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CYNTHIA MARA ZILLI
PAUSA PARA GINASTICA
Monografia apresentadarequisito parcial a obtenc;:ao do graude Especialista em FisioterapiaCurso de Traumatalegia e Ortopedia,Setor de Saude da UniversidadeTu!uti do Parana. . .0
Orlentador: Profa Sidnalva WawzYnlakProfa lucy Mara Silva BaLl
CURITIBA2000
Deixo aqui os meus
agradecimentos a todos que, direta
ou indiretamente, colaboraram para
o exito no desenvolvimento e
conclusfio desta monografia
SUMARIO
RESUMO . iv
INTRODUQAo .. .
EMBASAMENTO TE6RICO . 3
3
5
6
8
11
14
16
18
21
1.1 PARA ENTENDER LER/DORT .
1.1.1 Dor Muscular E Fadiga Muscular
1.2 MECANISMOS CAUSAIS ..
1.3 CONTROLE MOTOR .
1.4 FORQAS MECANICAS .
1.5 PRESsiio INTRAMUSCULAR.
1.6 FLUXO SANGUiNEO.
1.7 FATORES METABOLICOS .
1.8 OTIMIZAQiio DA CARGA DE TRABALHO ...
1,8,1 Mecanismos De Recupera,ao.. 22
1.8.2 Caracteristicas Do Trabalho Dinamico E Do Trabalho Estatico. 23
1.8.3 A Questao Do Sedentarismo E Da Atividade Fisica ... 25
271.8.4 0 trabalho E As Atividades Fisicas .
1.9 OS FATORES DE RISCO PARA OS DISTURBIOS
OSTEOMUSCULARES .
1.9.1 A Postura Como Preditor Da Carga Tecidual
.11.3 Program a de Ginastica Laboral .
30
31
33
383839394041
4446475051
1.9.2 Posturas E Esfor,os Estaticos ...
1.10 MODIFICAQOES ERGONOMICAS ..
1.10.1 A Promo,ao Da Saude Do Funcionario
1.11 GINASTICA LABORAL.. . .
.11.1 Conceito ..
.11 .2 Objetivo .
2 MATERIAL E METODO.
3 APRESENTAQAo DOS DADOS
4 INTERPRETAQAO DOS DADOS .
CONCLUsAo. . .
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ..
RESUMO
A tecnologia associ ada ao estresse des grandes centr~s, vern agravando et
principalmente, prejudicando, 0 born funcionamento do organismo humano,estimulando ao sedentarismo, a ma-postura e les6es musculares. A maiaria dcsindividuos nos dias de hoje, pass a mais de 50% do seu tempo sentada nos locaisde trabalho. 1550 favorece tambem a reduyao da aptidao fisica, 0 aumento des riscosde disturbios cardiovasculares e 0 aparecimento da fadiga, termo que designa umareduyao da capacidade de produyao e a perda da motivayao para qualqueratividade. Preocupada com 0 bem-estar e a qualidade de vida do homem, aergonomia e uma ci~ncia que vern ganhando espayo e direcionando as melhoressoluyoes para as problemas de relacionamento entre 0 homem e a maquina, umacondicional para sobreviver no proximo milenio. Porem, em atividades nas quais asmovimentos sao ciclicos, curtos e repetitivos, somados a uma contrac;ao muscularisometrica, par usa biomecanicamente incorreto do corpa, devido a vicios posturais,e necessario mais do que moveis ergon6micos para a boa execuyao das tarefas eprevenyc30 dos distUrbios osteomusculares, em decorrencia da fadiga muscular.Como forma de prevenir ou reduzir os efeitos negativos da falta de rnobilidadecorporal, muitas empresas ja adotam a Ginastica Laboral, associ ada a corretaadequayao ergon6mica.
INTRODUc,:Ao
o trabalho industrializado mecanizado e a automayao, aliados a uma busca
desenfreada pela produtividade e pela qualidade vem impondo condi90es
extrema mente insalubres e prejudiciais a saude do ser humane de uma forma geral.
Na medida em que avan9am a informatizac;ao e 0 ritmo da competiC;;30, com 0
consequente aumento do estresse. ate 0 escrit6rio tornau-se palco de risco a saude
do trabalhador, em nlveis antes comuns apenas na presenc;a de maquinaria pesada.
As lesoes resultantes dessas condic;oes e urn fenorneno observado
mundialmente. Atingiu seu auge primeiro no Japao, na decada de setenta; nos anos
oitenta, na Australia enos Estados Unides. No Brasil, foi reconhecida como doenc;a
ocupacional em 1987, como "tendinite do digitador". Em 1993,0 Instituto Nacional
de Previd~ncia Social - INSS, denominou-a "le5ao par esfortro repetitiv~" - LER. Em
1998, a nomenclatura e a norma do INSS alteraram a denomjna~ao para "disturbios
osteomusculares relacionados ao trabalho - DORT (O'NEIL, 2000).
As LER/OORT constituem, hoje, a segunda maior causa de afastamento de
trabalhadores, segundo dados oficiais do Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS).
De acordo com a Organizayao Mundial de SaLlde - OMS, um em cada cem
trabalhadores do sudoeste brasileiro e portador de LER/OORT. Somente no primeiro
ana de afastamento, cada funclonario vitimado pela LER/OORT acarreta para a
empresa, em media, uma despesa de RS 89 mil, entre encargos socials e
pagamento de substituto temporario.
A demanda crescente p~r melhores selVi~os e 0 aumento da produtividade
- 0 que tambem ocasiona 0 aumento do numero de trabalhadores com doenyas
ocupaclonais - torna a ergonomia cad a vez mais promissora na contribui~ao para a
solU9ao de tais problemas.
Para tanto se faz necessaria a implantayao de uma ergonomia de
concep~ao, pois apenas a monitorayao das queixas dos trabalhadores ou do
tratamento medico conduzem a um falso sense de seguranya, ja que a LER/OORT
geralmente apresenta manifestayoes tardias advindas de problemas causados per
lesoes contlnuas e cumulativas (HIGGS eta/, 1992).
E de consenso geral que mas condic;6es dos fatores ambientais e da
organizac;ao do trabalho contribuem para 0 desenvolvimento de doen~as
ocupacionais. Assim, e 16gico pensar que os principies ergen6micos sao
amplamente utilizaveis e necessarios para a preven~ae desses disturbios.
o que se preconiza, nao e apenas a implanta~ao de uma ergonomia de
concep~ao do posto de trabalho ou de uma ergonomia de corre~ao. Preconiza-se,
acima de tudo, uma ergonomia de censcientiza~ao, na qual 0 trabalhador aprenda a
portar-se de forma segura diante da situa~ao de trabalho, sabendo quais delas
colocarao em risco a sua saude e seguranva, bern como os procedimentos a serem
realizados para eliminar au minimizar as riscos.
A ginastica laboral, aliada a ergonomia, parece estar sendo a soluvao
encontrada pelas empresas para lidar com as graves conseqOencias deste contexto,
pois, alem das doen9as ocupacionais, os acidentes de trabalho afetam
significativamente a produtividade e abalam seriamente os niveis de competitividade
da empresa.
Esta modalldade de ginastica garante 0 alongamento muscular e procura
compensar, atraves de exercicios, algumas posturas err6neas adotadas durante 0
trabalho (COUTO, s.d.).
Nas situac;:oes de grande esforvo fisico, indica-se uma gimistica de
alongamento e de aumento leve do metabolismo, de forma a preparar 0 organismo
para a atividade que se inicia. No caso de trabalhos com muita repeti9ao de
movimentos, 0 indicado e urn prograrna que inclua varia interrupc;:6es para exercicios
de alongamento.
A educav2lo, em forma de treinamento, para as funcionarios e gerentes, eessencial. Atraves dela eles podem entender 0 principia da ergonomia, e assim
apinar conscientemente, contribuindo sobrernaneira para a identificac;:ao e correc;:ao
dos riscos ergon6micos (PRIETO, 1995; BIMONTE, 1994).
1 EMBASAMENTO TEO RICO
1.1 PARA ENTENDER A LERIDORT
Segundo uma das leis de Murphy, se alguma coisa nao e utilizada em todo
seu potencial, romper-se-a. Esta afirmaC;<lo, que provoca raciocinio, nos fa2 lembrar
que todas as estruturas passu em urn ponto de ruptura. Ayo, vidro, madeira ou
esmaltes, sao todos passlveis de resistir a certa quanti dade de estresse,
caracteristico para cada estrutura. Uma forc;a 5uficientemente grande causara
ruptura com apenas uma aplica~ao. For~as menores, repetidas durante certo tempo,
eventualmente causarao fraturas decorrentes de fadiga.
o rnesmo contexte e verdadeiro para a tecido biol6gico: 05S0, ligamenta,
tendao ou musculo. Os esforfyos repetitivos provocam tens6es repetitivas com
eventual ruptura.
Os tecidos biol6gicos possuem uma distinta vantagem sabre 0 material fisico
inerte: sua ruptura pode cicatrizar-se. lsto pode ser mais drasticamente ilustrado par
urn calo que repetidamente envolve as extremidades de urn osso fraturado. Uma
resistente armac;ao cartilaginosa insere-se rapidamente em torno do local fraturado.
Ese torna rigido pela calcificac;ao, sen do entao substituido par osso.
Esse processo de autocicatrizac;ao tambem ocorre em nivel microscopico,
quando 0 estresse aplicado e suficiente apenas para romper urn tecido.
Julius Wolff (1982) descreveu esse lenomeno, conhecido como lei de Wolff,
em ossos: ao se aplicar urn estresse a um osso, este se torna mais resistente. Uma
bailarina coloca um estresse consideravelmente maior sobre 0 seu segundo
metatarso do que uma pessoa quando anda ou corre. Fazer isso, todos os dias, por
muitas horas, pode causar fratura do metatarso. No entanto, como 0 estresse e
aplicado gradualmente, em vez de fraturar, 0 osso se torna mais resistente e
novamente mais espesso na radiografia. Ou seja, 0 estresse graduado sobre um
osso promoveu aumento de lor~a (RANNEY, 2000).
A lei aplica-se tambern a todos os tecidos. A fricy2l0 repetida da pele
estimula 0 crescimento das celulas cutaneas. Se 0 crescimento celular puder
manter-59 urn pouco a frente de tentativa de dan~, a pele torna-se a rnais espessa
resultando em calo. De modo 5emelhante, 5e urn individuo exercitar-se
suficientemente, de modo regular, seu cora~ao torna-se maior e mais forte. amesmo se aplica aos musculos, aos tend5es, aos ligamentos e aos demais tecidos,
ate mesmo 0 cerebro. Se 0 organismo humano usar 0 que possui, tornar-se-a mais
forte; caso contriuio, tornar-se-a cada vez mais fracos.
Entretanto, se for aplicado ao tecido um estresse bern maior do que este
possa tolerar, em vez de tornar-se mais forte 0 tecido rompe-se: a fric.yao cutanea
continua resulta em uma bolha ou mesmo uma ulcera; 0 musculo for~ado, estira-se;
o tendao apresenta microrrupturas, 0 cerebro fica cansado.
Nos dias de hoje, a dor e a hipersensibilidade museu lares sao fencmenos
comuns da vida modema, especialmente quando as pessoas estao submetidos a
tensao continua. Quase sempre, as areas mais acornetidas sao a do trapezio e a do
esternoeleidomast6idea, apresentando urn quadro clinico conheeido como dar
miofascial, mialgia na regiao do pesco.yo e om bros au, quando mais persistente,
constitui 0 que se denomina de sindrome de tensa.o cervical ou disturbios cervi co-
braquiais ocupacionais.
Urn fencmeno doloraso e, muito provavelmente, con seqUencia pura e
simples de pouca nutri.yao imposta aos musculos pela contra.yao isometric a
(estatica) dos musculos, decorrente do quadro de tensEio que, sobrepujando a
pressao interna do sangue, ocasionara rna nutri.yao para esses musculos, com a
produ~ao de metabolito anaer6bico, como 0 acido latico, irritante poderoso das
termina~6es nervosas de dor. A favor desse mecanismo esta a evidencia de que
tecnicas de relaxamento e distensionarnento proporcionam resultados bons e
imediatos no alivio do fenomena doloroso. Mesma em fase crcnica, e pouco
provavel tratar-se de urn fenomeno vascular.
as musculos tambem sao vulneraveis aos fenornenos de distensao aguda,
geralrnente causadas por sobresfor~o instantaneo. Nesta situac;:ao, bern
demonstrada fisiopatalagicamente, a base da recuperac;:ao completa e 0 repouso
durante 0 tempo necessario.
