Pesca

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Presidncia da Repblica Secretaria-Geral Secretaria Nacional de Juventude Coordenao Nacional do ProJovem Urbano

Coleo Projovem Urbano Arco Ocupacional

Pesca e Piscicultura

Guia de Estudo

Programa Nacional de Incluso de Jovens

2008

PROGRAMA NACIONAL DE INCLUSO DE JOVENS (ProJovem Urbano)Pesca - Piscicultura : Guia de Estudo / coordenao, Laboratrio Trabalho & Formao / COPPE - UFRJ / elaborao, Escola de Pesca de Pima - ESCOPESCA. Reimpresso. Braslia : Ministrio do Trabalho e Emprego, 2008. 160p.:il. (Coleo ProJovem Arco Ocupacional) 1. Ensino de tecnologia. 2. Reconverso do trabalho. 3. Qualificao para o trabalho. I. Ministrio do Trabalho e Emprego. II . Srie. CDD - 607 T675 Ficha Catalogrfica

Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva Vice-Presidente da Repblica Jos Alencar Gomes da Silva Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica Luiz Soares Dulci Ministrio de Desenvolvimento Social e Combate Fome Patrus Ananias Ministrio da Educao Fernando Haddad Ministrio do Trabalho e Emprego Carlos Lupi

Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica Ministro de Estado Chefe Luiz Soares Dulci Secretaria-Executiva Secretrio-Executivo Antonio Roberto Lambertucci Secretaria Nacional de Juventude Secretrio Luiz Roberto de Souza Cury Coordenao Nacional do Programa Nacional de Incluso de Jovens ProJovem Urbano Coordenadora Nacional Maria Jos Vieira Fres

Coleo ProJovem UrbanoCoordenao Nacional do ProJovem Urbano Assessoria Pedaggica Maria Adlia Nunes Figueiredo Cludia Veloso Torres Guimares Luana Pimenta de Andrada Jazon Macdo Ministrio do Trabalho e Emprego Ezequiel Sousa do Nascimento Marcelo Aguiar dos Santos S Edimar Sena Oliveira Jnior Arco Ocupacional Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Coordenao dos Programas de Ps-Graduao de Engenharia - COPPE Programa de Engenharia de Produo - PEP Laboratrio Trabalho & Formao - LT&F Escola de Pesca de Pima - ESCOPESCA Coordenao dos Arcos Ocupacionais Fabio Luiz Zamberlan Sandro Rogrio do Nascimento AUTORES Elaborao Escola de Pesca de Pima - ESCOPESCA NCLEO DE INTEGRAO SCIO - CULTURAL - NISC Coordenao e Elaborao Jonaci Xavier Garcindo (Arco) Renato Lopes Lyra (Arco) Vera Cristina Rodrigues Feitosa (Pedaggico) Pesquisa e Elaborao Alba Lucinia Santana Sampaio Amled Julio Rodrigues Denise Cristine Sciarretta Simes Luis Augusto Parazo dos Santos Patrca Helena Sciarretta Sebastio Vicente de Oliveira Projeto Grfico de Referncia Lcia Lopes Projeto Grfico e Editorao Eletrnica Fatima Jane Ribeiro ART 3 Comunicao Ilustrao ART3 Comunicao Fotografia Luiz Augusto Paraizo dos Santos Renato lopes Montagem Foto Capa Eduardo Ribeiro Lopes Agradecimentos Gabriella Dias Escola Agrotcnica Federal de Alegre - EAFA Secretria Municipal de Educa e Cultura de Pima - SEMEC Atum do Brasil

Caro(a) Estudante, Voc est iniciando o curso do ProJovem Urbano. E como voc sabe, a qualificao profissional compreende, de forma complementar, articulada e integrada, o deCaros participantes Geral (FTG) senvolvimento da Formao Tcnica do ProJovem! e do Arco Ocupacional (AO). Na FTG que se encontra nos Guias de Estudo das Unidades Formativas I a IV, Chegamos ao fim da primeira etapa deste processo de Qualificao para o voc vai tomar conhecimento e debater aspectos do trabalho que esto presentes Trabalho. Nos meses passados, vocs tomaram conhecimento e debateram aspectos do trabalho que esto contedos tcnicas relacionadas aos em todas as ocupaes. Estudar conceitos,presentes emequase todas as ocupaes, dentro da Formao Tcnica Geral (FTG). Estudaram Cidade; Organizao do temas: Mobilidade e Trabalho; Atividades Econmicas na conceitos, contedos e tcnicas relacionados aos temas Mobilidade e Trabalho; Atividades Econmicas na Cidade; Trabalho, Comunicao, Tecnologia e Trabalho; Gesto e Planejamento; OrganizaOrganizao do Trabalho, Comunicao, Tecnologia e Trabalho; Gesto e o da Produo; Outras Possibilidades de Trabalho. Outras Possibilidades de Trabalho. Planejamento; Organizao da Produo; No Arco Ocupacional, voc vai acrescentar conhecimentos que escola e fora dela. Enfatizamos sua participao em muitas atividades, na fortalecero Vocs no s resolveram quando no papel, mas temas exercitaram sua formao para o mundo do trabalho,as coisassero tratados ostambmespecficos os conhecimentos, movimentaram-se na cidade, buscaram informaes, fizeram desenvolvidos em cada ocupao integrante do referido arco. contatos e conversaram sobre o que estudaram. Teoria e prtica andaram juntas. Enfatizamos a importncia de sua participao em todas as atividades, na esParabns pelos estudos que concluram! cola e fora dela. Voc no s resolver as travessia, papel, mas hora de acrescentarmos Aps terem feito essa coisas no chegada a tambm exercitar os conhecimentos, buscar informaes, realizar visitas, far contatos edo trabalho. Agoconhecimentos que os fortaleam na formao para o mundo conversar ra, tem incio sobre o que est estudando. uma nova fase da Qualificao para o Trabalho, na qual sero tratados os temas especficos dos Arcos Ocupacionais. Cada Arco Ocupacional composto por quatro ocupaes e foi elaborado a Cada Arco Ocupacional composto por quatro ocupaes e foi elaborado partir de contedos que possibilitaro a vocs diversificada iniciao profissional, a partir de contedos que possibilitaro a vocs diversificada iniciao profissiabrindo espaos de abrindo espaos de atuao nessas ocupaes. Essa formao no osesonal, atuao nessas ocupaes. Essa formao no os tornar um tornar um especialista em cada uma conhecero muito mais amplamente o trapecialista em cada uma delas, mas vocsdelas, mas vocs conhecero muito mais amplamente o trabalho desenvolvido no conjunto das ocupaes. balho desenvolvido no conjunto das ocupaes. Por exemplo, se um de vocs escolher o Arco Pesca e Por exemplo, se um de vocs escolher o Arco Pesca e PisciculPiscicultura, vai iniciar-se em O Trabalhador na Pesca tura, vai iniciar-se em O Trabalhador na na Piscicultura, OO TrabalhaArtesanal, O Trabalhador Pesca Artesanal, Trabalhador dor na Piscicultura, O Trabalhador em Unidades de Beneficiamento e em Unidades de Beneficiamento e Processamento de Pescados e O Pescados e Pescados. Essa Pescados. Essa variedade Processamento de Vendedor deO Vendedor de variedade de ocupaes certamente aumentar as possibilidades de obtende ocupaes certamente aumentar as possibilidades de o de trabalho e emprego. obteno de trabalho e emprego. Desejamos a vocs bom Desejamos a vocsnesta trabalho seus estutrabalho bom fase de nesta fase dos. Abraos e boa sorte a todos! de seus estudos. Abraos e boa sorte a todos! AnitaAnita

SumrioIntroduo 9 11 13 13 15 16 16 20 22 23 27 28 33 38 39 45 50 50 56 61 63 66 67 75 83

Seo 1 - O Trabalhador na pesca artesanalA Pesca e o pescador Pesca comercial Pesca amadora e pesca cientfica Conhecimentos bsicos As embarcaes Condies do mar Condies do rio Noes de orientao Comunicao por rdio Segurana Tipos de pesca A isca Tipos de apetrechos Ns Espcies de peixes O pescador e o meio ambiente Vamos sair para pescar!

Seo 2 - O Trabalhador na PisciculturaAqicultura Piscicultura Diferentes instalaes e cultivos Mos obra! hora de criar peixes

Seo 3: O Trabalhador em unidades de beneficiamento e processamento de pescadosDa gua para a mesa O Beneficiamento industrial do pescado Setor de recepo Setor de beneficiamento Setor de embalagem Setor de armazenamento Medidas de higiene A sanitizao

93 95 96 97 98 104 105 107 107

A higienizao O Processamento artesanal do pescado Processamento x beneficiamento Oportunidades de empreendimento Produtos processados base de pescado Do pescado tudo se aproveita...

109 111 112 112 113 118

Seo 4 O Vendedor de pescados 121O Vendedor de pescados: o peixeiro Saberes sobre peixes Conhecimentos sobre negcios de peixes Saber vender Conhecimento Bom relacionamento com o cliente tica Motivao Apresentao pessoal Locais de trabalho Mercado de peixe Supermercado Peixaria de bairro Feira livre Atividades rotineiras Preparao da atividade de venda de pescados A venda Atividades ps-venda 123 123 138 139 140 140 141 142 142 142 143 145 146 147 149 149 151 152

Anexo 155 Referncias Bibliogrficas 157

IntroduoPeixes no faltamFalar de pesca entrar na vida de milhares de brasileiros e brasileiras, usufruir de seus saberes, admirar suas habilidades, aprender a ver a natureza de um jeito todo especial. Falar de pesca falar de encantos, de tradies, mas tambm de oportunidades de trabalho e de crescimento econmico para o pas. Os encantos so muitos, cantados em prosa e verso, pintados, esculpidos. Em meio a tantos artistas Quadro de Carlito Souza que se dedicaram aos pescadores, seus mares e rios, seus costumes e destinos, destaca-se um baiano muito querido, Dorival Caymmi, que comps inmeras canes falando de pesca, de pescador, de peixe e de mar. Uma delas um verdadeiro hino desses profissionais. Vamos cantar juntos em homenagem a todos eles?Sute do pescador

Quadro de Carlito Souza

Minha jangada vai sair pro mar Vou trabalhar, meu bem querer Se Deus quiser quando eu voltar do mar Um peixe bom eu vou trazer Meus companheiros tambm vo voltar E a Deus do cu vamos agradecer Adeus, adeus Pescador no se esquea de mim Vou rezar pra ter bom tempo, meu bem Pra no ter tempo ruim Vou fazer sua caminha macia Perfumada de alecrim

