PERFIL DE MORTALIDADE ENTRE ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA … · Universitário Adventista de São...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÙDE ESTÉFANO DE LIRA FERNANDES PERFIL DE MORTALIDADE ENTRE ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL SÃO PAULO 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS SÃO PAULO

MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÙDE

ESTÉFANO DE LIRA FERNANDES

PERFIL DE MORTALIDADE ENTRE ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

DO ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL

SÃO PAULO

2018

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ESTÊFANO DE LIRA FERNANDES

PERFIL DE MORTALIDADE ENTRE ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

DO ESTADO DE SÃO PAULO - BRASIL

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Promoção da Saúde, do

Centro Universitário Adventista de São

Paulo, para obtenção do título de Mestre,

sob orientação do Prof. Ms. Leslie Andrews

Portes.

São Paulo

2018

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Trabalho de Conclusão do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu do Centro

Universitário Adventista de São Paulo, do curso Mestrado Profissional em Promoção

da Saúde, apresentado e aprovado em 19 de Janeiro de 2018.

Banca Avaliadora

Profª Dra. Lanny Cristina Burlandy Soares

Avaliadora 1

Profª Dra. Márcia Cristina Teixeira Martins

Avaliadora 1

Prof. Ms. Leslie Andrews Portes

Orientador

Suplentes

Profª Dra. Natália Cristina de Oliveira Vargas e Silva

Suplente 1

Profª Dr. Valdemir Aparecido de Abreu

Suplente 2

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Dedicatória

À minha amada esposa, Estela Maris, que

está constantemente presente em minha

vida, a quem tenho muito a agradecer, pois

sempre me apoia, pacientemente me motiva

e mesmo quando distante me ajuda nas

decisões.

Aos meus filhos, Levi e Lucas, sempre

atentos aos meus afazeres e compreendendo

as muitas ausências, por isso peço perdão.

Com vocês, só aprendo, e que cada vez mais

vocês me fazem sentir um ser melhor. São

meus estímulos, a uma das principais

motivações que me faz seguir em frente.

A minha preciosa Mãezinha, Rosa Maria

de Lira, sem você não estaria aqui, sempre

me proporcionando a oportunidade de

crescer como pessoa e academicamente,

mostrando-me os caminhos a serem

percorridos, acompanhados de atitudes

exemplares de ética, dedicação e

honestidade.

A minha querida irmã Áquila de Lira, pelo

apoio que sempre me dá, em momentos nos

quais não tive como prosseguir você se

dispôs a me ajudar. Obrigado por todo

auxílio e a amizade.

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AGRADECIMENTOS

No decorrer da caminhada percorrida para elaboração desta dissertação

agradeço primeiramente a Deus, autor e mantenedor da vida. Deus Paciente,

Benigno e Misericordioso, Digno de toda honra e glória. Sem Ele nada posso,

com Ele tudo posso, pois é quem me fortalece. O Senhor é quem conduz

cada passo que dou e cuidadosamente me dirigi por todos os meus

caminhos.

Mas não posso deixar de expressar meus agradecimentos a quem também,

dirigido por Deus, me ajudou:

Ao UNASP pela oportunidade de aprendizado que trouxe a mim e tantas

outras pessoas, que Deus continue abençoando seus dirigentes e que esta

instituição progrida cada vez mais;

Ao Professor Ms. Leslie Andrews Portes, que com sua sabedoria e

experiência auxiliou-me em busca de conhecimento para o desenvolvimento

científico. Sua constante presença, admirável inteligência e enorme paciência

foram determinantes para conduzir esse processo. Acolheu-me e apoiou-me

nesta rica jornada de conhecimento teórico-cientifico.

A Professora Drª Natália Cristina de Oliveira Vargas e Silva, pelas suas

preciosas sugestões e compartilhamento de sua larga experiência, sendo sua

ajuda fundamental para que esse estudo se tornasse consistente

cientificamente.

A Professora Dra. Márcia Cristina Teixeira Martins, pelas valiosas

contribuições, transmitindo sua experiência e dedicando seu tempo para que

este estudo se tornasse realidade;

A Prosfessora Dra. Lanny Cristina Burlandy Soares, por acreditar que tudo

isso seria possível, pelas preciosas e riquíssimas contribuições, fazendo com

que esta pesquisa se tornasse consistente e viável;

A Professora Drª Synnove Knutsen, pelas sugestões e acréscimos,

compartilhando sua experiência e demonstrando todo interesse para que este

estudo ocorresse;

Ao Professor Dr. Valdemir Aparecido de Abreu, pelas suas sugestões,

sendo sem dúvida de grande valia para o aperfeiçoamento deste estudo;

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Ao Professor Dr. Fábio Marcon Alfieri, por se dispor a ajudar sempre que foi

necessário, contribuindo com seu amplo conhecimento;

Ao casal Antônio e Neila Braga pelo carinho, acolhimento e abrigo em sua

residência sempre que foi necessário, que Deus continue recompensando

vocês infinitamente;

A todos os professores do mestrado, pelas contribuições... Cada aula, cada

conversa, cada reflexão... Experiências fantásticas...

A todos os colegas do mestrado, admiráveis pela dedicação e esforço. Em

cada encontro foi possível à troca de muitas experiências. Obrigado pela

amizade;

A todos os funcionários do UNASP, secretarias, portarias, biblioteca,

refeitórios e limpeza. Muito obrigado por fazer funcionar tão bem a escola!

A Santa Casa de Misericórdia de Assis, pela liberação para cursar as

disciplinas, quando estas coincidiram com dias de trabalho. Os meus

agradecimentos!

Enfim... a todos que contribuíram direta ou indiretamente, muito obrigado!

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“Ao nascer, o homem é suave e flexível;

Na sua morte, é duro e rígido.

Plantas verdes são tenras e úmidas;

Na sua morte, são murchas e secas.

Um arco rígido não vence o combate.

Uma árvore que não se curva, quebra.

O duro e o rígido tombarão.

O suave e o flexível sobreviverão

Dao De Jing (verso 76)

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RESUMO

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um grupo religioso que têm a Bíblia como sua única regra de fé e recomenda aos seus membros a prática de um estilo de vida saudável. Mais de 440 estudos com ASD já foram publicados e vários aspectos interessantes têm servido como representativos dos potenciais benefícios de um estilo de vida saudável. Contudo, até o momento, raros são os estudos que indiquem se as mesmas diferenças, em termos de mortalidade e causa de morte, verificadas em populações ASD, já estudadas, do mundo, ocorrem de forma semelhante no Brasil. Por essas razões o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de mortalidade e as causas de morte dos ASD do estado de São Paulo de 2002 a 2008 e compará-lo aos dados de não Adventista do Sétimo Dia (NASD), determinando se há diferença na expectativa de vida entre os dois grupos e o impacto do tempo de batismo sobre as causas de morte e longevidade. Trata-se de um estudo observacional, descritivo de óbitos ocorridos no estado de São Paulo constituindo-se duas populações para estudo: ASD e NASD. Os dados dos ASD foram cedidos pela União Central Brasileira da Igreja ASD e cruzados com os dados da Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (SEADE). Já os dados dos NASD foram os registrados no Banco de Dados fundação SEADE. Concluiu-se que os ASD viveram em média 3 anos a mais que NASD sendo o sexo masculino o responsável por essa diferença, vivendo em média 5,3 anos a mais e com o aumento do tempo de batismo, houve uma redução dos óbitos por NEO. Palavras-chave: Mortalidade; Expectativa de vida; Adventista.

