Perfil Sensorial como Ferramenta para o Desenvolvimento de...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
Perfil Sensorial como Ferramenta para o
Desenvolvimento de Chocolates ao Leite Diet em sacarose
e Light em calorias Contendo Substitutos da Sacarose e
de Gordura
Lauro Luís Martins Medeiros de Melo
Mestre em Ciência de Alimentos
Engenheiro de Alimentos
Tese apresentada à Faculdade de Engenharia de Alimentos, da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do título de Doutor em Alimentos e Nutrição
Profª. Drª. Helena Maria André Bolini
Orientadora
Campinas/SP 2008
ii
iii
Lauro Luís Martins Medeiros de Melo
Mestre em Ciência de Alimentos
Engenheiro de Alimentos
Perfil Sensorial como Ferramenta para o
Desenvolvimento de Chocolates ao Leite Diet em sacarose
e Light em calorias Contendo Substitutos da Sacarose e
de Gordura
Profª. Drª. Helena Maria André Bolini
Orientadora
Campinas/SP 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FEA – UNICAMP
Titulo em inglês: Sensory profile as a tool for developing diabetic and low-calorie milk
chocolates with sucrose and fat replacers Palavras-chave em inglês (Keywords): Chocolates, Sucralose, Steviosideo, Whey protein
concentrate Área de concentração: Consumo e Qualidade de Alimentos
Titulação: Doutor em Alimentos e Nutrição Banca examinadora: Helena Maria André Bolini Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva Flávio Luís Schmidt Valdecir Luccas Marta Regina Verruma-Bernardi Data da defesa: 19/12/2008 Programa de Pós Graduação: Programa em Alimentos e Nutrição
Melo, Lauro Luís Martins Medeiros de M491p Perfil sensorial como ferramenta para o desenvolvimento de chocolates ao leite \”Diet”\ em sacarose e \”Light”\ em calorias contendo substitutos da sacarose e de gordura / Lauro Luís Martins Medeiros de Melo. – Campinas, SP: [s.n.], 2008. Orientador: Helena Maria André Bolini Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Engenharia de Alimentos
1. Chocolate. 2. Sucralose. 3. Stévia. 4. Concentrado protéico do soro de leite. I. Bolini, Helena Maria André. II. Universidade Estadual de Campinas.Faculdade de Engenharia de Alimentos. III. Título. (cars/fea)
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família, cujo apoio vem se mostrando diretamente proporcional à
distância.
À minha orientadora, Profª. Drª. Helena Maria André Bolini, pela confiança no meu
trabalho desde o primeiro contato. Disso decorreu toda a estrutura fornecida pelo seu
laboratório.
À minha orientadora durante o período nos Estados Unidos, Drª. MaryAnne Drake,
essencial para a realização daquela parte da pesquisa e frutos posteriores.
À minha conselheira, pesquisadora Priscilla Efraim do CEREAL CHOCOTEC
(ITAL), por me orientar em toda a parte de tecnologia de chocolate.
Às empresas que forneceram ingredientes e amostras.
Ao Prof. Assis e Alice pela ajuda com as embalagens utilizadas.
A todos do laboratório no Brasil, especialmente Lia (que também foi importante nos
Estados Unidos) e D. Nice, mas tendo que citar Carlos, Patrícia, Vilene, Renata, Susi,
Karina, Angélica, Vitor, Marta, Patrícia (minha estagiária em meses decisivos), Alessandra,
Bruna, Aline, Léo (por socorros estatísticos) e Rafael (responsável pelos detalhes
burocráticos finais enquanto eu já estava fora).
Não posso deixar de destacar, nesse grupo, Ju B. e Ju C. Profissionais competentes
para dúvidas e grandes amigas para dramas. Porém, ainda mais: ótimas companheiras para
risadas regadas a cervejas em tardes de sol. E Hélio: grande guia dos caminhos do território
nacional.
A todos do departamento nos Estados Unidos: Edith, Jacob, Michelle, Evan, Joy,
Brad, Josh, Adam, Megan, Michele, Sarah, Drew, Woo e Iris. Principalmente, Jessica;
amiga que ajudou muito e fez alguns detalhes importantes se tornarem possíveis.
Aos amigos brasileiros feitos nos Estados Unidos que me ajudaram no “choque
cultural”: Jean, Pedro, Marina, Elaine, Guilherme e Iara. Aos americanos que também me
vi
fizeram sentir a vontade lá: Daniel, Hanya, Brian e Sidney. Mais do que todos nessa fase e
depois: Sofia.
Aos meus amigos Bruce e Cris, e mais recentemente ao ainda pequeno Alexandre,
pelas tardes e noites de papo na sua casa.
Aos amigos do departamento (e alguns agregados) Su, Fatima, Chico, Clod,
Osmarina e Robertão por almoços e RATFs inesquecíveis.
À USS-R, UNICAMP Swimming Society Reloaded, a equipe de natação da
UNICAMP. Comparando ao Mestrado, quando ainda não fazia parte desta família, tudo foi
muito mais fácil. Além de nadar uma hora por dia, era o momento de convivência com
amigos de outros ambientes. Ajudaram muito e, felizmente, já tive oportunidade de
expressar isso.
À Aline, pelo começo de tudo.
Ao Dr. David Cox e ao CSIRO, por me liberarem para este momento final.
Ao CNPq, pelas duas bolsas, de Doutorado e de Doutorado Sanduíche.
Finalmente, agradeço aos provadores. Obviamente, os mais importantes.
vii
BANCA EXAMINADORA
Drª. Helena Maria André Bolini Universidade Estadual de Campinas
Orientadora
Drª. Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva Universidade Estadual de Campinas
Dr. Flávio Luís Schmidt Universidade Estadual de Campinas
Dr. Valdecir Luccas Institito de Tecnologia de Alimentos
Drª. Marta Regina Verruma-Bernardi Universidade Federal de São Carlos
Dr. Marco Antonio Trindade Universidade de São Paulo
Drª. Maria Elisabeth Machado Pinto e Silva Universidade de São Paulo
Drª. Gabriela Alves Macedo Universidade Estadual de Campinas
viii
ix
SUMÁRIO Pág.
LISTA DE FIGURAS xiii
LISTA DE TABELAS xv
RESUMO xix
ABSTRACT xxi
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3
2.1. PRINCIPAIS INGREDIENTES DO CHOCOLATE AO LEITE 3
2.1.1. Açúcar 3
2.1.2. Líquor de Cacau 3
2.1.3. Manteiga de Cacau 4
2.1.4. Leite em pó 5
2.1.5. Lecitina 6
2.1.6. Aroma de Baunilha 6
2.2. FABRICAÇÃO TRADICIONAL DE CHOCOLATE 7
2.2.1. Mistura e Refino 7
2.2.2. Conchagem 7
2.2.3. Temperagem 8
2.2.4. Moldagem e Resfriamento 9
2.3. QUÍMICA DO DESENVOLVIMENTO DO SABOR EM CHOCOLATE 10
2.3.1. Fermentação 10
2.3.2. Secagem 11
2.3.3. Torração 11
2.3.4. Conchagem 11
2.4. SUBSTITUTOS DA SACAROSE 13
2.4.1. Esteviosídeos 16
2.4.2. Sucralose 17
2.4.3. Polidextrose 20
2.4.4. Lactitol 22
2.4.5. O Poder Adoçante dos Edulcorantes 24
2.5. SUBSTITUTOS DE GORDURA 26
2.6. ASPECTOS FUNCIONAIS 29
2.7. LEGISLAÇÃO – DIET, LIGHT E CHOCOLATE 34
x
2.8. ANÁLISE SENSORIAL 36
2.8.1. Análises Descritivas (Análise Descritiva Quantitativa – ADQ) 36
2.8.2. Análise Tempo-Intensidade 38
2.8.3. Testes Afetivos (Análise de Aceitação) 41
2.8.3.1. Mapa de preferência 42
2.8.4. Conjoint Analysis 44
3. OBJETIVOS 47
3.1 OBJETIVO GERAL 47
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 47
4. MATERIAL E MÉTODOS 40
4.1. MATERIAL 49
4.2. MÉTODOS 49
4.2.1. Produção dos Chocolates 49
4.2.1.1. Chocolates para determinação da doçura ideal 50
4.2.1.2. Chocolates com edulcorantes em equivalência de doçura em relação à ideal
50
4.2.1.3. Chocolates convencional, diet (em sacarose) e diet (em sacarose)/light (em calorias) para as análises descritiva (ADQ) e afetiva (teste de aceitação)
51
4.2.2. Análises Físico-Químicas, Químicas e Microbiológicas 52
4.2.3. Análises Sensoriais 52
4.2.3.1. Apresentação das amostras 52
4.2.3.2. Análise de aceitação para determinação da doçura ideal 52
4.2.3.3. Pré-seleção da equipe para determinação da doçura equivalente (análise tempo-intensidade) e análise descritiva quantitativa
54
4.2.3.4. Análise tempo-intensidade 54
4.2.3.5. Análise descritiva quantitativa (ADQ) 56
4.2.3.6. Análise de aceitação e mapa de preferência interno 57
4.2.3.7. Conjoint analysis 57
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 61
5.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS, QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS 61
5.2. ANÁLISE DE ACEITAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DA DOÇURA IDEAL
62
5.3. DETERMINAÇÃO DA DOÇURA EQUIVALENTE POR ANÁLISE TEMPO-INTENSIDADE (FORMULAÇÃO B, 43% DE SACAROSE)
65
xi
5.4. ANÁLISE DESCRITIVA QUANTITATIVA (ADQ) DOS CHOCOLATES CONVENCIONAL, DIET, DIET/LIGHT E DIET COMERCIAL
69
5.5. COMPARAÇÃO DAS EQUIPES DE PROVADORES NO BRASIL E NOS ESTADOS UNIDOS
99
5.6. ANÁLISE DE ACEITAÇÃO E MAPA DE PREFERÊNCIA INTERNO 102
5.7. CONSUMIDORES NÃO-DIABÉTICOS E DIABÉTICOS NO BRASIL 116
5.8. MAPA DE PREFERÊNCIA EXTENDIDO E PLS 118
5.9. EXPECTATIVAS DETERMINADAS PELA TÉCNICA CONJOINT ANALYSIS E ANÁLISE DA ACEITAÇÃO ENTRE CONSUMIDORES NÃO-DIABÉTICOS E DIABÉTICOS NOS ESTADOS UNIDOS
128
6. CONCLUSÃO 137
REFERÊNCIAS 141
APÊNDICE 155
xii
xiii
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1 – Estruturas químicas do esteviosídeo e do rebaudiosídeo 16
Figura 2 – Estrutura química da sucralose 18
Figura 3 – Estrutura química da polidextrose 20
Figura 4 – Histograma da distribuição da freqüência das notas dadas pelos consumidores para cada nota na escala do ideal em relação à doçura (os números entre parênteses indicam as porcentagens de sacarose da respectiva formulação)
64
Figura 5 – Histograma da distribuição da freqüência das notas dadas pelos consumidores para cada categoria na escala de atitude de compra
64
Figura 6 – Resultados das curvas tempo-intensidade com os perfis de doçura obtidos pelas médias de todos os provadores e suas repetições para cada edulcorante utilizado
65
Figura 7a e 7b – ACP dos parâmetros das curvas tempo-intensidade 68
Figura 8 – Perfil descritivo das amostras de chocolates no início da estocagem 74
Figura 9a e 9b – ACP para os atributos dos chocolates no início da estocagem (equipe de provadores do Brasil)
77
Figura 10 Perfil descritivo das amostras de chocolates com 3 meses de estocagem 79
Figura 11a e 11b – ACP para os atributos dos chocolates com 3 meses de estocagem 81
Figura 12 – Perfil descritivo das amostras de chocolates com 6 meses de estocagem 83
Figura 13a e 13b – ACP para os atributos dos chocolates com 6 meses de estocagem 85
Figura 14 – Perfil descritivo das amostras de chocolates com 9 meses de estocagem 86
Figura 15a e 15b – ACP para os atributos dos chocolates com 9 meses de estocagem 89
Figura 16 – Perfil descritivo das amostras de chocolate convencional (Sac) durante a estocagem
90
Figura 17 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet com sucralose (Suc) durante a estocagem
92
Figura 18 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet com estévia (Est) durante a estocagem
93
Figura 19 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet/light com sucralose/WPC
95
Figura 20 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet/light com estévia/WPC (Est/WPC) durante a estocagem
96
Figura 21 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a estocagem
98
xiv
Figura 22a e 22b – ACP para os atributos dos chocolates (equipe de provadores dos Estados Unidos)
101
Figura 23a e 23b – Mapa de preferência interno no início da estocagem 105
Figura 24 – Segmentação dos consumidores em dois grupos (clusters) 106
Figura 25a e 25b – Mapa de preferência interno com 3 meses de estocagem 109
Figura 26a e 26b – Mapa de preferência interno com 6 meses de estocagem 111
Figura 27a e 27b – Mapa de preferência interno com 9 meses de estocagem 113
Figura 28a e 28b – Mapa de preferência extendido no início da estocagem 119
Figura 29a e 29b – Representação gráfica do resultado da análise PLS no início da estocagem
120
Figura 30a e 30b – Mapa de preferência extendido após 3 meses de estocagem 122
Figura 31a e 31b – Mapa de preferência extendido após 6 meses de estocagem 123
Figura 32a e 32b – Mapa de preferência extendido após 9 meses de estocagem 124
Figura 33a e 33b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 3 meses de estocagem
125
Figura 34a e 34b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 6 meses de estocagem
126
Figura 35a e 35b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 9 meses de estocagem
127
xv
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1 – Alguns critérios de qualidade para líquor de cacau 4
Tabela 2 – Composição média de leite de vaca 5
Tabela 3 – Formulações para determinação da doçura ideal 50
Tabela 4 – Formulações e valor calórico dos chocolates convencional, diet e diet/light
51
Tabela 5 – Atributos e níveis usados na conjoint analysis 58
Tabela 6 – Resultados das análises físico-químicas dos chocolates 61
Tabela 7 – Informação nutricional das amostras de chocolate 61
Tabela 8 – Resultados das análises microbiológicas das amostras de chocolate 62
Tabela 9 – Médias dos atributos na análise de aceitação (os números entre parênteses indicam as porcentagens de sacarose da respectiva formulação)
62
Tabela 10 – Médias dos atributos na análise de aceitação em ordem decrescente 63
Tabela 11 – Médias dos parâmetros das curvas tempo-intensidade 65
Tabela 12 – Atributos, definições e referências determinados e utilizados pelos provadores durante a ADQ
70
Tabela 13 – Valores obtidos na seleção de provadores em relação ao poder de discriminar amostras e à repetibilidade (provadores selecionados)
72
Tabela 14 – Médias para os atributos dos chocolates no início da estocagem (equipe de provadores do Brasil)
73
Tabela 15 – Médias para os atributos dos chocolates com 3 meses de estocagem 78
Tabela 16 – Médias para os atributos dos chocolates com 6 meses de estocagem 82
Tabela 17 – Médias para os atributos dos chocolates com 9 meses de estocagem 86
Tabela 18 – Médias para os atributos do chocolate convencional (Sac) durante a estocagem
90
Tabela 19 – Médias para os atributos do chocolate diet com sucralose (Suc) durante a estocagem
91
Tabela 20 – Médias para os atributos do chocolate diet com estévia (Est) durante a estocagem
93
Tabela 21 – Médias para os atributos do chocolate diet/light com sucralose/WPC (Suc/WPC) durante a estocagem
94
Tabela 22 – Médias para os atributos do chocolate diet/light com estévia/WPC (Est/WPC) durante a estocagem
96
Tabela 23 – Médias para os atributos do chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a estocagem
97
xvi
Tabela 24 – Médias para os atributos dos chocolates (equipe de provadores dos Estados Unidos)
100
Tabela 25 – Médias dos atributos da análise de aceitação no início da estocagem entre consumidores não-diabéticos do Brasil
102
Tabela 26 – Médias dos atributos da análise de aceitação no início da estocagem entre consumidores não-diabéticos do Brasil em ordem decrescente
102
Tabela 27 – Médias dos atributos da análise de aceitação para o grupo 1 (30 consumidores)
106
Tabela 28 – Médias dos atributos da análise de aceitação para o grupo 2 (86 consumidores)
107
Tabela 29 – Médias dos atributos da análise de aceitação com 3 meses de estocagem 107
Tabela 30 – Médias dos atributos da análise de aceitação com 6 meses estocagem 110
Tabela 31 – Médias dos atributos da análise de aceitação com 9 meses estocagem 112
Tabela 32 – Médias de aceitação do chocolate convencional (Sac) durante a estocagem
114
Tabela 33 – Médias de aceitação do chocolate diet com sucralose (Suc) durante a estocagem
114
Tabela 34 – Médias de aceitação do chocolate diet com estévia (Est) durante a estocagem
115
Tabela 35 – Médias de aceitação do chocolate diet com sucralose/WPC (Suc/WPC) durante a estocagem
115
Tabela 36 – Médias de aceitação do chocolate diet com estévia/WPC (Est/WPC) durante a estocagem
116
Tabela 37 – Médias de aceitação do chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a estocagem
116
Tabela 38 – Médias dos atributos da análise de aceitação entre consumidores diabéticos do Brasil
117
Tabela 39 – Médias dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos e diabéticos do Brasil
118
Tabela 40 – Importância dos atributos de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
128
Tabela 41 – Valores centrados em zero de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
129
Tabela 42 – Partição de preferência e probabilidade de compra de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
130
Tabela 43 – Valores centrados em zero de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis para cada grupo
131
Tabela 44 – Médias dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos dos Estados Unidos
134
xvii
Tabela 45 – Médias dos atributos da análise de aceitação entre consumidores diabéticos dos Estados Unidos
134
Tabela 46 – Médias dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos e diabéticos do Brasil
135
xviii
xix
RESUMO
Atualmente, há um interesse crescente de consumidores do mundo todo por
alimentos e bebidas com menores quantidades de calorias. Neste contexto, a Análise
Sensorial é a única forma de se determinar a aceitação e o perfil em relação à aparência,
aroma, sabor e textura de alimentos e bebidas, sendo, portanto, uma ferramenta
insubstituível. Com base nestes fundamentos, o objetivo do presente projeto foi realizar a
determinação de doçura ideal, doçura equivalente de diferentes edulcorantes, análise
descritiva quantitativa (ADQ) e análise de aceitação (com mapas de prerência interno,
extendido e análise de regressão de mínimos quadrados parciais, Partial Least Squares
- PLS) de chocolates adoçados com diferentes edulcorantes (estévia e sucralose) e sacarose
(convencional), e com substituto de gordura (concentrado de soro de leite, WPC),
comparando seus comportamentos sensoriais, para a obtenção de uma formulação de alta
qualidade sensorial. Também foi incluída ao estudo uma amotra diet (em sacarose)
comercial. A ADQ e a análise de aceitação foram conduzidas ao longo da estocagem dos
chocolates a 20 °C em 0, 3, 6 e 9 meses. A análise de aceitação foi conduzida tanto com
consumidores não-diabéticos quanto com diabéticos. Também foram realizadas análises no
NCSU Sensory Service Center da North Carolina State University nos Estados Unidos,
incluindo análise descritiva, aceitação e conjoint analysis. Foi possível produzir chocolates
ao leite diet (em sacarose) e diet (em sacarose)/light (em calorias) com sucralose e estévia
como substitutos da sacarose e WPC como substituto parcial de gordura com curvas tempo-
intensidade do gosto doce similares à curva tempo-intensidade do chocolate ao leite
convencional de melhor aceitação dentre os testados (43% de sacarose). Houve poucas
alterações nos chocolates desenvolvidos em relação ao chocolate convencional. A amostra
de chocolate ao leite convencional adoçada com sacarose caracteriza-se mais pelos
atributos aroma doce e doçura. As amostras adoçadas com sucralose e sucralose/WPC são
caracterizadas, principalmente, pelo atributo sabor de leite em pó (aumentado pelos agentes
de corpo lactitol/polidextrose e pelo substituto de gordura WPC). As amostras com estévia
se caracterizam pelos atributos amargor e residual amargo. A amostra comercial foi
caracterizada por aroma de manteiga de cacau e derretimento na boca. A maioria dos
atributos sensoriais das amostras não foi significativamente alterada até o término do estudo
aos 9 meses. A comparação das equipes de provadores do Brasil e dos Estados Unidos
mostrou que equipes de provadores altamente treinadas usando terminologia padronizada e
xx
representativa podem fornecer resultados similares. As amostras convencional e comercial
apresentaram as maiores aceitações entre consumidores não-diabéticos. As alterações
observadas nos perfis sensoriais não foram suficientes para provocar mudança na aceitação
das amostras durante o período de estocagem, o que garante uma vida-de-prateleira efetiva
de pelo menos 9 meses. Análise de cluster dividiu os consumidores em dois grupos. As
médias de aceitação das amostras convencional e comercial para o grupo 2 foram
significativamente maiores. Para o grupo 1, não houve diferença entre as médias de
aceitação das amostras convencional, sucralose e sucralose/WPC. As amostras produzidas
com sucralose são tão bem aceitas quanto à amostra comercial entre consumidores
diabéticos. Todos os chocolates desenvolvidos (diet em sacarose e diet em sacarose/light
em calorias, com sucralose ou estévia) apresentaram médias de aceitação estatisticamente
maiores entre diabéticos do que entre não-diabéticos. Os consumidores se dividiram
principalmente para a amostra convencional e para a amostra comercial. A doçura foi o
atributo mais importante para o primeiro grupo enquanto os atributos derretimento na boca
e aroma de manteiga de cacau foram mais importantes para o segundo grupo. Estas
tendências se mantiveram até o fim do estudo de tempo de estocagem aos 9 meses. Para
consumidores dos Estados Unidos, o atributo declaração sobre açúcar é mais importante
para diabéticos do que para não-diabéticos enquanto que o tipo de edulcorante e a redução
calórica têm a mesma importância para ambos os grupos. Teoricamente, um chocolate com
declaração “livre de açúcar”, edulcorante natural e 25% de redução calórica seria a melhor
combinação. Os consumidores dos Estados Unidos foram divididos em três grupos, sendo
que o grupo 1 se assemelha mais aos diabéticos em geral, e os grupos 2 e 3, aos não-
diabéticos. A principal diferença entre os grupos 2 e 3 está no fato de o grupo 2 ser mais
atento ao consumo de calorias. Nos Estados Unidos, convencional, sucralose e
sucralose/WPC foram as amostras com melhor aceitação entre não-diabéticos e sucralose,
sucralose/WPC e comercial, entre diabéticos, não confirmando o resultado teórico da
conjoint analysis. Os consumidores diabéticos são mais receptivos a chocolates ao leite diet
(em sacarose) e diet (em sacarose)/light (em calorias) do que consumidores não-diabéticos.
Palavras-chave: chocolate em barra, sucralose, estévia, WPC, conjoint analysis,
diabéticos
xxi
ABSTRACT
Nowadays, there is an increasing interest in foods and beverages with smaller
amounts of calories. Then, Sensory Evaluation is the most important tool for evaluation of
acceptance and sensory characteristics regarding appearance, aroma, flavor and texture of
foods. Therefore, objective of the current study was determination of the most accepted
sweetness, equi sweet concentration for different sweeteners, quantitative descriptive
analysis (QDA) and acceptance testing (using internal and extended preference mappings
and PLS regression) of chocolates sweetened with differente sweeteners (steviosídeo and
sucralose) and sucrose (conventional), and with whey protein concentrate (WPC) as fat
replacer, comparing their sensory characteristics, in order to get a high sensory quality
recipe. This research also included a commercial sugra-free sample. QDA and acceptance
testing were performed during storage time at 20 °C after 0, 3, 6 and 9 months. Acceptance
testing was performed with both non-diabetic and diabetic consumers. In addition, some
analyses were carried out at NCSU Sensory Service Center at North Carolina State
University, in the USA, including descriptive analysis, acceptance testing, and conjoint
analysis. Lab developed prototypes sugar-free and reduced calorie milk chocolates with
sucralose or stevioside and WPC as fat replacer presented time-intensity curves similar to
most accepted chocolate with sucrose (43%). There were few changes comparing lab
developed prototypes to convencional chocolate. Sweet aroma and sweetness were the most
important attributes for conventional milk chocolate sweetened with sucrose while milky
flavor (increased by bulking agents lactitol/polydextrose and by fat replacer WPC) was the
most important attribute for samples sweetened with sucralose and sucralose/WPC.
Bitterness and bitter aftertaste were the most important attributes for samples sweetened
with stevioside. Regarding commercial sample, cocoa butter aroma and melting rate were
the most important attributes. There were not significant changes in most of sensory
attributes during 9-month storage time. Comparisons with Brazilian and USA panels
showed that highly trained panels using standardized, representative languages can provide
comparable results. Conventional and commercial chocolates presented higher acceptance
means for non-diabetic consumers. Effects of aging on some sensory characteristics of
chocolates were not enough to change consumer acceptance over time, which assures a
realistic shelf life for at least 9 months. Cluster analysis presented two groups.
Conventional and commercial chocolates presented higher acceptance means for group 2.
xxii
For group 1, there was no difference between acceptance means for conventional,
sucralose, and sucralose/WPC. Diabetic consumers accept samples produced with sucralose
so well as they accept commercial sample. All lab developed prototypes presented higher
acceptance means among diabetics compared to non-diabetics. Consumers presented
preferences especially for conventional sample or for commercial sample. Sweetness was
the most important attribute for the first group while melting rate and cocoa butter aroma
were the most important attributes for the second group. These results lasted until the end
of storage time (9 months). For USA consumers, sugar claim attribute is more important for
diabetics than for non-diabetics while sweetener type and calorie reduction attributes have
the same importance for both groups. A chocolate with sugar-free claim, natural sweetener
and 25% calorie reduction would be theoretically the best combination. USA consumers
were segmented in 3 clusters and cluster 1 was more similar to diabetics while clusters 2
and 3 were more similar to non-diabetics. The main difference between clusters 2 and 3 is
consumers in cluster 2 are more concerned about calorie consumption. In the USA,
conventional, sucralose, and sucralose/WPC were the most accepted samples among non-
diabetics and sucralose, sucralose/WPC, and commercial were the most accepted samples
among diabetics, which did not confirm theorical results of conjoint analysis. Diabetic
consumers are more accepting than non-diabetic consumers of diabetic and
diabetic/reduced calorie milk chocolates.
Keywords: chocolate, sucralose, steviosideo, WPC, conjoint analysis, diabetic
1
1. INTRODUÇÃO
É provável que a humanidade sempre tenha apreciado doces. O homem primitivo
pode ter confiado na doçura como um indicador quando selecionava alimentos: produtos
naturais com gosto doce sendo na grande maioria dos casos seguros, enquanto o amargor
podia estar freqüentemente acompanhado de toxicidade. A partir daí, seria apenas um
pequeno passo para a busca por fontes de doçura adicional a fim de ajudar a palatabilidade
(HUGILL, 1979).
As árvores de cacau foram cultivadas pelos Astecas do México muito tempo antes
da chegada dos europeus. As sementes foram valorizadas por dois aspectos: serem usadas
como moeda e para produção de uma bebida picante chamada “chocolatl”. O chocolate era
preparado pela torrefação das sementes de cacau em vasilhames de barro antes de moê-las
entre pedras. A mistura era adicionada à água fria, freqüentemente com outros ingredientes
tais como alguma especiaria ou mel, e batida até obter uma consistência espumosa
(BECKET, 1994). Posteriormente, foi difundida na Europa pelos espanhóis, onde sofreu
modificações que a tornaram mais doce e suave. Desta forma, deu-se início ao chocolate
que se conhece atualmente.
O chocolate é um produto obtido através de processamento adequado, com ou sem
ingredientes opcionais permitidos pelo Food and Agricultural Organization (FAO). Para o
mercado brasileiro, atualmente a AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
(ANVISA) define chocolate como “o produto obtido a partir da mistura de derivados de
cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta ou liquor) de cacau, cacau em pó e ou
manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo, no mínimo, 25 % (g/100 g) de
sólidos totais de cacau” (Resolução RDC nº 264, de 22 de setembro de 2005).
Esta nova Fixação de Identidade e Qualidade de Chocolate permite a utilização de
diversos substitutos da sacarose e de gordura para obtenção de chocolate light e/ou diet. A
Análise Sensorial é a única forma de se avaliar a aceitação e o perfil de aparência, aroma,
sabor e textura de alimentos e bebidas, sendo, portanto, uma ferramenta insubstituível.
Além disso, a comparação do comportamento sensorial dos edulcorantes em diferentes
2
sistemas possibilitará a obtenção de informações de grande importância para os
pesquisadores da área.
Produto em franca expansão no mercado brasileiro a sua produção teve um
crescimento de 12% no ano de 2007 em relação ao ano 2006, segundo a ABICAB
(Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. PRINCIPAIS INGREDIENTES DO CHOCOLATE AO LEITE
2.1.1. Açúcar
Açúcar é o sacarídeo cristalizado de gosto doce extraído da cana-de-açúcar ou da
beterraba. Tanto a beterraba quanto a cana produzem uma substância natural absolutamente
idêntica, que é quimicamente denominada “sacarose”. O açúcar é um dissacarídeo
constituído dos monossacarídeos glicose e frutose quimicamente ligados. Entretanto, esta
ligação pode ser clivada hidroliticamente por ácidos ou pela enzima invertase (β-D-fruto-
furanosidase). A mistura resultante constituída de partes iguais de glicose e frutose é
chamada açúcar invertido. Existem também muitos outros tipos de açúcar, tais como os
monossacarídeos glicose e frutose, o dissacarídeo lactose, assim como os poliálcoois, por
exemplo sorbitol e xilitol. Todavia, a sacarose é, sem dúvida, o tipo de açúcar mais
importante para a produção de chocolate (KRÜGER, 1994).
Geralmente, considera-se o açúcar um ingrediente inerte em relação às sutilezas do
sabor, contribuindo apenas para a doçura, mas isto não deve ser aceito tão facilmente na
fabricação de chocolate. A caramelização do açúcar no chocolate ao leite tem uma grande
influência sobre o sabor final. A reação de Maillard pode ocorrer no processo de
conchagem acima de 40 ºC e é dependente da temperatura, do tempo de conchagem e, até
certo ponto, do conteúdo de umidade que pode afetar a reação (JACKSON, 1994).
2.1.2. Líquor de Cacau
Em seguida à torração, o grão de cacau é convertido em líquor de cacau por
trituração. A qualidade do líquor deve ser tal que nenhuma partícula deverá sentida na boca
durante o consumo do chocolate ou de bebidas que contêm cacau em pó. Esta trituração
normalmente é conduzida por uma série de moinhos. As propriedades reológicas do líquor
de cacau são parâmetros de grande importância, pois afetam o processamento e a obtenção
de proudots como manteiga e pó de cacau e chocolates. Isto não pode ser obtido quando se
utiliza uma única fonte de sementes de cacau por causa da imensa variabilidade natural que
ocorre. Estas diferenças podem ser reduzidas quando se possuem em estoque vários tipos e
4
lotes diferentes de sementes de cacau de qualidades conhecidas e realiza-se a mistura
adequada. A Tabela 1 apresenta típicos critérios de qualidade para líquor de cacau
(MEURSING, 1994). A Legislação brasileira não especifica critérios de qualidade para
líquor de cacau
Tabela 1 – Alguns critérios de qualidade para líquor de cacau
Conteúdo de gordura, % 50-58 Conteúdo de umidade, % máx. 2,5 pH 5,2-6,0 Conteúdo de casca, % máx. 1,75 Contagem total de bactérias/g máx. 10000 Fungos/g máx. 50 Leveduras/g máx. 50 Enterobactérias/g negativo E. coli/g negativo Salmonella/25 g negativo
2.1.3. Manteiga de Cacau
Uma mistura de sementes de cacau moídas e água não produziria por si só o
chocolate sólido tão familiar ao consumidor moderno. Ao invés disso, geraria um produto
muito duro que não seria agradável na boca. A fim de permitir que ele derreta facilmente é
necessário o emprego de gordura adicional. Isto pode ser obtido pela prensagem das
sementes de cacau e remoção de parte do conteúdo de gordura, chamada manteiga de
cacau. Esta extração de gordura possui uma dupla vantagem: a gordura obtida é usada para
produzir barras sólidas de chocolate, enquanto o pó de cacau com menos gordura
remanescente pode ainda ser incorporado em uma bebida (BECKETT, 1994).
A manteiga de cacau pode ser extraída de através de diferentes processos, entre eles
prensagem hidráulica ou por solvente, dependendo da utilização desta manteiga de cacau.
Após a extração, diversos tratamentos podem ser conduzidos dentro das condições
permitidas nas legislações de alimentos de cada país, incluindo refino, filtragem,
centrifugação e desodorização (MEURSING, 1994).
