Pesquisa 7 maravilhas

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PESQUISA As 7 maravilhas da natureza UNESCO - lista de patrimônio no Brasil IPHAN – bens materiais e imateriais no MA

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  • 1. As 7 maravilhas da naturezaUNESCO - lista de patrimnio no BrasilIPHAN bens materiais e imateriais no MA

2. O processo da eleio das Sete Maravilhas da Natureza comeou em 2007,com a inscrio de 440 atraes de 200 pases na disputa. Em 2009, um jri de experts , composto por sete pessoas, entre elas umex-diretor da UNESCO e o prprio presidente da fundao 7 NewWonders, escolheu as 28 finalistas. Recorreu-se, ento, ao voto popular para decidir quais seriam as SeteMaravilhas da Natureza: milhes de pessoas participaram da eleio,votando via internet, mensagens de celular e ligaes telefnicas. No dia 11 de novembro de 2011, foram divulgados os vencedoresprovisrios. De l para c, a organizao confirmou oficialmente as SeteMaravilhas Naturais. So elas: as Cataratas do Iguau; a Amaznia (Amrica do Sul); Baa deHa Long (Vietn); Ilha de Jeju (Coreia do Sul); Ilha de Komodo(Indonsia); Rio Subterrneo de Puerto Princesa (Filipinas); e TableMountain, na frica do Sul. 3. (HA LONG - onde o drago entra no mar) 4. Montanha da Mesa 5. Depois de uma campanha global que durou quatro anos, as maravilhas mundiais da naturezase uniram para desenvolver em conjunto iniciativas de divulgao e promoo turstica. A marca Visite as Sete Maravilhas ou Visit7Wonders, ser utilizada como marketing ecomo plataforma online da campanha de turismo, sob licena da fundao suaNew7Wonders, a organizao responsvel por todas as campanhas das Sete Maravilhas doMundo. A campanha Visit7Wonders, incluir a promoo, de todas as sete maravilhas; promooconjunta nas principais feiras de turismo; desenvolvimento de pacotes de turismoVisit7Wonders; uma plataforma de promoo entre operadoras, hotis, companhias areas eoutros setores ligados ao turismo e viagens; iniciativas conjuntas de turismo sustentvel; earticulao de iniciativas educacionais e de sensibilizao sobre o patrimnio natural. Segundo o diretor da Fundao New7Wonders, Jean-Paul, afirmou que a inteno somartodo o sucesso alcanado com a eleio para criar uma nica marca para a indstria doturismo. Pesquisa independente mostrou que as Novas Maravilhas trouxeram como resultado, emvalorizao do turismo e resultados positivos de marketing, com taxas de crescimento navisitao superiores a 20 %. 6. A UNESCO desenvolve atividades para a proteo e conservao dopatrimnio natural e cultural brasileiro, incluindo-se a os stios declaradospela UNESCO Patrimnio da Humanidade. So elas: A Cidade Histrica de Ouro Preto/MG (1980) O Centro Histrico de Olinda/PE (1982) As Misses Jesuticas Guarani, Runas de So Miguel dasMisses/RS (1983) O Centro Histrico de Salvador/BA (1985) O Santurio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas doCampo/MG(1985) O Parque Nacional de Iguau, em Foz do Iguau/PR (1986) O Plano Piloto de Braslia/DF (1987) 7. O Parque Nacional Serra da Capivara, em So Raimundo Nonato/PI (1991) O Centro Histrico de So Luiz do Maranho/MA (1997) Centro Histrico da Cidade de Diamantina / MG (1999) Mata Atlntica - Reservas do Sudeste SP/PR (1999) Costa do Descobrimento - Reservas da Mata Atlntica BA/ES (1999) Complexo de reas Protegidas da Amaznia Central (2000) Complexo de reas Protegidas do Pantanal - MS/MT (2000) Centro Histrico da Cidade de Gois -GO (2001) reas protegidas do Cerrado: Chapada dos Veadeiros e Parque Nacional dasEmas - GO (2001) Ihas Atlnticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol dasRocas - RN(2001) Praa de So Francisco, na cidade de So Cristvo, SE (2010) Rio de Janeiro, paisagens cariocas entre a montanha e o mar (2012) 8. Ouro Preto, antiga capital das Minas Gerais, tem sua origem na descoberta eexplorao do ouro. Fundada em 1698, a histria da cidade est ligada Inconfidncia Mineira, movimento pr-Independncia do Brasil. 9. O centro histrico de Olinda conserva o traado urbano e a paisagem da vilafundada em 1535, por Duarte Coelho Pereira, quando os portuguesesiniciaram a ocupao do Brasil. 10. Os remanescentes do antigo povo de So Miguel Arcanjo localizam-se nomunicpio de So Miguel das Misses, no Rio Grande do Sul, em antigaregio espanhola, a Provncia Jesutica do Paraguay. 