PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR ......diestro do ciclo estral em dez novilhas...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR DURANTE O CICLO ESTRAL EM NOVILHA NELORE Lorenna Cardoso Rezende Orientador: Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho GOIÂNIA 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR DURANTE O CICLO ESTRAL EM NOVILHA NELORE

Lorenna Cardoso Rezende

Orientador: Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho

GOIÂNIA 2006

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LORENNA CARDOSO REZENDE

PERFIL CITOLÓGICO VAGINAL E DINÂMICA FOLICULAR DURANTE O CICLO ESTRAL EM NOVILHA NELORE

Dissertação

apresentada para obtenção do

grau de Mestre em Ciência

Animal junto à Escola de

Veterinária da Universidade

Federal de Goiás

Área de Concentração: Produção Animal

Orientador:

Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho

Comitê de Orientação: Profª. Drª. Maria Lúcia Gambarini

Meirinhos

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GOIÂNIA 2006

LORENNA CARDOSO REZENDE

Dissertação defendida e aprovada em 03 de Março de 2006, pela

seguinte Banca Examinadora:

____________________________________________________________________

Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho - UFG

Presidente da Banca

___________________________________________________

Prof. Dr. Reginaldo Nassar Ferreira - UFG

___________________________________________________

Drª. Claudia Maria Bertan Membrive - USP

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AGRADECIMENTOS

À querida Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás,

minha segunda casa, a qual me acolhe com tanto carinho e que me ensina a ser

uma cientista.

Aos professores Benedito Dias de Oliveira Filho e Maria Lúcia

Gambarini Meirinhos pela orientação e confiança na elaboração desta

dissertação.

À coordenação do Programa de Pós-Graduação pelo incentivo e

oportunidade para a realização deste curso.

Ao Dr. Carlos Fernando Marins Rodrigues pelo treinamento da técnica

de ultra-sonografia para o desenvolvimento do presente trabalho.

Ao proprietário da Fazenda Tarumã, Sr. Julio Roberto de Macedo Bernardes, pela amizade e disponibilidade dos animais para este estudo e a todos os funcionários da fazenda, em especial ao Sr. Marcolino e à Srª. Maria, que me acolheu com bastante zelo, proporcionando um ambiente agradável de trabalho na colheita dos dados.

Aos demais professores e colegas da Escola de Veterinária pelos

enriquecedores debates no decorrer de todo o curso, mormente, para o

desenvolvimento do presente estudo.

Ao professor Gustavo Eduardo Freneau pelo incentivo para o ingresso

no meio científico.

A amiga e companheira Daniela Nasciutti pela imensa colaboração no

estabelecimento da rotina de colheita, tanto no pré-experimento quanto no

experimento a campo.

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A todos os funcionários da Escola de Veterinária da Universidade

Federal de Goiás, em especial aos senhores José e Romildo, os quais auxiliaram

muito no pré-experimento.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), pela concessão da Bolsa

de Mestrado para a realização deste projeto.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente na realização desta

dissertação, meus sinceros agradecimentos.

A Deus, em primeiro lugar, que

nos dá a força necessária para

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continuarmos a caminhada em busca

de serenidade e paz de espírito.

Aos meus queridos pais e irmãos pela paciência e, sobretudo, pelo apoio

prestado nos momentos mais difíceis.

Plantar o bem, através de tudo e

de todos, por todos os meios lícitos ao

nosso alcance, compreendendo que, se

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em matéria de colheita Deus pede

tempo ao homem, o homem deve

entregar o tempo a Deus.

Chico Xavier

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................................. VIII

LISTA DE FIGURAS............................................................................................. IX

RESUMO............................................................................................................. X

ABSTRACT.......................................................................................................... XI

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 3

2.1 Bases fisiológicas do ciclo estral.................................................................... 3

2.1.1 Aspectos endócrinos.................................................................................... 3

2.1.2 Dinâmica folicular......................................................................................... 4

2.1.2.1 Ondas de crescimento folicular................................................................. 6

2.2 Estrutura celular básica do epitélio................................................................. 9

2.2.1 Histologia do epitélio vaginal....................................................................... 10

2.2.2 Citologia vaginal........................................................................................... 12

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 14

3.1 Local e Período experimental......................................................................... 14

3.2 Animais e Instalações..................................................................................... 14

3.3 Exame ultra-sonográfico................................................................................. 15

3.4 Exame citológico............................................................................................. 16

3.5 Delineamento experimental............................................................................ 17

4 RESULTADOS................................................................................................... 17

4.1 Dinâmica folicular............................................................................................ 17

4.2 Citologia vaginal.............................................................................................. 21

5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 29

6 ANEXOS............................................................................................................ 30

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REFERÊNCIAS .................................................................................................... 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características foliculares (médias) e do corpo lúteo durante o ciclo estral em fêmeas bovinas com duas e três ondas de crescimento folicular.................................................................. 8

Tabela 2 Variação da duração do ciclo estral em dias (DC) e comprimento de onda em dias observados durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares determinada por ultra-sonografia retal.......................................................................... 18

Tabela 3 Comparação das características foliculares (média ± DP) observadas durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares....... 20

Tabela 4 Porcentagem (média ± DP) de células epiteliais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, metade inicial do diestro (I) e metade final do diestro (II) em dez novilhas Nelore......................................................................................... 23

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Esquema do epitélio vaginal estratificado não queratinizado (GOMPEL & KOSS, 1997)......................................................... 10

Figura 2 Padrão de crescimento médio do folículo dominante durante o ciclo estral de novilhas da raça Nelore com duas (n= 8; A) e três (n= 2; B) ondas foliculares determinado diariamente por ultra-sonografia retal.................................................................. 19

Figura 3 Células de descamação do epitélio vaginal: basal (A); parabasal (B); Intermediária jovem(C); intermediária velha(D), superficial nucleada (E) e superficial anucleada (F).................. 22

Figura 4 Porcentagem média de células superficiais anucleadas e nucleadas observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel).............................................. 24

Figura 5 Porcentagem média de células intermediárias velhas e jovens observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)............. 24

Figura 6 Porcentagem média de células parabasais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)............................. 25

Figura 7 Porcentagem média e desvio padrão das células epiteliais (superficial, intermediária e parabasal) no esfregaço vaginal de dez novilhas Nelore durante diferentes dias do ciclo estral........................................................................................... 26

Figura 8 Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares.................................. 27

Figura 9 Porcentagem média e desvio padrão das células superficiais e intermediárias observadas diariamente em dez novilhas Nelore......................................................................................... 28

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Figura 10 Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares.................................. 30

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi verificar as variações no perfil de

descamação do epitélio vaginal associando-as com a dinâmica folicular ovariana

de dez novilhas Nelore púberes (2,5 a 3 anos). A partir do estro natural,

considerando-se o estro como Dia 0, os ovários foram examinados diariamente

por ultra-sonografia, e foram colhidas amostras citológicas da região do fundo de

saco vaginal. As estruturas observadas nos ovários foram desenhadas em

diagramas e o material celular obtido depositados em lâminas de vidro, fixado e

corado pelo método rápido Panótico. De acordo com as variações morfológicas

observadas as células foram classificadas em basais, parabasais, intermediárias

jovens e velhas, superficiais nucleadas e anucleadas. A duração média do

período interovulatório foi 19,10±1,10 dias, e o diâmetro médio do folículo

ovulatório foi 10,70±1,36 mm. Houve predominância de duas ondas foliculares

(80%), sendo que a emergência folicular ocorreu nos dias 1,6 e 11,0 ou nos dias

0,5, 8,5 e 15,5 para animais com duas ou três ondas, respectivamente. A taxa de

crescimento do folículo ovulatório foi maior para as novilhas que apresentaram

três ondas em relação àquelas com duas (1,31 ± 0,30 e 0,72 ± 0,21 mm/dia,

respectivamente). O número de células superficiais anucleadas variou pouco no

decorrer do ciclo, mas a quantidade de células superficiais nucleadas decresceu

até a metade do ciclo, quando se mostrou novamente elevada. O perfil das

células intermediárias jovens e velhas variou de maneira sincronizada, notando-se

tendência de elevação gradual no número de células parabasais no decorrer do

ciclo estral.

