line. African Journal of Biotechnology, v. 10(37), p. 7279-7285, jul, 2011. SHAMTSYAN, M. et al. Immunomodulating and anti-tumor action of extracts of several mushrooms. Journal of Biotechnology, v. 113, p. 77-83, 2004. SHER, H.; MOHAMAD A.Y.; KHAN, K. Cultivation of the oyster mushroom (Pleurotus

ostreatus (jacq.) p. kumm.) in two different agroecological zones of Pakistan. African Journal

of Biotechnology, v. 10, n. 2, p.183-188, 2011. SILVA, H. B. et al. Biodegradation of 2,4 dichlorophenol by Pleurotus ostreatus DSM 1833. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 52, n. 6, p. 1563-1570, 2009. SMITH, J. E. ROWAN, N. J.; SULLIVAN, R. Medicinal Mushrooms and Cancer Therapy: translating a traditional practice into western medicine. Perspectives in Biology and Medicine, v. 49, n. 2, p. 159-170, 2006. _________. The Role of Polysaccharides Derived from Medicinal Mushrooms in Cancer Treatment Programs: Current Perspectives. International Journal of Medicinal Mushrooms, v. 5, p. 217–234, 2003. _________. Medicinal mushrooms: a rapidly developing area of biotechnology for cancer therapy and other bioactivities. Biotechnology Letters, v. 24, p.1839–1845, 2002. SOARES, R. M. M. et al. Maitake (D Fraction) Mushroom Extract Induces Apoptosis in Breast Cancer Cells by BAK-1 Gene Activation. Journal of Medicinal Food, v. 14, n. 6, p. 563-572, 2011. SOUSA, M. R. Q.; NASCIMENTO, S. C.; CORREIA, M. J. Evaluation of antitumoral activity of a fraction of water-soluble components of the edible mushroom Pleurotus

ostreatoroseus. Acta Farm. Bonaerense, v. 23, n. 2, p. 165-168, 2004. SULKOWSKA-ZIAJA, K. M.; B; KONSKA, G. Biologically Active Compounds of Fungal Origin Displaying Antitumor Activity. Acta Poloniae Pharmaceutica- Drug Research, v. 62, n. 2, p. 153-160, 2005.

Page 98: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

97

SUSEEM S. R. et al. Evaluation of the analgesic activity of ethyl acetate, methanol and aqueous extracts of Pleurotus eous mushroom. Asian Pac J Trop Med., v. 4, n. 2, p.117-20, 2011. TANAKA, K. I., S. et al. Oral ingestion of Lentinula edodes mycelia extract inhibits B16 melanoma growth via mitigation of regulatory T cell-mediated immunosuppression. Cancer

Sci., v. 102, n. 3, p. 516-521, 2011. TAO, Y.; ZHANG, L.; CHEUNG, P. C. K. Physicochemical properties and antitumor activities of water-soluble native and sulfated hyperbranched mushroom polysaccharides. Carbohydrate Research, v. 341, p. 2261-2269, 2006. TAKAHASHI, J. A.; CARVALHO, S. A. Nutritional potential of biomass and metabolites from filamentous fungi. Current Research, Technology and Education Topics in Applied

Microbiology and Microbial Biotechnology, p. 1126-1135, 2010. TRABULSI, L. R.; TOLEDO, M. R. F. Microbiologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1996. TELLES C. B. S. et al. Sulfation of the extracellular polysaccharide produced by the edible mushroom Pleurotus sajor-caju alters its antioxidant, anticoagulant and antiproliferative properties in vitro. Carbohydrate Polymers, v. 85, n. 3, p. 514–521, 2011. TONG H. et al. Structural characterization and in vitro antitumor activity of a novel polysaccharide isolated from the fruiting bodies of Pleurotus ostreatus. Bioresource

Technology, v.100 p. 1682–1686, 2009. VULIMIRI, S. V.; DIGIOVANNI, J. Carcinogênese. In: Pollock, R. E. et al. Manual de

oncologia clínica UICC. 8. ed. São Paulo: Willey, 2006. WALDRON, J. N.; O’ SULLIVAN, B. Princípios da radioterapia oncológica. In: Pollock, R. E. et al. Manual de oncologia clínica UICC. 8. ed. São Paulo: Willey, 2006, p. 225-242. WANG, H.; GAO, J.; NG, T. B. A new lectin with highly potent antihepatoma and antisarcoma activities from the oyster mushorrom Pleurotus ostreatus. Biochemical and

Biophysical Research Communications, v. 275, n. 3, p. 810-816, 2000.