O Arco da Pesca espelha contrastes da vida: de um lado a magia dos mares, os mistrios dos rios e o tesouro da tradio, dos infindos saberes e tcnicas que esses homens e mulheres aprenderam com seus pais, que aprenderam com seus pais, que aprenderam com seus pais... De outro, a tecnologia e a cincia possibilitam o aumento crescente da produo, oferecendo meios sofisticados de torn-la mais rpida e segura e de possibilitar a distribuio do pescado praticamente sem fronteiras. A importncia da pesca para o Brasil tanta, que foi criada pelo governo federal a Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca (SEAP) da Presidncia da Repblica, com status de ministrio e as seguintes atribuies: assessorar o Presidente da Repblica na formulao de polticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da produo pesqueira e aqcola; promover a

execuo e a avaliao de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e industrial; promover aes voltadas para a implantao de infra-estrutura de apoio produo e comercializao do pescado e de fomento pesca e aqicultura. Tambm, no era para menos. Afinal, o potencial do nosso pas para o cultivo da pesca imenso: 8.400 km de costa martima, 5.500.000 hectares de reservatrios de guas doces, um grande nmero de ilhas. Isso totaliza uma rea de aproximadamente 3,5 milhes de km de Zona Econmica Exclusiva (ZEE), faixa que se estende das doze s duzentas milhas martimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Nessa ZEE, o Brasil soberano para explorao e aproveitamento, conservao e gesto dos recursos naturais, vivos ou no-vivos, das guas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e para exercer todas as atividades destinadas explorao e ao aproveitamento dessa zona para fins econmicos. Um gigantesco volume de guas doces e salgadas, um clima que favorece cultivos, muitas terras a serem trabalhadas, um povo criativo, habilidoso e batalhador; demanda crescente por pescado no mercado interno: temos tudo para estar entre os grandes produtores mundiais de pescado. Mas ainda no estamos... Um primeiro passo modificar hbitos alimentares por meio da valorizao das qualidades nutricionais dos produtos pesqueiros e do bem que fazem para a sade humana. Cada brasileiro consome, em mdia, a metade do que a Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e Alimentao (FAO) recomenda para o consumo de pescados. Grande parte de nossa produo, sobretudo de camares, destina-se exportao. Nossa pesca industrial que utiliza embarcaes consideradas de mdio e grande portes ainda muito modesta. preciso investir mais nessa modlidade. Cerca de 90% das embarcaes do pas servem pesca artesanal, que, calcula-se, responsvel por cerca de 60% de toda a produo extrativa nacional. Mas o governo federal est atento a essa realidade e aposta nas promissoras perspectivas do desenvolvimento da pesca. Vrias aes esto em curso, entre elas o melhor e maior aproveitamento dos recursos existentes na ZEE, a implantao de programas de diversificao e modernizao da frota, a qualificao da mo-de-obra, polticas de governo aliceradas na sustentabilidade. H, portanto, muito trabalho pela frente nesse setor, seja no campo da pesquisa tecnolgica e cientfica; seja em empreendimentos na aqicultura, na indstria naval ou de alimentos; seja no mbito das polticas pblicas para essa atividade; seja, enfim, no exerccio das quatro ocupaes que vamos estudar neste Arco. Estas, na verdade, constituem-se numa base preliminar de saberes e conhecimentos essenciais para qualquer pessoa que quiser se dedicar a qualquer um dos tantos ofcios relacionados pesca. O setor um mar de possibilidades. Peixes no faltam! chegada a hora, no importa o vento, vamos embarcar! Bom estudo!

A Pesca e o PescadorMuitos pescadores so filhos de pescadores, netos de pescadores, bisnetos de pescadores. A transmisso dos conhecimentos sobre a pesca, nos ncleos familiares, reflete o estilo de vida de inmeras comunidades. Na verdade, s com a experincia que se aprende a sentir na linha a beliscada de um peixe e saber se um dourado ou um pargo, um tambaqui ou um pirarucu! O candidato a pescador profissional deve conhecer as categorias de pesca. Afinal, ele vai fazer parte de uma cadeia produtiva, em que h toda uma diversidade de unidades de produo, de ocupaes, de regulamentaes. Mas isso para o profissional: quem faz pesca esportiva, por exemplo, tem regras a seguir bem diferentes das que orientam a atividade do pescador artesanal profissional. Existem trs grandes categorias de pesca: a comercial, a amadora e a cientfica. Aqui vamos trabalhar com um dos tipos de pesca comercial a artesanal , mas vamos apresentar todos os outros tipos, pois voc, na profisso de pescador artesanal, vai se encontrar, nesses tantos mares e rios que formam o mundo de seu trabalho, com muitos outros pescadores.

Pesca comercialA pesca comercial a modalidade de pesca voltada para a gerao de renda. Todo trabalhador da pesca comercial um pescador profissional, e para exercer sua ocupao, deve obter o Registro Geral de Pesca (RGP) na Secretaria Especial de Aqicultura e Pesca (SEAP). Voc ter de preparar uma documentao para tirar esse registro. Consulte o escritrio estadual ou a gerncia regional da SEAP. Esse registro deve ser tirado tambm por armadores, que so os donos das embarcaes ou os que as exploram comercialmente, e por empresas ou indstrias que trabalhem com pescados.

Telefones das gerncias regionais da SEAP Norte (91) 2434 1560 Sul (48) 3261 9982 Centro-Oeste (67) 325 7100 Nordeste (84) 2221 1741 ramal 233 Sudeste (21) 2233 1895

Pesca artesanalNa modalidade de pesca comercial, h dois tipos de pesca: a artesanal e a industrial. O profissional que vive da pesca artesanal aquele que, com meios de produo prprios, exerce sua atividade de forma autnoma, individualmente

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ou em regime de economia familiar. Muitas vezes contam com o auxlio de outros parceiros, mas no h vnculo empregatcio.

Pesca industrialO pescador na pesca industrial exerce suas atividades com vnculo empregatcio e utiliza os recursos disponibilizados por seu empregador. Geralmente, o trabalho realizado em equipe. Tanto na pesca artesanal como na industrial, h um mestre, que o pescador responsvel pela embarcao e pelo trabalho da equipe. ele quem conduz o barco. A pesca industrial que pode ser costeira ou ocenica realizada em embarcaes de maior autonomia que as utilizadas na pesca artesanal. Essas embarcaes so capazes de atingir reas bastante distantes da costa. A pesca costeira a mais praticada no Brasil. Nessa modalidade da pesca industrial, muitos dos equipamentos de captura utilizados a bordo so mecanizados. A embarcao tem tambm equipamentos eletrnicos de navegao e de localizao de peixes e cardumes, o que permite captura em grandes volumes. A pesca costeira realizada em guas mais profundas, em relao s alcanadas pelas embarcaes da pesca artesanal. Isso aumenta a possibilidade de coleta de peixes com maior variedade de espcies e tamanhos e maior valor de mercado.Incipiente O que est no comeo, inicial.

A modalidade de pesca industrial ocenica incipiente no Brasil. Exige embarcaes que podem atingir reas muito distantes da costa. Utiliza embarcaes de grande porte, com muita autonomia, geralmente de propriedade de empresas estrangeiras. Essas embarcaes verdadeiros navios so amplamente automatizadas e dotadas dos mais sofisticados equipamentos de navegao e de deteco de cardumes.ATIVIDADE 1

Complete as frases abaixo. Depois compare suas frases com as de outros colegas. Quem quiser trabalhar na pesca artesanal ter de

O pescador artesanal profissional utiliza

As embarcaes da pesca industrial costeira so

Grandes embarcaes, verdadeiros navios, so utilizados na

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Pesca amadora e pesca cientficaA pesca amadora praticada com fins de lazer ou desporto. O pescador amador no pode comercializar o produto de sua atividade. Esses pescadores, quando devidamente licenciados, esto aptos a pescar, desde que utilizem linha de mo, canio simples, canio com molinete/carretilha, anzis simples ou mltiplos com isca natural ou artificial pu ou tarrafa. O pescador amador deve observar as seguintes regras: obedecer cota de captura, que varia de estado para estado; respeitar o tamanho mnimo de captura; respeitar as regras estabelecidas durante os perodos de defeso; no pescar em reas proibidas; e no pescar espcies proibidas.Pescador amador: informe-se e licencie-se! Onde se licenciar: IBAMA-Sede; Superintendncia do IBAMA nos Estados. Ateno: Aposentados, maiores de 65 anos e menores de 18 esto isentos dessa licena. Saiba mais no site www.ibama.gov.br

A pesca cientfica exercida unicamente com fins de pesquisa. O interessado deve dirigir-se ao IBAMA com seu projeto de estudo ou pesquisa. Esse rgo analisar o projeto para decidir sobre a licena.ATIVIDADE 2

Voc j pode responder s perguntas abaixo: 1- Que tipos de pesca existem na sua regio?

2- Quais as principais diferenas entre um pescador amador e um pescador profissional?

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ATIVIDADE 3

Com o auxlio do professor, vocs iro elaborar dois roteiros de entrevista, uma para ser feita com um pescador profissional e a outra com um pescador amador. Aps aplicarem as entrevistas, vocs iro apresentar os principais resultados em sala, compartilhando com os demais colegas.

Conhecimentos bsicosNo se atreva a ir para o mar ou para o rio sem ter conhecimentos bsicos sobre os equipamentos e recursos que voc vai utilizar. E sobretudo sobre as condies do ambiente natural onde voc vai pescar. Habitualmente, quem fica molhando a isca na beira de rios ou de mar, em cima de pedras ou de pontes, o pescador amador. O pescador profissional, geralmente, pesca embarcado. Vamos comear, ento, tratando das embarcaes, ferramentas de trabalho sem as quais o pescador profissional no conseguir uma quantidade de pescados suficiente para a comercializao. Noes geogrficas, condies do mar e do rio so tambm saberes fundamentais para que o pescador v e volte.

As embarcaesEmbarcao qualquer construo que pode se locomover na gua, por meios prprios ou no, Plataformas flutuantes transportando pessoas ou cargas. Portanto, as plataformas flutuantes at mesmo as fixas, quando rebocadas so embarcaes. Caracterizam-se como embarcaes pesqueiras aquelas que so utilizadas exclusiva e permanentemente para a captura de animais e vegetais aquticos. Elas devem estar devidamente licenciadas pela SEAP. Alm disso, todas as embarcaes so fiscalizadas pela Capitania dos Portos. A embarcao to importante na pescaria quanto o prprio pescador, com todos os seus saberes. o tamanho do barco que vai determinar a quantidade de pescado que pode ser armazenado com segurana e at onde se pode ir em uma nica viagem.

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Tipos de embarcaesExistem diversos tipos de embarcaes, que diferem umas das outras pelo tamanho, material com que so confeccionadas, tipo de motor. Vejamos algumas delas, tais como so descritas pela SEAP, com as respectivas abreviaes.

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Bateira (BAV)Embarcao movida a vela, sem casaria (cabine), com convs fechado.

1

2

Bote a remo (BRE)

Embarcao movida a remo, com casco chato, de pequeno porte, tambm conhecida como catraia ou paquete a remo.

2

3

Bote de casco (BOC)Embarcao movida a vela, com casco de madeira e quilha, convs fechado, sem casaria.

4

Bote motorizado (BOM)Embarcao movida a motor, com casco de madeira ou fibra, com quilha, convs fechado, sem casaria.

3 4

5

Canoa (CAN)Embarcao movida a remo ou vela, sem convs, confeccionada em madeira (jaqueira ou marmeleiro) de fundo chato ou no, tambm conhecida como caco, curicaca, igarit, biana, patacho, canoa de casco, batelo, iole.

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6

Geleira (NID)Embarcao recolhedora de pescado.

6

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7

Jangada (JAN)Embarcao movida a vela, remo ou vara, confeccionada de madeira, com urna para condicionamento do material de pesca.

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8 8Lancha (LAN/BMO)Embarcao motorizada, com casco de madeira, comprimento inferior a 15m, com casaria no convs, na popa ou na proa; tambm conhecida como barco a motor, saveiro de convs, janga, barco motorizado.

9 9

Lancha industrial (LIN)Embarcao motorizada, com casco de ao, geralmente de comprimento inferior a 15m, com casaria no convs, na popa ou na proa, tambm conhecida como barco industrial, barco de ferro.

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Paquete (PQT)Embarcao movida a vela, com casco de isopor revestido de madeira, sem quilha.

