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As pequenas e médias empresas maranhenses quanto à pesquisa e desenvolvimento e inovação 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contextualização No início do século XXI o ambiente do mundo empresarial pode ser descrito como turbulento, onde os desafios são construídos a cada dia de maneira crescente e desafiadora. Nesse sentido, as empresas estão diante de situações cada vez mais complexas que exigem soluções inovadoras. Um dos maiores desafios organizacionais nesta época é ser capaz não só de possuir vantagens competitivas frente a seus oponentes, mas, também de tornar esta superioridade sustentável. Um caminho clássico e poderoso neste sentido é a estreita relação entre as estratégias organizacionais e os avanços tecnológicos, alcançados pela pesquisa e inovação. Mais ainda do que no passado, em virtude de um cenário de hipercompetitividade hoje observado, a Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I) emergem como fator preponderante para a competitividade organizacional. Reconhece-se que a inovação é uma estratégia muito bem utilizada nos países ditos do “primeiro mundo”. Universidades, Empresas, Institutos de Pesquisas, Governos e a sociedade em geral reconhecem a importância da inovação para o desenvolvimento de seus países, no que ocorre nos países desenvolvidos onde os investimentos em pesquisa são mais abundantes frente seus Produtos Internos Brutos (PIB’s). Mesmo países em desenvolvimento que observaram um rápido crescimento nos últimos anos, seus sucessos foram atribuídos aos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Cita-se como exemplo a Coréia do Sul e outros “Tigres asiáticos”. No nível empresarial, reconhece-se que a inovação é responsável por grande parte da competitividade das firmas, haja vista que o produto da inovação permite que essas firmas possam utilizar-se de produtos e serviços diferenciados para garantir posições favoráveis frente à concorrência, como destaca Porter (1986). O desenvolvimento tecnológico é um exemplo de um grande desafio compartilhado tanto pelo Estado como pela iniciativa 12

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Trabalho monográfico

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As pequenas e médias empresas maranhenses quanto à pesquisa e desenvolvimento e inovação

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

No início do século XXI o ambiente do mundo empresarial pode ser descrito como turbulento, onde os desafios são construídos a cada dia de maneira crescente e desafiadora. Nesse sentido, as empresas estão diante de situações cada vez mais complexas que exigem soluções inovadoras. Um dos maiores desafios organizacionais nesta época é ser capaz não só de possuir vantagens competitivas frente a seus oponentes, mas, também de tornar esta superioridade sustentável.

Um caminho clássico e poderoso neste sentido é a estreita relação entre as estratégias organizacionais e os avanços tecnológicos, alcançados pela pesquisa e inovação. Mais ainda do que no passado, em virtude de um cenário de hipercompetitividade hoje observado, a Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I) emergem como fator preponderante para a competitividade organizacional.

Reconhece-se que a inovação é uma estratégia muito bem utilizada nos países ditos do “primeiro mundo”. Universidades, Empresas, Institutos de Pesquisas, Governos e a sociedade em geral reconhecem a importância da inovação para o desenvolvimento de seus países, no que ocorre nos países desenvolvidos onde os investimentos em pesquisa são mais abundantes frente seus Produtos Internos Brutos (PIB’s).

Mesmo países em desenvolvimento que observaram um rápido crescimento nos últimos anos, seus sucessos foram atribuídos aos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Cita-se como exemplo a Coréia do Sul e outros “Tigres asiáticos”.

No nível empresarial, reconhece-se que a inovação é responsável por grande parte da competitividade das firmas, haja vista que o produto da inovação permite que essas firmas possam utilizar-se de produtos e serviços diferenciados para garantir posições favoráveis frente à concorrência, como destaca Porter (1986).

O desenvolvimento tecnológico é um exemplo de um grande desafio compartilhado tanto pelo Estado como pela iniciativa privada para o desenvolvimento econômico de uma região. Esse desafio pode ser melhor alcançado com ações conjuntas entre esses dois segmentos. Segundo Vieira; Ohayo (2002, p. 2), “cada vez mais o processo de inovação requer interações entre o mundo da ciência e da tecnologia e dos mercados”.

Quanto ao universo da Pequena e Média Empresa (PME), por não ter ganhos de escala em função de seu porte reduzido frente às grandes empresas, a inovação constitui um caminho alternativo que pode viabilizar a PME e fazer com que esta se torne competitiva e torne-se uma grande empresa como aconteceu com a Microsoft, Xerox, Kodak e outras.

É reconhecido o poder inovador entre as PME’s. O estudo desta situação para o Estado do Maranhão constitui fator importante e de grande valia tanto para o universo acadêmico como para o setor empresarial. Este pode utilizar-se dos conhecimentos gerados para ampliar sua competitividade. Por sua vez, nessa busca de maior intercâmbio entre academia e setor produtivo, segundo Gusmão (2002, p.329), “as instituições de pesquisa e Universidades têm sido cada vez mais

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constrangidas a orientar os resultados de seus esforços em P&D a serviço da competitividade da indústria nacional e do crescimento econômico”. Assim sendo, não é de hoje que se encontra, na academia e na atividade empresarial, opinião da existência de um grande distanciamento entre a Universidade e o setor produtivo. “Embora tenha havido esforços importantes no Brasil nas últimas décadas, esse tema ainda não foi satisfatoriamente equacionado” (MCT, 2001).

Marcovitch (1999, p.15) comenta que, de certo modo, em ambos, ainda se cultiva a desconfiança que permanece numa busca constante e poderá ser eliminada nessa relação.

Há dois mitos a destruir. O primeiro cultivado pelos empresários, de que o pesquisador acadêmico é um ser etéreo, descolado da realidade. O segundo corrente na área de pesquisa, de que o empresário despreza a ciência. Vencidos esses equívocos, a Universidade e a empresa encontrarão finalmente um novo modelo de convívio.

Esse distanciamento não contribui para a ampliação dos avanços tecnológicos e para a competitividade nacional, como exemplificado nas experiências bem sucedidas de países desenvolvidos (Estados Unidos, Inglaterra, dentre outros). Isso representa mais uma nova quebra de paradigma que permitirá um salto qualitativo e quantitativo no país, buscando entender que condição como essa não aparece frequentemente, mas que saibam aproveitar as oportunidades que surgem de forma favorável.

No caso brasileiro, pode-se considerar que o desenvolvimento tecnológico do setor industrial ainda não alcançou um estágio que pode ser classificado favorável, se for levados em conta os dados da pesquisa industrial do IBGE realizada em 2000. Segundo tal levantamento, apenas 8,1% da receita líquida da indústria brasileira são oriundos de setores ditos de alta tecnologia, prevalecendo os setores de baixa e média tecnologia com 62% da receita líquida total.

Além da necessidade de maiores incentivos oficiais, ampliação dos recursos e outros entraves burocráticos, o reconhecimento por parte da academia de como ocorre a operacionalização do processo de aquisição e desenvolvimento de tecnologia no setor produtivo maranhense, tende a facilitar a gestão e a disponibilidade de ferramentas adequadas à realidade local, maximizando os recursos públicos e privados investidos, com retorno positivo para ambos os segmentos.

Não se restringindo à academia, o reconhecimento desse processo também se torna útil às entidades de classe, que podem usufruir dessas informações para fomentar a P&D no Estado ou ainda encorajar empresas filiadas a engajar-se em novos e estratégicos processos de desenvolvimento de novas tecnologias. Nesse sentido, o esforço para identificação de estratégias de P&D na indústria maranhense representa um importante vetor para consolidar esse setor no cenário nacional.

No Estado do Maranhão, onde os indicadores industriais e tecnológicos são, em tese, mais acanhados, pode-se atribuir uma situação mais alarmante do que o caso brasileiro em decorrência tanto da falta de cultura de P&D no setor produtivo, como pela dificuldade de acesso a recursos de financiamento condizentes (em custo e prazo) com a atividade de pesquisa. Dentre as indicações para reverter esse quadro estão maiores incentivos oficiais para P&D, mudança da cultura de pouco investimento em tecnologia pelo setor empresarial e maior intercâmbio entre os setores produtivo e de pesquisa.

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Ainda um outro dado que pode indicar o nível inadequado de pesquisa tecnológica na indústria maranhense é o Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial (Lei 8.661/93), desenvolvido pelo Governo Federal que prevê entre outros benefícios, para empresas que desenvolvem pesquisa tecnológica, o abatimento de imposto de renda (IR), a redução de imposto sobre produtos industrializados (IPI) para máquinas, equipamentos e acessórios destinados à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico e a depreciação acelerada desses equipamentos.

Tal programa prevê incentivos tanto para empresas isoladas como para associações entre empresas e Institutos de Pesquisa / Universidades. De 1994 até 2002 foram contempladas 112 empresas em todo o país. Desse total, apenas 03 empresas estavam localizadas na região nordeste (Bahia) e nenhuma dessas estavam sediadas no Estado do Maranhão.

Um outro indicativo importante que reflete as pesquisas e o avanço tecnológico é a concessão de patentes, realizada pelo INPI. A Tabela 1 expressa a situação da distribuição de patente no cenário brasileiro entre 1988 e 1996. Tais dados refletem mais uma vez uma situação desfavorável para o Estado do Maranhão, aparecendo somente na categoria “outra”, composta por 18 Estados que detêm, juntos, apenas 5,24% das patentes concedidas no país nesse período.

Tabela 1 Distribuição de Patentes e PIB por Estado (1988-1996)

Unidade da Federação

Índice de Participação no PIB

Distribuição de Patentes (INPI)

SP 0,37 53,68%RJ 0,11 10,73%RS 0,07 9,34%MG 0,10 7,37%

PR 0,06 5,86%

SC 0,03 4,03%

DF 0,02 1,55%

BA 0,04 1,26%

PE 0,02 0,94%

Outros 0,17 5,24%

TOTAL 1,00 100,00%Fonte Adaptado de Albuquerque (2002)

Isto ajuda a demonstrar que o modelo prevalecente no Brasil é o de importação de tecnologias, “esse comportamento empresarial [...] levou à constituição de uma capacidade produtiva moderna, sem a construção de uma capacidade inovadora correspondente” (MCT, 2001). Embora a pesquisa do IBGE (2000) não tenha apresentado uma classificação regional que possa analisar o Estado do Maranhão em particular, admite-se que a situação local não seja diferente.

Neste sentido se estabelece o seguinte questionamento norteador da pesquisa:

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Diante dos dados apresentados, como é possível o Estado do Maranhão romper com essa situação de baixo investimento em pesquisa industrial? O que fazer para aproximar o setor acadêmico do setor produtivo na busca de geração de produtos e serviços que signifiquem competitividade para a pequena e média empresa maranhense e como incorporar as teorias da inovação em suas práticas?

Com a intenção de ampliar esse debate e conhecer mais sobre as práticas empresariais apresenta-se o objetivo deste trabalho, que repousa na análise da gestão da inovação em pequenas e médias empresas atuantes no Estado do Maranhão e suas conexões com as ações estratégicas.

O objetivo geral desta pesquisa se estabelece na busca de compreender junto ao setor industrial do Estado do Maranhão estratégias predominantes no processo de aquisição, pesquisa e desenvolvimento tecnológico utilizados nos produtos e serviços empresariais.

Quanto aos objetivos específicos que norteiam esta pesquisa:a) Estabelecer as entidades de representação industrial do Estado do

Maranhão, um perfil de seus integrantes quanto à forma de aquisição de tecnologia para o desenvolvimento de seus produtos e serviços;

b) Expandir a cooperação em P&D entre as Universidades locais e as pequenas e médias empresas maranhenses;

c) Conhecer a realidade local das indústrias de pequeno e médio porte do Estado do Maranhão quanto à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e novas inovações.

Partindo-se da hipótese que prevalecem estratégias não adequadas na geração de conhecimento tecnológico aplicados a produtos e serviços na indústria maranhense, esta pesquisa inicial tenta identificar o processo desenvolvido entre os gestores locais e propor estratégias adequadas para a prospecção tecnológica das empresas pesquisadas, de acordo com a literatura.

A metodologia aplicada neste estudo baseou-se em um estudo exploratório, que tem com finalidade desenvolver, esclarecer e modificar alguns conceitos e idéias, obtendo a formulação dos problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, com o objetivo de proporcionar uma visão geral, do tipo aproximativo, acerca de determinado fato, cita Gil (1999). No Estado do Maranhão, a pesquisa acadêmica sobre este tema ainda é restrita e insignificante, sob o ponto de vista aqui trabalhado, o que justifica a escolha da pesquisa exploratória.

Buscou-se uma análise mais quanti-qualitativa onde se procurou levantar além das características da realidade de cada investigado, também suas expectativas em relação ao tema, que servirão de base para estudos futuros.

Foram levantados informações de identificação da empresa e de seu dirigente principal, ações de P,D&I desenvolvidas, estrutura formal desta atividade na empresa, conhecimento e aplicação de legislação pertinente e expectativas estratégicas da P,D&I para a empresa.

Embora sejam apresentadas algumas estatísticas descritivas, não é possível fazer generalizações comuns nos estudos quantitativos, haja vista o número de respondentes do questionário, mas como estudo exploratório, que subsidiará futuras pesquisas, seus resultados se estimam como válidos. A junção de metodologia quantitativa e qualitativa já é comum na literatura e sua parte qualitativa está em acordo com a predominância de método utilizados nos estudos organizacionais.

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Quanto à geração dos dados foi utilizada a técnica do questionário estruturado com perguntas fechadas e abertas. Para a análise dos dados colhe-se a análise estatística descritiva e análise de conteúdo para as questões abertas. Inicialmente, aplicou-se um pré-teste com executivos de quatro empresas no intuito de analisar-se a consistência e a pertinência das perguntas, entendimento dos questionamentos pelos respondentes, tempo de aplicação etc. Diante de pequenas alterações foi aplicado o questionário de forma definitiva.

Os dados foram obtidos a partir de uma amostra por conveniência (não-probabilística), que é representativa e, sendo validada, pelos parâmetros exigidos pelos procedimentos estatísticos. O universo da amostra corresponde ao número de empresas do Estado do Maranhão, conforme dados fornecidos pela FIEMA, de aproximadamente 98 empresas de pequeno e médio porte. Foram enviados questionários para 60 empresas (tendo um índice de resposta de 50%). Em seguida foram realizados contatos telefônicos e pessoais para recebimento das informações.

Uma dificuldade da pesquisa foi o tempo de resposta dos solicitados em preencher o questionário, fato já comum em pesquisas desta natureza. Porém, muitos pesquisados deixaram de responder ao questionário em virtude do insuficiente nível de compreensão acerca do conteúdo indagado e dentre algumas expressões contidas.

Procurou-se utilizar de respondentes de diferentes ramos empresariais para conseguir maior representatividade dos dados obtidos. A amostra final foi composta por empresas implantadas no Estado do Maranhão, do segmento industrial ou de serviço, de diferentes ramos empresariais como o metalúrgico, a mineração, as construtoras, as engenharias, o moveleiro, o farmacêutico entre outros. Os respondentes foram seus representantes principais haja vista o objetivo da pesquisa de investigar o comportamento estratégico das empresas e, para tal, necessitar inquirir as pessoas responsáveis por essas empresas. Um total de 30 empresas participou da pesquisa, todas instaladas no Estado do Maranhão.

Após o recebimento dos questionários respondidos, os dados foram armazenados e operacionalizados através do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) para identificação do perfil médio das pequenas e médias empresas maranhenses quanto à pesquisa e desenvolvimento e inovação (P,D&I) e seu intercâmbio com Universidades e Instituições de pesquisa.

A representatividade deste estudo se estrutura pela seguinte forma, a saber: No capítulo I - na introdução - se contextualiza na identificação do atual cenário das pequenas e médias empresas para garantir competitividade no mercado diante das inovações, assim como o significado o importante papel que representam para o desenvolvimento socioeconômico do país e do Estado. Apresentam-se ainda as razões e justificativas para a construção desse trabalho, como também, seus objetivos e resultados esperados, sua metodologia, descrição e abrangência da pesquisa.

O capítulo II analisa o processo de inovação como estratégia de competição e crescimento nas indústrias brasileiras, as atividades de aplicação da política de C&T para a transformação efetiva de sistemas de inovação. Discute-se a análise do período econômico do modelo de industrialização por substituição da economia brasileira e a importante contribuição do conhecimento da tecnologia para o desenvolvimento e o aproveitamento da inovação como fator de competitividade para as empresas.

No capítulo III discute-se o segmento das PME’s, destacando-se sua relevância no ambiente econômico e social do país e suas particularidades. Procura

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demonstrar a importância da inovação tecnológica no processo de mudança nos padrões industriais e competitivos de um setor, região e país. O apoio que essas empresas recebem como incentivo para realizarem pesquisa e desenvolvimento e que contribuem de forma agregada ao seu potencial.

O capítulo IV define as principais informações para analisar e compreender as vantagens e desvantagens das pequenas e médias empresas apostarem em inovação tecnológica para seus processos, produtos e serviços. Diante disso, como essas empresas podem assumir posturas inovadoras através de uma base de incentivo governamental e fiscal para obterem vantagens competitivas diante de um cenário dinâmico e turbulento. Compõe, ainda, a utilização e benefício da pesquisa e desenvolvimento (P&D) para o crescimento econômico e financeiro empresarial. E, como os empresários e executivos vêem esse fenômeno da inovação tecnológica na pequena e média empresa industrial do Estado do Maranhão. A relação entre Universidade e o setor produtivo como resultados dos esforços de P&D a serviço da competitividade da indústria nacional e do crescimento econômico local e regional.

O capítulo V está concentrado na tabulação, apresentação e análise das informações e dos dados coletados na pesquisa de campo, fazendo um breve comentário acerca dos assuntos explorados no questionário, visando entender como os empresários geram e introduzem inovações nas suas empresas para tornar parte competitivamente dos mercados e identificar o perfil desses empreendedores.

No capítulo VI contém as principais conclusões desta monografia. Apresentam-se algumas recomendações de ações passíveis de serem implantadas pelo Governo, pelas entidades de classe, Universidades e centros de pesquisa, com o objetivo de facilitar e estimular os processos de inovação tecnológica e competição nas empresas de pequeno e médio porte localizadas em economias frágeis e dependentes. Pretende-se que estas considerações colaborem para a realização de trabalhos futuros em que busquem melhores condições e soluções de transformar a realidade destas empresas e o crescimento científico e tecnológico local e regional.

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CAPÍTULO II

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL

Este capítulo tem como objetivo discutir o atual cenário da inovação tecnológica nas indústrias brasileiras e as alternativas na definição das estratégias de competição nas empresas industriais. O capítulo está dividido em sete tópicos.

