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Povo da Beira 31 de Maio de 2011 2 31 de Maio de 2011 Povo da Beira 3 Destaque Destaque -EDITORIAL- Povo da Beira João Tavares Conceição Director O Debate Rua Conselheiro Albuquerque nº 4 - R/C Esq. - Castelo Branco COMMÉDICOS CUIDADOS MÉDICOS LDA Dr.ª Ana Maria Soares - Clínica Geral Dr. José Mendes Gil - Dermatologia/Venerologia Dr. José Carvalhinho - Psiquiatria(Doenças nervosas) Dr. Mário Dionísio - Ginecologia/Obstetrícia Dr. Marquez de La Peña - Clínica Geral Dr.ª Patrícia Bernardo - Psicologia Clínica Dr. Ricardo Baptista - Massagem/Acupunctura Dr.ª Joana Pimenta Oliveira - Nutrição Clínica Telefone: 272 346 482 | Telm: 961 843 412 Marcações de Consultas: Das 14h às 20 horas Jovem de 19 anos detido por tentativa de homicídio em Idanha-a-Nova A Polícia Judiciária anunciou na passada 5ª feira a detenção de um jovem de 19 anos suspeito de tentar matar um comerciante no concelho de Idanha-a-Nova, em julho de 2010, com uma arma de fogo. Segundo fonte da di- rectoria do Centro da PJ, responsável pela detenção, o rapaz terá discutido com o proprietário de um café depois de ter "bebido umas cervejas", ao ser confronta- do com uma dívida do pai, e saiu do estabelecimento para ir buscar uma espingar- da a casa. "O rapaz disparou um primeiro tiro do interior de uma carrinha e quando o dono do café veio à rua vol- tou a disparar na sua direc- ção", explicou a mesma fon- te, adiantando que, no total, foram efectuados cinco dis- paros, sem que nenhum ti- vesse atingido o comercian- te, de 59 anos. O detido é acusado da prática de um crime de ho- micídio na forma tentada e de um crime de detenção de arma proibida. Desde a tentativa de ho- micídio que o jovem tem an- dado fugido, o que segundo a PJ dificultou a detenção, que veio a acontecer durante o dia de quarta-feira. Nas diligências efectu- adas, a PJ apreendeu duas armas de fogo, presumindo que uma delas possa ter sido a que foi utilizada na prática do crime, bem como diver- sas munições. SEF desmantelou rede de associação criminosa durante operação em Viseu, Castelo Branco e Covilhã O Serviço de Estran- geiros e Fronteiras (SEF) anunciou na passada 5ª fei- ra o desmantelamento de uma associação criminosa que se dedicava aos crimes de auxílio à imigração ilegal e lenocínio, durante uma operação que decorreu em Viseu, Castelo Branco e Co- vilhã. Em comunicado, o SEF explica que, nesta “opera- ção de grande dimensão”, foram detidas três cidadãs estrangeiras, duas delas "por permanência irregular em território nacional" e a outra "por permanência ir- regular em território nacio- nal e pela prática do crime de auxílio à imigração ilegal e lenocínio”. Foi também constituído arguido “um ci- dadão nacional pela prática dos mesmos crimes”, acres- centa. As detenções ocorre- ram na sequência de inves- tigações desenvolvidas pelo SEF nos últimos meses, que “levaram as autoridades judiciárias a emitir vários mandados”, nomeadamen- te quatro de busca domicili- ária e um de busca e apreen- são em viatura automóvel. “Da execução de man- dados de busca e apreensão resultou a apreensão de diversa documentação de prova relevante e algum nu- merário”, refere. Segundo o SEF esta investigação “re- sulta de uma intensa activi- dade operacional, que tem sido desenvolvida com a fi- nalidade de identificar cida- dãos e situações conectadas com actividades ilícitas”. Por outro lado, pretende-se “combater os fluxos crimi- nosos transnacionais, desig- nadamente os relacionados com a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos”. GNR de Castelo Branco faz recolha de sangue O Núcleo de Dado- res de Sangue da Guarda Nacional Republicana e a Associação de Dadores de Sangue da Beira Interior Sul, promovem a realiza- ção de mais uma brigada de recolha de sangue, que terá no próximo dia 6. A brigada decorrerá nas instalações do Coman- do daquela força de segu- rança, das 09,30 às 13,00 horas. Embora a brigada seja especialmente dirigida às forças de segurança (GNR, PSP, Polícia de Fronteiras, Guarda Fiscal, Guardas Prisionais), ela também é alargada a toda a popula- ção interessada. Um olhar sobre os mais novos De que falamos quando falamos de crianças O Dia da Criança co- memora-se, em Portugal, no dia 1 de Junho. Para assinalar a data propomos aos mais crescidos uma reflexão sobre o lugar das crianças nas suas vidas: os seus filhos, netos, sobri- nhos, e também os meni- nos e meninas que não têm quem cuide deles, que tam- bém os há no concelho de Castelo Branco. O Povo da Bei- ra falou com um grupo de espe- cialistas e insti- tuições para, em conjunto, pintar- mos um retrato da nova infância. Uma geração que, em declarações ao nosso Jornal, António Torrado, premiado autor de li- teratura infantil, diz ser “uma projecção de nós, os adultos”. Para o conceituado psiquiatra e escritor portu- guês, Daniel Sampaio, “as crianças são hoje mais exi- gentes, muito mais criativas e curiosas”. Mas, dispersos pelas inúmeras obrigações e solicitações da vida mo- derna, os pais passam pou- co tempo com os filhos. “Os grandes desafios na educação são o afecto e a disciplina, ou seja, como dosear a atenção afectiva e como conseguir o controlo disciplinar”, assegura, ao Povo da Beira, aquele que foi um dos introdutores da terapia familiar em Portu- gal. Não é, portanto, de es- tranhar que o Cen- tro So- cial Padres Redentoristas, uma