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ABSTRACT

The Seventh-day Adventist Church is a religious group that has a Bible as its only rule of faith and recommends its members a healthy lifestyle. More than 440 studies with ASD have already been published and numerous interesting that have served as representative of the potential benefits of a healthy lifestyle. However, to date, there are few studies that indicate whether the same, in terms of mortality and cause of death, are observed in SDA populations, which have already been studied, in the world, in a casom form, without Brazil. For these reasons, the objective of this study was to evaluate the mortality profile and causes of death of the DHS of the State of São Paulo from 2002 to 2008 and compared to data from non-Seventh-day Adventist (NSDA), determining if there is difference in expectation of life between the two groups and the impact of baptism on causes of death and longevity. This is an observational, descriptive study of deaths occurred in the state of São Paulo constituting two populations for study: SDA and NSDA. Data from the SDAs were provided by the Central Brazilian Union of the SDA Church and crossed with data from the Data Analysis System Foundation (SEADE). Already the NSDA data are not registered Database SEADE foundation. It was concluded that SDA lived on average 3 years and more than NSDA being male or responsible for this difference, living on average 5.3 years and longer with increasing baptism time, there was a reduction in deaths by NEO. Keywords: Mortality; Life expectancy; Adventist.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Médias de anos vividospor sexo e total .............................................. 26

Tabela 2 – Dados sociodemográficos dos óbitos de Adventistas do Sétimo Dia,

de 2002 a 2008, e da População do estado de São Paulo, de 2004 a

2008. ...................................................................................................... 27

Tabela 3 – Prevalência (%) dos óbitos por capítulo do CID-10, em ordem

decrescenteErro! Indicador não definido. ..................................................... 28

Tabela 4 – Distribuição percentual e respectivos IC95% dos óbitos nas cinco

DCNT, segundo as diferentes faixas etárias, de ASD e NASD. .......... 29

Tabela 5 – Proporções de óbitos por capítulo CID-10 e respectivos IC95%, das

cinco DCNT, segundo o tempo de batismo. ...................................... 31

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU TERMOS OPERACIONAIS

ASD ............................ Adventistas do Sétimo Dia

ASD-ES ...................... Adventistas do Sétimo Dia do Espírito Santo

ASD-SP ...................... Adventistas dos Sétimo Dia de São Paulo

CEMM ........................ Causas externas de morbidade e de mortalidade

CID-10 ........................ Classificação Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde - 10ª Versão

DAC............................ Doenças do aparelho circulatório

DAD............................ Doenças do aparelho digestivo

DAR............................ Doenças do aparelho respiratório

DCNT ......................... Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DENM ......................... Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

DO .............................. Declaração de Óbito

EV .............................. Estilo de Vida

NASD ......................... Não Adventista do Sétimo Dia

NEO............................ Neoplasias [Tumores]

OMS ........................... Organização Mundial da Saúde

SEADE ....................... Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados

SSAA ......................... Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de

laboratório

UCB............................ União Central Brasileira

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................13

1.1 Principais causas de morte .....................................................................................................14

1.2 Estilo de vida ............................................................................................................................15

1.3 Estilo de vida e mortalidade ....................................................................................................16

1.4 Estilo de vida e expectativa de vida .......................................................................................17

1.5 Tempo de ingresso na Igreja e mortalidade ..........................................................................18

2 OBJETIVO ...............................................................................................................................20

2.1 Objetivo geral ...........................................................................................................................20

2.2 Objetivos específicos ...............................................................................................................20

3 METODOLOGIA ......................................................................................................................21

3.1 Caracterização do estudo .......................................................................................................21

3.2 Casuística .................................................................................................................................21

3.3 Variáveis sociodemográficas ................................................................................................221

3.4 Declaração de óbito ...............................................................................................................212

3.5 Causa de morte........................................................................................................................22

3.6 Análise estatística ....................................................................................................................24

4 RESULTADOS ........................................................................................................................26

4.1 Aspectos gerais........................................................................................................................26

4.2 Causas de morte ......................................................................................................................33

4.3 Doenças do estilo de vida .......................................................................................................29

4.4 Influência do tempo de batismo ..............................................................................................30

5 DISCUSSÃO ............................................................................................................................32

5.1 Aspectos gerais........................................................................................................................32

5.2 Causas de morte ......................................................................................................................33

5.3 Doenças do estilo de vida .......................................................................................................35

5.4 Influência do tempo de batismo ..............................................................................................35

6 CONCLUSÕES ........................................................................................................................37

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................38

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1 INTRODUÇÃO

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um grupo religioso que têm a Bíblia como

sua única regra de fé e recomenda aos seus membros a prática de um estilo de vida

saudável (PHILLIPS, 1975; PHILLIPS et al 1978; GCSDA, 2015). Seus membros

são orientados a se absterem completamente do tabaco, das bebidas alcoólicas, das

bebidas contendo cafeína, como o chá e o café, como a se absterem de alimentos

considerados impróprios para consumo, listados na bíblia, no livro de Levítico 11,

como o porco e peixes de couro, entre outros. Na alimentação são orientados a

adotarem uma dieta com ênfase em alimentos naturais e de origem vegetal,

evitando produtos condimentados e refinados, com uso abundantemente frutas,

hortaliças, cereais integrais, castanhas e água. Ainda enfatizam a educação de

qualidade, relacionamentos familiares duradouros e relacionamento profundo com

Deus por meio da oração, estudo da Bíblia e do testemunho pessoal (FRASER,

2003).

Mais de 440 estudos com ASD já foram publicados

(https://publichalth.llu.edu/adventist-health-studies/researchers/scientific-

publications) e vários aspectos interessantes têm servido como representativos dos

potenciais benefícios de um EV saudável, como, maior expectativa de vida (SINGH

et al., 2003), menor mortalidade por todas as causas e por doenças do aparelho

circulatório e cânceres (FONNEBO, 1992; FRASER, 2003), e menores taxas de

doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (FRASER, 2003). Essas

características tornam a população ASD apropriada para pesquisas sobre os efeitos

de distintos padrões dietéticos e outros comportamentos do EV sobre os principais

fatores de risco de mortalidade (FRASER et al., 2015).

São muito escassas as informações a respeito da mortalidade entre ASD da

população brasileira, especialmente sobre as causas de morte e expectativa de vida

deles. O único estudo disponível sobre mortalidade ASD em relação à população é o

de Velten et al. (2016), mas os autores apenas ofereceram dados do perfil da

população do Espírito Santo, sem nenhuma inferência estatística ou avaliação do

tempo de ingresso na Igreja. Além disso, são controversas as informações sobre o

impacto do tempo de ingresso na Igreja na mortalidade e causa de morte. Embora

existam estudos publicados com amostras de ASD e esses indiquem importantes

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benefícios do EV proposto pela Igreja sobre os fatores de risco para as doenças

cardiovasculares (NAVARRO et al., 2006; FERREIRA et al., 2011, SILVA, L. et al.,

2012), em comparação com a população ou com indivíduos que não praticam as

recomendações, existe carência de estudos que permitam avaliar se as

recomendações de EV propostas têm impacto sobre as causas de morte e sobre a

mortalidade de seus membros em relação à população.

Por essas razões o presente estudo foi direcionado pela dúvida de saber se

existem diferenças entre os ASD e a população geral do estado de São Paulo, em

termos de mortalidade e causa de morte nas DCNT e qual o impacto do tempo de

batismo sobre a mortalidade e as causas de morte nessas doenças.

1.1 Principais causas de morte

A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde, 10ª edição, conhecida também como CID-10 (OMS, 1994), permite avaliar,

de forma sistemática, as informações sobre a causa de morte, possibilitando a

interpretação e comparação de dados coletados em diferentes locais e períodos.

As principais causas, não violentas, de óbitos no Mundo e no Brasil são em

ordem decrescente, as seguintes: 1) doenças do aparelho circulatório, 2) cânceres

(neoplasias), 3) doenças do aparelho respiratório e 4) doenças nutricionais,

metabólicas e endócrinas (WHO, 2011 e 2014). Juntas, essas doenças contam com

quase 70% de todos os óbitos no mundo (WHO, 2011, 2013 e 2014). Essas causas

são coletivamente chamadas de DCNT (MOURA et al., 2009; VICTORA et al., 2011;

SCHMIDT et al., 2011; WHO, 2013), ou Doenças e Agravos Não Transmissíveis

(DANT), ou ainda, de Doenças do Estilo de Vida (DEV) (PAPPACHAN, 2011). Para

o presente estudo padronizamos o termo DCNT. Os relatórios estatísticos da

Organização Mundial da Saúde (OMS) também indicam que essas são as principais

causas de anos de vida perdidos devido à mortalidade prematura (WHO, 2014).

