Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

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UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇAO SUERDA DA SILVA GUEDES PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO NATAL/RN 2010

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UNIVERSIDADE POTIGUAR-UNP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇAO

SUERDA DA SILVA GUEDES

PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA

INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO

NATAL/RN 2010

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SUERDA DA SILVA GUEDES

PENSANDO A APOSENTADORIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA

INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Potiguar, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Profª Patrícia Whebber Souza de Oliveira, Drª.

NATAL/RN

2010

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Aos meus pais, Wilson e Gorette, que me ensinaram que tudo

tem dois lados e que cabe a nós escolhermos por onde

queremos seguir.

Aos meus irmãos de sangue: Wilson Júnior e Tiago, pela

paciência nos meus momentos de stress.

A Danielle, Elma e Monique, irmãs de coração, que me

ajudaram nos momentos de angústia.

Aos meus amigos, pela compreensão da minha ausência nos

encontros de confraternização.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS,

Em primeiro lugar, pelo dom da vida e da perseverança e pela Fé. Sem Ele, nada

seria possível em minha vida.

AOS MEUS PAIS WILSON E GORETTE,

Por me ensinarem que a vida é uma luta constante e podemos participar dela com fé

e determinação.

A MINHA ORIENTADORA,

Professora PATRÍCIA WHEBBER SOUZA DE OLIVEIRA, por acreditar na minha

capacidade, orientando-me incansável e pacientemente.

A COORDENADORA DO CURSO DO MESTRADO PROFISSIONAL EM

ADMINISTRAÇÂO,

Professora TEREZA DE SOUZA, pela competência, contribuindo para que tudo

transcorresse da melhor forma possível.

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De tudo ficaram três coisas...

A certeza de que estamos

começando...

A certeza de que é preciso

continuar...

A certeza de que podemos ser

interrompidos

Antes de terminar...

Façamos da interrupção um

caminho novo...

Da queda, um passo de dança...

Do medo, uma escada...

Do sonho, uma ponte...

Da procura, um encontro!

(FERNANDO SABINO)

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RESUMO

Considerando que a aposentadoria é um período repleto de dúvidas e de

expectativas com relação à sua chegada e que a aproximação dessa época pode

ser vivenciada de formas diferentes pelas pessoas, o objetivo principal desta

pesquisa é compreender como os professores de uma instituição federal de ensino

vivenciam a transição para a aposentadoria. O trabalho se caracterizou como um

estudo de caso qualitativo. A técnica de coleta de dados se deu através de

entrevistas aplicadas a doze professores da instituição de ensino. Para o tratamento

dos dados utilizou-se a análise de discurso. Os principais resultados expõem que os

sentimentos que estiveram presentes nos diferentes estágios do processo de

aposentadoria foram a insegurança e o medo do futuro após a aposentadoria.

Dentre os fatores que levaram alguns professores a optar por continuar trabalhando

mesmo já tendo atingido os critérios para se aposentar destacaram-se o prazer no

trabalho que realiza; sensação de utilidade e os relacionamentos sociais mantidos

no trabalho e a partir dele. Quanto às expectativas dos servidores diante da

aposentadoria foi identificada a insegurança diante do desconhecido. Sobre como

está sendo a aposentadoria – para os que se aposentaram - destacam-se a

liberdade proporcionada pela aposentadoria e, quanto à percepção dos servidores

quanto à contribuição do Curso de Preparação para a Aposentadoria, os

participantes relataram que contribuiu sim, destacando-se a possibilidade de

vivenciar esse processo de uma forma tranqüila, minimizando o medo diante do

futuro. Conclui-se que não houve diferenças significativas na forma que os grupos

participantes da pesquisa vivenciam a transição para a aposentadoria.

Palavras-chave: aposentadoria, transição, preparação para a aposentadoria.

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ABSTRACT

Given the fact that retirement is a period full of doubts and expectations regarding its

arrival and that the coming of this period is dealt differently by people, the main goal

of this research is to comprehend how the professors of a federal institution of

teaching behave concerning the transition toward retirement. This work is

characterized as a qualitative case of study. The gathering of data technique

occurred through interviews applied with twelve professors of the institution of

teaching. In order to study the data, the discourse analysis was used. The main

results shows that the feelings on the different stages of the retirement process are

insecurity and the fear of the future after the retirement. Amongst the facts that led

some professors to continue working despite achieving the criteria to retire were the

pleasure of performing their job; feeling of usefulness; and the social relationships

maintained at work and built upon it. Considering their expectations before

retirement, it was identified the insecurity of the unknown. Regarding how the

retirement is being dealt, for the ones who retired, it is observed the freedom

provided by the retirement. Besides, taking into account their perception related to

the contribution of the Retirement Preparation Course, the participants confirmed that

it contributed, highlighting the possibility of going through this process in a calm way,

minimizing the fear of the future. It was concluded that there weren’t significant

differences in the way the group of participants of the research went through the

transition toward retirement.

Keywords: retirement, transition, preparation for the retirement.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

1.1 PROBLEMA/QUESTÕES DA PESQUISA ..................................................... 12

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 15

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 16

1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 16

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 16

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 17

2.1 O TRABALHO ................................................................................................ 17

2.1.1 Identidade e trabalho ................................................................................ 26

2.2 APOSENTADORIA ........................................................................................ 26

2.2.1 Curso de Preparação para a Aposentadoria .......................................... 39

2.2.2 O Curso de Preparação para a Aposentadoria no IFRN ....................... 43

3 METODOLOGIA ............................................................................................... 46

3.1 TIPO DE PESQUISA ..................................................................................... 46

3.2 CAMPO EMPÍRICO ....................................................................................... 46

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ...................... 47

3.3.1 Grupo I – Fez o Curso e não se Aposentou ............................................ 47

3.3.2 Grupo II – Fez o Curso e se Aposentou .................................................. 49

3.3.3 Grupo III – Não Fez o Curso e não se Aposentou .................................. 50

3.3.4 Grupo IV – Não Fez o Curso e se Aposentou ......................................... 50

3.4 COLETA DE DADOS ..................................................................................... 51

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ................................................ 56

4.1 HISTÓRICO DO IFRN ................................................................................... 56

4.2 TRAJETÓRIA DOS PROFESSORES ............................................................ 58

4.3 SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E SE APOSENTARAM .............. 64

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4.3.1 Tema: O que Levou os Professores a Optarem por Continuar

Trabalhando .......................................................................................................

65

4.3.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 69

4.3.3 Tema: Contribuições do Programa de Preparação para a

Aposentadoria no Processo de Transição para a Aposentadoria ................

72

4.3.4 Tema: Como Imagina que será sua Aposentadoria ............................... 79

4.4 GRUPO II – SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU ............. 83

4.4.1 Tema: Relação entre Trabalho e Aposentadoria .................................... 83

4.4.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 84

4.4.3 Tema: Contribuição do Curso na Fase de Transição para a

Aposentadoria ....................................................................................................

86

4.5 GRUPO III – SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE

APOSENTOU .......................................................................................................

88

4.5.1 Tema: O que o Levou a Optar por Continuar Trabalhando ................... 88

4.5.2 Tema: Utilização do Tempo Livre ............................................................ 89

4.6 GRUPO IV – SERVIDORES QUE NÃO PARTICIPARAM DO CURSO E SE

APOSENTARAM ..................................................................................................

89

4.6.1 Tema: Relação entre Trabalho e Aposentadoria .................................... 90

4.6.2 Tema: Utilização do Tempo ...................................................................... 91

4.6.3 Tema: Processo de Transição para a Aposentadoria ........................... 94

4.6.4 Tema: A Aposentadoria está sendo como você Esperava? ................. 95

5. CONSIDERAÇÔES FINAIS ............................................................................. 100

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 104

APÊNDICES

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1 INTRODUÇÃO

A segunda década do século XXI já está próximo. As análises e previsões

que foram feitas nos anos de 1980 de que no ano de 2000 o avanço tecnológico

acarretaria a substituição dos trabalhadores por máquinas nas atividades que

demandam esforços físicos e que, ainda, a carga horária de trabalho seria de

apenas trinta horas semanais e o restante do tempo seria dedicado ao lazer, soa,

nos dias de hoje, como algo duvidoso e até mesmo como um paradoxo.

No contexto da Aldeia Global as distâncias estão cada vez menores

facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. As redes

sociais estão disponíveis para facilitar a comunicação das pessoas em todo o mundo

e as tecnologias estão cada vez mais aperfeiçoadas para facilitar a vida no dia-a-dia

do trabalho ou da vida pessoal.

No entanto, todas essas facilidades não mudaram em muita coisa na

realidade do mundo do trabalho. O que se vê hoje é a ocupação de boa parte do

tempo voltado para o trabalho e no caso específico dos professores, quando não

estão em sala de aula, muitas vezes estão preparando aulas, elaborando provas, ou

seja, trabalhando no que deveria ser seu tempo livre para voltar-se a outras

atividades como a dedicação à família e ao lazer. As facilidades da internet são

utilizadas, muitas vezes, por esses profissionais, como instrumento para auxiliar na

execução do seu trabalho.

No entanto, no decorrer da vida, o trabalhador está inserido em estruturas e

representações sociais que não o preparam para o envelhecer ou mesmo para o

afastamento do trabalho (CARLOS et al, 1999).

Diante dessa realidade e somado à questão da longevidade tem-se

percebido uma preocupação por parte das organizações em prepararem seus

trabalhadores para o afastamento do trabalho ou até mesmo seu retorno, se for esse

o caso, após sua aposentadoria.

Diante dessa nova realidade – que é a aposentadoria – o aposentado tem,

diante de si, um leque de possibilidades de ocupar o tempo que antes era voltado

para o trabalho, podendo utilizar dos vários recursos disponíveis atualmente, para

estar em contato com outras pessoas, resgatando e interagindo com os amigos,

viajando, estudando, se capacitando para realizar outros trabalhos ou dar

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continuidade ao que realiza enfim, tem a seu favor instrumentos como as

tecnologias e as redes sociais para tornar essa nova fase de sua vida, um período

que poderá ser usufruído com tranqüilidade e qualidade.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

A aposentadoria é um período que se apresenta cheio de dúvidas e de

expectativas com relação à sua chegada. A aproximação dessa época pode ser

vivenciada de formas diferentes pelas pessoas. Por um lado, pode ser percebida

como algo assustador, para uns, ao associarem a ela o tédio, a sensação de

inutilidade, a solidão, depressão e aproximação da morte. Outros poderão vivenciá-

la de uma forma mais positiva, podendo considerá-la como a oportunidade de

começar uma nova fase de sua vida, pondo em prática projetos adiados, ao longo

dos anos, pela falta de tempo disponível, devido a dedicação ao trabalho. (ADLER,

1999).

A aposentadoria também pode ser sinônimo de libertação para alguns

trabalhadores, quando finalmente não será mais necessário realizar uma atividade

que não lhes é agradável, ou ainda, que queiram descansar depois de tantos anos

contribuindo com seu trabalho, libertando-se de horários a serem cumpridos, de

rotinas, podendo usufruir o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 1999).

A forma que cada indivíduo vai reagir à chegada da aposentadoria

dependerá de vários fatores. De sua história de vida, da percepção que tenha do

futuro, das atividades que realize fora do ambiente de trabalho e, ainda, do nível dos

relacionamentos mantidos. Essas reações podem ser influenciadas, ainda, pela

demografia, a economia e política instituídas pelos países, os valores culturais, o

tipo de trabalho que o indivíduo realiza e a satisfação obtida a partir dele (FRANÇA,

2008).

Os sentimentos dos trabalhadores diante da proximidade da aposentadoria e

da decisão de aposentar-se ou não, variam para cada pessoa e as expectativas que

constroem para o período após a sua aposentadoria também são diferentes. Por

exemplo, muitos trabalhadores gostam da atividade que realizam e/ou das relações

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sociais mantidas no ambiente de trabalho e não exprimem o desejo de aposentar-se.

Outros pretendem se aposentar, mas gostariam de realizar outra atividade

profissional e reduzindo sua carga horária. Alguns manifestam o desejo de

realmente não trabalhar mais, no entanto, não têm idéia do que fazer com a

chegada da aposentadoria (França 1999).

Além disso, tem o fator financeiro e possibilidade de reorganização da

identidade pessoal, que hoje tem significa relação com a identidade profissional.

Na verdade, a aposentadoria não é um evento isolado. É um processo de

transição que envolve vários sentimentos de quem está próximo a se aposentar como

apreensão, ansiedade, dúvidas diante desse futuro desconhecido, com suas perdas e

ganhos. Adler (1999) relata que a ansiedade e o medo que surgem nesse período

são conseqüência da nossa cultura, que valoriza muito a juventude e associa a idéia

de aposentadoria à velhice e à morte. Associação não necessariamente verdadeira,

tendo em vista que algumas pessoas se aposentam jovens e outras, ainda, vivenciam

a velhice sem estar aposentado.

No caso dos professores, a aposentadoria acontece de forma diferente de

outras profissões. Eles podem ter uma redução no tempo de contribuição para a

Previdência e ainda, na idade mínima exigida para a aposentadoria, em cinco anos,

desde que comprovado seu exercício em sala de aula durante esses anos

trabalhados. Com isso, eles têm um maior tempo disponível, em anos, após a

aposentadoria que a maioria dos trabalhadores.

No IFRN, tem acontecido uma preocupação por parte de seus gestores, com

os seus servidores já aposentados ou em vias de aposentar-se, tendo em vista o

conhecimento de relatos de aposentados sofrendo algumas dificuldades em adaptar-

se a essa nova etapa em suas vidas. Então têm sido pensadas formas de minimizar o

sofrimento vivido nessa fase de transição, e ainda de possibilitar que eles possam

refletir sobre essa nova etapa de suas vidas, através de um curso de preparação

para a aposentadoria que é oferecido à comunidade interna, aos funcionários que

estejam a dois anos ou menos da aposentadoria e ainda foi criado um espaço,

denominado Espaço Livre, no qual são desenvolvidas atividades voltadas para os

aposentados, possibilitando, dessa forma, que eles mantenham ainda um vínculo

com a Instituição mesmo após sua aposentadoria. Diante dessa configuração, surgiu

a necessidade de identificar quais sentimentos podem estar presentes nos

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servidores, daquele estabelecimento de ensino, que estejam vivenciando essa

transição para a aposentadoria. Pretendendo-se então, investigar:

Como os professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

do Rio Grande do Norte-IFRN vivenciam a transição para a aposentadoria?

Diante desse quadro, algumas questões foram necessárias para a

compreensão deste contexto:

- quais os sentimentos que surgem nos diferentes estágios do processo de

aposentadoria?

- quais os fatores que tenham levado alguns servidores a optarem por

continuar trabalhando mesmo já tendo atingido os requisitos para a

aposentadoria?

- como os servidores que ainda não se aposentaram utilizam seu tempo

livre?

- de que forma os servidores aposentados utilizam esse tempo que antes era

ocupado com o trabalho?

- quais as expectativas dos servidores diante da proximidade da

aposentadoria?

- como está sendo a aposentadoria para os servidores que já se encontram

nessa fase da vida?

- O Programa de Preparação para a Aposentadoria tem contribuído para

esse processo de transição?

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1.3 JUSTIFICATIVA

Após decorridos anos de dedicação ao trabalho, aproxima-se a época da

aposentadoria para o trabalhador. Esse evento é um direito social, garantido pela

Constituição Federal do Brasil de 1988 (Art. 7º, inciso XXIV) e que foi conquistado a

partir dos movimentos dos operários - a exemplo do que aconteceu na Europa e nos

EUA - que favoreceram a criação das Caixas e dos institutos, bem como da

legislação referente à aposentadoria (FRANÇA, 2008). Essa autora ressalta que,

atualmente, a aposentadoria é percebida como algo complexo, em que estão

envolvidos na busca pela garantia do bem-estar do aposentado, o governo, as

empresas e os trabalhadores.

Esse momento de transição trabalho-aposentadoria pode gerar alguma

ansiedade no pré-aposentado se não houver um planejamento que o ajude a

administrar, de forma eficaz, seu tempo, no novo momento de sua vida, que é a

aposentadoria (BOSSÉ et al (1991), apud FRANÇA, 2008).

Um bom planejamento para a aposentadoria considera vários aspectos,

como a gestão financeira, a manutenção da saúde física e mental e a criatividade,

tão importantes nesse novo momento da vida. Os relacionamentos familiares e com

amigos, como também o afetivo-sexual, o trabalho e os projetos de cada indivíduo

(FRANÇA, 2008), são aspectos relevantes que devem ser considerados no

planejamento dessa nova fase da vida das pessoas.

O estudo foi desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Norte-IFRN, no Campus Natal Central, situado na

Cidade de Natal.

O IFRN, pensando nessa fase de transição entre o trabalho e o não-

trabalho, de seus servidores desenvolve um Programa de Preparação para a

Aposentadoria que possibilita ao indivíduo refletir sobre sua vida atual, enquanto

trabalhador e sobre possibilidades de ação após a aposentadoria. Facilita a reflexão

sobre a gestão financeira, pessoal, familiar e, ainda, sobre tomadas de decisão a

serem feitas na construção do seu projeto de vida.

A aposentadoria é um momento de possibilidades. Após anos de contribuição

com o seu trabalho o servidor dispõe de tempo livre para realizar outras atividades.

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Mas o que fazer com esse tempo livre, como administrá-lo e o que esperar

desse novo tempo tão sonhado, esperado e cheio de mistérios são questões a

serem respondidas. O Programa de Preparação para a aposentadoria do IFRN

propõe-se a auxiliar o servidor a refletir sobre esses aspectos e tantos outros,

citados em outros momentos, neste estudo.

Esta investigação se justifica pela necessidade de, a partir dos resultados

obtidos com a pesquisa, melhorar o Programa, fazendo modificações em sua

estrutura, se preciso, no sentido de aprimorá-lo para que contribua para um

planejamento eficaz dessa nova etapa da vida, que é a aposentadoria.

1.4 OBJETIVOS

• Geral

Compreender como os professores do IFRN – Campus Natal Central –

vivenciam a transição para a aposentadoria.

• Específicos:

� Conhecer os sentimentos que assomam nos diferentes estágios do

processo de aposentadoria;

� Identificar os fatores que tenham levado alguns professores a optar por

continuar trabalhando mesmo já tendo atingido os requisitos para a

aposentadoria;

� Conhecer de que forma o tempo livre é utilizado e sua (possível) relação

com a aposentadoria

� Conhecer as expectativas dos servidores diante da aposentadoria;

� Conhecer como está sendo a aposentadoria;

� Identificar se o Programa de Preparação para a Aposentadoria contribuiu

para a re-significação da aposentadoria.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O objetivo deste capítulo é exprimir a base teórica que fundamenta esta

pesquisa. O mesmo apresenta o contexto do trabalho: a evolução de seu significado

ao longo da história e a questão identitária do trabalhador com a atividade que

realiza. Envolve ainda o significado da aposentadoria e formas de vivenciá-la. Traz

também os objetivos, características e vantagens de um Curso de Preparação para

a Aposentadoria para a organização e seus trabalhadores.

2.1 TRABALHO

Qualquer que seja o enfoque (filosófico, histórico ou sociológico), pode-se

considerar que o trabalho é sempre uma relação do homem com a natureza, com

seu semelhante e consigo mesmo.

O trabalho não encerra em si uma significação que seja inerente ao ser

humano MILLS (1976) apud FERRAZ (2007). Seu significado se modifica ao longo

da história e o valor que lhe é atribuído nesse processo de significação está atrelado

à cultura e à relação existente entre a sua forma de organização vigente e a

subjetividade do trabalhador.

A palavra trabalho origina-se do latim tripalium, que é um instrumento de

tortura, composto por três paus e utilizado para amarrar condenados e prender

animais difíceis de serem domados (MORI, 2006) e que, eram empregados, ainda,

aos escravos e pobres que não possuíam condições de pagar os impostos, na

Antiguidade. Com isso, trabalho está associado à idéia de sacrifício, sofrimento,

martírio, obrigação, castigo e pobreza. (MORI 2006; CARLOS et al 1999).

Segundo Witczak (2005), ao longo da história o homem se distancia dos

demais primatas com a confecção dos primeiros instrumentos e da propagação das

técnicas de sua construção.

Na Bíblia, Adão foi expulso do paraíso, pois lá não havia trabalho, e foi

condenado a ganhar seu pão diário com o suor do próprio rosto.

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Para Witczak (2005) o trabalho pode ser entendido como um processo de

civilização, em que o homem e a humanidade são estruturados a partir dele (do

trabalho), parecendo que o homem não pode ser compreendido, seja histórica ou

religiosamente, sem estar a ele relacionado.

O trabalho, como entendido na atualidade, tem seus primeiros indícios no

período antecessor a 4000 a.C., com o surgimento dos primeiros homens, durante o

período Neolítico (MENEGASSO, 1998). Sua história teve início quando o homem

voltou-se para a busca dos meios que satisfizessem suas necessidades (CARLOS,

et al, 1999, p. 26) tendo sua procura incessante pela satisfação de sua

sobrevivência levado-o a produzir para o consumo próprio e, ainda, para assegurar

sua sobrevivência Oliveira (1987) apud Menegasso (1998). No entanto, com o

passar do tempo, seu significado foi se modificando à medida em que o homem

evolui da coleta à caça, para a pesca e ao pastoreio (MENEGASSO, 1998), tendo

esta última atividade desenvolvido-se, gradualmente, até a agricultura, processo

esse facilitado pela fabricação de instrumentos.

Na Grécia Antiga, o progresso da vida humana e de suas atividades

acontecia em duas esferas distintas: a vida privada e a pública, havendo uma

separação entre esses dois espaços. O primeiro, refere-se ao lar, ambiente no qual

aconteciam as ações voltadas à satisfação das necessidades mantenedoras da vida,

tanto no sentido biológico como no existencial. O segundo espaço, era a Polis, o

espaço político em que se cultivava o diálogo, sendo debatidos temas como

negócios, vida e comportamentos. (MENEGASSO, 1988).

Na Grécia Antiga, o trabalho não era valorizado pelos cidadãos livres, sendo

considerado por Platão como o “exercício das profissões vil e degradante”

(RIBEIRO; LEDA, 2004). Ele significava castigo, sendo o braçal desvalorizado e

realizado pelos escravos enquanto os membros da classe superior coordenavam e

realizavam os projetos. Dessa forma, o trabalho era considerado uma forma de

aprisionamento das pessoas que não possuíam direitos e ainda eram subjugados à

escravidão. (MORI, 2006).

Em Roma havia a desvalorização do trabalho manual e refletia a “ausência

de lazer” e a “negação ao ócio”, pois estes eram considerados como privilégios dos

homens livres. Aranha (1995:10) apud Mori (2006).

Na Idade Média (século V – XV), houve a tentativa, por parte de São Tomás

de Aquino, em valorizar o trabalho manual ao afirmar a equivalência de todos os

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trabalhos. No entanto, ao basear-se na teoria grega, segundo Mori (2006), ele

realçou a necessidade da atividade contemplativa.

Os Hebreus o consideravam como uma “labuta penosa” (FERRAZ, 2007)

pois o homem, na sua condição de pecador estava condenado a ele na sua busca

pelo Paraíso que seria o almejado e abençoado descanso de seu espírito. Para o

Cristianismo, trabalhar afastava os maus pensamentos e seria o castigo pelos

pecados cometidos.

Albornoz (1994) assinala que a Reforma Protestante leva a algumas

mudanças dentro do Cristianismo. No Luteranismo, o significado do trabalho está

relacionado à servidão a Deus, sendo considerado como o meio de se alcançar a

salvação, tornando-se a profissão uma vocação.

No Calvinismo o trabalho entendido como virtude está relacionado à imagem

de predestinação uma vez que é vontade Divina que todos trabalhem e é através do

trabalho que se alcança o êxito e, em conseqüência, realiza-se a vontade de Deus,

incluindo, dessa forma, o trabalhador entre os eleitos. A vocação para o trabalho

surge como manifestação de amor ao próximo e, a atividade do trabalho enfatiza a

moral.

Na época Renascentista, o trabalho passa a ser entendido como um

estímulo propiciador do desenvolvimento humano e não mais como um estorvo. “O

trabalho seria a expressão do homem e expressão da personalidade, do indivíduo”

(ALBORNOZ, 1994). Em virtude disso, o homem passa a ser o criador de sua

atividade, tornando-se a melhor forma de ocupar sua vida.

No século XVIII enfatiza-se a condenação ao ócio, ocorrendo a sacralização

do trabalho e da produtividade, como conseqüências à ascensão da burguesia, o

desenvolvimento das fontes produtivas, a transformação da natureza e a evolução

da técnica e da ciência (MENEGASSO, 1998). As idéias de Smith de que a

produtividade é fruto da divisão do trabalho, e não do trabalho em si, contribuiu, de

forma significativa, para esse contexto. A Ele e a David Ricardo, outro economista

clássico daquela época, é dado o mérito de haver percebido o trabalho humano

como originário da riqueza social e também de todo valor. Porém os economistas

dissociaram o trabalhador do homem concreto imaginando o homem como sendo

apenas homo oeconomicus levando à redução do significado do trabalho como

atividade transformadora da realidade natural ao mero conceito econômico.

(ALBORNOZ, 1994).

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Sobre o moderno significado da palavra trabalho, Carlos et al, (1999)

afirmam que a modificação em seu sentido exprime sua elevação como atividade

humana mais valorizada, encontrando, dessa forma, apoio no modelo capitalista de

produção e revela-se na produção teórica dos séculos XVIII e XIX.

Com esse significado, o conceito de trabalho deixa de ser uma atividade

negativa reservada aos escravos e pobres e passa a se constituir como algo positivo

e indispensável na vida de qualquer ser humano.

De acordo com Edgar de Decca (1988) (apud CARLOS et al, 1999, p. 81), a

glorificação do trabalho apóia-se com o surgimento da fábrica, contexto em que

manifesta sua positividade e firma-se como instrumento para aumentar a

produtividade e auxiliar no controle, na disciplina e hierarquização do processo de

trabalho.

Dessa forma percebe-se, então, que a glorificação do trabalho se fortalece

com o surgimento das fábricas, pelo fato delas alimentarem a ilusão, de que a partir

delas há limites para a produtividade humana. Assim, as fábricas ao mesmo tempo

em que confirmavam a potencialidade criadora do trabalho, anunciavam também a

dimensão ilimitada da produção.

O aumento da produção, o êxodo rural e o aumento da concentração de

pessoas na zona urbana caracterizam o período de desenvolvimento industrial

(DEJOURS, 1992).

No entanto, outros elementos também marcaram esse período de

mudanças. A duração de trabalho que chegava a 12, 14 ou até 16 horas por dia, a

presença de crianças no trabalho industrial, os baixos salários, a falta de condições

de higiene e a pobreza da população caracterizaram essa época (DEJOURS, 1992).

Esse período foi marcado também pelas lutas operárias que tinham

basicamente, dois objetivos: primeiro, a luta pela vida ou sobrevivência, devido às

poucas condições de vida, com elevado número de problemas de saúde; e segundo,

a busca pelas condições de alcançar essa condição de vida, representada pela

liberdade de organização (DEJOURS, 1992).

No final do século XIX, na tentativa de corresponder às demandas geradas

pelo capitalismo em desenvolvimento, os princípios elaborados por Taylor

desencadeiam a separação entre a forma do trabalho ser concebido e sua

execução, objetivando o controle do ritmo de trabalho. (Fleury & Vargas, 1983;

Braverman, 1974) apud Moreira (2000)

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21

A Teoria das Organizações começa nos primeiros anos do século XX com a

Escola de Administração Científica e a Escola das Relações Humanas compondo a

base dos clássicos nessa área de estudo. Naquela, seja na organização científica do

trabalho, representada por Taylor, seja na sua organização administrativa,

representada por Fayol, a pessoa é entendida como um ser cuja única motivação é

o retorno econômico que advém da prestação de seu trabalho, não sendo

considerados seus sentimentos e nem os aspectos pessoais nas suas relações com

os colegas de trabalho nem seus superiores (ROULEAU, 2008).

Na primeira década do século XX, Frederick Taylor, considerado o pai da

Administração Científica, organiza o trabalho de forma que leva à desumanização do

operário ao introduzir a divisão de tarefas. Essa iniciativa busca reduzir o

desperdício de tempo na execução das tarefas, elevar os índices de produtividade e,

ainda, combater a anarquia nas fábricas.

Nessa concepção ideológica taylorista o trabalhador é “apenas como mais

uma engrenagem que soma-se às máquinas” (MOREIRA, 2000) não possuindo

iniciativa e distante da concepção humanística do trabalho.

Taylor fundamentou sua organização científica do trabalho em cinco

princípios: 1. a responsabilidade pela organização do trabalho não cabe ao

trabalhador, devendo ser transferida para o gerente, cabendo a este a organização e

o planejamento do trabalho e àquele a implantação das medidas tomadas pelo

gerente; 2. A utilização de métodos científicos para estabelecer a forma mais

eficiente de realizar o trabalho; 3. Seleção da melhor pessoa para um determinado

cargo; 4. Treinamento do trabalhador para a realização eficiente do trabalho; e 5.

Fiscalizar o trabalho para garantir que os procedimentos para a realização de

trabalho sejam atendidos e que os resultados esperados, atingidos (MORGAN,

2006).

Com a aplicação desses princípios Taylor defendeu que as atividades de

trabalho poderiam ser analisadas e padronizadas através do uso dos estudos dos

tempos e movimentos (MORGAN, 2006).

A administração científica de Taylor teve muitos efeitos no ambiente de

trabalho, como por exemplo, a elevação da produtividade e a substituição de

trabalhadores com habilidades especializadas por operários não qualificados. Em

conseqüência desses resultados, essa abordagem tem sido muito influente, apesar

de sê-lo de forma negativa para o trabalhador (MORGAN, 2006).

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22

Essa abordagem Taylorista teve conseqüências para a saúde mental e a do

corpo dos trabalhadores. No que se refere à saúde do corpo, com a disciplina a que

era submetido devido à nova tecnologia de submissão. Essa forma de organização

científica exigia do corpo condições fisiológicas até então desconhecidas, à época,

principalmente devido às exigências feitas com relação ao tempo e ritmo do trabalho

a ser realizado (DEJOURS, 1992).

A Primeira Guerra Mundial é um marco nas lutas operárias pela melhoria

das condições de trabalho e de saúde dessa época devido, por exemplo, ao

aumento na produção industrial para suprir as necessidades da guerra, a diminuição

de trabalhadores por causa dos feridos e mortos na batalha, as forças voltadas para

a reconstrução, a recolocação dos inválidos no mercado de trabalho, tudo isso

gerando mudanças na relação homem-trabalho (DEJOURS, 1992).

A partir dessa Guerra começa a se delinear uma preocupação com as

condições de saúde e de trabalho, com os movimentos operários voltados à busca

por melhorias de condições nessas áreas. Então a prevenção de acidentes e do

desenvolvolvimento de doenças relacionadas ao trabalho são alguns dos objetivos

buscados para garantir os tratamentos necessários e adequados aos trabalhadores,

sendo, no entanto, as classes mais favorecidas, economicamente, as mais

beneficiadas (DEJOURS, 1992).

Em suma, esse período é caracterizado pela miséria dos operários, sua luta

pela sobrevivência, a conquista da diminuição da jornada de trabalho que passa a

ser de oito horas diárias, o corpo doente e a busca por melhoria das condições de

saúde e trabalho, e as correntes contemporânea da medicina do trabalho, fisiologia

e ergonomia ocupando o espaço que antes era das correntes das ciências morais e

políticas, higienista e alienista (DEJOURS, 1992).

Dejours (2005) defende que Taylor estava enganado sobre a idéia de

submeter o trabalhador ao treino de um professor competente, com o objetivo de

realizar suas atividades de forma contínua e usual, até que seu trabalho fosse feito

do modo como era considerado científico. Esse pensamento taylorista da época é

contrário à idéia de que o próprio trabalhador é capaz de estabelecer a melhor forma

de executar seu trabalho.

O erro de Taylor, de acordo com Dejours (2005) está em que, o que parece

certo no âmbito da produtividade não o é ao considerar a questão da economia do

corpo. O trabalhador, mesmo que não seja considerado capaz para a busca do

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rendimento geral da produção, é a pessoa mais indicada para saber os limites de

seu corpo.

Já nos anos 1920, o americano, Henry Ford, fundador da Ford, institui a

linha de produção em massa, fundamentada na padronização dos processos.

As formas de produção concebidas por Taylor, Fayol – com a fragmentação

das tarefas - e Ford, enquanto relações de trabalho, proclamavam a divisão do

trabalho, gerando uma relação desigual e a possibilidade dos indivíduos ficarem à

margem do sistema de produção. (LOBATO,2004).

Apenas nos anos trinta do século passado, com os estudos de Hawthorne, é

que os pesquisadores ligados à Escola de Relações Humanas começaram a voltar

sua atenção para a pessoa. Aquele estudo demonstrou que a atenção

disponibilizada aos recursos humanos levava ao aumento da produtividade. Dessa

forma, os pesquisadores dessa Escola voltaram sua atenção para a afetividade do

indivíduo, ser que sofre a influência das relações mantidas com os outros indivíduos

(ROULEAU, 2008).

Os estudos de Hawthorne tinham à frente, nas décadas de vinte e trinta do

século XX, Elton Mayo. No começo a finalidade desses estudos era investigar a

relação entre condições de trabalho, fadiga e monotonia entre os empregados. No

decorrer da pesquisa, esse enfoque foi substituído por outros aspectos envolvendo a

situação de trabalho, como as atitudes, preocupações dos trabalhadores e fatores

sociais externos ao ambiente de trabalho. Atualmente, esses estudos são

conhecidos pela contribuição em revelarem a importância das necessidades sociais

no ambiente de trabalho (MORGAN, 2006).

