Persona que soma

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RAMIRO RIBEIRO REPÓRTER Era janeiro de 2008. Em entrevista à Gazeta, a cantora e compositora Cris Braun dava pistas de seu novo disco, que começava a ser gestado. Agora, Fá- bula vê a luz do dia. É o terceiro álbum em 15 anos de carreira solo da gaúcha que passou a adolescência em Maceió, para onde vol- tou de vez em 2005. Mol- dado em etapas, bem aos poucos, o CD que sucede Cuidado com Pessoas como Eu, de 1997, e Atemporal, de 2004, reflete a mudan- ça de marcha da artista, que iniciou seu caminhar em terras cariocas, ao lado da banda Sex Beatles. Em Fábula , o caráter colaborativo que Cris Braun buscou imprimir às gravações, realizadas na ponte aérea Rio-Maceió, é ressaltado não apenas pe- la quantidade de camadas sonoras verificadas em ca- da faixa, mas também pe- lo número de convidados presentes no registro. “Achei legal juntar a galera que está na minha vida ontem, hoje e sempre. Acho que essa era a única diretriz. Queria juntar meus dois universos, mi- nhas duas cidades”, obser- va. Da turma das antigas, da cena carioca dos anos 1980 e 90, vieram nomes como Sacha Amback, Gus- tavo Corsi, a percussionis- ta Lanlan e o guitarrista Celso Fonseca, além do guitarrista Billy Brandão, que divide a produção do trabalho com Pedro Ivo Euzébio, o Tup. Tup, aliás, foi um dos responsáveis pela aproxi- mação da cantora com di- ferentes nomes da cena musical de Alagoas. “Co- mo a Cris não tinha ban- da, foi natural convidar os amigos que admiramos. Pegávamos as faixas e pri- meiro pensávamos na lin- guagem para ela, quais ar- ranjos poderiam aconte- cer. Com isso pensado, convidamos as pessoas que mais se aproximavam do sentimento que quería- mos passar na faixa. Indi- quei vários nomes, a Cris outros, e todos aceitaram. Foi um auxílio luxuoso”, anota o produtor. Na ‘escalação’ do time, gerações e escolas as mais diversas, do chorinho da dupla Wilbert Fialho e Bruno Palagani (Trio Cai Dentro) ao violoncelo de Miran Abs. Comparecem ainda no registro os músi- cos Marcelo Marques (Ga- to Zarolho), Bruno Rodri- gues e Dinho Zampier (Wado) e Aldo Jones, este último um dos convocados para a banda que levará o disco aos palcos. E por falar em Wado, Fábula começa com duas ‘peças’ de sua autoria: abre com a vinheta Ossos e continua com a inédita Ci- dade Grande, esta com di- reito a trompete de boca de Cris e lap steel de Billy Brandão – típico do blues, o instrumento rende al- guns dos mais belos mo- mentos do álbum. Tanto Faz para o Amor, de Lucas Santtana e Quito Ribeiro, surge travestida de bolero, com direito a cavaquinho e castanholas. Postas na sequência, Deve Ser Assim, de Alvin L. e Marina Lima, e Tão Feliz quebram um pouco o ritmo da audição. A voz de Cris perde força quando navega por regis- tros mais contemplativos. Já a instrumental Artérias, com pouco mais de dois minutos, passeia pela energia roqueira do come- ço da carreira. MATURIDADE Fábula promove uma espécie de junção das múl- tiplas facetas da artista, num momento em que a maturidade bate à sua porta. “Prestes a fazer 50 anos, tendo passado perto e junto da cena do Brasil do fim dos anos 1980 e 90, e com uma produção pessoal, digamos, pregui- çosa, eu vejo Fábula caba- listicamente como ‘o nú- mero 3’. O que quer dizer que ele tem a unidade de volta. Sem temores, sem dúvidas. E eu rindo da pa- lhaçada do ego”. A parceria com o poeta Fernando Fiúza traz a in- ventiva Viga, outro calei- doscópio de camadas e de- talhes com coro, palmas, guitarras e mais trompete de boca. Também de Fiú- za, Oscilante flerta com o samba e precede a delica- da E o Amor Calou, com- posição de Cris que cita Carinhoso , de Pixingui- nha. Caminhando para o fim do disco, mais uma vi- nheta instrumental, Terra do Nunca Mais. Fechando a sequência, Memória da Flor, joia de Júnior Almei- da e Zé Paulo, surge em dueto climático com o gui- tarrista Celso Fonseca. Fábula foi se configuran- do como a trilha sonora de um filme imaginado. Ele fala sobre a trajetória do ser humano, bem ‘huma- ninho’ mesmo. Que nasce puro, vê o mundo como ele é, ama, perde, se revol- ta, se liberta, ri, fica livre e tem a paz de volta; mas, obviamente, não mais de forma inocente”. Lançado de forma inde- pendente, o disco está dis- ponível para audição no site da cantora e deve ser liberado para download em breve, assim como os anteriores: “Vou disponibi- lizar para download, sim. Porque quero que as pes- soas tenham acesso. Que- ro que gostem, que falem bem, que queiram com- prar nos shows e nos sites e livrarias, porque tem mais coisa ali, para além da música. As ilustrações são uma arte à parte”. Bem tramado, o álbum pode ser ouvido e inter- Quarta-feira 07/03/2012 