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Palavras-chave: citologia vaginal, ciclo estral, dinâmica folicular, novilha, Nelore.

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ABSTRACT The objective of the present study was to verify the variations in the profile of vaginal epithelial cells and the association with ovarian follicular dynamics of 10 pubertal Nelore heifers (2, 5 to 3 years old). The day of natural estrus was considered Day 0, when the ovaries were examined daily by ultrasound, and samples of epithelial cells from the region between cervix and end of the vagina. The structures observed in the ovaries were drawn in diagrams and the obtained smears were stained using a fast staining method. The cells were classified in basal, parabasal, intermediate (young and old), and superficial cells with or without nuclei. Mean interovulatory length was 19,10±1,10 days, and mean diameter of ovulate follicle was 10,70±1,36 mm. There was predominance of two follicular growth waves (80%); follicular emergence was verified on Day 1,6 and 11,0 (two waves) or on Day 0,5, 8,5 and 15,5 (three waves). The growth rate of ovulatory follicle was greater for heifers showing three waves in relation to those with two (1,31 ± 0,30 and 0,72 ± 0,21 mm⁄ day, respectively). The variation of the number of superficial cells without nuclei was not significant during the cycle, but the amount of superficial cells with nuclei decreased from Day 0 until middle cycle, when the number of these cells began to increase. The profile of young and old intermediate cells varied in a synchronized way, showing tendency to a gradual increase in the number of parabasal cells during the cycle. Keywords: vaginal cytology, estrous cycle, follicular dynamics, heifer, Nelore.

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1 INTRODUÇÃO

O moderno sistema de exploração pecuária exige que a propriedade

rural opere com máxima rentabilidade. Portanto, a eficiência reprodutiva do

rebanho é um componente de suma importância para o desempenho econômico-

lucrativo.

No Brasil, a raça Nelore adaptou-se bem ao clima tropical e subtropical,

sendo a mais explorada, apesar do rebanho nacional ainda apresentar baixos

índices de fertilidade. Daí a relevância do estudo sobre as particularidades

reprodutivas desta raça, visando a obtenção de resultados adequados no

emprego de biotecnologias.

Apesar de toda evolução que ocorreu no campo da reprodução animal,

especialmente na área de biotecnologias, as falhas na concepção e manutenção

da gestação continuam trazendo prejuízos aos sistemas de produção. Portanto, o

desenvolvimento de outros estudos se faz necessário para ampliar o

conhecimento sobre a fisiologia reprodutiva e, assim, possibilitar alto grau de

sincronização, elevada taxa de prenhez e vantajosa relação custo/benefício.

As novilhas merecem grande atenção, porque serão as futuras

matrizes do rebanho. Portanto, o melhor entendimento da fisiologia reprodutiva

desta categoria, possibilita a aplicação de manejo reprodutivo adequado, com o

objetivo de antecipar o seu início produtivo.

O ciclo estral das fêmeas bovinas é regulado pelo sistema neuro-

endócrino, que conduz a mudanças fisiológicas nos órgãos reprodutivos,

tornando-os passíveis de serem visualizados tanto pelo exame clínico como pelas

avaliações laboratorial e ultra-sonográfica.

O exame clínico baseia-se na observação comportamental do animal e

na palpação retal dos órgãos reprodutivos. Por sua vez, a avaliação laboratorial,

pode ser realizada por meio da citologia esfoliativa vaginal, que é um sensível

indicador das mudanças no ciclo estral em muitas espécies. Em alguns casos,

estas mudanças podem ser usadas como diagnóstico auxiliar confiável para

determinar o estágio do ciclo estral e o período ótimo para a cobertura ou

inseminação artificial, sendo esta técnica de fácil aplicabilidade, baixo custo e

resultados rápidos.

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As informações sobre a dinâmica folicular obtidas por exames

ultrasonográficos, permitem pressupor a atividade hormonal tanto pela presença

do corpo lúteo, o qual é indicativo da produção de progesterona, bem como a

dominância do maior folículo, que indica a secreção de estrógeno.

Considerando que na literatura consultada sobre citologia vaginal,

encontrou-se artigos publicados há algum tempo, principalmente com a espécie

bovina, procurou-se associar esta técnica com a dinâmica folicular no decorrer do

ciclo estral, para verificar se as ondas foliculares interferem na descamação do

epitélio vaginal. Desta forma, busca-se mais uma ferramenta de avaliação do ciclo

estral, com o interesse de viabilizar o controle reprodutivo, o tempo ótimo para

inseminação artificial e prescrever um protocolo reprodutivo mais adequado para

este animal, além de identificar possíveis distúrbios hormonais.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 BASES FISIOLÓGICAS DO CICLO ESTRAL

Os bovinos são animais poliéstricos anuais. O período compreendido

entre dois episódios de estro é denominado ciclo estral. Em fêmeas bovinas, o

ciclo estral varia de 17 a 25 dias (SIROIS & FORTUNE, 1988), com intervalos

médios de 20 dias para novilhas e 22 dias para vacas (MCDONALD, 1989).

De acordo com as modificações ovarianas e uterinas decorrentes da

ação, tanto dos hormônios gonadotróficos como esteróides pode-se dividir o ciclo

estral da vaca em quatro fases distintas. O proestro dura cerca de dois dias e o

estro de 14 a 18 horas em vacas taurinas, enquanto em zebuínas a duração

média é ao redor de 11 horas (BARROS et al., 1995). O metaestro tem duração

de aproximadamente três dias e o diestro de dez a dezoito dias (HAFEZ, 1995).

2.1.1 Aspectos endócrinos BÓ et al. (2000), considerando a ação hormonal, dividiram o ciclo estral

bovino em três fases: folicular, periovulatória e luteal. A fase folicular ou de

regressão luteal começa com a luteólise, quando as concentrações sanguíneas

de progesterona decaem abruptamente, permitindo o aumento da freqüência dos

pulsos do hormônio luteinizante (LH), que estimula o desenvolvimento do folículo

dominante. Este folículo completará seu crescimento e produzirá altas

quantidades de estradiol para promover o comportamento de estro e induzir o

pico pré-ovulatório de LH, iniciando-se então a fase periovulatória.

O crescimento folicular envolve a indução da produção hormonal,

proliferação e diferenciação das células granulosas e da teca, proporcionando o

aumento da habilidade dos folículos em produzir estradiol e responder às

gonadotrofinas. A produção de estradiol resulta da atividade esteroidogênica

coordenada das células da teca interna e da granulosa, sendo que as células

tecais secretam principalmente androstenediona, enquanto as da camada

granulosa convertem a androstenediona em estradiol devido à intensa

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aromatização. A diferenciação adequada das células da granulosa é

indispensável para a ovulação e sobretudo para a formação do corpo lúteo (CL)

(HAFEZ, 1995).

Para a maturação e diferenciação das células da granulosa do folículo

ovariano, os hormônios gonadotrópicos folículo estimulante (FSH) e hormônio

luteinizante (LH) são essenciais. Entretanto, a concentração de receptores

gonadotrópicos varia com a natureza do estímulo hormonal, com a fase do ciclo

estral e do desenvolvimento folicular (NASCIMENTO & SANTOS, 2003).

Com relação ao FSH, além de induzir o aparecimento de seus próprios

receptores nas células tecais, também induz o aparecimento de receptores para o

LH nas células granulosas. O LH, por outro lado, diminui o número de receptores

para FSH na granulosa, especialmente durante a onda pré-ovulatória de LH. Essa

modificação nos receptores é necessária para que a granulosa possa secretar

estrogênio na fase folicular ou progesterona na fase luteínica do ciclo estral

(STABENFELDT & EDQVIST, 1996).

Segundo BÓ et al. (2000), as funções principais do LH são a

estimulação da maturação final do folículo dominante, a ativação do oócito para

que reinicie a meiose (encontra-se parado na fase de prófase I) e a ovulação com

posterior luteinização das células da granulosa e da teca, dando início à fase lútea

com a formação do CL. O CL é uma glândula secretória transitória que produz

principalmente progesterona, a qual é essencial para a ciclicidade normal e

depois da concepção é o principal hormônio que mantêm a gestação.

