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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ROBERTA DA SILVA PEDROSO TAÍS BORGES BOEIRA PERCEPÇÕES ADOLESCENTES SOBRE SEUS CORPOS NO ESPELHO Biguaçu 2008

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

ROBERTA DA SILVA PEDROSO TAÍS BORGES BOEIRA

PERCEPÇÕES ADOLESCENTES SOBRE SEUS CORPOS NO ESPELHO

Biguaçu 2008

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ROBERTA DA SILVA PEDROSO TAÍS BORGES BOEIRA

PERCEPÇÕES ADOLESCENTES SOBRE SEUS CORPOS NO ESPELHO

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Vale de Itajaí, Centro de Educação Biguaçu – Campus B. Orientadora: Prof. Msc. Felipa Rafaela Amadigi

Biguaçu 2008

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ROBERTA DA SILVA PEDROSO TAÍS BORGES BOEIRA

PERCEPÇÕES ADOLESCENTES SOBRE SEUS CORPOS NO ESPELHO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título

de Enfermeiro e aprovada pelo Curso de Enfermagem – Biguaçu, da Universidade do

Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde.

Área de Concentração – Ciências da Saúde

Biguaçu, 27 de junho de 2008

Profa. Msc Felipa Rafaela Amadigi UNIVALI – Biguaçu

Orientadora

Profa. Msc. Ana Cristina de Oliveira da Silva Hoffmann UNIVALI – Biguaçu

Membro

Profa. Msc. Nen Nalú Alves das Mercês UNIVALI – Biguaçu

Membro

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RESUMO

PEDROSO, Roberta da Silva; BOEIRA, Taís Borges. Percepções Adolescentes Sobre Seus Corpos no Espelho. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Graduação em Enfermagem, Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu, Biguaçu/SC - 2008. Este trabalho tem como tema as percepções das adolescentes sobre seus corpos, e tem como objetivo geral conhecer como as adolescentes percebem seu corpo e sua relação com os parâmetros antropométricos normais. Como sujeitos de pesquisa tivemos 20 adolescentes do sexo feminino que buscavam atendimento em uma unidade de saúde. A imagem corporal vem sendo estudada há tempos, mas, hoje o aumento de transtornos ligados a imagem corporal, fez com que esse tema tivesse evidência também na área científica. A padronização do modelo ideal de corpo, cada vez mais exigente, tem levado a um ideal de magreza. As adolescentes, para acompanharem este “modelo ideal”, acabam fazendo dietas rigorosas, podendo desenvolver distorções da imagem corporal, além de distúrbios alimentares. A adolescência é o período da vida humana que sucede a infância, começa com a puberdade, e se caracteriza por várias mudanças corporais e psicológicas. Utilizamos como referencial teórico, a teoria de Imogene King, que diz que os seres humanos constituem sistema aberto, em constante interação com o seu meio ambiente, sendo eles pessoal, interpessoal e social. Para a realização desta pesquisa, aplicamos um questionário sobre percepção corporal e verificamos o peso, altura e IMC. Analisamos que 90% das adolescentes estavam com o IMC normais, além disso, constatamos que 50% delas estavam insatisfeitas com seu corpo. Percebemos então a necessidade dos profissionais da saúde estarem atentos aos problemas de distorção da percepção corporal, pois os mesmo podem levar a riscos maiores para a saúde das adolescentes, como possíveis transtornos alimentares.

Palavras-chave: enfermagem; imagem corporal; saúde do adolescente.

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ABSTRACT

This work has as theme the female teenagers’ perceptions about their own bodies and has as main objective to know how the female teenagers perceive their bodies and their relation with the normoantrophometric parameters. As research subjects were selected 20 female teenagers who searched assistance at a public health unit. The body image has been studied for years, but the growth of the disorders connected to it has made this theme to stand out to the scientific area. The ideal body model pattern becomes more and more demanding each year, and that has made the skinny ideal to be the one to reach. In order to accomplish that ideal, the female teenagers end up implementing rigorous diets which can make them develop distortions to the body image not to mention the food disorders. The adolescence is the period of the human life which succeeds the childhood, starts with the puberty and brings several corporal and psychological changes. We use as theoretical referential the “Imogene King” theory, which says that the human beings constitute an open system in constant interaction with its personal, inter-personal and social environment. To do this research, a questionnaire about the body perception was applied and the body weight, height and the IMC of the girls was checked. It was verified that 90% of the them presented a normal IMC, but 50% were unsatisfied with their bodies. It was noticed that it is important that the health professionals pay attention to the distortion problem of the body perception of the teenagers as it can take to bigger risks to their heath, as future food disorders.

Key-Words: Health of the teenagers; Body Image; Nursing.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS – Agente Comunitário de Saúde

CEP – Comitê de Ética e Pesquisa

CNS – Conselho Nacional de Saúde

ESF – Estratégia Saúde da Família

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC – Índice de Massa Corpórea

NCHS – National Center for Health Statistics

SISNEP – Sistema Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Pirâmide Alimentar ....................................................................................... 19

Figura 2 - Sistemas dinâmicos de interação .................................................................. 30

Figura 3 – Distribuição das adolescentes segundo idade ............................................. 32

Figura 4 – Distribuição das adolescentes segundo religião........................................... 33

Figura 6 – Distribuição das adolescentes segundo ter ou não irmãos .......................... 35

Figura 7 – Distribuição das adolescentes segundo ter ou não companheiro ................ 36

Figura 8 – Distribuição das segundo ter ou não filhos ................................................... 36

Figura 9 – Distribuição das adolescentes segundo escolaridade do pai ....................... 37

Figura 10 – Distribuição das adolescentes segundo escolaridade da mãe ................... 38

Figura 11 – Distribuição das adolescentes segundo como se vêem ............................. 44

Figura 12 – Distribuição das adolescentes segundo como se sentem .......................... 45

Figura 13 – Distribuição das adolescentes segundo como os outros a vêem ............... 46

Figura 14 – Distribuição das adolescentes segundo costume de fazer dietas .............. 49

Figura 15 – Distribuição das adolescentes segundo sentimento diante da comida ...... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Complicações físicas na anorexia nervosa ................................................. 22

Tabela 2 – Complicações físicas na bulimia nervosa .................................................... 25

Tabela 3 – Relação das adolescentes com o percentil IMC/Idade. ............................... 42

Tabela 4 – Relação das adolescentes com o percentil Altura/Idade. ............................ 42

Tabela 5 – Relação das adolescentes com o percentil Peso/Idade. ............................. 43

Tabela 6 – Relação das adolescentes com o percentil IMC/Idade e auto-percepção ... 52

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... 4

ABSTRACT ..................................................................................................................... 5

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................... 6

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... 7

LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... 8

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 14

2.1 Objetivo Geral: ..................................................................................................... 14

2.2 Objetivos Específicos: .......................................................................................... 14

3 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 15

3.1 Adolescência ....................................................................................................... 15

3.2 Desenvolvimento saudável e dados antropométricos .......................................... 15

3.3 Imagem Corporal ................................................................................................. 17

3.4 O antagonismo entre Beleza e Ser saudável ....................................................... 18

3.5 Transtornos alimentares: um problema de saúde pública ................................... 20

3.5.1 Anorexia Nervosa ....................................................................................... 21

3.5.2 Bulimia Nervosa .......................................................................................... 24

4 MARCO CONCEITUAL ............................................................................................. 27

5 METODOLOGIA ........................................................................................................ 31

5.1 Caracterização da pesquisa ................................................................................ 31

5.2 Sujeitos e Espaço de Pesquisa ........................................................................... 31

5.3 Coleta de dados ................................................................................................... 38

5.4 Análise de dados ................................................................................................. 39

5.5 Considerações éticas ........................................................................................... 40

6 AS ADOLESCENTES NO ESPELHO........................................................................ 42

6.1 O Corpo real ........................................................................................................ 42

6.2 A Percepção das adolescentes ........................................................................... 43

6.3 A imagem real e a imagem percebida pelas adolescentes .................................. 51

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 54

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REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 57

APÊNDICES ................................................................................................................. 62

Apêndice A ................................................................................................................ 63

Apêndice B ................................................................................................................ 64

Apêndice C ................................................................................................................ 65

Apêndice D ................................................................................................................ 66

ANEXOS ....................................................................................................................... 69

Anexo A ..................................................................................................................... 69

Anexo B ..................................................................................................................... 70

Anexo C ..................................................................................................................... 72

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1 INTRODUÇÃO

A adolescência é o período da vida humana que sucede a infância, começa com

a puberdade, e se caracteriza por uma série de mudanças corporais e psicológicas

(FERREIRA, 1993 p. 12). Tem início a partir da maturação sexual que acontece na

puberdade, marcada por intensas transformações físicas e psicológicas na vida do

indivíduo. Em decorrência desta maturação sexual, a adolescência é também o período

da busca de uma nova identidade para um novo papel social, que se afasta da infância

e se aproxima da vida adulta.

A Organização Mundial da Saúde delimita a adolescência à segunda década da

vida (de 10 a 19 anos) e considera que a juventude se estende dos 15 aos 24 anos.

Conforme estimativas do IBGE, em 2005 existiam 18.409.021 adolescentes do sexo

feminino no Brasil, sendo 558.619 do estado de Santa Catarina (BRASIL, 2005). Estes

dados mostram que grande parte da nossa população é adolescente, diante disso,

emerge a necessidade de atenção especial para a saúde das mesmas por parte dos

serviços de saúde, em especial os da atenção primária.

A falta de diálogo com as famílias, e a dificuldade de acesso aos serviços de

saúde em geral, fazem com que a adolescente procure informações com as outras

adolescentes de seu grupo social. Muitas vezes, para se inserir nesses grupos, há a

necessidade de se adaptar a certos padrões, sendo um dos principais: o padrão da

beleza.

Segundo Ozella (2003) embasada pela teoria Sócio-Histórico, o homem é

lapidado pelas relações vividas pelo ser humano com o mundo que o rodeia. Desta

forma, o período da adolescência é visto como uma fase cultural em que é construída

na história da humanidade, fase esta marcada por muitas mudanças físicas.

Conforme Osorio (1992), é universal a preocupação dos jovens com a sua

aparência física, e em suas mentes há uma espécie de protótipo idealizado de uma

certa imagem corporal (formada a partir dos valores estéticos com respeito à forma

humana que lhe são transmitidos), via de regra ocorre um conflito entre a imagem

fantasiada desse modelo idealizado e a imagem real de seu corpo, o que pode levar à

insatisfação com a imagem corporal e à transtornos alimentares.

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Os transtornos alimentares ocorrem quando o padrão e o comportamento

alimentar estão seriamente comprometidos, sendo caracterizados pela prática de dietas

restritivas e aleatórias, uso indiscriminado de produtos dietéticos e adoção de métodos

inadequados para perda e manutenção de peso (ADA, 1998).

A padronização do modelo ideal de corpo, cada vez mais exigente por parte das

mulheres, tem levado a um ideal de magreza. E as mulheres, para acompanharem este

“modelo ideal” acabam aderindo a dietas rigorosas e prejudiciais, ao invés de

proporcionarem saúde, desenvolvem distorções da imagem corporal, além de distúrbios

alimentares como anorexia e bulimia (SECCHI, 2006).