PERSONA QUE SOMA Serviço Disco: Fábula Artista: Cris Braun Lançamento: independente Preço: R$ 20 Como adquirir: na banca Zumbi dos Palmares (em frente à Estação Ferroviária, no Centro) ou pelo e-mail [email protected]; disponível para audição em crisbraun.com.br MÚSICA. O título do disco é Fábula, mas não há ‘lição de moral’ alguma no álbum que Cris Braun acaba de lançar e que é o terceiro de sua carreira solo. Prestes a completar 50 anos, a gaúcha que conheceu a noite e a fama no Rio de Janeiro na década de 1990 chega à maturidade com disposição para rir das ‘palhaçadas do ego’ – e é disso que ela trata em cada uma das faixas do CD, mesmo nas instrumentais. Nas composições, nos arranjos, nas (muitas) participações especiais e até no projeto gráfico, Fábula é uma espécie de instantâneo da cena local neste início de século. À Gazeta, a cantora e compositora falou sobre o processo de elaboração do registro. Confira Fábula, o show Prensado o disco, é hora de pensar no show de lançamento. Os ensaios devem co- meçar em breve e a es- treia nos palcos está prevista para ocorrer até a metade do ano. Para ajudar a transpor Fábula para o forma- to ‘ao vivo’, Cris con- tará com um time de responsa, formado pelo produtor Tup (bateria e programações eletrôni- cas), pelo compositor Fernando Coelho (baixo e bateria) e pelos gui- tarristas Eduardo Bahia e Aldo Jones. Algumas das apresentações con- tarão com a participa- ção especial do tecla- dista Dinho Zampier e do guitarrista e produ- tor Billy Brandão. ENCARTE DO DISCO É UM CAPÍTULO À PARTE FELIPE BRASIL No jardim de casa, Cris Braun reflete sobre a carreira – três discos em 15 anos – e revela o desejo de “ser generosa, no sentido de jamais ser apática e conformada. Sou uma pessoa mal- comportada!” “Ficou demais. É um li- vreto de arte”. Cris Braun é só elogios para o traba- lho do artista gráfico Pe- dro Lucena, responsável pela identidade visual de Fábula. São dele as ilustra- ções de viés surrealista que compõem a capa e o encarte do disco. Pedro conta como o convite sur- giu: “Já nos conhecíamos e sempre gostei muito da Cris, uma pessoa dinâmica e muito irreverente. Quan- do ela me procurou e fa- lou do projeto, eu pensei comigo: ‘Nossa! Tem tudo a ver com o que eu estou fazendo’”, lembra. A confluência temática aproximou os universos da cantora e do ilustrador. “O que acontece é que eu estou mergulhado há um tempo no universo dos contos de fada, e as fábu- las têm uma participação nesses contos, especial- mente quando eles têm uma carga moral, coisa que é muito forte nas fá- bulas. Tenho algumas ilus- trações antigas nas quais procuro desconstruir al- guns contos de fada, como Cachinhos de Ouro e Cha- peuzinho Vermelho. Eu já tinha algumas coisas pron- tas que achava que cabiam no projeto, fiz mais alguns desenhos e mostrei tudo a ela. A Cris amou”. Pedro conta que, defini- da a concepção visual, os desenhos foram criados tendo o disco como trilha sonora. “Ela me passou as músicas e eu me pus a ou- vi-las e amei cada uma de- las. É muito mais fácil de- senvolver algo em cima de um trabalho do qual se gosta, e foi isso o que aconteceu comigo: eu me apaixonei pelo disco”, diz ele, ao ressaltar que ten- tou fugir da armadilha de ‘traduzir’ as canções. “Al- guns (desenhos) não têm nada a ver com as letras das canções que estão per- to deles; outros, você pode ver que são próximos, mas em geral eles não contam a história do disco, estão lá para as pessoas conta- rem suas próprias históri- as olhando para eles, para meio que desvendá-los”. Após sua primeira ex- posição na Europa, em se- tembro do ano passado, neste começo de 2012 Pe- dro já contabiliza novas aventuras criativas. Além de Fábula , ele também ilustrou Cantata Sáfica, o pretado como o retrato de uma artista em busca de serenidade. E o que há da vocalista do Sex Beatles que chega até a Cris Braun de Fábula? “A irreverência. O desejo quase neurótico de ser sempre original. De ser generosa, no sentido de jamais ser apática e conformada. Sou uma pes- soa mal comportada!”. torial e musical me encan- ta, e eu quero fazer muito mais do que estou fazen- do. É um campo de atua- ção possível em Alagoas sim, embora não muito bem remunerado, infeliz- mente”, avalia. RR recém-lançado volume de poemas do escritor Marcos de Farias Costa. Agora, trabalha na criação da se- ção de horóscopo de um site de moda. O artista co- memora a boa fase, mas atenta para a necessidade de que esse tipo de pro- jeto ao qual se dedi- ca seja mais va- lorizado. “O de- senvolvimento de ilustrações para esse campo mais edi- REPRODUÇÃO Detalhe de uma das ilustrações de Pedro Lucena para Fábula Empunhando seus saxofones, a mulherada injeta novidade na cena do jazz. B2 DIVULGAÇÃO