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ATIVIDADE 4

Esta atividade deve ser feita por toda a turma. 1- No cais, no porto ou mesmo na praia onde ficam ancorados os barcos de sua comunidade, fotografem, desenhem, observem e anotem: os tipos de embarcaes utilizadas (vejam a relao apresentada); sublinhe, na sua lista, os mais encontrados; os nomes de embarcaes que vocs acharam mais sugestivos ou interessantes.

2- Conversem com um pescador sobre a embarcao que ele utiliza: Que tipo de embarcao ? A quem pertence? Quantos quilos de peixe consegue trazer? Quais as suas maiores dificuldades relacionadas embarcao? Que embarcao ele gostaria de ter? Por qu? Perguntem a ele se conhece diferenas regionais nas denominaes dos tipos de embarcaes.

Tragam para a sala o resultado dessa pesquisa.CURIOSIDADE Voc sabia que o termo toa surgiu da pesca? Sabe o que quer dizer? O cabo que reboca o bote ou barco salva-vidas chamado de toa. Assim, o barco rebocado no tem direo prpria: segue a toa, ou segue toa!

Permisso para navegarPara obter permisso para a embarcao sair para a pesca, o proprietrio deve dirigir-se SEAP portando: documento que comprove a propriedade da embarcao, emitido pela instituio competente da Marinha do Brasil; e

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formulrio de requerimento de registro de embarcao pesqueira devidamente preenchido. A efetivao da permisso fica condicionada verificao, pela SEAP, da existncia de: RGP da embarcao; certido negativa de dbitos junto ao IBAMA; e comprovante de recolhimento do valor correspondente ao registro da embarcao.O SEGURO OBRIGATRIO! O seguro das embarcaes como o seguro obrigatrio dos carros. Vale por um ano e cobre danos a pessoas embarcadas ou a terceiros (acidente com banhistas, por exemplo). Seu custo depende do tipo da embarcao.

Cuidados com a embarcao e com o meio ambienteO bom pescador cuida de seu barco, mesmo que seja alugado, como de uma pessoa querida. Ele sabe que, se o barco estiver em ms condies, sua vida estar em risco, e o sucesso da pescaria ficar comprometido. Cuidar bem do barco significa manter boas condies de navegao, verificando sempre o motor, o casco, os instrumentos de navegao, os tanques de combustvel, etc. Cuidar da embarcao, portanto, significa tambm preservar o meio ambiente, pois vazamentos de leo, to comuns em barcos sem a devida manuteno, so fatores determinantes da degradao do meio ambiente. Outro detalhe: durante a pescaria, muito lixo produzido no barco. Os pescadores devem levar sacos plsticos de preferncia biodegradveis para recolher esse lixo. Nunca podem jogar na gua nem deixar nas margens dos rios garrafas, latas, papel Resduos jogados no mar que chegam na areia da praia ou plstico.

Condies do marOs mares esto sempre em movimento: com a atrao da Lua e do Sol, a massa lquida se movimenta no sentido vertical dando origem s mars; movimenta-se tambm no horizontal, provocando as correntes de mar. O ciclo de uma mar leva aproximadamente seis horas. Como esse tempo aproximado, o pescador deve ter sempre em mos uma tbua de mar, em que poder ver os horrios precisos das mars cheias e vazantes nos principais portos. Em locais profundos, o pescador no precisa saber exatamente a profundidade do mar para navegar sem riscos. Entretanto, em guas rasas,

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esse conhecimento que permitir definir em que ocasies e em que reas, portos ou canais, um barco pode navegar com segurana. O pescador deve estar informado sobre os horrios das mars para decidir se pode ou no passar em locais de pouca profundidade. Ao planejar a viagem, ele poder prever Mar cheia as datas, horrios e velocidades convenientes para navegar em segurana nesses locais. Em geral, a partida e a hora de atracar so feitas na mar cheia, pois a maior profundidade do mar evita o encalhe da embarcao. Mas, alm das mars, o pescador precisa tambm conhecer o canal de sada para o mar Mar baixa ou boca da barra. Em alguns lugares, por causa da profundidade do canal, pode-se sair mesmo com a mar baixa. Em outros, mesmo na mar cheia preciso ter cuidado, pois h bancos de areia e calhais.Mar Fenmeno cclico de elevao (preamar) e abaixamento (baixa-mar) das guas do mar, com a respectiva corrente, por atrao do Sol e da Lua em suas posies relativas. Preamar, mar cheia ou mar alta: nvel mximo de uma mar. Baixa-mar, mar baixa ou vazante: nvel mnimo de uma mar.

ATIVIDADE 5

Observe a tbua de mar apresentada a seguir. Nela esto os dias e horrios das mars alta e baixa relativos a uma semana. Imagine que voc est planejando uma pesca de trs dias de durao. Escolha a melhor hora para a sada e para o incio do retorno ao porto ou praia. Discuta em sala os resultados desta atividade.

Tbua de mar

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ATENO! O pescador no pode ignorar as condies dos ventos quando pretende lanar-se ao mar. A fora dos ventos tem influncia direta na velocidade dos barcos, no consumo de combustvel, na altura das ondas.

Condies do rioPara garantir a segurana da equipe e da embarcao, o pescador precisa estar atento s mudanas que ocorrem nos rios. Em determinadas pocas do ano, eles recebem grandes volumes de gua da chuva, tornando difcil a navegao. Troncos de rvores e razes so arrastados pela correnteza e podem chocar-se com as embarcaes e at vir-las. Um perigo enorme so as rvores que ficam submersas nas grandes enchentes. No entanto, essa poca de perigos corresponde ao perodo em que h maior abundncia de peixes. Se voc for prudente e estiver muito atento aos caprichos da natureza, voc poder aproveitar essa abundncia e obter um timo rendimento. Por outro lado, alguns rios secam em determinadas pocas do ano e, alm da escassez de peixes, h o perigo de encalhe das embarcaes. Os peixes, nessa poca, migram: vo procurar outros lugares, para garantir sua sobrevivncia. Esse fenmeno natural to freqente que existem programas do governo para atender aos pescadores. Mas s podem receber os benefcios os que estiverem cadastrados nos programas. Informe-se na SEAP ou IBAMA do seu estado.www.ibama.gov.br ou www.presidencia.gov.br/seap/

ATENO! Procure a associao dos pescadores da sua regio, ou a colnia de pescadores, e informe-se:

sobre o cadastramento como pescador profissional artesanal; sobre os direitos e deveres do pescador profissional artesanal; sobre as caractersticas dos rios e riachos onde voc vai exercer suaatividade.

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ATIVIDADE 6

Vamos testar nossos conhecimentos sobre condies de mar e de rio, brincando de mmica? O professor orientar a turma.ATIVIDADE 7

Procurem as seguintes informaes na sua regio: As colnias e associaes de pesca existentes: nmero de associados; embarcaes cadastradas; vantagens que oferecem ao associado, etc. Programas/projetos relativos pesca: a entidade que gerencia; para quem so dirigidos; benefcios que trazem para o pescador ou para sua comunidade ou colnia. Apresentem, em sala de aula, os resultados dessa pesquisa. Junto com o professor, procurem produzir um informativo para ser distribudo na comunidade.

Noes de orientaoHoje, o pescador profissional artesanal pode contar com recursos de alta tecnologia para se localizar no mar ou no rio. O GPS, por exemplo. Trata-se de um equipamento usado para localizar pessoas, carros, celulares, etc. E tambm assinala exatamente a posio em que uma embarcao se encontra, no rio ou no mar. Por isso mesmo, ele tem muitas utilidades. Um exemplo: o pescador, ao identificar um pesqueiro, pode inserir no seu GPS informaes sobre a localizao desse pesqueiro. Assim, em outra viagem, ele poder encontr-lo novamente. Outro exemplo: se voc estiver perdido em alto mar, o aparelho vai mostrar a voc a direo certa para Modelos de GPS voltar a seu porto.

O que GPS? GPS (Global Positioning System) um sistema de rdio navegao, baseado em satlite, que permite a usurios terrestres, martimos ou aeronuticos determinar, com extrema preciso, sua posio tridimensional, velocidade e horrio, 24 horas por dia, sob qualquer condio climtica e em qualquer local do mundo. (www.gpsglobal.com.br)

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Mas muitos pescadores no se valem porque no podem ou porque no querem de tanta tecnologia... Uma bssola j ajuda muito, se voc souber us-la. A agulha da bssola sempre aponta para o norte, por ser magnetizada. Conhecendo a direo do norte, voc tambm conhece a direo do leste. E, se voc saiu em direo ao leste, para voltar, s pegar o rumo do oeste. Enfim, com sua bssola, voc pode identificar os quatro pontos cardeais e colaterais assinalados na rosa-dos-ventos.

Rosa-dos-ventos Grfico circular tradicional que mostra as direes da esfera celeste: norte, sul, este (ou leste) e oeste (os pontos cardeais); nordeste, sudeste, sudoeste e noroeste (os pontos colaterais).

Rosa-dos-Ventos

Bssola

ATIVIDADE 8 - PRTICA

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Vamos fazer uma bssola? Material: Cola branca Im comum Agulha Pedao de cortia Recipiente plstico transparente Caneta que escreva em plstico Modo de fazer: 1- Pegue o im e esfregue-o na agulha por alguns minutos, sempre na mesma direo, para magnetiz-la. 2- Corte um pequeno crculo de cortia e cole a agulha, deitada, bem no centro.

3- No fundo do plstico, marque com a caneta N, S, L O. 4- Coloque uns trs dedos de gua no recipiente plstico e, na superfcie, faa boiar a cortia com a agulha. A ponta da agulha apontar na direo norte: acerte o fundo da sua bssola.

CURIOSIDADE O verbo nortear formado a partir de norte, e seu sinnimo orientar se forma a partir de oriente, que para ns o leste.

No entanto, pode ser que nosso pescador, distrado, tenha se esquecido de sua bssola ou deixado que ela casse no mar. Nesse caso, ele pode se orientar pela posio do Sol ou das estrelas.

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de dia

de noite

Se as condies do tempo no permitirem ao pescador avistar os astros, ele ainda pode se orientar pelas montanhas, picos, faris, ilhas etc., chamados de pontos de orientao geogrficos. Mas, para isso, preciso muita observao e muitos saberes...ATIVIDADE 9

Na sala de aula, identifique os quatro pontos cardeais e os colaterais (NE: nordeste; NO ou NW: noroeste; SE: sudeste; SO: sudoeste), e os represente desenhando com giz uma rosa-dos-ventos. Ser que todos vo descobrir o mesmo norte?ATIVIDADE 10

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Procurem pescadores experientes na sua cidade ou regio para obter as seguintes informaes: Os pontos de orientao geogrficos que utilizam. Se utilizam equipamentos de orientao e em que momentos o fazem. Se alguma vez j ficaram perdidos e o que fizeram nessa ocasio.

H situaes que envolvem alto grau de dificuldade. Por exemplo, se voc estiver em alto mar, sem instrumento de orientao, nenhuma montanha, nenhuma visibilidade. Nesses momentos h necessidade de se buscar comunicao para obter apoio.

Comunicao por rdioO instrumento mais utilizado pelos pescadores o rdio de comunicao. Trata-se de um aparelho bastante simples e de fcil utilizao, que opera em diversas freqncias. O pescador deve perguntar, na base de radiocomunicao de sua comunidade, em que freqncias ele pode operar. bom que ele se informe tambm, antes de sair para o mar, qual a freqncia da Guarda Costeira e a da Capitania dos Portos. Vejamos, abaixo, um modelo de rdio de comunicao.