instituição particular em Castelo Branco, fre- quentada por 586 crian- ças, nas valências de cre- che, pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, esteja já lotado para o ano lectivo 2011/2012. São diversas, as acti- vidades extra-curriculares para ocupar o tempo dos alunos: inglês, judo, edu- cação musical ou natação, tudo numa instituição que tenta ser “o prolongamento da família”. Ainda assim, o responsável lamenta que “muitas das crianças pas- sem mais tempo acordadas na instituição do que com a família, sacrificadas pela vida ocupada dos pais”. Curiosas e adeptas de novidades tecnológi- cas, as crianças voltam- -se hoje para a socializa- ção na Internet. A situação inquieta alguns pais, mas Daniel Sampaio acredita que “desde que exerçam alguma vigilância, a Net pode ser um modo saudável de socializar e fa- zer amigos”. No site História do Dia, os mais novos podem ler e escutar todos os dias uma nova his- tória de António Torra- do, autor com raízes fami- liares em Monforte da Beira. “Uma certa cumplici- dade com o leitor; um cer- to humor, leve; e um certo maravilhoso” são os segre- dos das histórias de que as crianças gostam. Entre as crises económica e de valores E m tempo de crise eco- nómica, para Da- niel Sam- paio, os cuidados e atenções devem ser redobrados: “a crise pode tornar as crianças pouco felizes: compete aos pais e professores lutar contra isso, ouvin- do-as sempre”, refere. Este é um fenómeno que concorre para a de- sagregação familiar, que afecta forçosamente as crianças. O padre José San- ches Pires explica que os mais pequenos “ficam mais nervosos, comem menos, faltam-lhe sorrisos e espon- taneidade”. Com alunos do 1º ciclo, “os problemas são ainda mais acentuados e o rendimento escolar baixa”. Mas “a actual crise”, adver- te, “mais do que económi- ca, é de valores”. “A Comissão não tira meninos aos pais” “Havia a ideia de que a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Peri- go (CPCJ) é um papão que tira meninos aos pais, mas penso que, hoje em dia, o mito está um pouco ultra- passado”, afirma Maria do Carmo Andrade, presiden- te da CPCJ do concelho de Castelo Branco. O objectivo, explica a dirigente ao nosso Jornal, é “prevenir ou por termo a si- tuações susceptíveis de co- locar em causa os direitos da criança, mas a criança só não ficará com a família, se esta, mesmo acompa- nhada, não resolver a situ- ação”. A CPCJ acompanha, actualmente, 305 proces- sos. Até aos 10 anos, as denúncias visam sobretudo “sinalizações relacionadas com negligência ao nível da alimentação, higiene e saú- de”, detectadas por escolas, hospitais, PSP, ou vizinhos. A infância contada pelas crianças Consideram-se “seres humanos em desenvolvi- mento”, mas têm telemó- veis, Facebook e muita pressa de crescer. Sem que seja preciso pedi-la, têm opinião sobre a “injusta crise financeira” e sobre os políticos, que “dão de- masiada importância às actividades económicas”. “Mas”, observam, “são os portugueses que votam ne- les”. O Povo da Beira pas- sou a tarde com quatro alunos do 4º ano de esco- laridade do Centro Social Padres Redentoristas, em Castelo Branco. São filhos da modernidade: têm os seus direitos e deveres na ponta da língua, têm cons- ciência ambiental e social, mas lamentam o pouco tempo que passam com a família. Catarina diz que fica “mais triste do que cha- teada” por não rece- ber mais atenção, porque compreende que a mãe “tem mais do que um trabalho, precisa de pagar a renda de casa e a escola”. Mas, afinal, é mais di- fícil ser criança ou adulto? Para Manuel, “tudo depen- de”. Isto porque “um adul- to tem de trabalhar ardua- mente”, mas “pode fazer o que quiser desde que ache que está certo”. E, como as crianças não gostam de receber or- dens, surgem os conflitos. “Ai, então hoje sou eu que tenho de ter paciência?”, pergunta Maria Eduar- da nos dias em que a mãe “acorda mal disposta”. Nascida no Brasil, tem as unhas coloridas de tons so- fisticados, mas ainda rece- be mil advertências quando fica sozinha em casa. Dizem-se crianças dife- rentes daquelas que os pais seriam. Para o comprovar, Maria Cabaço evoca as re- cordações de infância da mãe, que “brincava a fazer coisas como puxar penas às galinhas ou, então, soltava os coelhos para ir à procura deles”. “Brincar às adolescentes” “Do que eu gosto mais é de «brincar às adolescen- tes»”. E no que consta tal brincadeira? A Catarina ex- plica: “fingimos que somos adolescentes, donas de um bar ou discoteca, e depois fazemos dramas muito grandes”. As meninas anseiam por maiores liberdades, vi- das mais entusiasmantes, como aquelas a que assis- tem nos “Morangos com Açúcar”. Já Manuel vê as séries da FOX, pratica des- porto ou entretêm-se com uma das oito consolas que tem em casa. Todos têm as agendas preenchidas por actividades extra-curricu- lares. Os gadgets mais po- pulares e as redes sociais são-lhes familiares, e, por vezes, dita o destino que sejam os mais novos a en- sinar os mais velhos. “Ensi- nei a minha avó a utilizar o computador e a Internet”, conta Maria Eduarda. Damos a palavra final a Maria Cabaço: “as crian- ças conseguem pensar em coisas em que os adultos já não pensam, a nossa imagi- nação é mais criativa do que a deles”. Todas as crianças querem ser veterinárias, porque todas gostam de animais. Mas os meninos também sonham com o futebol e as meninas com os palcos e os ecrãs de televisão.