5
2.1.4. Leite em pó
Sendo a fonte total de nutrientes para mamíferos recém-nascidos, o leite é um
alimento muito especial com uma composição completa e extremamente complexa. A
Tabela 2 (REIMERDES e MEHRENS, 1994) mostra a composição média de leite de vaca.
Além dos componentes principais, gordura, proteína, lactose e minerais, o leite contém
muitas substâncias diferentes de alto valor nutricional: vitaminas, elementos-traço,
nitrogênio não-protéico (NPN) e outros. Por esta razão, o leite, como um ingrediente, em
geral aumenta o valor nutricional dos produtos alimentícios (REIMERDES e MEHRENS,
1994).
Tabela 2 – Composição média de leite de vaca
(g/L aproximadamente) % por massa de matéria seca Água 870 – Gordura 37 28,6 Proteína 34 26,2 NPN 2,5 1,9 Lactose 47 36,2 Minerais 7 5,4
Na+ 0,5 – K+ 1,5 – Ca2+ 1,3 – PO4
3- 2,1 – Citrato 2,0 –
Vitaminas Vitaminas D 0,4 µg/L – Riboflavina 1,5 mg/L – Ácido ascórbico 20 mg/L – Ácido nicotínico 1,2 mg/L –
A forma sólida do chocolate ao leite foi desenvolvida com o advento das máquinas
hidráulicas que eram capazes de operar por longos períodos de uma forma econômica. Isto
permitiu a retirada da água extra proveniente do leite sem grandes custos adicionais.
Chocolates com conteúdos de umidade acima de 2% normalmente são inaceitáveis por
apresentarem dificuldades de conservação, bem como textura inadequada e problemas
reológicos (BECKETT, 1994).
6
Leite e produtos à base de leite são ingredientes muito importantes devido às suas
propriedades nutricionais, sensoriais e de processamento. Entretanto, uma das suas
aplicações principais é na fabricação de chocolate. Chocolate ao leite se transformou em
um produto muito popular em razão da sua mistura única de sabores de cacau e leite.
Atualmente, o consumo de chocolate ao leite excedeu sobremaneira ao das variedades
amargas. Devido ao progresso no moderno processamento de alimentos, os ingredientes à
base de leite podem ser produzidos em diversas composições. Isto inclui pós especiais
fabricados com leite integral, leite desnatado e manteiga, e também vários componentes e
misturas destes, incluindo soro e proteínas de leite. A disponibilidade desta grande gama de
produtos aumentou muito o uso de ingredientes à base de leite, especialmente em alimentos
de conveniência e dietéticos e na produção de chocolate (REIMERDES e MEHRENS,
1994).
Leite e produtos lácteos empregados em fabricação de chocolate têm que ser
desidratados antes do uso e, para isso, calor deve ser aplicado no processo. A aplicação de
calor ao leite durante qualquer processo de desidratação afetará o sabor final do leite
(JACKSON, 1994).
2.1.5. Lecitina
A adição do agente emulsificante lecitina visa à redução final na viscosidade
durante a conchagem. É amplamente aceito que uma parte de lecitina comercial pode
substituir 9 ou 10 partes de manteiga de cacau de modo que, comercialmente, a lecitina é
um constituinte muito importante do chocolate (LEY, 1994).
2.1.6. Aroma de Baunilha
O aditivo aromatizante mais comum é o aroma de baunilha, na forma da semente
natural de baunilha ou o atualmente mais usado aroma artificial de baunilha, tanto na forma
metilada ou etilada (geralmente o nível de adição varia entre 0,06 e 0,09% por batelada de
chocolate ao leite). Ele é adicionado para realçar o sabor ao invés de mascará-lo; a baunilha
confere atributos sensoriais específicos deste produto (JACKSON, 1994).
7
2.2. FABRICAÇÃO TRADICIONAL DE CHOCOLATE
2.2.1. Mistura e Refino
Até este estágio, o cacau está na forma de pequenos pedaços de alguns milímetros
de diâmetro. O processamento seguinte pode assumir diversas formas, mas todas requerem
que as partículas de cacau sólido, o açúcar e qualquer sólido do leite sejam quebrados de
modo que se tornem suficientemente pequenos para não serem percebidos pela língua. O
tamanho real depende do tipo de chocolate e do mercado no qual ele será vendido, porém,
em geral, a grande maioria das partículas deve ser menor do que 40 µm, idealmente 20-25
µm. O método mais comum de obtenção deste requisito é pela utilização de um refinador
com cinco rolos. Entretanto, com o objetivo de permitir que os ingredientes do chocolate
passem através do refinador, é necessário que eles adotem a forma de uma pasta. Isto pode
ser realizado de várias maneiras. Uma das mais comuns é triturar o grão para formar líquor
de cacau, que é líquido em temperaturas acima do ponto de fusão da manteiga de cacau (35
ºC). Normalmente, isto envolve moinhos de martelo, moinhos de disco, moinhos de bola,
refinadores com três rolos ou uma combinação dos quatro. O açúcar pode então ser
adicionado em uma forma granulada ou moída, e os dois misturados com a gordura extra (e
leite em pó caso se esteja fabricando chocolate ao leite) (BECKETT, 1994).
2.2.2. Conchagem
O processo de conchagem é de importância primordial na produção de chocolate.
Durante esta etapa ocorrem concomitantemente processos químicos e físicos que não
devem ser separados entre si. Incluem o desenvolvimento do sabor desejável do chocolate e
também a conversão do produto refinado em pó em uma suspensão fluida de partículas de
açúcar, cacau e leite em pó em uma fase líquida de manteiga de cacau (e outras gorduras
quando adequado) (LEY, 1994).
Embora a fermentação, a secagem e a torrefação do cacau sejam capazes de
desenvolver os precursores do sabor do chocolate, há também muitos compostos químicos
indesejáveis presentes. Estes ocasionam sabores ácidos e adstringentes na boca. O objetivo
da conchagem é remover os sabores indesejáveis, ao mesmo tempo em que desenvolve
8
outros agradáveis. Além disso, o processo anterior de trituração terá criado muitas
superfícies novas, particularmente de açúcar, que não estão recobertas com gordura. Estas
superfícies impedem que o chocolate flua adequadamente quando a gordura está no estado
líquido. Por causa disso, o chocolate ainda não pode ser usado na fabricação de doces e não
apresenta a textura normal de chocolate na boca. Portanto, o processo de conchagem
recobre estas novas superfícies com gordura e desenvolve propriedades de fluidez bem
como de sabor. Normalmente, isto é realizado com agitação sob aquecimento do chocolate
durante um prolongado período de tempo em um grande recipiente. Alguns fabricantes
preferem limitar o tempo de conchagem restringindo-o à liquefação do chocolate. Isto é
possível com o tratamento do líquor de cacau em um estágio anterior a fim de remover
alguns dos compostos químicos voláteis menos desejáveis (BECKETT, 1994).
Durante a conchagem, são exercidas forças mecânicas cíclicas e de cisalhamento a
fim de separar os aglomerados formados na trituração, cobrir as partículas individuais com
gordura e dispersar a fase de manteiga de cacau por todo o chocolate. As tarefas físicas da
conchagem são dispersar, desumidificar, remover componentes voláteis e homogeneizar
com o objetivo de melhorar a viscosidade, a fluidez e a textura e produzir um chocolate
com boas características de fusão (LEY, 1994).
2.2.3. Temperagem
A manteiga de cacau, devido à sua composição relativamente simples, é polimorfa.
A fabricação de chocolate está fortemente ligada à cristalização e ao comportamento
polimorfo da fase gordurosa. Antes que o chocolate possa ser satisfatoriamente processado
de líquido para sólido, ele deve ser temperado. Esta é uma técnica de cristalização
controlada que é necessária para induzir a forma sólida mais estável (forma β ou V) da
manteiga de cacau no produto final. Geralmente, a temperagem envolve a redução da
temperatura do chocolate para induzir a cristalização de ambas as formas polimorfas
estáveis e instáveis. A temperatura é subseqüentemente elevada até o ponto onde as formas
polimorfas instáveis fundem gerando apenas cristais polimorfos estáveis que podem então
“semear” a cristalização do chocolate como um todo na forma estável (TALBOT, 1994).
9
Em alguns casos, o desenvolvimento de novos produtos não é a única maneira de
criar chocolates melhores. Aperfeiçoar o processamento do chocolate através de uma
temperagem correta pode ajudar a gerar chocolates melhores. A temperagem é uma etapa
indispensável na criação do chocolate ideal (FUHRMAN, 2004).
Temperagem inadequada pode provocar um problema tecnológico comum na
indústria de chocolate conhecido como fat bloom. O fat bloom causa perdas de produto, não
devido a uma questão específica de qualidade, mas principalmente porque as características
visuais se tornam indesejadas pelo consumidor. Além de temperagem inadequada, este
fenômeno, que se origina de mudanças na estrutura da gordura do chocolate, também é
causado por outros fatores que incluem armazenamento em ambientes quentes e presença
de gorduras soft no centro do chocolate (FUHRMAN, 2004).
2.2.4. Moldagem e Resfriamento
Para a moldagem de chocolates em barra, o chocolate temperado é depositado
dentro da forma; esta é então vibrada para acomodar o chocolate e liberar bolhas de ar.
Feito isso, o produto é resfriado e retirado da forma (FERRARO, 2005).
As funções do resfriamento são remover calor latente e específico, contrair o
chocolate de modo que este seja totalmente liberado da forma e produzir um produto
estável e atrativo. Se a temperagem e o resfriamento foram otimizados, então a retirada da
forma torna-se menos crítica no processo com produtos de boa qualidade que saem
totalmente da forma (CRUICKSHANK, 2005).
O correto resfriamento do chocolate é importante, não somente para dar bons níveis
de brilho e dureza, mas também para um longo tempo de prateleira livre de fat bloom. O
objetivo da etapa de resfriamento é continuar a cristalização da manteiga de cacau na forma
β. Esta forma é associada a altos níveis de brilho e bons resultados de contração, que leva a
boas características para a retirada das formas (SUBRAMANIAN; MURPHY, 2001).
10
2.3. QUÍMICA DO DESENVOLVIMENTO DO SABOR EM CHOCOLATE
O chocolate possui duas características sensoriais principais: o sabor e a textura.
Embora haja diversos sabores diferentes de chocolate, todos devem ser livres de sabores
desagradáveis e ainda incorporar no mínimo alguns dos agradáveis, que o consumidor
associará ao produto. Uma característica primordial da textura é que o chocolate deve ser
sólido em temperatura ambiente normal de 20-25 ºC e também derreter (fundir)
rapidamente na boca a 37 ºC gerando um líquido que pareça suave à língua (BECKETT,
1994).
O atributo mais notável do chocolate que leva ao seu apelo universal é o seu sabor
único. A mistura e proporção dos numerosos compostos que contribuem para o sabor final
dependem da genética (variedade do cacau usado como material inicial na fabricação),
condições ambientais, colheita e processamento. A complexidade química do
desenvolvimento do sabor no chocolate se torna evidente quando se percebe os diversos
parâmetros que podem influenciar este desenvolvimento. Esta complexidade é igualmente
óbvia quando se considera que, até o momento, este sabor desejável não foi reproduzido
pela química do sabor. Atualmente, muito da compreensão acerca do sabor do chocolate é
baseado em dados de cromatografia gasosa e de espectrometria de massa da fração volátil
(aroma) das sementes de cacau secas e/ou torradas e do chocolate resultante. Mais de 400
compostos foram identificados em cacau após fermentação, secagem, torração e
conchagem. Entretanto, a correlação direta entre os dados de cromatografia gasosa da
fração volátil e o sabor não leva a conclusões definitivas (HOSKIN; DIMICK, 1994).
2.3.1. Fermentação
Uma vez que a fruta é colhida, começam os mecanismos bioquímicos que
contribuem com os precursores do sabor. Ainda que o processo de fermentação facilite a
remoção da polpa e previna a germinação das sementes, ele tem como função primária o
desenvolvimento dos precursores de sabor necessários. Entretanto, as sementes devem ter
atingido a maturidade; de outra maneira, nenhum tipo de processamento conseguirá
produzir o sabor desejado (HOSKIN; DIMICK, 1994).
11
2.3.2. Secagem
Em seguida ao processo de fermentação, as sementes são secas e isto também
contribui decisivamente para o desenvolvimento dos precursores do sabor. Cor marrom
característica e pouca adstringência e amargor são indicadores de boas práticas de secagem
relacionadas a qualidade de sabor das sementes. A ausência de sabores estranhos, tais como
acidez e sabor de presunto/fumaça excessivos, também é indicativa de secagem apropriada
(HOSKIN; DIMICK, 1994).
2.3.3. Torração
Embora os processos anteriores e os que seguem a torração sejam importantes para
o desenvolvimento do sabor, é esta etapa com aquecimento controlado em alta temperatura
que aumenta a complexa interação entre os precursores do sabor e resulta no sabor do
chocolate. Antes da torração, as sementes podem ser adstringentes, amargas, ácidas e
mofadas. A torração reduz a acidez como pode ser evidenciado pela significativa
diminuição nas concentrações de ácidos voláteis, especialmente o ácido acético que reduz o
gosto ácido. A concentração de ácidos não voláteis, por exemplo, oxálico, cítrico, tartárico,
succínico e lático, não é influenciada pela torração. Depois da torração, as sementes
apresentam aroma intenso típico de cacau (HOSKIN; DIMICK, 1994).
2.3.4. Conchagem
A conchagem pode ser descrita como o trabalho para as partículas de chocolate se
transformarem em uma pasta fluida. Apesar da conchagem permitir que a massa de
chocolate seja posteriormente misturada, é a modificação no sabor que se apresenta
importante. Tipicamente, chocolate conchado é descrito como mais maduro do que o não
conchado. O amargor é reduzido, talvez permitindo que outras notas de sabor fiquem mais
pronunciadas. A natureza da mudança do sabor durante a conchagem não foi
completamente explicada quimicamente ainda que muito já se saiba a respeito dos voláteis
totais, ácidos graxos livres, pirazinas e compostos sulfurados (HOSKIN; DIMICK, 1994).
A conchagem é necessária para completar o desenvolvimento do sabor iniciado no
processo de torrefação. Na conchagem, o conteúdo de água da massa de chocolate é
12
reduzido de cerca de 1,6% para 0,6-0,8%. Como a umidade é removida, ela leva consigo
muitos componentes de sabor não desejáveis. Desta maneira, aproximadamente 30% do
ácido acético e até 50% dos aldeídos com baixo ponto de ebulição são volatilizados. A
remoção parcial destes componentes ácidos volatilizados é necessária para dar ao chocolate
final o seu sabor característico. O uso de ventilação adicional na conchagem pode auxiliar a
remoção de umidade, mas não causa alterações químicas extras. Em um determinado
momento, pensou-se erroneamente que isto oxidaria os taninos e, assim, afetaria o sabor
(LEY, 1994).
Durante a conchagem, há uma formação significativa de aminoácidos que está
ligada ao desenvolvimento do sabor no chocolate. De fato, a quantidade de aminoácidos
produzida na conchagem corresponde à cerca de um terço ou metade do que é formado
durante a torrefação. Aminoácidos livres juntamente com açúcares redutores são os
precursores de sabor a partir dos quais se desenvolve a variedade de sabores durante
aquecimento através da reação de Maillard. Durante a torrefação, aproximadamente 50%
dos aminoácidos livres que são formados são também destruídos. O restante fica disponível
como precursor de sabor na conchagem. A liberação posterior de aminoácidos livres é lenta
em razão das temperaturas de conchagem relativamente baixas. Foi provado que a força de
cisalhamento na conchagem não serve apenas ao propósito de liquefazer a massa, mas
também influencia e acelera positivamente os processos de formação do sabor.
Provavelmente, isto é devido às interações que ocorrem quando as partículas sólidas são
forçadas umas contra as outras, em particular as partículas de açúcar (LEY, 1994).
O entendimento do processo de conchagem do chocolate requer consideração do
seu papel na produção da sensação de suavidade. Este efeito é tão óbvio que chocolate não
conchado tem aspecto mais grosseiro do que o produto conchado. Este fenômeno é
explicado pela consideração de que a manteiga de cacau está recobrindo todas as partículas
de líquor de cacau e de açúcar em vez de modificando fisicamente ou suavizando os cristais
de açúcar. A questão de como um processo físico pode afetar uma alteração de sabor
precisa ser considerada. Provavelmente, o amargor da massa de cacau é mascarado pelo
recobrimento das partículas com manteiga de cacau. Um efeito similar deve ocorrer com as
13
partículas de açúcar, já que não se percebe a doçura característica do açúcar em chocolate
conchado (HOSKIN; DIMICK, 1994).
Se a alteração de sabor causada pela conchagem é simplesmente provocada pelo
recobrimento da partícula com manteiga de cacau, então o controle do tamanho da partícula
pode permitir uma eficiência máxima de conchagem. Como partículas maiores requerem
menos manteiga de cacau por unidade de volume, essas partículas maiores podem ser mais
fáceis de conchar. É importante considerar as faixas de tamanho de partículas que a boca
determina como arenosidade e também o tamanho necessário para o uso mínimo de
manteiga de cacau. Claro está que quanto mais líquida a manteiga de cacau mais rápida a
conchagem e o recobrimento. O limite superior de temperatura é determinado por
alterações no sabor conferindo sabor queimado (HOSKIN; DIMICK, 1994).
2.4. SUBSTITUTOS DA SACAROSE
Objetivando-se o desenvolvimento de produtos altamente aceitáveis e agradáveis,
deve-se aproveitar a característica de diversos ingredientes que oferecem tecnologias para
substituir açúcares e gorduras e para reduzir calorias. Estes ingredientes incluem agentes de
corpo com reduzido teor calórico, edulcorantes de alta intensidade e substitutos de gordura
(KOPCHIK, 1995).
Os produtos resultantes devem ter sabor e aparência tão bons ou melhores do que
suas contrapartes adoçadas com açúcar. Para isso, os ingredientes alternativos devem
apresentar características que sejam tão similares quanto possível às apresentadas pelos
ingredientes tradicionais. Os ingredientes alternativos devem gerar produtos sem açúcar
estáveis utilizando essencialmente os mesmos equipamentos e processos de fabricação.
Além disso, devido ao fato de os ingredientes alternativos serem mais caros do que os
tradicionais, eles devem fornecer, sempre que possível, produtos com benefícios à saúde do
consumidor, tais como menor valor calórico ou menor requerimento de insulina
(OLINGER, 1995).
Há um interesse crescente em alimentos e bebidas com menores quantidades de
calorias. De fato, muitos países alertam os consumidores sobre o grande consumo de
14
produtos com grande quantidade de açúcar, responsável por doenças cardiovasculares,
obesidade e cáries dentais. Por outro lado, a indústria está interessada em produtos
alternativos para a substituição do açúcar em razão do seu alto custo e, em alguns casos,
disponibilidade limitada para alguns países (PARPINELLO et al., 2001).
A demanda cada vez maior por parte dos consumidores por produtos com menos
calorias forçou a indústria de alimentos a encontrar alternativas aos ingredientes
tradicionais tais como açúcar e gordura. É essencial a utilização de substitutos de açúcar
não-higroscópicos na fabricação de chocolate já que a água aumenta sua viscosidade, que
só pode ser reduzida através da adição de mais manteiga de cacau (EDWARDS, 1997).
Alternativas à sacarose atendem a diversos propósitos. Elas são usadas para
expandir as opções de alimentos e bebidas para pessoas que devem ou desejam controlar a
ingestão calórica ou de carboidratos; para ajudar no controle ou redução do peso; auxiliar
diabéticos; facilitar o controle das cáries dentais; e fornecer doçura quando não há açúcar
disponível. Devido a fatores como custo, disponibilidade, legislação, exportação ou
ingestão energética reduzida, em alguns casos, indústrias de alimentos consideram que é
necessário ou apropriado substituir um edulcorante por outro. É importante que tais
alterações não causem mudanças significativas nas características sensoriais do produto.
Desta maneira, é essencial possuir um claro entendimento dos vários edulcorantes para que
atendam a toda essa demanda sem diminuir a qualidade dos produtos já existentes
(CARDELLO; DA SILVA; DAMASIO, 1999).
A Legislação Brasileira, considerando a necessidade de constante aperfeiçoamento
das ações de controle sanitário na área de alimentos visando a proteção à saúde da
população, aprova o uso de edulcorantes, estabelecendo seus limites máximos. Os naturais
são: sorbitol, xarope de sorbitol, D-sorbita (INS 420); manitol (INS 421); isomalta,
isomalte, isomalt (INS 953); esteviosídeo (INS 960); maltitol, xarope de maltitol (INS 965);
lactitol (INS 966); e xilitol (INS 967). E os artificiais são: acesulfame de potássio (INS
950); aspartame (INS 951); ácido ciclâmico e seus sais de cálcio, potássio e sódio (INS
952); sacarina e seus sais de cálcio, potássio e sódio (INS 954); e sucralose, tricloro galacto
sacarose (TGS) (INS 955) (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA,
2001a).
15
Verdi e Hood (1993 apud IOP; SILVA; BELEIA, 1999) descreveram o edulcorante
ideal como uma substância que possua as propriedades sensoriais da sacarose sem gosto
residual ou outros gostos que não o doce, forneça as propriedades funcionais da sacarose,
seja quimicamente estável, tenha baixa densidade calórica em relação à doçura e seja não-
tóxica, não-cariogênica, prontamente solúvel e economicamente viável. Nenhum dos
edulcorantes disponíveis comercialmente combina todas estas características, mas as
limitações podem ser parcialmente superadas através do uso de misturas de edulcorantes,
ou adequação do edulcorante ao produto aplicado.
Muller et al. (1991) consideram que para um edulcorante de alta potência obter
sucesso comercial ele deve ser seguro para o consumo humano nas condições de uso
permitido; ter um perfil de gosto muito próximo ao da sacarose; apresentar as solubilidades
requeridas em aplicações comerciais; ser estável nas condições de aplicação; e ser
economicamente competitivo com a sacarose e o xarope de high frutose.
Fabry (1987) acrescenta que o edulcorante deve possuir as seguintes propriedades
adicionais: baixa higroscopicidade, propriedades reológicas próximas ou equivalentes às da
sacarose e às das misturas comuns de sacarose e xarope de glicose, propriedades de tempo
de prateleira do produto final equivalentes às dos produtos tradicionais.
Com a necessidade de se atender a um segmento de consumidores, surgiram os
chocolates com finalidade dietética, nos quais a sacarose é substituída por edulcorantes,
como a mistura ciclamato/sacarina, ou o produto natural nacional, o extrato de folhas de
estévia.
O enfoque mais promissor para reduzir o conteúdo energético dos produtos de
confeitaria é substituir os açúcares. Na sua forma cristalina, os açúcares como sacarose e
glicose contribuem para a aparência e textura de muitos produtos; portanto, o substituto
precisa ser um material sólido e cristalino (EDWARDS, 1997).
Além dos benefícios à saúde que o chocolate naturalmente possui, os produtores
deste alimento e os fornecedores de ingrediente buscam melhorias adicionais no valor
nutricional do chocolate. Com a exigência dos consumidores por chocolates com
16
qualidades sensoriais, os chocolates sem açúcar sofreram várias melhorias (FUHRMAN,
2004). E esta melhoria passa pela utilização de substitutos da sacarose com melhor
qualidade.
2.4.1. Esteviosídeos
Dentre os vários edulcorantes de origem natural permitidos atualmente para serem
utilizados como substitutos da sacarose destaca-se o extrato de folhas de estévia, composto
por glicosídeos terpênicos extraídos das folhas de Stevia rebaudiana Bertoni. Esse extrato é
um pó branco, formado por cristais edulcorantes de estévia, denominado genericamente de
esteviosídeo. É composto por esteviosídeo (Figura 1) propriamente dito e seus anômeros, os
rebaudiosídeos (Figura 1), que conferem a doçura ao composto (HIGGINBOTHAM, 1983).
Esse produto é notável por sua intensa doçura (SOEJARTO; KINGHORN;
FARNSWORTH, 1982).
Figura 1 – Estruturas químicas do esteviosídeo e do rebaudiosídeo
A planta Stevia rebaudiana é originária da Serra do Amambay na fronteira do Brasil
com o Paraguai. É uma erva da família das Compositae e foi classificada por Bertoni em
17
1905. Essa planta atualmente é cultivada com êxito no Japão, Coréia, Taiwan, China e
outras partes do mundo. A planta adulta possui 7 a 10% de componentes de gosto doce
comumente classificados como esteviosídeos, quimicamente denominados 19-
Obglucopiranosil-13-0[b-glucopiranosil (1,2)-b-glucopiranosil]-steviol (BAKAL;
NABORS, 1986).
O princípio ativo edulcorante da estévia é utilizado há séculos pelos nativos
indígenas paraguaios (PHILLIPS, 1988). Desde 1950, sua produção vem sendo
desenvolvida no Japão, bem como a resolução de problemas no refino (como eliminação de
aromas indesejáveis, por exemplo).
No Brasil, a estévia vem sendo industrializada por "Stéviafarma Industrial S/A", em
Maringá no Paraná, com tecnologia de fabricação desenvolvida pela Fundação
Universidade Estadual de Maringá há mais de vinte anos (STÉVIAFARMA, 1993).
2.4.2. Sucralose
Interesse considerável em açúcares deoxi-halogenados foi centrado não somente na
sua utilidade como intermediários na síntese de açúcares deoxi e amino-deoxi, açúcares
raros de importância biológica, mas também no seu potencial em bioquímica e
farmacologia. Assim, a halogenação dos componentes carboidratos de substâncias
antibióticas gerou produtos com atividade aumentada e comportamento quimoterapêutico
superior (HOUGH; KHAN, 1989).
Em 1975, o Dr. Shashi P. Phadnis experimentou o derivativo 4,6,1´,6´-tetracloro da
galacto-sacarose e este composto apresentou-se 200 vezes mais doce do que a sacarose.
Este produto não somente possuía um perfil de gosto bom, mas não era metabolizado e,
com isso, consistia em um potencial edulcorante de alta intensidade não-calórico (HOUGH;
KHAN, 1989).
Esta importante descoberta levou à tentativa de sintetizar uma ampla gama de
derivativos de cloro e relacionados de sacarose para avaliação farmacológica e toxicológica
e subseqüente verificação da doçura e qualidade do gosto, com o objetivo de obter um
edulcorante seguro, novo e de alta intensidade (HOUGH; KHAN, 1989).
18
Um fator lipofílico é claramente importante para determinar a intensidade da
doçura, visto que a sacarose, uma molécula hidrofílica, não é muito doce (considerada
como tendo doçura de valor igual a 1) quando comparada com moléculas mais lipofílicas
tais como D-triptofano (35 vezes mais doce), sacarina (200 a 700 vezes), ciclamato (30 a 80
vezes), neohesperidina dihidrochalcona (2000 vezes), acesulfame-K (150 vezes) e
aspartame (100 a 200 vezes) (HOUGH; KHAN, 1991).
Um incremento adicional na lipofilicidade da molécula da sacarose pela substituição
gradual das hidroxilas por dois, três ou até quatro átomos de cloro nos “centros de
realçamento”, a saber carbono 4 (axial), carbono 1´, carbono 6 e carbono 4´, resultou em
um efeito sinergístico sobre a doçura com a intensidade crescendo significativamente a
cada passo. Com isso, o 4,1´,6´-tricloreto (sucralose, Figura 2) é aproximadamente 650
vezes mais doce do que a sacarose (HOUGH; KHAN, 1991).
Figura 2 – Estrutura química da sucralose
A sucralose é não-tóxica, não metabolizada e 60 vezes mais estável à hidrólise ácida
do que a sacarose (HOUGH & KHAN, 1989).
A sucralose oferece uma combinação única de características, incluindo gosto doce
sem sabores estranhos. É um ingrediente versátil, muito estável sob as condições de
processamento e estocagem usadas para produtos alimentícios e não apresenta nenhum
problema de interação com outros componentes dos alimentos, além de ser de fácil
manuseio devido à sua alta solubilidade em água (JENNER, 1989).
19
A sucralose é produzida a partir do açúcar de mesa comum, sacarose, através de um
processo que envolve a cloração seletiva das posições 4, 1´ e 6´ da molécula do açúcar. A
nomenclatura química correta é 1,6-dicloro-1,6-dideoxi-β-D-frutofuranosil 4-cloro-4-deoxi-
α-D-galactopiranosídeo. Algumas vezes este nome é abreviado para 4,1´,6´-tricloro-
galacto-sacarose, gerando a abreviação TGS (JENNER, 1989).
A sucralose é freqüentemente produzida na forma de pó branco cristalino e
apresenta gosto doce intenso aproximadamente 600 vezes maior do que o açúcar
(comparada com uma solução a 5% de açúcar) (JENNER, 1989).
A alta solubilidade da sucralose em água, por exemplo 28,2 g/100 mL a 20ºC,
significa que ela pode ser prontamente incorporada em produtos aquosos. O coeficiente de
partição em octanol/água de 0,32 implica uma solubilidade em gordura muito baixa,
refletida na descoberta de que a sucralose é virtualmente insolúvel em óleo de milho. A
conseqüência para o tecnologista de alimentos é que em sistemas de alimentos de multifase,
tais como emulsões envolvendo um componente gorduroso ou oleoso, a sucralose irá
migrar para a fase aquosa e, assim, se comportar de forma similar à sacarose (JENNER,
1989).
Bowen, Young e Pearson (1990) determinaram a influência da ingestão de sucralose
sobre a saúde dos dentes em animais experimentais. Estes pesquisadores determinaram se a
substituição de sacarose por sucralose na dieta de ratos afetaria as populações microbianas
orais e o desenvolvimento de cáries. Os resultados demonstraram que a sucralose é não-
cariogênica em ratos.
A percepção dos aromas de chocolate é, em grande parte, influenciada pelo
ingrediente gorduroso. O conteúdo e o tipo de gordura são responsáveis pela liberação dos
aromas e pela intensidade de percepção dos mesmos durante o consumo e após a ingestão.
Os componentes de gosto do chocolate devem passar para a fase aquosa antes de serem
percebidos pelos receptores de gosto localizados na língua. O conteúdo e tipo de gordura
influenciam a partição dos compostos de gosto entre as fases aquosa e gordurosa e também
são responsáveis pela liberação e intensidade dos gostos do chocolate (BURGER, 1992).
Neste contexto, a percepção da doçura provocada pela estévia e pela sucralose é função do
20
conteúdo de gordura no chocolate, importante principalmente no desenvolvimento de
chocolates light em calorias com substitutos de gordura.
2.4.3. Polidextrose
Polidextrose é um polímero sintético formado de glicose e pequenas quantidades de
sorbitol e que, devido ao seu processo de fabricação, também contém alguns resíduos de
ácido cítrico (Figura 3). É um pó amorfo, higroscópico e sem gosto doce, com ponto de
fusão acima de 130ºC. Como é apenas parcialmente metabolizada no corpo humano, a
polidextrose é uma matéria-prima freqüentemente utilizada em alimentos de baixa caloria.
O FDA (Food and Drug Admnistration do governo dos Estados Unidos) reconheceu que
ela possui não mais que 1 Kcal/g enquanto a sacarose e outros carboidratos contêm cerca de
4 Kcal/g. Já que a polidextrose não é doce por si só, ela é sempre empregada com outros
agentes edulcorantes (KRÜGER, 1994).
Figura 3 – Estrutura química da polidextrose
As ligações ao acaso no polímero (tanto ligações α como β e predominantemente 1-
6, mas com algumas 1-2, 1-3, 1-4 e 1-1) criam uma compactação e complexidade
estruturais que impedem as enzimas digestivas dos mamíferos de hidrolisar prontamente a
molécula. A polidextrose possui um grau de polimerização médio de 8 unidades de glicose
e peso molecular abaixo de 5000. A polidextrose é mais comumente utilizada para
substituir açúcares em diversos alimentos doces. Nestas aplicações, a polidextrose reduz
calorias enquanto mantém o corpo e a textura dos alimentos como se só tivessem açúcares.
21
Embora a polidextrose não seja um substituto de gordura por si só, ela apresenta
viscosidade relativamente alta em solução e pode, portanto, contribuir para o
preenchimento da boca e cremosidade de formulações com menos gordura. Assim, pode-se
considerar que a polidextrose mimetiza a gordura em algumas aplicações (MITCHELL,
1996).
A polidextrose é obtida por polimerização térmica a vácuo da glicose, usando ácido
cítrico como catalisador e sorbitol como plastificante. Sem refinamento posterior, a
polidextrose bruta é ácida, amarga e adstringente e é capaz de reagir com grupos amino. As
características indesejadas podem ser removidas por processamentos posteriores (por
exemplo, remoção dos ésteres citrato, neutralização e redução) (VORAGEN, 1998).
Durante a preparação, quantidades traço de 1,6-anidro-D-glicose e 5-hidroximetilfurfural
são produzidas como resultado da caramelização da glicose. A polidextrose foi
desenvolvida para satisfazer a necessidade de um agente de corpo com baixo teor calórico
na fabricação de alimentos (FREEMAN, 1982).
