Perspectivas de de omunhão · 2016. 7. 5. · Se somos cristãos, não existimos para nós mesmos,...

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deCPerspectivas de

omunhãoRevista de espiritualidade e pastoral

ANO XVIII - Abril 2009 - n. 03

Ele está vivo no meio de nós!

Meditação sobre Jesus em meio a nós

A vida e figura do padre, hoje

História do Movimento Gens (2 parte)

Assistentes e Brancos Gens

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Apresentamos a síntese do tema de Chiara Lubich aos sacerdotes sobre a uni-dade apresentado no dia 12 de janeiro de 2000 em Castelgandolfo, Roma.

Jesus está entre nós, quando estamos unidos nele, na sua vontade, que é amar-nos como Ele nos amou.

Também nós, que vivemos em focola-re, nem sempre temos Jesus em meio. Para que esteja entre nós, é preciso que eu a cada momento, ame você (supondo que só nós duas vivemos em focolare) como Ele nos amou e seja amada por você da mesma for-ma.

Jesus em nós

A fi m de que Ele esteja presente entre nós, que signifi ca Ele em mim, em você, en-tre nós unidos e distintos, é preciso ser antes de tudo Jesus, senão depois Ele não estará entre nós. E como fazer para ser antes Jesus? Para isso, é preciso amar como Ele amou, colocar-se na realidade de amar como Jesus nos amou. Não é sufi ciente a intenção (se me pedissem para morrer, eu morreria); é preciso morrer seriamente, fazer o vazio total de nós mesmos, viver o outro. E isso signifi ca que estamos mortos, que nos anulamos. Portanto, para que Jesus esteja presente entre nós é necessário primeiramente ser Jesus.

Mas é um “antes” que é também um “depois”. De fato, nós não somos perfeita-mente Jesus, enquanto Ele não estiver entre nós.

Jesus entre nós

Na prática constatamos quando é que Ele está presente entre nós: é quando nos sentimos livres, unidos, cheios de luz, de alegria. Quando torrentes de água viva jor-ram do nosso íntimo.

Quando Jesus está entre nós, somos um. Somos um e somos três, cada um dos quais

é igual ao outro.De fato, o que eu digo (que é algo que

emerge de mim devido a Jesus em meio), não sou somente eu a dizê-lo, mas eu, Jesus e você em mim. E quando você fala, não é você quem fala, mas você, Jesus e eu em você. Somos um único Jesus e também dis-tintos: eu (com você em mim e Jesus), você (eu em você e Jesus), Jesus entre nós no qual somos eu e você.

De fato, quando falamos e temos Jesus em meio, cada um sente como próprio aquilo que se diz.

Comunhão com Deus

E Ele – Jesus entre nós – está no Pai e, portanto, nós dois, estando nele, estamos no Pai e participamos da vida trinitária.

A novidade desta luz é que nós não só não devemos, mas não podemos ser parasitas de Jesus em meio.

Alguém dirá: “Vou ao focolare porque encontro Jesus em meio, respiro uma atmos-fera tonifi cante, ainda bem! Esqueço todos os problemas da paróquia, do seminário e ali retomo as forças”.

Não, não, não: não podemos agir as-sim.

A novidade desta luz é que nós não devemos tirar vantagens dele, esperando passivamente a sua luz. Ele, de fato, não está presente entre nós se nós não formos, antes de tudo, Ele.

Enfi m, viver o cristianismo signifi ca ser totalmente ativos e totalmente passivos.

A noite escura

Vocês sabem que a noite escura dos sentidos e do espírito são as duas noites que, em geral, os santos que seguem uma espiri-tualidade individual experimentam.

Deus nos pede também a “noite escura

Ele está no meio de nós

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de Deus”. E precisamos da ‘noite de Deus’, porque não é sufi ciente para nós a santidade individual. Temos que conquistar a santidade comunitária.

Santidade coletiva

É uma novidade que requer uma grande conversão. Alcançar a santidade comunitária signifi ca que não podemos santifi car só a nós mesmos, mas devemos santifi car o focolare. Pois bem, eu amo quem está no meu foco-lare como a mim mesmo, exatamente como a mim mesmo? Desejo a sua santifi cação exatamente como a minha?

