Paulo Gonçalves Pimentel - Técnico Lisboa · de potência, aliado a ritmos de transmissão...
Transcript of Paulo Gonçalves Pimentel - Técnico Lisboa · de potência, aliado a ritmos de transmissão...
i
Sincronização de Trama e Despreading num Receptor DS-
UWB
Paulo Gonçalves Pimentel
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Júri
Presidente: Prof. Marcelino Bicho dos Santos
Orientador: Profª. Maria Helena da Costa Matos Sarmento
Co-orientador: Prof. Horácio Cláudio Campos Neto
Vogal: Prof. José António Beltran Gerald
Outubro de 2009
iii
Agradecimentos
Gostaria de agradecer à Professora Helena Sarmento pela sua orientação e disponibilidade.
Agradeço também ao Professor Horácio Neto.
À minha mãe e ao meu irmão que sempre me apoiaram e que nunca deixaram de acreditar
em mim. Agradeço ainda à Catarina pelo apoio e incentivo que sempre me deu. Por fim agradeço a
todos os meus familiares e amigos pela força demonstrada.
v
Resumo
A tecnologia UWB (Ultra-Wideband) permite a transmissão de dados com alto débito,
consumindo uma potência média de transmissão reduzida. Utiliza redes sem fios de curto alcance
(WPAN – Wireless Personal Area Network) que se insere na norma IEEE 802.15.
A tecnologia DS-UWB, abordada no âmbito deste trabalho, permite a existência de uma
comunicação sem fios de banda larga que suporta débitos binários elevados. O seu baixo consumo
de potência, aliado a ritmos de transmissão elevados, permite substituir cabos de ligação de muitos
aparelhos electrónicos que necessitam de uma grande largura de banda.
Neste relatório, analisa-se o bloco de recepção do sinal digital de um receptor de DS-UWB,
onde se processa a recuperação do sinal espalhado no espectro (despreading) e a posterior
sincronização desse mesmo sinal. Posteriormente procede-se à simulação dos respectivos blocos,
em ambiente Matlab/Simulink.
A técnica de espalhamento espectral é analisada tendo em conta a utilização de sequências
pseudo-aleatórias PN (Pseudo Noise). São avaliados cenários de multipercurso e o impacto que
estes têm na recepção, avaliando a utilidade que um receptor RAKE pode ter na estrutura de um
receptor DS-UWB. É feita a optimização da estrutura do receptor RAKE, reduzindo a sua
complexidade sem que com isso haja uma degradação significativa do sinal recebido.
Palavras Chave
Ultra-Wideband, DS-UWB, Espalhamento Espectral, Sequências PN, receptor RAKE
vii
Abstract
The UWB (Ultra-Wideband) technology provides high data rate transmission with low average
power consumption. It uses short range wireless networks (WPAN – Wireless Personal Area
Network), using IEEE 802.15 standard.
DS-UWB technology, studied in this thesis, due to its low power consumption and speed,
allows wireless solutions for many electronic devices that require a large bandwidth.
This report proposes a DS-UWB reception block that processes the received digital signal,
recovering the original signal by despreading and synchronizing it.
Spread spectrum technique is analyzed taking in consideration the random PN (Pseudo-
Noise) sequences. Multipath scenarios are evaluated given their impact at the DS-UWB receiver,
evaluating the RAKE receiver ability to resolve multipath interference. The tradeoff between low
complexity and degradation of the received signal is evaluated in the RAKE receiver.
Keywords
Ultra-Wideband, DS-UWB, Spread Spectrum, PN sequences, RAKE receiver
ix
Índice
Agradecimentos ....................................................................................................................................... iii
Resumo ....................................................................................................................................................v
Palavras Chave ........................................................................................................................................v
Abstract................................................................................................................................................... vii
Keywords ................................................................................................................................................ vii
Índice ....................................................................................................................................................... ix
Lista de Figuras ....................................................................................................................................... xi
Lista de Tabelas .................................................................................................................................... xiii
Acrónimos ............................................................................................................................................... xv
1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento do Trabalho ................................................................................................... 1
1.2. Objectivos ................................................................................................................................ 2
1.3. Organização ............................................................................................................................ 2
2. Dispositivo DS-UWB ........................................................................................................................ 3
2.1. Definições ................................................................................................................................ 3
2.2. MB-OFDM vs DS-UWB ........................................................................................................... 4
2.3. DS-UWB .................................................................................................................................. 4
2.3.1. Receptor DS-UWB........................................................................................................... 6
2.3.2. Multipercurso ................................................................................................................... 7
2.3.3. Receptor RAKE ............................................................................................................. 15
3. Modelo de Sincronização de Trama DS-UWB ............................................................................... 19
3.1. Espalhamento Espectral em DS-UWB .................................................................................. 19
3.2. Trama .................................................................................................................................... 21
3.3. Sincronização de Trama ........................................................................................................ 23
3.4. Modulação ............................................................................................................................. 23
3.4.1. BPSK ............................................................................................................................. 24
3.5. Modelo para Transmissão e Recepção em DS-UWB ........................................................... 26
3.5.1. Transmissão em DS-UWB ............................................................................................ 27
3.5.2. Recepção em DS-UWB ................................................................................................. 29
4. Resultados de Simulação e Análise ............................................................................................... 33
4.1. Ferramentas de Simulação ................................................................................................... 33
4.2. Resultados ............................................................................................................................. 33
Modelo de Propagação ...................................................................................................................... 33
5. Conclusões e Trabalho Futuro ....................................................................................................... 41
5.1. Conclusões ............................................................................................................................ 41
5.2. Trabalho Futuro ..................................................................................................................... 42
Anexo A ................................................................................................................................................. 43
Gerador de Sequências Pseudo Aleatórias PN ................................................................................ 43
x
A.1 Linear Feedback Shift Register (LFSR) ............................................................................ 43
Anexo B ................................................................................................................................................. 45
B.1 4-BOK ................................................................................................................................ 45
B.2 Piconets ............................................................................................................................. 46
B.3 Ritmos de transmissão ...................................................................................................... 48
Anexo C ................................................................................................................................................. 49
C.1 Forma de Onda em DS-UWB ............................................................................................ 49
Anexo D ................................................................................................................................................. 51
Bibliografia ............................................................................................................................................. 53
xi
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Limite de potência espectral definido pela FCC para o UWB [7] ........................................ 5
Figura 2.2 – Potência máxima radiada para UWB .................................................................................. 6
Figura 2.3 – Exemplo de um sinal UWB e respectiva potência radiada ................................................. 6
Figura 2.4 – Receptor DS-UWB .............................................................................................................. 7
Figura 2.5 – Exemplo de multipercurso num ambiente indoor................................................................ 7
Figura 2.6 – Perfil de atraso exponencial típico ...................................................................................... 9
Figura 2.7 - Modelo de Poisson modificado para tempo contínuo ........................................................ 12
Figura 2.8 - Modelo de Poisson modificado para tempo discreto ......................................................... 13
Figura 2.9 – (a) Reflexão Especular; (b) Reflexão Difusa ..................................................................... 14
Figura 2.10 - Desvanecimento de Rayleigh para um receptor movendo-se a velocidade pedestre [15]
............................................................................................................................................................... 14
Figura 2.11 – Diagrama de blocos de um receptor RAKE [16] ............................................................. 15
Figura 2.12 – Receptor RAKE com 3 finger[5] ...................................................................................... 16
Figura 3.1 – Espalhamento espectral no emissor. ................................................................................ 19
Figura 3.2 – Espalhamento Espectral em DS-UWB ............................................................................. 20
Figura 3.3 – Trama de DS-UWB [3] ...................................................................................................... 21
Figura 3.4 – Trama de aquisição DS-UWB [3] ...................................................................................... 21
Figura 3.5 - Exemplo de modulação BPSK [5] ...................................................................................... 24
Figura 3.6 – Constelação BPSK ............................................................................................................ 24
Figura 3.7 – Diagrama de blocos em Matlab/Simulink de um transmissor e receptor DS-UWB .......... 26
Figura 3.8 – Bloco usado para simular o canal de transmissão em Matlab/Simulink [9] ...................... 27
Figura 3.10 – Diagrama de blocos em Matlab/Simulink da transmissão da sequência de aquisição em
DS-UWB ................................................................................................................................................ 27
Figura 3.9 - Gerador de sequências pseudo-aleatórias PN .................................................................. 28
Figura 3.11 – Bloco Upsample .............................................................................................................. 28
Figura 3.12 – Espectro do sinal DS-UWB na emissão simulado em Matlab/Simulink ......................... 29
Figura 3.13 - Diagrama de blocos em Matlab/Simulink do receptor RAKE com 8 fingers em DS-UWB
............................................................................................................................................................... 30
Figura 3.14 – Bloco Downsample ......................................................................................................... 30
Figura 3.15 – Sinal com constelação BPSK na recepção simulado em Matlab/Simulink .................... 31
Figura 3.16 – Diagrama de olho na recepção simulado em Matlab/Simulink ....................................... 31
Figura 4.1 – Distância vs Atenuação ..................................................................................................... 34
Figura 4.2 – Resposta impulsiva para CM1 [6] ..................................................................................... 35
Figura 4.3 - Resposta impulsiva para CM2 [6] ...................................................................................... 35
Figura 4.4 - Resposta impulsiva para CM3 [6] ...................................................................................... 36
Figura 4.5 - Resposta impulsiva para CM4 [6] ...................................................................................... 36
Figura 4.6 – BER vs Eb/No com L=4 fingers ........................................................................................ 37
Figura 4.7 - BER vs Eb/No com L=8 fingers ......................................................................................... 38
Figura 4.8 - BER vs Eb/No com L=16 fingers ....................................................................................... 38
xii
Figura 4.9 - Eb/No,BER=10-4
vs número de fingers .............................................................................. 39
Figura 4.10 - Performance MB-OFDM vs DS-UWB [22] ....................................................................... 39
Figura A.1 - LFSR …………………………………………………………………………………………....…43
Figura B.1 - Constelação 4-BOK ………………………………………………………………………………44
Figura B.2 - Exemplo de uma piconet em 802.15.3 …………………………………………………………47
Figura C.1 - Simulação em Matlab das formas de onda de um impulso gaussiano e respectivas
derivadas …………………………………………………………………………………………………………49
Figura C.2 - Simulação em Matlab de um impulso modulado por uma frequência igual a 4,1GHz e
respectivo espectro ……………………………………………………………………………………………..50
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Possíveis aplicações numa rede doméstica ...................................................................... 3
Tabela 3.1 – Ganho de espalhamento espectral .................................................................................. 20
Tabela 3.2 – Códigos de espalhamento PAC ....................................................................................... 22
Tabela 3.3 – Códigos de espalhamento de comprimento 24 ................................................................ 25
Tabela 3.4 - Códigos de espalhamento de comprimento 12 ................................................................ 25
Tabela 3.5 - Códigos de espalhamento de comprimento 1,2,3,4 e 6 ................................................... 25
Tabela B.1 - Códigos de espalhamento para 4-BOK ……………………………………………………….46
Tabela B.2 - Códigos de espalhamento de comprimento 2,4,6,8 e 12 ……..…………………………….46
Tabela B.3 - Frequências centrais das piconets …………………………………………………………….47
Tabela B.4 - Ritmos de transmissão da banda inferior ……………………………………………………..48
Tabela B.5 - Ritmos de transmissão da banda superior ……………………………………………………48
xv
Acrónimos
4-BOK 4-ary Bi-Orthogonal Keying
AWGN Additive White Gaussian Noise
BER Bit Error Ratio
BPM Bi-Phase Modulation
BPSK Binary Phase Shift Keying
CDMA Code Division Multiple Access
CM Channel Model
CMF Chip Matched Filter
DEV Device
DFE Decision Feedback Equalizer
DSSS Direct Sequence Spread Spectrum
DS-UWB Direct Sequence-Ultra-Wideband
EGC Equal Gain Combining
FCC Federal Communications Commission
FEC Forward Error Correction
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
ISI Intersymbol Interference
LOS Line-of-sight
MAC Medium Access Control
MB-OFDM Multiband Orthogonal Frequency Division Multiplexing
MRC Maximal Ratio Combiner
NLOS Non-line-of-sight
PAC Piconet Aquisition Codeword
PAM Pulse Amplitude Modulation
PAN Personal Area Network
PLCP Physical Layer Convergence Protocol
PN Pseudo Noise
PNC Piconet Coordinator
PPM Pulse Position Modulation
RF Radio Frequency
RFID Radio Frequency Identification
RMS Root Mean Square
SFD Start Frame Delimiter
SNR Signal-to-noise Ratio
UWB Ultra-Wideband
WPAN Wireless Personal Area Network
1
1. Introdução
1.1. Enquadramento do Trabalho
O crescimento rápido da tecnologia e o sucesso comercial das aplicações wireless têm um
impacto significativo no nosso dia a dia. O aparecimento da terceira geração nas comunicações
móveis e a progressiva substituição das comunicações com fios pelas soluções sem fios Wi-Fi,
Wimax, Bluetooth, UWB, ZigBee, etc., permite aos utilizadores aceder a uma variada e vasta
informação a partir de qualquer lugar e a qualquer hora.