Rdio de comunicao

ATIVIDADE 11 - FILME

Assistam ao filme com toda ateno. Depois vocs vo debater vrios aspectos relativos a esta ocupao.

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ATIVIDADE 12

Listamos abaixo problemas que podem acontecer com uma embarcao. Construa uma histria em quadrinhos, representando a comunicao a ser estabelecida com a Guarda Costeira ou com a Capitania dos Portos em virtude de: tempestade vista risco de coliso falta de combustvel Como ser essa ajuda?

SeguranaSegurana e pesca no podem andar separadas. Os riscos esto por todo lado: no cu, no mar e no rio, nas outras embarcaes, em grandes animais aquticos e, mais importante, na prpria embarcao e no prprio pescador, se ele no for cuidadoso e no estiver muito atento. Vamos tratar aqui desses dois ltimos fatores de risco: o pescador e sua embarcao.

Riscos para o pescadorAo exercer sua atividade, o pescador profissional, preocupado com a segurana a sua e de sua equipe , ter sempre em mente que o sol, os ventos e a friagem representam riscos naturais para a sade. Para evitar queimaduras provocadas por longos perodos de exposio ao sol, o protetor solar imprescindvel e deve ser passado em todo o corpo. Mesmo utilizando o protetor solar, o pescador deve usar camisa leve de mangas compridas e um chapu de abas largas vai proteger no s a sua pele, mas tambm os seus olhos. No caso dos ventos e da friagem, h no mercado vrios modelos de capas para chuvas, casacos, luvas e botas especficas para a atividade de pesca.

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Uma vez protegido dos ventos e preparado para as mudanas repentinas de temperatura, o pescador deve estar atento a outros riscos da atividade: quedas ao mar, cortes e perfuraes, envenenamento. Os envenenamentos podem ocorrer geralmente, durante o manuseio de espcies de peixes venenosos, como o niquim ou moreiatim, mangang , o peixe-escorpio. Como difcil encontrar os antdotos (substncias que so aplicadas para cortar, diminuir ou aliviar os efeitos do veneno), melhor redobrar a ateno e evitar esses tipos de acidentes. Voc pode e deve saber mais sobre antdotos. Consulte o site www.bio.fiocruz.br.

NiquimCURIOSIDADE

Peixe-escorpio

Niquim uma palavra do tupi: ni quer dizer enrugado, encrespado, franzino; e qui significa espinhento.

A utilizao incorreta de ferramentas e apetrechos pode causar cortes e perfuraes nas mos e nos ps dos profissionais da pesca. Para segurar o peixe e cortar anzis e ferres, os pescadores devem utilizar luvas e alicates especiais. Sem esses cuidados, podem sofrer perfuraes, sobretudo quando os peixes so mais agressivos, como bagres, marlins, agulhes. As quedas ao mar decorrem de acidentes, s vezes provocados por descuidos, principalmente quando as condies do mar so adversas. A grande maioria desses acidentes se relaciona ao aumento repentino do volume de uma onda, que se choca violentamente contra a embarcao, inclinando-a. Esse movimento pode desequilibrar o tripulante desavisado ou desatento.

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Outra causa bastante comum para acidentes o lcool. No se pode fazer uso de bebidas alcolicas antes e durante as viagens de pesca. A embriagus, mesmo que parcial, responsvel por inmeras quedas ao mar que resultam em afogamentos.

Riscos para a embarcaoOndas muito fortes podem romper o casco das embarcaes, provocar abalroamento com outro barco, jogar a embarcao contra os recifes (ou arrecifes) ou faz-las encalhar em bancos de areia. A fora da onda pode tambm danificar o leme, o mastro, deixando o barco deriva. O profissional da pesca, para se prevenir contra esses acidentes, deve manter-se informado sobre as previses meteorolgicas e as condies do mar, por meio do rdio. E no se esqueam: coletes salva-vidas e bias devem estar sempre em locais acessveis.

Abalroamento Choque ou coliso de embarcao contra um obstculo (outra embarcao, cais, bia, etc).

ATIVIDADE 13

Para preservar a integridade fsica do trabalhador, os Equipamentos de Proteo Coletiva e Individual (EPI,EPC) precisam estar disponveis nas embarcaes.

Vamos pescar palavras? Descubra nomes de Equipamentos de Proteo Individual (EPIs) e Equipamentos de Proteo Coletiva (EPCs).

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Principais equipamentos de proteoEquipamentos de proteo individual (EPI)

COLETE SALVA-VIDAS

CHAPU DE PALHA ou BON

ALICATE pequeno (para retirada de anzol da prpria pele)

FACA ou FACO com bainha de couro

BOTAS DE BORRACHA de cano longo (quando pisar no fundo do rio)

LUVAS grossas (para manusear peixes e cabos)

Equipamento de proteo coletiva (EPC)

Estojo de PRIMEIROS SOCORROS

BOTE SALVA-VIDAS

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VOC SABIA?

Os gregos antigos usavam leo de oliva como filtro solar. Em 1944 foi inventado o primeiro protetor solar de verdade, por um farmacutico chamado Benjamin Greene. Na pesca, o uso do protetor com Fator de Proteo Solar (FPS) 25 ou superior obrigatrio pelas normas de segurana.

ATIVIDADE 14

Identifique os erros da Anita. Descreva-os aqui:

VOC SABIA?

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Em algumas regies do pas, os pescadores, quando esto pescando com linha de mo, utilizam um anel feito de cmara de borracha para proteger os dedos.

Tipos de pescaOs conhecimentos adquiridos at aqui ainda no so suficientes para sair para a pesca, no mar ou no rio. O pescador tem de conhecer... a pesca! Vejamos, ento, algumas maneiras de realizar essa atividade e os apetrechos necessrios, como as redes, linha, bias, chumbadas, anzol. Existem diversas maneiras de se desenvolver a atividade da pesca, e as principais so a pesca de rede, a de linha e a de armadilha.

Pesca de redeA pesca de rede possibilita ao pescador apanhar maior nmero de peixes de um nica espcie de uma vez. Pode ser de arrasto, de cerco ou de espera.

Rede de arrastoCardume de peixe

1- A rede lanada e puxada formando um gigantesco saco

A rede de arrasto conhecida tambm como rede de arrasto de fundo, arrasto, rede de balo, rede de puxada. A captura dos peixes e crustceos feita por meio do movimento de arrastar a rede tal como se v no desenho.

2- A rede arrastada capturando o cardume e recolhida para o barco

Rede de cerco A rede de cerco, como o nome diz, cerca os peixes e prende-os na malha. Por isso tambm chamada de rede de emalhar.

1- Ao identificar o cardume, a rede jogada ao mar e comea a cerc-lo

3- Cercado o cardume, os peixes so recolhidos para o barco

2- Neste estgio, o cardume est completamente cercado, sem escapatria

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Rede de espera As redes de espera ficam na posio vertical na coluna de gua, para emalhar o peixe. Podem ser de deriva as que operam ao sabor das correntes ou fixas.

Rede de espera deriva levada pela correnteza Rede de espera fixa com chumbos

ATIVIDADE 15

Em pequenos grupos, a turma vai localizar pescadores experientes para obter informaes sobre: a) os tipos de rede utilizadas na pesca em sua regio; b) as vantagens e desvantagens de cada um desses tipos de rede; c) os pescados que podem ser capturados em cada tipo de rede; d) os tipos de rede que podem ser prejudiciais ao ecosistema/meio ambiente.

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Pesca de linhaPara esse tipo de pesca, utiliza-se linha de nilon, na qual so amarrados o anzol e a chumbada. Para pegar peixes flor da gua, amarra-se uma bia na linha. O pescador pode segurar diretamente a linha na mo ou se valer de canio ou vara para amarrar a linha.

A pesca de linha tambm pode ser feita em espinhel. Numa linha mestra so amarradas vrias outras linhas, com seus respectivos anzis.

Pesca de armadilhaAs armadilhas so feitas de diversos materiais madeira, nilon, arame e so de diversos tipos. As mais conhecidas so o covo, ou manzu, e o jerer, especficas para a pesca de crustceos camares, lagostas, siris. A grande vantagem das armadilhas que elas capturam o pescado e os mantm vivos at a coleta.Jerer de vara Jerer de mo

Covo ou manzu

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ATIVIDADE 16 - PESQUISA

A turma toda vai fazer uma pesquisa sobre os diversos nomes de armadilhas, em diferentes regies do pas. Para a coleta de dados, vocs podem fazer entrevistas, consultas a publicaes, internet, visitas a entidades como associaes, etc. O produto final, a ser elaborado por toda a turma, ser o preenchimento do quadro a seguir:Tipos de armadilha onde utilizar como utilizar pescados capturveis

A maioria das armadilhas pode ser encontrada em lojas especializadas, que oferecem ao profissional diferentes tipos para que escolham as que melhor atendam s suas necessidades. No entanto, nada se iguala satisfao de fazer voc mesmo a sua armadilha.ATIVIDADE 17 - PRTICA

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Vamos fazer uma armadilha para pequenos crustceos? Voc vai precisar de: Uma garrafa plstica de refrigerante 2 litros

Um pedao de arame de 1,5m de comprimento Um pedao de peixe ou de tripa Como fazer: 1- Corte a garrafa um pouco acima do meio, como no desenho. 2- Faa um furo no fundo da garrafa e passe por ele o arame, prendendo nele a isca. 3- Faa vrios pequenos furos no fundo da garrafa para que a gua fique continuamente correndo por dentro dela. 4- Encaixe a parte superior da garrafa na inferior na posio indicada no desenho. 5- Amarre a garrafa a uma pedra e coloque-a dentro da gua.

ATIVIDADE 18

Conversem com os pescadores de sua regio para responder s perguntas: Que tipos de armadilhas utilizam? Que espcies de pescado costumam capturar com as diferentes armadilhas? H vantagens ou desvantagens no uso dessa ou daquela armadilha? Os resultados dessas conversas vo ser organizados e podem compor um quadro com fotos e desenhos.

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A isca

Um fator muito importante na pesca a isca. Para atrair os peixes, o pescador tem de saber muito bem que tipo de isca deve usar. uma frustrao esperar pegar um dourado e conseguir um lambari! E tudo por causa de uma isca errada. E tem mais: dois pescadores podem usar a mesma isca, um com sucesso outro com... cara de bobo! que o jeito de prender a isca no anzol determinante para distinguir dois tipos de pescador: o que pega peixes e o que os alimenta ou d banho na minhoca! Vamos ver aqui os tipos de isca mais comuns. Com a prtica, voc vai saber prend-las no anzol e deixar de ser um pescador de dar comidinha para peixe! As iscas podem ser naturais ou artificiais. As grandes vantagens da isca artificial so seu reaproveitamento e o fato de j virem adequadamente presas ao anzol. No entanto, os peixes so muito espertos e nem sempre caem nesse conto... As iscas naturais tm atrativos que as artificiais no conseguem reproduzir, como odor, secrees. Por isso, os pescadores profissionais ainda preferem as iscas naturais. Elas propiciam melhor desempenho, ou seja, maior quantidade de peixes num menor tempo. As iscas naturais no tm de estar vivas: muitas vezes um pedao de peixe uma carnada atrai o peixe desejado. Outras iscas naturais muito usadas so o camaro, pequenos peixes e a minhoca. Vejamos as iscas adequadas pesca de linha de alguns peixes mais comercializados:Nome: trara [gua doce] Isca: minhoca e carnada

Nome: pero [gua salgada] Isca: camaro

Nome: pirarucu [gua doce] Isca: artificial e pequenos peixes

Nome: dourado [gua salgada]Isca: artificial ou carnada

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Nome: dourado [gua doce] Isca: artificial ou carnada

Nome: peixe espada [gua salgada] Isca: carnada

Nome: robalo [gua doce] Isca: camaro (vivo)

As iscas mais usadas na pesca de armadilha so restos de peixe tripas (que tambm podem ser de frango), cabea, pedaos que ficam fixados no interior das armadilhas. No covo ou manzu e tambm no jerer ficam no fundo, bem no meio da pea.

