PB 904

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Povo da Beira 5 de Julho de 2011 2 5 de Julho de 2011 Povo da Beira 3 Com descontos que po- dem chegar aos 70 por cen- to, calças e saias a 10 euros, as promoções são uma for- ma de antecipar legalmente os saldos de Verão, que de- correm de 15 de Julho a 15 de Setembro. Em contexto de crise, os clientes aprovei- tam para comprar artigos a um preço mais acessível, enquanto os comerciantes procuram escoar stocks e estimular as vendas. Longe da azáfama en- clausurada das grandes superfícies, o comércio tra- dicional de Castelo Branco procura cativar transeuntes nas ruas soalheiras da cida- de, sobretudo os chamados “clientes das promoções”, e conseguir receitas para in- vestir nas novas colecções. Os comerciantes do centro albicastrense reco- nhecem que o movimento é maior quando afixam na vitrina a palavra “Promo- ções”. Porém, confessam ao Povo da Beira, têm receio de que o chamariz perca efi- cácia quando todas as lojas oferecem regalias semelhan- tes, quando o cliente já as toma por adquiridas. Ainda assim, segundo Jorge Cardoso, gerente da loja de roupa Trappy’s, é inevitável acompanhar a re- gra da maioria. “Começar com promoções apenas nos saldos é matar o negócio”, garante, até porque cada vez a concorrência as inicia mais cedo. O mesmo explica Luís Almeida, que pertence à terceira geração de geren- tes da Ramos de Almeida, Lda, fundada no longín- quo ano de 1956. “Os sal- dos não existem: são uma maneira bonita de pôr as coisas, até porque muitas vezes não baixam os preços das promoções”, diz. O res- ponsável dá o seu exemplo: “Temos sempre promoções, porque não há outra hipóte- se de vender, já que todas as outras lojas as têm”. Esta realidade torna mais interessante aprovei- tar as promoções antes dos saldos. Ainda que estes últimos permitam vender produtos abaixo do preço de custo, muitos comer- ciantes optam por colocar desde logo os artigos com desconto máximo. Aqueles que não o fazem, só revêem os preços quando sobejam poucas cores e tamanhos. É isso que nos afiança o responsável da Goya, João Morgadinho. O comercian- te observa que “normal- mente o que acontece é que os melhores produtos e os tamanhos principais são es- colhidos durante as promo- ções, e desaparecem antes de entrarmos em saldos”. Os clientes das promoções Começam a espreitar as montras com o aproximar das promoções, mas alguns já conhecem o recheio das lojas. Descobriram certas peças de roupa ou calçado de que gostaram, mas op- taram por aguardar pelas promoções. Para os comer- ciantes, é essencial conciliar estes clientes com aqueles que gostam de vestir ou cal- çar as novidades. “Há clientes que vêm ver se já estamos com pro- moções, que estão à espera de um desconto que lhes permita comprar artigos de que gostam; mas temos também os nossos clientes habituais, que gostam dos artigos e compram mesmo sem promoção”, diz Carla Salgueiro, da Trappy’s. Naquele momento, a funcionária ajuda uma cliente, Rosa Pires, a esco- lher quatro peças de roupa. Trata-se de uma promoção que oferece uma peça gra- tuita na compra de outras três. A cliente diz que, “para quem pode, é melhor com- prar durante o princípio das promoções, porque no final podemos ter de nos sujeitar às cores que há. Mesmo os artigos disponíveis podem já não ser bem aqueles de que gostamos”. Na Revolution, “o cliente da loja é fixo, e quando chegam novidades, geralmente compra, mesmo que não haja promoção”, afirma a gerente. Elisabe- te Almeida refere que “as promoções são mais para os clientes de rua, que vão pas- sando, vendo os descontos, e entram”. Se é verdade que algu- mas pessoas aproveitam para comprar artigos consi- derados acessíveis por pre- ços ainda mais económicos, João Barata, responsável da sapataria Rosa Preto, adianta que o principal alvo dos saldos são “geralmente os artigos mais caros e de maior qualidade”. Artigos como, por exemplo, um vestido. É precisamente por um vesti- do que Carla Marques tem corrido algumas lojas. Passa as mãos por uma peça de roupa cor-de-rosa, suave ao toque, e com desconto de 30 por cento. Não sabe ainda se a vai comprar. Explica, entretanto, que esperou pe- las promoções porque os ar- tigos “podem ficar um pou- co mais em conta, e ainda há bastante escolha”. Crise afecta quem compra e quem vende Adelino Minhós, pre- sidente da Associação Co- mercial, Industrial e Ser- viços de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão (ACICB), reco- nhece que “o ano está mui- to difícil, e por isso é normal que as pessoas estejam mui- to contidas nos seus gastos, nomeadamente na área do vestuário”. É o caso de Carolina Figueira, que adquiriu um par de sapatos com descon- to de 50 por cento, e tenta controlar o seu habitual im- Destaque Destaque -EDITORIAL- João Tavares Conceição Director Confiança e Trabalho Se já não surpreende, é porque já é tradição. Todos os verões, semanas antes do início da época oficial de saldos, já as lojas de vestuário, calçado e acessórios de moda exibem nas montras as promoções. Reportagem: Tiago Carvalho Rua Conselheiro Albuquerque nº 4 - R/C Esq. - Castelo Branco DR.