11. Fundada por Thom de Souza em 1549, Salvador situa-se entre o mar e ascolinas da Baa de Todos os Santos. Sua organizao assemelha-se scidades do Porto e Lisboa, com forte carter defensivo, prprio ao sculoXVII. Ao nvel do mar, a Cidade Baixa forma uma estreita faixa entre olitoral e uma escarpa, delimitando a Cidade Alta. 12. O Santurio do Bom Jesus de Matosinhos, obra-prima deAntnio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, iniciada em 1757. 13. Naquelas paragens habitadas pelos povos Guarani, os primeiros homensbrancos que contemplaram as Cataratas do Iguau - gua grande, emGuarani, foram os expedicionrios comandados por Cabeza de Vaca,conquistador espanhol e governador da Colnia do Prata, que as chamou deSaltos de Santa Maria. 14. Braslia concretizou o pensamento urbanstico internacional dos anos 50 etraduziu os princpios da Carta de Atenas de 1933, lanada por famososarquitetos modernistas. J em 1823, Jos Bonifcio de Andrada e Silvaprops a criao de uma nova capital no interior do pas, designando aComisso Cruls para definir sua localizao. 15. O Parque Nacional Serra da Capivara, no Municpio de SoRaimundo Nonato, sudeste do Piau, foi criado em 1979. Seuobjetivo preservar vestgios arqueolgicos do que seria a maisremota ocupao humana da Amrica do Sul, h cerca de 50 milanos. 16. So Lus, centro histrico inscrito na Lista do Patrimnio Mundial, tombadopelo governo federal em 1955, teve seu incio como um pequeno povoadoluso-espanhol, em 1531, passando para o domnio francs em 1612 e sendoretomado pelos colonizadores portugueses trs anos depois. Permaneceu assim por volta de trs dcadas, quando, sob o comando deMaurcio de Nassau, foi colonizada pelos holandeses de 1641 a 1644. 17. Ao fim do sc. XVII, animados pela descoberta do ouro, bandeirantes eaventureiros embrenhavam-se cada vez mais pelo interior do Brasil. Nosprimeiros anos do sculo XVIII, uma bandeira partiu da regio de Serro Frioseguindo o curso do Rio Jequitinhonha. Ao encontrar grande quantidade dominrio, estabeleceu-se s margens do crrego do Tijuco, fundando arraialdo mesmo nome, mais tarde a cidade de Diamantina. Porm, no foi a minerao de ouro e sim a descoberta de diamantes quemarcou a histria de Diamantina e fez com que esta se diferenciasse dasoutras cidades mineradoras. 18. Depois de 500 anos de ocupao pelo colonizador, apenas uma rea de 7%da Mata Atlntica ainda permanece de p. A maioria desses remanescentesflorestais ocorre de modo descontnuo, sendo que a grande exceo de matacontinuada constitui as reservas que vo da Serra da Juria, em So Paulo,at Ilha do Mel, no Paran. 19. A rea denominada Costa do Descobrimento - Reserva da Mata Atlntica foideclarada Patrimnio Mundial pela UNESCO devido ao seu excepcionalvalor do ponto de vista da cincia e da preservao de ecossistema deinteresse universal. 20. O Parque Nacional do Ja, Stio do Patrimnio Natural Mundial daUNESCO, situa-se no Estado do Amazonas, a 220 km de Manaus. omaior parque nacional do Brasil e o maior parque do mundo em florestatropical mida e intacta. O nome Ja, oriundo do Tupi (ya ), denomina umdos maiores peixes brasileiros e tambm o rio que banha o Parque. 21. O Pantanal Sul - Matogrossense a mais extensa rea mida contnua doplaneta, compreendendo aproximadamente 200 mil quilmetros quadradosde superfcie. uma imensa plancie de reas alagveis, sendo todo elaparte da bacia do rio Paraguai. Na vazante do Mar Xaras, imenso marinterior, a rea concentra alimentos naturais que iro sustentar toda sua florae fauna. o perodo em que verdejam extensas e vigorosas pastagens. 22. A Cidade de Gois teve origem no Arraial de Santana, s margens dorio Vermelho, onde o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, oAnhangera, localizou grandes jazidas de ouro. 23. O Parque Nacional das Emas e o Parque Nacional da Chapada dosVeadeiros, localizados no Estado de Gois, abrigam fauna e floratpicas do Cerrado brasileiro 24. O arquiplago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, formado pelotopo das montanhas de uma cordilheira vulcnica e tem sua base a cerca de4 mil metros de profundidade. Ocupa rea de aproximadamente 26quilmetros quadrados, com 21 ilhas, rochedos e ilhotas. 