Tipos de apetrechosPara os diferentes tipos de pesca, h uma grande quantidade de apetrechos. Vamos conhecer os mais utilizados.

BiasA bia um apetrecho comumente usado na pesca de linha. Serve para manter a isca em determinada profundidade na coluna de gua. Vejamos alguns tipos de bia:

Lambari Feita de isopor, pintada de duas cores, usada sobretudo na pesca de peixes pequenos.

Charuto As bias charuto ficam na posio vertical, so de fcil visualizao e movimentam-se to logo o peixe comea a beliscar. So feitas de poliuretano pintado em trs cores fosforescentes.

Cevadeira Essas bias tm um compartimento para pr rao, frutas, sementes. Geralmente so feitas de poliuretano pintado de verde-limo fosforescente.

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ChumbadasChumbadas so pesos usados para a linha no boiar. A escolha do modelo e do tamanho da chumbada deve levar em conta o tipo de fundo do rio ou do mar, bem como a correnteza existente no local. Quando h muitas pedras, utilizam-se pesos arredondados gota, pingo, bola que no se prendem facilmente.

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ATIVIDADE 19

Observe a figura abaixo e descreva os erros cometidos pelos pescadores

U!! Por que o lanche no est sendo servido aqui embaixo??

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AnzisO anzol um apetrecho essencial para a pesca de linha. So seus formatos e os materiais utilizados em sua confeco que determinam o poder de fisgada para cada tipo de peixe. Por isso, sempre h novidades no mercado. Hoje, os profissionais da pesca tm sua disposio uma enorme variedade de anzis que, se corretamente utilizados, aumentam a produtividade da pesca. H anzis dos mais variados tamanhos. A escolha depende do tipo de peixe que se quer pescar. Um anzol tem as seguintes partes: olhal, haste, abertura, garganta, barbela, ponta e curvatura. Alguns tipos de anzol no tm o olhal e so chamados de anzol de empate.Medida do Anzol Curvatura Haste Garganta Barbela Abertura Olhal

Ponta VOC SABIA?

O anzol tem suas origens na pr-histria. Em muitos museus, voc pode encontrar peas feitas em pedra, marfim, osso. Depois vieram os anzis de madeira, cobre, bronze, ferro, nesta ordem. Hoje, os mais modernos, de ao com alto teor de carbono, recebem tratamento para resistir melhor corroso. A seguir, vemos os tipos mais comuns de anzol:

Anzol simples

Anzol duplo

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Anzol triplo (Garatia)

Ponta de argola (com olhal)

Ponta de agulha

Ponta de chapa (sem olhal)

Haste padro Haste longa

Haste curta

Haste com farpas

Outros apetrechosVamos conhecer, agora, outros apetrechos utilizados na pesca de linha simples e na de espinhel.

Girador ou destorcedor: evita que a linha fique torcida, principalmente quando se usa molinete. Tambm serve para unir a linha ao empate.

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Empate: colocado entre a linha e o anzol, evita que peixes de dentes afiados cortem a linha.

Grampos: evitam a necessidade de cortar a linha ao trocar o anzol.

Vara: o utenslio mais conhecido da pesca. Pode ser um simples canio de bambu ou feita de fibra de vidro, de fibra de carbono ou de ligas mistas.

Molinete: com um carretel fixo, serve para guardar, arremessar e recolher a linha.

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Bicheiro: cabo com gancho na ponta usado para imobilizar peixes de mdio e grande portes.

Pu: arco de alumnio com rede de malhas largas, que serve para pegar e segurar o peixe enquanto se retira anzol.

NsUm pescador tem de conhecer os diferentes ns e ter habilidade para faz-los e desfaz-los. Os ns servem para emendar linhas, prender anzis, chumbadas, bias. H tambm outros ns, como os usados para prender as embarcaes ao cais, para amarrar as ncoras.ATIVIDADE 20 - PRTICA

Vamos fazer alguns ns de pescador? Sigam as indicaes aqui apresentadas. Para emendar duas linhas N 1

Segure as pontas das linhas no lugar onde elas se cruzam, deixando 20cm de cada lado para atar o n.

Faa de cinco a sete voltas com uma das pontas das linhas em torno da outra; em seguida, volte com a ponta da linha e passe-a pelo encontro onde elas originariamente se cruzam.

Repita a operao anterior com a outra ponta da linha. As pontas das linhas devem passar pela mesma abertura em sentidos opostos. Se a linha tiver dimetro superior a 0,30mm, para apertar o n, d uma puxada rpida e firme nas duas pontas principais das duas linhas aps uma boa lubrificao com gua ou saliva. Se a linha for mais fina, basta puxar forte e lentamente.

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N 2D duas voltas na linha formando um pequeno aspiral.

Passe a ponta da linha dentro do mesmo aspiral.

puxe

puxe

Puxe com fora para o n ficar bem apertado.

Repita os mesmos passos com outro n.

Depois de fazer o segundo n eles iro ficar desse jeito.

puxe

puxe

Agora s puxar!

N 3segure aqui

Segure no ponto indicado e contorne a linha no elo como na figura.

Faa o mesmo com o outro lado passando o elo entre as linhas enroladas.

Puxe as duas pontas para firmar o n.

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N 4Forme um elo.

Passe a ponta por trs desse elo e por cima do outro elo.

Passe a ponta dentro dos dois elos conforme a figura.

Agora s apertar os ns.

Para empatar com olhal N 1Forme um crculo com cerca de 25cm da linha, acompanhando a circunferncia do anzol. Depois, passe a ponta da linha uma ou duas vezes pelo olhal. Segure as duas partes da linha junto haste do anzol com uma mo; com a outra, pegue a parte do crculo mais prxima da curva do anzol e enrole bem justo as duas partes da linha, uma na outra, na haste do anzol, no sentido da curva.

Segurando as espirais no lugar com uma mo, puxe com a outra a ponta da linha apenas at o n encostar.

Ajuste as espirais formadas junto haste do anzol, lubrifique e aperte o n puxando as duas partes da linha em sentidos opostos. Corte a ponta da linha rente ao n.

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N 2

Passe a linha no olhal do anzol.

Faa uma espiral.

Passe a ponta da linha dentro do elo perto do olhal.

Puxe, para o empate ficar apertado.

Este o mesmo processo, mas com um detalhe diferente.

Alm de passar a linha no elo perto do olhal, voc passa, tambm, no elo maior.

Assim o empate fica mais forte.

Para empatar sem olhalColoque as linhas paralelas e forme um espiral entre elas e a haste do anzol.

Depois, puxe para apertar, como na figura.

Puxe e aperte o n.

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Para empatar linha no girador N 1Passe cerca de 15cm da linha pelo terminal. Dobre a linha, deixando-a paralela com o corpo da linha, e forme um crculo.

Puxe a ponta da linha at encostar e formar um barril em torno da linha principal. Segure o barril no olhal e puxe firme a linha principal, fazendo o n deslizar sobre a linha lubrificada. Corte a linha rente ao n.

N 2Passe as duas pontas da linha no arco do distorcedor.

Novamente passe mais uma vez.

Posicione as duas pontas acima dos dois arcos formados.

Com uma das pontas faa uma espiral e depois puxe com fora para apertar o n.

N 3Passe a ponta da linha no arco do distorcedor; depois faa espirais; passe a ponta no arco da linha e no arco maior.

Puxe para o empate ficar apertado.

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Espcies de peixes imensa a variedade de peixes e crustceos de mar e de gua doce em nossa fauna marinha e fluvial: os tamanhos so os mais variados, assim como as caractersticas comportamentais. Algumas espcies de peixe, por exemplo, tm hbitos diurnos, outras, noturnos; algumas espcies so encontradas em pontos de maior profundidade dos rios e mares; outras, nas reas mais rasas. No Anexo, voc encontra, em ordem alfabtica, uma extensa relao de espcies de peixes de gua doce e de mar, com algumas de suas principais caractersticas.

ATIVIDADE 21

Identifique, no Anexo, as espcies de peixes mais comuns na sua regio e informe-se sobre suas caractersticas comportamentais e alimentares. Observe se os nomes do peixes apresentados no Anexo correspondem aos nomes utilizados na sua regio. Anote aqui o que voc descobriu e traga para a sala de aula, a fim de compartilhar esses saberes com os colegas.

O pescador e o meio ambienteA questo da preservao ecolgica, at bem pouco tempo, no parecia ser uma preocupao para as pessoas, mesmo as mais conscientes. Hoje, nos damos conta dos estragos que j fizemos na natureza, e as pessoas que pensam mesmo que s um pouquinho sabem que urgente uma profunda mudana na nossa relao com o meio ambiente. Quem ainda acha que os recursos naturais so infinitos precisa se conscientizar de que, se no soubermos usar bem os recursos naturais de que dispomos, muito em breve eles vo faltar. Junto com eles vo-se tambm as possibilidades de vida na Terra.

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A questo ecolgica particularmente importante para o profissional da pesca. Precisamos estar bem atentos legislao vigente, pois ela nos ajuda a preservar os recursos dos quais depende nossa sobrevivncia. Podemos dizer que h trs regras principais que devemos seguir para que os peixes nunca faltem: a do tamanho mnimo, a do defeso e a da preservao dos habitat naturais. Estas regras merecem toda ateno e cuidado e trataremos delas adiante.

LegislaoA Lei de Crimes Ambientais, ou Lei da Natureza, estabelece infraes e punies para quem causar danos natureza. O autor ou co-autor do crime pode ser pessoa jurdica ou pessoa fsica. A pena para esses crimes de 1 a 3 anos de deteno ou multa; ou ambas, deteno e multa. Segundo a Lei da Natureza, no que se refere aos recursos aquticos e pesca, crime: Jogar em rios, lagos, mar ou em qualquer corpo de gua substncias ou materiais que possam causar a morte de animais aquticos. Destruir locais para criao de animais aquticos, como viveiros, audes, estaes de aqicultura pblicas. Pescar em perodo e local em que a pesca seja proibida. Pescar espcies que precisam ser protegidas ou com tamanhos menores que os permitidos. Pescar quantidades maiores que as permitidas. Utilizar aparelhos, apetrechos, tcnicas e mtodos proibidos. Transportar, comercializar, beneficiar ou industrializar animais e vegetais cuja coleta e pesca estejam proibidas.PROIBIDO Para saber o que proibido em sua regio, procure a Secretaria de Meio Ambiente de sua cidade. Deteno Priso provisria, preventiva ou correcional. Recluso Modalidade de pena mais grave entre as penas privativas de liberdade.

Ainda segundo a Lei da Natureza, crime pescar com explosivos, com substncias txicas ou com substncias que contaminem o meio ambiente. Para esse crime, a pena mais rgida: de um a cinco anos de recluso. Os crimes e as infraes ambientais so punveis com sanes administrativas tais como advertncia, multa e/ou apreenso de animais, produtos e subprodutos, instrumentos, apetrechos, equipamentos ou veculos de qualquer natureza utilizados na infrao. O IBAMA pode aplicar multas pelas infraes, e os estados que dispem de legislao prpria tambm podem autuar e multar. Neste caso, a multa cobrada pelo estado substitui a multa federal.