No primeiro é abordado o progresso da Ciência e da Tecnologia na indústria do Brasil do ponto de vista das políticas públicas. Na segunda parte são discutidos os principais modelos de inovação que influenciaram na reforma do setor de C&T brasileiro. A terceira parte analisa o desencadeamento do modelo de industrialização substitutiva de importações. A quarta parte se preocupa com a questão dos objetivos, das diretrizes e dos conceitos do processo de construção do Sistema Nacional de Inovação no Brasil e no mundo. Na quinta parte são descritas algumas concepções sobre inovação e suas peculiaridades nas empresas brasileiras. A sexta parte faz uma análise da conquista da competitividade nacional e a estratégia da empresa para competir. A sétima e última parte discute a revolução do conhecimento e a aquisição de novas tecnologias como fatores diferenciais para o progresso técnico e competitivo nas empresas.

Na realidade a evolução da Ciência e da Tecnologia influenciam gradativamente em todo processo produtivo de modo sistemático para responder às exigências do mercado como dimensões competitivas das empresas. Desta forma, os estudos sobre inovação tecnológica trás uma visão das fontes de vantagens competitivas para uma quantidade crescente de empresas industriais.

2.1 A Evolução da C&T na Indústria Brasileira

A inovação tem um caráter extenso e permanece crescendo nos últimos anos, sobretudo procurando ela expressar a importância das inovações para o setor empresarial e fornecendo prescrições sobre como realizar inovações com sucesso em um mundo onde cada vez mais as empresas delas necessitam para, no mínimo, continuarem existindo no mercado. Dessa forma, a busca por inovações é um processo contínuo e permanente, sendo inerente ao processo de concorrência entre as empresas e a acumulação de capital.

No Brasil, o processo de industrialização teve início em meados da década de 40, ainda muito recente se comparado aos países desenvolvidos, com o objetivo de garantir infra-estrutura necessária à instalação de indústrias automotivas, de equipamentos, química, elétrica e eletrônica que se estabeleceram no país a partir dos anos 50.

Com o acelerado processo de industrialização brasileiro, muitos empresários tiveram de adquirir tecnologias no exterior para proporcionar o funcionamento de suas empresas, pois o país não oferecia recursos humanos e materiais para a criação de know how nacional, tendo de obtê-lo por meio de acordos a assistência técnica, licenças e contratação de profissionais vindos do exterior (BARBIERI et al., 2007).

A partir daí, houve a necessidade de construir equipes de P&D para realizar ajustes necessários à adaptação da tecnologia adquirida no exterior. Nesse sentido, Barbieri et al. (2007, p.9) referem-se que “em algumas empresas, notadamente as estatais do ramo de energia, telecomunicações e petróleo, tais

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equipes de P&D efetivamente evoluíram e conseguiram ser reconhecidas pelo alto nível de inovação”.

O Governo só deu importância ao desenvolvimento científico e tecnológico no final da década de 60, quando criou planos e políticas especializadas na área, agências de fomento (FINEP), bancos de investimentos (BNDES), ofertando diversos cursos de pós-graduação em Universidades como a USP, em 1964. Concedeu grandes quantidades de bolsas de mestrado e doutorado a cientistas brasileiros que realizavam estudos em renomadas escolas do exterior, além de treinamento de cientistas e pesquisadores como relatou alguns autores.

O resultado foi que muitas empresas brasileiras acabaram por não utilizar o estoque de conhecimento produzido pelas Universidades, pelo fato de serem instituições cuja interação com outros segmentos era bastante peculiar (BARBIERI et al. 2007, p. 10). A década de 80, conhecida como “década perdida”, foi marcada por uma série de acontecimentos que conturbaram o desenvolvimento científico e econômico brasileiro.

Em destaque ao período, o país experimentou oito diferentes planos de estabilização inflacionária, quinze diferentes políticas salariais, quatro diferentes moedas, dezenove decretos relacionados com os cortes públicos, onze diferentes indexações para calcular a desvalorização da moeda corrente e cinco congelamentos de preços e salários. (FERRAZ et al. apud BARBIERI et al., 2007, p. 10). A preocupação com a inovação foi tardia, ocorrendo, somente, no início da década de 90, em conseqüência da abertura da Economia brasileira.

Acompanhando o mesmo raciocínio Caldas et al. (2001, p.48) enunciam:

O reconhecimento de que o Brasil necessita equacionar adequadamente seus problemas sociais, em especial aqueles provocados pelas desigualdades econômicas regionais, e aproveitar as oportunidades de geração de riqueza proporcionadas pelo seu vasto potencial de recursos naturais, coloca para o setor de ciência e tecnologia nacional, ao mesmo tempo, um desafio de imensa magnitude e uma oportunidade histórica excepcional.

As ações no campo da C&T também foram conturbadas durante o governo Sarney que extinguiu o MCT e o Ministério da Indústria e Comércio, cujas funções foram conduzidas pelo Ministério de Desenvolvimento Industrial, Ciência e Tecnologia. Em decorrência as exigências da comunidade científica, depois de dois meses, criou-se a Secretaria Especial de Ciência e Tecnologia que foi transformada novamente em MCT em dezembro/89 e, extinta logo depois, com a reforma administrativa introduzida nos primeiros dias do governo Collor. Não restam dúvidas, que esse ambiente conturbado significou um profundo impacto negativo na inovação empresarial.

Contudo, nos últimos vinte anos, o crescimento econômico brasileiro mostrou-se bastante modesto em comparação aos períodos anteriores a 1980. No decênio 1995-2004, a economia brasileira pôde crescer, em média, 2,4% ao ano. Durante esse período, houve a perda do dinamismo da economia por diversos fatores que antecederam a década de 90. Isso é ilustrado no gráfico 1, que revela as taxas de crescimento do PIB no Brasil no decorrer dos últimos quarenta anos e sua média móvel decenal (SBRAGIA et al., 2006; REZENDE; TAFNER, 2005).

Nota-se que o setor de Ciência e Tecnologia (C&T) Nacional vem conquistando espaço perante a sociedade e tem demonstrado sua capacidade para responder a desafios de grande complexidade através do amadurecimento de suas instituições de pesquisa e agências de fomento ao desenvolvimento científico e

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tecnológico. Atualmente, a ênfase para o aprimoramento desse setor está sendo redimensionado à construção de um novo modelo de planejamento e gestão das

ações de C&T focado no processo de inovação tecnológica. (CALDAS et al. 2001). Gráfico 1 – Taxa de crescimento do PIB, 1965 – 2004Fonte: IBGE (2004)

A cultura da inovação e da tecnologia ainda permanece distante da realidade das empresas brasileiras. Este cenário político e social refletiu negativamente na estrutura inovadora empresarial, impedindo o crescimento científico e econômico do país. A prática da inovação nos países é resultado de avanço tecnológico, competitividade e conhecimento para as empresas, proporcionando melhores condições de garantia a estabilidade e ao desenvolvimento sustentável.

2.2 Os Modelos de Inovação no Brasil

A extrema complexidade dos processos envolvidos nas atividades de C,T&I, a intensidade e a multiplicidade de conexões entre seus diferentes elementos têm motivado de certa forma a construção de modelos sintéticos de processos que promovam a inovação e que fornecessem um panorama ao estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T&I), sendo capazes de identificar os nexos causais entre Ciência, Tecnologia, Economia e Sociedade. Contudo, alguns esquemas teóricos parciais que vinculam a inovação à Economia têm sidos utilizados como modelos para análise da C&T que remontam ao período de institucionalização da Ciência no pós-guerra (GRIZENDI, 2006; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003).

Alguns comentários foram observados durante este período, podendo ser lembrados por Barbieri e Álvares (apud BARBIERI, 2007, p. 10), “Nesse período se deu a opção pelo modelo linear de inovação, ou science push, dentre os vários modelos de inovação existentes”. O modelo linear surgiu no final da 2ª Guerra Mundial dominando o pensamento sobre inovação em C&T cerca de três décadas. Este modelo realizava grandes investimentos em Ciência que gerava estoque de conhecimento científico no país, sendo utilizado nas empresas como desenvolvimento de produtos e processos novos e gerando riqueza e desenvolvimento social.

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O modelo linear despreza as atividades externas à P&D, considerando-se a inovação tecnológica relacionada apenas à invenção, produção e comercialização sem envolver o processo social contínuo das atividades de gestão, coordenação, aprendizado, negociação, investigação de necessidades de usuários, aquisição de competência, gestão do desenvolvimento de novo produto, gestão financeira entre outras (SIRILLI apud GRIZENDI, 2006, p. 2).

Conforme o modelo linear (figura 1), “O desenvolvimento, a produção e a comercialização de novas tecnologias são vistos como uma seqüência de tempo bem definida, que se origina nas atividades de pesquisa, envolvidas na fase de desenvolvimento do produto e leva à produção e, eventualmente, à comercialização” (OCDE, 1992 apud GRIZENDI, 2006, p.1).

Figura 1 – O modelo linear do processo de inovaçãoFonte: Grizendi (2006)

No entanto, a P&D são vistos como a base da inovação tecnológica e a pesquisa científica como “bem público”. Este modelo teve como base as teorias clássica e neoclássica, que tratam a inovação de modo mecanicista, tornando superado pelo apoio excessivo à pesquisa científica como fonte de novas tecnologias e implementação da abordagem seqüencial e tecnocrática do processo - descoberta científica, invenção, industrialização e mercado. Nessas abordagens, os investimentos em capital físico e humano são fatores decisivos para o desenvolvimento tecnológico e a inovação resulta de uma série sucessiva de períodos em um continuum linear (CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003; GRIZENDI, 2006).

Apesar das limitações que continha tal modelo, em constatar que investimentos em P&D não levavam simultaneamente ao desenvolvimento tecnológico nem ao sucesso econômico do uso da tecnologia, sem garantias a invenções de novas técnicas. Foi então que surgiu a abordagem não-linear ou interativa onde obtinha as diversas interações entre (C, T&I) em todas as etapas, indo além da visão limitada do modelo linear sobre dinâmica inovativa.

Logo, Conde e Araújo-Jorge (2003, p.730) afirmam que “essas novas abordagens enfatizam então o papel central do design, os efeitos de feedback entre as diversas fases do modelo linear anterior e as numerosas interações entre ciência, tecnologia e o processo de inovação em todas as fases”.

Nessa mesma linha de abordagem, ressalta-se a importância do pensamento estruturalista contemplado nas palavras de Grizendi (2006), a corrente evolucionista sobre o progresso técnico. Descreve que as formas de relacionamento

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entre pesquisa e atividade econômica são múltiplas e que o processo de inovação é percebido como sendo interativo e multidirecional, não havendo apenas uma etapa, a da invenção, em que o aumento do conhecimento é aproveitado pelo sistema econômico.

A partir da década de 1980, em particular, cujo estudo seminal de Kline e Rosenberg, em 1986, a introdução do modelo interativo (demand pull) do processo de inovação que combina interações no interior das empresas e interações entre as empresas individuais e o sistema de Ciência e Tecnologia mais abrangente em que elas operam (o chain-linked model). Ou seja, o processo de inovação iniciava-se da percepção da demanda do mercado (CAMPANÁRIO, 2002).

O modelo interativo mostra que o centro da inovação é a empresa, de onde derivam as iniciativas que vão possibilitar a inovação, partindo-se das necessidades de mercado e apoiando-se o conhecimento científico já existente ou buscando um novo conhecimento científico. Neste modelo, a empresa é o “locus” da inovação e vários caminhos são possíveis para se chegar à ela.

O modelo abaixo (figura 2) demonstra a validação dos processos existentes entre inovação e o conhecimento pela representação que nos oferece. Nesse sentido pode-se constatar que “a existência de feedback loops entre as atividades de pesquisa e produtividade da empresa é característica central do processo de inovação neste modelo” (GRIZENDI, 2006, p.3).

Figura 2 - O modelo interativo do processo de inovação Fonte: Grizendi (2006)

A redução do esforço em P,D&I pelo setor público padece das características intrínsecas do Estado brasileiro, devido à falta de recursos, limitações legais e descontinuidade administrativa, fazendo com que a concentração de pessoal do alto nível de formação retenha-se, relativamente nas pesquisas básicas.

Por isso, a disparidade existente na relação entre pesquisa científica e tecnologia segue não somente um, mas vários outros caminhos, e a pesquisa científica pode interferir em diversos estágios do processo de inovação. Nisso consiste a dinâmica da inovação tecnológica implantada nas empresas como geradoras de vantagens competitivas e desenvolvimento econômico para regiões, estados e países.

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2.3 O Modelo de Substituição de Importações

O setor industrial brasileiro passou por um forte avanço no período da década de 30 assim como nas décadas seguintes, tendo como característica determinante a industrialização por substituição de importações. Esse processo teve como principal característica uma industrialização fechada, visando atender apenas ao mercado interno e dependendo em boa parte de medidas de proteção à indústria nacional dos concorrentes externos. Desta forma, o processo de substituição de importações foi denominado como um modelo de desenvolvimento no país. (GREMAUD et al., 2002)

Santos Jr. (2004, p.6) descreve que:

No Brasil, o processo de substituição de importações (PSI) também se inicia a partir da crise de 1929 e estas substituições irão complementar os elos da cadeia industrial até o fim da década de 1970, quando ocorreram os choques do petróleo, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e a crise do endividamento externo brasileiro.

Tavares (apud FRANCO; BAUMANN, 2005, p. 191) define substituição de importações como todo um processo de desenvolvimento que, respondendo às restrições do comércio exterior – como aconteceu com os países do Cone Sul nas quatro décadas que se seguem ao pós-guerra – procurou repetir aceleradamente, em condições históricas distintas, a experiência de industrialização dos países desenvolvidos.

Durante a década de 80, a mudança no cenário internacional também determinou os limites para a estratégia de crescimento no país até então perseguida. Estas mudanças foram ocorrendo de forma a esgotar os mecanismos de financiamento externo devido à primeira crise do petróleo, atrelado na crise da dívida externa de 1982. Segundo Sbragia et al. (2006, p. 27) acrescentam que “a insistência numa estratégia de desenvolvimento “orientada para dentro” deixou o país de fora da fase inicial desse processo, comprometendo a capacidade de competição da economia”.

Observa-se, então, o modelo econômico de substituição das importações, com a finalidade de abastecer o mercado interno, onde o governo concedia proteção de mercado para a produção local e os empresários buscando se acomodar e se adaptar à política industrial existente. A maioria destas empresas não procurava por novos mercados e por inovações, tornando-se indústrias pouco autênticas em relação à geração e às fases do progresso técnico, obtendo o isolamento quanto à competitividade externa, a obtenção da rentabilidade e o acesso relativamente fácil à importação de tecnologias.

Tais descrições são consistentes com a caracterização das empresas de modo geral latino-americanas, por serem constituídas por políticas de substituição de importações e/ ou promoção de exportações. Retrata-se ainda, nesse momento, o que diz Cassiolato; Lastres (2000, p. 244) sobre a decadência tecnológica nas indústrias locais durante esse período.

O pequeno esforço quanto ao desenvolvimento de atividades inovadoras e as conseqüentes fragilidades e deficiências tecnológicas da indústria local foram considerados como não tendo representado empecilho significativo ao crescimento econômico durante o processo de substituição de importações.

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No entanto, as empresas contavam com um ambiente favorável, o que não proporcionou incentivo para que investissem em novas tecnologias. A década de 90 foi marcada pela abertura de mercado e inserida a concorrência com novas empresas. A recessão e inflação dificultaram os investimentos, além da estabilização econômica, que a partir de 1994 proporcionou crescimento substancial nos dois anos seguintes. Com efeito, muitos setores da indústria brasileira, sentiram os abalos ocorridos devido à abertura de mercados.

É o que Erber (2000, p. 5) refere-se, in verbis:

A abertura às importações eliminou muitas “idiossincrasias” locais que estimulavam a realização de atividades tecnológicas no país. Aumentou a pressão para que os bens produzidos no Brasil tivessem os mesmos atributos (preço, desempenho, durabilidade, confiabilidade, etc.) que os produtos importados, induzindo a adoção de tecnologias de produto e processo importadas e, finalmente, substituiu simplesmente a produção local por bens desenvolvidos e produzidos no exterior.

Todavia, houve a necessidade de contribuir para aumentar os gastos em certas atividades tecnológicas como nas adaptações de produtos e processos e no controle de qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir as atividades de pesquisa. Nisso, as mudanças não encontravam restrições somente à política tecnológica do governo, mas também à postura da sociedade brasileira perante a inovação.

Conforme enunciam Sbragia et al. (2006, p.199), a lógica da estabilidade econômica como condição necessária não é o bastante para garantir incrementos na competitividade industrial. Isso implica que os ganhos dependem de mecanismos de disposição política, condicionantes sociais e, principalmente, de avanços nas reformas microeconômicas e setoriais, o que compreende a definição, implementação e controle de instrumentos orientados para o desenvolvimento industrial.

2.4 Os Sistemas Nacionais de Inovação no Brasil e no Mundo

A classe empresarial precisa ser estimulada a tomar iniciativas concretas com relação à inovação, como fator estratégico de seus negócios. Assim como nas Universidades, centros de pesquisa e no Poder Público a incentivar e apoiar tais iniciativas, focando as empresas às suas prioridades e ao desenvolvimento tecnológico nacional.

O Governo brasileiro tem plena consciência do grande distanciamento entre os investimentos nacionais em Ciência e Tecnologia em relação ao que é investido em outros países. Este distanciamento entre o volume de recursos investidos e a freqüência e intensidade das inovações que geram novos produtos, conquistando novos mercados e promovendo melhorias de trabalho e renda para a população se enquadra na melhor condição de bem-estar.

O caso brasileiro, consoante Barbieri (2007, p.16) há ausência ou descontinuidade de uma política industrial e tecnológica por ter sido um dos graves obstáculos à formação de um Sistema Nacional de Inovação (SNI) moderno e eficaz. Sobretudo, o conhecimento das desigualdades em investimentos sustentáveis, faz com que o país busque estabelecer mecanismos para a formação de um SNI capaz de responder aos novos desafios.

Percebe-se que em países desenvolvidos (Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Itália, Reino Unido) possuem SNI’s maduros, capazes de mantê-los

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na fronteira tecnológica internacional. Contudo, outro grupo de países apresenta sistemas intermediários (Suécia, Dinamarca, Holanda, Suíça, Coréia do Sul, Taiwan) e estão direcionados exclusivamente à difusão da inovação, com forte capacidade doméstica de absorver grandes avanços tecnológicos criados a partir de sistemas maduros.

Embora os países em desenvolvimento (Brasil, Argentina, México, Índia, China) possuam sistemas de C&T não os conduziram para um efetivo sistema de inovação capaz de estruturar e expandir sua base tecnológica e, por isso, possuem sistemas incompletos. Desta forma, o Brasil terá várias condições de obter Sistemas de Inovação completos e maduros para desempenhar sua liderança e o progresso tecnológico.

Neste momento, percebe-se que a utilização dos Sistemas Nacionais de Inovação reside nas discussões da abordagem relevante da sua real contribuição para o crescimento em face de uma globalização frente a um Sistema Global de Inovação (SGI). Para Oliveira (2001, p.8) o SGI “é um arranjo institucional mundial que visa acelerar e difundir a inovação tecnológica”, sendo amplamente incutido pelos países desenvolvidos.