Os meios de comunicação são provavelmente os mais poderosos condutores do

ideal da magreza, promovendo a imagem de mulheres extremamente magras e

estabelecendo assim padrões corporais impossíveis de serem atingidos. Phillipi (2004)

descreve dois estudos realizados com adolescentes australianas de 15 anos, que

mostram que alguns programas de televisão como novelas, séries e filmes, estavam

relacionados com a insatisfação corpórea, e a maioria das adolescentes relataram que

a mídia e a moda exercem forte pressão para a magreza nos indivíduos.

O sentimento de estar acima do peso, comum para a maioria das adolescentes,

associado aos valores da sociedade e da mídia, incentiva a busca pela magreza,

podendo levar à supervalorização do próprio corpo e causar estresse generalizado. A

perda de peso torna-se uma meta para quase todas as adolescentes e gera uma

preocupação constante em fazer dietas, além de uma eterna insatisfação corpórea

(PHILIPPI, 2004).

O motivo da escolha do tema de estudo se justifica sob o ponto de vista

científico, por ser um tema emergente, pela existência de poucos estudos na área da

Enfermagem realizados com adolescentes sobre suas percepções do corpo, e pela

gravidade das conseqüências de tal distorção. Sob o ponto de vista profissional, pelo

potencial do enfermeiro na identificação precoce das situações de risco durante sua

prática na Estratégia da Saúde da Família e da Atenção Básica, pelas diversas

iniciativas do Ministério da Saúde no sentido de garantir a saúde integral dos

adolescentes, e por nosso compromisso com a sociedade. (FALAR SOBRE

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DIFICULDADE DA REALIZAÇÃO DE UM TRABALHO MULTIPROFISSIONAL E

POSSÍVEL MELHORA COM O NASF)

Considerando que os transtornos alimentares representam uma das

conseqüências da insatisfação do corpo, que pode gerar conseqüências drásticas, é

muito importante o papel da enfermagem. É imprescindível que o enfermeiro busque

um maior conhecimento sobre essas patologias, que busque uma aproximação com o

universo adolescente para que possa efetivamente contribuir com a promoção da saúde

e a prevenção das doenças relacionadas à insatisfação com a imagem corporal.

Diante desse contexto, buscamos responder a seguinte pergunta de pesquisa:

Qual a relação entre a autopercepção da imagem corporal das adolescentes e os

padrões antropométricos normais?

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

- Conhecer como as adolescentes percebem seu corpo e sua relação com os

parâmetros antropométricos normais.

2.2 Objetivos Específicos:

- Identificar as percepções das adolescentes sobre seu corpo;

- Levantar os parâmetros antropométricos normais;

- Avaliar as medidas antropométricas das adolescentes;

- Comparar as percepções das adolescentes com as medidas antropométricas

definidas como padrão saudável.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Adolescência

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência é um período da

vida, que começa aos 10 e vai até os 19 anos, e segundo o Estatuto da Criança e do

Adolescente começa aos 12 e vai até os 18 anos, onde acontecem diversas mudanças

físicas, psicológicas e comportamentais (BRASIL, 2005)

Osorio (1992) acredita que a adolescência vem sendo considerada um momento

crucial do desenvolvimento do indivíduo, sendo o momento em que é marcado a

aquisição da imagem corporal, diferente de tempos atrás que era considerada

meramente uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta. É uma idade não

só com características biológicas próprias, mas, com uma psicologia e até mesmo uma

sociologia peculiar. FALAR SOBRE CONCEITO E HISTORIA DA ADOLESCENCIA

(Philip Áries)

3.2 Desenvolvimento saudável e dados antropométricos

A antropometria é um método de investigação em nutrição baseado na medição

das variações físicas e na composição corporal global. Pode ser aplicado em todas as

fases de vida e permite a classificação de indivíduos e grupos segundo o seu estado

nutricional. Dependendo do método utilizado, tem como vantagens ser barato, simples,

de fácil aplicação e padronização, além de pouco invasivo. Ademais, possibilita que os

diagnósticos individuais sejam agrupados e analisados de modo a fornecer o

diagnóstico coletivo, permitindo conhecer o perfil nutricional de um determinado grupo.

A antropometria, além de ser universalmente aceita, é apontada como sendo o melhor

parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais (BRASIL, 2004).

Os padrões de avaliação do desenvolvimento das adolescentes adotadas por

esta pesquisa, seguiu as recomendações do Ministério da Saúde, dadas pelo Manual

técnico para a Saúde integral de adolescentes e jovens: orientações para a organização

de serviços de saúde (BRASIL, 2005).

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a) Desenvolvimento pondo-estrutural

Os padrões utilizados como referência, são os descritos através de curvas e

tabelas com percentis, pelo NCHS (National Center for Health Statistics). As tabelas

elaboradas pelo NCHS disponibilizam 10 gráficos, sendo o de desenvolvimento pondo-

estrutural, de suma importância para avaliação nutricional das adolescentes estudadas.

Este gráfico possui como dados comparativos, a relação peso/idade e estatura/idade.

(Anexo A)

b) Índice de Massa corporal

Segundo Jarvis (2002), o Índice de Massa Corpórea (IMC) foi criado por

Quetelet1 no século XIX, mas se tornou de uso corrente somente nos últimos anos. Ele

foi criado devido à necessidade de um indicador mais adequado para alterações do

peso, que levam em conta, além do sexo, a altura e o peso. O IMC é calculado da

seguinte maneira:

IMC = P A²

P = peso

A = altura

O IMC é um indicador de fácil interpretação e entendimento, e é aplicável à

maioria das pessoas para se avaliar o estado nutricional. O NCHS dispõe também um

gráfico avaliando o IMC de adolescentes do sexo feminino de 9-24 anos (Anexo B).

Este gráfico corresponde a curvas que refletem a distribuição desse indicador em uma

população de referência, isto é, aquela que inclui dados referentes a indivíduos sadios,

vivendo em condições socioeconômicas, culturais e ambientais satisfatórias. No gráfico,

são apresentados os percentis do indicador de IMC por idade. A intersecção da medida

1 Lambert Adolphe Quetelet (1796-1874) era astrônomo, considerado o "pai da antropometria humana" (estudo das medidas corporais). Motivado pela antropologia, Quetelet criou uma fórmula que dividia o peso corporal pela

estatura ao quadrado (peso / estatura 2), com a finalidade de estudar a proporcionalidade entre os indivíduos.

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de IMC do adolescente com sua idade possibilitará a identificação do percentil de IMC

por idade do indivíduo, devendo ser observados os pontos de corte para sua

interpretação. (BRASIL, 2005).

Segundo NCHS, a classificação do IMC é dividida em percentis: < 5 significa

risco para desnutrição; entre 5 – 85 IMC normal (eutrófico); 85 – 95 risco para

sobrepeso e > 95 risco para obesidade.

3.3 Imagem Corporal

Antigamente “corpo e gênero” eram considerados temas fúteis e sem importância

social, já que em um país pobre existem questões muito mais fundamentais como

desemprego, fome ou violência. Hoje, esses temas passaram a ser objetivos

prestigiados no mundo, provocando a reflexão de antropólogos, sociólogos,

historiadores, psicanalistas, enfermeiros, médicos, nutricionistas, entre outros

profissionais que se preocupam em compreender a cultura brasileira.

Secchi (2006) afirma que a feiúra é atualmente uma das formas mais presentes

de exclusão social feminina. Novaes e Vilhena (2003) ressaltam o quanto a imagem da

mulher continua associada à beleza, havendo cada vez menos tolerância para os

desvios nos padrões estéticos socialmente estabelecidos. Tendo por base a gordura

como o estigma da feiúra, estas autoras apontam para os processos de exclusão

vividos por aqueles que nela se enquadram.

Para Schilder (1977), a imagem corporal é a representação que um indivíduo faz

do seu corpo, “em sua mente ou em seu espírito”. Considerando tratar-se de uma

representação, a imagem corporal integra os níveis físico, emocional e mental em cada

ser humano, com respeito à percepção de seu corpo.

O esquema corporal é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmos, podemos também chamá-lo de imagem corporal. Este termo indica que não estamos tratando de uma mera sensação ou imaginação. Existe uma apercepção do corpo. Indica também que, embora nos tenha chegado através dos sentidos, não se trata de uma mera percepção. Existem figurações e representações mentais envolvidas, mas, não é uma mera representação (SCHILDER,1977, p.15).

A imagem corporal é para Schilder (1977) um conceito moderno capaz de operar

com as três estruturas constituintes da complexa relação que se cria com o próprio

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corpo: estrutura fisiológica, estrutura libidinal e estrutura sociológica. A estrutura

fisiológica é responsável pelas organizações anatomofisiológicas que dispõem o

arcabouço ósseo, muscular, nervoso e hormonal em suas inter-relações particulares a

cada indivíduo. Estão incluídas nesta estrutura, as contribuições geneticamente

herdadas e as modificações sofridas pelas funções somáticas durante as fases

anteriores da vida do sujeito. A estrutura libidinal é conjunto das experiências

emocionais vividas nos relacionamentos, desde a gestação. E por último, a estrutura

sociológica que diz que a imagem corporal é formada também com base na

aprendizagem dos valores culturais e sociais. Esta estrutura sociológica aborda

especialmente os motivos pelos quais as pessoas de um grupo tendem a valorizar

certas áreas ou funções, o papel das vestes e dos adornos na comunicação social,

assim como do olhar e dos gestos, diferenciando de outros grupos.

3.4 O antagonismo entre Beleza e Ser saudável

Conforme Fisberg (2002), a dieta pode ser entendida como um conjunto de

alimentos que o indivíduo consome diariamente com as substâncias denominadas

nutrientes, que por sua vez são substâncias que estão inseridas nos alimentos e

possuem funções variadas no corpo humano.

Uma alimentação saudável significa comer alimentos saudáveis de uma maneira

variada e balanceada com nutrientes e calorias suficientes para as atividades diárias.

A divisão de grupos de alimentos foi descrita na pirâmide alimentar, criada em

1992 pelo USDA (United States Department of Agriculture). Alguns especialistas de

Harvard construíram uma nova pirâmide, que foi chamada de "Healthy Eating Pyramid”

(Figura 1). Na prática, a nova pirâmide sugerida por Harvard inverte a do USDA. O que

estava na base em 1992 (massas, pães, arroz branco e batatas) passou ao topo, e

algumas gorduras (óleos), que estavam na extremidade, desceram para a base. Outra

modificação da antiga pirâmide é que a base passou a consistir em exercícios diários e

controle de peso, o que já difere das propostas anteriores que nem se quer mencionava

a prática de atividade física (VALDEJÃO, 2006).

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Figura 1 – Pirâmide Alimentar

Fonte: Valdejão, R. G., 2006.

Segundo Garcia (1999 apud PHILIPPI, 2004), o comportamento alimentar inclui:

o quê comemos, como e com o quê comemos, com quem comemos, onde comemos,

quando comemos, por que comemos o que comemos, em quais situações comemos, o

que pensamos e sentimos em relação ao alimento. Quando passam a surgir

comportamentos alimentares desordenados, desorganizados e inadequados,

chamamos “transtornos alimentares”.