Tend6es, sin6vias, musculos, nervos, fascias e ligamentos ,sao as estruturas
mais acornetidas de LER/OORT. Todas elas tern em comum 0 fato de serern
constituidas por tecido conjuntivo com caracteristicas fisicas, bioquimicas e
funcionais especiais, voltadas para transmitir cargas e impulsos eletricos,
transformar energia para produzir movimentos e estabilizar articulac;:6es. Na maioria
das vezes, as LER/DORT acametem uma au mais dessas estruturas, pr6ximo au no
interior das articulac;:oes.
as disturbios do sistema locomotor sao encontrados em arnpla gam a de
ocupayao e ocorrem em conexao com a trabalho fisico pes ado.
As diferentes exposic;:oes produzem diferentes efeitos sabre as tecidos do sistema
locomotor na forma de alterac;:oes moriol6gicas au bioquimica, que podem influenciar
as funyoes teciduais. as fatores que induzem a defici~ncia funcional sao
considerados fatores de risco em potencial. Ou seja, a presenya destes fatores,
durante a realizayao do trabalho, implica em risco de desenvolvirnento do disturbio e
s6 sera possivel preveni-Ios com a eliminayao ou minimizac;:ao da exposic;:ao a esses
fatores de risco ou com a recuperayao adequada ap6s exposiyao.
a inicio da lesao e, geraimente, precedido por uma long a serie de reayoes
teciduais. Conhecer os varios estagios envolvidos no processo de desenvolvimento,
permitira elaborar urn program a de prevenc;:ao antes do surgimento da alterayao,
antes que ela se tome uma lesao cronica. Portanto, 0 conhecimento da patog€mese
e a importancia dos varios estagios fisiol6gicos no desenvolvimento dos disturbios
osteomusculares e crucial na elaborac;:ao de um programa de prevenyc30 dirigida.
1.1.1 Dor Muscular E Fadiga Muscular
Tanto a dor como a fadiga sao fenomenos essencials para estudos
referentes aos mecanismos de desenvolvimento dos disturbios do sistema
locomotor. Quando 0 trabalho muscular e realizado durante urn tempo prolongado,
desenvolve-se a fadiga. A fadiga pode gerar uma execuyao menos cuidadosa ou
precisa da atividade e pode, portanto, resultar em acidentes.
Um trabalhador fatigado tem mais probabilidade de fazer um movimento
errado, como escorregar e cair, provocando a lesao. Entretanto, mesmo nao
ocorrendo urn acidente, a fadiga prolongada, sem a tempo adequado para a
recuperac;:ao, pode levar ao desenvolvimento de disturbios osteomusculares.
Hit muitas definiyoes de fadiga muscular. Defini-Ia como "a incapacidade de
sustentar 0 desenvolvimento esperado de forrya ou potencial externo", usada em um
contexto fisiol6gico de trabalho, restringe a expressao "fadiga muscular" ao
significado "daquele ponto ern que urn trabalho, au tarefa especifica, nao pode mais
ser realizado com a mesma intensidade". Entretanto, este ponto, para ser
eorretamente denominada, e a "exaustaa".
o inicio da exaustao e precedido por urn grande numero de alterayoes
musculares que levam a diminuilY030da capacidade de gerayao de forya muscular,
fen6meno definida como "fadiga muscular", que se desenvolve gradualmente, desde
o inicio de cad a esforyo muscular.
Estudos experimentais utilizando 0 estimulo eh~trico externo dos musculos,
mostram que a fadiga muscular, resultando de cargas submaximas prolongadas, eprincipalmente de origem periferica. Neste contexto, 0 fator fisiologico significante
para a desenvolvimento da fadiga muscular pode ser de carater mecflnico,
metabolico au eletrofisiologico.
Os processos que ocorrem em conjunto com 0 esforyo muscular sao
normal mente reversiveis. Isso significa que as museu los podem se recuperar com 0
repouso apos esforyo. Urn periodo de repouso apos a atividade muscular, e,
portanto, essencial para permitir que 0 musculo recupere toda a sua capacidade
funcional em relayao it forc;a e resistencia.
1.2 MECANISMOS CAUSAIS
Nilo existe uma adequa,ilo definida de tempo para a durayao da atividade
au para a dura9ao do perlodo de repouso subseqOente, pais 0 processo de
recuperayaa fisiol6gica depende do tipo de atividade que provocou a fadiga
muscular. 5e a fadiga e causada por carga relativamente alta, par um periodo curto,
a reeuperayaa necessaria sera mais n:lpida do que se a fadiga for proveniente de
uma atividade pralongada a baixo nivel de earga.
Dessa forma, se 0 mesmo grupo muscular, ou grupo de fibras musculares,
for continuamente ativado, durante uma jornada de trabalho de sete ou oito haras,
existe ate mesmo 0 risco de que a musculo nao se recupere totalmente mas
pr6ximas vinte e quatro horas. 0 desenvolvimento da dor e da fadiga musculares,
relacionadas ao trabalho e, provavelmente, resultado da estreita rela9ao entre
fatores mecflnicos e quimicos. As rea90es corpora is fisiol6gicas, na atividade
muscular, dependem da dura930, freqUencia e tipo da contrac;ao
dura9ao da sua recupera~ao.
Dependendo do modo como se combinam essas exposiy6es no local de
trabalho (ver figura 1), 0 efeito da atividade muscular pede ser e de melhorar a
capacidade fisica funcional ou de sobrecarregar e debilitar a funyao muscular, como
se observa nos disturbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
Exposi<;ao
Resposta
fisiol6gica
Efeito a
longo
prazo
Capacidade sustentadaau capacidade flsica
methor
Alterac;::oesdegeneratlvas
FIGURA 1 - Modelo mostrando a rela~ao entre exposirrao, res posta fisiol6gica eefeitos a longo prazo na patogenese do desenvolvimento dosdisturbios osteomusculares relacionados ao trabalho.
1.3 CONTROLE MOTOR
A regulat;:ao da for9a e realizada atraves do musculo, via "recrutamento"
(ativa9ilo) das unidades motoras. A unidade motora (figura 2) e a men or unidade do
musculo e constitui-se par:
a) urn nervo motor;
b) as fibras musculares inervadas.
FibrilS
nCI:ronio
MI,,,'n,, ~-t'·I'I!-tl!-!~I.;l;;:;::-••.•.•-U:::\::Io' "-'£l~ j\(;lill<l
.--. -I t· -H- H-H+--Miofibrila
FIGURA 2 -- Olagrama de uma unidade motora (A) combinacta com a dilatagao de umafibra muscular (8) e posterior dilatagao das estruturas celulares dessa fibra(C). 1- propagag30 da ayao potencial ao longo da membrana muscular etubulos em T; 2- acoplamento do movimento da carga dos tubulos em T comIIberag30 de Ca 2-+-do reticula sarcoplastico (RS); 3- Iiberag30 de Ca2+ do RS ereceptag30; 4- reagao da mioslna-actina do ATP (adenosina trifosfato) eciclagem de efetto de treinamento ou treinamento cruzado (crossbridge).Fonte: Ranney, 2000
·~Q..A
Numcro de unldadcs recruladas
TensiiorelaUva
Contrat;:fi.o Soma Tclano
111111111111111111111111111111111s S SSS!>l'oSS$.'iSSSS$SSSSSSSS55SSSSSSSSS
100 200 300 ,100 5':)0 GOO 700 HOD 900 1.000A C
Tid (Ins)
FIGURA 3 - GraduagClo de forga atraves do recrutamento de unldades motoras: primeirosao recrutadas as pequenas unidades motoras; aumentando a fo(<;a, saorecrutadas unidades de forga maiores, com niveis de limiar mais altos (A);graduag80 de fortfa atraves da modulagEio de freqOencia de uma unidademotora: a forga de contra9ao tern cerca de urn tenia da forga tetanica e,somando-se a for9a, esta pode ser gradualmente aumentada ate atingir fon;:atetC§nica. Fonte: Ranney, 2000
Urn mesmo nervo pode inervar de umas poucas ate mais de 1000 fibras. A
potencia de urn musculo revigorado e regulada em parte pelo numero de unidades
motoras ativadas e em parte pela modula!fao da treqOencia de ativa!fao das
unidades motoras ativas (figura 3).
a padrao de recrutamento tern maior significa!fao para a carga sabre
musculos individuais, mesmo que todo a musculo esteja funcionando com apenas
uma parcela relativamente pequena de sua capacidade, logo, gerando uma pequena
percentagem de sua fon;a de contra98o voluntaria maxima (CVM).
10
Por exemplo, durante trabalho monotono, as unidades motoras individuals-
e tambem suas celulas museu lares - podem funcionar mUlto bem com uma carga
alta, au ate relativamente muito alta. Isto aconteee porque apenas urn pequeno
numero das unidades motoras museu lares se ativam com cargas baixas.
Assim, as disturbios relacionados ao trabalho oeorrem freqUentemente com
o trabalho monotone e as sintomas podem se manifestar porque sao recrutadas
apenas poucas unidades motoras no musculo e a carga nao se distribui igualmente
entre todas as fibras museu lares.
o recrutamento das unidades motoras quase sempre ocorre de acordo com
urn padrao hierarquico em que as unidades com urn pequeno valor de limiar sao
ativadas a baixos nlveis de for~a, ao passo que outras s6 sao recrutadas a niveis
altos de forga (figura 4).
Tempo
FIGURA 4 - Diagrama esquematico mostrando 0 recrutamento das unidades motoras ernordem hierarquica: desenvolvimento da for,a (A); recrutamento (B)Fonte: Ralllley, 2000
11
Sempre que uma unidade de forya e ativada, gera aproximadamente 30% de
CVM. Isto significa que, mesma que urn trabalho especifico demande uma carga
media de apenas 10 % de CVM, as unidades motoras ativas, relativamente em
pequeno numero, reunirao pelo menos 30% de sua fOf9a. A gerac;c3.ode energia de
urn musculo expressa como uma carga relativa nao produz entao a informayao
direta sabre a carga em uma unidade motora individual.
Diversos estudos indicam que, no trabalho monotono, sao as mesmas
unidades motoras, com baixo limiar, que estao continuamente ativadas (au seja, 0
trabalho que comeya muito cedo e vai ate muito tarde); estas unidades podem ser
chamadas de "fibras cinderelas" (RANNEY, 2000).
Se a mesma atividade e realizada dia apes dia, este padrao de recrutamento
estereotipado levara a fadiga e possivel sobrecarga dessas fibras continuamente
ativadas. Alguns estudos de biopsias museu lares de pessoas com disturbios
osteomusculares relacionados ao trabalho demonstraram altera~6es nas celulas
musculares individuais, como fibras irregLllares, fibras " roidas de trac;:a" e fibras "
felpudas" vermelhas, das quais 0 ultimo tipo pertence as un ida des motoras com
baixo valor de limiar (RANNEY, 2000).
Uma hipetese bern sustentada aponta para a semelhanc;:a com que as
alterac;:6es metab6licas locais, resultante de urn padrao de recrutamento
estereotipado, podem levar a programac;ao reflexa, atraves do sistema gama, ate a
aliva,ao poslerior das fibras musculares (RANNEY, 2000). 11510pode induzir a
autoperpetuac;ao de um circulo vicioso, na medlda em que urn numero cada vez
maior de fibras se ativa de modo reflexo, fadiga-se e sobrecarrega-se, com
conseqUente percepyao da dor.
1.4 FOR<;:AS MECANICAS
As fort;as geradas nos museu los, tendoes e tecidos conjuntivos dependem do
desenvo!vimento de fort;a muscular ativa, tanto a nfvel muscular quanta a nivel de unidade
motora individual. A estas devem-se acrescentar as forgas externas que afetam 0 sistema
locomotor.
Os diferentes tipos de for~as mecanicas que ocorrem nos musculos, tend6es,
tecidos conjuntivos, incluem forlfas tenseis, de cisalhamento e friccionais. A
12
magnitude das foryas tenseis e de cisalhamento, em ambos os casos, relacionam-se
principalmente a:
a) magnitude do desenvolvimento da forl'a;
b) padrg.o de recrutamento;
c) arquitetura muscular.
As for9as friccionais surgem do movimento de diferentes tecidos em relayZto
uns aos outro. A exposigao real, com resultado de (orgas mecanicas, tambem
dependera do musculo estar revigorado au fadigado e de 0 edema estar au nao
presente no tecida.
Quando as forgas internas excedem 0 ponto de resistencia tecidual, ocorre a
lesao aguda, que pode manifestar-se com (ratura assea, prolapso do disco, ruptura
do tendao au lacera'tao de fibras musculares, via de regra, com a atividade fisiea
pesada.
Ah~m disso, urna clara distin9ao deve ser feita entre dana ao sistema locomotor
causado por lesoes agudas (acidentes) e 0 dana decorrente de sobrecarga
prolongada.
As for~as que ocorrem nos musculos depend em tanto do nivel de ativac;ao
como do tipo de contrayao (par exemplo, estatico versus dinamico; concentrico
versus excentrico). Os musculos estao aptos a reunir suas maiores foryas nas
contrayoes excentricas (por exemplo, quando exercem a forlfa de brecar).