Com a demanda por maior capacidade, maior rapidez, melhor serviço e, sobretudo, maior
segurança por parte dos consumidores, as novas tecnologias têm a difícil tarefa de ocupar o seu
espaço num espectro radioeléctrico já muito saturado. A disponibilidade de bandas no espectro
radioeléctrico é, hoje, bastante limitativa, tendo a gestão do espectro de ser planeada
antecipadamente de forma a garantir uma utilização eficiente. É necessário garantir que não existe
interferência entre as diversas bandas ocupadas pelas diferentes tecnologias.
A tecnologia UWB (Ultra-Wideband) oferece uma solução promissora à saturação do
espectro, uma vez que permite que novos serviços de rádio coexistam com os já existentes com
interferência nula ou muito reduzida.
Os conceitos envolvidos na definição do sinal UWB não são novos. Nos trabalhos iniciais [1],
[2], [3] que levaram ao desenvolvimento desta tecnologia, o sinal, com elevada largura de banda
(wideband), era gerado por uma sequência de impulsos de duração muito curta (impulse radio ou IR),
da ordem dos nanosegundos, enviada em banda de base (sem portadora). Com a regulamentação
actual, os sinais podem ser gerados de formas alternativas desde que respeitem a especificação. A
regulamentação da utilização de UWB pela FCC (Federal Communications Comission) [4] definiu o
que é um sinal UWB e os vários tipos de aplicações [4]. Uma das aplicações é a comunicação de
dados, tendo como alvos prioritários a transmissão de vídeo (streaming) e a substituição de cabos
(wireless USB). Não serão só estas as aplicações, mas estas servem para avaliar as capacidades de
UWB. De acordo com a FCC um sinal UWB tem uma largura de banda maior que 500 MHz ou uma
largura de banda fraccionária (FB = 2(fH - fL)/(fH + fL)) maior que 0.2. A FCC permite que os
dispositivos comerciais com UWB operem na banda entre os 3.1GHz e os 10.6GHz. Houve uma
tentativa, sem sucesso, de normalização de UWB para comunicação de dados, por parte do grupo
IEEE 802.15.3a. Como resultado do trabalho deste grupo de normalização, existem duas
especificações incompatíveis, suportadas por dois grupos diferentes de empresas: DS-UWB (Direct
Sequence UWB) e MB-OFDM (Multiband Orthogonal Frequency Division Multiplexing). A tecnologia
DS-UWB, abordada no âmbito deste trabalho, baseia-se no envio de impulsos de curta duração. No
entanto, os impulsos não são enviados em banda de base, como foi inicialmente pensado para UWB,
sendo enviados modulados numa portadora (pulse modulated RF) [5].
2
1.2. Objectivos
Este trabalho tem como finalidade realizar e simular os blocos de um receptor DS-UWB onde
se processam o despreading e a sincronização do sinal digital recebido.
Pretende-se estudar a influência que tem o multipercurso na recepção, recorrendo ao uso de
um receptor RAKE. Avaliar cenários de multipercurso e o impacto que estes têm na recepção,
analisando a utilidade que um receptor RAKE pode ter na estrutura de um receptor DS-UWB.
Optimizar a estrutura do receptor RAKE, reduzindo a sua complexidade sem que com isso haja uma
degradação significativa do sinal recebido.
1.3. Organização
A dissertação está organizada em 5 capítulos.
O capítulo 1 é constituído pelo enquadramento do trabalho, pelos objectivos propostos, assim
como a sua organização.
No capítulo 2, caracteriza-se a tecnologia DS-UWB. Descreve-se, sumariamente, a estrutura
completa de um receptor DS-UWB. Analisa-se o funcionamento da técnica de espalhamento
espectral usada em DS-UWB. Estuda-se a composição da trama usada na norma IEEE 802.15.3a e o
modo como é sincronizada pelo receptor DS-UWB. Por fim avaliam-se as técnicas de modulação
usadas, bem como os ritmos de transmissão suportados pela tecnologia.
No capítulo 3, descrevem-se os blocos de sincronização da trama DS-UWB e de recuperação
do sinal com espalhamento espectral em ambiente Matlab/Simulink.
No capítulo 4, apresentam-se os resultados de simulação e avalia-se a probabilidade de erro
de bit em função da relação sinal/ruído de várias configurações, de forma a optimizar o sistema.
No capítulo 5, apresentam-se as conclusões do trabalho, assim como o trabalho futuro a
executar.
3
2. Dispositivo DS-UWB
A norma definida pelo grupo IEEE 802.15.3a (TG3a) para o UWB tem como objectivo
apresentar uma solução que seja barata, com baixo consumo de potência e com ritmos de
transferência de dados elevados para comunicações entre dispositivos que estejam numa PAN
(Personal Area Network). O débito binário elevado, acima dos 110Mbps, satisfaz as necessidades
dos aparelhos multimédia que usam uma WPAN (Wireless Personal Area Netwok).
2.1. Definições
Um dispositivo DS-UWB permite a existência de uma comunicação sem fios de banda larga
que suporta débitos binários elevados. Um baixo consumo de potência e ritmos de transmissão
elevados, que podem chegar aos 2000Mbps, permitem substituir cabos de ligação de muitos
aparelhos electrónicos (Televisão, DVD, Sistema de Áudio, etc..).
A tecnologia UWB pode ser usada em diversas aplicações domésticas ou industriais:
Substituição dos cabos IEEE 1394 utilizados em câmaras de filmar, câmaras fotográficas
digitais, MP3, etc.
Ligação Wireless USB.
Substituição de cabos de vídeo para TV.
Tabela 2.1 – Possíveis aplicações numa rede doméstica
Serviço Débito [Mbps]
Vídeo Digital 32
TV, DVD 2-15
Áudio 1,5
Internet >10
PC 32
Outros <1
O grupo IEEE 802.15.3a está a trabalhar para incluir novas especificações no standard
original 802.15.3, dos quais devem resultar os seguintes objectivos:
Débito binário: 110 Mbps a 480Mbps
Alcance: <10 metros
Escalabilidade: 4 piconets a 12 piconets
Potencia Máxima: 100mW a 200mW
4
Custo: semelhante ao bluetooth
Como muitas outras tecnologias wireless, o UWB teve um grande desenvolvimento no meio
militar. Entre as várias aplicações usadas, destaca-se o sistema UWB PAL (precision asset
loacation). O sistema, desenvolvido pela Multispectral Solutions e a U.S. Navy, consiste em permitir
melhorar a logística conhecendo a localização, em tempo real, de contentores e outros objectos de
grande dimensão, dentro de um navio da marinha.
O sistema foi desenvolvido para ultrapassar as dificuldades provocadas pelo multipercurso
excessivo que limitava o uso da tecnologia RFID (Radio Frequency Identification).
O sistema PAL veio provar que as comunicações em UWB são sinónimo de resultados
precisos, mesmo em ambientes de mutipercurso excessivo [7].
2.2. MB-OFDM vs DS-UWB
Existem dois grupos de empresas diferentes a defender tecnologias de UWB incompatíveis:
DS-UWB (Direct Sequence UWB) proposto pelo UWB Forum (suportado pela Motorola e Freescale) e
MB-OFDM (Multiband Orthogonal Frequency Division Multiplexing) proposta pela WiMedia Alliance
(suportado pela Intel, Kodak, Microsoft, Nokia, Philips, Samsung, Sharp, Sony, etc.).
A tecnologia MB-OFDM utiliza a modulação OFDM e consiste em dividir a largura de banda
disponível, de 7,5GHz, em 14 sub-bandas de 528 MHz. Cada uma das 14 sub-bandas tem
disponíveis 128 sub-portadoras espaçadas de 4,125 MHz. Esta modulação tem boas propriedades
para lidar com o multipercurso e tem uma eficiência espectral elevada.
A tecnologia DS-UWB, abordada no âmbito deste trabalho, baseia-se no envio de impulsos
de curta duração, modulados numa portadora. Esta tecnologia utiliza espalhamento espectral por
sequência directa, que resulta num sinal enviado com maior largura de banda, tornando o sistema
menos vulnerável a interferências e ao mesmo tempo mais seguro.