Como conseqüência contributiva desses estudos está a motivação no

trabalho, que passou a ser assunto presente nas discussões. Com isso, começa a

surgir uma nova teoria da organização que apóia-se nas idéias de que indivíduos e

grupos atuam de forma mais eficaz à medida que suas necessidades vão sendo

satisfeitas (MORGAN, 2006).

Nas décadas seguintes, quarenta e cinquenta, destacam-se a análise da

burocracia e as teorias de decisão que mantinham a visão parcial do indivíduo

(ROULEAU, 2008).

Com relação à burocracia, a ênfase foi dada à impessoalidade como

característica essencial para a eficácia e a performance. Para Weber apud Rouleau

(2008) as atividades deviam ser geridas com ênfase maior nas regras do que nos

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sentimentos e laços afetivos com o objetivo de eliminar os comportamentos

arbitrários e injustos.

A Escola da Tomada de Decisão surge em oposição aos sociólogos

americanos. Nessa abordagem, o indivíduo é considerado essencial nas propostas

dos teóricos no entanto, a dimensão econômica ainda é considerada predominante

nas escolhas dos indivíduos. Com isso há uma retomada dos fundamentos da

Escola das Relações Humanas com o indivíduo sendo privilegiado (ROULEAU,

2008).

Nos anos sessenta e setenta, há o predomínio da Abordagem da

Contingência nas teorias organizacionais (Woodward, 1965; Lawrence e Lorsch,

1957; o grupo de Aston, ET AL) apud (ROULEAU, 2008). Essa abordagem

desconsidera a existência do indivíduo, enfatizando as relações estabelecidas entre

o ambiente, a empresa e o resultado da relação entre eles (Miles e Snow, 1978;

Miller e Mintzberg, 1984; Miller, 1986) apud (ROULEAU, 2008).

A pouca importância que é dada ao indivíduo prevalece até o final dos anos

setenta. Até esse período, não havia espaço para ele. Na verdade, ele era

concebido a partir dos papéis e funções que eram definidos pelos sistemas e

estruturas vigentes. Mesmo nas Escolas das Relações Humanas e na de Tomada

de Decisões a atenção dispendida ao indivíduo era no sentido do que fosse melhor

para a empresa. E até mesmo o gestor, toma as decisões que lhes são impostas, ou

seja, não há uma atenção dada realmente ao indivíduo, às suas experiências

(ROULEAU, 2008).

Nos anos oitenta começa a ser reconhecido o caráter político e cultural das

ações do indivíduo (ROULEAU, 2008), havendo uma exaltação por parte da

Administração de Recursos Humanos por encontrar e implementar novos modelos e

técnicas de gestão. (DAVEL; VERGARA, 2008).

Surge o homo strategicus que age da maneira que é melhor para si

utilizando os recursos disponíveis para agir e manter sua posição no campo de ação

em que se encontra. No entanto, apesar da importância dada à dimensão humana a

experiência do indivíduo ainda não é considerada relevante. Os aspectos políticos e

culturais estão relacionados aos limites sociais e cognitivos que precisam ser

estabelecidos na organização (ROULEAU, 2008).

A década seguinte apresenta-se com questionamentos feitos à

Administração de Recursos Humanos da década anterior. Dentre as críticas sofridas

Page 26: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

25

destaca-se a visão das pessoas como custos e o tratamento dado a elas como

sendo recursos. A busca pelo desempenho e pela produtividade leva a um

tratamento que é dado às pessoas sem considerar as questões éticas (DAVEL;

VERGARA, 2008).

É nos anos noventa que a questão da subjetividade torna-se um tema de

pesquisa. Não lhe foi dada importância por várias abordagens teóricas dominantes.

O indivíduo era considerado dentro das limitações da organização e do que fosse

melhor para ela. Então ou a subjetividade era desconsiderada em relação ao

privilégio dado à racionalização do agente; ou então definida a partir das estruturas

organizacionais, deixando em segundo plano as experiências dos agentes

(ROULEAU, 2008).

Davel e Vergara (2008) sinalizam que as mudanças efetivadas no campo de

Recursos Humanos levam os gestores a associarem exterioridade e objetividade

com as questões subjetivas do ser humano propiciando uma melhor forma de lidar

com as relações e os aspectos inerentes à natureza humana no contexto

organizacional.

As pessoas fazem parte das organizações na busca pela produtividade.

Porém sua importância não se limita apenas a isso. Elas são a essência da dinâmica

de uma organização, dão vida às atividades e processos, criam e renovam situações

que levam à competitividade da organização com uma postura de cooperação que a

diferencia diante dos clientes e das demais organizações (DAVEL e VERGARA,

2006).

Diante da crença na importância das pessoas para o sucesso

socioeconômico das organizações nos nossos tempos e também na relevância dos

gestores para implantar e facilitar as mudanças organizacionais é, na visão de

Vergara e Davel (2006), clara a necessidade dos gestores buscarem novas formas

de atuação e voltarem o olhar para a complexidade individual e as experiências

vividas coletivamente, indo além da concepção do homo economicus e racional em

direção ao homo interior, homo subjectivus, homo colectivus.

A subjetividade pode auxiliar na forma de lidar com a experiência humana

em toda sua amplitude. Sua forma de pensar, de agir, suas emoções. A partir dela é

possível não considerar mais as pessoas como objetos e não relegar suas relações

ao âmbito da propriedade ou da posse. É necessário o equilíbrio entre a objetividade

e a subjetividade para que a gestão de pessoas possam alcançar sua “efetividade,

Page 27: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

26

coerência e consistência na criação sustentável de recursos, serviços e produtos”

(VERGARA e DARVEL, 2006).

Dando continuidade a esse pensamento, Vergara e Darvel (2006) ressaltam

a importância que se deve dar para a gestão das pessoas e de suas relações, não

se limitando à administração de coisas mas considerando as inevitáveis mudanças

que acontecem em função das relações estabelecidas, tornando, dessa forma, o

processo de administração algo contínuo.

Esse tema da subjetividade possibilita a renovação de práticas de gestão de

recursos humanos dentro das organizações. Esse tema ainda é pouco estudado

dentro das teorias organizacionais e também recente, tendo começando a se

destacar a partir dos anos 90 (ROULEAU, 2006).

Davel e Vergara (2006) defendem que conceber a subjetividade nas

organizações é sinônimo de compreender que as pessoas estão em ação e

interagindo sempre e demonstram sua subjetividade através da palavra e de

comportamentos não verbais.

E, nos próximos anos, a competência social do gestor será requisitada. Ele

deverá ser capaz, por exemplo, de administrar as questões conflituosas, auxiliar na

formação de equipes, além de dominar as questões técnicas que seu cargo requer.

2.1.1 Identidade e Trabalho

Ao longo de sua vida, o indivíduo passa por processos de socialização que

influenciarão em suas interações com os outros. Dessa forma, a socialização,

entendida como processo de interação entre os indivíduos, facilitadora do convívio e

adaptação às mais diversas situações sociais, concorre para a construção de

identidades pessoais e sócio-profissionais, possibilitando a atuação do indivíduo em

um grupo social, a construção e re-construção de sua auto-imagem e seu

desempenho nos diversos papéis assumidos.

Dubar (1997) compreende a socialização como processo facilitador da

compreensão do que seja identidade em uma perspectiva sociológica, em que esta

resulta dos variados processos de socialização que atuam na estruturação dos

indivíduos e definem as instituições.

Page 28: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

27

Em sua vida, o indivíduo passa por várias socializações, chegando,

inclusive, a passar por processos de re-socialização, em casos extremos. A

socialização pode ser dividida em dois tipos: primária e secundária. Cada uma com

aspectos próprios que influenciam de formas diferentes na vida do indivíduo em

sociedade.

A primeira, é experimentada na infância e é, por meio dela, que o indivíduo

passa a fazer parte da sociedade. Através dela a criança abstrai os papéis e atitudes

dos outros indivíduos com quem se relaciona (BERGER e LUCKMANN, 1985).

Nessa fase é estruturado o primeiro mundo do indivíduo. Mundo esse que possui

caráter inevitável devido à relação do indivíduo com os outros significativos, que

implica em sequências de aprendizagem definidas socialmente, aprendizado esse

que também sofre influência das limitações biológicas e dos aspectos sócio-

históricos e culturais da sociedade.

Essa etapa finaliza quando o indivíduo torna-se consciente das normas e

comportamentos aceitáveis para sua convivência social, sentindo-se aceito pelos

outros quando interioriza o mundo dos outros como se lhe fosse próprio.

A socialização secundária é formada a partir de outros processos de

interação do indivíduo com outros membros da sociedade, no decorrer de sua

trajetória de vida.

Dubar (1997) descreve quatro formas identitárias fundamentadas em

investigações empíricas realizadas na França, feitas nas décadas de 60 a 80. São

elas: identidade de empresa; identidade de ofício; identidade de rede e identidade de

fora-do-trabalho.

Para esse autor, essas formas identitárias são resultado da articulação entre

a transação objetiva e subjetiva, e descrevem estados de continuidade e ruptura

entre a identidade conferida pelo outro e a que é incorporada para si, pelo indivíduo.

Sua construção também está relacionada aos tipos de relações profissionais que

estruturam as variadas formas de mercado de trabalho.

Configura-se, também, a forma como os outros os percebem, as atribuições

de características e formas de interpretar os comportamentos destes indivíduos,

numa dupla relação, peculiares e complementares entre si.

Para esse autor os processos identitários apresentam as seguintes

características: 1) são enraizados na esfera socioprofissional, mas não se reduzem

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a identidades no trabalho; 2) definem trajetórias diferentes mas não reduzidas a

habitus de classe; 3) envolvem categorias oficiais, posições nos espaços escolares e

socioprofissionais mas não se resumem a categorias sociais; 4) são intensamente

vividas pelos indivíduos tanto em termos de definição de si com de rotulagens feitas

por outros (DUBAR, 1997). Conforme caracterizando o autor (1997, p.239) define

como identidades sociais e profissionais:

[...] as identidades sociais e profissionais típicas não são nem expressões psicológicas de personalidades individuais nem produtos de estruturas e políticas econômicas que se impõem a partir de cima, elas são construções sociais que implicam a interação entre trajectorias individuais e sistema de emprego, sistemas de trabalho e sistemas de formação. Produtos sempre precários, se bem que muito bem construídos no processo de socialização, estas identidades constituem formas sociais de construção de individualidades, em cada geração, em cada sociedade [...] .

Martim-Baró (1985) e Santos (1990) apud Debetir e Monteiro (1999)

defendem que a importância que o trabalho possui no desenvolvimento do indivíduo

é um aspecto a ser considerado. Ele funciona como referência, seja pessoal ou

social, na organização da vida do indivíduo.

Nessa mesma linha de pensamento, estão Carlos et al (1999), Hanna

Arendt (1981) ao se referirem à importância concedida ao homo faber, ao ilustrar

que ao se perguntar a uma pessoa quem ela é, geralmente ela responde dizendo a

atividade que realiza e a descreve, demonstrando sua identificação com o trabalho

que executa, dando, dessa forma, ênfase à atividade e ainda, agrega valores

relacionados ao trabalho que realiza que qualificam e definem seu eu.

No entanto, no decorrer da vida, estamos inseridos em estruturas e

representações sociais que não preparam o sujeito para o envelhecer ou mesmo

para o afastamento do trabalho. (CARLOS et al, 1999) assinalam que:

Da importância da identidade de trabalhador e sua representatividade enquanto identidade do eu, emergem as questões da aposentadoria e suas repercussões. Identidade que se refere, também à consciência de pertencer a determinado grupo social, inclusive laboral, e à carga afetiva que esta pertença implica. O espaço de trabalho e as categorias profissionais, em geral associados a prestígio ou desprestígio social, proporcionam atributos de qualificação ou desqualificação do eu. Nos casos em que a qualificação é de tal forma representativa, o prefixo ex é evocado para dar conta da identidade quando da aposentadoria. (p. 86)

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29

Para Santos (1990) apud Carlos et al (1999) existe a possibilidade da

aposentadoria ser compreendida pelo indivíduo como uma perda do seu papel

profissional. Porém, o vínculo simbólico com o trabalho é mantido por intermédio de

sua identidade de trabalhador. Isso acontece pelo fato de os modelos de

identificação construídos anteriormente pelo sujeito não terem sido destruídos.

Esses autores compreendem que a aposentadoria pode ou não significar

uma separação do mundo do trabalho e ressaltam a importância de se buscar

compreender o indivíduo no seu contexto sócio-histórico para entender melhor sua

relação com o trabalho.

2.2 APOSENTADORIA

Enquanto fato social, a aposentadoria é um tema considerado novo porque

só a partir do século XX é que a Previdência Social foi implantada para a maior parte

da população assalariada mundial (FRANÇA, 2008).

Da mesma forma como aconteceu na Europa e nos EUA, no Brasil foram os

operários que estiveram à frente das lutas por melhorias das condições de trabalho,

levando aos movimentos que favoreceram a criação das Caixas e Institutos, bem

como da legislação referente à aposentadoria (FRANÇA, 2008).

No Brasil, segundo Santos (1999), os estudos voltados para o tema da

aposentadoria fundamentam-se em duas abordagens: a da medicina e da

sociologia. A primeira, tende a considerá-la um fenômeno próprio da natureza, à

parte de contexto sociocultural e das características da personalidade de cada um. A

Sociológica, enfatiza os aspectos presentes no contexto social.

Resende (2006) considera a aposentadoria uma fase importante na vida da

pessoa porque além de, para alguns, coincidir com a velhice, ela também é um

limite, uma fronteira, que acarretará mudanças na dinâmica familiar, gerando novos

hábitos em todo o núcleo.

Esse autor assinala na sua teoria da continuidade que as atitudes dos

trabalhadores no período que antecede sua aposentadoria dependem de políticas e

metas desenvolvidas pela sociedade e enfatiza que as pessoas com uma idade mais

avançada tendem à preservação e manutenção de seus valores quando da decisão

Page 31: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

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de aposentar-se, usando, dessa forma, de meios que lhes são familiares e

possibilitam sentir-se seguros, diante das situações de escolhas.

Uma outra teoria considerada é a do desenvolvimento para a vida toda (life-

span development) em que Baltes & Baltes, 1990; Nuttman-Scwartz, 2004 (apud

FRANÇA; VAUGHAN, 2008) concebem a aposentadoria como sendo o maior

evento existente na passagem da vida adulta para o começo da velhice.

França e Vaughan (2008, p. 04) consideram essas duas teorias como

complementares entre si, para eles o ato de aposentar-se é um processo de

transição que, dependendo do “contexto socioeconômico, político e cultural” do país

onde residam, eles terão determinadas perdas ou ganhos. Essas perdas ou ganhos

dependerão, também, da história de vida de cada um e de suas expectativas e as de

seus familiares no momento da aposentadoria e ainda, da forma como pensam seu

futuro, incluindo nesse contexto, seu projeto de vida, para o período pós-

aposentadoria, podendo esse projeto abranger, por exemplo, a realização de um

trabalho voluntário ou mesmo remunerado, mas com sua carga horária reduzida.

No que se refere ao sentido da palavra aposentadoria, em nosso idioma

aposentar-se está relacionado, de acordo com a etimologia da palavra, à

hospedagem, a abrigar-se nos aposentos. (CARLOS et al, 1999). A palavra

aposentadoria significa, então, volta à esfera doméstica após a saída do mundo do

trabalho e refere-se, ainda, à mudança de um ambiente de poder para outro no qual

o poder está nas mãos de outras pessoas e não mais nas suas (STUCCHI, 2003).

França (1999) acrescenta que, além de significar a saída de um trabalho

realizado o termo geralmente é associado à idade. No entanto, a autora defende que

essa associação não corresponde, necessariamente à realidade, porque o fato de

ser considerado jovem ou com mais idade para realizar um trabalho não se refere

apenas à sua capacidade física, mental ou psicológica mas também a outros fatores

como o “contexto demográfico, histórico, sociocultural, econômico e político nos

quais o trabalhador está inserido” (pg. 12).

Ainda nesse contexto de associar aposentadoria à idade, Veras (2003)

assinala que a aposentadoria, no decorrer dos anos, tem sido associada à velhice e

à inutilidade social indicando esse momento como decadente, deixando claro o

sentido de que o aposentado é aquele que retorna aos aposentos.

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31

Sobre esse assunto, França e Vaughan (2008) relatam que essa associação

da aposentadoria com envelhecimento ocorre, muitas vezes, porque em alguns

contratos ela pode coincidir com o que é cronologicamente definido como o início do

envelhecimento que é a idade de sessenta e cinco anos, fato esse, causador de

confusão em algumas pessoas.

No entanto, por ser um assunto considerado relativamente novo nos estudos

acadêmicos, ainda não se tem um conhecimento previsível do comportamento dos

trabalhadores e das instituições com a proximidade da aposentadoria, o que leva a

confundir esse momento de vida do trabalhador com a velhice (FRANÇA;

VAUGHAN, 2008). Luborsky e LeBlanc, (2003) (apud FRANÇA; VAUGHAN, 2008)

fazem a distinção entre esses dois aspectos, pois nem todos os indivíduos que se

aposentam são considerados velhos e que nem toda velhice pode ser vivenciada

com uma aposentadoria.

Reforçando esse sentido, Stucchi (2003) considera a aposentadoria como

um intervalo entre a idade madura e a velhice. Esse intervalo favorece o

desenvolvimento pessoal e, se adequadamente planejada, propicia uma

aposentadoria com qualidade.

Atchley (1989) (apud FRANÇA; VAUGHAN, 2008) considera a

aposentadoria como sendo um processo realizável a longo prazo. Ele tem início

antes mesmo do afastamento do servidor de suas atividades de trabalho e estende-

se até algum tempo após sua efetivação.

Esse afastamento do trabalhador de sua atividade de trabalho, em

decorrência de sua aposentadoria é, possivelmente, a maior perda social do ser

humano podendo acarretar outros prejuízos, inclusive em sua estrutura psicológica.

Os efeitos negativos mais imediatos da aposentadoria são a redução da renda

familiar, devido às perdas salariais, a ansiedade diante do desconhecido e o

aumento no número de consultas médicas (FRANÇA,1999).

Essa autora menciona, ainda que, diante da proximidade da aposentadoria e

da decisão de aposentar-se ou não, os sentimentos são variados. Ela relata que

muitos trabalhadores gostam do trabalho que realizam e/ou das relações sociais

estabelecidas no ambiente de trabalho e não exprimem o desejo de aposentar-se.

Outros pretendem se aposentar, mas não gostariam de parar completamente de

trabalhar, realizando alguma atividade profissional. Alguns manifestam o desejo de

Page 33: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

32

realmente não trabalhar mais, no entanto, não têm idéia do que fazer com o advento

da aposentadoria.

Diante da situação que o trabalhador delineie para si com a proximidade da

aposentadoria, independente de qual seja, França (1999) afirma a importância de

analisar o significado do trabalho para essa pessoa a fim de possibilitar uma

transição para essa nova etapa de forma mais tranqüila e adequada para ela. Isso

por que o trabalho também proporciona vários pontos positivos para o trabalhador

como o salário em si, o “prazer” que ela sente pela própria realização da atividade, o

ambiente de trabalho, bem como o status e o poder concedidos por determinados

cargos, e mesmo as relações estabelecidas com os colegas. Todos esses fatores

não estão dissociados da vida do trabalhador, pelo contrário, fazem parte de uma

área de sua vida da qual muitas vezes ele não quer se afastar, até por não

conseguir pensar em possibilidades de substituição ao trabalho.

Há ainda a possibilidade da aposentadoria significar uma libertação para o

trabalhador, quando finalmente não precisará mais realizar uma atividade que não

lhe é agradável, ou ainda, que ele queira descansar depois de tantos anos

contribuindo com seu trabalho, libertando-se de horários a serem cumpridos, de

rotinas, podendo vivenciar o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 1999).

No que se refere à reação à aposentadoria, a forma que cada indivíduo age

e reage diante do trabalho e da aposentadoria dependerá de sua história de vida, da

percepção que tenha do futuro, das atividades que realize fora do ambiente de

trabalho e, ainda, do nível dos relacionamentos mantidos. Essas reações são

influenciadas, ainda, pela demografia, a economia e política instituídas pelos países,

os valores culturais, o tipo de trabalho que o indivíduo realiza e a satisfação obtida a

partir dele (FRANÇA, 2008).

Grunewald(2004), corrobora com França (2008) quando relata que ao

chegar o momento da aposentadoria e o indivíduo se perguntar o que irá acontecer

com ele dali pra frente, sua resposta dependerá de vários fatores que direcionarão a

forma como vivenciará esse novo momento de sua vida.

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33

Dentre esses fatores, ela destaca as crenças pessoais, o auto-

conhecimento, os valores de cada pessoa, suas necessidades, desejos, a forma

como se coloca diante dos acontecimentos da vida.

As crenças estão relacionadas à forma de cada um de ver o ambiente no

qual está inserido. A importância do auto-conhecimento está em quanto melhor o

indivíduo se conhecer, maiores serão as possibilidades de escolhas satisfatórias.

Para Grunewald (2004), destacam-se como pontos focais do auto-conhecimento: os

pensamentos, os sentimentos, as ações, possibilidades e limitações físicas do

corpo. Ela destaca, ainda, a importância da oportunidade de refletir sobre os valores

norteadores das ações e se ter claro quais as suas necessidades e os desejos

existentes nesse momento que antecede a aposentadoria.

Um outro fator citado por Grunewald (2004) de relevância nesse momento é

a forma de olhar para a vida. Esse “olhar” influenciará a percepção que tem de si.

A forma como a pessoa se coloca no mundo direcionará sua vida. Pois como

age e reage diante do que a vida traz facilitará ou dificultará sua inserção no

ambiente. E tem ainda a orientação da pessoa diante da vida. Se ela se coloca

diante das dificuldades de forma negativa ou positiva, pondo-se de forma mais

flexível diante da vida.

Após decorridos anos de dedicação ao trabalho, a aproximação da época da

aposentadoria pode ser experimentada de duas formas distintas para as pessoas.

Por um lado, pode ser esperada como algo assustador, para uns, ao relacionarem a

ela o tédio, a inutilidade, a solidão, depressão e aproximação da morte. Outros a

vivenciarão de uma forma mais positiva, podendo considerá-la como o começo de

uma nova fase de sua vida, em que poderão pôr em prática projetos adiados pela

falta de tempo disponível, devido à dedicação ao trabalho. (ADLER, 1999).

O momento de aposentadoria é, na verdade, um processo de transição que

envolve apreensão, ansiedade, dúvidas diante desse futuro desconhecido. Adler

(1999) considera ainda que a ansiedade e o medo nesse período devem-se à nossa

cultura, que valoriza muito a juventude e associa a idéia de aposentadoria à velhice

e à morte.

Um outro fator importante de ser mencionado nesse tema sobre as distintas

formas de vivenciar a aposentadoria é a questão do gênero. Homens e mulheres

não vivem esse processo da mesma forma.

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34

No quesito saúde, as mulheres previnem-se mais, preocupando-se com a

alimentação e com a prática de atividades físicas, o que torna suas vidas mais

longas e saudáveis. Elas, ainda, expressam mais suas emoções e compartilham os

sentimentos, minimizando, desta forma, as doenças psicossomáticas relacionadas

(ROMERO, 2006).

De acordo com essa autora, as mulheres também permanecem mais ativas

ao longo dos anos; sendo que 90% delas mantém-se ocupadas com as atividades

domésticas, sentindo desta forma, com autonomia, com a sensação de ser útil e

ainda, ocupando seu tempo (ROMERO, 2006).

Ao passo que o homem sofre quando não é mais o provedor da casa, tendo

seu papel social masculino comprometido pelo início da velhice. No ambiente

doméstico, ele pode ficar ocioso devido a possuir menor autonomia doméstica,

dependendo de outras pessoas para cuidar de si, do lar e de sua alimentação

(ROMERO, 2006).

Diante desse quadro o surgimento do sentimento de inutilidade no homem é

forte, principalmente para aquele que nunca fez parte do dia-a-dia da família

(BARBOSA, 1999).

Ele se cuida menos, em geral não pratica atividades físicas regularmente e

vai menos ao médico. Em virtude disso é responsável pela maior incidência de

internações e urgências (ROMERO, 2006).

E ainda, não têm uma participação tão efetiva como as mulheres nos

trabalhos de voluntariado.

Dessa forma estar aposentado, na visão masculina, é avocar uma dimensão

de desvalorização social por que com o afastamento do trabalho ele passa a não

dispor mais do status que o trabalho lhe conferia, nem as responsabilidades e o

prestígio que são próprios da atividade realizada. Enquanto que as mulheres, com a

aposentadoria permanecem nas atividades domésticas mantendo seu papel social.

Para a mulher, a ruptura acontecerá não no momento da aposentadoria mas com a

viuvez (WITCZAK, 2005).

Por ter conciliado os afazeres domésticos com o trabalho e o cuidado com os

filhos, a mulher adapta-se a essa nova fase da sua vida – a aposentadoria - de

maneira menos traumática, mais hábil que o homem (ROMERO, 2006). Ao

retornarem ao espaço doméstico, com a chegada da aposentadoria, muitas vezes

Page 36: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

35

elas desenvolvem um sentimento de poder, de utilidade, de que seu tempo está

sendo ocupado com essas tarefas que lhe são tão próprios.

Essa sensação de poder desenvolvido pelas mulheres no espaço doméstico,

no entanto não é vivenciado pelo homem. Ao contrário, ao se aposentar ele insere-

se em um ambiente o qual lhe é totalmente estranho devido a ter-se voltado, durante

tantos anos, ao trabalho no espaço público. Com isso, ao chegar nesse ambiente

em que o poder está nas mãos de outro – a esposa – essa perda de poder passa a

ser responsável pelo aparecimento de conflitos familiares (STUCCHI, 2003).

Para Bernardes (1995) apud Witczack (2005) o trabalho que a mulher realiza

no âmbito doméstico, sem remuneração objetiva facilitar o bem-estar dentro da

família. Segnini (1998) apud Witczack (2005) compartilham esse pensamento

quando é estabelecida a superioridade masculina sobre as mulheres que dedicam-

se apenas às atividades do lar ou quando realizam dupla jornada, enquanto que aos

homens cabe o provimento da família através de atividades exclusivamente externas

ao ambiente familiar.

De acordo com Resende (2006) a adaptação do aposentado à esfera

familiar acontece em vários níveis, devendo refletir assuntos desde a relação

conjugal até a redefinição dos papéis dentro do âmbito familiar.

É possível que a família seja o maior ponto de apoio no momento do

aposentar-se. Desta forma, deve-se considerar todos os que constituem o clã

familiar ou que representem esses papéis para o futuro aposentado. (França, 2002).

Essa autora ressalta, ainda, que a aposentadoria pode significar um teste

para o casal pois é preciso haver uma reestruturação na dinâmica familiar pois o

homem aposentado volta-se para o lar gerando uma mudança na rotina familiar:

As mulheres ainda continuam desempenhando seus papéis de referência

dentro do clã familiar. Voltam a estudar e encaram melhor novos desafios. Passam a

cuidar mais de sua saúde, preocupando-se em ter uma vida mais saudável

(ROMERO, 2006).

A vivência masculina da aposentadoria ainda difere da feminina devido ao

forte impacto sofrido por aquele. Frequentemente se deprimem já que, mais

frequentemente, não desenvolveram o hábito de cuidar de si e dos outros

(ROMERO, 2006).

Resende (2006) aponta três fatores, que ele considera importantes, para o

êxito nesse novo momento de vida do indivíduo, a tranqüilidade financeira, a

Page 37: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

36

reeducação e a saúde. E afirma ainda, que a principal dificuldade vivenciada nessa

fase de transição para a aposentadoria está em se alcançar uma “sensação”

(destaque do autor) de estar integrado socialmente, mantendo suas relações

interpessoais e ainda, resguardar sua realização pessoal.

No aspecto financeiro, na maioria das vezes, há uma redução no salário do

trabalhador quando de sua aposentadoria (VERAS, 1999). Esse fato pode até levá-

lo a adiar essa decisão por aposentar-se, e os motivos são os mais variados, por

exemplo, a aposentadoria pode coincidir com o início do curso superior dos filhos

gerando uma preocupação com a ajuda que possa dar aos filhos no custeio do curso

universitário (FRANÇA, 1999).

Outro aspecto mencionado por Resende (2006) que ele considera

importante nessa transição do trabalhador é a reeducação. França (1999) relata que

o aproveitamento da mão-de-obra da pessoa com mais idade, pelas empresas, gera

uma reflexão sobre o trinômio escola-trabalho-aposentadoria que, segundo ela, não

precisa necessariamente seguir essa ordem. Ou seja, o que antes era tido como

certo estudar para encontrar um bom trabalho e depois se aposentar não é mais tão

linear, podendo essa fórmula tomar outras posições na vida do indivíduo como se

qualificar para encontrar um trabalho melhor ou, com a aposentadoria retornar aos

estudos e reingressar no mercado de trabalho (SOBRAL, 2003)

Sobre o fator saúde, a aposentadoria pode levar ao desenvolvimento de

várias doenças ou antecipar sua manifestação, sendo freqüente o surgimento de

doenças psicossomáticas no período que antecede à aposentadoria e também após

o desligamento do trabalhador de sua atividade de trabalho (FRANÇA, 1999).

Dentre alguns danos causados à saúde são mais frequentes a depressão (FRANÇA,

1999), o alcoolismo (FRIAS, 1999) e distúrbios do sono (LOURENÇO; MOTTA,

1999).

A depressão pode ser desencadeada no indivíduo pela falta de atividade e

de perspectivas do que fazer com a chegada da aposentadoria, podendo

comprometer sua saúde (FRANÇA, 1999).

O aumento dos casos de alcoolismo pode ser conseqüência do que Frias

(1999) denominou de “espaço vazio aberto pela aposentadoria” (pg.184). Hábito

prejudicial à saúde, desenvolvido muitas vezes, no caso dos aposentados, devido o

indivíduo não saber o que fazer ao aposentar-se. Já a reação mais comum das

mulheres a esse vazio manifesta-se através da alimentação excessiva.

Page 38: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

37

Os distúrbios do sono, aqui exemplificados pela insônia, que é a

manifestação mais comum desses distúrbios, são fatores de risco para a saúde,

sendo responsáveis pela redução da capacidade funcional e cognitiva entre as

pessoas com idade mais avançada (LOURENÇO; MOTTA, 1999).

O tempo é um aspecto também importante a ser considerado. Ao aposentar-

se, uma nova necessidade social se impõe ao indivíduo para que “disponha de si

para si mesmo” (WITCZAK, 2005.p. 33). Ou seja, tempo que antes o indivíduo

gozava, era imposto pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou familiares

mas ao aposentar-se, não se trata mais de gozar o tempo livre disponível mas sim

de ocupar esse tempo que antes era ocupado pelo trabalho.

Existe, agora, a possibilidade de distribuir seu tempo em várias atividades,

seja hobbies, passeios, afazeres domésticos). No entanto, essas atividades ainda

são associadas, muitas vezes, à espera de algo que poderia compensar o

desengajamento profissional e social trazido pela aposentadoria e não como

possibilidades de criação de novos valores (WITCZAK, 2005).

Um outro fato a ser considerado quando o assunto é aposentadoria, é a

longevidade. O aumento da expectativa de vida somado à melhoria de sua

qualidade têm levado os gestores a enfrentarem um novo desafio: a longevidade.

Atualmente, os gestores estão diante do desafio de lidar com a longevidade.

Eles, ao mesmo tempo que voltam-se para a capacitação e a manutenção dos

funcionários que desejam continuar trabalhando, estão diante também da

necessidade de preparar o indivíduo para a aposentadoria (FRANÇA, 2008).

Adler (1999) traz o questionamento sobre o que fazer para aproveitar essa

longevidade. Ela menciona que até décadas atrás pouco se discutia essa questão

pois a expectativa de vida não era grande, o que não deixava um tempo muito longo

para ser aproveitado na aposentadoria. Nos dias de hoje, isso está diferente, pois

com o aumento da expectativa de vida o trabalhador pode considerar a

aposentadoria como uma nova etapa em sua vida, com várias possibilidades de

atividades à sua frente.

O envelhecimento populacional é uma questão mundial desde os anos 1980.

O Japão, que ocupa o primeiro lugar no ranking dos países com maior número de

pessoas idosas, tem uma expectativa de vida de 81,6 anos. No Brasil, essa

expectativa atingiu, em 2005, 71,9 anos, de acordo com o IBGE. Ou seja, o Brasil é

muitas vezes retratado como sendo um “país de jovens”. Apesar disso, a população

Page 39: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

38

com idade superior a 60 anos aumentou em cinco vezes nas últimas três décadas

(Resende, 2006). Isso significa, de acordo com esse autor, que são

aproximadamente 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos, o que equivale a

8,6% do total da população do país e, ainda segundo ele, esse quantitativo poderá

duplicar nos próximos 20 anos. Em 2025, o Brasil terá 3 milhões de pessoas acima

de 60 anos, sendo, com isso, o país com a 6ª maior população de idosos do mundo

(IBGE, Censo 2000).

A aposentadoria é percebida, nos dias atuais, como algo complexo, em que,

estão envolvidos na busca pela garantia do bem-estar do aposentado, o governo, as

empresas e os trabalhadores. É necessário que haja um planejamento para essa

nova fase da vida do trabalhador, planejamento esse que envolverá a análise de

oportunidades e possibilidades que a instituição possa oferecer ao trabalhador

desde o momento em que ele ingressa na organização, durante seus anos de

contribuição com o seu trabalho e, ainda, no momento de transição para a

aposentadoria (FRANÇA, 2008).