Se 0 desenvolvimento da forlfa for relativamente alto, embora nao 0
suficiente para exceder 0 ponto de resistencia tecidual, podem ocorrer
microrrupturas, particularmente durante 0 esforc;o excentrico. Estas microrrupturas,
repetidamente infligidas, sem tempo suficiente para recuperatj:ao. os processos
regeneradores tornam-se inadequados. ConseqOentemente, pod em induzir
processos degenerativos e inflamaterios nos tendoes, musculos, discos e
articulatj:oes.
Oependendo do tecido podem ocorrer microrrupturas ou microtraumas. Por
exemplo, rupturas de miofribilas nos musculos (banda em forma de Z) tern sido
observada (RANNEY,2000).
A exposil'~o a grandes forl'as tambem podem se reftetir na formal'ao devacuolos intracelulares. mitoc6ndrias edemaciadas e aumento de agua intracelular.
Estas alterac;oes sao observadas concomitantes a dor muscular, apes atividade
13
pesada naQ habitual au apos treinamento pesado excessivo em atividades
esportivas.
No entanto, estas alterac;oes intracelulares nao podem ser registradas pelos
nervos sensoriais pois as terminayoes nervosas livres tocalizam~se extra-
celularmente no espayo intersticial. Apenas se ocorrer urn extravasamento na
membrana da celula e que essas alterac;oes na composic;ao quimica da fase
intersticial sao observadas e podem do resultar em percepr;:ao de dor.
A ocorrencia real deste evento e documentada pelo aumento, por exemplo,
da concentrayao sanguinea de enzimas museu lares de creatina cinase e
mioglobulina SubseqOentemente, ocorrem alterac;oes extracelulares resultantes das
rupturas nas elastinas e no colageno, as quais modificam a estrutura matricial
extracelular (RANNEY, 2000).
Finalmente derrames de sangue a partir de vasos sangOineos danificados
levarao a liberayao da bradicinina proveniente das proteinas plasmaticas, podendo
sensibilizar as terminayoes nervosas livres (RANNEY, 2000).
A repetit;ao de contrar;oes excentricas, mesmo em nlveis relativamente
baixos, podem diminuir a func;c3o muscular. Por exemplo, 20 minutos de contrayc3o
exc~ntrica a 15% de CVM, realizada em intervalos de 3 segundos, produz aumento
de pressao intramuscular em repouso, edema muscular, aumento da area de fibra
muscular, banda em forma de Z e enzimas museu lares no sangue. Os sinais
subjetivos de lesoes museu lares eram dar e a rigidez muscular, principalmente urn
au dois dias depois da atividade. Ja as contra9oes concentricas nao mostraram
altera,oes museu lares correspondentes (RANNEY, 2000).
Portanto, ao avaliar a earga durante atividade ocupacional altamente
repetitiva, e fundamental considerar 0 tipo de contra,ao muscular.
Em casos de recrutarnento seletivo de unidades motoras individuais, em
atividades mon6tonas, a tensao muscular sera distribulda a urn numero
relativamente pequeno de fibras musculares. A magnitude dos fon;as nos musculos,
portanto, depend era da alterayao longitudinal nas fibras musculares individuais
durante a contrac;ao. Isso possivelmente explicaria as microrrupturas meeanicas
encontradas ate em nlveis relativamente baixos de earga. As microrrupturas
provavelmente ocorrem no endomisio (tecido conjuntivo que eircula cada fibra
muscular individual) assim como nas celulas muscuJares individuais.
14
Durante as contraCfoes museu lares, 0 movimento relativo entre as tecidos
corpora is moles, e entre estes e as OSSOS,produz fricCfao. Esta friegao, se repetida
freqOentemente, podera resultar em irrita9ao tecidual e sobrecarga em alguns
lugares no carpa,. Alem de produzir dar, esta forma de irritac;ao tecidual mecanica
pode tambem causar alterayoes degenerativa nos tecidos ( RANNEY, 2000).
Se os processos que disparam a dar levarem a redu/fao da fOfr;a muscular de
urn trabalhador, as processos regenerativQs podem, entao, se tornarem dominantes,
iniciando a recuperar;ao tecidual. Se esta recuperac;:ao for suficiente, 0 resultado
sera urn tecida mais forte, au seja, acorre urn efeilo de treinamento.
1 .5 PRES sAo INTRAMUSCULAR
Quando urn musculo se contrai, aumenta a sua pressao hidrostatica. Em
certos musculos, a pressao intramuscular eleva-se a 400-500 mmHg no
desenvolvimento maximo de fon;:a. A pressao intramuscular maxima, desenvolvida
em um musculo revigorado, durante uma contra9ao muscular, varia
consideravelmente de musculo para musculo, dependendo prima ria mente da sua
anatomia (delgado ou volumoso) e suas adjacEmcias (superficial ou profundo).
Por exemplo, a pressao intramuscular no musculo infra espinhoso e
particularmente, no musculo supra espinhoso, e quatro a cinco vezes maior do que
nos musculos deltoide ou trapezio, a uma mesma carga relativa (RANNEY, 2000).
A atividade muscular leva ao aumento do conteudo hidrico muscular. Com
grandes intensidades dinamicas de trabalho, 0 volume muscular pode aumentar em
10 a 20% no decorrer de alguns minutos. Entretanto, os fluidos tambem se
acumulam nos musculos durante as contra90es estaticas prolongadas em 5 a 10 %
de CVM. Qu, em outras palavras, 0 musculo torna-se edemaciado.
a acumulo de fluido leva ao espayamento muscular. Se os brayos forem
mantidos a uma abdu9ao de 30° , a espessura do musculo supra espinhoso
aumentara apos 10 minutos apenas; em aproximadarnente 15% em 30 minutos
(RANNEY, 2000).
Para musculos localizados em compartimentos delimitados, fechados, com
baixa complacencia, como, par exemplo, os musculos supra e infraespinhoso, na
regiao escapular, ou 0 musculo tibial anterior, no membra inferior, urn aumento do
15
conteudo hrdrico pode ocasionar aumento da pressao intramuscular, com risco de
provocar a sindrome compartimental. Como a edema sugerido em urn
compartimento muscular naD se dissernina para as compartimentos adjacentes, ista
prolonga 0 tempo de retorno do equilibria do fluido ao normal.
o equilibrio do fluido nos museu los e regulado pelo deslocamento de fluidos
pel as capilares, transporte deste para a sistema linfatico e capacidade do sistema
linftltico. Cada urn desses tres fatores representa urn sistema dinamicamente
complexo, que e influenciado durante as contra96es musculares.,
o gradiente osm6tico desempenha urn importante papel nas grandes
intensidades ocupacionais, ao passo que, durante esfon;a muscular estatico
prolongado, uma causa significante do edema muscular, e a filtra,ao do fluldo fora
das capilares, juntamente com transporte de fluido deficiente para °sistema linfatico
e a sua reduc;:ao da capacidade deste. Quando a pressao intramuscular se eleva
durante uma contrac;:ao muscular, 0 suprimento sangOlneo local e afetado, ate em
contrar;oes de somente pequena porcentagem de CVM.
Entende-se, portanto, que a funr;ao muscular depende de um suprimento
sangOineo adequado, atraves do qual e liberado um substrato para os musculos e
removidos os metabolitos.
Como resultado das diferenc;:as substanciais na pressao intramuscular, de
musculo a musculo, a uma mesma carga relativa, as condir;oes circulatorias e
metab61icas tambem sao muito diferentes.
a suprimento sangOlneo insuficiente e as alterac;oes no equilibrio qulmico
muscular sao causas significantes da incapacidade do musculo em suportar
aumentos prolong ados na pressao intramuscular. Estudos experimentais nos quais a
pressao intramuscular e aumentada pel a compressao externa, em perlodos
correspondentes a urn dia de trabalho, rnostram que as pressoes de
aproximadamente 30 mmHg e acima disso, mantidas por urn tempo prolongado,
provecam dana muscular, que pode ser objetivamente quantificado 48 heras apes a
elevar;8o da pressao: alterac;:oes histolegicas como atrofia muscular, ruptura de
fibras, edema e diminui,ao da tensao de oxigenio muscular (RANNEY, 2000).
16
1.6 FLUXO SANGUiNEO
A funvao tecidual depende do adequado suprimento sangUineo. Entretanto,
nem sempre esta claro 0 que constitui urn "suprimento sangLiineo adequadon para
uma atividade especifica. Urn grande numero de mecanismos reguladores
fisiol6gicos procuram constantemente otimizar 0 fluxo sangUineo, mas a capacidade
pode ser insuficiente, podendo induzir uma crise energetica muscular.
Durante as contra9oes musculares estaticas prolongadas, aLlmenta 0 fluxo
sangUineo para as musculos ativos (per exemplo, a eleva<;ao da pressao
sangUinea). A elevayao na pressao sangUinea depende da carga muscular relativa.
Ah~m disso, entretanto, as contra<;oes estaticas que envolvem grandes grupos
musculares (por exemplo, musculos dorsals) desencadeiam maior resposta de
pressao sangOinea do que aquelas envalvidas em cargas estaticas prolongadas de
pequenos grupos musculares. Logo, a resposta da pressao sangOinea contribuira
apenas para um aumento muito pequeno no f1uxo sangUineo nessas atividades
musculares.
o debito cardiaco pode ser um fator limitante para 0 fluxo sangUineo
muscular, particularmente durante as atividades dina micas do organismo. Durante
as pr6prias contrac;oes musculares, a circulac;ao local pode ser oclulda, mas logo
que os musculos reJaxam, ocorre a perfusao. Dessa forma, 0 oxigenio e nova mente
levado ao muscula, mas ao mesmo tempo, podem se formar concentrac;oes
relativamente altas de radicais livres do oxigenio (RANNEY, 2000).
as radicais livres sao t6xicos e danificam as membranas celulares biol6gicas
rompendo as membranas fosfolipidicas, frequentemente repetidas (atividades de
grande forc;a altamente repetltiva), Podem, desta forma, causar acumulo de radicals
livres, resultando em um processo de dana celular ao nivel de membrana.
o grau de vascularizac;ao des vasos perifericcs (densidade capilar) nos
tecidos individuais e a localizac;ao dos vases perifericos relatives aos ossos, por
exemplo, tambem sao de grande importancla para 0 suprimento sangUineo local
durante as contrac;oes musculares estaticas.
a suprimento vascular e nervose para a parC;ao cranial do musculo infra
espinhoso, assim como para 0 tendao do supra espinhoso, atravessa 0
compartimento do musculo supra espinhoso. Assim, a elevaC;ao prolongada da
17
pressao muscular neste compartimento do musculo tambem sera significativa para 0
suprimento sangUineo e funyc30 nervosa do infra espinhoso e, ainda, para a
suprimento sangulneo da inseryao relativamente mal vascularizada do supra
espinhoso na cabeya do umero.
Durante as contrarroes estaticas, a f1uxo do sangue nos capilares eespecialmente diminuido pelo aumento da pressao intramuscular. Estudos de
press6es intramusculares e regulayao do f1uxo sangUineo, com cargas estaticas,
combinadas com estudos microvasculares do f1uxo sangUineo, permitiram elaborar
hip6tese que explica a passivel ligalfao entre a atividade ocupacional mon6tona
prolong ada e a desenvolvimento da dor muscular. Alguns dos leuc6citos
(granuI6citos) podem, em certas condic;:oes flsicas, reduzir a microcicularyao par meio
do bloqueio de uma serie significante de capilares de forma puramente mecanica, no
processo de tamponamento granulocltico.
Os granul6citos nao estao normalmente presentes nos capilares, mas, ao
contra rio, encontram-se em derivac;:oes destes. Entretanto, quando a musculatura
lisa dos vasos sang('llneos esta relaxada (vasodilatac;:ao), as granul6citos podem fluir
para dentro dos capilares. Se, ao mesmo tempo, as diferenc;:as de pressao entre as
terminaryoes venosas e arterial do capilar forem muito pequenas, 0 granul6cito nao
pod era atravessar.
Sao precisamente essas duas condiryoes que estao presentes durante as
cargas estaticas baixas, conforme ocorrem na atividade mon6tona, em musculos
tipicamente propensos ao desenvolvimento de disturbios osteomusculares
relacionados ao trabalho. Isto porque:
a) 0 acumulo de metab61itos desencadeia a vasodilatal(ao;
b) urn pequeno aumento na pressao sangOinea e na pressao tecidual
combinam-se reduzindo a pressao do impulso, ou seja, 0 gradiente de
pressao da terminac;:ao arterial para a venosa dos capilares (RANNEY,
2000).o fenomeno do tamponamento granulocitico e conhecido em decorrencia
das doenc;:as cardlacas isquemicas e situal(oes em que os indivlduos sofreram grave
perda sangOlnea. Os granul6citos partem da rede microvascular para 0 espalto
extracelular quando da formac;ao de radicais livres e aumento na permeabilidade das
paredes dos capilares.