A prostaglandina F2α é o hormônio luteolítico uterino em várias

espécies de mamíferos, que controla a vida útil do corpo lúteo, ou seja, regula a

extensão do ciclo (HAFEZ, 1995). O principal sinal hormonal que leva à liberação

de prostaglandina em quantidades luteolíticas é o estradiol proveniente dos

folículos ovarianos (BARROS et al., 1995).

2.1.2 Dinâmica folicular

A dinâmica folicular é um processo contínuo de crescimento e

regressão dos folículos, que leva ao desenvolvimento do folículo pré-ovulatório

(LUCY et al., 1992). Sinais endócrinos, parácrinos (entre folículos) e autócrinos

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(dentro do folículo) provavelmente estão envolvidos em tal processo

(DRIANCOURT, 1991).

De acordo com SPICER & ECHTERNKAMP (1986) a foliculogênese

pode ser definida como a formação de folículos pré-ovulatórios a partir de um

grupo de folículos primordiais. DRIANCOURT (1991) dividiu este processo em

duas partes: a foliculogênese basal, que não requer estímulo gonadotrópico, e a

foliculogênese tônica, que ocorre sob a influência de gonadotrofinas. Durante a

foliculogênese um grupo de folículos pré-antrais em crescimento torna-se

responsivo e dependente de gonadotrofinas, especialmente ao FSH, para seu

contínuo crescimento e diferenciação, entretanto, muitos destes folículos sofrem

atresia (IRELAND, 1987).

Durante o desenvolvimento folicular, grupos de folículos são

recrutados, selecionados e alcançam a dominância folicular podendo ovular ou

tornar-se atrésico (FORTUNE, 1994). O recrutamento é a fase na qual um grupo

de folículos começa a maturar mediante estimulação gonadotrópica; somente os

folículos responsivos às gonadotrofinas serão recrutados (DRIANCOURT, 2001).

A seleção é a fase em que um único folículo é selecionado e escapa da atresia,

tornando-se competente para ovular. O folículo selecionado passa a ser LH-

dependente. A dominância é o processo pelo qual, o folículo selecionado dito

dominante, inibe o recrutamento de um novo grupo de folículos, em fêmeas Bos

taurus taurus, considera-se um folículo dominante com diâmetro > 10 mm (LUCY

et al., 1992).

Para melhor entendimento da dinâmica folicular faz-se necessário

compreender a atuação dos hormônios durante o ciclo estral. Primeiramente o

FSH circulante é suprimido pela retroalimentação negativa dos produtos dos

folículos em crescimento (principalmente estradiol e inibina), prevenindo a

emergência de nova onda. O aumento do FSH permite o crescimento folicular

suficiente para que alguns folículos adquiram a capacidade de responder ao LH.

No mesmo tempo que o perfil de crescimento do folículo dominante e

subordinados começam a se diferenciar (momento da seleção), o FSH declina

rapidamente (ao redor do segundo dia da emergência da onda). O folículo

destinado a ser dominante aparentemente tem maior número de receptores de

LH, vantagem competitiva sobre os outros folículos destinados a serem

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subordinados, o que lhe permite continuar o desenvolvimento sem o FSH. A

contínua supressão do LH, como conseqüência da secreção de progesterona da

fase luteal, leva o folículo dominante a deter suas funções metabólicas

começando o processo de regressão. Este cessa a secreção dos produtos

foliculares (estrógeno e inibina) produzindo aumento de FSH, que será o fator

responsável pelo começo da emergência da próxima onda folicular, repetindo-se

o ciclo. Por último, a supressão da progesterona permite o incremento da

freqüência dos pulsos de LH, um maior crescimento do folículo dominante e

concentrações muito elevadas de estradiol, que induz finalmente o pico de LH,

que é seguido pela ovulação (BÓ et al, 2000).

2.1.2.1 Ondas de crescimento folicular

Desde a segunda semana de vida ocorre o crescimento de folículos

ovarianos na forma de ondas foliculares como em vacas adultas, sendo a idade

média para a primeira ovulação de 52,8 ± 1,6 semanas (EVANS et al., 1994).

Com o passar do tempo o diâmetro do folículo dominante aumenta de (8,5 para

12 mm), a dominância torna-se mais pronunciada com a diferença de tamanho

entre o folículo dominante e o maior folículo subordinado, aumentando de 2 para

5 mm; entretanto, as taxas de crescimento e regressão permanecem inalteradas

(DRIANCOURT, 2001).

Durante o ciclo estral podem ocorrer de uma a cinco ondas de

crescimento folicular, ocorrendo diferenças em animais de uma mesma raça e em

um mesmo animal de um ciclo para o outro. Porém, a maioria dos animais

apresenta duas a três ondas, sendo a última onda a que origina o folículo

ovulatório (PIERSON & GINTHER, 1988; SAVIO et al., 1988; SIROIS &

FORTUNE, 1988; KNOPF et al., 1989; FIGUEIREDO et al., 1997). Segundo

DRIANCOURT (2001), não está claro se a raça ou idade específica pode predizer

a presença de duas ou três ondas no ciclo estral.

Em bovinos caracterizou-se a emergência de uma onda folicular pela

identificação de folículo com aproximadamente 4-5 mm de diâmetro e um grupo

de folículos menores que 3 mm. Neste momento as concentrações de FSH

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atingiram seu pico ou platô. O aumento na concentração sangüínea de FSH

estimula a ocorrência de ondas de crescimento folicular em vários estágios

reprodutivos e o início de seu declínio ocorre após o pico de LH, quando o futuro

folículo dominante tem aproximadamente 6 mm (GINTHER et al., 2000).

Conforme relataram LUCY et al. (1992) a vida do folículo dominante

parece depender da secreção pulsátil de LH, pois a queda na freqüência de

pulsos resulta em atresia do mesmo. O tempo relativo da luteólise parece

determinar se o ciclo terá duas ou três ondas de desenvolvimento folicular

(FORTUNE, 1994). Para GINTHER et al. (1989) a regressão do corpo lúteo

ocorre depois da emergência da onda ovulatória, portanto a emergência da

terceira onda foi associada com a maior duração da fase luteal e a viabilidade do

folículo dominante presente no momento da luteólise. A onda do ciclo seguinte

emerge próximo ao dia da ovulação, ou seja, no início do subseqüente intervalo

interovulatório.

FORTUNE (1994) concluiu que pequenos aumentos na freqüência de

pulsos de LH promoveram prolongado crescimento folicular e dominância

associada com aumentos do estradiol plasmático, e sugeriu que a falência de

folículos não-ovulatórios durante o ciclo estral ocorreu por efeitos de

retroalimentação negativa da progesterona luteal, que mantém baixa a produção

de estradiol e a freqüência dos pulsos de LH.

Para o melhor entendimento das ondas de crescimento folicular, é

importante conhecer diversas características, dentre elas: o número de ondas

durante o ciclo estral, dia da detecção dos folículos dominante e maior

subordinado e do corpo lúteo, comprimento de onda (dias), o tamanho máximo

(mm) dos folículos dominante, maior subordinado e do corpo lúteo, fases de

crescimento, estática ou platô e regressão ou atresia (dias) do folículo dominante

e maior subordinado (GINTHER et al., 1989). Somando-se a estas características

podem ser citadas as taxas de crescimento folicular (mm/dia) e atresia (mm/dia)

(SAVIO et al., 1988). Resultados de estudos sobre estas características, para

ciclos estrais com duas a três ondas de crescimento folicular, são apresentados

na Tabela 1.

As ondas foliculares emergem aproximadamente no dia 2 e 11, ou nos

dias 2, 9 e 16 para animais com duas e três ondas foliculares, respectivamente

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20

(SIROIS & FORTUNE, 1988). GINTHER et al. (1989) reportaram que animais com

duas ondas tinham intervalo interovultório e fase luteal significativamente menores

(em média de 20 e 16 dias, respectivamente) que com três (em média de 22 e 19

dias, respectivamente); ressaltando-se que a emergência de três ondas foliculares

foi associada a uma longa fase luteal.