Muller (1992) (apud DEBEIR e MONTEIRO, 1999) considera que a

dificuldade vivenciada pelo indivíduo de se afastar do trabalho, deve-se,

principalmente, por que ele ainda percebe-se como possuidor de suas capacidades

física, mental e psicológica. Daí por que é crescente o número de instituições que

buscam um planejamento, junto a seus funcionários, para a aposentadoria,

minimizando, dessa forma, as dificuldades vividas nesse período de transição

trabalho-aposentadoria.

Mas a aposentadoria não significa, necessariamente, o afastamento do

mundo do trabalho. Seja para complementar sua renda ou pela satisfação no

trabalho realizado. E a dificuldade sentida pelo indivíduo de afastar-se do mundo do

trabalho é para (Zanelli; Silva, 1996) apud (Soares; Costa; Rosa; Oliveira, 2007),

proporcional à satisfação sentida com a realização do trabalho.

Page 40: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

39

2.2.1 Curso de Preparação para a Aposentadoria

É crescente o número de organizações que incorporam os Programas de

Preparação para a Aposentadoria em sua política de recursos humanos, tendo por

fim uma transição da condição de trabalhador para a de aposentado de uma forma

mais tranqüila, em que possa ocorrer uma adequação à sua nova realidade de vida,

ao seu momento de vida, sem muitas dificuldades (STUCCHI, 2003).

Esse Programa de Preparação para a Aposentadoria – PPA, implantado por

inúmeras empresas, fundamenta-se em oferecer, ao trabalhador, condições para

vivenciar a aposentadoria de uma forma satisfatória para ele, desfrutando-a e

voltando seu tempo para atividades que lhe sejam prazerosas e edificantes.

O programa de preparação para a aposentadoria é que possibilita o

planejamento pessoal e profissional de vida e carreira preparando o servidor para a

aposentadoria. Ele impulsiona os pré-aposentados a buscarem novas possibilidades

de atuarem nos diversos grupos sociais e resgatarem amizades antigas, muitas

vezes deixadas de lado devido à priorização do tempo dedicado ao trabalho. Zanelli

e Silva (1996) citados em Debetir; Monteiro (1999), referem-se a esse tipo de

programa como sendo possibilidades de o trabalhador encontrar outros interesses.

Defendem ainda que, nesses cursos, os servidores são incentivados a descobrir

suas limitações, suas potencialidades e ainda, a antecipar-se aos conflitos que

podem surgir.

Refletir a respeito da aposentadoria é buscar entender como um problema

que era considerado como uma questão individual, familiar ou abordado pelas

instituições filantrópicas transformou-se em uma questão social (STUCCHI, 2003).

Silva e Almeida (2008) atribuem essa importância social, dada ao tema, ao

crescimento do envelhecimento da população brasileira e, também, mundial, que

pode ser compreendido pela elevação gradual na expectativa de vida, como

conseqüência das inovações tecnológicas e científicas e ainda, ao crescimento da

qualidade de vida da população. Por causa disso torna-se inevitável refletir sobre o

assunto com a maior antecedência possível.

Para França (2008) a aposentadoria é um período vivenciado em que as

incertezas sobre o porvir são uma constante. Ela retrata, sob o aspecto psicológico e

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40

social, um momento repleto de expectativas na vida do trabalhador, podendo ele

vivenciar tanto uma sensação de liberdade pela não obrigatoriedade de

cumprimento de horários, nem de ordens do seu superior, como também, no outro

extremo, o sentimento de exclusão, por não usufruir nem compartilhar mais daquele

ambiente de trabalho do qual participava efetivamente (MUNIZ, 1997).

As modificações conseqüentes da aposentadoria pedem uma adaptação por

parte do trabalhador que nem todos os pré-aposentados têm condições de alcançar.

Nesse caso, não havendo a adequada adaptação do pré-aposentável, podem ser

desencadeadas manifestações de falta de saúde graves como a depressão, o

isolamento social, conflitos familiares e alcoolismo. Diante do exposto, a

preparação para a aposentadoria deve ser um recurso a ser disponibilizado pelas organizações dentro da sua política de qualidade de vida, desde que garantida a oportunidade de livre-escolha, e ainda que os futuros aposentados sejam estimulados a realizarem atividades intelectuais, laborativas e de lazer, bem como se dedicarem aos seus relacionamentos e a participação na comunidade. (FRANÇA, 2008, p. 10)

Os primeiros registros referentes aos programas de preparação para a

aposentadoria datam dos anos 50, do século XX, nos Estados Unidos. Eles

restringiam-se a informar os participantes sobre questões relacionadas ao sistema

de aposentadoria e pensões. (DEBETIR; MONTEIRO. 1999).

No Congresso de Gerontologia, realizado em 1974, na Espanha, foi

estabelecida a necessidade da implantação de um trabalho voltado aos

trabalhadores que estivessem a cinco anos da aquisição do benefício de

aposentadoria com o objetivo de esclarecer-lhes sobre a possibilidade de

dificuldades que poderiam deparar-se com o advento da aposentadoria; prepará-los

pra esse novo momento em suas vidas; norteá-los quanto ao mercado de trabalho

para os aposentados e ainda, auxiliá-los a refletir sobre questões relacionadas à

saúde.

O trabalhador japonês recebe informações sobre questões pessoais,

financeiras e saúde e é incitado a continuar trabalhando, sendo, inclusive, premiado

como forma de estímulo a permanecer na carreira profissional.

No Brasil, esse trabalho sobre Preparação para Aposentadoria, teve início

com o SESC/São Paulo. No programa desenvolvido à época, eram discutidos temas

como envelhecimento, recursos sócio-culturais e de serviços da comunidade que os

Page 42: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

41

aposentados podiam desenvolver com a entrada na aposentadoria. (Magnani,

Mendes, Mello, Barbosa & Bueno, 1993) apud Muniz (1997).

França (2008) considera que, no seu início,

a maioria dos Programas de Preparação para a Aposentadoria eram compostos por seminários ou, ainda, por palestras, com duração de uma semana e aconteciam, geralmente, em hotéis cinco estrelas. Segundo a autora, com isso os participantes recebiam muitas informações e, “sob o efeito da novidade e de uma indenização consistente, avaliavam a saída da empresa como positiva” (p. 03).

Segundo Debetir e Monteiro (1999), ao longo do tempo, esses programas

foram inserindo em sua programação, outros conteúdos, relacionados ao tema,

abordando diversos aspectos relacionados com a ruptura com o trabalho formal. No

dias de hoje, estes programas realizam um trabalho interdisciplinar, com caráter bio-

psico-social, possibilitando aos indivíduos uma reflexão sobre o que seja a

aposentadoria, elaborando-a de forma mais positiva e condizente com a realidade.

Para França (2008), atualmente, com o fim das privatizações e das fusões,

esses programas assumiram uma outra forma a qual enfatiza a qualidade de vida e

a responsabilidade social. Os projetos de vida são valorizados e a longevidade

passa a ser percebida e mais considerada.

Os Programas de Preparação para a Aposentadoria caracterizam-se pela

modificação do significado de velhice – que passa a ser percebida de forma mais

positiva e também da aposentadoria em que cabe ao trabalhador decidir quando

aderir a essa nova etapa (STUCCHI, 2003).

Esses programas têm, por objetivo, proporcionar bem-estar aos pré-

aposentados. Isso é alcançado ao reforçar os aspectos positivos da transição

trabalho-aposentadoria e oportunizando ao indivíduo uma reflexão a respeito dos

aspectos negativos e a busca por alternativas para superá-los (FRANÇA, 2008).

Nessa linha de raciocínio estão Resende et al (1999) ao afirmar que é

crescente o número de instituições públicas e privadas que propõem ações voltadas

para a implantação de um programa de preparação para a aposentadoria. Eles

enumeram como objetivos desse programa: 1) o preparo do indivíduo na construção

de seu projeto de vida, com a chegada da aposentadoria; 2) minimizar as

dificuldades do processo de transmissão de funções no ambiente de trabalho,

possibilitando um repasse eficaz de experiência dos trabalhadores aposentáveis

Page 43: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

42

para os ingressantes na instituição; 3) tornar a aposentadoria uma fase da vida em

que produção e bem-estar estejam presentes; 4) administrar o processo de

transição trabalho-aposentadoria na instituição.

Para Resende et al (1999) esses programas apresentam, para as instituições,

a vantagem de, dentre outros aspectos:

1) cumprir o papel social; 2) proporcionar o desenvolvimento de novos talentos; 3) gerar impacto positivo no moral dos colaboradores; 4) facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização; 5) fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço (p. 03)

Já para os trabalhadores, as vantagens podem ser:

1) desenvolver um projeto de vida, como idealizar a implantação de um sonho que ficou guardado durante vários anos, mas agora pode ser estruturado e organizado, sua ação de mercado; 2) facilitar a transição da identidade profissional para a identidade pessoal; 3) motivar as pessoas a desenvolver outros papéis além do profissional, onde podem se sentir úteis à comunidade em que estão inseridos, através de trabalhos voluntários, associações, participação em ações que contribuam para alavancar benefícios ao município onde vivem; 4) elevar a auto-estima, sentir-se útil.” (p 03)

França (2002) afirma que um Programa de Preparação para a

Aposentadoria deve ser constituído por dois módulos: um informativo e o outro,

experiencial. O primeiro, contendo palestras com quem trabalha com aposentados,

entrevistas com recém-aposentados bem-sucedidos e empreendedores,

informações sobre saúde, bem-estar e hábitos saudáveis. A autora enfatiza a

importância deste módulo porém ele não aborda a qualidade de vida na

aposentadoria. Isso é alcançado com o módulo experiencial, no qual são tratadas

questões como gestão financeira, da saúde, relacional, realização de atividades de

lazer e educação, atividades voluntárias ou remuneradas.

No que tange ao planejamento e avaliação do PPA, Debetir e Monteiro

(1999) afirmam que esses dois elementos constituem um sistema de orientação e

controle que propiciam a realização e continuidade desses cursos. No entanto,

devido à multidimensionalidade dos fatores envolvidos, segundo esses autores, não

é possível definir o grau de influência do programa nos resultados obtidos. Isso

porque a forma de cada pessoa vivenciar a aposentadoria é diferente pois sofrerá

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43

influência de sua história de vida, das relações sociais estabelecidas e

principalmente do papel profissional exercido e de como lida com as perdas e de

como adapta-se às mudanças (SANTOS, 1990) citado por Debetir e Monteiro

(1999). Macian (1987) citado por Debetir e Monteiro (1999) sugere que a avaliação

desse tipo de treinamento reúna diferentes instrumentos como questionários,

entrevistas e observações.

2.3.1 O Curso de Preparação para a Aposentadoria no IFRN

O curso de Preparação para a Aposentadoria realizado no Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte é um programa gratuito,

cuja adesão dos servidores é voluntária.

A idéia da implantação desse tipo de programa surgiu em 2006, quando esta

pesquisadora tomou conhecimento da vontade de uma colega profissional da área

da Psicologia de implantar esse tipo de proposta naquela instituição de ensino.

Diante do conhecimento do projeto dessa psicóloga, a autora a procurou e ofereceu-

se para, juntas, implantarem o referido curso no IFRN.

O período de 2006 a 2008 foi voltado para pesquisa bibliográfica, estudo e

participação em cursos nesse tema, com o objetivo de se capacitarem a serem

facilitadoras do curso a ser ministrado para os servidores interessados em

prepararem-se para a aposentadoria.

No mês de setembro de 2008, após divulgação do curso, sensibilização dos

servidores sobre a proposta divulgada pelas profissionais, teve início a primeira

turma do Programa de Preparação para a Aposentadoria do IFRN, composto por 16

servidores, sendo 08 docentes e 08 técnico-administrativos.

Dos servidores/alunos que iniciaram o curso, apenas dois não o concluíram.

Um devido a conflito de horários, pois assumiu uma atividade que tinha que ser

realizada no mesmo horário em que era realizado o curso. E uma outra professora

que, infelizmente, veio a falecer durante o decurso do mesmo.

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44

No segundo semestre de 2009, aconteceu a segunda turma do curso,

constituída por cinco servidores técnico-administrativos e quatro docentes, dos quais

todos concluíram os módulos oferecidos pelo Programa.

O objetivo desse PPA é possibilitar o planejamento pessoal e profissional de

vida e carreira do servidor pré-aposentado, preparando-o para a aposentadoria a

partir da reflexão sobre:

a) a fase atual do trabalhador e a aposentadoria;

b) a gestão do capital pessoal, familiar, físico e intelectual;

c) tomadas de decisão críticas e conscientes na construção ou re-

construção do seu projeto de vida.

Podem participar desse programa os servidores que estejam a 03 (três)

anos, ou menos, da aposentadoria e que queiram capacitar-se para lidarem com o

fim da etapa de atividade institucional de forma a vivenciá-la com talento e

criatividade diante dos desafios e novos projetos possíveis na fase da

aposentadoria.

O programa é constituído por quatro módulos dispostos da seguinte forma:

1º Módulo – denominado de autoconhecimento

2º Módulo – é o relacional

3º Módulo – é o da gestão financeira

4º Módulo – projeto de vida

Os Programas de Preparação para a Aposentadoria facilitam o bem-estar

dos futuros aposentados, à medida em que reforçam os aspectos positivos e

oportunizam a reflexão sobre os aspectos negativos da transição, bem como a

discussão de alternativas para lidar com eles. É a oportunidade para receber

informações e para a adoção de práticas e estilos de vida que promovam a saúde. É

também o momento para re-construir o projeto de vida, a curto, médio e longo prazo,

priorizando os seus interesses e as atitudes que precisam ser tomadas para a

realização dos projetos pessoais e familiares.

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45

A importância em participar de um programa como esse está na

possibilidade do ingresso na aposentadoria compreendendo os medos e as

inseguranças que possam decorrer das perdas do papel profissional, dos colegas e

do ambiente de trabalho, administrando com competência e prazer uma rotina que

incluirá mais tempo livre e desenvolvendo novos interesses quanto à saúde, lazer,

educação, novas ocupações e qualidade de vida.

A preparação para a aposentadoria deve ser um recurso a ser

disponibilizado pelas organizações dentro da sua política de qualidade de vida,

desde que garantida a oportunidade da livre-escolha, e ainda que os futuros

aposentados sejam estimulados a realizarem atividades intelectuais, laborativas, e

de lazer, bem como se dedicarem aos seus relacionamentos e à participação na

comunidade. Todas essas atividades devem estar inseridas no projeto de vida,

sendo que os próprios aposentáveis estabelecem as prioridades, de acordo com os

seus interesses.

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46

3. METODOLOGIA

3.1. TIPO DE PESQUISA

A abordagem adotada neste estudo orienta-se pelos princípios da pesquisa

qualitativa, que vem se fortalecendo nas ciências sociais e na Psicologia. Sua

importância no estudo das relações sociais “deve-se à variedade das esferas de vida

possíveis” de serem estudadas (FLICK, 2004).

A presente pesquisa é classificada como exploratória a qual, de acordo com

Gil (2002) possibilita ao pesquisador uma maior compreensão do problema,

tornando-o mais claro.

A forma de pesquisa adotada é o estudo de caso; modalidade essa que tem

sido aplicada nas ciências sociais. Essa forma de tratar os dados foi escolhida por

possibilitar um estudo aprofundado de poucos objetos sem, no entanto, invalidá-los

(GIL, 2002).O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-

estruturada, cujo objetivo é adquirir informações que respondam à problemática

central.

3.2 CAMPO EMPÍRICO:

O estudo foi realizado com professores de uma instituição federal de ensino

– O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

No Campus Central – Natal, situado na cidade de Natal.

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47

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA

As entrevistas foram realizadas com professores do IFRN. Foram aplicadas

com doze professores oriundos do serviço público federal, sendo oito homens e

quatro mulheres que, nos anos de 2008 e 2009, estavam a três anos ou menos para

a aposentadoria.

Os participantes foram distribuídos em dois grupos: 1) os que participaram

do PPA (nove docentes); e 2) os que não participaram (três professores).

A partir dessa classificação, cada grupo foi subdividido em outros dois: 1) os

que se aposentaram; e 2) os que não se aposentaram. (Ver figura 3.1).

Participou ou não do Programa

Aposentado ou não

Sexo

Total

Participantes

Se aposentou

Masculino 0

Feminino 01

Não se aposentou

Masculino 06

Feminino 02

Não participou

Se aposentou

Masculino 01

Feminino 01

Não se aposentou

Masculino 01

Feminino -

Quadro - 3.1. Distribuição dos entrevistados por grupo e gênero Fonte: Elaborado pela pesquisadora, 2010.

Ao buscar identificar as inseguranças que possam decorrer da perda do

papel profissional; do ambiente de trabalho; e dos colegas, bem como, ao procurar

conhecer os sentimentos que assomam nos diferentes estágios do processo de

aposentadoria de servidores que tenham ou não participado do Programa de

Preparação para a Aposentadoria, busca-se analisar se o mesmo possibilita uma

transição para a aposentadoria de uma maneira diferente de quem não participa,

contribuindo para a compreensão e o planejamento da aposentadoria.

3.3.1 Grupo I – Fez o curso e não se aposentou

Page 49: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

48

Desse grupo participaram os professores que freqüentaram o curso de

Preparação para a Aposentadoria e ainda não se aposentaram.

Foram entrevistados oito professores, sendo dois do sexo feminino e seis do

masculino.

A faixa etária compreende dos 50 aos 59 anos; sendo um com 50 anos; um

com 52 anos; um, com 53 anos; dois afirmaram ter 56 anos e três têm 59 anos.

Quanto ao estado civil, um entrevistado solteiro e sete casados. A quantidade de

filhos varia de nenhum a seis, sendo que a maioria dos participantes (quatro)

afirmou ter dois filhos; um não os tem; 01 possui três filhos e um é pai de seis.

Todos os entrevistados desse grupo fizeram pós-graduação: três possuem

especialização; três, mestrado e dois, com doutorado.

Quanto ao tempo que trabalham no IFRN, uma professora está há seis anos,

tendo sido transferida de outra instituição, localizada em Roraima; três professores

lecionam há vinte e cinco anos; dois, há vinte e sete; um há vinte e oito anos e outro,

há trinta anos.

No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança-chefia, na

instituição, três afirmaram não terem assumido esse tipo de atividade, no entanto,

desses três uma disse não ter assumido chefia aqui no IFRN mas o fez no

estabelecimento de ensino em que trabalhou, anteriormente, antes de sua

transferência. Os demais entrevistados responderam que já exerceram função de

chefia.

Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, apenas

uma entrevistada negou ter trabalhado em outra organização.

Com relação aos critérios necessários para solicitar a aposentadoria – se os

mesmos foram atingidos -, quatro entrevistados relataram não poderem, ainda,

solicitar esse benefício. Desses, três relataram ainda não terem o tempo mínimo de

contribuição e um ainda não atingiu a idade mínima necessária. Os outros quatro

professores que já atingiram os requisitos e ainda não se aposentaram, dois não

recebem o abono de permanência, tendo um relatado não ter procurado receber

esse benefício e apenas dois recebem o abono.

A seguir, o quadro 3.2, que demonstra a categorização desse grupo de

estudo.

Page 50: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

49

Entrevistado

sexo

Idade

Estado

Civil

Filhos

Escolaridade

Tempo de

Trabalho

na

Instituição

Exerce(eu)

função de

confiança

Experiência

Profissional

anterior ao

IFRN

Atingiu

critérios

PI M 56 casado 02 Especialização 28 Sim Sim Sim

PII M 59 Casado 02 Doutorado 27 Não Sim Não

PIII M 56 casado 01 Mestrado 25 Sim Sim Sim

PIV M 9 casado 06 Especialização 30 Sim Sim Sim

PV M 9 casado 02 Mestrado 27 Sim Sim Não

PVI F 53 solteira 02 Especialização 06 Não Sim Sim

PVII M 52 casado 03 Doutorado 25 Sim Sim Não

PVIII F 50 casado Não Mestrado 25 Não Não Não

Quadro 3.2 – Servidores que fizeram o curso e não se aposentaram Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010

3.3.2 Grupo II – Fez o curso e se aposentou

Esse grupo de estudo é constituído de apenas um entrevistado que

freqüentou o curso de Preparação para a Aposentadoria e se aposentou.

O entrevistado é do sexo feminino.

Sua idade é sessenta e cinco anos; divorciada e possui um filho. Fez pós-

graduação, tendo o título de Especialização em Linguística textual.

Quanto ao tempo que trabalhou no IFRN, relatou que trabalhou naquela

instituição por vinte e cinco anos tendo trabalho na esfera estadual

concomitantemente até aposentar-se do primeiro.

No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança-chefia, na

instituição, afirmou ter ocupado um cargo de coordenação por quase dois anos.

Com relação à sua experiência profissional em outras instituições, relatou ter

trabalhado para o Estado.

Entrevistados Sexo

Idade

Estado Civil

Filhos

Escolaridade

Tempo de

Trabalho na

Instituição

Exerce(eu)

função de

confiança

Experiência

Profissional

anterior ao

IFRN

PIX F

65

Divorciada

01

Especialização

29

Sim

Sim

Quadro 3.3 – Servidor que fez o curso e se aposentou Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010

Page 51: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

50

3.3.3 Grupo III – Não fez o curso e não se aposentou

Aqui tem-se também, apenas um representante que não freqüentou o curso

de Preparação para a Aposentadoria e não se aposentou.

O entrevistado é do sexo masculino.

Sua idade é cinqüenta e nove anos; casado e possui uma filha. Fez

graduação em Geologia e Mineração.

No que se refere ao tempo que trabalha no IFRN, afirmou que há trinta e

quatro anos. Ocupou, durante alguns anos, função de confiança/chefia na

instituição.

Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, relatou ter

trabalhado anteriormente, por apenas seis meses, em outra organização localizada

no Ceará.

Com relação aos critérios necessários para solicitar a aposentadoria, o

entrevistado diz que os atingiu e recebe o abono de permanência pois pretende se

aposentar apenas com a compulsória, ou seja, aos setenta anos ou, caso aconteça,

se tiver problema de saúde que o impossibilite de continuar trabalhando.

Entrevistados

Sexo

Idade

Estado

Civil

Filhos

Escolaridade

Tempo de Trabalho

na Instituição

Exerce(eu) função de confiança

Experiência Profissional anterior ao

IFRN

Atingiu critérios

PX M 59 Casado 01 Graduação 34 Sim Sim Sim

Quadro 3.4 – Servidor que não fez o curso e não se aposentou Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010

3.3.4 Grupo IV – Não participou do curso e se aposentou

Aqui tem-se dois integrantes. Um do sexo masculino e outro do feminino.

Eles não freqüentaram o curso e se aposentaram após a implantação do Programa

no IFRN.

A idade dele é 60 anos e a dela, 54anos. Ambos são casados. Ele tem dois

filhos e ela, três. Ele possui é Mestre em Educação à Distância e ela Doutora em

Ciências Sociais.

Page 52: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

51

Quando perguntados sobre o tempo que trabalharam no IFRN, ele

respondeu que foram dezoito anos e para ela foram vinte e cinco anos.

No que se refere a possuir ou já ter possuído função de confiança/chefia,

ambos afirmaram que sim. Ela foi coordenadora da equipe pedagógica por

aproximadamente dois anos e ele foi Coordenador de laboratório e depois Chefe de

Departamento, durante alguns anos, até sua aposentadoria.

Quanto a possuir experiência profissional em outras instituições, ele

trabalhou em outras instituições de ensino, tanto da rede privada como da particular,

durante quinze anos e ela atuou como pedagoga em um estabelecimento

educacional particular, desta cidade e na UFRN, antes de ir trabalhar no IFRN.

Os dois permaneceram trabalhando algum tempo, mesmo após terem

adquirido o direito a se aposentarem.

Entrevista

do

Sexo

Idade

Estado

Civil

Filhos

Escolaridade

Tempo de

Trabalho na Instituição

Exerce(eu) função de confiança

Experiência Profissional anterior ao

IFRN PXI F 54 Casado 03 Doutorado 25 Sim Sim

PXII M 60 Casado 02 Mestrado 18 Sim Sim

Quadro 3.5 – Servidores que não fizeram o curso e se aposentaram Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir dos dados coletados. 2010

Os nomes dos professores não serão revelados. Nos resultados da pesquisa, eles

são identificados como PI, PII, PIII, PIV, PV, PVI, PVII, PVIII, PIX, PX, PXI E PXII. Na

seção 5 apresento a trajetória dos docentes que participaram da pesquisa.

3.4. COLETA DE DADOS

A pesquisa foi realizada no Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Norte, utilizando para isso instrumento de coleta de

dados estruturado. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista semi-

estruturada.

Page 53: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

52

A crescente utilização desse tipo de entrevista justifica-se pela crença de

que é mais provável que o entrevistado explane melhor suas opiniões através de

entrevistas com questões relativamente abertas do que ao responder um

questionário ou mesmo à uma entrevista padronizada (FLICK, 2004).

A escolha por realizar a pesquisa com os docentes foi definida de forma

intencional, caracterizando a amostra como não-probabilística

Primeiramente foi feito contato telefônico com os participantes, descrevendo

o objetivo da pesquisa e solicitando a colaboração de cada um nesse trabalho.

Houve a concordância voluntária, de todos os consultados, em participar da

pesquisa e que, ainda, disponibilizaram tempo para responderem à entrevista.

Na oportunidade, foram marcados dia, horário e local da entrevista, de forma

a ficar mais cômodo para o participante/entrevistado. O período de realização das

entrevistas compreendeu os meses de março e abril de 2010.

As entrevistas realizadas foram gravadas, sendo esclarecido aos

participantes a garantia do sigilo de suas identidades e, ainda, solicitada,

autorização para o uso do gravador. A transcrição foi feita na íntegra e, a partir dela,

obteve-se um protocolo codificado semelhante ao utilizado por Silva (2005). Após,

partiu-se para o processo de análise que teve como referência a Tese de Silva

(2005).

O código de protocolo usado foi “PN.n”, em que ‘P’ corresponde a professor,

‘N’, o número do docente entrevistado e ‘n’, ao número dado ao discurso do

protocolo construído a partir da entrevista.

Após concluída a transcrição das entrevistas realizadas, teve início o

processo de análise compreensiva, dos dados coletados, através da Análise do

Discurso.

O processo de análise teve como referência o utilizado por Silva (2005) em

sua Tese de Doutorado, cujo trabalho auxiliou bastante esta pesquisa. Em seu

trabalho, o processo é composto por sete etapas que, para ele, são necessárias

para a análise proposta. Para ele, as etapas são integradas caracterizando o

processo como cíclico.

A primeira etapa consiste na leitura e releitura dos protocolos das entrevistas

realizadas para, a seguir, codificar os discursos. Inicialmente a leitura dessas

entrevistas objetivava sua leitura geral, buscando compreendê-la de forma ampla.

Page 54: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

53

Em seguida, fez-se uma leitura linha a linha, para então codificar os discursos

norteada pela questão de pesquisa.

A partir da leitura dos protocolos é construído outro protocolo; dessa vez

codificado com os relatos dos professores. Cada discurso codificado pode retratar

“palavras, frases, sentenças e até parágrafos extraídos do protocolo [...], o qual

ajuda na busca de unidades de significado” (Silva, 2005, pg.84).

Na etapa seguinte foi feita leitura e releitura dos protocolos codificados para

identificar os temas. Van Manen (1990) apud Silva (2005), considera que a

marcação dos temas não possui regras pré-estabelecidas. Para Silva (2005) a forma

como o pesquisador percebe os dados e os trabalha é que definirão a estruturação

dos temas e a sua consequente redação.

No quarto passo, a partir de identificados os temas, os relatos dos

professores foram agrupados, por temas, em quadros temáticos.

Na quinta etapa os quadros temáticos foram preenchidos.

Na etapa seguinte, a partir dos quadros temáticos, os resultados obtidos

foram estruturados em um texto sobre cada tema.

Na sétima e última etapa foi feita a análise compreensiva interpretativa dos

Resultados tendo como base a análise de discurso

Silva (2005) elaborou um modelo de quadro temático com os relatos das

experiências dos gerentes do Banco do Brasil, estruturado em cinco colunas. Esse

modelo foi adotado neste estudo com adaptações. Na primeira coluna de cada

quadro temático os discursos dos professores são literalmente transcritos,

correspondendo à categoria temática específica.

Na segunda coluna estão as unidades de significado obtidas a partir do texto

da coluna anterior e descritos a partir da pergunta de pesquisa elaborada pelo

pesquisador.

A terceira coluna refere-se às categorias abertas que são discursos com

similaridade de significado, em que há, aqui, um agrupamento das unidades de

significado Bicudo (2000) apud Silva (2005).

A outra coluna, denominada por Silva (2005) de rede de significados denota

que os discursos agrupados em uma categoria aberta possuem ligação entre si.

A quinta coluna, também inserida por Silva (2005, p. 87) na construção de

seu modelo de quadro temático “contém asserções articuladas do discurso, que são

Page 55: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

54

afirmações do pesquisador que ilustram com fidelidade as idéias articuladas do

discurso na linguagem” do entrevistado.

A seguir, é apresentada uma parte de um quadro temático para demonstrar

o processo de análise adotado neste estudo.

TEMA

O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO E NÃO SE APOSENTAR

Discurso na Linguagem do

Professor

Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas

do discurso

PX.15 - Então, por causa

disso, no final do outro ano,

em 2008 eu recebi o abono. Aí

agora ele é o que... A partir do

momento que eu oficializar a

aposentadoria, passa a haver

o desconto no meu salário.

Enquanto eu estiver aqui,

estamos empatados zero a

zero. Eles tiram e colocam.

Esse não é o principal motivo,

mas é um dos fatores que...

mas a qualquer momento eu

estou livre e desimpedido pra ir

embora.

A oficialização

da

aposentadoria

leva à redução

do salário

Financeiro PX.15,

PX.16, PX.17

Redução

financeira

PX.16 - Eu não me sinto ainda

assim... totalmente... eu sinto

que posso colaborar, produzir,

entendeu?

Sensação de

que pode

contribuir com a

instituição

impele a

continuar

trabalhando

Sentir-se útil PX.15,

PX.16, PX.17

Sensação de

que pode

contribuir

com a

instituição

PX.17 - E também que é mais

importante, é que eu sou uma

pessoa assim é...é...é...

tenho...não tem rejeição no

pequeno grupo, entendeu?

Então isso faz com que eu

permaneça aqui nas minhas

atividades laborais.

Ser aceito pelos

colegas faz com

que permaneça

trabalhando

Relacionamentos

sociais

PX.15,

PX.16, PX.17

Aceitação

pelos

colegas

Título: Exemplo da análise estrutural a partir dos relatos dos entrevistados do tema o que o levou a continuar trabalhando e não se aposentar . Adaptado de Silva (2005). O quadro completo encontra-se no Apêndice C)

Page 56: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

55

Silva (2005) já considera a elaboração desses quadros temáticos como

sendo uma atividade de interpretação, pois, segundo ele, a partir desses quadros já

se busca delinear uma estrutura que possibilita a compreensão do fenômeno

estudado.

Concluída a tarefa de preenchimento dos quadros temáticos foi iniciada a

elaboração do texto, com as categorias abertas auxiliando na construção interna da

coerência e coesão.

Page 57: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

56

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1 HISTÓRICO

No ano de 1909 ocorre a fundação das Escolas de Aprendizes Artífices, na

gestão do então Presidente da República Nilo Peçanha, através da criação do

decreto nº 7.566. Esse evento assinala a implantação do ensino profissional federal

no país. Na época, foram criadas dezenove escolas com o objetivo de possibilitar o

ensino primário e profissionalizante às crianças de baixa renda. (site do IFRN, 2009)

O surgimento dessas instituições de ensino se deu em um contexto em que

predominava o capital agrário-exportador, contudo haviam também as greves

operárias que ocorriam sob as correntes anarco-sindicalistas que se expadiam pelo

país à época. (PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009)

A profissionalização que se pretendia, à época, fundamentava-se no

conhecimento obtido empiricamente, sendo essencialmente manual, em que se

buscava propagar o artesanato, a manufatura e a arte do ofício. (BRANDÃO, 2007

apud PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009).

No dia 01 de janeiro de 1910 é fundada a Escola de Artífices de Natal, no

prédio do antigo Hospital da Caridade, situado na Cidade Alta, atual Casa do

Estudante. (site do IFRN, 2009).

Na Escola funcionavam as oficinas de marcenaria, sapataria, alfaiataria,

serralheria e funilaria. O regime de funcionamento era o de semi-internato, das 10h

às 16h. Relatório do Presidente da Província do RN (1910) (apud site do IFRN,

2009)

Em 1914, ocorre a mudança para o prédio da Avenida Rio Branco, situado

na Cidade Alta, lá permanecendo até o ano de 1967. Relatório do Presidente da

Província do RN (1910) (apud site do IFRN, 2009)

A partir da década de 1930 até 1945 se efetiva uma mudança significativa na

economia do país, havendo uma transferência da atividade agroexportadora para a

industrial, começando assim, a surgir o capitalismo industrial nacional com forte

apoio do Estado. (PEREIRA, 2003 apud PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009)

Page 58: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

57

Dentro desse contexto, no ano de 1937 a então Escola de Aprendizes

Artífices, em nosso estado, recebe outra denominação, a de Liceu Industrial,

passando a oferecer os cursos de: desenho, sapataria, funilaria, marcenaria e

alfaiataria. (site do IFRN, 2009)

No ano de 1942 se dá a inclusão do ginásio industrial aos já existentes

cursos, passando a escola a chamar-se, então, de Escola Industrial de Natal. Para

Pacheco; Pereira; Sobrinho (2009) com isso o ensino industrial começa oficialmente

a vincular-se à estrutura do ensino vigente, à época, no país, pois os alunos com

formação técnica podem iniciar o ensino superior em área equivalente à da sua

formação técnica.