Por outro lado, Cassiolato e Lastres (2000) descrevem as principais questões que contribuíram para uma melhor compreensão do processo de inovação nos últimos anos, destacando como uma delas o entendimento de que existem importantes diferenças entre sistemas de inovação de países, regiões, setores, organizações, etc. em função de cada contexto social, político e institucional específico em cada caso.

A definição de Sistema Nacional de Inovação (SNI) foi desenvolvida respectivamente pelos estudos de Freeman, na Inglaterra, e Nelson, nos EUA (1988), podendo ser compreendida da seguinte forma:

Uma rede de instituições públicas e privadas cujas atividades e interações iniciam, modificam e difundem novas tecnologias (FREEMAN, 1995 apud REZENDE; TAFNER, 2005, p. 45).

Como um conjunto de instituições distintas que conjuntamente e individualmente contribuem para o desenvolvimento e difusão de tecnologias. Tal noção envolve, portanto, não apenas empresas, mas, principalmente, instituições de ensino e pesquisa, de financiamento, governo, etc. este conjunto constitui o quadro de referencia no qual o governo forma e implementa políticas visando influenciar o processo inovativo (CASSIOLATO; LASTRES, 2000, p.247-248).

Conforme Campanário (2002, p.9) não há uma acepção perfeita para o termo Sistema Nacional de Inovação (SNI), embora compreenda um conjunto de definições, mas sob os estudos de Freeman é apontada a seguinte conceituação:

Uma rede de instituições públicas e privadas, dentro de uma economia. Esta rede dinâmica permitiria financiar e executar as atividades inovadoras (projetos). Estas traduzem os resultados de P&D em inovações e interferem na difusão de novas tecnologias. De uma forma mais especifica, o sistema de inovação compreende as agências públicas de fomento, suporte, apoio e execução de P&D; as universidades e os institutos de pesquisa que exercem P&D e formam capital humano para ser empregado no setor produtivo; as empresas que investem em P&D e na aplicação de novas tecnologias; os programas públicos direcionados a subsidiar a adoção de tecnologia; as leis e regulamentações que definem os direitos de propriedade intelectual, entre outras instituições.

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Acrescenta-se, ainda, nesse contexto os comentários de Sbragia et al. (2006, p.120) como definição para um Sistema Nacional de Inovação, a saber:

Um Sistema Nacional de Inovação (SNI), por sua vez, pode ser definido como uma rede de instituições públicas e privadas que interagem para promover o desenvolvimento científico e tecnológico de um país. Inclui universidades, escolas técnicas, institutos de pesquisa, agência governamentais de fomento, empresas de consultoria, empresas industriais, associações empresariais e agências reguladoras, num esforço de geração, importação, modificação, adaptação e difusão de inovações.

Estas considerações enfatizam a importância de países criarem um ambiente institucional capaz de promover a capacitação técnica, a inovação, a difusão e a utilização eficiente de novas tecnologias. De fato, as economias com sistemas nacionais de inovação capazes de gerar um número significativo de novos produtos ou processos para o mercado mundial e local desfrutam de vantagens competitivas excepcionais. (REZENDE; TAFNER, 2005).

Este ambiente ou arranjo institucional correspondem a diversos atores, como o relacionamento entre pesquisa básica e pesquisa aplicada, entre pesquisadores e empresários; a inovação, a difusão e a incorporação de novas tecnologias dentro e fora dos limites regionais, e a crescente qualificação da mão-de-obra. A estes elementos consistem nos arranjos de Sistemas Nacionais de Inovação (OLIVEIRA, 2001, p.8). Obviamente, a ênfase, que é dada aos diversos atores que correspondem um SNI, possui variação de país para país, mostrando a importância das empresas fazerem parte deste sistema de inovação.

Por isso, na concepção de Guimarães (2000, p. 126), a empresa é, portanto, o elemento chave no processo de transformação e aquisição das tecnologias dominadas rumo à constituição de um sistema nacional de inovações. É necessário que essas empresas façam parte desse sistema que apresentem, entretanto, características nacionais, não sendo suficiente produzir somente no espaço nacional ou para o mercado nacional.

É preciso expandir tecnologicamente seus produtos, processos e serviços assim como empresas estrangeiras absorvem avanços tecnológicos elevados gerados nos sistemas maduros. Contudo, empresas privadas precisam reagir e tomar iniciativas indispensáveis para expandirem tecnologicamente e criar soluções para que a inovação aconteça, de fato, no Brasil, com a mesma intensidade exigida para o aumento da competitividade delas (SBRAGIA et al., 2006, p. 5).

Neste sentido, o sucesso das empresas brasileiras na competição não depende unicamente do esforço em realizar pesquisa e desenvolvimento tecnológico e outras atividades técnicas, mas, sobretudo, do modo em que os recursos disponíveis são gerenciados e organizados na sociedade, ou no domínio da instituição pública ou privada, pois o que pode ser declarado à questão de empresas aderirem ao modelo sistêmico de inovação, conhecidos aqui por SNI’s, é, consoante afirmação de Sbragia et al. (2006, p.31):

O fato de que empresas não inovam isoladamente, mas geralmente o fazem no contexto de um sistema de redes de relações diretas ou indiretas com outras empresas, a infra-estrutura de pesquisa pública ou privada, as instituições de ensino e pesquisa, a economia nacional e internacional, o sistema normativo e um conjunto de outras instituições, sem deixar de lado uma série de políticas governamentais bem direcionadas, estáveis e desburocratizadas.

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Isso demonstra que a capacidade inovadora das empresas locais depende de vários fatores econômicos, culturais, sociais e políticos, relacionados à organização do setor e ao sistema de inovações no qual elas se encontram.

Um dos esclarecimentos para o estágio inicial em que se depara a inovação no Brasil são as condições ínfimas da articulação e das ênfases distintas atribuídas pelo atual SNI, que se tornam confusas entre os agentes de desenvolvimento que o compõem. No entanto, SNI’s bem estruturados são capazes de mudar trajetórias produtivas e tecnológicas ao longo da dependência dos países em desenvolvimento, observando um crescente reconhecimento da importância da inovação e dos sistemas nacionais de inovação em tais países.

2.5 A Concepção de Inovação

Pensar em inovação como algo essencialmente revolucionário e de alta tecnologia é uma visão estreita e superada. Na verdade, o conceito de inovação tem se expandido extraordinariamente em toda esfera global, atingindo qualquer área de uma organização e sendo favorável para a obtenção e sustentação de uma vantagem competitiva.

O termo ‘inovação’ vem apresentando uma larga discussão entre teóricos da Administração e Economistas, devido à contribuição e o papel que assume no desenvolvimento sócio-econômico dos paises, através da criação de novas oportunidades para o mercado. “Muito já se discutiu sobre a importância de encarar a inovação e os investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) como pontos fundamentais na capacidade de competição das firmas ao longo do tempo”, declaram Barroso e Damasceno (2006, p.3). Cabe, agora, essas empresas buscarem mecanismos que as beneficiem na aplicação de novos processos, produtos e serviços, com o propósito de permanecerem sobrevivendo às facetas do mundo globalizado e se manterem competitivas.

A discussão sobre a teoria da inovação teve início desde os primeiros estudos de Joseph Schumpeter, ganhando notoriedade em âmbito acadêmico sendo considerada como importante fator na geração de riquezas em uma economia. É tratada como forma de obtenção de grandes lucros nas empresas, através das vantagens competitivas decorrentes da produção de novos produtos ou processos que agregam valor ao cliente a partir da ação proativa da empresa no quesito inovação (BARROSO; DAMASCENO, 2006).

Nesse enfoque, a percepção Schumpeteriana a respeito do mundo empresarial revela o entendimento sobre a criação de novos negócios e respectiva associação ao conceito de inovação mesmo que, a criação de negócios, em sua maioria, não esteja relacionada à inovação.

Nas palavras de Joseph Schumpeter (1982, p.48 apud BARROSO; DAMASCENO, 2006, p.2): “As inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão”. É através do produtor que, via de regra, se inicia a mudança econômica na geração de emprego, renda e investimento onde consumidores aprendem a sempre querer coisas novas. Com isso, as inovações desempenham um papel de mola propulsora do fenômeno do desenvolvimento com crescimento econômico e aliado aos objetivos estratégicos organizacionais.

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O investimento brasileiro em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) ainda é pouco se comparado aos países de nível semelhante. Na concepção de Sbragia et al. (2006, p. 23), “percebe-se que os países desenvolvidos (EUA, Japão, Alemanha e Reino Unido) despendem boa parcela de sua produção para gastos com P&D, incluindo gastos relacionados à formação de recursos humanos”. Porém, há dois fatores que inibem o crescimento da inovação brasileira referentes ao baixo nível educacional da mão-de-obra e a incompreensão dos setores público e privado no significado contemporâneo da inovação.

Segundo Hasegawa e Furtado (2001 apud BARROSO; DAMASCENO, 2006, p.2), “A inovação não é resultado de um processo linear que se inicia com a pesquisa básica, passa pela pesquisa aplicada e termina com o desenvolvimento de um novo produto ou processo que é ofertado ao mercado”. Neste sentido, o processo inovador deve ser entendido como uma série de interações e troca entre pesquisadores, cientistas, usuários, técnicos, governo, empresas etc, que, por fim, constituem a rede de inovação.

No Brasil, a lei sobre inovação (Lei Nº. 10.973/04), cita como conceito de inovação a introdução de uma novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte no desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços. A inovação significa ter idéias que os concorrentes ainda não tiveram e implantá-las com sucesso, podendo ser de produtos, de processos, de serviços, de negócios ou ainda de gestão. Por sua vez, em qualquer definição, presume-se que a inovação inicia-se pela concepção de idéias, seguindo-se por uma fase de P&D que resulta na criação de protótipos ou modelos inovadores e, finalmente, que tenha aplicação no mercado ou que tenha utilidade para os clientes que dela necessitam.

Na concepção de Baumol (apud ARRUDA; GOULART, 2003, p.2), a inovação “é a capacidade de ofertar novas soluções aos clientes – produtos, serviços, processos ou mesmo negócios - e não a competição via preços, o componente central do processo de funcionamento dos mercados”. É a iniciativa para a criação de novos produtos o que torna o capitalismo bem-sucedido.

A inovação é o principal determinante do aumento da produtividade e da geração de oportunidades de investimento. Ela compreende a introdução e a exploração de novos produtos, processos, insumos, mercados e formas de organização. Uma característica central da inovação tecnológica nas economias industrializadas é a crescente incorporação do conhecimento científico, cada vez mais complexo, aos processos mais simples de geração de riqueza. Do ponto de vista de muitos autores, “a criação de produto incorpora um processo completo focado em descobrir o que os clientes querem ou do que precisam e gerar idéias e tecnologias para satisfazer tais desejos e necessidades”, comentam Arruda e Goulart (2003, p.3).

De fato, a inovação exige não só a capacidade de criar e comercializar algo novo, mas também assume a capacidade de entender as forças em funcionamento no ambiente. Para as empresas a busca pela inovação é uma variável permanente para continuarem competitivas (OLIVEIRA, 2001).

A contribuição e o papel da inovação tecnológica tem sido significativo no processo de desenvolvimento socioeconômico dos países devido à criação de novas oportunidades de negócios e avanços tecnológicos. Segundo (MARCOVITCH apud ANDREASSI; SBRAGIA, 2001, p.1), “O ritmo desse crescimento, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento, irá depender da capacidade de se introduzir inovações tecnológicas adequadas”.

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Com isso, entende-se por inovação tecnológica o processo realizado por uma empresa diante da introdução de produtos e processos que incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas (BARBIERI, 1997, p.67). A capacidade de realizar inovações tecnológicas de forma sistêmica faz com que empresas respondam às exigências do mercado que é uma das principais dimensões competitivas no cenário organizacional.

No contexto geral, inovar tecnologicamente representa reunir um arcabouço de conhecimentos e técnicas para desenvolver novos processos e fazer novos produtos para o mercado, gerando riquezas e divisas para o país. Contudo, é nas empresas que a ciência germina o processo de transformação num bem econômico e social (CRAVEIRO, 2004).

2.6 Competitividade nas empresas

Para enfrentar a concorrência atual, a teoria preceitua que as PME’s devem buscar iniciativas coletivas que fortaleçam sua competitividade. Uma das alternativas disponíveis é a contribuição da pesquisa, desenvolvimento e inovação nos setores produtivos e empresariais. As empresas que buscam competitividade e diversificação nos seus produtos e serviços necessitam inovar, abrangendo um grande investimento na aplicação do desenvolvimento tecnológico. Nesse sentido, Santos (1996) recomenda que a empresa haja rapidamente as mudanças, em função de sua percepção quanto ao surgimento de ameaças ou oportunidades, para que atinja seus objetivos e aumente a probabilidade de garantir sua perenidade.

De acordo com Barroso e Damasceno (2006, p.2), “Não há duvida de que a contribuição e o papel da inovação tecnológica nos países e nas empresas têm assumido grande relevância para o desenvolvimento socioeconômico, através da criação de novas oportunidades de negócios”. Com base nisso, um ponto central da temática sobre competitividade organizacional reside nas decisões gerenciais e no reconhecimento da importância de uma adequada gestão do processo inovador como base para uma vantagem competitiva.

O termo ‘competitividade’ é, sobretudo, um fator importante no mais diverso nível da nação, do setor econômico e empresarial. Sob esta óptica, as organizações precisam melhorar sua própria competitividade para garantir sua sobrevivência e vencer num mercado cada vez mais desafiador e acirrado. Ademais, num mundo de competição crescente e economias globalizadas as empresas decidem as estratégias para se manter competitivas no mercado tendo que combinar decisões estratégicas do jogo de ação e reação nos negócios. “A competitividade de um país depende da capacidade da sua indústria de inovar e melhorar” descreve Porter (1999, p.167).

Contudo, Coltro (1996, p.1) declara que “esta competição acirrada tem se refletido nas organizações que buscam cada vez mais se aprimorarem para estarem aptas para atuar com sucesso, frente a seus clientes nos mais diversos segmentos de mercado”. O autor acrescenta ainda que, a empresa competitiva precisa ser capaz de se manter de forma espontânea num mercado altamente concorrido e instável, conservando-se sempre inovadora. Por sua vez, a competição é responsável pela adequação das atividades de uma organização em relação ao ambiente que atua, sendo fruto das estratégias competitivas adequadas usadas pelas mesmas, conclui Coltro (1996).

Na análise desenvolvida por Caron (2003, p.58) mostra que a competitividade é uma resultante da combinação eficaz e eficiente de informação,

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conhecimento, tecnologia, organização, cooperação e coordenação. Esta resultante positiva desta combinação sistêmica e interativa é a melhoria da qualidade, da produtividade, racionalidade no uso dos fatores de produção e, conseqüentemente, os produtos e serviços da empresa conquistar participação no mercado nacional ou internacional, portanto, em mercados competitivos.

Na observação de Albuquerque (apud SANTOS, 1996, p.2) a competitividade empresarial resulta na “capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam obter e manter, a longo prazo, posição sustentável no mercado”.

Portanto, competitividade é, segundo Coltro (1996, p.2), entendida como a base de sucesso ou fracasso das organizações empresariais. A competição é responsável pela adequação das atividades de uma empresa em relação ao seu ambiente de atuação, fruto das estratégias competitivas adequadas e utilizadas pelas mesmas. A contribuição da inovação para a competitividade é, logicamente, bastante significativa e, para o país se manifesta também no momento de disputar novos mercados externos.

2.7 Conhecimento e Tecnologia

A concorrência globalizada apresenta-se cada vez mais baseada no conhecimento e na organização dos processos de aprendizado. Nisso, observa-se a crescente importância desses fatores nas capacitações das empresas, em termos de produção e uso do conhecimento, tendo como fator crucial, a sua competitividade. De tal modo, Cassiolato; Lastres (2002) justificam “o fato de que inovação e conhecimento são os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e até indivíduos”.

No mercado global a demanda por novas estratégias e novas formas de organizar a produção, através da promoção e difusão do conhecimento e da Tecnologia, vem sendo caracterizada como fatores diferenciais no progresso técnico e competitivo. Nisso, reconhece que a inovação e conhecimento colocam-se de forma visível como elementos centrais da dinâmica e do crescimento de qualquer nação, região, setor, organização e instituição.

Com base neste raciocínio declara Montbrial (2000 apud VIEIRA; OHAYON, 2002, p.1) que:

Novas configurações organizacionais permitem aos agentes econômicos responder, de forma mais eficaz, aos desafios impostos pela crescente complexidade do mundo globalizado, uma vez que empresas e aglomerados intensivos em tecnologia e conhecimento são essenciais para competir frente à ‘nova economia’.

Complementando tal pensamento, Vieira; Ohayon (2002, p.3) descrevem como características fundamentais em qualquer empresa: o conhecimento e a tecnologia, pois:

O conhecimento é o principal ativo financeiro das empresas da Nova Economia. A tecnologia passa a ter uma dimensão central na atuação internacional das grandes empresas, que fazem invariavelmente, os maiores investimentos em P&D. As alianças e acordos de cooperação são, por excelência, o meio que permite às empresas se coligarem e buscarem o aperfeiçoamento acelerado de tecnologias, compartilhando seus recursos e trocando os conhecimentos que cada uma detém.

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Segundo Mañas (2001; 20), “para obter a vantagem competitiva, a organização se vê obrigada a encontrar meios de ensinar os homens, que dela fazem parte, a gerar essas informações e conhecimentos”. Na visão abrangente de Marshall (apud AZEVEDO; GONÇALVES NETO, 2002, p. 3), afirmam que:

Conhecimento é a informação contida na mente humana; ao ser transferido, reverte ao estado de informação e se transforma novamente em conhecimento quando a informação é acessada por outra pessoa. É, portanto, uma coisa pessoal, pois depende dos modelos mentais de cada indivíduo.

A inovação e o conhecimento são, hoje, os maiores pilares de grande relevância que determinam a competitividade nas indústrias mundiais. A capacidade de mudar as relações com o ambiente leva a empresa a originar sua vocação de competitividade e adquirir como base o conhecimento e a informação.

É neste sentido que a inovação e a revolução do conhecimento representam os principais fatores que determinam as novas bases da competitividade e do desenvolvimento das nações.

É o que descrevem Barroso e Damasceno (2006, p.3-4) acerca da contribuição da tecnologia e do conhecimento para o setor empresarial no que tange a sua capacidade de inovar e agregar valor ao seu produto, processo e serviço.

A inovação é uma das principais fontes renováveis e sustentáveis de desempenho diferenciado das empresas, tendo esta inovação ocupado um lugar central na economia baseada no conhecimento. A tecnologia utilizada é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou para tornar os já existentes adaptados à demanda de seus atuais e futuros clientes. Admite-se aqui que as permanentes transformações do meio socioeconômico são derivadas da implantação das inovações tecnológicas e da expansão do mercado mundial que motivam empresários a um contínuo processo de adaptação, a fim de assegurarem sua sobrevivência e crescente participação no mercado.