Adicionalmente, os óbitos por DCNT podem alcançar 80% nos países em

desenvolvimento, como o Brasil (WHO, 2011 e 2014). Tendo em conta que grande

parte desses óbitos poderia ser evitada com mudanças no EV, e que ocorrem em

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fase produtiva da vida, tal contingente impõe pesado custo social e econômico a

esses países.

1.2 Estilo de vida

No presente estudo, EV é entendido como uma maneira de viver com base

em padrões de comportamento identificáveis que são determinados pela interação

entre as características pessoais de um indivíduo, as interações e condições

socioeconômicas e ambientais de vida (WHO, 1998). Na revisão sistemática e meta-

análise de Loef e Walach (2012), os autores mostraram que quanto maior o número

de fatores do EV saudável, menor o risco relativo para a mortalidade por todas as

causas. A combinação de pelo menos quatro dos cinco fatores de EV saudável

estudados (não fumar, peso ótimo, atividade física, dieta saudável e consumo

moderado de álcool) associou-se à redução de 66% do risco de óbito (RR = 0,34,

IC95%: 0,27–0,44). As características enfatizadas de EV dos ASD podem ser

resumidas em oito princípios, que têm como acrônimo a expressão em inglês NEW

START (HENRY; KALYNOVSKYI, 2004; SLAVÍCEK et al., 2008; WHO, 2008):

nutrição (dieta vegetariana), exercício físico, água, exposição adequada ao sol,

abstinência de tabaco, álcool, cafeína e de outros produtos nocivos à saúde, ar puro,

repouso adequado e confiança em Deus. Henry e Kalynovskyi (2004)

recomendaram o NEW START como programa de EV para reverter o diabetes e a

obesidade naturalmente. Slavícek et al. (2008) aplicaram o NEW START por uma

semana em 1.349 voluntários, sendo 76% mulheres, com idade média de 51 ± 15

anos. Esses autores avaliaram os efeitos agudos (ao longo da semana de

tratamento) e crônicos (após um ano) do Programa NEW START e verificaram

significantes reduções (P < 0,0001) de 0,8% no peso corporal em 91% dos sujeitos,

de 1,2% no índice de massa corporal (IMC) em 78% deles, de 5% na pressão

sistólica e de 3% na pressão diastólica em 90% deles, de 11% no colesterol sérico

em 74% dos avaliados e de 10% na glicemia em 40% dos sujeitos, na primeira

semana. Após um ano de seguimento de uma pequena amostra, os autores

observaram reduções não significantes nesses parâmetros. Os autores concluíram

que o EV proposto pelo NEW START foi capaz de reduzir agudamente os principais

fatores de risco para as doenças cardiovasculares.

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Adicionalmente, a OMS listou o NEW START como um dos programas mais

bem-sucedidos no mundo para a promoção de EV fisicamente ativo (WHO, 2008). O

documento (p. 25) relata os resultados do NEW START para 80 crianças de 5 a 16

anos da rede escolar das Ilhas Cook, como projeto piloto, e indicou melhoras no EV,

incluindo aumento dos níveis de atividade física, que foram sustentados ao longo de

todo o programa.

Estudos com amostras representativas da população de ASD de alguns

países têm contribuído enormemente para o entendimento das relações entre o EV,

mortalidade e expectativa de vida (FRASER, 2003; BERKEL; WAARD, 1983;

FONNEBO, 1992).

1.3 Estilo de vida e mortalidade

Estudos com ASD americanos (KAHN et al., 1984; SNOWDON, 1988),

holandeses (BERKEL; WAARD, 1983) e noruegueses (FONNEBO, 1992), sustentam

a noção de que o EV se associa a menores taxas de mortalidade decorrentes de

doença cardíaca coronariana (PHILLIPS et al., 1978; FONNEBO, 1992), da maioria

dos cânceres (PHILLIPS, 1975; FONNEBO, 1992) e por doenças nutricionais,

metabólicas e endócrinas (ORLICH et al., 2013). Há sólidas indicações de que a

dieta tem importante impacto nas taxas de mortalidade (KAHN et al, 1984;

SNOWDON, 1988; FRASER, 1999; ORLICH et al., 2013). Esses estudos mostraram

que o consumo de carne foi positivamente associado à mortalidade por todas as

causas (em homens), por doença cardíaca coronariana (em homens e mulheres) e

por diabetes (em homens). Além desses produtos, há indicações de que o consumo

de ovos está positivamente associado à mortalidade por todas as causas e por

doença cardíaca coronariana (mulheres) e cânceres do cólon (homens e mulheres)

e do ovário. Ainda, o consumo de leite foi positivamente associado à mortalidade

somente em relação ao câncer de próstata (KAHN et al, 1984; SNOWDON, 1988).

Mais recentemente, estudando 96.469 ASD norte-americanos e canadenses, Orlich

et al. (2013) identificaram menores taxas de mortalidade por doença cardiovascular,

renal, endócrina e por causas não relacionadas ao sistema cardiovascular ou ao

câncer, entre vegetarianos, em comparação com os não vegetarianos,

especialmente entre os homens, e Famodu, et al (1998) também associou a dieta

vegetariana a menores níveis de fatores de risco para doenças cardiovasculares.

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Mesmo entre pessoas muito idosas (FRASER; SHAVLIK, 1997), alguns

hábitos de EV, tais como, a prática de atividade física vigorosa pelo menos três

vezes por semana e o consumo de castanhas pelo menos cinco vezes por semana,

se associaram a menor mortalidade por doença cardíaca coronariana, diabetes e por

todas as causas. Por outro lado, hábitos tais como, o consumo de “donuts” e de

carne vermelha, aumentaram o risco de morte.

1.4 Estilo de vida e expectativa de vida

Expectativa de vida é o número de anos restantes a uma pessoa, em uma

idade em particular, baseada nas taxas de mortalidade específicas da população

(WHO, 2004). A expectativa de vida média em 2012, ao nascimento, em países de

renda per capita baixa, média-baixa, media-alta e alta, foi de, respectivamente, 60,2

anos, 63,8 anos, 72,0 anos e 75,8 anos entre os homens e de 63,1 anos, 67,9 anos,

76,2 anos e 82,0 anos entre as mulheres (WHO, 2014). Fraser (2001) divulgou

dados indicativos de que os ASD nos Estados Unidos da América, que praticavam a

maioria dos princípios de EV propostos pela Igreja (dieta vegetariana, exercícios

físico, índice de massa corporal adequado e não fumavam) podiam viver até 10 anos

a mais que a população em geral. Em 2005, o jornalista Dan Buettner publicou artigo

na “National Goegraphic” que repercutiu pelo mundo por meio de diversas emissoras

de televisão, apontando as três populações com maior expectativa de vida, entre as

quais estavam os ASD da Califórnia, Estados Unidos da América, sugerindo relação

entre a elevada expectativa de vida e os distintivos aspectos do EV verificados

(BUETTNER, 2005). Esse jornalista chamou essas comunidades de “Blue Zones”.

Hoje em dia, são reconhecidas cinco Blue Zones, incluindo os ASD de Loma Linda

na Califórnia, os japoneses da ilha de Okinawa, os italianos da ilha da Sardenha, a

comunidade de Nicoya na Costa Rica (ROSERO-BIXBY, 2013) e Ikaria na Grécia

(PANAGIOTAKOS, 2011). As três primeiras populações denominadas Blue Zones

tinham em comum os seguintes hábitos: não fumavam, permaneciam fisicamente

ativos, tinham importante envolvimento social, desfrutavam de carinho familiar e

tinha dieta baseada em vegetais. Os ASD chamaram a atenção por suas

características distintivas de EV, tais como fortes vínculos religioso e espiritual,

guarda do sábado, consumo de derivados da soja, como o leite de soja, e elevado

consumo de castanhas e legumes.