2.3. DS-UWB
DS-UWB é uma tecnologia de rádio de impulsos. Os impulsos, de curta duração, são
enviados modulados numa portadora (pulse modulated RF). Esta tecnologia utiliza espalhamento
espectral por sequência directa (CDMA - Code Division Multiple Access). A forma mais comum
utilizada na modulação dos impulsos é BPSK (Binary Phase Shift Keying), mas, para obter maior
débito, pode optar-se por 4-BOK (4-ary Bi-Orthogonal Keying). Os dispositivos DS-UWB têm de
transmitir sinais dos dois tipos, mas nos receptores é opcional a capacidade de receber sinais 4-BOK.
Na Figura 2.1 está representado a banda definida pela FCC (Federal Communications
Commission) para utilização da tecnologia UWB em ambientes indoor, com indicação dos limites de
5
potência espectral. O nível de emissão máximo permitido para a banda que se situa entre os 3,1 e
10,6 GHz é -41,3 dBm/MHz. Esta banda dos 3,1 aos 10,6 GHz é dividida, em DS-UWB, em duas
bandas distintas: a inferior ocupa 1,5 GHz, de 3,1 a 4,85 GHz e a superior 3,7 GHz, de 5,8 a 10,6
GHz.
Figura 2.1 – Limite de potência espectral definido pela FCC para o UWB [7]
A FCC especifica limites para a potência radiada efectiva isotrópica (EIRP), ou seja, a
potência radiada por uma antena de ganho unitário. Considerando a repetição de um sinal emitido
cuja densidade espectral de potência (PSD) é centrada na frequência , e cujo pico de
amplitude é 1, a potência total de emissão é dada calculando a área descrita pela PSD e
multiplicando-a por mW/MHz [8]. A potência total em dBm é dada por
(1.1)
(1.2)
6
Figura 2.2 – Potência máxima radiada para UWB
Figura 2.3 – Exemplo de um sinal UWB e respectiva potência radiada
2.3.1. Receptor DS-UWB
O diagrama de blocos de um receptor DS-UWB está representado na Figura 2.4. O bloco
inicial (RF Processing) processa o sinal recebido pela antena e gera o sinal digital para os restantes
módulos. O bloco Matched Filter/RAKE Receiver, processa a sincronização de sinal. Os restantes
blocos são: o DFE (Decision Feedback Equalizer) que suprime a interferência intersimbólica (ISI); o
desmodulador BPSK/4-BOK; o desentrelaçador (deinterleaver); o descodificador convolucional
(Viterbi Decoder); e o descrambler.
7
RF
Processing
Matched Filter
and RAKE
Receiver
DFEBPSK/4-BOK
DemodulatorDeintervealer
Viterbi
DecoderDescrambler
Dados de
saída
Figura 2.4 – Receptor DS-UWB
2.3.2. Multipercurso
Num modelo típico de propagação de sinais UWB é necessário ter em conta o multipercurso,
devido à existência de obstáculos tais como paredes, portas, móveis, pessoas, etc.. Estes obstáculos
resultam na transmissão de vários caminhos que se estabelecem entre o transmissor e o receptor,
provocando diferentes amplitudes, fases e atrasos no sinal que chega ao receptor.
Figura 2.5 – Exemplo de multipercurso num ambiente indoor
8
A propagação em multipercurso é representada matematicamente pela seguinte resposta
impulsiva:
(1.3)
onde é o factor de atenuação no caminho . O parâmetro é o atraso de cada réplica do sinal,
o número de réplicas resolúveis e a função delta de Dirac.
De acordo com Foerster [10] e Hashemi [11], os principais parâmetros que são importantes
para caracterizar um canal em ambiente indoor são:
Número de componentes multipercurso resolúveis.
Atraso relativo ao multipercurso.
Perfil de intensidade de multipercurso.
Desvanecimento relativo ao multipercurso.
Tempos de chegada em multipercurso.
Número de componentes multipercurso resolúveis
O número de componentes multipercurso resolúveis é importante para a implementação do
receptor RAKE. Hashemi [11] investigou o número de réplicas resolúveis, L, para um número grande
de perfis recolhidos em cada edifício. Para cada perfil, L foi atribuído ao número de réplicas que
ficavam a dB da réplica mais forte onde, por exemplo, =10, 20, 30 dB. O desvio médio e o desvio
padrão de L para cada edifício, para cada valor de , e para cada distância entre emissor-receptor
foram recolhidos, chegando-se às seguintes conclusões:
i. Existe uma clara dependência entre o valor médio de L e a distância entre receptor-
emissor.
ii. O valor médio de L é directamente proporcional ao valor de , uma vez que com o
aumento de , mais réplicas são incluídas para o cálculo de L.
iii. O desvio padrão de L é directamente proporcional à distância entre receptor-emissor.
Este facto deve-se às maiores variações que existem no ambiente quando existe uma
maior separação entre emissor e receptor.
Atraso relativo ao multipercurso
O atraso pode ser definido como:
Atraso médio (descreve o atraso médio que um sinal demora a percorrer entre emissor e
receptor).
9
Atraso de espalhamento (atraso que resulta da propagação de multipercurso, com
consequências directas na dispersão de impulso e na interferência intersimbólica,).
Atraso máximo de espalhamento (diferença de tempo entre o sinal que chega em linha de
vista e a última réplica).
O atraso de espalhamento de canal multipercurso UWB é geralmente descrito pelo seu valor
de erro quadrático médio. A Figura 2.6 representa o perfil de atraso típico que é obtido fazendo a
média de um conjunto grande de respostas impulsivas. O atraso de espalhamento total corresponde
ao intervalo de tempo durante o qual chegam réplicas com energia relevante. O erro quadrático
médio do atraso de espalhamento representa o desvio padrão das réplicas.
Os valores típicos para o erro quadrático médio do atraso de espalhamento num ambiente
indoor situam-se entre os 20 e os 30ns para uma distância entre emissor-receptor de 5 a 30 m [11].
Tempo de atraso
Potência por unidade
de tempo
Atraso de espalhamento total
Erro quadrático médio do
atraso de espalhamento
Figura 2.6 – Perfil de atraso exponencial típico
10
Perfil de intensidade de multipercurso
O erro quadrático médio do atraso de espalhamento representa o desvio padrão da
intensidade do perfil multipercurso. A potência média recebida para um caminho pode ser
representada por [11]:
(1.4)
onde é a potência normalizada e o factor de decaimento.
O erro quadrático médio do atraso de espalhamento do canal, , pode ser utilizado para
determinar os valores de L e de . De forma a encontrar o melhor par (L, ) que descreva o canal de
propagação para um determinado , consideram-se todas as réplicas que tenham uma diferença
de até 30 dB de potência do sinal principal em linha de vista. Vem então
(1.5)
O que significa que temos
(1.6)
Torna-se assim possível encontrar o L mais pequeno possível de maneira que tenha um
valor igual ou superior ao pretendido, de modo a representar um canal com um factor de decaimento
o mais alto possível.
Desvanecimento relativo ao multipercurso
De acordo com [11], o desvanecimento relativo à amplitude pode ser modulado por uma
distribuição log-normal com um desvio padrão entre os 3 e os 5 dB. As funções de distribuição
cumulativa e densidade de probabilidade são dadas por
(1.7)
(1.8)
11
onde M e S são variáveis estatísticas da distribuição log-normal. A função de erro erf é definida por
(1.9)
Tempos de chegada em multipercurso
Os tempos de chegada em multipercurso podem ser descritos por uma distribuição de
Poisson uma vez que o multipercurso é causado por objectos que estão localizados aleatoriamente.
Saleh e Valenzuela [12] através dos dados recolhidos chegaram à conclusão que a distribuição de
Poisson era a que melhor se adequava para descrever os tempos de chegada em multipercurso. Foi
estudado o número de caminhos nos primeiros N intervalos de tempo de cada perfil medido, sendo
este procedimento repetido para diferentes valores de N.
A probabilidade é dada por
(1.10)
onde é dado por
(1.11)
em que é a probabilidade de ocorrência de um caminho num intervalo de tempo .
Um outro modelo de Poisson, chamado de modelo de Poisson modificado, foi proposto por
Susuki [13]. É um modelo simples para calcular o tempo de chegada em multipercurso de um sistema
UWB. Este modelo, também designado por modelo , é composto pelos estados 1 e 2. Sempre
que chega uma réplica, a taxa média de chegada (média do número de réplicas que chegam por
unidade de tempo) é aumentada ou diminuída por um factor K nos segundos seguintes, onde K e
são variáveis definidas a priori. A Figura 2.7 representa o modelo de Poisson modificado para um
tempo contínuo,
12
t
Taxa médio de
chegada
Estado 1
Estado 2
Δ
Figura 2.7 - Modelo de Poisson modificado para tempo contínuo
De notar que quando K=1 ou o processo volta a ser descrito por uma distribuição de Poisson
standard: para K>1 a probabilidade de ocorrência de uma nova réplica nos seguintes segundos
aumenta; para K<1 essa mesma probabilidade diminui.
A análise de um sistema discreto é simples tal como se verifica pela Figura 2.8, onde
(i=1,2,3,…) é a taxa de ocupação correspondente a cada intervalo de tempo. As linhas a cheio são
traçadas quando existiu uma réplica no intervalo de tempo anterior. O processo começa no estado 1,
uma vez que o sinal principal em linha de vista não conta. Assim a probabilidade de haver uma
réplica no primeiro intervalo de tempo é . Se a réplica não acontecer no primeiro intervalo de
tempo, então a probabilidade de haver uma réplica no segundo intervalo de tempo é , mas se
houver réplica no primeiro intervalo de tempo, então a réplica no segundo intervalo de tempo tem
probabilidade . O processo repete-se para as réplicas seguintes.
13
Tempo discreto
λ1
1 2 3 4
1-λ1
Kλ2
1-Kλ2
Kλ3
λ3
λ2
1-λ2
λ3
1-λ3
Figura 2.8 - Modelo de Poisson modificado para tempo discreto
A taxa de ocupação correspondente a cada intervalo de tempo, , pode ser calculada
através da seguinte equação:
(1.12)
onde é a taxa de ocupação empírica das réplicas e .
Reflexão
A reflexão ocorre quando uma onda electromagnética incide numa superfície que é superior à
ordem de grandeza do seu comprimento de onda. A onda reflectida pode contribuir construtivamente
ou destrutivamente ao chegar ao receptor, uma vez que a reflexão pode ter contribuído para uma
alteração da fase do sinal.
A reflexão pode ser especular (do tipo espelho) ou difusa (superfície irregular). A reflexão
difusa surge quando a onda incide numa superfície com irregularidades de tamanho inferior à ordem
de grandeza do comprimento de onda do sinal.