No que concerne à Tecnologia, entende-se como uma sucessão de técnicas organizadas com certa lógica (conhecimentos), configurando um processo gradativo da produção de um determinado bem ou à prestação de um serviço. Notadamente, a Tecnologia está voltada para atender às necessidades e demandas do mercado, trazendo vantagem competitiva para os esforços aplicados na melhoria dos procedimentos organizacionais. É o que revelam Barroso; Damasceno (2006, p. 2) “A tecnologia utilizada é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento de novos produtos ou para tornar os já existentes adaptados à demanda de seus atuais e futuros clientes”.

Na abordagem de Alário Jr.; Oliveira (2000, p.45) “A Tecnologia é, nitidamente, a interface entre pesquisa e a aplicação prática da inovação que for alcançada e, assim, contém os procedimentos técnicos necessários para a alocação dos novos conhecimentos científicos gerados na produção de bens ou aplicações pertinentes”. Por isso, a aquisição de tecnologias propicia condições favoráveis de domínio e base para o início do processo de inovações.

Embora seja resultado da Ciência, a Tecnologia é sempre lapidada e profundamente influenciada pelas demandas e forças do mercado, além de questões voltadas à economia, ao ambiente e aos investimentos financeiros, que muitas vezes restringem ou atuam como elementos limitadores da potencialidade inovadora de uma determinada tecnologia. No que diz Rosemberg apud Guimarães

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(2000, p. 1) “ciência e tecnologia são de fato coisas diferentes mas, na realidade, não são independentes e se fertilizam mutuamente”.

Com base nessa exposição Fallgatter (2006, p.23) considera a importância da contribuição do conhecimento e da Tecnologia para o desenvolvimento e o estudo da inovação, pois

A inovação envolve conhecimento não apenas no que diz respeito ao desenvolvimento da tecnologia, embora esta constitua um elemento-chave. Para a inovação acontecer, todo um espectro de conhecimentos que ultrapassam o escopo da tecnologia faz-se necessário; aspectos como o financiamento, a produção, a logística, e a difusão mercadológica são não apenas pertinentes como essenciais para que se migre da invenção à inovação.

A Tecnologia surge a partir da aplicação de um novo conhecimento aprendido por meio da ciência a algum problema prático. Sendo, portanto, a ponte de acesso da ciência à inovação. A Ciência e a Tecnologia hoje são resultados fundamentais para que organizações se mantenham sempre competitivas em mercados mutantes e acirrados. “A Tecnologia é voltada para as necessidades e demandas do mercado, ao passo que a ciência busca, antes de tudo, o conhecimento como um bem em si mesmo” (TAMBOSI, 2005).

Para Tambosi (2005, p.1), “é necessário reconhecer que, apesar de todos os avanços, o modo científico de pensar ainda está longe de ser universal. A tecnologia já conquistou os corações, mas a ciência ainda não alcançou as mentes”.

Para a produção de riqueza numa sociedade dependerá de inúmeros fatores que determinarão, fundamentalmente, a disponibilidade de recursos naturais, estoque de capital disponível como, máquinas, equipamentos, instalações, etc., o volume e o grau de qualificação da mão-de-obra necessária. Para isso, a tecnologia estabelecerá como esses fatores serão combinados para a produção de bens e serviços da forma mais eficiente. Tal fato implica em diversos modelos de base para a teoria do crescimento econômico que nos trabalhos de Robert Solow, “a tecnologia é um fator exógeno ao desenvolvimento, estando relacionado à simples e natural evolução dos mercados, que correspondem ao crescimento da economia e do investimento” (Campanário, 2002, p.1).

Novos produtos são desenvolvidos com base na integração de diferentes tecnologias e estas estão aludindo crescentemente em diferentes disciplinas científicas. O Brasil está no caminho certo, mas precisa investir ainda mais na geração interna de tecnologia. Não importa o tamanho da empresa, é preciso investir em novos avanços tecnológicos, porém, longe de ter se tornado “global”, a tecnologia, a inovação e o conhecimento têm se caracterizado como componentes devidamente estratégicos, de cunho localizado, assim expressam Cassiolato; Lastres (2002).

Sendo assim, Sbragia et al. (2006, p.39) afirmam que a tecnologia é o principal direcionador do crescimento dos países industrializados e devem ser também para o crescimento das empresas inseridas nesses países, como condição essencial para a promoção do progresso econômico de um país e da competitividade entre as empresas industriais.

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CAPÍTULO III

O PERFIL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A discussão sobre a importância da pequena e média empresa (PME) para a Economia brasileira e mundial é reconhecida por todos os segmentos do sistema produtivo. Sua importância reside no fato de que seu surgimento e desenvolvimento aumentam a competitividade na Economia e propiciam a descentralização dos poderes de decisão. Traz uma característica própria da atividade empresarial, isto é, a agilidade e o dinamismo de respostas rápidas e certas aos mais diversos fatores externos inerentes ao seu ambiente organizacional.

O cenário dessas empresas apresenta-se de forma cada vez mais turbulento e dinâmico, no que reside a mercados, tecnologias, impactos ecológicos, mudanças políticas, econômicas, culturais, sociais e entre outros. Deste modo para permanecerem competitivas no mercado, precisam inovar estrategicamente e obter vantagens competitivas, assumindo uma postura inovadora em seus produtos, serviços e processos.

Ao longo deste capítulo, serão expostos assuntos estabelecendo os critérios que definem o que seja uma pequena ou média empresa. Pretende-se, por outro lado, abordar o perfil das pequenas e médias empresas - aqui tratadas simplesmente por PME’s - do Brasil e do Estado do Maranhão, com comentários acerca de suas características predominantes e suas dificuldades de alcançar objetivos e metas devido à baixa capacidade gerencial e à falta de incentivos fiscais. Também, a importância do conhecimento da atividade inovadora para o seu crescimento e a realização da P&D como potencialidade industrial e competitiva.

3.1 Classificação Brasileira das Pequenas e Médias Empresas

Existem muitos parâmetros que classificam e conceituam as empresas, contudo cabe verificar a legislação vigente que muda de país para país e entre órgãos e esferas governamentais os quais adotam formas particulares de acordo com suas realidades de mercado, buscando entender qual o critério utilizado pelos mesmos para fazer a distinção de pequena e média empresa. “A classificação de empresas, segundo o porte, é controversa no mundo todo. [...] São divergentes nas instituições financeiras, instituições de pesquisa e órgãos de apoio às micro e pequenas empresas”, complementa Girardi (2002, p.50).

Os padrões, para definir o tamanho que caracteriza as empresas como micro, pequena, média e grande, variam de acordo com os diferentes propósitos existentes e consideram, principalmente, elementos como número de empregados, faturamento, localização, entre outros. [...] adotando como referência também o faturamento anual, de acordo com o setor de atividade a que pertence tal empresa (LONGENECKER et al., 1998).

As entidades responsáveis que definem esses critérios estabelecem os tamanhos das firmas e estas constituem um importante fator de apoio às MPME’s, consentindo que as mesmas possam usufruir dos benefícios e incentivos previstos nas legislações fiscais definidas pelo Governo, tanto no nível estadual como federal e municipal. Dispõem de tratamento diferenciado ao segmento e buscam alcançar objetivos prioritários de Políticas Públicas, assim como o aumento das exportações, a geração de renda e emprego, a diminuição da informalidade dos pequenos negócios, entre outros fatores.

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De acordo com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - (2005), as empresas podem ser classificadas com base no número de empregados que compõem suas estruturas, conforme apresentação da Tabela 2, a seguir.

Tabela 2: Classificação de empresas por número de empregados (SEBRAE, 2005).

Classificação Setor Industrial/Construção Setor de Serviços/ Comércios

Microempresa (ME) até 19 empregados até 09 empregados

Pequena Empresa (PE) de 20 a 99 empregados de 10 a 49 empregados

Média Empresa (MDE) de 100 a 499 empregados de 50 a 99 empregados

Grande Empresa (GE) acima de 499 empregados mais de 99 empregados

Fonte: SEBRAE (2005)

Por ser um critério bastante utilizado, Drucker (1992) afirma que esse critério não corresponde a um parâmetro adequado para tal classificação. Com a era da Informática e do conhecimento, empresas do setor de Tecnologia de Informação e fabricantes de software chegam a movimentar milhões em negócios, contando apenas com uma pequena equipe de funcionários.

Nota-se que as empresas de pequeno porte empregam considerável parcela da mão-de-obra disponível em relação às médias e grandes empresas nos mais diversos setores produtivos, ou nos setores de produção de bens e serviços, ou na construção civil e comércios varejistas e atacadistas, representando 4,5 milhões em todo o país. São sendo responsáveis por 59% da mão-de-obra empregada e ainda participam na formação de 20% do PIB (SEBRAE, 2004).

Outro critério de classificação é utilizado pelo Governo federal, correspondendo à cobrança de impostos, estabelecido pela Lei Complementar N° 123/2006, chamada de Simples Nacional ou Super Simples, que se baseia no total arrecadado no ano fiscal.

Com base na classificação da Receita Federal, são consideradas como microempresa, por esta lei, aquelas que auferem receita bruta anual igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); e as empresas de pequeno porte aquelas com receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos  mil reais), sendo responsável mensalmente por uma conta única a arrecadação de impostos como o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Contribuição Social e do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP), entre outros.

Esses critérios são criticados por muitos autores e são considerados insuficientes para o estabelecimento de categorias analíticas adequadas. Para Chér (1990) são critérios que até hoje não tiveram consenso. Somente com a utilização de fatores que meçam o desempenho dessas empresas poderá contribuir para uma classificação mais próxima da realidade (ANHOLON et al. 2004).

Nesse contexto, as pequenas e médias empresas possuem características próprias e exclusivas, contribuindo significativamente para a economia do país, como motores do crescimento de emprego e renda devido a sua maior flexibilidade de expansão. Deste modo geram novos postos de trabalho, na absorção de mão-de-obra, por desempenhar um importante papel na interiorização

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do desenvolvimento. Essas empresas, entretanto, representam uma base importante na criação de emprego e para melhoria da eficiência de cada cadeia produtiva.

3. 2 Características das PME’s do Nordeste no Mercado Brasileiro

Devido ao potencial competitivo entre as grandes empresas, principalmente as multinacionais que sempre buscam pela maior produtividade e pela alta qualidade, provocou-se uma dispensa de trabalhadores ao redor do mundo. Com efeito, esse cenário afetou o mundo do trabalho e fez surgir a criação de inúmeras pequenas e médias empresas por conseqüência da força de desemprego ou até mesmo por outros motivos. Pode-se constatar pelo que Silva (2004, p.28) afirma: “o surgimento de novas empresas é quase que 100% formada por pequenos investidores ou por trabalhadores que vislumbram uma oportunidade de conseguir renda e trabalho”.

Nesse contexto, as PME’s no Brasil têm representado 15,4%, o que revela um número significativo em comparação as empresas de grande porte, sendo importantes para o crescimento da economia do país. Essas empresas empregam considerável parcela da mão-de-obra disponível em relação às grandes empresas nos diversos setores produtivos, seja no setor da produção de bens e serviços, seja no setor de comércio (SEBRAE, 2004), conforme são apresentados na tabela abaixo.

Tabela 3: Número de empresas formais no Brasil, por porte e setor de atividade - Brasil – 2005

Porte Setor

Microempresa Pequena Média Grande TotalN° % N° % N° % N° % N° %

Indústria 219.620 81,2 40.492 15 8.524 3,2 1.609 0.6 270.245 100,0Construção 60.067 84,3 9.159 12,9 1.780 2.5 242 0,3 71.248 100,0Comércio 830.048 86,3 119.300 12,4 8.124 0,8 4.312 0,5 961.784 100,0Serviços 689.766 81,5 127.669 15,1 14.943 1,8 13.251 1,6 845.629 100,0TOTAL 1.799.501 83,7 296.620 13,8 33.371 1,6 19.414 0,9 2.148.906 100,0

Fonte: MTE, Rais Elaboração: Adaptado pela autoraObs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados.

No Brasil, existe um número expressivo de empresas de pequeno porte que representam uma parcela bastante representativa do conjunto de empresas. Essas empresas representam, de acordo com o Sebrae (2004), 98% dos 4,1 milhões de estabelecimentos formais na indústria, comércio e serviços, e empregam 45% da força-de-trabalho que possuem carteira assinada, respondendo por 20% do Produto Interno Bruto do Brasil.

As perspectivas das micro, pequenas e médias empresas no Brasil aumentaram consideravelmente devido as suas possibilidades de crescimento e oportunidades de sobrevivência e transformação organizacional. Por um aspecto histórico, pode-se afirmar que as PME’s sempre estiveram presentes ao longo do processo de transformações dos modos de produção e dos sistemas econômicos (AMATO NETO, 2000).

De certo modo, Silva (2004, p.15) acrescenta: “A onda de desemprego assola não apenas o Brasil, mas todo o mundo em virtude da automação dos processos produtivos que possuíam uma grande participação de mão-de-obra”. Na realidade, essas empresas sempre existiram, até mesmo muito antes das grandes

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empresas, como potencial de crescimento e desenvolvimento em qualquer economia.

No dizer de Chér (1990, p.18):

Através de uma análise histórica, infere-se que o capitalismo moderno teve início com a pequena empresa, crescendo a partir de negociantes que, acompanhados de seus servos, viajavam pelo interior do país vendendo mercadorias à nobreza. Estas empresas acabaram se tornando um dos principais alicerces do desenvolvimento econômico das nações industrializadas de nossos dias.

O autor ainda acrescenta que as pequenas e médias empresas possuem considerável importância econômica e social não somente em países em desenvolvimento, como o Brasil, mas independentemente do grau de industrialização ou do nível de desenvolvimento, contribuindo com a evolução da sociedade do ponto de vista econômico, social e até mesmo político.

Sendo assim, a importância desse grupo de empresas para o cenário empresarial tem contribuído para o bem-estar econômico da Nação de forma similar às grandes empresas. Por outro lado, Amato Neto (2000) afirma que na perspectiva de maior descentralização produtiva e para atingir objetivos em busca da excelência empresarial, é preciso que as grandes empresas estejam apoiadas numa base industrial de PME’s mais dinâmica. No contexto mundial, as PME’s permanecem ocupando o lugar de destaque na economia, geralmente em setores mais tradicionais, como o comércio varejista e serviços e sendo responsáveis pela sustentação da geração de investimento e emprego nas nações (LONGERNECKER et al.,1997).

Tabela 4: Número de estabelecimentos, por porte - Brasil e Grandes Regiões (2005)

Brasil e Grandes Regiões

Micro Pequena Média Grande TOTAL

Norte 57.561 12.313 1.499 906 72.279Nordeste 260.888 43.181 4.814 2.917 311.800Sudeste 931.649 162.264 18.805 11.212 1.123.930

Sul 412.589 56.304 6.157 3.059 478.109

Centro-Oeste 136.814 22.558 2.096 1.320 162.788BRASIL 1.799.501 296.620 33.371 19.414 2.148.906

Fonte: MTE. RaisElaboração: Adaptado pela autora.Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

Deste modo, Amato Neto (2000, p. 20) aponta, de forma especial, o caso do Brasil, diante do importante papel desempenhado pelas pequenas e médias empresas nas condições de uma nova base produtiva.

Pode-se esperar que haja um aumento significativo do número de novas pequenas e médias empresas, que deverão surgir a partir da lógica de maior descentralização produtiva por parte das grandes organizações, com a conseqüente terceirização e subcontratação de serviços das PME’s. Portanto, essa nova base produtiva deverá estar apoiada em um conjunto de políticas concretas, focalizadas em atender às necessidades de

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modernização técnica/gerencial das PME’s, visando ao maior poder de competitividade.

Durante muito tempo, o Nordeste brasileiro era sinônimo de pobreza, atraso e desigualdade social e econômica. “Por décadas, a região foi palco de clientelismo e de um capitalismo de fachada, sustentado à base de iniciativas do governo. Mergulhados na pobreza e em taxas pífias de crescimento, os nordestinos não eram vistos como um mercado a ser explorado pelas empresas”, (MEYER, 2007). A realidade do Nordeste muda a partir dos últimos sete anos, quando adquiriu um novo processo de desenvolvimento e crescimento sustentáveis diferente dos períodos anteriores.

Na Região Nordeste, observa-se que o crescimento do número das micro, pequenas e médias empresas (MPME’s) tem sido relevante nos últimos anos. Segundo o Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, produzido por meio da parceria entre o SEBRAE e o DIEESE (2007), revela-se que a Região Nordeste representa 14,51% do número de empresas formais do Brasil, conforme tabela abaixo.

Tabela 5: Número de empresas formais por setor de atividade e porte - Região Nordeste (2005)

Porte Comércio Serviço Indústria Construção TOTALMicro 134.365 90.918 26.620 8.985 260.888Pequena 17.736 19.127 4.464 1.854 43.181Média 1.149 2.376 910 379 4.814Grande 603 2.049 216 49 2.917TOTAL 153.853 114.470 32.210 11.267 311.800

Fonte: MTE. RaisElaboração: Adaptado pela autoraObs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

Constata-se então que o setor industrial da região nordeste teve uma contribuição de 10,33%, embora seja verificado que “A presença industrial na região apresentou um processo de adensamento e diversificação, embora pouco estruturada em termos de cadeias produtivas e com baixo coeficiente de geração de valor em termos regionais e nacionais” (BANCO DO NORDESTE, 2006, p.16).

A região Nordeste concentra indústrias que fornecem produtos para o mercado interno e são intensivas de mão-de-obra, proporcionando o crescimento do emprego na Indústria. A realidade das empresas brasileiras vem despertando interesse em busca de causas e efeitos (soluções) para os casos de insucessos da pequena e média empresa brasileira, em virtude de todo o potencial demonstrado por essas empresas (SEBRAE, 2005).

Apesar dessas diversidades, as pequenas e médias empresas vêm ocupando substancialmente seus espaços, além da reconhecida importância no cenário brasileiro como instrumento indutor do desenvolvimento e crescimento sócio-econômico, em face das suas peculiaridades. Em continuação à análise do panorama de crescimento e desenvolvimento da região nordestina para o Brasil, pode-se também vislumbrar o surgimento, ainda que discreto, contudo promissor, de um setor de serviços dinâmico e moderno nas áreas de Tecnologia da Informação, Logística, Saúde e Educação nas grandes capitais nordestinas. (BANCO DO NORDESTE, 2006, p.17).

A nova estratégia articulada nesse contexto regional revela que, de fato, a realidade econômica da região nordestina teve reflexos desde a criação da Sudene

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e do sistema de incentivos fiscais, em meados dos anos 60 até hoje, constatando um cenário definitivamente modificado e propício para grandes investimentos internos, em que alguns setores produtivos vêm revelando sensíveis transformações, com a presença de segmentos modernos e inovadores, superando a crise, que até então, assolava esses setores (BANCO DO NORDESTE, 2006).

