Pe. Sérgio Luiz e Silva, C.Ss.R. osso ver Jesus com os...

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P osso ver Jesus com os braços abertos, um profundo olhar amoroso, um leve sorriso nos lábios e o perpétuo con- vite feito a cada um: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e Eu vos aliviarei. Tomai meu jugo so- bre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou man- so e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 28-30). Então, por que esperar mais? Por que não correr logo para estes braços amoro- sos e, em seus ombros, descansar e derramar não só suas lágrimas, mas toda sua vida? “Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou” (Jo 8, 58). Quem é este “EU SOU” que nos alivia de nossos fardos, com quem podemos aprender a ser diferentes e a administrar a vida de uma outra forma? Percorramos o Evangelho de São João que nos apresenta sete relatos, através dos quais o evangelista quer mostrar que Jesus de Nazaré é, não só o Messias (o Salvador), mas Deus, o Senhor que dá vida – por entregar a própria Vida – a todos os que n’Ele creem. Eis, pois, o Coração do nosso Mestre, acolhendo cada um de nós! A cada reflexão, apresento uma jaculatória para você expressar seu afeto ao Coração de Jesus, man- tendo seu espírito elevado durante todo o dia. Reze- -a muitas vezes. Oração inicial para todos os dias Ó Coração Sagrado de Jesus, Pão da Vida, que me nutre em cada Eucaristia. Luz do mundo, meu Mestre, meu Guia. Porta das ovelhas, aberta e abundante a cada dia. Bom Pastor, sempre comigo, em minha companhia. Ressurreição e Vida, vencedor de toda morte. Caminho, Verdade e Vida, que muda minha sorte. Videira verdadeira, agora e na hora derradeira. Coração Divino de Jesus, A ti cono tudo o que sou, que tenho e que sonho: minha casa, minha família, meu coração; meu passado, meu presente, meu futuro; minha alegria, minha tristeza, minha emoção; meu trabalho, meu esforço, meu pão; minha história, minha mente, minha trajetória. Coração Santíssimo de Jesus, Ainda que venha a dúvida, eu creio. Ainda que eu resista, eu adoro. Ainda que esteja difícil, eu espero. Ainda que sendo frágil, eu amo. Coração Misericordioso de Jesus, Renova-me com teu amor. Liberta-me pelo teu Sangue precioso. Cura-me pela Água que dele brotou. Esconde-me em tua intimidade. E não permitas que eu de ti me afaste em nenhuma circunstância. Amém. continua na pág. 4 Pe. Sérgio Luiz e Silva, C.Ss.R.

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P osso ver Jesus com os braços abertos, um profundo olhar amoroso, um leve sorriso nos lábios e o perpétuo con-vite feito a cada um: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e Eu vos aliviarei. Tomai meu jugo so-

bre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou man-so e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 28-30). Então, por que esperar mais? Por que não correr logo para estes braços amoro-sos e, em seus ombros, descansar e derramar não só suas lágrimas, mas toda sua vida?

“Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou” (Jo 8, 58). Quem é este “EU SOU” que nos alivia de nossos fardos, com quem podemos aprender a ser diferentes e a administrar a vida de uma outra forma? Percorramos o Evangelho de São João que nos apresenta sete relatos, através dos quais o evangelista quer mostrar que Jesus de Nazaré é, não só o Messias (o Salvador), mas Deus, o Senhor que dá vida – por entregar a própria Vida – a todos os que n’Ele creem.

Eis, pois, o Coração do nosso Mestre, acolhendo cada um de nós!

A cada reflexão, apresento uma jaculatória para você expressar seu afeto ao Coração de Jesus, man-tendo seu espírito elevado durante todo o dia. Reze--a muitas vezes.

Oração inicial para todos os dias

Ó Coração Sagrado de Jesus, Pão da Vida, que me nutre em cada Eucaristia.

Luz do mundo, meu Mestre, meu Guia. Porta das ovelhas, aberta e abundante a cada dia. Bom Pastor, sempre comigo, em minha companhia. Ressurreição e Vida, vencedor de toda morte. Caminho, Verdade e Vida, que muda minha sorte. Videira verdadeira, agora e na hora derradeira.

Coração Divino de Jesus,A ti confi o tudo o que sou, que tenho e que sonho: minha casa, minha família, meu coração; meu passado, meu presente, meu futuro; minha alegria, minha tristeza, minha emoção; meu trabalho, meu esforço, meu pão; minha história, minha mente, minha trajetória.