ª ANA MARIA SOARES MEDICINA FAMILIAR Consultório: COMMÉDICOS LDA Marcações de Consultas: Das 14h às 20 horas Telefone: 272 346 482 | Telm: 961 843 412 Acordos com: CGD, PT/CTT - ACS, Mutualistas do M.Pio Geral e Medicare Promoções para todos os gostos e bolsas no centro da cidade pulso consumista. “Mesmo com os descontos tento ser moderada”, afirma. Embo- ra não estabeleça qualquer orçamento para promoções e saldos, assegura: “Procuro comprar aquilo de que real- mente preciso”. Numa conjuntura eco- nómica pouco propícia ao consumo, é essencial saber motivar o cliente para a compra, contrariar a típica quebra de vendas no perío- do que antecede os saldos. E é aí que entram as pro- moções, que surgem como resposta a essa quebra. Para Valter Ramalhoso, sócio-gerente da sapataria Ramalhoso, “hoje as pes- soas compram menos por vaidade, e mais por necessi- dade”. Não obstante, gosta de “avançar cedo com as novas colecções, quando as pessoas começam a ansiar por novidades”. A opção pela economia local e pelo produto nacio- nal é, di-lo o Presidente da República, uma porta de saída para a crise. O em- presário da Ramalhoso, que gere uma loja no centro da cidade e outra numa gran- de superfície, constata que algumas pessoas começam a regressar ao comércio tradicional. “O movimento geral na grande superfície diminuiu após o entusias- mo inicial, enquanto na loja da cidade tem aumen- tado o número de clientes”, sublinha. Jorge Neves preocupado com redução de autarquias no interior “Espero que não se comece a reorganizar o país pelas juntas de freguesia” “Estou atento à questão da redução de autarquias”, afirmou Jorge Neves na pas- sada quinta-feira, dia 30 de Junho, durante o Período de Antes da Ordem do Dia, na Assembleia de Freguesia de Castelo Branco. O presi- dente da Junta lembrou que “nada está definido, embora todos conheçamos as medi- das da troika, que dizem que o número de autarquias vai ser significativamente redu- zido”. Para o dirigente socia- lista, “o interior vai sofrer porque há muitas situações em que as juntas de fregue- sias são a única entidade pú- blica que existe nas localida- des”. Jorge neves adiantou que “o que seria interessante era fazer uma reorganização integral do país, e não que se comece pelos mais pe- queninos, que são as juntas de freguesia, pois temo que se mexa para ficar tudo na mesma”. A boa notícia é que os censos demonstram que a freguesia cresceu. O número de alojamentos regista um acréscimo de 19 por cento, passando de 16 mil para 19 mil; o número de famílias subiu 24 por cento, de 11 mil para 14 mil; e o número de indivíduos residentes passou de 31 mil para 35 mil, um acréscimo de 12%. João Carlos Nunes, do PSD, chamou a atenção para deterioração do Bairro do Tostão. “O bairro precisa de melhorias, mas aparente- mente é um parente pobre da malha urbana da cidade de Castelo Branco”, disse, acrescentando que “algo vai mal na avaliação das condi- ções de limpeza e seguran- ça, daí as queixas dos mora- dores, e com legitimidade”. Em resposta, Jorge Ne- ves referiu que as questões de requalificação urbana são da responsabilidade da Câmara de Castelo Branco, afiançando que irá acompa- nhar o assunto. A deputada da CDU, Manuela Carvalho, realçou a “contribuição especial” lançada pelo Governo. “Vai implicar o corte de metade dos subsídios de Natal em todos ordenados acima do salário mínimo”, disse, refe- rindo ainda que “para mui- tos dos mortais este subsídio é essencial à sua sobrevivên- cia”. Aprovada alteração orçamental para 2011 Durante o Período de Ordem do Dia, a Assem- bleia de Freguesia aprovou uma proposta de alteração orçamental para 2011, que prevê um reforço de 53.567, 19 euros, verba transitada do saldo de 2010. Do plano de actividades da Junta para este ano, cons- ta a apresentação da mono- grafia da Taberna Seca, que será apresentada durante as festas da localidade, no dia 15 de Agosto. Um outro es- tudo monográfico, dos Len- tiscais, será apresentado no próximo ano. Para o dia 16 de Julho está agendado o “Desfile de Moda: Reciclagem e