18
Os radicais livres sao t6xicos e especialmente prejudiciais as membranas
celulares biol6gicas, e, ao mesmo tempo, podem se formar a.cidos araquid6nicos e
prostaglandinas, conforme descrito anteriormente. Essas duas substancias podem
estimular nociceptores causando a sensac;ao dolorosa no musculo.
Esta e uma hip6tese viavel para explicar uma possivel li9a93o entre a
percepc;ao da dar e as alterac;6es morfol6gicas e bioquimicas que podem resultar da
atividade ocupacional mon6tona prolongada.
1.7 FATORES METASOLICOS
Quando os museu los se contraem ativamente e desenvolvem foryas,
convertem quimicamente a energia de Jigac;ao em energia mecanica. Entretanto, 0
armazenamento de energia quimicamente ligada nos musculos e limitado. Isto se
explica, por exemplo, no armazenamento de carboidratos em forma de glicog€mio.
Por esta razao e importante que os musculos possam ser continua mente
providos de suprimentos adequados de novos substratos, incluindo 0 oxigenio,
durante a atividade. Isto e necessario para a formayao de adenosina trifostfato -
ATP. Somente a energia da Jigayao da ATP por ser convertida em energia mecanica
nas miofibrilas. Se a ATP nao estiver presente, desenvolver-se it caibra muscular,
quadro extremamente doloroso.
as mecanismos de desenvolvimento desta algia sao amplamente
conhecidos podendo ser fundamental mente diferentes da dor muscular relacionada
ao trabalho. As contrayoes musculares voluntarias nao parecem capazes de reduzir
a concentra9ao de ATP acima de 20 a 30%. Eo compreensivel que 0
desenvolvimento da fadiga seja um mecanisme protetor que assegura 0
esgotamento de ATP, seguido de reayoes irreversrveis no tecido muscular, que
normal mente nao podem ocorrer.
Muitos estudos tem mostrado a estreita relayao entre fadiga ou exaustao e
depleyao de glicog~nio nas fibras musculares individuais. Ha discordancia no fato de
ser, ou nao, a redutrao de concentrayao de gJicogenio nos rnusculos uma causa
direta de fadiga, mas nao existe sinal de que possa ser urn fator de risco de
desenvolvimento de dor muscular.
19
Indiretamente, no entanto, a depler;ao de glicogenio, em certas fibras
musculares. pade significar que outras fibras devem trabalhar multo mais podendo,
dessa forma, tornarem-se sobrecarregadas.
o acumulo de metabolitos, como 0 acido latieo, ocorre durante atividade
intensa, sendo acompanhado por queda do pH tecidual (ou seja, aumento de
concentrayao de Ion H-t). Oeste modo, uma enzima chave pode ser inibida no
processo de glicolise, que pode participar no desenvolvimento da fadiga.
E mais provavel, entretanto. que seja 0 pr6prio aumento de concentrayao de
H+ a ter urn efella inibidor n05 filamentos contrateis, incluindo a reduc;ao na
sensibilidade da troponina ao ion calcia Ca++. Pequenos valores de pH tambem
podem estimular as terminar;;6es nelVosas livres, disparando assim a percep~ao da
dor. Entretanto, e improvavel que 0 acumulo de lactato em nlveis fisiol6gicos tenha
urn efelio danificador sobre os tecidos. Alem disso, a der e as alteracroes
morfel6gicas podem muito bem originar·se de situacroes em que 0 lactato e 0 pH se
encontrem em nlveis de repouso.
As alteracroes no equilibrio eletrolitico afetam a funcrao muscular. Todas as
form as de esfor~o muscular sao seguidas de perda continua de ion potassio ( K'J do
espacro intracelular das fibras musculares. Isto pode desempenhar urn papel
importante no desenvolvimento da fadiga, pois 0 gradiente K+, atraves da membrana
celular, e critico para a ativacrao da fibra muscular pelo nervo motor.
A durac;ao da recupera~ao subsequente pode de pender, entre outras coisas,
da magnitude de perda de K+. Esse mecanisme de fadiga, em bora possivelmente
urn dispositiv~ pretetor util, pode ser ignorado, particularmente, em nlveis baixos e
prolongados de contra,ao (RANNEY, 2000).
Assim , como 0 H+, 0 aumento de concentrac;ao de K+ no espacro intersticial
pode mediar a percepftao da dor atraves da sensibilizayao das terrninacroes
nervosas livres. E irnprevavel que as alterac;oes em K+ tenham urn efelto prejudicial
diretamente sobre 0 tecido. Entretanto, 0 aumento intracelular de K+ pode levar a
um fluxo de Ca++, do espacro extracelular ao intracelular, nas fibras musculares, a
que pode Ter urn efelto danificador sabre as fibras musculares.
Durante a atividade muscular, a reac;ao de actina·miosina inicia-se nas
miofibrilas, atraves de libera9ao de Ca++ do residuo sarcoplasmatico para 0 citosol.
20
a transporte de retorno de Ca++ do citosol para 0 reticula sarcoplasmatico
tambem requer ATP, e, em sendo esta formayc3o inadequada, pade resultar em
formayao de Ca++ no dtosol. Deve-se acrescentar a possibilidade, anteriormente
mencionada, de f1uxo de Ca++, do espa90 extracelular para ao intracelular.
Em sintese, 0 trabalho pesado prolongado significa que a concentrayclo livre
de CaH esta aumentada no citosol per urn periodo prolongado. Urn passive! fator
contribuinte e que pode-se reduzir a sensibilidade ao Ca++ nos filamentos contrateis,
tarnanda-se necessaria urn aumento na concentraC(ao de Ca++ para iniciar 0
processo de contra<;ao.
A patogenese da degenerayao muscular induzida par CaH tern side
estudada de modo bastante rigoroso, tendo-se demonstrado que 0 Ca++ estimula a
fosfolipase, aumentando tambem a sensibilidade das membranas lipidicas aos
radicais livres. Ambos os mecanismos levam a degenerac;ao da membrana celular
muscular.
Alem disso , 0 aumento nas concentrac;oes de Ca++ induz uma sobrecarga
do Ca++ das mitoc6ndrias, onde este se acumula formando a ATP, que e inibido
(figura 5). Desta forma, a capacidade funcional se reduz, gerando urn circulo vicioso
(RANNEY, 2000).
Ca2• Ca2• Espa/i=o extraeelular -Canal de Membranacalcio
M!:mbI-a11<l nii'iiicutiir jA "t" ...)t
lipidica a peroxlda<;ao lipldlcamediada por radicais livres
t Li.'jofosfoli-t Cal. livre •. t Atividade de - pidlOS
fosfollpase ~ graxo livre
. ~·l\ t ~~~~iS ----- t pcri~~~~~~~ao
Reticulo sarcoplasmatico
FIGURA 5 -Cadeia de eventos na patog~nese do calcio (Ca++) induzindo dana muscular aonivel das celulas, mecanismo que pode desernpenhar urn papel nodesenvalvimento dos disturbios e lesoes relacionados ao trabalho.Fonte: Ranney, 2000
21
Os possiveis mecanismos envolvidos no desenvolvimento da dar e da fadiga
relacionados ao trabalho:
a) contrale motor: atividade relacionada ao padrao de recrutamento induz
alta carga relativa em algumas fibras musculares (Iibras Cinderela);
b) for~as mecanicas, ( tenseis, cisalhamento, fricyao): ruptura miofibrilar,
liberalfao de substancias quimicas que induzem resposta inflamat6ria;
c) pressao intramuscular: aumenta com a tensao muscular, assim como
com 0 desvio de f1uxo induzido par contrayoes, interferindo no fluxo
sangliineo par meio de redu9ao da pressao de impulsos e aumento da
resistencia loeal;
d) f1uxo sanguineo muscular: pressao com impulso insuficiente, atraves dos
capilares, debilitando 0 f1uxo sangOineo apesar da vasodilata9ao
metab6lica; tamponamento granulocitico; formac;ao de radicais livres;
e) crises metab6licas: queda do pH e aumento extracelular (K+) podem
desencadear a percepc;aa da dor; aumento intracelular prolongado (ca++)
pode danificar 0 musculo.
Portanto, deve ser dada a maior atenc;ao a otimizac;ao e nao a minimizac;ao,
da atividade fisica do individuo no trabalho. 0 trabalho otimizado, de acordo com os
principios ergonomicos, e possivel manter a func;ao muscular, e ate possivelmente
gerar urn efeito de treinamento muscular para 0 individuo.
1 .8 OTIMIZA<;:Ao DA CARGA DE TRABALHO
Vale reforc;ar que 0 efeito da exposic;ao fisica e/ou mecanica sabre 0 sistema
locomotor pode ser positiv~, sob forma de tratamento, ou negativos, sob a forma de
lesao ou disturbio. A inatividade tambem oferece campo proplcio para a evoluc;ao de
process os degenerativos que se refletem na atrofia especial mente do sistema
locomotor.
Portanto, e essencial otimizar as atividades fisicas do trabalhador. Trabalho
otimizado de acordo com os principies ergonomicos permite a manutenc;ae da
func;ao muscular e, possivelmente, gerar um efeito de treinamento muscular para
este trabalhador.
A otimizayao do trabalho significa:
22
a) redulfao de cargas mecanicas que excedem 0 ponto de resjst~ncia
tecidual;
b) reduc;ao da intensidade da atividade de modo a nao exceder a
capacidade do metabolismo energetico corporal;
c) evitar cargas museulares estaticas prolongadas;
d) evitar atividade ocupacional prolongada altamente repetitiva;
e) assegurar a recuperac;ao adequada apes cada perlodo de trabalho.
A exigencia de trabalho estatica, a diminuic;ao da fOfC;3 e 0 aumento do
tempo de movimentat;ao do musculo conduz a diminuit;flo da coordenac;:ao matara,
com aumento do risco de falhas e acidentes.
No primeiro momento da fadiga muscular ocone um aumento da atividade
eh~trica neuronlal (compensac;ao neuronal), com aumento do recrutamento de
unidades motoras. A diminui9ao da forya e compensada pelo aumento do numero de
fibras musculares em ac;ao.
Com 0 aumento das exigencias, ocorre a diminuic;ao do desempenho dos
musculos ate que 0 estimulo nao gere mais nenhuma resposta. A perturbac;ao do
equilibrio entre produ9210 e consumo de energia leva a uma acidificac;ao dos tecidos
musculares, principalmente pela produc;ao de acido latico.
A fadiga simples pede instalar-se atraves de sobrecargas derivadas de
trabalho Fisico pesado como, por exemplo, trabalho com altas temperaturas ou com
carregamento de cargas. Pode tambem dever-se a dificuldade de estabelecer 0
balanc;o adequado entre sono e vigilia, como ocorre no trabalho noturno ou no
trabalho com revezamento de turnos.
1 .8.1 Mecanismos de Recupera9~10
o organismo humane possui mecanismos naturais de recuperac;ao que
auxiliam na preven9ao de les6es. Entre eles faz--se referencia ern especial a pausa.
Durante a realizac;ao de urn esforl{o fisico, a existencia de urna pausa ajuda
a prevenir les6es por 3 rnecanismos:
a) no esforl{o muscular estatico, com produc;ao de acido latico, havera urn
fluxo normal de sangue que ira "Iavar" 0 acido latico do musculo,
prevenindo possiveis les6es;
23
b) se houver uma alta repetitividade de urn mesmo movimento, e 0 tempo
suficiente para que as tendoes voltem a sua estrutura normal, pois sao
viscoelasticos e precisam de urn certa tempo para readquirirem a
conformay2lo natural;
c) a lubrifica9ao dos tendoes pelo liquido sinovial, evitando-se assim, 0
atrito entre as duas estruturas.
Ha, aincta, urn efeito hormonal, que ocorre durante 0 periodo de 50no,
particularmente no primeiro periodo de ondas, com a liberayao de hormonia
somatotr6fico que, nas estruturas lesadas, promove 0 crescimento de tecidos sadios,
fazendo assim, uma reparay<3o natural das estruturas lesadas.
1.8.2 Caracterlsticas Do Trabalho Dinamico E Do Trabalho Estatico
o trabalho dinamico se caracteriza par seqOencias alternadas de contrayao
(tensoes) e descontray2lo (relaxamento) muscular. Neste caso, °trabalho muscular
pode ser descrito em term os do prod uta do encurtamento dos museu los pela forya
desenvolvida.
o aporte sangOineo e bastante favoravel para a musculatura, nao apenas
pela facilidade de f1uxo durante a descontrayao, como pela acrao ritmica de
bombeamento sangUineo exercida pel os musculos em atividade. Este f1uxo assim
lacilitado possibilita tambem a retirada adequada dos metab6licos (residuos)
resuitantes da atividade muscular.