A polidextrose é reconhecida pela sua versatilidade como agente de corpo e
melhorador da textura, além de ser um ingrediente multifuncional em produtos de baixa
caloria, e pode ser empregada isoladamente ou em combinação com outros ingredientes
(ESTELLER; LIMA; LANNES, 2006).
O fato de ser resistente ao metabolismo dos mamíferos faz com que a polidextrose,
apresentantdo também outras propriedades tecnológicas desejáveis e apelo de mercado, seja
um ingrediente não-cariogênico de baixa caloria (BURDOCK; FLAMM, 1999).
A polidextrose pode substituir a sacarose no chocolate ao mesmo tempo em que
fornece textura cremosa, sem efeito refrescante ou incômodos de arranhões residuais.
Ademais, a polidextrose é amplamente usada em alimentos visando à redução do açúcar,
dos conteúdos de gordura e calórico e diminuição da carga glicêmica (FUHRMAN, 2004).
A polidextrose participa da reação de Maillard e, por isso, pode contribuir com a
característica de cor caramelo (MURPHY, 2001).
22
O valor energético de carboidratos não ou parcialmente absorvidos é de interesse
devido ao crescente uso de agentes de corpo, que compartilham algumas propriedades e
benefícios à saúde com as fibras dietéticas como ingredientes de alimentos com baixa
caloria que substituem açúcares e gorduras. A polidextrose é utilizada principalmente como
agente de corpo em muitos alimentos com baixo valor calórico (produtos de panificação,
confeitaria, temperos e sobremesas lácteas congeladas), onde substitui quantidades
significativas tanto de açúcar quanto de gordura. Por exemplo, em produtos de panificação,
normalmente a polidextrose substitui de 25 a 50% do açúcar e em sobremesas lácteas
congeladas, de 10 a 25% da gordura (ACHOUR et al., 1994).
A segurança da polidextrose foi determinada por 32 diferentes estudos em cinco
espécies de animais. Além disso, foi investigada em oito estudos com humanos
(FREEMAN, 1982). A polidextrose demonstrou efeitos prebióticos; ela diminui o pH fecal,
aumenta a concentração residual de ácidos graxos de cadeia curta e aumenta o número de
bifidobactérias nas fezes (PROBERT et al., 2004).
Attia, Shehata e Askar (1993) relataram melhora nas propriedades de textura em
bolos com teor de calorias reduzido quando preparados com polidextrose. Lim, Setser e
Kim (1989) relataram biscoitos com polidextrose com características de textura
semelhantes aos biscoitos com sacarose e Kocer et al. (2006) investigaram o efeito da
substituição por polidextrose sobre a taxa de crescimento de bolo.
2.4.4. Lactitol
Os açúcares poliálcoois ou polióis são produzidos através da hidrogenação catalítica
do sacarídeo correspondente. Muitos podem ser encontrados na natureza em plantas e
frutas, embora a extração destas fontes não seja economicamente viável. O processo de
hidrogenação modifica significativamente as propriedades físico-químicas do composto
quando comparadas ao açúcar precursor correspondente. A natureza hidrogenada dos
polióis também faz com que estes sejam menos propensos à fermentação microbiológica e
mais dificilmente absorvidos e digeridos pelos mamíferos. Esta é a razão dos polióis
possuírem valor calórico reduzido, serem não cariogênicos e adequados para consumidores
que buscam carboidratos de baixo impacto, incluindo diabéticos. Na Europa, determinou-se
23
o valor de 2,4 Kcal/g. Dependendo do sacarídeo do qual o poliol derivou, ele pode ser um
monossacarídeo, dissacarídeo ou misturas de oligossacarídeos hidrogenados com diferentes
comprimentos de cadeia. As propriedades individuais dos polióis, tais como viscosidade em
solução e efeito sobre os pontos de ebulição e fusão da água, dependem da sua classificação
e, mais especificamente, do seu peso molecular. Portanto, o conhecimento destas
propriedades é importante quando se desenvolvem produtos que utilizem polióis
(MITCHELL, 2003).
Lactitol (poliálcool) é um dissacarídeo produzido pela hidrogenação da lactose.
Pode ser cristalizado na forma de um mono ou dihidrato. O lactitol não é higroscópico e
possui menos poder edulcorante do que a sacarose. O lactitol monohidratado é adequado
para a produção de alimentos para diabéticos e produtos de confeitaria para a proteção dos
dentes quando combinado com outros edulcorantes de alta intensidade. O lactitol
monohidratado não perde sua água de cristalização muito facilmente, o que significa que
podem ser usadas temperaturas de conchagem acima de 65 ºC, sem nenhum efeito adverso
sobre as propriedades reológicas do chocolate. Chocolates com lactitol apresentam
viscosidades comparáveis àquelas dos chocolates com açúcar (KRÜGER, 1994). O lactitol
é similar à sacarose em solubilidade, peso molecular e perfil de doçura, embora tenha
menos da metade da intensidade da doçura da sacarose por grama. O lactitol tem pouco
efeito refrescante (HARTEL; DEYMONAZ, 2001).
O lactitol complementa o sabor do chocolate. Ele possibilita o desenvolvimento de
chocolates finos que também são livres de açúcar, de baixo índice glicêmico e baixo teor de
carboidratos (FUHRMAN, 2004).
Chocolates adoçados com lactitol conferem sensação na boca prazerosa e efeito
refrescante não detectável. A sensação aceitável na boca é facilitada pela solubilidade do
lactitol. O efeito refrescante causado pelo calor de solução negativo do lactitol é um dos
menores entre os polióis cristalinos; por exemplo, ele é aproximadamente 27% menor do
que o efeito refrescante observado para o maltitol. O lactitol exibe a menor doçura de todos
os polióis. Por esta razão, os chocolates fabricados com lactitol geralmente também contêm
um edulcorante de alta intensidade (OLINGER, 1995).
24
Porém, deve-se manter em mente as diferentes propriedades químicas e físicas do
lactitol em relação ao desenvolvimento de um alimento sem açúcar. O lactitol é um açúcar
poliol não-redutor que não participa das reações de Maillard (escurecimento) ou
degradação enzimática. Sua estabilidade em altas temperaturas e sob condições ácidas e
alcalinas é consideravelmente alta. O lactitol é um poliol não-higroscópico que em
temperatura ambiente atinge a solubilidade da sacarose. É um dos polióis menos
higroscópicos. O efeito refrescante é um tanto ameno e não tão pronunciado como o do
sorbitol ou do xilitol. A viscosidade do lactitol é ligeiramente maior do que a da sacarose
(MESTERS, 1995).
O lactitol é não-cariogênico. Ele não é fermentado pela microflora bucal, então seu
consumo não leva à formação de ácidos que desmineralizam o esmalte dos dentes. Além
disso, a formação da placa bacteriana é muito menor para doces que contêm lactitol do que
para os com açúcar (MESTERS, 1995).
As aplicações em alimentos para o lactitol incluem confeitos sem açúcar,
chocolates, gomas de mascar, produtos de padaria sem açúcar adicionado e sorvetes. Outras
aplicações são o uso do lactitol como aditivo para prevenir a desnaturação de proteínas e a
formação de cor pela reação de Maillard. Uma outra aplicação muito importante para o
lactitol é nos produtos pré- e probióticos. Como há falta de β-galactosidase na parte
superior do trato gastrointestinal dos humanos e da maioria dos animais, o lactitol chega ao
colon praticamente sem ter sido digerido. No colon, o lactitol é usado como fonte de
energia pela flora intestinal. A fermentação do lactitol fortalece o crescimento das bactérias
sacarolíticas e diminui a quantidade das bactérias proteolíticas que são responsáveis pela
produção de amônia, compostos carcinogênicos e endotoxinas. Esta mudança na relação
entre bactérias benéficas e prejudiciais pode influenciar positivamente a saúde de homens e
animais (KUMMEL; BROKX, 2001).
2.4.5. O Poder Adoçante dos Edulcorantes
Na avaliação sensorial do poder edulcorante, a sacarose geralmente serve como um
padrão ao qual os outros edulcorantes são comparados. Por exemplo, a frutose é mais doce
do que a sacarose, e o xilitol tem praticamente a mesma doçura da sacarose. Entretanto, isto
25
apenas fornece valores básicos para o fabricante de doces porque muitas comparações
foram baseadas em soluções aquosas de açúcares puros e quase sempre não são
apresentadas declarações acerca do conteúdo de sólidos das soluções. Além disso, é
importante lembrar que o poder edulcorante de várias substâncias não aumenta linearmente
com a concentração e é dependente da temperatura e de outros ingredientes do alimento,
bem como do pH. Ademais, há efeitos sinergísticos. Estes fenômenos fazem com que
açúcares em misturas aumentem mutuamente seu poder edulcorante, assim como outras
características de doçura. Por exemplo, frutose em chocolate ao leite possui gosto
ligeiramente mais doce do que sacarose, ao passo que, a mistura de ambos os açúcares, por
outro lado, é muito mais doce, demonstrando efeito sinergístico (KRÜGER, 1994).
Se a sacarose for parcial ou completamente substituída por outros tipos de açúcar ou
substitutos do açúcar em alimentos com cacau, as atuais avaliações teóricas são incapazes
de predizer a doçura do produto. Elas irão apenas fornecer diretrizes aproximadas e será
sempre necessário conduzir avaliações sensoriais em amostras reais do produto. Com o
objetivo de obter os melhores resultados, as formulações normalmente necessitarão de
adaptações e uma série de amostras deve ser fabricada (KRÜGER, 1994).
Há numerosas possibilidades para substituição da sacarose na fabricação de
coberturas de chocolate sem açúcar; entretanto, há pouco entendimento sobre como ou por
que edulcorantes diferentes podem afetar condições de processamento e qualidade do
produto. O equilíbrio de doçura é o fator mais importante para o sabor e age para minimizar
a diferença do controle de sacarose (HARTEL; DEYMONAZ, 2001).
Chocolate convencional contém cerca de 40% de sacarose (amargo) ou mistura
sacarose-lactose (ao leite). Maltitol e lactitol foram investigados experimentalmente para
uso em chocolate especial, pois apresentam baixo conteúdo calórico e gosto doce
(JACKSON; HOWELLS; ARMSTRONG, 1987).
Den Uyl (1987) enfatiza que a preparação de chocolate com lactitol é similar à de
chocolate com açúcar, já que o pó fino de lactitol é apenas ligeiramente higroscópico e tem
pouco impacto sobre a viscosidade da massa de chocolate durante a conchagem. O mesmo
autor enumera outras propriedades importantes do produto: é fácil de embalar devido à
26
baixa higroscopicidade do lactitol; apresenta um gosto bom, mas é necessário um
edulcorante intenso adicional tal como o aspartame; e possui conteúdo calórico reduzido
por causa do valor calórico do lactitol.
Ketelsen, Keay e Wiet (1993) obtiveram curvas tempo-intensidade (TI) em relação
à doçura e determinaram dez parâmetros para um carboidrato selecionado e edulcorantes de
alta intensidade. As amostras foram avaliadas por provadores treinados em doçuras
equivalentes a 5% e 9% de sacarose em água para sucralose, sacarose, frutose, aspartame,
ciclamato, acesulfame-K e sacarina e em um sistema modelo de bebida tamponada para
sucralose, sacarose, frutose, aspartame e ciclamato. Quando foram comparados os sistemas
entre si, relataram-se diferenças nas propriedades temporais dependentes da concentração e
do meio. Não foram observadas diferenças nas características iniciais entre grupos de
mesma doçura. As características do gosto residual diferiram entre edulcorantes apenas em
equivalência de doçura de 9% de sacarose em água, onde os edulcorantes de alta potência
tenderam a apresentar gosto residual mais longo do que os edulcorantes nutritivos.
É bem estabelecido que um estímulo fisicamente idêntico pode provocar diferentes
percepções e respostas sensoriais em ocasiões distintas. Por isso, as amostras e o ambiente
de teste devem ser rigorosamente controlados a fim de que não sejam fontes de variação
importantes. Os valores de doçura equivalente são sempre dependentes da concentração
devido às diferenças nas funções psicofísicas dos edulcorantes.
2.5. SUBSTITUTOS DE GORDURA
O nível de gordura determina as características nutricionais, físicas, químicas e
sensoriais dos alimentos. Em relação às características sensoriais, as gorduras têm uma
importante função de determinar as quatro principais características dos alimentos, que são
(1) aparência (por exemplo, brilho, translucidez, cor, uniformidade da superfície e
cristalinidade), (2) textura (viscosidade, elasticidade e dureza), (3) sabor (intensidade,
liberação, perfil e desenvolvimento do sabor) e (4) sensações na boca (derretimento,
cremosidade, oleosidade, densidade e grau de recobrimento da boca). Algumas indústrias,
como a de laticínios e a de carne, simplesmente removeram a gordura de produtos padrão
(como no caso do leite, por exemplo), demonstrando menor preocupação com as mudanças
27
sensoriais resultantes da reduzida presença de gordura. Esta estratégia é menos possível
para a maioria dos alimentos porque a estabilidade física, propriedades funcionais e, em
muitos casos, estabilidade microbiológica são negativamente afetadas. O maior desafio no
desenvolvimento de alimentos com teor reduzido de gordura é obter a redução da gordura
ao mesmo tempo em que se atingem tanto quanto possível as qualidades de consumo do
produto tradicional (JONES, 1996a).
O grau de complexidade em se substituir a gordura é dependente do tipo de produto
e do nível de redução de gordura requerido, mas a causa fundamental das dificuldades
experimentadas quando se reduz a gordura é sua natureza multifuncional como ingrediente
de alimentos e seus freqüentes efeitos profundos durante os diferentes estágios da
fabricação de um produto. Além disso, não há um ingrediente que possa substituir
diretamente a gordura em todas as suas aplicações. Qualquer mudança na formulação
provavelmente afeta a intensidade das características sensoriais e, no caso da remoção de
gordura, este tópico é especialmente importante. Quando se utilizam substitutos de gordura
para compensar a remoção da mesma, além de alterações na intensidade dos diferentes
sabores, também há significativos efeitos sobre as características temporais de percepção do
sabor (JONES, 1996b).
Wiet et al. (1993) examinaram a interação entre percepção de doçura e gordura. As
características sensoriais da sucralose, do aspartame e da sacarose foram estudadas em um
sistema lipídico modelo sem sabores, variando-se os níveis de gordura. Um dos estudos
investigou os efeitos da gordura sobre as potências (em relação à sacarose) da sucralose e
do aspartame. Também se examinaram mudanças absolutas no gosto, aspectos temporais e
outras propriedades dos três edulcorantes em concentrações fixas e em diversas
concentrações de gordura. Os resultados indicaram uma pequena diminuição nas potências
da sucralose e do aspartame com o aumento da concentração de gordura, especialmente em
menores níveis de doçura. Todos os edulcorantes responderam de forma similar às
mudanças na concentração de gordura.
Armbrister e Setser (1994), ao pesquisar as similaridades e diferenças nas
propriedades sensoriais entre biscoitos de chocolate controle e com dois níveis de diferentes
tipos de substitutos de gordura, relataram que os biscoitos com substitutos a base de
28
carboidratos apresentaram maiores diferenças na textura em relação ao controle do que os
biscoitos com substitutos a base de proteína ou lipídeo.
Proteína do soro de leite é uma fonte protéica de alta qualidade derivada do leite e é
um co-produto na fabricação de queijo. Proteína do soro de leite é um termo coletivo que
descreve as proteínas do leite de vaca que são solúveis em pH 4,6. Há um grande número
de proteínas, em maior ou menor quantidade, presentes na proteína do soro, incluindo beta-
lactoglobulina, alfa-lactoalbumina, albumina do soro de sangue bovino, imunoglobulinas,
glucomacropeptídeo, lactoferrina, lactoperoxidase e peptonas de protease. A popularidade
da proteína do soro aumentou substancialmente nos últimos anos e continua a crescer.
Ingredientes de proteína do soro, como concentrados e isolados protéicos do soro, são cada
vez mais incorporados em alimentos e bebidas, devido tanto às suas propriedades
funcionais quanto às nutricionais. As proteínas do soro possuem benefícios à saúde da
população em geral, de atletas e de consumidores com necessidades nutricionais específicas
(DAVIS, 2003).
Concentrados protéicos de soro de leite (WPC, da sigla em inglês) estão sendo
usados com sucesso em sorvetes e sobremesas congeladas já há alguns anos porque eles se
ligam à água e formam redes que atuam como a estrutura encontrada em sorvetes com
quantidade normal de gordura (PINTO et al., 2007). Lobato-Calleros et al. (2001) relataram
que, embora as características estruturais observadas em queijos com redução de gordura
por WPC serem diferentes das demonstradas por queijo sem redução de gordura, algumas
características de textura não foram significativamente diferentes. Além disso, o queijo com
redução de gordura com WPC foi o que mais se aproximou sensorialmente do queijo sem
redução de gordura.
Atualmente, há uma batalha entre o prazer e satisfação obtidos ao comer-se um bom
chocolate e a apreensão sobre a ingestão calórica relativamente alta de uma única barra. O
desafio é produzir uma barra de chocolate que possa ser descrita como tendo baixo teor
calórico, mas com aparência e sabor da barra convencional (SPROAT, 1991).
29
2.6. ASPECTOS FUNCIONAIS
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1999) define que alegação de propriedade funcional “é aquela
relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no
crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo
humano”.
Em termos fisiológicos, a polidextrose tem um efeito negligenciável sobre os níveis
de açúcar do sangue e é metabolisada independentemente de insulina (MITCHELL, 2003).
Atualmente, a contribuição da microbiota do cólon em humanos para melhorar a
saúde da pessoa é uma área de pesquisa bastante explorada. Os efeitos benéficos de
probióticos, como as bactérias do ácido lático (tais como bifidobactérias e lactobacilos),
foram relatados e já possuem um histórico e uso em humanos. Mais recentemente, o
interesse se voltou para os efeitos potencialmente vantajosos de substratos na dieta que
podem ser fermentados por populações de bactérias. Esses chamados prebióticos estimulam
seletivamente os componentes benéficos da flora enquanto suprime (ou não causa efeito
sobre) bactérias menos desejáveis como as proteolíticas, Clostridium e patógenos gram-
negativos como Escherichi coli, Shigellas e Salmonellas (PROBERT et al., 2004).
Devido à sua não-digestibilidade pelas enzimas pancreáticas, a polidextrose age
como uma fibra solúvel e, em ingestões mais elevadas, pode causar flatulência e diarréia.
Alguns estudos sugerem que a polidextrose pode diminuir as lipoproteínas de baixa
densidade (colesterol “ruim”) tão efetivamente quanto uma quantidade equivalente de fibra
solúvel (PRONCZUK; HAYES, 2006).
Os carboidratos parcialmente digeríveis e compostos correlatos causam efeitos
benéficos na função gastrointestinal quando ingeridos em doses moderadas. Estes efeitos
incluem melhora da função intestinal (por exemplo, prevenção da constipação), ambiente
aprimorado para o crescimento de bactérias benéficas como espécies de Lactobacillus e
Bifidobacterium e, através disso, menor formação de metabólitos bacterianos prejudiciais, e
regeneração da mucosa do cólon. A fermentação realizada pela flora do cólon produz os
30
ácidos graxos de cadeia curta acético, propiônico e butírico e pequenas quantidades de
dióxido de carbono, metano e gases de hidrogênio. Um indivíduo absorve estes produtos de
forma rápida e quase completa. Os ácidos graxos de cadeia curta são utilizados através de
rotas metabólicas estabelecidas e se tornam energeticamente disponíveis. Os produtos
gasosos são largamente expirados na respiração. Isto é um processo normal no metabolismo
de oligossacarídeos não-absorvidos (por exemplo, rafinose), amido resistente e gomas
vegetais e fibras solúveis não digeridas (FLOOD; AUERBACH; CRAIG, 2004).
A polidextrose é mais bem tolerada do que a maioria dos outros carboidratos de
baixa digestibilidade (por exemplo, polióis). Isto ocorre por causa do maior peso molecular
e da fermentação parcial, levando a um menor risco de diarréia. Depois de alguns estudos, o
Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA) e o European
Commission Scientific Committee for Food (EC/SCF) concluíram que a polidextrose
apresenta limiar laxativo médio de ~90 g/d (1,3 g/Kg de peso corporal) ou 50 g como uma
dose única (FLOOD; AUERBACH; CRAIG, 2004).
No Brasil, determina-se, através da Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998, que
aprova o Regulamento Técnico referente a Alimentos para Fins Especiais (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1998a), em relação à rotulagem, que “nos
demais painéis da embalagem deve constar a informação: ‘Este produto pode ter efeito
laxativo’, para os alimentos cuja previsão razoável de consumo resulte na ingestão diária
superior a 20 g de manitol, 50 g de sorbitol, 90 g de polidextrose ou de outros polióis que
possam ter efeito laxativo.”
Ao contrário da sacarose, o lactitol é metabolizado independetemente da insulina e é
adequado para o desenvolvimento de produtos livres de açúcar e com teor calórico e índice
glicêmico baixos (MITCHELL, 2003). O lactitol não contribui com um aumento
significativo na glicose do sangue (MESTERS, 2003). Vários testes clínicos demonstraram
que o consumo de lactitol não aumenta os níveis de glicose no sangue ou de insulina.
Juntamente com seu valor calórico reduzido, o lactitol se adequa à dieta de indivíduos com
diabetes já que estes devem ter atenção especial à sua ingestão de açúcares e calorias
(MESTERS, 1995).
31
Estudos demonstraram que quando são ingeridas 25 gramas de lactitol, não há (ou
este é mínimo) aumento nos níveis de insulina sérica. Outros estudos revelaram que o
índice glicêmico ou a área sob a curva da resposta de glicose no plasma é extremamente
baixo para o lactitol. Como tal, a resposta glicêmica do lactitol é negligenciável
(OLINGER, 1995).
De forma análoga à polidextrose, o lactitol monohidratado (β-galactosídeosorbitol,
um álcool dissacarídico) também não é absorvido no intestino delgado e, por isso, atinge o
cólon como um substrato potencial para fermentação microbiana. A ingestão de grandes
quantidades de substratos não digeríveis pode ter conseqüências adversas. Por exemplo, o
consumo excessivo de tais substratos, particularmente os açúcares que são poliálcoois, pode
acarretar diarréia. Entretanto, deve-se ter em mente que estes efeitos são dependentes da
quantidade ingerida, e a premissa do emprego de prebióticos é que as quantidades
administradas não comprometam a seletividade e a função gastrointestinal (PROBERT et
al., 2004).
Uma forma de diminuir as desvantagens de um determinado substituto de açúcar é o
emprego de mistura destes. Comercialmente, a mistura usada é lactitol ou isomalt e
polidextrose, que se comporta melhor do que cada um dos seus componentes além de ser
mais fácil de manipular do que a polidextrose pura e tem valor calórico menor e limiar
laxativo maior do que um poliol puro (EDWARDS, 1997).
O menor valor calórico do lactitol pode auxiliar na formulação de chocolates que
oferecem uma redução significativa no conteúdo de calorias. O lactitol pode, por exemplo,
ser combinado com a polidextrose na razão de 1:1 para produzir um chocolate que se
aproxime de uma redução calórica de 20%. Através da substituição de uma porção da
manteiga de cacau por um substituto de gordura adequado no chocolate com
lactitol/polidextrose pode ser possível produzir chocolate que apenas não contenha açúcar
adicionado, mas que também apresente redução calórica de 25% ou mais (OLINGER,
1995).
A Resolução RDC nº 40, de 21 de março de 2001, que aprova o Regulamento
Técnico para Rotulagem Nutricional Obrigatória de Alimentos e bebidas embalados
32
(AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2001b), determina que o valor
calórico a ser declarado deve ser calculado utilizando-se os fatores de conversão de 1,0
Kcal/g para a polidextrose e de 2,4 Kcal/g para os polióis, entre eles encontra-se o lactitol.
O uso destes substitutos de sacarose permite aos produtores a oportunidade de
oferecer alimentos saudáveis com diversos apelos nutricionais como: açúcar reduzido ou
não adicionado; calorias reduzidas; adequado para diabéticos; presença de fibras; reduzida
carga glicêmica e demanda de insulina; prébiótico (MITCHELL, 2003).
Ao mesmo tempo em que os produtos vendidos como “baixo teor de gordura” ou
“sem açúcar” são bastante populares, houve um significativo aumento do interesse dos
consumidores em produtos funcionais que contenham ingredientes adicionados e forneçam
benefícios específicos à saúde. O apelo mais freqüente usado na Europa para alimentos
funcionais está relacionado à “saúde do intestino” e ao sistema digestório. A popularidade
destes produtos reflete as crescentes recomendações de ingestão de fibras na dieta já que
baixo consumo das mesmas foi indicado como um fator de risco de várias doenças.
Ingredientes de fibras insolúveis, como o farelo de trigo, foram tradicionalmente
empregados em produtos como cereais matutinos, pães e massas; porém, a palatabilidade
destes produtos limitou o nível no qual eles podem ser incorporados em diferentes sistemas.
Os ingredientes de fibras solúveis normalmente são de maior interesse na formulação de
alimentos funcionais porque eles são mais palatáveis (MURPHY, 2001).
Em pacientes diabéticos, há evidências de que a substituição de carboidratos com
alto índice glicêmico por substâncias com baixo índice glicêmico melhora o controle da
glicemia e, entre pessoas tratadas com insulina, reduz episódios de hipoglicemia
(MESTERS, 2003).
A diabetes é uma epidemia extremamente séria. O tipo 2 ou diabetes mellitus não-
dependente de insulina (NIDDM) é a maior causa do aumento meteórico nas taxas de
diabetes. De acordo com previsões da Organização Mundial de Saúde, a incidência da
diabetes no período de 1997 a 2025 aumentará de 143 milhões para 333 milhões. As
projeções para os países em desenvolvimento e alguns grupos étnicos nos países
desenvolvidos também são alarmantes. A Federação Internacional de Diabetes prevê que
33
mais de 75% dos casos de diabetes ocorrerão nos países em desenvolvimento até 2025. Por
exemplo, a incidência de diabetes na América Latina deverá aumentar até 38% de 2003 a
2013, comparada com um aumento estimado em 14% na população total. Outra estatística
alarmante é a taxa de aumento da NIDDM entre crianças e adolescentes. Com esta elevação
dramática na incidência de diabetes, medidas nutricionais tanto para ajudar a prevenir e a
tratar a doença quanto para diminuir os efeitos adversos da doença são essenciais (JONES,
2003).
Quando um consumidor escolhe um chocolate livre de açúcar ou sem açúcar
adicionado, ele é motivado principalmente por um benefício perceptível à saúde. Em
muitos casos, o consumidor é diabético e está em busca de um lanche doce que não
provoque um aumento significativo nos níveis de açúcar no sangue ou um grande
requerimento de insulina (OLINGER, 1995).
Recentemente, foi dada atenção aos efeitos benéficos especiais do chocolate sobre a
saúde cardiovascular, porque o cacau e o chocolate podem ser fontes ricas de flavonóides
que apresentam diversas ações positivas, incluindo como antioxidante e como modulador
da homeostase vascular. Todavia, a ingestão de chocolate aumenta a gordura do corpo, já
que o conteúdo de gordura do chocolate é relativamente alto e esta é freqüentemente
relatada como a principal causa da obesidade dentro da dieta. Um grande número de
pessoas sofre de doenças relacionadas ao estilo de vida, sendo exemplos típicos obesidade e
diabetes. Estas pessoas devem controlar seu peso corporal e a elevação da glicose e insulina
do sangue após a ingestão de alimentos. Muitos alimentos foram desenvolvidos para estas
pessoas que necessitam controlar o peso corporal e a glicose no sangue, e os substitutos de
açúcar são comumente usados nestes alimentos.
Shimomura et al. (2005) examinaram os efeitos da ingestão de chocolate sem
açúcar contendo polidextrose e lactitol no lugar de sacarose e lactose sobre as
concentrações de glicose no plasma, de insulina sérica e de triglicerídeos em humanos. Um
chocolate convencional foi utilizado como controle. O chocolate controle elevou as
concentrações de glicose no plasma e de insulina sérica, enquanto o chocolate sem açúcar
apresentou efeito muito menor. A concentração de triglicerídeos no soro aumentou
gradualmente após a ingestão do chocolate controle, mas foi elevada apenas ligeiramente
34
depois da ingestão do sem açúcar. Um estudo em animais também demonstrou uma
resposta atenuada do triglicerídeo no soro à administração de uma emulsão de gordura
contendo polidextrose e lactitol, sugerindo que o trânsito dos triglicerídeos através do
intestino é facilitado por estes compostos. Estes resultados sugerem que, comparado ao
chocolate convencional, a absorção de gordura no intestino foi menor após a ingestão do
chocolate sem açúcar, possivelmente resultando em menor efeito sobre a deposição da
gordura corporal.
2.7. LEGISLAÇÃO – DIET, LIGHT E CHOCOLATE
Segundo a Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998, que aprova o Regulamento
Técnico referente a Alimentos para Fins Especiais, o termo “diet” pode ser utilizado para os
alimentos com as seguintes classificações (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
SANITÁRIA, 1998a):
1) “Alimentos para dietas com restrição de sacarose, frutose e ou glicose (dextrose):
alimentos especialmente formulados para atender às necessidades de pessoas com
distúrbios no metabolismo desses açúcares. Podem conter no máximo 0,5 g de sacarose,
frutose e ou glicose por 100g ou 100mL do produto final a ser consumido.” Esta
classificação está incluída, entre outras, no grupo dos “alimentos para dietas com restrição
de carboidratos” que faz parte, assim como outros grupos, dos “alimentos para dietas com
restrição de nutrientes”;
2) “Alimentos para controle de peso” (“Alimentos para ingestão controlada de
nutrientes”);
3) “Alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares: alimentos
especialmente formulados para atender às necessidades de pessoas que apresentem
distúrbios do metabolismo de açúcares, não devendo ser adicionados de açúcares. É
permitida a presença dos açúcares naturalmente existentes nas matérias utilizadas.”
Também fazem parte dos “alimentos para ingestão controlada de nutrientes”.
Em relação ao termo “light”, a Portaria nº 27, de 13 de janeiro de 1998, que aprova
o Regulamento Técnico referente à Informação Nutricional Complementar (declarações
35
relacionadas ao conteúdo de nutrientes), permite seu uso nos seguintes casos para produtos
sólidos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1998b):
1) “Quando for cumprido o atributo ‘BAIXO’”, em relação ao valor energético:
“máximo de 40 Kcal/100g”;
2) “Quando for cumprido o atributo ‘REDUZIDO’”, em relação ao valor energético:
“redução mínima de 25% no Valor Energético Total e diferença maior que 40 Kcal/100g”.
3) “Quando for cumprido o atributo ‘BAIXO’”, em relação aos açúcares: “máximo
de 5 g de açúcares/100 g e mesmas condições exigidas para os atributos REDUZIDO ou
BAIXO VALOR ENERGÉTICO, ou frase ‘este não é um alimento com valor energético
reduzido’ ou frase equivalente”.
4) “Quando for cumprido o atributo ‘REDUZIDO’”, em relação aos açúcares:
“redução mínima de 25% de Açúcares e diferença maior que 5 g de açúcares/100 g
e mesmas condições exigidas para os atributos REDUZIDOS ou BAIXO VALOR
ENERGÉTICO, ou frase ‘este não é um alimento com valor energético reduzido’ ou frase
equivalente, quando a redução de mais de 25% de açúcar implicar em aumento ou
manutenção do valor energético do produto”.
5) “Quando for cumprido o atributo ‘BAIXO’”, em relação às gorduras totais:
“máximo de 3 g de gorduras/100 g”.
6) “Quando for cumprido o atributo ‘REDUZIDO’”, em relação às gorduras totais:
“redução mínima de 25% em Gorduras Totais e diferença maior que 3 g gorduras/100 g”.
Na antiga Legislação (COMISSÃO NACIONAL DE NORMAS E PADRÕES
PARA ALIMENTOS, 1978), o chocolate era caracterizado por conter cacau na proporção
mínima de 32%, o açúcar empregado no seu preparo devia ser normalmente sacarose,
podendo ser substituído parcialmente por glicose pura ou lactose, e a proibição da adição de
gordura e óleos estranhos a qualquer tipo de chocolate, bem como à manteiga de cacau.
Além disso, era exigido que o chocolate contivesse, no máximo, 68% de glicídeos não
redutores, em sacarose, e, no mínimo, 20% de lipídeos.
36
Atualmente, a Resolução RDC nº 264, de 22 de setembro de 2005 (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005), define chocolate como “o produto
obtido a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao L.), massa (ou pasta ou
liquor) de cacau, cacau em pó e ou manteiga de cacau, com outros ingredientes, contendo,
no mínimo, 25 % (g/100 g) de sólidos totais de cacau; o produto pode apresentar recheio,
cobertura, formato e consistência variados”.