TABELA 1 – Características foliculares (médias) e do corpo lúteo durante o ciclo estral em fêmeas bovinas, Bos taurus taurus e Bos taurus indicus, com duas e três ondas de crescimento folicular

Duas ondas foliculares

Três ondas foliculares Características Fonte - raça

1º 2º 1º 2º 3º Intervalo interovulatório (dias) 1 - B. indicus 2 - B. indicus 3 - B. taurus

18,5 20,6 20,0

20,8 22,0 21,0

Dia da detecção do folículo 1 - B. indicus 1,5 10,0 1,0 9,4 14,4 dominante (D0=ovulação) 2 - B. indicus 1,5 12,0 1,6 9,1 15,1 Comprimento de onda (dias) 1 - B. indicus 15,5 9,5 14,4 10,8 7,4 2 - B. indicus 14,7 9,0 13,0 11,5 6,9 Taxa de crescimento (mm/dia) 1 - B. indicus 1,2 1,0 1,3 0,9 1,2 2 - B. indicus 0,9 0,9 0,9 0,8 1,1 3 - B. taurus 1,3 0,9 1,6 1,1 1,7 Tamanho máximo (mm) 1 - B. indicus 11,2 12,7 12,2 9,5 13,5 2 - B. indicus 11,3 12,0 10,4 9,3 11,6 3 - B. taurus 12,0 13,3 12,3 10,2 12,8 4 - B. taurus 14,2 20,2 15,4 15,9 18,6 Dia do início da atresia 1 - B. indicus 10,5 - 7,6 14,6 - 2 - B. indicus 9,5 - 8,9 15,7 - Fonte: Adaptado de 1GAMBINI et al. (1998), 2FIGUEIREDO et al. (1997), 3SIROIS & FORTUNE (1988) e 4 SÁVIO et al. (1988).

De um modo geral, pode-se observar pela Tabela 1, que o

comportamento do desenvolvimento folicular em Bos taurus taurus e Bos taurus

indicus é bastante semelhante. Contudo, faz-se necessário caracterizar as

particularidades morfológicas e fisiológicas da função reprodutiva dos zebuínos,

para desenvolver manipulações farmacológicas com o objetivo de tornar viável a

inseminação artificial em tempo fixo (BARROS et al., 1995).

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21

2.2 ESTRUTURA CELULAR BÁSICA DO EPITÉLIO VAGINAL

Segundo COLE (1930) o acompanhamento das mudanças fisiológicas

no ciclo estral do porquinho-da-índia realizado por STOCHARD &

PAPANICOLAOU em 1917, marcou uma nova era no estudo do trato reprodutivo.

Na prática veterinária a primeira referência sobre a utilização da citologia vaginal

como recurso diagnóstico auxiliar para determinar a fase do ciclo estral foi datado

na década de 30 (BROWN, 1944).

Segundo PAPANICOLAOU (1946), as mudanças citológicas podem

representar um indicador sensível da fase do ciclo estral em muitas espécies,

provavelmente refletindo a influência do estrógeno e progesterona.

O acompanhamento do ciclo estral por citologia vaginal em cadelas é

um método confiável para estimar o momento da ovulação; desta forma sugere-se

períodos ideais para a cobertura ou inseminação artificial (BOUCHARD et al.,

1991). Em algumas espécies como cães, gatos, ratos, camundongos e coelhos,

as alterações do ciclo estral são bem definidas no aspecto citológico (MIROUND

& NOAKES, 1990). HAMILTON & HARRISON (1951) também relataram que as

mudanças no trato genital de cabras foram menos marcantes que em carnívoros

e roedores, apesar do seu perfil citológico ser bem definido. KURADE et al.

(1993), estudando vacas sugeriram que a citologia vaginal pode ser utilizada

como ferramenta para diagnosticar a fase do ciclo estral, contrariando MIROUND

& NOAKES (1990) os quais relataram que em bovinos que estas alterações não

são consistentes e variam consideravelmente.

A citologia vaginal estuda as células individuais, requerendo células

esfoliadas sem considerar a arquitetura do tecido ou órgão de origem e que

proporciona um meio simples e rápido de diagnóstico das fases do ciclo estral

(BANKS, 1991). Este recurso diagnóstico é pouco invasivo e de baixo custo.

Observa-se na Figura 1 o esquema do perfil celular.

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22

FIGURA 1- Esquema do epitélio vaginal estratificado não queratinizado (GOMPEL

& KOSS, 1997)

Segundo GOMPEL & KOSS (1997), o epitélio vaginal é provido de

receptores hormonais localizados no núcleo das células, os quais controlam a

maturação e a diferenciação celular. MONTALBÁN (1985) cita que o estradiol

induz incremento na síntese do DNA, do RNA nuclear e citoplasmático, da síntese

protéica e a atividade mitótica. Desta forma estimula o aumento no número de

camadas celulares da vagina, mobilização de glicogênio nas células e

cornificação das camadas superficiais (SANGER et al., 1958). A progesterona

provoca diminuição do número de mitoses e a maturação funcional do epitélio

(GOMPEL & KOSS, 1997).

O estrógeno tem efeito direto no epitélio vaginal de muitas fêmeas

mamíferas (SANGER et al., 1958). De acordo com a diferença nas concentrações

de estrógeno pode-se encontrar, na fase folicular e luteal, um arranjo celular

completamente diferente (SCHUTTE, 1967). Por exemplo, com a queda nas

concentrações de estrógeno segue-se extensiva descamação das camadas

superficiais (SANGER et al., 1958). Embora um padrão celular evidente seja

observado durante as diferentes fases do ciclo, não se pode estimá-la exatamente

apenas avaliando um esfregaço (SCHUTTE, 1967).

2.2.1 Histologia do epitélio vaginal COLE (1930), estudando as mudanças histológicas do epitélio vaginal

de vacas observou surpreendente diferença em relação às outras espécies mais

estudadas.

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23

BLAZQUEZ et al. (1987), estudando o trato reprodutivo de vacas

dividiram o epitélio vaginal em porção caudal, próximo do orifício externo da

uretra, no qual predominam três a seis camadas de células escamosas ou

cubóides e a porção cranial, próxima da cérvix, formada por uma a quatro

camadas de células epiteliais cubóides ou colunares; entretanto, o número de

camadas celulares variaram em qualquer fase do ciclo e em todas as regiões da

vagina. Parece ocorrer uma mudança gradual do epitélio da região caudal para a

cervical.

Estudando-se o trato reprodutivo de vacas multíparas em todos os

estágios do ciclo, o epitélio na região cranial apresentou mais células superficiais

colunares e poucas superficiais escamosas em relação a região mediana ou

caudal (BLAZQUEZ et al., 1989).

BLAZQUEZ et al. (1987) observaram que o epitélio vaginal na espécie

bovina é atípico, porque na região cranial apresenta fino epitélio colunar no local

onde é depositado o sêmen na monta natural. Entretanto, o atrito durante o coito

em bovinos é provavelmente menor que durante as ações repetidas do homem e

do cão.

No proestro o epitélio apresenta, em média, quatro camadas, sendo

constituído por células secretoras de muco presente no epitélio superficial (COLE,

1930). Entretanto, BLAZQUEZ et al. (1987) não encontraram aumento no número

de camadas epiteliais próximo do estro.

No estro, o epitélio na região cranial apresentou-se espesso (COLE,

1930; BROWN, 1944), reduzido número de camadas celulares para uma ou duas

(COLE, 1930; BROWN, 1944) e células superficiais colunares repletas de muco e

muito altas (COLE, 1930; BROWN, 1944).

O aumento no número de camadas celulares pode refletir um aumento

no número de células epiteliais causado pelo aumento na taxa de mitoses e/ou

redução na taxa de perda celular do epitélio (BLAZQUEZ et al., 1989).

No primeiro dia após o estro em muitas áreas, as células superficiais

diminuem em altura, ocorre aumento no número de camadas epiteliais e o núcleo

apresenta forma oval (COLE, 1930). Dois dias após o estro o epitélio estratificado

alcançou o número máximo de camadas (COLE, 1930; BROWN, 1944), mas a

espessura da camada superficial foi diminuindo devido a transformação das

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24

células colunares em cubóides ou poliédricas (COLE, 1930; BROWN, 1944). Para

BLAZQUEZ et al. (1989) foi no metaestro a maior espessura do epitélio em todas

as regiões da vagina e com o maior número de camadas celulares.

