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BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM DESPORTO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO HUMANO (ISSN 1647-3280) EDITORES - JAIME SAMPAIO; MÁRIO MARQUES; ANTÓNIO SILVA JULHO-SETEMBRO DE 2010 VOLUME 2, NÚMERO 5 PERFORMANCE DESPORTIVA Neste número: Planear datas de nasci- mento... 2 Resistência Aeróbia no Ténis. 3 Modalidades de Ginásti- ca de Competição. 4 Velocidade e frequência gestual crítica após 12 semanas de treino em natação. 6 Performance em Nadadores de Ranking Mundial. 7 Performance no jogo de Voleibol. 8 John Robert Wooden (14 Outubro 1910 – 4 Junho 2010) foi um dos maiores treinadores de sempre, deixa um legado profissional e pessoal de grande importância, que está disponível em diversos livros da sua própria autoria e agora num resumo final intitulado: The Wisdom of Wooden: My Century On and Off the Court”. Entre dezenas de tópicos de interesse, ficam de forma mais vincada, a definição de sucesso (é a paz de espírito que é resultado directo da satisfação própria em saber que você fez o melhor que pôde para se tornar o melhor que você é capaz de se tornar), a pirâmide do sucesso (ver figura acima) e a distinção entre carácter e reputação (o seu carácter é o que você realmente é, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que você é). Referem os seus jogadores, que ele se preocupava mais em ensinar sobre a vida e as pessoas, e menos sobre o basquetebol, relembrando-os constantemente que apenas se tornariam bons jogadores assim que se tornassem boas pessoas. É esta provavelmente uma das razões pela qual a sua obra é admirada em várias àreas das ciências sociais e que influênciou a vida de tantas pessoas. Mais do que o discurso, ficou também o exemplo de um Homem que considerava que não podia viver um dia perfeito sem fazer algo por alguém que provavelmente nunca lho poderia retribuir. Os Editores, Editorial

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BOLETIM TÉCNICO-CIENTÍFICO PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO EM DESPORTO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO HUMANO (ISSN 1647-3280) EDITORES - JAIME SAMPAIO; MÁRIO MARQUES; ANTÓNIO SILVA

JULHO-SETEMBRO DE 2010 VOLUME 2, NÚMERO 5

PERFORMANCE DESPORTIVA

Neste número:

Planear datas de nasci-mento...

2

Resistência Aeróbia no Ténis.

3

Modalidades de Ginásti-ca de Competição.

4

Velocidade e frequência gestual crítica após 12 semanas de treino em natação.

6

Performance em Nadadores de Ranking Mundial.

7

Performance no jogo de Voleibol.

8

John Robert Wooden (14 Outubro 1910 – 4 Junho 2010) foi um dos maiores treinadores de sempre, deixa um legado profissional e pessoal de grande importância, que está disponível em diversos livros da sua própria autoria e agora num resumo final intitulado: “The Wisdom of Wooden: My Century On and Off the Court”. Entre dezenas de tópicos de interesse, ficam de forma mais vincada, a definição de sucesso (é a paz de espírito que é resultado directo da satisfação própria em saber que você fez o melhor que pôde para se tornar o melhor que você é capaz de se tornar), a pirâmide do sucesso (ver figura acima) e a distinção entre carácter e reputação (o seu carácter é o que você realmente é, enquanto a reputação é apenas o que os outros pensam que você é).

Referem os seus jogadores, que ele se preocupava mais em ensinar sobre a vida e as pessoas, e menos sobre o basquetebol, relembrando-os constantemente que apenas se tornariam bons jogadores assim que se tornassem boas pessoas. É esta provavelmente uma das razões pela qual a sua obra é admirada em várias àreas das ciências sociais e que influênciou a vida de tantas pessoas.

Mais do que o discurso, ficou também o exemplo de um Homem que considerava que não podia viver um dia perfeito sem fazer algo por alguém que provavelmente nunca lho poderia retribuir.