O ser humano não tem o alimento somente como “combustível”, mas o tem com

uma grande relação emocional e social. Essa relação se inicia desde a amamentação,

até em refeições em família, seja em comemorações, para receber visitas, etc. O ato de

comer envolve muito mais do que selecionar o que é mais saudável, mais acessível ou

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mais barato; também envolve o prazer, o gosto por comer, as pessoas que estão juntas,

ou até um refúgio, uma carícia, um vício (PHILIPPI, 2004).

Nos dias atuais, muitos alimentos têm se tornado “ameaçadores”. A sociedade

passou a relacionar a beleza com um corpo magro, atlético, torneado. As pessoas

sentem-se pressionadas a corresponder com o “padrão de beleza” - que é apontado

pela mídia – pois se não correspondem, sentem-se menos atraentes e inferiores. Essa

pressão pode levar quadros patológicos definidos, como os transtornos alimentares. Os

indivíduos que se encontram nessa situação, estão à procura do corpo ideal através de

dietas extremas de emagrecimento (PHILIPPI, 2004).

Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que afetam, na sua

maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, podendo levar a grandes

prejuízos biológicos e psicológicos e aumento de morbidade e mortalidade (PHILIPPI,

2004).

A família muitas vezes pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de

transtornos alimentares. É o caso de pais obesos, superprotetores, ou ainda pais com

transtornos alimentares. Os pais têm papel fundamental no desenvolvimento dos

hábitos alimentares de seus filhos. Seu tipo de alimentação, o que eles oferecem aos

seus filhos e os conceitos alimentares que transmitem têm grande influência na

formação dos hábitos alimentares da criança. Assim, a orientação sobre uma

alimentação saudável deve ser pauta em todos os encontros entre o profissional

enfermeiro e seus clientes/pacientes. AMPLIAR A ABORDAGEM FAMILIAR

3.5 Transtornos alimentares: um problema de saúde pública

Quando a criança é pequena, cabe aos pais escolherem os alimentos que lhe

serão ofertados; mas quando esta passa a freqüentar a escola e a conviver com outras

crianças, ela conhecerá diferentes alimentos, preparações e hábitos. Por isso a grande

importância dos pais transmitirem hábitos alimentares saudáveis, pois, os adultos

servem de modelo.

A adolescência é caracterizada pelo crescimento físico e desenvolvimentos

rápidos, crescente independência, alterações psicológicas, busca de autonomia,

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definição da própria identidade, influência de amigos, demandas escolares e de

trabalho, pressões, modificação das preferências alimentares, rebeldia contra os

padrões alimentares, fazendo desse um grupo de risco nutricional (BANDEIRA et al.,

2000).

Um dos motivos marcantes para o desenvolvimento de um transtorno alimentar

na adolescência é a pressão da mídia e da sociedade que ditam por normas de

magreza incompatíveis com os parâmetros de nutrição adequada. A indústria da moda

exige padrões que são bastante difíceis de serem alcançados, especialmente durante a

puberdade ou após a fase final posterior à menarca. Crianças e adolescentes são

bombardeadas por imagens de modelos extremamente magras e por mensagens de

que o indivíduo magro é bonito, e que o gordo é socialmente inaceitável (PHILIPPI,

2004).

Durante a puberdade, a criança passa por mudanças fisiológicas e bioquímicas

marcantes, com um acúmulo pronunciado de gordura, especialmente nas mulheres. Em

função dessas mudanças, as adolescentes começam a ficar preocupadas com o

aumento do peso, a forma do corpo e o tamanho do quadril, e então o emagrecimento

passa a ser um grande desejo. Nessa fase, a atração física se torna essencial para a

adaptação social, e a atratividade é baseada na aparência percebida no grau de

magreza. O desejo de ser atraente para as pessoas do sexo oposto é uma das razões

primárias que levam a uma maior preocupação com a aparência. O sentimento de estar

gorda é comum para a maioria das adolescentes, e o modo como lida com essa

insatisfação corpórea, pode levá-la a um transtorno alimentar (PHILIPPI, 2004).

Existem alguns sintomas específicos dos transtornos alimentares na

adolescência, como por exemplo: a excessiva perda de peso em um período

relativamente pequeno; a realização de dietas mesmo estando magro; a insatisfação

com a sua aparência, acreditando estar obeso; a obsessão por exercícios físicos; a

depressão; a amenorréia; a presença de vômitos ou a utilização de drogas que

estimulam o vômito.

Dentre os transtornos possíveis, listaremos os mais comuns nesta fase da vida.

3.5.1 Anorexia Nervosa

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A anorexia nervosa caracteriza-se pela perda de peso intensa à custa de dieta

extremamente rígida, busca desenfreada pela magreza, distorção da imagem corporal e

alterações do ciclo menstrual. Começa preferencialmente na adolescência, e 90% dos

casos são do sexo feminino, com maior incidência nos indivíduos da raça branca e

pertencentes às classes socioeconômicas média e alta (PHILIPPI, 2004).

Conforme Philippi (2004), não há uma etiologia única que seja responsável pela

anorexia, pois envolve os fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e

familiares, como: história familiar de transtornos alimentares; baixa auto-estima;

perfeccionismo; dificuldade em expressar emoções; separação e perda; alterações na

dinâmica familiar; proximidade da menarca; expectativas irreais na escola/trabalho/vida

pessoal; alterações neuroendócrinas; distorção da imagem corporal; distorções

cognitivas; dietas e práticas purgativas.

Geralmente, a anorexia começa a partir de uma dieta, por insatisfação com seu

peso e imagem corporal (às vezes injustificada). A paciente tem como meta emagrecer,

desejando a qualquer custo perder peso e ficar cada vez mais magra, então muda os

tipos de alimento da sua dieta, eliminando aqueles que julga mais calóricos. À medida

que emagrece, pode haver uma diminuição do seu gasto metabólico como uma

proteção do organismo, diminuindo conseqüentemente a perda de peso. Então, para

acelerá-lo novamente, a paciente passa a praticar exercícios físicos, jejuar, usar

laxantes ou diuréticos de uma forma mais intensa (PHILLIPI, 2004).

A desnutrição decorrente da anorexia nervosa causa fraqueza, além de outras

complicações físicas (Tabela 1).

Tabela 1 – Complicações físicas na anorexia nervosa Pele e anexos Pele com aspecto amarelado por

hipercarotenemia, pele seca, lanugo, cabelos finos e quebradiços, queda de cabelo.

Sistema gastrointestinal Retardo no esvaziamento gástrico, obstipação, pancreatite, alteração de enzimas hepáticas, diminuição do peristaltismo intestinal.

Sistema cardiovascular Bradicardia, diminuição da pressão arterial, arritmias, insuficiência cardíaca, parada cardíaca, hipotensão postural, alterações de eletrocardiograma, miocardiopatia.

Sistema renal Edema e cálculo renal. Sistema hematológico Anemia, leucopenia, trombocitopenia. Sistema reprodutivo Infertilidade, recém-nascido com baixo peso.

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Sistema metabólico Hipocalemia, hiponatremia, hipoglicemia, desidratação.

Sistema endocrinológico Amenorréia, diminuição de gonadotrofina, hormônio luteinizante e estrogênios, aumento do hormônio de crescimento e cortisol, diminuição de T3 reverso, hipercolesterolemia.

Outras alterações Hipotermia, intolerância ao frio, convulsões, aumento do colesterol sérico, osteopenia/osteoporose.

Fonte: Philippi, S. T. et al, 2004.

Arritmia cardíaca é uma das principais causas de morte súbita nos pacientes

anoréxicos.

O índice de mortalidade no Brasil pode chegar a 20% em razão das

complicações da doença ou até mesmo o suicídio. Em torno de 30 a 40% dos pacientes

têm a recuperação completa, já outros 30 a 40% oscilam entre períodos de melhora e

de recidiva da doença (HERZOG et al., 1996 apud PHILIPPI, 2004).

O tratamento da doença deve ser executado por uma equipe multidisciplinar

(atendimento psiquiátrico, psicológico e nutricional). Entretanto, é de extrema

importância que os profissionais estejam atentos aos sinais da doença para uma

detecção precoce e tratamento adequado com à equipe multidisciplinar. O uso

exclusivo de psicofármacos não tem se mostrado satisfatório. Em razão das

complicações clínicas decorrentes, enfatiza-se a importância de manter no seguimento

a avaliação dos aspectos clínicos através de exames físicos e laboratoriais, devido ao

risco de morte. COMO CONDUZIR NA ATENÇÃO BÁSICA? NASF – MANUAL DO MS

Conforme Philippi (2004), na anorexia nervosa é possível observar alguns

padrões de comportamento em relação à alimentação, como por exemplo:

• O hábito de esconder alimentos nos armários, no banheiro, em roupas, etc.;

• Dividir os alimentos em pequenas porções;

• Preparar deliciosos pratos para os outros, sem nada provar;

• Observar curiosamente as refeições alheias e insistir para que os outros

comam tudo;

• Mastigar lentamente pequena quantidade de alimentos, podendo até cuspir;

• Evitar comer na presença dos demais;

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• Interessar-se por tudo o que diga respeito à culinária e à dietas, lendo artigos,

colecionando receitas e formulando perguntas a respeito do assunto;

• Ter grande conhecimento a respeito das calorias dos alimentos, das dietas da

moda e informações sobre nutrição;

• Acreditar que a gordura consumida transforma-se imediatamente em gordura

corporal;

• Fiscalizar a cozinha e a despensa, fazendo compras de supermercado;

• Ser incapaz de se alimentar fora de casa, em locais onde não há controle

sobre o preparo dos alimentos.

3.5.2 Bulimia Nervosa

Philippi (2004, p. 50) descreve a bulimia nervosa como:

grande e rápida ingestão de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos, acompanhados de métodos compensatórios inadequados para o controle de peso, como vômitos auto-induzidos, uso de medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite, laxantes), dietas e exercícios físicos.

Assim como a anorexia nervosa, a bulimia acomete 90% em indivíduos do sexo

feminino, porém, o início da doença é um pouco mais tardio que na anorexia, ocorrendo

normalmente no final da adolescência e no início da idade adulta, não havendo

distinção de classes sociais.

A bulimia também não tem etiologia única, pois envolve os fatores biológicos,

genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares (FAIRBURN & WILSON, 1993 apud

PHILIPPI, 2004).

Geralmente a bulímica tem o peso normal ou ligeiramente acima do adequado,

porém, tem pavor de engordar. Começa então uma dieta com restrições a alimentos

que possam engordá-la. Com o passar do tempo, seu corpo sente as mudanças no

hábito nutricional, e acontece o “efeito rebote”, que é uma fome incontrolável que a faz

devorar tudo o que vê na geladeira (episódio bulímico). Logo após, sente-se culpada e

até com mal-estar físico devido à quantidade de alimento ingerido, ocorrendo-lhe a idéia

de induzir o vômito para não engordar. Este comportamento lhe traz satisfação e alívio

momentâneos. Então, a paciente pensa ter descoberto a forma ideal de comer o que

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quer sem ganhar peso. Após episódios como esse, surge a sensação de estar fazendo

algo fora do normal, sente-se ansiosa, culpada e com piora na auto-estima, o que o faz

retomar a dieta às vezes de forma mais intensa. Aumentando a restrição, aumenta o

número de episódios bulímicos, aumentando os vômitos, a ansiedade, a diminuição na

auto-estima, e tornando-se então um círculo vicioso. (FAIRBURN & COOPER, 1989

apud PHILIPPI, 2004).