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Um antigo estudo ilustra bem a relação entre EV e expectativa de vida

(BELLOC, 1973), relação essa que tem sido confirmada por vários outros (BERKEL;

WAARD, 1983; FERRUCCI et al., 1999; FRASER, 2001; SINGH et al., 2003; SINGH

et al., 2011; SINGH et al., 2013). Belloc (1973) comparou homens e mulheres que

tinham pelo menos seis de sete práticas de EV: 1) sono de 7h à 8h, 2) peso

adequado, 3) não comiam entre as refeições, 4) tomavam desjejum, 5) envolviam-se

frequentemente ou algumas vezes por semana em alguma atividade esportiva, ou

nadavam, caminhavam longamente, realizavam jardinagem ou exercícios físicos, 6)

ingeriam menos de 4 doses de bebida alcoólica por semana e 7) não fumavam. A

expectativa de vida de homens e mulheres que tinham pelo menos 6 dessas 7

práticas de EV era 11 anos e 7 anos maior, respectivamente, que aqueles que

tinham 4 práticas ou menos.

1.5 Tempo de ingresso na Igreja e mortalidade

Há indicações de que quanto maior o tempo de permanência na Igreja ASD e,

portanto, maior exposição aos princípios de EV promovidos por ela, menores são as

taxas de mortalidade (HEUCH et al., 2005). Entre 1974 e 1976, foi constituída uma

coorte com 34.198 ASD, não hispânicos e brancos. Foram incluídos no estudo para

avaliação da influência do tempo de batismo aqueles que foram batizados antes dos

20 anos de idade e pessoas nascidas dentro de famílias ASD e batizadas antes dos

30 anos. Esses compuseram o grupo de ASD que entraram na Igreja antes dos 20

anos, os quais foram comparados com os que entraram na Igreja em idade mais

avançada (mediana de 34 anos). Foram acompanhados por 12 anos 29.871 sujeitos,

sendo 20.336 do grupo que entrou antes dos 20 anos (37% homens e 63%

mulheres) e 9.535 do grupo que entrou mais tarde (38% homens e 62% mulheres).

Ocorreram 5.109 óbitos no período (38% homens e 62% mulheres). Os resultados

indicaram que, entre os homens, as menores taxas de mortalidade foram

observadas entre os que entraram na Igreja na infância. Ainda entre eles, os que

entraram na Igreja entre 40 e 70 anos de idade, inicialmente, tinham elevadas taxas

de mortalidade que, ao longo de 30 anos foi diminuindo e se aproximando das taxas

dos que entraram na infância. Entre as mulheres, o padrão foi semelhante, mas com

menores diferenças. As que entraram na Igreja como adultas, mas antes dos 40

anos, exibiram as menores taxas de mortalidade. As que entraram com idades entre

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19

40 e 80 anos, experimentaram aumento da mortalidade em relação às que entraram

antes dos 20 anos, que não foi reduzida nos 15 a 20 anos seguintes à entrada na

Igreja. Ao contrário, houve leve aumento da mortalidade.

Embora o tempo de exposição ao EV ASD pareça resultar em menor

mortalidade (tempo de batismo), não existe consenso sobre o tempo de exposição

ao vegetarianismo. Mills et al. (1988) utilizaram o tempo de batismo como indicador

de exposição ao EV vegetariano desde o nascimento, à idade que o EV vegetariano

começou e duração da exposição ao EV vegetariano, e não verificaram redução

estatisticamente significante no risco de câncer de mama. Phillips (1975) avaliou o

risco de vários cânceres em relação ao EV e hábitos dietéticos de ASD começando

em 1960. Ele não encontrou redução do risco de câncer com o aumento do tempo

de batismo, exceto para o câncer do estômago. Mesmo com relação ao câncer de

estômago, os menores valores de risco foram para aqueles que tinham 18 anos ou

menos de afiliação à Igreja por meio do batismo, em relação a quem tinha 19 anos a

34 anos e 35 anos ou mais de batismo.

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20

2 OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

Avaliar o perfil de mortalidade e as causas de morte dos ASD do estado de

São Paulo - Brasil, de 2002 a 2008.

2.2 Objetivos específicos

Comparar o perfil de mortalidade e a longevidade de ASD e NASD do estado

de São Paulo;

Avaliar a relação do tempo de batismo sobre as DCNT e longevidade de ASD.

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21

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo observacional descritivo onde foram analisados os

óbitos entre ASD no estado de São Paulo entre 2002 e 2008 comparando aos óbitos

da população geral.

3.2 Casuística

Foram constituídas duas populações para o estudo: todos os ASD, batizados

e regularmente registrados na Sede Administrativa da Igreja ASD para o estado de

São Paulo, denominada de União Central Brasileira da Igreja ASD, com sede no

Município de Arthur Nogueira, São Paulo, desde 1º janeiro de 1992, que faleceram

nos anos de 2002 a 2008 com idade superior a 25 anos, no óbito, e todos não

Adventistas do Sétimo Dia (NASD) que faleceram nos anos de 2004 a 2008 (por

estarem disponíveis os dados apenas a partir de 2004), também com idade superior

a 25 anos no óbito, do estado de São Paulo, registrados no Banco de Dados da

Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados (SEADE), localizada à Avenida

Prof. Lineu Prestes, 913, Vila Universitária, São Paulo, SP.

3.3 Variáveis sociodemográficas

Após obtenção dos dados dos ASD junto à Secretaria de Registros da União

Central Brasileira (UCB) da Igreja ASD, realizou-se busca e vinculação no banco de

dados de óbitos da Fundação SEADE. O processo de vinculação baseou-se na

busca eletrônica por meio de quatro itens: nome completo do indivíduo, nome do pai,

nome da mãe e data de nascimento. Depois de adicionadas as informações da

fundação SEADE o resultado foi as seguintes informações: Provenientes na UCB:

Nome completo do indivíduo, sexo, nome do pai, nome da mãe, data de nascimento,

nome da igreja e a data de batismo. Provenientes da Fundação SEADE: origem

étnica/cor, estado civil, escolaridade, causa base da morte através do CID-10, data

do óbito e naturalidade.

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22

Os indivíduos foram estratificados por faixa etária, como segue: 25-34, 35-44,

45-54, 55-64, 65-74, 75 anos ou mais.

3.4 Declaração de óbito

Todas as informações adicionais aos dados da UCB, foram extraídas da

Declaração de Óbito (DO). Estas informações são enviadas pelos Cartórios de

Registro Civil, dos 645 municípios paulistas e organizadas pela Fundação SEADE.

Embora a DO apresente limitações quanto à qualidade de seu adequado

preenchimento, especialmente quanto à causa de morte (SILVA, J. et al., 2013,

LUCENA et al., 2014, MESSIAS et al., 2016), é o instrumento mais escolhido para

levantamentos de óbitos e suas causas de morte de vários estudos (MIRANDA

FILHO et al., 2014), por se tratar do mais acessível meio para obtenção de

informações relativas à mortalidade no Brasil. Ao serem comparados os dados

relativos às causas básicas de mortes das DO com os registros hospitalares, existe

elevada concordância entre ambas, tornando a DO meio ainda útil em estudos

epidemiológicos (MIRANDA FILHO et al., 2014, VELTEN et al., 2016).

3.5 Causa de morte

Causa de morte são todas as situações, sejam elas doenças, estados

mórbidos ou lesões, que provocaram ou, de alguma forma, contribuíram para a

morte de alguém, e as circunstâncias de um acidente ou violência que produziram

essas lesões. A causa básica de morte, ou causa primária, é a doença ou lesão

precursora da cadeia de acontecimentos patológicos que levaram diretamente a

morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal

(BRASIL, 2001).