Page 99: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

98

WANG, J. C. et al. Optimization for the production of water-soluble polysaccharide from Pleurotus citrinopileatus in submerged culture and its antitumor effect. Applied microbiology

and Biotechnology, v. 67, p. 759-766, 2005. WASSER, S. P.; WEIS, A. L. Medicinal properties of substances accoruing in higher Basidiomycetes mushrooms: current perspectives (Review). International Journal of

Medicinal Mushrooms, v. 1, p. 31-62, 1999. WASSER, S. P. Current findings, future trends, and unsolved problems in studies of medicinal mushrooms. Appl Microbiol Biotechnol, v. 89, p.1323-1332, 2011. _________. Medicinal mushrooms as source of antitumor and immunomodulating polysaccharide. Apllied Microbiology and Biotechnology, v. 60, p. 258-274, 2002. WEBSTER, J.; WEBER, R. Introduction to fungi. 3. ed. Nova York: Cambridge University Press, 2007. WISBECK, E. Estudo do cultivo submerso de Pleurotus ostreatus DSM 1833 para a

produção de biomassa e exopolissacarídeos. 2003. 175 p. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. WISBECK, E.; FURLAN, S. A.; NINOW, J. L. Efeito da concentração inicial de glicose e do pH na produção de exopolissacarídeos de potencial antitumoral por Pleurotus ostreatus DSM 1833. Revista Saúde e Ambiente, v. 6, p. 19-22, 2005. WISBECK, E.; ROBERT, A. P.; FURLAN, S. A. Avaliação da produção de agentes antimicrobianos por fungos do gênero Pleurotus. Revista Saúde e Ambiente / Health and Environment Journal, v. 3, n. 2, p. 7-10, 2002. WHISTLER, R. L. et al. Noncytotoxic, Antitumor Polysaccharides, Tipson RS, Horton D (eds.). Advances in Carbohydrate Chemistry und Biochemistry, New York, n. 32, p. 235-275, 1976. WOLFF, E. R. S. et al. Antimicrobial and antineoplasic activity of Pleurotus ostreatus. Applied Biochemistry and Biotechnology, v.151, n. 2-3, p. 402-412, 2008. WONG, K. H.; LAI, C. K. M.; CHEUNG, P. C. K. Immunomodulatory activities of mushrooms sclerotial polysaccahrides. Food Hydrocolloids, v. 25, p. 150-158, 2011.

Page 100: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

99

Venkatakrishnan et al. Antioxidant and Antiproliferative Effect of Pleurotus

ostreatus. Journal of Phytology, n. 2(1), p. 22-28, 2010. XIA, F. et al. Antioxidant effects of a water-soluble proteoglycan isolated from the fruiting bodies of Pleurotus ostreatus. Journal of the Taiwan Institute of Chemical Engineers, v. 42, n. 3, p. 402–407, 2011. ZAIDMAN, B. et al. Medicinal mushroom modulators of molecular targets as cancer therapeutics. Appl Microbiol Biotechnol, n. 67, p. 453–468, 2005. ZANOTELLI, C. T. M., R.; FURLAN, S. A.; WISBECK, E. Avaliação do modelo de Monod na produção de biomassa de Pleurotus ostreatus DSM 1833 em cultivo submerso. Revista

Saúde e Ambiente, v. 8, n. 2 p. 14-18, 2007. ZHANG, J. et al. Activation of B lymphocytes by GLIS, a bioactive proteoglycan from Ganoderma lucidum. Life Sciences, Elmsford, v. 71, n. 6, p. 623–38, 2002. ZHANG, J. et al. Antitumor polysaccharides from a Chinese mushroom, Yuhuangmo, the fruiting body of Pleurotus citrinopileatus. Bios. Biotech. Biochem., v. 58, n.7, 1195-1201, 1994. ZHANG, M. et al. Fractionation, partial characterization and bioactivity of water-soluble polysaccarides and polysaccaride-protein complexes from Pleurotus geesteranus. International Journal of Biological Macromolecules, v. 48, n. 1, p. 5-12, 2011. ZHANG, M, et al. Antitumor polysaccharides from mushrooms: a review on their isolation process, structural characteristics and antitumor activity. Trends in Food Science and

Technology, v. 18, n. 1, p. 4-19, 2007. ZHANG, M. et al. Molecular weight and anti-tumor activity of the water-soluble polysaccharides isolated by hot water and ultrasonic treatment from the sclerotia and mycelia of Pleurotus tuber-regium. Carbohydrate Polymers, v. 56, p. 123-128, 2004.

Page 101: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

100

ANEXO

Page 102: PAULA BARJONA DO NASCIMENTO COUTINHO · Paula Barjona do Nascimento Coutinho Dissertação julgada para a obtenção do título de Mestre em Saúde e Meio Ambiente, área de concentração

101

ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVILLE, do Projeto de Pesquisa

“Estudo da produção de substâncias bioativas por Pleurotos djamour Univille 001 e avaliação

de atividade antimoral contra sarcoma 180”.