14
onda incidente
onda reflectida
onda principal
(a) (b)
Figura 2.9 – (a) Reflexão Especular; (b) Reflexão Difusa
Difracção
A difracção acontece quando a onda incide numa fenda ou orifício que é da mesma ordem de
grandeza do comprimento de onda. A trajectória é alterada, e a partir do ponto de incidência a onda é
radiada em todas as direcções.
Desvanecimento
O desvanecimento é atribuído à variação rápida da amplitude do sinal (desvanecimento de
Rayleigh). O modelo de desvanecimento de Rayleigh segue a distribuição de Rayleigh, considerando
ambientes onde o multipercurso é intenso e o sinal que chega em linha de vista não é dominante em
relação às réplicas. Se o raio directo for predominante sobre as réplicas então o modelo de
desvanecimento de Rician é o que melhor descreve o desvanecimento [14].
Figura 2.10 - Desvanecimento de Rayleigh para um receptor movendo-se a velocidade pedestre [15]
15
2.3.3. Receptor RAKE
Numa comunicação sem fios, o multipercurso tem origem na propagação de múltiplas ondas
com diferentes direcções, amplitudes e fases.
As características de propagação do sinal originam, na recepção, para além do sinal recebido
em linha de vista, réplicas do sinal transmitido desfasadas no tempo, uma vez que foram sujeitas a
diversas reflexões. Para frequências na ordem dos GHz, o desvanecimento ganha importância uma
vez que o seu pequeno comprimento de onda pode ter influência na mobilidade do receptor, pois uma
pequena deslocação do mesmo pode significar uma forte atenuação da onda.
O primeiro receptor RAKE foi proposto por Price e Green [16] e encontra-se representado na
Figura 2.11.
Usando uma série de correlacionadores, cada um sincronizado com atrasos sucessivos de
1/W, é possível cobrir todas as réplicas que possam aparecer, podendo esses atrasos serem
inseridos nos sinais de referência ou nos sinais recebidos.
Na Figura 2.11 as fontes de referência emitem as mesmas formas de onda Mark e Space que
o transmissor usa (com excepção do desvio de frequência ), e alimentam uma série de
correlacionadores dispostos ao longo de uma linha de atraso cuja entrada é o sinal recebido. Cada
correlacionador consiste num multiplicador e num integrador, mas, uma vez que as saídas dos
correlacionadores têm de ser somadas de maneira a aproveitar ao máximo as réplicas, é possível
combinar separadamente as integrações, ou usar um integrador comum. Esta última opção, menos
complexa, é a adoptada no esquema da Figura 2.11. A decisão, sobre qual dos sinais, Marker ou
Space, foi enviado pelo transmissor, é feita de acordo com a maior soma que chega dos
correlacionadores.
Figura 2.11 – Diagrama de blocos de um receptor RAKE [16]
16
A utilização de um receptor RAKE, num sistema DS-UWB, permite recuperar as réplicas do
sinal transmitido que chegam devido ao multipercurso e combiná-las com o respectivo atraso, de
modo a obter uma melhoria significativa na relação sinal/ruído do sinal de saída.
O receptor RAKE usa um método de correlação que permite individualizar as diversas
réplicas correlacionando-as com diferentes atrasos da sequência PN, de maneira a contribuírem,
construtivamente, para o sinal de saída. Assim, a interferência intersimbólica, na qual cada símbolo
interfere com os símbolos adjacentes, é atenuada.
Na Figura 2.12 apresenta-se um receptor RAKE com três fingers.
Sinal + réplicas
∑
Integrador Decisor
Sinal de Saída
α1 α2 α3
Sequência PN
x(t)
y(t)
x x x
Figura 2.12 – Receptor RAKE com 3 finger[5]
No exemplo da Figura 2.12, o receptor RAKE pondera o sinal recebido e duas réplicas
desfasadas no tempo, processando-os independentemente. De seguida, combina os 3 sinais,
obtendo um único sinal com relação sinal/ruído mais elevado. Esta combinação permite uma melhor
resistência ao desvanecimento e, consequentemente, uma melhor recepção do sinal. Em cada bloco
correlador, é feita uma correlação entre uma réplica da sequência pseudo-aleatória PN usada na
emissão e o sinal espalhado com o respectivo atraso. Os pesos referentes a cada finger podem ser
calculados segundo diferentes técnicas, como o Maximal Ratio Combiner (MRC) e o Equal Gain
Combining (EGC).
17
Maximal Ratio Combiner (MRC)
Neste método, a saída é obtida somando, ponderadamente, todos os fingers, afectados por
um factor de peso relativo ao desvanecimento provocado pelo canal no caminho . Consiste na
melhor forma de combinar os fingers disponíveis, permitindo obter uma melhor relação sinal/ruído
(SNR) na saída. O SNR de uma soma ponderada, em que cada elemento da soma consiste num
sinal mais ruído de uma determinada potência, é maximizado se a amplitude dos pesos associados a
cada finger forem proporcionais à intensidade do sinal[5]. A avaliação da intensidade de cada sinal é
feita de acordo a sua relação tensão/potência através do processo de estimação de canal.
(1.1)
Onde é o peso associado a cada finger, o atraso de cada réplica do sinal, o número de fingers,
o sinal com espalhamento e a saída do sistema.
Equal Gain Combining (EGC)
Neste método, a saída é obtida somando todos os fingers disponíveis, sem que haja
ponderação diferenciada dos mesmos. Este método é mais simples de implementar do que o método
MRC, uma vez que não se torna necessário avaliar os vários parâmetros do sinal. Não existindo
ponderação diferenciada, todos os fingers têm o mesmo peso, o que significa que todas as
correlações feitas serão igualmente ponderadas. No ECG todos os pesos têm valor igual a 1.
(1.2)
19
3. Modelo de Sincronização de Trama DS-UWB
Neste capítulo, foram implementados os blocos de sincronização da trama DS-UWB e de
recuperação do sinal com espalhamento espectral, em ambiente Matlab/Simulink. Foi avaliada a
probabilidade de erro de bit em função da relação sinal/ruído de várias soluções, de forma a optimizar
o sistema.
3.1. Espalhamento Espectral em DS-UWB
A tecnologia DS-UWB (Direct Sequence Ultra-Wideband) utiliza espalhamento espectral por
sequência directa (DSSS Direct Sequence Spread Sprectrum) e CDMA (Code Division Multiple
Access). A função do espalhamento espectral é transmitir uma dada informação numa banda de
frequências com uma largura muito maior que a largura de banda do sinal original. A expansão de
largura de banda por sequência directa é obtida com um código independente da informação,
misturando o sinal binário a transmitir com esse código e obtendo uma taxa de transmissão muito
mais elevada
A utilização de diferentes códigos permite diferenciar múltiplas comunicações no mesmo meio
(CDMA), possibilitando assim aos utilizadores que estão presentes fisicamente no mesmo canal,
ligarem-se ao mesmo receptor sem que exista conflito entre eles.
Código de
espalhamento
xSinal a transmitir Sinal com
espalhamento
espectral
Figura 3.1 – Espalhamento espectral no emissor.
Na Figura 3.2 estão caracterizados, de forma representativa, sinal a transmitir com 2 bits, um
código de espalhamento com 24 impulsos de curta duração (chips) e a correspondente combinação
destes dois sinais, na qual resulta um sinal com espalhamento espectral.
Como se verifica na Figura 3.2 quando se muda o bit a transmitir de “0” para “1”, é feita uma
inversão do código de espalhamento.
20
Figura 3.2 – Espalhamento Espectral em DS-UWB
O ganho relativo ao espalhamento espectral é dado por
(1.13)
onde corresponde à duração de cada símbolo e à duração de um chip. Na Tabela 3.1
encontram-se os valores típicos do ganho relativo ao espalhamento espectral, sabendo que
(1.14)
onde é o número de chips.
Tabela 3.1 – Ganho de espalhamento espectral
Lc N (dB)
1 0
2 3,01
3 4,77
4 6,02
6 7,78
12 10,79
24 13,80
21
3.2. Trama
A Figura 3.3 ilustra a estrutura de uma trama PLCP (Physical Layer Convergence Protocol)
para a norma 802.15.3 que é composta pelo preâmbulo PLCP, o PLCP header e pelo MAC frame
body.
Preâmbulo de
AquisiçãoPHY Header MAC Header
Ordem de transmissão
Sequência
de TreinoHCS
Frame Body &
FCS
Tail &
pad
bits
Sequência de
AquisiçãoSFD
Dados de
Treino
Preâmbulo PLCP PLCP Header MAC frame body
Figura 3.3 – Trama de DS-UWB [3]
A Figura 3.4 apresenta a trama PLCP dividida em duas partes. A primeira parte inclui a
Sequência de Aquisição, o SFD (Start Frame Delimiter) e os Dados de Treino, sendo transmitida a
um ritmo fixo de 24 chips/símbolo. A segunda parte da trama consiste na Sequência de Treino, PLCP
Header e MAC frame body cujo ritmo de transmissão pode tomar os valores 1, 2, 3, 6, 12 e 24
chips/símbolo.
Sequência de AquisiçãoDados de
Treino
Sequência de Treino, PLCP Header e
MAC frame body
Ordem de transmissão
SFD
PLCP
1,2,3,4,6,12,24 chips/símbolo24 chips/símbolo
Figura 3.4 – Trama de aquisição DS-UWB [3]
22
A Sequência de Aquisição é uma sequência de 512 bits pseudo-aleatórios que são gerados
segundo um polinómio de grau 17, com uma semente rotativa, em que a semente inicial é a mesma
que foi usada na última transmissão. As sementes geram diferentes sequências pseudo-aleatórias,
aumentando a segurança na transmissão, pois para além de o sinal se assemelhar a ruído, tem uma
característica pseudo-aleatória que também varia.
Como se pode ver na Figura 3.2 cada um dos 512 bits da sequência de aquisição (sinal a
transmitir) são combinados com uma PAC (Piconet Aquisition Codeword - código de espalhamento)
de 24 símbolos. As PACs são responsáveis pelo espalhamento espectral feito na transmissão do
preâmbulo de aquisição, existindo 6 PACs possíveis, ou seja, 6 códigos de espalhamento.
Existem 12 piconets disponíveis para transmissão e cada código de espalhamento está
associado a 2 piconets, uma piconet para cada uma das bandas de funcionamento do DS-UWB. A
Sequência de Aquisição, depois de modulada pela PAC, fica com um comprimento de 512×24=12288
chips.
O SFD é uma sequência específica de 32 bits, e serve para indicar o início da trama. Estes 32
bits servem de separação entre a Sequência de Aquisição e o resto da trama. Os 32 bits foram
escolhidos de forma a haver uma grande distância de hamming de qualquer janela de 32 bits da
Sequência de Aquisição anterior. O SFD é, também, modulado por uma PAC de 24 símbolos, tendo
assim um comprimento de 32×24=768 chips.