Os Editores,

Editorial

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PERFORMANCE DESPORTIVA

A investigação científica tem revelado consistentemente que os desportistas de alto-nível tendem a nascer nos primeiros trimestres do ano (efeito da idade relativa). Considerando que habitualmente no desporto de formação se organizam os escalões competitivos em períodos de 24 meses, por exemplo, enquadram-se no mesmo escalão competitivo, jovens de 14 e 15 anos de idade. Contudo, estes procedimentos não pesam devidamente os quase dois anos de diferença na maturação destes desportistas e naturalmente podem criar grandes diferenças nas oportunidades para aprendizagem, desenvolvimento e sucesso. Foi feito um estudo em que se analisou a distribuição das datas de nascimento dos 18.132 desportistas que participaram dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) em função do continente de nascimento e do tipo de desporto. Os resultados revelaram distribuição muito similar entre os desportistas masculinos e femininos. O efeito da idade relativa foi mais claro nos desportistas europeus e asiáticos do sexo masculino, particularmente nos desportos de alvo, desportos individuais e de invasão. Também nos sujeitos femininos se detectou este efeito, particularmente nas desportistas europeias e asiáticas, em desportos de rede/parede, desportos de combate de invasão, enquanto que nos desportos individuais revelaram maior predisposição para o nascimento nos ultimos dois trimestres. Os macro e micro constrangimentos ambientais, como por exemplo, as políticas desportivas nacionais e as estratégias de selecção dos desportistas para os clubes devem considerar este efeito nos programas de formação desportiva a longo prazo.

Referencia:

Leite, N.; Duarte, R. & Sampaio, J. (2010) Examining the relative age effects across continents and types of sports in Beijing Olympic athletes (em revisão).

Planear datas de nascimento...

Jaime Sampaio1,2 [email protected]

Nuno Leite1,2 [email protected]

1. CIDESD 2. Laboratório de Jogos Desportivos Colectivos, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real. 3. Laboratório de Perícia no Desporto, Faculdade de Motricidade Humana, UTL.

Figura 1. Proximidade entre trimestres de nascimento e tipos de desportos para desportistas masculinos (em cima) e femininos (em baixo).

Ricardo Duarte3 [email protected]

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O Ténis, embora esteja associado à realização de esforços de curta dura-ção e de alta intensidade, a condição física do tenista durante a competição depende, em grande parte, da maior ou menor capacidade de recuperação entre os diferentes esforços. Assim, a recuperação está fortemente de-pendente da rápida restauração ener-gética, logo de uma eficiente resistên-cia aeróbia.

Também aqui devemos aplicar e diferenciar os conceitos de potência e de capacidade aeróbia. O primeiro representa a capacidade máxima de consumo de oxigénio, aquilo a que costumamos denominar de VO2 máxi-mo. Por outro lado, a capacidade ae-róbia traduz as possibilidades do or-ganismo realizar esforços rela-tivamente prolongados, utilizando preferencialmente o oxigénio como via de produção energética.

Relativamente aos sistemas de treino da resistência aeróbia, existem basicamente dois pro-cessos para o seu aumento: os contínuos (são realizados sem pausas intermédias) e os inter-valados (com recuperação in-completa entre séries).

No Quadro 1 (proposta de treino) apresentam-se os valores de intensidade, repetição, séries e pausas, as-sim como o tipo e a duração média dos exercícios para os dois sistemas de treino anteri-ormente descritos.

Bibliografia

Marques, M.C. 2002. O tra-balho de resistência no ténis de alto rendimento. Horizonte. 18(103): 13-20.

A Importância da Resistência Aeróbia no Ténis.

Mário Marques 1,2

[email protected]

1 Universidade da Beira Interior, Covilhã.

2. CIDESD

http://jssf.net/wcsf2011/home.html

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Tendo por base a conferência do Professor Keith Russell no passado mês de Outubro de 2009 por ocasião do Congresso “Sciences for Gymnastics and Acrobatic Activities”, o actual presidente da comissão científica da Federação Internacional de Ginástica afirmou categoricamente a necessidade de mudança em diversos procedimentos da prática das diversas modalidades da Ginástica actual, sejam métodos de treino, regras de competição, entre outros.

Como ponto de partida foram apresentados alguns exemplos ilustrativos do significado benéfico que a prática das modalidades gímnicas detinha algumas décadas atrás, saúde e bem-estar, músculos bem tonificados e flexíveis, capacidade superior de destreza, ritmo, elegância e harmonia dos movimentos, etc. Esses efeitos positivos reflectiam-se através das imagens de beleza que a Ginástica proporcionava, através da literatura científica, médica ou outras, as quais transbordavam de elogios relativos à prática das actividades gímnicas.