Trapo- logia”. O deputado socialis- ta José Lagiosa salientou o aspecto ambiental do even- to. “A confecção dos fatos que dão origem a este desfile é um bom exemplo daqui- lo que é possível fazer com reciclagem”, afirmou. Con- tudo, Jorge Neves lamentou que a Valnor, empresa de tratamento de resíduos ur- banos, tenha optado por não se associar à iniciativa. Joaquim Farinha, do PS, sugeriu uma moção de felicitações ao jornal Recon- quista, pela condecoração como membro honorário da Ordem de Mérito Civil, atri- buída no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A moção foi aprovada por unanimidade. Tiago Carvalho Presidente da Junta defende reorganização integral do país Esta semana realizou- -se a apresentação e discus- são do Programa do Gover- no. Não se falou demasiado na situação nem saltaram nomes de culpados. O país está como está, e só há que dar-lhe a volta. A austerida- de é ponto de honra, como não poderia deixar de ser, mas muitas outras medidas vão ter de aparecer na área económica e na contenção da despesa pública. É um facto que esta primeira medida, do corte do subsídio de Natal, não é nada agradável para muitos portugueses. Todos temos consciência da preocupante situação económica, e só esperamos que esta medida seja, não só pontual, como se traduza numa boa aju- da para a resolução da cri- se. Claro que, ainda longe de se efectivar, não passa de um mero anúncio, pelo que se poderá prever al- guma contestação lá mais para o fim do ano. Para já parece-nos que a necessi- dade deste imposto extra- ordinário foi bem justifica- da, além de que também precisamos de nos afas- tar da Grécia, em termos de imagem. Também a limitação das pensões a um máximo de sete ordenados mínimos é uma boa indicação da contenção dos custos, mas mais como medida morali- zadora do que como medi- da efectiva. As previsíveis privatizações de empresas emblemáticas podem con- tribuir para a melhoria do défice e, ao contrário do que muitos pensam, acaba- rem por melhorar a sua pró- pria prestação de serviços. É preciso que tenhamos consciência que o forneci- mento de qualquer serviço básico, não pode ser feito a qualquer custo, nem que esse custo possa servir de desculpa para os enormes défices que estas empresas apresentam. E na área das empresas públicas muitas medidas irão ainda ser to- madas. A Oposição está na expectativa. Ouviram-se discursos contra e a favor das medidas anunciadas, mas sem aquela crispação a que já nos vínhamos ha- bituando. A moderação ocupa grande lugar, princi- palmente entre aqueles que se sabem culpados, por ac- ção ou omissão, pela actual situação. E são estes que hoje, em plena campanha eleitoral, afirmam que o anterior primeiro-ministro se deveria ter demitido um ano antes. E são os mesmos que na hora da despedida lhe fazem o choradinho da praxe: que foi muito ata- cado e injuriado, mas saiu com grande honra e digni- dade. Como é fácil ignorar a extrema teimosia, a ma- nia das grandezas e a pre- potência que o fez arrastar Portugal para o fundo do poço. E dizem que Cavaco Silva foi culpado por não ter exercido uma magistra- tura de influência mais ac- tiva. E que a anterior Opo- sição só se interessou por ganhar o poder, não tendo em linha de conta o período que se vivia quando precipi- tou a crise. Mas não falam do que estaríamos agora a viver se nada disto se tivesse passado. Se calhar as con- versas ainda andariam pe- los TGV’s, pelas auto-estra- das, pelo défice que subia e descia sem se saber porquê, sempre com a desculpa de que o INE não fazia bem as contas, com o desemprego a descer agora que se apro- xima a época estival, com milhares de portugueses a procurarem trabalho sazo- nal, mas precário. A me- mória das pessoas é muito curta, principalmente quan- do o grande causador se remete ao silêncio. Está a jogar deliberadamente com o tempo, pensando que este tudo esquece e ameniza. Donde quando as pesso- as começarem a criticar as medidas que se impõem como necessárias, era bom que não se esquecessem de quem as pôs entre a espa- da e a parede. A esses sim dever-se-iam cobrar todas as irresponsabilidades e in- competências cometidas. Por último e sobre a Justiça, tomámos conhe- cimento do fim anunciado da telenovela Fátima Fel- gueiras. Ao fim de dez anos de diatribes, fugas, acusa- ções politicas e pessoais, os crimes ou prescreveram ou não foram dados como provados. E levanta-se a ve- lha dúvida: ré ou inocente? Numa situação ou noutra, ninguém a cura dos males padecidos, mas a Justiça, de quem se costuma dizer mais vale tarde do que nun- ca, mais uma vez não ficou bem na fotografia.