Em 1959, no Governo do Presidente Juscelino Kubitscheck, as Escolas

Industriais são transformadas em autarquia, através da Lei 3.552/59, recebendo a

denominação de Escolas Técnicas Federais. (site do IFRN, 2009).

O Governo do então Presidente tinha como metas o investimento na

infraestrutura, sendo previsto 3,4% para a educação, visando à formação de

profissionais técnicos voltados para o desenvolvimento do país. (PACHECO;

PEREIRA; SOBRINHO. 2009). Como conseqüência, as escolas adquirem autonomia

didática e de gestão com foco na formação técnica e na melhoria da qualidade dos

cursos oferecidos através do aumento da produtividade dos recursos e da

competência em responder às necessidades locais e regionais. (CUNHA, 2005 apud

PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009).

A partir do ano de 1963, a Escola situada no Rio Grande do Norte passa a

oferecer à comunidade, os cursos técnicos de Mineração e Estradas, criados pela

Resolução nº 07/62, somando-se aos já existentes nas áreas de Eletricidade,

Cerâmica, Madeira, Metais, Mecânica e Marcenaria, do Ginásio Industrial. (site do

IFRN, 2009).

No ano de 1968 com o desenvolvimento do ensino industrial o qual passa ao

nível de 2º grau, a Escola recebe a denominação de Escola Técnica Federal do Rio

Grande do Norte (ETFRN). (site do IFRN, 2009).

No ano de 1978 as Escolas Técnicas Federais do Rio de Janeiro, Paraná e

Minas Gerais foram transformadas em Centros Federais de Educação Tecnológica.

A partir de então elas formam engenheiros de operação e tecnólogos. Com o tempo,

as outras Escolas da rede recebem a autorização para serem CEFET´s.

Page 59: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

58

(PACHECO; PEREIRA; SOBRINHO. 2009). A Escola do nosso estado é convertida

em CEFET no ano de 1999. (site do IFRN, 2009).

Este, passa, em 2008 a Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia.

Os Institutos surgem, num contexto no qual

ocorrem dezenas de ações de fortalecimento dessa modalidade da Educação, visíveis no aumento do número de unidades por todo o país (expansão que obedece fundamentalmente a critérios técnicos e não a critérios político-eleitorais), na conseqüente ampliação das vagas, passando a beneficiar populações nunca contempladas pela educação profissional, na contratação, por meio de concursos públicos, de servidores em todos os níveis e nas medidas que visam à melhoria salarial e aperfeiçoamento do

Plano de Carreira dos mesmos, dentre outras. (SOBRINHO, 2009, p. 5-6)

Nesse processo de expansão da rede federal de educação o IFRN, hoje,

conta com 11 Campi, distribuídos pelos municípios de Natal, (Campus Central e

Zona Norte), Apodi, João Câmara, Macau, Mossoró, Ipanguaçu, Currais Novos,

Caicó, Santa Cruz e Pau dos Ferros, buscando fortalecer o ensino profissionalizante

e fornecer mais oportunidades para jovens e adultos em todas as regiões do Brasil.

4.2 A TRAJETÓRIA DOS PROFESSORES PESQUISADOS

a) Professor (PI)

Esse professor trabalha no IFRN há vinte e oito anos e, ao longo de sua

trajetória, possuiu função de chefia, tendo sido coordenador de seu setor três ou

quatro vezes, não lhe sendo possível indicar de modo preciso quantas vezes

assumiu essa atividade.

Desempenhou outras atividades fora da instituição, tendo trabalhado em um

colégio da rede privada por dois anos, como treinador de equipe. Exerceu essa

atividade em paralelo ao IFRN, pois à época, sua carga horária era de vinte horas

semanais o que possibilitava atuar em outras instituições. Na oportunidade, não

ministrava aulas no referido colégio; como aquela instituição de ensino participava

Page 60: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

59

dos JERN´s, o professor era contratado, à época dos Jogos Escolares, para tomar

conta das equipes.

Trabalhou, ainda, na Cooperativa de Pesca no governo de José Agripino no

projeto para cobrir toda a costa do Rio Grande do Norte com o fim de fornecer

assistência aos pescadores.

Quanto a exercer alguma atividade laborativa fora do IFRN, o participante

diz não realizá-la, atualmente, a não ser esporadicamente, em tempos de jogos

brasileiros, é convidado a prestar seus serviços na equipe. Mas são trabalhos

rápidos, como campeonatos que duram alguns dias. Ele relata, ainda, que, acontece

de algumas agremiações solicitarem suas sugestões para as equipes que estejam

treinando.

b) Professor (PII)

Trabalha no IFRN há vinte e sete anos, não tendo exercido nenhuma função

de chefia ao longo desse período.

Antes de assumir o cargo de professor de Ensino no IFRN, trabalhou na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também na função de professor;

tendo se aposentado daquela instituição há treze anos.

Desde então, exerce sua profissão apenas no IFRN, não tendo assumido

nenhum trabalho paralelo ao Instituto Federal.

c) Professor (PIII)

Começou a trabalhar aos quatorze anos de idade, atuando em outras áreas

que não fazem parte da sua formação acadêmica. Trabalhou no Estado durante dez

anos e assumiu no IFRN no ano de 1985, instituição em que leciona desde então.

Foi coordenador do Curso de Física e no ano de 1998, entregou o cargo,

não tendo aceito mais nenhuma oferta de Função por considerar não ter o perfil

necessário a essa atividade.

Page 61: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

60

d) Professor (PIV)

Leciona no IFRN há trinta anos e poucos meses, conforme ele mesmo

afirmou. Ao longo de sua trajetória assumiu algumas funções, tendo sido convidado

a ser coordenador de Estágio de Desenho. Após, esse período ficou apenas em sala

de aula. Depois surgiu a oportunidade de ser coordenador do Procefet, função que

assumiu concomitantemente à de Coordenador do Registro Escolar. Em seguida,

trabalhou com Concursos realizados para prover cargos na Instituição; após,

assumiu novamente o Procefet, do qual se afastou e passou a coordenador de

Processos Seletivos. Quando então, saiu e foi convidado a ser coordenador do CIE-

E, encargo no qual se encontra até hoje. E, continua, paralelamente, apoiando com

seu trabalho, na realização de Exames Seletivos e em sala de aula.

Começou a trabalhar em 1969, aos dezenove anos. Seu primeiro emprego

foto em uma fábrica de lata, localizada no estado de Pernambuco. Em seguida,

trabalhou em um escritório de arquitetura e, em paralelo, atuou na companhia

pernambucana de saneamento.

Quando veio para Natal, foi convidado a montar uma empresa de

distribuição de material de construção e paralelo a isso, trabalhava, às vezes, no

escritório de representação desse tipo de material.

A empresa não deu certo, então voltou a trabalhar com arquitetura.

Em 1980 começou a trabalhar no IFRN como professor colaborador onde

permanece até hoje.

e) Professor (PV)

Ministra aulas no IFRN há vinte e sete anos. Foi coordenador do Curso de

Desenho e, atualmente, está coordenando o NEP e vai coordenar um curso que

será oferecido às pessoas portadoras de deficiência.

Teve experiência profissional em outras instituições. No entanto, não lhe foi

possível contar esse tempo de serviço para sua aposentadoria. Isso por que, o

Professor pode se aposentar aos sessenta anos de idade, desde que tenha exercido

Page 62: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

61

exclusivamente essa função durante sua contribuição. Nesse caso, se o entrevistado

somasse o tempo de serviço que atuou em outra área, se aposentaria ao sessenta e

cinco anos, ficando, conforme afirmou, “uma coisa pela outra”.

Antes de ministrar aulas, trabalhou em diversas empresas, tanto no Rio de

Janeiro como aqui em Natal. Nas oportunidades atuou na área de Arquitetura, em

Projetos e ainda, em uma outra empresa, fazia levantamento dos projetos a serem

feitos, desenhando plataforma.

f) Professor (PVI)

Exerce suas atividades no IFRN há seis anos, tendo vindo transferida de

Roraima. Aqui em Natal não assumiu nenhuma função de Chefia, porém, foi

coordenadora do laboratório do Programa de Saúde Escolar na sua instituição de

origem. Tendo sido, inclusive, voluntária do Conselho da Criança, atividade em que

esteve à frente como Presidente.

g) Professor (PVII)

Assumiu o cargo de Professor de Ensino de I e II Graus, no IFRN, há vinte e

cinco anos. Assumindo, no decorrer desse período, a Coordenação de Química e

Biologia.

Na esfera estadual, foi professor durante cinco anos, dos quais dois foram

exercidos concomitantemente no IFRN. Também relatou experiência profissional em

uma instituição privada, atuando, à época, como engenheiro.

Page 63: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

62

h) Professor (PVIII)

Ministra aulas no IFRN há vinte e cinco anos, relatando não ter exercido

nenhuma função de chefia tendo em vista preferir trabalhar apenas em sala de aula.

E a entrevistada afirmou, ainda, não ter experiência profissional em outras

instituições além do IFRN.

i) Professor (PIX)

Professora aposentada em abril de 2009. Trabalhou no IFRN durante vinte e

cinco anos.

Aposentou-se com vinte e oito de serviço pois além dos vinte e cinco anos

trabalhados no IFRN, trouxe um ano e meio da esfera estadual – de onde também é

aposentada – tempo que averbou para sua aposentadoria e ainda uma licença

especial que ela não havia gozado. Com isso, ao procurar o departamento de

Recursos Humanos sobre quanto tempo faltava para sua aposentadoria, foi

surpreendida com a notícia de que já possuía o direito de requerer o benefício há

três anos.

Sempre trabalhou na instituição como professora, tendo assumido por quase

dois, a coordenação de Língua Portuguesa. Durante esse período, trabalhou

concomitantemente na função de chefia e em sala de aula.

No seu ingresso no IFRN, era professora do Estado. Trabalhou como

professora, nas esferas estadual e federal paralelamente. Aí se aposentou daquele e

ficou ministrando aulas apenas no IFRN.

Page 64: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

63

j) Professor (PX)

Trabalha na instituição há trinta e três anos, sempre na mesma área de

Geologia e Mineração. Exerceu função de chefia, tendo sido coordenador do então

Registro Escolar e do Pró-técnico. Neste assumiu a coordenação em 82.

Sua experiência profissional anterior ao INFRN foi na SUDENE. Porém

trabalhou lá pouco tempo, durante seis meses, no interior do Ceará. Àquela época já

atuava na área de geologia e mineração.

Atualmente não exerce atividade fora da instituição por possuir Dedicação

Exclusiva.

k) Professor (PII)

Professor aposentado do IFRN. Trabalhou durante trinta e três anos, dos

quais dezoito foram dedicados ao IFRN.

Nesta instituição de ensino, trabalhou lotado no mesmo departamento tendo

assumido funções de confiança, como a de coordenador do laboratório de física e

ainda a de chefe de Departamento.

Trabalhou em outras instituições educadoras, da rede privada e da esfera

estadual, assumindo, neste, a função de coordenador de laboratório lá existente, à

época.

Tinha o direito de requerer sua aposentadoria desde 2005 mas optou por

continuar trabalhando nos três anos seguintes, usufruindo desse benefício a partir

de abril de 2009.

l) Professor (PXII)

Professora aposentada do IFRN, desde o ano de 2009. Trabalhou naquela

instituição por aproximadamente vinte e cinco anos, tendo trabalhado,

Page 65: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

64

anteriormente, no Núcleo Educacional Infantil, situado na Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, de onde foi transferida para o Instituto Federal, à época ainda

ETFRN.

Trabalhou em um colégio particular da cidade do Natal, como pedagoga,

antes de ir para o Núcleo Educacional Infantil exercendo a mesma função e, ainda,

como professora de crianças pequenas, durante oito anos. Solicitou sua

transferência por motivos de saúde, pois sofre de escoliose e não conseguia pegar

em crianças pequenas. Como o Núcleo é da esfera federal, ela só podia solicitar

transferência para o IFRN ou para Jundiaí e optou pela primeira instituição.

No IFRN, à época ETFRN, foi lotada na biblioteca. Local em que trabalhou

durante dois anos enquanto, paralelamente, se preparava para ser professora.

Assim, nesse período, prestou vestibular para Geografia e ficou substituindo uma

professora em suas licenças médicas.

Da biblioteca foi para a equipe de orientação pedagógica e trabalhando,

concomitantemente, como professora.

Enquanto cursava seu Doutorado, estruturou, junto a mais duas colegas de

trabalho, um projeto de Licenciatura em Geografia no IFRN. Com a implantação da

Licenciatura, passou a ministrar aulas no ensino superior e no médio até sua

aposentadoria no ano de 2009.

4.3 GRUPO I – SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E NÃO SE

APOSENTARAM

A partir dos protocolos de entrevistas desse grupo, foram construídos quatro

quadros-temas (apêndice A).

Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:

a) O que levou os professores a optarem por continuar trabalhando

b) Utilização do tempo livre

c) Contribuições do PPA para a transição para a aposentadoria

d) Como imagina que será sua aposentadoria.

Page 66: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

65

4.3.1 Tema: O que levou os professores a optarem por continuar trabalhando

Para França (1999) a aproximação da aposentadoria e da decisão de

aposentar-se ou não, despertam diferentes sentimentos nos trabalhadores. Segundo

essa autora, muitos trabalhadores gostam do trabalho que realizam e/ou das

relações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho e não expressam a vontade

de se aposentarem. Outros pretendem se aposentar, no entanto, não pensam em

parar totalmente suas atividades, realizando alguma atividade profissional.

Tendo por base essas afirmações, buscou-se conhecer o que levou alguns

servidores a optarem por continuar trabalhando.

Dentre os entrevistados, dois relatam o prazer no trabalho realizado como

um fator importante na decisão de continuar trabalhando, apesar de já terem

atingido os critérios necessários para requerer a aposentadoria. Outra categoria

revelada foi a questão de sentir-se útil, mencionado por três participantes. Em

seguida, relacionamentos sociais, citado por dois entrevistados. E ainda

influenciou também: a questão financeira. Esse último expresso uma vez por

participantes diferentes.

O prazer no trabalho enquanto elemento importante na escolha de

continuar trabalhando, está relacionado ao fato de a atividade realizada pelo

professor ser tão prazerosa para ele que não é considerada como uma obrigação

mas como uma diversão, segundo depoimento a seguir.

Primeiro... é o seguinte: a atividade de professor que eu exerço a a aqui...eu faço com o maior prazer então praticamente não é nem um trabalho é é um trabalho pra eu me divertir [PI.12]

A palavra diversão significa distração, passatempo e a afirmação acima,

desse docente, é ratificada em um outro momento, ao relatar que, após ter adquirido

o direito de aposentar-se, vai ao trabalho com mais prazer, não sentindo mais a

obrigação de trabalhar.

... e principalmente depois que eu me aposentei, eu aposentei que digo, que tô com o direito, que adquiri o direito é que eu venho pra escola com...até com mais prazer né? [PI.18]

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66

Eu não sinto aquela aquela obrigação de ter que vir pra a Escola, ter que dar aula, ter que trabalhar, certo? [PI.19]

Há de se destacar no discurso acima, que o professor não se aposentou

mas sente-se aposentado. Isso fica evidente quando discorre que desde a aquisição

do direito à aposentadoria ele não se sente mais obrigado a ir para a instituição de

ensino ou de, até mesmo, trabalhar e, em contrapartida, realiza seu trabalho com

mais prazer.

Um outro professor também expressou o prazer no trabalho como um dos

elementos que o levaram a continuar trabalhando. Ele menciona que sente-se

realizado com sua atividade e não a percebe como sendo uma obrigação de ir para

a instituição ministrar suas aulas. Pelo contrário, identifica-se a satisfação em

realizar suas atividades.

Mas dar minhas aulas, estar aqui com você, to fazendo um projeto meu, isso é uma realização muito mais minha do que uma obrigação pra instituição! Tá entendendo? [PVI.63]

Para França (1999) o prazer que a pessoa sente pela própria realização da

atividade é um dos pontos positivos que o trabalho proporciona ao trabalhador.

Diante disso, ela afirma a importância de analisar o significado do trabalho para a

pessoa a fim de possibilitar uma transição para a aposentadoria de forma mais

tranqüila.

Sentir-se útil foi outro fator que emergiu nas entrevistas. Em alguns

depoimentos, os entrevistados relatam acreditar que ainda têm muito a contribuir

com o seu trabalho na instituição e, um deles ratifica sua fala ao expressar ainda

possuir bastante energia para continuar trabalhando e a reforça quando afirma que o

contato com os jovens e com o mercado de trabalho, torna mais forte essa sensação

de utilidade. E, um terceiro participante, afirma sentir-se mais produtivo, quando em

seu ambiente de trabalho.

Bom eu acho que ainda tenho muita contribuição a dar [PIII.15] ...primeiro eu tenho energia ainda suficiente pra trabalhar [PIV.19]

Eu acho que a questão de você estar em contato com com o jovem, de você estar em contato com o mercado de trabalho, você se sente uma pessoa útil. [PIV.25] ...aqui eu me sinto mais produtiva [PVI.18]

Page 68: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

67

Homens e mulheres não vivem o processo da aposentadoria da mesma

forma. E a sensação de utilidade é vivenciada de maneiras diferentes entre os

gêneros.

As mulheres permanecem mais ativas ao longo dos anos; sendo que 90%

delas mantém-se ocupadas com as atividades domésticas, sentindo desta forma,

com autonomia, com a sensação de ser útil e ainda, ocupando seu tempo

(ROMERO, 2006).

Ao passo que o homem sofre quando não é mais o provedor da casa, tendo

seu papel social masculino comprometido pelo início da velhice. Ao aposentar-se, no

ambiente doméstico, ele pode ficar ocioso devido a possuir menor autonomia

doméstica, dependendo de outras pessoas para cuidar de si, do lar e de sua

alimentação (ROMERO, 2006).

Diante desse quadro o surgimento do sentimento de inutilidade no homem é

forte, principalmente para aquele que nunca fez parte do dia-a-dia da família

(BARBOSA, 1999).

Outra categoria que emergiu foi a dos relacionamentos sociais. Em um

dos depoimentos, o entrevistado relatou que, com a mudança de outro estado, seus

amigos, de toda uma vida, ficaram lá, não tendo feito, ainda, muitas amizades por

aqui. Então, se viesse a se aposentar agora, acredita que sentiria muita solidão. No

trabalho, de qualquer forma está sempre conversando com alguém, trocando idéias

e não se sente só.

Se eu me aposentasse eu ia ficar muito só [PVI.16]

Aqui eu tenho contato com as pessoas [PVI.17]

O discurso de PVI, é reforçado pela fala de um outro participante que relata

sentir-se bem no ambiente de trabalho. Esse local possibilita encontrar ex-colegas

que já se aposentaram e vivenciaram momentos de conversas agradáveis.

E eu acho que... e também encontro aqui na Escola alguns ex-aposentados também, que quando a gente se encontra...Os ...aposentados aliás, desculpe! (risos). Os aposentados que trabalharam comigo na época né? E...a gente, às vezes, bate até uns papos gostosos, então... me sinto bem aqui dentro da escola. [PI.21]

Page 69: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

68

A categoria Relacionamentos sociais foi comum aos servidores que não se

aposentaram, independente de terem participado ou não do curso.

Existe a crença de que os relacionamentos sociais podem diminuir com a

aproximação da aposentadoria. Isso pode acontecer, principalmente com aqueles

que limitam suas amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a

aproximação pelos interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das

atividades a serem realizadas. No entanto França (2002) assinala que se os

interesses e as atividades forem diversificados o estabelecimento e manutenção dos

vínculos sociais serão favorecidos.

Um aspecto também revelado nas entrevistas foi o fator financeiro como

determinante da decisão de adiar a aposentadoria. Para um dos entrevistados,

vários fatores contribuíram para que optasse por continuar trabalhando. Mas a

questão financeira foi determinante. Primeiro ela precisava reestruturar-se

financeiramente pois veio transferida de outro estado e ainda está se reorganizando

financeiramente. Só agora, após seis anos de sua transferência é que está

começando a se refazer da mudança, a se reorganizar.

Foi um bocado de fatores. Mesmo o financeiro que, queira ou não, é um peso [PVI.12] ...e também aqui... eu me encontrar direito aqui, ainda to me achando, certo? [PVI.13] Em tudo! (risos) Por que depois de 23 anos eu trabalhando num lugar com toda a estrutura, quando eu vim pra cá então eu achei... agora que eu to me refazendo da mudança. [PVI.14]

A redução da renda está entre os efeitos negativos mais imediatos da

aposentadoria apontados por França (1999).

No setor financeiro, na maior parte das vezes, há uma redução no salário do

trabalhador quando de sua aposentadoria (VERAS, 1999). A decisão pode ser

adiada devido a vários motivos. No caso do entrevistado foi a necessidade de

reestruturar-se financeiramente (FRANÇA, 1999).

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69

4.3.2 Tema: Utilização do tempo livre

Nesse tema buscou-se saber como os servidores que estão próximos à

aposentadoria distribuem seu tempo quando não estão trabalhando.

Enquanto ao longo de sua vida profissional, o trabalhador goza o tempo livre

imposto em parte pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou familiares, com

a aposentadoria não se trata mais de gozar o tempo livre que tenha mas de, agora,

ocupar esse tempo eu antes era ocupado com o trabalho (WITCZAK, 2005)

Alguns professores descreveram a forma como utilizam o tempo livre que

têm disponível. Os afazeres domésticos estão entre as categorias encontradas -

sendo citado por três professores -, bem como outras formas de atividades, como o

trabalho, também descrito por três docentes e o voluntariado, mencionado por

apenas um participante. A categoria Lazer se destacou, apresentando alusões de

cinco entrevistados e a manutenção dos relacionamentos sociais e cuidados com

a própria saúde, também foram relatados uma vez por indivíduos diferentes.

No que tange à categoria aberta afazeres domésticos, um professor relatou

que seu tempo livre está voltado para os afazeres de casa e que, possuem casa de

praia e esse tipo de bem requer manutenção por sempre ter algo quebrando. Como

consequência, freqüentemente, é preciso ir até lá para consertar alguma coisa. E,

acrescenta, que a tarefa de pintura da casa, seja da cidade ou da praia, é de sua

responsabilidade.

É... agora... (risos) é...é... o tempo livre é muito...nos afazeres até de casa, né? [PI.30] ...papai também tem uma casa de praia, a gente sempre fica lá...sempre passa o ano quase todo fazendo alguma atividade lá. Porque é um negócio que quebra muito... [PI.36] Aqueles afazeres da casa, pintar a casa, por exemplo, o apartamento e a casa de praia quem pinta sou eu [PI.43]

Sua fala é reforçada pela de outro participante ao afirmar que os afazeres de casa

despendem muito tempo.

Numa casa sempre tem coisa pra fazer. Se a gente diz que não, a casa fica uma bagunça por que eu não tenho secretária. Lá na minha casa sou eu e meu marido, a gente faz tudo. É a limpeza, a comida a gente faz. A gente resolve problema também de família, né? [PVIII.14]

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70

Um outro professor relata que possui pouco tempo disponível devido aos

diversos papéis desempenhados. Ser professora, dona-de-casa e mãe pedem muito

do seu tempo, restando-lhe pouco tempo para si.

É tão pouco meu tempo livre! (risos). Mas no momento eu to assim...não tá tendo muito tempo livre pra mim por que a questão do serviço doméstico e... pra conciliar os dois então, realmente, o tempo livre é muito pouco. O corre corre, as duas atividades me tomam muito tempo por que professora, mãe, dona de casa e coordenar tudo isso eu, tô com pouco tempo livre [PVI.22]

O trabalho surge, no relato de um dos participantes, como uma outra

categoria, pela necessidade de manter-se atualizado para melhor desempenhar

suas atividades profissionais. Essa atualização acontece acompanhando as equipes,

assistindo seus jogos em quadra ou pela TV, fazendo leituras especializadas ou

trocando idéias com outros profissionais da área.

...acompanhando é...algumas equipes né.Tá sempre atualizado pra ser chamado você tem que ta sempre acompanhando mesmo que não esteja trabalhando mas eu to ali olhando, assistindo, conversando com as pessoas né.. Lendo, relação me atualizar, em relação a... essa parte de treinamento né? Muita televisão para poder acompanhar os jogos né? [PI.37]

O estudo nos horários livres, fora do ambiente de trabalho, também foi

verificado na fala de outro professor, ao descrever que estuda para auxiliá-lo na

pesquisa que realiza no IFRN e que atualizar-se em sua área é uma forma de

capacitar-se para realizar seu trabalho.

...com... é... aprofundamento de estudos... como eu tenho também esse trabalho de pesquisa, então queira ou não queira a gente tá sempre... mesmo em casa, a gente tá sempre sendo solicitado por estudantes que estão fazendo suas pesquisas. Também dou muito suporte a um filho que está fazendo engenharia, nas disciplinas, que têm a minha área também, eu dou um suporte em casa, à noite... [PII.24]

Um outro depoimento sobre esse tema relata que a profissão de professor

requer muita dedicação na elaboração das aulas, bem como na elaboração e

correção de avaliações e isso é desgastante por que o tempo que deveria ser

voltado para o lazer é utilizado nestas tarefas. Ela ressalta o cuidado que a pessoa

deve ter em disponibilizar um tempo para si a fim de que o trabalho não ocupe todo

o seu tempo e comprometa seu lazer.

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Até o lazer fica comprometido por que de repente a atividade da escola toma muito tempo em casa. É outra coisa de professor; a gente se desgasta muito por que a gente, quando tá aqui... feriado, onde? Elaborando prova. Então com isso a gente termina...ou você diz: vou parar e vou fazer alguma coisa, senão você se entrega ao trabalho e... [PVI.27]

O voluntariado também se fez presente. É considerado como compromisso

a ser cumprido, inclusive com a pretensão de dar continuidade a esse tipo de

atividade quando advier a aposentadoria.

Aí dependendo da hora... aí à noite eu tenho um, digamos assim, alguns compromissos particulares mais voltados pra parte assim... a questão voluntária, né? O voluntariado. Quando me aposentar eu vou... tempo integral ao voluntariado. [PV.30]

O lazer esteve presente no discurso de mais de um participante da

pesquisa. Relatos sobre viagens feitas no período de férias; passeios e visitas a

parentes, sempre que possível. Caminhadas na praia, sair à noite, tocar violão, ler,

escrever, assistir filmes, utilizar o computador, foram relatados como formas de

utilizar o tempo livre disponível, por alguns entrevistados.

...nas férias normalmente eu viajo, e... é... principalmente viagens de lazer [PII.19] quando eu posso, viajo! Quando posso, vou à praia! Quando posso, vou ao interior também, certo? visitar familiares e amigos. [PIII.27] Descansando. Fico em casa! Às vezes, como moro em Cotovelo, dou uma volta na praia. Fico vendo um filme. E agora, violão, vou ter que exercitar violão, vou ter que ter um tempinho pra exercitar o violão. Ás vezes saio, uma vez ou outra, vou prum barzinho, uma pizzaria, faço mais naaaaaaaaada. [PIV.39] ... sem falar no meu lazer né? É ... a leitura! Eu sou simplesmente apaixonado! Quando eu compro um livro olhe! Eu não trouxe nada hoje mas to com o livro, quando parar em to lendo! Tá aqui marcada a página, deixa eu ver... a leitura pra mim é... eu sou viciado! Mas é viciado mesmo! É um vício danado! E também filmes, né? Eu adoro filme. Eu tenho 480 filmes mais ou menos guardados pra todo dia... eu to montando uma sala pra mim, pra família, lógico! Pra eu no caso pra... e todo dia assistir um filme por que... enfim... E a leitura... Só pra você entender, atualmente eu tenho cerca de uns 240 livros comprados pra ler, na fila de espera! Esses livros todinhos pra ler e... é muito gostoso [V.31] Eu gosto muito de computador. Eu dou uma olhada nos meus e-mails, pra ver se tem alguma mensagem, alguma coisa [PVIII.12] ...aproveita também pra passear né? [PVIII.18]

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72

Outro fator presente às entrevistas foi a questão dos relacionamentos

sociais. A necessidade de ligar para os amigos para conversar um pouco e o

cuidado de visitar os parentes no interior, sempre que possível, demonstram o

cuidado em manter os laços de amizade por parte de um dos docentes. Isso é

ressaltado quando, em seu discurso, ele reforça a importância de manter esses

contatos, seja com os amigos ou com os familiares.

...às vezes eu ligo pra um amigo pra conversar um pouquinho [PVIII.13] A gente sempre visita a família [PVIII.17]

A última categoria revelada nas entrevistas refere-se ao cuidado com a

saúde.

...me cuidando por exemplo: me acordo, em torno de 3h45min manhã, hoje acordei às 3h30min! Me acordo às 3h45min pra caminhar, das 4h às 5h, 5h e pouco [PV.28]

Sobre o fator saúde é freqüente o aparecimento de doenças psicossomáticas

no período que antecede a aposentadoria e também após o trabalhador afastar-se

de suas atividades (FRANÇA, 1999). Então a forma como o pré-aposentado percebe

sua condição de saúde e os cuidados que precisará ter para vivenciar, da melhor

forma possível, sua aposentadoria é um dos três fatores importantes que Resende

(2006) considera importantes para uma boa adaptação.

4.3.3 Tema: Contribuições do PPA no processo de transição para a

aposentadoria

Os relatos revelaram as mais diferentes respostas quanto às expectativas

geradas pelo curso realizado. Desde a manifestação de receio (01), curiosidade

(01), sobre o curso do qual o professor participaria, tendo, no decorrer do tempo

modificado sua impressão quanto a ele, até avaliações sobre a importância dos

módulos e as suas contribuições no que se refere ao autoconhecimento (01) e aos

relacionamentos - quatro participantes - existentes, mantidos ou não ao longo do

tempo, e ainda, nas esferas financeira (03), saúde (01), trabalho, a administração

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do tempo (01 participante) que tem disponível e o que poderá modificar-se com a

aposentadoria, e ainda a possibilidade de refletir, a partir das novas informações

transmitidas (cinco entrevistados). Sobre a importância de planejar-se (01) para sua

aposentadoria.

Um dos entrevistados relatou ter feito a inscrição no curso com uma certa

desconfiança. Oportunidade em que buscou conversar com outras pessoas na

tentativa de obter informações que viessem a minimizar o receio que sentia. Decidiu

se inscrever com a intenção de abandoná-lo caso não viesse a gostar do mesmo.

Primeiro eu entrei no curso né, assim... com a com um pouco de desconfiança né. E também com receio mas...eu naquela...conversei com um, conversei com outro, né? Eu disse: eu vou me inscrever, se eu não gostar...depois abandono né? [PI.52]

No entanto, a curiosidade sobre o que o curso poderia lhe trazer de

contribuições, prevaleceu apesar de acreditar que não haveria muito a ser

acrescentado ao que acreditava já ter definido de como seria sua aposentadoria.

...e aquela curiosidade: o que é que esse curso podia me trazer em relação pra né? Essa minha aposentadoria então achava que já tava mais ou menos com a cabeça feita em relação ao que eu ia fazer, como era! [PI.55]

Ainda segundo esse professor, no começo ele não achou as aulas

interessantes, considerando-as bobas, sem algo que viesse a acrescentar. No

entanto, no decorrer dos encontros, começou a gostar e se identificar com o curso. E

percebeu que estavam sendo trazidas informações sobre as quais ainda não havia

refletido e que foram importantes na sua decisão de adiar o momento de sua

aposentadoria.

Achei assim meia estranha, meia é... meia infantil, meia besteira mas vamu pra segunda, vamos pra terceira, né? Aí comecei realmente a entrar no negócio, e comecei a gostar e comecei a me identificar e começou também a abrir algumas coisas né que... eu não tinha, até então eu não tinha é ... pensado. Então, gostei demais. Acho que me ajudou. Quer dizer...vai me ajudar demais. Me amadureceu mais a idéia um pouquinho de eu ficar mais um tempo também aqui. [PI.58]

Percepção ratificada em seu discurso, ao relatar que um dos momentos

oportunizados pelo curso foi o de reflexão sobre o que os participantes poderiam

estar fazendo ao se aposentar. Essas reflexões levaram o professor a dar-se conta

de ainda não estar pronto para aposentar-se, por acreditar que as atividades que

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havia se planejado realizar na aposentadoria não eram suficientes para assegurar-

lhe viver essa nova fase com qualidade.

...em determinado momento a gente né, teve aquela parte o que fazer também depois e eu depois comecei a me preparar e disse que só essa parte de casa, isso aqui, de Igreja...eu acho que ainda não era suficiente ainda, não tava preparado ainda pra isso então... tô dando mais um tempo aqui [PI.71]

Ainda quanto às novas informações trazidas pelo curso, tem o relato de

outro participante que afirma que os fatos baseados em pesquisas, sobre as

mudanças que ocorrem ao aposentar-se surpreenderam. Por exemplo, a vivência

dessa fase, relatada nos depoimentos dos palestrantes e também o retorno para

casa, a postura assumida em casa.