Se somos cristãos, não existimos para nós mesmos, existimos para os outros, ou seja, para Deus. Devemos inserir-nos uns nos outros como as Pessoas da Trindade, porque somos membros do Corpo místico, chamados a formar este Corpo.

O desapego total

Mas, para nos inserirmos um no outro, a única possibilidade é Jesus abandonado, isto é: perder tudo, tudo, tudo, também as inspirações. O focolarino deve perder tudo, também as inspirações: essa é a ‘noite de Deus’. E também o capofocolare deve per- der, ou seja, deve doar tudo, comunicar tudo o que é possível e fazer o vazio de si, morrer, para acolher as exigências dos outros.

O resultado é que: o relacionamento entre o capofocolare e os focolarinos é o Espírito Santo, o mesmo relacionamento que existe entre as Pessoas da Trindade.

E esta unidade, este focolare, será como a Trindade que, porém, encontrando-se em corpos humanos, é um Jesus.

Quem entra na via da unidade, entra em Jesus. Remove o próprio eu para viver Jesus. Aliás, isso nem é preciso, porque pode

fazer uma única coisa: vive Jesus (vivendo a Palavra). Quem vive Jesus, não se encontra numa via purgativa, iluminativa ou unitiva, mas na Via: que é a Via, em Jesus.

É como caminhar ao longo do raio do sol. É sempre sol, mas aumenta a sua inten-sidade quanto mais nos aproximamos dele. Assim a alma que vive a unidade aproxima-se cada vez mais de Deus, que vive em seu cora-ção, e aproxima-se cada vez mais dos irmãos, de Deus que vive no coração do irmão.

Enfi m, quem vive a unidade, vive Je-sus. E quem vive Jesus “já está purifi cado” [“Quem escuta a Palavra já está purifi cado” (Jo. 15, 3)] – eis a via purgativa –; iluminado [“A quem me ama eu me manifestarei” (Jo 14, 21)] – eis a via iluminativa –; e unido a Deus [“Quem permanece unido a mim dá muito fruto” (Jo 15, 5)].

A mística de Jesus e Maria

A nossa é a mística de Jesus e de Maria: a mística do Novo Testamento, do mandamento novo, para onde todas as outras convergem. É o que nos diz a Escola Abba. É a mística da Igreja ou com a qual a Igreja é realmente Igreja, porque é Unidade, Corpo místico, Amor; porque nela circula o Espírito Santo que a faz ser Esposa de Cristo.

Eis a nossa mística: Mística que é equilíbrio, luz e clareza, normalidade, perfeição, Deus feito homem, sem aqueles fenômenos extraordinários, se bem que di-vinos, que caracterizam os santos místicos, porque entre nós tudo circula e tudo é belo e simples como o movimento dos astros no céu, harmonioso como a natureza, sadio, porque é Deus; onde as pessoas caminham em todos os sentidos na direção do bem, daquilo que é bom, porque este é o Evangelho. Basta olhar para Jesus.

Chiara Lubich

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Figura, vida e espiritualidade

do sacerdote hoje

Sacerdote e psicólogo, Silvano Cola não foi só um atento observador

da realidade sociocultural contemporânea, mas também um especialista em

patrística, com uma ampla produção literária. Desde a década de sessenta

foi responsável pelo Centro sacerdotal do Movimento dos focolares e, como

tal, participou na qualidade de ouvinte do Sínodo dos Bispos em 1990, sobre

a formação sacerdotal nas circunstâncias atuais. Transcrevemos aqui a sua

contribuição na forma original de apontamentos.

Crise de identidadea poucos anos da ordenação

Iniciando o nosso tema, não podemos não levar em consideração as difi culdades do sacerdote na sociedade atual.

A imagem do sacerdote, como nos vem da memória histórica e talvez de certa formação (ou seja: a imagem ideal), se choca com o princípio da realidade: Não somos mais líderes ouvidos somente porque somos sacerdotes que dizem: precisa acreditar nisto, precisa fazer aquilo, isto é pecado.

O princípio da Igreja-comunhão afirmado pelo Vaticano II coloca-nos em difi culdade porque exige de nós que trabalhemos com os leigos e, portanto, devemos dialogar com eles, e saber escutá-los. Mas pensar ou dizer isto é fácil; executá-lo é muito mais difícil (por falta de tradição).