Admite-se, como resultado dessa análise, que a Região Nordeste permanece em constante crescimento econômico, político e social, de modo que, sua economia regional encontra-se atrelada ao contexto nacional, representando uma considerável potência de acelerado desenvolvimento no mercado brasileiro.

3.3 As dificuldades e desafios das PME’s para inovar

A abertura do mercado brasileiro tem exigido dos empresários de PME’s uma preocupação constante com a capacidade competitiva e inovadora dos seus produtos e serviços, em que a busca da qualidade, produtividade e redução de custos passaram a ser o grande desafio dessas empresas brasileiras frente à concorrência no mercado internacional. Para recuperar o atraso tecnológico e gerencial as empresas brasileiras precisam investir em novas tecnologias de processo e de produtos, e na reciclagem constante de seus recursos humanos, acrescentam Cândido et al. (2000, p.3).

O fechamento prematuro de empresas no país tem sido um caso preocupante para a sociedade, principalmente para as entidades que desenvolvem programas de apoio ao segmento de pequeno porte, como é o caso do SEBRAE e outros órgãos. Embora já tenha sido demonstrada a grande importância econômica dessas empresas ao longo das décadas, a taxa de mortalidade de MPE’s nos primeiros anos de existência ainda se encontra bastante elevada.

Apesar das pequenas e médias empresas serem fundamentais para a economia e o desenvolvimento do país, já que representam 98% do número total de empresas formais, essas empresas apresentam um elevado índice de mortalidade. A variação do índice de mortalidade dessas empresas no Brasil está entre 30% e 61% em seu primeiro ano de vida, entre 40% e 68% em seu segundo ano de vida, e de 55% e 73% no terceiro ano do empreendimento, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2004). Confirmando isto, Maluche (2000, p.27) diz que: "O número de pequenas empresas constituídas a cada ano é bastante grande [...], porém, muitas dessas pequenas empresas não sobrevivem mais de cinco anos, morrem ainda jovens".

Baseado em dados e informações sobre a alta taxa de mortalidade apresentada por essas empresas, o relatório de pesquisa promovido pelo SEBRAE (2004), verificou no Brasil e nas cinco regiões a real situação representada pelos seguintes dados e tabela abaixo:

A) 49,4% para as empresas com até 2 anos de existência (2002);B) 56,4% para as empresas com até 3 anos de existência (2001);C) 59,9% para as empresas com até 4 anos de existência (2000).

Tabela 6: Taxa de Mortalidade por Região e Brasil – 2000 / 2002

Ano de Constituição

Regiões (%)Sudeste Sul Nordeste Norte Centro

OesteBrasil

2002 48,9 52,9 46,7 47,5 49,4 49,42001 56,7 60,1 53,4 51,6 54,6 56,42000 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9

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Fonte: SEBRAE

O SEBRAE (2004) destaca ainda que, dentre as principais razões para o fracasso das empresas, está a falta de habilidade administrativa, financeira, mercadológica ou tecnológica dos empresários e os aspectos comportamentais que envolvem a gestão do negócio. Todavia, a despeito de todas as dificuldades que assolam as empresas, não restam dúvidas, de que elas continuam crescendo a todo instante e, de uma forma ou outra, todas fazem a diferença e contribuem para o progresso das nações, regiões e Estados.

Apesar de toda representação econômica exercida por estes empreendimentos, eles encontram significativas dificuldades para sobreviverem no mercado. Isto pode ser evidenciado pelo tempo de vida útil destas empresas, que é de cinco anos para 92% das organizações de pequeno e médio porte (CHÉR, 1990).

É constatado que a taxa de mortalidade da Região Nordeste diminuiu ao longo do período de 2000 a 2002, representado um maior nível de empresas sobreviventes e gerando desenvolvimento para a região. Contudo, no período de 2002 a 2005, foi revelado que as empresas maranhenses, em nível nacional, ainda se encontravam com índice abaixo da média com uma taxa de 77,6%; entretanto, segundo o resultado do estudo do SEBRAE, a média de sobrevivência aumentou de 28,9%. A melhora neste índice colocou o Estado a apenas 0,4 pontos percentuais da média nacional, que é de 78% (SEBRAE, 2007; FIEMA, 2007).

Vários fatores influenciam para tal índice de mortalidade nas empresas brasileiras, alguns citados por Anholon et al. (2007, p. 3), como “a constituição de empresas muito reduzidas, a falta de experiência anterior e de capital de giro, a dificuldade de se lidar coma carga tributária, a falta de apoio profissional, a concepção errônea do negócio, etc.”. Outro agravante se nota nas dificuldades de financiamento quando se tem um total de MPE’s instaladas no Brasil. Apesar dessa problemática, é constatado que essas empresas vêm crescendo quantitativamente no país nos últimos anos.

Amato Neto (2000, p. 38) faz alusão a esse contexto dizendo:

É importante relevar as inúmeras dificuldades e problemas, tanto de ordem financeira como técnico-organizacional e gerencial, que as PME’s devem superar, a fim de que possam tornar-se viáveis e competitivas, em face da tendência de globalização das economias nacionais e regionais, principalmente no caso dessas empresas atuarem de forma isolada em seus respectivos mercados.

Sendo assim, a sobrevivência das PME’s encontra-se ameaçada ao competir direta e individualmente em mercados locais, regionais e globalizados, onde as grandes empresas exercem vantagens sobre as menores, afirmam Santos e Varvakis (1999). Por outro lado, existem possibilidades dessas empresas sobreviverem devido a algumas delas apresentarem um bom desempenho dos setores técnico e financeiro perfeitamente integrados por um sistema gerencial que leve em consideração as necessidades dos clientes e da sociedade. Sendo assim, de fundamental importância a obtenção de informações que propiciem identificar as causas das elevadas taxas de mortalidade das empresas, visando-se a atuação

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efetiva e coordenada dos órgãos públicos e particulares, em face da permanência das atividades dessas empresas, evitando-se o seu encerramento de forma precoce.

Nesta linha de pensamento, prioritariamente, buscam-se alcançar objetivos visando-se a geração de uma política econômica capaz de gerar de forma coerente o crescimento de investimentos, a geração de emprego e renda. Assim sendo, permite-se de maneira salutar a redução da informalidade relativa aos pequenos negócios via incentivos à P&D e outros.

3.4 O Cenário das PME’s Maranhenses

Conhecer a realidade das empresas maranhenses como elemento propulsor do mercado produtivo implica em aferir o potencial inovador perante as mais diversas atividades econômicas desenvolvidas por cada uma das pequenas e médias empresas locais. Contudo, a aplicação de atividades econômicas, que favoreçam o aporte de novas tecnologias e a formação de estratégias inovadoras, busca elevar o grau de modernidade e competitividade da Economia maranhense, gerando mais renda, emprego e bem-estar para a população (MESQUITA, 2002).

A relação entre desenvolvimento regional e empresas de pequeno porte advém da grande representatividade destas no cenário econômico, principalmente no oferecimento de emprego à população, introdução de inovação, geração de impostos e estímulo à competição econômica. Manter as empresas de pequeno porte competitivas num mercado altamente complexo e dinâmico requer atualização constante, com dados compilados e transformados em informações, sobre as quais a empresa toma suas decisões para gerir seus recursos de forma eficiente e eficaz.

A atual situação para atrair novos investimentos e empreendimentos no Estado reflete-se numa verdadeira tarefa de proporcionar incentivos políticos e fiscais para uma gama de empresas propícias ao crescimento e desenvolvimento local. Esse tipo de política, como refere Amato Neto (2000), pode ser adequado para um Estado que deseja começar a construir um adequado parque industrial, mas pode reverter-se em desastrosas medidas e ineficientes soluções. Daí, o autor complementa, se um Estado pretende adquirir uma base industrial e uma infra-estrutura consolidada é preciso elaborar uma política industrial direcionada justamente para complementar e até mesmo ajustar as tendências da indústria num mundo altamente globalizado e competitivo.

Conforme Amato Neto (2000, p.18):

Historicamente, as PME’s vêm desempenhando um importante papel socioeconômico, tanto do ponto de vista da geração de emprego e de renda, quanto do ponto de vista de seu potencial de inovação incremental, principalmente quando tais empresas estão vinculadas a uma cadeia de suprimento de peças, componentes e serviços para a grande empresa cliente.

A relevância das empresas de pequeno porte no desenvolvimento das regiões e seu papel no contexto dos mercados locais relaciona-se à capacidade de oferecer as oportunidades de emprego e renda que uma população e uma economia em crescimento precisam, além de proporcionarem a introdução de inovação, estimular a competição econômica e auxiliar as grandes empresas, principalmente nas funções de distribuição (DOTTO et al., 2004).

Na percepção de Cândido et al. (2000, p.2) recomenda-se que

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O desenvolvimento empresarial em uma dada região ou setor econômico deve envolver um conjunto de atividades a estimular o espírito empreendedor em uma sociedade e favorecer a criação de novas empresas bem como oferecer condições para a sobrevivência e desenvolvimento das já existentes. [...], uma vez que, pôr uma questão natural, os seus negócios tendem ao crescimento, são estimuladores da competência e como conseqüência, produzem grandes trocas nos participantes dos mercados e na política de preços.

O Estado do Maranhão está passando por profundas mudanças correspondentes à era da agricultura tradicional de subsistência para a era da industrialização; da enxada à indústria pesada. Uma vez que essas mudanças no setor empresarial, focadas nas indústrias, nos comércios e nos serviços, em que os fatores físicos e econômicos precisam ser revistos para obterem melhores resultados na economia local, muita coisa precisa mudar.

A situação atual e as potencialidades econômicas do Estado do Maranhão revelam características peculiares ao setor empresarial que supera desigualdades econômicas e sociais, e que busca desenvolver ações para o fortalecimento das indústrias maranhenses frente a um novo desenvolvimento da economia local, criando no Estado oportunidades de geração de emprego, distribuição de renda e recolhimento de impostos, além de fortalecer a economia local, mantendo-se um melhor padrão de qualidade de vida à população.

Na década de 80, a economia do Maranhão permanece em crescimento, mesmo em períodos de crise nacional, excedendo a economia da região nordestina como um todo e, até mesmo, de outros estados da macroárea. Com isso, “os investimentos privados, mais que os do setor público, têm tido participação preponderante nesse contexto, sobretudo os realizados nos setores industrial e de serviços”, complementa Mesquita (2002, p.27).

Desta forma, a necessidade de fornecer subsídios aos empresários de pequenos negócios faz com que a tomada de decisão seja propícia para a adoção de mecanismos de atuação nas estratégias de mercado com a elaboração de Políticas Públicas voltadas para uma orientação empresarial condizente com a geração e expansão de negócios e, ainda, inclusão social por meio de atividades empreendedoras. Sendo assim, reconhece-se que há problemas históricos no meio empresarial maranhense quanto à falta de informação e dados estatísticos sobre a economia local, que dificulta a execução de ações empresariais, propiciando o aumento da informalidade nos setores.

O cenário econômico maranhense ainda se revela promissor em termos de maiores investimentos e financiamentos aos novos empreendimentos; isso se reflete na falta de uma política de incentivo tanto local como nacional. É o que apresenta a Pesquisa da Atividade Econômica Regional – Paer do Estado do Maranhão (2001, p.79), realizada pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SEADE):

Esses investimentos relacionam-se à busca de soluções que possibilitem aumentos de produtividade; melhoria da qualidade dos produtos; ampliação da capacidade de produção; o aperfeiçoamento gerencial/organizacional; e, em menor escala, lançamento de novos produtos.

Com base na Tabela 7, apresenta-se o dado referente à taxa de mortalidade das empresas do Estado do Maranhão, podendo, assim, afirmar-se que a taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas (MPE’s) no Estado caiu de 51,3% em 2002 para 22,4%, atingindo um elevado crescimento principalmente nos

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setores do comércio, indústria e serviços. Convém salientar que os fatores que levaram à queda da mortalidade das empresas maranhenses refletem a melhoria do ambiente econômico do país, em termos de estabilidade, controle de inflação e redução dos juros, como uma das principais causas (SEBRAE, 2007).

Tabela 7: Taxa de mortalidade das MPE’s do Maranhão – 2005.

Mortalidade 88Natalidade 392Taxa de mortalidade 22,4%

Fonte: SEBRAE (2007).

Atualmente, o Estado registra um crescimento da taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas. A queda no fechamento dessas empresas vem ocorrendo desde 2000. Nesta época, a taxa era de 64,4%, caindo no ano seguinte (2001) para 57,6%, e chegando a 51,3% em 2002. Na última pesquisa, pode-se registrar um recuo de 28,9 pontos percentuais. Por esta razão, houve a queda acentuada em todo o país fazendo com que o Brasil se aproxime dos níveis de mortalidade de empresas em nações desenvolvidas, segundo as informações do SEBRAE (2007).

Conforme os dados do anuário SEBRAE e DIEESE (2007), revela-se que o número de pequenas e médias empresas formais, por porte, no Estado do Maranhão, corresponde a 3.416 unidades, sendo que o número de pequenas empresas nos setores da Indústria e da Construção representam 11,35% dos 3.093 unidades.

Tabela 8: Número de empresas formais por porte – 2005.

Micro Pequena Média Grande Total

Maranhão 16.103 3.093 323 198 19.717Nordeste 260.888 43.181 4.814 2.917 311.800Fonte: MTE. RaisElaboração: DIEESEObs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados

A pesquisa revela ainda que, em 2005, apareceram mais empresas ligadas a Comércio e Serviços. Nesse período foram abertas 7.693 empresas no Maranhão e, dessas, 7.201 foram microempresas (até 9 pessoas em Comércio e Serviços / até 19 pessoas em Indústria) e 431 pequenas empresas (de 10 a 49 pessoas em Comércio e Serviços / de 20 a 29 pessoas em Indústrias), sendo o setor de Comércio o mais representativo no universo das microempresas, com 188 unidades abertas. No setor de Serviços houve abertura de dez pequenas empresas, ocorrendo uma triplicação do número de acessos ao SEBRAE, com aumento de 5% para 14%, segundo notícias do Sebrae (2007).

A Economia maranhense baseia-se no setor de serviços assumindo a maior parte do PIB do Estado (54,5%). A indústria de transformação vem mantendo, ao longo dos últimos anos, uma participação pouco significativa no total da indústria nacional. Conforme dados do IBGE, representa 25,1%, formando um dos menores parques industriais o país. Destacam-se também a indústria de alumínio e alumina, a indústria alimentícia e a atividade madeireira. No extrativismo, o babaçu é o principal produto. Na agricultura, predominam os seguintes cultivos: arroz,

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mandioca, soja, milho, laranja, banana, algodão e cana-de-açúcar (PAER, 2001; SEBRAE, 2005). Todavia, “os investimentos privados, mais que os do setor público, têm tido participação preponderante nesse contexto, sobretudo os realizados nos setores industrial e de serviços”, acrescenta Mesquita (2002, p.27).

Nesse sentido, para o setor empresarial maranhense, o amparo governamental e o incentivo fiscal, como são, indispensáveis para sua sobrevivência, assim como o apoio financeiro para a modernização e reequipamento das indústrias de todos os segmentos seria fundamental para o desenvolvimento local.

3.5 As PME’s como potencial inovador

No final do século XX e início do século XXI assistiu-se a um processo de mudança crescente, contínuo e imprevisíveis na estrutura organizacional das empresas. Os efeitos da globalização dos mercados exigiram atitudes proativas e desafiadoras para qualquer tipo e porte de empresas. As empresas brasileiras, para se manterem no mercado e alcançar vantagens competitivas, necessitavam buscar condições mais favoráveis em relação aos concorrentes no desempenho de suas atividades, disponibilizando produtos e serviços com melhores preços e qualidades no mercado (SILVA et al. 2001).

No entanto, essas PME’s são caracterizadas como fortes geradoras de empregos e renda, sendo consideradas potência para o desenvolvimento econômico de uma sociedade (CÂNDIDO et al., 2000). Contribuem desta forma para a oferta de vários componentes de mercadorias e serviços para outras empresas, bem como de um potencial de incremento inovador para regiões e nações. Isso implica que, para permanecerem promovendo o crescimento e o desenvolvimento econômico, atenção maior deve ser dada face ao interesse real dos órgãos governamentais que devem elaborar políticas públicas específicas de apoio à modernização, à inovação tecnológica, visando a melhoria das condições de competitividade no contexto da Economia. As pequenas e médias empresas sempre desempenharam papel fundamental no desenvolvimento produtivo, econômico e social tanto no Brasil como em outras nações; representam, portanto, uma parcela significativa do PIB desses países desenvolvidos e em desenvolvimento, contribuindo de forma decisiva para a geração de investimentos, emprego e renda (SANTOS; VARVAKIS, 1999).

As empresas com elevado potencial de crescimento são as pequenas e médias, necessitam de uma base financeira capaz de proporcionar aumentos relativos na produtividade, lucratividade e rentabilidade, e assim possam obter elevado crescimento econômico e financeiro com possíveis retornos expressivos. Nesta análise, Rieche e Santos (2006, p.2), descrevem essa importância para o cenário de investimentos em PME’s de capital fechado.

Do ponto de vista do desenvolvimento industrial, o apoio a pequenas e médias empresas (PME) é justificado não somente pelo alto potencial de retornos para os investidores, mas porque tais empresas são responsáveis por parcela preponderante do PIB de todos os países e pela geração substancial de empregos. Mas, se por um lado o apoio às PMEs é necessário e meritório, por outro, essas empresas enfrentam diversos problemas para obtenção de financiamentos, seja em função da dificuldade de apresentação de garantias, seja pela escassez de recursos próprios ou pela dificuldade de acessar o sistema financeiro e de mercado de capitais no Brasil. Soma-se a isso o fato de que pequenas empresas com elevado potencial de crescimento necessitam de captações recorrentes para

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composição de seu fluxo de caixa, o que acaba sendo incompatível com seu perfil de crédito.

Nesse contexto, Amato Neto (2000, p.20) acrescenta que “O atual ambiente competitivo é caracterizado pela preocupação das empresas em ganhar flexibilidade, aprimorar sua capacitação tecnológica e gerencial, manter o acesso ao mercado e estar em sintonia com as mudanças internacionais”.

Pode-se constatar que, no Brasil, as indústrias não possuem condições econômicas favoráveis como, as das transnacionais, em realizarem pesquisas pelo menos pesquisas básicas, desenvolvidas nas Universidades Públicas e aplicadas ao setor industrial, adequando a Tecnologia ao produto final. Essa realidade encontra-se distante do mundo empresarial.

Com base nos dados da segunda Pesquisa Industrial Tecnológica (Pintec), divulgada pelo IBGE (IBGE, 2005), são expressas algumas questões que podem ser resolvidas mediante uma política de fomento no país capaz de atender e divulgar as vantagens que muitas empresas teriam ao investir em inovações tecnológicas. É o que pode ser expresso no gráfico 2 abaixo.