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Povo da Beira 31 de Maio de 20112 31 de Maio de 2011 Povo da Beira 3Destaque Destaque

-EDITORIAL-Povo da Beira

João Tavares ConceiçãoDirector

O Debate

Rua Conselheiro Albuquerque nº 4 - R/C Esq. - Castelo Branco

COMMÉDICOSCUIDADOS MÉDICOS LDA

Dr.ª Ana Maria Soares - Clínica GeralDr. José Mendes Gil - Dermatologia/VenerologiaDr. José Carvalhinho - Psiquiatria(Doenças nervosas)

Dr. Mário Dionísio - Ginecologia/Obstetrícia

Dr. Marquez de La Peña - Clínica GeralDr.ª Patrícia Bernardo - Psicologia ClínicaDr. Ricardo Baptista - Massagem/AcupuncturaDr.ª Joana Pimenta Oliveira - Nutrição Clínica

Telefone: 272 346 482 | Telm: 961 843 412Marcações de Consultas: Das 14h às 20 horas

Jovem de 19 anos detido por tentativa de homicídio em Idanha-a-Nova

A Polícia Judiciária anunciou na passada 5ª feira a detenção de um jovem de 19 anos suspeito de tentar matar um comerciante no concelho de Idanha-a-Nova, em julho de 2010, com uma arma de fogo.