Coração Santíssimo de Jesus, Ainda que venha a dúvida, eu creio. Ainda que eu resista, eu adoro. Ainda que esteja difícil, eu espero. Ainda que sendo frágil, eu amo.

Coração Misericordioso de Jesus, Renova-me com teu amor. Liberta-me pelo teu Sangue precioso. Cura-me pela Água que dele brotou. Esconde-me em tua intimidade. E não permitas que eu de ti me afaste em nenhuma circunstância.Amém.

continua na pág. 4

Pe. Sérgio Luiz e Silva, C.Ss.R.

1. Eu sou o Pão da Vida(João 6,35.41.48.51)

Refl ita: O pão nos remete a uma de nossas necessidades mais bá-sicas: o alimento. Assim como nosso corpo tem necessidade de se alimentar, assim Jesus vem nutrir em nós a vida eterna. Mas para reconhecer o Pão da Vida que Ele é e nos dá na Eucaristia, é neces-sário acolher, na fé, o Pão da Palavra que é avivado em nós pela ação do Espírito Santo. Como o Pão Eucarístico é consagrado na força do Espírito Santo, assim é o mesmo Espírito que testemunha ao nosso coração que já não é só pão, mas a Carne e o Sangue do Senhor. Pense: A palavra que sai de seus lábios e sua presença promo-vem a vida, junto às pessoas com quem você convive? Eis o Coração Eucarístico de Jesus dizendo a você: Venha a mim! O alimento que dou a você, o nutrirá para a vida eterna!Medite em João 6, 35-58

Afeto: Senhor, dá-nos sempre desse Pão!

2. Eu sou a Luz do mundo (João 8,12)

Refl ita: Jesus acabara de perdoar a mulher adúltera, possibili-tando a ela recomeçar, relendo sua própria história sobre o olhar da misericórdia e, ao mesmo tempo, mostrando como todos que estavam prestes a apedrejá-la, encontravam-se, na verdade, ce-gos, pois “o homem vê a aparência, mas Deus vê o coração” (1Sm 16, 7). Diante do que cega, Jesus se apresenta como Luz. Sem luz, não há vida; sem luz não se pode enxergar o caminho. Deixe-se, pois, guiar por esta luz que vem daquele que é a Luz.Pense: Você tem olhado o mundo e as pessoas à luz do ensi-namento e da vida de Jesus? Eis o Coração pleno de Luz do Senhor, dizendo a você: Ve-nha a mim! Eu banharei de luz cada área de sua vida!Medite em João 8, 12-20

Afeto: Senhor, é na vossa luz que eu vejo a Luz!

3. Eu sou a Porta das ovelhas João 10, 7.9

Refl ita: No Antigo Testamento, conforme Neemias 3,1, a “Porta das ovelhas” era o local na cidade de Jerusalém por onde entravam as ovelhas para o sacrifício pascal. Não pense numa porta enorme; das doze portas do templo restaurado por Nee-mias, ela era a menor, pois só as ovelhas por ela passavam. Com esta noção, fi ca mais claro entender o que Jesus disse: “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram” (Mt 7, 13s). A porta tem a largura ne-cessária para a ovelha passar, mas só para a ovelha (aquela que segue o Bom Pastor). Jesus é o verdadeiro acesso ao Pai, que nos introduz à Páscoa defi nitiva. Por outro lado, é Ele o Cor-deiro Pascal que se ofereceu uma vez por todas por cada um de nós. Que conjugação maravilhosa de amor! Por Ele temos acesso defi nitivo ao Pai, mas Ele cumpriu por nós o único e sufi ciente sacrifício pela nossa Salvação. Pense: Você realmente tem sido uma ovelha de Jesus? Eis o Coração do Senhor Jesus, aberto qual a Porta das ove-lhas, dizendo a você: Venha a mim! A porta é sufi cientemente larga para você passar!

Medite em João 10, 1-10Afeto: Coração de Jesus, porta de

esperança e misericórdia, eu te adoro!