No trabalho estatico nao ha descontracrao da musculatura, permanecendo os
musculos em estado de contracrc3o, de tensao. Nao hil, portanto, a possibilidade de
expressao desse trabalho em term os do produto do encurtamento muscular pela
forcra desenvolvida.
o aporte sangOineo e desfavorilvel em funyao da ausencia dos periodos
altern ados de descontrayao muscular e da reacrao bombeadora dos musculos em
atividade rltmica, prejudicando a retirada dos metabolicos.
o trabalho estatico esta relacionado a manutenyao de posturas corporais.
Nesse tipo de trabalho, as fibras musculares sao recrutadas para a contrayao de
forma altern ada e em sucessao. As fibras vao se alternando durante 0 trabalho, de
modo que uma certa recuperayao se torn a possivel, principalmente em baixa
24
intensidade e durayao. Mas, a partir de certo limite, essa recuperac;ao torna-se
ineficiente.
No trabalho muscular estatica a irrigarrao sangOinea e diminuida em
propon;:ao inversa a quantidade de forc;a aplicada. Se a fen;a representa 60% da
forc;a total, a irrigac;ao sangOinea fica quase totalmente interrompida.
Em esforc;os menores, uma pequena circulac;ao e passlvel, devido ao estado
menos contraido dos musculos, consequentemente, uma menor pressao externa
exercida sabre as vasos sang01neos. Com a usa de 15 a 20% da forc;a maxima, a
circulac;ao sangOinea da musculatura em atividade sera praticamente normaL
Comparado com a trabalho dina mica, 0 trabalho estatica leva a:
a) urn consumo maior de energia;
b) freqUemcia cardiacas maiores;
c) period os de recuperayao mats longos.
A utilizayao do metabolismo anaerobio no trabalho estatico e maior do que
no dinarnico e, portanto, tambem e maior a produyao de acido lactico, com maior
potencial de produyao de fadiga muscular.
A solicitayao intensa da resistencia muscular conduz a reabson;ao das
reservas de glicogenio. Na fase de recuperayao, 0 organismo nao reage
simplesmente com 0 restabelecimento do deposito aos seus antigos niveis, mas
supercompensa, isto e, aumenta 0 efetivo do deposito.
Evidentemente trata-se de urn mecanismo de protec;ao para evitar nova
retirada dos depositos, no caso de repetic;ao de grande solicitayao muscular. A
condic;ao previa para que isto aconteya e a ultrapassagem do limiar eritico de
estlmulo. E nessa forma de reayao do organismo que baseia-se todo 0 treinamento
fisico.
Os processos de adaptar;ao condicionados pelo treinamento estao sujeitos a
certas regras. Assim uma modificac;ao de func;:ao tern influlmcia especifica sobre a
forma organica. Nisto se baseia a adaptal'ao da vida as condil'oes do meio
ambiente, que a modifica, constituindo uma das condic;:oes para sua manutenc;:ao.
25
1.8.3 A Questao Do Sedentarismo E Da Atividade Fisica
A pratica regular de exercicios flsicos, desde que obedecendo determinados
princlpios, produz uma serie de adaptac;:oes morfofuncionais no organismo. Essas
adapta~6es ocorrem em nivel cardiovascular, osteomuscular esqueletico, pulmonar
end6crino e imunol6gicQ, determinando a melhora da capacidade funcional e
laborativa e a reduyao da mortalidade cardiovascular conseqOentemente, do
organismo.
a sedentarismo passou a ser considerado urn dos quatro principais fatores
de risco para ateroesclerose e doenc;:as isquemicas coronarias e tarnau-se a mais
importante causa de marte na idade adulta, alem de ser 0 mais forte e independente
tatar para 0 aparecimento de uma serie de doenyas degenerativas.
Analises epidemiol6gicas demonstraram que muitos individuos morreram
simplesmente por serem sedentarios, e isto fez com que a atividade fisica fosse
vista, em diversos palses e sob diferentes oticas, como uma questao de saude
publica.
A ad0930 de um estilo de vida nao- sedentario, caltj:ado na pratica regular de
atividade fisica, encerra a possibilidade de reduzir diretamente 0 risco para 0
desenvolvimento da maior parte das doent;as crcmico-degenerativas, ah~m de servir
como elemento promotor de mudan9as com relayao aos fatores de risco para
inumeras outras doenyas.
Assim sugere-se, inclusive, que a pratica regular de atividade fisica pode
ser, na prevent;ao e controle de doent;as cronicas degenerativas, equivalente ao que
a imunizayao representa na preven9ao e controle de doent;as infecto-contagiosas.
Pessoas sedentarias correm risco duas vezes maior de desenvolver doenya
arterial corona ria, comparadas a pessoas que praticam uma atividade fisica regular.
Portanto, a pratica regular de exercicio ajuda a prevenir um evento corona rio inicial
(prevent;ao primaria) bem como facilita a recuperat;ao pos-infarto e apos clrurgias de
revascularizat;ao miocardica e ainda contribui para diminuir 0 risco de eventos
cardiacos recorrentes (preveny3o secundaria).
Em estudos experimentais feitos pel os pesquisadores da Universidade de
Hardwaret observou-se que a taxa de mortalidade declinou sensivelmente a medida
que a energia despendida na pratica de atividades aumentava de menos de 500
26
para 3.500 cal arias por semana. A partir desse ponto, no entanto observou-se
apenas urn discreto aumento, indicando maior beneficia na pratica de atividade
fisica moderada em compara9ao a intensa.
Alem des efeitos benefices na prevenC(ao e controle da DAC e da HAS, a
pratica de atividade fisica regular pade tambem ajudar na preveny2lo e controle do
diabetes mellitus naD insulino-dependente e da osteoporose. Associa-se, tamhem amenor prevalencia de acidente vascular cerebral, perfil lipidico mais favoravel e,
possivelmente, com menor risco de cancer de c610n.
Acrescenta-se ainda, a papel decisive da atividade fisica no cambate a
obesidade, mal da epoca moderna, em especial nos paises ocidentais
industrjaHzados. A obesidade associa-se a risco maior de desenvolvimento de
inumeras doenyas cr6nicas degenerativas e incapacitantes e tambem esm sendo
considerada um problema de saude publica.
A influencia benefica da atividade flsica sobre a dimensao emocional da
qualidade de vida se da sob multiplos aspectos, entre eles, especialmente:
a) os efeitos notivos do estresse
b) 0 melhor gerenciamento das tensoes pr6prias do viver.
Ocorre que as realfoes humanas de ataque e/ou fuga sao muito mais
simb61iea do que reats. Podem, com freqUencia, evidenciarem-se verbalmente, mas
raramente se traduzem no componente fisico que Ihes e inerente e natural.
o nao acontecer desta desearga fisiol6gica faz com que a carga energetica
acumulada no organismo erie um estado de agitayao e desassossego interior
tremendamente notivos ao bem-estar e a felicidade do individuo.
Ora, como 0 ser humane tende a reprimir, de forma consciente, a atuayao
da musculatura voluntaria, quem "entrara em a9ao" e sofrera os efeitos da descarga
energetica nao adequadamente canali2ada sera aquele 6rgao regido pela
musculatura lisa, sobre a qual nao se tern
est6mago, arterias e mesmo 0 corayao.
A pratica de uma atividade fisica regular permite que a carga energetica
controle consciente: intestinos,
acumulada interiormente, em decorreneia das tensoes as quais as pessoas
diariamente sao submetidas, "descarregue" pelas vias normais, ou seja, atraves da
musculatura esqueletica. Encontrando a via adequada para a descarga energetica,
27
reduz-se 0 dana causado a saude e ao bem estar destas pessoas pelo acurnulo das
tens6es da vida cotidiana e das reayoes ao estresse.
Acresya-se que 0 bem-estar resultante da atividade fjsica nao se limita ao
adequado alivio das tens6es. Ha que se considerar, ainda, 0 papel tambem
relevante das endorfinas, responsaveis pela sensa~ao de bem-estar, sensa~ao esta
diretamente relacionada a concentray30 serica de endotfinas e a pratica de exercicio
fisica.
Estudos experimentais realizado com urn grupo de adultos mais velhos -
no total 124 mulheres na menopausa, com idades entre 50 e 70 anos, com
osteopenia, foram submetidas a urn programa regular de atividades fisicas que
incluia danya aer6bica e f1exibilidade - apos uma sessao de 5 minutos de danga
aer6bica, mostraram melhora significativa no estado de humor global apes 0
exercicio.
Ao termino dos 12 meses do programa,ntal, os resultados mostraram que as
mulheres que se exercitaram referiam queixas significativamente menores de dores
lombares e sensac;ao de bem~estar global alem de satisfayao com a propria saude
significativamente maiores do que os referidos pel as mulheres sedentarias: reforc;o aauto-estima, relacionado a melhor imagem corporal, a sensay<3o de estar vivendo um
estilo de vida mais saudavel e, ainda, a um grau maior de mobilidade fisica, 0 que
alguns casos, significa maior autonomia.
A importancia do trabalho para a qualidade de vida das pessoas fica clara,
se considerar-se que e no trabalho que as pessoas passam a maior parte das suas
vidas enquanto acordados, e que as seus reflexos se estendem, de forma
acentuada, sobre 0 bem~estar de toda sociedade.
Tais beneficios evidenciaram-se de forma clara, tangivel nos relatos de
varios programas de Saude Ocupacional que vinculam a pratica de atividade fisica
regular no local de trabalho ao aumento da produtividade e a diminuig2lo do
absenteismo.
1.8.4 0 Trabalho E As Atividades Fisicas
Estudo experimental com empregados de uma dada empresa, que
participaram de urn prograrna regular de atividade fisica, os resultados mostraram
28
uma redUf;ao de 14% a 43% no numera de dias de trabalho perdidos por raz6es de
doenyas, menores taxas de rotatividade e ga5t05 com saude ate 245% menores em
rela930 aos empregados nao-participantes do programa.
Pessoas que trabalham em escrit6rios ou mesma em linhas de prodw;:ao,
praticamente paradas, se nao se exercitarem regularmente, seja no local de trabalho
ou fora dele, nao tem boa aptidao fisica. Este estilo sedenlario de vida pode
influenciar - negativamente - sua motivayao para serem produtivas e assumirem as
responsabilidades das suas funcroes. Ah?m disso, tendem a apresentar, em
compara9ao aos empregados nao-sedentarios, maior prevalencia de dares corporals
generalizadas, cefaleias, cansayo e adinamia.
A preocupacrao com a atividade fjsica no local de trabalho deve envolver tr~s
aspectos:
a) a postura;
b) a mobilidade;
c) a pratica de uma atividade aer6bica.
Problema posturais podem ocorrer como conseqi.iemcia da utilizac;a.a de
cacteiras anat6micamente inadequadas, do sentar-se durante muito tempo na
mesma pasic;ao au de forma desequilibrada e nao ereta/ou nao alinhada.
A mobilidade no trabalho, por sua vez, e uma das principais causas de
tensao corporal, dores musculares, rigidez ceNical e dores lombares.
Recomenda-se a pratica de atividade no pr6prio local de trabalho, durante 0
pr6prio horario do expediente, 0 que resulta em elevado grau de ader~ncia por parte
dos empregados, com beneficios para ambas as partes: empresas passam a contar
com pessoas mais saudaveis, motivadas e produtivas, e estas, por sua vez, passam
a ctesfrutar de melhor saude e qualidade de vida.
o melhor relacionamento com as pessoas conduz a pessoas em uma
agradavel rua de mao dupla: quanta mais se da aos outros, mais recebe deles
(mesmo que nao busque tal retorno) e essa maior carga afetiva que recebe tende a
refonrar-Ihe a auto-estima e 0 grau de satisfayao consigo pr6pria. Esse esforc;o, por
sua vez, melhora ainda mais a relac;:ao com as outras pessoas e a capacidade
intelectua1. As capacidades de amar e pensar estao irremediavelmente associadas.
As pessoas que alcan,am tal nlvel de felicidade e satisfa,ao consigo proprias
29
tendem a uma visao positiva e otimista de vida, que se refJete positivamente no
trabalho.
Em repouso, 0 organismo humano trabalha como uma "maquina em marcha
tenta", urn ritmo suficiente para manter a vida. Esta "marcha lenta" e 0 que se
denomina de metabolismo basal.
Quando organismo sai do repouso e entra em atividade, per conta de uma
exigencia do trabalho fisico, seus processos energeticos tratam de funcionar mars
aceleradamente, pois a substancia basica de fornecimento de energia para as
processos celulares, a adenosina trifosfato - ATP, existe disponivel para usa
imediato apenas em pequena quantidade. 0 fornecimento adicional de ATP se faz
atraves da queima de alimentos acumulados nos musculos, especialmente
carboidratos e lipideos.
