pesca infantil_Revista Pescaventura_1
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Outubro é o mês em que se comemora o Dia das Crianças. E como elas são o futuro da pesca esportiva, trata-se de um mês-símbolo para estimular o esporte. Longe de ser um sacrifício, incentivar jovens traz benefícios para toda a família. Saiba por que pescar e soltar é essencial para um crescimento sadio
POR: JANAÍNA QUITÉRIO l ARTE: ARI CARLOS
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[ pesca infantil ]
O que fica em primeiro plano quando o fotógrafo enquadra uma pescaria infantil: o peixe fisgado ou o sorriso singelo que qua-
se ultrapassa os contornos da miúda face? Embora pescar seja muito mais que capturar peixes, iscá-los é motivo de desmedido contentamento — uma felicidade escancarada por instantes bre-ves. Que segredos escondem as iscas que seduzem os peixes? Qual a intensidade da adrenalina contida na força que tira o peixe do mundo submerso para colocá-lo no pequenino colo posado?
Como um jogo, pescar é um “pique-esconde” no qual a criança caça e o peixe se livra — ou tenta. Se a pescaria em festas juninas é o passatempo infantil mais requisitado, pescar na natureza torna-se uma atividade mais lúdica e envolvente.
Por isso, a cada dia aumenta o número de crianças à beira d’água alegrando ainda mais o esporte. O Brasil ainda não che-gou à altura de países como Estados Unidos e Canadá, onde exis-tem muitos programas — oficiais e não oficiais — de incentivo à pesca esportiva infantil. Lá, os principais desafios enfrentados pela juventude estão mais que identificados: pesquisas do pro-grama “Hooked on Fishing-Not On Drugs”, por exemplo — algo como “agarre a pesca não as drogas” — relatam que as crianças norte-americanas estão atualmente expostas a mais riscos, como o sedentarismo e suas consequências, além de estarem desco-nectadas do ambiente natural.
Como contraponto, a pesca torna-se uma alternativa saudável emoldurada em um ambiente familiar. Aqui no país não é diferente: “A pesca esportiva afastou meus filhos das drogas e de más com-panhias, porque, no esporte da pesca, aprende-se praticamente tudo o que é bom: se as crianças estão com a família, são evitados palavrões; assim, os filhos ficam mais educados. Além disso, eles se sensibilizam com a natureza e aprendem a saborear um alimen-to com qualidade. Tudo isso em um ambiente agradável”, conta Geraldo Petersen, um pai brasileiro bem-sucedido que transmitiu para os seus cinco filhos a paixão pela pesca esportiva.
Pescar é mais
que brincadeira
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Pescar é mais
que brincadeira
De geração a geraçãoNo Brasil, o incentivo ao esporte é um ato voluntário
de pais e mães pescadores que sonham em ver seus filhos ocupados com um entretenimento sadio. Trans-mitir o entusiasmo pela pesca é como deixar uma he-rança para as próximas gerações com o mesmo orgulho de quando se consegue repassar a paixão por um time de futebol. “Quando eu vejo meus dois filhos pescando — Mateus, de 11 anos, e Lucas, de 7 — tenho a sensa-ção de estar cumprindo um dever, pois estou passando uma coisa boa para eles, agora e no futuro”, orgulha-se o pescador esportivo Flávio Freitas, que levava os filhos ainda bebês para a pesca embarcada em represa. Ele completa: “Pescar é um hobby que só trará benefícios a eles, sobretudo porque hoje em dia criança na rua e até na escola aprende muitas coisas ruins. Então, pescar é um caminho saudável para eles seguirem”.
Lucas Santana de Freitas, 7, é filho do pescador esportivo
Flávio Freitas. Pesca desde bebê e é fascinado por pesca
de Tucunarés
Denis Garbo Júnior, 11, e Cauã
Garbo, 6, felizes com o seu troféu:
uma Cachara!
