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  • V Colquio Internacional Paulo Freire Recife, 19 a 22-setembro 2005

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    PAULO FREIRE - PEDAGOGIA DA DIVERSIDADE?

    Ana Patrcia da Silva1, Cristina Nacif Alves2, Luciane Porto Frazo de Sousa3, Marcos Moreira Paulino4, Mnica Pereira os Santos5

    A reform o que a ponha do avesso em sua razo de existir, em seu iderio poltico pedaggico. necessrio muito mais do que uma reformulao do espao, do contedo programprofesso

    RESUMO

    O presente artigo tem como p e Paulo Freire e a Perspectiva de Incluso em Educao. Para tanto, introduzimos o texto conceituando a maneira

    ntendemos e trabalhamos incluso no contexto educacional. Em seguida, mostramos a de de Paulo Freire a partir da exposio e paralelismo com alguns de seus principais

    concetalve

    Pala

    INTRODU

    O presen ctersticas sobre incluso em educao nas. Ainda que sejam teorias diferenciadas em tempo de nascimento e em seus iderios, argumentamos que h con tes e que necessitam de ser apontadas. Afinal, Paulo Freire constitui um dos m es brasileiros, citado internacionalmente, provavelmente, muito mais do que outros, tanto nos dias de ontem como nos de hoje. A atualidade paulofreireana em pescujper

    A destraespsuj

    d

    ulao da escola para incluir os excludos precisa ser uma revolu

    tico ou de ritmos de aprendizagem, ou de uma maior preparao do r. (KUPFER e PETRI, 2000:112).

    roposta fazer uma interseo terica entre as idias d

    pela qual einclusivida

    itos. Na seqncia, aprofundamos a discusso no campo educacional, em que acreditamos z mais se verifique a congruncia entre as duas perspectivas.

    vras chaves: Educao Incluso - Diversidade

    O

    te artigo tem por objetivo apontar algumas caraque estejam em consonncia com as idias freirea

    gruncias marcanaiores educador

    quisas em pases como a Inglaterra e ndia, para citarmos apenas dois exemplos de pases as situaes so consideradas de primeiro mundo e emergentes, respectivamente, nos mite, com certa segurana, atestar sua importncia no mundo da educao.

    escola, considerada espao privilegiado de construo de conhecimentos e de envolvimento de valores, deve ter como uma de suas propostas contribuir para a

    nsformao da sociedade no sentido de torn-la menos desigual e mais democrtica. Um ao democrtico por direito deve refletir sobre formas de incluso social, de modo que os eitos participem de seu grupo social e usufruam as possibilidades que as instituies e o

    1 Li2 PeFamEdu3 Pe4 Li5 PsPedagradpesquisa, Estudos e Apoio Participao e Diversidade em Educao da FE/UFRJ.

    cenciada em Educao Fsica, Mestre em Educao / UFRJ. dagoga, Psicanalista, Especialista em Desenvolvimento e Aprendizagem, Especialista em Educao Especial, Terapeuta iliar, Consultora e Pesquisadora nas reas da Educao e da Sade mental da criana e do adolescente, Mestranda em cao /UFRJ. dagoga, Psicopedagoga e Especialista em Educao Especial. Mestranda em Educao/UERJ cenciado em Cincias Biolgicas, Mestrando em Educao / UFRJ. icloga, Mestra e PhD em Psicologia e Educao Especial pela Universidade de Londres, Coordenadora do Curso de gogia da Faculdade de Educao da UFRJ, Pesquisadora da rea de Incluso em Educao pelo Programa de Ps-uao em Educao da Faculdade de Educao da UFRJ, Coordenadora e Fundadora do LaPEADE Laboratrio de

    WinxpTypewritten Text

    WinxpText BoxDisponvel em: http://www.paulofreire.org.br/pdf/comunicacoes_orais/PAULOFREIRE-PEDAGOGIADADIVERSIDADE.pdf

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    Estado oferecem. Nesse contexto, a escola deve viabilizar a construo de culturas, polticas e pr

    Por culturas, referimo-nos ao desenvolvimento de valores que primem pela preocupao com a desconstruo cotidiana de relaes de desigualdade e de desvalorizao do outro, em quadizimrefconprde gruocovez

    Neinc rias, condio sine qua non para o desenvolvimento de estrat de alternativas inclusivas. Portanto, as diferenas precisam ser encaradas como fonte de recursos s transformaes, ao invs de serem vistas comsuj

    Aoe ade apr entretanto, pensar que a escola se constitui no nico lcus de preveno das injustias.

    PA

    HoDe

    [...] se faz necessrio, neste exerccio, relembrar que cidado significa individuo no gozo os direitos ci s e polticos de um Estado e que cidadania tem que ver com a

    r dizer, com o uso dos direitos e o direito de ter deveres de cidado. (Freire, 2001:45).

    Asdir ao deve estar em razo da inteno. A inteno de incluir deve estar posta em primeiro lugar, visando garantir efetivamente a participao e a aprendizagem do aluno.