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ATIVIDADE 22

Em sala, observem o material apresentado pelo educador. Nele, podemos identificar crimes ambientais. Apontem trs crimes ambientais que aparecem no material. Para cada um deles, listem possveis causas, conseqncias, e proponham medidas que possam prevenir, solucionar ou minorar o problema.

Cuidados com o mar e com os riosTodo cidado deveria estar atento ao destino dos resduos que ns, seres humanos, continuamente produzimos. Uma imensa quantidade de lixo diariamente despejada tanto no solo quanto nas guas dos rios e do mar. A absoro desses resduos pelo meio ambiente ocorre de forma muito lenta. A de alguns, como o vidro, leva um milho de anos! Quando se trata de produtos qumicos, ento, os estragos podem ser irreversveis... O pescador tem de saber que seu sucesso profissional depende diretamente da forma como ele interage ou deixa os outros interagirem com o meio ambiente do qual ele tira seu sustento.ATIVIDADE 23

Vocs vo ver, a seguir, informaes chocantes sobre o tempo de decomposio de diversos materiais que as pessoas jogam por a, sem a menor preocupao. Cada um de vocs deve sugerir uma ao para impedir ou diminuir esse grande estrago.

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As sugestes vo ser lidas para toda a turma que far um cartaz para ser reproduzido e distribudo na comunidade.

Tempo de decomposio

Casca de frutas3 meses

Saco de papel1 a 4 semanas

Madeira13 anos

Pneu600 anos

Plstico450 anos

Isopor8 anos

Pilhas100 a 800 anos

Filtro de cigarro5 anos

Vidro1 milho de anos

Lata de alumnio200 a 500 anos

Tampa de garrafa150 anos

Pano6 meses a 1 ano

Chiclete5 anos

Camisinha300 anos

Nilon650 anos

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A preservao de espciesPreservar as espcies da fauna martima e fluvial mais que um dever para os pescadores: condio de sobrevivncia. Vamos conhecer aqui duas leis promulgadas para que no haja extino de espcies: a do tamanho mnimo e a do defeso. Mas importante ficar bem claro que a preservao de uma espcie no depende apenas dos cuidados especficos constantes na legislao. No ecossistema tudo est interligado. Vejamos um exemplo: na regio de Cachoeiro de Itapemirim no Esprito Santo, foi introduzida uma espcie de peixe o bagre africano que no fazia parte do ecossistema local. A inteno era o lucro, pois esses peixes se reproduzem e crescem muito rapidamente. Acontece que o bagre africano no tinha predador natural naquele ecossistema, e foi literalmente engolindo todas as outras espcies!

ATIVIDADE 24

Se voc fosse pescador em Cachoeiro de Itapemirim que medida tomaria para solucionar o problema? Discuta com os colegas.

Tamanho mnimoO tamanho mnimo de captura do peixe estabelecido em lei para assegurar que ele desove pelo menos uma vez e contribua para a manuteno do estoque pesqueiro. O tamanho do peixe a distncia entre a ponta do focinho e a extremidade da nadadeira caudal.

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O pescador deve manter-se informado sobre a legislao vigente que regulamenta o tamanho mnimo de captura de cada espcie em sua regio. Essa legislao encontra-se disponvel nos rgos que regulam a atividade pesqueira ou nas colnias de pescadores de sua regio.Nadadeira dorsal Nadadeira adiposa

Altura (h)

Nadadeira caudal

Brnquias Nadadeira peitoral Comprimento da cabea (C.C.) Tronco Cabea Comprimento padro (C.P.) Cauda Nadadeira ventral Nadadeira anal

Comprimento total (C.T.)

Defeso

Defeso o perodo de reproduo de uma espcie ou de um grupo de espcies durante a qual a paralisao da atividade de captura obrigatria. Normalmente, essa fase compreende o perodo de pico da desova ou o perodo de recrutamento. Cada espcie tem sua poca de defeso. Como o perodo de reproduo pode mudar de um ano para outro, de uma regio para outra, preciso que o pescador procure estar sempre informado sobre as restries pesca. Ele pode buscar essas informaes nas colnias de pescadores ou nos rgos que regulamentam a atividade pesqueira da sua regio.VOC SABIA?

Os pescadores de subsistncia que praticam a pesca de linha de mo ou de canio podem faz-lo durante o defeso para sua alimentao e de sua famlia.

Recrutamento a fase de vida dos alevinos (peixes juvenis) em que eles migram de reas abrigadas (rios, lagoas, baas e esturios) para o mar, onde se juntam populao adulta.

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Vamos sair para pescar!

Agora j temos informaes suficientes para jogar a linha ou para levantar ncoras e partir. Vamos imaginar o que fazem os tripulantes de uma embarcao ao longo de uma viagem, os cuidados que tomam, de que utenslios precisam e como dividem o trabalho entre os membros da equipe.

Preparando a viagemPara levar e trazer o barco com segurana e alcanar os objetivos da pescaria preciso planejar muito bem a atividade. Uma prtica recomendvel a elaborao de uma lista de operaes e de lembretes, muito conhecida pela palavra inglesa checklist. Alguns pescadores tm essa lista afixada no seu barco. Nela constam, por exemplo:

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Lista de verificaoBarco leo do motor gua do motor Documentos pessoais do pescador Documentos do barco Rdio GPS Bssola ncora / Garatia Cordas Chave do barco Caixa de ferramentas Caixa de primeiros socorros Coletes e bias salva-vidas Extintor de incndio Protetor solar Repelente Capa de chuva Bon Abastecimento leo combustvel Gelo Caixas de plstico (para transporte do pescado) Caixas Trmicas (para armazenamento e resfriamento do pescado) Rancho Alimentao Bebidas Fsforo Material de limpeza e higiene Gs Fogareiro Apetrechos Linhas Anzis Redes Varas Facas Pus Bicheiros Bias

ATIVIDADE 25

Vamos testar seus conhecimentos. Relacione a coluna da esquerda com a coluna da direita. 1. Bssola 2. Coletes, bias salva-vidas 3. Bicheiros 4. Material de limpeza e higiene 5. Gelo

K Manuteno da sade fsica K Orientao pelos pontos cardeais K Conservao do pescado atda tripulao

K Captura de pescado de grande porte K Proteo em risco de afogamentoou inundao

sua comercializao e/ou consumo

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A tripulao: uma equipeA tripulao de um barco tem de funcionar verdadeiramente como uma equipe, e uma equipe muito entrosada. Isso quer dizer que cada membro da tripulao tem suas funes especficas dentro da embarcao, mas deve haver um alto nvel de cooperao, pois o trabalho de cada um sempre vai depender do trabalho dos outros. Alm disso, em muitos momentos ser preciso que os pescadores se revezem nas tarefas. A equipe tem um lder: o mestre. ele quem comanda o barco e as pessoas e responsvel por tudo o que acontecer. Todos os que entram no barco devem estar com os equipamentos de segurana e com os protetores contra o sol. To logo o mestre comea a conduzir a embarcao para o local planejado, cada membro da equipe assume seu posto: na preparao dos alimentos para o grupo, das tralhas (redes, linhas, anzis), na seleo das iscas. Vejamos algumas atividades realizadas nessa fase, para o caso de pesca de linha: Preparar as iscas: cortar pedaos de peixe (carnadas); tirar as cabeas dos camares. Empatar os anzis: prender as iscas nos anzis. Preparar a alimentao. Manter a limpeza do barco.

A pescariaO mestre aponta o local onde o barco ficar fundeado para a pescaria. Nesse local certamente ele sabe que h um pesqueiro. Um dos tripulantes lana a ncora ou a garatia. Os pescadores assumem seus postos, na beira do barco, para jogar as linhas que j estavam preparadas com os anzis e as iscas. As prticas mais comuns so a linha de mo e o espinhel. Logo que um pescador recolhe um peixe, outro trata de acondicion-lo na caixa com gelo. O peixe morrer com o choque trmico. A boa qualidade para o consumo ser mantida, pois ele ser conservado no gelo at o momento da venda. Esta a rotina jogar a linha, pegar o peixe, acondicion-lo no gelo que se repetir at a hora do retorno. Durante a pescaria, todo cuidado pouco: alguns peixes tm ferro; outros, muito grandes, se debatem e desestabilizam o pescador; outros ainda tm partes extremamente perfurantes. A hora de soltar o peixe do anzol tambm delicada: os anzis so perfurantes e os peixes se debatem com toda fora. Por isso os EPIs (Equipamentos de Proteo

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Individual) so essenciais. Por outro lado, preciso preservar os peixes bem inteiros, sem leses, para que no percam valor de mercado. Para no ocorrer nenhum acidente na hora de retirar os anzis ou armazenar o peixe, aqui vo duas boas dicas: a) Use sempre luva para segurar os peixes pequenos e faa-o mantendo os ferres, que normalmente esto escondidos sob as barbatanas, junto ao corpo do peixe, como se v na figura ao lado.

b) No caso dos peixes maiores, o uso de bicheiro o mais recomendado; o bicheiro manter o peixe e seus ferres bem longe.

O retornoEm dado momento, o mestre determina que hora de levantar a ncora. A tripulao inicia a limpeza do convs, jogando ao mar os restos das iscas e acondicionando em sacos o lixo no orgnico. Os equipamentos, depois de limpos, so guardados. Ainda na viagem de retorno, pode ser feita a separao dos pescados, por tamanho e espcie. Para isso, usam-se caixas com gelo.

P na terraUma vez em terra hora de tratar da comercializao do produto da pescaria. Muitas vezes, o mestre j tem seus compradores certos. Se no for esse o caso, mesmo antes de descarregar a embarcao, ele deve providenciar a negociao nos mercados de peixe, em restaurantes ou indstrias de beneficiamento de pescados.

Orgnico Derivado de organismos vivos.

ATIVIDADE 26

Vamos representar uma viagem de pesca. Seu professor ir orientlos para a encenao e para os comentrios finais da turma sobre a pea.

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Anotaes:

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AqiculturaQuando estudamos a ocupao do trabalhador da pesca artesanal, vimos muitos detalhes a que um bom profissional tem de estar atento. E tem gente que pensa que s jogar a linha... Assim tambm acontece com a segunda ocupao deste Arco, a piscicultura: se algum pensa que s cavar um aude e colocar peixinhos l dentro, est redondamente enganado! Para comear, veremos que a piscicultura faz parte de um conjunto maior de cultivos: a aqicultura, que a produo, em cativeiro, de organismos aquticos. Governos de muitos pases, preocupados com a melhoria das condies de vida do homem do campo e das comunidades costeiras, vm incentivando a aqicultura. Com isso, muitos pescadores trocaram as incertezas, suas redes de pesca e seus barcos pelo desenvolvimento dessa atividade. O Brasil tem um potencial imenso para o desenvolvimento de atividades de aqicultura. O pas dispe de extensa faixa costeira de 8,4 mil quilmetros constituda por praias, esturios, lagunas, recifes de coral, alm de amplas reas de mangue. Conta ainda com mais de 5,5 milhes de hectares de reservatrios de guas doces, o que representa aproximadamente 12% de toda a gua doce disponvel no planeta. Alm disso, tem clima favorvel, muita terra para empreendimentos, muita gente com vontade de trabalhar e uma demanda crescente de consumo de pescados.