25. Localizado em So Cristvo (SE), o conjunto arquitetnico da Praa SoFrancisco so remanescentes das edificaes coloniais relacionadas OrdemFranciscana da Igreja Catlica. O stio abrange um convento com uma composio dinmica prpria, em funoda monumentalidade do adro e do cruzeiro e da ruptura com a ideia de equilbrioe simetria, remetendo claramente s disposies da Lei IX das OrdenaesFilipinas. O monumento demonstra a fuso das influncias das legislaes e prticasurbansticas espanholas e portuguesas na formao de ncleos urbanos coloniais. 26. O bem Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Marenquadra-se na tipologia de Paisagem Cultural e integrado por 4 (quatro)componentes localizados desde a Zona Sul do Rio de Janeiro ao ponto oeste deNiteri, no Grande Rio, englobando o Macio da Tijuca, caracterizado porencostas ngremes, grandes afloramentos rochosos, como: o Corcovado o Po de Acar o Morro do Pico Em grande parte cobertos por vegetao tropical, ora nativa ora proveniente dereflorestamento ou agenciamento, como no Jardim Botnico e nos parquespblicos. Inclui ainda as reas onde a paisagem da orla tem sido agenciada aolongo dos sculos, seja para erigir fortificaes para a defesa da cidade, comona entrada da Baa de Guanabara com seus fortes histricos, seja para propiciarinstalaes de lazer para os residentes, como o Passeio Pblico, o Parque doFlamengo e a Praia de Copacabana. 27. A Constituio Federal de 1988, nos artigos 215 e 216,estabeleceu que o patrimnio cultural brasileiro composto de bens de natureza material e imaterial,includos a os modos de criar, fazer e viver dos gruposformadores da sociedade brasileira. Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeitoquelas prticas e domnios da vida social que semanifestam em saberes, ofcios e modos de fazer;celebraes; formas de expresso cnicas, plsticas,musicais ou ldicas e nos lugares, tais como mercados,feiras e santurios que abrigam prticas culturais coletivas. 28. uma pintura corporal e arte grfica Wajpi - foi o primeiro bemregistrado no Livro de Registro das Formas de Expresso. Trata-se de um sistema de representao, de uma linguagem grficados ndios Wajpi do Amap, que sintetiza seu modo particular deconhecer, conceber e agir sobre o universo. 29. o saber que envolve a prtica artesanal de fabricao de panelas de barro,atividade econmica culturalmente enraizada na localidade de Goiabeiras,bairro de Vitria, Capital do Estado do Esprito Santo. Produto da cermica de origem indgena, o processo de produo das panelasde Goiabeiras conserva todas as caractersticas essenciais que a identificamcom a prtica dos grupos nativos das Amricas, antes da chegada de europeuse africanos. 30. O Samba de Roda baiano uma expresso musical, coreogrfica,potica e festiva das mais importantes e significativas da culturabrasileira. Presente em todo o estado da Bahia, ele especialmenteforte e mais conhecido na regio do Recncavo, a faixa de terra quese estende em torno da Baa de Todos os Santos. Seus primeiros registros, j com esse nome e com muitas dascaractersticas que ainda hoje o identificam, datam dos anos 1860. 31. A Festa do Crio de Nossa Senhora de Nazar, em Belm do Par, umacelebrao constituda de vrios rituais de devoo religiosa e expressesculturais, cujo clmax ocorre na procisso do Crio, no segundo domingo deoutubro. Para os paraenses, o grande momento anual de demonstrao de devoo esolidariedade, de reiterao de laos familiares, assim como demanifestao social e poltica. 32. A Viola-de-Cocho um instrumento musical singular quanto forma esonoridade, produzido exclusivamente de forma artesanal, com autilizao de matrias-primas existentes na Regio Centro-Oeste doBrasil. parte de uma realidade eco-scio-cultural construdahistoricamente pelos sucessivos grupos sociais que vm ocupando osatuais estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em suas relaesde troca com o meio natural e com a sociedade envolvente. 33. a prtica tradicional de produo e venda, em tabuleiro, das chamadascomidas de baiana, feitas com azeite de dend e ligadas ao culto dos orixs,amplamente disseminadas na cidade de Salvador, Bahia. Dentre as comidas de baiana destaca-se o acaraj, bolinho de feijo fradinhopreparado de maneira artesanal, na qual o feijo modo em um pilo depedra (pedra de acaraj), temperado e posteriormente frito no azeite dedend fervente. Sua receita tem origens no Golfo do Benim, na fricaOcidental, tendo sido trazida para o Brasil com a vinda de escravos dessaregio. 