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Povo da Beira 5 de Julho de 20112 5 de Julho de 2011 Povo da Beira 3

Com descontos que po-dem chegar aos 70 por cen-to, calças e saias a 10 euros, as promoções são uma for-ma de antecipar legalmente os saldos de Verão, que de-correm de 15 de Julho a 15 de Setembro. Em contexto de crise, os clientes aprovei-tam para comprar artigos a um preço mais acessível, enquanto os comerciantes procuram escoar stocks e estimular as vendas.

Longe da azáfama en-clausurada das grandes superfícies, o comércio tra-dicional de Castelo Branco procura cativar transeuntes nas ruas soalheiras da cida-de, sobretudo os chamados “clientes das promoções”, e conseguir receitas para in-vestir nas novas colecções.

Os comerciantes do centro albicastrense reco-nhecem que o movimento é maior quando afixam na vitrina a palavra “Promo-ções”. Porém, confessam ao Povo da Beira, têm receio de que o chamariz perca efi-cácia quando todas as lojas oferecem regalias semelhan-tes, quando o cliente já as toma por adquiridas.

Ainda assim, segundo Jorge Cardoso, gerente da loja de roupa Trappy’s, é inevitável acompanhar a re-gra da maioria. “Começar com promoções apenas nos saldos é matar o negócio”, garante, até porque cada vez a concorrência as inicia mais cedo.

O mesmo explica Luís

Almeida, que pertence à terceira geração de geren-tes da Ramos de Almeida, Lda, fundada no longín-quo ano de 1956. “Os sal-dos não existem: são uma maneira bonita de pôr as coisas, até porque muitas vezes não baixam os preços das promoções”, diz. O res-ponsável dá o seu exemplo: “Temos sempre promoções, porque não há outra hipóte-se de vender, já que todas as outras lojas as têm”.

Esta realidade torna mais interessante aprovei-tar as promoções antes dos saldos. Ainda que estes últimos permitam vender produtos abaixo do preço de custo, muitos comer-ciantes optam por colocar desde logo os artigos com desconto máximo. Aqueles que não o fazem, só revêem os preços quando sobejam poucas cores e tamanhos.