4. Eu sou o Bom Pastor (João 10, 11.14)

Refl ita: Um Pastor que conhece cada ovelha pelo nome; que a conduz por caminhos seguros às fontes de refrigério e aos cam-pos verdejantes; que a mantém segura, ainda que tenha de atra-vessar os vales da sombra da morte; que não abandona nenhuma ovelha diante dos perigos que possam se avizinhar; que dá a vida para que ela não pereça; que pastoreia e vela pela ovelha forte e saudável; que vai à busca da ovelha que se perdeu; que cura as feridas daquela que se machucou. É só você ler o Salmo 22 e comparar com este trecho de João. Deixe que Jesus, em seu Cora-ção compassivo, cuide de você em todos os aspectos de sua vida.Pense: Há muitas ovelhas perdidas de muitas formas. Você, pastor – com o Pastor, Jesus - ajuda a cuidar das tantas ovelhinhas feridas? Eis o Coração do nosso Bom Pastor, dizendo a você: Venha a mim! E mesmo se você se perder, eu fi z e continuarei a fazer tudo o que for preciso para que você esteja a salvo no meu aprisco.Medite em João 10, 11-18

Afeto: Cuida de mim, meu Bom Pastor

5. Eu sou a Ressurreição e a Vida (João 11, 25)

Refl ita: Aquele que busca a ovelha perdida, que perdoa a mulher pecadora, que cura os enfermos, liberta os oprimidos dos diversos males, veio para comunicar vida e vida em abundância (Jo 10, 10). A ressurreição de Lázaro sinaliza a herança que já é nossa, hoje. Costumamos falar que a vida eterna começa após a morte, mas não é bem assim; nós já estamos na vida eterna de Deus, pois todo aquele que n’Ele vive e crê, jamais morrerá (Jo 11, 26). Entretan-to, ainda não se manifestou plenamente o que haveremos de ser (1Jo 3, 2). É como se olhássemos uma semente: na semente já está contida a árvore inteira. No capítulo seguinte, Jesus se referirá a isto ao dizer que “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fi ca só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12, 24). Que esta promessa do Senhor seja esperança para você diante da tristeza que a mor-te produz, quando se perde alguém querido e, mesmo, diante do pensamento de que um dia chegará também o dia de sua morte.Pense: Como você lida com a realidade da morte, da perda de alguém querido? Como você pode ser canal de esperança para alguém enlutado? Eis o Coração ferido e ressuscitado do Senhor, dizendo a você, como um dia disse a Tomé: Venha a mim! Não seja in-crédulo, mas fi el! Toca em mim, pela fé! Eu não sou um fan-tasma. Eu sou o seu Deus!Medite em João 11, 1-44

Afeto: Creio, Senhor, que és a Ressurreição e a Vida, mas aumenta minha fé!

6. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida

(João 14, 6)Refl ita: Não são poucas as incertezas e inseguranças que surgem em nosso interior, diante dos percalços diversos que

a vida trás. Jesus, então, se apresenta a nós como Caminho, Verdade e Vida. Caminho é mais do que estrada ou trilha; caminho é a direção que leva a um determinado objetivo. Jesus é o Caminho que nos leva de volta à Casa do Pai, um caminho que conduz à vida. Um caminho contrário leva à perdição (Catecismo da Igreja Católica 1696). Caminhar com Ele é pautar a vida pelos seus ensinamen-tos e Ele deixou seu “código de vida” para que os discípulos pu-dessem seguir: as bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). Jesus é a Verdade pois é a revelação plena e completa do Pai, Aquele que é a Verdade. A Verdade é algo absoluto, inquestioná-vel. Crer em Jesus como Verdade, signifi ca viver de uma forma verdadeira, sem falsidade, pautando a vida pela integridade, lem-brando que a verdade é sempre amorosa, nunca pode ser brandi-da como uma espada de acusação e condenação do outro. Jesus é a Vida, pois n’Ele, por Ele e para Ele todas as coisas foram criadas e Ele dá vida a quem n’Ele crê: “N’Ele havia vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1, 4). Sendo a Vida, ninguém d’Ele pode tirá-la, mas é Ele quem a dá (Jo 10, 17). Quem crê em Jesus tem, pois, a vida eterna (Jo 3, 36). Portanto, diante dos questionamentos que, porventura, surjam em seu coração, deixe que o Espírito Santo, o “Espírito da Verda-de” (Jo 14, 17), testemunhe ao seu espírito: não tenha medo, pois com você está Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.Pense: Jesus é a resposta para suas indagações. Não deixe que elas roubem de você a paz. Você tem buscado outros caminhos fora de Jesus e da Igreja que Ele deixou como Sua família de fé? Eis o Coração de Jesus, a senda amorosa para o Coração do Pai, di-zendo a você: Venha a mim! Por que se entregar a perturbações e in-quietações? Creia em mim! Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!Medite em João 14, 1-17

Afeto: A quem irei, Senhor?Só Tu tens palavras de vida eterna!