Segundo fonte da di-rectoria do Centro da PJ, responsável pela detenção, o rapaz terá discutido com o proprietário de um café depois de ter "bebido umas cervejas", ao ser confronta-do com uma dívida do pai, e saiu do estabelecimento para ir buscar uma espingar-da a casa.

"O rapaz disparou um

primeiro tiro do interior de uma carrinha e quando o dono do café veio à rua vol-tou a disparar na sua direc-ção", explicou a mesma fon-te, adiantando que, no total, foram efectuados cinco dis-paros, sem que nenhum ti-vesse atingido o comercian-te, de 59 anos.

O detido é acusado da prática de um crime de ho-micídio na forma tentada e de um crime de detenção de arma proibida.

Desde a tentativa de ho-micídio que o jovem tem an-dado fugido, o que segundo a PJ dificultou a detenção, que veio a acontecer durante

o dia de quarta-feira.Nas diligências efectu-

adas, a PJ apreendeu duas armas de fogo, presumindo que uma delas possa ter sido a que foi utilizada na prática do crime, bem como diver-sas munições.

SEF desmantelou rede de associação criminosa durante operação em Viseu, Castelo Branco e Covilhã

O Serviço de Estran-geiros e Fronteiras (SEF) anunciou na passada 5ª fei-ra o desmantelamento de uma associação criminosa que se dedicava aos crimes de auxílio à imigração ilegal e lenocínio, durante uma operação que decorreu em Viseu, Castelo Branco e Co-vilhã.

Em comunicado, o SEF explica que, nesta “opera-ção de grande dimensão”, foram detidas três cidadãs estrangeiras, duas delas "por permanência irregular em território nacional" e a outra "por permanência ir-regular em território nacio-nal e pela prática do crime de auxílio à imigração ilegal e lenocínio”. Foi também constituído arguido “um ci-dadão nacional pela prática dos mesmos crimes”, acres-

centa.As detenções ocorre-

ram na sequência de inves-tigações desenvolvidas pelo SEF nos últimos meses, que “levaram as autoridades judiciárias a emitir vários mandados”, nomeadamen-te quatro de busca domicili-ária e um de busca e apreen-são em viatura automóvel.

“Da execução de man-dados de busca e apreensão resultou a apreensão de diversa documentação de

prova relevante e algum nu-merário”, refere. Segundo o SEF esta investigação “re-sulta de uma intensa activi-dade operacional, que tem sido desenvolvida com a fi-nalidade de identificar cida-dãos e situações conectadas com actividades ilícitas”. Por outro lado, pretende-se “combater os fluxos crimi-nosos transnacionais, desig-nadamente os relacionados com a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos”.

GNR de Castelo Branco faz recolha de sangue

O Núcleo de Dado-res de Sangue da Guarda Nacional Republicana e a Associação de Dadores de Sangue da Beira Interior Sul, promovem a realiza-ção de mais uma brigada de recolha de sangue, que terá no próximo dia 6.

A brigada decorrerá nas instalações do Coman-

do daquela força de segu-rança, das 09,30 às 13,00 horas.

Embora a brigada seja especialmente dirigida às forças de segurança (GNR, PSP, Polícia de Fronteiras, Guarda Fiscal, Guardas Prisionais), ela também é alargada a toda a popula-ção interessada.

Um olhar sobre os mais novos

De que falamos quando falamos de criançasO Dia da Criança co-

memora-se, em Portugal, no dia 1 de Junho. Para assinalar a data propomos aos mais crescidos uma reflexão sobre o lugar das crianças nas suas vidas: os seus filhos, netos, sobri-nhos, e também os meni-nos e meninas que não têm quem cuide deles, que tam-bém os há no concelho de Castelo Branco.

O Povo da Bei-ra falou com um grupo de espe-cialistas e insti-tuições para, em conjunto, pintar-mos um retrato da nova infância. Uma geração que, em declarações ao nosso Jornal, António Torrado, premiado autor de li-teratura infantil, diz ser “uma projecção de nós, os adultos”.