Esta nova Fixação de Identidade e Qualidade de Chocolate permite a utilização de
diversos substitutos da sacarose e de gordura para obtenção de chocolate light e/ou diet.
2.8. ANÁLISE SENSORIAL
A Análise Sensorial é a única forma de se avaliar a aceitação e o perfil de aparência,
aroma, sabor e textura de alimentos e bebidas, sendo, portanto, uma ferramenta
insubstituível.
A análise sensorial pode ser uma ferramenta extremamente útil no entendimento de
quais características sensoriais de um produto são importantes para o consumidor e na
tradução destas características em requerimentos de ingredientes ou formulações do
produto (BURGER, 1992).
2.8.1. Análises Descritivas (Análise Descritiva Quantitativa – ADQ)
A Análise Descritiva Quantitativa (ADQ) é uma metodologia que proporciona a
obtenção de uma completa descrição de todas as propriedades sensoriais de um produto,
representando um dos métodos mais completos e sofisticados para a caracterização
sensorial de atributos importantes (STONE; SIDEL, 2004). Possui inúmeras aplicações,
como por exemplo o acompanhamento de produtos concorrentes, testes de armazenamento
de produtos para verificar possíveis alterações no decorrer do período, desenvolvimento de
novos produtos, controle da qualidade de produtos industrializados e verificação da relação
entre testes sensoriais e instrumentais.
A Análise Descritiva Quantitativa (STONE et al., 1974) permite traçar o perfil
sensorial dos produtos avaliados e, quando é associada ao estudo afetivo de consumidor,
37
permite obter conclusões de extrema importância como, por exemplo, saber quais as
características sensoriais e em que intensidades estão presentes, nos produtos mais ou
menos aceitos pelos consumidores e ainda verificar em que produtos concorrentes diferem
sensorialmente entre si. Desta forma, se desejável, é possível saber exatamente quais
atributos sensoriais devem ser atenuados, intensificados, suprimidos ou colocados em um
produto para que ele possa superar seu concorrente.
Portanto, a Análise Descritiva Quantitativa é uma ferramenta de extrema
importância para a garantia e controle da qualidade de produtos alimentícios.
As técnicas de perfil sensorial podem ser usadas na indústria de chocolates como
uma ferramenta:
• na comunicação entre os setores de marketing e de Pesquisa e Desenvolvimento para estabelecer uma meta;
• na obtenção de um melhor entendimento da funcionalidade dos ingredientes quando empregados em chocolate; e
• para identificar e selecionar, de uma forma objetiva, a melhor solução de ingrediente possível para o desenvolvimento de um novo conceito ou de um chocolate reformulado (BURGER, 1992).
O perfil sensorial pode revelar as principais diferenças e similaridades nas
características entre dois ou mais chocolates e uma referência. Ele provou ser uma
ferramenta extremamente útil no desenvolvimento e reformulação de produtos, testes de
vida-de-prateleira e controle de qualidade (BURGER, 1992).
A análise de componentes principais (ACP) é a técnica estatística multivariada mais
amplamente utilizada em análise sensorial. O principal objetivo da ACP é a maior
explicação possível da variabilidade dos dados brutos com o menor número possível de
componentes principais. ACP utilizando matriz de covariância deve ser usada na maioria
dos casos onde as escalas sensoriais são as mesmas para todos os atributos
(BORGOGNONE; BUSSI; HOUGH, 2001).
38
2.8.2. Análise Tempo-Intensidade
A percepção do aroma, gosto, sabor e textura em alimentos é um fenômeno
dinâmico, e não estático. Em outras palavras, a intensidade percebida dos atributos
sensoriais muda de momento para momento. A natureza dinâmica dos alimentos se
evidencia a partir dos processos de mastigação, respiração, salivação, movimentos da
língua e ingestão (DIJKSTERHUIS, 1996, apud LAWLESS; HEYMANN, 1999). A
aceitabilidade dos consumidores por diferentes edulcorantes de alta intensidade depende da
similaridade dos seus perfis de tempo em relação ao da sacarose (LAWLESS; HEYMANN,
1999).
Os métodos de quantificação mais comuns pedem para que o provador estime a
intensidade percebida da sensação dando uma medida única (unipontual). Esta tarefa exige
que o provador faça uma “média temporal” ou integre suas sensações percebidas a fim de
fornecer o valor único de intensidade requerido ou estimar somente o pico de intensidade.
Isto pode provocar a perda de alguma informação importante. É possível, por exemplo, que
dois produtos com perfis de tempo médio ou especificações descritivas iguais ou similares
difiram na ordem em que diferentes sabores ocorrem ou quando eles atingem suas
intensidades máximas (LAWLESS; HEYMANN, 1999).
A avaliação sensorial de tempo-intensidade (TI) é uma tentativa de munir os
provadores com uma oportunidade de mensurar suas sensações percebidas em função do
tempo. O método, portanto, fornece ao analista sensorial e aos usuários dos dados
informações temporais potencialmente importantes acerca das sensações percebidas. Como
os provadores estão continuamente monitorando suas sensações percebidas, do começo ao
fim, o analista sensorial está apto para quantificar as contínuas mudanças na percepção que
ocorrem no respectivo atributo ao longo do tempo. Quando muitos atributos são analisados,
o perfil de sabor ou textura de um alimento complexo pode demonstrar diferenças entre
produtos que mudam através do tempo (LAWLESS; HEYMANN, 1999). Técnicas
unipontuais de mensuração de respostas sensoriais, tais como estimação de magnitude e
escalas de categoria, contêm apenas uma quantidade limitada de informação. As técnicas de
coleta de dados tempo-intensidade (TI) fornecem muito mais informação, direcionando
aspectos relacionados à duração bem como à quantificação da intensidade. Teoricamente, a
39
resposta de tempo-intensidade gera maiores quantidades de um parâmetro denominado
densidade de informação. Finalmente, pode-se considerar que as técnicas tempo-
intensidade são mais eficientes em termos de taxa de aquisição de informação (LEE III,
1989). Por tudo isso, a técnica tempo-intensidade popularizou-se como um método
sensorial aplicado (CLARK; LAWLESS, 1994).
A técnica de perfil tempo-intensidade em análise sensorial determina uma relação
visual (gráfica) entre a força percebida de um único atributo e a duração da sua percepção
na boca durante o consumo. Esta técnica é especialmente útil para produtos que sofrem
derretimento na boca, tal como o chocolate (BURGER, 1992).
A técnica de perfil sensorial por análise descritiva é provavelmente o método mais
útil e poderoso junto com a técnica de perfil tempo-intensidade para análises sensoriais
(BURGER, 1992).
Larson-Powers e Pangborn (1978) encontraram dificuldade para determinar a
equivalência de doçura do ciclamato e da sacarina através do teste de comparação pareada,
o que enfatizou a necessidade de uma estimação indireta e sensível das propriedades
sensoriais múltiplas destes compostos, utilizando-se, então, a técnica tempo-intensidade.
Este estudo demonstrou a utilidade dos dados tempo-intensidade para interpolar e equiparar
intensidades de doçura para compostos sem gostos secundários interferentes.
O teste tempo-intensidade pode ter um papel valioso no desenvolvimento de
produtos. Com o emprego deste método, os perfis temporais de textura e de atributos de
sabor de qualquer produto alimentício podem ser otimizados. Além disso, as curvas tempo-
intensidade permitem aos pesquisadores explorar alterações nos processos sensoriais de
diversos alimentos, incluindo mudanças na textura durante a mastigação e na liberação do
sabor ao longo do tempo (BLOOM; DUIZER; FINDLAY, 1995)
A percepção da doçura é um processo dinâmico que requer avaliação temporal para
a completa caracterização, especialmente quando são comparadas as propriedades
sensoriais de sistemas adoçados com edulcorantes que são carboidratos com aqueles
adoçados com edulcorantes sintéticos. Na avaliação de alimentos cuja substituição de um
40
ingrediente altera as propriedades temporais, os estudos de tempo-intensidade são
essenciais na análise dos fatores que afetam o processamento (NOBLE; MATYSIAK;
BONNANS, 1991).
A pesquisa clássica de edulcorantes se direcionou em taxas de intensidade,
equivalência de doçura ou medidas de limiares. Recentemente, os métodos passaram a
buscar o perfil temporal do gosto doce. Embora haja dados quantitativos acerca da
comparação de perfis tempo-intensidade com medidas de intensidade unipontuais, é
amplamente difundido que a medição do aumento e da queda da sensação de um gosto ao
longo do tempo fornece uma figura mais detalhada e, portanto, potencialmente mais
informativa das características psicofísicas de um estímulo químico. Os perfis tempo-
intensidade são quantitativamente mais ricos e fornecem informação potencialmente útil
para o entendimento da qualidade da doçura. Edulcorantes de alta intensidade podem ser
mais persistentes do que carboidratos, e suas diferenças podem ser examinadas pelas
funções de decaimento. Os dados tempo-intensidade também podem melhor aproximar as
condições de consumo e ser mais adequados para a avaliação da funcionalidade dos
edulcorantes (AYYA; LAWLESS, 1992).
Assim, a potência dos edulcorantes pode ser determinada a partir dos perfis
temporais de diversas concentrações de ambos, o edulcorante testado e o de referência
(CALVIÑO; GARRIDO; GARCÍA, 2000).
As técnicas de análise descritiva e de tempo-intensidade podem ser consideradas
complementares, uma vez que os estudos de tempo-intensidade focam um único atributo
em cada momento da sua percepção, ao passo que a análise descritiva proporciona um
perfil completo do produto, em um único momento. Por exemplo, Cardello, da Silva e
Damásio (2003) avaliaram as propriedades sensoriais para os gostos doce e amargo através
de análise descritiva e tempo-intensidade do aspartame, do extrato de folhas de estévia e de
uma mistura de ciclamato/sacarina (2:1) em soluções com equivalência de doçura a uma
solução de sacarose a 10% e os resultados se complementaram. Enquanto que com a análise
descritiva pôde-se obter um perfil global de todas as características dos edulcorantes no
momento que as mesmas são percebidas, permitindo a manifestação da presença de sabor
de regaliz da estévia e as diferenças no atributo corpo entre a sacarose e os edulcorantes, a
41
análise tempo-intensidade proporcionou informação sobre as diferenças entre os
edulcorantes em relação à intensidade dos estímulos doce e amargo durante todo o tempo
da sua percepção, o que não é possível conseguir com nenhuma outra técnica sensorial.
2.8.3. Testes Afetivos (Análise de Aceitação)
A análise da aceitação é de extrema importância, por refletir o grau em que
consumidores gostam ou desgostam de determinado produto.
Entre os métodos sensoriais existentes para se medir a aceitação e preferência de um
grupo de julgadores, a utilização de escala hedônica estruturada ou não estruturada é o
método afetivo mais aplicado, tanto devido à confiabilidade e validade de seus resultados
como à simplicidade em ser utilizada pela equipe (STONE; SIDEL, 2004).
Os dados obtidos em um teste de aceitação em que se utiliza escala hedônica são
submetidos à análise de variância univariada (ANOVA), seguida de outro procedimento
estatístico, o teste de médias de Tukey, que verifica se há diferença significativa entre as
médias, em um determinado nível de confiança, que é normalmente 95% (STONE; SIDEL,
2004; MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1999).
Com a aplicação da análise de aceitação é possível transformar dados subjetivos em
objetivos, e obter informações importantes sobre a intensidade na qual as pessoas gostam
ou não de um determinado produto.
Uma maneira alternativa para analisar os dados de aceitação é através de um mapa
de preferência interno. O mapa de preferência interno é uma técnica onde as maiores fontes
de variação da preferência são identificadas e extraídas como dimensões de preferência. Os
mapas podem ser então construídos onde as amostras aparecem como pontos e os critérios
principais de preferência dos consumidores como vetores. Teoricamente, a inspeção visual
do mapa fornece informação relevante para a identificação de grupos de consumidores com
diferentes padrões de preferência (COSTELL et al., 2000).
42
2.8.3.1. Mapa de preferência
O mapa de preferência é uma técnica que relaciona os dados de aceitação dos
produtos aos dados descritivos sensoriais com o objetivo de entender quais
características intrínsecas do produto direcionam a aceitação entre os consumidores.
Basicamente, há três tipos de mapas de preferência: interno, extendido e externo. O
mapa de preferência interno é uma análise de componentes principais (ACP) onde as
amostras e os consumidores são representados no mesmo gráfico. Se os coeficientes
de correlação da ACP forem representados também com os descritores sensoriais,
obtém-se o mapa de preferência extendido. O mapa de preferência externo é obtido
através de uma ACP dos dados descritivos sensoriais seguida da correlação destes
dados com os resultados de aceitação de cada consumidor (CRUZ; MARTÍNEZ;
HOUGH, 2002).
A análise de regressão de mínimos quadrados parciais (PLS, da sigla em
inglês) relaciona as características sensoriais das amostras com os dados de
preferência dos consumidores. Através desta relação entre dados descritivos sensoriais
e dados hedônicos de consumidor as características sensoriais associadas com o
produto ideal para os consumidores podem ser identificadas. Os modelos gerados pela
PLS podem ser usados para predizer a aceitação dos consumidores de novas amostras
eliminando, assim, a necessidade de outras análises de consumidor (LAWLOR;
DELAHUNTY, 2000). Para essas correlações, é importante que os produtos testados
estejam em número suficientemente grande e sejam suficientemente diferentes entre si
para que sejam relevantes para o tipo de produto analisado, mas não numa quantidade
muito grande e nem muito diferentes para que os provadores não se tornem
sobrecarregados ou confusos (THYBO; KÜHN; MARTENS, 2003).
A avaliação da aceitação e a análise tempo-intensidade de doçura de chocolates
adoçados com diferentes edulcorantes utilizados como substitutos da sacarose em
bebidas dietéticas é um estudo de grande interesse para as áreas da saúde e tecnologia
de alimentos. Isso porque pode contribuir para a verificação de possíveis diferenças
nas características sensoriais dos produtos, proporcionadas pela adição do edulcorante
43
no sistema em questão, como também para a verificação de quais são os edulcorantes
mais aceitos pelos provadores.
Em literatura científica, existem poucos estudos divulgados sobre as alterações que
os diferentes compostos químicos, utilizados para adoçar chocolates dietéticos podem
causar na percepção sensorial gustativa.
Além disso, a comparação do comportamento sensorial dos edulcorantes em
diferentes sistemas possibilitará a obtenção de informações de grande importância
para os pesquisadores da área.
A avaliação sensorial se expandiu para tornar-se uma força dinâmica no mercado de
chocolates e confeitaria. Atualmente, muitas empresas colocam tanta ênfase nos provadores
humanos quanto no cromatógrafo gasoso ou no texturômetro; porém, outras não o fazem
(BURGER, 1992).
Nós devemos provar nosso produto por razões de controle de qualidade. O produto
está bom ou não? Seu sabor está como deveria? Se o sabor está como deveria quando sai da
concha, continua o mesmo quando embalado? A forma mais fácil de checar erros grosseiros
é simplesmente provar seu produto. Outro objetivo ao se provar o produto é avaliar
possíveis reformulações. Mais uma finalidade de provar está relacionada ao
desenvolvimento de produto. Grande parte dos alvos de um novo produto é, pelo menos
parcialmente, direcionada pelo sabor. Pode-se também necessitar a avaliação do sabor
durante a vida-de-prateleira. Os perfis de sabor mudam ao longo do tempo e, portanto, pode
ser desejado que se descreva o produto em diferentes tempos para que se estabeleça sua
posição no mercado (POTTS, 2002).
A análise sensorial envolve a avaliação da aparência, textura, aroma e gosto de
um produto. No caso do chocolate, isto pode ser muito difícil, mas técnicas modernas
para medir instrumentalmente brilho, dureza, estado cristalino etc., associadas ao
treinamento de equipes de provadores e ao uso de terminologia comum em diferentes
laboratórios permitem que a indústria de confeitaria aprenda mais sobre seus produtos.
O sabor de um chocolate é formado por muitos componentes. Pelo menos 800 destes
44
já foram quimicamente identificados e provavelmente, no mínimo, tantos outros
permanecem desconhecidos (VOLTZ; BECKETT, 1997).
Há muitos fatores que afetam a percepção do gosto em chocolate. Um dos mais
óbvios é o brilho do produto. Um chocolate opaco tornará seu produto sem apelo e
não estimulará as vendas. Os fatores mais comuns que afetam o brilho do produto são
a temperagem, as condições de resfriamento da sua fabricação e a estocagem do
produto (HOFBERGER, 1993).
2.8.4. Conjoint Analysis
No passado, a qualidade de um alimento significava principalmente segurança e
valor nutricional. Entretanto, nos mercados globalizados altamente competitivos de hoje, os
alimentos devem atender às demandas e expectativas de consumidores cada vez mais
informados. De fato, o entendimento dos hábitos de consumo, das percepções e
preferências sensoriais dos consumidores se tornou uma ferramenta essencial para uma
inovação bem sucedida e menor risco comercial no lançamento de novos produtos
(MIALON; MURRAY, 2001).
Um estudo criterioso das atuais pesquisas sobre tecnologias inovadoras e
emergentes está relacionado à aceitação entre os consumidores. Qualidade sensorial
otimizada não garante sucesso, por si só. A percepção dos consumidores sobre
segurança, custo e relação risco/benefício associados às novas tecnologias pode
influenciar negativamente as decisões de compra dos consumidores. A indústria deve
utilizar o poder de predição da conjoint analysis no desenvolvimento de novos
produtos (CARDELLO; SCHUTZ; LESHER, 2007). Uma formulação otimizada é
necessária para o sucesso de um produto, porém consumidores também são influenciados
pelas informações extrínsecas do produto, tais como marca, preço e rótulo. O entendimento
da importância relativa dos atributos do produto que influenciam a escolha do consumidor
no ponto de venda é importante para o sucesso de novos produtos (ENNEKING;
NEUMANN; HENNEBERG, 2007).
45
As decisões de compra de produtos alimentícios são influenciadas por uma
série de fatores que incluem propriedades intrínsecas dos produtos, seus atributos
extrínsecos e características demográficas e de comportamento dos consumidores.
Além do papel central das propriedades sensoriais na venda de produtos, os apelos de
saúde, uso de práticas de produção tradicionais e menor uso/abuso de aditivos na
formulação estão cada vez mais na promoção de produtos. Os fatores que são importantes
(e sua contribuição relativa) para a decisão de compra dos consumidores podem ser
determinados através da aplicação técnica denominada conjoint analysis. Conjoint
analysis é amplamente aplicada em pesquisa de mercado para avaliar produtos industriais e
serviços e a sua utilização no estudo das escolhas de alimentos por consumidores está
aumentando (HADDAD et al., 2007).
Medidas conjoint agregam uma série de aproximações onde conceitos são
criados pelo delineamento experimental, consumidores reagem a esses conceitos e
essas reações são, então, relacionadas à presença/ausência de elementos conceituais
específicos. Na sua forma mais simples, Medidas conjoint não é nada mais do que
combinações de componentes delineadas experimentalmente, sendo esses
componentes frases, figuras etc. Declarações sobre as propriedades sensoriais do
produto também podem ser usadas (MOSKOWITZ, 2003). A técnica de conjoint
analysis pode ser descrita como “estímulo-resposta”. Os estímulos (frases, figuras etc.) são
combinados entre si para formar um conceito (MOSKOWITZ et al., 2005).
Conjoint analysis determina quais características são mais valorizadas pelos
consumidores e isto permite que o pesquisador avalie a eficiência de diferentes
comunicações e como elas interagem com e afetam os consumidores (PAULUS et al.,
2003). Pesquisadores têm feito uma considerável utilização de conjoint analysis para
estimar o impacto das características de um determinado produto ou serviço na preferência
dos consumidores. Conjoint analysis permite a medição quantitativa da importância
relativa de um atributo específico comparado a outro, tornando possível a seleção dos que
forem mais atrativos para os consumidores (CHENG; CLARKE; HEYMANN, 1990). Com
esta técnica é possível a medição da importância relativa de diversos fatores ao mesmo
tempo sobre a probabilidade de compra (HEGELSEN; SOLHEIM; NAES, 1998).
46
Usando conjoint analysis pode-se comparar e ordenar um número de produtos
baseado nos seus atributos (KUPIEC; REVELL, 2001) e estes resultados são úteis para
o entendimento das necessidades dos consumidores através de medidas quantitativas
(LEE; LEE, 2007). O pesquisador pode, então, decidir incorporar determinados
ingredientes que apresentem reconhecidos benefícios à saúde ou criar o produto com um
apelo específico (GOFMAN, 2006).
Conjoint analysis envolve a apresentação aos consumidores de uma ampla
série de descritores do produto e pedir a eles que indiquem qual descrição é atrativa
ou não (HUGHSON et al., 2004). Quando devidamente implementadas medições conjoint
através da internet podem fornecer os dados desejados a um custo razoável. O entrevistado
deve ser estimulado a usar a internet. A validade dessas análises através da internet foi
previamente demonstrada através de um estudo com entrevistados tanto num local central
quanto na internet. Os resultados foram altamente correlacionados, tanto para o grupo de
entrevistados como um todo, quanto para os subgrupos obtidos. Portanto, com o objetivo de
estudar as reações dos consumidores, o pesquisador pode aceitar resultados baseados na
internet como refletindo os resultados que seriam encontrados com entrevistas em locais
centrais (BECKLEY et al., 2004).
47
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Os objetivos gerais do presente trabalho foram realizar a determinação de doçura
ideal, doçura equivalente (através de análise tempo-intensidade), análise de aceitação,
análise descritiva quantitativa e conjoint analysis de chocolates em barra adoçados com
diferentes edulcorantes, e também com substituto de gordura, comparando seus
comportamentos sensoriais entre si e em relação ao produto convencional, visando à
obtenção de chocolates ao leite alternativos com alta qualidade sensorial.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estudar sensorialmente novas formulações de chocolates (e uma amostra de
chocolate ao leite diet do mercado) que utilizem substitutos da sacarose (estévia e
sucralose) e também de gordura, e para isso:
• determinar a doçura ideal em chocolate em barra para o consumidor do produto;
• produzir chocolates em barra adoçados com estévia e sucralose com doçura equivalente à ideal, determinada por curva tempo-intensidade;
• produzir chocolates com substitutos de gordura (com sacarose, estévia e sucralose);
• definir os perfis sensoriais dos chocolates obtidos através de análise descritiva quantitativa ao longo do armazenamento a 20 °C (0, 3, 6 e 9 meses);
• avaliar as aceitações dos chocolates desenvolvidos ao longo do armazenamento a 20 °C (0, 3, 6 e 9 meses) e relacionar estes resultados ao perfil sensorial;
• verificar se há diferença entre os perfis sensoriais dos chocolates com uma equipe de provadores no Brasil e uma equipe de provadores nos Estados Unidos;
• determinar as expectativas dos consumidores norte-americanos em relação aos chocolates através de conjoint analysis;
• avaliar as aceitações dos chocolates desenvolvidos entre consumidores norte-americanos (diabéticos e não-diabéticos).
48
49
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. MATERIAL
• Stevita Cristal (Steviafarma Industrial S/A);
• sucralose – SPLENDA (Tate & Lyle);
• lactitol ACM50 (Danisco);
• polidextrose Litesse® II (Danisco);
• concentrado protéico do soro de leite WPC 80 (KRAKI – Kienast & Kratschmer LTDA.);
• sacarose açúcar de confeiteiro Glaçúcar União (Nova América S.A.);
• líquor de cacau natural (Barry Callebaut);
• manteiga de cacau desodorizada (Barry Callebaut);
• leite em pó integral La Sereníssima (Mastellone Hnos S.A.);
• leite em pó desnatado instantâneo La Sereníssima (Mastellone Hnos S.A.);
• lecitina de soja Solec CH (Solae);
• Poliglicerol poliricinoleato Grinsted PGPR 90 (Danisco);
• aroma artificial de baunilha (Ottens Flavors).
4.2. MÉTODOS
4.2.1. Produção dos Chocolates
Os chocolates foram produzidos no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de
Cereais e Chocolate (CEREAL CHOCOTEC) do Instituto de Tecnologia de Alimentos
(ITAL) com a colaboração da pesquisadora Priscilla Efraim.
As etapas do processamento foram: pesagem e mistura dos ingredientes (misturador
KitchenAid planetary, modelo K5SS), refino (refinador de três rolos Draiswerk GMBH),
conchagem (concha longitudinal FRIWESSA), temperagem (temperadeira de laboratório
ACMC), moldagem e resfriamento (túnel de resfriamento Sihat).
A conchagem foi realizada a 65 °C durante 16 horas. A temperagem foi iniciada
com o chocolate prederretido mantendo-se a sua temperatura em 40 °C durante 10 minutos
na temperadeira. A seguir, diminuiu-se a temperatura até 28 °C em cerca de 8-9 minutos e
50
esta temperatura de 28 °C foi mantida por 10 minutos e então elevada até 31 °C, onde
permaneceu por 3 minutos. Os chocolates eram então despejados nas formas pré-aquecidas
e as bolhas de ar eram removidas. O resfriamento foi conduzido com a entrada e a saída do
túnel de resfriamento a 14 °C e o meio, a 8 °C. O produto final obtido, já embalado, era
mantido em B.O.D. a 20 °C por 15 dias.
4.2.1.1. Chocolates ao leite para determinação da doçura ideal
Foram produzidas cinco diferentes formulações, de forma que todas tivessem em
torno de 32% de gordura e de 3 a 5% de gordura proveniente do leite. A Tabela 3 mostra as
cinco formulações:
Tabela 3 – Formulações para determinação da doçura ideal
Formulação Ingrediente (%) A B C D E
Açúcar 40 43 46 49 52 Manteiga de cacau 21 21,4 22 22 24 Líquor de cacau 15 14 13 12 8,4 Leite em pó integral 12 12 12 12 12 Leite em pó desnatado 11,4 9 6,4 4,4 3 Lecitina 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 Aroma de baunilha 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
4.2.1.2. Chocolates com edulcorantes em equivalência de doçura em relação à ideal
Os chocolates com edulcorantes foram produzidos através da substituição da
sacarose por sucralose ou estévia e uma mistura de polidextrose (60%) e lactitol (40%),
como agente de corpo. Todos os outros ingredientes foram mantidos nas mesmas
proporções, exceto pela redução da lecitina de 0,5% para 0,3% e a adição de PGPR em
0,2%.
As concentrações de sucralose e estévia foram testadas até que suas curvas tempo-
intensidade fossem estatisticamente similares à curva da formulação com doçura ideal. Os
valores inicialmente testados foram baseados nas equivalências de doçura dos edulcorantes
encontradas na literatura (poder adoçante de 600 vezes para a sucralose e de 300 vezes para
a estévia, ou seja, o,071% para a sacarose e 0,14 para a estévia).
51
4.2.1.3. Chocolates convencional, diet (em sacarose) e diet (em sacarose)/light (em
calorias) para as análises descritiva (ADQ) e afetiva (teste de aceitação)
Os chocolates convencional e diet (em sacarose) foram produzidos com as mesmas
formulações desenvolvidas nos itens anteriores. Como a substituição da sacarose pelos
edulcorantes de alta intensidade e agentes de corpo não foi suficiente para reduzir o valor
calórico em 25% (e torná-lo, portanto, light em relação ao conteúdo energético, segundo a
legislação brasileira), foi necessária a substituição de parte da gordura. Para tanto, uma
porção da manteiga de cacau adicionada foi substituída por concentrado protéico do soro de
leite (WPC 80) a fim de que a redução do valor calórico fosse de 25%, obtendo-se, assim,
chocolate diet (em relação à sacarose)/light (em relação ao valor energético). Portanto,
sempre que forem empregados os termos diet e light neste texto em relação aos chocolates
desenvolvidos e à amostra comercial, será diet em sacarose e light em calorias.
A Tabela 4 apresenta as formulações desenvolvidas para os chocolates
convencional, diet e diet/light e seus respectivos valores calóricos.
Tabela 4 – Formulações e valor calórico dos chocolates convencional, diet e diet/light
Chocolates Ingredientes (%) Convencional Diet Diet/light
Açúcar 43 - - Polidextrose - 25,8 25,8 Lactitol - 17,2 17,2 Manteiga de cacau 21,4 21,4 15,8 Substituto de gordura (WPC 80) - - 5,6 Líquor de cacau 14 14 14 Leite em pó integral 12 12 12 Leite em pó desnatado 9 9 9 Lecitina 0,5 0,3 0,3 PGPR - 0,2 0,2 Aroma de baunilha 0,1 0,1 0,1 Gordura total (g/100 g) 32 32 26,7 Calorias* (Kcal/100 g) 534,4 428,9 400,9
* Valores teóricos
Ao todo, foram produzidos cinco diferentes chocolates. Um convencional, dois diet
(um com sucralose e outro com estévia) e dois diet/light (um com sucralose e o outro com
estévia e ambos com WPC). Além disso, foram obtidas amostras do chocolate diet
52
comercial Nestlé® (“classic diet ao leite” para “dietas de ingestão controlada de açúcares”,
segundo o fabricante) para efeito de comparação com uma grande marca do mercado. Este
é produzido com o edulcorante maltitol, sem adição de agente de corpo e não apresenta
redução calória de 25%. Os ingredientes utilizados são: cacau, leite em pó integral, soro de
leite em pó, edulcorante maltitol, emulsificante lecitina de soja e aromatizante. O fabricante
mostra as seguintes informações na embalagem: “contém glúten”, “este produto pode ter
efeito laxativo”, “consumir preferencialmente sob orientação de um nutricionista ou
médico”, “este alimento possui redução calórica de apenas 10%” e “diabéticos: contém
sacarose e frutose naturalmente presentes no cacau”.
É importante destacar que todos os chocolates desenvolvidos para este estudo
atendem à Resolução RDC nº 264, de 22 de setembro de 2005 (AGÊNCIA NACIONAL
DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2005) e podem, portanto, ser considerados “chocolate” já
que foram produzidos “a partir da mistura de derivados de cacau (Theobroma cacao):
massa de cacau, cacau em pó e/ou manteiga de cacau com outros ingredientes, contendo, no
mínimo, 25% de sólidos totais de cacau”. Além disso, os chocolates com substituição da
sacarose pelos edulcorantes de alta intensidade sucralose e estévia e agentes de corpo
lactitol/polidextrose podem ser considerados diet, segundo a Portaria nº 29, de 13 de janeiro
de 1998 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1998a), que aprova o
Regulamento Técnico referente a Alimentos para Fins Especiais. Esta Portaria estabelece
que o termo “diet” pode ser utilizado para alimentos com algumas classificações, incluindo:
“Alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares: alimentos especialmente
formulados para atender às necessidades de pessoas que apresentem distúrbios do
metabolismo de açúcares, não devendo ser adicionados de açúcares. É permitida a presença
dos açúcares naturalmente existentes nas matérias utilizadas”.
4.2.2. Análises Físico-Químicas, Químicas e Microbiológicas
Umidade, tamanho máximo das partículas, viscosidade e limite de escoamento dos
chocolates foram determinados, respectivamente, de acordo com ASSOCIATION OF
OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (1997), Luccas et al. (2002) e INTERNATIONAL
53
OFFICE OF COCOA, CHOCOLATE AND SUGAR CONFECTIONER (1973). As
análises foram realizadas após a etapa de conchagem.
Umidade, viscosidade e limite de escoamento foram feitas em triplicata enquanto
que o tamanho máximo das partículas, em 10 repetições. A determinação da umidade foi
realizada utilizando Titroline Alpha Shott (modelo TZ1282); tamanho das partículas,
micrômetro digital MITUTOYO; e viscosidade e limite de escoamento, reômetro
programável Brookfield (modelo RVDV III+).
As análises microbiológicas foram realizadas para Salmonella (em 5 mL),
Staphylococcus coagulase positiva (UFC/g), coliformes totais e E. coli (UFC/g) e contagem
de bolores/leveduras (UFC/g), segundo Downes e Ito (2001). As análises químicas (para
informação nutricional) determinaram carboidratos, proteínas gordura total, gordura
saturada, fibra, cálcio, ferro, sódio e valor calórico (HORWITZ, 2005). Todas as análises
foram realizadas no Instituto de Tecnologia de Alimentos, em Campinas-SP.
4.2.3. Análises Sensoriais
4.2.3.1. Apresentação das amostras
Os testes foram realizados em cabines individuais. As amostras, codificadas
com números de três dígitos (MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 1999) e avaliadas
sensorialmente.
4.2.3.2. Análise de aceitação para determinação da doçura ideal
Foram realizados estudos de aceitação das amostras adoçadas com sacarose
(40; 43; 46; 49 e 52%) para determinação da doçura ideal do chocolate ao leite em
barra.
As amostras com cinco diferentes concentrações de sacarose foram servidas aos
provadores através de apresentação monádica seqüencial.
As análises foram realizadas por uma equipe composta por 30 consumidores
(STONE; SIDEL, 2004) representativos do público-alvo, utilizando escala não-estruturada.
