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As famílias religiosas, como as famílias

naturais possuem um nome e uma divisa.

Digam no íntimo: A minha divisa é a de Nossa

Senhora: ‘In Sion Firmata Sum’

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A Virgem me guiará os passos no caminho da obediência e

na fidelidade a meus

compromissos.

Caminharei sem temor, vencerei os obstáculos,

evitarei os desvios.

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Que eu me sinta fraca ou forte, triste ou alegre,

deprimida ou confiante, não cessarei nunca de repetir:

‘In Sion Firmata Sum!’

Firmata: terei eu compreendido bemo sentido desta palavra?

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Trata-se de uma firmeza inabalável.

Isto se aplica à minha vontade e a todas as forças

do meu ser. Fortalecerei minha vontade tornando-a cada vez mais

conforme à Vontade de Deus.

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Consolidarei o amor de meu coração,

aprofundando-lhe as raízes no próprio Amor

de Jesus Cristo.

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Santificarei meus pensamentos,

ações e palavras, apoiando-me constante e

firmemente, no espírito da minha

vocação.

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A divisa da Congregação encerra perseverança e

fidelidade.Cada vez, portanto, que o

Senhor Jesus me disser,através da vida:

‘persevera no meu amor’, eu lhe responderei com a

minha divisa:

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In Sion Firmata Sum .In Sion Firmata Sum .

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Uma reflexão bíblica sobre Eclo 24, 7-11, mais particularmente sobre o

versículo 10.

«In Sion Firmata Sum»

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Alguns pressupostos em relação ao livro Eclesiástico

A tradição cristã, desde a época de São Cipriano, designou o livro com o nome de Eclesiástico , Livro da Igreja, ou da assembléia, a fim de ressaltar a importância que lhe atribuía, sobretudo na formação dos neófitos.Título original: “Livro de ben Sirac” e por isso conhecido como Sirácida ou Siracides.

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Embora tenha sido escrito em hebraico,+ ou - 200 aec, o original se perdeu, mas por volta de + ou -132 aec, foi traduzido para o grego em Alexandria do Egito, por seu neto. Eclo não se encontra no cânon judaico.

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Composto num ambiente marcado pela cultura helenística, no contexto da “paz egípcia” (300-200aec) e da insurreição dos Macabeus (162aec).

A finalidade do livro era preservar a identidade da comunidade judaica que se sentia muito atraída pela Sophia (Sabedoria) e pelos heróis gregos. Para Sirac, a comunidade judaica nada tem que invejar os gregos, pois possuí a autêntica Sabedoria, referindo-se à Torah, a Lei revelada.

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Embora não haja consenso entre os exegetas, segundo Maurice Gilbert, podemos dividir Eclo em duas partes: capítulos de 1-23 e de 24-50. Cada uma começando por um elogio

da Sabedoria. E o capítulo 51 possui dois apêndices: - um cântico de ação de graças

- um poema sobre a busca da sabedoria. Eclo 24, 7-11 situa-se no segundo bloco e no capítulo central do livro.

A perícope

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Eclo 24, 7-11 7 Junto de todos estes [povos e nações] procurei onde

pousar e em qual herança/propriedade pudesse habitar/ me

estabelecer. 8 Então o criador de todas as coisas deu-me uma ordem

aquele que me criou armou a minha tenda

e disse:' Instala-te em Jacó, em Israel recebe a tua herança”. 9 Criou-me antes dos séculos, desde o princípio,

E para sempre não deixarei de existir.

10 Na Tenda Santa, em sua presença, oficiei; deste modo, estabeleci-me em Sion

11 e na cidade amada encontrei repouso, meu poder está em Jerusalém.

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Análise exegética de Eclo 24, 7-11

Sirac demonstra vínculos com a tradição de sua comunidade judaica, mas não é um mero repetidor da mesma. Assim como em outros escritos sapienciais (Jó 18, Baruc 3, 9-4,4; Provérbios 1; 8) produz um poema da Sabedoria personificada numa figura feminina! Segue o modelo de Pr 8.

