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28/03/2019 Extintas... e renascidas. Espécies que se julgavam perdidas mas não estão https://www.dn.pt/vida-e-futuro/interior/extintas-e-renascidas-especies-que-se-julgavam-perdidas-mas-nao-estao-10609975.html?fbclid=IwAR3TluLKOMATd… 1/10 Filomena Naves 28 Fevereiro 2019 — 16:35 A maior abelha do mundo, a Megachile pluto, que foi identificada pela primeira vez em 1858 pelo naturalista britânico Alfred Wallace, na ilha de Bacan, na Indonésia, estava desaparecida há 38 anos, mas um feliz acaso levou uma equipa de biólogos ao seu encontro, numa outra ilha do arquipélago. Foi esta semana. Poucos dias antes, a tartarugagigante Chelonoidis phantasticus, conhecida pelo nome comum de tartarugadailhanórdica, que já ninguém via há um século, voltou a aparecer. Estava na ilha Fernandina, território do Equador. E um felino do Quénia uma panteranegra , que se julgava extinto, foi captado, a vaguear na savana, por uma câmara fotográfica automática, depois de ter andado cem anos arredado do olhar humano. Extintos? Afinal não, e estes até nem são fenómenos assim tão raros. JN DN TSF Dinheiro Vivo V Digital Plataforma O Jogo Motor 24 Men's Health Women's Health Evasões Volta ao Mundo NM N-TV Delas CLASSIFICADOS ASSINAR DN PREMIUM PREMIUM Extintas... e renascidas. Espécies que se julgavam perdidas mas não estão BIODIVERSIDADE Três espécies que não eram avistadas há muitas dezenas de anos reapareceram nesta semana. Não são casos únicos. Os biólogos conhecem bem o fenómeno. MENU 22

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Filomena Naves28 Fevereiro 2019 — 16:35

A maior abelha do mundo, a Megachile pluto, que foi identificadapela primeira vez em 1858 pelo naturalista britânico Alfred

Wallace, na ilha de Bacan, na Indonésia, estava desaparecida há 38anos, mas um feliz acaso levou uma equipa de biólogos ao seuencontro, numa outra ilha do arquipélago. Foi esta semana. Poucosdias antes, a tartarugagigante Chelonoidis phantasticus, conhecidapelo nome comum de tartarugadailhanórdica, que já ninguém viahá um século, voltou a aparecer. Estava na ilha Fernandina, territóriodo Equador. E um felino do Quénia  uma panteranegra , que sejulgava extinto, foi captado, a vaguear na savana, por uma câmarafotográfica automática, depois de ter andado cem anos arredado doolhar humano. Extintos? Afinal não, e estes até nem são fenómenosassim tão raros.

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Extintas... e renascidas.Espécies que se julgavamperdidas mas não estão

BIODIVERSIDADE

Três espécies que não eram avistadas há muitas dezenas de anosreapareceram nesta semana. Não são casos únicos. Os biólogos

conhecem bem o fenómeno.

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No dia 13 de fevereiro Will BurrardLucas fez história ao tornar públicas as primeirasfotografias do raro animal selvagem em mais de cem anos © © BurrardLucas Photography

Basta olhar para os mamíferos. "Mais de um terço das espécies demamíferos que foram classificadas como extintas, possivelmenteextintas ou desaparecidas, foram redescobertas", contam osbiólogos César Garcia e Cristiane Bastos Silveira, do MuseuNacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC), daUniversidade de Lisboa. E há um mundo de motivos para que assimseja.

Todos estes casos "são ótimas notícias", resumem os doisespecialistas, explicando que são vários os fatores que, emconjunto, contribuem para estes ressurgimentos felizes, de espéciesque se julgavam perdidas.

Um deles prendese, desde logo, com "uma maior sensibilidadeambiental das populações nos diversos países" e, porconsequência, por uma maior atenção das pessoas para com anatureza. Por outro lado, "há cada vez mais um fenómeno muitointeressante à escala global, que são os naturalistas amadores,muitas vezes entusiastas da fotografia, ou da simples observação,na generalidade pessoas apaixonadas pela biodiversidade, pelocampo e pelo seu conhecimento, e que são uma enorme ajuda paraos profissionais", sublinham César Garcia e Cristiane Silveira. Emalguns destes casos, é mesmo pela mão desses naturalistas efotógrafos amadores que algumas das espécies que se pensavaestarem extintas reaparecem aos olhos humanos.