E lá no curso realmente foi fantástico. Foi fantástico no sentido de quê? É ... havia dados, informações que eu tinha. Mas havia, haviam coisas que foram surpresa pra mim. Quer dizer fatos baseados em pesquisa, daquela coisa do da vivência de outrem, né? Como é que você vai? Tô aposentado, to sem fazer nada. É bom! Mas coisa do tipo, por exemplo... a postura dentro de casa, né? [PIV.55]

Ainda sobre a esfera familiar, esse mesmo professor reforça, em um outro

momento, que o retorno para casa é algo sobre o qual ele não havia pensado antes

do curso. Na rotina de casa, no estreitamento do contato, que torna-se mais intenso.

Quando volta pra casa, aquela coisa da rotina. Então que nunca tinha passado pela minha cabeça. Que realmente essa coisa, esse contato, ele passa a ser mais intenso, mais forte. [PIV.58]

O que é ratificado pelo relato de outro participante sobre a mudança de

postura na esfera familiar, diante da aposentadoria. Para ele, suas expectativas

foram superadas com informações trazidas sobre temas relevantes, com os quais

não estava preocupado, antes de fazer o curso. As informações trazidas, segundo

afirma, facilitarão o percurso nessa nova fase. Ele exemplifica com a organização

familiar que sofre o impacto com o retorno do aposentado ao lar.

O homem, ao aposentar-se e ter mais tempo livre para ficar em casa, ele

passa a viver em um ambiente que lhe é estranho por ter ocupado tantos anos com

o trabalho no espaço público. Dessa forma, em casa o poder não está mais em suas

mãos, mas o outro é quem possui o poder – a esposa. Então é preciso ter cuidado

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75

com a postura assumida pelo casal diante dessa nova realidade pois essa perda de

poder pode levar a conflitos no âmbito familiar (STUCCHI, 2003).

... E...pra mim é... eu acredito que a minha expectativa era uns, vamos dizer assim... talvez 60% do que poderia ter sido, na realidade chegou a 90%, talvez até 100% em termos de de de da minha colocação perante a postura da aposentadoria né? Vocês me abriram horizontes que eu não tava preocupado! Coisas importantes que com certeza vão me facilitar bastante né? Essa nova caminhada. Por exemplo, vamos assim, um exemplo bom, a questão de organização de família [PV.50]

Ter postura mais equilibrada do que eu tenho, quer dizer, de me preparar melhor é a família, não é? Também vai...lógico...minha família sempre dei muita atenção. Mas a atenção diferenciada, não é mais a atenção que eu dava, é uma atenção que não é mais como pai e sim como amigo, tá entendendo? Hoje eu não tenho mais filhos eu tenho amigos. Quer dizer, nessa aposentadoria eu tenho essa visão e... vocês me facilitaram bastante né? Passaram sobre a família, a família; a importância, a importância blá... [PV.57]

De acordo com Resende (2006) a adaptação do aposentado à esfera familiar

acontece em vários níveis, devendo abranger desde a relação conjugal até a

redefinição dos papéis dentro da esfera familiar.

É possível que a família seja o maior ponto de apoio no momento do

aposentar-se. Desta forma, deve-se considerar todos os que constituem o clã

familiar ou que representem esses papéis para o futuro aposentado. (França, 2002).

Essa autora ressalta, ainda, que a aposentadoria pode significar um teste

para o casal pois leva a uma adaptação familiar em que o homem aposentado volta-

se para o lar gerando uma mudança na rotina familiar:

No que concerne à amizade, o módulo sobre relacionamentos chamou a

atenção de um dos professores porque o levou a refletir que, ao longo dos anos,

possui mais colegas de trabalho. Que sacrificou as amizades que não faziam parte

do seu ciclo de trabalho, mas que, a partir da percepção dessa realidade, ele e a

esposa têm tentado contornar a situação tentando retomar o contato com as

pessoas das quais se afastaram no decorrer dos anos.

Principalmente aquele módulo de relacionamento, que é o segundo módulo, aquele módulo me chamou muito a atenção por quê? Por que me fez ver que apesar de você já ter uma idéia de que a rede de relacionamento é importante, principalmente pós-aposentadoria, né? Por que todo aquele convívio que você tem trabalhando, você chega e encontra todo mundo no trabalho mas... é... socialmente, fora desse convívio aquilo me deu um ... né? Uma ... um caminho! Uma frase e alguns caminhos de que realmente (sacrifício fez?) E aí a gente tem procurado, na medida do possível, tentar

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né? De vez em quando... por que você tem amigos né? Que você perdeu o contato, então você poooooode retomar isso aí, dentro da de toda aquela história... [PII.43]

Discurso reforçado pelo de outro participante que afirma que foram muito

boas as informações recebidas sobre relacionamento.

Mas o curso pra mim foi uma maravilha... - É... as informações sobre relacionamento pessoal... Autoconhecimento [PIII.40]

O Programa de Preparação para a Aposentadoria estimula os servidores

que estão próximos à aposentadoria, a buscarem novas possibilidades de atuarem

nos diferentes grupos sociais e resgatarem antigas amizades, muitas vezes

deixadas de lado por terem priorizado os vínculos relacionados ao trabalho.

Quanto ao fator financeiro, os relatos apontam a contribuição desse tema

para os participantes do curso.

eu vou procurar ter mais cuidado principalmente, por, com a parte econômica, vou procurar me colocar melhor a partir daquelas informações, não é? [PV.56]

...e também do... da questão do econômico, né? [PVI.39]

Correspondeu. E reforçou, né? Os planejamentos que eu fazia em termos...assim financeiro...de orçamento, financeiro... em termos de: o que é que eu vou fazer quando me aposentar? [PVIII.20]

A categoria trabalho surgiu no relato de um professor que afirma gostar do

trabalho que realiza, mas não sentirá falta do local de trabalho ao se aposentar.

Gosta do que faz, faz o melhor que pode mas ao sair sua aposentadoria, não se

sentirá mais vinculado à instituição.

...quanto a sentir falta daqui eu não acredito que eu vá sentir muito não... talvez.... não porque não seja importante, eu faço... ninguém faz mais do que, trabalho do que eu faço! Pode ter gente que seja igual a mim mas mais do que eu não pode. Eu gosto muito do que faço mas sei separar as coisas. A minha contribuição é até eu me aposentar, quando eu me aposentar acabou! Acabou mesmo! Eu posso até continuar com trabalhos por fora, prestando serviços, até em projetos, nisso, aquilo outro...[PV.58]

Um outro ponto foi o do trabalho voluntariado, expresso em um dos

depoimentos.

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77

...e atuar nas outras áreas de social, também um leque muito bom que mostrou... [PVI.41]

A questão de administrar o tempo também se fez presente em um dos

depoimentos. O gráfico sobre administração do tempo, visto em sala de aula,

chocou um professor pois ele se viu na situação de estar trabalhando e, de repente,

parar. O que vai fazer com esse tempo que era dedicado ao trabalho? Um dos

entrevistados salientou, inclusive, o cuidado que se deve ter para, ao aposentar-se,

não ser considerado “faz tudo” na família, devido a ser visto como a pessoa que tem

todo o seu tempo livre.

E ele situa você justamente assim: não, se você tá...é... não tá na atividade funcional mas você não pode também ser a carga de tudo da família. “Não, você tá sem fazer nada...” [PVI.37]

Uma coisa que me chocou foi um gráfico, achei aquilo fantástico! Você com a ocupação do seu tempo. Quantas horas você trabalha por dia? Tanto. Quantas horas por semana? Tal. Muito bem. E... se de repente você pára,você retira esse tempo dedicado à ativa. Tenho doze horas pra ficar sem fazer nada, pelo amor de Deus! [PIV.57]

Houve quem não tenha criado nenhum tipo de expectativa sobre o curso

porque não pensava sobre a aposentadoria mas que no seu decorrer, o curso trouxe

contribuições sobre as quais ainda não se havia pensado.

Não esperava muita coisa! Porque no processo de aposentadoria eu não pensava [PIII.39]

Também foi relatado que as expectativas foram superadas, para um outro

professor, devido ao leque de possibilidades do que fazer ao aposentar-se, que

foram apresentadas no curso. Essas possibilidades, segundo ele, são medidas

preventivas no combate à ociosidade e à depressão.

A depressão é um problema de saúde comumente verificado nas pessoas

que se aposentam podendo ser desencadeada pela falta de atividade e de

perspectivas, por parte do indivíduo, podendo ter sua saúde comprometida

(FRANÇA, 1999).

Corresponderam e foi até mais além, né? Por que assim, o curso tem dá um leque de situações em que você, de repente, não poderia nem imaginar que podia se encontrar [PVI.32]

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...e outra que te dê um leque que você, é... esse tempo livre que você tem, você já se programar pra não cair na ociosidade, e não cair na depressão e achar que... acabou por que você se aposentou, não tem mais o que fazer! E entrar nessa e... então ele tem essa visão [PVI.38]

Para um dos participantes, os depoimentos dos palestrantes convidados não

trouxeram muitas novidades pelo fato dele já vir observando, a algum tempo, o

comportamento das pessoas que haviam se aposentado.

O que eu digo que não trouxe muita coisa de novidade é tipo o seguinte, por exemplo: você chamou convidados. Vocês chamam convidados pra dar palestras sobre a vida dele como aposentado, né? Então, aquilo pra mim é uma coisa que eu já observava nas pessoas né? Algumas se preparavam para a aposentadoria. Outras não se preparavam e tinha aquele desmantelo tanto do lado emocional, afetivo, familiar, como o lado financeiro, econômico, etc, sabe? Então, isso aí eu vinha, eu falava, desde que entrei aqui eu sempre comentava: puxa, como é que pode, fulano já se aposentou e tem uma vida dessa, fulano se entregou à bebida, fulano se desmantelou depois que se aposentou. Quando ela tá num momento em que a pessoa é pra tá mais tranqüila, né? Mas não todos. Foi intranqüila para algumas pessoas, então isso aí é que eu quero dizer que, aqueles convidados, claro, acrescenta, mas não foi tanta novidade. Por que há muito tempo que eu venho observando isso. [PVII.37]

No entanto, em um outro momento, o professor menciona que os relatos,

textos e discussões realizados em sala de aula e outras informações, contribuíram

para deixá-lo mais tranqüilo para falar em público.

O curso me deu, me deu algumas informações a mais do que eu já pensava, tá? E ao mesmo tempo o curso me fez, me deixou muito descontraído. Eu não sei por que, se foi a dinâmica do trabalho que vocês aplicaram mas hoje, eu sempre gostei de falar em público, sempre gostei. Mas sempre quando ia iniciar uma falação era aquela tensão toda e, sinceramente, o curso me deu uma tranqüilidade pra isso. [PVII.27]

Relatos! Aqueles trabalhos que vocês botavam pra gente, textos, leituras, aquelas apresentações [PVII.34]

Um outro aspecto revelado foi com relação aos módulos. Para um dos

participantes, os quatro módulos foram importantes para que ele viesse a elaborar

seu projeto de vida, sugerido pelas facilitadoras do curso. No momento, esse

projeto não está sendo usado mas está guardado para ser utilizado ao aposentar-se,

quando pretende pô-lo em prática.

Page 80: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

79

É... e acho que foi muito importante, todos os quatro módulos, tanto o relacional, o autoconhecimento, gestão financeira e o projeto de vida, os quatro módulos, todos eles contribuíram demais pra que eu fizesse esse projeto que está engavetado e é... tentar depois da aposentadoria fazer né? Botar em prática alguma coisa. [PII.40]

E, para encerrar esse tema, um professor relata que o curso possibilitou aos

seus participantes, refletirem sobre se deviam parar ou continuar trabalhando.

...o curso me deu isso aí de eu não parar né? [PI.80]

Os Programas de Preparação para a Aposentadoria apresentam dentre suas

vantagens para os trabalhadores, a possibilidade de que eles desenvolvam um

projeto de vida cujo objetivo é pensar sobre como idealizar um sonho que tenha

ficado guardado durante anos, mas que pode ser planejado e estruturado para pô-lo

em prática, se assim for possível, ao aposentar-se.

4.3.4 Tema: Como imagina que será sua aposentadoria.

Nesse tema, foram identificados, nos discursos, as categorias de

trabalho,com cinco depoentes, relacionamentos sociais, no relato de 01

participante, lazer, também com um entrevistado enunciando essa categoria,

voluntariado, mencionado por dois docentes e família, citado na entrevista de um

participante da pesquisa.

No fator trabalho, identificam-se relatos como o do professor que afirma que

sua rotina não sofrerá muitas alterações pois continuará, em sua percepção,

praticamente com as mesmas atividades que realiza atualmente, como atualizar-se

continuamente, prestar serviços para outras instituições.

Ah...vixe Maria!! (risos) é até difícil a gente assim... eu penso em praticamente ... tirando só aquele horário que eu to dentro da escola, eu vou continuar mais ou menos com as minhas atividades que eu faço hoje, né [PI.74]

...estar sempre atualizado [PI.76]

Page 81: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

80

...prestar alguns serviços esporádicos, não não... sistemáticos né, esporádicos a agremiações né? [PI.77]

O mesmo participante ressalta que, apesar de possivelmente não haverem

muitas alterações em sua rotina, ele chama a atenção para a limitação física como

delimitadora do seu ritmo de trabalho e sinalizará quando chegar a hora de parar.

Agora sempre fazendo as coisas dentro do meu limite. Então, como é que eu parar? Eu vou parar na medida que a idade não dê mais, né? Que aí vai chegando um ponto um ponto né? Que você vai ter... até a questão de se locomover, se a gente conseguir chegar lá, né? Os 90 anos, você vai sendo limitado em determinadas coisas, mas enquanto isso eu vou tentando é ser produtivo né? Não daquele do trabalho formal, que é o trabalho da Escola Técnica; é ser produtivo a pessoa, a família, a amigos, a conhecidos...é...e... como eu falei, a associação, alguma agremiação, né? Então eu acho que é por aí! [PI.84]

O trabalho também aparece como uma alternativa de projeto de vida de um

professor. De acordo com esse projeto, o participante pode seguir por duas

direções: continuar trabalhando na academia, reduzindo seu ritmo, ou ter um

negócio próprio.

Como participante do curso, eu fiz esse projeto de vida é... aí eu teria duas vertentes que eu pudesse continuar [PII.52]

...na academia, não é? Trabalhando como sempre fiz em ensino e pesquisa mas de uma forma mais é... suave né? [PII.53]

...e outra seria na área de... também acho que eu e minha esposa temos uma experiência muito grande que é na área turística. Nós temos uma experiência incrível de viagens e...de se interessar, de ler, temos muita coisa, então nessa área teríamos grandes possibilidades de continuar trabalhando, inclusive a minha mulher também há 5 anos se aposentou também e aí a gente dividiu assim, nessas duas vertentes [PII.58]

Um outro participante relata seu susto diante da possibilidade de aposentar-

se e não ter com o que se ocupar. Então pretende reduzir seu ritmo de trabalho e,

concomitantemente, ir passando a realizar outra atividade.

Descreve, ainda, seus planos de somar sua experiência profissional ao de

sua esposa para, juntos, abrirem um negócio próprio. E acrescenta a necessidade

de capacitação para atingir esses objetivos.

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81

Já. Como seria? E me assustou. Assustou porque você vê o ritmo que eu tenho. Você parar de vez, isso é terrível! Então o que é que eu vou ter que fazer? Eu vou ter que é... primeiro eu acho que tenho que fazer uma coisa que chamo de desmame. Desmame laboral, né? (risos) É reduzir meu ritmo de atividades, minhas atividades e, em paralelo migrando pra outro [PIV.62]

Tava pensando aí em montar um negócio ou tava vendo aí com minha esposa que ela é boa na área de planejamento e projetos também, montar um negócio aí. [PIV.71]

Só que eu tenho que me capacitar. [PIV.72]

Ainda na categoria trabalho, uma professora menciona que ainda não é o

momento de aposentar-se pois teme sentir falta do convívio com os colegas de

trabalho. Então planeja primeiro envolver-se em uma atividade social com o intuito

de, na sua aposentadoria, não ficar ociosa.

Imagino assim, que eu quero estar pronta pra essa decisão assim... não tá sentindo falta de desse convívio aqui, e eu já estar com outro vínculo assim, do lado social, eu já estar engrenada pra quando eu sair daqui eu já tá envolvida com outra atividade que eu vou preencher o tempo mas nesse momento! [PVI.46]

Essa fala ratifica o seu discurso em que menciona o receio de sentir solidão

com a aposentadoria ([PVI.16], pg.85).

A servidora expõe, ainda, que planeja analisar seu atual projeto de vida com

o intuito de saber se o mantém ou se constrói outro.

Mas eu quero já está em mente... tem o projeto de vida que a gente fez no curso mas aí eu quero ver se é aquele projeto mesmo ou se vou criar um outro... [PVI.48]

Para outro professor, a aposentadoria, na verdade, é algo que não

acontecerá tendo em vista que ele deixará de estar no ambiente físico de sala de

aula, para envolver-se com outras atividades para as quais já vem se preparando a

algum tempo.

Na verdade eu eu eu me programei pra, não diria direto para aposentadoria mas eu me programei em tempo pra ter atividade certo? Eu tinha comércio. Tinha seis lojas. Eu fechei por que tava querendo estudar. Então eu pretendo, to construindo um restaurante, né e uma pousada lá no interior. Tô querendo ver se construo uns apartamentos num prédio que tenho lá no Alecrim. Então eu acrescentei uma outra coisa para a perspectiva para a aposentadoria que é se realmente acontecer no próximo ano que é, estou pretendendo entrar na área de pesca por que to me organizando pra comprar um barco próximo ano, entendeu? Pra entrar nessa área de pesca. Então minha aposentadoria, em outras palavras, não vai acontecer, né?

Page 83: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

82

Simplesmente eu vou deixar de estar numa sala de aula, se for o caso, mas atividade vou ter a vontade. [PVII.45]

No relato acima o professor faz menção à etimologia da palavra

aposentadoria que significa voltar-se aos aposentos. Em outras palavras, o

professor assinala que, ao se aposentar, não pretende ficar sem ter alguma

atividade. Substituirá a sala de aula por outra atividade para a qual já se planeja

para exercer.

No que se refere ao sentido da palavra aposentadoria, retorno à esfera

doméstica após a saída do mundo do trabalho. (STUCCHI, 2003).

O fator voluntariado também foi expresso no discurso de dois participantes

quando um deles expõe que sente-se bem em poder ajudar as pessoas através

desse tipo de trabalho e uma servidora ao exarar que sua meta é realizar um

trabalho social pois é algo com o qual sempre esteve envolvida e, no momento, faz

falta em sua vida.

Quer coisa melhor do que você ajudar as pessoas fazendo trabalho voluntário? [PV.67]

mas eu quero estar com o lado social, eu nunca... uma coisa que é meta número um pra mim é eu ter um trabalho social, que eu sempre tive e eu sinto falta [PVI.49]

A categoria família surge na fala de um participante ao relatar os planos de

adotar uma criança ao aposentar-se.

É por que eu tenho plano de adotar uma criança, né? [PVII.31]

E o lazer é mencionado pelo participante que diz pretender tirar um tempo

para si, dedicando-se, inicialmente, a viajar durante um período determinado.

Eu vou tirar um tempo só pra mim. Viajar! Tirar assim um ano mas só pra mim mesmo, dizer: Tá certo, esse ano é meu. Pra depois eu engrenar [PVI.47]

Page 84: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

83

4.4 GRUPO II – SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU

Esse grupo de estudo, que na verdade, é constituído por apenas uma

servidora, e foram construídos três quadros-temas (apêndice B) a partir do protocolo

de entrevista.

Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:

a) Relação entre trabalho e aposentadoria

b) Utilização do tempo livre

c) Contribuição do curso na fase de transição para a aposentadoria.

4.4.1 Tema: Relação entre trabalho e aposentadoria

A aposentadoria é um processo de transição no qual estão envolvidos

sentimentos como apreensão, ansiedade, incertezas sobre essa nova fase da vida

que está para chegar. Adler (1999) credita toda essa ansiedade do indivíduo à

cultura, que valoriza a juventude associando a idéia de aposentadoria à velhice e à

morte.

Em sua fala, a entrevistada, relata a insegurança diante da aposentadoria

como fator que a levou a pensar se continuava trabalhando ou se pediria a

aposentadoria. No caso específico dessa participante, como ela tinha direito a pedir

licença prêmio, optou por usufruí-la, adiando sua aposentadoria por alguns meses.

A professora foi surpreendida pela notícia de que já podia se aposentar. E

para ela, a notícia a deixou apreensiva, insegura, pois não tinha certeza se queria se

aposentar naquele momento.

Para França (1999) o afastamento do trabalhador de sua atividade de

trabalho é, possivelmente, a maior perda social do ser humano e pode gerar danos

ao trabalhador, inclusive em sua estrutura psicológica.

É ... foi assim a incerteza se realmente eu queria me aposentar naquele momento ou não, certo? Até por que foi surpresa pra mim, eu acho que nem tinha o tempo completo ainda, e quando fiquei sabendo que tinha 28,

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84

foi aquela coisa que chegou de vez assim pra mim, eu digo: “não, mas eu não sei se vou querer me aposentar agora, né?” [PIX.17]

4.4.2 Tema: Utilização do tempo livre

Seu tempo, segundo ela mesma relata, é preenchido com várias ocupações,

o que ela considera muito bom, pois não fica ociosa ao longo do dia.

A partir do que a professora menciona, nesse tema foram identificadas cinco

categorias como o contato com a família, os afazeres domésticos, o trabalho que

realiza mesmo após sua aposentadoria, os cuidados com a saúde e uma atividade

como hobby.

A família está presente em seu relato quando menciona a visita que faz

regularmente à sua mãe, ao menos uma vez por semana, e aos seus irmãos, nos

finais de semana, bem como ao exarar o cuidado com as netas e, ainda, as compras

mensais que faz pra sua mãe – a feira do mês.

Na quarta-feira a tarde eu vou ficar com a minha mãe. [PIX.53]

E ...também final de semana saio, vou visitar um irmão que tem, que mora na Zona Norte, tem um irmão que mora na estrada de Genipabu, vou embora e passo o dia por lá, certo? [PIX.58]

Estou com duas netas lá em casa... [PIX.57]

É... faço a feira da minha mãe (risos). A feira grande, né, do mês. Então eu tenho que ter o dia do mês pra fazer a feira dela. [PIX.55]

Outra categoria que surgiu foi relacionada aos afazeres domésticos. Ela

afirma que faz todas as tarefas que uma casa requer e ainda reforma suas próprias

roupas. E, ainda, volta sua atenção para o filho que mora com ela, que sai cedo para

trabalhar, então ela acorda cedo para preparar o café dele.

Primeiro, eu tomo conta da minha casa. Eu não tenho empregada. Então eu lavo, eu passo, eu cozinho, eu arrumo, eu costuro quando eu quero consertar minhas roupas, minhas coisas. Às vezes eu não estou gostando daquele modelo, aí vem uma idéia, vou e desmancho novamente, tá? Eu to até com um monte de, lá em casa, pra reformar e não tive tempo ainda. [PIX.47]

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85

Cuido do meu filho, lavo roupa dele, passo! E... faço algumas coisas pras pessoas, quando precisa, né [PIX.51] Ele era estudante de enfermagem... e agora está trabalhando, então 5:40 da manhã estou levantando pra fazer o café de Ruy. Pra ele sair pra trabalhar, que ele sai às 6:30, certo. Aí, pronto. [PIX.50]

O discurso acima corrobora com o de PVIII ([PVIII.14, pg. 88) sobre os

afazeres domésticos, as tarefas desempenhadas dentro de casa e com o de PVI

(PVI.22 , pg.88) no que se refere à questão de coordenar os diversos papéis de

mãe, professora e dona de casa.

Bernardes (1995) apud Witczack (2005) retrata o trabalho realizado na esfera

doméstica como sendo uma atividade sem remuneração e que acontece no interior

do ambiente familiar com o objetivo de favorecer o bem-estar dentro do núcleo

familiar. Pensamento compartilhado por Segnini (1998) apud Witczack (2005)

quando estabelece a superioridade masculina sobre as mulheres que dedicam-se

apenas ao trabalho doméstico ou assumem uma dupla jornada – trabalho e

atividades do lar enquanto àqueles cabe o provimento do lar com a realização de

atividades exclusivas fora de casa.

No entanto, por ter se dedicado aos afazeres domésticos e ainda, ao

trabalho, a mulher adapta-se melhor à aposentadoria do que o homem pois ela

estabelece outros vínculos que os papéis de dona de casa e mãe lhe conferem.

Uma outra categoria identificada foi a de trabalho. A participante relata que

realiza alguns trabalhos, como revisão lingüística e elabora provas para concursos

realizados pela FUNCERN, mantendo, dessa forma, as atividades que realizava

enquanto servidora da instituição.

Faço revisão lingüística. Agora mesmo estou com a tese de U... [PIX.61]

Participo da elaboração de provas pra concursos pra FUNCERN... [PIX.62]

...faço revisão também, pra FUNCERN [PIX.63]

A aposentadoria não significa, necessariamente, o afastamento do mundo

do trabalho. Seja para complemento financeiro ou pela satisfação no trabalho

realizado. E a dificuldade sentida pelo indivíduo de afastar-se do mundo do trabalho

Page 87: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

86

é proporcional à satisfação sentida com a realização do trabalho. (Zanelli; Silva,

1996) apud (Soares; Costa; Rosa; Oliveira, 2007)

A categoria saúde também está presente no discurso da professora quando

ela afirma praticar atividade física regularmente, todos os dias da semana. Essa

categoria também está presente no discurso de PV.28 (pg. 92) que também relata

os cuidados que possui com sua saúde, através da prática de atividade física.

academia! Todos os dias. Faço hidroginástica e faço yoga. Então eu vou à academia de segunda a sexta, né? E é muito bom. Já fiz outro grupo de amizades lá! [PIX.66] Eu faço hidroginástica, eu faço às 7h da manhã aí a turma é a mesma das 7h. As meninas das 7h! Porque mais ou menos assim o pessoal da terceira idade. Tem gente mais jovem né. Mas a maioria é o pessoal da terceira idade. E vou entrar em pilates também. Que é na terça e quinta pela manhã e à noite eu faço yoga. [PIX.67]

E, para finalizar esse tema sobre a utilização do tempo, o hobby apareceu

como outra categoria quando ela menciona o cuidado que tem com as plantas em

sua casa, inclusive fazendo sua podagem.

Aí, quer dizer, cuido das plantas, por que lá em casa tem um monte de plantas. Eu, o jardim tá até precisando de uma podagem, eu faço essa podagem. [PIX.48]

4.4.3 Tema: Contribuição do curso na fase de transição pra aposentadoria

A partir do protocolo de entrevista, emergiram três categorias:

conscientização, minimização do sofrimento e superação do medo.

Resende (2006) enumera algumas das vantagens do Programa de

Preparação para a Aposentadoria para o trabalhador como facilitar a transição da

identidade profissional para a pessoal e motivar o participante do curso a

desenvolver outros papéis em que podem sentir-se úteis na comunidade da qual

fazem parte e elevar sua auto-estima.

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87

No que concerne à conscientização, a participante relata que, para ela, a

maior contribuição do curso foi a de conscientizar os participantes de que a

aposentadoria é uma outra fase da vida e que pode ser vivida sem ociosidade.

A contribuição maior que eu acho, do curso, é a conscientização através das atividades que são desenvolvidas durante o curso por que são todas atividades direcionadas para as pessoas que se aposentam. Mostrando que a sua vida de aposentadoria não vai ser uma vida ociosa, que você vai ter que se ocupar, certo? Então eu acho assim, que foi a contribuição maior foi essa, no sentido de conscientizar, de levar você a perceber que isso é uma fase da vida e que ela deve ser vivida. E que você vai preencher essa fase da vida! Acho que é nesse sentido. [PIX.69]

Quanto à minimização do sofrimento, o curso possibilitou que ela

vivenciasse o processo de aposentadoria de uma forma tranqüila, sem sofrimento

diante do porvir.

Na verdade, eu devo assim a o a minha conscientização pra me aposentar e me aposentar assim sem sofrimento, sem nada eu devo justamente ao curso. Não sei explicar bem foi isso, foi isso, foi isso, mas eu sei na minha cabeça o sentido de que eu, né, me aposentar sem medo, mais tranqüila, sem medo. [PIX.73]

E, com relação à superação do medo, ela afirma que o curso ajudou a

minimizar o medo que sentia de aposentar-se. Segundo ela, provavelmente, se

tivesse o direito ao abono de permanência, teria continuado a trabalhar.

...na verdade eu estava com medo de me aposentar. Se eu não estivesse com medo, na hora que fiquei sabendo que podia, eu teria pedido minha aposentadoria na hora. Mas eu não pedi. Ainda procurei saber se tinha direito ao abono pecuniário e eu não tinha mais. Já tinha passado. Não tinha mais direito. Quer dizer, se me tivesse dado o direito, talvez eu tivesse ainda continuado, não teria feito o curso! [PIX.86]

O depoimento acima retrata que houve mudança de comportamento da

participante do curso, proporcionada pelo programa, ao relatar que pôde vivenciar o

momento de transição à aposentadoria de forma mais tranqüila, havendo uma

minimização do medo que sentia de aposentar-se.

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88

4.5 GRUPO 03 – SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE

APOSENTOU

Nesta pesquisa foi entrevistado um professor que não fez o curso de

preparação para aposentadoria e não se aposentou mesmo já tendo atingido os

critérios para aposentar-se.

A partir do protocolo de entrevista foram construídos dois quadros-temas

(apêndice C).

Os temas levantados, tendo por base os objetivos da pesquisa foram:

a) O que levou o professor a optar por continuar trabalhando

b) Utilização do tempo livre

No primeiro, destacaram-se três fatores que o levaram a continuar

trabalhando: a questão financeira, a sensação de ser útil no trabalho que realiza e

o relacionamento que mantém com os colegas de trabalho. Enquanto que, no

quadro-tema sobre como utiliza seu tempo livre, surgiram as categorias trabalho e

trabalho voluntário.

4.5.1 Tema: O que o levou a optar por continuar trabalhando

O entrevistado relata que o aspecto financeiro foi relevante na sua decisão

de continuar trabalhando. Ele recebe o abono de permanência, com isso por

enquanto não há diferença no seu orçamento. No entanto, ao solicitar a

aposentadoria, deixará de receber o referido abono e será descontado em seu

salário de aposentado.

Então, por causa disso, no final do outro ano, em 2008 eu recebi o abono. Aí agora ele é o que... A partir do momento que eu oficializar a aposentadoria, passa a haver o desconto no meu salário. Enquanto eu estiver aqui, estamos empatados zero a zero. Eles tiram e colocam. Esse não é o principal motivo, mas é um dos fatores que... mas a qualquer momento eu estou livre e desimpedido pra ir embora. [PX.15]

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89

Um outro aspecto mencionado foi o sentimento de utilidade, de poder

contribuir com seu trabalho para a instituição. Ainda tem condições de colaborar

bastante com seu trabalho.

Eu não me sinto ainda assim... totalmente... eu sinto que posso colaborar, produzir, entendeu? [PX.16]

A categoria relacionamento surge também no protocolo de entrevista e é

considerado, pelo entrevistado, como o fator mais importante para que continue

trabalhando. Segundo ele, sente-se aceito pelos colegas de trabalho e isso faz com

que permaneça trabalhando na instituição.

E também que é mais importante, é que eu sou uma pessoa assim é...é...é... tenho...não tem rejeição no pequeno grupo, entendeu? Então isso faz com que eu permaneça aqui nas minhas atividades laborais. [PX.17]

4.5.2 Tema: Utilização do tempo livre

No relato do professor quanto ao tema da utilização de seu tempo, ele afirma

não ter tempo livre disponível pelo fato de trabalhar os dois expedientes. No entanto,

logo em seguida menciona que, nos finais de semana, dedica-se a realizar trabalho

voluntário na instituição religiosa que freqüenta.

Eu não tenho tempo livre. Eu trabalho dois expedientes. [PX.07] No sábado e domingo eu me dedico à religião. Eu participo com minha esposa, de um trabalho de evangelização infanto-juvenil e colaboro na livraria da Federação Espírita do Rio Grande do Norte. Ah! E tem cargo no conselho deliberativo, sou secretário. E também ajudo lá na livraria, nos fins de semana. [PX.08]

4.6 GRUPO IV – SERVIDORES QUE NÃO PARTICIPARAM DO CURSO E SE

APOSENTARAM

Esse grupo é constituído por dois professores que não participaram do curso

e se aposentaram nos três últimos anos, período da implantação do Programa de

Preparação para a Aposentadoria no IFRN.

Page 91: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

90

Essa escolha por professores que tenham se aposentado após a

implantação do Programa na instituição justifica-se pelo fato de se buscar saber se

eles tinham conhecimento da existência do curso, o que sabiam sobre seus

objetivos propostos e por que não participaram do Programa. Os quadros-temas

elaborados a partir dos protocolos de entrevistas com os participantes desta

pesquisa, cujos temas estão relacionados aos objetivos deste trabalho são

(APÊNDICE D):

a) Relação entre trabalho e aposentadoria

b) Utilização do tempo;

c) Processo de transição para a aposentadoria; e

d) A aposentadoria está sendo como esperava?

4.6.1 Tema: Relação entre trabalho e aposentadoria

A aposentadoria é um processo que se realiza a longo prazo, inciando-se

desde antes do servidor afastar-se de suas atividades e se estendendo até um

tempo após se aposentar Atchley (1989) apud (FRANÇA; VAUGHAN, 2008).

Na fala dos entrevistados estão presentes, enquanto categorias, o prazer com o

trabalho que realiza, a pressão sofrida pelo aumento da carga horária de trabalho e

o cumprimento da legislação quanto ao cumprimento de um período de trabalho

devido à licença tirada para cursar a pós-graduação.