Outra substancia de fornecimento de energia, a fosfocreatina, tambem existe
em pequena quantidade. Calcula-se que a somat6ria do tempo de ayao da
loslocreatina e da ATP disponivel nilo ultra passe 20 segundos.
E necessario que haja um periodo de aproximadamente 5 minutos durante 0
qual 0 organismo prepara-se para aumentar a velocidade de seus processos
energeticos de forma gradativa, fase que se denomina de aquecimento. Este
aquecimento, se executado antes de uma jornada de trabalho, oferece beneficios
certos porque:
a) propicia 0 fornecimento de energia para 0 rnusculo atraves de processo
aer6bico;
b) aumenta a temperatura interna do musculo;
c) promove urn certo tonus muscular a ligamentar no inicio da jornada,
prevenindo distensoes rnusculo-ligarnentares.
Se 0 aumento intenso da atividade energetica for desenvolvido subitarnente,
o musculo nao tara oxigenio suficiente para os processos aer6bicos e acorrera ao
metabolismo anaer6bico, cujo produto final e 0 acido latico, que se acumula no
musculo. Este acido latico acumulado leva 0 organismo a um estado de ladiga
precoce, pois sendo urn acido (embora fraco), desequilibra °PH interno, exigindo
oxigenio para sua metabolizayElo.
Neste ponto 0 organismo tera que decidir entre manter a atividade
energetica aumentada (correndo 0 risco de uma acidose) ou reduzir 0 ritmo (para
30
que 0 oxigenio captado pela respirarrao va ate 0 fig ada e metabolize 0 acido latice
produzido).
Nao se deve ter uma ideia negativa do metabolismo anaer6bico no ser
humano. Na realidade, ele e de grande ulilidade desde que seja ulilizado de forma
cerreta, em esforrros de altissima intensidade e de curtissima duralfao.
1.9 OS FATORES DE RISCO PARA OS DISTURBIOS OSTEOMUSCULARES
Mecanismos biol6gicos plausiveis tern side propostos para esclarecer como
as fatores de risco para as DORT atuam, mas a causalidade nao fol demonstrada
exprimentalmente. Ainda assim, muitas evidencias apontam para uma complexa
interaryao de fatores fisicos (ergon6micos), psicossociais e individuais na produ9ao
dos DORT (quadro 1).
QUADRO 1 - Condi9oes de lrabalho desfavor.veis e seus efeilos polenciais'
Fatores de risco presentes no trabalho Possiveis alterar,;oes teciduais Exemplos de diagn6sticos
-A1tas fon;:as/momento ~Tensao em tend6es ou ·TendinitemUsculos: altas fon;as de curta Estiramento musculardurac;ao podem levar a rupturatecidua!; for<;as moderadas delooga durava.o podem levar adeslizamento dos lendOes aufadiga muscular~Aumenlo da fadiga-Exercicio de forc;a em posturas
inadequadas-Postura extrema ·Compressa.o de
sangUineos ou nerves·Aumento da pressao ·Mialgia do trapezio elouintramuscular do supra- supra--espinhoso e lendinite doespinhoso com redu~o do fluxo supra--espinhoso-Aumento de contra9<lo des -lombalgia inferl~discos intervertebrais-Aumenlo da forc;a de preensa.o -Aumenlo da fadiga e darpara manter 0 controle do objeto muscularDano aD tseida nervoso·Contrac;ao estatica dos ·Mialgialsindrone da lensaomusculos cervical-AlIa velocidade do deslizamento -Tenossinovitedo tendao combinada com Mialgia/slndrome da !ensaocontra~o. eslatica des musculos cervical
-Oar muscular. mialgia doantebrac;o
vasos -Slndrome do tUne! do carpo
-Trabalha com levantamento acima dacabec;:a
-Vibrac;ao em todo COfpO
-Vibrac;8.o da maOJbrac;o
-Postura im6vel
-Movimentos de alta freqO(!ncia
mals prOXlmalS
• Esses efeitas sabre a saude baseiam-se em esludos epidemialogicas: a presen'ta do fator de risco de desemolvimentoindividual de DORT. Todos os efeitos potenciais a satide dependem da eXPosi'tao as condi~i5e5, magnitude au tamanho do
falor de estresse e varia~lIo de expo5i~ao.Fonte:We1ts,2000
31
E dificil imaginar urn trabalho sem a presen~a de alguns fatores de risco.
a benzeno, par exemplo, e altamente t6xico, naD obstante, se usado com
pouca freqUencia e em pequenas concentrac;:oes (a exposic;:ao de uma pessoa ebaixa), 0 risco e menor. Igualmente, ate em casas de f1exao do punho, proxima aamplitude de movimento individual, 0 risco tambem e pequeno se 0 movimento naD
for freqUente. De fato, a ado,ao de "posturas externas" por breves periodos de
tempo e benefica: sao as cham ad as quebradas de extensao. A avaliaC;:8o no
momento de forc;:a, postura, esforc;:o estatico, freqUemcia e fatores psicossociais
permitem discernir a potenciallesivQ das atividades ocupacionais.
1.9.1 A postura Como Preditor da Carga tecidual
A postura e urn importante elemento da analise de tarefas pois pode ser
relacionada a uma serie de mecanismos lesivos. Em geral, a postura pode dar
informayao sobre quatro tipos de fatores de estresse sobre 0 sistema osteomuscular
(quadro 2).
QUADRO 2 - Usos potenciais da postura na analise de tarefas
Aspecto da postura observado Possiveis relacionamento com DORT
-Segmento do membro inclinado em relru;:ao a ·Requer um momenta de forys articular com alinha de gravidade necessidade de forcas musculares ou
ligamentos para suportil-Io
-Urn angulo articular proximo a amplitude de -Sobrecarrega as ligamentos. podendomovimento final (postura extrema) comprimir vasos sanguineos e afeta as nervos
pela trac;ao
-Altera<;:ao (au falta de altera<;:ao) na pastura
-Posk;oes articulares distantes da amplitude -Altera a geornetria dos musculos e tend6esfuncional adequada da articulacao que cruzam a articulayao; pode tomar uma
tarefa mais fatigante ou estressante
-Caracteriza a frequencia (repetitividade) au anatureza estatlCa da tarefa.
Fonte.W!lIs, 2000
32
Quando os segmentos corporais desviarn-se da posic;ao vertical, a sempre
presente fOfya da gravidade atua sabre a massa de cada urn deles. A "carga Deulta"
da massa do brar;o, ao redor da regiao lombar, e importante especialmente nas
tarefas sedentarias cnde a mesma postura deve ser mantida por perlodos
sUbstanciais de tempo. E freqUentemente denominada carga postural.
Geraimente, as extremos de urn movimento articular sao limitados pelos
ligamentos: a usa da postura extrema durante a trabalho eo indesejavel. Per exemplo,
na regiao lombar, durante sustentac;ao de "abaixamento" (em que as pernas estao
retas e e necessaria a flexao total da coluna), a flexao da col una lombar gera tensao
em seus ligamentos posteriores, e em muitas pessoas, observa-se um fen6meno de
"relaxamento da f1exao, pelo qual as musculos extensores da col una se tornam
inativos e os ligamentos dao suporte ao momento articular.
a risco potencial e desvantagem para a lesao 10mbar e que, ocorrenda
cargas inesperadas ou deslizamento, as unicas estruturas que podem supartar
cargas extras sao as ligamentos. Se a postura e mantida par periodos de tempo
prolongado (por exemplo. nos trabalhadores de refor,o do a,o ou jardineiros). pode
acorrer alongamentos (deslizamento) do ligamento, com reduCfao potencial na
estabilidade da coluna.
Para cad a articulaCf3o, ha uma amplitude de postura que minimiza as
caracterlsticas adversas da atividade, permitindo a aplica<;ao efetiva da forCfa com
urn minimo de fadiga e de potencial lesivo. Mesmo antes de ser atingida uma
postura "extrema", ocorrem altera<;6es na fun<;ao do sistema osteomuscular que
geralmente tarnam as posturas abaixo de ctimas, podendo aumentar as cargas
teciduais.
Por exemplo, no punho, a extensao acima de 30 (eleva a pressao no interior
do tunel do carpo, ate em pessoas norma is, acima de 30 mmHg). Este nivel de
pressao, se mantido por perlodos de tempo substanciais, provavelmente diminuira a
microcircula<;ao das estruturas no tunel, incluindo 0 nervo mediano. Este pode ser
urn dcs mecanismos pelos quais as atividades ocupacionais causam a sindreme do
tunel do carpo.
Outre exemplo envolve a preensao de pequenas objetos com f1exao de
punho. Isto pode requerer grande esfor<;o. e forya a flexaa maxima do punho
geralmente deixando 0 objeto cair. Esta e a base de uma serle de a<;6es de
33
autodefesa. Ou seja, as posturas nao adequadas requerem maior esfor~os para
realizar uma dada tarefa. Urn grande desvio de posturas aproximadamente neutras
pode tambem afetar 0 suprimento sangUineo. Por exemplo, olhar para cima, ao se
apanhar uma fruta pode comprometer a fluxo sangUineo cerebral, especialmente se
em conjunto com tor~ao cervical.
1.9.2Posturas E Esfor90s Est"ticos
Em muitos estudos, os esfon;:os estaticos, posturas contraldas e estaticas
tern sido associados a algias, fadiga e disturbios musculares. Se fcrem posturas
como as que geram momentos articulares cansideraveis au posturas extremas
pr6ximas ao final da amplitude de movimentos, ou fora de uma amplitude atima, e no
minima compreensivel, pais as tecidos do sistema osteomuscular esmo sob carga -
o musculo pode fatigar-se e 0 ligamento alongar-se (deslocar-se).
Parece, entretanto, que ate as cargas mantidas por perlodos de tempo
prolongados provocam a lenta recuperac;c3o dos disturbios no musculo ocasionando
dor e disfun9ao.
Portanto, uma parte importante da analise de tarefas e identificar a presenc;a
de posturas estaticas. Isto e verdadeiro para a regiao lombar, devido aos extensos
period os de tempo em posirrao sentada (especialmente se a vibrarrc30 estiver
tambem presente, como ao dirigir) pode levar ao deslizamento e estiramento dos
tecidos lombares.
De modo semelhante, trabalhar com os brac;os sem apoio, em frente ao
carpa, pravaca carga estatica nos tecidos da regiao escapular/cervical. Isto
provavelmente agravara quaisquer disturbios existentes no ombro/pescoc;o.
1.9.30 Efeito da FreqOencia
Existe uma diferenya 6bvia entre realizar uma ac;ao uma 56 vez e realizar a
rnesma arr2lo continuamente no decorrer da jornada. Em geral, a palavra repetitiva e
empregada:
a) como terrno qualitativo para descrever a grande freqUencia das ac;5es e a
mesmice ou monotonia de urn trabalho;
34
b) na descric;ao do trabalho manual rapido aparentemente com pouco
descanso entre os movimentos;
c) pode ser qualificadas p~r medidas tais como ciclos de period os de
trabalho, numero de pecras, esforc;os au golpes par hera.
1.9.3.1 Demandas sabre a regiao fombar
Os aspectos mais irnportantes da atividade a serem considerados para a
regiao 10mbar sao:
a) 0 momento maximo:
b) a presenC;a de posturas curvadas ou contorcidas sustentadas.
As orientatyoes a serem utilizadas para identificar situac;6es de trabalho com
excessive eSfOr/rD, au seja, as fatores de risco para a regiao lombar, sao descritos no
quadro 3.
QUADRO 3 - Avalia9ao dos latores de risco para a regiao lombar'
ObservarFator de risco
-Momento alto do tronco: 0 momento -Bra~s exlendidos para frente: quanta maior a extensao para frentemaximo do tronco e 0 melhor (lange do umoigo), 0 que e necessidade para segurar um peso, maiorpreditor unico de uma tarefa de momenta do corpoexcessiva esf~o Postura de curvatura do tronco gerando momentos do franco
o peso de cabec;:a. brar;:os e franco represenla metade do peso corporal;MO iulgar a material manuseado apenas atraves de levantamento depeso
-Posturas nao adequadas: a colona -Perda da curva normal( em pel na regiao !ambar: indica posturedeve estar em postura adequada Inadequadapara suportar pesos Levantamento iniciado abaixo da altura da articula<;l!o: as foro:;as sobre
as tecidos da eoluna aumentam dramatieamente como resunado degrandes momentos e posturas inadequadas da coluna
-Tempo de earga: teeides vertebrais -0 levantamento seguido imediatamente por imobilidade prolongada,moles (Ugamentos, muscu!as, sem permitir urn minuto au mais para que as discos readquiram adiscos) es1iram-se au comprimem-se tamanho e a forma normais(deslocam-se), quando sob earga Curvatura sustentada ou repetitiva, au posturas contorcidas do tronco,per perlodos de tempo prolong ados. ate sem alta 10000asobre a maoo que pode oeasioner inslabiUdade Carga repetida scbre os teeidos esplnhais medlda. par exemplo, pelo
peso total Jevantado; pareee importante em easo de Iombalgia
Fonte. WeHs, 2000
•Todos os efeilos sobre a saude dependem da extensiio da exposi~;'Io as cond~6es, magnitude ou lamanhu dofalordestresse evaria~3.o da exposi~ao.