As complicações clínicas (Tabela 2) são mais freqüentes em pacientes bulímicos

com padrão purgativo mais intenso, sendo geralmente menos graves que na anorexia

nervosa.

Tabela 2 – Complicações físicas na bulimia nervosa Pele e anexos Calosidade no dorso da mão, pela lesão da pele

com os dentes ao provocar vômito (sinal de Russel); erosão do esmalte dentário; cáries.

Sistema gastrointestinal Dor abdominal, gastrite, esofagite, erosões gastroesofágicas, sangramentos, obstipação, prolapso retal.

Sistema metabólico Desidratação, hipocalemia. Sistema reprodutivo Irregularidade menstrual. Outras alterações Hipertrofia de glândulas parótidas decorrente

dos vômitos, podendo ter aumento da fração de amilase produzida no local.

Fonte: Philippi, S. T. et al, 2004.

Como na anorexia nervosa, o tratamento da bulimia nervosa também deve ser

realizado por uma equipe multidisciplinar. As metas do tratamento incluem a

regularização do padrão alimentar, suspensão de práticas purgativas e orientação

nutricional.

A terapia cognitivo-comportamental tem apresentado maior eficiência no

tratamento da bulimia nervosa, havendo também sucesso no uso de psicoterapia

interpessoal.

A evolução da bulimia nervosa é variável. Herzog et al. (1996 apud PHILIPPI,

2004) diz que há boa recuperação em torno de 60% dos pacientes bulímicos, sendo

que 30% com recuperação mediana e 10% com um curso ruim.

Conforme Philippi (2004), os mesmos comportamentos alterados citados para

anorexia nervosa podem ser encontrados na bulimia nervosa, onde aponta-se uma

série de comportamentos alterados, tais como:

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• Expressiva repugnância pelos alimentos;

• Selecionar demoradamente os alimentos e apresentar uma ingestão

anormalmente lenta na fase restritiva;

• “Comer social prejudicado”;

• Incômodo ao comer na presença dos outros;

• Dificuldade para comer os alimentos considerados mais “perigosos”;

• Sensação de não poder comer livremente;

• Série de crenças e mitos sobre alimentação e nutrição;

• Errôneos conceitos nutricionais;

• Divisão dos alimentos entre “seguros e proibidos”;

• Raiva de sentir fome – que interpretam como sinal de perda de controle;

• Dificuldade em selecionar o quê comer;

• Sensação de incompetência para lidar com o alimento.

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4 MARCO CONCEITUAL

Segundo George (1993, p. 16), “as teorias constituem um conjunto de conceitos

inter-relacionados que proporcionam uma visão sistemática de um fenômeno. O

propósito das teorias é a descrição, explicação, previsão e controle de acontecimentos”.

Já Polit et al. (1995) conceitua teoria como uma generalização abstrata que

apresenta uma explicação sistemática sobre as relações entre fenômenos. “As teorias

corporificam princípios para explicar, prever e controlar fenômenos” (POLIT et al., 1995,

p. 89).

Para guiar esta pesquisa, optamos pela teoria de Enfermagem “Modelo

Conceitual de Sistemas Abertos” de Imogene M. King. Conforme George (1993), King

demonstra várias suposições que são básicas à sua estrutura conceitual. Nelas, estão

inclusas as suposições de que o cuidado dos seres humanos é o que constitui o foco de

enfermagem, e que a sua meta é a saúde dos indivíduos e o atendimento à saúde de

grupos, e que “os seres humanos constituem sistema aberto, em constante interação

com o seu meio ambiente” (GEORGE, 1993, p. 175).

São determinados três sistemas interativos: o pessoal, interpessoal e social.

Será descrito a seguir cada um deles (GEORGE, 1993; MOREIRA E ARAÚJO, 2002):

- Sistema pessoal: é o tipo de sistema compreendido por um indivíduo em um

ambiente. Esse sistema engloba os conceitos de percepção, ego, imagem corporal,

crescimento, desenvolvimento, tempo e espaço.

Percepção ⇒ Os dados obtidos mediante os sentidos e a memória são organizados,

interpretados e transformados. As características da percepção são a de ser universal e

experimentada por todos; subjetiva, pessoal e seletiva. Sua ação está voltada ao

presente e baseia-se na informação disponível. A percepção é base para o conceito de

ego. É um conceito importante, pois, permite que haja o desenvolvimento de uma base

para a junção e interpretação das informações coletadas.

Self ⇒ Também pode ser entendido como o próprio indivíduo, o “eu”. É um sistema

aberto voltado a uma meta. É composto de pensamentos e sentimentos que constitui a

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percepção da pessoa sobre si mesma. Cada self é uma pessoa inteira, com

crescimento e desenvolvimento na estrutura corporal e cognitiva humana.

Crescimento e desenvolvimento ⇒ Entender o crescimento e desenvolvimento ajuda as

enfermeiras a entenderem as pessoas com problemas na imagem corporal. O

crescimento e desenvolvimento são conceituados como algo que inclui mudanças

celulares, moleculares e comportamentais nos indivíduos, onde as pessoas vão de um

potencial, para a conquista de atualização do self.

Imagem corporal ⇒ É um conceito pessoal e subjetivo, pois é a maneira pela qual as

pessoas percebem, não só o seu corpo, mas também as reações dos outros à sua

aparência. É importante entender o conceito de imagem corporal para ajudar àqueles

que possuem percepções errôneas sobre sua auto-imagem.

Espaço ⇒ É definido pela sua área física (território) e pelos comportamentos dos que o

ocupam. É universal porque todas as pessoas têm algum conceito de espaço, mas ao

mesmo tempo é situacional e pessoal por ser percebido em momentos e por pessoas

diferentes. É dimensional (tem função de área, volume, distância e tempo) e

transacional (determina as transações entre os seres humanos e o ambiente).

Tempo ⇒ É universal ou inerente aos processos de vida. É unidirecional ou irreversível,

pois não tem como voltar, só há um sentido: do passado para o futuro. É subjetivo, pois

está baseado nas percepções pessoais sobre os eventos de suas vidas.

- Sistema interpessoal: é formado pelo agrupamento de indivíduos em díades, tríades

e pequenos e grandes grupos. Nesse sistema, são englobados os seguintes conceitos:

papel, interação, comunicação, transação e estresse.

Papel ⇒ Indica reciprocidade, com uma relação entre dois ou mais indivíduos. Exige

que os indivíduos se comuniquem uns com os outros e interajam com o propósito de

alcançar metas. É situacional, pois depende da situação vivenciada e das pessoas

envolvidas na interação.

Interação ⇒ É caracterizada por valores, mecanismos para estabelecer relações

humanas. São os comportamentos observáveis em díades, tríades ou em grupos,

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sendo que deve conter comunicação verbal ou não-verbal, ocorrendo o aprendizado

quando a comunicação é eficiente.

Comunicação ⇒ É o processo no qual é passado informação de um indivíduo para

outro, diretamente através de um encontro pessoal, ou indiretamente através de

telefone, televisão, etc. A comunicação pode ser verbal ou não-verbal, e serve para a

cooperação e interação entre indivíduos.

Transação ⇒ São comportamentos humanos dirigidos para metas. É um processo de

interações em que os indivíduos comunicam-se com o ambiente para atingir essas

metas. A transação é sempre necessária por causa da formação de díades no sistema

interpessoal.

Estresse ⇒ O estresse tem algumas características: é subjetivo, individual e pessoal.

Existe uma relação temporal-espacial que é influenciada por experiências passadas. É

um estado dinâmico no qual indivíduos interagem com o ambiente em busca de um

equilíbrio que propicie o crescimento, desenvolvimento e desempenho efetivo de

papéis.

- Sistema social: dá-se pela reunião de grupos com interesses e necessidades

especiais, formando organizações e compondo sociedades. Os conceitos relacionados

neste sistema são: organização, autoridade, poder, status, tomada de decisão e papel.

Organização ⇒ Forma pela qual as atividades contínuas são administradas para

alcançar metas. É caracterizada por uma estrutura que ordena cargos e atividades e

relaciona combinações formais e informais de indivíduos e grupos para a consecução

de metas pessoais e organizacionais.

Autoridade ⇒ é o poder para tomar decisões que guiam as ações do self e de outros.

Deve ser reconhecida por quem sofre sua influência, aceitando e obedecendo. É um

processo ativo e recíproco de transação, em que o conhecimento e a experiência, as

percepções e os valores dos atores influenciam a definição, confirmação e aceitação

daqueles em posições organizacionais associados à autoridade.

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Poder ⇒ É o processo através do qual uma ou mais pessoas influenciam as demais

numa determinada situação. Ele existe dentro das relações sociais e os que o exercem

podem controlar grupos e organizações.

Status ⇒ Caracteriza-se como situacional, de posição e reversível. É o prestígio

adquirido ao desempenhar um papel, com privilégios, deveres e obrigações.

Tomada de decisão ⇒ É universal, individual, pessoal, subjetiva, situacional, um

processo contínuo voltado para uma meta. São julgamentos feitos que afetam o curso

da ação a ser desenvolvida em situações específicas.

A enfermagem é conceituada como percepção, pensamento, relacionamento e ação, frente ao comportamento dos indivíduos que vêm ao ambiente imediato e à realidade espacial e temporal, que compõe uma situação de enfermagem. Nessa, a enfermeira e o paciente estabelecem uma relação de enfrentamento aos estados de saúde e ajuste a atividades de mudança na vida diária, se a situação exigir. A enfermagem é, assim, um processo de ação, reação (resposta), interação e transação, pelo qual são dadas informações sobre as percepções da enfermeira e indivíduo na situação de enfermagem. (MOREIRA e ARAÚJO, 2002, p. 98).

A estrutura conceitual é identificada como sistemas abertos, intercomunicantes

(Figura 2):

Figura 2 - Sistemas dinâmicos de interação

Fonte: George, 1993, p. 175.

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FALAR TAMBÉM SOBRE CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA – OS CONFLITOS

5 METODOLOGIA

Segundo Leopardi (2002, p. 163) “metodologia é a arte de dirigir o espírito na

investigação da verdade, por meio do estudo dos métodos, técnicas e procedimentos

capazes de possibilitar o alcance dos objetivos”.

5.1 Caracterização da pesquisa

A presente pesquisa é de caráter qualitativo, descritivo e exploratório. Conforme

Gil (1996) descreve que a pesquisa qualitativa é quando há uma relação dinâmica entre

o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a

subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.

A abordagem qualitativa implica em,

[...] medir relações entre variáveis em avaliar o resultado de algum sistema ou projeto, recomenda-se utilizar preferencialmente enfoque da pesquisa quantitativa e utilizar o melhor meio possível de controlar o delineamento da pesquisa para garantir uma boa interpretação dos resultados. (ROESCH, 1999. p.130).

As pesquisas descritivas são estudos caracterizados pela necessidade de se

explorar uma situação não conhecida, da qual se tem necessidade de maiores

informações. “Explorar uma realidade significa identificar suas características, sua

mudança ou sua regularidade” (LEOPARDI, 2002, p. 120).

