Pedagogia Do Oprimido

5
Pedagogia do Oprimido / Paulo Freire 50. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. Paulo Freire em “Pedagogia do Oprimido” descreveu um novo modelo de educação que, ao contrário do vigente, tem no diálogo sua característica dominante. Quatro são as principais abordagens do autor: na primeira o autor explica o objetivo do livro que é o de apresentar a situação oprimido/opressor, a segunda descreve o modelo bancário da educação como ferramenta de opressão, a terceira parte apresenta um modelo novo de educação baseado na dialogicidade usada como instrumento de libertação e transformação e a quarta parte confronta o modelo dialógico com seu antagônico. A Pedagogia do Oprimido visa abrir os olhos destes ao mundo, a ajudá-los na transformação de suas vidas por meio de uma educação com eles e não para eles. Alguns dos conceitos apresentados no livro são de grande relevância para o universo educativo, são eles: O ”Medo da Liberdade” (p. 31). Paulo Freire descreve esse como sendo um dos principais empecilhos a libertação das massas oprimidas, onde o oprimido acomoda- se na condição de ser menos e conformado não busca a O professor deve servir de mediador, utilizando na sala de aula o conhecimento trazido pelos alunos, compartilhando experiências para que ocorra a construção de seres críticos. • transformação. • A “Educação Bancária” (p. 79). Freire aponta que esse método educacional, que ensina a ouvir e não a falar - onde o professor apenas deposita conhecimento na cabeça dos alunos -, como sendo uma das principais e primeiras formas de se oprimir. • A Educação Dialógica (p.110). Ao contrário da Educação Bancária, está seria a alternativa para a libertação das massas excluídas, uma educação feita deles, respeitando suas opiniões e experiências, tendo o diálogo como ferramenta transformadora. • A “Liderança Revolucionária” (p.181). O líder das massas, não deve de modo algum “hospedar” o opressor em seu subconsciente, deve sim compartilhar as aflições dos oprimidos e com eles lutar. Pedagogia do Oprimido, ao tratar de um tema que sempre será atual, o da inclusão, se faz obra-prima. A educação é fundamental para a libertação, então para um mundo justo e humanizado, a transformação da prática oprimido/opressor deve acontecer agora, para que assim “seja menos difícil amar”. O livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, traz em tona a questão da contradição opressor X oprimido. Para desenvolver sua crítica sobre o modelo de educação reproduzida conforme o conformismo social, ele utiliza vários conceitos dos quais compreenderemos a seguir.

description

Resumo comentado de Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire

Transcript of Pedagogia Do Oprimido

Page 1: Pedagogia Do Oprimido

Pedagogia do Oprimido / Paulo Freire – 50. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 2011.

Paulo Freire em “Pedagogia do Oprimido” descreveu um novo modelo de educação

que, ao contrário do vigente, tem no diálogo sua característica dominante.

Quatro são as principais abordagens do autor: na primeira o autor explica o objetivo do

livro que é o de apresentar a situação oprimido/opressor, a segunda descreve o

modelo bancário da educação como ferramenta de opressão, a terceira parte

apresenta um modelo novo de educação baseado na dialogicidade usada como

instrumento de libertação e transformação e a quarta parte confronta o modelo

dialógico com seu antagônico.

A Pedagogia do Oprimido visa abrir os olhos destes ao mundo, a ajudá-los na

transformação de suas vidas por meio de uma educação com eles e não para eles.

Alguns dos conceitos apresentados no livro são de grande relevância para o universo

educativo, são eles:

O ”Medo da Liberdade” (p. 31). Paulo Freire descreve esse como sendo um dos

principais empecilhos a libertação das massas oprimidas, onde o oprimido acomoda-

se na condição de ser menos e conformado não busca a O professor deve servir de

mediador, utilizando na sala de aula o conhecimento trazido pelos alunos,

compartilhando experiências para que ocorra a construção de seres críticos.

• transformação.

• A “Educação Bancária” (p. 79). Freire aponta que esse método educacional, que

ensina a ouvir e não a falar - onde o professor apenas deposita conhecimento na

cabeça dos alunos -, como sendo uma das principais e primeiras formas de se oprimir.

• A Educação Dialógica (p.110). Ao contrário da Educação Bancária, está seria a

alternativa para a libertação das massas excluídas, uma educação feita deles,

respeitando suas opiniões e experiências, tendo o diálogo como ferramenta

transformadora.

