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Inspeção de Estruturas Unidade Curricular: Reforço e Reparação de Estruturas Ano Letivo: 2014/2015 Data de Entrega: 26 Outubro 2014 Docente: Prof. Hugo Biscaia Discentes: Diogo Amaral 31688 Luís Viotty 32261 Mariana Sacadura 27946 Vanessa Aleixo 32393 Tp.2

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Inspeção de Estruturas Unidade Curricular: Reforço e Reparação de Estruturas

Ano Letivo: 2014/2015

Data de Entrega: 26 Outubro 2014

Docente: Prof. Hugo Biscaia

Discentes: Diogo Amaral 31688

Luís Viotty 32261

Mariana Sacadura 27946

Vanessa Aleixo 32393

Tp.2

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ÍNDICE 1 Introdução ............................................................................................................................. 4

2 Descrição da estrutura .......................................................................................................... 5

2.1 Descrição geral .............................................................................................................. 5

2.2 Informação específica ................................................................................................... 6

2.3 Solução estrutural ......................................................................................................... 6

2.4 Levantamento geométrico ............................................................................................ 6

3 Inspeção ................................................................................................................................ 7

3.1 Aspetos gerais ............................................................................................................... 7

3.2 Agentes agressivos ........................................................................................................ 7

3.3 Estrutura ........................................................................................................................ 8

3.3.1 Paredes .................................................................................................................. 8

3.3.2 Lajes ..................................................................................................................... 10

3.3.3 Cobertura ............................................................................................................ 11

4 Conclusões e recomendações ............................................................................................. 14

4.1 Conclusões................................................................................................................... 14

4.2 Recomendações .......................................................................................................... 14

5 Anexos ................................................................................................................................. 16

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do edifício............................................................................................... 5

Figura 2 - Estado do edifício em 1950 ....................................................................................... 5

Figura 3 - Fachada do edifício (data desconhecida) .................................................................. 5

Figura 4 – Deterioração de azulejos e argamassa ..................................................................... 8

Figura 5 – Pormenor Alçado Este .............................................................................................. 8

Figura 6 - Parede exterior (face interior - piso de cobertura) ................................................... 8

Figura 7 – Degradação da parede exterior ................................................................................ 9

Figura 8 – Alçado Este – Topo ................................................................................................... 9

Figura 9 - Pormenor das fendas dos peitoris nas janelas .......................................................... 9

Figura 10 – Parede interior com revestimento deteriorado I ................................................. 10

Figura 11 - Parede interior com revestimento deteriorado II ................................................. 10

Figura 12 - Parede interior com revestimento deteriorado III ................................................ 10

Figura 13 – Laje do piso 2 ........................................................................................................ 11

Figura 14 - Esquema de elementos estruturais da cobertura ................................................. 11

Figura 15 - Ligações da cobertura ........................................................................................... 12

Figura 16 - Humidade na cobertura ........................................................................................ 12

Figura 17 - Humidade na cobertura (claraboia) ...................................................................... 12

Figura 18 - Revestimento da cobertura I ................................................................................. 12

Figura 19 - Revestimento da cobertura II ................................................................................ 12

Figura 20 – Exterior da cobertura ........................................................................................... 13

Figura 21 – Pormenor da cobertura (vista exterior) I ............................................................. 13

Figura 22 – Pormenor da cobertura (vista exterior) II ............................................................ 13

Figura 23 - Planta de Localização ............................................................................................ 16

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1 INTRODUÇÃO

A presente relatório de inspeção insere-se no âmbito da unidade curricular de Reforço e Reparação de Estruturas, tendo como principal objetivo a caracterização do estado atual de uma estrutura, neste caso, do edifício da Farmácia localizado na Trafaria, bem como a sua durabilidade através de inspeções visuais e de um levantamento geométrico.

O relatório irá dividir-se em três capítulos, além do atual, sendo o primeiro capítulo composto pela descrição da estrutura, passando posteriormente ao relato da inspeção visual e apresentação das suas anomalias, convergindo num terceiro capítulo com algumas conclusões e recomendações acerca da manutenção e reparação da estrutura em questão.

Todas as estruturas devem ser alvo de inspeções periódicas, de forma a detetar logo na fase inicial eventuais problemas de degradação dos materiais e estabelecer ações de manutenção que permitam controlar a progressão dos processos de deterioração em curso, bem como manter ou repor o nível de desempenho dos elementos estruturais e dos edifícios em geral.

Os objetivos de uma inspeção consistem no seguinte:

Identificar a origem de eventuais anomalias (agentes de degradação e condições favoráveis ao seu desenvolvimento);

Quantificar (estimar) a resistência e a rigidez dos elementos constituintes da estrutura;

Detetar pontos da estrutura que requeiram reforço ou mesmo a sua substituição;

Recomendar medidas que previnam a ocorrência dos problemas.