As pesquisas exploratórias visam proporcionar maior familiaridade com o

problema com o objetivo de torná-lo explícito a construir hipóteses. Envolvem

entrevistas, levantamento bibliográfico, etc (GIL, 1996).

5.2 Sujeitos e Espaço de Pesquisa

O espaço inicial desta pesquisa seria em uma escola da rede estadual de ensino

do município de Biguaçu. As participantes deste estudo seriam adolescentes, do sexo

feminino residentes e domiciliadas em Biguaçu, regularmente matriculadas na sétima e

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oitava série do ensino fundamental. Porém, em função da greve dos professores

estaduais e conseqüentemente suspensão das aulas no período da coleta de dados, e

após consulta e autorização do CEP, tivemos como sujeitos de pesquisa 20

adolescentes (13 à 19 anos) usuárias de uma Unidade de Saúde do município de

Biguaçu, que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa e trouxeram o

consentimento livre e esclarecido (Apêndice C) assinado pelos pais e/ou responsáveis..

A coleta de dados foi realizada no período de 17 à 25/03/2008. A abordagem às

adolescentes foi junto às enfermeiras na própria Unidade de Saúde. O TCLE era obtido

no momento da coleta de dados, pois os pais/responsáveis estavam acompanhando as

adolescentes.

Nesta pesquisa foram entrevistadas 20 adolescentes do sexo feminino, entre o

período de 17 a 25 de março de 2008. Descreveremos a seguir as principais

características destas.

Em relação à idade das adolescentes pesquisadas, identificamos que a maioria

tinha 19 anos, correspondendo a 25%, algumas com 18 anos (15%), 17 anos (10%), 16

anos (15%), 15 anos (10%), 14 anos (10%) e 13 anos (15%), conforme Figura 3.

Figura 3 – Distribuição das adolescentes segundo idade, março de 2008, Biguaçu – SC.

25%

15%

10%15%

10%

10%

15%

19 anos

18 anos

17 anos

16 anos

15 anos

14 anos

13 anos

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Em relação à religião das adolescentes, 70% eram católicas, 25% evangélicas e 5%

não possuíam religião. (Figura 4)

Figura 4 – Distribuição das adolescentes segundo religião, março de 2008, Biguaçu – SC.

Segundo Silva (2004), religião é um sistema comum de crenças e práticas

relativas a seres sobre-humanos dentro de universos históricos e culturais específicos.

O Brasil é um país religiosamente diverso, porém a população brasileira é

majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica. Já o Protestantismo

(religião evangélica) é o segundo maior segmento religioso do Brasil com,

aproximadamente, 26,2 milhões de pessoas (15,4% da população), segundo o último

Censo do IBGE, em 2000. Observa-se também, uma parcela da população que

assumem, socialmente, não ter religião alguma. De acordo com o último Censo, por

volta de 12,5 milhões de brasileiros (7,4% da população total) consideram-se ateus,

agnósticos, ou declaram acreditar em um Deus sem estarem filiados a nenhuma religião

específica (SILVA, 2004). Com isso, podemos perceber que a parcela de adolescentes

estudadas, estão de acordo à representação real do país.

Quanto a moradia, a maioria das adolescentes moram com seus pais com uma

porcentagem de 40%, 15% moram com mãe e padrasto, 15% com a mãe, 10% moram

70%

25%

5%

Católicas

Evangélicas

Não possui religião

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com o esposo, 5% moram com os tios, 10% esposo e familiares2 e 5 % moram

sozinhas. (Figura 5)

Figura 5 – Distribuição das adolescentes segundo moradia, março de 2008, Biguaçu – SC.

Há alguns anos atrás, era comum ver os adolescentes saírem cedo de casa,

porém, de acordo com Osório (1992), na medida que os pais estão se conscientizando

dos direitos dos filhos adolescentes à privacidade, à liberação sexual, a usufruir os

mesmos privilégios dos adultos quanto à escolha de amizades e direcionamento do

lazer, esses já não se sentem tão necessitados de sair da casa dos pais. Podemos

afirmar isso através de que o total das adolescentes que moram com pelo menos um

dos pais (mãe e/ou pai) é de 75%, e somente 25% não mora com nenhum deles.

Quanto a ter irmãos ou não, a maioria refere ter irmãos, com uma porcentagem

de 95% e somente 5% não possuem irmãos. (Figura 6)

2 Familiares - pais e sogros.

40%

15%

15%

10%

5%

10%5%

Pais

Mãe e padrasto

Mãe

Esposo

Tios

Esposo e familiares

Sozinha

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Figura 6 – Distribuição das adolescentes segundo ter ou não irmãos, março de 2008, Biguaçu – SC.

Em relação ao questionamento sobre ter namorado ou esposo, 30%

responderam que tinham namorados, 20% eram casadas e 50% eram solteiras. (Figura

7)

95%

5%

Tem irmãos

Não tem irmãos

30%

20%

50%Namorado

Esposo

Solteira

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Figura 7 – Distribuição das adolescentes segundo ter ou não companheiro, março de 2008, Biguaçu – SC.

Conforme Tiba (1986), o namoro é uma etapa importante no desenvolvimento do

ser humano. Trata-se de um relacionamento social afetivo-sexual, resultante de uma

série de modificações físicas e intrapsíquicas e que traz à tona a auto-imagem, a auto-

estima, a importância atribuída ao corpo, o modelo de relacionamento dos pais

(homem-mulher) e a expectativa de um futuro. Isso pode influenciar na auto-estima e

percepção da auto-imagem da adolescente positivamente, afinal ela se sentiria mais

valorizada e bonita por ter um parceiro ao lado. De 50% das adolescentes que têm

parceiro (namorado ou esposo), apenas 30% estão insatisfeitas com seu corpo.

A respeito da pergunta sobre se as adolescentes tinham filhos, 90%

responderam que não, e 10 % que sim. (Figura 8)

Figura 8 – Distribuição das segundo ter ou não filhos, março de 2008, Biguaçu – SC.

Percebemos que dentre essas 10% que já têm filho, 50% estão insatisfeitas com

seu corpo, confirmando o que Mantovani (2007) afirma

10%

90%

Tem filhos

Não tem filhos

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Se em qualquer fase da vida as mulheres sofrem pressão para se manterem magras, não é no pós-parto que escapam da cobrança. Nessa fase, o corpo fica fora dos padrões estéticos habituais, e isso tem gerado muita angústia. (MANTOVANI, 2007, p. 2)

Quanto à escolaridade do pai das meninas, 50% estudaram até o primário, 25%

estudaram até o 2º grau, 5% não estudaram e 20 % não sabem a escolaridades de

seus pais. (Figura 9)

Figura 9 – Distribuição das adolescentes segundo escolaridade do pai, março de 2008, Biguaçu – SC.

Quanto à escolaridade da mãe, 60% estudaram até o primário, 5% até o 1º grau,

10% até o 2º grau, 5% até o 3º grau, 10% não estudaram e 10% não sabem a

escolaridades das suas mães. (Figura 10)

50%

25%

5%

20%

Até o primário

Até o ensino médio

Não estudou

Não sabe

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Figura 10 – Distribuição das adolescentes segundo escolaridade da mãe, março de 2008, Biguaçu – SC.

5.3 Coleta de dados

Dado é tudo que pode refletir a realidade, além de permitir a formulação de

postulados explicativos ou compreensivos e produzir novas interrogações sobre a

mesma realidade (LEOPARDI, 2002).

Para a coleta de dados utilizamos como instrumento um questionário misto e

exame físico para mensuração dos dados antropométricos.

O questionário é a espinha dorsal de qualquer levantamento, é um instrumento

de apoio entregue ao informante com aprazamento para seu recolhimento, podendo ser

na forma de questões de múltipla escolha todas logicamente relacionadas ao problema

central (LEOPARDI, 2002).

O questionário foi composto por 14 perguntas abertas e fechadas (Apêndice D).

No exame físico levantamos os seguintes dados: altura, peso e IMC conforme

normatização do Ministério da Saúde (BRASIL, 2005).

Além das perguntas discursivas, uma se referia à escolha de figuras de silhuetas

(adaptado do modelo produzido por Stunkard, Sorenson e Schulsinger em 1983) que é

composta de figuras de corpos femininos (silhuetas), nas quais as estudantes deveriam

60%

5%

10%

5%

10%

10%

Até primário

Até ensino fundamental

Até ensino médio

Até ensino superior

Não estudou

Não sabe

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identificar a que mais se assemelha ao seu corpo atual e ao corpo feminino ideal

(SECCHI, 2006). Essa parte do instrumento tem por objetivo avaliar a imagem corporal

das participantes, analisando sua percepção quanto ao tamanho do seu corpo e de um

ideal. Os desenhos dos corpos eram em número de nove, onde foram consideradas as

figuras 1, 2 e 3 como magras, 4, 5 e 6 como normais e 7, 8 e 9 como gordas (Apêndice

D).

5.4 Análise de dados

A análise dos dados partiu das informações dos questionários e que foram

agrupados conforme suas semelhanças, codificados, analisados e comparados com os

dados coletados no exame físico de acordo com os objetivos do trabalho.

Os padrões utilizados como referência, são os descritos através de curvas e

tabelas com percentis, pelo NCHS (National Center for Health Statistics) (BRASIL,

2005).

Os padrões de avaliação do desenvolvimento das adolescentes foram adotadas

a partir do recomendado pelo Ministério da Saúde, no Manual técnico Saúde integral de

adolescentes e jovens: orientações para a organização de serviços de saúde (BRASIL,

2005).

IMC/Idade (9 – 24 anos) – Interpretação:

Percentil < 5 Risco para desnutrição

Percentil 5 - 85 IMC normal / Eutrófico

Percentil 85 - 95 Risco para Sobrepeso

Percentil > 95 Risco para Obesidade

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Desenvolvimento Pondo-Estrutural – Interpretação:

Percentil < 3 Altura/Peso baixo para idade

Percentil 3 - 10 Risco para altura/peso baixo para idade

Percentil 10 - 90 Altura/Peso normais para idade

Percentil 90 - 97 Risco para altura/peso acima para idade

Percentil > 97 Altura/Peso acima para idade

5.5 Considerações éticas

Segundo Cunha (1986), a ética é o ramo do conhecimento que estuda a

conduta humana, estabelecendo os conceitos do bem e do mal, numa determinada

sociedade, em determinada época.

Carlin (1998) acredita que homens e mulheres necessitam ter um

comportamento que esteja ligado à ética, pois para viver em uma sociedade existe

necessidade de ser ético. “Viver em sociedade é viver eticamente” (CARLIN, 1998, p.

69).

Este estudo seguiu os aspectos que norteiam à ética em pesquisa,

obedecendo aos quatro referenciais básicos da bioética, sob a ótica do indivíduo e das

coletividades (princípio da autonomia, não maleficência, beneficência e justiça),

conforme Resolução CNS 196/96 contendo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras

de Pesquisas envolvendo Seres Humanos. Esta resolução fundamenta-se nos

principais documentos internacionais que emanaram declarações e diretrizes sobre

pesquisas que envolvem seres humanos e incorpora os princípios da bioética, tendo

como objetivo proteger os sujeitos da pesquisa, o pesquisador e o estado.