34. O jongo uma forma de expresso afro-brasileira que integra percusso detambores, dana coletiva e prticas de magia. praticado nos quintais das periferiasurbanas e em algumas comunidades rurais do sudeste brasileiro. Acontece nas festasde santos catlicos e divindades afro-brasileiras, nas festas juninas, nas festas doDivino, no 13 de maio da abolio da escravatura. uma forma de louvao aos antepassados, consolidao de tradies e afirmaode identidades. Tem suas razes nos saberes, ritos e crenas dos povos africanos,principalmente os de lngua bantu. So sugestivos dessas origens o profundorespeito aos ancestrais, a valorizao dos enigmas cantados e o elementocoreogrfico da umbigada. 35. A Cachoeira de Iauaret (ou Cachoeira da Ona), corresponde a um lugar dereferncia fundamental para os povos indgenas que habitam a regio banhada pelosrios Uaups e Papuri, reunidos em dez comunidades, multiculturais na maioria,compostas pelas etnias de filiao lingstica Tukano Oriental, Aruaque e Maku. Vrias das pedras, lajes, ilhas e parans da Cachoeira de Iauaret simbolizamepisdios de guerras, perseguies, mortes e alianas descritos nos mitos de origeme nas narrativas histricas destes povos. Para eles, a Cachoeira de Iauaret seuLugar Sagrado, onde est marcada a histria de sua origem e fixao nessa regio,assim como a histria do estabelecimento das relaes de afinidade que vmpermitindo, a convivncia e o compartilhamento de padres culturais entre osdiversos grupos que coabitam naquele territrio. 36. A Feira de Caruaru, localizada nacidade de Caruaru, estado dePernambuco, surgiu em uma fazendasituada em um dos caminhos dogado, entre o serto e a zonacanavieira, onde pousavamvaqueiros, tropeiros e mascates. No final do sculo XVIII, foiconstruda nesse local a capela deNossa Senhora da Conceio,ampliando a convergncia social efortalecendo as relaes de trocascomerciais em torno do lugar. Assim,a feira cresceu juntamente com acidade e foi um dos principaismotores do seu desenvolvimentosocial e econmico. 37. O Frevo uma forma de expresso musical, coreogrfica e potica,densamente enraizada em Recife e Olinda, no Estado dePernambuco. Gnero musical urbano, o Frevo surge no final dosculo 19, no carnaval, em um momento de transio e efervescnciasocial como uma forma de expresso das classes populares naconfigurao dos espaos pblicos e das relaes sociais nessascidades. 38. No comeo do sculo XX, a partir de influncias rtmicas, poticas e musicais dojongo, do samba de roda baiano, do maxixe e da marcha carnavalesca,consolidaram-se trs novas formas de samba: O partido alto, vinculado ao cotidiano e a uma criao coletiva baseada emimprovisos; O samba-enredo, de ritmo inventado nas rodas do bairro do Estcio de S eapropriado pelas nascentes escolas de samba para animar os seus desfiles deCarnaval; O samba de terreiro, vinculado quadra da escola, ao quintal do subrbio, roda desamba do botequim. Essas matrizes do samba no Rio de Janeiro distinguem-se de outros subgneros desamba criados posteriormente. Tem autoria individual, mas performance coletiva,se funda em comunidades situadas em reas populares da cidade do Rio de Janeiro. O improviso outro aspecto importante e ainda se encontra bastante enraizado naprtica amadora ou comunitria, est vivo e presente nos quintais dos subrbios, nasrodas de samba e terreiros dos morros e bairros populares da cidade. 39. O Tambor de Crioula uma manifestao afro-brasileira que ocorre na maioria dosmunicpios do Maranho, envolvendo uma dana circular feminina, canto epercusso de tambores. Participam as coreiras ou danadeiras, conduzidas pelo ritmo intenso dos tambores epelo influxo das toadas evocadas por tocadores e cantadores, culminando na pungaou umbigada gesto caracterstico, entendido como saudao e convite. O Tambor de Crioula inclui-se entre as expresses do que se convencionou chamarde samba, derivadas, originalmente, do batuque, assim como o jongo no Sudeste, osamba de roda do Recncavo Baiano, o coco no Nordeste e algumas modalidades dosamba carioca. Alm de sua origem comum, constatam-se, entre essas expresses do samba, traosconvergentes na polirritmia dos tambores, no ritmo sincopado, nos principaismovimentos coreogrficos e na umbigada. 