A responsabilidade pelo total preenchimento da DO, bem como a definição

da(s) causa(s) de morte é do profissional médico. Para pacientes internados sob o

regime hospitalar, o médico que vinha prestando a assistência, ou seja, o

responsável pela internação deve preencher a DO e, na sua ausência, a

responsabilidade é do médico substituto ou plantonista. No caso de óbito sem

assistência médica, o médico do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) é o

responsável pelo preenchimento (BRASIL, 2006). Embora a DO apresente

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limitações no seu preenchimento, especialmente quanto à causa de morte, como

dito anteriormente, é o instrumento mais escolhido para os levantamentos de óbitos

(MIRANDA FILHO et al., 2014).

Após definida(s) a(s) causa(s) de morte, estas são codificadas segundo a

CID-10 (OMS, 1994), seguindo as orientações de Brasil (2011). A CID-10 permite

avaliar, de forma sistemática, as informações sobre a causa de morte, possibilitando

a interpretação e comparação de dados coletados em diferentes locais e períodos.

A classificação está dividida em 22 capítulos que são subdivididos em

agrupamentos representados por três caracteres. Muitos destes agrupamentos são

ainda subdivididos por meio de um quarto caractere numérico após ponto decimal,

permitindo a existência de até dez subcategorias por agrupamento. O primeiro

caractere do código é sempre uma letra que está associada a um capítulo particular,

exceto as letras D, associada aos capítulos II e III, e H, associada aos capítulos VII e

VIII. Quatro capítulos usam mais que uma letra na primeira posição de seus códigos

(capítulos I, II, XIX e XX). Os outros dois caracteres sequenciais são números e,

juntamente com o primeiro caractere, representam os agrupamentos que são

categorias homogêneas.

Os capítulos e os agrupamentos são: I - Algumas doenças infecciosas e

parasitárias, abrangendo os códigos de A00 a B99; II - Neoplasias [Tumores],

abrangendo os códigos de C00 a D48; III - Doenças do sangue e dos órgãos

hematopoiéticos e alguns transtornos imunitários, abrangendo os códigos de D50 a

D89; IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, abrangendo os códigos de

E00 a E90; V - Transtornos mentais e comportamentais, abrangendo os códigos de

F00 a F99; VI - Doenças do sistema nervoso, abrangendo os códigos de G00-G99;

VII - Doenças do olho e anexos, abrangendo os códigos de H00-H59; VIII - Doenças

do ouvido e da apófise mastóide, abrangendo os códigos de H60 a H95; IX -

Doenças do aparelho circulatório, abrangendo os códigos de I00-I99; X - Doenças

do aparelho respiratório, abrangendo os códigos de J00-J99; XI - Doenças do

aparelho digestivo, abrangendo os códigos de K00-K93; XII - Doenças da pele e do

tecido celular subcutâneo, abrangendo os códigos de L00-L99; XIII - Doenças do

sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, abrangendo os códigos de M00-M99;

XIV - Doenças do aparelho geniturinário, abrangendo os códigos de N00-N99; XV -

Gravidez, parto e puerpério, abrangendo os códigos de O00-O99; XVI - Algumas

afecções originadas no período Peri natal, abrangendo os códigos de P00-P96; XVII

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24

- Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas, abrangendo

os códigos de Q00-Q99; XVIII - Sintomas, sinais e achados anormais de exames

clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte, abrangendo os códigos

de R00-R99; XIX - Lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de

causas externas, abrangendo os códigos de S00-T98; XX - Causas externas de

morbidade e de mortalidade, abrangendo os códigos de V01-Y98; XXI - Fatores que

influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde, abrangendo

os códigos de Z00-Z99; XXII – Códigos para propósitos especiais, abrangendo os

códigos de U04 a U99 (OMS, 1994).

No presente estudo, serão considerados os capítulos II - Neoplasias

[Tumores] (NEO), IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (DENM), IX -

Doenças do aparelho circulatório (DAC), X - Doenças do aparelho respiratório (DAR)

e XI - Doenças do aparelho digestivo (DAD), por se tratarem das principais causas

naturais de óbitos no Mundo e no Brasil. Essas cinco causas de óbito são

denominadas, em conjunto, de DCNT e juntas respondem por um pouco mais de

70% de todos os óbitos (WHO, 2011 e 2014), além de representarem as principais

causas de anos de vida perdidos por morte prematura (WHO, 2014).

3.6 Análise estatística

Inicialmente, todos os dados dos ASD e dos NASD foram submetidos à

análise descritiva e estratificação com base na idade, sexo, faixa etária, origem

étnica/cor, estado civil, escolaridade e causa de morte. As diferentes prevalências

foram apresentadas como proporções, e seus respectivos intervalos de confiança de

95% (IC 95%) e comparadas por meio do teste do qui-quadrado (2).

Sequencialmente foram distribuídos os percentuais e os respectivos IC95% dos

óbitos dos cinco capítulos da CID-10 que representam as DCNT, segundo as

diferentes faixas etárias, de ASD e NASD e também comparadas a fim de ver se

havia diferenças entre as faixas etárias por capítulo. Adicionalmente, analisou-se a

média dos anos vividos por faixas de tempo de entrada na igreja e posteriormente as

proporções de óbitos por capítulo da CID-10 que representam as cinco DCNT e seus

respectivos IC95%, segundo o tempo de batismo.

Alguns estudos indicam que quanto maior o tempo de ingresso na Igreja

menor é a taxa de mortalidade e maior a expectativa de vida (FONNEBO, 1992;

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25

HEUCH et al., 2005). Todas as análises foram feitas em pacotes estatísticos

específicos: SPSS, versão 22, e GraphPad Prism, versão 6.0, ambos para Windows.

Em todos os casos, foram admitidas diferenças estatisticamente significantes

quando α < 0,05 e β > 0,80.

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26

4 RESULTADOS

4.1 Aspectos gerais

Foram analisados os dados de 3.900 ASD e 1.126.727 de NASD falecidos

(Tabela 1). A idade média ± desvio-padrão dos óbitos dos ASD foi de 69,6 ± 15,7

anos (mediana = 72 anos, mínimo = 25 anos e máximo = 108 anos), e a dos NASD

foi de 66,6 ± 16,6 anos (mediana = 69 anos, mínimo = 25 e máximo = 123 anos).

Essa diferença de 3 anos a favor dos ASD foi estatisticamente significante (P <

0,001).

Os registros sobre expectativa de vida no Brasil, de 2002 a 2008, indicam

valores diferentes: 2002: 70,84 anos, 2003: 71,20 anos, 2004: 71,53 anos, 2005:

71,84 anos, 2006: 72,13 anos, 2007: 72,42 anos e 2008: 72,70 anos

(https://countryeconomy.com/demography/life-expectancy/brazil), valores esses

superiores aos verificados tanto entre ASD quanto entre NASD.

Separando-se os óbitos segundo o sexo, entre os ASD, a expectativa de vida

das mulheres foi de 70,3 ± 15,3 anos e a dos homens foi de 68,7 ± 16,1 anos,

enquanto que entre os NASD foi de 70,8 ±16,2 anos nas mulheres e 63,4 ± 16,9 nos

homens. Os homens ASD viveram, em média, 5,3 anos mais que os NASD (P <

0,001).

Tabela 1: Média de anos vividos por sexo e total.

Ano do óbito

ASD NASD

Masc Fem Total Masc Fem Total

2002 69,1 69,5 69,4 - - - 2003 68,4 68,6 68,5 - - - 2004 68,5 70,1 69,4 62,8 70,3 66,0 2005 68,4 70,2 69,4 63,0 70,4 66,2 2006 67,5 70,9 69,3 63,5 70,8 66,7 2007 70,8 71,1 71,0 63,8 71,0 67,0 2008 68,4 71,1 69,9 64,1 71,1 67,2

Total 68,7 70,3 69,6 63,4 70,8 66,6 ASD: Adventistas do Sétimo Dia. NASD: Não Adventistas do Sétimo Dia. MASC: Masculino. FEM: Feminino.