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Benefícios múltiplosCom custo baixo e fácil de aprender, a pesca pode ser praticada
em muitos lugares — pesqueiros, represas, lagos, rios, mar — e for-nece habilidades capazes de ser utilizadas por jovens de todas as idades. O mosaico de vantagens da pesca esportiva infantil é grande e colorido:
— aproxima a criança da natureza, do meio ambiente, da fauna e da flora e a retira de ambientes estressantes, o que a deixa com a energia renovada para as suas atividades diárias;
— como a amamentação, a pesca esportiva traz benefícios psi-cológicos para a criança, pois aproxima pais e filhos de uma forma carinhosa e com os princípios de companheirismo;
— desenvolve ainda mais a consciência de preservação ambien-tal: “Quando levo meus dois filhos para pescar, há uma regra — pes-car e soltar. Isso nem é mais necessário eu reforçar, porque eles já adotaram essa premissa como regra. Eles têm inclusive a consciên-cia do motivo pelo qual é preciso soltar os peixes: para que no futuro esse esporte esteja garantido para todos nós. É a conservação do esporte que adotamos como nosso hobby”, narra o pai-pescador Flávio Freitas. Além disso, o ato de pescar e soltar demonstra respei-to com os peixes e com a natureza e contribui para uma formação ambiental correta — indispensável nos dias de hoje. Dessa forma, a pesca esportiva ensina que é possível praticar esporte, com desen-volvimento e geração de renda, sem que a natureza precise sofrer grandes agressões.
— aumenta a sociabilidade e a comunicação entre a garotada. “No pesqueiro, as crianças fazem uma verdadeira farra”, anima-se o pai Denis Garbo, cujos filhos Denis Júnior e Cauã — respectivamente, 11 e 6 anos — pescam desde pequenos. Pescar com a família também ajuda a criar grupos e compartilhar experiências;
— é uma atividade com a qual todas as crianças podem ter suces-so em algum nível. Além disso, é um esporte que incentiva a resolu-ção de problemas e a tomada de decisão.
[ pesca infantil ]
Sara, 14, filha de Geraldo Petersen, exibe a Carpa-cabeçuda. Ela é uma das cinco crianças para quem o pai transmitiu a paixão pela pesca esportivaA felicidade de Pedro Henrique com seu “brinquedo”
Matheus Henrique Santana, 11, solta o Tucunaré fisgado para que outras crianças se divirtam com ele
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A arte de ensinar a pescarMuitos pais tentam sem sucesso influenciar seus filhos
a embarcarem na pesca esportiva. Então, qual o segredo para ensinar o peixinho a pescar? Quem responde é o pai que revelou cinco guris esportistas: “Como os adultos, muitas crianças escutam causos sobre pescarias e ficam com vontade de pescar. Só que, se ela for a um pesqueiro cuja estrutura não seja muito boa, não pegará peixe e a vontade se dissipará. Assim, leve seu filho a um local do qual você tenha boas referências e com equipamento adequado. Informe-se se o pesqueiro tem outras estru-turas, como parque de diversão e piscina. Isso porque a criança não ficará bitolada na beira do lago olhando a vara n’água sem nada acontecer. Como a molecada é agi-tada por natureza, escolha um local agradável para toda a família e que ainda seja bom de peixe”.
Além do conselho de Geraldo Petersen, confira outras dicas para que o Mês das Crianças se configure como o “mês da desova de novos pescadores esportivos”.
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[ pesca infantil ] Dicas
•Um desafio da pesca é dominar habilidades. Ensine os pequenos pacientemente. À medida que a criança desenvol-ve novas destrezas, sua autoestima aumenta.
•Elogie a criança por ter paciência, mostrar cooperação ou pelo simples ato de tentar.
•Ajude a resolver problemas, como desfazer cabeleiras, substituir anzóis perdidos e refazer nós. Quando os pais ajudam seus filhos a sanar dificuldades, eles saberão o que fazer futuramente.
•Relaxe. Deixe as dificuldades em casa e leve apenas paciência com sorriso constante.
•Equipamentos simples e em boas condições evitarão frustrações. Uma boa opção é utilizar o spincast — tipo de carretilha leve e de fácil manuseio, que não gera “cabeleiras”, ideal para iniciantes.
•Peixes para pequenos peixes: não importa o tamanho dos espécimes, o que vale é a brincadeira de fisgar.
•Incentive seu filho a ter disciplina. Para Flávio Freitas, essa predisposição ajudou os filhos a terem sucesso na pes-ca embarcada com iscas artificiais desde muito pequeninos. Hoje em dia, com 11 e 7 anos, seus filhos são aficionados da pesca de Tucunarés.
•Se seu filho for muito agitado para ficar à espera do peixe em um único lugar, descubra outros bons pontos para garantir muitas fisgadas.
Todo o esforço será recompensado pelo olho brilhante da criança ao sustentar o peixe. Sobretudo porque, quando pescamos, também liberamos a meninice interna que, na verdade, nunca nos abandonou.
Infraestrutura de diversão em pesqueiros acrescenta outras atividades que colocam as crianças em contato com a natureza. Na foto, Yuri Camargo, 6, e Artur Feitosa, 8
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