1.9.3.2 Demandas sobre a regiao escapular
Ja para a regiao escapular (os ombros). a postura mais desgastante e a de
elevayao dos bray:os, mas tambem e importante considerar 0 momento maximo
(quadro 4).
QUADRO 4 - Avalia9~o dos latores de risco para a regiao escapular •
Fator de risco Observar
·Altos momentos para oombro ·As maos longe do corpo especialmente 5e !louver um peso sabre elas8ra~os lange do corpo au acima da ~nha media do trance: isso propiciasobrecarga na musculatura da cinh.lra escapular e cervical pois cadabra.-;o pesa cerca de 4 kg
- Carga estallca sobre a cintura -8ra~os continuamente afastados do corpo sem apoioescapular: cargas baixas continuas Eleva<;ao da cintura escapularpodem ser tao fatigantes e lesivas Segurar ferramentas continuamentequanlo as grandes cargasinfreqoentes
·Posturas incomodas do ombro -Atividade acima do nlvel do ombroAtividade com 0 bra~o atras do tronco
-Falla de tempo para recupera~ao -Repeti~<!io continua da mesma atividade, 0 que pode n<!io permitir ados tecidos rcupera~o dos tecidos envoMdos
Mais de um ter~o da for<;a do indMduo exercida por mais de um terc;odo tempo, pode levar a recupera~ao incompleta
Fonte. Wells, 2000
• Todos as efellos sabre a saude dependem da eXienslo da e~posi~~o as cond~6es. magnitude ou tamanho dofatOfdestresseevartaf:ioda expos;fiio
1.9.3.3 Demanda sobre antebrac;:o e mao
Para a mao e antebralfo, os aspectos mais importantes da atividade sao a
lor9a maxima exercida e a IreqUencia do eslor90 (quadro 5).
35
36
QUADRO 5 - Avalia,ao dos latores de risco para a regiao do antebra,o e mao'
Fator de risco Observar
-Alias fM;as e alividade bastante •TrabalhO com intervalos de alguns segundos para descansorepetitiva' ambas nao se misturam Pequena periodo de repouso entre os intervalos (membra superior embern constante movimenlo)
Evidencias de grande fort;a {ver indicat;aO a seguin
-Emprego de grande tanya: islc -Usa de preensao manual quando e mais apropnada a preensao eletncaaumen!a a lensfi:o presslonar feehOs com urn unico dedo
Dedas fon;ados em hiperextensaoluvas: podem aumentar a tort;a de preensao necessaria a tarefalevanlamento em posture prona
-Posturas inadequadas -FlexM 5ustentada ou extensao adma de 30 grausMovimenlos de punho rapidos r continuosDesvio ulnar ou radial suslentadoMovimentos espasm6dicos, oscilantes e agitados do punhoProna~ao tolal suslentada
-Cargas est.!I\icas: 0 ombro deve ser ·LLNas: pOdem gerar uma carga estatica sabre as flexores do dedomantido 0 mais baixo possivel Manier 0 punho em extensiio (por exemplo. durante datilografia: leva a
uma carga estatica sobre os extensores dos dedosSegurar urna ferrarnenta au objeto continua mente
-Instrumentos eletricos com alta -Evidencia de "ra~o violenta~ for~ando 0 punho a extensiio rapidavibra~ao. alta rotaC;:fio ou Vibrac;:ao de felTamenta: pode ocasionar calas ou dano ao vasacaracteristicas rotat6rias precarias: sangOlneo ou 0 nervopodem ocasionar grandesdemandas sobre os membrossupen!Yes
-Bordas agut;:adas e superficies -Contatos com objetos duros ou agudos nos lados dos dedos ou baseduras: podem ocesioner calos das palmas des maos
Suporter peso no lado intemo do cotovelo sobre ume superficieAparar guarni¢es em peGas com a palma da mao ou "contar"' papel(golpear 0 objeto com a mao)
-Exigencias de coloca<;ao de alta -Segurar ps:;as estacionarias a tim de encaixa-Iasprecisao: aumenta 0 tempo e quase Despender tempo em posture incOrnoda para fiar ou encao<ar pec;assernpre as posturas de forc;:aestaticae risco de rna qualidadeFonle. WeUs.2000
•Todos os efeilos sabre a s~ude dependem da extensao d~ expasi~1ioas condi~llcs. magnitude ou tamanho dofalor d estresse e \Iaria~aoda exposi~ao
.9.3.4 Demandas dos atos de sentar ou ficar em pe
Em geral, sentar e ficar em pe tem seu efeito mais direto sobre a regiao
lombar e membros inferiores. Entretanto, sentar de forma inadequada pode afetar
tambem os membros superiores. AS atos continuos de sentar e ficar em pe
possivelmente levarao a problemas: a mistura de ambos e aconselhavel.
37
QUADRO 6 - Avalia,ao dos atos de sentar ou ficar em pe •
ObservarFator de risco
-Longo alcancePesos aeima de 5 kgPerfodos prolongados em posi~ao sentada (mais de 1 hora) 5oportunidade de levantar-se per alguns minutosUtilizar uma cadeira com espac;o inadequado para 0 joelho e pior do queficarem pe
-Fiear em pe sentar e melhor para -Periodos prolongados passados em poe (mais de 1 hora) sem dar maistarefas de preensao com baixa f(J(Ga de dois passos de vez em quandoe necessidade de alcance limilada
-Senter (ver quadro 3): tiear em poe emelhor para uma variedade detarefes com maiores for~s
-Altura de superficie de Irabalho -Superflcie de lrabalho muito alia, acima da altura do cotovelo eincorTela: leva a fadiga e dar nas exigindo abdu~ao do brac;ocostas, ombro, pescQGo au brar;o Superficie de trabalho muito baixa, abaixo da altura do cotovelo e
exigindo que a pessoa se curve
-Cadeira mal projetada -Assento muito alto au com borda aguda: pode deixar as pemascansadas ou inchadas, ou os pes distorcidos; um descanso para os pese necessario nesta circunstanciaMau encosto ou falta de encosto: pode causar rigidez nas costas oufadigaFalla de ajustabilidade: dificulta 0 confaioBase de quatro pernas: com mais probabilidade de tom bar do que comcinco pemasOs brar;os da cadeira nao permitem que esta seja empurrada parapr6ximo da superficie d trabalho
Fonte, Wells, 2000
• Todos os efertos sabre a saude dependem da extens:!.o da el(posi~ao as condicoes, magnitude ou tamanho dofatordestresseevariacaodaexposicao
Uma descrit;~w simples pode muito bem induzir a erro. Uma atividade em
posit;ao sentada pode variar de uma tarefa quase imovel de monitorayao ate uma
atividade de costura, estendendo 0 brat;0, contorcendo-se, curvando-se.
Alem disso, as pessoas nao executam as mesmas atividades da mesma
maneira.
Se nao for possivel uma visita ao local de trabalho, filmar a linha de
produyao ou analisar a demanda flsica pode proporcionar excelente conhecimento
sobre este trabalho.
38
1.10 MODIFICA90ES ERGONOMICAS
As modifica,!oes ergon6micas dividem-se em duas categorias:
a) de planejamento;
b) administrativas.
As modificac;6es de planejamento envolvem modificac;6es fisicas nos postes
de trabalho, produtos, peyas au ferramentas. As modificac;6es administrativas, em
contraste, concentram-se nas pessoas e organizayao do trabalho.
Na configurac;ao e distribuic;ao do ambiente e importante observar:
a) for,as exercidas;
b) posturas adotadas;
c) frequencia e variayao temporal de esforC(os e posturas.
Tern-se urn consideravel conhecimento sabre a fadiga de metais e Qutros
materiais de engenharia, mas no que diz respeito a material biol6gico vivo, a historia
e bern mais complexa. a processo constitui 0 equilibria entre 0 dana e as fon~as
reparadoras do corpo. Aumentar a freqOencia da tarefa nao significa apenas realiza-
la mais vezes, mas tambem que 0 repouso, ou tempo de recupera'!ao por esfor,!o, e
reduzido.
as disturbios osteomusculares, em geral precariamente relatados no local
de trabalho, sao comuns e, embora nao sejam fatais, respondem par grande parte
das incapacidades, dores e sofrimentas.
Oa mesma forma, a custo dos trabalhadores acometidos ja representa uma
porcrao substancial na linha de fundo de muitos empregadores, desde as perdas de
produtividade no ambiente industrial as despesas medicas e indenizac;ao a lesados.
Uma unica lesao do disturbio de trauma cumulativo pode custar US$ 30.00, s6 em
pagamentos de honorarios medicos.
1.10.1 A Promoc;ao Oa Saude Do Funcionario
Cada trabalhador deve ser corretamente treinado para a realizac;ao das
atividades inerentes it sua func;ao, para executa-I a de maneira mais eficiente
passivel. A educac;ao usual sobre praticas laborativas seguras, como a utilizac;ao de
equipamentos de seguranc;a pessoal, e a correta uso das ferramentas com
39
seguranya, e importante na prevenya.o de les6es graves. Como seus efeitos saoimediatos, elas sao constantemente avaliadas.
Entretanto, a mecflnica corporal precaria, posturas corpora is inadequadas e
trabalhar sem as pausas de descanso apropriadas tambem podem, com 0 tempo,
provocar graves problemas de saude. Como seus efeitos nao sao imediatos, tende-
se a contemporizar sobre as devidos cuidados profilaticos que eSS3S condiyoes
requerern.
Os trabalhadores tanto quanta os empregadores, devem ser educados e
instruidos sobre este tipo de doen9a, silenciosa e por isso mesma, muito mais
perigosa e preocupante. E preciso ofertar, tambem nessa area, informayoes seguras
sobre as atitudes profilaticas na preven,ao das DORT: tempo para programas de
alongamento e fortalecimento osteomuscular, aconselhamento quanto a POSiy80
correta para a execuy80 de uma tarefa; 0 cuidado com 0 excesso de trabalho em
horas extras, etc.
as trabalhadores, tanto quanto os ernpregadores, devem ser continuamente
encorajados a adotar urn estilo de vida ativo tambern fora do trabalho. Isto inclui
lazer e, essencialmente, uma inclui boa alimentayao. Resultado: qualidade de vida ==
mais produtividade == lucro.
E importante que os empregadores, essencialmente, procurern aderir,
aplicar e apoiar as inforrnayoes oferecidas nos program as educacionais.
E neste espayo que cabe a ginastica laboral.
1.11 GINASTICA LABORAL
1.11.1 Conceito
A Ginastica Laboral, e uma cornbinay8o de algumas atividades fisicas que
tern como caracteristica comum, melhorar, sob ° aspecto fisiol6gico, a condiC;8o
fisica do individuo em seu trabalho, com 0 objetivo de prom over a saude e a
socializalf8o dos trabalhadores, atuando na prevenc;ao e terapeutica dos possiveis
disturbios osteomusculares.
Ou seja, e uma atividade lisica especllica para a lun,ilo que 0 trabalhador
executa com a finalidade de fortalecer e alongar a estrutura muscular
40
sobrecarregada e compensar Qutras estruturas mais fragilizadas quase sempre em
conseqU~ncia de urn sedentarismo cultural e esfor~os repetitivos.
Ja 0 condicionamento fisice e uma atividade generalizada que visa
desenvolver as capacidades de alongamento, fOflfa e resistencia muscular bern
como a resistencia cardiovascular da pessoa, minimizando as problemas
relacionados ao coralfao.
Em vista disso, a ginastica laboral e urn programa educacional constituido
por atividades flsicas especificamente elaboradas e adequadas as exigencias flsicas
laborais sabre varias estruturas osteomusculares dcs trabalhadores.
Sejam estas exigencias fisicas laborais discretas (como 0 sentar~se na
cadeira da diretoria) ou grosseiras (como carregar sac as no porto), 0 organismo
humano sofre se for utHizado de forma inadequada. Tanto faz se esta forma
inadequada refira-se a situa90es de estresse au ao sedentarismo. Em uma e outra
situacroes, 0 organismo fica sujeito a les6es que podem chegar ate mesmo as les6es
gravissimas com quadros de patologias irreversiveis.