Para cumprir com a ética, mantivemos o anonimato das participantes, trocando

seus nomes por codinomes. Como as participantes em sua maioria eram menores de

idade, solicitamos aos pais e/ou responsáveis a autorização e assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido (Apêndice C).

Conforme a Resolução CNS 196/96:

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o respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa.

Com base nesta resolução, essa pesquisa teve por guia os seguintes cuidados:

- esclarecer os sujeitos e seus responsáveis sobre a temática do estudo, metodologia

adotada e demais dúvidas presentes;

- cabe ao sujeito de pesquisa decidir sobre sua participação na pesquisa, de modo

que possa desistir em qualquer uma das etapas, sem ônus para a sua pessoa;

- obtenção do consentimento voluntário, informado, livre e esclarecido;

- não expor as participantes à situações que possam causar qualquer tipo de dano;

- garantir confidencialidade e privacidade às participantes;

- manter o anonimato, garantir a fidedignidade das informações;

- quando fragmento das respostas forem utilizados, para manter o anonimato,

estaremos substituindo o nome das participantes pela palavra Menina seguido de

um número escolhido aleatoriamente.

Essa pesquisa foi cadastrada no SISNEP sob o número FR-148546 e submetida e

aprovada na Comissão de Ética da Universidade do Vale do Itajaí, na reunião do dia 24

de agosto de 2007 (Anexo C).

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6 AS ADOLESCENTES NO ESPELHO

Neste item será apresentado e discutido dados sobre o corpo real, percepção do

próprio corpo, corpo ideal e satisfação quanto ao corpo atual.

6.1 O Corpo real

Podemos perceber através da tabela 3, que são 18 adolescentes (90%) as que

estão no padrão normoantropométrico no que diz respeito à relação IMC/idade, sendo

que 5% estão em risco para sobrepeso, e 5% estão em risco para obesidade.

Adolescentes IMC Adolescentes IMC Menina 1 Normal Menina 11 Normal Menina 2 Normal Menina 12 Normal Menina 3 Normal Menina 13 Normal Menina 4 Normal Menina 14 Normal Menina 5 Normal Menina 15 Normal Menina 6 Normal Menina 16 Risco sobrepeso (RS) Menina 7 Normal Menina 17 Normal Menina 8 Normal Menina 18 Normal Menina 9 Normal Menina 19 Normal

Menina 10 Normal Menina 20 Risco Obesidade (RO)

Tabela 3 – Relação das adolescentes com o percentil IMC/Idade.

Na tabela 4, 90% das adolescentes estão com percentil de Altura/Idade na

média, 5% estão em risco de ficar acima e 5% estão abaixo.

Adolescentes Altura/Idade Adolescentes Altura/Idade Menina 1 Normal Menina 11 Risco acima Menina 2 Normal Menina 12 Abaixo Menina 3 Normal Menina 13 Normal Menina 4 Normal Menina 14 Normal Menina 5 Normal Menina 15 Normal Menina 6 Normal Menina 16 Normal Menina 7 Normal Menina 17 Normal Menina 8 Normal Menina 18 Normal Menina 9 Normal Menina 19 Normal

Menina 10 Normal Menina 20 Normal Tabela 4 – Relação das adolescentes com o percentil Altura/Idade.

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Na tabela 5, 90% das adolescentes estão com percentil de Peso/Idade na média,

5% estão acima e 5% estão abaixo.

Adolescentes Peso/Idade Adolescentes Peso/Idade Menina 1 Normal Menina 11 Normal Menina 2 Normal Menina 12 Abaixo Menina 3 Normal Menina 13 Normal Menina 4 Normal Menina 14 Normal Menina 5 Normal Menina 15 Normal Menina 6 Normal Menina 16 Normal Menina 7 Normal Menina 17 Normal Menina 8 Normal Menina 18 Normal Menina 9 Normal Menina 19 Normal

Menina 10 Normal Menina 20 Acima Tabela 5 – Relação das adolescentes com o percentil Peso/Idade.

Observando essas tabelas, podemos concluir que 80% das adolescentes têm os

parâmetros (IMC, Altura e Peso) normais para a idade. Entretanto, se considerarmos

estes parâmetros isoladamente, a proporção de normalidade passa para 90% das

participantes.

6.2 A Percepção das adolescentes

A seguir, descreveremos a percepção das adolescentes e, dentre nossa

discussão, utilizaremos fragmentos das respostas dadas pelas mesmas. Para relacionar

a adolescente, seu IMC e sua percepção, estaremos utilizando uma legenda ao lado da

fala de cada uma, sendo N (Normal), RS (Risco para sobrepeso) e RO (Risco para

obesidade) para o IMC; e M (Magra), N (Normal) e G (Gorda) para a percepção,

sucessivamente.

Quando perguntadas sobre como elas se acham em relação ao seu corpo, 50%

responderam de se acham normal de peso, 40% se acham gordas e 10% se acham

magras. (Figura 9)

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Figura 11 – Distribuição das adolescentes segundo como se vêem em relação ao corpo, março de 2008, Biguaçu – SC.

Em uma pesquisa realizada por Martins (2007), ele refere que o

descontentamento das adolescentes em relação ao corpo é generalizado e não é

apenas com o peso. Barriga, busto, quadril, cabelo, nariz, nada escapa ao olhar crítico

que vê defeito em tudo e busca perfeição. Em nome de um padrão de beleza, elas

cometem atos extremos que põem em risco a própria vida. Já em nossa pesquisa,

podemos perceber que, existe sim, o descontentamento, porém, ele não pode ser

generalizado, já que 50% da amostra estavam, de fato, contentes com seu peso.

Podemos ver diferentes percepções das adolescentes, tais como citadas a seguir:

[...] Me vejo gorda. Me acho horrível [...] (Menina 3) N - G

[...] Me vejo magra. Sinto que falta tudo [...] (Menina 6) N - M

[...] Me vejo normal de peso. Me sinto alegre e feliz [...] (Menina 7) N - N

Ao serem indagadas de como as adolescentes se sentem, 45% responderam

que seu corpo está bonito assim, 45% responderam que precisam emagrecer e 10%

precisam engordar. (Figura 12)

50%

40%

10%

Normal de peso

Gorda

Magra

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Figura 12 – Distribuição das adolescentes segundo como se sentem em relação ao seu corpo, março de 2008, Biguaçu – SC.

Apesar de 50% ter relatado que se achava normal de peso, somente 45% diz

que seu corpo está bonito assim. Percebemos que uma adolescente, que corresponde

essa diferença de 5%, se acha normal de peso, mas também acha que precisa

emagrecer. Essa é uma questão já abordada por Martins (2007), que mostra a visão

das adolescentes que magreza é sinônimo de beleza, felicidade, aceitação e

aprovação.

Field et al. (2001) afirmam que preocupações com peso, forma física e dietas são

comuns entre pré-adolescentes e adolescentes de hoje. Os autores destacam que além

da internalização do ideal de magreza, há pressões da família, da mídia e dos colegas

para que as meninas sejam magras, o que aumenta ou mantém a insatisfação com o

corpo relembrando constantemente as jovens do quanto estão distantes da forma e do

peso ideais.

[...] Preciso emagrecer 10kg [...] (Menina 3) N - G

[...] Preciso engordar 10kg. [...] (Menina 6) N - M

[...] Meu corpo está bonito assim. Não me acho gorda, nem magra [...]

(Menina 15) N - N

45%

45%

10%

Seu corpo está bonito

Precisa emagrecer

Precisa engordar

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Quando questionado a respeito do que elas acham que os outros pensam do seu

corpo, 65% responderam que os outros pensam que têm o corpo ideal, 20% acham que

os outros pensam que elas precisam emagrecer e 15% acham que elas são magras.

(Figura 13)

Figura 13 – Distribuição das adolescentes segundo como os outros a vêem, março de 2008, Biguaçu – SC.

Podemos perceber que é totalmente diferente a percepção das adolescentes

quanto sua própria imagem, comparado a percepção de quem está de fora. Quando

questionado a respeito de como as adolescentes se sentem, 45% responderam que

seu corpo está bom assim, enquanto nesta questão, 65% responderam que os outros a

vêem como alguém que possui o corpo ideal. Entendemos que essa insatisfação com

seu próprio corpo seja algo pessoal e que faz parte da adolescência. Osório (1992)

afirma que:

À medida que o corpo vai se transformando e adquirindo os contornos definitivos do adulto, o adolescente vai gradualmente plasmando a imagem corporal definitiva de seu sexo. Como na sua mente há uma espécie de “protótipo idealizado” dessa imagem corporal (formado a partir dos valores estéticos com respeito à forma humana que lhe são transmitidos), via de regra ocorre um conflito entre a imagem “fantasiada” desse modelo idealizado e a imagem “real” do seu corpo em transformação. (OSÓRIO, 1992, p. 16)

65%

20%

15%

Tem o corpo ideal

Precisa emagrecer

É magra

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Segundo as participantes, as outras pessoas:

[...] Falam que eu sou magra [...] (Menina 1) N - M3

[...] Preciso emagrecer. Me acham feia [...] (Menina 3) N - G

[...] Dizem que eu tenho o corpo ideal [...] (Menina 6) N - M

[...] Eu sou magra, mas pra mim ta bom assim [...] (Menina 9) N - N

[...] Dizem que eu tenho o corpo ideal, mas acho que é só pra me

agradar [...] (Menina 10) N - G

[...] Dizem que eu preciso emagrecer, pois quem me conheceu antes de

engravidar, hoje me acha gorda [...] (Menina 14) N - G

[...] Devo emagrecer, é como me sinto, então penso que os outros

acham também [...] (Menina 20) RO - G

Observando esses fragmentos das respostas das adolescentes, vemos a

divergência entre algumas delas sobre sua seu corpo real, sua percepção quanto seu

próprio corpo e o que os outros dizem a seu respeito. Questão bastante evidente na

Menina 10 que está de acordo com os padrões antropométricos normais descritos pelo

Ministério da Saúde, se acha gorda, e diz que os outros a vêem com o corpo ideal,

mas, acha que é para agradá-la. Observamos claramente questões relacionadas a

auto-estima, que, segundo Rosenberg (2003), é uma orientação positiva ou negativa

em direção a si, uma avaliação global de seu próprio valor.

A imagem corporal vai se desenvolvendo como um produto da relação do

indivíduo consigo mesmo e com os outros. Como acrescenta Lourenção van Kolck

(1984), a imagem corporal é uma unidade adquirida, é dinâmica, portanto alterações

corporais provocam mudanças na imagem corporal, e esse fenômeno é particularmente

intenso na adolescência.

A respeito do questionamento sobre ser outra pessoa, 80% das adolescentes

responderam que não seriam outra pessoa, mas seriam elas mesmas, e 20% seriam

outra pessoa.

3 A primeira letra refere-se ao corpo real, e a segunda à percepção da adolescente.

Legenda: N - normal, M - magra, G - gorda, RO - risco para obesidade.

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Becker (1999) afirma que em meio à crise de identidade do adolescente, ele vai

partir em busca de novas identificações. Daí a identificação com todo tipo de modelos,

passando por filósofos, cientistas, políticos, atletas, artistas, etc. Há muito de tentativa e

erro nesse processo, e é interessante que nessa busca de fortalecimento de sua

personalidade haja momentos de tanta identificação que o adolescente praticamente

perca sua própria identidade.