Segundo COLE (1930), é possível que a descamação ocorra

rapidamente depois do metaestro. O início do diestro é caracterizado por uma

rápida queda do efeito estrogênico, causada pela ovulação, o que leva à

diminuição das camadas celulares em todo o epitélio (BROWM, 1944). Na metade

do diestro o epitélio é baixo e usualmente consiste de menos camadas que no dia

dois do metaestro e a camada superficial variou de forma achatada para colunar

baixa (COLE, 1930). A mucosa é mantida neste estágio até a regressão do CL,

quando o desenvolvimento folicular, novamente, exerce sua influência (BROWM,

1944).

2.2.2 Citologia vaginal No estudo citológico, as células são originalmente incolores e precisam

ser coradas para possibilitar a visualização no microscópio óptico. As porções de

pH ácido das células tendem a combinar com os corantes catiônicos e o inverso

ocorre com os corantes aniônicos, representando que os núcleos celulares tomam

as cores básicas, enquanto que os elementos citoplasmáticos se coram pelos

corantes ácidos e o resultado é uma variação de coloração com tonalidades entre

o azul e o vermelho, o que facilita a identificação e a classificação dos elementos

corados (ROCHA, 2000). Por exemplo, as células superficiais são diferentes das

células da camada basal por terem grande afinidade pelos corantes ácidos, ou

seja, pela eosina (COLE, 1930).

Conforme GOMPEL & KOSS (1997), estudando o epitélio vaginal de

mulheres encontraram que as células apresentavam inicialmente um núcleo

volumoso e ao envelhecer o citoplasma aumentava de tamanho, enquanto o

núcleo diminuía.

Em vacas, durante todo ciclo estral, vários tipos de células epiteliais

são encontrados no esfregaço vaginal. A zona basal é uma camada simples de

células cubóides ou colunar (SANGER et al., 1958). As células da camada basal

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25

são imaturas, pequenas, com pouco citoplasma e raramente são observadas no

esfregaço vaginal, exceto em condições anormais (NAIB, 1996).

As células parabasais são basofílicas (MIROUND & NOAKES, 1990),

com núcleo grande e pouco citoplasma (SANGER et al., 1958; MIROUND &

NOAKES, 1990), formato esférico ou oval, sendo compostas por várias camadas

(SANGER et al., 1958). As células intermediárias são maiores que as parabasais,

apresentando formato esférico, oval ou poliédrico, sendo a relação de tamanho

núcleo citoplasma menor (COLE, 1930; SANGER et al., 1958; MIROUND &

NOAKES, 1990). As células superficiais são grandes e chatas, formato irregular

ou poliédrico com citoplasma transparente basofílico e núcleo denso picnótico

localizado centralmente, podendo ser anucleadas (SANGER et al., 1958;

MIROUND & NOAKES, 1990).

Segundo MIROUND & NOAKES (1990), na fase do estro predominam-

se as células parabasais e intermediárias, sendo que as superficiais alcançam o

seu número máximo neste momento. Relato anterior feito por SANGER et al.

(1958) mostrou um pequeno número de células nesta fase, sendo a maioria do

tipo superficial.

Durante o metaestro persistiu grande número de intermediárias e

pequeno número de superficiais e corneificadas (MIROUND & NOAKES, 1990).

No dia dois do ciclo houve aumento de tamanho das células epiteliais da camada

intermediária (COLE, 1930).

Segundo MIROUND & NOAKES (1990), durante o início do diestro

encontrou-se principalmente intermediárias e parabasais, depois predominou o

tipo intermediário. KURADE et al. (1993) relataram que concentrações altas de

progesterona, características do diestro, foram acompanhados de alto número de

células parabasais e intermediárias.

Durante o proestro houve queda no número total de células epiteliais,

entretanto houve leve aumento no número de parabasais, superficiais e

corneificadas (SANGER et al., 1958; MIROUND & NOAKES, 1990).

Segundo RAMA RAO et al. (1979), não houve diferença estatística na

morfologia das células no metaestro e diestro, provavelmente devido a ambas

fases estarem sob influência da progesterona. Entretanto, houve diferença entre o

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26

proestro e estro, podendo ser atribuído às concentrações de atividade

estrogênica.

Entretanto MIROUND & NOAKES (1990) não encontraram nenhuma

relação entre a citologia vaginal esfoliativa e os estágios do ciclo estral.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local e período experimental

Este experimento foi desenvolvido na Fazenda Tarumã, localizada no

município de Jussara, estado de Goiás e a parte laboratorial na Universidade

Federal de Goiás. As colheitas de dados na fazenda foram realizadas no período

entre fevereiro a março de 2005.

Geograficamente, o município de Jussara situa-se a 15°51’ de latitude

sul e 50°52’ de longitude oeste de Greenwich. A região é caracterizada por

temperatura média igual a 22°C e precipitação média anual de 1500mm, com

vegetação predominante de cerrado.

3.2 Animais e Instalações

Inicialmente foram realizados exames ginecológicos e selecionadas 30

novilhas, com idade entre 24 e 30 meses, que apresentassem corpo lúteo.

Posteriormente estas fêmeas foram manejadas juntamente com o restante do lote

para observação diária do cio, sendo selecionadas as primeiras dez novilhas que

manifestaram sinais clínicos de estro. Estas apresentaram peso médio de 264,62

± 34,30 Kg, as quais foram separadas, passando então a constituir o grupo

experimental. A partir deste momento estas fêmeas foram manejadas

isoladamente do restante do lote em piquetes de Brachiaria brizantha cv Marandú,

recebendo suplementação mineral à vontade, contendo 100 gramas de fósforo.

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27

As novilhas selecionadas apresentavam, ao exame retal, atividade

folicular e presença do corpo lúteo, apresentando condição corporal entre 3,5 e

4,0, em escala de 0 a 5, onde zero corresponde ao animal muito magro e cinco

muito gordo (SHORT & ADAMS, 1988). Estas fêmeas foram anteriormente

submetidas aos protocolos de vacinação contra febre aftosa, raiva, brucelose e

clostridioses empregados rotineiramente na propriedade, além de serem

submetidas à vermifugação no início do experimento.

3.3 Exame ultra-sonográfico

O desenvolvimento folicular foi acompanhado através de exames ultra-

sonográficos, efetuados a cada 24 horas, utilizando-se aparelho de ultra-som Pie

Medical 480, equipado com um transdutor retal de 5,0 MHz. No momento do

exame, o transdutor era movimentado sobre a superfície dos ovários e, quando

necessário, congelava-se a imagem no monitor para a mensuração dos folículos

maiores ou iguais a 4 mm, bem como do corpo lúteo, quando presente. Durante

cada exame eram desenhados diagramas com o posicionamento relativo dos

folículos e do corpo lúteo. Quando a imagem do folículo ou corpo lúteo não era

esférica, o diâmetro era estimado pela média entre o maior e o menor diâmetro,

de acordo com SAVIO et al. (1988).

Para melhor caracterização das informações, foram utilizados os seguintes

parâmetros:

- Intervalo interestro (dias): intervalo, em dias, entre os dois estros

observados;

-Dia da emergência: o dia em que o folículo dominante foi

restrospectivamente identificado a partir do diâmetro de 4 mm;

- Comprimento de onda (dias): equivale ao número de dias entre o dia da

detecção do folículo (dominante ou maior subordinado) até o último dia de

detecção, última mensuração efetiva (≥ 4 mm);

- Diâmetro máximo (mm): maior diâmetro obtido;

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28

- Dia inicial da atresia: dia em que o folículo dominante começou a diminuir

progressivamente em seu crescimento (diâmetro menor que o anteriormente

medido);

- Taxa de atresia (mm/dia): resultado obtido pela subtração do tamanho

máximo do folículo dominante pelo tamanho mínimo efetivamente mensurado (≥ 4

mm), no final da fase de atresia ou regressão, dividido pelo número de dias desta

fase. 3.4 Exame citológico

Para o exame de células presentes no epitélio vaginal o dia do estro foi

considerado dia zero. Diariamente, foi colhido material celular vaginal, com auxílio

de uma zaragatoa descartável de algodão, de uso humano, acoplada a uma haste

plástica flexível. Para possibilitar a colheita do material no fundo de saco vaginal

foi utilizado espéculo vaginal, realizando-se movimentos rotatórios para permitir o

contato com a mucosa vaginal e a colheita de células da parede superior da

vagina. O material colhido foi depositado em lâmina de vidro, previamente limpa e

desengordurada, procedendo-se posteriormente à fixação do material com

Citofix® (solução de polietilenoglicóis em etanol, metanol e acetona) e coloração

pelo método rápido Panótico. A leitura das lâminas foi realizada em microscópio

óptico, de forma coordenada em “zig-zag”, em aumento de 400x, para a

caracterização morfológica e tintorial das células epiteliais ao longo do ciclo estral.