O sinal Dados de Treino é composto por 8 bits, dos quais 3 bits servem para indicar o
comprimento do código de espalhamento a usar no resto da trama, 1 bit para indicar a modulação a
usar na restante trama, 2 bits para indicar o comprimento do payload e 2 bits de reserva. Os Dados
de Treino têm um comprimento de 32×24×3=576 chips.
Tabela 3.2 – Códigos de espalhamento PAC
Code Set Number
L=24 Codes
1 -1, 0, 1, -1, -1, -1, 1, 1, 0, 1, 1, 1, 1, -1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, 1, -1, -1, 1
2 -1, -1, -1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, -1, -1, 1, -1, 1, 1, -1, -1, 1, 1, 0, -1, 0, 1, 1
3 -1, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, -1 , 0 -1, 0, -1, -1, 1, 1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, -1, -1
4 0, -1, -1, -1, -1, -1, -1, 1, 1, 0, -1, 1, 1, -1, 1, -1, -1, 1, 1, -1, 1, -1, 1, -1
5 -1, 1, -1, 1, 1, -1, 1, 0, 1, 1, 1, -1, -1, 1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, -1, -1, 0, -1
6 0, -1, -1, 0, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, 1, 1, 1, -1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, 1, 1, 1
23
3.3. Sincronização de Trama
Num receptor DS-UWB, o espalhamento espectral do sinal recebido é retirado multiplicando o
sinal recebido por uma réplica do código de espalhamento utilizado na transmissão. Mas, para isso, é
necessário sincronizar o sinal recebido com essa sequência PN gerada, localmente, no receptor para
que seja possível retirar o espalhamento do sinal recebido. Essa sincronização só é possível porque
ambos os sinais estão correlacionados entre si. Para que a sincronização seja feita dentro de tempos
razoáveis é necessário que a análise seja feita numa janela de comparação pequena em relação ao
longo período da sequência PN. Depois de alcançado o sincronismo, o receptor espera pela
sequência SFD para iniciar o processamento do resto da trama.
Um dos métodos mais comuns para sincronização consiste na procura exaustiva pela fase do
sinal recebido que coincida com a sequência PN gerada no receptor. Após correlacionar o sinal
recebido com várias janelas da sequência PN o sincronismo é alcançado pela janela que tiver o maior
valor de correlação, tendo como referência um valor predefinido de limiar de decisão. Este valor terá
de ser escolhido com base nas condições do canal, ou seja, se o canal tiver um SNR elevado, então
o valor de limiar de decisão pode ser mais baixo. Se o canal tiver um SNR baixo, então temos um
canal em que existe uma maior probabilidade de haver erros de transmissão, sendo aconselhável que
o valor do limiar de decisão tome um valor mais elevado precisamente para compensar esses erros.
Os algoritmos mais utilizados na procura de sincronismo são a procura em série, a procura
em paralelo e a procura híbrida. Para sequências PN muito longas a procura paralela, apesar de mais
rápida, é a que utiliza mais hardware. A procura em série é mais simples, mas, normalmente, mais
lenta, enquanto a procura híbrida é uma solução que fica entre as duas anteriores [18].
3.4. Modulação
A modulação é o processo de modificar o impulso gaussiano, característico de uma
transmissão em DS-UWB, de maneira a que este transporte informação. Em DS-UWB adoptou-se a
modulação por polaridade de impulsos (BPM), em vez de utilizar a modulação por variação de
amplitude (PAM) ou a modulação por posição de impulso (PPM).
O DS-UWB suporta comunicação de dados usando tanto a modulação BPSK (binary shift
keying) como a 4-BOK (quaternary bi-orthogonal keying), sendo esta última opcional. Todos os
dispositivos que respeitem a norma devem ser capazes de emitir e receber sinais BPSK modulados.
Para melhorar a performance do sistema os dispositivos podem também usar-se a modulação 4-
BOK, embora para que emissor e receptor suportem esta modulação, seja necessário um ligeiro
aumento de complexidade para gerar e receber sinais 4-BOK.
24
3.4.1. BPSK
Um sinal BPSK usa duas fases separadas por 180º, o que faz com que a localização dos
pontos na constelação seja irrelevante devido à sua separação de 180º. É uma modulação muito
resistente a erros, uma vez que a sua ocorrência implica haver uma forte distorção do sinal. Esta
modulação consegue apenas modular 1bit/símbolo.
O BER (Bit Error Rate) de um sistema que usa BPSK com ruído branco gaussiano pode ser
calculado por:
(3.1)
sendo que é a probabilidade de erro de bit, representa a energia por bit, o ruído branco
gaussiano e erfc a função de erro complementar que é dada pela seguinte expressão:
(3.2)
Em BPSK a informação é codificada de acordo com a polaridade dos impulsos, tal como se
mostra na Figura 3.5. A polaridade dos impulsos é trocada caso se queira codificar 0 ou 1. Neste
caso, apenas um bit por impulso pode ser codificado porque existem apenas duas polaridades
disponíveis.
Figura 3.5 - Exemplo de modulação BPSK [5]
I
Q
10
Figura 3.6 – Constelação BPSK
25
Tabela 3.3 – Códigos de espalhamento de comprimento 24
Comprimento do Código de Espalhamento
Code Set
Number L=24
1 -1, 0, 1, -1, -1, -1, 1, 1, 0, 1, 1, 1, 1, -1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, 1, -1, -1, 1
2 -1, -1, -1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, 1, 0, -1, 0, 1, 1
3 -1, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, -1 , 0 -1, 0, -1, -1, 1, 1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, -1, -1
4 0, -1, -1, -1, -1, -1, -1, 1, 1, 0, -1, 1, 1, -1, 1, -1, -1, 1, 1, -1, 1, -1, 1, -1
5 -1, 1, -1, 1, 1, -1, 1, 0, 1, 1, 1, -1, -1, 1, 1, -1, 1, 1, 1, -1, -1, -1, 0, -1
6 0, -1, -1, 0, 1, -1, -1, 1, -1, -1, 1, 1, 1, 1, -1, -1, 1, -1, 1, -1, 1, 1, 1, 1
Tabela 3.4 - Códigos de espalhamento de comprimento 12
Comprimento do Código de Espalhamento
Code Set
Number L=12
1 0, -1,-1,-1, 1, 1, 1,-1, 1, 1,-1, 1
2 -1, 1,-1,-1, 1,-1,-1,-1, 1, 1, 1, 0
3 0, -1, 1,-1,-1, 1,-1,-1,-1, 1, 1, 1
4 -1,-1,-1, 1, 1, 1,-1, 1, 1,-1, 1, 0
5 -1,-1,-1, 1, 1, 1,-1, 1, 1,-1, 1, 0
6 0, -1,-1,-1, 1, 1, 1,-1, 1, 1,-1, 1
Tabela 3.5 - Códigos de espalhamento de comprimento 1,2,3,4 e 6
Comprimento do Código de Espalhamento
Code Set Numbers
L=6 L=4 L=3 L=2 L=1
1 - 6 1,0,0,0,0,0 1,0,0,0 1,0,0 1,0 1
26
Todos os dispositivos que respeitem a norma devem ser capazes de emitir e receber sinais
BPSK modulados, sendo opcional a recepção de sinais 4-BOK.
Em BPSK cada símbolo representa um bit, sendo este bit que determina a polaridade, (+1) ou
(-1), com que o sinal de espalhamento é transmitido.
Em 4-BOK cada símbolo representa dois bits, sendo a modulação feita agrupando blocos de
dois bits com codificação de Gray ou com codificação natural.
3.5. Modelo para Transmissão e Recepção em DS-UWB
O Modelo de simulação de transmissão e recepção teve como objectivo construir um sinal
que estivesse dentro da norma IEEE 802.15.3a, para que se pudesse construir um receptor capaz
de devolver o sinal original transmitido.
Na Figura 3.7 está representado o diagrama de blocos de um transmissor e receptor DS-
UWB simulado em ambiente Matlab/Simulink.
Figura 3.7 – Diagrama de blocos em Matlab/Simulink de um transmissor e receptor DS-UWB
O modelo para simulação do canal de transmissão da Figura 3.8 foi o modelo testado pelo
IEEE 802.15.3a, que simula quatro ambientes de propagação diferentes:
CM1: Linha de vista, distância emissor/receptor 0-4m.
CM2: Sem linha de vista, distância emissor/receptor 0-4m.
CM3: Sem linha de vista, distância emissor/receptor 4-10m.
CM4: Sem linha de vista, atraso de 25ns referente ao erro quadrático médio (RMS).
Em cada um dos quatro ambientes foram realizadas 100 medições às condições do canal.
56.89
frequência2
1365
frequência
In1Out1
Upsample
UWB
Channel
Rate (MHz)
Rate (MHz)
In1Out1
Spread
PN Sequence
Generator
PN Sequence
Generator3
Error Rate
Calculation
Tx
Rx
Error Rate
Calculation
In1Out1
Downsample
0.0003368
5
1.485e+004
Display
In1Out1
Despread
DBPSK
DBPSK
Modulator
Baseband
DBPSK
DBPSK
Demodulator
Baseband
27
Figura 3.8 – Bloco usado para simular o canal de transmissão em Matlab/Simulink [9]
3.5.1. Transmissão em DS-UWB
A transmissão de um sinal em DS-UWB implica transmitir dados numa banda de frequências
muito maior que a largura de banda do sinal original, ou seja, utilizar espalhamento espectral por
sequência directa. A expansão de largura de banda por sequência directa é obtida com um código
independente da informação, misturando o sinal binário a transmitir com esse código e obtendo uma
taxa de transmissão muito mais elevada.
Na Figura 3.9 apresenta-se o diagrama de blocos do emissor DS-UWB para a transmissão da
trama sequência de aquisição. A multiplicação do sinal a transmitir pelo código de espalhamento
resulta num sinal com espalhamento espectral, tal como se pode verificar pelo valor da frequência
registado na Figura 3.7 antes e depois do bloco Spread.
A sequência de aquisição em DS-UWB é composta por 512 bits pseudo-aleatórios que são
multiplicados por um código de espalhamento de 24 símbolos. Esta multiplicação foi feita colocando
esses 512 bits num vector e multiplicando-o pelo código de espalhamento através de um bloco de
ganho. O período de amostragem atribuído ao bloco sequência de aquisição foi
.
Figura 3.9 – Diagrama de blocos em Matlab/Simulink da transmissão da sequência de aquisição em DS-UWB
1
Out1
PN Sequence
Generator
Sequência de aquisição
Row
vector
DBPSK
DBPSK
Modulator
Baseband
K*u
Código de espalhamento Column
vector
28
Gerador de Sequências Pseudo-aleatórias PN
A geração de sequências pseudo-aleatórias (PN) pressupõe o uso de um mecanismo que
permita a obtenção de um período elevado de maneira a que a sequência de bits pareça aleatória.