54
O teste também apresentava uma escala do ideal (Just Right Scale) em relação à doçura e
outra questionando qual seria a atitude de compra caso o produto estivesse à venda. A ficha
de avaliação utilizada está apresentada no Apêndice A.
Os resultados da análise de aceitação foram avaliados por análise de variância
(ANOVA), teste de médias (teste de Tukey) e de forma gráfica (histogramas de
barras).
4.2.3.3. Pré-seleção da equipe para determinação da doçura equivalente (análise tempo-
intensidade) e análise descritiva quantitativa
Para compor a equipe de provadores para realização da determinação da
equivalência de doçura por análise tempo-intensidade e da análise descritiva
quantitativa, foi realizada uma pré-seleção dos candidatos através de análise
seqüencial de WALD (AMERINE; PANGBORN; ROESSLER, 1965) utilizando testes
triangulares de diferença com duas amostras de achocolatado, com diferença
estatística ao nível de 5% de significância em relação à doçura. Para estabelecer a
diferença entre estas duas amostras, foi realizado um teste pareado com 30 candidatos,
onde foram apresentadas as duas amostras, e comprovada a diferença.
Na análise seqüencial foram utilizados os valores para p=0,45 (máxima
inabilidade aceitável), p1=0,70 (mínima habilidade aceitável), e para os riscos α=0,05
(probabilidade de aceitar um candidato sem acuidade sensorial) e β=0,05
(probabilidade de rejeitar um candidato com acuidade sensorial).
Também foram utilizados como critérios para a pré-seleção dos provadores o
interesse em participar dos testes, disponibilidade de tempo para tanto e não-aversão
pelo produto analisado.
4.2.3.4. Análise tempo-intensidade
Determinou-se a curva tempo-intensidade, em relação ao atributo gosto doce, da
formulação escolhida na avaliação de doçura ideal, a fim de se obterem curvas tempo-
intensidade de gosto doce semelhantes nas amostras com edulcorantes.
55
A coleta dos dados para a análise tempo-intensidade foi realizada em computador,
em sala climatizada (22oC), através do programa “Sistema de Coleta de Dados Tempo-
Intensidade - SCDTI” (CARDELLO; DA SILVA; DAMASIO, 2003), desenvolvido no
Laboratório de Análise Sensorial da Faculdade de Engenharia de Alimentos – UNICAMP.
As avaliações tempo-intensidade podem ser conduzidas com escalas horizontais ou
verticais (DUIZER; BLOOM; FINDLAY, 1995).
Para esta análise, foram selecionados 11 provadores com habilidade para o teste
interativo com o computador e ainda com base no poder de discriminação, repetibilidade e
concordância com a equipe (DAMÁSIO; COSTELL, 1991), verificadas através de análise
de variância de dois fatores (amostra e repetição) para cada provador em relação a cada
parâmetro da curva tempo-intensidade.
Para esta seleção, os provadores realizaram avaliações do gosto doce das amostras
de chocolate através de apresentação monádica com quatro repetições, registrando a
intensidade do atributo em função do tempo percorrido, na escala do monitor, através do
“mouse”, em escala de nove pontos (0=nenhum, 4,5=moderado, 9=forte). Os provadores
com valores de Famostra significativo (p < 0,30) e Frepetição não significativo (p > 0,05) foram
selecionados, e então treinados para utilizarem o micro-computador e registrarem as
sensações percebidas na escala do vídeo com precisão e confiabilidade.
Os dados sobre os parâmetros das curvas obtidas foram então digitados em
planilha de um programa específico para análise estatística, utilizando o programa
SAS (2003).
Os parâmetros das curvas analisados estatisticamente foram: intensidade
máxima (Imáx, a intensidade máxima de doçura de cada amostra), tempo para a
intensidade máxima (TImáx, o tempo na intensidade máxima), área sob a curva (Área,
a área total sob a curva tempo-intensidade), tempo total (Ttot, o tempo para percepção
da doçura, da primeira percepção até o final da percepção) (BLOOM; DUIZER;
FINDLAY, 1995). Estes parâmetros foram analisados estatisticamente por análise de
variância (ANOVA) e teste de médias de Tukey.
56
4.2.3.5. Análise descritiva quantitativa (ADQ)
18 candidatos pré-selecionados fizeram o levantamento dos termos descritores
sensoriais de cada tipo de chocolate e de suas referências, através do método rede
(Repertory Grid Kelly’s Method - MOSKOWITZ, 1983) (Apêndice B).
Com os termos descritores gerados, foi elaborada a ficha de avaliação, com
escalas não estruturadas de 9 centímetros, ancoradas nos pontos extremos, à esquerda
pelo termo “fraco” ou “nenhum” e à direita, “forte” (Apêndice C).
Foram realizados os testes, para a seleção da equipe definitiva para a análise
descritiva quantitativa, já utilizando a ficha elaborada com as escalas de intensidade
para os termos definidos. Foram selecionados os candidatos com base no poder de
discriminação entre amostras, repetibilidade e concordância entre os provadores
(DAMÁSIO; COSTELL, 1991), verificadas através de análise de variância de dois
fatores (amostra e repetição) para cada provador em relação a cada atributo.
Essa equipe selecionada (10 provadores) foi então treinada para realização da
análise descritiva quantitativa (STONE et al., 1974).
As amostras foram apresentadas codificadas com algarismos de três dígitos, de
forma monádica (STONE; SIDEL, 2004), com quatro repetições, juntamente com as
fichas geradas com os termos descritores, em cabines individuais, no Laboratório de
Análise Sensorial.
A análise descritiva quantitativa foi realizada em quatro momentos durante o
armazenamento dos chocolates a 20 °C: 0, 3, 6 e 9 meses. Antes das avaliações das
amostras em cada tempo de estocagem, os provadores tinham contato novamente com
as referências em sessões de treinamento.
Com os dados obtidos na ADQ também foi possível efetuar Análise de
Componentes Principais (ACP).
A análise descritiva também foi realizada com uma equipe de provadores
norte-americanos no laboratório de análise sensorial do NCSU Sensory Service Center
57
do Department of Food Science da North Carolina State University sob a orientação
da Dr. MaryAnne Drake. Este estudo foi possível devido à bolsa de Doutorado
Sanduíche fornecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
4.2.3.6. Análise de aceitação e mapa de preferência interno
Com as mesmas amostras da ADQ (chocolates ao leite convencional, diet,
diet/light e diet Nestlé®), conduziram-se análises de aceitação em relação à aparência,
aroma, sabor, textura e impressão global durante o armazenamento dos chocolates a
20 °C (0, 3, 6 e 9 meses). As análises foram realizadas com escalas não estruturadas
de 9 centímetros ancoradas com as expressões “desgostei muitíssimo” à esquerda e
“gostei muitíssimo” à direita (Apêndice D). As amostras foram apresentadas de forma
monádica seqüencial codificadas com algarismos de três dígitos.
Com o intuito de obter os mapas de preferência internos, estas análises foram
realizadas com 116 provadores (HOUGH et al., 2006) nos quatro tempos de
estocagem. Os provadores foram recrutados entre alunos, professores e funcionários
da UNICAMP através de divulgação prévia do estudo em cartazes, e-mails e murais
virtuais. Não foram os mesmos 116 provadores nos quatro tempos de estocagem
analisados.
A análise de aceitação também foi conduzida com consumidores diabéticos
para verificação de possíveis diferenças para este segmento do mercado. Neste caso,
os provadores avaliaram apenas as amostras diet e diet/light.
A avaliação do mercado consumidor norte-americano (com públicos não-
diabético e diabético) também foi conduzida durante o período da bolsa de Doutorado
Sanduíche na North Carolina State University.
4.2.3.7. Conjoint analysis
Choice-Based Conjoint (CBC) foi o método selecionado para esta parte do
estudo. CBC foi escolhido em detrimento do adaptive conjoint analysis (ACA) e do full
58
profile conjoint analysis porque o CBC se tornou o tipo de conjoint analysis mais utilizado
e o números de atributos não era grande o suficiente para justificar o uso do ACA (ORME,
2006). Os métodos CBC aplicados a pesquisa de mercado com análise sensorial permitem a
segmentação de mercados e consumidores (ENNEKING; NEUMANN; HENNEBERG,
2007). CBC foi conduzido com a utilização do SSI Web (Sawtooth Software version 5.4,
Sequim, WA). Foram definidos três atributos e níveis para cada atributo (Tabela 5). Uma
vez determinados todos os parâmetros da pesquisa, a mesma foi inserida no servidor da
internet. Os participantes foram recrutados através de banco de dados de e-mails e fliers
que continham o endereço da pesquisa na internet. A primeira parte da pesquisa on-line
consistiu de perguntas demográficas. O objetivo das perguntas demográficas era: 1) reunir
informação específica sobre os participantes, e 2) identificar os participantes inelegíveis.
Tabela 5 – Atributos e níveis usados na conjoint analysis
Atributos Níveis sem declaração sobre a quantidade de açúcar no chocolate chocolate com açúcar reduzido chocolate livre de açúcar
Declaração sobre açúcar
chocolate diet edulcorante natural edulcorante artificial Tipo de edulcorante combinação de adoçantes natural e artificial 0% de redução calórica 20% de redução calórica Redução calórica 25% de redução calórica
Quando o número de participantes foi atingido (n=215), os valores de utilidade
foram extraídos e recalculados através do método de diferença centrado em zero. Este
método recalcula os valores de utilidade de modo que eles são padronizados em relação a
todos os atributos. As importâncias relativas dos atributos foram extraídas a partir dos
dados coletados. Calculou-se o coeficiente de correlação com os valores de utilidade, o que
permitiu a separação dos participantes que pensaram nas suas respostas daqueles que
simplesmente clicaram nas respostas sem pensar a respeito. Os participantes que
apresentaram coeficiente de correlação de 0,5 ou menor foram eliminados da pesquisa
reduzindo o número de 215 para 171.
59
Além de calcular os valores de utilidade e importâncias médias da pesquisa, as
características dos chocolates estudados foram inseridas no programa de simulação de
mercado com o intuito de aplicar os resultados da análise numa situação real. A simulação
correlacionou os dados da conjoint analysis com o atributo ou informação presente no
produto e forneceu dois modelos que apresentaram a partição de preferência e
probabilidade de compra. A partição de compra fornece uma porcentagem global de
preferência em 100% para cada produto. A probabilidade de compra demonstra uma
tendência similar entre produtos e foi baseada numa escala de 100 pontos, sendo 0 a menor
probabilidade e 100 a maior probabilidade de compra. As partições de preferência e
probabilidades de compra geradas pelo simulador de mercado foram calculadas baseadas
somente nos dados coletados durante a pesquisa conjoint e não requereram dados adicionais
obtidos com os participantes.
60
61
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS, QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS
A Tabela 6 mostra os resultados de umidade, tamanho máximo das partículas,
viscosidade e limite de escoamento para os diferentes chocolates. Estes resultados mostram
que todos os chocolates apresentaram características físico-químicas dentro dos padrões de
fabricação de chocolate ao leite.
Tabela 6 – Resultados das análises físico-químicas dos chocolates
Amostras Umidade (%) Tamanho máximo das partículas (µm)
Viscosidade ηCa (Pa.S)
Limite de escoamento
τCa (Pa) Sacarose (Sac) 0,84 ± 0,014 23 ± 2,1 6,8 ± 0,098 5,0 ± 0,082 Sucralose (Suc) 1,0 ± 0,014 24 ± 1,2 7,51 ± 0,207 0,3 ± 0,008 Estévia (Est) 1,1 ± 0,014 24 ± 1,5 6,31 ± 0,387 0,40 ± 0,036 Suc/WPC 1,2 ± 0,11 23 ± 2,2 11,2 ± 0,116 0,3 ± 0,002 Est/WPC 1 ± 0,009 23 ± 1,6 9,42 ± 0,519 0,17 ± 0,015 Nestlé® (Nes) 0,77 ± 0,018 22 ± 1,6 3,42 ± 0,116 2,5 ± 0,16
A informação nutricional dos chocolates está na Tabela 7. Nesta tabela, é possível
oberservar que, como previsto na Tabela 4, os chocolates com substituição da sacarose e de
parte da gordura podem realmente ser classificados como light em relação ao valor
calórico, já que há 25% de redução calórica comparados à formulação convencional (com
sacarose) (Portaria nº 27, de 13 de janeiro de 1998, AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 1998b).
Tabela 7 – Informação nutricional das amostras de chocolate
Convencional Diet Diet/light Diet comercial Carboidratos (%) 53,40 29,14 29,57 57,00 Proteínas (%) 7,89 7,89 12,26 6,30 Gordura Total (%) 32,40 32,41 27,26 33,00
Gordura Sat (%) 20,25 20,21 17,13 18,30 Fibra (%) 2,28 25,50 25,50 2,30 Cálcio (mg) 218,92 218,52 260,52 - Ferro (mg) 0,10 0,06 0,06 - Sódio (mg) 91,09 90,89 98,73 76,70 Valor calórico (Kcal) 537,00 431,00 402,00 477,00
62
A Tabela 8 mostra os resultados das análises microbiológicas que demonstraram a
alta estabilidade das amostras estudadas. Isto confirma que as aterações realizadas para o
desenvolvimento dos chocolates diet e diet/light não alteraram a característica do chocolate
convencional de grande estabilidade microbiológica. Esta estabilidade microbiológica se
deve, principalmente, à baixa umidade e à manutenção desta baixa umidade durante a
estocagem através da utilização da embalagem adequada, importante devido à alta
higroscopicidade de alguns ingredientes como os agentes de corpo lactitol e polidextrose.
Tabela 8 – Resultados das análises microbiológicas das amostras de chocolate
Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Salmonella (em 5 mL) ausente ausente ausente ausente ausente Staphylococcus coagulase positiva (UFC/g)
< 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1 < 0,1
Coliformes totais e E. coli (UFC/g) < 1,0 < 1,0 < 1,0 < 1,0 < 1,0 Contagem de bolores/leveduras (UFC/g) < 10 < 10 < 10 < 10 < 10
5.2. ANÁLISE DE ACEITAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DA DOÇURA IDEAL
As médias encontradas para cada um dos atributos analisados nas amostras
avaliadas são apresentadas na Tabela 9 (letras iguais numa mesma linha indicam que as
amostras não diferiram estatisticamente ao nível de significância de 5%).
Tabela 9 – Médias* dos atributos na análise de aceitação (os números entre parênteses indicam as porcentagens de sacarose da respectiva formulação)
Formulação Atributo A (40%) B (43%) C (46%) D (49%) E (52%)
Aparência 6,1 a 6,2 a 6,1 a 6,0 a 5,5 a Aroma 5,2 b 6,3 a 6,0 a,b 5,7 a,b 5, 7 a,b Sabor 5,7 a,b 6,3 a 5,3 a,b,c 4, 5 c 4,7 b,c Impressão global 5,8 a,b 6,3 a 5,8 a,b 5,3 b 5,1 b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A Tabela 10 mostra os resultados de cada atributo em ordem decrescente.
63
Tabela 10 – Médias* dos atributos na análise de aceitação em ordem decrescente
Aparência Aroma Sabor Impressão Global B (43%) 6,2 a C (46%) 6,1 a A (40%) 6,1 a D (49%) 6,0 a E (52%) 5,5 a
B (43%) 6,3 a C (46%) 6,0 a,b D (49%) 5,7 a,b E (52%) 5, 7 a,b A (40%) 5,2 b
B (43%) 6,3 a A (40%) 5,7 a,b C (46%) 5,3 a,b,c E (52%) 4,7 b,c D (49%) 4, 5 c
B (43%) 6,3 a A (40%) 5,8 a,b C (46%) 5,8 a,b D (49%) 5,3 b E (52%) 5,1 b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma coluna indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A formulação B (com 43% de sacarose) foi a que apresentou a maior média em
todos os atributos avaliados. Porém, a ANOVA e o teste de médias mostraram que não
houve diferença significativa em relação às médias das outras formulações para o atributo
aparência.
Para o atributo aroma, a formulação B diferiu estatisticamente da formulação A
(40% de sacarose), mas não diferiu das demais; e estas (C, D e E, com 46, 49 e 52% de
sacarose, respectivamente) não apresentaram diferença significativa da formulação A.
As formulações A e C não diferiram significativamente da formulação B (que
diferiu das demais) em relação ao atributo sabor, sendo que a A não diferiu da E mas
diferiu da D e a C não diferiu de ambas.
A impressão global dos provadores não demonstrou diferença estatística entre as
formulações B, A e C, ao passo que a formulação B diferiu das demais e as formulações A
e C, não.
Estes resultados mostram que não há diferença estatística entre os chocolates ao
leite na faixa entre 40% e 46% de sacarose em relação aos dois principais atributos de
aceitação, sabor e impressão global. Porém, a formulação com 43% de sacarose foi a única
que apresentou média de aceitação da impressão global estatisticamente diferente das
formulações com menores médias de aceitação (D e E). Isto sugere que, além de a
aceitação diminuir para as maiores concentrações de sacarose testadas, provavelmente a
aceitação também sofreria diminuição para menores valores de sacarose (abaixo de 40%).
64
As Figuras 4 e 5 ilustram, respectivamente, os resultados da escala do ideal em
relação à doçura e da atitude de compra se o produto estivesse à venda.
0
10
20
30
40
50
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Notas
% d
e re
spo
stas A (40%)
B (43%)
C (46%)
D (49%)
E (52%)
Notas -4: extremamente menos doce do que o ideal -3: muito menos doce do que o ideal -2: moderadamente menos doce do que o ideal -1: ligeiramente menos doce do que o ideal 0: ideal 1: ligeiramente mais doce do que o ideal 2: moderadamente mais doce do que o ideal 3: muito mais doce do que o ideal 4: extremamente mais doce do que o ideal
Figura 4 – Histograma da distribuição da freqüência das notas dadas pelos consumidores para cada nota na escala do ideal em relação à doçura (os números entre parênteses indicam
as porcentagens de sacarose da respectiva formulação)
01020304050
1 2 3 4 5
Notas
% d
e re
spos
tas
A (40%)
B (43%)
C (46%)
D (49%)
E (52%)
Notas 1: certamente não compraria 2: provavelmente não compraria 3: tenho dúvida se compraria ou não 4: provavelmente compraria 5: certamente compraria
Figura 5 – Histograma da distribuição da freqüência das notas dadas pelos consumidores para cada categoria na escala de atitude de compra
A formulação B foi a que apresentou o maior somatório das porcentagens das
respostas “ligeiramente menos doce do que o ideal”, “ideal” e “ligeiramente mais doce do
que o ideal” (80%, mesmo percentual da formulação C). Em relação à atitude de compra, a
formulação B também recebeu a maior proporção (63,3%) de respostas positivas (somando-
se “provavelmente compraria” e “certamente compraria”, também chamado de top two).
Por tudo isso, optou-se pela formulação B (43% de sacarose), cuja doçura foi
considerada a ideal, para a continuação do estudo.
65
5.3. DETERMINAÇÃO DA DOÇURA EQUIVALENTE POR ANÁLISE TEMPO-
INTENSIDADE (FORMULAÇÃO B, 43% DE SACAROSE)
Depois de analisar diferentes concentrações de sucralose e estévia visando à
produção de chocolates ao leite diet, foi possível obter as seguintes curvas tempo-
intensidade para o gosto doce, comparadas à curva da formulação com doçura ideal (Figura
6).
0
1
2
3
4
5
6
0 10 20 30 40
Tempo (s)
Inte
nsid
ade
(doç
ura)
Sacarose (43%)
Sucralose (0,061%)
Estévia (0,22%)
Figura 6 – Resultados das curvas tempo-intensidade com os perfis de doçura obtidos pelas médias de todos os provadores e suas repetições para cada edulcorante utilizado
Os quatro parâmetros das curvas (intensidade máxima, tempo para a intensidade
máxima, área sob a curva e tempo total) são mostrados na Tabela 11.
Tabela 11 – Médias* dos parâmetros das curvas tempo-intensidade
Amostra Imáx TImáx Área Ttot Sacarose 5,9 a 17,2 a 104,9 a 32, 3 a Sucralose 5,7 a 17,8 a 110,1 a 35,2 a Estévia 4,4 b 17,4 a 80,6 b 31,5 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma coluna indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Com estes resultados, pode-se observar a grande semelhança entre as curvas tempo-
intensidade da sacarose, sucralose e estévia (principalmente entre as duas primeiras
substâncias). A análise estatística demonstrou que a sacarose e a sucralose possuem médias
iguais entre si para todos os parâmetros das curvas a 95% de confiança. Já a estévia
66
apresentou a curva com o mesmo tempo para a intensidade máxima e tempo total do que a
sacarose e diferiu significativamente (p ≤ 0,05) na intensidade máxima e na área sob a
curva.
Após obtenção dos resultados, pôde-se determinar a equivalência de doçura dos
edulcorantes no produto estudado. A sucralose demonstrou ser 700 vezes mais potente do
que a sacarose e a estévia, 200 vezes. Por isso, para se produzir chocolate ao leite com
doçura equivalente a 43% de sacarose, deve-se utilizar sucralose na concentração de
0,061% ou estévia na concentração de 0,22%. É importante destacar a importância destes
resultados devido ao fato de a equivalência de doçura de um edulcorante ter que ser
determinada para cada produto específico porque a potência de doçura depende do meio
onde a substância está inserida.
Nesta etapa do trabalho os chocolates já puderam ser considerados diet, de acordo
com a legislação brasileira (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA,
1998a) que os definem como “alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares:
alimentos especialmente formulados para atender às necessidades de pessoas que
apresentem distúrbios do metabolismo de açúcares, não devendo ser adicionados de
açúcares. É permitida a presença dos açúcares naturalmente existentes nas matérias
utilizadas”. Fazem parte dos “alimentos para ingestão controlada de nutrientes”.
Porém, ainda não podem ser denominados de light em valor energético porque a
substituição da sacarose não resultou na redução de 25% do mesmo.
Lim, Setser e Kim (1989) determinaram curvas tempo-intensidade (TI) de doçura e
amargor de seis combinações de edulcorantes de alta potência com e sem polidextrose e
comparou-as à sacarose em biscoitos. As combinações de edulcorantes
aspartame/ciclamato, aspartame/ciclamato/sacarina, acesulfame-K/sacarina,
aspartame/sacarina/acesulfame-K, acesulfame-K/aspartame e aspartame/sacarina
apresentaram perfis tempo-intensidade de doçura similares ao da sacarose. Porém, tanto o
poliol (lactitol) quanto a polidextrose são menos doces do que os açúcares, necessitando um
edulcorante de alta intensidade para restaurar a doçura do produto padrão (EDWARDS,
67
1997), razão pela qual neste trabalho se utilizou lactitol/polidextrose como agentes de corpo
e sucralose e estévia como edulcorantes de alta intensidade.
Cardello, da Silva e Damásio (2003) avaliaram as propriedades sensoriais para os
gostos doce a amargo através de análise descritiva e tempo-intensidade do aspartame, do
extrato de folhas de estévia e de uma mistura de ciclamato/sacarina (2:1) em soluções com
equivalência de doçura a uma solução de sacarose a 10%. Os resultados obtidos indicaram
que o edulcorante que mais diferiu da sacarose foi a estévia, resultado também encontrado
para os chocolates estudados, mas, neste caso, estévia em relação à sucralose.
Mori, Yotsuyanagi e Dohi (1994) selecionaram e treinaram uma equipe de dez
julgadores capazes de avaliar a doçura, empregando a técnica de tempo-intensidade. Com a
solução de 0,0347% de esteviosídeo equivalente em doçura à solução de 5% de sacarose
estudou-se a qualidade de doçura por meio da técnica de tempo-intensidade. O esteviosídeo
apresentou intensidade de doçura em função do tempo semelhante à da sacarose e sabor
residual doce mais persistente.
Na Figura 7a e 7b estão representados os resultados da análise de componentes
principais (ACP) em gráfico bidimensional, aplicada aos resultados da análise tempo-
intensidade da doçura de cada uma das amostras estudadas.
68
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 100,00 %)
Ttot
Area
TIma
Imax
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (99,36 %)
CP
2 (
0,64
%)
b) Observações (eixos F1 e F2: 100,00 %)
EstéviaSucralose
Sacarose
-10
-5
0
5
10
15
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15
CP 1 (99,36 %)
CP
2 (
0,64
%)
Figura 7a e 7b – ACP dos parâmetros das curvas tempo-intensidade
Uma das possíveis sugestões dadas por esta análise estatísica é a maior ou
menor similaridade sensorial entre as amostras e, através da Figura 7, verifica-se que a
formulação com estévia encontra-se distante das outras duas (sacarose e sucralose),
que estão próximas uma da outra. Isto confirma que as amostras com sacarose e com
sucralose possuem perfis temporais, em relação à doçura, muito semelhantes. Já a
69
formulação com estévia possui perfil diferente das outras duas. Além disso, esta
análise pode sugerir quais parâmetros caracterizam melhor cada amotra. Neste caso,
também é possível confirmar que a diferença entre os perfis temporais do chocolate
com estévia e dos com sacarose e sucralose está na intensidade máxima (Imáx) e na
área das curvas tempo-intensidade, já que estes parâmetros estão mais próximos das
amostras com sacarose e sucralose do que da estévia. E foram exatamente estes dois
parâmetros (intensidade máxima e área) que foram estatisticamente diferentes, para a
estévia, no teste de médias. Os parâmetros tempo para a intensidade máxima (TImáx)
e tempo total (Ttot) (que não foram estatisticamente diferentes para as três
formulações) se encontram em uma posição mais eqüidistante das três amostras. A
análise de componentes principais explicou, em dois eixos, 100% da variabilidade
entre as amostras.
5.4. ANÁLISE DESCRITIVA QUANTITATIVA (ADQ) DOS CHOCOLATES
CONVENCIONAL, DIET, DIET/LIGHT E DIET COMERCIAL
Os provadores determinaram 16 atributos para aparência, aroma, sabor e textura, a
saber: cor marrom e brilho (aparência); aroma de cacau, aroma de leite em pó, aroma de
manteiga de cacau e aroma doce (aroma); doçura, residual doce, amargor, residual amargo,
sabor de cacau, sabor de leite em pó (sabor); dureza, derretimento na boca, arenosidade e
adesividade (textura). As definições e referências para cada atributo estão apresentadas na
Tabela 12.
70
Tabela 12 – Atributos, definições e referências determinados e utilizados pelos provadores durante a ADQ
ATRIBUTO DEFINIÇÃO REFERÊNCIAS Aparência Cor marrom (CoM)
cor marrom característica de chocolate ao leite
fraca: chocolate ao leite Milka forte: chocolate meio amargo Garoto
Brilho (Bri)
capacidade da amostra de refletir luz
fraco: chocolate ao leite Baton (Garoto) forte: chocolate amargo Amaro (Lacta)
Aroma Cacau (ACa)
aroma característico de cacau torrado
fraco: chocolate ao leite Baton (Garoto) forte: líquor de cacau natural Barry
Callebaut Leite em pó (ALP)
aroma característico de leite em pó
nenhum: água forte: chocolate branco Milka
Manteiga de cacau (AMC)
aroma característico de manteiga de cacau
nenhum: água forte: protetor labial Naturavene Luxo
Doce (Ado)
aroma característico de substâncias doces
fraco: 1,0 g de alimento achocolatado em pó Toddy em 100 mL de água
forte: chocolate branco Lacta Sabor Doçura (Doç)
gosto característico de solução aquosa de sacarose
fraca: chocolate meio amargo Garoto forte: chocolate branco Hershey’s
Residual doce (RDo)
permanência do gosto doce na cavidade oral
nenhum: água forte: 25 g de alimento achocolatado em
pó Toddy em 200 mL de leite integral Shefa e aspartame (0,2%)
Amargor (Ama)
gosto característico de solução aquosa de cafeína
fraco: chocolate ao leite Baton (Garoto) forte: chocolate em pó solúvel (Nestlé)
Residual amargo (RAm)
permanência do gosto amargo na cavidade oral
nenhum: água forte: 25 g de alimento achocolatado em
pó Toddy em 200 mL de leite integral Shefa e estévia (0,15%)
Cacau (SCa)
sabor característico de chocolate em pó
fraco: chocolate ao leite Chocolápis (Pan)
forte: chocolate em pó solúvel (Nestlé) Leite em pó (SLP)
sabor característico de leite em pó
nenhum: água forte: leite integral em pó Ninho
(Nestlé)
71
Textura Dureza (Dur)
resistência ao corte feito com os dentes incisivos
fraca: queijo processado UHT Polenguinho conservado em geladeira (mínimo 12 horas)
forte: chocolate amargo Amaro (Lacta) Derretimento na boca (Der)
capacidade da amostra de derreter enquanto mastigada
fraco: chocolate ao leite Chocolápis (Pan)
forte: chocolate ao leite aerado Suflair (Nestlé)
Arenosidade (Are)
presença de partículas sensorialmente perceptíveis na cavidade oral
nenhuma: água forte: leite condensado Moça (Nestlé),
leite integral em pó Ninho (Nestlé) e alimento achocolatado em pó Toddy (3:1:1)
Adesividade (Ade)
capacidade da amostra de se aderir à parte superior da cavidade oral e aos dentes molares
nenhuma: água forte: leite integral em pó Ninho
(Nestlé)
Os provadores foram selecionados de acordo com o poder de discriminar as
amostras, repetibilidade e consenso com o resto da equipe. Os valores de pFamos e pFrep de
cada provador selecionado são mostrados na Tabela 13. Alguns provadores foram
selecionados apresentando pFamos < 0,5, como sugerido por Damásio e Costell (1991).
72
Tabela 13 – Valores obtidos na seleção de provadores em relação ao poder de discriminar amostras e à repetibilidade (provadores selecionados)
Provador Atributo pF 1 2 3 4 5 10 11 13 15 17
amos 0,0289 <,0001 <,0001 <,0001 0,0020 0,0001 0,0129 0,0265 0,0414 0,0015 CoM rep 0,8318 0,3724 0,7656 0,7838 0,8350 0,9672 0,1252 0,1086 0,4322 0,5734 amos 0,0670 0,4675 <,0001 0,0502 0,3239 0,0187 0,0274 0,0449 0,1556 0,0468
Bri rep 0,2993 0,1722 0,5232 0,7117 0,5225 0,3566 0,1960 0,8120 0,0688 0,0826 amos 0,3799 0,0033 0,2815 0,0015 0,2791 0,1119 <,0001 0,0094 0,3371 0,0293 ACa rep 0,2857 0,2314 0,1822 0,5049 0,0166 0,0607 0,5556 0,0877 0,0933 0,1403 amos 0,0094 0,0017 0,0175 <,0001 0,0915 0,2425 0,3847 0,0016 0,4631 0,0119
ALP rep 0,2855 0,2966 0,8963 0,5104 0,8706 0,7328 0,1381 0,9299 0,5772 0,7905 amos <,0001 0,0021 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0023 0,3646 <,0001
AMC rep 0,4199 0,2905 0,0925 0,9733 0,7880 0,0761 0,1981 0,0665 0,4361 0,0608 amos 0,0019 0,0021 0,0175 0,2776 0,0013 0,0211 <,0001 0,0153 0,0116 0,2331
ADo rep 0,0632 0,7017 0,5143 0,5826 0,6644 0,4870 0,9254 0,3457 0,0385 0,1467 amos <,0001 0,0328 0,0050 0,0016 <,0001 0,0248 0,0021 0,0058 0,0045 0,0076 Doç rep 0,3996 0,8760 0,7288 0,3366 0,3928 0,7924 0,1830 0,1133 0,1717 0,6061 amos <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,1675 0,0002 0,2029 0,1079
RDo rep 0,1808 0,2451 0,2851 0,2199 0,3458 0,5496 0,6959 0,1523 0,8343 0,2572 amos 0,0127 0,0003 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0006 <,0001 0,0016 0,0364
Ama rep 0,7175 0,8705 0,9968 0,0594 0,1552 0,0751 0,3692 0,4232 0,4930 0,0992 amos <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0343 <,0001 <,0001 0,0671
RAm rep 0,8348 0,8682 0,2426 0,0757 0,4738 0,5126 0,5748 0,4909 0,1183 0,2268 amos 0,0021 <,0001 0,0007 <,0001 0,0043 0,0353 <,0001 <,0001 0,2489 0,1029
SCa rep 0,1507 0,2219 0,4774 0,9108 0,7302 0,3878 0,4304 0,4159 0,8054 0,633 amos 0,0204 0,0017 0,0021 <,0001 0,0115 0,0673 <,0001 0,0098 <,0001 0,0199
SLP rep 0,6797 0,633 0,5138 0,9969 0,8712 0,6768 0,0894 0,0925 0,1339 0,2138 amos 0,1183 0,0085 <,0001 <,0001 <,0001 0,0062 <,0001 <,0001 0,4695 0,0015 Dur rep 0,6602 0,3148 0,3404 0,1164 0,6047 0,666 0,982 0,1865 0,8212 0,1445 amos 0,0002 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0025 0,0002
Der rep 0,5279 0,028 0,1484 0,8843 0,6385 0,8403 0,7712 0,0921 0,6636 0,0823 amos <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0009 0,0002 <,0001
Are rep 0,0941 0,4103 0,8224 0,2807 0,5303 0,1553 0,3137 0,9554 0,7591 0,1053 amos 0,0006 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 <,0001 0,0092 0,0574 0,0002
Ade rep 0,1811 0,3185 0,4786 0,3248 0,3567 0,2627 0,1887 0,9905 0,0975 0,1931
Os provadores selecionados puderam então avaliar as amostras em quatro repetições
e os resultados das análises descritivas quantitativas foram analisados de duas maneiras.