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2 DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA

No presente capítulo apresenta-se a caracterização da estrutura em questão, primeiramente a nível geral e num segundo plano serão abordados aspetos mais específicos da mesma.

2.1 DESCRIÇÃO GERAL

A estrutura inspecionada consiste num edifício localizado no concelho de Almada, freguesia da Trafaria, (38.673748, -9.231400) (Figura 1) com o Rio Tejo a uma distância de cerca de 65m.

Foi construído no final do século XIX, estando a farmácia em funcionamento até 2001, no entanto não existe projeto da obra arquivado. Trata-se de um edifício particular de três pisos. O piso térreo correspondia ao espaço de uma Farmácia, o piso 1 correspondia a uma habitação e o piso 2, tratando-se do sótão, que funcionou também como habitação.

Atualmente o edifício encontra-se desabitado, mostrando claros sinais de abandono. Na Figura 2 e Figura 3 pode observar-se o aspeto do edifício, bem como do espaço envolvente nos seus tempos áureos.

Figura 1 - Localização do edifício

Figura 3 - Fachada do edifício (data desconhecida) Figura 2 - Estado do edifício em 1950

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2.2 INFORMAÇÃO ESPECÍFICA

O edifício foi construído numa época anterior à introdução do betão armado em Portugal, pelo que, o método construtivo adotado é bastante diferente do utilizado nos dias de hoje.

Verificou-se através da análise visual que as paredes exteriores e resistentes do edifício são de alvenaria de tijolo maciço e as interiores construídas em tabique simples, ambas revestidas por cal. Tanto as lajes e a cobertura consistem em estruturas de madeira sendo esta última revestida com telha cerâmica tipo marselha. Exteriormente, o edifício está revestido por azulejos, relativamente em bom estado de conservação, o que dificulta a observação de fendas ou fissuras. Estando o edifício desabitado, a rede de água já não se encontra em funcionamento bem como a rede de eletricidade. Ao inspecionar o edifício foi possível observar alguns indícios de trabalhos de manutenção ou de reparação pontuais, realizados de forma amadora.

2.3 SOLUÇÃO ESTRUTURAL

As paredes estruturais apresentam uma espessura de 60 cm e as interiores de 10 cm.

Relativamente ao pé direito, estima-se que tanto o piso térreo como o superior tenham

aproximadamente 3.30m. Quanto ao piso da cobertura, este terá aproximadamente

2.00m no ponto mais alto.

2.4 LEVANTAMENTO GEOMÉTRICO

Relativamente ao levantamento geométrico, apresentam-se em anexo peças

desenhadas com o seguinte conteúdo:

Planta de Localização

Planta do Piso Térreo

Planta do Piso 1

Planta do Piso 2

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3 INSPEÇÃO

As inspeções ao edifício foram realizadas nos dias 3, 14, 17 e 22 de Outubro de 2014.

Nas inspeções realizadas nos dias 3 e 22 de Outubro efetuou-se uma análise visual da

parte exterior do edifício e procedeu-se a algumas medições. Já nas inspeções de 14 e

17 de Outubro foi possível entrar no edifício pelo que se procedeu à análise visual do

seu interior.

As inspeções foram realizadas em dias de céu limpo, cujas temperaturas variaram entre

os 25°C e os 30°C, e humidades relativas entre 60 e 80%.

De notar que, atendendo ao tipo de construção do edifício, não foram executados

ensaios de dureza superficial, nem ensaios para a determinação da profundidade de

carbonatação.

3.1 ASPETOS GERAIS

O edifício em estudo teve a habitação como utilização inicial, tendo sido o piso térreo posteriormente transformado em farmácia. Como esta alteração de utilização se deu apenas ao nível térreo, não houve necessidade de reforço da estrutura em causa existindo apenas alterações ao nível de revestimentos interiores por razões estéticas.

Dado o bom estado de conservação dos materiais de revestimento tanto das paredes exteriores (azulejos) como das lajes (tectos falsos), houve uma dificuldade acrescida tanto na classificação dos materiais constituintes destes elementos como no seu estado de preservação.

3.2 AGENTES AGRESSIVOS

Tendo em conta a proximidade do edifício à foz rio Tejo, este encontra-se sujeito ao ataque de agentes agressivos tais como sais de magnésio, sulfatos e cloretos. Estes sais podem percorrer grandes distâncias transportados pelo vento, depositando-se sobre as estruturas sob a forma de gotículas de água que ao longo do tempo se vão infiltrando por absorção e fenómenos de capilaridade. A reduzida dimensão dos sais confere-lhes elevada mobilidade. Além do ataque dos cloretos, estruturas em contacto com estes agentes podem apresentar também etringite secundária, material que apresenta expansões da ordem dos 300%, o que origina fissuração e deterioração da estrutura.