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Matéria sobre o trabalho mais recente da cantora Cris Braun, Fábula

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RAMIRO RIBEIRO REPÓRTER

Era janeiro de 2008. Em entrevista à Gazeta, a cantora e compositora Cris Braun dava pistas de seu novo disco, que começava a ser gestado. Agora, Fá-bula vê a luz do dia. É o terceiro álbum em 15 anos de carreira solo da gaúcha que passou a adolescência em Maceió, para onde vol-tou de vez em 2005. Mol-dado em etapas, bem aos poucos, o CD que sucede Cuidado com Pessoas como Eu, de 1997, e Atemporal, de 2004, reflete a mudan-ça de marcha da artista, que iniciou seu caminhar em terras cariocas, ao lado da banda Sex Beatles.

Em Fábula, o caráter colaborat ivo que Cris Braun buscou imprimir às gravações, realizadas na ponte aérea Rio-Maceió, é ressaltado não apenas pe-la quantidade de camadas sonoras verificadas em ca-da faixa, mas também pe-lo número de convidados presentes no registro. “Achei legal juntar a galera que está na minha vida ontem, hoje e sempre.

Acho que essa era a única diretriz. Queria juntar meus dois universos, mi-nhas duas cidades”, obser-va. Da turma das antigas, da cena carioca dos anos 1980 e 90, vieram nomes como Sacha Amback, Gus-tavo Corsi, a percussionis-ta Lanlan e o guitarrista Celso Fonseca, além do guitarrista Billy Brandão, que divide a produção do trabalho com Pedro Ivo Euzébio, o Tup.

Tup, aliás, foi um dos responsáveis pela aproxi-mação da cantora com di-ferentes nomes da cena musical de Alagoas. “Co-mo a Cris não tinha ban-da, foi natural convidar os amigos que admiramos. Pegávamos as faixas e pri-meiro pensávamos na lin-guagem para ela, quais ar-ranjos poderiam aconte-cer. Com isso pensado, convidamos as pessoas que mais se aproximavam do sentimento que quería-mos passar na faixa. Indi-quei vários nomes, a Cris outros, e todos aceitaram. Foi um auxílio luxuoso”, anota o produtor.