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A maior abelha do mundo reapareceu, 38 anos depois, numa ilha da Indonésia

Mas pode ter havido também erros de diagnóstico à partida. "Umestudo recente concluiu que o erro é maior quando as espécies têmuma grande distribuição espacial", notam os biólogos do MUHNAC,sublinhando que, nestes casos, "a extinção é atribuída à perda oufragmentação do habitat", uma tendência que "se intensificou noséculo XX".

A natureza a perder terreno

É óbvio que há problemas a montante, que ditam em primeiro lugaro desaparecimento de animais e plantas, senão de vez, pelo menosde extensas regiões onde anteriormente até podiam serabundantes.

A destruição e fragmentação dos ecossistemas ditadas pelapresença humana e pelas suas atividades, ou as doenças causadaspor novos fungos ou vírus emergentes mais agressivos, quedizimam algumas espécies e grupos  o caso dos anfíbios, com3300 espécies em declínio rápido e 1875 ameaçadas, no conjuntodas 6674 conhecidas, é paradigmático , são as principais ameaçasque pairam sobre a biodiversidade. Os estudos sobre a perdaacelerada de espécies sucedemse há anos a bom ritmo e algunscientistas falam mesmo de uma extinção em massa em curso, o quetorna este outro fenómeno ainda mais importante e positivo.

César Garcia, que é especialista em plantas e também investigadordo Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C)da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL),conhece bem a sensação de dar com uma espécie que estava dada

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como extinta em Portugal. Foi em 2010, numa linha de água doDouro. Lá estava ela, uma planta aquática chamada Porellapinnatta, encontrada pela primeira vez 80 anos depois de ter sidoobservada e "recolhida no rio Coura, em Fomariz, por AntónioMachado, filho do antigo presidente da República Bernardino LuísMachado Guimarães".

Porella pinnatta © D.R.

O seu grupo está, por isso, a tentar agora localizar outras espéciesque também não são observadas há um século, ou mais, desde1908, 1917 ou 1920, por exemplo. "É fundamental", diz CésarGarcia, existir "o registo histórico, a georreferenciação e o espécimenuma coleção profissional" que "será muito útil" no futuro para oconhecimento da biodiversidade atual.

Tecnicamente, uma espécie considerase extinta após odesaparecimento do seu último indivíduo e é a União Internacionalpara a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla de língua inglesa)a entidade a quem cabe fazer essa avaliação. Mas uma situação"nem sempre é fácil de determinar", lembra o biólogo Gonçalo M.GonçaloRosa, especialista em anfíbios e investigador do CE3C, daUniversidade de Lisboa, e do Instituto de Zoologia, no Reino Unido.Estes casos de reaparecimento são a melhor demonstração dissomesmo.

Na sua experiência de trabalho no terreno, nomeadamente noPanamá, Gonçalo Rosa também viveu em primeira mão oGonçaloressurgimento de espécies que estavam dadas como

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desaparecidas, no caso, depois de uma epidemia provocada por umfungo ter levado ao colapso generalizado das populações deanfíbios no país, nos anos de 1990.

Houve espécies "que, simplesmente, deixaram de se encontrar e,passados todos estes anos todos, algumas não recuperaram, ouforam, talvez, perdidas", diz. Mas nessa razia, há pelo menos doiscasos felizes que já se podem confirmar. Um deles é o da rãfoguetecomum (Colostethus panamansis), "que foi observada pelaprimeira vez em 2013, em El Copé, depois de sete anos sem se tervisto um único indivíduo", e que hoje "já apresenta númerospróximos daqueles encontrados antes do declínio", conta o biólogo.

A rãarlequimvariável, do Panamá, foi dizimada por um fungo. Durante 10 anos não foi vista,mas já reapareceu © Gonçalo M.RosaGonçalo

O outro é o da rãarlequimvariável (Atelopus varius), quedesapareceu na mesma altura, e da qual, dez anos depois, já sevão encontrando alguns indivíduos. "São poucos, bastante longedos números que já foram", mas isso "mostra que a espécie não seextinguiu, como se pensava, e que pode sobreviver, embora comuma forte pressão extra causada pela perda de habitat".

Cada espécie é uma caso face às circunstâncias. Porquereaparecem algumas, e outras não? Que perdas nos habitatspodem ser irreversíveis para umas e não para outras? E o que épreciso estudar para responder de forma útil à conservação dasdiferentes espécies?

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"Essas são perguntas a que estou a tentar responder", diz GonçaloGonçaloM. Rosa. Disso dependerá uma intervenção mais ajustada à suaconservação.

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Nuno MiraA sério ? Uma pantera negra é um leopardo com melanismo....extinção ?

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