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ATIVIDADE 27

a) No Brasil, alm de peixes, cultivam-se rs, algas, ostras, moluscos, mexilhes e crustceos como lagostas, camares, siris. Voc reconhece todos esses seres aquticos? Identifique-os nos desenhos:

b) Pesquise e complete as frases abaixo. Miticultura a criao de Algocultura a criao de Ranicultura a criao de Ostreicultura a criao de Malacocultura a criao de Carcinicultura a criao de Piscicultura a criao de c) Voc conhece alguma atividade de aqicultura na sua regio? Por que essas atividades so possveis?

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Apesar de todas as condies favorveis para o crescimento, o nosso consumo mdio anual de pescado per capita ainda relativamente muito pequeno: de apenas 6,8kg por habitante, enquanto a mdia mundial de 15,6kg. A Organizao Mundial de Sade (OMS) recomenda uma mdia de 12kg. Esses dados nos permitem deduzir que temos boas possibilidades de aumento de consumo de pescado no mercado interno.

ATIVIDADE 28

Com base no que voc aprendeu at aqui, classifique as afirmaes abaixo como falsas (F) ou verdadeiras (V). Para se tornar piscicultor, basta voc fazer um aude ou tanque e jogar peixes l dentro. K A piscicultura e a aqicultura so duas formas de cultivo.

K O Brasil dispe de parte considervel da gua doce da Terra. K O pescado alimento recomendado pela OMS. K A produo de pescado do pas j atingiu seu mximo. KO Brasil j exporta parte de sua produo de pescado para aproximadamente 50 pases, entre eles a Alemanha, a Frana, a Espanha, a Itlia, a Holanda, os Estados Unidos da Amrica, a Argentina, a Grcia, o Japo, Porto Rico. A aqicultura tambm um fator de preservao do meio ambiente. Vamos entender por qu. Quando se d o aproveitamento de reservatrios, lagoas, audes, reas marinhas e estuarinas para a aqicultura, as populaes envolvidas ficam mais conscientizadas da importncia do meio ambiente. As pessoas passam a zelar pela preservao das fontes de seu sustento e, por isso, cuidam melhor desses mananciais. Ficam atentas a quaisquer mudanas ou agresses que ocorram no entorno: resduo industrial, despejo de esgoto, acmulo de lixo, assoreamento, vazamento de leo etc.

Per capita do latim por cabea Por ou para cada indivduo.

Estuarino Brao do mar que se forma pela desembocadura de um rio; embocadura larga de um rio, sensvel aos efeitos das mars.

A conscincia ecolgica condio necessria para se ter gua de boa qualidade e em abundncia. E para o cultivo dos organismos aquticos essa uma condio sine qua non!

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Os cuidados com o meio ambiente devem ser redobrados, pois as conseqncias danosas vo sempre muito mais longe do que se pensa. Por exemplo: quando um rio est assoreado, ele corre muito mais devagar. Com isso, vai sofrendo mais assoreamento, num crculo vicioso. Em pouco tempo, os peixes morrem, e a navegao fica difcil ou mesmo impossvel. O ecossistema se modifica. As populaes, alm de no terem o sustento, so castigadas com inundaes.VOC SABIA?

H rios que mudam de cor: ficam vermelhos, amarelos, esbranquiados... Mas isso no bonito! So rios em que indstrias, como a txtil, despejam os corantes utilizados no processo de tingimento. Se voc encontrar um rio assim, tire foto... e denuncie! Ligue para o IBAMA 0800-61-8080 a ligao gratuita de qualquer ponto do pas ou envie um e-mail para [email protected] Se considerarmos os trs pilares da aqicultura moderna a produo lucrativa, a preservao do meio ambiente e o desenvolvimento social veremos que, no Brasil, temos tudo para o desenvolvimento dessas atividades.

ATIVIDADE 29 - PESQUISAR

Juntamente com dois outros colegas, faa um cartaz intitulado Os pilares da aqicultura moderna. Depois, em sala, faam uma exposio de todos os cartazes.

PisciculturaA idia de cultivar peixes fascina o ser humano desde a sua mais remota existncia. uma atividade milenar que cativa desde o pequeno produtor rural que busca um meio de diversificar a sua produo e reduzir os riscos da atividade agrcola at grandes empresrios, que investem confiantes na rentabilidade do negcio. A piscicultura movimenta milhes de dlares em diversos pases. E o mais importante: uma atividade produtiva que se beneficia do equilbrio entre o interesse econmico e a explorao racional da natureza.

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A piscicultura tambm pode ser combinada com a prtica da agricultura, com a criao de animais e com a irrigao, o que pode conduzir melhor utilizao dos recursos locais, possibilitando maiores lucros. Essa prtica chamada piscicultura integrada.

Diferentes instalaes e cultivosA anlise do relevo, do tipo de solo e das caractersticas da bacia hidrogrfica que vai determinar que tipo de instalao se deve construir. Essa avaliao levar sempre em conta o aproveitamento mximo do espao disponvel e a reduo de custos. A escolha da espcie de pescado a ser cultivado ser feita com base na localizao do terreno onde se vai construir o tanque ou viveiro, nos recursos disponveis para o cultivo, nos fatores relacionados comercializao. Por exemplo: algumas espcies, como a truta, s se criam em regies muito frias, geralmente montanhosas.

Tipos de instalaesViveiros ou tanques de piscicultura so reservatrios escavados em terreno natural, dotados de sistemas de abastecimento e de drenagem de gua, de tal modo que se possa ench-los ou sec-los no menor espao de tempo possvel. A grande diferena entre um viveiro e um tanque que o ltimo revestido com alvenaria: pedras, tijolos, concreto, etc., ao passo que os viveiros no recebem nenhum tipo de revestimento. Os dois principais tipos de viveiros so o de barragem e o de derivao. O piscicultor que quiser construir um tanque ou um viveiro deve buscar o auxlio de um tcnico capacitado. Alguns estados contam com rgos que do orientao gratuita para a atividade de piscicultura. Procure o representante da SEAP de sua regio e informe-se.Viveiros de barragem

Os viveiros de barragens so construdos a partir do erguimento de um dique ou barragem capaz de interceptar um curso de gua. Entre as vantagens desse tipo de construo est seu baixo custo. Esses viveiros apresentam, porm, uma srie Tubulao de aspectos negativos. No se tem um controle da para quantidade de entrada de gua, o que redunda em drenagem da gua constante perigo de rompimento da barragem. Nessas instalaes, tambm, o manejo bastante difcil, especialmente Viveiro de barragem no que se refere adubao, alimentao artificial e despesca que a coleta, com rede ou tarrafa, dos peixes dos viveiros ou dos tanques.

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Manejo O manejo o conjunto de prticas utilizadas para a explorao do cultivo. O bom cumprimento das tcnicas de manejo se traduz em maior rentabilidade no empreendimento. Das tcnicas de manejo do cultivo de peixes, fazem parte a preparao dos viveiros, o condicionamento e transporte dos primeiros alevinos, o povoamento dos viveiros, a alimentao e a despesca.

ATIVIDADE 30

Preencha o quadro abaixo. Confronte suas respostas com as dos colegas e registre tudo o que voc julgar interessante.Viveiros de barragem Vantagens Desvantagens

Dique Barragem feita de materiais diversos (pedra, terra, areia, madeira, alvenaria, concreto etc.), para desviar ou conter a invaso da gua do mar ou de rio.

Viveiros de derivao

Os viveiros de derivao so escavados ou parcialmente escavados no terreno natural e abastecidos com gua desviada de um curso de gua (nascente, canal de irrigao, represa, aude etc.). A gua conduzida at os viveiros por meio de canais abertos ou tubulados. O abastecimento e a drenagem desse tipo de instalao so feitos por meio de canais independentes, colocados em lados opostos para favorecer a renovao em todo o corpo da gua.

Tanque escavado no terreno com aclive em relao fonte. H necessidade de uma bomba de gua para abastecimento

Bomba para abastecer o tanque Fonte de gua

Tubulao para drenagem da gua

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Viveiro de derivao

As principais vantagens desse tipo de viveiro, em comparao com o viveiro de barragem, so o controle da entrada e sada do fluxo de gua e a maior facilidade de manejo.Tanques

O fundo revestido em alvenaria pedra, tijolo, concreto , como j vimos, a principal diferena entre o tanque e o viveiro. Em terrenos arenosos, com muita infiltrao, recomendvel a construo de tanques. A principal desvantagem dos tanques que o revestimento no propicia o desenvolvimento dos microorganismos necessrios alimentao dos peixes, o que aumenta o custo de produo. O formato e as dimenses dos viveiros e tanques variam de acordo com a topografia do terreno, com a disponibilidade de gua, com o tipo de explorao e criao que se deseja fazer. Para a criao de trutas, por exemplo, usam-se tanques circulares. No entanto, o formato retangular o melhor, tanto para o manejo como para o bem-estar dos peixes. Viveiros ou tanques muito pequenos com menos de 400m 2 tm custo de produo mais elevado. Por outro lado, os muito grandes com mais de 6000m 2 dificultam o manejo de criao. A profundidade nos viveiros ou tanques pode variar de 0,80m a 1,50m.Tubulao para abastecer o tanque Tanque de concreto no terreno plano Fonte de gua

Tubulao para drenagem da gua

Tanque de alvenaria

Tanques circulares para criao de trutas Viveiros em formato retangular

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ATIVIDADE 31

Vamos imaginar uma cena: um casal est interessado em iniciar um empreendimento em piscicultura e solicita assessoria de um/uma representante da SEAP a respeito do tipo de viveiro ou tanque que devem construir. Eles j se apresentaram, j desejaram um bom dia uns aos outros, j falaram de amenidades. Agora, vo tratar do objeto da assessoria. Juntamente com dois colegas, construam o dilogo, com o que vocs j aprenderam at aqui. (Assessor/a) (Mulher) (Marido) ( ( ( ( ) ) ) )

Tipos de cultivosExistem vrias maneiras de cultivar pescados, e uma infinidade de caractersticas que trazem vantagens e desvantagens para a atividade. Muitos criadores tentam aproveitar as caractersticas geogrficas de locais de que j dispem para investir na atividade. Fatores relevantes so os tipos de solo adequados piscicultura e, sobretudo, a disponibilidade hdrica. Na criao de peixes, pode-se optar por algumas modalidades ou tipos de criao: extensiva, semi-intensiva, intensiva e super-intensiva. Essa classificao se faz com base nas caractersticas produtivas, nos mtodos empregados e na produo que se obtm. Vejamos os sistemas de cultivo mais utilizados.Sistema de cultivo extensivo

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Cultivo extensivo

Essa modalidade de cultivo praticada em reservatrios, represas, lagos, lagoas ou audes cuja finalidade primeira no a criao de peixes, ou seja, no foram construdos para a piscicultura. O abastecimento de gua feito pela gua da chuva e/ou do fluxo direto de crregos e rios. Os peixes no so alimentados

regularmente, e sua alimentao apenas a natural, produzida na gua. Por isso, o povoamento dessas reas deve ser feito com peixes nativos da regio, uma vez que essas espcies vo aproveitar melhor esses alimentos naturais. O cultivo extensivo tem custos baixos de implantao e de manuteno, mas os rendimentos que se obtm dele tambm so baixos. Para o piscicultor que utiliza esse tipo de cultivo, h uma boa sada quando quiser ampliar os lucros: os tanques-rede, de que falaremos adiante.ATIVIDADE 32

Com base no texto, diga o que voc aprendeu sobre sistema extensivo, caracterizando-o pelos seguintes aspectos: Caractersticas da produo:

Mtodos empregados:

Produo obtida:

Sistema de cultivo semi-intensivo

No cultivo semi-intensivo, a construo dos viveiros ou dos tanques planejada, o que permite o controle da entrada e da sada da gua, bem como o esgotamento total. O alimento natural no suficiente: outras fontes alimentares, como as raes balanceadas, fazemse necessrias. As tcnicas de manejo que o piscicultor deve aplicar so bastante simples.ATIVIDADE 33 Cultivo semi-intensivo

A partir do texto diga o que se entende por sistema semi-intensivo, caracterizando-o pelos seguintes aspectos: Caractersticas da produo:

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Mtodos empregados:

Produo obtida:

Sistema de cultivo intensivo

No planejamento da construo de viveiros ou tanques a serem usados no cultivo intensivo, deve-se dar muita importncia ao controle de entrada e sada de gua, bem como ao esgotamento total do tanque ou viveiro, pois a qualidade da gua essencial. Essa qualidade deve ser periodicamente monitorada atravs de equipamentos que servem para medir, (1) a temperatura da gua, (2) o pH (grau de acidez e de alcalinidade da gua), (3) a quantidade de oxignio dissolvido, (4) a transparncia da gua (ver ilustraes abaixo).