Gráfico 2 – Participação percentual do número de empresas que implementaram inovações - Brasil - período 1998-2000 e período 2001-2003.

Nota-se que das 84 mil companhias brasileiras com mais de dez funcionários, as quais fizeram parte da pesquisa, 33,3% efetuaram algum tipo de inovação no período de 2001-2003, sendo que, é confirmado na pesquisa do período anterior 1998-2000: que o “Brasil é um dos países que menos implementam inovações em bens e serviços relativamente ao número de empresas analisadas”, complementa Sbragia et al. (2006, p.28).

O desafio que se revela às empresas que desejam competir, tanto no mercado doméstico como no mercado internacional, é o de adotar tecnologias de mercado, produção e informação, que possibilitem à empresa alcançar sucesso num mundo econômico em transformação. A liberdade das trocas de fatores de produção, a adoção de um novo padrão de qualidade e de produtividade premiarão

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com lucros crescentes as empresas mais eficientes, mais criativas, mais inovadoras (CARON, 2003). As PME’s estão inseridas nessa realidade e precisam definir o seu campo de atuação, o caminho que quer seguir, aonde querem chegar, para sua própria sobrevivência.

O posicionamento das pequenas empresas no mercado tende a ser de certa forma desempenhar um papel de complementação às grandes organizações, onde é permitida a ocupação de espaços deixados por elas quanto ao oferecimento de bens e serviços, cuja produção e distribuição seriam mais vantajosas quando efetuadas por essas empresas, no caso específico a empresa de menor porte (PINHEIRO, 1996). “As empresas nacionais em geral, pequenas e médias empresas, são mais flexíveis, mais ágeis e podem tirar proveito de sua maior capacidade de ajuste diante do quadro mundial de mudanças e transformações”, diz Caron (2003, p. 45).

Essas empresas passam, assim, a desempenhar um novo e importante papel de absorção de mão-de-obra, principalmente para ajudar a enfrentar o desemprego causado pela redução de demanda afetiva face ao desenvolvimento tecnológico provido pelo pouco uso da força-de-trabalho (SEBRAE, 2006).

Observa-se que nem toda empresa de pequeno e/ou médio porte tem condições de modernizar-se o suficiente para sobreviver e competir gradativamente nesse novo contexto da Economia. Surge aí a constatação de que as Políticas Públicas devem ser seletivas e direcionadas a priorizar, em particular, o incentivo e o apoio ao processo inovativo nas PME’s. Para Dauscha, Diretor da ANPEI (2003), cumpre ressaltar-se que:

A implantação de políticas públicas claras, acessíveis e perenes de fomento à inovação tecnológica, aliada a um circulo virtuoso de experimentação, melhoria continua de produtividade e de aumento das exportações, garantirá a conscientização das organizações e a adequação a esta que é a única formula comprovada de crescimento sustentado de um país.

Nas últimas décadas as condições favoráveis, que levam as empresas a obter vantagens competitivas, são assumir uma postura inovativa dos seus produtos, processos ou serviços para acompanhar os avanços tecnológicos e contribuir com o desenvolvimento empresarial e econômico. Para assumir essa postura inovadora surge a necessidade de aprender e criar novos conhecimentos, apesar das novas e diferentes competências relacionadas ao desenvolvimento e implementação de produtos, processos ou serviços (CASSIOLATO; LASTRES: 2000).

Santos (1998) assevera o importante papel exercido pelas PME’s expressando positiva opinião sobre a contribuição econômica e social que essas têm nas economias capitalistas, no que se refere à geração de emprego e renda possuem uma série de vantagens, dentre as quais a maior capacidade de flexibilidade e agilidade para adaptarem-se às mudanças ocorridas no ambiente onde encontram-se inseridas.

Porter (1986) ressalta que as pequenas e médias empresas têm grande importância nos países em vias de desenvolvimento, diante dos investimentos por parte de grandes empresas estrangeiras, tendo-se em vista que geram, rapidamente, postos de trabalhos, capacitam trabalhadores locais e trazem recursos técnicos evitando arriscar o capital escasso do país.

De certo modo, as inovações desempenham o papel de mola propulsora do fenômeno do desenvolvimento com crescimento econômico e que aciona e mantém em movimento a máquina capitalista. “É dessa forma que as grandes

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inovações, que constituem novos paradigmas, transformam toda a realidade econômica e social”, acrescenta Campanário (2002, p.3). Sem as inovações, a capacidade de geração de lucro e acumulação de capital de uma economia local ou mundial tenderia a reduzir-se. Como conseqüência, as empresas tendem a desaparecer do mercado, e a região ou país perderiam a dinâmica do desenvolvimento econômico (CARON, 2004).

3.6 A Política de Incentivos Fiscais nas PME’s e o fomento no Brasil

Nos tempos atuais, as decisões de investimentos estão sendo cada vez mais influenciadas por vantagens competitivas dinâmicas que buscam oferecer resultados satisfatórios para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas industriais. A capacidade criativa, desesperadamente procurada pelos pequenos empresários, decorre do fato de que, muitas vezes, ele não dispõe de grandes montantes de investimentos de capital para investir em novas tecnologias em seus produtos ou processos industriais (GIRARDI, 2002).

No dizer de Goedert (1999, p.13), a importância de uma política de incentivos públicos e privados com mecanismos de fomento poderão ajudar na superação de alguns obstáculos que representam barreiras para o processo de inovação em pequenas e médias empresas brasileiras.

O país atravessa uma situação bastante crítica no aspecto monetário. As pequenas e médias empresas (PME’s) estão remando contra a correnteza. A falta de uma política bem definida de ajuda e incentivos à indústria comércio e serviços fazem com que as PME’s não tenham competitividade nos mercados em que atuam.

Na realidade, esses problemas e obstáculos, que atingem tanto as pequenas e médias empresas como as grandes empresas, estão intrinsecamente relacionados ao processo de inovação. Embora as grandes empresas também apresentem dificuldades com a inovação, existem algumas vantagens como melhor acesso as fontes de informação sobre tecnologias, melhor infra-estrutura, acesso facilitado às linhas de financiamento, maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), além de outras maiores chances de desenvolver e aplicar recursos favoráveis ao crescimento organizacional (SILVA et al., 2004).

Entretanto, no contexto das PME’s existem algumas dificuldades para inovar, sendo elas, conforme a análise de Caron (2003): 1) Falta de recursos para investir em inovação na empresa; 2) Falta de acesso a financiamentos; 3) Falta de informações sobre entidades de apoio à inovação tecnológica; 4) Falta de pessoal capacitado; 5) Falta de máquinas e equipamentos; 6) Falta de informações sobre mudanças tecnológicas; 7) Falta de confiança em parcerias e alianças para inovação tecnológica e; 8) Falta de informações sobre mercados.

Isso reflete o que afirmam Barroso e Damasceno (2006a, p.5-6; 2005c, p.5), quanto à aquisição tecnológica no setor empresarial.

A inovação necessita de condições favoráveis, tais como crédito a um custo competitivo e mercado com significativo poder aquisitivo e em expansão. O incentivo à inovação tecnológica precisa ser reconhecido pelas empresas como um insumo imprescindível, analogamente ao capital, a recursos humanos e a matérias-primas. Ela precisa ser difundida como norma pela alta administração, fazendo parte do plano estratégico, estando em consonância com as áreas de finanças, marketing e produção entre outras. Muitas empresas não se conscientizaram da importância das atividades de

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P,D&I aplicada na melhoria da produtividade e na competitividade. Toda inovação nas organizações encontra dificuldades burocráticas.

Observa-se que a capacidade de inovação das empresas de pequeno porte é afetada por características organizacionais que as diferenciam das grandes empresas, acarretando vantagens e desvantagens. As vantagens são relacionadas à capacidade de reagir rapidamente a novas demandas do mercado; ter pouca burocracia interna e por isso aproveitar oportunidades mais rapidamente; serem gerenciadas de maneira mais dinâmica e com mais disposição para assumir riscos; ter uma comunicação interna informal e eficiente; e se adaptarem mais facilmente às mudanças no ambiente externo (ROTHWELL; DODGSON apud DOTTO et al., 2004). Em contrapartida, essas empresas se encontram em situação desvantajosa devido à baixa capacidade gerencial, gestão informal e escassez de recursos para buscar e utilizar fontes externas científicas e tecnológicas, além de não incorporar recursos humanos especializados ou bem qualificados, não podendo manter um esforço de P&D na escala necessária, possuindo dificuldade em atrair capital de risco. Não conseguem assumir os riscos financeiros da inovação, sem alcançar economias de escala na produção, e têm dificuldades em reunir o capital necessário para crescer rapidamente e lidar com organizações ou regulamentações muito complexas, acrescentam Dotto et al. (2004).

Segundo Silva (2004, p.16), “Essas novas empresas, no entanto, ao surgirem necessitam de apoio e incentivos para que possam prosperar num mercado cada vez mais competitivo, exigente e globalizado, onde apenas os competentes sobrevivem”. De fato, segundo Amato Neto (2000), as características intrínsecas das pequenas e médias empresas propiciarem vantagens na geração de renda e desenvolvimento nos países em desenvolvimento constituem-se foco interessante de análise e de orientação de Políticas Públicas nesses países, principalmente no que diz respeito a iniciativas de apoio orientadas no sentido do aprimoramento tecnológico e gerencial dessa categoria de empresas.

As empresas brasileiras, especialmente as pequenas e médias, que assumiram posturas inovativas sofreram diversos impactos ao longo do tempo tendo sido gerados problemas e obstáculos na implementação de novas inovações; e em função disso algumas empresas assumiram o risco de nunca ou por um determinado período de tempo não inovar (SILVA et al. 2004).

Por isso, Krugliankas (apud SILVA et al., 2004, p.7), asseveram que:

Essa implementação de produtos e processos é um grande desafio para a empresa, pois é necessário oferecer um ambiente propício e superar as resistências naturais que surgem quando o processo inovativo está ocorrendo, além de muita perseverança e investimentos para comprovar a viabilidade do produto ou processo.

A partir disso, Barbieri et al. (2007, p.3) afirmam claramente que “O quadro regulatório e o sistema de incentivos e apoios governamentais são decisivos para a manutenção de um ambiente propício à produção e incorporação de conhecimentos”. De tal modo, “a falta de investimento em atividades inovativas dentro das empresas brasileiras fez que estas não fossem dotadas de produtos competitivos no mercado internacional”, acrescentam Sbragia et al. (2006, p.29).

Sabe-se que a maioria dos países, tanto industrializados como emergentes, adotam políticas de incentivo à inovação para promover o desenvolvimento econômico, estimulando investimentos privados. Grande número de países utiliza incentivos fiscais para estimular as empresas a investir em pesquisa e inovação tecnológica. Com a compensação dos investimentos realizados

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pelas empresas, os incentivos propiciam redução de custos e o risco de novos projetos, tornando-se uma atratividade para as empresas (SBRAGIA et al., 2006). No Brasil, ainda existe o preconceito em relação à subvenção direta ao setor privado, e só agora passou-se a adotar esse mecanismo, somente nas micro e pequenas empresas, ou para aquelas que já contam com incentivos fiscais (PDTIs), justificam Sbragia et al. (2006).

A política de fomento no país existe desde 1967, com a participação efetiva do Governo Federal e outros órgãos da iniciativa privada. É por meio de uma empresa pública, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que o Governo Federal promove e financia a inovação e a pesquisa cientifica e tecnológica em empresas, Universidades e centros de pesquisa. (SILVA et al., 2004). Há dois tipos de incentivos fiscais à inovação tecnológica das empresas: uns são específicos para a área de informática e automação, e outros se destinam à implantação de P&D em qualquer setor industrial (SBRAGIA et al., 2006).

A FINEP possui uma política de fomento que estabelece apoio as ações de ciência, tecnologia e inovação, atuando junto às pessoas jurídicas e tem como finalidade ampliar o conhecimento e formar recursos humanos, aumentar a competitividade dos produtos, processos e serviços para o mercado internacional, aumentar a qualidade e o valor agregado dos produtos, processos e serviços para o mercado nacional, aptos para a competição internacional, entre outras.

Vale ressaltar que a FINEP ainda mantêm uma estreita relação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Vale esclarecer que a CNPq apóia prioritariamente as pessoas físicas, por meio de bolsas e auxílios, enquanto o SEBRAE apóia projetos empresarias de inovação tecnológica e de modernização de produtos e processos de MPE’s para o desenvolvimento sustentável, esclarece Silva et al.(2004).

Em relação ao financiamento público, algumas iniciativas acabam tendo um impacto reduzido, de difícil acesso e pouco abrangentes, em razão das dificuldades operacionalizadas. Com a criação dos incentivos fiscais, pela Lei 8.661/93, chegaram a beneficiar poucas empresas. De tal forma, quando se examinam os valores por tamanho de empresa, esse número aumenta com o tamanho das firmas, o que mostra a maior dificuldade de acesso das pequenas e médias empresas aos instrumentos públicos de fomento (SBRAGIA et al., 2006).

A ênfase é dada aos incentivos fiscais acerca da redução de impostos sobre importação (bens da capital e insumos de produção), redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) destinados à exportação e à produção intermediária. Cada governo regional cria mecanismos de isenção de ICMS sobre os produtos exportados. Os programas de desenvolvimento de C&TeI, como o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (PROGEX), o Programa de Tecnologia Industrial Básica e o Programa de capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas (RHAE), correspondem a um determinado caráter especifico. Sendo assim, se preocupam com o fortalecimento da capacitação tecnológica, recursos humanos e criação de uma infra-estrutura que aumente a competitividade do parque produtivo nacional. Por outro lado, há dificuldades de entendimento do funcionamento de cada programa nos diversos aspectos que são relacionados. Implica, então, no pouco conhecimento que as micro e pequenas empresas têm da existência de um programa que visa fomentar a capacitação tecnológica deste segmento, na realidade são programas com desenhos

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consistentes, mas que não estão conseguindo atingir o seu público-alvo (SBRAGIA et al. ,2006).

Deste modo, as políticas de inovação voltadas para essas empresas podem ser um instrumento de estímulo ao crescimento e iniciativa à competitividade de setores regionais e estaduais. Em termos gerais, destacam-se os setores de Indústria e Serviços quanto às estratégias e resultados relacionados à inovação.

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CAPÍTULO IV

A INOVAÇÃO COMO FATOR COMPETITIVO NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Vive-se numa época onde a queda das fronteiras deu origem à globalização caracterizada pela alta competitividade, bem como a um cenário em que empresas e companhias passam constantemente por reestruturações, fazendo, portanto, com que a inovação desempenhe um papel crucial na vida empresarial de qualquer organização. “Não há dúvida de que as inovações tecnológicas estão entre as principais fontes de vantagens competitivas para uma quantidade crescente de empresas industriais”, declara Barbieri (1997, p.66).

A intensa concorrência no ambiente de negócios no limiar do século XXI impõe às organizações a implementação de uma gestão estratégica capaz de promover a capacidade competitiva e permitir uma posição sustentável no mercado através de processos inovativos. O desenvolvimento tecnológico e todo seu processo de pesquisa quanto a produtos e serviços constituem fator preponderante para o diferencial competitivo do setor empresarial. A identificação deste processo permite que acadêmicos e gestores possam oferecer melhorias para o setor produtivo. As pequenas e médias empresas apresentam resultado satisfatório com relação à inovação, a questão dos investimentos associados às estruturas de P&D, que favorecem os processos inovativos, ainda pode constituir um limitador.

4.1 A principal função da Inovação Tecnológica nas PME’s

Diante de um quadro econômico marcado pela alta competitividade, qualidade dos produtos e concorrência acirrada, cada vez mais o êxito empresarial depende da capacidade de inovar tecnologicamente, colocando novos produtos no mercado, a um preço adequado, com qualidade superior e de forma mais rápida do que seus concorrentes, o que não constitui tarefa simples.

A Inovação Tecnológica já é um assunto bastante discutido entre os atores do processo que ocorre, principalmente em pequenas e médias empresas. Contudo, nem sempre os frutos são obtidos com sucesso devido à falta dos canais de financiamentos que podem sustentar as idéias. Todavia, essa forma de financiamento não reflete na capacidade das empresas de assumirem riscos vultosos. “A capacidade de realizar inovações tecnológicas de modo sistemático para responder às exigências do mercado é uma das principais dimensões competitivas das empresas”, acrescenta Barbieri (1997, p. 67).

A contribuição e o papel da inovação tecnológica nos países e nas empresas têm assumido grande relevância para o desenvolvimento socioeconômico, através da criação de novas oportunidades de negócios (SBRAGIA et al. 2006). E para tanto, a inovação tecnológica tem proporcionado amplas discussões políticas e acadêmicas, sobretudo pela questão do desenvolvimento e da competitividade nas empresas, regiões e nações, além de ser uma das preocupações constantes das organizações em meio aos novos desafios de competitividade e sobrevivência no mercado, comentam Barroso; Damasceno (2006).

Dessa forma, Fonseca (2001, p. 66 e 73) ressalva: “O processo de inovação tecnológica está intimamente ligado à geração de idéias, ainda que inovação seja mais do que criar uma idéia, mas colocar essa idéia em uso”. E, ainda, comenta sobre a formação de profissionais qualificados em todos os níveis,

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colocando a educação como prioridade número um para obtenção de melhores resultados no processo de inovação. “A capacitação da mão-de-obra do país para absorver as novas idéias (tecnologias) depende, sobretudo, do nível de educação da população”.

Para melhor compreensão sobre Inovação Tecnológica, é necessário distinguir alguns conceitos. Na publicação do “Livro Verde da Ciência, Tecnologia e Inovação”, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), divulga o conceito de Inovação Tecnológica sob a óptica da OCDE citada no Manual de Oslo (1996, p.35).

Inovação tecnológica de produto ou processo compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos e melhorias significativas em produtos e processos existentes. Considera-se que uma inovação tecnológica de produto ou processo tenha sido implementada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de produção (inovação de processo). As inovações tecnológicas de produto ou processo envolvem uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. A firma inovadora é aquela que introduziu produtos ou processos tecnologicamente novos ou significativamente melhorados num período de referência.

Entende-se por Inovação Tecnológica, segundo Caron (2004, p.1), “é a transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços que possam ser colocados no mercado”. Para Barbieri (1997, p.67), “Inovação Tecnológica é um processo realizado por uma empresa para introduzir produtos e processos que incorporem novas soluções técnicas, funcionais ou estéticas. (...) Ou dito de outra forma, trata-se de inovações pioneiras que introduzem novidades absolutas”.

Muitos autores reconhecem a importância que esse fator representa para a organização que pretende conservar-se competitiva. Essa afirmação é adotada por Leifer et al. (2002, p.18) quando dizem que “o cenário competitivo contemporâneo tem sido regido pela Revolução Tecnológica, Globalização, hipercompetitividade e extrema ênfase sobre preço, qualidade e satisfação do consumidor, exigindo um foco na inovação como competência estratégica”.