O padrão da leitura foi caracterizado pela contagem de 100 células por lâmina,

entretanto para as lâminas que não apresentaram número suficiente de células,

contou-se todas as células encontradas.

A diferenciação dos vários tipos celulares foi caracterizada quanto ao

tamanho, afinidade tintorial e relação núcleo-citoplasma. As células esfoliativas

foram classificadas segundo MARCONDES (1975) e MIROUND & NOAKES

(1990) de acordo com o tamanho, em parabasais, intermediárias jovens e velhas

e superficiais nucleadas e anucleadas. Para avaliação da citologia vaginal nas

fases do ciclo estral fez-se uma média das células no período do estro (dia da

manifestação de cio), metaestro (três dias após o estro), diestro I (os primeiros

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29

sete dias após o metaestro), diestro II (continuação do diestro até o proestro) e

proestro (três dias antes do estro).

3.5 Análise estatística

Devido ao número de animais utilizados e o fato de não haver

tratamentos experimentais, optou-se pela estatística descritiva. Os resultados

obtidos foram tabulados em planilhas com posterior cálculo da média e desvio

padrão. Utilizou-se também o recurso de linha de tendência (tipo regressão para

média móvel) do Microsoft Excel, com o objetivo de melhor visualização dos em

gráficos contendo as médias percentuais das células de descamação do epitélio

vaginal.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DINÂMICA FOLICULAR

A duração média do período interestro nas dez novilhas Nelore

estudadas foi de 19,10 ± 1,10 dias. Esse resultado é semelhante ao encontrado

por KASTELIC et al. (1990), que trabalharam com novilhas holandesas e inferior

ao descrito por BÓ et al. (2003), que encontraram duração média do intervalo

interovulatório, em vacas Bos taurus indicus, igual a 21,9 ± 0,5 dias e por

WOLFENSON et al. (2004) que obtiveram 22 dias, em média, para novilhas

holandesas.

Oito novilhas apresentaram duas ondas foliculares, com intervalo

interestro médio de 18,9 ± 1,0 dias, e duas com três ondas, cuja duração média

foi igual a 20,0 ± 1,4 dias, conforme pode ser observado na Tabela 2. Esses

valores são semelhantes aos relatados em novilhas, com duas e três ondas,

respectivamente, por GINTHER et al. (1989), 20,4 ± 0,3 e 22,8 ± 0,6 dias; em

vacas Girolando por SANTOS FILHO et al. (2001), 20,2 ± 0,6 e 22,3 ± 0,9 dias;

em vacas leiteiras nativas do Egito por NOSEIR et al. (2003), 19,8 ± 0,6 e 22,5 ±

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30

0,8 dias e em vacas das raças Gir e Nelore no Brasil por BORGES et al. (2004),

18,6 ± 0,8 e 20,6 ± 1,2 dias, respectivamente.

A curta duração do período interestro em novilhas Nelore encontrada

neste experimento pode ser em razão do menor tamanho do folículo ovulatório

(10,8 mm) nestas fêmeas, quando comparado com 15 a 20 mm do folículo

ovulatório em Bos taurus taurus descrito por SÁVIO et al. (1988).

TABELA 2 – Variação da duração do ciclo estral em dias (DC) e comprimento de onda em dias observados durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares determinada por ultra-sonografia retal

Comprimento de onda ANIMAL DC ONDA 1 ONDA 2 ONDA 3

5661 18 10 8 - 5798 18 8 9 - 5127 18 11 7 - 5689 19 9 10 - 5114 18 14 9 - 5074 20 14 12 - 224 20 13 7 - 5644 20 12 9 -

Média ± DP 18,9 ± 1,0 11,4 ± 2,3 8,9 ± 1,6 - 5713 19 11 10 5 5822 21 12 14 6

Média ± DP 20,0 ± 1,4 11,5 ± 0,7 12,0 ± 2,8 5,5 ± 0,7

No presente trabalho, 80% das novilhas (8/10) apresentaram um

padrão de duas ondas de desenvolvimento folicular, concordando com os

resultados descritos em novilhas holandesas de 90% por KNOPF et al. (1989) e

de 70% por WOLFENSON et al. (2004). Entretanto, estes resultados discordam

daqueles relatados por vários autores, os quais informam que a maioria das

novilhas apresentaram três ondas, como os trabalhos de SIROIS & FORTUNE

(1988) e SÁVIO et al. (1989) com novilhas holandesas, 70 e 81%,

respectivamente, em 66,7% de novilhas Brahman, descrito por RHODES et al.

(1995); 64,7% em novilhas Nelore por FIGUEIREDO et al. (1997) e 71,43% em

fêmeas da raça Gir por GAMBINI et al. (1998). Por outro lado, em vacas leiteiras

(TAYLOR & RAJAMAHENDRAN, 1991), Nelore (BARROS et al., 1993;

FIGUEIREDO et al., 1997) ou Girolando (SANTOS FILHO et al., 2001)

registraram o predomínio de duas ondas de crescimento folicular. Entretanto, em

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31

vacas leiteiras no Egito (NOSEIR, 2003), Gir e Nelore no Brasil (BORGES et al.,

2004) predominaram três ondas.

Neste estudo observou-se a ocorrência de duas ou três ondas,

apresentando variações em comprimento. Com relação ao comprimento da

primeira onda não houve diferença entre animais com duas ou três ondas;

entretanto, a onda ovulatória foi sempre numericamente menor, independente se

a fêmea apresentou duas ou três ondas, sendo maior em fêmeas com duas (8,9 ±

1,6 dias) comparadas com a de três ondas (5,5 ± 0,7 dias). A terceira onda foi

bem menor que as outras (5,5 ± 0,7 dias), conforme observa-se na Tabela 3 e

Figura 2, concordando com o que foi registrado por FIGUEIREDO et al. (1997).

De acordo com KNOPF et al. (1989) uma fêmea pode apresentar duas

ondas num ciclo estral e no ciclo seguinte repetir as duas ou mostrar três ondas

de crescimento folicular, ou seja, pode haver alternância entre duas e três ondas

no mesmo animal. Estudo realizado por BARROS et al. (1995), acompanhando

sete novilhas Nelore durante dois ciclos estrais consecutivos, mostrou que a

maioria (71,4%) apresentou o mesmo padrão de ondas tanto no primeiro quanto

no segundo ciclo.

Dias do ciclo estral FIGURA 2 - Padrão de crescimento médio do folículo dominante durante o ciclo

estral de novilhas da raça Nelore com duas (n= 8; A) e três (n= 2; B) ondas foliculares determinado diariamente por ultra-sonografia retal

As ondas foliculares emergiram aproximadamente nos dias 1,6 e 11,0

ou nos dias 0,5, 8,5 e 15,5 para animais com duas ou três ondas foliculares,

respectivamente, (Tabela 3), estando de acordo com os resultados descritos por

SIROIS & FORTUNE (1988), os quais observaram os dias da emergência em

novilhas holandesas 2,0 e 11,0 (duas ondas) e 1,9, 9,4 e 16,1 (três ondas).