40. A produo artesanal do queijo de leite cru nas regies serranas de Minas Gerais representa athoje uma alternativa bem sucedida de conservao e aproveitamento da produo leiteiraregional, em reas cuja geografia limita o escoamento dessa produo. Seu modo artesanal de fazer queijo gera conhecimento tradicional e um trao marcante daidentidade cultural dessas regies. Cada uma delas tem um modo prprio de fazer, expresso naforma de manipulao do leite, dos coalhos e das massas, na prensagem, no tempo dematurao (cura), conferindo a cada queijo aparncia e sabor especficos. O modo prprio de fazer queijo de Minas sintetiza, no queijo do Serro, no queijo da Canastra,no queijo do Salitre ou Alto Paranaba, ou ainda Cerrado, um conjunto de experincias,smbolos e significados que definem a identidade do mineiro, reconhecida por todos osbrasileiros. Por est enraizado na comunidade mineira, o Modo Artesanal de fazer Queijo deMinas considerado Patrimnio Cultural do Brasil. 41. A capoeira uma manifestaocultural presente hoje em todo oterritrio brasileiro e em mais de150 pases, com variaes regionaise locais criadas a partir de suasmodalidades mais conhecidas: aschamadas capoeira angola ecapoeira regional. O conhecimento produzido para ainstruo do processo permitiuidentificar os principais aspectosque constituem a capoeira comoprtica cultural desenvolvida noBrasil: o saber transmitido pelosmestres formados na tradio dacapoeira e como tal reconhecidospor seus pares; e a roda onde acapoeira rene todos os seuselementos e se realiza de modopleno. 42. Capoeira - manifestao cultural presente hojeem todo o territrio e em mais de 150 pases. A Roda de Capoeira um elementoestruturante desta manifestao, espao etempo onde se expressam simultaneamente ocanto, o toque dos instrumentos, a dana, osgolpes, o jogo, a brincadeira, os smbolos erituais de herana africana - notadamentebanto - recriados no Brasil. Profundamente ritualizada, a roda de capoeiracongrega cantigas e movimentos queexpressam uma viso de mundo, umahierarquia e um cdigo de tica que socompartilhados pelo grupo. Na roda decapoeira se batizam os iniciantes, se formam ese consagram os grandes mestres, setransmitem e se reiteram prticas e valoresafro-brasileiros. 43. O modo de fazer Renda Irlandesa se constitui desaberes tradicionais que foram ressignificadospelas rendeiras do interior sergipano, queremontam Europa do sculo XVII. Trata-se deuma renda de agulha que tem como suporte o lac,cordo brilhoso que, preso a um debuxo ou risco dedesenho sinuoso, deixa espaos vazios a serempreenchidos pelos pontos. Estes pontos sobordados compondo a trama da renda com motivostradicionais e cones da cultura brasileira, criados erecriados pelas rendeiras. O saber-fazer a qualidade mais caracterstica daproduo da Renda Irlandesa, a qual compartilhada pelas rendeiras sob a liderana deuma mestra reconhecida pelo grupo. As mestrastraam o risco definidor da pea, que apropriadocoletivamente. A cidade de Divina Pastora se tornou o principalpolo da Renda Irlandesa em razo de condieshistricas. Reinventando-a, as mulheres de DivinaPastora fizeram dele seu meio de vida. 44. O Ofcio de Sineiro, tendo como referncia as cidades de So Joo del-Rei,Ouro Preto, Mariana, Catas Altas, Congonhas do Campo, Diamantina, Sabar,Serro e Tiradentes, em Minas Gerais, uma prtica tradicional, vinculada aoato de tocar os sinos das igrejas catlicas para anunciar rituais e celebraesreligiosas, atos fnebres e marcao das horas. A tradio do toque dos sinos, eminentemente masculina. Os sineiros so,detentores e os responsveis pela reiterao e transmisso da habilidade e doconhecimento requeridos por essa forma de expresso e do seu repertrio. O aprendizado requer observao, envolvimento e dedicao desde a infncia,quando os meninos comeam a reproduzir os sons dos campanrios empanelas, postes, enxadas, picaretas e em tudo o mais que possa servir comoobjeto de percusso. Adolescentes passam a freqentar as torres das igrejas . Aos domingos, na cidade de So Joo del-Rei, h a chamada Via Sacra, quandoos aprendizes de sineiros percorrem as torres das principais igrejas da cidadepara aprender e, ocasionalmente, tocar os sinos. Os sineiros se autoclassificam como: antigos sineiros aqueles que tocam os sinos esporadicamente e so chamadospara esclarecer dvidas; jovens sineiros - os que tocam os sinos no dia-a-dia; zeladores sineiros - os que devem dar condio aos jovens sineiros de executara sua tarefa e tocar os sinos quando estes no conseguem; mestres sineiros - os sineiros j falecidos que fazem parte da histria dalocalidade e so referncias desse saber e do seu ofcio. 