Para a realização do gerador de sequências pseudo-aleatórias foram utilizadas portas lógicas
XOR e flip-flops D. Este esquema tem a vantagem de se poder escolher a semente que gera a
sequência, uma vez que os flip-flops podem ser inicializados com „0‟ ou „1‟. Sabendo que cada
semente gera uma sequência diferente, torna-se necessário que tanto emissor como receptor utilizem
sementes com palavras digitais iguais para que a sincronização se torne viável.
A palavra digital usada para inicializar os flip-flops foi [1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1], que
corresponde ao polinómio característico . No anexo A encontram-se descritas
as propriedades que permitem identificar, univocamente, um polinómio característico, de maneira a
que o seu período seja .
Figura 3.10 - Gerador de sequências pseudo-aleatórias PN
No bloco Upsample é feito o deslocamento na frequência recorrendo a um bloco modulador
M-FSK (Multiple frequency-shift keying), cuja função é gerar a frequência central.
Figura 3.11 – Bloco Upsample
1
Out1deslocamento
da freqência
8
Upsample
3.4
Gain
M-FSK
Frequência central
FDATool
Digital
Filter Design
4
1
In1
29
Ao colocar um analisador de espectros na emissão, obtém-se o espectro relativo ao sinal DS-
UWB na emissão representado na Figura 3.12. O espectro obtido respeita a norma IEEE 803.15.3a
uma vez que está compreendido entre as frequências 3 e 8 GHz.
Figura 3.12 – Espectro do sinal DS-UWB na emissão simulado em Matlab/Simulink
3.5.2. Recepção em DS-UWB
A utilização de um receptor RAKE num sistema DS-UWB permite recuperar as réplicas que
chegam em multipercurso do sinal transmitido e combiná-las com o respectivo atraso de modo a
obter uma melhoria significativa na relação sinal/ruído do sinal de saída.
O diagrama de blocos em Matlab/Simulink, referido como Despread, do receptor RAKE
utilizado está representado na Figura 3.13.
Individualizando as réplicas, atrasando o sinal recebido diversas vezes, é feita a correlação
de cada réplica com o mesmo código de espalhamento utilizado na transmissão, de maneira a que as
réplicas contribuam construtivamente para o sinal de saída.
30
Figura 3.13 - Diagrama de blocos em Matlab/Simulink do receptor RAKE com 8 fingers em DS-UWB
O bloco Downsample é responsável por voltar a recuperar o espectro imediatamente antes da
emissão. Para o bloco modulador M-FSK foi usada a mesma configuração que no bloco
correspondente respeitante à emissão.
Figura 3.14 – Bloco Downsample
1
Out1
K*u
código de espalhamento7
K*u
código de espalhamento6
K*u
código de espalhamento5
K*u
código de espalhamento4
K*u
código de espalhamento3
K*u
código de espalhamento2
K*u
código de espalhamento1
K*u
código de espalhamento
Reshape
Row
vector7
Reshape
Row
vector6
Reshape
Row
vector5
Reshape
Row
vector4
Reshape
Row
vector3
Reshape
Row
vector2
Reshape
Row
vector1
Reshape
Row
vector
-1
Z Integer Delay6
-1
Z Integer Delay5
-1
Z Integer Delay4
-1
Z Integer Delay3
-1
Z Integer Delay2
-1
Z Integer Delay1
-1
Z Integer Delay
Column
vector7
Column
vector6
Column
vector5
Column
vector4
Column
vector3
Column
vector2
Column
vector1
Column
vector
Add
1
In1
1
Out1deslocamento
da frequência
M-FSK
Frequência central
8
Downsample
FDATool
Digital
Filter Design4
1
In1
31
Na Figura 3.15 está representa a informação codificada de acordo com a polaridade dos
impulsos, verificando-se, como seria de prever, a constelação BPSK na recepção. A polaridade dos
impulsos é trocada caso se queira codificar 0 ou 1. Neste caso, apenas um bit por impulso pode ser
codificado porque existem apenas duas polaridades disponíveis.
Figura 3.15 – Sinal com constelação BPSK na recepção simulado em Matlab/Simulink
A qualidade da transmissão pode ser avaliada através da visualização do diagrama de olho.
O diagrama de olho permite visualizar problemas na transmissão dos dados. É gerado usando um
osciloscópio ligado a um ponto, no receptor, antes da amostragem. Ao estar sincronizado com o
período de símbolo, o display resultante é a sobreposição de impulsos de símbolo consecutivos.
O diagrama de olho representado na Figura 3.16 mostra que existe uma boa margem de
ruído visível através da sua abertura de olho.
Figura 3.16 – Diagrama de olho na recepção simulado em Matlab/Simulink
33
4. Resultados de Simulação e Análise
Neste capítulo, avaliam-se os resultados de simulação dos blocos de sincronização da trama
DS-UWB e de recuperação do sinal com espalhamento espectral em ambiente Matlab/Simulink.
Avalia-se a probabilidade de erro de bit em função da relação sinal/ruído de várias soluções, de forma
a optimizar o sistema.
4.1. Ferramentas de Simulação
A simulação permite realizar o estudo de um sistema sem ter de o construir, obtendo-se
resultados muito precisos quando comparados com o sistema real. A esta vantagem está, também,
associado o facto de se poder introduzir alterações ao sistema de uma maneira eficiente, o que
resulta numa complexidade menor quando comparada com alterações no sistema real.
O Matlab é uma ferramenta que possibilita fazer cálculos matemáticos, analisar e visualizar
dados, e permite desenvolver algoritmos usando uma linguagem de programação de alto nível.
O Matlab/Simulink é uma ferramenta que permite simular e analisar sistemas dinâmicos e
embebidos. O seu ambiente gráfico permite, através de uma vasta biblioteca de blocos configuráveis,
simular, implementar, e testar uma variedade de sistemas que variam em função do tempo. Os
sistemas podem ser de processamento de sinais, processamento de vídeo, processamento de
imagens, comunicações ou controlo. A biblioteca de blocos configuráveis usada foi a Communications
Blockset que permite desenhar e simular a camada física de um sistema de telecomunicações sem
fios.
4.2. Resultados
Modelo de Propagação
O modelo de propagação em multipercurso foi desenvolvido pela Intel e aceite como proposta
de modelo pelo IEEE 802.15.3a [23]. A resposta impulsiva deste modelo é dada por:
(1.3)
onde é o coeficiente de ganho em multipercurso e é o atraso do -ésimo componente do
caminho . O sinal recebido é dado por:
(1.4)
em que é o sinal transmitido, a resposta impulsiva e o ruído aditivo branco gaussiano
(AWGN).
34
Este modelo segue a atenuação em espaço livre que é dada por:
(1.5)
em que é a distância em metros entre o emissor e o receptor e o comprimento de onda da
frequência central.
O gráfico da Figura 4.1 representa a variação da atenuação com a distância seguindo o
modelo da atenuação em espaço livre.
Figura 4.1 – Distância vs Atenuação
Para simular o desvanecimento devido ao multipercurso foram testados, pelo IEEE 802.15.3a,
quatro ambientes de propagação diferentes, referidos como CM1, CM2, CM3 e CM4. Em CM1 foi
simulado um ambiente em que emissor e receptor se encontravam em linha vista (LOS), e a distância
entre eles variava entre os 0-4m. CM2 foi testado num ambiente em que não havia linha de vista
(NLOS) entre os dispositivos e a distância variava entre os 0-4m. CM3 também foi testado em NLOS,
mas com uma distância entre dispositivos de 4-10m. Em relação a CM4 foi simulado uma situação
extrema de NLOS com um atraso de 25ns referente ao erro quadrático médio (RMS). Em cada um
dos quatro ambientes foram realizadas 100 medições às condições do canal.
0
10
20
30
40
50
60
0 2 4 6 8 10 12
Ate
nu
ação
(d
B)
Distância (m)
35
As respostas impulsivas dos quatro ambientes de propagação encontram-se representadas
nos gráficos seguintes, representando o tempo, em nanosegundos, que o sistema demora a
estabilizar.
Figura 4.2 – Resposta impulsiva para CM1 [6]
Figura 4.3 - Resposta impulsiva para CM2 [6]
0 20 40 60 80 100 120-1
-0.5
0
0.5
1
1.5Impulse response realizations
Time (nS)
0 20 40 60 80 100 120 140-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1Impulse response realizations
Time (nS)
36
Figura 4.4 - Resposta impulsiva para CM3 [6]
Figura 4.5 - Resposta impulsiva para CM4 [6]
A avaliação do desempenho de um sistema de comunicações é normalmente feita pela
análise da taxa de erros ocorridos durante a comunicação. Analisa-se assim a probabilidade de erro
de bit (BER – bit error ratio) em função da relação sinal/ruído por bit (Eb/N0).
0 50 100 150 200 250-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1Impulse response realizations
Time (nS)
0 50 100 150 200 250 300 350 400-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1Impulse response realizations
Time (nS)
37
Simulação
Nos gráficos das figuras seguintes encontram-se representados a probabilidade de erro de bit
(BER) em função da relação sinal/ruído. As simulações foram feitas aplicando o método EGC no
receptor RAKE da Figura 2.12, com 4, 8 e 16 fingers respectivamente. Para simular a propagação em
espaço livre, foram usados os ambientes disponibilizados pelo IEEE 802.15.3a. A ferramenta bertool
disponível no Matlab foi utilizada de maneira a desenhar os gráficos das figuras abaixo
representadas. Foi usada a opção de simulação designada por Monte Carlo. Os gráficos simulados
tiveram como limite de simulação 100 erros de bit ou 1e5 bits (o que ocorresse primeiro).
No gráfico da Figura 4.6 verifica-se que para a recepção em linha de vista (CM1) tem-se, para
BER=10-5
, uma relação sinal/ruído por bit Eb/N0=10dB, o que significa que é possível transmitir com
uma potência relativamente baixa e obter 1 bit errado por cada 100000 bits transmitidos. O mesmo
BER correspondeu para os outros ambientes testados a 18dB para CM2, 21dB para CM3 e 22dB
para CM4.
Figura 4.6 – BER vs Eb/No com L=4 fingers
No gráfico da Figura 4.7 verifica-se que para a recepção em linha de vista (CM1) tem-se, para
BER=10-4
, uma relação sinal/ruído por bit Eb/N0=8dB. O mesmo BER correspondeu para os outros
ambientes testados a 11dB para CM2 e 16dB para CM3.