1.11.2 Objetivo
A Ginastica Laboral tern como seu mais relevante objetivo, prevenir 0
aparecimento de les6es musculo-esqueleticas e/ou ligamenta res devido a situacroes
de estresse atraves da prevencraa obtida com urn melhor condicianamento fisico,
com 0 comprometimento e 0 sentimento de equipe.
Dentre os tantos beneficios trazidos pel a ginastica laboral, as
informa96es!exercicios atuarn na prevencrao de lesoes 6sseas, musculares e/ou
ligamenta res relacionadas preferencialmente com 0 trabalho.
Outro aspecto importante da ginastica laboral esta na capacidade de auxiliar
a aliviar a tensao muscular e corrigir as posturas inadequadas adotadas, durante urn
periodo muito Ion go de trabalho, atraves de alongamento, resistencia muscular e
fortalecimento, t6picos que cabem tambem na reeducacrao postural e refinamento da
coordenacrao motora.
41
1.11.3 Programa de Ginastica Laboral
Ao longo de uma maior integrac;ao nas empresas, a gimlstica laboral alia-se
a outros resultados positivQS para os trabalhadores, que se sentern mais valorizados,
refletindo essa valorizac;ao:
a) no aumento da produtividade;
b) na diminuil;2w do absenteismo;
c) na diminuiyao dos acidentes de trabalho;
d) na diminuiyao dcs custos ambulatoriais e medicos.
Por isso, todo programa de Ginastica Laboral deve 5er desenvolvido depois
de:
a) avaliac;ao criteriosa das condic;oes laborativas e ergon6micas;
b) avaliayao individual;
c) aplicayao do questionario bipolar.
1.11.3.1 Aplica,ao do program a de ginastica laboral
o programa de ginastica laboral pod era ser aplicado em toda e qualquer
empresa, em toda e qualquer area de trabalho, especialmente nas areas
consideradas mais crlticas e problematicas.
As atividades laborais serao aplicadas de acordo com as necessidades
fisicas laborais, as caracteristicas fisicas individuais e ocupacionais dos
participantes. A concordimcia dos participantes e uma boa concentravao
proporcionara a harmonia necessaria entre as pessoas e 0 meio ambiente no qual
trabalham, com a percepc;ao favorecendo a execu9ao de movimentos perieitos e
harm6nicos, evitando, conseqUentemente, os acidentes de trabalho e as doenvas
ocupacionais.
Se elaborado em parceria com area de Seguran9a da Empresa, 0 programa
de ginastica laboral permite seja tracrado plano de acrao especifico para a empresa,
otimizando ainda mais a pratica das atividades flsicas laborais na prevencrao de
acidentes de trabalho.
42
1.11.3.2 Forma de aplica9ao do programa de ginastica laboral
A forma de aplica9ao do programa de ginastica laboral sera estabelecido de
acordo com 0 diagnostico da area na qual sera aplicado:
a) no inicio da jornada de trabalho: ginastica de aquecimento ou
preparat6ria, que ativara fisiologicamente 0 organismo para a execuya.o
das tarefas laborativas;
b) nos intervalos normais do proprio cicio de trabalho, au durante as pausas
ja estabelecidas pela NR 17: ginastica distensionadora e compensat6ria,
distensionando as musculos e tend6es envolvidos com as atividades
laborativas diarias;
c) apes a jornada de trabalho: ginastica de relaxamento que favorecera aeliminayao do acido lactee produzido durante as atividades laborativas; 0
objetivo e relaxar a musculatura e diminuir as tens6es musculares
provocadas pelo trabalho.
Opcionalmente a pratica das atividades labarais poderao ser aplicadas no
meio da jornada de trabalho, com 0 objetivo de prevenir a fadiga muscular atraves
da aplicac;ao de exercicios respirat6rios, de alongamentos e/ou eXercicios
compensatorios para os grupos musculares envolvidos com as tarefas laborativas
repetitivas.
1.11.3.3 Tipos De Exercicios
Os exercicios usados na pratica da ginastica laboral podem ser:
a) respiratorios;
b) alongamento;
c) posturais: RPG;
d) compensat6rios;
e) de fortalecimento: Iso stretching;
f) de equilibrio;
g) de coordena9ao;
h) relaxamento.
43
1.11.3.4 Beneficios dcs exercicios de ginastica laboral
Muitos sao os beneficics trazidos pel a gim3stica laboral, entre eles:
a) liberayao de movimentos bloqueados por tens6es emocionais e sensayao
de urn corpo mais relaxado;
b) melhora da amplitude articular;
c) melhora da coordenayao matara, 0 que reduz 0 desgaste de energia
(movimentos mais soltos e meeis), aumento da flexibilidade do corpo;
d) ativayao da circula9210e consequente eliminay2lo das toxinas;
e) redu,ao do sedentarismo;
f) redu,ao da fadiga flsica e mental;
g) melhora a agilidade e a concentra,ao;
h) prevenyao das les6es nos musculos, fascias, ligamentos e tend6es;
conscientizayao da importancia dcs alongamentos e da atividade fisica
regular;
j) desenvolvimento da consciencia corporal;
k) bem-estar fisico e mental;
I) melhora da socializayao.
1.11.3.5 Resultados da ginaslica laboral
Excelentes resultados pod em ser observados depois da ginastica laboral,
tais como:
a) aumento na qualidade e produtividade;
b) meJhoria nas condi~6es de salide mental e fisica dos praticantes;
c) queda no numero de acidentes de trabalho;
d) redu,ao do absenleismo;
e) redu~ao da rotatividade: melhora a imagern da empresa junto aos
funcionarios;
f) aprimoramento do sentido de disciplina;
g) promo~ao de urn methor relacionamento entre os funcionarios e chefia;
h) reduc;ao de custos com afastamento de funcionarios.
44
2 MATERIAL E METODO
a encaminhamento deste estudo foi [evado a termo atraves de uma pre-seleryao de trabalhadores de nivel administrativo, de ambos as sexos, na faixa eta ria
entre 20 e 50 anos.
o principal instrumento de trabalho e 0 computador 1 com uma carga horaria
diaria de cerca de 8 horas, sem pausas para distensionamento muscular.
Para a realizac;:~o deste programa e inicio do processo de conscientiza~ao
sabre a importancia da atividade fisica laboral foram realizadas reunloes com a
Diretoria e com 0 setor Recursos Humanos de uma empresa de listas telef6nicas,
para esclarecer as procedimentos a serem tornados pela empresa e estabelecer as
principais objetivos do projeto.
Foram selecionados dois setores que mais se adaptavam as necessidades
desta pesquisa pois eram tidos como setores de risco: Departamento de ProduCf2lo
Editorial e Divisao de Processamento de Dados, totalizando 32 funcionarios.
o programa de ginastica laboral teve inicio, na empresa, com treinamento de
multiplicadores (funciomirios da propria empresa) em 03 e 05 de julho de 2000, pela
fisioterapeuta Cynthia M. ZiIIi, posteriormente a uma palestra de conscientiza9ao
para todos os funcionarios e diretoria, direcionada a necessidade das pausas e dos
exercicios laborais.
o treinamento destes multiplicadores (5 funcionarios de cad a setor), foi
realizado atraves de dois encontros de uma hora e meia cada e dividido em duas
eta pas, a saber:
a) aulas com nOCfoes de anatomia, fisiologia e biomecanica, e a entrega do
programa de exercicios diarios, para cada dia da semana;
b) apresentaCfao do programa de exercicios pelos funcionarios, para que a
fisioterapeuta pudesse cerrigir e tirar as possiveis duvidas, com relaCfao
a execuCf2lo dos mesmos.
Os exercicios sugeridos no program a semanal, foram elaborados pela
fisioterapeuta, depois de observadas as necessidades dos setores em relaCfao as
atividades de trabalho diario dos funcionarios.
Tais exerclcios sera a executados pelos multiplicadores em seus respectivos
setores, uma vez par dia, com duraCfao aproximada de dez minutos per sessao.
45
Para 0 treinamento, realizado no anfiteatro da empresa, fcram utilizados 0
retroprojetor e transparencias.
Uma vez por semana a fisioterapeuta reforc;:ou a importflncia deste programa,
em cada setor. Ao final de trinta dias foi feita a troca dos exercicios I com nova serle
semanal, a partir de reuniao com as multiplicadores.
Ao final de sessenta dias da implantac;ao do projeto fol entregue urn
questionario para averiguayao do objetivo inicial. a conscientizayao dos
trabalhadores e, principalmente, para a observacrao dos ganhos secundarios do
programa em desenvolvirnento.
Os resultados fcram tabulados e entregues em forma de relat6rio para a
empresa ern questao.
3 APRESENTA9AO DOS DADOS
o principal objetivo deste trabalho foi a conscientiza((ao dcs funcionarios da
importilncia da pausa e dcs exercicios laborais no dia-a-dia de trabalho, e ainda,
averigualfao dos relatos destes funcionarios quanta aos ganhos secundarios obtidos
quanta a postura, rendimento no trabalho, f1exibilidade, ficando em aberto ainda, urn
espay:o para as sugestoes de melhoria no programa de ginastica laboral.
No questionario (quadro 7) entregue aos 32 funcionarios constavam
perguntas abertas e fechadas para posterior tabulayao dcs resultados; nao era
necessaria a identificayao do trabalhador.
QUADRO 7 - Question.rio
1 Para voce, qual a importancia da ginastica laboral?
2 Desde 0 inicio do programa, voce observou melhora:
da postura?
do rendimento no trabalho?
da flexibilidade?
) sim
( ) sim
( ) sim
) nao
) nao
) nao
3 Na sua opiniao, 0 que pode melhorar nas aulas de
ginastica laboral?
46
47
41NTERPRETACAo DOS DADOS
Ap6s tabulal'ao dos dados, obtidos atraves do questionario,
constatou-se que 97,0% dos funcionarios que responderam ao
questionario pareceram consciente da importancia da ginastica laboral
(grafico 1).
Destes, 44,0% entenderam importancia como medida
preventiva e 23,0% no alivio de tens6es musculares (grafico 2).
Oestes 77,0% observaram melhora na postura (grafico 3); 72,0%
ja apresentaram melhora no rendimento do trabalho (grafico 4) e 83,0%
relataram melhora da flexibilidade (grafico 5); 25,0% sugeriram a
pratica dcs exercicios mais de uma vez ao dia e 30,0% sugeriram mais
alongamentos nas series propostas.
Grafico 1
Importancia da ginastica
GrMico2
Grafico 3
48
Qual a importancia da gina<c~~I;-:ra-e:-n-<7.o~
10%
23%~"%
23°,(,
Apresentou melhora da postura?
~rosi~~~
77%
malivio dastensoes
oposlura
o desempenho
Grafico 4
GRAFICO 5
49
Apresentou melhora no rendimentodo trabalho?
28'~~ [OSiml~
12%
Apresentou melhora da flexibilidade?
17%
~83%
[OSimll~
CONCLusAo
Em primeiro lugar concluiu-se que e de fundamental importancia,
para a concretizayao do projeto, a integrayao com a diretoria e
recursos humanos da empresa.
A falla da correia informa,;;o sobre 0 funcionamenlo do corpo
humane e as beneficios da atividade fisica no trabalho, pode levar ao
descredito dos funciona rios, sendo este principal 0 objetivo do
programa e atingido com exito, nesta empresa.
Em 97,0% das respostas obtidas, mostrou a conscientizayao
dos funcionarios e as sugestoes relatadas no questionario
demonstraram 0 interesse, assim como a aceitayao do programa.
Os resultados com a melhora da postura, rendimento no trabalho
e flexibilidade apontaram a melhora na "qualidade de vida" dos
Irabalhadores.
Entende-se por " boa quaJidade de vida" aquela em que as pessoas nao se
sentem limitadas para as tarefas que desejam desempenhar, por condi,!ao fisica
insuficiente. 0 sedentarismo e a causa mais freqUente da ma condi,!ao fisica,
diminuindo todas as demais qualidades e aptid6es.
Considerando·se os esfon;:os mais comuns na vida diaria e no trabalho
brac;:al, a diminuic;:ao da forc;:a e da flexibilidade sao as mais prejudiciais para a
obtenc;:ao da "qualidade de vida" essencial, e que tem side objeto de tantos estudos
tecnico·cientificos nas ultimas decadas, face as preocupa90es com 0 crescimento
significativQ da area tecnol6gica.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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HAMILL, Joseph; KNUTZEN, Kathleen M. Bases biomecanicas domovimenlo humano. Sao Paulo: Manole, '1999
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RANNEY, Don. Disturbios osteomusculares cronicos relacionados aotrabalho. Sao Paulo: Roca, 2000
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WELLS, Richard. Analise de tarefas. In RANNEY, Don. Disturbiososteomusculares cronicos relacionados ao trabalho. Sao Paulo:Roca, 2000. p.41-67