A falta de liderança dos padres no plano social põe em crise também a consciência do mandato que recebemos de Jesus Cristo, através da ordenação sacerdotal. Por isso, frequentemente, surge a procura de uma compensação fazendo uma grande quantidade de atividades para sentir-nos úteis. Mas quando tomamos consciência de que há um grande desgaste para produzir poucos frutos, vem o

desencorajamento e o esgotamento. E começam as dúvidas: será que errei na vocação? O celibato tem verdadeiramente um valor? Por que deve ser negado ao sacerdote ter uma família?

Portanto, provamos a sensação de solidão em nível profundo aumentado pela precariedade da vida cotidiana (falta de horários, de privacidade, de possibilidade de comunhão íntima com quem nos pode compreender...).

A isto se acrescenta a difi culdade pas-toral em transmitir o magistério do papa e dos bispos, com a consequente tensão psicológica em relação à autoridade, incompreensão da obediência, e procura de outras compensações de fuga...

E poderíamos continuar esta relação. São dificuldades verdadeiras, e seria pouco sábio minimizá-las pensando: “comigo não vai acontecer”.

Mas, por que este discurso? Para que nos sirva para enquadrar melhor a fi gura do sacerdote, e agradecer a Deus por todas as difi culdades que podem ajudar a sermos mais parecidos com o único sacerdote, Jesus.

O sacerdócio de Jesus

Deus se fez homem entre os homens. “Cristo Jesus não se apegou ciosamente ao seu ser igual a Deus, mas renunciou

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a tudo e assumiu a condição de servo, homem entre os homens... humilhou-se, e foi obediente até a morte de cruz” (Cf. Fil 2, 6-8).

Também Jesus recebeu um “mandato”, e fala sobre isto exatamente com respeito ao seu ser pastor (Jo 10, 16-18): o mandato de dar a sua vida pelos homens. Não um mandato de poder, mas de serviço extremo: fazer-se um conosco até provar, ele mesmo, e tomar sobre si o nosso abandono de Deus.

Porém, a kénosis de Cristo, o total despojamento de si é, também, a via para a énosis, para unir os homens a Deus.

A expressão máxima da kénosis é a Eucaristia, onde ele se doa como pão que come mos para fazer-nos “con-corpóreos”, um só corpo nele, e mergulharmos com ele em Deus: em resumo, para divinizar-nos.

É este mesmo “mandato” que Jesus transmite aos sacerdotes: “continuai a fazer pelos homens aquilo que eu fi z”. Por isso agimos “na pessoa de Cristo”.

Viver juntos o únicosacerdócio de Cristo

A pior distorção que podemos fazer a este respeito é de confundir o eu sacerdotal com uma tarefa de líder social. O eu sacerdotal é o mesmo eu de Cristo na sua kénosis, quando o abandono e a morte na cruz geram a Igreja como énosis, como comunhão.

Mas Paulo, na mesma carta dirigida tam bém aos bispos e diáconos de Filipos afirma: “Tende entre vós os mesmos sentimentos que tendes para com Cristo”. Nesta frase está resumida toda a vida cristã: trata-se de viver “à maneira da Trindade”. O relacionamento que queremos ter com Jesus não é diferente do relacionamento que devemos ter entre nós.

Chiara Lubich, numa página que permanecerá histórica, fala da passagem de uma es piritualidade individual para uma espiritualidade coletiva quando afirma

que o “fazer-se nada” diante de Deus (o Tudo), é condição para realizar a união com ele (João da Cruz). Do mesmo modo devemos “fazer-nos nada” também diante do próximo no qual habita o mesmo Deus. É assim que posso amar a Deus por Deus, e não Deus por mim.

Os conselhosevangélicos

Se a espiritualidade individual é concebível também sem uma prática dos conselhos evangélicos, para a espiritualidade coletiva não é assim.

