Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva

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Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva Jorge Pinto IPSetúbal/Escola Superior de Educação IPSetúbal/Escola Superior de Educação Fevereiro, 2010

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Percursos escolares e avaliação Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva

Jorge Pinto

IPSetúbal/Escola Superior de EducaçãoIPSetúbal/Escola Superior de Educação

Fevereiro, 2010

Page 2: Percursos escolares e avaliação numa escola inclusiva

Sumário

• Clarificações : Escola Inclusiva; Percursos Escolares;

AvaliaçãoAvaliação

• A escola e os novos desafios

• Os percursos escolares

• A avaliação das aprendizagens

• Um caso em estudo• Um caso em estudo

• Algumas conclusões provisórias

• Questões em aberto

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Uma escola que garanta ao maior número de alunos condições para aí permanecerem e concretizarem as suas aprendizagens, concluindo a sua escolaridade. (Ainscow, 2000; Bettencourt & Pinto,

Escola inclusiva

Integra as dimensões da equidade na educação:

concluindo a sua escolaridade. (Ainscow, 2000; Bettencourt & Pinto, 2009)

• assegurar que as circunstâncias pessoais e sociais não sejam um obstáculo a potenciais aquisições escolares;

• assegurar os standards mínimos da educação para todos(Field, Kuczera, Pont,,2007)

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Percursos Escolares

Percurso do aluno enquanto frequenta a escola

Garantia de acesso

Condições para participação efectiva

Condições para uma “aquisição” de conhecimentos

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Avaliação: um processo de… comunicação

Propõe actividades/tarefas

Professor Expectativas

Juízo avaliativo: resultante da adequação percebida

AlunoAge sobre as propostas deactividades/tarefas

Produção Alunoactividades/tarefas

Avaliação: um decisão contextualizada, socialmente construída e orientada para um fim

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A escola e os novos desafios

• A escola assume cada vez mais como imperativo de proporcionar melhores aprendizagens a todos os alunos.

• Contudo, parece haver ainda uma diferença substantiva entre os objectivos deste seu novo mandato e a sua consecução. os objectivos deste seu novo mandato e a sua consecução.

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Idade

Aluno

Total de Alunos no Ensino Regular / Ano de Escolaridade

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º Total

6 89569 454 58 18 90107

7 5641 87940 437 33 94072

8 828 13212 87265 635 48 102045

9 269 1867 15133 81892 674 22 998889 269 1867 15133 81892 674 22 99888

10 123 451 2892 16845 74736 594 95669

11 76 203 638 4577 18923 69791 682 94906

12 43 123 255 1161 7484

10%

18918 65507 692 94190

13 30 84 139 509 2969 9173 20971 57086 607 91568

14 24 54 86 230 1416 4196 12287

19%

18570 52860 89723

15 7 22 40 115 629 1655 4517 9419 18104 3450815 7 22 40 115 629 1655 4517 9419 18104 34508

16 3 6 11 35 138 423 1198 2927 8806

17%

13547

17 3 1 4 18 26 86 293 672 2910 4013

18 2 9 11 17 60 152 621 872

Total 96616 104417 106960 106077 107069 104909 105574 89551 83933 905108

Fonte: Base de dados MISI – final do 1º Período 2008-2009

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A escola e os seus desafios: combater o insucesso

� Num quadro de “igualdade de oportunidades”, a selecção deixou de ser predominantemente social para passar a ser essencialmente escolar ou, pelo menos, percebida como tal (Dubet,1996)

� Assim, passou-se de uma selecção “fora” da Escola (mais explícita) para uma selecção “dentro” da Escola (menos explícita) uma selecção pelo insucesso (Relatório final do projecto ACND, 2007)

“toda a gente quer lutar contra o insucesso escolar mas não

Estas diferentes formas de agir estão muito interligadas

com os modos como se encara este fenómeno

“toda a gente quer lutar contra o insucesso escolar mas não

necessariamente da mesma maneira” (Meirieu,sd.)

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A escola e os seus desafios: compreender o insucesso

As famílias de teorias explicativas

O aluno (não) tem ou é…

O meio social e/ou a família (não) tem ou é…

Alunos com grandes dificuldades têm mais êxito numas

escolas do que noutras, ou mesmo em diferentes fases da

sua vida escolar.

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Percurso dos alunos: um olhar integrado

Participação:

a organização pedagógica

Percursos

dos alunos

pedagógica

Aprendizagens:

Que resultados?