Um dos professores relata que optou por continuar trabalhando mesmo já

tendo o direito de solicitar sua aposentadoria por que gostava do trabalho que

realizava fosse como docente ou na área administrativa, enquanto possuidor de

função de chefia de departamento.

Em primeiro lugar por que eu gostava. Sempre gostei do meu trabalho, tá certo? Seja como professor, seja como chefe de departamento, eu sempre me dediquei a meu trabalho. [PXI.21]

O outro participante desse grupo menciona que começou a refletir sobre a

possibilidade de aposentar-se devidos às pressões sofridas com relação à carga

Page 92: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

91

horária, que foi aumentada. No entanto, ao buscar, no Departamento de Recursos

Humanos, saber sobre seu tempo de serviço, soube que, apesar de ter preenchido

os requisitos para se aposentar não poderia solicitar esse benefício por que teria que

cumprir dois anos de efetivo exercício, enquanto cumprimento à legislação sobre

afastamento para cursar pós-graduação. Ou seja, não foi a professora que decidiu

continuar trabalhando. Ela havia solicitado redução de carga horária, por dois anos,

para cursar o Doutorado. Com isso, só poderia afastar-se após cumprir dois anos de

efetivo trabalho, após o retorno da licença.

A minha decisão de me aposentar foi assim: uns dois anos antes da aposentadoria mas sempre eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo, né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu queria conseguir, então... quando chegou assim uns dois anos eu tive a primeira vontade, porque eu comecei a me sentir um pouco pressionada pela quantidade de horário e fui lá no Departamento de Pessoal e eu não tinha tempo! [PXII.50] Mas aí o que acontecia? Eu tinha feito o doutorado e como eu tinha feito, pedido uma liberação de 50% da carga horária eu tive que ficar o resto do tempo. Então estou ótima! Tá ótimo! Sabe? Porque eu penso exatamente, sabe? Fui maturando...sabe... fazendo uma...reflexão sobre as coisas ... então eu tive esse tempo que não foi nem eu que decidi, né? Mas que foi ótimo pra mim! Então já fui me preparando né! [PXII.51]

4.6.2. Tema: Utilização do tempo

No que se refere ao tema utilização do tempo, emergiram seis categorias. Os

afazeres domésticos que despendem o tempo e ocupam toda a manhã para um

dos entrevistados; os estudos, para outro entrevistado, com a decisão de cursar

uma faculdade após a aposentadoria; o lazer presente no discurso dos dois

participantes; e ainda os cuidados com a saúde, a família.

Com relação aos afazeres domésticos, categoria comum aos participantes

do curso, independente de terem se aposentado; um dos participantes menciona

que, no turno matutino, todos os dias, realiza tarefas domésticas pois, como ele

mesmo justifica, não têm empregada doméstica, a mulher trabalha fora e a filha faz

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pós-graduação, não dispondo de tempo para os cuidados com a casa, ficando com

ele, a responsabilidade por cuidar das tarefas domésticas.

...na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. Na minha casa nós resolvemos, não é? Em função de de de desavenças com empregadas domésticas, deixar de ter empregadas domésticas. Então só tem eu pra fazer, deixar é... preparar o almoço todas as manhãs, entendeu? Então isso me leva a manhã toda! [PXI.28] De 8h até 11h fico ocupado na cozinha, depois vou buscar minha esposa. [PXI.30] Aí quando dá 6h vou pra cozinha de novo lavar a loucinha que eu adoro, certo? [PXI.33]

Com relação aos estudos, a entrevistada relata estar cursando uma

faculdade desde que se aposentou. Na oportunidade, ela cursa a graduação, como

ela mesma menciona, usando do máximo de sua liberdade para freqüentar a

instituição de ensino. Com isso, por exemplo, ela só freqüenta a Universidade três

vezes por semana. Para ela, essa possibilidade de usufruir dessa liberdade, torna

seu estudo mais prazeroso. Seu objetivo com essa graduação é poder trabalhar sem

vincular-se a uma instituição na qual teria que cumprir horários institucionais

obrigatórios.

... estou fazendo Psicologia na UNP... Então estou usando o máximo dessa minha liberdade de escolha. Então estou fazendo o curso da UNP, pra mim é liberdade máxima! Eu to fazendo meu curso, três dias na semana! [PXII.17]

Aí agora estou estudando né, estudando com afinco, estudando muito mas é muito prazeroso, o curso de Psicologia!... [PXII.47] ...então é isso que eu to preenchendo minha vida agora, depois de aposentada. Vou estudar e querer depois trabalhar em coisas assim sem ser institucional sabe?... [PXII.49]

Resende (2006) considera a importância da reeducação nessa transição do

trabalhador. França (1999) relata que o aproveitamento da mão-de-obra da pessoa

com mais idade, pelas empresas, gera uma reflexão sobre o trinômio escola-

trabalho-aposentadoria que, segundo ela, não precisa necessariamente seguir essa

ordem.

Page 94: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

93

A categoria lazer está presente no discurso dos dois participantes. Para um

deles, estão entre as atividades prazerosas que realiza, assistir filmes, ler e cuidar

de seu cachorro. E ainda, às vezes, aos sábados, como ele mesmo afirma, vai a um

barzinho que tem próximo à sua casa e fica um tempo por lá, retornando em

seguida, para sua casa.

Aí, não! Vou assistir um filme até 3h, vou ler um livro e cuidar do meu cachorro. [PXI.32] No sábado pela manhã é que às vezes, né, eu saio um pouquinho aí tem tem, na minha rua tem um barzinho, não é? Aí eu vou lá e converso de 8h até 9h, aí já venho pra casa e já fico na minha casa e pronto. [PXI.17]

Para o outro participante, o lazer está relacionado a administrar seu tempo

de forma que possa fazer, ao longo do dia, o que lhe dá prazer, como ir ao shopping

e ao cinema.

...Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né? De noite eu só faço lazer sabe? Vou ao shopping quase todos os dias pra ver a praça (risos) vou pro cinema sabe? Faço tudo ou não faço naaaaada! Então estou administrando meu tempo com muito mais facilidade. Eu... o resto do dia é todo administrando coisas que me dão o maior prazer. [PXII.57]

Também foi mencionado nas entrevistas, o cuidado com a saúde presente

no discurso de um dos participantes ao relatar que freqüenta diariamente uma

academia pra práticas de atividade física.

... antes eu faço academia, certo. Então todo dia faço... é é é vou pra academia 7 horas da manhã. Então já me ocupo das 7h até 8h. [PXI.29]

Outra categoria que emergiu foi referente à família, citada por apenas um

participante ao expor a disponibilidade que passou a ter para estar com a família.

Tempo esse que agora é compartilhado com mais “leveza”, conforme explicitado

pela entrevistada.

Eu sempre gostei muito de ser mãe, de ser avó, sabe? É maravilhoso, tem muita responsabilidade mas é muito bom. Então é isso aí também né? É um tempo muito gostoso que agora estou fazendo com mais leveza, né? [PXII.58]

Page 95: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

94

4.6.3 Tema: Processo de transição para a aposentadoria

Esse tema está voltado para buscar identificar como se deu o processo de

transição para a aposentadoria para esses professores desde quando começaram a

refletir sobre a possibilidade de usufruir desse benefício até o requerimento do

mesmo. Foram identificadas quatro categorias originadoras da decisão em

aposentar-se: o cansaço devido ao acúmulo de turmas, o que gera a fadiga; a

sobrecarga do trabalho como originadora desse cansaço; a política e a saúde.

A sobrecarga do trabalho é mencionada por um dos participantes desse

grupo. Para ela, o trabalho é apenas uma das várias esferas da vida, é “uma parte

de sua existência”. No entanto, o que as instituições buscam é a dedicação de seus

funcionários, espera-se que eles trabalhem em demasia. Então a professora se viu

com uma sobrecarga de trabalho o que a levou a refletir sobre a possibilidade de

aposentar-se.

a preparação, no meu caso, foi... eu fui naturalmente, sempre eu achei que o trabalho é uma parte da vida, então eu sempre achei isso independente de qualquer discurso exterior, quer dizer, as pessoas querem que as pessoas trabalhem muito! A instituição veste a camisa! A instituição é você! E eu não acho, nunca achei nada disso! Eu sempre acho que qualquer instituição é uma parte da sua existência. Que é muito mais, é muito maior... [PXII.40]

Sua fala é reforçada em outro momento, ao mencionar o cansaço que

passou a sentir no decorrer do trabalho.

Agora eu comecei a me sentir muito cansada! Porque antes eu ensinava no nível superior, tinha também que diminuir no nível médio. E no último ano foi muito estressante assim eu nem imaginava que seria tão estressante! Porque eu fiquei no nível superior, com 3 disciplinas diferentes, porque uma coisa é você ensinar no nível médio, você chega em cinco turmas bem, mesmo os meninos sendo muito medonhos mas tudo bem. É só uma questão de comportamento mas nunca tive problemas com isso! Mas você ensinar Geografia Urbana, Geografia da População, Lazer e Urbanismo e ainda depois ser cobrada estando com 2 turmas do primeiro ano do segundo grau. Então aí eu fui me sentindo sufocadíssima! E como eu já tinha tempo pra aposentadoria, isto é, já ia completar tempo pra aposentadoria achei melhor refletir: olha, as coisas só é boa enquanto for prazerosa, então, eu adoro ensinar, adoro! Agora chega um ponto que... aí sabe! Eu trabalho há muito tempo, vou lá ver se tenho tempo! [PXII.32]

... Aí fiquei sobrecarregada, então chegou meu limite, né! [PXII.34]

Page 96: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

95

Para o outro entrevistado, um dos motivos de solicitar sua aposentadoria foi

a questão de saúde. Ele tirou licença para tratamento de saúde e, ao voltar ao

trabalho, ficou com receio de adoecer novamente. Daí requereu a aposentadoria.

Bom. A minha aposentadoria. Ela ocorreu muito mais em face, face um problema que tive. Eu tive um problema no joelho. Eu passei de licença. Estava de licença mas passei doente. Depois foi caracterizada uma necrose no joelho, não é? Aí eu tive que passar 3 meses de licença médica, não é? E quando retornei. Então eu resolvi que, eu tive medo de voltar pra sala de aula e ter problema no joelho de novo não é? E voltar à licença médica, de novo. Então eu resolvi me aposentar. Essa foi uma das razões. [PXI.18]

Um outro fator determinante em sua decisão de aposentar-se foi a questão

política. Para ele, os excessos de “politicagens” na instituição reforçaram sua

decisão.

É. Uma das razões. A outra razão, certo, foi mais uma razão de foro íntimo assim... em relação à política. Eu senti a instituição é... muito mais por... é... excessos de de de politicagens, entre aspas, tá certo? Então é o tipo de coisa que eu não gosto de me envolver. Foi mais uma razão pra eu deixar. [PXI.19]

4.6.4 Tema: A aposentadoria está sendo como esperava?

Nessa temática, surgiram Outros fatores que emergiram foram a família, e

também a liberdade, aqui enquanto possibilidades de escolhas. Foram

mencionados também as relações sociais, trabalho e a questão financeira.

Enquanto um dos entrevistados expôs que para ele a aposentadoria é uma

conquista, um prêmio, a possibilidade de fazer algumas coisas que tem vontade,

com liberdade, esta proporcionada por essa nova etapa de sua vida; o outro

participante sente-se, de certa maneira, aprisionado, pois a necessidade de ficar em

casa durante todo o dia, cuidando dos afazeres domésticos, gera nele essa

sensação de aprisionamento, sente-se solitário, não apresentando-se a

aposentadoria, para ele, como ele esperava que fosse.

O entrevistado que relatou sua percepção da aposentadoria como uma

conquista após anos de dedicação ao trabalho, reforça seu discurso quando

Page 97: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

96

menciona que a aposentadoria é um privilégio de não ter obrigação de cumprir

determinados horários institucionais e tendo com isso a liberdade de escolhas

anteriormente não possíveis devido às obrigações institucionais a serem cumpridas.

Eu acho assim, que a minha aposentadoria foi uma grande conquista. Eu

acho que a aposentadoria não é nada a não ser uma conquista. [PXII.44]

...eu tenho o privilégio, é isso que eu digo eu tenho o privilégio, puxa vida!

Eu estou com o privilégio de não ter essas obrigações entendeu ? Eu tenho

esse privilégio. [PXII.48]

...eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo, né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu queria conseguir, então... [PXII.50]

A categoria aberta família está presente no relato de um entrevistado ao

mencionar que, devido à obrigação de ficar em casa, isso gera nele a sensação de

estar aprisionado de acordo com o discurso a seguir:

Então, quer dizer, isso e essa obrigação um pouco de ficar em casa. Eu tenho minha esposa e tenho minha filha. Minha esposa trabalha pela manhã e à tarde, certo? Então não tem quem fique em casa e eu tenho um cachorro que a gente gosta muito, certo? E minha filha estuda o dia todo e todo dia ela tem que estudar por que ela tá terminando já o mestrado e precisa estudar. Então ela não pode tomar conta das coisas. Então eu tenho que estar presente, certo? [PXI.36]

Seu discurso é reforçado na fala a seguir:

Então isso atrapalha um pouco... podia ir à Brasília, poderia ir que eu tenho família lá, passar uns dias. Mas em azão desse né, contexto! Aí eu fico um pouco preso. [PXI.38]

Então, para ele sua aposentadoria não está sendo como imaginava que

seria, ele gostaria, por exemplo, de viajar, no entanto, não vislumbra essa

possibilidade, por enquanto,

Mas eu gostaria de quê, meu filho mora em Porto de Galinhas. Eu gostaria de ir lá passar uma semana, tá compreendendo? Mas não em função até de da minha esposa e de de de de minha filha, entendeu? [PXI.37]

Page 98: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

97

Em outro momento, ele relata a solidão que vivencia, às vezes,

Às vezes eu fico assim por que tem dias que eu não troco nenhuma palavra com ninguém, certo? Então é uma coisa que realmente me machuca um pouco, sabe? De eu ser assim um pouco anti-social. [PXI.17]

Afirma não sentir falta do trabalho em si, pois trabalha em casa todos os

dias, mantendo-se ocupado,

Olhe, na verdade eu não vou dizer que sim, certo? Por que envolve questões que são, vão além da... do meu, do meu dia-a-dia assim... por exemplo, então eu não sinto falta de trabalho, tá certo? Eu não sinto falta do trabalho. Por que na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. [PXI.28]

E, esse mesmo participante, afirma que, apesar de tudo o que expôs o que

ele sente mais, o que o surpreendeu na aposentadoria foi a perda financeira que se

sucedeu. Então, ele não está gostando muito da experiência de estar aposentado

porém, o que gera esse não gostar dele com maior ênfase é o aspecto financeiro

mesmo.

... na verdade hoje eu poderia até dizer assim, que não estou gostando muito mas não sobre esses fatores assim... é mais um fator da perda de uma questão financeira que possuía. Que quando eu me aposentei eu tinha uma certa reserva. O meu salário era um. Assim que me aposentei, com pouco tempo, foi suspenso o Bresser, né? E, além disso, parte da reserva que eu tinha eu tive que pagar uma, a uma empregada doméstica na justiça. [PXI.34]

A seguir o quadro 4.1 é uma síntese das categorias identificadas na pesquisa

e auxilia na visualização das categorias comuns e as que diferem entre os grupos

pesquisados.

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101

GRUPO CONTINUAR TRABALHANDO

UTILIZAÇÃO DO TEMPO

CONTRIBUIÇÃO DO CURSO

COMO IMAGINA QUE SERÁ A

APOSENTADORIA

RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E

APOSENTADORIA

PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA

A APOSENTADORIA

APOSENTADORIA ESTÁ

SENDO COMO ESPERAVA?

Grupo I

- Prazer no trabalho - sentir-se útil -relacionamentos sociais - financeiro

-afazeres domésticos - trabalho - voluntariado - lazer -relacionamentos sociais

-relacionamentos sociais - financeiro - saúde - trabalho -administração do tempo

- trabalho -relacionamentos sociais - lazer - voluntariado - família

Grupo II

-afazeres domésticos - trabalho - família - Saúde - lazer

- conscientização -minimização do sofrimento - superação do medo

- insegurança

Grupo III

- financeiro - sentir-se útil -relacionamentos sociais

- trabalho - trabalho voluntário

Não pensa em se aposentar

Grupo IV

-afazeres domésticos - lazer - estudos - saúde - família

- prazer no trabalho - carga horária - cumprimento da legislação

- cansaço - sobrecarga - política - saúde

- relações sociais - financeiro - família - liberdade - trabalho

Quadro 4.1 Síntese dos resultados

Fonte: Elaborado pela pesquisadora a partir da análise interpretativa. 2010

Page 100: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

99

O quadro 4.1 demonstra que a questão financeira, os relacionamentos

sociais e a sensação de sentir-se útil são fatores comuns que levaram os servidores

a continuar trabalhando independente de terem participado ou não do curso. O que

difere entre esses dois grupos é o prazer no trabalho que surgiu entre os

participantes do curso que não se aposentaram. Prazer no trabalho realizado

também foi identificado no discurso de quem se aposentou e não fez o curso.

Quanto à utilização do tempo a categoria afazeres domésticos só não foi

mencionada pelo entrevistado que não participou do curso e não se aposentou;

estando, esta categoria, presente nos demais grupos.

Ainda nesse tema, a categoria lazer apenas não está presente no discurso

do servidor que não participou do curso e não se aposentou. O servidor justifica que

trabalha os dois expedientes não tendo, por isso, tempo para o lazer.

A categoria voluntariado aparece, no tema referente à utilização do tempo,

nos grupos dos servidores que não se aposentaram, independentemente de terem

participado ou não do curso. E surgiu, também no primeiro grupo como atividade a

ser realizada ao se aposentar.

Os cuidados com a saúde estão entre os que se aposentaram, também

tendo ou não feito o curso.

A categoria trabalho surge apenas entre os participantes do curso.

A atenção dada à família também aparece apenas no discurso dos que já se

aposentaram.

Quanto às contribuições do Programa de Preparação para a Aposentadoria

não houve categorias comuns entre os que participaram e não se aposentaram e o

servidor que se aposentou, ou seja, não houve contribuições comuns do curso para

esses dois grupos.

No que se refere à relação entre trabalho e aposentadoria, também não

houve semelhanças nesse tema, pois apenas a servidora que participou do curso e

se aposentou relatou a insegurança que sentia diante da aposentadoria.

Page 101: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme apresentado anteriormente, o presente estudo teve como objetivo

principal, compreender como os professores do IFRN – Campus Natal Central –

vivenciam a transição para a aposentadoria.

Neste trabalho, ainda foi possível identificar, através dos objetivos

específicos, os fatores que levaram os professores por continuar trabalhando;

conhecer de que forma o tempo livre é utilizado pelos servidores que ainda não se

aposentaram e de que forma os professores aposentados ocupam seu tempo;

conhecer as expectativas dos servidores diante da aposentadoria; conhecer como

está sendo a aposentadoria para os professores que se aposentaram; e identificar

se o Programa de Preparação para a Aposentadoria contribuiu para a re-significação

da aposentadoria.

Os sentimentos que estiveram presentes nos diferentes estágios do

processo de aposentadoria foram a insegurança; o medo do futuro após a

aposentadoria; o susto diante da idéia de ter tanto tempo livre, após a

aposentadoria.

Os fatores que levaram os professores a optar por continuar trabalhando

foram o prazer no trabalho que realiza; sensação de utilidade; os relacionamentos

sociais mantidos no trabalho e a partir dele. O prazer no trabalho possivelmente

devido ao fato da própria realização da atividade ser um dos pontos positivos que o

trabalho proporciona ao trabalhador (FRANÇA, 1999).

No que se refere à sensação de sentir-se útil, é provável que isso aconteça

devido à associação que muitas vezes é feita entre os termos aposentadoria e

idade. Ou seja, a aposentadoria é comumente associada à velhice e à inutilidade

social indicando esse momento como decadente, revelando nesse caso, o sentido

de que o aposentado é aquele que retorna aos aposentos (VERAS, 2003).

Na visão masculina, estar aposentado significa, muitas vezes, avocar uma

dimensão de desvalorização social por que com o afastamento do trabalho ele

passa a não dispor mais do status que o trabalho lhe conferia, nem as

responsabilidades e o prestígio que são próprios da atividade realizada. O que difere

das mulheres, pois estas, com a aposentadoria permanecem nas atividades

Page 102: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

101

domésticas mantendo seu papel social. Para a mulher, a ruptura acontecerá não no

momento da aposentadoria mas com a viuvez (WITCZAK, 2005).

Quanto aos relacionamentos sociais mantidos no trabalho e a partir dele,

Existe a crença de que os relacionamentos sociais podem diminuir com a

aproximação da aposentadoria. Isso pode acontecer, principalmente com aqueles

que limitam suas amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a

aproximação pelos interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das

atividades a serem realizadas. No entanto França (2002) assinala que se os

interesses e as atividades forem diversificados o estabelecimento e manutenção dos

vínculos sociais serão favorecidos.

Para Muller (1992) apud DEBETIR e MONTEIRO (1999) a dificuldade que o

indivíduo vivencia no momento de afastar-se do trabalho, deve-se, principalmente,

porque ele ainda percebe-se como possuidor de suas capacidades, física, mental e

psicológica, reforçando os discursos dos entrevistados sobre o prazer no trabalho e

o sentimento de utilidade enquanto fatores para continuarem trabalhando.

Diante do tempo livre os servidores que não se aposentaram relataram que

o utilizam com os afazeres domésticos; com o trabalho voluntariado; o lazer

(passeios, viagens); a manutenção dos relacionamentos sociais; cuidados com a

saúde, através da prática de atividade física; e atualizando-se para realizar melhor

seu trabalho.

Já os professores que se aposentaram ocupam o tempo que têm disponível

com os cuidados com a família; com os afazeres domésticos; continua trabalhando,

em outra atividade; cuidados com a saúde, através da prática de atividades físicas;

retorno aos estudos (cursando faculdade) e com lazer.

O tempo é um aspecto também importante a ser considerado porque ao

aposentar-se, uma nova necessidade social se impõe ao indivíduo para que

“disponha de si para si mesmo” (WITCZAK, 2005.p. 33). Ou seja, o tempo que antes

o indivíduo gozava, era imposto pela empresa, pelas instituições sócio-políticas ou

familiares mas ao aposentar-se, não se trata mais de gozar o tempo livre disponível

mas sim de ocupar esse tempo que antes era ocupado pelo trabalho.

Quanto às expectativas dos servidores diante da aposentadoria foi

identificada a insegurança diante do desconhecido.

Page 103: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

102

Nos depoimentos dos servidores que se aposentaram sobre como está

sendo a aposentadoria para eles destacaram-se a possibilidade de fazer coisas que

têm vontade, com liberdade proporcionada pela aposentadoria.

Essa é uma das possibilidades de significado da aposentadoria para o

trabalhador, quando finalmente não precisará mais realizar uma determinada

atividade, libertando-se de horários a serem cumpridos, de rotinas, podendo

vivenciar o prazer dessa liberdade (FRANÇA, 2008)

No entanto houve também o relato de um servidor que menciona sentir-se,

de certa forma, aprisionado, devido à necessidade de ter que ficar em casa cuidando

dos afazeres domésticos, quando poderia viajar e afirma, ainda, que sente-se

solitário.

Isso pode acontecer, principalmente com aqueles que limitam suas

amizades ao ambiente de trabalho; local que propicia a aproximação pelos

interesses em comum que são ali estabelecidos, em torno das atividades a serem

realizadas (FRANÇA, 2002).

Essa solidão sentida pelo participante reforça a insegurança revelada no

discurso de alguns participantes ao relatarem os relacionamentos sociais mantidos

no trabalho como um dos fatores geradores da opção por continuar trabalhando.

Com isso ressalte-se a importância da manutenção de vínculos sociais não apenas

no trabalho mas também fora dele.

Ao comparar os grupos participantes e não participantes do curso de

Preparação para a Aposentadoria, os discursos dos entrevistados demonstram

similaridades em alguns aspectos. Os motivos que levaram os servidores a continuar

trabalhando são os mesmos tanto para os participantes como os não participantes

do curso preparatório para a aposentadoria.

Quanto à utilização do tempo também houve fatores comuns tanto para

quem participou ou não participou do curso. Não havendo, portanto diferenças

significativas entre esses grupos.

Quanto à percepção dos servidores sobre a contribuição do Curso de

Preparação para a Aposentadoria na re-significação desta, houve contribuições sim.

Foram citados o resgate das antigas amizades; cuidados com a saúde; as atitudes a

serem tomadas no âmbito familiar, quando se aposentar; a conscientização de que a

aposentadoria é uma outra fase da vida e que pode ser vivida sem ociosidade,

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103

possibilitando vivenciar esse processo de uma forma tranqüila, minimizando o medo

e sem sofrimento diante do futuro.

Portanto, refletir sobre a aposentadoria é refletir sobre suas implicações nas

diversas esferas da vida nessa nova fase do indivíduo, que não deve ser associada

à idéia de velhice, de morte, mas que está entre a maturidade e a velhice

(STUCCHI, 2003), repleta de possibilidades.

Esta pesquisa limita-se pelo fato dos resultados apontados neste estudo de

caso, através da pesquisa qualitativa, apesar de suas contribuições, não se visualiza

sua generalização.

Para estudos futuros, sugere-se a realização desse tipo de investigação com

os servidores técnico-administrativos e ainda, um outro para verificar se existem

diferenças na forma de vivenciar a aposentadoria para os trabalhadores que

exercem essas funções.

Page 105: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

104

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Page 113: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICES

Page 114: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE A

SERVIDORES QUE FIZERAM O CURSO E NÃO SE APOSENTARAM

QUADROS-TEMAS

Page 115: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA:

O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do discurso

PI.12 - Primeiro... é o seguinte: a atividade

de professor que eu exerço a a aqui...eu faço

com o maior prazer então praticamente não

é nem um trabalho é é um trabalho pra eu

me divertir

O trabalho realizado é prazeroso

Diverte-se com o trabalho que

realiza

Prazer no trabalho PI.12, PI.18

PIV.19, PVI.63

A atividade realizada é tão prazerosa que não é

considerada, pelo entrevistado, como uma

obrigação mas como uma diversão.

PI.13 - e...também aconteceu o seguinte: eu

implantei aqui a 2 anos atrás a equipe de

feminino que até...até...uns tempos atrás era

um tabu, era proibido, inclusive a gente

ainda continua com isso, algumas mães,

inclusive, tão, não querem... é as meninas no

futebol de salão e no futebol de campo,

então existe todo um preconceito

Trabalho inacabado Desafio e identificação

com o trabalho

PI.13, PI.14

PI.17

Implantação, a dois anos, de uma equipe feminina

de futebol. Modalidade anteriormente vista como

tabu e, segundo relato do professor, essa

atividade ainda enfrenta algumas dificuldades

como por exemplo, o de algumas mães não

aceitarem que suas filhas joguem; representando

um desafio para o entrevistado.

PI.14 - eu comecei esse trabalho né e me

identifiquei demais com o grupo

Identificação do professor com a

equipe do projeto

Desafio e identificação

com o trabalho

PI.13, PI.14

PI.17

O professor acompanha esse trabalho desde o

seu início e identifica-se com esse programa.

PI.17 - eu achei que ainda não tinha

terminado esse ciclo com esse grupo aqui,

ainda não tá ...implantado ainda pra ficar, um

negócio ainda definitivo né? E eu fiz essa

opção...

trabalho inacabado Desafio e identificação

com o trabalho

PI.13, PI.14

PI.16

Para o professor, esse trabalho ainda está em

andamento, ainda não está implantado

definitivamente. Então ele pretende continuar

envolvido com essa atividade até que ele esteja

encerrado, quando então se aposentará.

e principalmente depois que eu me

aposentei, eu aposentei que digo, que tô

com o direito, que adquiri o direito é que eu

venho pra escola com...até com mais prazer

né? [PI.18]

Após aquisição do direito de

aposentar-se, o professor vai ao

trabalho com mais prazer

Prazer no trabalho PI.12

PI.18

PIV.19

PVI.63

Após ter adquirido o direito de aposentar-se, vai

ao trabalho com mais prazer, não sentindo mais a

obrigação de trabalhar. Quando decidir aposentar-

se poderá fazê-lo pois já atingiu os requisitos

necessários.

PI.19 - Eu não sinto aquela aquela obrigação

de ter que vir pra a Escola, ter que dar aula,

ter que trabalhar, certo?

Trabalho não é percebido como

obrigação

Prazer no trabalho PI.12, PI.18

PIV.19

PVI.63

O trabalho não é percebido como uma obrigação.

O professor não carrega consigo a obrigação de

ter que ir para o local de trabalho e ministrar suas

aulas.

Page 116: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

PI.21 - E eu acho que... e também encontro

aqui na Escola alguns ex-aposentados

também, que quando a gente se encontra...

Os ...aposentados aliás, desculpe! (risos).

Os aposentados que trabalharam comigo na

época né? E...a gente, às vezes, bate até

uns papos gostosos, então... me sinto bem

aqui dentro da escola

Possibilidade de reencontrar

colegas que já se aposentaram

Relacionamentos sociais PI.21 Sentir-se bem no ambiente de trabalho. Local que

possibilita encontrar ex-colegas, que já se

aposentaram, momentos em que conversam

agradavelmente.

PIII.15 - Bom eu acho que ainda tenho muita

contribuição a dar

Professor relata ter muito a

contribuir com seu trabalho

Sentir-se útil PIII.15, PIII.18

PIV.19,PIV.25

Professor acredita que ainda tem muito a

contribuir com o seu trabalho na instituição pois

relata ainda ter muita energia para continuar

trabalhando.

PIV.19 - ...primeiro eu tenho energia ainda

suficiente pra trabalhar

Professor ainda possui energia

para o trabalho

Sentir-se útil PIII.15, PIII.18

PIV.19,PIV.25

PIV.21 - Essa essa essa minha atividade ela

me revigora

Professor sente-se revigorado

com o trabalho que realiza

Atividade revigorante PIV.21 O trabalho renova suas forças.

PIV.23 - Às vezes, à noite eu chego

cansado. Tão cansado. Mas eu tenho que ir

né? Compromisso, tenho que ir. Aí começa a

aula, daqui a pouco pum pum pum pum borá

borá borá. “Professor, olha a hora!” Não

calma, tem mais assunto qui vai! “Professor

olha a hora!” Não senhor, vamos terminar o

assunto!. Quer dizer, né? Então me revigora

muito.

Apesar do cansaço o

compromisso com o trabalho é

mantido e ao chegar em sala de

aula, sente-se revigorado

Atividade revigorante PIV.23 Apesar do cansaço, há o compromisso com os

alunos. Então tem que ir ministrar aulas mesmo

não estando com muito ânimo. Mas aí, a dinâmica

da sala de aula vai envolvendo o professor e suas

forças vão sendo renovadas no decorrer do

trabalho.

PIV.15 - Eu acho que a questão de você

estar em contato com com o jovem, de você

estar em contato com o mercado de

trabalho, você se sente uma pessoa útil.

O contato com o jovem e com o

mercado de trabalho possibilita

o sentimento de utilidade

Sentir-se útil PIII.15, PIII.18

PIV.19,PIV.25

O constante contato com os jovens e também com

o mercado de trabalho faz com que a pessoa,

afirma o professor, sinta-se uma pessoa útil.

PVI.12 - Foi um bocado de fatores. Mesmo o

financeiro que, queira ou não, é um peso

A questão financeira pesa na

hora de decidir sobre

aposentadoria

Fator financeiro PVI.12,PVI.13

PVI.15

Vários fatores contribuíram para que optasse por

continuar trabalhando. Mas a questão financeira

foi determinante.

PVI.13 - e também aqui... eu me encontrar Reestruturar-se financeiramente Fator financeiro PVI.12,PVI.13 Primeiro reestruturar-se financeiramente pois veio

Page 117: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

direito aqui, ainda to me achando, certo? PVI.14,PVI.15 transferida de outro estado e ainda está se

reestruturando.

PVI.14 - Em tudo! (risos) Por que depois de

23 anos eu trabalhando num lugar com toda

a estrutura, quando eu vim pra cá então eu

achei... agora que eu to me refazendo da

mudança.

Reestruturando-se

financeiramente após a

mudança

Fator financeiro PVI.12,PVI.13

PVI.14,PVI.15

Só agora, após seis anos que foi transferida é que

está começando a se refazer da mudança, a se

reorganizar.

PVI.16 - Se eu me aposentasse eu ia ficar

muito só

Possibilidade de sentir solidão

ao aposentar-se

Relacionamentos sociais PI.21, PVI.10

PVI.16,PVI.17

Com a mudança de outro estado, seus amigos de

toda uma vida ficaram lá, então ainda não fez

muitas amizades por aqui. Então, se se

aposentasse agora, acredita que sentiria muita

solidão.

PVI.17 - Aqui eu tenho contato com as

pessoas

Contato com outras pessoas Relacionamentos sociais PI.21, PVI.16

PVI.17

No trabalho, de qualquer forma está sempre

conversando com alguém, trocando idéias e não

se sente só.

PVI.18 - aqui eu me sinto mais produtiva Sente-se mais produtiva Sentir-se útil PIII.15,PVI.18 Sente-se útil por poder contribuir comk o seu

trabalho para a instituição.

PVI.63 - Mas dar minhas aulas, estar aqui

com você, to fazendo um projeto meu, isso é

uma realização muito mais minha do que

uma obrigação pra instituição! Tá

entendendo?