É isso que nos afiança o responsável da Goya, João Morgadinho. O comercian-te observa que “normal-mente o que acontece é que os melhores produtos e os tamanhos principais são es-colhidos durante as promo-ções, e desaparecem antes de entrarmos em saldos”.

Os clientes das promoções

Começam a espreitar as montras com o aproximar das promoções, mas alguns já conhecem o recheio das lojas. Descobriram certas

peças de roupa ou calçado de que gostaram, mas op-taram por aguardar pelas promoções. Para os comer-ciantes, é essencial conciliar estes clientes com aqueles que gostam de vestir ou cal-çar as novidades.

“Há clientes que vêm ver se já estamos com pro-moções, que estão à espera de um desconto que lhes permita comprar artigos de que gostam; mas temos também os nossos clientes habituais, que gostam dos artigos e compram mesmo sem promoção”, diz Carla Salgueiro, da Trappy’s.

Naquele momento, a funcionária ajuda uma cliente, Rosa Pires, a esco-lher quatro peças de roupa. Trata-se de uma promoção que oferece uma peça gra-tuita na compra de outras três. A cliente diz que, “para quem pode, é melhor com-prar durante o princípio das promoções, porque no final podemos ter de nos sujeitar às cores que há. Mesmo os artigos disponíveis podem já não ser bem aqueles de que gostamos”.

Na Revolution, “o cliente da loja é fixo, e quando chegam novidades, geralmente compra, mesmo que não haja promoção”, afirma a gerente. Elisabe-te Almeida refere que “as promoções são mais para os clientes de rua, que vão pas-sando, vendo os descontos, e entram”.

Se é verdade que algu-

mas pessoas aproveitam para comprar artigos consi-derados acessíveis por pre-ços ainda mais económicos, João Barata, responsável da sapataria Rosa Preto, adianta que o principal alvo dos saldos são “geralmente os artigos mais caros e de maior qualidade”.

Artigos como, por exemplo, um vestido. É precisamente por um vesti-do que Carla Marques tem corrido algumas lojas. Passa as mãos por uma peça de roupa cor-de-rosa, suave ao toque, e com desconto de 30 por cento. Não sabe ainda se a vai comprar. Explica, entretanto, que esperou pe-las promoções porque os ar-tigos “podem ficar um pou-co mais em conta, e ainda há bastante escolha”.

Crise afecta quem compra e quem vende

Adelino Minhós, pre-sidente da Associação Co-mercial, Industrial e Ser-viços de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Ródão (ACICB), reco-nhece que “o ano está mui-to difícil, e por isso é normal que as pessoas estejam mui-to contidas nos seus gastos, nomeadamente na área do vestuário”.

É o caso de Carolina Figueira, que adquiriu um par de sapatos com descon-to de 50 por cento, e tenta controlar o seu habitual im-

Destaque Destaque

-EDITORIAL-

João Tavares ConceiçãoDirector

Confi ança e TrabalhoSe já não surpreende, é porque já é tradição. Todos os verões, semanas antes do início

da época ofi cial de saldos, já as lojas de vestuário, calçado e acessórios de moda

exibem nas montras as promoções.Reportagem:Tiago Carvalho

Rua Conselheiro Albuquerque nº 4 - R/C Esq. - Castelo Branco

DR.ª ANA MARIA SOARESMEDICINA FAMILIAR

Consultório: COMMÉDICOS LDAMarcações de Consultas: Das 14h às 20 horas

Telefone: 272 346 482 | Telm: 961 843 412Acordos com: CGD, PT/CTT - ACS, Mutualistas do M.Pio Geral e Medicare

Promoções para todos os gostos e bolsas no centro da cidadepulso consumista. “Mesmo com os descontos tento ser moderada”, afirma. Embo-ra não estabeleça qualquer orçamento para promoções e saldos, assegura: “Procuro comprar aquilo de que real-mente preciso”.

Numa conjuntura eco-nómica pouco propícia ao consumo, é essencial saber motivar o cliente para a compra, contrariar a típica quebra de vendas no perío-do que antecede os saldos. E é aí que entram as pro-moções, que surgem como resposta a essa quebra.