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    ticas inclusivas.

    isquer que sejam as bases da desvalorizao e da desigualdade. Por polticas, queremos er a traduo destes valores em afirmaes de intenes e estratgias de formulao e plementao das mesmas num dado contexto. No contexto escolar, por exemplo, elas se letiro no projeto poltico-pedaggico, nas regras disciplinares explcitas e implcitas, na cepo de avaliao e nas formas de organizao da mesma, e assim por diante. Quanto s ticas, queremos apontar o fazer do cotidiano da escola, efetivamente. Estilos de aula, tipos avaliao, organizao dos espaos de recreao e esportes, organizao das salas, pamento das turmas e assim sucessivamente. Cabe notar, ainda, que estas trs dimenses rrem e concorrem simultaneamente em qualquer contexto escolar e podem ser, muitas es, contraditrias entre si.

    sse sentido, o respeito s diferenas, que semeia culturas e gera polticas e prticas de luso, ainda que por vezes contradit

    gias de operacionalizao

    o obstculos. Trata-se de questionar o elo das relaes humanas: a participao de cada eito, suas vivncias e a estruturao das relaes sociais.

    se falar em diferenas configura-se o respeito s caractersticas prprias de cada indivduo os grupos aos quais ele pertence. Dessa forma, faz-se necessrio observar todas as nuances seu entorno social e planejar a escola para atender s diferentes modalidades de vida e endizagem, colaborando para a formao de um indivduo cidado, sem,

    ULO FREIRE: UM INCLUSOR

    je, os oprimidos, na sua (falta de) participao social, podem ser chamados de excludos. ste modo,

    d vicondio de cidado, que

    sim, numa perspectiva educacional que se proponha a viabilizar o ato de aprender numa eo inclusiva, a

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    A fim de dialogar com a perspectiva da incluso em educao, os apontamentos de Paulo Freres

    Quando Paulo Freire, em seu livro Conscientizao: teoria e prtica da liberdade uma introduo ao pensamento de Paulo Freire, fala de si, aponta que sua primeira e mais imnosterfom(19aprexcenvsofcom

    A dialtica incluso-excluso est em constante transformao, dependendo sempre das relaes sociais que a constitufreireanos de oprimidos e de as vezes, os excludos em busca da sua incluso, ou ainda do reconhecimento de sua situao de excludo. No entanto, esse processo, por ser processo (dinmico, controverso, dialtico) e por seridefaldizsemexcativestconinteprda

    Ditgar

    A mu

    ire tornam-se fortes referncias e pontos de apoio para o presente artigo, tanto no que diz peito aos fundamentos e s conceituaes, quanto no que alude reflexo tico-poltica.

    portante aprendizagem foi a prtica do dilogo, numa narrativa bela, simples e envolvente, guia por sua vida cheia de bons e maus percalos. Muito novo, ainda, teve que sair de sua

    ra natal por causa da crise econmica que assolava o Pas , perdeu o pai e conheceu a e. Sua voz: Em Jaboato experimentei o que a fome e compreendi a fome dos demais

    80:14). Certamente, a experincia de Paulo Freire com o dilogo e com o sofrimento oximou-o das questes mais problemticas da vida em sociedade: a excluso, em geral, e a luso educacional, em especial. Pode-se fazer, aqui, uma comparao entre o seu olvimento com as formas de injustia social e o que Sawaia (2002), em seu artigo O rimento tico-poltico como categoria de anlise da dialtica excluso/incluso, aponta o caminho para a compreenso e a superao dessas injustias:

    [...] estudar excluso pelas emoes dos que a vivem refletir sobre o cuidado que o Estado tem com seus cidados (Sawaia, 2002: 99).

    em. Nesse caso, pode-se fazer um paralelo entre os conceitos opressores, onde os oprimidos tambm so, na maioria d

    relativo s condies scio-poltico-histricas de um dado contexto, dificulta e confunde a ntificao dos grupos de excludos, que muitas vezes encontram-se camuflados, por uma sa sensao de no estarem sendo oprimidos, de no estarem sendo excludos. Melhor endo: encontram-se to identificados com o opressor que confundem-se com este valores elhantes, seno iguais. Por este motivo, o mero reconhecimento das relaes de luso/incluso no suficiente: preciso que o indivduo se identifique como participante o dessa dialtica, legitimando-se, assim, como ser criador, promotor e transformador do

    ado das coisas e dos fatos. preciso que cada um de ns nos vejamos responsveis pela struo histrica do futuro, pois, herdando a experincia adquirida, criando e recriando, grando-se s condies de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si prio, discernindo, transcendendo, lana-se o homem num domnio que lhe exclusivo o Histria e o da Cultura (Freire, 2002:49).

    o de outra forma, o simples fato dos oprimidos reconhecerem-se como excludos no ante que suas aes possam se tornar libertadoras, pois de acordo com Freire (1987:36)

    [...] no basta saberem-se numa relao dialtica com o opressor seu contrrio antagnico descobrindo, por exemplo, que sem eles o opressor no existiria (Hegel), para estarem de fato libertados. preciso, enfatizemos, que se entreguem prxis libertadora.

    prtica libertadora proposta por Paulo Freire liga pensamento e ao. Ao refletir sobre o ndo, o homem re