45. O Toque dos Sinos em Minas Gerais uma forma de expresso sonoraproduzida pela percusso dos sinos das igrejas catlicas, para anunciarrituais religiosos e celebraes, como festas de santos e padroeiros,Semana Santa, Natal, casamentos, batizados, atos fnebres e marcao dashoras, entre outras comunicaes de interesse coletivo. Esta prtica, especialmente em So Joo del-Rei, tem sido sustentada porirmandades religiosas leigas, que se constituram junto a essas cidadesdurante o ciclo do ouro, e que se responsabilizam, pelos ofcios litrgicos. Em So Joo del-Rei e em Ouro Preto, conservam diversos toques queexistiam em antigas vilas e cidades da Amrica portuguesa, atestando acontinuidade histrica de suas expresses, a comunidade ainda hoje capazes de decodificar a linguagem dos sinos entend-los. A expresso dos sinos em So Joo del-Rei, compem um conjuntocomplexo no s de badaladas, pancadas, repiques e dobres, todosnomeados. Os repiques, geralmente, so executados com um conjuntomnimo de trs sinos que conversam entre si: o sino menor faz amarcao, o mdio pergunta e o grande responde. Uma forte influncia da matriz cultural africana se faz presente na formacomo os sinos eram e so tocados. 46. Festa do Divino Esprito Santo de Pirenpolis, no Estado de Gois, uma celebrao de origem portuguesa,disseminada no perodo colonial pelo territrio brasileiro, com variaes em torno de uma estrutura bsica e dossmbolos principais do ritual - as folias, a coroao de um imperador, e o imprio. A esta estrutura bsica, os agentes da Festa do Divino de Pirenpolis vm incorporando outros ritos erepresentaes, como as encenaes de mascarados e cavalhadas, responsveis pela grande notoriedade da festa, quese realiza nesta cidade a cada ano, desde 1819, durante cerca de 60 dias, com clmax no Domingo de Pentecostes,cinqenta dias aps a Pscoa. Constituda por vrios rituais religiosos e expresses culturais. Seus elementos essenciais, por ordem de ocorrncia,so: as Folias da Roa e da Rua, que giram pela zona rural e pela cidade, levando as bandeiras do Divino eangariando donativos para a festa; a coroa, a figura do Imperador, as cerimnias e rituais do Imprio, com alvoradas,cortejos, novena, jantares e outras refeies coletivas, missas cantadas, levantamento do mastro, queima de fogos,distribuio de vernicas, sorteio e coroao do Imperador; as Cavalhadas, encenaes de batalhas medievaisentre mouros e cristos, em honra do Imperador e do Esprito Santo; os Mascarados com mscaras de papel pintado,que circulam a p e a cavalo pela cidade e pelo Campo das Cavalhadas; o Hino do Divino; o Coral de NossaSenhora do Rosrio; a Banda de Msica Phoenix e a Banda de Couro ou Zabumba, que marcam os diversos rituais ecerimnias da celebrao. 47. O Sistema Agrcola Tradicional do Rio Negro entendido como um conjuntoestruturado, formado por elementos interdependentes: as plantas cultivadas, osespaos, as redes sociais, a cultura material, os sistemas alimentares, os saberes, asnormas e os direitos. Esse bem cultural est ancorado no cultivo da mandioca brava (manihot esculenta)e apresenta como base social os mais de 22 povos indgenas, representantes dasfamlias lingusticas Tukano Oriental, Aruak e Maku, localizados ao longo do rioNegro em um territrio que abrange os municpios de Barcelos, Santa Isabel do RioNegro e So Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, at a fronteira do Brasilcom a Colmbia e com a Venezuela. O Sistema Agrcola Tradicional do Rio Negro organiza um conjunto de saberes emodos de fazer enraizados no cotidiano dos povos indgenas que habitam a regionoroeste do Amazonas, ao longo da calha do Rio Negro e das bacias hidrogrficastributrias. Esse bem cultural acontece em um contexto multitnico emultilingustico em que os grupos indgenas compartilham formas de transmisso ecirculao de saberes, de prticas, de servios ambientais e de produtos. 