Contrastam com a realidade acima descrita alguns exageros que se cometem actualmente, na procura da vitória no mundo da competição que, também porque as regras permitem, levam à procura de amplitudes articulares extremas, níveis de complexidade acima do que é compreensível por quem assiste, enfim, situações que estão na base de métodos muito criticados e por vezes

efectivamente penosos para os praticantes. A título de exemplo, Keith Russell questiona: é perceptível para o público a diferença entre uma dupla pirueta e meia ou tripla e meia no Solo? Como resposta propõe que muitas vezes nem os juízes as diferenciam, quanto mais o público. É perceptível para o público a execução de um Endo nas Paralelas ou Barra com a pega palmar ou cubital? Não. Acontece que alguns elementos, cuja dificuldade e/ou complexidade não é sequer perceptível pelo público, obrigam a um acentuado aumento das cargas de treino, as quais levam aos referidos exageros que assombram algumas práticas gímnicas actuais.

É preciso mudar, concluiu Keith Russell. Com o objectivo claro de orientar e fiscalizar a formação dos técnicos que preparam ginastas para a competição, com o objectivo de combater os abusos ou exageros acima referidos, a Federação Internacional de Ginástica iniciou em 2002 (tendo efectuado uma actividade teste em 1999) um programa de formação de treinadores a que chamou “FIG Coaches Academy” e que é o ponto culminante de um vasto programa mundial de educação para treinadores nas seis disciplinas FIG, nomeadamente, Ginástica Artística Masculina (GAM), Ginástica Artística Feminina (GAF), Ginástica Rítmica (GR), Trampolim (Tr), Ginástica Acrobática (Acro) e Ginástica Aeróbica (GA).

Este programa começou a ser construído com base no programa de Desenvolvimento por Idades (FIG Age Group Development Program), o qual efectuou uma revisão abrangente e mundial da literatura das ciências relacionadas com o desporto para o crescimento e as características de desenvolvimento

Mudanças necessárias na prática das modalidades de Ginástica de Competição.

PÁGINA 4

PERFORMANCE DESPORTIVA

José Ferreirinha

CIDESD Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila

Real.

[email protected]

Paulo Barata Director Técnico Nacional

– Formação Director da Escola

Nacional de Ginástica – FGP

[email protected]

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da criança, desde o nascimento até a idade adulta. Tendo sido completado e validado por equipas de especialistas de todo o mundo para identificar uma série de informações essenciais para a organização técnica e desportiva de cada uma das disciplinas FIG, nomeadamente: Height, weight and body shape profiles.altura, peso e forma do corpo (perfis); Discipline specific technical development stages. estágios de desenvolvimento de cada disciplina técnica específica; Physical ability profiles and Physical ability tests across development stages. perfis de capacidade física e exames de aptidão física ao longo dos estágios de desenvolvimento; Sport specific skill development, acquisition, and perfection profi desenvolvimento desportivo das habilidades específicas, aquisição e perfis de perfeição; Training volume and intensity profiles and recommendations. volume e intensidade de treino e recomendações por faixa etária; Competition structure recommendations for Age Group gymnasts. estrutura de competição adequada para cada grupo de idade; Competition routine content recommendations for Age Group gymnasts. recomendações para os de conteúdo dos esquemas de competição para cada grupo de idades, e;Recommendations for content and structuring of “universal” Codes of Points. recomendações para a estruturação do conteúdo dos Códigos de Pontuação "universais".

As Academias FIG foram completadas com a pré-Academia “Foundations of Gymnastics” da

responsabilidade do Comité Técnico da Ginástica para Todos (GpT), como um substituto para os cursos de instrutores de ginástica geral, realizados anteriormente.

Para melhor compreensão da complexidade da estrutura de competição das disciplinas gímnicas, é necessário dizer que se organizam em 39 tipos de competição diferentes, entre aparelhos e tipologia de participação (Individuais, Pares, Pares Mistos, Trios, Grupos e Sincronizados. Para responder a esta complexidade de exigências competitivas e de níveis de qualidade de treino, as Academias organizam-se em 3 níveis, tendo sido efectuadas até Maio de 2010, 46 academias de GAM/F, 11 de GA, 8 de GR, 6 de Tr., 6 de GpT e 2 de Acro.. Até ao fim de 2010 estão previstas mais 25 academias em todas as disciplinas, níveis e continentes.

As 79 academias organizadas tiveram as seguinte distribuições:

Temporal, em 2002 (1), 2003(3), 2004 (4), 2005 (8), 2006 (8), 2007 (13), 2008 (18), 2009 (19) e em 2010 (5 já realizadas e 30 previstas).