Para o conceituado psiquiatra e escritor portu-guês, Daniel Sampaio, “as crianças são hoje mais exi-gentes, muito mais criativas e curiosas”. Mas, dispersos pelas inúmeras obrigações e solicitações da vida mo-derna, os pais passam pou-co tempo com os filhos. “Os grandes desafios na

educação são o afecto e a disciplina, ou seja, como dosear a atenção afectiva e como conseguir o controlo disciplinar”, assegura, ao Povo da Beira, aquele que foi um dos introdutores da terapia familiar em Portu-gal.

Não é, portanto, de es-t r a n h a r

que o Cen-

tro So-cial Padres

Re d e n t o r i s t a s , uma instituição particular em Castelo Branco, fre-quentada por 586 crian-ças, nas valências de cre-che, pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, esteja já lotado para o ano lectivo 2011/2012.

São diversas, as acti-vidades extra-curriculares para ocupar o tempo dos alunos: inglês, judo, edu-cação musical ou natação,

tudo numa instituição que tenta ser “o prolongamento da família”. Ainda assim, o responsável lamenta que “muitas das crianças pas-sem mais tempo acordadas na instituição do que com a família, sacrificadas pela vida ocupada dos pais”.

Curiosas e adeptas de novidades tecnológi-cas, as crianças voltam--se hoje para a socializa-ção na Internet. A situação inquieta alguns pais, mas Daniel Sampaio acredita que “desde que exerçam alguma vigilância, a Net pode ser um modo

saudável de socializar e fa-zer amigos”.

No site História do Dia, os mais novos podem ler e escutar todos os dias uma nova his-tória de António Torra-d o ,

autor com raízes fami-liares em Monforte da

B e i r a . “ U m a certa cumplici-dade com o leitor; um cer-to humor, leve; e um certo maravilhoso” são os segre-dos das histórias de que as crianças gostam.

Entre as crises económica e de

valores

E m tempo de crise eco-n ó m i c a , para Da-niel Sam-

paio, os cuidados

e atenções devem ser

redobrados: “a crise pode tornar

as crianças pouco felizes:

c o m p e t e aos pais e professores

lutar contra isso, ouvin-do-as sempre”, refere.

Este é um fenómeno que concorre para a de-sagregação familiar, que afecta forçosamente as crianças. O padre José San-ches Pires explica que os mais pequenos “ficam mais nervosos, comem menos, faltam-lhe sorrisos e espon-taneidade”. Com alunos do 1º ciclo, “os problemas são ainda mais acentuados e o rendimento escolar baixa”. Mas “a actual crise”, adver-te, “mais do que económi-ca, é de valores”.

“A Comissão não tira meninos aos pais”

“Havia a ideia de que a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Peri-

go (CPCJ) é um papão que tira meninos aos pais, mas penso que, hoje em dia, o mito está um pouco ultra-passado”, afirma Maria do Carmo Andrade, presiden-te da CPCJ do concelho de Castelo Branco.

O objectivo, explica a dirigente ao nosso Jornal, é “prevenir ou por termo a si-tuações susceptíveis de co-locar em causa os direitos da criança, mas a criança só não ficará com a família, se esta, mesmo acompa-nhada, não resolver a situ-ação”.

A CPCJ acompanha, actualmente, 305 proces-sos. Até aos 10 anos, as denúncias visam sobretudo “sinalizações relacionadas com negligência ao nível da alimentação, higiene e saú-de”, detectadas por escolas, hospitais, PSP, ou vizinhos.

De que falamos quando falamos de crianças

c o m p e t e go (CPCJ) é um papão que

do ensino básico, esteja já lotado para o ano lectivo

São diversas, as acti-

No site História do Dia, os mais novos podem ler e escutar todos os dias uma nova his-tória de António Torra-d o ,

económica e de valores

E m tempo de crise eco-n ó m i c a , para Da-niel Sam-

paio, os

“a crise pode tornar as crianças pouco felizes:

quem cuide deles, que tam-bém os há no concelho de Castelo Branco.