Além da proximidade ao rio, há que considerar também a proximidade ao porto da Trafaria. Esta permite a exposição a poluentes associados ao transporte marítimo tais como óxidos de azoto, óxidos de enxofre, dióxido de carbono e material particulado.

Verificou-se também a presença de agentes agressivos biológicos tais como fungos,

plantas e insetos em diversos pontos do edifício, tanto no exterior como no interior.

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3.3 ESTRUTURA

3.3.1 Paredes

3.3.1.1 Exteriores

Embora as paredes exteriores sejam de difícil caracterização, devido ao seu

revestimento em azulejo, foi possível encontrar algumas anomalias nas mesmas.

Na Figura 4 pode observar-se a deterioração dos azulejos numa zona de canto, possivelmente causada pelas fixações metálicas presentes para suporte de publicidade. Através da mesma figura pode observar-se ainda a presença de uma argamassa com base de cal aérea, igualmente deteriorada, pois apresenta fendas e desagregação.

Na Figura 5 e Figura 6 pode observar-se a realização de uma intervenção relativamente recente através da aplicação de argamassa de cimento na parede. Tendo em conta que as paredes exteriores apresentam um reboco de cal aérea, está-se perante uma situação de

incompatibilidade de materiais, o que leva à fendilhação devido as diferentes valores de módulos de deformabilidade dos materiais.

Figura 4 – Deterioração de azulejos e argamassa

Figura 5 – Pormenor Alçado Este

Figura 6 - Parede exterior (face interior - piso de cobertura)

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Na Figura 7 pode observar-se novamente incompatibilidade de argamassas, bem como a presença de tijolo maciço no interior da parede.

Na Figura 8 – Alçado Este – TopoFigura 8 observa-se um elevado estado de degradação do reboco, permitindo através da orientação dos tijolos, a fácil penetração de água para o

interior.

Na Figura 9, encontram-se dispostas três fotografias tiradas aos peitoris das janelas do edifício, onde é possível detetar-se visivelmente a presença de fendas cujas dimensões são bastante consideráveis, nomeadamente 2.0mm, 3.5mm e 5.0mm. Estima-se que as mesmas se devam à ocorrência de assentamentos diferenciais de apoio resultando em deslocamentos transversais.

De notar que o peitoril que apresenta maior fenda já havia sofrido uma reparação e que mesmo após essa reparação voltou a surgir fendilhação com 0.55mm.

Figura 8 – Alçado Este – Topo

Figura 7 – Degradação da parede exterior

Figura 9 - Pormenor das fendas dos peitoris nas janelas

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3.3.1.2 Interiores

Em geral, as paredes interiores encontravam-se em bom estado de conservação,

contudo a falta de revestimento foi evidente em alguns pontos do edifício. Através do

mesmo foi possível identificar o tipo de parede presente na estrutura. Nas figuras que

se apresentam seguidamente, nomeadamente, Figura 10, Figura 11 e Figura 12, pode

observar-se o interior das paredes referidas.

3.3.2 Lajes

As lajes do edifício em estudo têm como base estrutural um vigamento em madeira

sendo revestidas superiormente por um soalho de madeira maciça e inferiormente por

uma malha de ripas de madeira revestidas a estuque e gesso (Figura 13). Através da

mesma figura observa-se facilmente o estado de elevada degradação dos elementos de

madeira, resultante de infiltrações que também são visíveis.

Figura 10 – Parede interior com revestimento deteriorado I

Figura 11 - Parede interior com revestimento deteriorado II

Figura 12 - Parede interior com revestimento deteriorado III

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A laje do piso térreo encontra-se afastada cerca de 50cm do solo, criando uma caixa de

ar que evita o contacto com a água presente no solo e, consequentemente a sua

absorção. Apesar de se tratar de uma técnica de isolamento simples e de fácil execução,

demonstrou muito bons resultados, na medida em que, esta laje apresenta um bom

estado de conservação.

Quanto à laje do último piso, esta encontra-se revestida superiormente com um

material sintético, não sendo por isso possível a sua análise visual. No entanto, nos

restantes pisos foi possível verificar a presença de flechas consideráveis nos vãos de

maiores dimensões, bem como pontos onde o teto falso se encontrava

consideravelmente danificado, sendo possível ver o seu interior.

3.3.3 Cobertura

Como referido anteriormente, a estrutura da cobertura é totalmente em madeira. Esta

é composta por asnas, fileiras e frechais como estrutura principal e varas como

estrutura secundária. Sobre as varas assenta um revestimento contínuo de madeira

maciça onde apoiam ripas horizontais como auxílio à fixação das telhas (Figura 14).