(A)

0

2

4

6

8

10

12

14

D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 D20

(B)

0

2

4

6

8

10

12

14

D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 D11 D12 D13 D14 D15 D16 D17 D18 D19 D20

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32

O dia da emergência da onda ovulatória diferiu entre duas e três ondas,

dia 11,0 ± 1,6 e 15,5 ± 0,7, respectivamente, conforme Tabela 3, estando de

acordo com as informações relatadas por GINTHER et al. (1989) que

encontraram 9,6 ± 0,2 e 16,0 ± 1,1; por KNOPF et al. (1989) relatando 10 e 16;

SANTOS FILHO et al. (2001) cujos resultados foram 9,2 ± 0,7 e 16,0 ± 0,1. Nota-

se que a emergência da segunda onda de crescimento folicular (dia 8,5 ± 2,1) nas

novilhas com três ondas é antecipada em relação às de duas ondas (dia 11,0 ±

1,6).

TABELA 3 – Comparação das características foliculares (média ± DP) observadas durante um intervalo interestro em novilhas da raça Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares

2 ondas 3 ondas 1 2 1 2 3

Comprimento de onda (dias) 11,4 ± 2,3 8,9 ± 1,6 11,5 ± 0,7 12,0 ± 2,8 5,5 ± 0,7 Emergência(dia) 1,6 ± 0,9 11,0 ± 1,6 0,5 ± 0,7 8,5 ± 2,1 15,5 ± 0,7 Dia maior folículo 7,8 ± 2,3 18,9 ± 1,0 6,0 ± 2,8 15,0 ± 0,0 20,0 ± 1,4 Diâmetro máximo (mm) 9,4 ± 0,9 10,9 ± 1,5 9,2 ± 0,2 8,6 ± 0,3 10,3 ± 0,4 Atresia (dia) 8,8 ± 2,3 - 7,0 ± 2,8 15,5 ± 0,7 - Taxa de crescimento (mm/d) 0,60 ± 0,21 0,72 ± 0,21 0,38 ± 0,17 0,35 ± 0,07 1,31 ± 0,30

GINTHER et al. (1989) encontraram diferença entre o diâmetro máximo

do folículo ovulatório para novilhas com duas e três ondas (16,5 e 13,9 mm), o

que não foi encontrado neste experimento. Observou-se que o folículo ovulatório

foi maior que o folículo dominante das ondas anovulatórias anteriores e nas

fêmeas com três ondas foliculares o segundo folículo dominante foi menor que o

primeiro, achados que concordam com FIGUEIREDO et al. (1997), que relataram

diâmetros de 10,42 e 9,35 mm para o primeiro e segundo folículo dominante

anovulatório em vacas Nelore com três ondas foliculares.

O diâmetro médio do folículo ovulatório neste experimento foi 10,70 ±

1,36 mm, valor semelhante aos achados, tanto para vacas como novilhas Nelore,

por BARROS et al. (1995), de 12 mm e FIGUEIREDO et al. (1997) de 11 mm; em

vacas Nelore por BARROS et al. (1993), relatando valor de 10,8 mm; em vacas

leiteiras nativas do Egito por NOSEIR (2003) de 11 mm; em novilhas Gir,

Holandesas e mestiças por ALMEIDA et al. (1997) 10,0, 11,5 e 9,4 mm,

respectivamente, e novilhas Brahman descritos por RHODES et al. (1995) que

encontraram resultados igual a 10,2 mm. Já WOLFENSON et al. (2004),

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33

trabalhando com fêmeas holandesas, encontraram diâmetros maiores, entretanto

as novilhas (13,0 ± 0,3 mm) apresentaram diâmetro menor que as vacas (16,5 ±

0,05 mm). NIASARI-NASLAJI et al. (1999), os quais relataram que o diâmetro do

folículo ovulatório foi maior em novilhas B. taurus taurus que B. taurus indicus

(22,3 ± 1,50 e 12,8 ± 0,37 mm, respectivamente).

A taxa de crescimento diária do folículo ovulatório foi maior para as

novilhas que apresentavam três ondas de crescimento folicular comparada com

aquelas de duas ondas, respectivamente 1,31 ± 0,30 e 0,72 ± 0,21 mm/dia. Estas

informações estão de acordo com aquelas descritas por RHODES et al. (1995),

os quais sugeriram que o aumento no número de ondas foliculares por ciclo

estral, leva a atraso na emergência do folículo ovulatório, portanto, apresentando

menor duração e maior taxa de crescimento. NIASARI-NASLAJI et al. (1999),

relataram que a taxa de crescimento folicular foi maior em novilhas B. taurus

taurus que B. taurus indicus (1,4 e 0,8 mm/dia), o que justifica o menor diâmetro

dos folículos dos animais da raça Nelore quando comparados com dados de

vacas de origem européia (BARROS et al., 1995).

4.2 Citologia vaginal

No presente estudo optou-se por colher material da porção cranial da

vagina, devido a maior facilidade na manipulação do espéculo e da zaragatoa

acoplada à haste flexível; entretanto, verificou-se que, por este método foram

colhidas poucas células, provavelmente por esta região apresentar fino epitélio

colunar e poucas células superficiais escamosas (BLAZQUEZ et al., 1989).

As células identificadas nas amostras vaginais, ao longo do ciclo estral,

encontram-se na Figura 3. Pode-se visualizar a diferença de tamanho entre as

células basais e parabasais com as intermediárias e superficiais, bem como a

proporção núcleo-citoplasma.

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34

FIGURA 3 – Células de descamação do epitélio vaginal: basal (A); parabasal (B);

Intermediária jovem(C); intermediária velha(D), superficial nucleada (E) e superficial anucleada (F)

A

C D

E F

B

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35

Entre as fêmeas houve grande variação na quantidade total de células

contadas no decorrer do ciclo, como diferenciou-se e calculou-se a percentagem

de células por lâmina, isto pode ter influenciado no aumento do desvio padrão,

como observado na Tabela 4.

TABELA 4 – Porcentagem (média ± DP) de células epiteliais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, metade inicial do diestro (I) e metade final do diestro (II) em dez novilhas Nelore

TIPO CELULAR FASE

Sup Anucl Sup Nucl Int Velha Int Jovem Parabasal 1° Estro 7,0 ± 4,0 33,2 ± 24,7 18,1 ± 9,6 13,5 ± 11,7 26,2 ± 11,3 Metaestro 4,7 ± 3,2 17,3 ± 11,3 27,5 ± 5,1 20,9 ± 7,5 29,0 ± 4,2 Diestro I 4,5 ± 1,2 16,7 ± 1,8 20,3 ± 2,5 19,3 ± 1,5 38,3 ± 1,5 Diestro II 2,9 ± 2,0 9,8 ± 4,2 17,6 ± 8,0 20,8 ± 6,8 48,1 ± 18,2 Proestro 3,5 ± 1,7 14,5 ± 5,7 13,7 ± 7,5 17,9 ± 3,5 48,8 ± 10,7 2° Estro 3,3 ± 3,7 20,3 ± 17,6 11,9 ± 6,7 15,5 ± 9,5 47,4 ± 9,0

Analisando as células, de acordo com a fase do ciclo estral, o número

de células superficiais anucleadas variou pouco. As superficiais nucleadas a partir

do estro decresceram até a metade do ciclo, aumentando logo após (Figura 4 e

Figura 7). O perfil das células intermediárias jovens e velhas variou de maneira

semelhante (Figura 7 e Figura 8), já o número de células parabasais tendeu a

aumentar gradativamente no decorrer do ciclo estral (Figura 6 e Figura 7).

A duração de 21 dias do ciclo ocorreu em apenas uma novilha, a qual

observou-se maior valor percentual de células superficiais em relação aos outros

animais (Figura 4); entretanto, esta fêmea seguiu a mesma tendência do valor

médio dos outros animais, não interferindo no resultado médio de todos os

animais. Houve leve aumento numérico no percentual de células superficiais

nucleadas durante o diestro I dos animais com ciclo de 18, 19 e 20 dias, com

posterior queda; entretanto, este aumento não interferiu na ocorrência do

aumento na linha de tendência (Figura 4).

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36

FIGURA 4 – Porcentagem média de células superficiais anucleadas e nucleadas

observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclo de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)

O número de células intermediárias velhas apresentou um pico no

metaestro, notando-se depois queda até o próximo estro. Já as intermediárias

jovens aumentaram no metaestro e permaneceram altas até o proestro,

apresentando diminuição no período estral. Houve leve queda no número de

células intermediárias jovens no diestro I em relação ao metaestro, com exceção

da novilha com 21 dias de duração do ciclo, a qual apresentou menor quantidade

de células intermediárias jovens, comparada com as outras fêmeas no metaestro

e diestro II, conforme Figura 5.