Primeiramente, as amostras foram analisadas e comparadas entre si em cada tempo de
estocagem (0, 3, 6 e 9 meses) em separado. Posteriormente, as amostras foram comparadas
separadamente, em relação ao seu tempo de estocagem.
73
As amostras foram avaliadas logo após serem produzidas, o que foi considerado o
tempo 0 meses. A Tabela 14 e a Figura 8 apresentam os resultados obtidos na ADQ as
amostras de chocolate convencional, diet, diet/light e diet comercial.
Tabela 14 – Médias* para os atributos dos chocolates no início da estocagem (equipe de provadores do Brasil)
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
CoM 5,1 b 5,7 a,b 5,8 a 5,7 a,b 6,0 a 3,0 c Bri 4,4 a 4,2 a 4,0 a 4,0 a 4,2 a 4,0 a ACa 4,2 a 4,2 a 4,7 a 4,2 a 4,3 a 3,3 b ALP 3,2 b,c 4,1 a 3,8 a,b 4,2 a 4,1 a 2,8 c AMC 2,5 b 2,5 b 2,3 b 2,1 b 2,2 b 6,6 a ADo 5,4 a,b 5,3 a,b 4,4 c 4,8 b,c 4,7 b,c 5,6 a Doç 6,2 a 5,5 b 4,5 c 5,3 b 4,2 c 5,4 b RDo 2, 5 b 4,4 a 3,9 a 4,1 a 4,1 a 1,3 c Ama 1,5 c 3,3 b 5, 7 a 2,8 b 5,5 a 1,0 c RAm 0,8 c 2,4 b 6,3 a 2,0 b 6,2 a 0,3 c SCa 4,7 a 4,5 a 5,0 a 4,5 a 4,8 a 3,3 b SLP 2,9 c 4,2 a,b 3,4 b,c 5,0 a 4,1 b 2,8 c Dur 4,5 b 5,7 a 6,2 a 5,9 a 6,1 a 2,9 c Der 5,9 b 3,7 c 3,8 c 2,9 d 2,7 d 7,6 a Are 1,0 c 6,2 a 4,4 b 6,0 a 6,2 a 0,3 c Ade 2,0 c 5,2 b 4,5 b 6,1 a 6,2 a 1,1 d
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
74
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
Sac
Suc
Est
Suc/WPC
Est/WPC
Nes
Figura 8 – Perfil descritivo das amostras de chocolates no início da estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Em relação ao atributo cor marrom, a substituição da sacarose por sucralose não
provocou mudança. Porém, houve aumento da cor marrom com a substituição por estévia,
não havendo, entretanto, diferença entre Suc e Est. Estes resultados foram verificados tanto
para as versões diet (Suc e Est) quanto para as versões diet/light (Suc/WPC e Est/WPC). A
amostra de chocolate ao leite diet da Nestlé® apresentou a menor intensidade de cor
marrom, sendo estatisticamente diferente de todas as outras amostras. Não houve diferença
no atributo brilho para nenhuma amostra.
Não houve diferença estatística em relação ao atributo aroma de cacau, exceto pela
amostra comercial que apresentou menor intensidade do que as demais. Também só houve
diferença no aroma de manteiga de cacau na amostra da Nestlé®, porém, neste caso, a sua
intensidade foi a maior.
A doçura foi reduzida significativamente pela substituição da sacarose por sucralose
(Suc e Suc/WPC) e houve uma redução ainda maior quando substituída por estévia (Est e
Est/WPC). A amostra comercial apresentou doçura intermediária sendo estatisticamente
igual à doçura de Suc e Suc/WPC. Em relação ao atributo residual doce, houve aumento do
mesmo com a substituição da sacarose por sucralose e estévia, sendo que não houve
diferença entre as quatro amostras Suc, Suc/WPC, Est e Est/WPC. Já a amostra de
75
chocolate da Nestlé apresentou a menor intensidade de residual doce, diferindo das
demais. Os atributos amargor e residual amargo foram afetados da mesma forma. Ambos
tiveram suas intensidades aumentadas pela substituição da sacarose por sucralose e por
estévia, porém o aumento foi maior, estatisticamente, para a estévia. Isto confirma a
característica de grandes intensidades dos atributos relacionados ao amargor apresentada
pela estévia em outros trabalhos. Também para ambos os atributos amargor e residual
amargo a amostra comercial apresentou as mesmas intensidades da amostra convencional.
Não houve diferença entre as amostras desenvolvidas para este estudo (Sac, Suc, Est,
Suc/WPC e Est/WPC) em relação ao atributo sabor de cacau; apenas a amostra diet da
Nestlé® apresentou este atributo em menor intensidade do que as outras amostras. O
atributo sabor de leite em pó foi aumentado pela adição dos agentes de corpo
(lactitol/polidextrose) e do substituto de gordura WPC. Entretanto, houve a tendência de um
maior aumento quando da utilização do edulcorante de alta intensidade sucralose. O sabor
de leite em pó adicionado pelos agentes de corpo e pelo substituto de gordura pode ter sido
parcialmente mascarado pela estévia.
As substituições da sacarose por edulcorante de alta intensidade, tanto sucralose
quanto estévia, e agentes de corpo lactitol/polidextrose e de parte da gordura por WPC
provocaram um aumento no atributo dureza, não havendo diferença significativa entre Suc,
Est, Suc/WPC e Est/WPC. O derretimento na boca foi reduzido pela substituição da
sacarose. Esta redução ainda foi intensificada pela substituição parcial da gordura. A
arenosidade foi aumentada em relação ao chocolate convencional pelas mesmas
substituições. Para o atributo adesividade, os agentes de corpo e o substituto de gordura
tiveram efeito contrário em relação ao atributo derretimento na boca, ou seja, os agentes de
corpo aumentaram a intensidade da adesividade e o substituto de gordura provocou um
aumento adicional neste atributo. Estes resultados demonstram a tendência dos agentes de
corpo lactitol/polidextrose e do substituto de gordura WPC em aumentar a dureza,
arenosidade e a adesividade e em diminuir o derretimento na boca em relação ao chocolate
convencional.
O chocolate contém por volta de 30% de gordura e devido ao fato de a gordura
possuir valor calórico de 9 Kcal/g, comparado com as 4 Kcal/g do açúcar, a maior redução
76
energética no chocolate pode ser obtida pela diminuição da gordura. Isto significa adicionar
menos manteiga de cacau, o que agrada aos fabricantes já que é o ingrediente mais caro no
chocolate. Entretanto, é quase impossível reduzir o conteúdo de gordura abaixo de cerca de
27% sem a perda das características de uniformidade e derretimento na boca que tornam o
chocolate tão atraente (EDWARDS, 1997).
Na Figura 9a e 9b estão representados os resultados da análise de componentes
principais (ACP) em gráfico bidimensional, aplicada aos resultados da análise descritiva
quantitativa de cada uma das amostras estudadas. Estes gráficos resumem 93,79% da
caracterização das amostras.
77
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 93,79 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAm
Ama
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
BriCoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (80,60 %)
CP
2 (
13,1
9 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 93,79 %)
Nes Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-5
0
5
10
-10 -5 0 5 10
CP 1 (80,60 %)
CP
2 (
13,1
9 %
)
Figura 9a e 9b – ACP para os atributos dos chocolates no início da estocagem (equipe de provadores do Brasil)
Através dos resultados obtidos, pode-se perceber algumas tendências gerais. A
amostra de chocolate ao leite convencional adoçada com sacarose caracteriza-se mais pelos
atributos aroma doce e doçura. As amostras adoçadas com sucralose Suc e Suc/WPC são
caracterizadas, principalmente, pelo atributo sabor de leite em pó (aumentado pelos agentes
78
de corpo lactitol/polidextrose e pelo substituto de gordura WPC e não mascarado, neste
caso, pelo edulcorante de alta intensidade estévia). As amostras com estévia se caracterizam
pelos atributos amargor e residual amargo. A amostra comercial foi caracterizada por
aroma de manteiga de cacau e derretimento na boca.
Verificou-se também que brilho foi o atributo que menos participou na
diferenciação entre as amostras. A doçura possivelmente tem correlação linear negativa
com os atributos amargor e residual amargo enquanto o mesmo aconteceu entre
derretimento na boca e os atributos dureza, arenosidade e adesividade.
A Tabela 15 e a Figura 10 mostram os dados obtidos após 3 meses de estocagem.
Tabela 15 – Médias* para os atributos dos chocolates com 3 meses de estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
CoM 4,8 b 5,2 a,b 5,3 a,b 5,5 a 5,6 a 2,7 c Bri 4,1 a 4,5 a 4,0 a 4,0 a 4,5 a 4,1 a ACa 3,7 a 3,7 a 4,1 a 3,7 a 3,8 a 3,9 a ALP 2,6 a 2,7 a 2,9 a 3,3 a 3,0 a 1,73 b AMC 2,5 b 2,3 b 2,0 b 2,4 b 1,9 b 5,7 a ADo 5,3 a 4,2 b 4,1 b 4,7 a,b 4,4 a,b 4,6 a,b Doç 6,2 a 5,6 a,b 4,0 c,d 5,3 b 3,9 d 4,5 c RDo 3,3 b 4,4 a 3,8 a,b 3,9 a,b 3,6 a,b 1,5 c Ama 1,1 c 2,1 b 5,9 a 2,4 b 6,1 a 1,0 c RAm 0,4 c 1,5 b 5,6 a 1,6 b 5,8 a 0,6 c SCa 3,9 a,b 3,2 c 4,4 a 3,6 b,c 4,2 a,b 3,7 a,b,c SLP 2,8 b,c 3,3 a,b 2,5 b,c 4,2 a 3,0 b,c 2,1 c Dur 4,2 b 4,3 a,b 4,9 a,b 5,0 a,b 5,0 a 2,2 c Der 5,6 b 3,4 c 3,0 c,d 2,7 c,d 2,3 d 7,4 a Are 0,7 c 6,0 a 4,6 b 5,7 a 6,0 a 0,3 c Ade 1,4 c 4,8 b 4,6 b 6,2 a 6,4 a 0,7 c
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
79
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
Doç
RDoAma
RAmSCa
SLP
Dur
Der
Are
Ade
Sac
Suc
Est
Suc/WPC
Est/WPC
Nes
Figura 10 – Perfil descritivo das amostras de chocolates com 3 meses de estocagem (os
termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Após 3 meses de estocagem as amostras foram avaliadas novamente e os resultados
comparados com os dados obtidos no início da estocagem. Houve mudança nos resultados
da cor marrom. Depois dos 3 meses de estocagem não houve alteração devido à
substituição da sacarose pelos edulcorantes de alta intensidade e agentes de corpo. Já a
substituição de parte da gordura pelo substituto de gordura WPC (chocolates diet/light) não
promoveu alteração em relação aos chocolates diet, mas em relação ao chocolate
convencional, houve. Novamente, a amostra comercial apresentou a menor intensidade de
cor marrom, diferindo estatisticamente das demais. A intensidade do atributo brilho
permaneceu igual entre todas as amostras.
Não houve diferença no atributo aroma de cacau para as seis amostras analisadas.
Não houve diferença no atributo aroma de leite em pó, com a exceção da menor intensidade
na amostra diet da Nestlé®. O aroma de manteiga de cacau manteve o mesmo perfil inicial,
ou seja, não houve diferença entre as amostras desenvolvidas para este estudo e a amostra
comercial apresentou intensidade significativamente maior.
Após 3 meses as amostras adoçadas com estévia apresentaram doçura menor do que
os seus correspondentes com sucralose. Porém, neste tempo de estocagem, a amostra Suc
80
apresentou doçura significativamente igual ao chocolate convencional e a amostra
comercial apresentou doçura igual à Est. No caso do atributo residual doce, a amostra Suc
apresentou intensidade significativamente maior do que o chocolate convencional e as
outras amostras desenvolvidas para este (Est, Suc/WPC e Est/WPC) apresentaram a
estatisticamente a mesma intensidade de residual doce do que o chocolate convencional e
Suc. A intensidade deste atributo na amostra comercial foi significativamente menor do que
em todas as outras amostras.
Novamente, a amostra comercial apresentou a menor intensidade do atributo dureza,
diferindo de todas as demais. As amostras diet e diet/light continuaram com menor
intensidade do atributo derretimento na boca em relação à amostra convencional e a
amostra diet da Nestlé® continuou apresentando a maior intensidade de derretimento na
boca. Não houve diferença em relação ao atributo arenosidade entre o início da estocagem e
depois de 3 meses. Também não houve diferença para o atributo adesividade, exceto em
relação às amostras convencional e comercial que não apresentaram diferença entre si após
3 meses ao passo que havia diferença entre as mesmas no início da estocagem.
A análise de componentes principais (ACP) explicou 93,53% da diferenciação entre
as amostras (Figura 11a e 11b). Este resultado mostra que as amostras apresentaram em
geral as mesmas tendências após 3 meses de estocagem.
81
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 93,53 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (76,08 %)
CP
2 (
17,4
5 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 93,53 %)
Nes Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-5
0
5
10
-10 -5 0 5 10
CP 1 (76,08 %)
CP
2 (
17,4
5 %
)
Figura 11a e 11b – ACP para os atributos dos chocolates com 3 meses de estocagem
A Tabela 16 e a Figura 12 apresentam os resultados após 6 meses de estocagem.
Houve uma pequena alteração nos perfis sensorial em relação a cor marrom após 6
meses de estocagem. A amostra adoçada com sucralose apresentou cor marrom
significativamente maior do que a amostra convencional (com sacarose). As outras
amostras desenvolvidas para este estudo (Est, Suc/WPC e Est/WPC) não diferiram
82
estatisticamente tanto da amostra convencional quanto da amostra Suc. Também após 6
meses a amostra comercial continuou tendo a menor intensidade de cor marrom. O brilho
das amostras Suc/WPC e Nes foi maior e diferiu da amostra Est/WPC, sendo que essas três
amostras não diferiram da Sac, Suc e Est.
Tabela 16 – Médias* para os atributos dos chocolates com 6 meses de estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
CoM 4,6 b 5,3 a 5,1 a,b 5,1 a,b 5,2 a,b 2,5 c Bri 4,4 a,b 4,7 a,b 4,5 a,b 4,9 a 4,1 b 4,9 a ACa 4,1 a 4,1 a 4,3 a 4,3 a 4,4 a 3,9 a ALP 2,9 b,c 3,1 a,b 3,1 b,c 3,7 a 3,6 a,b 2,3 c AMC 2,8 b 2,5 b,c 2,3 b,c 2,4 b,c 2,1 c 5,9 a ADo 5,2 a 4,8 a,b,c 4,2 c 4,9 a,b,c 4,3 b,c 5,1 a,b Doç 6,4 a 5,8 b 3,9 c 5,7 b 4,0 c 5,3 b RDo 2,8 b 4,4 a 4,3 a 4,4 a 4,1 a 2,3 b Ama 1,0 c 2,2 b 6,2 a 2,1 b 6,1 a 1,1 c RAm 0,4 c 1,7 b 6,4 a 1,8 b 6,1 a 0,3 c SCa 3,9 b 3,7 b 4,6 a 4,0 b 4,5 a 3,8 b SLP 2,6 c 3,4 b 2,2 c 4,4 a 3,5 b 2,5 c Dur 4,5 c 4,9 b,c 5,4 a,b 5,9 a 5,6 a 2,7 d Der 5,6 b 3,0 c 2,7 c,d 2,1 d,e 1,7 e 7,5 a Are 0,6 c 5,8 a 4,7 b 6,1 a 6,1 a 0,3 c Ade 2,0 d 4,98 c 5,3 b,c 6,0 b,c 6,8 a 0,8 e
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
83
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
Doç
RDoAma
RAmSCa
SLP
Dur
Der
Are
Ade
Sac
Suc
Est
Suc/WPC
Est/WPC
Nes
Figura 12 – Perfil descritivo das amostras de chocolates com 6 meses de estocagem (os
termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Como ocorrido após 3 meses de estocagem, não houve diferença no atributo aroma
de cacau entre todas as amostras analisadas. A amostra comercial continuou apresentando a
maior intensidade do atributo aroma de manteiga de cacau. Porém, após 6 meses de
estocagem, a amostra diet/light Est/WPC apresentou menor intensidade deste atributo,
diferindo da amostra convencional mas não de Suc, Est e Suc/WPC.
O atributo doçura manteve o mesmo padrão do início da estocagem, ou seja, doçura
estatisticamente menor tanto no chocolate diet (Suc) quanto no diet/light (Suc/WPC) em
relação ao chocolate convencional (Sac) e doçura ainda menor nos chocolates diet e
diet/light Est e Est/WPC. A doçura do chocolate diet da Nestlé® também permaneceu igual
à doçura das amostras Suc e Suc/WPC, como havia ocorrido no início da estocagem.
Também não houve alteração no atributo residual doce depois dos 6 meses de estocagem:
as amostras com substituição de sacarose e de parte da gordura apresentaram intensidade
deste atributo maior do que o chocolate convencional e sem diferença entre si. Uma
alteração ocorrida durante este tempo de estocagem foi que a amostra comercial apresentou
intensidade de residual doce igual à amostra convencional, o que não havia ocorrido no
início da estocagem. Não houve alteração nas relações entre os atributos amargor e residual
amargo de todas as amostras analisadas. O atributo sabor de cacau foi estatisticamente
84
maior para as amostras adoçadas com estévia após 6 meses. Isso pode mostrar uma maior
tendência do amargor característico da estévia em contribuir para o aumento do sabor de
cacau. Além disso, a intensidade do sabor de cacau da amostra comercial se igualou ao
sabor de cacau das amostras Sac, Suc e Suc/WPC.
As tendências em relação aos atributos de textura foram mantidas após 6 meses:
aumento da dureza, arenosidade e adesividade e diminuição do derretimento na boca com a
substituição da sacarose e parte da gordura.
A Figura 13a e 13b (ACP para as amostras após 6 meses de estocagem, explicando
95,47% da diferenciação entre as amostras) mostra que foram mantidas as mesmas
tendências do início da estocagem.
85
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 95,47 %)
Ade
Are
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
BriCoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (78,18 %)
CP
2 (
17,2
9 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 95,47 %)
NesEst/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-5
0
5
10
-10 -5 0 5 10
CP 1 (78,18 %)
CP
2 (
17,2
9 %
)
Figura 13a e 13b – ACP para os atributos dos chocolates com 6 meses de estocagem
A Tabela 17 e a Figura 14 mostram os resultados obtidos após 9 meses de
estocagem.
86
Tabela 17 – Médias* para os atributos dos chocolates com 9 meses de estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
CoM 4,0 b 5,2 a 5,1 a 5,2 a 5,3 a 2,2 c Bri 4,2 a 4,3 a 4,1 a 3,9 a 4,3 a 3,6 a ACa 4,5 a 4,1 a,b 3,8 b 3,8 b 3,8 b 4,3 a,b ALP 2,8 b 3,1 b 3,0 b 4,0 a 4,0 a 3,0 b AMC 2,2 b 2,0 b 1,8 b 2,1 b 2,0 b 6,1 a ADo 5,4 a 5,3 a 5,1 a 5,2 a 4,9 a 5,4 a Doç 6,3 a 6,1 a 4,8 b 5,9 a 4,7 b 5,2 b RDo 2,3 c 5,3 a 4,2 c 4,6 a,b 4,2 b 1,6 c Ama 1,6 d 3,4 c 6,4 a 2,8 c 5,7 b 1,5 d RAm 0,4 c 2,5 b 6,1 a 1,9 b 5,6 a 0,3 c SCa 4,5 a 4,1 a 4,1 a 4,1 a 4,2 a 4,0 a SLP 3,2 c,d 3,8 b,c 2,6 d 5,1 a 4,3 a,b 3,1 c,d Dur 4,8 c 5,5 b 6,0 a,b 6,1 a 6,1 a 2,6 d Der 6,1 b 2,3 c 2,4 c 1,5 d 1,4 d 8,0 a Are 0,8 c 6,1 a 5,0 b 6,1 a 5,8 a 0,2 c Ade 1,2 c 6,1 b 5,6 b 6,8 a 6,7 a 0,4 d
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
Doç
RDoAma
RAmSCa
SLP
Dur
Der
Are
Ade
Sac
Suc
Est
Suc/WPC
Est/WPC
Nes
Figura 14 – Perfil descritivo das amostras de chocolates com 9 meses de estocagem (os
termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
As amostras com substituição de sacarose e de parte da gordura (Suc, Est, Suc/WPC
e Est/WPC) continuaram apresentando cor marrom significativamente mais intensa do que
87
a amostra convencional com sacarose. A amostra de chocolate ao leite diet da Nestlé®
também apresentou a menor intensidade de cor marrom, diferindo de todas as amostras, no
final da estocagem. Não houve alteração no brilho e todas as amostras continuaram com a
mesma intensidade deste atributo.
Em relação ao atributo aroma de cacau, houve uma diferença entre as amostras após
9 meses. As amostras Est, Suc/WPC e Est/WPC apresentaram intensidade deste atributo
significativamente menor do que a amostra convencional, mas não diferiram das amostras
Suc e Nes, que também não diferiram da amostra convencional. As amostras com
substituição de sacarose e de parte da gordura Suc/WPC e Est/WPC apresentaram
intensidade do atributo aroma de leite em pó significativamente maior do que as outras
amostras. Isto sugere uma tendência do concentrado protéico do soro de leite em aumentar
a intensidade deste atributo nas amostras, principalmente aos 9 meses de estocagem. Não
houve alteração quanto ao aroma de manteiga de cacau, ou seja, todas as amostras
apresentaram a mesma intensidade deste atributo, exceto pela amostra comercial que
apresentou aroma de manteiga de cacau significativamente maior. O aroma doce se igualou
após 9 meses e não houve diferença estatística na intensidade deste atributo entre todas as
amostras.
Houve alteração na relação da doçura entre as amostras. As amostras com
substituição de sacarose por sucralose (Suc e Suc/WPC) não diferiram significativamente
da amostra convencional com sacarose e as amostras com estévia (Est e Est/WPC) não
diferiram da amostra comercial. Após 9 meses de estocagem, as amostras com estévia ainda
apresentaram as maiores intensidades do atributo amargor, seguidas pelas amostras com
sucralose (p > 0,05) e pelas amostras convencional e comercial (também sem diferença
entre si). O mesmo perfil foi encontrado para o atributo residual amargo. Não houve
diferença significativa no sabor de cacau de todas as amostras no final da estocagem.
A tendência de maiores intensidades de dureza para as amostras diet e diet/light se
manteve durante a estocagem. O derretimento na boca manteve o mesmo perfil do início da
estocagem. As amostras com agentes de corpo polidextrose/lactitol e concentrado protéico
do soro de leite (Suc/WPC e Est/WPC) apresentaram os menores valores, seguidas pelas
amostras com agentes de corpo (Suc e Est), pela amostra convencional e pela comercial.
88
Também se mantiveram as relações nas amostras entre as intensidades dos atributos
arenosidade e adesividade no final do tempo de estocagem.
Na Figura 15a e 15b estão representados os resultados da análise de componentes
principais (ACP) em gráfico bidimensional após 9 meses de estocagem, sendo que 94,26% da
variação entre as amostras puderam ser explicadas com os dois primeiros componentes
principais. É possível observar que as ACPs demonstraram os mesmos padrões ao longo da
estocagem.
89
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 94,26 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (82,15 %)
CP
2 (
12,1
1 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 94,26 %)
NesEst/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-5
0
5
10
-10 -5 0 5 10
CP 1 (82,15 %)
CP
2 (
12,1
1 %
)
Figura 15a e 15b – ACP para os atributos dos chocolates com 9 meses de estocagem
Uma segunda forma de analisar os resultados foi realizada com a comparação dos
resultados de cada tempo para cada amostra em separado. Para a amostra convencional
adoçada com sacarose (Sac), os resultados são mostrados na Tabela 18 e na Figura 16. A
Tabela 18 apresenta as médias dos atributos em cada tempo de estocagem.
90
Tabela 18 – Médias* para os atributos do chocolate convencional (Sac) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 4,9 a 4,8 a,b 4,6 a,b 4,2 b Bri 4,3 a 4,1 a 4,4 a 4,2 a ACa 4,1 a,b 3,7 b 4,1 a,b 4,5 a ALP 3,2 a 2,6 a 2,9 a 3,0 a AMC 2,4 a 2,5 a 2,8 a 2,1 a ADo 5,3 a 5,3 a 5,2 a 5,4 a Doç 6,4 a 6,2 a 6,4 a 6,3 a RDo 2,6 a 3,3 a 2,8 a 3,0 a Ama 1,4 a,b 1,1 a,b 1,0 b 1,6 a RAm 0,8 a 0,4 a 0,4 a 0,7 a SCa 4,5 a 3,9 a 3,9 a 4,5 a SLP 3,0 a,b 2,8 b 2,6 b 3,6 a Dur 4,4 a,b 4,2 b 4,5 a,b 5,1 a Der 5,8 a 5,6 a 5,6 a 5,5 a Are 1,0 b 0,7 b 0,6 b 1,6 a Ade 2,1 a 1,4 a 2,0 a 1,9 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDoAma
RAm
SCa
SLP
Dur
DerAre
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 16 – Perfil descritivo das amostras de chocolate convencional (Sac) durante a estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Os resultados mostraram que não houve mudanças para os atributos brilho, aroma
de leite em pó, aroma de manteiga de cacau, aroma doce, doçura, residual doce, residual
amargo, sabor cacau, derretimento na boca e adesividade durante a estocagem. O atributo
de aparência cor marrom apresentou diminuição depois de nove meses em relação ao tempo
91
inicial, mas não sendo diferente quando comparado aos tempos 3 e 6 meses. Alguns
atributos apresentaram redução da sua intensidade com posterior aumento. Este foi o caso
aroma de cacau, amargor, sabor de leite em pó e dureza. O único atributo que apresentou
aumento na sua intensidade, após 9 meses, foi a arenosidade, podendo ser devido à
cristalização da lactose durante a estocagem.
A Tabela 19 e a Figura 17 apresentam os resultados para o chocolate diet com
sucralose (Suc).
Tabela 19 – Médias* para os atributos do chocolate diet com sucralose (Suc) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 5,7 a 5,2 a 5,3 a 5,2 a Bri 4,2 a 4,5 a 4,7 a 4,3 a ACa 4,2 a 3,7 a 4,1 a 4,1 a ALP 4,1 a 2,7 b 3,1 b 3,1 b AMC 2,5 a 2,3 a 2,5 a 2,0 a ADo 5,3 a 4,2 b 4,8 a,b 5,3 a Doç 5,5 a 5,6 a 5,8 a 6,1 a RDo 4,4 a 4,4 a 4,4 a 5,3 a Ama 3,3 a 2,1 b 2,2 b 3,4 a RAm 2,4 a,b 1,5 c 1,7 b,c 2,5 a SCa 4,5 a 3,2 c 3,7 b,c 4,1 a,b SLP 4,2 a 3,3 b 3,4 b 3,8 a,b Dur 5,7 a 4,3 c 4,9 b,c 5,5 a,b Der 3,7 a 3,4 a,b 3,0 b,c 2,3 c Are 6,2 a 6,0 a 5,8 a 6,1 a Ade 5,2 b 4,8 b 4,9 b 6,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
92
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 17 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet com sucralose (Suc) durante a
estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Os resultados mostram que alguns atributos ficaram estáveis durante a estocagem
enquanto outros tiveram suas intensidades diminuídas, aumentadas ou diminuídas e então
aumentadas. A cor marrom, brilho, aroma de cacau, aroma de manteiga de cacau, doçura,
residual doce e arenosidade não apresentaram nenhuma mudança em 9 meses. Porém, o
aroma de leite em pó e derretimento na boca diminuíram com o tempo. Aroma doce,
amargor, residual amargo, sabor de cacau, sabor de leite em pó e dureza tiveram as suas
intensidades reduzidas e então aumentadas. Adesividade foi o único atributo a ter a sua
intensidade aumentada ao longo do tempo.
Os resultados para o chocolate diet com estévia (Est) são apresentados na Tabela 20
e na Figura 18.
93
Tabela 20 – Médias* para os atributos do chocolate diet com estévia (Est) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 5,8 a 5,3 b 5,1 b 5,1 b Bri 4,0 a 4,0 a 4,5 a 4,1 a ACa 4,7 a 4,1 b 4,3 a,b 3,8 b ALP 3,8 a 2,9 b 2,9 b 3,0 b AMC 2,3 a 2,0 a,b 2,3 a 1,8 b ADo 4,4 a,b 4,1 b 4,2 b 5,1 a Doç 4,5 a,b 4,0 b,c 3,9 c 4,8 a RDo 3,9 a 3,8 a 4,3 a 4,2 a Ama 5,7 b 5,9 a,b 6,2 a,b 6,4 a RAm 6,3 a 5,6 a 6,4 a 6,1 a SCa 5,0 a 4,4 b,c 4,6 a,b 4,1 c SLP 3,4 a 2,5 b 2,2 b 2,6 b Dur 6,2 a 4,9 c 5,4 b 6,0 a Der 3,8 a 3,0 b 2,7 b 2,4 b Are 4,4 a 4,6 a 4,7 a 5,0 a Ade 4,5 b 4,6 b 5,3 a,b 5,6 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 18 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet com estévia (Est) durante a
estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Os atributos brilho, residual doce, residual amargo e arenosidade mantiveram-se
constantes. Em relação aos atributos cor marrom, aroma de cacau, aroma de leite em pó,
aroma de manteiga de cacau, sabor de cacau, sabor de leite em pó e derretimento na boca,
94
houve diminuição da intensidade dos mesmos ao longo do tempo. Houve diminuição com
posterior aumento dos atributos aroma doce, doçura e dureza. Foram observados aumentos
na intensidade dos atributos amargor e adesividade.
Os resultados do chocolate diet/light com sucralose/WPC (Suc/WPC) estão na
Tabela 21 e Figura 19.
Tabela 21 – Médias* para os atributos do chocolate diet/light com sucralose/WPC (Suc/WPC) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 5,7 a 5,4 a 5,1 a 5,2 a Bri 4,0 b 4,0 b 4,9 a 3,9 b ACa 4,2 a 3,7 a 4,3 a 3,8 a ALP 4,2 a 3,3 b 3,7 a,b 4,0 a AMC 2,1 a 2,4 a 2,4 a 2,1 a ADo 4,8 a 4,7 a 4,9 a 5,2 a Doç 5,3 a 5,3 a 5,7 a 5,9 a RDo 4,1 a 3,9 a 4,4 a 4,6 a Ama 2,8 a 2,4 a 2,1 a 2,8 a RAm 2,0 a 1,6 a 1,8 a 1,9 a SCa 4,5 a 3,6 b 4,0 b 3,9 b SLP 5,0 a 4,2 b 4,4 a,b 5,1 a Dur 5,9 a 5,0 b 5,9 a 6,1 a Der 2,9 a 2,7 a 2,1 b 1,5 c Are 6,0 a 5,7 a 6,1 a 6,1 a Ade 6,1 a 6,2 a 6,0 a 6,8 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
95
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 19 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet/light com sucralose/WPC
(Suc/WPC) durante a estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
De acordo com os resultados obtidos verificou-se que não houve alteração
significativa nos atributos cor marrom, aroma de cacau, aroma de manteiga de cacau, aroma
doce, doçura, residual doce, amargor, residual amargo, arenosidade e adesividade. Porém,
houve redução nos atributos sabor de cacau e derretimento na boca. Diminuição seguida de
aumento nos atributos aroma de leite em pó, sabor de leite em pó e dureza. E aumento
seguido de redução no atributo brilho.
Os resultados dos chocolates diet/light com estévia/WPC (Est/WPC) (Tabela 22 e
Figura 20) mostraram que não houve alteração nos atributos brilho, aroma de cacau, aroma
de manteiga de cacau, aroma doce, residual doce, arenosidade e adesividade. Houve
redução nos atributos cor marrom, amargor, residual amargo, sabor de cacau e derretimento
na boca. Os atributos que tiveram redução na intensidade seguida de aumento foram aroma
de leite em pó, sabor de leite em pó e dureza. Apresentou aumento o atributo doçura.