Geográfica, em África (18), América (15), Ásia (16), Oceânia(1) e Europa (29). Dos 1303 treinadores formados, 374 são Europeus e especificamente, 47 são Portugueses, apresentando as seguintes distribuições. GR (11), Acro. (8), GA (7), GAF (6), GAM (4) e GpT (2), dos quais 23 de Nível 1, 11 de Nível 2, 11

de Nível 3 e 2 de GpT. Neste conjunto de treinadores, Portugal tem 5 Treinadores/Formadores no conjunto de 131 mundiais, distribuídos por 2 na GAM (Pedro Almeida e Manuel Costa), 2 na GpT (Rogério Valério e Paulo Barata) e 1 na GR (Eunice Lebre).

Portugal já organizou e vai organizar até ao fim de 2010, 10 Academias, das quais 5 em 2009. Distribuídas da seguinte forma: GAM/F (2), GR (2), GA (2), Tr. (1) e Acro. (3).

Mudanças necessárias na prática das modalidades de Ginástica de Competição (cont.).

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A velocidade crítica foi definida como a velocidade máxima que pode ser mantida durante um longo período de tempo, sem exaustão. Para além do conceito de velocidade crítica, que tem sido utilizado com alguma regularidade pelos treinadores de natação como forma de determinar a intensidade da capacidade aeróbia dos nadadores, foi sugerida a hipótese da existência de uma frequência gestual teórica que poderia ser mantida sem exaustão durante um longo período de tempo, definido como a frequência gestual crítica. Parece também ser indicado que a velocidade crítica e a frequência gestual crítica estão associados com a performance aeróbia. Todavia, estas duas variáveis nem sempre se encontram ligadas durante o treino. Neste aspecto,

não é claro que a melhoria da capacidade aeróbia (i.e. velocidade crítica) esteja dependente de melhorias energéticas e/ou mecânicas (eficiência técnica). Neste sentido, o objectivo do presente trabalho foi analisar a evolução da velocidade crítica e da frequência gestual crítica após doze semanas de treino em nadadores jovens. Catorze nadadores infantis do sexo masculino participaram neste estudo. As avaliações decorreram em dois diferentes momentos. O primeiro decorreu no início da época desportiva e o segundo após doze semanas de treino. Para cada sujeito, a velocidade crítica e a frequência gestual crítica foram determinadas nos dois momentos. Os principais resultados mostraram que a velocidade crítica

aumentou, enquanto a frequência gestual crítica diminuiu entre as duas avaliações. Estes dados parecem sugerir que a habilidade técnica foi melhorada após as doze semanas de treino. Os nadadores foram capazes de nadar com a mesma intensidade fisiológica com uma velocidade superior e com menor frequência gestual. Esta informação pode permitir auxiliar os treinadores de natação a monitorizarem o processo de treino, não necessitando de instrumentos de avaliação com elevados custos.

Referência

Marinho, M.A. et al. (2010). Swimming performance changes in young swimmers: a case study. Journal of Sports Science and Medicine 8(Suppl 11), 138-139.

A evolução da velocidade e da frequência gestual crítica após 12 semanas de treino em natação.

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PERFORMANCE DESPORTIVA

1 Universidade da Beira Interior, Covilhã.

2. CIDESD

Daniel A. Marinho1,2

Mário Marques 1,2

[email protected]

Marta Marinho1

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VOLUME 2, NÚMERO 3

A natação pura desportiva

é uma modalidade cíclica

onde o alcançar da máxima

p e r f o r m a n c e é o

derradeiro objectivo. Mais

ainda, o número de

pesquisas de âmbito

longitudinal em natação é

bastante reduzido. A

abordagem longitudinal da

performance apresenta-se

importante por: (i) permitir

descrever e estimar a

progressão e variabilidade

da performance entre

competições; (ii) encontrar

ponto s cronológi cos

determinantes na predição

da performance ao longo

da carreira e; (iii)

d e t e r m i n a r a

probabilidade de atingir

finais ou medalhas em

competições importantes.

Foram analisados um total

d e 4 7 7 n a d a d o r e s

masculinos pertencentes

ao top-150 FINA (época

2007-2008) e 2385 tempos

oficiais. A performance foi

analisada ao longo de 5

épocas consecutivas, entre

os Jogos Olímpicos de

Atenas 2004 (época

2003/2004) e Pequim 2008

(época 2007/2008) com

recurso ao melhor tempo

nas provas de Livres

pertencentes ao calendário

Olímpico (50-m, 100-m, 200

-m, 400-m e 1500-m). A

interpretação longitudinal

da estabilidade e mudança

na performance foi

efectuada com base em

duas abordagens: (i)

estabilidade das médias e;

ii) estabilidade normativa.