Para Valter Ramalhoso, sócio-gerente da sapataria Ramalhoso, “hoje as pes-soas compram menos por vaidade, e mais por necessi-

dade”. Não obstante, gosta de “avançar cedo com as novas colecções, quando as pessoas começam a ansiar por novidades”.

A opção pela economia local e pelo produto nacio-nal é, di-lo o Presidente da República, uma porta de saída para a crise. O em-presário da Ramalhoso, que gere uma loja no centro da cidade e outra numa gran-de superfície, constata que algumas pessoas começam a regressar ao comércio tradicional. “O movimento geral na grande superfície diminuiu após o entusias-mo inicial, enquanto na loja da cidade tem aumen-tado o número de clientes”, sublinha.

Jorge Neves preocupado com redução de autarquias no interior

“Espero que não se comece a reorganizar o país pelas juntas de freguesia”

“Estou atento à questão da redução de autarquias”, afirmou Jorge Neves na pas-sada quinta-feira, dia 30 de Junho, durante o Período de Antes da Ordem do Dia, na Assembleia de Freguesia de Castelo Branco. O presi-dente da Junta lembrou que “nada está definido, embora todos conheçamos as medi-das da troika, que dizem que o número de autarquias vai ser significativamente redu-zido”.

Para o dirigente socia-lista, “o interior vai sofrer porque há muitas situações em que as juntas de fregue-sias são a única entidade pú-blica que existe nas localida-des”. Jorge neves adiantou que “o que seria interessante era fazer uma reorganização integral do país, e não que se comece pelos mais pe-queninos, que são as juntas de freguesia, pois temo que se mexa para ficar tudo na mesma”.

A boa notícia é que os censos demonstram que a freguesia cresceu. O número de alojamentos regista um acréscimo de 19 por cento, passando de 16 mil para 19 mil; o número de famílias subiu 24 por cento, de 11 mil para 14 mil; e o número de indivíduos residentes passou de 31 mil para 35 mil, um acréscimo de 12%.

João Carlos Nunes, do PSD, chamou a atenção para deterioração do Bairro do Tostão. “O bairro precisa de melhorias, mas aparente-mente é um parente pobre da malha urbana da cidade de Castelo Branco”, disse, acrescentando que “algo vai

mal na avaliação das condi-ções de limpeza e seguran-ça, daí as queixas dos mora-dores, e com legitimidade”.

Em resposta, Jorge Ne-ves referiu que as questões de requalificação urbana são da responsabilidade da Câmara de Castelo Branco, afiançando que irá acompa-nhar o assunto.

A deputada da CDU, Manuela Carvalho, realçou a “contribuição especial” lançada pelo Governo. “Vai implicar o corte de metade dos subsídios de Natal em todos ordenados acima do salário mínimo”, disse, refe-rindo ainda que “para mui-tos dos mortais este subsídio é essencial à sua sobrevivên-cia”.

Aprovada alteração orçamental para 2011

Durante o Período de Ordem do Dia, a Assem-bleia de Freguesia aprovou uma proposta de alteração orçamental para 2011, que prevê um reforço de 53.567, 19 euros, verba transitada do saldo de 2010.

Do plano de actividades

da Junta para este ano, cons-ta a apresentação da mono-grafia da Taberna Seca, que será apresentada durante as festas da localidade, no dia 15 de Agosto. Um outro es-tudo monográfico, dos Len-tiscais, será apresentado no próximo ano.

Para o dia 16 de Julho está agendado o “Desfile de Moda: Reciclagem e Trapo-logia”. O deputado socialis-ta José Lagiosa salientou o aspecto ambiental do even-to. “A confecção dos fatos que dão origem a este desfile é um bom exemplo daqui-lo que é possível fazer com reciclagem”, afirmou. Con-tudo, Jorge Neves lamentou que a Valnor, empresa de tratamento de resíduos ur-banos, tenha optado por não se associar à iniciativa.

Joaquim Farinha, do PS, sugeriu uma moção de felicitações ao jornal Recon-quista, pela condecoração como membro honorário da Ordem de Mérito Civil, atri-buída no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A moção foi aprovada por unanimidade.