A capacidade de desenvolver inovações tecnológicas de forma sistêmica para atender às exigências do mercado é uma das principais dimensões competitivas das empresas, comenta Barbieri (1997). Embora os estudos abordem a questão da inovação tecnológica como fator de competitividade empresarial e determinante do crescimento econômico de um país, os incríveis avanços científicos e tecnológicos, assim como as profundas mudanças que se estão produzindo de forma unânime, obrigam à renovação contínua de processos tecnológicos para manter a competitividade (SÁNCHEZ; PAULA, 2001, p.42).

Diante deste contexto, Barroso e Damasceno (2005, p. 2) revelam a importância da capacidade inovadora das empresas na obtenção de vantagens competitivas.

A capacidade de realizar inovações tecnológicas tem sido uma das exigências do mercado em resposta às várias dimensões competitivas nas empresas. 1) Imposição de uma situação cada vez mais complexa e desafiadora que exigem soluções inovadoras; 2) Necessidade de investir em inovação tecnológica e pesquisa e desenvolvimento (P&D) como fonte de Vantagens Competitivas; 3) Interação entre Instituições de Pesquisa/Universidades para ampliação de resultados nos esforços da P&D.

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A inovação tecnológica é constituída de várias etapas e atividades

complexas, nas quais integram diversos agentes com diferentes papéis, tornando assim, uma tarefa difícil de delimitar o início e o término de um processo de inovação. Uma das estratégias competitivas possíveis de ser empregada pelas empresas é a diferenciação dos seus produtos e serviços de forma inovadora. Para Santos (1996, p.2), “a estratégia indica o caminho que a organização define para seu negócio e deve se transformar internamente em diretrizes e planos de ação para os processos e relacionamentos com o mercado-alvo”.

Sem dúvida, isso implica na contribuição e no papel da inovação tecnológica nos países, representando grandes vantagens para o desenvolvimento socioeconômico e a criação de novas oportunidades de mercado. Craveiro, presidente da ANPEI, afirma que

Inovar tecnologicamente é reunir um arcabouço de conhecimentos e técnicas para desenvolver novos processos e fazer novos produtos para o mercado, gerando riquezas e divisas para o país. É nas empresas que ocorre o processo de transformação da ciência num bem econômico e social.

Deste modo, o reconhecimento que as empresas são as principais forças inovadoras de um país, requer mecanismos expressivos de motivação para a produção de novos produtos, processos e serviços cada vez mais competitivos no mercado. Talvez muitas empresas ainda não se conscientizaram da importância e dos ganhos da atividade de inovação tecnológica. Desta forma, se tornam frágeis e sensíveis as ameaças de um mercado cada vez maior e oscilante economicamente.

4.2 A importância da Pesquisa e Desenvolvimento nas Indústrias

O cenário empresarial vem sendo dominado pela Revolução Tecnológica, a Globalização, hipercompetitividade e ênfase conjunta sobre preço, qualidade e satisfação do consumidor, focalizando a inovação como competência estratégica. A inovação tem como resultado factível propiciar melhorias nas condições competitivas de mercado e, conseqüentemente, otimizar, via processo inovativo, a redução dos custos fixos para obter-se uma escala de produção e adquirir-se as reais condições, visando-se os benefícios da legislação de P&D.

Isso implica segundo a concepção de Guimarães (2000, p.122) na seguinte afirmação:

Se é a empresa o veículo natural para a introdução da inovação no mercado tem ela que ser o objeto privilegiado da política de P&D, já que, se ela domina a tecnologia que utiliza é improvável que possa interagir com a pesquisa e desenvolvimento no sentido de realizar inovações, mesmo que tais inovações sejam secundárias.

A gestão da inovação, porém, é complexa e arriscada: impõe o uso de competências gerenciais distintas daquelas requeridas para a gestão tradicional. Não obstante ao seu caráter multidisciplinar e multifuncional exige uma estreita colaboração entre as diversas áreas da empresa, especialmente no Marketing, nas operações, na Engenharia de produção e processos e outros. Isso representa custos elevados, riscos econômicos excessivos e escassez de fontes de financiamento apresentados pelas empresas para o investimento singular em inovação tecnológica.

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Essas empresas inovadoras sabem diferenciar seus produtos (bens e serviços) e beneficiar-se de processos produtivos mais eficientes, conseguindo não apenas melhorar sistematicamente sua produção, mas também inovar com sucesso, sem omitir-se da responsabilidade das economias externas. A partir disso, essas empresas buscam apoio junto a setores de desenvolvimento e pesquisa científica e tecnológica atribuída aos seus segmentos produtivos.

Como complemento deste contexto, Silva (2005, p. 31) esclarece:

Atualmente, as empresas inovadoras sentem a necessidade de aproximar-se de setores ligados ao conhecimento, Universidades ou centros de pesquisas e algumas empresas procuram além de manter seus projetos cooperativos, também estruturarem seus próprios centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para dar suporte aos seus colaboradores envolvidos em pesquisa.

Diante do exposto, Roussel et al. (1992, p.1) garantem que o sucesso das empresas dependem da sua capacidade e sua habilidade de administrar os esforços de pesquisa e desenvolvimento, pois

As empresas que obterão sucesso na competição global serão aquelas que empregam tecnologia para manter uma margem na qualidade do produto e na inovação, uma vantagem na produção e na produtividade de marketing, e poder de resposta aos interesses de mercado.

De fato, o processo de inovação no Brasil ainda é incipiente e não demanda uma sólida base de conhecimentos. “O mais grave é que as inovações continuam concentradas em poucos segmentos, cuja intensidade tecnológica é alta por sua própria natureza”, informam Sbragia et al. (2006, p.30). Contudo, para a implementação de uma inovação tecnológica envolverá a criação de ferramentas, aquisição e preparação dos recursos de manufatura, produção inicial, sustentação comercial e outras atividades que se encontram entre as mais críticas de qualquer processo de inovação (BARBIERI, 1997).

4.3. O papel da P,D&I no contexto empresarial

No contexto atual, os mercados, as tecnologias e as formas organizacionais são caracterizados por mudanças aceleradas que geram capacidade e absorção às inovações, consideradas, absolutamente, cruciais para que agentes econômicos se tornem competitivos. Para a empresa moderna, a gestão da pesquisa e do desenvolvimento (P&D) é encarada como uma arma que possibilita alcançar uma diferenciação competitiva (ROUSSEL et al. 1992).

Neste caso, a possibilidade de que uma organização venha se tornar inovadora depende de fatores internos e externos. Os primeiros se referem a uma gestão moderna que encoraje as iniciativas e valorize o aprendizado individual e grupal apresentando melhores condições internas para que as inovações aconteçam em bases sistemáticas. Porém, as condições externas dependem da economia como um todo e do ambiente de Ciência e da Tecnologia nacional, regional e local, entre outras (BARBIERI et al., 2007).

Para acompanhar as rápidas mudanças em curso, é extremamente necessária a aquisição de novas capacitações e conhecimentos, intensificando a capacidade de indivíduos, empresas, países e regiões no sentido de aprenderem e transformarem este aprendizado em fator de competitividade. E esta fase é baseada

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no aprendizado e na gerência do conhecimento. No que se referem Sbragia et al. (2006, p.32), “O Brasil possui um dos dez maiores parques industriais do mundo, mas fabrica produtos de baixo e médio valor agregado, por falta de linhas consistentes de financiamento à P&D, ao lado da falta de cultura inovadora por parte dos empresários”.

Neste sentido, reconhece-se que o Brasil despende pouco recurso com P&D, assim como possui um fraco sistema para formação de recursos humanos, ocorrendo assim uma deficiência diante dos demais países desenvolvidos e industrializados. “As atividades de P&D nas empresas se caracterizam pelo custo elevado e retorno incerto. Por isso, as nações industrializadas dispõem de um conjunto de políticas e instrumentos de incentivo e fomento à P&D empresarial”, referem-se Melo e Silva (2001, p.133).

É a partir dessas mudanças que surgem as janelas de oportunidade que permitem nações galgar um novo patamar qualitativo na trajetória do desenvolvimento, propiciando organização em seus próprios sistemas nacionais de inovação, de forma a sair do estágio de subordinação tecnológica, conquistando a etapa de eficiência e competitividade. Diante disso, urge buscar iniciativas imprescindíveis para que a inovação possa alavancar a competitividade existente no país, contando com o apoio do Poder Público quanto à aplicação de Políticas Públicas favoráveis ao setor empresarial.

Diante disso, as PME’s enfrentam grandes dificuldades de desenvolver estratégias de desenvolvimento tecnológico devido às restrições de financiamentos, comprometendo os resultados da implantação de novas tecnologias no setor empresarial. De fato, o Brasil não investe muito em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P, D & I) em relação a países de nível semelhante. Já a redução do esforço em P, D & I pelo setor público padece por características intrínsecas do estado brasileiro, como a falta de recursos, limitações legais e descontinuidade administrativa fazendo com que a concentração de pessoal do alto nível de formação concentre-se, relativamente nas pesquisas básicas.

4.4 Por que e para que Inovar?

A capacidade de inovar é atualmente a componente chave para a sobrevivência e desenvolvimento das pequenas organizações. O futuro hoje é cada vez menos previsível a partir de parâmetros passados e o ambiente de negócios revela-se cada vez mais acirrado e desafiador. O fato é que as empresas de pequeno porte vêm resistindo, aos processos históricos de concentração e centralização econômica, concebendo atualmente, um segmento importante na atividade industrial, comercial e de serviços, responsável pela geração de uma expressiva parcela de empregos, renda e investimentos, além do produto nacional e arrecadação de impostos (GIRARDI, 2002).

Não obstante, a empresa que busca inovar está agregando valor ao seu potencial competitivo, obtendo maiores lucro e reduzindo custos, aumentando suas vantagens de sobreviver no mercado, pois se sabe que “a inovação de produto e de processo permite que a empresa inovadora se diferencie das demais. Sendo mais produtiva, produzindo com menores custos, ou detendo produtos inovadores, a empresa consegue se apropriar de lucros gerados a partir dessa diferenciação” declara Campanário (2002, p.4). O autor afirma ainda que a empresa inovadora que contém maiores recursos advindos dos ganhos das inovações, passa a obter maior fôlego financeiro para viabilizar outros projetos de P&D, podendo arriscar em

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estratégias mais ousadas, mais ofensivas, na realização de atividades tecnológicas. Desta forma, a busca por inovação chega a ser mais permanente.

Do ponto de vista de Amato Neto (2000, p.7), o significado da pequena e média empresa no processo de desenvolvimento econômico e social de um país, constituem como:

Organizações propícias à inovação e à geração de renda e emprego, quanto por sua elevada importância como fornecedoras das grandes empresas, [...] na qual a presença da pequena e média empresa constitui-se em fator de fundamental importância para o desenvolvimento industrial, econômico e social.

No resultado da pesquisa do Comitê Inovação nas Pequenas e Médias Empresas (PME) da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei) publicam “Pequenas e médias empresas brasileiras revelam que inovar é imprescindível para seu funcionamento”. Certamente, é o mercado dinâmico e competitivo que impulsiona as empresas a investir em inovação. As PME’s inovam principalmente por conta da oportunidade de mercado e para reagir à concorrência. A busca por maior lucratividade, produtividade e rentabilidade e a exigência dos clientes também estão entre os fatores que motivam a inovação (PERFEITO, 2007).

Essas empresas não têm consciência dos possíveis ganhos competitivos trazidos pelas inovações. Sendo que, a maioria destas empresas gera ou adota inovações apenas quando elas percebem claramente as oportunidades de negócio ligadas à inovação ou são pressionadas por clientes e/ou fornecedores (La Rovere, 2001). Percebe-se que muitas dessas empresas desconhecem o potencial inovador ajustado em seus produtos, processos e serviços, ocasionando a obtenção de ganhos competitivos e vantagem comparativas diante das grandes empresas.

A empresa que inova se diferencia das demais, tornando-se mais produtiva, produzindo com menores custos, ou detendo produtos inovadores, conseguindo se apropriar de elevados custos a partir dessa diferenciação. Para Campanário (2002), a empresa inovadora que adquire maiores ganhos das inovações, passa a deter mais capital para viabilizar outros projetos de P&D, lançando estratégias mais ousadas e mais ofensivas, na realização de atividades tecnológicas. Desta forma, as empresas mais inovadoras não podem nunca mais parar de inovar, pensando que sua posição de liderança é duradoura. Portanto, a busca por inovação é permanente.

Na divulgação da terceira edição da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), pelo IBGE, houve a expansão dos estudos nos setores de Telecomunicações Informática e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). As empresas industriais de médio porte, com corpo de funcionários de 100 a 499 empregados, foram as que obtiveram aumentos mais significativos nas taxas de inovação em comparação como os dois triênios 2003/2005 contra 2001/2003, conforme é demonstrado na Tabela 9.

Tabela 9: Participação percentual do número de empresas que implementaram

inovações, segundo faixas de pessoal ocupado.

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No entanto, as taxas de inovação para as empresas de 10 a 40

empregados cresceram de 31,5% para 33,3%. Elas correspondem 79,7% do universo da PINTEC 2003, e são as que mais afetam a taxa de inovação da indústria nacional. No entanto, constata-se que as variações das taxas de inovação, de modo geral ou específico, não sofreram alterações significativas e permanecem oscilando segundo as faixas de pessoal ocupados. Contudo, o esforço inovativo foi maior nos segmentos de telecomunicações, informática e P&D do que nas indústrias de um modo geral.

A grande maioria, portanto, é de empresas que não diferenciam seus produtos e apresentam produtividade menor. Dessa forma, elas não se beneficiam significativamente da inovação. Por isso, não importa o tamanho e nem o porte da empresa, é preciso investir em novas tecnologias e ter uma estratégia de mercado eficiente, buscando informações e apoio para agregar valor ao seu negócio.

4.5 A contribuição das Universidades como geradoras de tecnologia para as empresas locais.

Algo diferente que ocorre em países desenvolvidos que pode explicar parte de uma tímida participação mundial do Brasil em P,D&I é a distancia entre a empresa e a Universidade e centros de pesquisa. O relacionamento entre Universidades e empresas no Brasil ainda não estão em um nível adequado se comparado aos países industrializados, apesar dos estudos “apontarem para a necessidade de uma integração entre Universidades e empresas no enfrentamento dos desafios da indústria brasileira e na geração de novas oportunidades, tanto em Ciência e Tecnologia (C&T) quanto em (P&D)” (TAMBOSI, 2001).

Barroso e Damasceno (2006b, p.5) revelam que a pouca relação que há entre as empresas e as Universidades e centros de pesquisa na obtenção do desenvolvimento e modernização dos processos produtivos, desfavorece o avanço tecnológico em seus produtos e processos.

No Brasil, reconhece-se, que a empresa interage pouco com as Universidades, principalmente as pequenas, por investirem pouco em tecnologia, já as grandes empresas realizam pesquisas internamente; outras trazem tecnologia de fora; portanto há pouco conhecimento das empresas quanto à utilidade das Universidades no que podem fazer e fazem, devido à falta de envolvimento, marketing, confiança e credibilidade.

Sbragia et al. (2006) comentam que esse caso ocorre no Brasil em razão da falta de cultura, necessidade e motivação das empresas em investir em desenvolvimento tecnológico, sendo poucas empresas que possuem estruturas

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próprias de P&D. E, acrescentam, (2006, p.94): “A colaboração com universidades e institutos de pesquisa é uma alternativa viável, mais rápida e mais barata do que a montagem de laboratórios e a contratação de profissionais especializados em várias áreas do conhecimento”.

Diante deste contexto, existem diversas barreiras (organizacionais, pessoais/profissionais e culturais), que são consideradas como diferenças de características e objetivos aspirados por ambas às partes. A principal meta da Universidade é investir na geração de conhecimentos e tecnologia no desenvolvimento da sociedade em geral; para a empresa, o importante é gerar receitas (lucros) para a sua sobrevivência que sem ela são incapazes de realizar sua função social de criar empregos atendendo a sociedade, alterando a tecnologia para garantir sua participação no mercado (BARROSO; DAMASCENO, 2006)

Existem alguns órgãos governamentais que estimulam e fomentam a pesquisa e o desenvolvimento entre a cooperação de Universidade e empresa. Como por exemplo, os Programas Federais, PADCT, PRONEX, RHAE e os Programas Estaduais como a FAPEMA (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão) e a SECITEC (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico) e a SINCOEX (Sistema de Apoio à Industria e ao Comércio Exterior) entre outros.

A declaração do diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) à Agência FAPESP revelou que o Brasil é um dos países com maior cooperação entre Universidades e empresas em todo mundo, porém essa prática não é nomeada como Política Pública e por isso tem pouca visibilidade. Apesar de, “a pesquisa tecnológica no Brasil dá ao país vantagens comparativas”, acrescenta. Todavia, esta postura não condiz com uma realidade complexa que hoje se apresenta nas empresas. Sabe-se, entretanto, que esta realidade é mais comumente realizada no âmbito das grandes empresas por terem maior capacidade de conhecimento e acesso rápido às informações, o que de fato, para as PME’s é uma deficiência.

Atualmente as empresas inovadoras sentem a necessidade de aproximar-se de setores ligados ao conhecimento, Universidades ou centros de pesquisas e algumas empresas procuram além de manter seus projetos cooperativos, também estruturarem seus próprios centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para dar suporte aos seus colaboradores envolvidos em pesquisa.

Para Amaral (apud BARROSO; DAMASCENO, 2006, p.7), as Universidades precisam

olhar a colaboração com a empresa com menos dúvida e menos preconceito. E o empresário precisa ver na Universidade um aliado, respeitar os que estão na chamada pesquisa pura porque não existe pesquisa aplicada, porque não se aplica o que não se tem, o que existe é ciência.

O principal papel da Universidade é produzir ciência. À medida que ela vai produzindo ciência, mais espaço ela estará criando para a aplicação. Segundo alguns pesquisadores, as Universidades são responsáveis por 90% da pesquisa cientifica do país. Os autores enfatizam que na pequena empresa, o gestor principal deve conduzir a gestão de P, D&I, considerando a temática da implantação efetiva nestas empresas, complementa Barroso e Damasceno (2005).

Nesse contexto, outro ponto importante revelado na pesquisa Pintec e ressaltado no estudo conduzido pela ANPEI (2004), refere-se: “o perfil do

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empresário ou executivo é determinante na capacitação tecnológica das empresas”. E, para tanto, Roussel et al. (1992, p.12) acrescentam

[..] aumentar a apreciação dos lideres industriais para aquilo que a ciência e a tecnologia podem fazer por eles, e desenvolver sua compreensão a respeito de uma administração intencional e estratégica de P&D que promova lucrativos avanços na Ciência e na Tecnologia.

Por isso, Gestores precisam aderir a uma postura mais ativa e prospectora frente aos novos desafios da inovação. Não se pode conceder uma postura empresarial que está a reboque dos avanços tecnológicos. De certo que se pode contestar que as condições brasileiras não são adequadas quando comparadas com os concorrentes internacionais (juros mais baixos, garantias menores, prazos maiores etc.). Mas isto não pode significar simplesmente se valer de tecnologias obsoletas ou sem competitividade adequada.