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Em Pr 8, 1-3 a Sabedoria se dirige a multidão da cidade, e no de Eclo 1-2 a originalidade consiste no fato da Sabedoria tomar a palavra no Templo, durante a assembléia litúrgica da comunidade dos fiéis. Ela inicia seu discurso falando de si mesma e das boas ações que realizou em favor da comunidade.

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v.7: Ben Sirac compara a Sabedoria com um proprietário que ao visitar suas terras, procura um lugar “seguro”, “estável” onde se fixar. Embora presente em todo universo, desde o princípio, e acessível a todos, a Sabedoria deseja uma “morada”, “casa” a fim de repousar.

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v.8: A Sabedoria recebe do criador a ordem de se fixar em Sion. O lugar do repouso da Sabedoria = Shekiná = Presença de Deus é, portanto a “Sion do Santo de Israel” (Is 60, 14).

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v.9: A Sabedoria presente no cosmo, foi criada antes de toda a criação e, permanecerá depois dela. Aqui é interessante ressaltar que a Sabedoria se manifesta em toda criação e de acordo com a cultura judaica, é essencialmente prática. Portanto, a pessoa considerada sábia é aquela que escuta a Torah e a põe em prática.

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v.10: A palavra-chave dessa perícope é Sion e seus vários significados nas Escrituras hebraicas. Faz-se necessário salientar que os nomes Sion e Jerusalém, com o passar do tempo, tornaram-se sinônimos, designando a terra, o povo e a cidade (cf. Is 62, 4.12).

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Sion/Jerusalém

Objeto de amor e de perene atração, desde o tempo de Davi que a escolheu como capital e para lá transportou a Arca da Aliança (cf. 2Sm 6-7) e de Salomão que ali edificou o Templo (cf. 1Rs 6). Lugar de peregrinação ao menos três vezes por ano, nas festas de Pessach, Shavuot, Sucot (cf. Dt16,16).

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A cidade escolhida pelo Senhor (1Rs 8,4.48; Zc 1,17), “para nela fazer morar o seu nome” (Dt 12, 11.21). Cidade santa (Is 48, 2), da justiça e da fidelidade (Is 1, 26), da alegria (Is 22, 2), idealizada (Ez 40,2) porque o Senhor está “no meio dela” (Sf 3, 17). Não somente o Senhor está no meio de Sion, como também está com Sion. “Exulta muito, filha de Sion! Grita de alegria, filha de Jerusalém! Eis que o teu Rei vem a ti” ( Zc 9,9).

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Embora o nome do Senhor habite Sion, Sion não pode conter o Senhor. Entretanto, o nome exprime verdadeiramente a pessoa e a representa: onde está o “Nome do Senhor”, Deus está presente de modo todo especial, mas não exclusivo, pois o Senhor habita toda a face da terra.

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Por causa da Presença de Deus tão íntima a Sion, a mesma terá um futuro glorioso (cf. Jl 4,16-21). “Tu serás sempre admirada e causa de alegria para as gerações futuras” (Is 60, 15). O Senhor mesmo “velará sobre Jerusalém e a livrará, protegê-la-á e a libertará” (Is 31, 4-5), e consequentemente, à Sion será garantida prosperidade e felicidade.

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Nova Jerusalém: restaurada pelo Senhor torna-se um dos grandes símbolos da salvação escatológica.A Nova Jerusalém, refere-se à cidade:

•iluminada pelo Senhor. “Enquanto a noite cobre a terra e a escuridão os povos, sobre ti se levanta o Senhor e sua glória te ilumina” (cf. Is 60, 2);

•esposa de Deus (cf. Is 50, 1; 54, 6-8; 62,2-5);

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•mãe de todos os povos (Cf. Sl 87). Isaías já anunciava este papel maternal de Sion, que como uma mãe viúva, desconsolada, se alegrará com o retorno de seus filhos e filhas, reunidos em torno dela. “Levanta os olhos e olha a tua volta, de longe vem teu filhos e chegam perto de ti”

(Is 60, 4). •advento dos novos céus e de uma

nova terra (cf. Is 65,17-25; 66,20-23; Apoc 21,).