7. Eu sou a Videira verdadeira (João 15,1.5)

Refl ita: “Chegaram ao vale de Escol, onde cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, que dois homens levaram numa vara” (Nm 13, 23). Imagine o tamanho deste cacho de uvas! Ele se tor-nou o símbolo da abundância da terra de Canaã. A videira frutífe-ra era um símbolo de Israel obediente, enquanto uvas selvagens ou uma videira sem fruto eram referência da desobediência de Israel (Jeremias 2, 21). Assim, em muitos trechos bíblicos aparece a ima-gem da videira, até que Jesus se apresenta como a “Videira verda-deira”. Se a Ele estamos ligados, se nos tornamos parte d’Ele, como o ramo recebe a vitalidade da árvore, então, os frutos vêm e vêm em abundância. Surge aí um verbo fundamental: permanecer! Se você deseja receber toda Graça (seiva) que o Coração de Jesus quer fazer chegar a você, é necessário que Ele seja sua fonte, o centro de sua vida, Aquele que inspira suas palavras, o critério para suas escolhas, a norma para sua conduta, a força amorosa a dirigir seus relacionamentos; de forma que surja no profundo de sua consci-ência uma constatação: sem Ele, eu não posso viver!Pense: Esta é sua real experiência de vida? Você tem a convic-ção de que Jesus é mais do que uma religião ou fi losofi a? Ele é, realmente, o Senhor de sua vida? Eis o Coração de Jesus, a Videira verdadeira, dizendo a você: “Venha a mim! Que meu Amor permaneça em você e você em mim! Assim, você frutifi cará abundantemente!”Medite em João 15, 1-11

Afeto: Teu Coração em meu coração, Senhor!

Domingo do Coração

Mestre, estou correndo ao teu Coração.Achei que por mim mesmo eu daria conta.Pensei que tinha lucidez sufi ciente para escolher meus caminhos.

Iludi-me na sensação de que meu humano calor poderia aquecer-me nas frias noites de dor.Imaginei que o carinho que recebo supriria minha sede de amor.Calculei o tempo que me foi dado e parecia-me que não passaria.Precipitei-me na afi rmação de meu ego e colhi frustração.Ajuntei recursos em cestas vazadas e os vi escorrer por entre meus dedos.Meu Mestre, este é meu coração!Ei-lo aqui em pedaços, fragmentos, cacos.Há espinhos demais e rosas de menos.Há brilho demais e luz de menos.Há tempestades demais e brisas de menos.Aqui está ele!Quão tolo eu fui concluindo que me bastava.Não! Não me basto, não me sustento, não me aguento, por vezes.Eis-me aqui, meu Mestre.Olho, então, para teu Coração e choro.Eu O vejo rasgado por mim.Ele sangra numa incurável ferida de amor.Ele traz a marca da minha ingratidão e da tua imensa compaixão.Ele pulsa, sim, Ele pulsa, não obstante todos os golpes, toda ingratidão.Ele continua a me amar, mesmo depois de tudo que fi z.Ele permanece fi el, ainda que O tenha negado.Ele ritma, mesmo diante do meu insistente descompasso.Teu Coração! Teu Sagrado Coração!Meu Coração! Meu Sagrado Coração!Acolhe, minha prece, minha oração.Não me rejeites, ainda que eu mereça, para que, abandonado, eu não pereça.Se tiras de mim teu amor, não vou resistir, meu Senhor.Vou minguar, me enfraquecer, até desaparecer.Mas eu sei que no teu Coração eu encontro abrigo, salvação.Eu sei que não serei deixado só; que, de mim, Tu tens dó.Eu sei que por onde eu seguir, Tu também haverás de ir.Eu sei que serão minhas feridas, por fi m, cicatrizadas.Eu te bendigo, Coração Amigo, porque agora, e sempre, estás comigo.Eu te adoro, Coração Singelo, Beleza pura, simples e belo.Recebe-me! Acolhe-me!Amém.

Eu sei que não serei deixado só; que, de mim, Tu tens dó.Eu sei que por onde eu seguir, Tu também haverás de ir.