Na ‘escalação’ do time, gerações e escolas as mais

diversas, do chorinho da dupla Wilbert Fialho e Bruno Palagani (Trio Cai Dentro) ao violoncelo de Miran Abs. Comparecem ainda no registro os músi-cos Marcelo Marques (Ga-to Zarolho), Bruno Rodri-gues e Dinho Zampier (Wado) e Aldo Jones, este último um dos convocados para a banda que levará o disco aos palcos.

E por falar em Wado, Fábula começa com duas ‘peças’ de sua autoria: abre com a vinheta Ossos e continua com a inédita Ci-dade Grande, esta com di-reito a trompete de boca de Cris e lap steel de Billy Brandão – típico do blues, o instrumento rende al-guns dos mais belos mo-mentos do álbum. Tanto Faz para o Amor, de Lucas Santtana e Quito Ribeiro, surge travestida de bolero, com direito a cavaquinho e castanholas. Postas na sequência, Deve Ser Assim, de Alvin L. e Marina Lima, e Tão Feliz quebram um pouco o ritmo da audição. A voz de Cris perde força quando navega por regis-tros mais contemplativos. Já a instrumental Artérias,

com pouco mais de dois minutos, passeia pela energia roqueira do come-ço da carreira.

MATURIDADE Fábula promove uma

espécie de junção das múl-tiplas facetas da artista, num momento em que a maturidade bate à sua porta. “Prestes a fazer 50 anos, tendo passado perto e junto da cena do Brasil do fim dos anos 1980 e 90, e com uma produção pessoal, digamos, pregui-çosa, eu vejo Fábula caba-listicamente como ‘o nú-mero 3’. O que quer dizer que ele tem a unidade de volta. Sem temores, sem dúvidas. E eu rindo da pa-lhaçada do ego”.

A parceria com o poeta Fernando Fiúza traz a in-ventiva Viga, outro calei-doscópio de camadas e de-talhes com coro, palmas, guitarras e mais trompete de boca. Também de Fiú-za, Oscilante flerta com o samba e precede a delica-da E o Amor Calou, com-posição de Cris que cita Carinhoso, de Pixingui-nha. Caminhando para o fim do disco, mais uma vi-

nheta instrumental, Terra do Nunca Mais. Fechando a sequência, Memória da Flor, joia de Júnior Almei-da e Zé Paulo, surge em dueto climático com o gui-tarrista Celso Fonseca. “Fábula foi se configuran-do como a trilha sonora de um filme imaginado. Ele fala sobre a trajetória do ser humano, bem ‘huma-ninho’ mesmo. Que nasce puro, vê o mundo como ele é, ama, perde, se revol-ta, se liberta, ri, fica livre e tem a paz de volta; mas, obviamente, não mais de forma inocente”.

Lançado de forma inde-pendente, o disco está dis-ponível para audição no site da cantora e deve ser liberado para download em breve, assim como os anteriores: “Vou disponibi-lizar para download, sim. Porque quero que as pes-soas tenham acesso. Que-ro que gostem, que falem bem, que queiram com-prar nos shows e nos sites e livrarias, porque tem mais coisa ali, para além da música. As ilustrações são uma arte à parte”.

Bem tramado, o álbum pode ser ouvido e inter-

Quarta-feira 07/03/2012

PERSONA QUE SOMA

Serviço Disco: FábulaArtista: Cris Braun Lançamento: independente Preço: R$ 20 Como adquirir: na banca Zumbi dos Palmares (em frente à Estação Ferroviária, no Centro) ou pelo e-mail [email protected]; disponível para audição em crisbraun.com.br

MÚSICA. O título do disco é Fábula, mas não há ‘lição de moral’ alguma no álbum que Cris Braun acaba de lançar e que é o terceiro de sua carreira solo. Prestes a completar 50 anos, a gaúcha que conheceu a noite e a fama no Rio de Janeiro na década de 1990 chega à maturidade com disposição para rir das ‘palhaçadas do ego’ – e é disso que ela trata em cada uma das faixas do CD, mesmo nas instrumentais. Nas composições, nos arranjos, nas (muitas) participações especiais e até no projeto gráfico, Fábula é uma espécie de instantâneo da cena local neste início

de século. À Gazeta, a cantora e compositora falou sobre o processo de elaboração do registro. Confira