Os conselhos evangélicos por si só não levam à santidade: se vividos de modo individualista podem até degenerar em vícios. Na espiritualidade coletiva, ao contrário, não se pode viver a unidade (“que todos sejam um”) sem viver os conselhos. O modelo é ainda Jesus abandonado: ele é o pobre (perdeu tudo), o casto (perdeu também a Mãe na terra e o Pai no céu), o obediente (até à morte na cruz). Jesus abandonado é, ao mesmo tempo, o cume da personalidade humana, da liberdade: é o eu reduzido a puro amor de doação, para além de toda a certeza e de toda gratifi cação. Amar-nos mutuamente como ele nos amou, esta é a medida: não podemos tornar-nos uma coisa só se não somos livres. Ou seja, não devemos estar presos, condicionados a alguma coisa (desapego dos bens, de pessoas, de nós mesmos).

Quem faz esta experiência evangélica sabe que as promessas de Jesus são verdadeiras: “onde dois ou três... ali está Jesus”, e com ele vem o cêntuplo, seja em bens materiais (providência), seja em irmãos, irmãs e casas..., e a coincidência da minha vontade com a de Jesus entre nós.

Assim compreende-se Maria. A sua atitude de “serva do Senhor” para com Deus e, na vida de casa, para com Jesus e José é a “condição sem a qual” não é possível gerar Jesus em nosso meio, nem

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gerar a comunidade. Ela é o modelo, o tipo de sacerdócio: sacerdócio vital, mesmo sem “mandato”. E, se o nosso mandato não se enxerta naquele sacerdócio mariano, o nosso sacerdócio ordenado é estéril: não gera a comunidade.

O celibato Então, compreende-se também o

celibato. Este não é renúncia à família. Se Deus, que é Amor, criou o matrimônio como expressão e imagem da sua vida trinitária, por que deveria privar o sacerdote de uma coisa “boa”? A realidade é que Deus não tira nada de ninguém, mas faz um convite a alguns para viver numa família mais bonita, mais semelhante ao estado paradisíaco, como era a família de Nazaré e depois a família que Jesus formou com os apóstolos, os quais podiam dizer: “Senhor, a quem iremos? Somente tu tens palavras de vida eterna”.

Em resumo, não é necessário sacrifi car-me para testemunhar com o celibato como viveremos no céu. No céu não viverei sozinho: é a família de Nazaré que testemunha a vida da Trindade no céu.

Também o sacerdote tem necessidade de uma família. Sente a privação, evidentemente, se não consegue realizá-la entre sacerdotes, com Jesus o sacerdote no meio deles. Neste tipo de família não se sofre de solidão absolutamente. Sobre o monte Tabor, será que Pedro, Tiago e João pensavam na esposa ou nos parentes? Ao contrário, “façamos aqui três tendas...”. Eis a nossa família.

A pastoral O problema da pastora l es tá

es t re i tamen te l igado à pergunta sociológica: qual é o melhor sistema de vida social em que posso ser feliz?

Uma meditação de Chiara lembra: o Verbo fazendo-se homem e vindo como um imigrante sobre a terra trouxe, aos homens, a sua própria civilização: o amor que torna “um” mais pessoas.

A Trindade é, portanto, o tipo de toda sociabilidade desde a família, até cada grupo ou associação... A Igreja deveria ser exatamente, ícone da Trindade, a encarnação histórica daquela vida. E isso acontece se pensarmos no mistério do Corpo Místico. Mas a expressão social da vida da Igreja espelha plenamente a verdade do Corpo Místico?

A única imagem que temos de Igreja, ícone também social da Trindade, é a primeira comunidade cristã descrita nos Atos dos Apóstolos, tão fascinante ao ponto de fazer dizer àquele anônimo que escreveu a Carta a Diogneto: um povo extraordinário, quase paradoxal, alegre, ao ponto de amar também os inimigos...

As nossas paróquias são assim? Podemos dizer como nos Atos que cada dia muitas pessoas unem-se às nossas comunidades cristãs, porque encontram nelas a vida trinitária expressa também socialmente com o amor mútuo, a comunhão dos bens, o preocuparem-se com os outros...?

Mas se os padres não tiverem a experiência concreta desta comunhão, como poderão gerar a comunidade?