A Tabela 2 resume os dados dos ASD e dos NASD relativos ao sexo, faixa

etária, etnia, estado civil e escolaridade.

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27

Tabela 2: Dados sociodemográficos dos óbitos de Adventistas do Sétimo Dia, de

2002 a 2008, e da População do estado de São Paulo, de 2004 a 2008. Sexo ASD NASD

N % N %

Feminino‡ 2.131 55 491.673 44 Masculino‡ 1.769 45 635.053 56

Total 3.900 100 1.126.727 100

Faixa etária ASD NASD

N % N % 25-34† 111 3 55.089 5 35-44† 234 6 84.593 8 45-54† 349 9 138.930 12 55-64† 563 14 180.499 16 65-74† 936 24 237.150 21 >74† 1.707 44 430.466 38 Total 3.900 100 1.126.727 100

Raça/Cor ASD NASD

N % N %

Branca 3.025 78 884.291 78 Parda‡ 518 13 66.178 6 Preta‡ 261 7 17.339 2 Amarela‡ 36 1 147.354 13 Indígena 4 0 348 0 Ignorado 56 1 11.217 1 Total 3.900 100 1.126.727 100

Estado civil ASD NASD

N % N %

Solteiro‡ 1.090 28,0 242.396 21,5 Casado 1.577 40,4 460.406 40,9 Viúvo‡ 993 25,5 309.601 27,5 Separado judicialmente‡ 138 3,5 73.430 6,5 União Consensual‡ 15 0,4 2.887 0,3 Ignorado‡ 87 2,2 38.007 3,4

Total 3.900 100,0 1.126.727 100,0

Escolaridade ASD NASD

N % N %

Nenhuma 376 9,6 107.471 9,5 De 1 a 3‡ 823 21,1 204.670 18,2 De 4 a 7 644 16,5 193.837 17,2 De 8 a 11 297 7,6 91.160 8,1 12 e mais‡ 210 5,4 51.119 4,5 Ignorado‡ 1.550 39,7 478.470 42,5

Total 3.900 100,0 1.126.727 100,0 ASD: Adventistas do Sétimo Dia. NASD: Não Adventistas do Sétimo Dia. N: Número.

†P < 0,01 e

‡P <

0,001: diferenças estatisticamente significantes nas comparações entre ASD e NASD.

Entre ASD e NASD, respectivamente, as proporções de mulheres (55% e

44%) e de homens (45% e 56%) foram estatisticamente diferentes (P < 0,001). ASD

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e NASD também diferiram (P < 0,01) com relação às proporções de óbitos nas

diferentes faixas etárias, sendo que nas faixas acima de 65 anos a proporção de

ASD foi significantemente maior que a dos NASD. Esses resultados indicam que a

maior proporção de óbitos entre os ASD ocorre dos 65 anos em diante (P < 0,01), o

que, em parte, é compreensível, exceto o fato de haverem diferenças significantes

entre as populações. Com relação à origem étnica, ASD e NASD também diferiram

significantemente (P < 0,001) em relação aos de cor parda, preta e amarela. Com

respeito ao estado civil, ASD e NASD diferiram significantemente em todas as

comparações, exceto nas proporções de casados. Finalmente, ASD exibiram maior

proporção de indivíduos com 1 a 3 anos e com 12 anos ou mais de escolaridade,

enquanto que os NASD exibiram maiores proporções de declaração de óbito com

escolaridade ignorada (P < 0,001).

4.2 Causas de morte

A Tabela 3 resume os achados relativos às proporções de óbitos por capítulo

da CID-10 das sete principais causas, em ordem decrescente.

Tabela 3: Prevalência (%) dos óbitos por capítulo do CID-10, das sete principais causas, em ordem decrescente.

CID 10 – Capítulos

ASD (IC95%)

NASD (IC95%)

IX Doenças do aparelho circulatório 35 (33;36) 33 (33;33) †

II Neoplasias [tumores] 22 (20;23) 18 (18;18) ‡

X Doenças do aparelho respiratório 11(10;12) 12 (12;12)

XX Causas externas de morbidade e de mortalidade 6 (5;6) 9 (9;9) ‡

XVIII Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte

6 (5;6) 7 (7;7) †

IV Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 6 (5;6) 5 (5;5)

XI Doenças do aparelho digestivo 5 (4;6) 6 (6;6) †

ASD: Adventistas do Sétimo Dia. NASD: Não Adventistas do Sétimo Dia. †P < 0,01 e

‡P < 0,001:

diferenças estatisticamente significantes nas comparações entre ASD e NASD.

As cinco primeiras causas de óbitos dos ASD e NASD coincidiram e foram,

em ordem decrescente, DAC, NEO, DAR, Causas externas de morbidade e de

mortalidade (CEMM) e Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e

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de laboratório (SSAA). A sexta causa de óbito para os ASD foi DENM, enquanto que

para os NASD foi DAD (Tabela 2). Adicionalmente, ASD e NASD diferiram

significantemente (P < 0,01) com relação às proporções de óbitos por DAC, NEO,

CEMM, SSAA e DAD, com maiores prevalências entre os ASD por DAC e de NEO e

entre NASD de CEMM, SSAA e DAD. Os demais capítulos da CID-10 apresentaram

percentuais inferiores a 5% e não tiveram diferenças significantes.

Visto que as DCNT compreendem os capítulos de DAC, NEO, DAR, DENM e

DAD, e essas foram responsáveis por 78% (ASD) e 74% (NASD) de todos os óbitos,

serão analisadas somente essas.

4.3 Doenças do estilo de vida

A Tabela 4 resume os achados relativos às proporções de óbitos de ASD e

NASD, por faixa etária.

Tabela 4: Distribuição percentual e respectivos IC95% dos óbitos nas cinco DCNT,

segundo as diferentes faixas etárias, de ASD e NASD. CID-10 DAC NEO DAR DENM DAD

Faixas etárias

ASD NASD ASD NASD ASD NASD ASD NASD ASD NASD

25–34 1%

0;1

1%*

1;1

2%

1;4

2%

2;2

2%

0;3

2%

2;2

0%

0;0

2%

2;2

3%

1;5

4%

4;4

35–44 3%

2;4

4,%*

4;4

10%

8;12

6%‡

6;6

3%

2;5

4%

3;4

2%

0;4

4%

3;4

4%

2;7

11%†

11;12

45–54 6%

4;7

11%‡

10;10

15%

12;17

15%

15;15

5%

3;7

7%

6;7

8%

5;12

7%

6;7

8%

5;12

19%‡

19;20

55–64 12%

11;14

17%‡

16;17

20%

17;23

22%

22;22

10%

7;13

11%

11;11

15%

10;20

11%

11;11

18%

13;23

19%

18;19

65–74 28%

25;30

24%‡

24;24

24%

21;27

26%

25;26

19%

16;23

21%

21;21

31%

25;37

21%

21;21

27%

21;33

19%†

19;19

≥75 51%

48;54

44%‡

44;44

28%

25;31

30%

30;30

61%

56;66

56%

56;57

43%

37;50

56%‡

56;57

39%

33;46

28%‡

28;28

ASD: Adventistas do Sétimo Dia. NASD: Não Adventistas do Sétimo Dia. DAC: doenças do aparelho circulatório. NEO: neoplasias (tumores). DAR: doenças do aparelho respiratório. DENM: doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. DAD: doenças do aparelho digestivo. *P < 0,05,

†P < 0,01 e

‡P

< 0,001: diferenças estatisticamente significantes entre ASD e NASD.

Nas faixas etárias de 25 a 64 anos de idade, todas as proporções de óbitos

por DAC entre os ASD foram significantemente inferiores às dos NASD. Contudo, de

65 anos em diante a proporção de óbitos foi significantemente maior (P < 0,05).

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30

Com relação às NEO, somente a proporção de óbitos dos 35 aos 44 anos foi

significantemente maior entre os ASD (P < 0,001), nas demais faixas estarias não

houveram diferenças significantes.