48. Considerado a principal cerimnia do calendrio ritual dos Enawene Nawe, povoindgena de lngua Aruak, cujo territrio tradicional e Terra Indgena estolocalizados na regio noroeste do estado de Mato Grosso. Com durao de setemeses, este ritual define o princpio do calendrio anual Enawene, quando se d asada dos homens para a realizao da maior pesca,coletiva de barragem. Ele seestende at a seca, poca marcada pelas interaes com os temidos seres naturaisdo patamar subterrneo, os Yakairiti. Na perspectiva nativa, estes seres esto condenados a viver com uma fomeinsacivel e precisam dos Enawene Nawe para satisfazer seu desejo voraz por salvegetal, peixe e outros alimentos derivados do milho e da mandioca. Assim, osEnawene Nawe devem estabelecer uma relao de troca constante com essesespritos para manter a ordem social e csmica, trocas estas que ocorrem pormeio de um complexo ciclo ritual que se distribui ao longo do ano. Para a realizao deste ritual, o povo Enawene Nawe se divide entre os Harikaree os Yaokwa, em conformidade com os cls que organizam sua sociedade. OsHarikare so os anfitries, responsveis pela organizao do ritual e,permanecem na aldeia junto s mulheres, devendo preparar o sal vegetal, cuidarda lenha, acender o fogo e oferecer os alimentos, assim como limpar o ptio e oscaminhos. J os Yaokwa so os pescadores, que partem em expedies paraacumular uma grande quantidade de peixe defumado e, assim, poder retornarpara a aldeia e oferecer a pesca aos Yakairiti. O ritual inicia-se em janeiro, com a colheita da mandioca e a coleta das matrias-primas, casca de rvore e cip, para a construo do Mata - corpo central dasarmadilhas de pesca que deve ser acoplado s barragens a serem construdas nosrios. Neste perodo, realizam-se as primeiras oferendas de alimentos, cantos edanas aos Yakairiti. 49. A pescaria organizada com a diviso da aldeia em nove grupos rituais de acordo com os cls e com o conjunto deespritos Yakairiti a que esto vinculados. Os pescadores, tendo removido os adornos que os identificam como humanose se dividido em grupos, partem ento para acampar s margens de rios de mdio porte: rio Joaquim Rios (Tinuliwina eMuxikiawina), tributrio do rio Camarar; rio Arimena e rio Preto (Olowina e Adowina), tributrios do rio Juruena e rioNambikwara (Huyakawina), tributrio do rio Doze de Outubro. O momento exato da partida indicado,principalmente, pela florao da gramnea oh (Gymnopogo foliosu) e pela fase lunar Tonaytiri. Estes sinais indicam o movimento migratrio dos peixes das reas alagveis para as calhas dos rios, aps a piracema.Chegando aos acampamentos, os pescadores do incio construo da barragem de pesca, que deve seguir umprocedimento rigoroso para evitar seu rompimento pela fora da gua. A pesca de barragem se baseia no mito deDokoi, morto pelos peixes, cujo pai, Dataware, para vingar a morte do filho, arremessava paus nas guas dos rios, eesses se transformavam em barragens que passaram a funcionar como armadilha na captura dos peixes. A construo das barragens pelos Enawene Nawe os torna cmplices dessa vingana. Em cada barragem, um ancioemissor de sopros e palavras poderosas, tendo o sal vegetal em mos, volta-se para um dos pescadores, que representaos seres Yakairiti, oferece o sal como troca pelos peixes que os Yaokwa pretendem pescar com as armadilhas, e esperaque esses seres conduzam os peixes at elas. O sal, ento, consumido, indicando que foi selada a parceria entre humanos e seres sobrenaturais. Com o estoque depeixes obtido, os pescadores se preparam para o retorno. No ptio da aldeia, eles representam os agressivos Yakairiti,enquanto os anfitries representam os prprios Enawene Nawe, que os recepcionam aos pulos e gritos. Quando tudo parece se acalmar, as trocas iniciam-se: os pescadores entregam os peixes e recebem o sal vegetal e asbebidas de mandioca e de milho. Isto significa que a ira dos Yakairiti foi aplacada e que eles foram domesticados. Osanfitries, em seguida, repem nos pescadores os adornos retirados, humanizando-os. Os peixes e os alimentos vegetaisento produzidos e acumulados iro abastecer os banquetes festivos que ocorrero diariamente ao longo de mais algunsmeses, em noites iluminadas por fogueiras e acompanhadas por cantos com flautas e danas. 