Silvano Cola

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Deus, o Ideal, antes do sacerdócio era de tal modo fascinante para estes primeiros gens, que o levavam para todos os lugares, o gritavam, o cantavam, o comunicavam aos outros seminaristas. Neste período havia um bom grupo que participava da escola sacerdotal de modo que chegaram quase a pensar que estivesse surgindo um seminário focolarino. Pe. Foresi, que sempre ajudou Chiara na fundação da Obra e que tem uma graça particular para a encarnação, portanto para concretizar na atualidade as idéias de Chiara chegou neste momento e disse: “mas que idéia é esta que vocês estão pensando?

A formação nos seminários

Nós não temos a graça para formar os sacerdotes. O que podemos é dar-vos o Ideal, mas a formação dos sacerdotes deve ser feita nos seminários. Portanto, dentro de 48 horas vocês devem decidir: se vocês acreditam ter vocação ao sacerdócio, procurem um seminário. Se ao contrário, vocês tem impressão que Deus os chama para vida do Ideal, mas não ao sacerdócio, se desejarem poderão ir para Loppiano...”.

História do Movimento Gens (2ª parte)

Era o retorno dos gens aos seminários. Isto é muito importante, por que foi desta maneira que esta realidade tão nova entrou na vida dos seminários e começou a renová-los.

Consideremos agora a realidade dos gens naqueles anos.

Escola SacerdotalTodos os anos havia um bom grupo

que vinha à escola sacerdotal; também no Centro Mariápolis, uma ou duas vezes por ano se realizavam encontros muitas vezes numerosos. Em certas ocasiões vinha um ônibus repleto de seminaristas, inclusive o reitor, e desciam com aquelas batinas. Muitos deles eram fulgurados pelo Ideal, de modo que em lugares sempre mais numerosos surgiam grupos de gens. Em Roma havia uma secretaria volante que os acompanhava. Os gens residiam em vários colégios Romanos e no domingo vinham ao Centro Sacerdotal, ou se reuniam na Escola Sacerdotal. Ali eles liam as cartas que tinham recebido, as respondiam, preparavam um boletim para os seminaristas. Tratava-se dos primeiros aggiornamentos sobre a vida gens; deste modo levavam para frente esta vida.

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Revista Gens

Em 1971 Chiara por ocasião de um encontro com Pe. Silvano e com o Centro Sacerdotal lhes pede: “mas este boletim para os seminaristas é mimeografado ou impresso?” E pe. Silvano lhe diz: “é mimeografado”. Então Chiara lhes diz: “mas seria necessário que fosse impresso, por que a Igreja tem necessidade deste Ideal em todos os seminários e, portanto, é preciso que ele seja lançado mais amplamente possível”. Assim, teve início a revista gens impressa. Para produzi-la é necessário que alguém faça as assinaturas, a redação, a expedição, etc. e, com este pretexto teve início um grupo estável de gens que se tornará, a partir de 1971, o Centro Gens.

Um Conjunto musical

Porém, os gens do centro e aqueles da escola, que sempre estavam muito juntos, não estavam habituados a cozinhar se iam fazer refeições na escola sacerdotal. Naqueles anos surgiu um conjunto musical de modo que a certo ponto deram início, também, a um recital: deste modo eles iam até as paróquias e, sobretudo, cantavam por ocasião de encontros no Centro Mariápolis. Em certa ocasião, em um encontro de paróquias, Chiara se fez presente e ali os ouviu cantar. Enquanto eles desciam aos seus lugares, Chiara pronunciou estas palavras: “mas os gens são mesmo uma simpatia, a simpatia de Nossa Senhora”. Deste modo ela expressava o amor que sentia pelos gens.

Alguns anos depois, em 1977, quando surgiu a possibilidade para 4 gens de participar da festa de Santa Clara na residência de Chiara, período em que ainda participavam desta, apenas um grupo de 50 pessoas, eles puderam saudar Chiara ao que ela lhes disse: “eu já disse que Nossa Senhora tem uma predileção pelos gens que são, também, os meus prediletos”.