As proporções de óbitos por DAD foram significantemente menores entre os

ASD dos 35 aos 54 (P < 0,01). Por outro lado, foram significantemente maiores dos

65 em diante.

4.4 Influência do tempo de batismo

A Figura 1 ilustra a idade dos ASD quando do óbito em função do tempo de

batismo.

Figura 1: Idade dos Adventistas do Sétimo Dia quando do óbito em função do tempo de batismo.

Como esperado, quanto mais tempo de batismo, maior a idade ao tempo do

óbito.

A Tabela 5 resume as prevalências de óbitos por Capítulo CID-10 em função

do tempo de batismo.

T e m p o d e B a t is m o (a n o s )

Ida

de

ao

ób

ito

(a

no

s)

0-4

5-9

10

-14

15

-19

20

-24

25

-29

30

-34

35

-39

40

ou

+

6 0

6 2

6 4

6 6

6 8

7 0

7 2

7 4

7 6

7 8

8 0

8 2

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Tabela 5: Proporções de óbitos por capítulo CID-10 e respectivos IC95%, das cinco DCNT, segundo o tempo de batismo.

Tempo de batismo

DAC NEO DAR DENM DAD

0–4 29% 26;32

25% 22;28

10% 8;12

5% 4;7

5% 4;7

5–9 35%* 32;39

23% 20;27

11% 8;13

5% 4;7

4% 3;6

10–14 36%* 32;41

19%† 15;22

12% 9;15

6% 4;9

6% 4;8

15–19 34% 29;39

19%* 15;23

12% 8;15

8%* 5;12

5% 3;7

>19 38%‡

32;44

20%†

18;22

11%

9;13

6%

4;7

5%

4;7 DAC: doenças do aparelho circulatório. NEO: neoplasias (tumores). DAR: doenças do aparelho respiratório. DENM: doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. DAD: doenças do aparelho digestivo. *P < 0,05,

†P < 0,01 e

‡P < 0,001: diferenças estatisticamente significantes em relação aos

recém-batizados (0-4) anos.

Dos 3.900 ASD estudados, conseguiu-se a data de batismo de 3.654 (94%).

Independentemente do tempo de batismo, as maiores prevalências de óbitos

ocorreram por DAC, seguidas pelas NEO, DAR, DENM e DAD. A proporção de

óbitos por DAC aumentou significantemente (P <0,05) comparando-se recém-

batizados (0 a 4 anos) e os demais tempos de batismo (5 anos ou mais), exceto na

faixa de 15 a 19 anos. Já as proporções de óbitos por NEO diminuíram

significantemente quando comparados os recém-batizados (0 a 4 anos) e aqueles

com tempo de batismo superior a 10 anos. Contrariando a forte influência da idade

sobre a mortalidade por NEO (BRASIL, 2011a) o tempo de batismo pode ser um

fator de interesse para ser mais profundamente estudado. Nas DENM foi encontrada

diferença significante (P < 0,05) apenas na faixa de 15 a 19 anos. Nas DAR e DAD

não foram observadas diferenças estatisticamente significantes.

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5 DISCUSSÃO

5.1 Aspectos gerais

O objetivo do presente estudo foi avaliar o perfil de mortalidade dos ASD do

estado de São Paulo, determinando-se a longevidade e as causas de morte em

relação aos NASD. Os principais achados do estudo revelaram que os ASD tiveram

3 anos a mais na expectativa de vida que os NASD (tabela 1), e que essa maior

expectativa de vida esteve relacionada ao sexo masculino ASD, que exibiu 5,3 anos

a mais que os NASD.

Embora Velten et al. (2016) não tenham realizado análises inferenciais, a

reanálise de seus dados mostrou que quatro capítulos do CID-10 em seu estudo

exibiram diferenças estatisticamente significantes entre os ASD do Espírito Santo

(ASD-ES), em relação à respectiva população. Esses exibiram maior taxa de óbitos

por NEO (20% versus 15%, P < 0,001), por DENM (8% versus 5%, P > 0,001), por

SSAA (6% versus 4%, P < 0,001) e menor por CEMM (10% versus 19%, P < 0,001).

Diferentemente do estudo de Velten et al. (2016), no presente estudo verificamos

cinco capítulos da CID-10 com diferenças estatisticamente significantes entre ASD e

NASD (P < 0,01). As taxas de óbitos por DAC e NEO foram significantemente

maiores nos ASD, enquanto que as taxas de SSAA, CEMM e por DAD foram

menores que nos NASD.

É razoável supor que existam importantes diferenças regionais entre os ASD-

ES e os ASD de São Paulo (ASD-SP). Embora idade de óbito não tenha

apresentado diferença significante, ASD-ES e ASD-SP diferiram significantemente

(P < 0,001) com relação às proporções de mulheres e homens (ASD-ES = 49% e

51% e ASD-SP = 55% e 45%), às Etnias, especialmente com relação à origem

étnica Branca (44% versus 78%) e Parda (26% versus 13%), ao Estado Civil

(Solteiros 14% versus 28% e Casados 50% versus 40%), e à Escolaridade, com

13% dos ASD-SP exibindo 8 anos de escolaridade ou mais contra 6% dos ASD-ES,

sendo que 27% dos ASD-ES tinham até 3 anos de escolaridade contra 31% dos

ASD-SP (P < 0,001). Assim sendo, é possível supor que os ASD-ES não sejam

muito diferentes da respectiva população, enquanto que os ASD-SP difiram em

maior proporção da respectiva população.

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Merece ser destacado que, em números gerais, as maiores proporções de

DAC e NEO não eram esperadas para os ASD-SP em relação à população. Não

temos uma explicação satisfatória que se sustente pelos dados aqui coletados, pois

nos estudos com ASD disponíveis têm mostrado menores proporções de

Hipertensão Arterial (ARMSTRONG et al., 1977; FERREIRA et al., 2011; SILVA et

al., 2012), Diabetes Mellitus, Dislipidemia e Excesso de Peso (FERREIRA et al.,

2011) em relação à população brasileira. Adicionalmente, Navarro et al. (2006)

também encontraram significantemente menores valores de fatores de risco para as

DAC, como menor prevalência de hipertensão arterial e hipercolesterolemia, além de

concentrações plasmáticas mais baixas de colesterol total e LDL-C e menores

valores da pressão sistólica e diastólica. No futuro, outros aspectos deverão ser

avaliados e que se relacionem às DAC e às NEO como a influência epigenética

ambiental do estado de São Paulo, o grau de adesão aos princípios do EV

recomendados pela Igreja ASD e o impacto de sucessivas gerações com práticas de

EV saudável.

5.2 Causas de morte

As cinco primeiras causas de óbitos foram as mesmas para ASD e para os

NASD. A sexta causa diferiu entre os grupos, sendo DENM para os ASD e DAD para

os NASD (tabela 3). As cinco principais causas de óbitos relacionadas às DCNT

(DAC: 35%, NEO: 22%, DAR: 11%, DENM: 6% e DAD: 5%) contaram com 78% de

todos os óbitos entre ASD, valor significantemente superior ao observado entre os

NASD. Dessas cinco causas, três são as primeiras causas de óbitos no mundo

(DAC, NEO e DAR), segundo a OMS (WHO, 2011 e 2015). Juntas, contaram com

68% dos óbitos entre os ASD e 63% entre os NASD, proporções iguais às

divulgadas pela OMS (WHO, 2010, 2011 e 2015). Essas doenças são amplamente

reconhecidas como relacionadas ao EV: dieta não saudável, sedentarismo,

tabagismo e etilismo (WHO, 2011). Os dados obtidos de estudos estrangeiros

indicam que as taxas de mortalidade por essas doenças são menores entre os ASD

(PHILLIPS, 1975; PHILLIPS et al., 1978; BERKEL; WAARD, 1983; KAHN et al.,

1984; SNOWDON, 1988; FONNEBO, 1992; FRASER, 2003; ORLICH et al., 2013)

em relação a população local, o que no presente estudo não foi observado em

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números totais. Ao contrário, em relação as DAC e NEO as proporções foram

significantemente maiores. Das três principais causas, apenas a proporção de óbitos

por DAR foi menor nos ASD, mas não significantemente.