Figura 13 – Laje do piso 2

Figura 14 - Esquema de elementos estruturais da cobertura

Legenda:

1. Asna 2. Frechal 3. Varas 4. Revestimento de madeira 5. Telhas 6. Ripado 7. Tábua de barbate 8. Fileira (invisível)

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As ligações e entalhes em alguns pontos encontram-se bastante degradados (Figura 15),

apresentando a madeira um avançado estado de decomposição. Não existe qualquer

isolamento, o que sugere que o piso superior não foi dimensionado como habitável. A

presença de fungos e os efeitos da humidade, resultantes de infiltrações (Figura 16 e

Figura 17), são visíveis em diversos pontos. A falta de manutenção é crítica neste piso,

onde um revestimento provisório em duas das divisões (Figura 18 e Figura 19) não

permite analisar o estado de decomposição da estrutura de madeira.

Figura 15 - Ligações da cobertura

Figura 16 - Humidade na cobertura

Figura 17 - Humidade na cobertura (claraboia)

Figura 18 - Revestimento da cobertura I

Figura 19 - Revestimento da cobertura II

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Ao nível exterior, a cobertura apresenta igualmente diversas anomalias, nomeadamente

nas ligações da cobertura às paredes (Figura 20 e Figura 21), telhas com elevado grau de

sujidade (Figura 22), bem como os elementos de madeira com elevado grau de

decomposição, anteriormente identificado nas figuras relativas ao interior na cobertura.

Figura 20 – Exterior da cobertura Figura 21 – Pormenor da cobertura (vista exterior) I

Figura 22 – Pormenor da cobertura (vista exterior) II

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4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Para finalizar o presente relatório, neste capítulo apresentam-se as conclusões finais

relativas à inspeção realizada ao edifício da Farmácia, bem como algumas

recomendações, consideradas de elevada importância, de intervenção para a

manutenção da estrutura.

4.1 CONCLUSÕES

Da análise das informações recolhidas podem extrair-se as seguintes conclusões:

O edifício em estudo, constituído por 3 pisos, é composto por paredes exteriores

resistentes de alvenaria de tijolo maciço e paredes interiores divisórias de tabique.

Foi possível identificar nas paredes exteriores fendas nos peitoris das janelas, algumas

das quais parecem prolongar-se sob os azulejos, surgindo novamente no revestimento

de pedra inferior.

Em alguns pontos no interior foram feitas reparações provisórias com a aplicação de

argamassa de cimento por forma a regularizar a superfície.

As lajes são formadas por um sistema estrutural de madeira, revestido inferiormente

por tectos falsos de estuque e gesso, em alguns pontos extremamente deteriorado,

sendo possível ver o seu interior.

A cobertura é formada por um sistema estrutural de madeira, composto por asnas,

fileiras, frechais e ripas onde assentam as telhas do tipo marselha, estas últimas, em

geral, em bom estado de conservação. Verificou-se que as ligações entre estes

elementos estruturais de madeira se encontravam muito degradadas em diversos

pontos, pondo em causa a sua estabilidade. Um sistema de isolamento provisório e

rudimentar existente em duas das divisões não permitiu fazer uma inspecção visual da

estrutura.

Uma caixa de ar de cerca de 50 cm sob a laje do piso térreo funciona como sistema

isolante, não tendo sido possível a sua inspeção detalhada. Contudo, foi possível

detetar em inúmeras localizações a presença de fungos, humidade e agentes agressivos

biológicos.

4.2 RECOMENDAÇÕES

As paredes devem ser revestidas com uma argamassa compatível e posteriormente

rebocadas. Nos pontos onde esta operação já se iniciou de forma rudimentar, a

argamassa de cimento deve ser retirada na sua totalidade e substituída por uma

argamassa compatível.

Os azulejos exteriores que se encontrem sobre o prolongamento das fendas referidas

(Figura 9) devem ser retirados para uma inspecção mais detalhada quando à extensão

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das fissuras, com o objectivo da determinação exacta das causas de ocorrência das

mesmas.

Relativamente a aspectos estruturais deve ser feita a reparação e substituição nos

pontos mais degradados das lajes.

Todo o sistema estrutural da cobertura deve ser substituído, procedendo também à

limpeza das telhas cerâmicas e sua reutilização.

Deve ser revisto todo o sistema de isolamento para uma devida protecção dos ataques

de agentes agressivos exteriores, melhorando as condições e habitabilidade do edifício.

Deve ser conduzida uma inspecção cuidada à caixa de ar existente sob a laje do piso

térreo, analisando também as fundações.

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5 ANEXOS

Figura 23 - Planta de Localização