• A “Liderança Revolucionária” (p.181). O líder das massas, não deve de modo algum

“hospedar” o opressor em seu subconsciente, deve sim compartilhar as aflições dos

oprimidos e com eles lutar.

Pedagogia do Oprimido, ao tratar de um tema que sempre será atual, o da inclusão, se

faz obra-prima.

A educação é fundamental para a libertação, então para um mundo justo e

humanizado, a transformação da prática oprimido/opressor deve acontecer agora,

para que assim “seja menos difícil amar”.

O livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, traz em tona a questão da

contradição opressor X oprimido.

Para desenvolver sua crítica sobre o modelo de educação reproduzida conforme

o conformismo social, ele utiliza vários conceitos dos quais compreenderemos a

seguir.

Page 2: Pedagogia Do Oprimido

Em seu primeiro capítulo que tem como título “justificativa da pedagogia do

oprimido”, Freire discute o processo de desumanização causada pelo opressor a

seus oprimidos. Ele relata, que a forma de imposição que o opressor envolve o

oprimido,e faz com estes sejam menos, ou seja, vejam-se em condições onde

ele precise do seu usurpador. Neste capítulo paulo Freire desenvolve dois

conceitos importantes: o revolução de contradição. Para ele uma revolução no

campo da opressão, por buscar mudanças daqueles que dominam, acabam

gerando novos opressores e oprimidos. Já na contradição o opressor se

reconhece como o tal e o oprimido consegue vê-se subjugado por outro. É a

contradição que gera a consciência. Mas a autor adverte que o processo de

desintoxicação da opressão deve acontecer de maneira cuidadosa para que os

opressores não venham a ser novos oprimidos. O processo de liberdade deve ser

vista e sentida por ambas as partes. A libertação do estado de opressão é uma

ação social, não podendo portanto, acontecer isoladamente. O homem é um ser

social e por isso, a consciência e transformação do meio deve acontecer em

sociedade.

Em todo o contexto de seu livro, o autor busca mostrar como a educação no

Brasil produz um fetiche social, reproduzindo a desigualdade, a marginalização

e a miséria. Ele coloca que o ensinar a não pensar é algo puramente planejado

pelos que estão no poder, para que possam ter em suas mãos a maior

quantidade possível de oprimidos, que se sentindo como fragilizados,

necessitam dos que dominam para sobreviverem. Mas como poderá o homem

sair da opressão se os que nos “ensinam” são também aqueles que nos

oprimem? No desenvolver de seu livro, Paulo Freire procurar conscientizar o

docente dom seu papel problematizador da realidade do educando.

No capítulo II, a autor discute “a concepção ‘bancária’ da educação como

instrumento de opressão. Seus pressupostos. Suas criticas”. Ele traz a discussão

de que é o professor quem faz o seu aluno um mero depositário, ao considerar o

aluno como incapaz de produzir conhecimento, e desconsiderar-se como um ser

em formação contínua. Para Paulo Freire, ensinar a pensar e problematizar

sobre a sua realidade é a forma correta de se reproduzir conhecimento, pois é a

partir daí que o educando terá a capacidade de compreender-se como um ser

social. Um vez conhecendo sua situação na sociedade, o educando jamais se

curvará para a condição de oprimido, pois seu lema será a igualdade e por ela

buscará. A educação bancária, transformar a consciência do aluno em um

pensar mecânico, ou seja, em sentir como se a realidade social fosse algo

Page 3: Pedagogia Do Oprimido

exterior a ele e de nada lhe aferisse. Já a educação problematizadora gera

consciência de si inserido no mundo em que vive e diz respeito à idéia de que

deve existir um intercâmbio contínuo de saber entre educadores e educandos,

com a intensão de que os últimos não se limitem a repetir mecanicamente o

conhecimento transmitido pelos primeiros. Por meio do diálogo entre

professores e alunos, estabelecem-se possibilidades comunicativas em cuja raíz

está a transformação do educando em sujeito de sua própria história. É a

superação da dicotomia educado X educando. Nesse processo de educação

problematizadora, o professor aprende enquanto ensina pelo diálogo de seus

educando, estimulando o ato cognoscente de ambos, ou seja, ensina e aprende a

refletir criticamente.

O processo de educação é consciência humana, pois só os homens tem

consciência de sua incompletude e, por isso busca compreender o mundo que

vive em sua finitude. Mas é no ser que transforma que ele percebe a sua

importância, portanto é na educação problematizadora que gera história que se

humaniza a sociedade.