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 2210
-5
10-4
10-3
10-2
10-1
100
Eb/N
0 (dB)
BE
R
CM3
CM4
CM2
CM1
38
Figura 4.7 - BER vs Eb/No com L=8 fingers
No gráfico da Figura 4.8, verifica-se que para a recepção em linha de vista (CM1) tem-se,
para BER=10-4
, uma relação sinal/ruído por bit Eb/N0=6,5dB. O mesmo BER correspondeu para os
outros ambientes testados a 8dB para CM2 e 9dB para CM3.
Figura 4.8 - BER vs Eb/No com L=16 fingers
0 2 4 6 8 10 1210
-4
10-3
10-2
10-1
100
Eb/N
0 (dB)
BE
R
CM2
CM3
CM4
CM1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1010
-5
10-4
10-3
10-2
10-1
Eb/N
0 (dB)
BE
R
CM4
CM1
CM2
CM3
39
Analisando os gráficos verifica-se que à medida que as condições do canal melhoram, o BER
diminui. Aumentar o número de fingers no receptor RAKE baixa significativamente a relação
sinal/ruído que é necessária para obter o mesmo BER, significando ser possível transmitir com
menos potência e obter a mesma taxa de erros. Essa verificação pode ser feita através do gráfico da
Figura 4.9.
Figura 4.9 - Eb/No,BER=10-4 vs número de fingers
A performance das tecnologias concorrentes pode ser comparada no gráfico da Figura 4.10.
Figura 4.10 - Performance MB-OFDM vs DS-UWB [22]
0
5
10
15
20
25
0 5 10 15 20
Eb/N0 (dB), BER=10-4
Número de fingers
CM1
CM2
CM3
40
Esta simulação teve os seguintes pressupostos [22]:
Receptor RAKE ideal (captura da energia das réplicas ideal).
Igualização ideal.
MB-OFDM e DS-UWB têm a mesma largura de banda, mesma potência e mesmo débito
binário.
Sistema sem perdas.
Através da análise deste gráfico, pode concluir-se que, para as mesmas condições de
simulação, o sistema DS-UWB tem uma melhor performance em relação ao sistema MB-OFDM para
os ambientes de multipercurso testados. Um sistema MB-OFDM equivalente a um DS-UWB traduz-se
num gasto de potência maior, uma vez que é necessário uma relação sinal/ruído mais elevada para
obter o mesmo valor de BER. Este aumento de potência na transmissão significa, também, que
haverá uma propensão maior para interferências.
41
5. Conclusões e Trabalho Futuro
5.1. Conclusões
Um sinal UWB possui uma largura de banda superior a 500 MHz ou, de forma equivalente,
uma largura de banda fraccionária acima de 0,2. Os dispositivos comerciais que possuem a
tecnologia UWB integrada, funcionam numa banda de frequências compreendida entre os 3.1GHz e
os 10.6GHz. Estes dispositivos, ao utilizarem a tecnologia UWB, deverão apresentar baixos
consumos de potência (fundamentais para as comunicações móveis), mas ao mesmo tempo permitir
um elevado ritmo de transferência de dados. O débito binário elevado, que pode atingir os 2000Mbps,
permite aos utilizadores dos dispositivos usufruir de uma solução rápida na transferência de dados
com a vantagem da ausência total de cabos entre os vários dispositivos.
Existem dois grupos de empresas diferentes a defender tecnologias de UWB incompatíveis:
DS-UWB (Direct Sequence UWB) e MB-OFDM (Multiband Orthogonal Frequency Division
Multiplexing). A tecnologia MB-OFDM utiliza a modulação OFDM, enquanto em DS-UWB, abordado
no âmbito deste trabalho, baseia-se no envio de impulsos de curta duração, modulados numa
portadora. Esta tecnologia utiliza espalhamento espectral por sequência directa, que resulta num sinal
enviado com maior largura de banda, tornando o sistema menos vulnerável a interferências e ao
mesmo tempo mais seguro. A modulação dos impulsos mais utilizada é BPSK (Binary Phase Shift
Keying).
Um dos objectivos deste trabalho foi a construção dos blocos de um receptor DS-UWB, onde
se processam o despreading e a sincronização do sinal digital recebido. Posteriormente procedeu-se
à simulação dos respectivos blocos, em ambiente Matlab/Simulink. Foi também estudada a influência
que o efeito do multipercurso apresenta na recepção do sinal. Com o intuito de estudar o impacto que
o multipercurso exerce na recepção do sinal, analisou-se a integração de um receptor RAKE nesse
sistema.
Construiu-se um modelo de blocos em ambiente Matlab/Simulink que simulou a comunicação
entre transmissor e receptor em DS-UWB. Na emissão, conseguiu-se construir um sinal digital que
consistiu no sinal correspondente à trama Sequência de Aquisição, composta por uma sequência PN
(Pseudo Noise) de 512 bits pseudo-aleatórios, espalhado com o código de espalhamento de 24
símbolos. A sequência PN foi obtida através da construção de um LFSR (Linear Feedback Shift
Register), que gerou uma sequência de 512 bits pseudo-aleatórios segundo um polinómio de grau 17.
A Sequência de Aquisição, composta pela sequência PN e pelo código de espalhamento, depois de
modulada, ficou com um comprimento de 12288 impulsos.
O receptor RAKE utilizado foi capaz de resolver com êxito a interferência provocada pelo
multipercurso, ao individualizar as réplicas recebidas e correlacionando-as com o mesmo código de
espalhamento usado na emissão.
42
Através da análise dos gráficos BER foi possível avaliar a performance de um sistema DS-
UWB, permitindo chegar a uma conclusão esclarecedora sobre as diferentes configurações testadas.
As hipóteses testadas tiveram em consideração o impacto da variação do número de fingers do
receptor (4,8 e 16) na performance do sistema. Comparando um sistema que utiliza um receptor
RAKE de 4 fingers e um outro com 16 fingers, verificou-se um ganho de performance, com o aumento
do número de fingers, na relação sinal/ruído de 35% em relação a CM1, 55% em relação a CM2 e
52% em relação a CM3.
Analisando os gráficos BER é ainda possível verificar, tal como era esperado, que à medida
que as condições do canal melhoram, o BER diminui. O aumento do número de fingers no receptor
RAKE traz como benefício a obtenção do mesmo valor de BER com relações sinal/ruído mais baixas.
A partir dos gráficos BER, é ainda possível inferir que com a melhoria das condições do
canal, a taxa de erros de bit diminui. Provou-se que o aumento do número de fingers no receptor
RAKE permite obter uma relação sinal/ruído mais baixa para valores idênticos de BER.
5.2. Trabalho Futuro
Os restantes blocos que compõem um receptor UWB deverão ser construídos e simulados,
de forma a criar um dispositivo completo para a recepção em DS-UWB.
Para ambientes com condições extremas (sem linha de vista - NLOS), designado por CM4, o
uso de um estimador de canal poderá ser uma boa hipótese para melhorar a performance do sistema.
Tal hipótese deverá ser simulada de forma a ser comparada com os dados existentes. O estimador
de canal poderá, igualmente, ajudar à implementação de um sistema que seja capaz de analisar as
várias réplicas recebidas, escolhendo-as segundo a sua maior ou menor energia.
43
Anexo A
Gerador de Sequências Pseudo Aleatórias PN
A.1 Linear Feedback Shift Register (LFSR)
Um LFSR é um shift register cujo bit de entrada é função linear do estado anterior. O uso de
um linear feedback shift register (LFSR), permite gerar sequências pseudo aleatórias de acordo com
um determinado polinómio característico.
O polinómio característico de um LFSR é dado pela seguinte expressão:
(A.1)
A representação genérica de um LFSR encontra-se representada na Figura A.1.
f(s0,s1,s2,…,sn-1)
s0
Saída
s1 s2 sn-1
c0 c1 c2 cn-1
Figura A.1 – LFSR [7]
Teorema: O LFSR gera uma sequência PN se e só se o seu polinómio característico é um polinómio
primitivo.
As propriedades que se seguem são úteis para validar o teorema anterior:
44
Todos os polinómios f(x) com coeficientes em GF(2) (Galois Field) tendo f(0)=1 são divisíveis
por para qualquer m. O m mais pequeno em que se verifique esta condição é o
período.
Um polinómio irredutível, que por definição não pode ser factorizado, de grau n tem um
período que é divisível por .
Um polinómio irredutível cujo período seja , tem o nome de polinómio primitivo.
45
Anexo B
B.1 4-BOK
A modulação 4-BOK é implementada usando a ortogonalidade dos impulsos, fazendo com
que se duplique, em relação a BPSK, a capacidade do sistema para a mesma largura de banda
ocupada.
Em 4-BOK, os símbolos de 2 bits são atribuídos a duas possíveis sequências de
espalhamento bem como a duas polaridades.
I
Q
S1S2
S3 S4
Figura B.1 – Constelação 4-BOK
A probabilidade de erro de símbolo genérica de um modulação M-BOK é dada por
(3.3)
onde é o SNR por símbolo, o SNR por bit e o número de símbolos. A
probabilidade de erro de bit média é dada por
(3.4)
Para 4-BOK vem
(3.5)
46
(3.6)
Tabela B.1 - Códigos de espalhamento para 4-BOK
Símbolo Codificação
Binária Natural
Codificação de
Gray
Código de
Espalhamento
s1 00 00 c1
s2 01 01 c2
s3 10 11 -c1
s4 11 10 -c2
Tabela B.2 - Códigos de espalhamento de comprimento 2,4,6,8 e 12
Comprimento do Código de Espalhamento
Código de
espalhamento L=12 L=8 L=6 L=4 L=2
c1 1,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0,0 1,0,0,0,0,0,0,0 1,0,0,0,0,0 1,0,0,0 1, 0
c2 0,0,0,0,0,0,1,0,0,0,0,0 0,0,0,0,1,0,0,0 0,0,0,1,0,0 0,0,1,0 0, 1
B.2 Piconets
As redes ad hoc são redes criadas de forma espontânea e têm como principal característica
serem criadas com limitação no tempo e no espaço.
As piconets são sistemas de comunicação de dados em redes sem fios ad hoc que permitem
que dispositivos comuniquem entre si. Uma piconet distingue-se de outros tipos de redes locais
porque está normalmente confinada a uma pequena área que cobre pelo menos 10 m em todas
direcções.
A componente básica de uma piconet é o DEV (device). A Figura B.2 ilustra a necessidade de
existir um DEV para assumir o papel de PNC (piconet coordinator) da piconet. O PNC gere os ritmos
de transmissão a usar na piconet através de uma sincronização inicial com todos os dispositivos
(beacon). Antes de se iniciar a piconet, o PNC é também responsável por escolher uma PAC (Piconet
Aquisition Codeword) que não esteja a ser utilizada para a comunicação.