A p e r f o r m a n c e d e

nadadores de ranking

mundial em todas as provas

sofreu uma acentuada

melhoria durante o período

entre os Jogos Olímpicos

de Atenas 2004 e Pequim

2008. A estabilidade e

predição da performance

f i n a l b a s e a d a s n o

rendimento ao longo de

todo o ciclo Olímpico foram

moderadas. Contudo,

quanto mais restritos foram

os intervalos de análise, a

estabilidade e capacidade

preditiva da performance

aumentou a partir da

terceira época do ciclo

Olímpico.

Este facto sugere a

necessidade de os nadadores

d e r a n k i n g m u n d i a l

necessitarem de estar perto

do seu pico de forma na

terceira época do ciclo

O l í m p i c o . C o m o t a l ,

treinadores deverão atentar

p a r a o d e s e n h o e

periodização do treino

sempre baseado numa ideia

a “longo prazo”, tomando a

terceira época do ciclo

Olímpico como um marco

fundamental para a obtenção

de elevadas performances.

Neste ponto, a estabilidade e

a capacidade de predição da

per formance em ano

Olímpico aumenta de forma

acentuada.

Referência

Costa MJ, Marinho DA, Reis

VM, Silva AJ, Marques MC,

Bragada JA, Barbosa TM.

( 2 0 1 0 ) T r a c k i n g t h e

performance of world-ranked

swimmers. Journal of Sports

Science and Medicine

(submetido).

Análise Longitudinal da Performance em Nadadores de Ranking Mundial.

1 Departamento de Desporto, Instituto P o l i t é c n i c o d e Bragança

2. CIDESD

3. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.

Mário Costa1,2

[email protected]

António J. Silva2,3

[email protected]

Tiago Barbosa1,2

[email protected]

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PERFORMANCE DESPORTIVA

Apesar do Voleibol estar condicionado por regras específicas, o desenrolar do marcador não reflecte apenas a prestação dos jogadores, uma vez que é possível que em determinado momento seja altera-do, devido a efeitos e interacções externas. Por exemplo, no decorrer de uma competição, os treinadores conscientes da possibilidade de influ-enciar positiva ou negativamente a performance das equipas, interrompem o jogo através de substi-tuições e descontos de tempo. Todavia, existem outras acções mais directamente relacionadas com a performance dos jogadores que também podem contribuir significativamente para o resultado do jogo (vitória/derrota).

Alguns estudos referem a possível ocorrência de momentos mais importantes durante uma determi-nada fase do set (entre os 15/16 e os 19/21 pontos). Os treinadores conferem importância distinta ao fluxo do set/jogo, destacando a divisão do set/jogo em momentos diferenciados (momento do set, mo-mento do jogo), em função do resultado. Outros autores ainda estudaram a importância das es-tatísticas dos procedimentos de jogo como discri-minantes do resultado, com incidência no ataque, serviço e bloco (Marcelino et al., 2008). Ou seja, a questão de fundo parece, à partida, residir na local-ização dos momentos mais importantes e na identi-ficação das variáveis que mais contribuem para ter sucesso nesses momentos.

Assim, parece evidente que deste problema emergem dois aspectos importantes, um direc-tamente relacionado com a dimensão temporal do jogo (evolução do jogo) e outro com a prestação dos jogadores, que poderá ser avaliada no Voleibol através do efeito do desempenho dos procedimen-tos de jogo no resultado final. A importância de se estudar o tipo de set deve-se ao facto de estes con-stituírem micro-jogos independentes, os quais po-dem ter um poder preditor distinto sobre o re-sultado na competição. É essencial particularizar a localização do set no jogo, em referência a ser um momento de adaptação inicial ao jogo (pelo set inicial), um momento de continuidade, onde a situ-ação para cada uma das equipas pode ser favorá-vel, equilibrada ou desfavorável (pelos sets inter-médios) e, ainda, o momento em que definitiva-

mente se decide o jogo (pelo set final).

Os resultados conduzem-nos a uma discussão com especial incidência nos procedimentos de jogo. Nu-ma primeira análise, sendo o momento inicial do jogo (primeiro set) uma ocasião de conhecimento mútuo das equipas, os treinadores e respectivos jogadores tentam descodificar os aspectos débeis da equipa opositora, ou seja, realizam adaptações necessárias entre as equipas. Neste sentido, verifi-camos que, para não se perder o jogo, é necessário no 1º set, obter o maior número de pontos, usufruir dos erros do adversário e falhar o menos possível no serviço.