Sempre através destes recitais, em outra ocasião, houve um grande congresso sacerdotal e Chiara sabia que os gens iriam

fazer sua apresentação musical, ocasião em que ela disse: “escutem! Peguem um chapéu e o façam circular entre as pessoas com o objetivo de recolher alguma coisa”. Os gens recolheram cerca de meio milhão de liras. Depois disto os gens se perguntaram: “O que faremos com este dinheiro?”. E decidiram enviar a Chiara, pois era sua a idéia de fazer aquela coleta. Porém Chiara lhes devolveu o dinheiro com um bilhete através do qual, no dia 17 de março 1972, ela escreveu: “Parabéns caríssimos gens. Colocai este meio milhão de liras no banco como primeiro fundo para os gens pobres que desejarem vir à escola ou para realizar algum estudo. O restante, usem-no para manutenção da revista gens e para doar assinaturas para os gens mais pobres. A este fundo nós demos o nome de fundo São José, uma vez que estava próxima a festa de São José. Também São José ajudou o jovem seminarista Jesus na escola do Espírito Santo e de Maria”.

Vocês devem recordar que em 1972 ainda não existiam nem as unidades gens, mas apenas, alguns grupos gens, que se organizavam do melhor modo possível e iam para frente com muito entusiasmo. Contudo era necessário dar-lhes maior consistência. Deste modo, no natal de 1972 realizou-se um primeiro encontro bastante restrito. Estiveram presentes cerca de vinte gens.

Juventude nova sacerdotalEm 1973, por ocasião da segunda edição

deste encontro, são aprofundados os sete aspectos. Chiara enviou uma mensagem para esta ocasião, na qual ela distingue entre duas realidades, isto é, entre aquilo que ela chama de gens, e outra realidade que ela denomina Juventude Nova sacerdotal. Em 1973 ainda não existia o Movimento Juventude Nova na Obra. Então Chiara escreveu: “Com os melhores votos aos gens, para que realizem plenamente o seu programa: dar à Igreja, através de vosso empenho de vida, uma multidão de Juventude Nova sacerdotal”.

Portanto, Chiara, ao lado dos gens que assumem uma vida muito empenhada

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com a vivência dos sete aspectos, vida de unidade... via, já então, como distinta, mas já unida, como fruto destes gens mais empenhados, uma multidão de Juventude Nova sacerdotal.

Esta segunda realidade, entendida mais ao largo, veio em relevo somente doze ou treze anos depois, quando já estava se delineando a realidade dos Movimentos gens ao largo: Deus, ao contrário, pensou em estabelecer antes esta realidade das unidades gens. Percorramos juntos algumas etapas.

Encontro com a fundadoraEm 1974, realizou-se o primeiro encontro

de Chiara com os gens. Neste ano tinha nascido a vocação dos sacerdotes focolarinos. Ainda não existiam os sacerdotes voluntários. Os gens, no dia sete de dezembro, dia de sua consagração a Deus, escreveram a Chiara o seguinte: “Chiara, nós sentimos que Deus nos chama a seguir a tua mesma estrada e agora nos preparamos para o nosso encontro...”. E, de fato, Chiara se fez presente a este encontro e nós lhe perguntamos: “Chiara, nós podemos trilhar a tua própria estrada”? E Chiara nos disse: “Sim, é simples. Se vocês desejam podem logo fazer o pedido e começar a preparação, porque se trata de uma estrada séria, de modo que precisam preparar-se”. Então preparamos um grande pergaminho pedindo de poder seguir a quarta estrada. Deste modo, durante alguns anos, os gens mais empenhados eram conhecidos como “os gens da quarta estrada”.

Em 1975 aconteceu outro encontro com Chiara. Naquele ano éramos oitenta, não mais sessenta como no ano anterior. Esta foi a primeira vez que Chiara nos chamou de “popi” e para nós era como dizer: “olhem, vocês não são um apêndice da Obra. Não estão na periferia”. Isto era importante para nós por que diante dos gen que em todos os momentos podiam correr ao focolare, quando havia alguma novidade na Obra eles eram os primeiros a saberem das notícias ao passo que nós, residindo nos

seminários, tínhamos sempre a impressão de nos encontrarmos na periferia da Obra de Maria. Por isso, nesta ocasião, Chiara de fato nos convenceu de que não estamos na periferia, mas no coração da Obra. Chiara, durante meia hora, nos deu maravilhosas respostas. Sobretudo sobre Jesus em meio, apresentando esclarecimentos sobre nossa vida gens nas unidades gens, como vida de unidade, como vida de Jesus em meio. Naquela ocasião ainda ela nos disse: “eu vejo a vossa escolha de Deus, relacionada à vida de Jesus em meio; é lógico que quando não tendes a presença de Jesus em meio, também a escolha de Deus começa a vacilar”.