96
Tabela 22 – Médias* para os atributos do chocolate diet/light com estévia/WPC (Est/WPC) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 6,0 a 5,6 a,b 5,2 b 5,3 b Bri 4,2 a 4,5 a 4,1 a 4,3 a ACa 4,3 a 3,8 a 4,4 a 3,8 a ALP 4,1 a 3,0 b 3,6 a,b 3,9 a AMC 2,2 a 1,9 a 2,1 a 2,0 a ADo 4,7 a 4,4 a 4,3 a 4,9 a Doç 4,2 b 3,9 b 4,0 b 4,8 a RDo 4,1 a 3,6 a 4,1 a 4,3 a Ama 5,5 a,b 6,1 a 6,1 a 5,1 b RAm 6,2 a 5,8 a 6,1 a 4,9 b SCa 4,8 a 4,2 b 4,5 a,b 4,3 a,b SLP 4,1 a 3,0 b 3,5 a,b 4,2 a Dur 6,1 a 5,0 c 5,6 b 6,1 a,b Der 2,7 a 2,3 a 1,7 b 1,4 b Are 6,2 a 6,0 a 6,1 a 5,8 a Ade 6,2 a 6,4 a 6,8 a 6,7 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 20 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet/light com estévia/WPC
(Est/WPC) durante a estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
Os resultados das amostras de chocolate ao leite diet da Nestlé® (Nes) estão na
Tabela 23 e Figura 21. Os únicos atributos que não apresentaram alteração ao longo do
97
tempo de estocagem foram residual amargo e dureza. Apresentaram redução na intensidade
os atributos cor marrom, aroma de manteiga de cacau, arenosidade e adesividade.
Apresentaram aumento seguido de redução os atributos brilho e residual doce. Houve
aumento nos atributos aroma de cacau, amargor, sabor de cacau e derretimento na boca.
Ocorreu redução seguida de aumento nos atributos aroma de leite em pó, aroma doce,
doçura e sabor de leite em pó.
Tabela 23 – Médias* para os atributos do chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
CoM 3,0 a 2,7 a 2,5 a,b 2,2 b Bri 4,0 b 4,1 b 4,9 a 3,6 b ACa 3,3 b 3,9 a,b 3,9 a,b 4,3 a ALP 2,8 a,b 1,7 c 2,3 b 3,0 a AMC 6,6 a 5,7 b 5,9 a,b 6,1 a,b ADo 5,6 a 4,6 b 5,1 a,b 5,4 a Doç 5,4 a 4,5 b 5,3 a 5,2 a RDo 1,3 b 1,5 b 2,3 a 1,6 b Ama 1,0 b 1,0 b 1,1 b 1,5 a RAm 0,3 a 0,6 a 0,3 a 0,3 a SCa 3,3 b 3,7 a,b 3,8 a 4,0 a SLP 2,8 a 2,1 b 2,5 a,b 3,1 a Dur 2,9 a 2,2 a 2,7 a 2,6 a Der 7,6 a,b 7,4 b 7,5 b 8,0 a Are 0,3 a 0,3 a 0,3 a,b 0,2 b Ade 1,1 a 0,7 b,c 0,8 b 0,4 c
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
98
CoMBri
ACa
ALP
AMC
ADo
DoçRDo
AmaRAm
SCa
SLP
Dur
Der
AreAde
0 meses
3 meses
6 meses
9 meses
Figura 21 – Perfil descritivo das amostras de chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a
estocagem (os termos descritores abreviados encontram-se na Tabela 12, Pág. 70)
A amostra de sacarose teve o maior número de atributos que se mantiveram estáveis
durante os 9 meses de estocagem. Os chocolates diet pela substituição da sacarose por
edulcorantes de alta intensidade sucralose e estévia e agentes de corpo polidextrose/lactitol
apresentaram alguns resultados comuns. Ambos não tiveram alteração no brilho, residual
doce e arenosidade, redução no derretimento na boca e redução seguida de aumento no
aroma doce e dureza.
As subseqüentes substituições parciais da gordura por concentrado protéico de soro
(WPC) para obtenção dos chocolates diet/light foram comparadas aos seus correspondentes
diet. As amostras Suc e Suc/WPC não apresentaram alteração nos atributos cor marrom,
aroma de cacau, aroma de manteiga de cacau, doçura, residual doce e arenosidade, mas
demonstraram redução no atributo derretimento na boca e redução seguida de aumento nos
atributos sabor de leite em pó e dureza. Est e Est/WPC não tiveram alteração nos atributos
brilho, residual doce e arenosidade, mas tiveram redução nos atributos cor marrom, sabor
cacau e derretimento na boca e redução seguida de aumento do atributo dureza.
O chocolate comercial diet da Nestlé® foi a amostra que apresentou o menor
número de atributos que permaneceram constantes, demonstrando uma grande alteração das
suas características sensoriais durante o período de estocagem nas condições estudadas.
99
O retreinamento dos provadores e o contato com as referências antes das avaliações
em cada tempo de estocagem foram importantes para que as mudanças sensoriais
observadas fossem atribuídas às amostras, e não a possíveis variações dos provadores
devido ao intervalo de tempo entre as análises.
5.5. COMPARAÇÃO DAS EQUIPES DE PROVADORES NO BRASIL E NOS
ESTADOS UNIDOS
O desenvolvimento de produtos cross-cultural (ou trans-nacionais) é cada vez mais
importante na medida em que as empresas competem em mercados que englobam vários
países (MOSKOWITZ; KRIEGER, 1998). Conhecer as nuances culturais e do idioma da
população testada é necessário para que se conduza um estudo mais detalhado. Estes
estudos envolvem a colaboração de diversos pesquisadores que conheçam as culturas e/ou
países que estão sendo estudados (MUÑOZ, 1998).
Este estudo comparou as diferenças e similaridades entre equipes de provadores no
Brasil e nos Estados Unidos para os chocolates desenvolvidos e a amostra comercial. Os
atributos, definições e referências foram traduzidos e adaptados para o inglês. As definições
dos atributos variaram dependendo da disponibilidade das referências, das diferenças de
cultura e experiência das equipes e metodologias empregadas.
Ambas as equipes perceberam diferenças entre as amostras (Tabelas 24 e 14, Pág.
73). As análises de componentes principais (que resume 90,73% da explicação da
variabilidade entre as amostras, no caso da equipe dos Estados Unidos) confirmaram que as
duas equipes diferenciaram as amostras de maneira similar (Figuras 22a e 22b e 9a e 9b,
Pág. 77). A equipe de provadores brasileiros descreveu os chocolates utilizando
principalmente os atributos doçura, aroma doce, sabor de leite em pó, residual amargo,
amargor, aroma de cacau, sabor de cacau, aroma de manteiga de cacau e derretimento na
boca enquanto que a equipe de provadores dos Estados Unidos usou basicamente os
atributos residual doce, sabor de leite em pó, sabor de cacau, arenosidade, amargor, residual
amargo, adesividade e derretimento na boca).
100
Tabela 24 – Médias* para os atributos dos chocolates (equipe de provadores dos Estados Unidos)
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
CoM 6,2 a 6,1 a 6,4 a 6,3 a 6,1 a 5,5 b Bri 5,6 a 5,4 a 5,5 a 5,3 a 5,3 a 5,5 a ACa 4,0 a,b 3,5 b 3,8 a,b 3,8 a,b 4,4 a 4,1 a,b ALP 3,2 a 3,4 a 3,4 a 3,7 a 3,3 a 3,6 a AMC 1,9 a 2,1 a 1,8 a 1,9 a 2,2 a 1,9 a ADo 7,1 b 7,6 a,b 8,0 a,b 8,0 a,b 7,3 b 8,6 a Doç 9,4 a,b 9,2 a,b 8,1 c,d 8,7 b,c 7,8 d 9,5 a RDo 5,3 a,b 5,4 a 4,6 b,c 4,7 a,b,c 4,4 c 4,9 a,b,c Ama 0,7 d 1,7 c 3,3 a 2,3 b,c 3,0 a,b 0,5 d RAm 0,6 c 1,5 b 2,8 a 2,2 a,b 2,6 a 0,4 c SCa 3,8 a 3,5 a 4,0 a 3,7 a 4,0 a 3,7 a SLP 4,5 a 4,3 a,b 3,9 b,c 3,9 b,c 4,0 a,b,c 3,7 c Dur 5,2 a 5,4 a 5,1 a 5,2 a 5,3 a 3,8 b Der 7,1 b 6,9 b 6,5 b 6,5 b 6,7 b 7,9 a Are 1,5 d 1,8 c,d 2,8 a 2,5 a,b 2,0 b,c 1,6 c,d Ade 3,8 b 4,0 b 4,7 a 5,0 a 4,7 a 3,4 b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
101
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 90,73 %)
Ade
AreDer
Dur
SLP
SCa RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
CP 1 (76,17 %)
CP
2 (
14,5
5 %
)
b) Observations (eixos F1 e F2: 90,73 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-2
-1
0
1
2
-3 -2 -1 0 1 2 3
CP 1 (76,17 %)
CP
2 (
14,5
5 %
)
Figura 22a e 22b – ACP para os atributos dos chocolates (equipe de provadores dos Estados
Unidos)
As diferenças de cultura existem na percepção e descrição sensoriais mesmo quando
esforços são realizados para transferir os mesmos atributos, definições e referências entre as
duas localidades. Entretanto, equipes de provadores altamente treinadas usando
terminologia padronizada e representativa podem fornecer resultados similares.
102
5.6. ANÁLISE DE ACEITAÇÃO E MAPA DE PREFERÊNCIA INTERNO
Os resultados da análise de aceitação com 116 provadores no início da estocagem
estão na Tabela 25. A formulação convencional (Sac) contém sacarose, as formulações Suc,
Est e Nestlé® (Nes) são diet e as Suc/WPC e Est/WPC são diet/light.
Tabela 25 – Médias* dos atributos da análise de aceitação no início da estocagem entre consumidores não-diabéticos do Brasil
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 7,2 a 6,9 a,b 7,0 a,b 6,8 b 6,7 b 7,0 a,b Aroma 6,3 a 5,5 c 5,8 b,c 5,9 a,b,c 5,5 c 6,3 a,b Sabor 6,2 a 4,9 b 4,0 c 4,9 b 3,6 c 6,0 a Textura 6,7 a 4,7 b 4,7 b 4,5 b 3,6 c 7,1 a Impressão global 6,5 a 5,0 b 4,6 b 5,0 b 4,0 c 6,4 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A Tabela 26 mostra os resultados de cada atributo em ordem decrescente.
Tabela 26 – Médias* dos atributos da análise de aceitação no início da estocagem entre consumidores não-diabéticos do Brasil em ordem decrescente
Aparência Aroma Sabor Textura Impressão Global Sac 7,2 a Nes 7,0 a,b
Est 7,0 a,b
Suc 6,9 a,b
Suc/WPC 6,8 b Est/WPC 6,7 b
Sac 6,3 a Nes 6,3 a,b Suc/WPC5,9 a,b,c
Est 5,8 b,c Est/WPC 5,5 c Suc 5,5 c
Sac 6,2 a Nes 6,0 a Suc 4,9 b
Suc/WPC4,9 b
Est 4,0 c Est/WPC 3,6 c
Nes 7,1 a Sac 6,7 a Suc 4,7 b Est 4,7 b Suc/WPC4,5 b Est/WPC 3, 6 c
Sac 6,5 a Nes 6,4 a Suc 5,0 b
Suc/WPC5,0 b
Est 4,6 b
Est/WPC 4,0 c * Médias seguidas por letras iguais numa mesma coluna indicam que não há diferença
estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Os resultados do teste de aceitação mostram que as amostras convencional e
comercial da Nestlé® foram as mais aceitas entre os consumidores do produto. Porém, em
relação à aparência, não foram diferentes, estatisticamente a 5% de significância, das
amostras com sucralose e estévia. Apenas as amostras com sucralose/WPC e com
estévia/WPC apresentaram aceitação de suas aparências diferentes (e inferiores) das
demais, porém iguais entre si. Uma das possíveis explicações para este resultado é a
reconhecida interferência da gordura na aparência dos alimentos (brilho, translucidez, cor,
103
uniformidade da superfície e cristalinidade) (JONES, 1996a). Também é possível observar
que nenhuma amostra apresentou aparência na região de rejeição (valor menor do que 4,5,
o meio da escala não estruturada de 9 centímetros).
Para o aroma, as amostras convencional, Nestlé® e com sucralose/WPC
apresentaram as maiores aceitações, porém as das amostras Nestlé® e sucralose/WPC não
foram estatisticamente diferentes (p > 0,05) do que a da amostra com estévia. Além disso,
as aceitações do aroma das amostras com sucralose/WPC, estévia, estévia/WPC e sucralose
não foram significativamente diferentes entre si. Nenhuma amostra teve sua média de
aceitação em relação ao aroma menor do que 4,5.
As amostras convencional e Nestlé® tiveram as maiores aceitações de sabor,
estatisticamente diferentes das demais (p > 0,05). Em seguida, aparecem as amostras com
sucralose e com sucralose/WPC, iguais entre si, e diferentes das amostras com estévia e
com estévia/WPC (que não diferiram entre si). Estas duas últimas apresentaram médias de
aceitação do sabor menores do que 4,5, ou seja, na região de rejeição.
Quanto à textura, as amostras Nestlé® e convencional apresentaram as maiores
aceitações, diferindo de todas as demais (p ≤ 0,05). A seguir, estão as amostras com
sucralose, com estévia e com sucralose/WPC, sendo significativamente iguais entre si.
Finalmente, aparece a amostra com estévia/WPC, a menos aceita em relação à textura e
estatisticamente diferentes das outras. Apenas as amostras com substituição de parte da
gordura (sucralose/WPC e estévia/WPC) tiveram aceitações da textura na área de rejeição
da escala. Isto vem enfatizar a importância da gordura em algumas características dos
alimentos como viscosidade, elasticidade, dureza, derretimento, cremosidade, oleosidade,
densidade e grau de recobrimento da boca (JONES, 1996a). Isto é importante porque,
apesar de atualmente os consumidores buscarem alimentos com teor de gordura reduzido,
Prindiville, Marshall e Heymann (1999) sugeriram que estes consumidores estão
considerando a qualidade do produto quando selecionam o teor de gordura.
Para a impressão global, as amostras convencional e Nestlé® apresentaram as
maiores aceitações, sendo estatisticamente diferentes das aceitações das demais amostras a
5% de significância. Já as amostras com sucralose, com sucralose/WPC e com estévia têm
104
aceitações iguais entre si (p ≤ 0,05) e diferentes da aceitação da amostra com estévia/WPC,
a menos aceita globalmente. Inclusive, esta última foi a única na região de rejeição.
Na Figura 23a e 23b está representado o mapa de preferência interno obtido com os
dados coletados pelo teste de aceitação em relação à impressão global no início da
estocagem.
105
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 63,27 %)
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (46,53 %)
F2
(16,
74 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 63,27 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPCEst
Suc
Sac
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (46,53 %)
F2
(16,
74 %
)
Figura 23a e 23b – Mapa de preferência interno no início da estocagem
O mapa de preferência interno mostra as tendências já demonstradas nas médias de
aceitação. A maior parte dos consumidores preferiu as amostras convencional e comercial e
alguns provadores preferiram as amostras com sucralose (Suc e Suc/WPC). Neste caso,
63,27% da variabilidade foram explicadas pelo mapa de preferência interno, o que é um
resultado satisfatório já que os dados foram obtidos com provadores não-treinados. Este
106
mapa de preferência interno sugere a existência de pelo menos dois segmentos (grupos) de
consumidores
Esta tendência foi confirmada através da análise de cluster (segmentação). A análise
de cluster dividiu os consumidores em dois grupos, um com 30 pessoas e o outro com 86
(Figura 24). Com este resultado, foi possível refazer a ANOVA e o teste de separação de
médias para cada grupo de consumidores. Os resultados estão nas Tabelas 27 e 28.
Dendrograma
0
50
100
150
200
250
Dis
sim
ilarid
ade
Figura 24 – Segmentação dos consumidores em dois grupos (clusters)
Tabela 27 – Médias* dos atributos da análise de aceitação para o grupo 1 (30 consumidores)
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 8,1 a 8,0 a 7,8 a 8,2 a 7,7 a 8,0 a Aroma 7,5 a 7,2 a 7,5 a 7,5 a 7,1 a 7,7 a Sabor 7,8 a 7,0 a,b 6,0 b,c 7,5 a 5,6 c 7,9 a Textura 7,9 a,b 6,6 c 6,4 c 7,0 b,c 5,3 d 8,4 a Impressão global 7,9 a,b 7,2 b,c 6,6 c,d 7,5 a,b 6,1 d 8,2 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
107
Tabela 28 – Médias* dos atributos da análise de aceitação para o grupo 2 (86 consumidores)
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 6,8 a 6,5 a,b 6,7 a,b 6,3 b 6,4 b 6,6 a,b Aroma 5,9 a 4,9 c 5,2 b,c 5,3 a,b,c 5,0 c 5,8 a,b Sabor 5,6 a 4,2 b 3,2 c,d 3,9 b,c 3,0 d 5,3 a Textura 6,2 a 4,1 b 4,1 b 3,6 b,c 2,9 c 6,6 a Impressão global 6,0 a 4,3 b 3,9 b,c 4,1 b 3,3 c 5,8 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Inclusive devido à maior quantidade de pessoas no grupo 2, este grupo apresentou
resultados mais próximos dos resultados dos 116 consumidores como um todo. Em relação
à impressão global para este grupo, as médias de aceitação das amostras Sac e Nes foram
significativamente maiores e diferiram de todas as demais (p ≤ 0,05). Já entre o grupo 1,
não houve diferença entre as médias de aceitação da impressão global das amostras Sac,
Suc e Suc/WPC. Ou seja, esse grupo aceitou tão bem as novas formulações de chocolates
ao leite diet e diet/light preparadas com o edulcorante de alta intensidade sucralose quanto a
amostra convencional adoçada com sacarose, o que não aconteceu com o grupo 2. Também
é importante destacar que as médias de aceitação da impressão global foram maiores entre
o grupo 1 do que entre o grupo 2 para todas as amostras. Isto sugere a tendência das
pessoas do grupo 1 em utilizar a parte superior da escala quando comparadas ao grupo 2.
O mesmo teste de aceitação foi realizado após as amostras ficarem estocadas por 3
meses e os resultados estão na Tabela 29.
Tabela 29 – Médias* dos atributos da análise de aceitação com 3 meses de estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 7,0 a 6,8 a 6, 9 a 6,7 a 6,8 a 6,8 a Aroma 6,3 a 5,9 a 6,3 a 6,0 a 5,9 a 6,2 a Sabor 6,4 a 5,0 c 4,3 d 5,1 b,c 4,0 d 5,8 a,b Textura 6,8 a 4,8 b 5,1 b 4,7 b 4,0 c 7,0 a Impressão global 6,7 a 5,4 b 5,0 b 5,5 b 4,4 c 6,3 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
108
Houve algumas mudanças quando se comparam os resultados no início da
estocagem e após 3 meses. As médias de aceitação da aparência e do aroma se igualaram.
Quanto à aceitação do sabor, as amostras convencional e comercial continuaram tendo as
maiores médias de aceitação, porém, neste caso, não houve diferença significativa entre a
amostra comercial da Nestlé® e a Suc/WPC. Estas foram seguidas pelas amostras Suc (sem
diferença significativa em relação à Suc/WPC) e, diferindo das demais mas não entre si, Est
e Est/WPC. Não houve alteração na relação entre os atributos textura e impressão global
entre as amostras analisadas.
Na Figura 25a e 25b está representado o mapa de preferência interno após 3 meses
de estocagem, com 60,82% da variação explicada entre as amostras. É possível verificar as
mesmas tendências do início da estocagem.
109
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 60,82 %)
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,17 %)
F2
(19,
65 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 60,82 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (41,17 %)
F2
(19,
65 %
)
Figura 25a e 25b – Mapa de preferência interno com 3 meses de estocagem
A Tabela 30 traz as médias de aceitação obtidas após 6 meses de estocagem.
110
Tabela 30 – Médias* dos atributos da análise de aceitação com 6 meses estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 6,9 a 7,0 a 6,8 a 6,7 a 6,7 a 6,9 a Aroma 6,5 a 6,2 a 6,2 a 6,2 a 6,2 a 6,1 a Sabor 6,0 a 5,1 b 3,8 c 4,9 b 3,6 c 5,9 a Textura 6,4 a 5,1 b 4,9 b 4,5 b 4,8 b 7,5 a Impressão global 6,3 a 5,3 b 4,6 c 5,2 b 4,5 c 6,4 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Houve ainda menos alterações na relação entre as médias de aceitação das amostras,
principalmente quando comparadas aos resultados obtidos após 3 meses. Não houve
diferença significativa entre as médias de aceitação dos atributos aparência e aroma. O
atributo sabor apresentou os mesmos resultados do início da estocagem, ou seja, maiores
médias de aceitação para as amostras convencional (Sac) e comercial diet da Nestlé®,
seguidas das amostras Suc e Suc/WPC (sem diferença significativa entre si) e das amostras
Est e Est/WPC, também sem diferença estatística entre si (p > 0,05). As amostras
convencional e comercial também apresentaram as maiores médias de textura; todas as
outras amostras apresentaram médias de aceitação da textura significativamente menores,
porém sem diferença estatística entre si. A relação entre as amostras para o atributo
impressão global foram as mesmas do atributo sabor.
O mapa de preferência interno após 6 meses de estocagem está representado na
Figura 26a e 26b, explicando 59,86% da variação. Não houve alteração na tendência geral
dos consumidores desde o início da estocagem.
111
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 59,86 %)
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,34 %)
F2
(18,
52 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 59,86 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
-10 -5 0 5 10 15
F1 (41,34 %)
F2
(18,
52 %
)
Figura 26a e 26b – Mapa de preferência interno com 6 meses de estocagem
Os resultados obtidos após 9 meses de estocagem estão na Tabela 31.
112
Tabela 31 – Médias* dos atributos da análise de aceitação com 9 meses estocagem
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 6,8 a 6,7 a,b 6,5 b 6,5 a,b 6,5 a,b 6,6 a,b Aroma 5,8 a 5,9 a 5,5 a 5,8 a 5,8 a 5,9 a Sabor 5,8 a 4,9 c 3,5 d 5,0 b,c 3,7 d 5,6 a,b Textura 6,2 a 4,5 b 4,4 b 4,3 b 3,7 c 6,5 a Impressão global 6,2 a 5,1 b 4,2 c 5,1 b 4,2 c 6,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Houve poucas alterações nas médias de aceitação no final da estocagem após 9
meses. Em relação à aparência, Sac, Suc e Nes continuaram tendo as maiores médias de
aceitação, mas neste caso foram significativamente iguais a Suc/WPC e Est/WPC. Já a
amostra Est apresentou média de aceitação significativamente menor do que a amostra Sac
mas sem diferença estatística em relação às demais amostras. O atributo de aroma
apresentou médias de aceitação significativamente iguais para todas as amostras.
Quanto à aceitação do sabor, as amostras convencional e comercial continuaram
tendo as maiores médias de aceitação, porém, neste caso, não houve diferença significativa
entre a amostra comercial da Nestlé® e a Suc/WPC. Estas foram seguidas pelas amostras
Suc (sem diferença significativa em relação à Suc/WPC) e, diferindo das demais mas não
entre si, Est e Est/WPC.
Não houve alteração na relação das médias de aceitação das amostras após 9 meses
quando comparadas ao resultado obtido no início da estocagem. O atributo impressão
global apresentou as mesmas relações de 6 meses de estocagem, ou seja, maiores médias de
aceitação para as amostras convencional (Sac) e comercial diet da Nestlé®, seguidas das
amostras Suc e Suc/WPC (sem diferença significativa entre si) e das amostras Est e
Est/WPC, também sem diferença estatística entre si (p > 0,05).
A Figura 27a e 27b apresenta o mapa de preferência interno obtido com os dados de
aceitação da impressão global ao final da estocagem após 9 meses com 64,40% de
explicação. Pouca alteração na preferência dos consumidores foi detectada durante estes 9
meses de estocagem.
113
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 64,40 %)
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,60 %)
F2
(22,
80 %
)
b) Observações (eixos F1 e F2: 64,40 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (41,60 %)
F2
(22,
80 %
)
Figura 27a e 27b – Mapa de preferência interno com 9 meses de estocagem
Também foi possível analisar os dados de aceitação obtidos nos quatro tempos de
estocagem, comparando-se os resultados dos diferentes tempos de estocagem dentro de
cada uma das amostras estudadas. A Tabela 32 mostra os resultados da amostra
convencional (Sac) nos 4 tempos de estocagem avaliados.
114
Tabela 32 – Médias* de aceitação do chocolate convencional (Sac) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 7,1 a 7,0 a 6,9 a 6,8 a Aroma 6,3 a 6,3 a 6,5 a 5,8 a Sabor 6,2 a 6,5 a 6,0 a 5,8 a Textura 6,7 a 6,8 a 6,4 a 6,2 a Impressão global 6,5 a 6,7 a 6,3 a 6,2 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Como pode ser observado na Tabela 32, não houve nenhuma alteração na aceitação
dos atributos durante todo o tempo de estocagem para o chocolate convencional produzido
com sacarose. Isto mostra a grande estabilidade da formulação desenvolvida frente ao
mercado consumidor.
Os resultados da amostra adoçada com sucralose estão na Tabela 33. Também para
esta amostra não houve alteração na aceitação dos atributos avaliados durante os 9 meses de
estocagem.
Tabela 33 – Médias* de aceitação do chocolate diet com sucralose (Suc) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 6,9 a 6,8 a 7,0 a 6,7 a Aroma 5,5 a 5,9 a 6,2 a 5,9 a Sabor 4,9 a 5,0 a 5,1 a 4,9 a Textura 4,7 a 4,8 a 5,1 a 4,5 a Impressão global 5,0 a 5,4 a 5,3 a 5,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A Tabela 34 apresenta as médias de aceitação do chocolate diet com estévia (Est)
nos quatro tempos de estocagem. Não houve alteração nas aceitações da aparência, sabor e
textura durante a estocagem. Porém, a aceitação do aroma diminuiu após 9 meses em
comparação com os resultados de 3 e 6 meses, mas não diferiu estatisticamente do início da
estocagem. A média de aceitação do atributo impressão global foi menor após 9 meses,
115
comparada com 3 meses de estocagem, mas não diferiu do início da estocagem e nem dos 6
meses de estocagem.
Tabela 34 – Médias* de aceitação do chocolate diet com estévia (Est) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 7,0 a 6,9 a 6,8 a 6,5 a Aroma 5,8 a,b 6,3 a 6,2 a 5,5 b Sabor 4,0 a 4,3 a 3,8 a 3,5 a Textura 4,7 a 5,1 a 4,9 a 4,4 a Impressão global 4,6 a,b 5,0 a 4,6 a,b 4,2 b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Para a amostra Suc/WPC, não houve alteração nas médias de aceitação dos atributos
durante os 9 meses de estocagem (Tabela 35).
Tabela 35 – Médias* de aceitação do chocolate diet com sucralose/WPC (Suc/WPC) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 6,8 a 6,7 a 6,7 a 6,5 a Aroma 5,9 a 6,0 a 6,2 a 5,8 a Sabor 4,9 a 5,1 a 4,9 a 5,0 a Textura 4,4 a 4,7 a 4,5 a 4,3 a Impressão global 5,0 a 5,5 a 5,2 a 5,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A Tabela 36 mostra que também não houve alteração na média de aceitação de
nenhum atributo para a amostra de chocolate diet com estévia/WPC (Est/WPC).
116
Tabela 36 – Médias* de aceitação do chocolate diet com estévia/WPC (Est/WPC) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 6,7 a 6,8 a 6,7 a 6,6 a Aroma 5,5 a 5,9 a 6,2 a 5,8 a Sabor 3,6 a 4,0 a 3,6 a 3,7 a Textura 3,6 a 4,0 a 4,4 a 3,6 a Impressão global 4,0 a 4,4 a 4,5 a 4,2 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Também não houve alterações nas médias de aceitação da amostra comercial da
Nestlé® durante a estocagem (Tabela 37). Estes resultados mostraram a grande estabilidade
das amostras (tanto das amostras desenvolvidas para este estudo quanto da amostra
comercial) em relação à aceitação no mercado consumidor até 9 meses de estocagem. Ou
seja, as alterações observadas nos perfis sensoriais não foram suficientes para provocar
mudanças nas médias de aceitação das amostras.
Tabela 37 – Médias* de aceitação do chocolate diet da Nestlé® (Nes) durante a estocagem
Tempo (meses) Atributos 0 3 6 9
Aparência 7,0 a 6,8 a 6,9 a 6,6 a Aroma 6,3 a 6,2 a 6,1 a 5,9 a Sabor 5,9 a 5,8 a 5,9 a 5,6 a Textura 7,0 a 7,0 a 7,0 a 6,5 a Impressão global 6,4 a 6,3 a 6,4 a 6,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Os resultados obtidos durante os 9 meses de estocagem mostraram que todas as
amostras estudadas, incluindo as amostras diet e diet/light desenvolvidas, são altamente
estáveis, o que se refletiu na manutenção dos seus níveis de aceitação e o que garante uma
vida-de-prateleira efetiva de pelo menos 9 meses.
5.7. CONSUMIDORES NÃO-DIABÉTICOS E DIABÉTICOS NO BRASIL
Quando se desenvolvem novos produtos é muito importante que se saiba a sua
aceitação, principalmente entre os consumidores para os quais esse produto se destina. Os
117
testes de aceitação também foram conduzidos com consumidores diabéticos. A Tabela 38
apresenta os resultados entre este mercado específico. Estes resultados evidenciam que as
amostras produzidas com sucralose (diet e diet/light) são tão bem aceitas quanto à amostra
comercial (diet). Portanto, a sucralose é uma alternativa para produção tanto de chocolates
diet quanto diet e light.
Tabela 38 – Médias* dos atributos da análise de aceitação entre consumidores diabéticos do Brasil
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência - 7,6 a 7,2 a 7,8 a 7,8 a 7,6 a Aroma - 7,1 a 7,1 a 7,5 a 7,2 a 7,1 a Sabor - 7,4 a 6,6 a 7,5 a 7,2 a 7,3 a Textura - 7,8 a 6,7 a 7,7 a 7,2 a 7,4 a Impressão global - 8,0 a 6,8 b 8,1 a 7,5 a,b 7,5 a,b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Os resultados da comparação das médias de aceitação de cada amostra para não-
diabéticos e diabéticos estão na Tabela 39. Todos os chocolates desenvolvidos (diet e
diet/light, com sucralose ou estévia) apresentaram médias de aceitação da impressão global
maiores entre diabéticos do que entre não-diabéticos (p ≤ 0,05). Isto evidencia a
importância da área de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa em considerar para
quais consumidores um produto está sendo desenvolvido antes de tomar uma decisão
baseada em resultados de aceitação.
118
Tabela 39 – Médias* dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos e diabéticos do Brasil
Amostras Atributos Consumidor Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
não-diabético 6,9 a 7,0 a 6,8 b 6,7 b 7,0 a Aparência diabético 7,6 a 7,2 a 7,8 a 7,8 a 7,6 a não-diabético 5,5 b 5,8 a 5,9 b 5,5 a 6,3 a
Aroma diabético 7,1 a 7,1 a 7,5 a 7,2 a 7,1 a não-diabético 4,9 b 4,0 b 4,9 b 3,6 b 6,0 a
Sabor diabético 7,4 a 6,6 a 7,5 a 7,2 a 7,3 a não-diabético 4,7 b 4,7 b 4,5 b 3,6 b 7,1 a
Textura diabético 7,8 a 6,7 a 7,7 a 7,2 a 7,4 a não-diabético 5,0 b 4,6 b 5,0 b 4,0 b 6,4 a
Impressão global diabético 8,0 a 6,8 a 8,1 a 7,5 a 7,5 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma coluna e para um mesmo atributo indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
5.8. MAPA DE PREFERÊNCIA EXTENDIDO E PLS
Com os resultados da análise descritiva e do teste de aceitação, foi possível
correlacioná-los através de mapa de preferência extendido e análise de regressão por
mínimos quadrados parciais (PLS) e essas técnicas estatísticas foram realizadas nos quatro
tempos de armazenamento. O mapa de preferência extendido dá indícios de quais atributos
são importantes para um determinado grupo de consumidores. PLS, também chamado
mapa de preferência avançado, mostra que atributos direcionam a preferência do
consumidor positiva ou negativamente e ainda pode ser usado para predizer a aceitação de
um novo produto caso se obtenha o seu perfil sensorial. Nas Figuras 28a e 28b e 29a e 29b
estão representados, respectivamente, o mapa de preferência extendido e o PLS no início da
estocagem.