Trabalho percebido como

realização e não como

obrigação

Prazer no trabalho PI.12, PI.18

PI.19, PV.63

A possibilidade de ministrar aulas; de dedicar-se a

seus projetos é, para o professor, muito mais uma

realização profissional do que uma obrigação para

com a instituição.

Page 118: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA:

UTILIZAÇÃO DO TEMPO LIVRE

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas

do discurso

PI.30 - É... agora... (risos) é...é... o tempo livre é muito...nos

afazeres até de casa, né?

O tempo livre

voltado para as

atividades de casa

Afazeres

domésticos

PI.23, PI.36, PI.43,

PVI.22, PVIII.14

Tempo livre voltado para os

afazeres de casa.

PI.31 - ... gosto muito de plantas é...vivo...fazendo ... alguns jardins,

né, na casa do...não só lá em casa, na casa de alguns amigos

Gosto pelas plantas

o que o leva a

cuidar de alguns

jardins

hobby PI.31, PIII.33 Gosto por plantas. Com isso é

convidado por amigos para cuidar

de alguns jardins

PI.36 - papai também tem uma casa de praia, a gente sempre fica

lá...sempre passa o ano quase todo fazendo alguma atividade lá.

Porque é um negócio que quebra muito...

Casa de praia

requer bastante

manutenção

Afazeres

domésticos

PI.23, PI.36, PI.43,

PVI.22, PVIII.14

Casa de praia é um bem que

requer muita manutenção por

quebrar com freqüência. Então

sempre tem algo para consertar

PI.37 - acompanhando é...algumas equipes né.

Tá sempre atualizado pra ser chamado você tem que ta sempre

acompanhando mesmo que não esteja trabalhando mas eu to ali

olhando, assistindo, conversando com as pessoas né. Lendo,

relação me atualizar, em relação a... essa parte de treinamento né?

Muita televisão para poder acompanhar os jogos né?

Acompanhar o

desenvolvimento de

equipes, assistir

jogos em quadra ou

pela TV para

manter-se

atualizado

Trabalho PI.37, PII.24,

PVI.27, PVII.18,

PVII.19

Manter-se atualizado para melhor

desempenhar seu trabalho

PI.43 - Aqueles afazeres da casa, pintar a casa, por exemplo, o

apartamento e a casa de praia quem pinta sou eu

Manutenção da

casa

Afazeres

domésticos

PI.23, PI.36, PI.43,

PVI.22, PVIII.14

Pintar a casa,seja da cidade ou da

praia

PII.19 - nas férias normalmente eu viajo,

e... é... principalmente viagens de lazer

Geralmente realiza

viagens de lazer no

período das férias

Lazer PI.37, PII.19,

PII.24, PVI.27,

PVII.18, PVIII.12,

PVIII.18

Viagens de férias

PII.22 - Agora, no dia-a-dia, fora das férias, o meu tempo eu Tempo preenchido Atividades sociais PII.22 Atividades sociais

Page 119: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

preencho muito com atividades sociais, algumas atividades né? com atividades

sociais

PII.24 - com... é... aprofundamento de estudos...

como eu tenho também esse trabalho de pesquisa, então queira ou

não queira a gente tá sempre... mesmo em casa, a gente tá sempre

sendo solicitado por estudantes que estão fazendo suas pesquisas.

também dou muito suporte a um filho que está fazendo engenharia,

nas disciplinas, que têm a minha área também, eu dou um suporte

em casa, á noite...

Trabalho como

prazer

Trabalho PI.37, PII.24,

PVI.27,

PVII.18, PVII.19

Estudar para a pesquisa que

realiza; atualizar-se em sua área,

são formas de capacitar-se para

realizar seu trabalho

PIII.27 - quando eu posso, viajo! Quando posso, vou à praia!

Quando posso, vou ao interior também, certo? Visitar familiares e

amigos.

viagem e visita a

familiars sempre

que possível

Lazer PI.37, PII.19,

PII.24,

PVI.27, PVII.18,

PVIII.12, PVIII.18

Viagens, passeios e visita a

parentes

PIII.33 - e também gosto de ler e escrever Gosto pela leitura e

confecção de livros

hobby PI.31, PIII.33 Gosto pela leitura e escrita

PIV.39 - Descansando. Fico em casa! Às vezes, como moro em

Cotovelo, dou uma volta na praia. Fico vendo um filme. E agora,

violão, vou ter que exercitar violão, vou ter que ter um tempinho pra

exercitar o violão. Ás vezes saio, uma vez ou outra, vou prum

barzinho, uma pizzaria, faço mais naaaaaaaaada.

Ficar em casa

descansando,

caminhar na praia,

assistir filmes, tocar

violão e sair à noite

são opções de

entretenimento

Lazer PI.37, PII.19,

PII.24,

PVI.27, PVII.18,

PVIII.12, PVIII.18

Caminhadas na praia, filmes,

violão, sair à noite

PV.28 - me cuidando por exemplo: me acordo, em torno de 3h45min

manhã, hoje acordei às 3h30min! Me acordo às 3h45min pra

caminhar, das 4h às 5h, 5h e pouco

Acordar cedo para

caminhar como

forma de cuidado

com a saúde

Saúde PV.28 Cuidados com a saúde

PV.30 - Aí dependendo da hora... aí à noite eu tenho um, digamos

assim, alguns compromissos particulares mais voltados pra parte

assim... a questão voluntária, né? O voluntariado. Quando me

aposentar eu vou... tempo integral ao voluntariado.

Realização de

trabalho

voluntariado com

pretensão de

executá-lo em

Voluntariado PV.30 Trabalho voluntariado

Page 120: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

tempo integral ao

aposentar-se

PV.31 - sem falar no meu lazer né? É ... a leitura! Eu sou

simplesmente apaixonado! Quando eu compro um livro olhe! Eu não

trouxe nada hoje mas to com o livro, quando parar em to lendo! Tá

aqui marcada a página, deixa eu ver... a leitura pra mim é... eu sou

viciado! Mas é viciado mesmo! É um vício danado!

E também filmes, né? Eu adoro filme. Eu tenho 480 filmes mais ou

menos guardados pra todo dia... eu to montando uma sala pra mim,

pra família, lógico! Pra eu no caso pra... e todo dia assistir um filme

por que... enfim...

E a leitura... Só pra você entender, atualmente eu tenho cerca de

uns 240 livros comprados pra ler, na fila de espera! Esses livros

todinhos pra ler e... é muito gostoso

Leitura e filmes

como paixões

Lazer PI.37, PII.19,

PII.24, PVI.27,

PVII.18, PVIII.12,

PVIII.18

Livros e filmes

PVI.22 - É tão pouco meu tempo livre! (risos). Mas no momento eu

to assim...não tá tendo muito tempo livre pra mim por que a questão

do serviço doméstico e... pra conciliar os dois então, realmente, o

tempo livre é muito pouco.

O corre corre, as duas atividades me tomam muito tempo por que

professora, mãe, dona de casa e coordenar tudo isso eu, to com

pouco tempo livre

Os papéis de

professora, mãe e

dona de casa

ocupam todo o

tempo, reduzindo o

tempo livre

disponível

Afazeres

domésticos

PI.23, PI.36, PI.43,

PVI.22

PVIII.14

Pouco tempo livre disponível

devido aos diversos papéis

desempenhados. Ser professora,

dona-de-casa e mãe despendem

muito do seu tempo, restando-lhe

pouco tempo para si.

PVI.27 - Até o lazer fica comprometido por que de repente a

atividade da escola toma muito tempo em casa

É outra coisa de professor; a gente se desgasta muito por que a

gente, quando tá qui... feriado, onde? Elaborando prova. Então com

isso a gente termina...ou você diz: vou parar e vou fazer alguma

coisa, senão você se entrega ao trabalho e... [PVI.27]

Trabalho levado pra

casa compromete o

lazer

Trabalho PI.37, PII.24,

PVI.27, PVII.18,

PVII.19

A profissão de professor requer

muita dedicação na elaboração das

aulas, bem como na elaboração e

correção de avaliações e isso é

desgastante por que o tempo que

deveria ser voltado para o lazer é

utilizado nestas tarefas. É preciso

ter cuidado

PVIII.12 - Eu gosto muito de computador. Eu dou uma olhada nos

meus e-mails, pra ver se tem alguma mensagem, alguma coisa

Computador como

meio de manter

contato com outras

Lazer PI.37, PII.19,

PII.24, PVI.27,

PVII.18, PVIII.12,

Uso do computador

Page 121: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

pessoas PVIII.18

PVIII.13 - às vezes eu ligo pra um amigo pra conversar um

pouquinho

Ligar para amigos

para manter contato

Relacionamentos

Sociais

PVIII.13, PVIII.17 Conversa com amigos

PVIII.14 - Numa casa sempre tem coisa pra fazer. Se a gente diz

que não, a casa fica uma bagunça por que eu não tenho secretária.

Lá na minha casa sou eu e meu marido, a gente faz tudo. É a

limpeza, a comida a gente faz. A gente resolve problema também

de família, né?

Tarefas de casa

realizadas pelo

casal

Afazeres

domésticos

PI.23, PI.36, PI.43,

PVI.22

PVIII.14

Os afazeres de casa despendem

muito tempo

PVIII.17 - A gente sempre visita a família Visita a familiares Relacionamentos

sociais

PVIII.17 Visita a parentes

PVIII.18 - ...aproveita também pra passear né? Passeios Lazer PI.37, PII.19,

PII.24, PVI.27,

PVII.18, PVIII.12,

PVIII.13, PVIII.18

Passeios

Page 122: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA:

AS CONTRIBUIÇÕES DO PPA NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A APOSENTADORIA

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do discurso

PI.52 - Primeiro eu entrei no curso né, assim... com a

com um pouco de desconfiança né. E também com

receio mas...eu naquela...conversei com um, conversei

com outro, né? Eu disse: eu vou me inscrever, se eu

não gostar...depois abandono né?

Inscrição no curso com

receio, desconfiança.

Com o pensamento de

abandoná-lo, caso não

viesse a gostar dele.

Receio PI.52 Inscrição no curso com desconfiança,

buscando conversar com outras pessoas na

tentativa de obter informações que viessem a

minimizar seu receio. Decisão por inscrever-se

com a intenção de abandoná-lo caso não

viesse a gostar dele.

PI.55 - e aquela curiosidade: o que é que esse curso

podia me trazer em relação pra né? Essa minha

aposentadoria

então achava que já tava mais ou menos com a

cabeça feita em relação ao que eu ia fazer, como era!

Curiosidade sobre o que

o curso poderia oferecer

sobre a aposentadoria já

que imaginava saber o

que fazer ao aposentar-

se

Curiosidade PI.55

Curiosidade sobre o que o curso poderia

oferecer com relação às informações

referentes à sua aposentadoria pois o

professor acreditava já ter algumas definições

de como seria seu pós-carreira.

PI.58 - Achei assim meia estranha, meia é... meia

infantil, meia besteira mas vamu pra segunda, vamos

pra terceira, né? Aí comecei realmente a entrar no

negócio, e comecei a gostar e comecei a me identificar

e começou também a abrir algumas coisas né que...

eu não tinha, até então eu não tinha é ... pensado

Então, gostei demais.

Acho que me ajudou

Quer dizer...vai me ajudar demais. Me amadureceu

mais a idéia um pouquinho de eu ficar mais um tempo

também aqui.

No início achou as aulas

bobas mas aí começou a

perceber que estavam

sendo trazidas

informações sobre as

quais ainda não havia

pensado

Novas

informações

PI.58, PII.40,

PIV.55, PV.50,

PVII.27, PVII.34

No começo não achou as aulas interessantes,

considerando-as bobas, sem nada que

viessem a acrescentar. No entanto, no

decorrer dos encontros, começou a gostar e

se identificar com o curso. E percebeu que

estavam sendo trazidas informações sobre as

quais ainda não havia refletido e que foram

importantes na sua decisão de adiar o

momento de sua aposentadoria.

PI.71 - em determinado momento a gente né, teve

aquela parte o que fazer também depois e eu depois

comecei a me preparar e disse que só essa parte de

casa, isso aqui, de Igreja...eu acho que ainda não era

Percepção de ainda não

estar preparado para a

aposentadoria

Insegurança

diante do futuro

PI.71 Um dos momentos oportunizados pelo curso

foi o de reflexão sobre o que os participantes

poderiam estar fazendo com o advento da

aposentadoria. Essas reflexões levaram o

Page 123: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

suficiente ainda, não tava preparado ainda pra isso

então... tô dando mais um tempo aqui

professor a dar-se conta de ainda não estar

preparado para aposentar-se por acreditar que

as atividades que havia se planejado realizar

no pós-carreira não eram suficientes para

assegurar-lhe uma aposentadoria com

qualidade.

PII.39 - Todos os depoimentos que tenho dado, todos

do primeiro curso, eu tenho dito apesar de ter sido a

primeira versão, por que toda primeira versão é um

aprendizado, mesmo assim é... na minha avaliação ela

ela superou as minhas expectativas certo?

Apesar de ainda ter sido

uma primeira versão, o

curso superou as

expectativas

Expectativas

superadas

PII.39, PIV.52,

PVI.32

Superação das expectativas

PII.40 - É... e acho que foi muito importante, todos os

quatro módulos, tanto o relacional, o

autoconhecimento, gestão financeira e o projeto de

vida, os quatro módulos, todos eles contribuíram

demais pra que eu fizesse esse projeto que está

engavetado

e é... tentar depois da aposentadoria fazer né? Botar

em prática alguma coisa.

Contribuição dos quatro

módulos para a

confecção do Projeto de

Vida

Novas

informações

PI.58, PII.40,

PIV.55, PV.50

PVII.27, PVII.34

Os quatro módulos do curso contribuíram para

que o participante viesse a elaborar seu

projeto de vida, sugerido pelas facilitadoras.

No momento, esse projeto não está sendo

usado mas está guardado para ser utilizado

pelo professor que pretende pô-lo em prática.

PII.43 - Principalmente aquele módulo de

relacionamento, que é o segundo módulo, aquele

módulo me chamou muito a atenção por quê? Por que

me fez ver que apesar de você já ter uma idéia de que

a rede de relacionamento é importante, principalmente

pós-aposentadoria, né?

Por que todo aquele convívio que você tem

trabalhando, você chega e encontra todo mundo no

trabalho mas... é... socialmente, fora desse convívio

aquilo me deu um ... né? Uma ... um caminho! Uma

frase e alguns caminhos de que realmente (sacrifício

fez?)

Reflexão sobre

relacionamentos levando

a retomar as amizades

constituídas ao longo dos

anos

Relacionamento PII.43, PIII.40

PVI.41

O módulo sobre relacionamentos chamou a

atenção do professor por que o levou a refletir

que ao longo dos anos, tem mais colegas de

trabalho. Que as amizades de fora do ciclo de

trabalho foram sacrificadas, mas que ele e a

esposa têm tentado retormar o contato com as

pessoas das quais se afastaram no decorrer

dos anos.

Page 124: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

E aí a gente tem procurado, na medida do possível,

tentar né?

De vez em quando... por que você tem amigos né?

Que você perdeu o contato, então você poooooode

retomar isso aí, dentro da de toda aquela história...

PIII.39 - Não esperava muita coisa! Porque no

processo de aposentadoria eu não pensava

Não criação de

expectativas por não

pensar sobre

aposentadoria

PIII.39 O professor não criou nenhum tipo de

expectativa sobre o curso por que ele não

pensava sobre a aposentadoria.

PIII.40 - Mas o curso pra mim foi uma maravilha

- É... as informações sobre relacionamento pessoal

Autoconhecimento

Muito boas as

informações recebidas

sobre relacionamento e

autoconhecimento

Relacionamento e

autoconhecimento

PII.43, PIII.40

PVI.41

Informações recebidas sobre relacionamento e

autoconhecimento

PIV.52 - Elas foram além das minhas expectativas Expectativas

superadas

PII.39, PIV.52

PVI.32

Superação das expectativas

PIV.55 - E lá no curso realmente foi fantástico. Foi

fantástico no sentido de quê? É ... havia dados,

informações que eu tenha. Mas havia, haviam coisas

que foram surpresa pra mim. Quer dizer fatos

baseados em pesquisa, daquela coisa do da vivência

de outrem, né? Como é que você vai? Tô aposentado,

to sem fazer nada. É bom! Mas coisa do tipo, por

exemplo... a postura dentro de casa, né?

Fatos baseados em

pesquisas, sobre as

mudanças que ocorrem

ao aposentar-se que

surpreenderam

Novas

informações

PI.58, PII.40

PIV.55, PV.50

PVII.27, PVII.34

PIV.57 - Uma coisa que me chocou foi um gráfico,

achei aquilo fantástico! Você com a ocupação do seu

tempo. Quantas horas você trabalha por dia? Tanto.

Quantas horas por semana? Tal. Muito bem. E... se de

repente você pára,você retira esse tempo dedicado à

ativa. Tenho doze horas pra ficar sem fazer nada, pelo

amor de Deus!

Gráfico sobre a

administração do tempo

choca o professor

Administração do

tempo

PIV.57 Administração do tempo

PIV.58 - Quando volta pra casa, aquela coisa da O contato com a família Família PIV.58, PV.50,

Page 125: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

rotina. Então que nunca tinha passado pela minha

cabeça. Que realmente essa coisa, esse contato, ele

passa a ser mais intenso, mais forte.

torna-se mais intenso ao

aposentar-se

PV.57

PIV.59 - Tem o planejamento, né? Planejar pra fazer, o

que fazer.

Planejar-se para a

aposentadoria

Planejamento “O

que fazer?”

PIV.59 Planejamento para o pós-carreira

PIV.60 - A questão também de preocupação com a

saúde.

Preocupação com a

saúde

Saúde PIV.60 Cuidados com a saúde

PV.50 - E...pra mim é... eu acredito que a minha

expectativa era uns, vamos dizer assim... talvez 60%

do que poderia ter sido, na realidade chegou a 90%,

talvez até 100% em termos de de de da minha

colocação perante a postura da aposentadoria né?

Vocês me abriram horizontes que eu não tava

preocupado! Coisas importantes que com certeza vão

me facilitar bastante né? Essa nova caminhada.

Por exemplo, vamos assim, um exemplo bom, a

questão de organização de família

Mudança de postura

diante da aposentadoria

Novas

informações

(família)

PI.58, PII.40,

PIV.55, PIV.58

PV.50, PV.57

PVII.27, PVII.34

Expectativas superadas com informações

trazidas sobre temas com os quais o professor

não estava preocupado. Informações

importantes que facilitarão o percurso nessa

nova fase. O professor exemplifica com a

organização familiar que sofre o impacto com

o retorno ao lar.

PV.53 - a organização econômica! Mudança de postura

diante da aposentadoria

Financeiro PV.53, PV.56

PVI.39, PVIII.20

Organização financeira

PV.54 - “Já que”, aquela estória do “Já que”, que não

tem nada a ver

Cuidado para não ser a

pessoa que faz tudo para

a família

“Já que” PV.54, PVI.37 Cuidado para não ser a pessoa que faz tudo

para a família

PV.56 - eu vou procurar ter mais cuidado

principalmente, por, com a parte econômica, vou

procurar me colocar melhor a partir daquelas

informações, não é?

Busca do equilíbrio no

aspecto econômico

Financeiro PV.53, PV.56

PVI.39, PVIII.20

Equilíbrio econômico

Page 126: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

PV.57 - Ter postura mais equilibrada do que eu tenho,

quer dizer, de me preparar melhor é a família, não é?

Também vai...lógico...minha família sempre dei muita

atenção. Mas a atenção diferenciada, não é mais a

atenção que eu dava, é uma atenção que não é mais

como pai e sim como amigo, tá entendendo? Hoje eu

não tenho mais filhos eu tenho amigos. Quer dizer,

nessa aposentadoria eu tenho essa visão e... vocês

me facilitaram bastante né? Passaram sobre a família,

a família; a importância, a importância blá...

Busca por mais equilíbrio

na relação familiar

Família PIV.58, PV.50

PV.57

Relação familiar

PV.58 - quanto a sentir falta daqui eu não acredito que

eu vá sentir muito não... talvez.... não porque não seja

importante, eu faço... ninguém faz mais do que,

trabalho do que eu faço! Pode ter gente que seja igual

a mim mas mais do que eu não pode. Eu gosto muito

do que faço mas sei separar as coisas. A minha

contribuição é até eu me aposentar, quando eu me

aposentar acabou! Acabou mesmo! Eu posso até

continuar com trabalhos por fora, prestando serviços,

até em projetos, nisso, aquilo outro...

Gosta do trabalho que

realiza, no entanto não

sentirá falta do local de

trabalho ao se aposentar

PV.58 Gosta do trabalho que realiza mas não sentirá

falta do local de trabalho quando se aposentar

PVI.32 - Corresponderam e foi até mais além, né?

Por que assim, o curso tem dá um leque de situações

em que você, de repente, não poderia nem imaginar

que podia se encontrar

As expectativas foram

superadas devido ao

leque de possibilidades

que foram apresentadas

no curso

Expectativas

superadas

PII.39, PIV.52

PVI.32

Superação das expectativas

PVI.37 - E ele situa você justamente assim: não, se

você tá...é... não tá na atividade funcional mas você

não pode também ser a carga de tudo da família.

“Não, você tá sem fazer nada...”

Estar aposentado não

significa ser o “faz tudo”

na família

“Já que” PV.54, PVI.37 O cuidado que se deve ter para, ao aposentar-

se, não ser considerado o “faz tudo” na família,

devido a ser visto como a pessoa que tem

todo o seu tempo livre

PVI.38 - e outra que te dê um leque que você, é... esse

tempo livre que você tem, você já se programar pra

não cair na ociosidade, e não cair na depressão e

Leque de possibilidades

para aposentadoria como

prevenção à ociosidade e

Leque de

possibilidades

PVI.38 Medidas preventivas à ociosidade e à

depressão

Page 127: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

achar que... acabou por que você se aposentou, não

tem mais o que fazer! E entrar nessa e... então ele tem

essa visão

à depressão

PVI.39 - e também do... da questão do econômico, né? Financeiro PV.53, PV.56

PVI.39, PVIII.20

Questão econômica

PVI.41 - e atuar nas outras áreas de social, também

um leque muito bom que mostrou

Relacionamentos PII.43, PIII.40

PVI.41

Trabalhos sociais

PVI.42 - E ver também que se aposentar a gente tá

ganhando, isso é um prêmio, eu acho que a gente

chegar em tanto, é um direito; um prêmio e a gente

saber usar toda a experiência que a gente teve pra

esses dias que a gente tem a bel prazer, a gente saber

aproveitar com a qualidade

Aposentadoria é um

prêmio que deve ser

aproveitado com

qualidade

Aposentadoria

como prêmio

PVI.42 Aposentadoria percebida como prêmio

PVI.45 - Eu acho que a melhor coisa que o curso

mostrou pra gente é você se programar pra fazer

aquilo que é benéfico pra você, que você vai fazer por

amor, por prazer e não por obrigação de vir, ter que

vim, fazer por que tem que fazer. Então isso aí. Então

isso aí foi uma coisa que deixou bem claro.

Fazer algo que lhe dê

prazer e não por

obrigação

Prazer PVI.45 Realizar uma outra atividade em que

predomine o prazer pela tarefa que realiza e

não ter a obrigação de ter que fazer algo e

nem de se fazer presente para cumprir horário

PVII.27 - O curso me deu, me deu algumas

informações a mais do que eu já pensava, tá? E ao

mesmo tempo o curso me fez, me deixou muito

descontraído. Eu não sei por que, se foi a dinâmica do

trabalho que vocês aplicaram mas hoje, eu sempre

gostei de falar em público, sempre gostei. Mas sempre

quando ia iniciar uma falação era aquela tensão toda

e, sinceramente, o curso me deu uma tranqüilidade pra

isso.

O curso contribuiu com

novas informações e

deixou o professor mais

tranqüilo para falar em

público

Novas

informações

PI.58, PII.40

PIV.55, PV.50

PVII.27, PVII.34

Estar mais descontraído para falar em publico

PVII.32 - Agora, vou dizer, não foram tantas novidades

por que eu sempre vinha me preocupando com isso.

Não houveram muitas

novidades pois o

Novas

informações

PVII.32 Não houve muito a ser acrescentado

Page 128: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

professor já vinha se

preparando para a

aposentadoria

PVI.34 - Relatos! Aqueles trabalhos que vocês

botavam pra gente, textos, leituras, aquelas

apresentações

Novas

informações

PI.58, PII.40

PIV.55, PV.50

PVII.27, PVII.34

Relatos, textos, discussões em sala

PVII.37 - O que eu digo que não trouxe muita coisa de

novidade é tipo o seguinte, por exemplo: você chamou

convidados. Vocês chamam convidados pra dar palestras

sobre a vida dele como aposentado, né? Então, aquilo pra

mim é uma coisa que eu já observava nas pessoas né?

Algumas se preparavam para a aposentadoria. Outras

não se preparavam e tinha aquele desmantelo tanto do

lado emocional, afetivo, familiar, como o lado financeiro,

econômico, etc, sabe? Então, isso aí eu vinha, eu falava,

desde que entrei aqui eu sempre comentava: puxa, como

é que pode, fulano já se aposentou e tem uma vida dessa,

fulano se entregou à bebida, fulano se desmantelou

depois que se aposentou. Quando ela tá num momento

em que a pessoa é pra tá mais tranqüila, né? Mas não

todos. Foi intranqüila para algumas pessoas, então isso aí

é que eu quero dizer que, aqueles convidados, claro,

acrescenta, mas não foi tanta novidade. Por que há muito

tempo que eu venho observando isso.

O professor já observava

o comportamento das

pessoas diante da

aposentadoria

PVII.37, PVII.32 Os depoimentos dos palestrantes convidados

não trouxeram muitas novidades pelo fato de o

entrevistado já vir observando, a algum tempo,

o comportamento das pessoas que haviam se

aposentado.

PVIII.20 - Correspondeu. E reforçou, né?

Os planejamentos que eu fazia em termos...assim

financeiro...de orçamento, financeiro...

... em termos de: o que é que eu vou fazer quando me

aposentar?

Planejamento financeiro Financeiro PV.53, PV.56

PVI.39, PVIII.20

Planejamento financeiro

PI.80 - o curso me deu isso aí de eu não parar né? Reflexão sobre parar ou

continuar trabalhando

Decisão sobre

aposentadoria

PI.80 Reflexão sobre parar ou continuar trabalhando

Page 129: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA:

COMO IMAGINA QUE SERÁ SUA APOSENTADORIA. O QUE PRETENDE FAZER?

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do discurso

PI.74 - Ah...vixe Maria!! (risos) é até difícil a gente assim... eu

penso em praticamente ... tirando só aquele horário que eu to

dentro da escola, eu vou continuar mais ou menos com as minhas

atividades que eu faço hoje, né

Rotina sem sofrer

muitas alterações

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77,

PI.84,PII.53, PII.58

PIV.62,PIV.71, PIV.72,

VI.46, PVI.48, VII.45

Não ocorrerão muitas mudanças,

continuando, praticamente com as

mesmas atividades que realiza

atualmente

PI.76 - estar sempre atualizado Atualização

profissional

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71, PIV.72,

PVI.46, PVI.48, VII.45

Atualização profissional

PI.77 - ... prestar alguns serviços esporádicos, não não...

sistemáticos né, esporádicos a agremiações né?

Realizar trabalhos

para agremiações

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71, PIV.72,

PVI.46, PVI.48, VII.45

Realizar trabalhos para agremiações

PI.84 - Agora sempre fazendo as coisas dentro do meu limite.

Então, como é que eu parar? Eu vou parar na medida que a idade

não dê mais, né? Que aí vai chegando um ponto um ponto né?

Que você vai ter... até a questão de se locomover, se a gente

conseguir chegar lá, né? Os 90 anos, você vai sendo limitado em

determinadas coisas, mas enquanto isso eu vou tentando é ser

produtivo né? Não daquele do trabalho formal, que é o trabalho da

Escola Técnica; é ser produtivo a pessoa, a família, a amigos, a

conhecidos...é...e... como eu falei, a associação, alguma

agremiação, né? Então eu acho que é por aí!

As limitações

físicas, impostas

pela idade,

delimitarão o ritmo

do trabalho

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Limitação física delimitará o ritmo de

trabalho

PII.52 - Como participante do curso, eu fiz esse projeto de vida é...

aí eu teria duas vertentes que eu pudesse continuar

Professor fez

projeto de vida

segundo o qual

pode seguir por

duas direções

Projeto de

Vida

PII.52

Page 130: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

PII.53 - ...na academia, não é? Trabalhando como sempre fiz em

ensino e pesquisa mas de uma forma mais é... suave né? [PII.53]

Continuar

trabalhando com

redução do ritmo

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, VII.45

PII.58 - e outra seria na área de... também acho que eu e minha

esposa temos uma experiência muito grande que é na área

turística.

Nós temos uma experiência incrível de viagens e...de se interessar,

de ler, temos muita coisa, então nessa área teríamos grandes

possibilidades de continuar trabalhando, inclusive a minha mulher

também há 5 anos se aposentou também e aí a gente dividiu

assim, nessas duas vertentes

Abrir o próprio

negócio, na área

turística

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Negócio próprio

PIII.51 - Depois de aposentado, será que a gente vai ter esse

momento pra conversar com o outro colega?

Retorno à

instituição para

rever colegas?

Relacioname

ntos sociais

PIII.51 Reflexão sobre se após aposentadoria

terá tempo para os colegas

PIV.62 - Já. Como seria? E me assustou

Assustou porque você vê o ritmo que eu tenho. Você parar de vez,

isso é terrível

? Então o que é que eu vou ter que fazer? Eu vou ter que é...

primeiro eu acho que tenho que fazer uma coisa que chamo de

desmame. Desmame laboral, né? (risos)

É reduzir meu ritmo de atividades, minhas atividades e, em paralelo

migrando pra outro

Susto diante da

possibilidade de

aposentar-se e não

ter o que fazer

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48,PVII.45

Professor assusta-se diante da

possibilidade de aposentar-se e não ter

com o que se ocupar. Então pretende

reduzir seu ritmo de trabalho e,

concomitantemente, ir passando a

realizar outra atividade

PIV.71 - Tava pensando aí em montar um negócio ou tava vendo aí

com minha esposa que ela é boa na área de planejamento e

projetos também, montar um negócio aí.

Montar o próprio

negócio com a

esposa

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Somar sua experiência profissional à

da sua esposa para, juntos, abrirem um

negócio próprio

PIV.72 - Só que eu tenho que me capacitar. Ncessidade de

capacitação

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

Necessidade de capacitação

Page 131: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

PIV.62, PIV.71

PIV.72,PVI.46

PVI.48, PVII.45

PV.67 - Quer coisa melhor do que você ajudar as pessoas fazendo

trabalho voluntário?

Prazer em realizar

trabalho voluntário

Voluntariado PV.67, PVI.49 Sente-se bem em poder ajudar as

pessoas através do trabalho voluntário

PVI.46 - Imagino assim, que eu quero estar pronta pra essa

decisão assim... não tá sentindo falta de desse convívio aqui, e eu

já estar com outro vínculo assim, do lado social, eu já estar

engrenada pra quando eu sair daqui eu já tá envolvida com outra

atividade que eu vou preencher o tempo mas nesse momento!

Aposentar-se

quando estiver

envolvida com outro

projeto

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Não sente-se preparada para

aposentar-se pois teme sentir falta do

convívio com os colegas de trabalho.

Então planeja estar envolvida com uma

atividade social para não ficar ociosa

PVI.47 - Eu vou tirar um tempo só pra mim. Viajar! Tirar assim uma

ano mas só pra mim mesmo, dizer: Tá certo, esse ano é meu. Pra

depois eu engrenar

Tempo para cuidar

de si

Lazer PVI.47 Pretende tirar um tempo para si,

dedicando-se, inicialmente, a viajar

durante um período determinado

PVI.48 - Mas eu quero já está em mente... tem o projeto de vida

que a gente fez no curso mas aí eu quero ver se é aquele projeto

mesmo ou se vou criar um outro...

Verificar se mantém

seu projeto de vida

ou se o modifica

Trabalho PI.74, PI.76, PI.77, PI.84,

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71,

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Planeja analisar o atual projeto de vida

com o intuito de saber se o mantém ou

se monta outro

PVI.49 - mas eu quero estar com o lado social, eu nunca... uma

coisa que é meta número um pra mim é eu ter um trabalho social,

que eu sempre tive e eu sinto falta

Sente falta de

realizar trabalho

social

Voluntariado PV.67, PVI.49 Relata que sua meta é realizar um

trabalho social pois é algo com o qual

sempre esteve envolvida e, no

momento, faz falta em sua vida

PVII.45 - Na verdade eu eu eu me programei pra, não diria direto

para aposentadoria mas eu me programei em tempo pra ter

atividade certo?

Eu tinha comércio. Tinha seis lojas. Eu fechei por que tava

querendo estuda

Então eu pretendo, to construindo um restaurante, né e uma

pousada lá no interior.

Tô querendo ver se construo uns apartamentos num prédio que

tenho lá no Alecrim.

Mudança de

atividade

Trabalho PI.74, PI.76

PI.77, PI.84

PII.53, PII.58

PIV.62, PIV.71

PIV.72, PVI.46

PVI.48, PVII.45

Para esse servidor a aposentadoria, na

verdade, é algo que não acontecerá

tendo em vista que ele deixará de estar

no ambiente físico de sala de aula,

caso deixe de dar aula, para envolver-

se com outras atividades para as quais

já vem se preparando a algum tempo.