Tiago Carvalho

Presidente da Junta defende reorganização integral do país

Esta semana realizou--se a apresentação e discus-são do Programa do Gover-no. Não se falou demasiado na situação nem saltaram nomes de culpados. O país está como está, e só há que dar-lhe a volta. A austerida-de é ponto de honra, como não poderia deixar de ser, mas muitas outras medidas vão ter de aparecer na área económica e na contenção da despesa pública.

É um facto que esta primeira medida, do corte do subsídio de Natal, não é nada agradável para muitos portugueses. Todos temos consciência da preocupante situação económica, e só esperamos que esta medida seja, não só pontual, como se traduza numa boa aju-da para a resolução da cri-se. Claro que, ainda longe de se efectivar, não passa de um mero anúncio, pelo que se poderá prever al-guma contestação lá mais para o fim do ano. Para já parece-nos que a necessi-dade deste imposto extra-ordinário foi bem justifica-da, além de que também precisamos de nos afas-tar da Grécia, em termos de imagem.

Também a limitação das pensões a um máximo de sete ordenados mínimos é uma boa indicação da contenção dos custos, mas mais como medida morali-zadora do que como medi-da efectiva. As previsíveis privatizações de empresas emblemáticas podem con-tribuir para a melhoria do défice e, ao contrário do que muitos pensam, acaba-rem por melhorar a sua pró-pria prestação de serviços.

É preciso que tenhamos consciência que o forneci-mento de qualquer serviço básico, não pode ser feito a qualquer custo, nem que esse custo possa servir de desculpa para os enormes défices que estas empresas apresentam. E na área das empresas públicas muitas medidas irão ainda ser to-madas.

A Oposição está na expectativa. Ouviram-se discursos contra e a favor das medidas anunciadas, mas sem aquela crispação a que já nos vínhamos ha-bituando. A moderação ocupa grande lugar, princi-palmente entre aqueles que se sabem culpados, por ac-ção ou omissão, pela actual situação. E são estes que hoje, em plena campanha eleitoral, afirmam que o anterior primeiro-ministro se deveria ter demitido um ano antes. E são os mesmos que na hora da despedida lhe fazem o choradinho da praxe: que foi muito ata-cado e injuriado, mas saiu com grande honra e digni-dade. Como é fácil ignorar a extrema teimosia, a ma-nia das grandezas e a pre-potência que o fez arrastar Portugal para o fundo do poço. E dizem que Cavaco Silva foi culpado por não ter exercido uma magistra-tura de influência mais ac-tiva. E que a anterior Opo-sição só se interessou por ganhar o poder, não tendo em linha de conta o período que se vivia quando precipi-tou a crise. Mas não falam do que estaríamos agora a viver se nada disto se tivesse passado. Se calhar as con-versas ainda andariam pe-

los TGV’s, pelas auto-estra-das, pelo défice que subia e descia sem se saber porquê, sempre com a desculpa de que o INE não fazia bem as contas, com o desemprego a descer agora que se apro-xima a época estival, com milhares de portugueses a procurarem trabalho sazo-nal, mas precário. A me-mória das pessoas é muito curta, principalmente quan-do o grande causador se remete ao silêncio. Está a jogar deliberadamente com o tempo, pensando que este tudo esquece e ameniza. Donde quando as pesso-as começarem a criticar as medidas que se impõem como necessárias, era bom que não se esquecessem de quem as pôs entre a espa-da e a parede. A esses sim dever-se-iam cobrar todas as irresponsabilidades e in-competências cometidas.

Por último e sobre a Justiça, tomámos conhe-cimento do fim anunciado da telenovela Fátima Fel-gueiras. Ao fim de dez anos de diatribes, fugas, acusa-ções politicas e pessoais, os crimes ou prescreveram ou não foram dados como provados. E levanta-se a ve-lha dúvida: ré ou inocente? Numa situação ou noutra, ninguém a cura dos males padecidos, mas a Justiça, de quem se costuma dizer mais vale tarde do que nun-ca, mais uma vez não ficou bem na fotografia.