Acesso: estrutura e

organização

Participação e aprendizagens: diferenciação e

apoio às dificuldades

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Assegurar o percurso dos alunos: níveis de acção

Administração central e local

Comunidade:relações e rede de serviços

O currículoPolíticas de progressão/avaliação dos alunosAutonomia das escolas

Dimensão organizacional

central e local

Dimensão Pedagógica

Autonomia das escolas

Gestão da vida escolar (turmas; PCT; organização do trabalho dos alunos; avaliação DA e PA ; apoios; ligação ao mundo do trabalho….

Estabelecimento

Dimensão Pedagógica

Dimensão das Práticas

Resultados Escolares(Dever)

Estratégias de

diferenciação em sala de

aula

Avaliação PA

Evitar a cultura de

constatação

Evitar a não inscrição

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A avaliação na Escola Pública : importância e papel

o currículo prescrito

a matriz organizacional local

o valor dominante

a classe/turma a avaliação/examea avaliação/exame a norma

o instrumento de sustentação(Pinto, 2002)

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A avaliação: complexidade e movimento

Contexto

social

De uma prática sumativa a uma prática

De uma escola meritocráticaa uma escola democrática

Conceito

Prática

Atitude no contexto

social

Do conceito de medida

uma prática formativa

democrática

Atitude no contexto educacional

medidaao conceito de tomada de decisão

De uma postura profissional de fiscalização a uma postura de mediador

(Pinto & Santos, 2006)

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Avaliação: os desejos, as práticas e as lógicas institucionais

• Alguns estudos mostram haver uma contradição entre as concepções, mais próximas de uma avaliação formativa e as práticas estarem mais próximas de uma avaliação sumativa (Barreira & Pinto, estarem mais próximas de uma avaliação sumativa (Barreira & Pinto, 2006 ; Fernandes, 2009)

• Este facto mostra a prevalência da lógica institucional: toda a avaliação segue um modelo próximo do exame/prova, que no final do ano conduz à retenção ou à progressão.

•A retenção/progressão (consequência) confunde-se com aprendizagem /não aprendizagem (acção/objectivo)

• A progressão assume-se, deste modo, como um garante das aprendizagens e a retenção como o seu contrário

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Há hoje estudos que sustentam um conjunto de evidências que mostram a

inutilidade da retenção, encarada como medida “pedagógica” e que contrariam

mesmo algumas das ideias de “senso comum” que fazem parte dos discursos

Retenção e aprendizagem: que relações ?

sobre avaliação (HCéé, 2004).

Estes estudos mostram que a retenção:

• Não é uma segunda oportunidade para os alunos• Não é eficaz do ponto de vista do progresso dos alunos•Afecta negativamente a motivação e os comportamentos dosalunosalunos•É um processo gerador de desigualdades.• A retenção é um obstáculo ao desenvolvimento do sistemaeducativo

É indispensável haver uma política nacional relativamente à retenção

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Avaliação: uma acção dirigida para um fim

Avaliação das aprendizagens Avaliação para as aprendizagens

Acontece após aprendizagem É parte integrante do processo de aprendizagemaprendizagem

Informação recolhida pelo docente

Informação partilhada com aluno

Informação usualmente dada como classificação

Informação quanto à qualidade da aprendizagem

Comparação com desempenho Comparação com os objectivos a de outros alunos alcançar

Reflecte uma aprendizagem passada

Define a próxima etapa de aprendizagem

(Black et al., 2003)

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A sala de aula: contexto privilegiado na avaliação para aprendizagem

Actividade(S): ferramentas de mediação

Representação da actividade

(Orientação)

Tarefa Realizada

(Finalização)

Acção do sujeito

(Execução)

Feedback (oral ou escrito)

Auto avaliação (Projecto AREACIE, FC/UL)

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Um percurso…

UM CASO EM ESTUDO

Um percurso…

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Um caso num agrupamento de escolas na zona de Setúbal

Percurso Alternativo: Percurso Alternativo:

• 2008/2009 - 16 alunos: 12 rapazes e 4 raparigas; com idades entre os 11anos e os 15 anos (14 com pelo menos 1 retenção, destes 2 com 6 e 7 retenções); Alunos referenciados com NEE vindos de diferentes escolas do 1º ciclo

• Conselho de turma: 6 Professores, equipa comprometida com o projecto, trabalha de forma colaborativa

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Aspectos relevantes do diagnóstico do 1º período de 2008/09

• Aquisições básicas pouco evidentes ou de domínio pouco consolidado especialmente ao nível da Língua Portuguesaconsolidado especialmente ao nível da Língua Portuguesa

• Muito pouca capacidade de organização para o trabalho de aprendizagem

• Grupo/turma como um somatório de indivíduos• Grupo/turma como um somatório de indivíduos

• Dificuldade em definir e cumprir regras….