(1) Termmetro

(2) Peagmetro

(3) Oxmetro

(4) Disco de Secchi

Utilizam-se tambm reagentes qumicos para medir a quantidade de amnia (composto nitrogenado mais txico resultante da decomposio da matria orgnica). Este processo a Colorimetria.

ATIVIDADE 34

Vamos testar a quantidade de amnia na gua? um processo simples e, como vimos, muito importante para a aqicultura.

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Cultivo intensivo ATIVIDADE 35

A quantidade de peixe cultivada nesse sistema muito maior do que a do cultivo semiintensivo. Por isso, as tcnicas de manejo so mais complexas. Alimentao base de rao balanceada, para possibilitar o crescimento mais rpido dos peixes. Enfim, o que se pretende com o cultivo intensivo maior retorno do investimento, em menor tempo.

A partir do texto diga o que se entende por sistema intensivo, caracterizando-o pelos seguintes aspectos: Caractersticas da produo:

Mtodos empregados:

Produo obtida:

ATIVIDADE 36

Que outros elementos, alm de lucratividade, podem diferenciar os trs tipos de cultivo? Converse sobre isso com os colegas de seu grupo e preencham a tabela abaixo. Depois, junto com o professor, montem uma tabela nica, com a participao de toda a turma.Tipo de cultivo Extensivo Semi-intensivo Intensivo Lucratividade

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Sistema de cultivo super-intensivo

O piscicultor pode ainda lanar mo de um sistema de cultivo superintensivo. Para isso, vai utilizar tanques-rede tambm conhecidos como gaiolas para confinamento dos peixes. Essa uma excelente alternativa para o melhor aproveitamento econmico de represas, rios, lagos, uma vez que essas gaiolas podem ser colocadas em praticamente qualquer corpo de gua. O cultivo super-intensivo caracteriza-se pela renovao constante de gua nos locais onde os tanques-rede esto instalados; pelas altas densidades de estocagem o que significa produtividade; e pela utilizao de tcnicas complexas de manejo. Uma nica espcie de peixe cultivada, e a alimentao feita com rao balanceada.TANQUES-REDE Os tanques-rede so gaiolas flutuantes normalmente quadradas ou retangulares compostas por uma estrutura interna confeccionada em diversos materiais como o alumnio ou ferro galvanizado e na parte externa arames galvanizados revestidos com PVC de alta aderncia. Os tanques-rede so mantidos na superfcie com o uso de flutuadores ligados a um cabo fixado por meio de poitas de concreto ou ferro, colocadas no fundo dos corpos de gua.

Poita Objeto pesado que faz as vezes de ncora em embarcaes midas; pandulho.

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ATIVIDADE 37

Sintetize o que se entende por sistema super-intensivo, caracterizando-o pelos seguintes aspectos: Caractersticas da produo:

Mtodos empregados:

Produo obtida:

ATIVIDADE 38

Procurem saber se existe, em sua regio, algum tipo de piscicultura. Se existir, identifique o(s) tipo(s) de cultivo utilizado(s). Tragam os resultados para a sala de aula.Topografia Arte de representar no papel a configurao de uma extenso de terra com a posio de todos os seus acidentes naturais ou artificiais.

Mos obra!O sucesso de um empreendimento de piscicultura depende, em grande parte, da escolha do local para implantao da criao. Por isso, diversos fatores de infra-estrutura local devem ser considerados e analisados: a gua (quantidade e qualidade); a topografia do terreno; o tipo de solo; fatores ligados logstica do empreendimento, como facilidade de acesso e proximidade de grandes centros, para distribuio dos produtos. Para a avaliao das condies necessrias ao empreendimento, importante ouvir um tcnico capacitado. Voc deve procurar o representante da SEAP de sua regio para obter tal ajuda. H, no entanto, alguns aspectos dessa questo que voc deve, desde j, conhecer.

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Analisando o terrenoOs terrenos mais indicados para a construo dos viveiros ou dos tanques so os levemente inclinados. Recomenda-se uma inclinao de aproximadamente 5 para evitar grandes custos com terraplanagem e facilitar o esgotamento da gua. Um dos fatores de custo na construo de um tanque ou viveiro o volume de trabalho de terraplanagem, que ser maior e, portanto, mais caro , em reas acidentadas do que em reas planas.O solo

Quando o solo apresenta condies intermedirias entre o arenoso e o argiloso, ele o mais adequado para a instalao de um viveiro. O ideal que a composio seja de 40% de argila e 60% de areia. Para se verificar esses percentuais, necessrio chamar um tcnico. O solo com predominncia de argila mais difcil de ser escavado, mas favorece o aparecimento de rachaduras no viveiro quando ele esvaziado. O solo muito arenoso no tem boa capacidade de reteno, favorecendo a perda da gua por infiltrao: nesse caso, o que se deve construir um tanque, com fundo e laterais revestidos para evitar infiltraes.

ATIVIDADE 39 - PRTICA

Terraplanagem Conjunto de operaes de escavao, transporte, depsito e compactao de terras.

Existem algumas formas simples de identificarmos se o solo adequado para a construo de viveiros antes de chamarmos um tcnico. Vamos testar? Sigam o passo a passo abaixo e faam anotaes do que julgarem importante, a fim de interagir, em sala, com os colegas dos outros grupos. 1 Teste de presso 1) Faa um buraco de 1 metro de profundidade e pegue uma amostra de solo no fundo, o equivalente a uma mo cheia. 2) Molhe aos poucos essa amostra com copo de gua e faa uma bola na mo. 3) Atire a bola para cima, numa altura de uns 50cm, depois apanhe-a. 4) Se a bola se desfizer na sua mo, isto significa que o solo no bom para a construo de viveiros, pois provavelmente muito arenoso. 5) Se a bola no se desfizer, o solo certamente tem argila suficiente para a construo do viveiro.

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2 Teste de gua no fundo (Este teste deve ser feito durante o perodo seco para que os resultados sejam confiveis) 1) Cubra o buraco que voc cavou para o teste anterior com folhas e deixe-o coberto por uma noite, para evitar evaporao. 2) Na manh seguinte, se o buraco estiver sem gua, o local tem condies favorveis para a construo de viveiro. 3) Se no fundo do buraco houver gua, ele poder ser utilizado para a construo de viveiros, mas sero necessrios cuidados com a drenagem.

1 metro

gua do fundo

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3 Teste de permeabilidade do solo com relao gua. 1) Encha de gua at a borda o buraco que voc cavou anteriormente. 2) Cubra com folhas por uma noite. 3) No dia seguinte, o nvel da gua dever ter baixado: a gua foi absorvida pelas paredes do buraco deixando-o encharcado. 4) Encha novamente o buraco, colocando gua at a borda. 5) Cubra outra vez com folhas. 6) No dia seguinte, verifique o nvel de gua: se estiver elevado (pelo menos 80cm de gua), significa que o solo suficientemente impermevel e adequado para construir o viveiro.

80cm

A guaA atividade de piscicultura demanda gua de alta qualidade e em abundncia. As guas oriundas de nascentes so as mais recomendadas. As guas de rios, riachos e reservatrios tambm podem ser utilizadas, porm

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deve-se ter um cuidado maior devido poluio e presena de outros peixes. As guas de poo no so indicadas por serem pobres em oxignio, alm de terem elevado custo de captao e bombeamento. A quantidade de gua necessria para a criao de peixes deve permitir encher os tanques e viveiros em pouco tempo cerca de 72 horas para um tanque ou viveiro de 10.000m2 e mant-los com o nvel de gua constante durante todas as pocas do ano. Essa quantidade vai depender muito da regio em razo das diferenas de infiltrao e evaporao. Depois do enchimento do viveiro, deve-se colocar gua para compensar perdas pela evaporao, para recuperar o volume perdido com infiltraes ou, se necessrio, para recuperar a taxa de oxignio da gua.ATIVIDADE 40

Agora j temos conhecimentos suficientes para continuar a conversa iniciada na Atividade 31. Vamos l! ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) )

Escolhendo as espciesAs espcies de pescados que podem ser cultivadas apresentam as seguintes caractersticas: adaptao ao clima da regio; crescimento rpido ( ideal que atinja peso comercial antes de 1 ano de cultivo); reproduo natural em cativeiro (preferencialmente) ou possibilidade de propagao artificial; boa aceitao de alimentos artificiais; resistncia ao superpovoamento; rusticidade (resistncia ao manuseio e s enfermidades); aceitao pelo mercado consumidor.

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ATIVIDADE 41

Em grupos, com a orientao do professor, montem um roteiro de entrevista. As caractersticas de espcies que vocs acabaram de aprender. Os entrevistados podem ser piscicultores, membros de associaes de piscicultores, representantes da SEAP etc. Marquem a entrevista, escolham, no grupo, quem dever conduzila e anotem tudo o que for dito para trazer para a sala de aula.

Vejamos, agora, algumas das espcies mais cultivadas no Brasil.Tilpias

So peixes que se reproduzem com muita facilidade, mesmo em cativeiro, apesar de no apresentarem um ritmo de crescimento muito rpido; a variedade de tilpia mais valorizada pelo mercado atualmente a tilpia do Nilo. A tilpia do Nilo um peixe africano muito rstico e com carne saborosa. Atinge de 400gr a 600gr no perodo de seis a oito meses de cultivo. A maior restrio a seu cultivo sua reproduo precoce, a partir de quatro meses de idade, o que gera o superpovoamento de tanques. Esse problema pode ser contornado com a utilizao apenas de alevinos machos, que so facilmente encontrados em fornecedores especializados. A tilpia do Nilo vem se destacando nas estatsticas mundiais de produo da piscicultura por seu excelente crescimento, tima aceitao no mercado e pelo bom retorno financeiro. Graas s suas qualidades, esse peixe considerado, atualmente, o carro chefe da piscicultura mundial. Com disponibilidade de novas tecnologias de produo e com a crescente demanda do mercado nacional e internacional, a tilpia do Nilo tem promovido o crescimento da piscicultura em todo o Brasil.Carpa comum

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Espcie de origem asitica cultivada praticamente em todo o mundo. Tem qualidades importantes para produo em

viveiros, como resistncia a doenas, facilidade de manejo e reproduo. As carpas apresentam crescimento rpido, atingindo 1,5kg em um ano. Podem ser utilizadas em policultivo, reproduzem-se em viveiros e desovam uma