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Centro espiritual e político de um mundo renovado (cf. Zc 14,16-17). Lugar de encontro: “todas as nossas fontes estão em ti” (Sl 87). E também lugar de diálogo: “Vinde, subamos ao Monte do Senhor, para que ele nos instrua a respeito de seus caminhos. Pois de Sion sairá a Lei e de Jerusalém a Palavra do Senhor”

(Is 2, 2-4; Mq 4, 1-4).

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Refúgio dos oprimidos. Sion aqui não expressa poder religioso e manipulador, pelo contrário. Significa a cidade fundada pelo Senhor e, por isso, em Sion, os oprimidos encontram o seu refúgio (cf. 14, 32).

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Retomando os versículos 8 e 10 da perícope podemos perceber uma correspondência entre eles. Há uma relação de causa (ordem do Criador – v.8) e efeito (fixação da Sabedoria em Sion – v.10). É importante notar que a Sabedoria habitava em todo o cosmo = universal e depois escolheu um lugar para se fixar, Sion = particular. Aqui encontramos os dois aspectos que são tão caros ao nosso carisma: o particular = Povo Judeu e o universal = toda a humanidade.

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v.11: Com Davi, Jerusalém se torna o centro do poder político, com Salomão e a construção do Templo torna-se o centro religioso. A Sabedoria passa a habitar este importante lugar lembrando que o poder está nas mãos do Único Senhor. A alusão de Sirac é clara “em Jerusalém, exerço o meu poder” isto é, pelo Senhor que é Rei.

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Relação do versículo 10 da perícope, com a nossa Sion

Retomemos nossas origens...Segundo Teodoro, Maria é a Filha de Sion por excelência, porque ela viveu plenamente a fé nas promessas de Deus ao seu povo e a toda humanidade.

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Igualmente Afonso relaciona Maria= Sion\Jerusalém, dizendo: “Perguntamos às vezes o que é o acontecimento de 20 de janeiro. É muito simples: 20 de janeiro é uma luz dentro de outra luz: Maria-Sion-Jerusalém. Maria em plena luz”.

Não é por acaso que Afonso insistiu tanto em estabelecer Sion em Jerusalém. Mesmo diante das dificuldades, quando todos seus esforços pareciam em vão, Afonso, sustentado por sua intima relação com Maria, confiou na Providência de Deus, cujo fruto é a presença de Sion nesta Terra Santa.

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Poderíamos então nos questionar: a nossa presença em Jerusalém é uma

forma de manter viva nossa identidade “congregacional”?

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E no futuro?

• número reduzido de irmãs jovens...• envelhecimento de outras irmãs...• poucas vocações... • manutenção de grandes obras...

Desânimo? Medo? Insegurança?

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Não seria nessa terra de constantes conflitos políticos e religiosos que nosso carisma se tornaria mais evidente criando

espaços de convivência pacífica, de respeito e de abertura

ao outro, à outra?

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Retomemos nossos estudos…

In Sion Firmata Sum

Podemos comungar com a atitude da Sabedoria, que a “escuta” do criador, decide

estabelecer-se em Sion?

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Então, recordemos que, “somos chamadas a testemunhar pela vida a fidelidade de Deus ao seu amor pelo povo judeu” (Const. art. 13).

Pois, sendo o lugar por excelência do diálogo e da reconciliação, Jerusalém torna-se também lugar privilegiado da vivência e da missão específica de Sion na Igreja.

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Hoje, Teodoro nos recorda que Sion, nas Escrituras hebraicas

= “símbolo da esperança”.

E Notre Père continua: “essa virtude deve dominar todas as nossas obras, nossos sentimentos. Pois aqueles

que esperam no Senhor são como a montanha de Sion: nunca

se abala, está firme para sempre”

(Sl 124,1).