• Famílias pouco comprometidas com a escola

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Organização curricular 5º e 6º anos

Disciplinas Oficinas Projectos

Matemática Arte e NaturezaTA:Trabalho de ProjectoPIT

Ciências da Natureza

EVT PIT

Projecto(s)(Relação com a comunidade em particular com as famílias)

EVT

EVT De letrasTA:Trabalho de ProjectoPIT

Língua Portuguesa

História e Geografia de Portugal

L. Estrangeira: Inglês

Musica Expressões e criatividadeMusica Expressões e criatividadeTA:Trabalho de ProjectoPIT

Educação Física

Formação Cívica

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Instrumentos de mediaçãoPlaneamento do trabalho de Projecto 08/09

Os animais

Comenicação de visualComentar, desenhar ou escrever sobre uma pintura com a temática sobre os animaisPinturas e paisagens

Teatro de fantoches sobre animaisDesenho de abstrassão dos animais da nossa terra Pinturas e paisagens

Realizar pinturas, esculturas, maquetes e outras produções plásticas relacionadas com a natureza

da nossa terraEscrevermos o BI dos animais Construir os animais e fantochesRealizar os cenáriosEnsaiar o teatro

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Instrumentos de mediação Plano Individual de Trabalho 08/09

Falta pintar o urso

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Instrumentos de mediaçãoLista de Verificação do Plano Individual de trabalho

Quase correcto

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Alguns projectos realizados em 2008/09

Produtos culturais 2008-2009: • estufim, • decoração com floreiras, • decoração com floreiras, • árvore de Natal, • atelier pré escolar,• filme de animação,

•exposições

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Percurso alternativo: 09/10

• No final do ano ficaram retidos 3 e 1 excluído por faltas.

• A assiduidade muito irregular foi o motivo forte para 3 retenções• A assiduidade muito irregular foi o motivo forte para 3 retenções

• Os retidos foram alunos com mais anos de retenção

• Os retidos que frequentam a escola (2) têm tutorias com os professores de 2008/09

• Em 2009/2010 - 12 alunos, 9 rapazes e 3 raparigas. Idades entre 12 e 13 anos

• 7 Professores (os mesmos de 08/09+ 1)

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Planeamento do Trabalho de Projecto 09/10

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Planeamento das comunicações de alguns trabalhos de projecto 09/10

Prepararam o Power PointDividiram os diapositivos pelos colegasO R. sugeriu que fizessem animaçõesO P. refere que ouviu mal mas ao ler os diapositivos percebeu tudo O L. disse que estava nervoso

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Actividades que me proponho a realizar nos tempos do Plano Individual de Trabalho/

Trabalho Autónomo:

Disciplinas Assuntos Nº act. 12/01 Total

Língu

a Portu

guesa

Leitura e interpretação de

Plano Individual de Trabalho 09/10

Língu

a Portu

guesa

Leitura e interpretação de

texto

Produção de textos

Ditados/ cópias

Funcionamento da língua

Fichas de trabalhoFichas de trabalho

Língu

a Inglesa

Reading and comprehension

Vocabulary

Grammar

Building sentences/ text

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Avalio o cumprimento do plano para o período de tempo estabelecido:

Auto-avaliação

Cumpri o trabalho que me propus fazer? Senão porquê?

Avaliação do plano Individual de trabalho 09/10

Qual a minha opinião sobre esta forma de trabalhar?

Onde posso melhorar no próximo plano?

As minhas sugestões?

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Primeiras conclusões

• Há um forte investimento na auto-avaliação como instrumento para a organização do trabalho, confronto com o proposto, reflexão sobre as aprendizagens e identificação das dificuldades

• Há uma informação sistematizada pelo professor centrada no desenvolvimento das tarefasdesenvolvimento das tarefas

• Esta opção permite uma interacção mais dirigida para o aluno e para as suas realizações e para as suas dificuldades.

• O desenvolvimento de práticas de avaliação para as aprendizagens não é uma tarefa simples: implica olhar e analisar de forma permanente os instrumentos utilizados bem com os discursos avaliativos

• Este é um processo de aprendizagem tanto para o professor • Este é um processo de aprendizagem tanto para o professor como para os alunos

• É ainda notória a contradição na prática institucional entre uma avaliação das aprendizagens e uma avaliação para as aprendizagens

• Os alunos também são resistentes à auto-avaliação “regulada”

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Questões em aberto

• Como caminhar em contexto institucional, efectivamente, para uma avaliação predominantemente orientada para as aprendizagens ?aprendizagens ?

• Como é usar de forma integrada a avaliação para a aprendizagem e a avaliação das aprendizagem ?

• Como estudar investigar as práticas de avaliação de uma • Como estudar investigar as práticas de avaliação de uma forma frutuosa?

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Jorge Pinto

[email protected]@ese.ips.pt

Fevereiro, 2010