47
Figura B.2 – Exemplo de uma piconet em 802.15.3 [2]
Tabela B.3 – Frequências centrais das piconets
Piconet Channel Chip Rate Center Frequency Spreading Code Set
1 1313 MHz 3939 MHz 1
2 1326 MHz 3978 MHz 2
3 1339 MHz 4017 MHz 3
4 1352 MHz 4056 MHz 4
5 1300 MHz 3900 MHz 5
6 1365 MHz 4094 MHz 6
7 2626 MHz 7878 MHz 1
8 2652 MHz 7956 MHz 2
9 2678 MHz 8034 MHz 3
10 2704 MHz 8112 MHz 4
11 2600 MHz 7800 MHz 5
12 2730 MHz 8190 MHz 6
48
B.3 Ritmos de transmissão
Os ritmos de transmissão que estão disponíveis para a banda de operação inferior (3,1 – 4,85
GHz) estão representados na Tabela B.4.
Tabela B.4 – Ritmos de transmissão da banda inferior
Ritmo de
Transmissão
Correcção de
Erros FEC
Comprimento do
Código de
Espalhamento
Alcance
(AWGN)
28 Mbps ½ 24 35 m
55 Mbps ½ 12 27 m
110 Mbps ½ 6 22.2 m
220 Mbps ½ 3 16.2 m
500 Mbps ¾ 2 7.5 m
660 Mbps 1 2 4.7 m
1000 Mbps ¾ 1 4.8 m
1320 Mbps 1 1 3.3 m
Tabela B.5 - Ritmos de transmissão da banda superior
Ritmo de
Transmissão
Correcção de
Erros FEC
Comprimento do
Código de
Espalhamento
Alcance
(AWGN)
220 Mbps ½ 6 11.8 m
440 Mbps ½ 3 8.5 m
500 Mbps ¾ 4 6.3 m
660 Mbps 1 4 6.7 m
1000 Mbps ¾ 2 4.2 m
1320 Mbps 1 2 4.7 m
2000 Mbps ¾ 1 2.6 m
49
Anexo C
C.1 Forma de Onda em DS-UWB
A forma de onda utilizada em DS-UWB é a forma de onda Gaussiana definida pela função de
Gauss [2],
(3.7)
Figura C.1 – Simulação em Matlab das formas de onda de um impulso Gaussiano e respectivas derivadas
A primeira derivada é dada por
(3.8)
onde
A segunda derivada vem
(3.9)
onde
-2 -1 0 1 2
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Tempo (ns)
Am
plit
ude N
orm
aliz
ada
Impulso Gaussiano
-2 -1 0 1 2
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
Tempo (ns)
1ª Derivada do Impulso Gaussiano
-2 -1 0 1 2
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
Tempo (ns)
2ª Derivada do Impulso Gaussiano
50
Figura C.2 – Simulação em Matlab de um impulso modulado por uma frequência igual a 4,1GHz e respectivo espectro
2 2.5 3 3.5 4 4.5
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Frequência (GHz)
Magnitude
-2 -1 0 1 2
-1
-0.5
0
0.5
1
Tempo (ns)
Am
plit
ude
51
Anexo D
%Forma de Onda DS-UWB %Impulso Gaussiano e suas 1ª e 2ª derivadas %1ªderivada --- impulso simples (monopulse) %2ª derivada --- usado para a norma (doublet)
fs=20E9; ts=1/fs; t=[(-4E-9-ts):ts:(4E-9-ts)];
tau=0.5E-9;%largura do impulso x=(t/tau).*(t/tau); A=1;%polaridade dos impulsos (+1 ou -1)
%impulso Gaussiano y=(1/(sqrt(2*pi())*tau))*exp(.5*(-x)); figure(1) subplot(1,3,1) plot(1E9*t,1E-9*y) xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude Normalizada');title('Impulso
Gaussiano') grid on
%1ª derivada y=A*(t/tau).*exp(-(t/tau).*(t/tau));
subplot(1,3,2) plot(1E9*t,y) xlabel('Tempo (ns)');title('1ª Derivada do Impulso Gaussiano') grid on
%2ª derivada y=A*(1/(sqrt(2*pi())*tau))*(1-x).*exp(.5*(-x)); subplot(1,3,3)
plot(1E9*t,1E-9*y) xlabel('Tempo (ns)');title('2ª Derivada do Impulso Gaussiano') grid on
%Forma de Onda DS-UWB %Impulso Gaussiano e suas 1ª e 2ª derivadas %1ªderivada --- impulso simples (monopulse) %2ª derivada --- usado para a norma (doublet)
fs=20E9; ts=1/fs; t=[(-4E-9-ts):ts:(4E-9-ts)];
tau=0.5E-9;%largura do impulso x=(t/tau).*(t/tau); A=1;%polaridade dos impulsos (+1 ou -1)
52
%impulso Gaussiano y=(1/(sqrt(2*pi())*tau))*exp(.5*(-x)); %figure(1) %plot(1E9*t,1E-9*y) %xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude Normalizada');title('Impulso
Gaussiano') %grid on
%1ª derivada y=A*(t/tau).*exp(-(t/tau).*(t/tau));
%figure(2) %plot(1E9*t,y) %xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude Normalizada');title('1ª Derivada do
Impulso Gaussiano') %grid on
%2ª derivada y=A*(1/(sqrt(2*pi())*tau))*(1-x).*exp(.5*(-x)); %figure(3) %plot(1E9*t,1E-9*y) %xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude Normalizada');title('2ª Derivada do
Impulso Gaussiano') %grid on
%shift do impulso y=A*(1/(sqrt(2*pi())*tau))*(1-((t-4.1E-9)/tau).*((t-4.1E-
9)/tau)).*exp(.5*(-((t-4.1E-9)/tau).*((t-4.1E-9)/tau))); %figure(4) %plot(1E9*t,1E-9*y) %xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude Normalizada');title('Impulso
Gaussiano com Shift no Tempo') %grid on
%impulso Gaussiano modulado por uma onda sinusoidal
%(dominio frequencia) y=exp(.5*(-x)).*cos(2*pi()*8.2E9*t); N = 2048; X = abs(fft(y,N)); X = fftshift(X); F = [-N/2:N/2-1]/N; figure(5) subplot(1,2,2) plot(F*10,X/10), xlabel('Frequência (GHz)');ylabel('Magnitude'); grid on %(dominio tempo) y=A*exp(.5*(-x)).*sqrt(2).*cos(2*pi()*4.1E9*t); subplot(1,2,1) plot(1E9*t,y), xlabel('Tempo (ns)');ylabel('Amplitude'); grid on
53
Bibliografia
[1] C. L. Bennett and G. F. Ross, Proceedings of the IEEE, Vol. 66, No. 3. March 1978.
[2] R. J. Fontana, Recent applications of ultra wideband radar and communications systems, Ultra-
Wideband, Short-Pulse Electromagnetics. Kluwer Academic/Ple-num Publishers, May 2000.
[3] M. Z. Win and R. A. Scholtz, "Ultra-Wide Bandwidth Time-Hopping Spread-Spectrum Impulse
Radio for Wireless Multiple-Access Communications," in IEEE Transactions on Communications,
Vol. 48, No. 4, April 2000.
[4] Federal Communications Commission, "Revision of Part 15 of the Commission Rules Regarding
Ultra-Wideband Transmission Systems," Report FCC 02-48, February 14, 2002.
[5] A. Technologies, "Ultra-Wideband Communication RF Measurements," Application Note 1488.
[6] M. Ghavami, L. B. Michael, and R. Kohno, Ultra Wideband Signals and Systems in
Communications Engineering, L. John Wiley & Sons, Ed. 2004.
[7] E. Thomas, "Walk Don't Run - The First Step in Authorizing Ultra-Wideband Technology," in IEEE
Conference on Ultra Wideband Systems and Technologies, 2002.
[8] K. Siwiak and D. Mckeown, Ultra-Wideband Radio Technology. John Wiley & Sons, Ltd, 2004.
[9] J. R. Foerster, "The effects of multipath interference on the performance of UWB systems in an
indoor wireless channel," Spring Vehicular Technology Conf., May 2001.
[10] H. Hashemi, "Impulse response modeling of indoor radio propagation channels," IEEE Journal on
Selected Areas in Communications, pp. 11:967-978, 1993.
[11] A. A. Saleh and R. A. Valenzuela, "A statistical model for indoor multipath propagation," IEEE
Journal of Selected Areas in Communications , pp. 5:128-137, 1987.
[12] H. Susuki, "A statistical model for urban radio propagation," IEEE Transactions on
Communications, pp. 25:673-680, 1977.
[13] F. Molisch and Andreas, "Status of models for UWB propagation channels," Mar. 2004.
[14] W. Webb, The Complete Wireless Communications Professional: A Guide for Engineers and
Managers, A. House, Ed. Boston, 1999.
[15] R. Price and P. E. Green, "A Communication Technique for Multipath Channels," Mar. 1958.
[16] S. Haykin, Communications Systems , 4th ed..
[17] R. Fisher, R. Kohno, M. M. Laughlin, and M. Welborn, "DS-UWB Physical Layer Submission to
802.15 Task Group 3a," IEEE P802.15 Working Group for Wireless Personal Area Networks
(WPANs), September 2005.
[18] O. W. Yeung and K. M. Chugg, "A Low Complexity Circuit Architecture for Rapid PN Code
Acquisition in UWB Systems Using Iterative Message Passing on Redundant Graphical Models,"
in , University of Southern California.
54
[19] G. R. Aiello and G. D. Rogerson, "Ultra-wideband Wireless Systems," IEEE Microwave Magazine,
Jun. 2003.
[20] R. Morelos-Zaragoza. (2005, Jan.) Mathworks. [Online].
http://www.mathworks.com/matlabcentral/fileexchange/loadFile.do?objectId=6697
[21] J. Foerster, "Channel Modeling Sub-commitee Report Final," February 2003.
[22] M. Welborn, "First Principles Analysis of UWB DS-CDMA and UWB MB-OFDM In Multipath,"
XtremeSpectrum, Inc., 2003.
[23] http://www-math.cudenver.edu/~wcherowi/courses/m5410/m5410fsr.html.
[24] LAN/MAN Standards Committee, "Part 15.3: Wireless Medium Access Control (MAC) and
Physical Layer (PHY) Specifications for High Rate Wireless Personal Area Networks (WPANs),"
2003.
[25] M. Hämäläinen and J. Iinatti, "Analysis of Jamming on DS-UWB System ," Centre for Wireless
Communications.
[26] P. Pirinen, Effective Capacity Evaluation of Advanced Wideband CDMA and UWB Radio
Networks. Oulu University Press, 2006.
[27] http://www.euwb.eu/news/staccato-and-artimi-gain-momentum-in-uwb-technology.