PAULO DISCÍPULO-MISSIONÁRIO DE JESUS...

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    PAULO DISCPULO-MISSIONRIO DE JESUS CRISTO

    Por Pe. Thomas Hughes SVD ANO PAULINO 2008-2009.

    Quando o Papa Bento XVI proclamou a realizao do Ano Paulino, por feliz coincidncia ou por obra do Esprito Santo a Igreja do Brasil j tinha escolhido a Primeira Carta aos Corntios e a Carta aos Filipenses como temas de aprofundamento para 2008 e 2009. Tudo isso ajudou para fazer do ano em curso um ano muito profcuo para o estudo e conhecimento da teologia, espiritualidade e viso de Paulo. Para muitos tem sido uma revelao, pois ajudou a mudar uma viso bastante equivocada de Paulo, que comum na Igreja. Muitas vezes a imagem que existe dele forjada por trechos de algumas cartas deutero-paulinas (ou seja, no escritas por ele, mas por algum duma gerao posterior) ou por glossas (inseres feitas por um copista e no da autoria do apstolo) antifeministas, como I Cor 14, 34ss.

    Paulo vivia o binmio: discpulo e missionrio, assim como o Documento de Aparecida proclamou.

    Embora Paulo j gozasse de grande fama como missionrio aos gentios, necessrio enfatizar que ele vivia plenamente o binmio to proclamado pelo Documento de Aparecida, ou seja, o ser discpulo-missionrio, como duas faces da mesma moeda, como disse Bento XVI (DA 146).

    A melhor imagem do Paulo vem das suas cartas/ escritos.

    Em geral a imagem de Paulo que muitos tm provem mais de Atos dos Apstolos do que dos escritos do prprio apstolo. Convm lembrar que Atos tem o seu prprio esquema e interesse teolgicos e que Lucas est mais interessado em

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    transmitir uma reflexo teolgica sobre o caminho feito pela Palavra do que em ensinar dados biogrficos de Paulo. Assim, nem sempre os informaes em Atos combinam com os dados biogrficos fornecidos por Paulo nas suas cartas. Respeitando os interesses especiais de Atos, torna-se importante dar maior ateno aos escritos do prprio Paulo.

    So Paulo tem algo em comum conosco.

    muito conhecido o relato de Atos 9 sobre a chamada converso de Paulo. Paulo, quando fala da sua experincia prpria, mais circunspeto, e no d pormenores. Para as suas cartas no importa o como, mas mais o que aconteceu com ele. Umas palavras na Carta aos Filipenses resumem essa experincia: ...eu tambm fui conquistado por Jesus Cristo (Fil 3,12b). De alguma maneira Jesus entrou na vida de Paulo - que no o conhecia durante a sua vida na terra - para no mais sair, e de modo que este dedicasse a sua vida inteira a ele como discpulo-missionrio. Assim, Paulo tem muito em comum conosco, pois ns tambm somos chamados a sermos discpulos-missionrios de Jesus sem nunca ter nos encontrado fisicamente com ele. Dessa maneira partilhamos algo da experincia de Paulo.

    Paulo foi conquistado, vencido por Cristo. As lutas, as dores da Converso.

    Paulo descobre que sua vida do passado era falsa.

    interessante notar o termo que Paulo usa enfatiza que ele foi conquistado por Jesus. O palavra conquista implica luta, resistncia. Aqui podemos ouvir ecos das palavras de Jeremias nas suas Confisses: Foste mais forte do que eu e me venceste (Jr 20, 2b). Assim Paulo deixa transparecer que a sua converso ao discpulado-misso no foi algo to pacfico, mas custou luta e dor. Atos retrata essa experincia na histria do Caminho de Damasco, quando Paulo recebe uma

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    revelao de Jesus e fica trs dias sem poder ver, e no comeu nem bebeu nada (At 9, 9), ou seja, a experincia de morte/ressurrreio feita por Paulo, que terminou quando ouviu de Ananias as palavras Saulo meu irmo, fique cheio do Esprito Santo (At 9, 17), e Saulo (Paulo) levantou, foi batizado e logo depois comeu e ficou forte como antes. Uma maneira grfica de transmitir a experincia de Paulo quando por revelao de Jesus ele descobriu que a sua vida adulta inteira at aquele momento tinha sido baseado sobre uma falsidade que a Lei salvasse. Que descoberta dolorosa com aproximadamente 36 anos de idade, descobrir que tudo que tinha como certeza e fundamento de vida foi falso, pois a salvao vem pela graa de Deus em Jesus Cristo. Como Jac teve que lutar com Jav, (Gn 32, 23-31), Paulo teve que lutar nessa noite escura da alma, e a sua vida foi transformada pela graa de Deus.

    A converso um processo que dura a vida inteira.

    O Apstolo deixa bem claro que a converso a Jesus no foi obra dum momento mas um processo permanente, como tambm nas nossas vidas. Aos Filipenses ele declara que; eu no tenho conquistado o prmio ou chegado perfeio; apenas continuo correndo para conquist-lo (Fil 3, 12). Assim para todo/a cristo/ e por isso Paulo encoraja a sua comunidade em Filipos com as palavras que valem hoje para ns, seja qual for a nossa idade, experincia ou caminhada feita: qualquer que seja o ponto a que chegamos, caminhemos na mesa direo (Fil 3, 16).

    Paulo DISCIPULO E MISSIONRIO, pois estes dois aspectos so interligados.

    A experincia do discipulado levou Paulo a ser missionrio, pois entendeu muito bem que os dois elementos esto interligados. Embora no seja claro como foi a vida de Paulo depois da sua experincia de converso as

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    informaes em Atos e Glatas no combinam muito bem segundo Atos, Barnab foi busc-lo para ajudar na evangelizao de Antioquia, e Paulo no hesitou, mas retornou com ele e passou o resto da sua vida como missionrio ambulante, junto com vrios companheiros e companheiras. A comunidade de Antioquia nos d um exemplo da importncia da misso na vida dos primeiros cristos. At 13,1 nos d um retrato da comunidade recm formada naquela cidade cosmopolita foi dirigida por cinco membros de vrias origens, etnias e culturas, incluindo um levita de Chipre (Barnab), um negro de frica (Simeo, o Negro), um Lbio (Lcio), um judeu da classe alta (Manam) e um fariseu convertido de Tarso (Saulo). Esta comunidade pluri-cultural e multi-tnica, na fragilidade da sua existncia, j sentia a necessidade de mandar alguns membros em misso alm-fronteiras, e escolheram no os mais fracos, os que sobravam, que no fariam falta, mas exatamente os dois esteios da comunidade, Barnab e Saulo. Para ela e assim deve ser para ns misso no algo opcional, nem uma simples atividade da Igreja, mas um atributo de Deus, que confiou essa tarefa s comunidades dos discpulos/as de Jesus. Misso no se faz quando no custa nada para Paulo e seus companheiros, era da essncia do ser cristo. Uma comunidade que no tem senso missionrio pode ser tudo, menos uma comunidade verdadeiramente crist.

    Concluso: temos uma oportunidade impar .. de mergulhar na experincia de Paulo.

    Temos uma oportunidade impar neste Ano Paulino, com tantas publicaes e cursos sobre o tema, de nos mergulharmos na experincia de Paulo, discpulo-missionrio de Jesus, modelo para todos os cristos hoje. Ai de mim se eu no anunciar o Evangelho (I Cor 9,16).

    Tomaz Hughes SVD Curitiba; PR