Segundo Knobel (1992 p. 66), “quando o adolescente adquire uma identidade,

aceita o seu corpo, e decide habitá-lo, enfrenta-se com o mundo e usa-o de acordo com

o seu sexo”. Conseguimos perceber através desta pesquisa, que a maioria das

adolescentes mostram ter sua identidade, pois não gostariam de ser outra pessoa, a

não ser uma pequena amostra de 20%. Essa pequena parcela não se sente feliz

consigo mesma, e relatou o seguinte:

[...] Eu queria ser a minha amiga do colégio. Ela é bonita, tem o corpo

bonito [...] (Menina 1) N - M

[...] Seria minha prima. Porque ela é bonita [...] (Menina 10) N - G

[...] Seria outra pessoa. Ninguém específico, só alguém mais magra [...]

(Menina 11) N - G

[...] Eu seria a Carol Castro (atriz). Ela é linda, cabelos, sorriso, corpo [...]

(Menina 18) N - N

A respeito de dieta, 65% das adolescentes nunca fizeram nenhum tipo de dieta,

30% responderam que já fizeram mais de uma vez e 5% responderam que já fizeram

dietas muitas vezes. (Figura 14)

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Figura 14 – Distribuição das adolescentes segundo costume de fazer dietas, março de 2008, Biguaçu – SC.

Como vimos anteriormente, 50% das adolescentes estão insatisfeitas com seu

corpo (sendo que 45% gostariam de emagrecer), e no total, 35% já fizeram algum tipo

de dieta. Lembrando que 90% das adolescentes têm o IMC normal, podemos perceber

que pelo menos 25% delas fizeram a dieta desnecessariamente, já que somente 10%

está em risco para sobrepeso e obesidade. Phillipi (2004) cita que a sociedade passou

a relacionar a beleza com um corpo magro, atlético, torneado. As pessoas sentem-se

pressionadas a corresponder com o “padrão de beleza” - que é apontado pela mídia –

pois se não correspondem, sentem-se menos atraentes e inferiores. Essa pressão pode

levar quadros patológicos definidos, como os transtornos alimentares. Os indivíduos

que se encontram nessa situação, estão à procura do corpo ideal através de dietas

extremas de emagrecimento.

E quando questionado a respeito da dieta naquele período, nenhuma das

adolescentes alegou estar fazendo qualquer tipo de dieta no período da entrevista.

A evolução dos padrões de beleza mostra a tendência caquetizante da figura

feminina e, segundo estimativas, as adolescentes apresentam maior tendência em

apresentar distúrbios alimentares. Isso causa uma preocupação maior com o corpo,

particularmente com o peso, sendo esperado que adolescentes e mulheres apresentem

65%

30%

5%

Nunca fez dieta

Já fez dieta mais de uma vez

Já fez dieta muitas vezes

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mais padrões alimentares anormais (BRUCH, 1982). Diante desta questão,

perguntamos às adolescentes como elas se sentem em relação à comida. 75% delas

responderam que gostam de comer e não se preocupam em engordar, 20% diz que

gosta de comer, mas depois se sente culpada, e 5% responderam “Nenhuma das

Alternativas” (Figura 15).

Figura 15 – Distribuição das adolescentes segundo sentimento diante da comida, março de 2008, Biguaçu – SC.

Quando questionado sobre a realização de exercícios físicos, 60% responderam

que não praticam nenhum tipo, e 40% relatam realizar. Dentre eles, foram citados

caminhada, ginástica, musculação, bicicleta, vôlei, capoeira e corrida. Quanto à

freqüência, 50% das que praticam exercício físico, relatam realizar todos os dias, 25%

praticam de 2 a 3 vezes por semana, 12,5% praticam 1 vez por semana e 12,5%, 1 vez

a cada 15 dias. Ainda, as adolescentes que praticam exercício físico relataram em sua

maioria (37,5%) que realizam porque gostam, dentre outras que responderam praticar

exercícios devido à necessidade de locomoção, desejo de emagrecer, para se alongar

e porque acha bom para saúde, corpo e aparência.

O exercício físico regular pode contribuir para a qualidade de vida,

proporcionando aos praticantes à melhoria das capacidades cardiorespiratória e

75%

20%

5%

Gosta de comer sem se preocupar

Gosta de comer mas sente-se culpada

Nenhuma das alternativas

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muscular, o controle da massa corporal, a redução da depressão e da ansiedade, a

melhoria das funções cognitivas (memória, atenção e raciocínio), e a melhoria da

qualidade e da eficiência do sono (BRANDÃO, 1990). Por outro lado, o excesso do

exercício físico pode indicar algum tipo de transtorno alimentar, pois quando a

adolescente doente emagrece, pode haver uma diminuição do seu gasto metabólico

como uma proteção do organismo, diminuindo conseqüentemente a perda de peso.

Então, para acelerá-lo novamente, a paciente passa a praticar exercícios físicos, jejuar,

usar laxantes ou diuréticos de uma forma mais intensa (PHILLIPI, 2004).

6.3 A imagem real e a imagem percebida pelas adolescentes

Segundo os dados discutidos anteriormente, podemos constatar que 40% das

adolescentes estudadas, estão insatisfeitas com seu corpo sem ter motivo algum, afinal,

seus padrões antropométricos (seja IMC, Altura ou Peso por Idade) se mostram

normais, no que diz respeito à média estipulada pelo Ministério da Saúde. Conforme a

teoria de Imogene King, a imagem corporal é um conceito pessoal e subjetivo, pois é a

maneira pela qual as pessoas percebem, não só o seu corpo, mas também as reações

dos outros à sua aparência (GEORGE, 1993). Com isso, vemos que apesar da

percepção e conceito de imagem corporal ser algo pessoal, nem sempre condiz com a

realidade.

As divergências encontradas ao longo do estudo, relacionadas à percepção

adolescente e ao corpo real, nos faz refletir e compreender que as adolescentes estão

inseridas no que King chama de sistema pessoal, com conceitos de percepção, ego,

imagem corporal, crescimento, desenvolvimento, tempo e espaço próprios, requerendo

uma interação efetiva entre profissional e adolescente com o estabelecimento de metas

mútuas fixadas com cada uma das adolescentes.

O conceito de imagem não está vinculado a uma modalidade sensorial

específica, mas integra experiências afetivas, sociais e fisiológicas com múltiplas

entradas sensoriais (TAVARES, 2003)

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Adolescentes IMC Se vêem Adolescentes IMC Se vêem Menina 1 Normal Magra Menina 11 Normal Gorda Menina 2 Normal Normal Menina 12 Normal Normal Menina 3 Normal Gorda Menina 13 Normal Normal Menina 4 Normal Gorda Menina 14 Normal Gorda Menina 5 Normal Normal Menina 15 Normal Normal Menina 6 Normal Magra Menina 16 RS4 Normal Menina 7 Normal Normal Menina 17 Normal Gorda Menina 8 Normal Normal Menina 18 Normal Normal Menina 9 Normal Normal Menina 19 Normal Gorda Menina 10 Normal Gorda Menina 20 RO5 Gorda

Tabela 6 – Relação das adolescentes com o percentil IMC/Idade e auto-percepção.

Através da tabela 6, podemos observar que existem desde percepções certas

até percepções errôneas a respeito do corpo das adolescentes. 38,9% das

adolescentes que têm o IMC normal se vêem gordas. Percebe-se assim, que as

adolescentes mesmo com um peso adequado aos parâmetros sugeridos pela

Organização Mundial de Saúde, sentem-se insatisfeitas com seu corpo.

Esses dados concordam com o que Cury (2005) fala sobre a síndrome PIB:

Padrão Inatingível de Beleza, onde as pessoas, principalmente do sexo feminino,

querem obter um corpo igual ao das modelos, e acabam não conseguindo concretizar

suas metas, uma vez que este padrão de magreza é difícil de atingir. Aponta que essa

dramática síndrome vem se tornando cada vez mais freqüente e intensa. E afirma

ainda, que os conceitos de auto-aceitação, de atração física, de aceitação social e de

bem-estar estão sendo construídos em cima deste padrão doentio.

Segundo Moreira e Araújo (2002) conhecer o modo como as pessoas crescem,

se desenvolvem, e seu eu, ajuda as enfermeiras a entenderem as pessoas com

problemas na imagem corporal.

Lembrando que para King, a imagem corporal é um componente integrante do

crescimento e desenvolvimento, é a maneira pela qual as pessoas percebem, não só o

seu corpo, mas também as reações dos outros à sua aparência. Por isso, é importante

que as enfermeiras entendam o conceito de imagem corporal, atentando-se às

4 Risco para Sobrepeso

5 Risco para Obesidade

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percepções individuais para que possam ajudar àqueles que apresentam alterações de

autoimagem.

Portanto, estas adolescentes percebem sua imagem como estando fora dos

padrões ideais, gerando assim uma incompatibilidade entre a percepção do corpo real,

por conseqüência produzindo insatisfação e auto-estima baixa. Neste contexto, o

cuidado de enfermagem a pacientes com comprometimento da auto-estima, é

destacado, principalmente, considerando que o enfermeiro é um agente qualificado

para assistir o paciente no seu restabelecimento, pois, durante as ações do cuidar

consegue, muitas vezes, descobrir a forma de pensar, os medos, as esperanças e as

aspirações da clientela assistida (PRICE, 1990). APROFUNDAR MAIS

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa possibilitou a identificação dos aspectos relacionados ao corpo

real e à percepção corporal de 20 adolescentes de 13 a 19 anos que procuraram

atendimento em uma Unidade de Saúde no município de Biguaçu – SC.

A realização deste estudo nos permitiu identificar que muitas adolescentes têm a

percepção de sua imagem corporal distorcida. Isso se dá muitas vezes devido a

programas de televisão que mostram a existência quase que exclusiva de atores dentro

ou abaixo do peso ideal. Esse verdadeiro culto ao corpo está em sintonia com os

valores da sociedade ocidental, que valoriza o jovem e o belo, definindo padrões que

por vezes contrariam vários parâmetros de saúde. Existe, assim, uma crescente

indústria em torno da beleza corporal, circulando sob o rótulo de saúde do corpo,

tornando a obesidade uma das maiores fontes de preconceito em nossa sociedade

(SOARES, 1997).

Segundo Moscovici (2003), a comunicação de massa é, atualmente, um meio

poderoso e dinâmico de elaboração de representações sociais, pois fornecem, a cada

dia, mais material e conteúdo no cotidiano dos indivíduos e grupos. Dentre este

cotidiano está o papel da mídia, como contribuidora quanto à idealização de corpo,

principalmente do feminino. A mídia passa aos grupos de mulheres, principalmente

jovens, o ideal de magreza, reforçando o estigma de ser “gordinha”.

O corpo feminino é representado como algo que deve ser dotado de beleza,

magreza, poder, status e exercer atração, mas também deve ser dotado de saúde.

Contudo, o corpo saudável está longe de ser o ideal, já que a imagem corporal

desejada por estas mulheres pesquisadas é de um corpo magro e não saudável. O

culto ao corpo super-magro difundindo pela mídia está gerando problemas de saúde,

psicológicos e sociais, que minimiza e desqualifica a auto-estima e a auto-imagem de

adolescentes e adultos, principalmente de mulheres (SECCHI, 2006).