Conquistar os SemináriosMas havia outro motivo pelo qual

também Chiara veio a este encontro mesmo se naqueles dias ela estava meio adoentada de modo que lhe dissemos: “Chiara, olha, nos seminários quase não se encontram mais resistências ao Ideal”. Naquele momento era assim. Então Chiara diz: “eu vou ao encontro dos focolarinos também só para isso”. E nos lançou na conquista dos seminários. Naquela ocasião ela, também, nos disse: “vejam, vocês tem poucos anos para ser seminaristas, seria melhor ter um pouco mais de tempo, não é verdade? Nestes anos não vos ocupeis com as moças, mas ocupai-vos com os seminaristas. Isto por que são os seminaristas que conquistam os seminaristas”.

Em 1977 aprofunda-se em toda Obra a realidade de Jesus presente na hierarquia. No fi nal do encontro gens, através de uma ligação telefônica, Chiara nos dá a sua recomendação: que os gens se tornem os prediletos dos seus bispos. Também isto começou a tornar-se realidade naqueles anos.

Em Setembro de 1979 realiza-se a primeira escola gens. Três anos antes, nos meses de março e abril, tinha nascido a escola gen da qual participaram, também alguns gens.

(Continua no próximo número).

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Assistentes e Brancos Gens

“Desejamos informar a todos os gens que no fi nal da Escola Nacional de janeiro deste ano que se realizou na Mariápolis Ginetta, juntamente com Pe. Gustavo, escolhemos o Daniel Leonel para assumir a função de Branco Gens da nossa Região de São Paulo. Daniel assume no lugar de Pe. Gustavo que foi o branco gens por vários anos.

Aqui cabe um agradecimento todo especial a Deus pela companhia do Pe. Gustavo, desde seminarista como gens e depois como branco gens, na condução do “Movimento Gens da Região de São Paulo”. Gustavo deu a vida pelos gens como pôde neste período. Agora como sacerdote, mas sempre com a alma gens, continua amigo dos gens, apoiando-os, ajudando-os e ainda contribuindo na Secretaria. Deus o pague e lhe retribua com as bênçãos e graças que somente o Pai Celeste conhece.

Secretaria Gens

Juntamente com este agradecimento ao Gustavo, cabe aqui também um particular agradecimento aos membros da Secretaria Gens que durante todos estes anos nos aju-daram levar avante o Movimento gens, cada um na sua sub-região ou no seu Seminário. Estes também deixam a Secretaria Gens, dando lugar a outros novos.

Novo Branco Gens

Um agradecimento também desde agora ao Daniel, que muito generosamente aceitou a função de Branco Gens como uma missão e como vontade de Deus”.

Assis Sant’Ana,

Pe. Gustavo Natividade

“Escrevo a todos vocês para me apre-sentar, pois agora devo caminhar na Região de São Paulo como Branco gens. Portanto, penso que isso seja importante.

Eu me chamo Daniel Leonel e sou seminarista da Diocese de Nova Iguaçu – RJ, que fi ca na Baixada Fluminense. Tive o meu primeiro contato com o Movimento dos focolares no ano de 2005, na Casa do Menor – instituição que acolhe crianças e adolescentes em situação de risco – cujo fun-dador é Padre Renato Chiera, que é um padre voluntário. No entanto, comecei a participar ativamente do Movimento em 2006 após a Mariápolis. Foi onde conheci o Assis, nosso assistente, e alguns gens, que me falaram um pouco desta realidade do ramo sacerdotal no Movimento. Imediatamente, junto com mais dois seminaristas, iniciamos um pequeno grupo de vivência no seminário. Líamos a Palavra de Vida de cada mês e partilhávamos as experiências.

Escola Gens

No ano de 2008 tive a graça de passar um ano na Mariápolis Ginetta, onde pude aprofundar a vida em comunidade. Foi um período muito forte de intensa vida da Pala-vra junto com mais três seminaristas. Retorno este ano ao seminário e inicio o primeiro ano de Teologia.