CAPÍTULO V

ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO

O objetivo deste capítulo é revelar a análise dos dados obtidos no levantamento de campo e estabelecer relações com as bases teóricas apresentadas nos capítulos anteriores. Diante disso, serão apresentados os resultados que descreve o perfil das pequenas e médias empresas maranhenses no contexto da gestão da inovação realizada nesses setores como fator decisivo para obter vantagens competitivas e processos produtivos inovadores. Apresentam-se as principais informações levantadas junto aos empresários das empresas industriais sediadas em municípios maranhenses para compreender seu comportamento diante do fenômeno da inovação.

Neste caso, pretende-se revelar como os empresários e as empresas industriais de pequeno e médio porte localizadas em diferentes municípios do Estado do Maranhão e atuando em ramos industriais diferentes, percebem a mudança e a necessidade de inovação. Qual o nível de conhecimento desses

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empresários sobre as práticas empresariais apresentadas neste trabalho em relação à análise da gestão da inovação nas empresas e suas conexões com as ações estratégicas para obter vantagens e competitividade.

Analisa-se, também, a visão de mundo dos empresários num ambiente mutante e turbulento na identificação das oportunidades de inovação tecnológica para o melhoramento de seus produtos e processos, e que dificuldades desprendem para incorporar, gerar e irradiar inovações e a participar competitivamente do mercado em tempos de globalização, de abertura econômica, aumento de incertezas e insegurança, porém, de oportunidades, de crescimento e lucros.

5.1 Análise Empírica

No que diz respeito à caracterização dos respondentes, o tempo de existência das 30 empresas no mercado distribui-se assim: 16 empresas existem há mais de 15 anos, apenas 2 delas estão entre 10 até 15 anos de existência, 5 empresas atuam no intervalo de 5 até 10 anos e 7 empresas tem até 5 anos. O tempo de atuação dos dirigentes principais tem como principal categoria mais de 15 anos de experiência. A maior parte trata-se de empresa LTDA. (21 respondentes), com 06 S/A e, Outros, 3. Destas 30 empresas, 05 são exportadoras e 25 não possuem experiência internacional. Quanto ao número de funcionários, considerou-se microempresa aquela que possui até 49 empregados, pequena empresa aquela que possuía até 99 empregados, e média empresa, aquela com até 499 empregados. Dentre os respondentes, 15 empresas possuíam até 49 empregados, 5empresas possuíam até 99 empregados e 10 empresas possuíam até 499 empregados.

Quanto aos dirigentes principais das empresas respondentes, o nível de instrução constatado foi de 16 empresários que possuem nível superior completo; 03 respondentes possuem nível de pós-graduação; 10 empresários têm nível médio e apenas 01 empresário possui nível fundamental. O predomínio do gênero desses dirigentes é o sexo masculino (28 dirigentes), conforme mostra o gráfico 4 abaixo.

Gráfico 3: Nível de Instrução dos entrevistados, por sexo.

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Nível de instrução

Perc

entu

al

70

60

50

40

30

20

10

0

Sexo do Entrevistado

Masculino

Feminino

5050

11

57

32

Buscou-se identificar a que nível hierárquico organizacional está subordinado e, o que estas empresas consideram como um setor de P,D&I. Aqui já observa situação indesejada visto que apenas 05 empresas afirmaram se quer

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possuir um setor formalizado de pesquisa, mesmo que seja considerado um setor com pouca estrutura. Das empresas que possuem uma formalização, somente 07 delas vinculam o setor de P,D&I à diretoria empresarial. Observa-se uma realidade não condizente com os desafios e as práticas organizacionais requeridas atualmente, conforme já comentado. A maioria dos respondentes se quer possui setores de P,D&I, o que mostra um grau de amadorismo e mesmo de negligência sobre a pesquisa e inovação em tais organizações, representada, em percentual, no gráfico 5 abaixo.

Gráfico 4: Existência de P&D Formalizada

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

83.3%

16.7%

Não

Sim

Outro ponto investigado diz respeito ao conhecimento de benefícios da legislação específica na aplicação de recursos em P,D&I nas organizações. Esta variável também pode ser um indicativo do interesse dos participantes em tentar conhecer e usufruir de possíveis instrumentos legais que permitiriam uma gestão mais adequada desta seara. Aqui já se pode observar um fator preocupante, pois, de 30 questionários respondidos, 12 respondentes declararam que simplesmente não conhecem qualquer legislação relacionada com esta temática, enquanto 18 empresas reconhecem a existência de uma legislação, como mostra o gráfico 6.

Tabela 10: Legislação específica qto a P&D * Benefício sobre aLegislação

1 17 18

5.6% 94.4% 100.0%

12 12

100.0% 100.0%

1 29 30

3.3% 96.7% 100.0%

Legislação específicaqto a P&D

Legislação específicaqto a P&D

Legislação específicaqto a P&D

Sim

Não

Legislaçãoespecífica qto a

P&D

Total

Sim Não

Benefício sobre alegislação

Total

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Ainda com o reconhecimento, quase a totalidade não se utiliza de tais mecanismos de apoio à pesquisa e inovação. Das 30 respostas válidas, 28 delas

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disseram não se utilizar de qualquer benefício legal de pesquisa, sendo que apenas duas empresas são beneficiadas com a utilização de um programa estadual, o SINCOEX (Sistema de Apoio à Indústria e ao Comércio Exterior). Registra-se ainda que nenhuma das empresas utilizam os programas presentes na legislação federal e, outros, na estadual, de apoio a Pesquisa e Desenvolvimento, que também poderia contribuir para uma melhor gestão da inovação destas empresas.

Buscou-se investigar também o uso de investimentos em P,D&I com recursos próprios das empresas. Aqui mais uma vez o que se pode observar entre os respondentes foi um resultado não tão adequado quando comparado com outras realidades relatadas na literatura. Neste quesito, apenas oito empresas aplicam recursos próprios em pesquisa, correspondendo a 27% (Gráfico 5).

Gráfico 5: Percentual de recursos investidos

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Acima de 50%31% a 50%0,1% a 10%11% a 30%0%

Pe

rce

ntu

al

80

60

40

20

0 7710

73

Mais grave foi a situação constatada que a maior parte dos respondentes não designa recursos por não considerarem relevante tal prática. Isto demonstra um grande distanciamento das práticas empresariais destes respondentes com as demandas indicadas nos referenciais teóricos deste tema.

Quando indagados sobre a relevância de se ter uma estreita relação entre o desenvolvimento estratégico empresarial e a P,D&I, ainda que a empresa não possua uma prática de pesquisa, o que se pode constatar é que a maioria também não considera esta prática relevante, visto que apenas sete respondentes destacaram a prática da pesquisa com estreita correlação com suas ações empresariais.

Estes dados são preocupantes sob o ponto de vista estratégico, no que diz respeito a participação da P,D&I não ser considerada relevante para as grandes ações destas empresas. Fato refletido também quando 11 das empresas respondentes declararem que utilizam de tecnologias advindas de tecnologia de domínio próprio; 08 empresas utilizam tecnologias de domínio púbico e apenas uma aplica pesquisa compartilhada. Como salientado no referencial teórico, a competitividade está cada vez mais atrelada com produtos e processos inovadores, e quando visto um conjunto de empresas que não considera esta prática importante, fica-se a preocupação da posição competitiva e mesmo a sobrevivência das mesmas.

Esta posição está refletida em mais uma variável aqui investigada, a que se trata da destinação de parte do orçamento empresarial para a P,D&I. A tônica principal é simplesmente a total ausência de destinação orçamentária para este fim.

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Tendo-se apenas dez delas com esta prática, o que vem mais uma vez enfatizar uma situação delicada das empresas respondentes instaladas no Estado do Maranhão, ainda que tais resultados não sejam generalizáveis.

Por fim, procurou-se identificar possíveis parcerias empresariais desenvolvidas pelos respondentes no que se refere a P,D&I. Diante da propagada importância para atuação em rede das empresas no que se refere a este tema para buscar alcançar competitividade, o conhecimento desta realidade maranhense também é importante. Mais uma vez os resultados se mostraram com um número reduzido de empresas com estas práticas formais, correspondendo a 05 empresas (16,7%) e, apesar de que 06 delas (20%) tenha dito que possuíam alguma parceria em nível informal.

Um tipo específico de parceria é aquela realizada com Universidades e centro de pesquisa, visto estes serem locais especializados e que seriam caminho natural para a existência de parcerias desta natureza. Neste sentido, essa parceria é uma prática reconhecida pela literatura como fator importante para o desenvolvimento da pesquisa e da competitividade resultante para as organizações. Mais uma vez, os resultados podem ser considerados críticos.

Tabela 11: Parceiros envolvidos * Parceria em P&D com Uiversidades

4 4

100.0% 100.0%

66.7% 33.3%

2 2

100.0% 100.0%

33.3% 16.7%

2 4 6

33.3% 66.7% 100.0%

33.3% 66.7% 50.0%

6 6 12

50.0% 50.0% 100.0%

100.0% 100.0% 100.0%

Parceirosenvolvidos

100.0%

Parceirosenvolvidos

100.0%

Parceirosenvolvidos

100.0%

Parceirosenvolvidos

100.0%

Universidades

Ent. de Repr.da Categorias

Outros

Parceirosenvolvidos

Total

Sim Não

Parceria em P&D com Uiversidades

Total

Fonte: Pesquisa de campo, São Luís, 2007.

Apenas quatro empresas entre os respondentes registraram parcerias formalizadas com Universidades para o desenvolvimento de alguma P,D&I e ainda assim, relatados como em estágios embrionários, o que não pode ser considerado um número adequado quando comparado ainda com práticas internacionais. A tabela 11, acima, demonstra tal situação nas empresas maranhenses.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia teve como principal finalidade investigar como os principais gestores de pequenas e médias empresas localizadas no Estado do Maranhão gerenciam, sob o ponto de vista estratégico, as práticas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Foram apontadas diversas variáveis, onde se detectou que muitas empresas têm pouco interesse em investir na pesquisa como estratégia de inovação em seus produtos, serviços e processos. Muitas das empresas que responderam ao questionário não conhecem a participação das Universidades/Institutos de Pesquisa para a criação e o aprimoramentos de novas tecnologias, bem como os incentivos dos programas federais e estaduais em apoiar e fomentar o desenvolvimento tecnológico e a pesquisa científica.

Reconhece-se que há uma falta de cultura para a pesquisa no âmbito das empresas privadas, havendo um baixo incentivo das entidades de classe, que poderiam usufruir dessas informações para fomentar a P&D no Estado ou encorajar as empresas filiadas a engajarem-se em novos e estratégicos processos de desenvolvimento de novas tecnologias. No entanto, houve um esforço para identificar as estratégias de P&D das indústrias maranhenses em representar grande relevância à aplicação de inovação tecnológica nos produtos, processos e serviços. Muitas empresas não atribuíram a nenhum investimento em P&D alinhados aos objetivos estratégicos e nem ao conhecimento da existência de uma legislação especifica a P&D e seus benefícios oferecidos.

Os resultados encontrados na pesquisa foram ao encontro das expectativas prévias do estudo, destacando para a possibilidade de melhoramento de um instrumento capaz de aproximar estas duas áreas entre a ciência e a realidade, pois as cooperações tecnológicas entre Universidades e empresas permitem uma nova abordagem em P&D, aplicados em um novo contexto. As empresas analisadas mostram-se distantes da realidade de investir no avanço da pesquisa e da inovação tecnológica, que são fundamentais na aplicação do setor produtivo e base principal para o crescimento econômico empresarial.

Algumas empresas, apesar de possuírem interesse em incorporar conhecimento e melhoramento em seu produto, desconfiam da capacidade da Universidade local em desenvolver novas técnicas de aplicação, utilizando como fonte de pesquisa tão-somente a “pesquisa própria”, ou porque desconhecem o verdadeiro significado da capacidade científica instalada no país, certamente poucas expostas a necessidade de competirem globalmente e por não incluírem a inovação e o desenvolvimento tecnológico como prioridades aos objetivos estratégicos organizacionais.

Diante do número de respondentes da pesquisa, os resultados aqui propostos não devem ser generalizados, mesmo assim podem ser considerados indicadores de uma realidade, haja vista a diversidade dos setores das empresas participantes. Percebeu-se que as práticas empresariais não incorporaram, ainda, entre a amostra pesquisada, a necessidade de colocar a inovação como fator chave do desenvolvimento empresarial e de sua competitividade. Isto de certa forma não deixa de ser realidade no nível nacional, conforme demonstra pesquisa da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI, 2004).

Os resultados desta pesquisa indicam que os gestores necessitam reexaminar suas práticas em P,D&I como um caminho natural para a

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competitividade. Ainda que alguns exemplos positivos fossem citados, o que prevaleceu foi um cenário onde se negligencia a pesquisa e o desenvolvimento, fato preocupante para uma realidade de concorrência elevada como prevalece hoje. Estes resultados indicam uma necessidade, no mínimo, de mudança de postura gerencial e estratégica destas organizações, se querem assumir um lugar de destaque no mercado. Usando-se o modelo já comentado de Coutinho, Bomtempo e Weinberg (2003), as empresas respondentes da pesquisa classificam-se como “seguidoras lentas”, que se caracterizam por se limitarem a imitar ou comprar tecnologias disponíveis no mercado com raros investimentos em P,D&I, ou seja, algo deficitário do ponto de vista estratégico.

Diante do consenso da importância de uma gestão da P,D&I com as ações estratégicas empresariais, estes resultados, que podem estar se repetindo em outras regiões do país, são, no mínimo, preocupantes e devem ser debatidos no intuito de se buscar meios, tanto na academia quanto no setor empresarial, para que tais práticas sejam imediatamente modificadas em um curto espaço de tempo e que o Brasil de forma geral venha a assumir um lugar de destaque no competitivo cenário internacional.

Ainda que não se possa identificar uma relação direta de causa e efeito entre uma gestão inadequada de P,D&I e a perda de competitividade empresarial, esta prática não deve ser negligenciada. As conseqüências para o conjunto destas empresas pesquisadas podem ser significativamente negativas e seria válido, diante das comparações com experiências internacionais, que tais práticas fossem modificadas de forma célere, para contribuir no alcance de níveis crescentes de competência organizacional que a competitividade internacional impõe aos diversos atores empresariais. Ainda assim, novos e maiores estudos desta natureza devem ser realizados para confrontar com os resultados aqui encontrados.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – QUESTINÁRIO DE PESQUISA / 2007

Questionário

PARTE 1 – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DIRIGENTE PRINCIPAL

1. EMPRESA

1.1Ano de Fundação _________________

1.1 Exporta? ( ) SIM ( ) NÃO

1.2Natureza Jurídica

1.2.1 ( ) LTDA 1.2.2 ( ) Sociedade Anônima 1.2.3 ( ) Sociedade Civil

1.2.4 ( ) Outra ______________

1.3Número de funcionários ___________ Ramo de atividade: ______________

2. DIRIGENTE PRINCIPAL

2.1 Nível de instrução___________________

2.2 Tempo de Experiência profissional____________

2.3 Formação_____________________

2.4 Sexo ( ) M ( )F

PARTE 2 – POLÍTICA E GESTÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (P&D)

3.1 É do conhecimento da empresa a existência de uma legislação específica quanto a P&D?

( ) SIM ( ) NÃO

3.2 A empresa utiliza algum beneficio sobre a legislação?

( ) SIM ( ) NÃO

3.3 Em caso positivo, qual?

3.3.1 Programas Federais

3.3.1.1 ( ) PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico)

3.3.1.2 ( ) PRONEX (Programa de Apoio a Núcleo de Excelência )

3.3.1.3 ( ) RHAE (Programa de Capacitação de Recursos Humanos para Atividades Estratégicas)

3.3.1.4 ( )PROGEX (Programa de Apoio Tecnológico à Exportação)

3.3.1.5 Outros ___________________________________________________

3.3.2 Programas Estaduais

3.3.2.1 ( ) FAPEMA (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão)

3.3.2.2 ( ) SECTEC (Secretaria de Estado da Ciência , Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico)

3.3.2.3 ( ) SINCOEX (Sistema de Apoio à Indústria e ao Comércio Exterior)

3.3.2.4 Outros________________________________________________________

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3.4 Qual o percentual de recursos próprios investidos no projeto? ______________

4.1 Na empresa, há existência de P&D formalizada com um setor estruturado?

( ) SIM ( ) NÃO

4.2 Em caso positivo, qual o nível de subordinação organizacional do setor de P&D?

4.2.1 ( ) Presidencial 4.2.2 ( ) Diretoria 4.2.3 ( ) Gerência

4.2.4 Outro _____________________

5.1 Na empresa a existência de P&D está alinhada aos objetivos estratégicos.

( ) SIM ( ) NÃO

5.2 Para a empresa qual a prioridade dada à implantação de P&D. (1 Para menor prioridade e 5 para maior prioridade)

_______________________________

1 2 3 4 5

5.3 Qual o percentual médio dos últimos três anos do orçamento é destinado à pesquisa e desenvolvimento (P&D)?_____________________________________

6.1 O que prevalece quanto ao tipo de fonte das tecnologias aplicadas na empresa:

6.1.1 ( ) Pesquisa própria 6.1.2 ( ) Pesquisa compartilhada 6.1.3 ( ) Compra de direitos

6.1.4 ( ) Tecnologia de domínio público

6.1.5 ( ) Outro _____________________________________

7.1 Número de funcionários envolvidos com P&D ______________________

7.2 Quantidade de funcionários para cada nível de instrução

7.2.1 ( ) Especialista 7.2.2 ( ) Mestrado 7.2.3 ( ) Doutorado

7.2.4 ( ) Outros_________________________________________________

8.1 A empresa tem registrado ou está em andamento com algum processo de patenteamento?

( ) SIM ( ) NÃO

8.2 A empresa aplicou algum tipo de inovação tecnológica em seus produtos ou procedimentos no último ano?

( ) SIM ( ) NÃO

9.1 A Empresa possui algum tipo de parceria em P&D?

( ) SIM ( ) NÃO

9.2Qual o tipo de parcerias?

9.2.1 ( ) Informais 9.2.2 ( ) Formais

9.3 Parceiros Envolvidos

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9.3.1 ( ) Universidades 9.3.2 ( ) Entidades de Representação da Categoria

9.3.3 ( ) Órgãos Governamentais 9.3.4 ( ) Empresas Concorrentes

9.3.5 ( ) Outros __________________________________

10. Em relação específica a Universidades ou Instituições de Ensino Superior (IES)

10.1 A empresa possui ou já possuiu alguma parceria em P&D com Universidades ou IES? ( ) NÃO. Porquê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________

( ) SIM

10.2 Quais Atividades Desenvolvidas?____________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________

10.3 Resultados Alcançados_____________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________

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