O Povo da Bei-ra falou com um grupo de espe-cialistas e insti-tuições para, em conjunto, pintar-mos um retrato da nova infância. Uma geração que, em declarações ao nosso Jornal, António Torrado, premiado autor de li-teratura infantil, diz ser “uma projecção de nós, os

Não é, portanto, de es-t r a n h a r

que o Cen-

tro So-cial Padres

Re d e n t o r i s t a s ,

de novidades tecnológi-cas, as crianças voltam--se hoje para a socializa-ção na Internet. A situação inquieta alguns pais, mas Daniel Sampaio acredita que “desde que exerçam alguma vigilância, a Net pode ser um modo

saudável de socializar e fa-zer amigos”.

No site História do Dia, os mais novos podem ler e escutar todos os dias uma nova his-tória de

ler e escutar todos os dias uma nova his-

tudo numa instituição que tenta ser “o prolongamento da família”. Ainda assim, o responsável lamenta que “muitas das crianças pas-sem mais tempo acordadas na instituição do que com a família, sacrificadas pela

Curiosas e adeptas de novidades tecnológi-cas, as crianças voltam--se hoje para a socializa-ção na Internet. A situação inquieta alguns pais, mas Daniel Sampaio acredita B e i r a .

“ U m a certa cumplici-

c o m p e t e aos pais e professores

lutar contra isso, ouvin-

c o m p e t e

A infância contada pelas criançasConsideram-se “seres

humanos em desenvolvi-mento”, mas têm telemó-veis, Facebook e muita pressa de crescer. Sem que seja preciso pedi-la, têm opinião sobre a “injusta crise financeira” e sobre os políticos, que “dão de-masiada importância às actividades económicas”. “Mas”, observam, “são os portugueses que votam ne-les”.

O Povo da Beira pas-sou a tarde com quatro alunos do 4º ano de esco-laridade do Centro Social Padres Redentoristas, em Castelo Branco. São filhos da modernidade: têm os seus direitos e deveres na ponta da língua, têm cons-ciência ambiental e social, mas lamentam o pouco tempo que passam com a família.

Catarina diz que fica “mais triste do que cha-

teada” por não rece-ber mais atenção,

porque compreende que a mãe “tem mais do que um trabalho, precisa de pagar a renda de casa e a escola”.

Mas, afinal, é mais di-

fícil ser criança ou adulto? Para Manuel, “tudo depen-de”. Isto porque “um adul-to tem de trabalhar ardua-mente”, mas “pode fazer o

que quiser desde que ache que está certo”.

E, como as crianças não gostam de receber or-dens, surgem os conflitos.

“Ai, então hoje sou eu que tenho de ter paciência?”, pergunta Maria Eduar-da nos dias em que a mãe “acorda mal disposta”. Nascida no Brasil, tem as unhas coloridas de tons so-fisticados, mas ainda rece-be mil advertências quando fica sozinha em casa.

Dizem-se crianças dife-rentes daquelas que os pais seriam. Para o comprovar, Maria Cabaço evoca as re-cordações de infância da mãe, que “brincava a fazer coisas como puxar penas às galinhas ou, então, soltava os coelhos para ir à procura deles”.

“Brincar às adolescentes”

“Do que eu gosto mais é de «brincar às adolescen-tes»”. E no que consta tal brincadeira? A Catarina ex-plica: “fingimos que somos adolescentes, donas de um bar ou discoteca, e depois

fazemos dramas muito grandes”.

As meninas anseiam por maiores liberdades, vi-das mais entusiasmantes, como aquelas a que assis-tem nos “Morangos com Açúcar”. Já Manuel vê as séries da FOX, pratica des-porto ou entretêm-se com uma das oito consolas que tem em casa. Todos têm as agendas preenchidas por actividades extra-curricu-lares.

Os gadgets mais po-pulares e as redes sociais são-lhes familiares, e, por vezes, dita o destino que sejam os mais novos a en-sinar os mais velhos. “Ensi-nei a minha avó a utilizar o computador e a Internet”, conta Maria Eduarda.

Damos a palavra final a Maria Cabaço: “as crian-ças conseguem pensar em coisas em que os adultos já não pensam, a nossa imagi-nação é mais criativa do que a deles”.

Todas as crianças querem ser veterinárias, porque todas gostam de animais. Mas os meninos também sonham com

o futebol e as meninas com os palcos e os ecrãs de televisão.