119
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 63,27 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACaBri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (46,53 %)
F2
(16,
74 %
)
Variáveis ativas Variáveis suplementares
b) Observações (eixos F1 e F2: 63,27 %)
Sac
Suc
EstSuc/WPC
Est/WPC
Nes
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (46,53 %)
F2
(16,
74 %
)
Figura 28a e 28b – Mapa de preferência extendido no início da estocagem
120
a) Correlações com t sobre eixos t1 e t2
AdeAre Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoMIPG
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
t1
t2X
Y
b) Observações sobre eixos t1 e t2
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
t1
t2
Figura 29a e 29b – Representação gráfica do resultado da análise PLS no início da
estocagem
O mapa de preferência extendido indica que os consumidores podem ser
segmentados principalmente para a amostra convencional e para a amostra diet da Nestlé®.
Ele também indica que a doçura foi o atributo mais importante para o primeiro grupo
enquanto os atributos derretimento na boca e aroma de manteiga de cacau foram mais
importantes para o segundo grupo. Além disso, o PLS indicou uma melhor impressão
121
global entre essas duas amostras, confirmando o resultado do teste de média que mostrou
não haver diferença significativa entre as médias de aceitação das amostras convencional e
Nes e estas serem diferentes das demais (p ≤ 0,05).
Nas Figuras 30a e 30b, 31a e 31b, e 32a e 32b estão representados os mapas de
preferência extendidos para 3, 6 e 9 meses de estocagem e nas Figuras 33a e 33b, 34a e 34b
e 35a e 35b, os seus respectivos PLS. Estes resultados mostram que não houve mudança
durante o armazenamento estudado. Ou seja, até os 9 meses de estocagem os consumidores
poderiam ser segmentados em dois grupos: um em torno da amostra Sac e outro em torno
da amostra Nes e os consumidores do primeiro grupo são motivados pelo atributo doçura
enquanto que os do segundo são motivados pelos atributos derretimento na boca e aroma de
manteiga de cacau, sendo essas duas amostras as que apresentaram melhores resultados em
relação à impressão global.
122
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 60,82 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,17 %)
F2
(19,
65 %
)
Variáveis ativas Variáveis suplementares
b) Observações (eixos F1 e F2: 60,82 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (41,17 %)
F2
(19,
65 %
)
Figura 30a e 30b – Mapa de preferência extendido após 3 meses de estocagem
123
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 59,86 %)
AdeAre
Der
DurSLP
SCaRAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACaBri
CoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,34 %)
F2
(18,
52 %
)
Variáveis ativas Variáveis suplementares
b) Observações (eixos F1 e F2: 59,86 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
-10 -5 0 5 10 15
F1 (41,34 %)
F2
(18,
52 %
)
Figura 31a e 31b – Mapa de preferência extendido após 6 meses de estocagem
124
a) Variáveis (eixos F1 e F2: 64,40 %)
AdeAre
Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
BriCoM
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
F1 (41,60 %)
F2
(22,
80 %
)
Variáveis ativas Variáveis suplementares
b) Observações (eixos F1 e F2: 64,40 %)
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-10
-5
0
5
10
-15 -10 -5 0 5 10 15
F1 (41,60 %)
F2
(22,
80 %
)
Figura 32a e 32b – Mapa de preferência extendido após 9 meses de estocagem
125
a) Correlações com t sobre eixos t1 e t2
AdeAre Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoMIPG
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
t1
t2X
Y
b) Observações sobre eixos t1 e t2
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
t1
t2
Figura 33a e 33b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 3 meses de
estocagem
126
a) Correlações com t sobre eixos t1 e t2
AdeAre Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoMIPG
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
t1
t2X
Y
b) Observações sobre eixos t1 e t2
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
t1
t2
Figura 34a e 34b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 6 meses de
estocagem
127
a) Correlações com t sobre eixos t1 e t2
AdeAre Der
Dur
SLP
SCa
RAmAma
RDo
Doç
ADo
AM C
ALP
ACa
Bri
CoMIPG
-1
-0.75
-0.5
-0.25
0
0.25
0.5
0.75
1
-1 -0.75 -0.5 -0.25 0 0.25 0.5 0.75 1
t1
t2X
Y
b) Observações sobre eixos t1 e t2
Nes
Est/WPC
Suc/WPC
Est
Suc
Sac
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6
t1
t2
Figura 35a e 35b – Representação gráfica do resultado da análise PLS após 9 meses de
estocagem
128
5.9. EXPECTATIVAS DETERMINADAS PELA TÉCNICA CONJOINT ANALYSIS E
ANÁLISE DA ACEITAÇÃO ENTRE CONSUMIDORES NÃO-DIABÉTICOS E
DIABÉTICOS NOS ESTADOS UNIDOS
A Tabela 40 apresenta a importância dos atributos para consumidores não-
diabéticos e diabéticos. Estes resultados confirmam que a declaração sobre açúcar é mais
importante para diabéticos do que para não-diabéticos enquanto que os atributos tipo de
edulcorante e a redução calórica têm a mesma importância para ambos os grupos.
Tabela 40 – Importância dos atributos de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
Atributo Não-diabéticos
n=103 Diabéticos
n=68 p-valor
Declaração de açúcar 28,7 34,6 0,048 Tipo de edulcorante 46,9 43,7 0,40 Redução calórica 24,4 21,7 0,35
Os valores centrados em zero são apresentados na Tabela 41. Estes resultados
indicam diferenças entre consumidores não-diabéticos e diabéticos. As declarações “açúcar
reduzido” e “livre de açúcar” foram as mais aceitas pelos diabéticos, seguidas da declaração
“diet” e da “sem declaração sobre açúcar”. Entre não diabéticos, “açúcar reduzido” foi a
declaração de açúcar mais aceita, seguida por “livre de açúcar”, “sem declaração sobre
açúcar” e “diet”. Isto mostra uma maior aversão pela declaração de açúcar “diet” entre não-
diabéticos do que entre diabéticos, o que pode ser explicado considerando que não-
diabéticos não têm a necessidade de consumir produtos sem açúcar. Além disso, não-
diabéticos aceitam mais a declaração “livre de açúcar” do que a declaração “diet”, apesar
de estas duas declarações terem o mesmo significado. Isto pode ser devido ao fato de não-
diabéticos terem a impressão de que produtos “diet” serem de qualidade sensorial inferior.
No passado, alimentos diet eram produzidos sem a preocupação de corresponder
sensorialmente às suas respectivas versões convencionais e, apesar desses produtos estarem
melhorando com o tempo, a idéia de que eles são de baixa qualidade talvez persista.
129
Tabela 41 – Valores* centrados em zero de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
Atributo Nível Não-diabéticos
n=103 Diabéticos
n=68 sem declaração -0,24 c -1,57 c açúcar reduzido 0,88 a 0,58 a livre de açúcar 0,19 b 0,88 a
Declaração sobre açúcar
diet -0,83 d 0,13 b artificial -2,50 c -1,92 c natural 2,75 a 2,06 a Tipo de edulcorante combinação -0,25 b -0,15 b 0% -1,50 c -1,19 c 20% 0,61 b 0,40 b Redução calórica 25% 0,89 a 0,79 a
* Valores seguidos por letras iguais numa mesma coluna e dentro de um mesmo atributo indicam que não há diferença estatística entre os valores de acordo com o teste de Tukey (p
≤ 0,05)
Em relação ao tipo de edulcorante, ambos os grupos de consumidores não-
diabéticos e diabéticos aceitaram mais o edulcorante natural, seguido por combinação e
artificial. Os provadores não-diabéticos e diabéticos aceitaram mais a redução calórica de
25%, seguida por redução calórica de 20% e redução calórica de 0%. Outros estudos com
conjoint analysis demonstraram que consumidores têm a tendência de desejar mais as
opções mais saudáveis. Di Monaco et al. (2007) estudaram se as informações no rótulo
“produzido com ingredientes orgânicos” e “tecnologia de estabilização” afetam a aceitação
dos consumidores de sopas vegetais. Os resultados revelaram que os consumidores
preferem sopas feitas com legumes e cereais orgânicos e sem aromatizantes.
De Souza et al. (2007) relataram que produtos que contêm um selo de certificação
orgânica foram mais escolhidos comparados a produtos sem o selo ou sem menção a
ingredientes orgânicos. Vickers (1993) estudou a importância de declarações sobre saúde
na intenção de compra de iogurte de morango. Quando comparado a outros atributos tais
como sabor, marca e preço, a presença de declaração sobre benefícios a saúde teve a maior
influência sobre a intenção de compra juntamente com o sabor. A partição de preferência e
a probabilidade de compra foram calculadas usando os níveis dos atributos apresentados
pelos chocolates desenvolvidos para este estudo e pela amostra comercial (Tabela 42). Elas
130
mostram que teoricamente um chocolate com declaração “livre de açúcar”, edulcorante
natural e 25% de redução calórica seria a melhor combinação.
Tabela 42 – Partição de preferência e probabilidade de compra de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis
Atributos e níveis Partição de preferência
(%) Probabilidade de compra (0-100)
Produtos Declaração sobre açúcar
Tipo de edulcorante
Redução calórica
Não-diabéticos
Diabéticos Não-
diabéticos Diabéticos
Suc sem declaração
artificial 20% 1,1 0,7 23,7 14,4
Suc livre de açúcar
artificial 20% 2,0 4,5 30,3 41,1
Suc diet artificial 20% 0,5 1,9 17,1 33,2
Est sem declaração
natural 20% 12,2 5,8 77,8 56,7
Est livre de açúcar
natural 20% 13,4 14,0 84,8 84,6
Est diet natural 20% 5,8 7,7 71,4 75,9
Suc/WPC sem declaração
artificial 25% 3,6 0,8 28,6 20,3
Suc/WPC livre de açúcar
artificial 25% 3,6 7,4 36,5 46,1
Suc/WPC diet artificial 25% 1,1 3,6 23,3 39,0
Est/WPC sem declaração
natural 25% 17,2 7,3 81,8 61,6
Est/WPC livre de açúcar
natural 25% 18,8 16,8 88,2 88,4
Est/WPC diet natural 25% 8,5 13,3 76,1 79,2
Nes sem declaração
natural 0% 6,0 4,0 58,1 46,3
Nes livre de açúcar
natural 0% 4,9 8,3 64,3 67,6
Nes diet natural 0% 1,3 3,9 51,9 59,5
Os consumidores foram segmentados em 3 grupos (clusters). A Tabela 43 mostra
que a maioria dos consumidores do grupo 1 são diabéticos enquanto que os grupos 2 e 3
contêm mais consumidores não-diabéticos. O atributo que mais influencia na determinação
dos membros dos grupos é a declaração sobre açúcar. Os valores centrados em zero da
declaração sobre açúcar para o grupo 1 foram mais similares aos valores centrados em zero
dos diabéticos (Tabelas 43 e 41, Pág. 129) e mais similares aos dos não-diabéticos para os
131
grupos 2 e 3. O grupo 1 aceitou mais a declaração “livre de açúcar”, seguida por “diet”,
“açúcar reduzido” e “sem declaração sobre açúcar” ao passo que os grupos 2 e 3 foram
mais receptivos à declaração “açúcar reduzido”, seguida por “sem declaração sobre
açúcar”, “livre de açúcar” e “diet”. Edulcorantes naturais foram os mais aceitos pelos três
grupos. Além disso, o grupo 1 aceitou a combinação de edulcorantes natural e artificial tão
bem quanto o edulcorante natural, mas os grupos 2 e 3 preferiram edulcorante natural em
relação tanto à combinação quanto ao artificial. Isto mostra que um grupo com mais
diabéticos é mais receptivo a chocolates ao leite diet e diet/light do que grupos com maior
número de não-diabéticos. Os três grupos mostraram maior aceitação por maior redução
calórica. Apesar disso, os grupos 1 e 3 consideraram 20% de redução calórica tão desejável
quanto 25% de redução calórica, o que não ocorreu com o grupo 2, que considerou 25% de
redução calórica mais desejável do que 20%. Este resultado mostra que os consumidores do
grupo 2 estão mais atentos ao consumo de calorias.
Tabela 43 – Valores* centrados em zero de chocolates ao leite para consumidores nos Estados Unidos determinados por conjoint analysis para cada grupo
Atributo Nível
Grupo 1
Não-diabéticos = 15
(n=103) Diabéticos = 24
(n=68)
Grupo 2
Não-diabéticos = 34
(n=103) Diabéticos = 11
(n=68)
Grupo 3
Não-diabéticos = 54
(n=103) Diabéticos = 33
(n=68) sem declaração
-3,11 c 0,14 b -0,19 b
açúcar reduzido
0,54 b 0,76 a 0,86 a
livre de açúcar
2,00 a -0,01 b 0,004 b
Declaração sobre açúcar
diet 0,57 b -0,89 c -0,67 c artificial -0,65 b -1,39 c -3,45 c natural 0,26 a 1,14 a 4,17 a
Tipo de edulcorante
combinação 0,39 a 0,25 b -0,72 b 0% -1,61 b -2,53 c -0,68 b 20% 0,60 a 0,70 b 0,40 a Redução calórica 25% 1,01 a 1,83 a 0,28 a
* Valores seguidos por letras iguais numa mesma coluna e dentro de um mesmo atributo indicam que não há diferença estatística entre os valores de acordo com o teste de Tukey (p
≤ 0,05)
132
Para o sucesso de cada produto há diferentes grupos de consumidores com
desejos e necessidades distintas. O entendimento dessas necessidades é necessário
para que os produtos possam ser dirigidos a segmentos de consumidores específicos
(Hughson et al., 2004). Conjoint analysis tem sido muito utilizada por pesquisadores com
o intuito de identificar quais fatores de um produto direcionam o interesse dos
consumidores. Medidas conjoint podem fornecer novos indicativos acerca de
direcionadores de preferência (Beckley et al., 2004).
Estes resultados são importantes porque o não conhecimento dos consumidores em
relação a novas e emergentes tecnologias pode causar um grande impedimento à aceitação
dessas tecnologias. Portanto, a comunicação eficiente em relação aos detalhes da tecnologia
empregada e dos seus benefícios se torna essencial para o sucesso dos produtos. Cardello,
Schutz e Lesher (2007) realizaram conjoint analysis com 225 consumidores potenciais de
alimentos processados com novas e emergentes tecnologias com o objetivo de conhecer os
fatores que contribuem para o interesse em consumir tais produtos. Os participantes
demonstraram os seus interesses em 49 diferentes conceitos de alimentos que variaram no
tipo de alimento, processamento ou tecnologia de produção, custos, benefícios, riscos,
agências de endosso e informações no rótulo. Os resultados mostraram que a importância
dos fatores não variou muito entre os grupos de consumidores. Os riscos percebidos
associados às tecnologias foram os fatores mais importantes a influenciar o interesse no
consumo. Entre as tecnologias emergentes estudadas, irradiação e modificação genética
resultaram no efeito mais negativo na probabilidade de consumo, enquanto que
processamento em alta pressão gerou o efeito mais positivo. O termo “preservação pelo
frio” apresentou associações positivas para todos os grupos, mas “minimamente
processado” apresentou associações negativas.
Deliza, MacFie e Hedderley (2003) relataram resultados de um estudo no qual
embalagens de suco de maracujá criadas no computador foram utilizadas para determinar as
expectativas dos consumidores para um produto não-familiar, levando em consideração as
diferenças individuais e usando imagens das embalagens com seis fatores (cor do fundo,
desenho, informação, marca, idioma e formato). Efeitos significativos foram obtidos para
cada atributo, com cor do fundo e informações sobre o produto sendo os mais importantes.
133
Beckley et al. (2004) estudaram 36 descritores de hambúrgueres em restaurantes, incluindo
características do produto, benefícios, nomes dos restaurantes e reações emocionais que
podem ocorrer após o consumo do hambúrguer. Os modelos que relacionam a
presença/ausência de conceitos à avaliação revelaram que as declarações sobre o
hambúrguer em si foram o fator mais importante, mas que nenhum conceito sozinho foi o
mais importante para todos os participantes. A segmentação dos 145 indivíduos através do
perfil dos seus valores individuais indicou quatro segmentos-chave. Krieger et al. (2003)
apresentaram os resultados das atitudes de consumidores de sopas usando conjoint analysis
pela internet. Os resultados mostram interesse moderado em novos conceitos para todos os
participantes, mas revelam três segmentos. O primeiro grupo responde a ingredientes
nutritivos e funcionais. O segundo responde a embalagem e conveniência. O terceiro
segmento responde a sabor e ingredientes. Luckow et al. (2005) apresentaram os resultados
de uma conjoint analysis com consumidores de iogurte pela internet que identificou
padrões de preferência de declarações nas áreas de informação sobre saúde, comunicações
sobre características sensoriais, benefícios e endossos. Os consumidores de iogurtes foram
classificados em quatro segmentos, baseado nos perfis das suas respostas.
A Tabela 44 mostra as médias de aceitação das amostras entre consumidores não-
diabéticos. Em relação à impressão global, Sac (convencional), Suc e Suc/WPC foram as
amostras com melhor aceitação, seguidas por Nes (sem diferença estatística comparada a
Suc e Suc/WPC), Est e Est/WPC. As aceitações do sabor foram melhores para Sac, Suc e
Suc/WPC, que foram seguidas por Nes (sem diferença estatística em relação à Suc/WPC),
Est e Est/WPC enquanto as aceitações da textura foram maiores para Sac e Nes, seguidas
por Suc que por sua vez foi seguida por Suc/WPC, Est e Est/WPC. Esses dados mostram
que a substituição da sacarose por sucralose e agentes de corpo não afetou as aceitações em
relação à impressão global e sabor, ao passo que a estévia causou diminuição nas médias
destes atributos. Entretanto, a substituição da sacarose por sucralose causou redução na
aceitação da textura. Além disso, a substituição parcial da gordura por WPC causou
diminuição na aceitação da textura.
134
Tabela 44 – Médias* dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos dos Estados Unidos
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência 6,5 a,b 6,5 a 6,3 a,b 6,2 b 6,3 a,b 6,4 a,b Aroma 6,0 a,b 6,0 a 5,4 c 6,0 a,b 5,6 b,c 5,8 a,b,c Sabor 5,3 a 5,3 a 3,4 c 5,0 a,b 3,7 c 4,6 b Textura 5,6 a 5,1 b 3,9 c 4,2 c 4,1 c 5,6 a Impressão global 5,3 a 5,0 a,b 3,5 c 4,9 a,b 4,0 c 4,7 b
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
A Tabela 45 mostra os resultados dos chocolates diet e diet/light entre consumidores
diabéticos. Estes resultados apresentam o mesmo perfil para impressão global e sabor. Suc,
Suc/WPC e Nes foram as amostras mais bem aceitas (sem diferença significativa entre
elas), seguidas por Est e Est/WPC (sem diferença estatística entre elas também). Entretanto,
houve diminuição das aceitações da textura com a substituição parcial da gordura como
pode ser observado comparando-se Suc/WPC e Est/WPC com Suc e Est, respectivamente,
o que confirma os resultados dos consumidores não-diabéticos.
Tabela 45 – Médias* dos atributos da análise de aceitação entre consumidores diabéticos dos Estados Unidos
Amostras Atributos Sac Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
Aparência - 6,9 a 6,2 b 6,8 a 6,3 b 6,7 a Aroma - 6,6 a 5,9 b,c 6,3 a,b 5,8 c 6,4 a Sabor - 6,3 a 4,8 b 5,8 a 4,9 b 5,9 a Textura - 6,4 a 5,3 b 5,6 b 5,1 b 6,3 a Impressão global - 6,3 a 4,9 b 5,8 a 4,7 b 6,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma linha indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Com o crescente aumento no consumo de lipídeos nos últimos tempos, a diminuição
do conteúdo de gordura nos alimentos se tornou uma forte tendência. Chocolate é uma
suspensão de gordura que contém cerca de 30% desta. A redução do conteúdo de gordura
causa um aumento na viscosidade do chocolate e isto leva a dois pontos principais:
dificuldade no processamento e perda de qualidade sensorial no produto final, associada a
baixa propriedade de derretimento, dureza e dificuldade de mastigação (DO et al., 2007).
135
Também foram realizadas comparações dos resultados da aceitação entre
consumidores não-diabéticos e diabéticos para cada amostra (Tabela 46). Estes resultados
confirmam que consumidores diabéticos são mais receptivos a chocolates ao leite diet e
diet/light do que consumidores não-diabéticos. As médias de aceitação foram
significativamente maiores entre diabéticos do que entre não-diabéticos para todas as
amostras em relação à impressão global, sabor e textura, com a única exceção sendo as
aceitações de textura da amostra comercial que não apresentaram diferença estatística entre
não-diabéticos e diabéticos.
Tabela 46 – Médias* dos atributos da análise de aceitação entre consumidores não-diabéticos e diabéticos do Brasil
Amostras Atributos Consumidor Suc Est Suc/WPC Est/WPC Nes
não-diabético 6,5 a 6,2 b 6,3 a 6,3 a 6,4 a Aparência diabético 6,9 a 6,8 a 6,2 a 6,3 a 6,7 a não-diabético 6,0 b 6,0 a 5,4 a 5,6 a 5,8 b
Aroma diabético 6,6 a 6,3 a 5,9 a 5,8 a 6,4 a não-diabético 5,3 b 5,0 b 3,4 b 3,7 b 4,6 b
Sabor diabético 6,3 a 5,8 a 4,8 a 4,9 a 5,9 a não-diabético 5,1 b 4,2 b 3,9 b 4,1 b 5,6 a
Textura diabético 6,4 a 5,6 a 5,3 a 5,1 a 6,3 a não-diabético 5,0 b 4,9 b 3,5 b 4,0 b 4,7 b
Impressão global diabético 6,3 a 5,8 a 4,9 a 4,7 a 6,1 a
* Médias seguidas por letras iguais numa mesma coluna e para um mesmo atributo indicam que não há diferença estatística entre as médias de acordo com o teste de Tukey (p ≤ 0,05)
Mahar e Duizer (2007) estudaram se respostas hedônicas para edulcorantes em
amostras de suco de laranja são afetadas pela quantidade de bebida adoçada normalmente
consumida por um indivíduo. Quanto mais freqüente é o consumo de uma bebida adoçada,
maior é a aceitação do gosto doce em suco de laranja. E o oposto também acontece, quanto
menor o consumo de bebida adoçada, menor é a aceitação do gosto doce. O tipo de
edulcorante consumido, se na forma de bebida adoçada com edulcorante artificial ou
natural, provavelmente não afeta a aceitação da doçura em suco de laranja. Portanto, não é
o tipo de edulcorante consumido na bebida e sim a quantidade de edulcorante que aumenta
a aceitação e preferência por gosto doce. Enneking, Neumann e Hennenberg (2007)
avaliaram simultaneamente atributos intrínsecos e extrínsecos de produtos através de
choice-based conjoint analysis. Os produtos testados foram alternados sistematicamente
136
através de opções de compra em relação ao sistema adoçante, redução calórica no rótulo,
preço e marca. Os principais resultados mostraram que as preferências dos consumidores
por sistemas adoçantes são altamente dependentes da informação da marca. Simulações de
partição de mercado baseadas nos resultados revelaram preferência por açúcar em relação a
sistemas adoçantes. Este trabalho com chocolates ao leite diet e diet/light mostrou que estes
podem ser produzidos com qualidade sensorial similar aos chocolates convencionais.
Os resultados previstos na conjoint analysis através da partição de preferência e da
probabilidade de compra não foram confirmados pelo teste de aceitação. A partição de
preferência e a probabilidade de compra indicaram que a melhor combinação seria
declaração “livre de açúcar”, edulcorante natural e 25% de redução calórica. Entretanto, as
amostras desenvolvidas com o edulcorante natural estévia não estavam entre as mais bem
aceitas. Isto pode ser devido às características de amargor atribuídas à estévia em vários
trabalhos. Cardello, Da Silva e Damásio (1999) relataram que provadores observaram que o
extrato de folhas de estévia apresentou maior gosto amargo residual em concentrações mais
elevadas, quase que encobrindo o gosto doce. Resultado semelhante foi encontrado no
presente trabalho com chocolates ao leite diet e diet/light que mostrou um maior aumento
nos atributos amargor e residual amargo quando os chocolates foram produzidos com
estévia ao invés de sucralose, comparados aos chocolates ao leite convencionais. Outros
estudos indicaram que os resultados podem ser diferentes entre conjoint analysis usando
produtos-conceito e testes de aceitação. Cheng, Clarke e Heymann (1990), ao estudar
steaks de carne, relataram que a conjoint analysis indicou que a informação nutricional,
preço e marca influenciaram (p ≤ 0,05) as respostas quando os produtos não foram
apresentados. Além disso, o estudo revelou mudanças dramáticas nos fatores estudados
quando produtos reais estão disponíveis para os consumidores. Mais claramente, as
características visuais dos produtos fazem com que os consumidores ignorem
características de mercado, como informação nutricional, quando o produto está disponível
para inspeção.
137
6. CONCLUSÃO
Com os resultados obtidos, é possível concluir que:
• Foi possível produzir chocolates ao leite diet e diet/light com sucralose e estévia
como substitutos da sacarose e WPC como substituto parcial de gordura com curvas
tempo-intensidade do gosto doce similares à curva tempo-intensidade do chocolate
ao leite convencional de melhor aceitação dentre os testados (43% de sacarose);
• Houve poucas alterações nos chocolates desenvolvidos em relação ao chocolate
convencional. As principais características dos perfis sensorias das amostras foram:
1) a amostra de chocolate ao leite convencional adoçada com sacarose caracteriza-
se mais pelos atributos aroma doce e doçura; 2) as amostras adoçadas com sucralose
Suc e Suc/WPC são caracterizadas, principalmente, pelo atributo sabor de leite em
pó (aumentado pelos agentes de corpo lactitol/polidextrose e pelo substituto de
gordura WPC); e 3) as amostras com estévia se caracterizam pelos atributos
amargor e residual amargo. A amostra comercial foi caracterizada por aroma de
manteiga de cacau e derretimento na boca;
• Os estudos de tempo de estocagem a 20 °C demonstraram que a maioria dos
atributos sensoriais das amostras não foi significativamente alterada até o término
do estudo aos 9 meses;
• A comparação das equipes de provadores do Brasil e dos Estados Unidos mostrou
que equipes de provadores altamente treinadas usando terminologia padronizada e
representativa podem fornecer resultados similares;
• As amostras convencional e Nestlé® apresentaram as maiores aceitações entre
consumidores não-diabéticos, seguidas por sucralose, sucralose/WPC e estévia, e
estas seguidas por estévia/WPC. As alterações observadas nos perfis sensoriais não
foram suficientes para provocar mudança na aceitação das amostras durante o
período de estocagem, o que garante uma vida-de-prateleira efetiva de pelo menos 9
meses;
138
• Análise de cluster dividiu os consumidores em dois grupos, um com 30 pessoas e o
outro com 86. As médias de aceitação das amostras Sac e Nes para o grupo 2 foram
significativamente maiores. Para o grupo 1, não houve diferença entre as médias de
aceitação das amostras Sac, Suc e Suc/WPC;
• As amostras produzidas com sucralose (diet e diet/light) são tão bem aceitas quanto
à amostra comercial (diet) entre consumidores diabéticos. Todos os chocolates
desenvolvidos (diet e diet/light, com sucralose ou estévia) apresentaram médias de
aceitação maiores entre diabéticos do que entre não-diabéticos;
• Os consumidores se dividiram principalmente para a amostra convencional e para a
amostra diet da Nestlé®. A doçura foi o atributo mais importante para o primeiro
grupo enquanto os atributos derretimento na boca e aroma de manteiga de cacau
foram mais importantes para o segundo grupo. Estas tendências se mantiveram até o
fim do estudo de tempo de estocagem aos 9 meses;
• Para consumidores dos Estados Unidos, o atributo declaração sobre açúcar é mais
importante para diabéticos do que para não-diabéticos enquanto que o tipo de
edulcorante e a redução calórica têm a mesma importância para ambos os grupos.
As declarações “açúcar reduzido” e “livre de açúcar” foram as mais aceitas pelos
diabéticos. Entre não diabéticos, “açúcar reduzido” foi a declaração de açúcar mais
aceita. Não-diabéticos aceitam mais a declaração “livre de açúcar” do que a
declaração “diet”;
• Ambos os grupos de consumidores não-diabéticos e diabéticos aceitaram mais o
edulcorante natural. Não-diabéticos e diabéticos aceitaram mais a redução calórica
de 25%;
• A partição de preferência e a probabilidade de compra mostram que teoricamente
um chocolate com declaração “livre de açúcar”, edulcorante natural e 25% de
redução calórica seria a melhor combinação;
139
• Os consumidores dos Estados Unidos foram divididos em três grupos, sendo que o
grupo 1 se assemelha mais aos diabéticos em geral, e os grupos 2 e 3, aos não-
diabéticos. A principal diferença entre os grupos 2 e 3 está no fato de o grupo 2 ser
mais atento ao consumo de calorias;
• Sac (convencional), Suc e Suc/WPC foram as amostras com melhor aceitação entre
não-diabéticos e Suc, Suc/WPC e Nes, entre diabéticos. Os consumidores diabéticos
são mais receptivos a chocolates ao leite diet e diet/light do que consumidores não-
diabéticos. Os resultados previstos na conjoint analysis através da partição de
preferência e da probabilidade de compra não foram confirmados pelo teste de
aceitação.
140
141
REFERÊNCIAS
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WIET, S. G.; KETELSEN, S. M.; DAVIS, T. R.; BEYTS, P. Fat concentration affects
sweetness and sensory profiles of sucrose, sucralose, and aspartame. Journal of
Food Science, v. 58, n. 3, p. 599-666, 1993.
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APÊNDICE
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157
APÊNDICE A
Ficha utilizada na análise de aceitação para determinação da doçura ideal
Nome: __________________________________ Idade: ____ Data: ________ Amostra: ______ 1. Por favor, OBSERVE a amostra de chocolate ao leite e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou desgostou da APARÊNCIA.
desgostei muitíssimo gostei muitíssimo
2. Por favor, CHEIRE a amostra de chocolate ao leite e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou desgostou do AROMA.
desgostei muitíssimo gostei muitíssimo
3. Por favor, PROVE a amostra de chocolate ao leite e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou desgostou do SABOR.
desgostei muitíssimo gostei muitíssimo
4. Por favor, avalie a amostra de chocolate ao leite em relação à IMPRESSÃO GLOBAL e indique na escala abaixo o quanto você gostou ou desgostou.
desgostei muitíssimo gostei muitíssimo
5. Avalie a doçura da amostra e indique, utilizando a escala abaixo, o quão próxima do ideal encontra-se esta doçura. ( ) extremamente menos doce do que o ideal ( ) muito menos doce do que o ideal ( ) moderadamente menos doce do que o ideal ( ) ligeiramente menos doce do que o ideal ( ) ideal ( ) ligeiramente mais doce do que o ideal ( ) moderadamente mais doce do que o ideal ( ) muito mais doce do que o ideal ( ) extremamente mais doce do que o ideal
6. Se a amostra estivesse à venda, qual seria sua atitude? ( ) certamente não compraria ( ) provavelmente não compraria ( ) tenho dúvida se compraria ou não ( ) provavelmente compraria ( ) certamente compraria
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APÊNDICE B
Ficha utilizada para o levantamento de atributos na ADQ
Nome: _____________________________________________________ Data: ________
Por favor, compare a APARÊNCIA das amostras de chocolate ao leite e descreva abaixo em que elas são similares e diferentes. A seguir, repita o mesmo procedimento em relação ao AROMA, SABOR E TEXTURA das amostras.
SIMILARIDADES DIFERENÇAS 1. APARÊNCIA
2. AROMA
3. SABOR
4. TEXTURA
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APÊNDICE C
Ficha utilizada na ADQ
Nome:_____________________________________________________ Data: _________
Amostra: ______ Aparência: Cor marrom:
Fraca Forte Brilho:
Fraco Forte Aroma: Cacau:
Fraco Forte Leite em pó:
Nenhum Forte Manteiga de cacau:
Nenhum Forte Doce:
Fraco Forte
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Sabor: Doçura:
Fraca Forte Residual doce:
Nenhum Forte Amargor:
Fraco Forte Residual amargo:
Nenhum Forte
Cacau:
Fraco Forte Leite em pó:
Nenhum Forte
Textura: Dureza:
Fraca Forte Derretimento na boca:
Fraco Forte
Arenosidade:
Nenhuma Forte Adesividade:
Nenhuma Forte
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APÊNDICE D
Ficha utilizada para análise de aceitação e mapa de preferência interno
Nome: __________________________________ Idade: ____ Data: ________ Amostra: ______
Por favor, prove as amostras codificadas de chocolate ao leite e use as escalas para indicar o quanto você gostou ou desgostou, em relação aos atributos APARÊNCIA, AROMA, SABOR, TEXTURA E IMPRESSÃO GLOBAL. APARÊNCIA AROMA
SABOR
TEXTURA IMPRESSÃO GLOBAL
desgostei muitíssimo gostei muitíssimo