FIGURA 5 – Porcentagem média de células intermediárias velhas e jovens

observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)

SUPERFICIAL ANUCLEADA

0

20

40

60

cio meta diestro I diestro II proestro cio

18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média

SUPERFICIAL NUCLEADA

0

20

40

60

cio met a diest ro I diest ro II proest ro cio

18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média

INTERMEDIÁRIA VELHA

0

20

40

60

cio meta diestro I diestro II proestro cio

18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média

INTERMEDIÁRIA JOVEM

0

20

40

60

cio meta diestro I diestro II proestro cio

18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média

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37

As células parabasais aumentaram gradativamente no decorrer do

ciclo, conforme a Figura 6. Entretanto, a novilha com ciclo de duração igual a 21

dias de duração apresentou pico no diestro II, decaindo até o próximo estro. Os

animais com ciclo de 19 dias tiveram pico no proestro e ligeira queda no estro.

PARABASAL

0

20

40

60

80

cio met a diest ro I diest ro II proest ro cio

18 dias 19 dias 20 dias 21 dias média

FIGURA 6 – Porcentagem média de células parabasais observadas nas fases de proestro, estro, metaestro, primeira parte do diestro e segunda parte do diestro do ciclo estral em dez novilhas Nelore, que apresentaram ciclos de 18 (n=4), 19 (n=2), 20 (n=3) e 21 (n=1) dias de duração, sendo que a barra de média apresenta linha de tendência (média móvel)

Posteriormente, visualiza-se na Figura 7 a porcentagem média das

células epiteliais no dia zero, que representa a emergência de nova onda, dia um

crescimento folicular, dia 6 estabelecimento da dominância folicular, dia 10

regressão da onda anterior com a emergência de nova onda e dia 17 dominância

de outra onda. A partir desta nova caracterização, observou-se, que as células

superficiais nucleadas decaíram após o estro, entretanto no dia dez do ciclo

notou-se pico na quantidade celular, o que não foi possível constatar quando foi

calculada a média por fase do ciclo estral. O inverso aconteceu com as células

intermediárias jovens e velhas, as quais apresentaram pico nos dias um e 17 do

ciclo, conforme pode ser visualizado na Figura 7.

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38

0

10

20

30

40

50

60

70

D 0 D 1 D6 D10 D 17 D cioDias do ciclo

Porc

enta

gem

(%)

sup. anucl sup. nucl interm. velha interm. jovem parabasal

FIGURA 7 - Porcentagem média e desvio padrão das células epiteliais

(superficial, intermediária e parabasal) no esfregaço vaginal de dez novilhas Nelore durante diferentes dias do ciclo estral

O estrógeno tem um efeito direto no epitélio vaginal de fêmeas

mamíferas, estimulando aumento no número de camadas celulares na vagina, o

que mobiliza glicogênio nas células e causa cornificação das camadas superficiais

(SANGER et al., 1958). Com a queda na concentração de estrógeno segue-se

uma extensa descamação das camadas superficiais (SANGER et al., 1958). A

mucosa é mantida neste estágio até a regressão do CL, quando o

desenvolvimento folicular novamente exerce sua influência (BROWM, 1944).

Embora estas citações sejam relativamente antigas e, nesta época não se tinha

conhecimento bem estruturado sobre a dinâmica folicular em ruminantes, com o

advento da ultra-sonografia foi possível identificar que mais ondas foliculares

desenvolvem no período interestro, portanto, o estrógeno produzido por estes

folículos pode interferir no perfil celular da mucosa.

Observa-se na Figura 8, que não houve diferença no percentual celular

para novilhas com duas ou três ondas foliculares no decorrer do ciclo estral. As

células intermediárias jovens e velhas descamaram em sincronia, ou seja, quando

ocorria a queda de uma, a outra também caía, e vice-versa. Em anexo os gráficos

com o perfil celular e as ondas foliculares (Figura 10).

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39

Dias do ciclo estral

FIGURA 8 – Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares

O número de células superficiais nucleadas apresentaram, em média,

picos nos dias 5, 10 e 18, apesar de variarem pouco em quantidade (Figura 10).

Os picos nos dias 5 e 18 poderiam ser explicados pelo folículo dominante

presente nestes dias, entretanto no dia 10 ocorre emergência de onda, portanto,

momento quando não tem folículo dominante e apresentando pouco estrógeno

circulante. Entretanto, BROW (1944) sugeriu que a influência dos esteróides

ovarianos sobre a descamação celular, ocorre em momento posterior à fase de

dominância do maior folículo. Outra hipótese é que em outras espécies

domésticas a ovulação ocorre durante o estro, portanto o desenvolvimento do

folículo inicia-se mais cedo que em bovinos, portanto, apresentam efeito

estrogênico na mucosa vaginal durante o estro ao invés de depois, como parece

acontecer em bovinos.

Para o número de células intermediárias velhas, bem como para as

jovens, em média, observou-se que ocorre queda no Dia 10 do ciclo (Figura 9).

INTERMEDIÁRIA JOVEM

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

2 ONDAS 3 ONDAS

INTERMEDIÁRIA VELHA

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 2 0 2 1

Porc

entu

al (%

)

2 ONDAS 3 ONDAS

SUPERFICIAL NUCLEADA

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

SUPERFICIAL ANUCLEADA

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

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40

Dias do ciclo estral

FIGURA 9 - Porcentagem média e desvio padrão das células superficiais e intermediárias observadas diariamente em dez novilhas Nelore

Na literatura consultada foram escassos os relatos a respeito do uso da

citologia vaginal em bovinos como técnica de rotina, além dos trabalhos serem

muito antigos, houve dificuldade para discutir os dados com outros autores.

As ondas foliculares parecem não interferirem de forma direta na

descamação celular; entretanto, ocorre um padrão na descamação celular e no

dia dez do ciclo ocorrem mudanças no epitélio, talvez por ser em média o

momento do recrutamento de nova onda, tanto para fêmeas com duas ou três

ondas.

INTERMEDIÁRIA VELHA

0

10

2 0

3 0

4 0

5 0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

INTERMEDIÁRIA JOVEM

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

SUPERFICIAL ANUCLEADA

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

SUPERFICIAL NUCLEADA

0

10

20

30

40

50

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

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41

5 CONCLUSÃO

Nos intervalos interestros analisados, a dinâmica folicular, caracterizou-

se predominante por duas ondas de crescimento folicular.

Observou-se padrão na descamação celular, sendo que o perfil das

células intermediárias jovens e velhas variou de maneira sincronizada,

apresentando uma queda que coincidiu com o início da emergência da segunda

onda folicular (D10) e outra no final do ciclo (D19).

O número de células superficiais anucleadas variou pouco no decorrer

do ciclo, entretanto, o número de células superficiais nucleadas apresentou em

média três picos (D4, D10 e D18) decrescendo até o próximo estro.

Notou-se tendência de elevação gradual no número de células

parabasais no decorrer do ciclo estral.

As ondas foliculares parecem não interferirem de forma direta na

descamação celular; entretanto, ocorre um padrão na descamação celular e no

dia dez do ciclo ocorrem mudanças no epitélio, talvez por ser em média o

momento do recrutamento de nova onda tanto para fêmeas com duas ou três

ondas.

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42

6 ANEXOS

FIGURA 10 - Porcentagem média das células de descamação do epitélio vaginal

observadas diariamente em dez novilhas Nelore com duas (n=8) e três (n=2) ondas foliculares

SUPERFICIAL ANUCLEADA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14SUPERFICIAL ANUCLEADA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

SUPERFICIAL NUCLEADA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14SUPERFICIAL NUCLEADA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

INTERMEDIÁRIA VELHA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14 INTERMEDIÁRIA VELHA

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

INTERMEDIÁRIA JOVEM

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

INTERMEDIÁRIA JOVEM

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

PARABASAL

0

20

40

60

80

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0

2

4

6

8

10

12

14

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

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