O capítulo III tem como tema “a dialogicidade – essência da educação como

prática de liberdade” demostra o quanto é importante o desenvolvimento no

diálogo no processo educativo. A comunicação é expressa pela palavras e pela

ação, por isso a verdade tem que está constante neste dois momentos de

construção da educação, tanto do aluno quanto do professor. É isso que dá

sentido ao mundo em que os homens vivem e se relacionam. O diálogo entre

educador-educando começa em seu planejamento do conteúdo programático,

quando questiona o que vai refletir com seus alunos. Mas esse conteúdo não

pode estar dissociado do cotidiano dos alunos. Ele tem que ter uma relação com

o que eles vivem no mundo atual. Tem que haver uma conexão real. Ensinar e

aprender é uma constante investigação, porém Paulo Freire adverte para que

não torne o homem, neste processo, um mero objeto de investigação. Que não se

perca a essência do ser humano.

O capítulo IV trata da “teoria da ação antidiagógica”, na qual descreve a

importância do homem como ser pensante de práxis sobre o mundo. A ação

transformadora se faz pela reflexão e ação. Demonstra também que um ser que

se dedique a liderança revolucionária da opressão, não deve confundir seu papel

de representante do diálogo oprimidos, impondo o seu ponto de vista. Tem que

levar a verdadeira palavra daqueles que representa emergindo o novo em meio

Page 4: Pedagogia Do Oprimido

ao velho da sociedade dominante. O caráter revolucionário dos oprimidos, em

sua ação transformadora, é uma ação pedagógica, da qual se emerge novas

possibilidade de renovação social.

Em sua descrição sobre o sistema de opressão antidialógico, Paulo Freire

descreve que são quatro os elementos utilizados para a realização da dominação.

A primeira delas é a conquista, método pelo qual o opressor impõem

jeitosamente sua cultura sobre o opressor;A divisão das massas para poder

dominá-las, pois, povo unido é sinal de perigo de desordem social, esse é o

discurso de quem oprime, por isso, evita-se trabalhar conceitos como lutas,

revoltas, união, etc. É pela manipulação que os opressores controlam e

conquistam as massas oprimidas para a realização de seus objetivos. Também

a invasão cultural é um instrumento da conquista opressora. A minoria

dominante impõem sua visão de mundo e todos se guiam por ele.

Por fim, Paulo Freire encerra esse capítulo colocando os elementos da ação

dialógica, que são a co-laboração, a união, a organização e a síntese cultural.

A co-laboração do diálogo, entende o outro como o outro e respeita a sua

culturalidade. A união da massa oprimida se faz necessária, e é papel do

representante dessa classe mantê-la unida para ganhar força de transformação.

A organização é um aporte da união das massas, mas é também um sinal de

liberdade para os oprimidos. A síntese cultural se fundamenta na compreensão

e confirmação da dialeticidade permanência-mudança, que compõem a

estrutura social.

Portanto, compreendendo a tese fundamental de Paulo Freire neste livro, vemos

que ele elabora conceitos pedagógicos pelos quais o educador deve enveredar-se

para uma transformação no contexto social de dominação que se dá através do

processo de educar. Opressores e oprimidos são vítimas da mesma

inconsciência. A conscientização se dá por um processo gradual em que se busca

a liberdade sem produzir novos opressores e oprimidos. Ele coloca uma

revolução na estrutura social, através da qual o homem como sendo de

fundamental importância a sua existência no mundo, é capaz de fazer sua

história, sem um futura apriori, como este que é imposto pelas minorias

dominantes.

Ao analisarmos essa obra de Paulo Freire, percebemos que até hoje, em nossas

escolas, o conceito de educação problematizadora ainda não conseguiu ser

Page 5: Pedagogia Do Oprimido

implantadas. O professor formador de conscientização vive um drama entre

ensinar o que a pensar ou cumprir com o currículo que lhe é imposto pelos

órgãos educacionais. O tempo lhe traga toda a esperança de uma

conscientização social. Vive pesquisando para preparar uma aula que muitas

vezes os alunos nem param para ouvir por que o conteúdo que o professor tem

que cumprir não condiz com a realidade que seus alunos vivem. Então podemos

entender que o sistema educacional de hoje também continua a disseminar a

opressão. Não por causa do professor, mas pelas condições de trabalho que lhes

é imposto. O educador hoje é tão vítima como o oprimido, pois é meramente

mais um deles.