Fábula, o show Prensado o disco, é hora de pensar no show de lançamento. Os ensaios devem co-meçar em breve e a es-treia nos palcos está prevista para ocorrer até a metade do ano. Para ajudar a transpor Fábula para o forma-to ‘ao vivo’, Cris con-tará com um time de responsa, formado pelo produtor Tup (bateria e programações eletrôni-cas), pelo compositor Fernando Coelho (baixo e bateria) e pelos gui-tarristas Eduardo Bahia e Aldo Jones. Algumas das apresentações con-tarão com a participa-ção especial do tecla-dista Dinho Zampier e do guitarrista e produ-tor Billy Brandão.

ENCARTE DO DISCO É UM CAPÍTULO À PARTE

FELIPE BRASIL

No jardim de casa, Cris Braun reflete sobre a carreira – três discos em 15 anos – e revela o desejo de “ser generosa, no sentido de jamais ser apática e conformada. Sou uma pessoa mal-comportada!”

“Ficou demais. É um li-vreto de arte”. Cris Braun é só elogios para o traba-lho do artista gráfico Pe-dro Lucena, responsável pela identidade visual de Fábula. São dele as ilustra-ções de viés surrealista que compõem a capa e o encarte do disco. Pedro conta como o convite sur-giu: “Já nos conhecíamos e sempre gostei muito da Cris, uma pessoa dinâmica e muito irreverente. Quan-do ela me procurou e fa-lou do projeto, eu pensei comigo: ‘Nossa! Tem tudo a ver com o que eu estou fazendo’”, lembra.

A confluência temática aproximou os universos da cantora e do ilustrador. “O que acontece é que eu estou mergulhado há um tempo no universo dos

contos de fada, e as fábu-las têm uma participação nesses contos, especial-mente quando eles têm uma carga moral, coisa que é muito forte nas fá-bulas. Tenho algumas ilus-trações antigas nas quais procuro desconstruir al-guns contos de fada, como Cachinhos de Ouro e Cha-peuzinho Vermelho. Eu já tinha algumas coisas pron-tas que achava que cabiam no projeto, fiz mais alguns desenhos e mostrei tudo a ela. A Cris amou”.

Pedro conta que, defini-da a concepção visual, os desenhos foram criados tendo o disco como trilha sonora. “Ela me passou as músicas e eu me pus a ou-vi-las e amei cada uma de-las. É muito mais fácil de-senvolver algo em cima de

um trabalho do qual se gosta, e foi isso o que aconteceu comigo: eu me apaixonei pelo disco”, diz ele, ao ressaltar que ten-tou fugir da armadilha de ‘traduzir’ as canções. “Al-guns (desenhos) não têm nada a ver com as letras das canções que estão per-to deles; outros, você pode ver que são próximos, mas em geral eles não contam a história do disco, estão lá para as pessoas conta-rem suas próprias históri-as olhando para eles, para meio que desvendá-los”.

Após sua primeira ex-posição na Europa, em se-tembro do ano passado, neste começo de 2012 Pe-dro já contabiliza novas aventuras criativas. Além de Fábula, ele também ilustrou Cantata Sáfica, o

pretado como o retrato de uma artista em busca de serenidade. E o que há da vocalista do Sex Beatles que chega até a Cris Braun de Fábula? “A irreverência. O desejo quase neurótico de ser sempre original. De ser generosa, no sentido de jamais ser apática e conformada. Sou uma pes-soa mal comportada!”.

torial e musical me encan-ta, e eu quero fazer muito mais do que estou fazen-do. É um campo de atua-ção possível em Alagoas sim, embora não muito bem remunerado, infeliz-mente”, avalia. RR ‡

recém-lançado volume de poemas do escritor Marcos de Farias Costa. Agora, trabalha na criação da se-ção de horóscopo de um site de moda. O artista co-memora a boa fase, mas atenta para a necessidade de que esse tipo de pro-j e t o a o qual se dedi-ca seja mais va-lorizado. “O de-senvolvimento de ilustrações para esse campo mais edi-

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Detalhe de uma das ilustrações de Pedro Lucena para Fábula

Empunhando seus saxofones, a mulherada injeta novidade na cena do jazz. B2

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