Page 132: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

Então eu acrescentei uma outra coisa para a perspectiva para a

aposentadoria que é se realmente acontecer no próximo ano que

é, estou pretendendo entrar na área de pesca por que to me

organizando pra comprar um barco próximo ano, entendeu? Pra

entrar nessa área de pesca.

Então minha aposentadoria, em outras palavras, não vai acontecer,

né? Simplesmente eu vou deixar de estar numa sala de aula, se for

o caso, mas atividade vou ter a vontade.

PVII.31 - É por que eu tenho plano de adotar uma criança, né? Adoção de uma

criança

Família PVII.31 Adoção de uma criança como Projeto

de Vida

Page 133: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE B

SERVIDOR QUE FEZ O CURSO E SE APOSENTOU

QUADROS-TEMAS

Page 134: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E APOSENTADORIA

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do

discurso

PIX.17 - É ... foi assim a incerteza se realmente eu queria

me aposentar naquele momento ou não, certo? Até por que

foi surpresa pra mim, eu acho que nem tinha o tempo

completo ainda, e quando fiquei sabendo que tinha 28, foi

aquela coisa que chegou de vez assim pra mim, eu digo:

“não, mas eu não sei se vou querer me aposentar agora,

né?”

Incerteza sobre a

aposentadoria

Surpresa diante da

notícia que poderia

aposentar-se

Insegurança PIX.17 Professora foi surpreendida pela

notícia de que já podia se aposentar.

E pra ela, a notícia a deixou

apreensiva, insegura, pois não tinha

certeza se queria se aposentar

naquele momento.

Page 135: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

AS INFORMAÇÕES DO CURSO CORRESPONDERAM ÁS EXPECTATIVAS?

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do

discurso

PIX.31 - Na verdade, eu fui fazer o curso assim mais

por curiosidade!

Inscrição no curso por

curiosidade

Curiosidade PIX.31, PIX.33

PIX.37, PIX.45

Fez a inscrição no curso por curiosidade

PIX.33 - Então entrei lá sem saber o que é que eu ia

ver, o que é que eu ia aprender, pra quê que o curso

ia me servir, certo?

Iniciou o curso sem saber o que

iria aprender e quais seriam suas

contribuições

Curiosidade PIX.31, PIX.33

PIX.37, PIX.45

Começou o curso sem ter conhecimento

do conteúdo a ser dado e de que forma ele

contribuiria para sua aposentadoria

PIX.34 - E... as professoras começaram, trabalharam

o primeiro módulo, acho que é o autoconhecimento,

né? Aí naquilo eu indagava:” o que é que tem a ver?”

Assim, aquela coisa assim meio...

aí do segundo módulo em diante, né? Aí eu fui

começando a me achar, certo? Fui começando a me

achar

Questionamentos sobre

pertinência do primeiro módulo.

Mas a partir do segundo,

identifica-se com o curso

No primeiro módulo questionava sobre a

sua pertinência com o tema. Mas a partir

do segundo, começou a se identificar com

o curso

PIX.37 - Então foi assim... eu entrei sem saber o que

é que eu ia aprender, não tinha idéia assim... o que é

que vai ser? O que é que vão oferecer lá pra gente.

Como é que elas vão trabalhar isso, né? Então

pronto!

Desconhecimento do que seria

visto no curso

Curiosidade PIX.31, PIX.33

PIX.37, PIX.45

Desconhecimento do que seria ministrado

no curso

PIX.45 - ... Aí quando vi logo, eu nem... nem pensei

em fazer.Aí depois, eu fiz: “eu vou fazer; eu quero

saber o que é isso!” Como eu lhe disse, foi mais por

curiosidade, certo?

Desinteresse em fazer o curso

mas a curiosidade a impulsionou

a fazê-lo

Curiosidade PIX.31, PIX.33

PIX.37, PIX.45

Logo quando da divulgação do curso, não

interessou-se em participar, mas depois,

mudou de idéia, devido à curiosidade

sobre o que o curso poderia oferecer

Page 136: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

UTILIZAÇÃO DO TEMPO

Discurso na Linguagem do Professor

Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PIX.46 - Olhe eu utilizo meu tempo (risos) eu tenho tantas

ocupações que meu filho já chegou a dizer assim: “Eu nunca vi

uma aposentada tão ocupada” Eu digo: “Graças a Deus”, né?

Tempo integralmente

preenchido

Seu tempo é preenchido

com várias ocupações, o

que pra ela é muito bom

PIX.47 - Primeiro, eu tomo conta da minha casa. Eu não tenho

empregada. Então eu lavo, eu passo, eu cozinho, eu arrumo, eu

costuro quando eu quero consertar minhas roupas, minhas coisas.

Às vezes eu não estou gostando daquele modelo, aí vem uma

idéia, vou e desmancho novamente, tá? Eu to até com um monte

de, lá em casa, pra reformar e não tive tempo ainda.

Atividades

domésticas

Afazeres

domésticos

PIX.47, PIX.49,

PIX.50

PIX.51

Faz todas as tarefas que

uma casa requer e ainda

reforma suas próprias

roupas

PIX.48 - Aí, quer dizer, cuido das plantas, por que lá em casa tem

um monte de plantas. Eu, o jardim tá até precisando de uma

podagem, eu faço essa podagem.

Cuidado com as

plantas

Hobby PIX.48 Cuida das plantas

existentes em sua casa,

fazendo, inclusive, a

podagem delas.

PIX.49 - Mas, lá em casa tudo sou eu. Fazer compras, pra pagar,

né, tudo sou eu, tem o meu filho que mora comigo e agora tá

trabalhando, né?

Responsável por

todas as tarefas para

manutenção do lar

Afazeres

domésticos

PIX.47, PIX.49,

PIX.50, PIX.51

Responsável pelas

tarefas da casa

PIX.50 - Ele era estudante de enfermagem... e agora está

trabalhando, então 5:40 da manhã estou levantando pra fazer o

café de Ruy. Pra ele sair pra trabalhar, que ele sai às 6:30, certo.

Aí, pronto.

Acorda cedo para

preparar o café do

filho

Afazeres

domésticos

PIX.47, PIX.49,

PIX.50

PIX.51

O filho sai cedo para

trabalhar, então ela

acorda às 5h40min para

preparar o café dele

PIX.51 - Cuido do meu filho, lavo roupa dele, passo! E... faço Tarefas domésticas Afazeres PIX.47, PIX.49, Tarefas domésticas

Page 137: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

algumas coisas pras pessoas, quando precisa, né domésticos PIX.50

PIX.51

PIX.53 - Na quarta-feira a tarde eu vou ficar com a minha mãe. Visita à mãe Família PIX.53, PIX.55

PIX.57, PIX.58

Visita à mãe uma vez por

semana

PIX.55 - É... faço a feira da minha mãe (risos). A feira grande, né,

do mês. Então eu tenho que ter o dia do mês pra fazer a feira dela.

Família PIX.53, PIX.55

PIX.57, PIX.58

Compras mensais para a

mãe

PIX.57 - Estou com duas netas lá em casa... Família PIX.53, PIX.55

PIX.57, PIX.58

Cuidado com as netas

PIX.58 - E ...também final de semana saio, vou visitar um irmão

que tem, que mora na Zona Norte, tem um irmão que mora na

estrada de Genipabu, vou embora e passo o dia por lá, certo?

Visita aos irmãos Família PIX.53, PIX.55

PIX.57, PIX.58

Visita aos irmãos nos

finais de semana

PIX.61 - Faço revisão lingüística. Agora mesmo estou com a tese

de U...

Trabalho PIX.61, PIX.62

PIX.63

Revisão lingüística

PIX.62 - Participo da elaboração de provas pra concursos pra

FUNCERN...

Trabalho PIX.61,PIX.62

PIX.63

Elaboração de provas

PIX.63 - faço revisão também, pra FUNCERN Trabalho PIX.61, PIX.62

PIX.63

Revisão lingüística para

a FUNCERN

PIX.66 - academia! Todos os dias. Faço hidroginástica e faço

yoga. Então eu vou à academia de segunda a sexta, né? E é muito

bom. Já fiz outro grupo de amizades lá!

Prática de atividades

físicas

Saúde PIX.66, PIX.67 Pratica atividade física

todos os dias, de

segunda a sexta

PIX.67 - Eu faço hidroginástica, eu faço às 7h da manhã aí a turma

é a mesma das 7h. As meninas das 7h! Porque mais ou menos

assim o pessoal da terceira idade. Tem gente mais jovem né. Mas

a maioria é o pessoal da terceira idade. E vou entrar em pilates

também. Que é na terça e quinta pela manhã e à noite eu faço

yoga.

Prática de atividades

físicas

Saúde PIX.66, PIX.67 Prática regular de

atividade física

Page 138: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

CONTRIBUIÇÃO DO CURSO NA FASE DE TRANSIÇÃO PRA APOSENTADORIA

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do

discurso

PIX.69 - A contribuição maior que eu acho, do curso, é a

conscientização através das atividades que são

desenvolvidas durante o curso por que são todas

atividades direcionadas para as pessoas que se

aposentam. Mostrando que a sua vida de aposentadoria

não vai ser uma vida ociosa, que você vai ter que se

ocupar, certo? Então eu acho assim, que foi a

contribuição maior foi essa, no sentido de conscientizar,

de levar você a perceber que isso é uma fase da vida e

que ela deve ser vivida. E que você vai preencher essa

fase da vida! Acho que é nesse sentido.

Conscientização para

uma aposentadoria

sem ócio

Conscientização PIX.69 A maior contribuição do curso foi

a de conscientizar os

participantes de que a

aposentadoria é uma outra fase

da vida e que pode ser vivida

sem ociosidade

PIX.73 - Na verdade, eu devo assim a o a minha

conscientização pra me aposentar e me aposentar assim

sem sofrimento, sem nada eu devo justamente ao curso.

Não sei explicar bem foi isso, foi isso, foi isso, mas eu sei

na minha cabeça o sentido de que eu, né, me aposentar

sem medo, mais tranqüila, sem medo.

Processo de

aposentadoria sem

sofrimento

Minimização do

sofrimento

PIX.73 O curso possibilitou à professora

vivenciar o processo de

aposentadoria de uma forma

tranqüila, sem sofrimento diante

do porvir

PIX.85 - ... o que tem assim...é ...é... reafirmar... reafirmar

a importância do curso, certo? Não é puxasaquismo de

jeito nenhum (risos). Mas assim, reafirmar que o curso é

muito importante, pelo menos pra mim, ele foi de grande

importância, de grande valor.

Reafirmação da

importância do curso

Importância do

curso

PIX.85 Ressalta a importância do curso

para ela

Page 139: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

PIX.86 - ...na verdade eu estava com medo de me

aposentar. Se eu não estivesse com medo, na hora que

fiquei sabendo que podia, eu teria pedido minha

aposentadoria na hora. Mas eu não pedi. Ainda procurei

saber se tinha direito ao abono pecuniário e eu não tinha

mais. Já tinha passado. Não tinha mais direito. Quer

dizer, se me tivesse dado o direito, talvez eu tivesse

ainda continuado, não teria feito o curso! [PIX.86]

Receio de aposentar-

se

Se tivesse direito a

receber o abono,

não teria se

aposentado

Superação do

medo

PIX.86 O curso ajudou a minimizar o

medo que sentia de aposentar-

se. Provavelmente, se tivesse o

direito ao abono de permanência

teria continuado a trabalhar

Page 140: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE C

SERVIDOR QUE NÃO FEZ O CURSO E NÃO SE APOSENTOU

QUADROS-TEMAS

Page 141: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

O QUE O LEVOU A OPTAR POR CONTINUAR TRABALHANDO E NÃO SE APOSENTAR

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PX.15 - Então, por causa disso, no final do outro ano, em 2008 eu

recebi o abono. Aí agora ele é o que... A partir do momento que

eu oficializar a aposentadoria, passa a haver o desconto no meu

salário. Enquanto eu estiver aqui, estamos empatados zero a

zero. Eles tiram e colocam. Esse não é o principal motivo, mas é

um dos fatores que... mas a qualquer momento eu estou livre e

desimpedido pra ir embora.

A oficialização da

aposentadoria leva à

redução do salário

Financeiro PX.15, PX.16,

PX.17

Redução financeira

PX.16 - Eu não me sinto ainda assim... totalmente... eu sinto que

posso colaborar, produzir, entendeu?

Sensação de que pode

contribuir com a

instituição impele a

continuar trabalhando

Sentir-se útil PX.15, PX.16,

PX.17

Sensação de que

pode contribuir

com a instituição

PX.17 - E também que é mais importante, é que eu sou uma

pessoa assim é...é...é... tenho...não tem rejeição no pequeno

grupo, entendeu? Então isso faz com que eu permaneça aqui nas

minhas atividades laborais.

Ser aceito pelos colegas

faz com que permaneça

trabalhando

Relacionamentos

sociais

PX.15, PX.16,

PX.17

Aceitação pelos

colegas

Page 142: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

UTILIZAÇÃO DO TEMPO LIVRE

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PX.07 - Eu não tenho tempo livre. Eu trabalho dois expedientes. Não possui tempo

disponível por trabalhar os

dois expedientes

Trabalho PX.07, PX.08 Sem tempo para

fazer outras

atividades

PX. 08 - No sábado e domingo eu me dedico à religião. Eu participo

com minha esposa, de um trabalho de evangelização infanto-juvenil

e colaboro na livraria da Federação Espírita do Rio Grande do Norte.

Ah! E tem cargo no conselho deliberativo, sou secretário. E também

ajudo lá na livraria, nos fins de semana.

Trabalho voluntário em

uma instituição religiosa

ocupa suas horas no final

de semana

Trabalho

voluntário

PX.07, PX.08 Trabalho voluntário

religioso

Page 143: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE D

SERVIDORES QUE NÃO FIZERAM O CURSO E SE APOSENTARAM

QUADROS-TEMAS

Page 144: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E APOSENTADORIA

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções articuladas do

discurso

PXI.21 - Em primeiro lugar por que eu gostava. Sempre gostei do

meu trabalho, tá certo? Seja como professor, seja como chefe de

departamento, eu sempre me dediquei a meu trabalho.

Gostava do

trabalho que

realizava, fosse

ele docente ou

administrativo

Gostar do

trabalho ou

prazer?

PXI.21 Gostar do trabalho que realiza

PXII.50 - A minha decisão de me aposentar foi assim: uns dois anos

antes da aposentadoria mas sempre eu tive essa idéia de que a

aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio pelo meu esforço, pelo

meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma

participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive

participando de tudo, né, então eu sempre achei que a

aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa liberdade que eu

queria conseguir, então... quando chegou assim uns dois anos eu tive

a primeira vontade, porque eu comecei a me sentir um pouco

pressionada pela quantidade de horário e fui lá no Departamento de

Pessoal e eu não tinha tempo!

A pressão sofrida

pelo aumento da

carga horária

Carga horária PXII.50 Começou a refletir sobre a possibilidade de

aposentar-se devido às pressões sofridas

com relação à carga horária, que foi

aumentada.

PXII.51 - Mas aí o que acontecia? Eu tinha feito o doutorado e como

eu tinha feito, pedido uma liberação de 50% da carga horária eu tive

que ficar o resto do tempo. Então estou ótima! Tá ótimo! Sabe?

Porque eu penso exatamente, sabe? Fui maturando...sabe... fazendo

uma...reflexão sobre as coisas ... então eu tive esse tempo que não

foi nem eu que decidi, né? Mas que foi ótimo pra mim! Então já fui me

preparando né

Cumprir dois anos

após retorno de

licença para cursar

Doutorado

Cumprir a

legislação

PXII.51 Não foi a professora que decidiu continuar

trabalhando. Ela havia solicitado redução de

carga horária, por dois anos, para cursar o

Doutorado. Com isso, só poderia afastar-se

após cumprir dois anos de efetivo trabalho,

após o retorno da licença.

Page 145: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

UTILIZAÇÃO DO TEMPO

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PXI.28 - ...na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando. Na minha casa nós resolvemos, não

é? Em função de de de desavenças com empregadas domésticas, deixar de ter empregadas

domésticas. Então só tem eu pra fazer, deixar é... preparar o almoço todas as manhãs, entendeu?

Então isso me leva a manhã toda!

Pela manhã realiza

tarefas domésticas

Afazeres

domésticos

PXI.28, PXI.30,

PXI.33

Pela manhã realiza

tarefas domésticas

PXI.29 - ... antes eu faço academia, certo. Então todo dia faço... é é é vou pra academia 7 horas da

manhã. Então já me ocupo das 7h até 8h.

Prática de

atividade física

Saúde PXI.29 Todos os dias, das 7h

às 8h horas,

freqüenta a academia

PXI.30 - De 8h até 11h fico ocupado na cozinha, depois vou buscar minha esposa. Afazeres

domésticos

Afazeres

domésticos

PXI.28, PXI.30,

PXI.33

Afazeres domésticos

PXI.31 - 1h vou deixar (a esposa).

PXI.32 - Aí, não! Vou assistir um filme até 3h, vou ler um livro e cuidar do meu cachorro. Atividades

prazerosas

Lazer PXI.32, PXI.17,

PXII.57

À tarde assiste um

filme, lê um livro e

cuida de seu

cachorro.

PXI.33 - Aí quando dá 6h vou pra cozinha de novo lavar a loucinha que eu adoro, certo? Afazeres

domésticos

Afazeres

domésticos

PXI.28, PXI.30,

PXI.33

Afazeres domésticos

PXI.17 - No sábado pela manhã é que às vezes, né, eu saio um pouquinho aí tem tem, na minha

rua tem um barzinho, não é? Aí eu vou lá e converso de 8h até 9h, aí já venho pra casa e já fico na

minha casa e pronto.

Ás vezes, aos

sábados pela

manhã, vai a um

barzinho próximo à

sua casa

Lazer PXI.32, PXI.17,

PXII.57

Lazer

PXII.17 - ... estou fazendo Psicologia na UNP... Então estou usando o máximo dessa minha

liberdade de escolha. Então estou fazendo o curso da UNP, pra mim é liberdade máxima! Eu to

fazendo meu curso, três dias na semana!

Cursando

universidade

Estudos PXII.17, PXII.47,

PXII.49

Cursando

universidade

PXII.47 - Aí agora estou estudando né, estudando com afinco, estudando muito mas é muito Cursando Estudos PXII.17, PXII.47, Cursando

Page 146: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

prazeroso, o curso de Psicologia!... universidade PXII.49 universidade

PXII – 49 ...então é isso que eu to preenchendo minha vida agora, depois de aposentada. Vou

estudar e querer depois trabalhar em coisas assim sem ser institucional sabe?...

Cursando

universidade

Estudos PXII.17, PXII.47,

PXII.49

Cursando

universidade

PXII.57 - ...Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia

administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né? De noite eu só faço lazer sabe? Vou ao

shopping quase todos os dias pra ver a praça (risos) vou pro cinema sabe? Faço tudo ou não faço

naaaaada! Então estou administrando meu tempo com muito mais facilidade. Eu... o resto do dia é

todo administrando coisas que me dão o maior prazer.

Administrar o

tempo de forma

que possa fazer,

ao longo do dia, o

que lhe dá prazer

Lazer PXI.32, PXI.17,

PXII.57

Administrar o tempo

de forma que possa

fazer, ao longo do

dia, o que lhe dá

prazer

PXII.58 - Eu sempre gostei muito de ser mãe, de ser avó, sabe? É maravilhoso, tem muita

responsabilidade mas é muito bom. Então é isso aí também né? É um tempo muito gostoso que

agora estou fazendo com mais leveza, né?

Disponibilidade de

tempo para estar

com a família

Família PXII.58 Disponibilidade de

tempo para estar com

a família

PXII.60 - Viajo, com muito mais liberdade porque antes eu tinha todas as organizações de horário e

hoje eu continuo sendo aluna, só que ser aluna é muito melhor que ser professora em relação à

liberdade. Então, vamos dizer hoje! Amanhã! Sabe, não quero ir pra aula não. Posso! Mas se eu for

professora posso dizer que não vou dar aula? Né? Então, eu digo muitas vezes para eles: vocês

são privilegiados! Ser aluno! Então, como professora, a responsabilidade do trabalho é bem maior!

E como aluna, eu posso até reler o assunto, pegar com o colega... então, até isso é muito bom, eu

tenho essa minha atividade mas é uma atividade totalmente livre. Eu vou viajar, então me organizo

toda. Faço provas antecipadas, falo com os professores, converso com eles, faço os trabalhos,

viajo, depois volto, tudo bem! Se fosse professora eu não poderia fazer isso, tinha quer toda aquela

questão burocrática, institucional. Então aquela liberdade agora, sinceramente, não é total porque

tem a vida, tem a responsabilidade, eu continuo com toda a minha rede de responsabilidades mas é

muito maior.

Viagem sem

preocupação com

cumprimento de

horários

Viagem PXII.60 Viagem sem

preocupação com

cumprimento de

horários

Page 147: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

PROCESSO DE TRANSIÇÃO PARA A APOSENTADORIA

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PXI.18 - Bom. A minha aposentadoria. Ela ocorreu muito mais em face, face um

problema que tive. Eu tive um problema no joelho. Eu passei de licença. Estava de

licença mas passei doente. Depois foi caracterizada uma necrose no joelho, não é?

Aí eu tive que passar 3 meses de licença médica, não é? E quando retornei. Então

eu resolvi que, eu tive medo de voltar pra sala de aula e ter problema no joelho de

novo não é? E voltar à licença médica, de novo. Então eu resolvi me aposentar.

Essa foi uma das razões.

Licença para

tratamento de

saúde

Saúde PXI.18 Licença para tratamento de

saúde e, ao voltar ao

trabalho, receio de adoecer

novamente

PXI.19 - É. Uma das razões. A outra razão, certo, foi mais uma razão de foro íntimo

assim... em relação à política. Eu senti a instituição é... muito mais por... é...

excessos de de de politicagens, entre aspas, tá certo? Então é o tipo de coisa que

eu não gosto de me envolver. Foi mais uma razão pra eu deixar.

Excessos de

“politicagens”

Política PXI.19 Excessos de “politicagens”

PXII.32 - Agora eu comecei a me sentir muito cansada! Porque antes eu ensinava

no nível superior, tinha também que diminuir no nível médio. E no último ano foi

muito estressante assim eu nem imaginava que seria tão estressante! Porque eu

fiquei no nível superior, com 3 disciplinas diferentes, porque uma coisa é você

ensinar no nível médio, você chega em cinco turmas bem, mesmo os meninos

sendo muito medonhos mas tudo bem. É só uma questão de comportamento mas

nunca tive problemas com isso! Mas você ensinar Geografia Urbana, Geografia da

População, Lazer e Urbanismo e ainda depois ser cobrada estando com 2 turmas

do primeiro ano do segundo grau. Então aí eu fui me sentindo sufocadíssima! E

como eu já tinha tempo pra aposentadoria, isto é, já ia completar tempo pra

aposentadoria achei melhor refletir: olha, as coisas só é boa enquanto for

prazerosa, então, eu adoro ensinar, adoro! Agora chega um ponto que... aí sabe!

Eu trabalho há muito tempo, vou lá ver se tenho tempo!

Acúmulo de

turmas gerando

fadiga

Cansaço ou

sobrecarga

de trabalho?

PXII.32, PXII.34 Acúmulo de turmas

gerando fadiga

PXII.34 - ... Aí fiquei sobrecarregada, então chegou meu limite, né! Sobrecarga Cansaço PXII.32, PXII.34 Sobrecarga levando ao seu

Page 148: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

levando ao seu

limite

limite

PXII.40 - a preparação, no meu caso, foi... eu fui naturalmente, sempre eu achei

que o trabalho é uma parte da vida, então eu sempre achei isso independente de

qualquer discurso exterior, quer dizer, as pessoas querem que as pessoas

trabalhem muito! A instituição veste a camisa! A instituição é você! E eu não acho,

nunca achei nada disso! Eu sempre acho que qualquer instituição é uma parte da

sua existência. Que é muito mais, é muito maior...

O trabalho é

apenas uma das

várias esferas da

vida

Sobrecarga

de trabalho

PXII.32, PXII.34 O trabalho é apenas uma

das várias esferas da vida

PXII.41 - então quando eu pensei assim, eu disse: não, agora eu vou dar uma

ênfase, né? Ao resto, às outras coisas que eu deixei tanto tempo parada né! E

outros saberes. Porque eu acho assim, as coisas...preciso saber muita coisa, sou

muito curiosa! E minha preocupação aí era assim, saber sobre as pessoas!

Ênfase à outras

esferas da vida

deixadas de lado

devido o trabalho

Ênfase à outras esferas da

vida deixadas de lado

devido o trabalho

PXII.21 - sabe, eu vou refletir sobre essas coisas em outro lugar! Na minha própria

existência! E também porque eu trabalhei com o curso de lazer muitos anos e essa

minha preparação, esse esse estudo de lazer, que inclusive minha tese foi sobre

lazer no espaço urbano. Me fez refletir tanto sobre a questão do tempo, tempo de

trabalho, tempo de aproveitar a vida, outros tempos.

Disciplinas que ministrou

ajudaram na reflexão sobre

sua aposentadoria

PXII.24 - ...eu já vinha me preparando pelos meus estudos, pela minha vivência e

pelas minhas reflexões também, sou uma filósofa de vez em quando (risos). Aí, por

essas coisas, eu acho que já vinha me preparando sabe?

Disciplinas, que ministrou e

estilo de vida ajudaram na

reflexão sobre sua

aposentadoria

Page 149: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

TEMA

A APOSENTADORIA ESTÁ SENDO COMO ESPERAVA?

Discurso na Linguagem do Professor Unidade de

Significado

Categoria

Aberta

Rede de

Significados

Asserções

articuladas do

discurso

PXI.17 - Às vezes eu fico assim por que tem dias que eu não troco nenhuma palavra

com ninguém, certo? Então é uma coisa que realmente me machuca um pouco,

sabe? De eu ser assim um pouco anti-social (riso nervoso)

Solidão Relações

sociais

PXI.17 Solidão

PXI.28 - Olhe, na verdade eu não vou dizer que sim, certo? Por que envolve

questões que são, vão além da... do meu, do meu dia-a-dia assim... por exemplo,

então eu não sinto falta de trabalho, tá certo? Eu não sinto falta do trabalho. Por que

na verdade eu passo todas as manhãs trabalhando.

Manter-se

ocupado evita de

sentir falta do

trabalho

Trabalho PXI.28 Manter-se ocupando evita de

sentir falta do trabalho

PXI.34 - na verdade hoje eu poderia até dizer assim, que não estou gostando muito

mas não sobre esses fatores assim... é mais um fator da perda de uma questão

financeira que possuía. Que quando eu me aposentei eu tinha uma certa reserva. O

meu salário era um. Assim que me aposentei, com pouco tempo, foi suspenso o

Bresser, né? E, além disso, parte da reserva que eu tinha eu tive que pagar uma, a

uma empregada doméstica na justiça.

Financeiro PXI.34

Perdas financeiras

PXI.36 - Então, quer dizer, isso e essa obrigação um pouco de ficar em casa. Eu

tenho minha esposa e tenho minha filha. Minha esposa trabalha pela manhã e à

tarde, certo? Então não tem quem fique em casa e eu tenho um cachorro que a

gente gosta muito, certo? E minha filha estuda o dia todo e todo dia ela tem que

estudar por que ela tá terminando já o mestrado e precisa estudar. Então ela não

pode tomar conta das coisas. Então eu tenho que estar presente, certo?

Obrigação de ficar

em casa gera

sensação de estar

aprisionado

Família PXI.36, PXI.38 Obrigação de ficar em casa

gera sensação de estar

aprisionado

PXI.37 - Mas eu gostaria de quê, meu filho mora em Porto de Galinhas. Eu gostaria

de ir lá passar uma semana, tá compreendendo? Mas não em função até de da

minha esposa e de de de de minha filha, entendeu?

Obrigação de ficar

em casa gera

sensação de estar

aprisionado

Viagem PXI.37 Obrigação de ficar em casa

gera sensação de estar

aprisionado

PXI.38 - Então isso atrapalha um pouco... podia ir à Brasília, poderia ir que eu tenho

família lá, passar uns dias. Mas em razão desse né, contexto! Aí eu fico um pouco

Obrigação de ficar

em casa gera

Família PXI.36, PXI.38 Obrigação de ficar em casa

gera sensação de estar

Page 150: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

preso. sensação de estar

aprisionado

aprisionado

PXII.44 - Eu acho assim, que a minha aposentadoria foi uma grande conquista. Eu

acho que a aposentadoria não é nada a não ser uma conquista.

Aposentadoria

enquanto

conquista

Conquista PXII.44, PXII.48,

PXII.50

Aposentadoria é uma

conquista após anos de

dedicação ao trabalho

PXII.46 - ...foi muito uma questão assim de liberdade mesmo, eu acho que Graças a

Deus minha aposentadoria me possibilitou a liberdade de continuar trabalhando em

coisas diferentes!

Liberdade de

escolhas

Liberdade PXII.46, PXII.57 Liberdade gerando

possibilidades de escolhas

PXII.48 - eu tenho o privilégio, é isso que eu digo eu tenho o privilégio, puxa vida! Eu

estou com o privilégio de não ter essas obrigações entendeu ? Eu tenho esse

privilégio.

A não obrigação

de cumprir

horários

institucionais

percebida como

privilégio

Conquista PXII.44, PXII.48,

PXII.50

Aposentadoria enquanto

privilégio de não ter

obrigação de cumprir

determinados horários

institucionais

PXII.50 - ...eu tive essa idéia de que a aposentadoria era um prêmio, né! Um prêmio

pelo meu esforço, pelo meu trabalho, pelo que eu dei à sociedade. De uma forma

participativa, porque durante esse tempo que eu tive, eu tive participando de tudo,

né, então eu sempre achei que a aposentadoria era um prêmio de liberdade, dessa

liberdade que eu queria conseguir, então...

Aposentadoria é

um prêmio de

liberdade pelos

anos trabalhados

Conquista PXII.44, PXII.48,

PXII.50

Aposentadoria como prêmio

de liberdade

PXII.57 - ...a minha vida melhorou muito! Porque eu fiquei mais livre pra administrar

meu tempo...

Então assim eu to administrando o tempo agora, antes já administrava, conseguia

administrar mas agora eu tenho muito mais liberdade né?

Liberdade para

administrar o

tempo

Liberdade PXII.46, PXII.57 Liberdade para administrar o

tempo

Page 151: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE E

Roteiro para entrevista dos servidores que participaram do curso e não se

aposentaram.

Idade

Estado civil

Filhos. Quantos

Escolaridade

Há quanto tempo você trabalha na Instituição

Qual seu setor de lotação

Possui (ou já possuiu) alguma função de chefia. Há quanto tempo. Especificar.

Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).

Exerce, atualmente, atividade(s) laborativa(s) fora da Instituição. Qual

Como você utiliza seu tempo livre

Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,

entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado

Você já preencheu os requisitos para se aposentar e continua trabalhando. Você poderia

ter se aposentado desde que ano. O que o levou a escolher continuar trabalhando ao

invés de se aposentar. (caso já tenha atingido o tempo para se aposentar)

Com relação ao Curso de Preparação para a Aposentadoria, as informações recebidas

no curso corresponderam ao que você esperava receber com relação ao processo de

aposentadoria

Como você imagina que será sua aposentadoria.

Page 152: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

RESPOSTAS

Page 153: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

APÊNDICE F

Roteiro para entrevista do servidor que participou do curso e se aposentou

Idade

Estado civil

Filhos. Quantos

Escolaridade

Quanto tempo você trabalhou na Instituição

Qual seu setor de lotação

Possuiu alguma função de chefia

Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).

Como você utiliza seu tempo livre

Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,

entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado

Com relação ao Curso de Preparação para a Aposentadoria, as informações recebidas no

curso corresponderam ao que você esperava receber com relação ao processo de

aposentadoria

Como se deu sua aposentadoria?

Page 154: Pensando a Aposentadoria – um Estudo de Caso em uma ...

RESPOSTAS

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APÊNDICE G

Roteiro para entrevista do servidor que não participou do curso e não se aposentou

Idade

Estado civil

Filhos. Quantos

Escolaridade

Há quanto tempo você trabalha na Instituição

Qual seu setor de lotação

Possui (ou já possuiu) alguma função de chefia. Há quanto tempo. Especificar.

Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).

Exerce, atualmente, atividade(s) laborativa(s) fora da Instituição. Qual

Como você utiliza seu tempo livre

Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,

entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado

Você já preencheu os requisitos para se aposentar e continua trabalhando. Você poderia ter se

aposentado desde que ano. O que o levou a escolher continuar trabalhando ao invés de se

aposentar.

Você tem conhecimento da existência de um Programa de Preparação para a Aposentadoria

na Instituição?

O que você sabe sobre a proposta desse Programa?

Porque você não participou desse Programa?

Como você imagina que será sua aposentadoria.

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RESPOSTAS

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APÊNDICE H

Roteiro para entrevista dos servidores que participaram do curso e se aposentaram

Idade

Estado civil

Filhos. Quantos

Escolaridade

Quanto tempo você trabalhou na Instituição

Qual seu setor de lotação

Possuiu alguma função de chefia

Teve experiência profissional antes do IFRN. Qual (is).

Como você utiliza seu tempo livre

Participa de alguma associação de bairro, religiosa, sindical, não-governamental-ONG,

entidade filantrópica ou alguma outra que eu não tenha citado

Como se deu sua aposentadoria?

Você tem conhecimento da existência de um Programa de Preparação para a Aposentadoria

na Instituição?

O que você sabe sobre a proposta desse Programa?

Porque você não participou desse Programa?

Sua aposentadoria está sendo como você esperava que fosse?

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RESPOSTAS