Como no presente estudo, Velten et al. (2016) também verificaram que as

DAC (34%), NEO (20%), DAR (8%), DENM (8%) e as DAD (4%) foram as cinco

principais causas de óbitos relacionados às DCNT entre os ASD-ES e que contaram

com 74% de todos os óbitos.

No entanto um dado adicional chama a atenção. Na tabela 4 quando avaliado

o total das proporções de óbitos, usando como referência as faixas etárias abaixo de

65 anos, os ASD obitaram significantemente menos por DAC e DAD e nas faixas

com 65 anos ou mais obitaram significantemente mais nessas comparações. Nas

demais comparações não houve diferença significante. Como dito anteriormente,

embora maiores proporções de DAC e NEO não eram esperadas para os ASD-SP

em nenhuma comparação e não tenhamos uma explicação satisfatória que se

sustente, quando analisados os dados nas faixas etárias inferiores a 65 anos

observou-se menor proporção de óbitos por DAC entre ASD e maior com 65 anos ou

mais. As NEO apresentaram diferença com prevalência superior dos ASD entre 35 e

44 anos em relação aos NASD. Podemos entender que de alguma forma a

exposição à influência da Igreja ASD demonstrou diferentes resultados de

mortalidade pelas DCNT abaixo dos 65 anos, o que pode ser atribuído às menores

proporções de fatores de risco (ARMSTRONG et al., 1977; NAVARRO, 2006;

FERREIRA et al., 2011; SILVA et al., 2012) já observado em estudos anteriores com

população brasileira e outras populações.

Embora algum efeito da influência da Igreja ASD seja percebido, por exemplo,

na maior expectativa de vida, principalmente entre os homens e na análise das

proporções de óbito abaixo dos 65 anos, as distintivas características do EV dessa

população não foram aqui percebidas com relação às taxas totais de mortalidade. É

possível que populações estrangeiras, onde se observam menores taxas de

mortalidade decorrentes de doença cardíaca coronariana, da maioria dos cânceres e

por doenças nutricionais, metabólicas e endócrinas, estejam sendo beneficiadas

pelo efeito epigenético decorrente do tempo de exposição ao EV recomendado pela

Igreja ASD, ao longo de maior número de gerações, ou mesmo que a adesão aos

princípios de saúde recomendados seja diferente.

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5.3 Doenças do estilo de vida

Considerando os ASD como uma população orientada a seguir um EV

saudável (PHILLIPS, 1975; PHILLIPS et al 1978; GCSDA, 2015), a proporção de

óbitos pelas cinco principais DCNT (78%) foi inesperado, especialmente por ser uma

proporção significantemente maior que entre os NASD (74%, P < 0,001). Belloc

(1973) se utilizou de 7 componentes do EV (sono adequado, peso corporal

adequado, não comer entre as refeições, tomar desjejum, realizar atividades físicas,

consumir menos de 4 doses de álcool e não fumar), dos quais 4 pertencem aos oito

princípios de EV recomendados pela Igreja ASD, e verificou que quanto maior o

número de componentes do EV praticados, menor a mortalidade. O mesmo

fenômeno foi observado na revisão sistemática e meta-análise de Loef e Walach

(2012). Esses autores encontraram 21 estudos, sendo 18 com coortes, dos quais 15

preencheram os critérios de inclusão e foram incluídos nas análises, totalizando

531.804 sujeitos e um seguimento de 13,24 anos. Os componentes do EV avaliados

foram obesidade, consumo de álcool, fumo, dieta e atividade física, ou seja, quatros

dos oito preconizados pela Igreja ASD. Os resultados indicaram que os riscos

relativos diminuíram com o aumento do número de componentes do EV saudável

para todas as causas de mortalidade, sendo que quando eram praticados quatro dos

cinco componentes, a redução do risco de morte era de 66%.

Embora seja especulativo, supomos que os ASD avaliados no presente

estudo não acataram adequadamente as orientações de EV propostos pela Igreja

ASD. Tal suposição seria mantida ou não em uma avaliação do número de

componentes do EV praticados e sua adequação às orientações baseadas em

evidências.

5.4 Influências do tempo de batismo

O tempo de batismo, data em que o indivíduo oficialmente passa a ser

considerado membro da Igreja ASD, já foi utilizado como indicador do tempo de

exposição ao EV proposto pela Igreja (PHILLIPS, 1975, MILLS et al., 1988).

Presume-se que quanto mais tempo de batismo, maior o tempo de exposição às

orientações de EV e, possivelmente, maiores as chances de adesão e prática

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(HEUCH et al., 2005). Foi o que Mills et al. (1988) verificaram. Tanto nas análises

não ajustadas como nas ajustadas pela educação e idade da menarca, eles notaram

que as razões de chance para o câncer de mama eram inversamente associadas ao

tempo de exposição ao EV ASD. Contudo, esses autores notaram que essas

associações não foram estatisticamente significantes (P entre 0,09 e 0,20). O

mesmo fenômeno foi observado por Phillips (1975), que não encontrou redução do

risco de câncer com o aumento do tempo de batismo, exceto para o câncer do

estômago. Assim sendo, as expectativas para os sujeitos do presente estudo eram

que não houvesse reduções significantes das proporções de óbitos por NEO com o

aumento do tempo de batismo. Surpreendentemente não foi o que ocorreu (tabela

5). A partir de 10 anos de batismo houve uma redução significante de óbitos por

NEO. Como dito anteriormente esses dados contrariam a forte influência da idade

sobre a mortalidade por NEO (BRASIL, 2011a), sendo que o tempo de batismo deve

ser um fator de interesse para ser mais profundamente estudado.

Como esperado, observamos aumento da idade ao óbito com o aumento do

tempo de batismo, o que é intuitivo (Figura 1), e corrobora com o estudo de Fonnebo

(1992), que também associa o tempo de entrada na igreja à maior expectativa de

vida, mas por outro lado, apenas as proporções de óbitos por NEO apresentaram

diminuição significante em função do tempo de batismo, nas demais não foi

evidenciado qualquer benefício do tempo de ingresso à Igreja (Tabela 5) e a

proporção de óbitos por DAC, entre os que tinham mais de 19 anos de batismo, foi

significantemente maior que entre os que tinham quatro anos ou menos.

É difícil explicar esses resultados. Novamente, supomos que a adesão ao EV

ASD não seja o esperado, comparativamente ao verificado nos estudos já citados.

Outra suposição se relacionaria ao nível e qualidade das orientações de EV às quais

os ASD-SP estão sujeitos. Talvez não sejam tão enfáticas, talvez as medidas

educacionais relacionadas ao EV não sejam semelhantes às quais os ASD da

população americana e de outras populações, já estudadas, no mundo estão

sujeitos. Adicionalmente, não se pode descartar a influência epigenética ambiental

do estado de São Paulo, bem como o impacto de sucessivas gerações com práticas

de EV saudável.

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6. CONCLUSÕES

Por fim, após a avaliação do perfil de mortalidade e causas de morte entre

ASD do estado de São Paulo, conclui-se que estes foram beneficiados com uma

expectativa de vida superior vivendo, em média, 3 anos a mais, que a população,

sendo o sexo masculino o maior beneficiado, vivendo 5,3 anos a mais. ASD e NASD

têm significantes diferenças sociodemográficas e coincidem nas principais causas

de morte, sendo predominante entre ASD os óbitos por DAC e NEO. Embora não

tenha sido evidenciada uma redução das proporções desses óbitos com o aumento

do tempo de batismo, como esperado nas DCNT, houve um aumento da idade

média no óbito com o aumento do tempo de batismo e uma redução significante dos

óbitos por NEO a partir de 10 anos de batismo comparado aos recém-batizados.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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