Cury (2005) refere que a era da imagem trouxe uma expansão da beleza estética

em diversas áreas da atividade humana. Mas, na área da auto-imagem e da imagem do

ser humano diante do outro, provocou um estrago no inconsciente, fazendo com que

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grande parte das pessoas perdesse o senso da magia, da suavidade, da leveza do ser,

do encanto pela vida, afetando drasticamente a saúde emocional e as relações sociais.

Através da análise desta pesquisa, conseguimos identificar e comparar a

percepção corporal das adolescentes, como proposto nos objetivos, mostrando então

tudo que foi explanado anteriormente a respeito da imagem corporal. No entanto,

poderiam ser feitas novas pesquisas na área, já que pela falta de atenção ou

conhecimento, algo que hoje é simplesmente uma distorção na imagem, pode se tornar

amanhã um sério agravo de saúde.

Cabe destacar que a auto-percepção corporal distorcida aumenta o risco de

problemas de saúde como transtornos alimentares, como descreve em pesquisa Nunes

et al. (2002), as mulheres que se sentem gordas apresentaram chance quatro vezes

maior de terem comportamentos alimentares anormais. E em nossa pesquisa, vimos

que 40% das adolescentes se acham gordas, além de alguns relatos como da Menina

11 que diz “não gosto do meu corpo, gostaria de emagrecer...” ou então a Menina 20

que compartilha “sinto que tem umas gordurinhas sobrando...”.

Diante de todos esses problemas de distorção da imagem corporal, podemos

perceber a importância do papel da enfermagem, principalmente da atenção básica,

lembrando que os princípios fundamentais da atenção básica no Brasil são:

integralidade, qualidade, eqüidade e participação social. Conforme o cadastramento da

clientela, as equipes Saúde da Família estabelecem vínculo com a população,

possibilitando o compromisso e a co-responsabilidade destes profissionais com os

usuários e a comunidade (BRASIL, 2006).

Vê-se então a necessidade dos profissionais da saúde estar atentos aos

problemas de distorção da percepção corporal, pois os mesmo podem levar a riscos

maiores para a saúde das adolescentes, como possíveis transtornos alimentares.

Muitas vezes algum sinal dado pelas mesmas pode passar despercebido pela falta de

informação e conhecimento dos profissionais que fazem o atendimento básico de saúde

da população.

Com esta pesquisa, identificamos a importância do conhecimento não só dos

profissionais de saúde, mas também das adolescentes, através da realização de grupos

de educação e promoção em saúde em escolas, grupos, centros de saúde, entre

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outros, para que elas também possam entender que aquilo que a mídia passa como um

corpo bonito e desejável, nem sempre é o que é saudável e sadio.

PAPEL DA ENFERMAGEM: ENFATIZAR AS CONTRIBUIÇÕES, OUTROS

TRABALHOS, ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO.

PREVENÇÃO E PROMOÇÃO

RECOMENDAÇÕES – PRÁTICAS INTERSETORIAIS.

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APÊNDICES

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Apêndice A

Oficio enviado para a escola para a permissão da mesma na participação deste estudo.

Biguaçu, ____ de _____ de 2007.

Ilma Sra. Diretora da E.E.B. Profª Tania Mara F. E Silva Locks:

Nós, Roberta Pedroso e Taís Boeira, alunas de graduação de Enfermagem da

UNIVALI – Biguaçu, estamos desenvolvendo uma pesquisa intitulado “As Percepções

das Adolescentes Sobre Seus Corpos no Espelho” para identificar as percepções das

adolescentes sobre seu corpo. Esta pesquisa está sendo orientada pela Enfermeira e

Professora Msc. Felipa Rafaela Amadigi.

Para que este estudo seja realizado, precisamos da colaboração e autorização

de vocês.

As alunas que participarão desta pesquisa serão as matriculadas na oitava série.

As adolescentes selecionadas levarão para seus pais e/ou responsáveis uma carta

explicando a pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido para autorização

da participação na pesquisa, que deverá ser devolvida no dia seguinte. A coleta de

dados será realizada através de um questionário e da verificação de peso, altura e

prega cutânea.

Garantimos sigilo de todos os dados coletados. Ao final da pesquisa, a escola

receberá os resultados gerais para o conhecimento de quem se interessar.

A participação de vocês é muito importante e desde já agradecemos a atenção

de todos.

Roberta Pedroso Acadêmica de Enfermagem

Taís Boeira Acadêmica de Enfermagem

Felipa Rafaela Amadigi Professora Orientadora

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Apêndice B

Carta aos pais, solicitando a participação de suas filhas neste estudo.

Prezados pais:

Somos acadêmicas de enfermagem da UNIVALI – Biguaçu, e estamos

desenvolvendo o projeto de pesquisa “As Percepções das Adolescentes Sobre Seus

Corpos no Espelho” com o objetivo de identificar as percepções das adolescentes sobre

seu corpo. Esta pesquisa será orientada pela Enfermeira e Professora Msc. Felipa

Rafaela Amadigi.

Sua filha foi selecionada para participar deste estudo, a coleta de dados será

realizada através de um questionário e da verificação de peso, altura e prega cutânea.

Garantiremos as participantes o anonimato e o sigilo de todas as informações coletadas

para este estudo.

A participação de sua filha é muito importante, e por isso, viemos por meio desta,

solicitar a sua permissão, assinando o termo de consentimento que segue em duas

vias, uma para o (a) senhor (a) e outra que deverá ser desenvolvida na escola amanhã.

Qualquer dúvida, não hesite em nos ligar nos telefones: Roberta (48)88049377;

Taís (48)88252859, Profª Felipa (48)91289002.

Certas de sua participação, agradecemos antecipadamente.

Roberta Pedroso Acadêmica de Enfermagem

Taís Boeira Acadêmica de Enfermagem

Felipa Rafaela Amadigi Professora Orientadora

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Apêndice C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Sua filha está sendo convidada para participar, como voluntária, em uma pesquisa. Após

ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é da pesquisadora responsável. Em caso de recusa não haverá qualquer tipo de penalização.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: “As Percepções das Adolescentes Sobre Seus Corpos no Espelho”. Pesquisador Responsável: Felipa Rafaela Amadigi Telefone para contato: (48) 91289002 Pesquisadores Participantes: Roberta Pedroso e Taís Boeira Telefones para contato: (48)88049377, (48)88252859 Esta pesquisa pretende conhecer como as adolescentes percebem seu corpo e se essa percepção está em concordância com os parâmetros considerados normais.

A adolescente participante preencherá um questionário por ela mesma e faremos a medição de seu peso, altura e prega cutânea. Garantimos que não será possível a identificação de sua filha e que todas as informações serão mantidas em sigilo.

Sua filha, ao participar deste estudo, receberá informações antes e durante o decorrer da pesquisa, podendo realizar perguntas a qualquer momento. Garantimos que a participação não oferece nenhum risco ou dano. Começaremos a pesquisa somente após o retorno deste termo de consentimento livre e esclarecido assinado. Você e sua filha têm direito de se recusar a participar desta pesquisa ou retirar a sua permissão a qualquer momento, sem perda ou dano algum.

Roberta Pedroso Acadêmica de Enfermagem

Taís Boeira Acadêmica de Enfermagem

Felipa Rafaela Amadigi Professora Orientadora

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu, ________________________________, RG_____________, CPF ____________ abaixo assinado, concordo que minha filha _________________________________________ participe do presente estudo. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de sua participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade Biguaçu, ____ de __________ de 2007. Nome: _______________________________________________________________ Assinatura do Responsável: __________________________________________ Telefone para contato: _____________________________________________

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Apêndice D Questionário

Este questionário faz parte da pesquisa As Percepções das Adolescentes Sobre Seus Corpos no Espelho. As informações escritas aqui serão mantidas em segredo.

INSTRUÇÕES: - Nas perguntas de assinalar, responda 1 alternativa por questão; - Use preferencialmente caneta; - Esta atividade é individual;

- Em caso de dúvida, nos chame que nós responderemos; - Lembre-se, você não será identificada neste questionário;

- Lembre-se também que não vale nota.

Identificação

Nome:

Idade_____ anos Religião___________.

Nível de escolaridade do pai _____________________________________série.

Nível de escolaridade da mãe _____________________________________série. Mora com quem?________________. Tem irmãos?_______ Quantos?________.

Tem namorada (o)? ______. Você tem filhos? ______ Quantos?______. 1- Quando você se olha no espelho, você se vê: ( ) muito magra ( ) magra ( ) normal de peso ( ) gorda ( ) obesa

E pra você, o que é ser assim? (alternativa assinalada na pergunta 1) ___________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2- Quando você se olha no espelho, sente que: ( ) precisa engordar alguns quilos. Quantos? _____ ( ) seu corpo está bonito assim

( ) precisa emagrecer alguns quilos. Quantos? _______

E o que faz você pensar isso?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3- O que você imagina que os outros pensam do seu corpo: ( ) você é magra ( ) você tem o corpo ideal ( ) você precisa emagrecer Porque? ________________________________________________________________

______________________________________________________________________

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4- Se você pudesse ser outra pessoa (em relação ao corpo), quem você seria: ( ) Ninguém, seria eu mesma ( ) Outra pessoa: ___________________

Porque?________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Você já fez dieta? ( ) muitas vezes ( ) mais de uma vez ( ) uma vez ( ) nunca Se sim, o que a motivou fazer a dieta?______________________________________________ ___________________________________________________________________________

6- Atualmente, você está fazendo dieta? ( ) sim ( ) não 7- Se sim, como faz? ___________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________________________________________________________________

8- Como você se sente em relação à comida? ( ) Gosto de comer e não me preocupo com engordar

( ) Gosto de comer, mas depois que como me sinto culpada ( ) Como bastante e provoco o vômito depois

( ) Não gosto de comer porque engorda ( ) Nenhuma das alternativas

9- Você costuma praticar exercícios físicos além da aula de educação física? ( ) sim ( ) não 10- Se sim, que exercício(s) você pratica? ( ) musculação ( ) natação ( ) caminhada ( ) corrida ( ) outro (qual?) __________________

11- Com que freqüência você costuma praticar exercícios físicos? ( ) todos os dias ( ) duas ou três vezes por semana ( ) uma vez por semana ( ) a cada 15 dias ( ) uma vez por mês ( ) não pratico

12- Qual o principal motivo para você praticar exercícios físicos? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________ 13- Indique abaixo, dentre as figuras seguintes, aquela que melhor representa seu corpo e depois aquela que você considera o corpo ideal:

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Seu corpo

(colocar o número)

___________

Corpo ideal (colocar o número) ___________

14- Descreva como você se sente a respeito do seu corpo quando se olha no espelho. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________

Muito obrigada pela sua participação! ☺

Roberta e Taís

Exame Físico

Peso: _______

Altura: ______

IMC: percentil _______

Desenvolvimento Pondo-estrutural: percentil________

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ANEXOS

Anexo A

Gráfico NCHS – Desenvolvimento pondo-estrutural

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Anexo B

Tabela NCHS – IMC – sexo feminino 9-18 anos

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Anexo C

Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI

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