Espero crescer com todos vocês na uni-dade e no amor a Jesus Abandonado.”

Vamos juntos, unidíssimos, em frente nesta nova vontade de Deus da Obra, bus-cando viver a “Herança de Chiara”.

Um grande abraço a todos”. Daniel Leonel.

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A caminho do Congresso Nacional

Como todos puderam ler na página anterior, a Região de São Paulo tem novo Assistente do Movimento Gens. Trata-se do seminarista Daniel Leonel.

Congresso Nacional

Por que estamos destacando este fato? Porque a caminho de nosso Congresso Na-cional de Seminaristas que acontecerá na Mariápolis Ginetta de 11 a 15 de janeiro próximo, é importante que cada Região da Obra de Maria se organize bem; que todos saibam com clareza que é o Assistente e quem é o Branco Gens, porque estas pes-soas terão uma função muito importante na preparação de nosso Congresso.

Assistente e Branco Gens

O Assistente e o Branco Gens de cada região precisam se organizar para promover as visitas aos Seminários de abril a junho

próximos, se por acaso ainda não fi zeram. Nesta visita, além da movitação dos

seminaristas para o nosso Congresso Na-cional é importante realizar aquela pesquisa com base em em duas perguntas que nós combinamos. Vocês estão lembrados disto? Sem esta caminhada de preparação em cada Região da Obra, não estaremos preparando bem este importante acontecimento.

As visitas aos Seminários

Portanto a bola é colocada nos pés de nossos gens, para que num trabalho de equipe eles possam, com o apoio de todos os sacer-dotes e demais membros da Obra na Região, vencer esta importante partida.

Neste sentido, cada Região precisa se or-ganizar e o Assistente e o Branco gens, certa-mente, deverão coordenar todo este trabalho.

Pe. Antonio Capelesso

Pe. Gustavo Natividade Gens Daniel Leonel

Page 12: Perspectivas de de omunhão · 2016. 7. 5. · Se somos cristãos, não existimos para nós mesmos, existimos para os outros, ou seja, para Deus. Devemos inserir-nos uns nos outros

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Gens, após encontro distinto com Pe. Wolfgang, na Mariápolis Ginetta

“Cheguei ao Amazonas no início de fevereiro. Inicialmente fi quei morando com o Bispo e outro sacerdote do PIME...

Neste período, comecei a marcar pre-sença no Centro Educacional da diocese, obra seguida pelo próprio bispo. Participo das reuniões com os educadores. O bispo me pede sempre para que leve alguma coi-sa do Movimento para eles. Então é sempre uma ocasião de falar do Ideal, porém sem fazer proselitismo para o Movimento. Se bem, que tem algumas pessoas que lá tra-balham que nos conhecem. Lancei a idéia do Dado do Amor para eles, que foi logo aprovada e já começamos a viver.

Faz duas semanas que estou moran-do na Catedral. A paróquia tem 28 comu-nidades ao longo do rio amazonas, além de fazer o trabalho aqui na cidade também acompanharemos estas comunidades...

Já tive a oportunidade de visitar algumas comunidades ribeirinhas. É uma experiência pastoral bem diferente por mim vivida até agora. Normalmente saímos na terça-feira e voltamos na sexta-feira. A nossa casa torna-se o barco. Ali armamos a rede para dormir. Banho de rio. As refeições fazemos nas comunidades visitadas”.

Pe. Carlos Caridade

Missionário no Amazonas

“Queremos comunicar a nossa primeira experiência de Acampamento Gens no Rio Grande do Sul. Oito participantes estiveram na casa de férias do Clero, na praia do Cassino, na cidade do Rio Grande.

O programa tem sido bastante simples, meditações, vídeos, textos, comunhões, partilha das experiências, missa, praia, con-vivência, passeios, jogos de cartas, em suma uma vida de família.

Foi difícil iniciar esta experiência, mas podemos dizer que valeu à pena”.

Fabiano, Irineu, Ederson, Valdeni,

Roni, Julio, Uiliam e Humberto

Acampamento Gens - Sul