Num segundo momento do jogo (sets intermédios) as equipas já vão conhecendo a forma de jogar uma da outra. Todavia, não sendo o momento decisivo que determina o resultado do jogo, as equipas vão ainda adaptando as suas estratégias ao adversário no sentido de obter condições favoráveis para o set final.

O set final, por ser considerado o set das grandes decisões, assume extrema importância. Neste senti-do, podemos dizer que à medida que o jogo se aproxima do seu final, emergem mais variáveis que diferenciam as equipas quanto ao resultado (vitória/derrota). Sugerem os estudos que os treinadores devem dar particular atenção ao treino da recepção e criar dificuldades ao adversário através de maior diversidade ofensiva. Por outro lado, incidir as es-tratégias numa boa organização do bloco. Por últi-mo, referir que nos jogos equilibrados, um serviço eficaz diferencia significativamente as equipas que ganham das equipas que perdem.

Referências

João P. V. (2008). Análise do Jogo de Voleibol de alto-nível. Dissertação de Doutoramento, UTAD, Vila Real.

Marcelino, R., Mesquita, I., & Afonso, J. (2008). The weight of terminal actions in Volleyball. Contribu-tions of the spike, serve and block for the teams’ rankings in the World League’2005. International Journal of Performance Analysis in Sport, 8 (2), 1-7.

Performance no jogo de Voleibol.

Jaime Sampaio1,2

Paulo Vicente João1,2

[email protected]

1. CIDESD 2. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Dou-

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VOLUME 2, NÚMERO 5

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Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano Edifício CIFOP – Rua Dr. Manuel Cardona

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Telefone: 259 330 155 Fax: 259 330 168

O Boletim técnico-científico Performance Desportiva é um boletim técnico-científico que tem o ob-jectivo de publicar material que combine os resultados provenientes do conhecimento científico mais actual com as aplicações práticas e o conhecimento profissional. Pretende divulgar informação e produzir conhecimento em três linhas de investigação prioritárias: 1) Determinantes genéticos, biomecânicos e fisiologicos da performance, através do desenvolvimento de modelos descritores e preditivos do movimento humano e a sua relação com a performance desportiva; 2) Análise da per-formance desportiva, através da observação, tratamento e interpretação de registos de performance desportiva estáticos e dinâmicos; 3) Análise da performance motora, através da avaliação e controlo das performances motoras. O âmbito de aplicação destas linhas é durante ou após o processo de treino ou competição desportivas e centra-se nos desportistas, nos treinadores e nos juízes, mascu-linos e femininos, envolvidos no desporto de formação e no desporto de alto-rendimento.

PERFORMANCE DESPORTIVA

Doutoramento

Ciências do Desporto — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Mestrado

Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Avaliação nas Actividades Físicas e Desportivas — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Ciências do Desporto — Universidade da Beira Interior

Licenciatura

Ciências do Desporto. Ramos: Desportos Individuais; Jogos Desportivos Colectivos — Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Licenciatura em Desporto — Instituto Politécnico de Bragança

Cursos de Especialização Tecnológica

Treino Desportivo do Jovem Atleta — Instituto Politécnico de Bragança

Formação técnica e científica no âmbito da Performance Desportiva

Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano

MAIS INFORMAÇÕES! HTTP://CIDESD.ORG/

Conselho Editorial

António Jaime Eira Sampaio; Antonio Jose Rocha Martins da Silva; António Manuel Vitória Vences de Brito; Carlos Manuel Marques da Silva; Carlos Manuel Pereira Carvalho; Jorge Manuel Gomes Campaniço; José Augusto Afonso Bragada; José Carlos Gomes de Carvalho Leitão; José Eduardo Fernandes Ferreirinha; Luís Miguel Teixeira Vaz; Mário António Cardoso Marques; Nuno Miguel Correia Leite; Paulo Alexandre Vicente João; Tiago Manuel Cabral dos Santos Barbosa; Victor Manuel de Oliveira Maçãs

Contribuições para o Boletim...

O Performance Desportiva é um boletim sujeito a revisão científica e técnica, mas é aberto e encoraja-se à participação de todos os interessados nesta àrea do conhecimento. Os artigos a submeter deverão ter entre 1000-1500 palavras, podendo também conter quadros e/ou figuras (até o máximo de 2).