50. celebrao tradicional que ocorre h mais de 260 anos e rene diversos rituaisreligiosos, profanos e outras manifestaes culturais da regio do Serid norte-rio-grandense. Ocorre anualmente da quinta-feira anterior ao dia 26 de julho, dia deSantAna, at o domingo subsequente. A Festa inclui tambm um "ciclo preparatrio" que se inicia, geralmente, no ms deabril. O ciclo recebeu alteraes ao longo dos sculos e atualmente, os principaiseventos que ocorrem nos dias festivos so: o "ciclo de preparao da Festa de SantAna" que inclui as Peregrinaes Rurais eUrbanas e seus rituais de missa e procisso, assim como o Encontro das Imagens e aPeregrinao a SantAna "Caravana Ilton Pacheco"; abertura oficial da Festa marcada por caminhada solene, quando o estandarte deSantAna hasteado em mastro localizado em frente Catedral; as programaes scio-culturais promovidas tanto pela parquia quanto pelo governoe populao em geral, entre os quais se incluem: Jantar e a Feirinha de SantAna,Arrasto da Juventude, Marcha dos Idosos, Baile dos Coroas, a Festa da Juventude,eventos na Ilha de SantAna, Festa do Re-encontro, Festas dos Ex-alunos; as novenas, bnos, missas, demais ritos litrgicos e expresses culturais a elesrelacionadas, como o Ofcio de SantAna e o Hino de SantAna; a Cavalgada e o Leilode SantAna, expresso de devoo dos vaqueiros e de rememorao; a Carreata de SantAna, momento em que os motoristas, caminhoneiros, motoqueiros,ciclistas e pedestres seguem em cortejo para receber beno e acompanhar a novenaem sua homenagem; a Missa Solene na qual ocorre tambm o fim da ornamentao do andor; o momento do "beija" que ocorre antes e depois da Procisso Solene; a Procisso de encerramento da Festa de SantAna quando o andor circula pela cidade.Alm das celebraes, os dias da Festa incorporam muitas outras manifestaesculturais que contribuem para a construo das identidades e para a expresso destecomplexo cultural. 51. O Bumba-meu-boi uma festa tradicional em que a figura do boi o elemento central, porm rene diversasoutras manifestaes culturais e assim se configura como um vasto complexo cultural. Muitas vezes definido como um folguedo popular, o Bumba-meu-boi extrapola o aspecto ldico da brincadeirapara fazer sentido como uma grande celebrao em cujo centro gravitacional encontram-se o boi, o seu ciclo vitale o universo mstico-religioso. Profundamente enraizado no cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o Bumba-meu-boi envolve adevoo aos santos juninos So Joo, So Pedro e So Maral, que mobilizam promessas e marcam algumasdatas comemorativas. Contudo, os cultos religiosos afrobrasileiros do Maranho, como o Tambor de Mina e oTerec, tambm esto presentes nessa celebrao, uma vez que ocorre o sincretismo entre os santos juninos e osorixs, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigao espiritual. O Bumba-meu-boi vivenciado pelos brincantes ao longo de todo o ano. As apresentaes dos Bois ocorrem emtodo o estado do Maranho e concentram-se durante os festejos juninos. Seu ciclo festivo e de apresentaespode ser apreendido em quatro etapas: os ensaios, o batismo do boi, as apresentaes e a morte. O Bumba-meu-boi do Maranho comporta diversos estilos de brincar - chamados de sotaques - sem que,contudo, se tornem manifestaes distintas. Dividem-se os sotaques em cinco: Esses estilos no so os nicos e existem ainda muitas variaes, assim como Bois alternativos. Alguns aspectos intrinsecamente relacionados celebrao so o boi, a festa, os rituais, a devoo aos santosassociados manifestao, as msicas, as danas, as performances dramticas, os personagens, os artesanatos edemais ofcios, os instrumentos, os diversos estilos (sotaques) de brincar o Bumba-meu-boi e o carter ldico. O Bumba-meu-boi uma manifestao com grande capacidade de mobilizao social, que refora laos desolidariedade entre os brincantes e, consequentemente, contribui na (re)construo identitria. 52. Os Saberes e Prticas Associados ao modo de fazer Bonecas Karaj so uma refernciacultural significativa para o povo Karaj e representam, muitas vezes, a nica ou a maisimportante fonte de renda das famlias. Atualmente, a confeco dessas figuras de cermica, denominadas na lngua nativa deritxk (na ala feminina) e/ou ritx (na ala masculina), uma atividade exclusiva dasmulheres e envolve tcnicas e modos de fazer considerados tradicionais e transmitidos degerao em gerao. O processo de confeco envolve o uso de trs matrias-primas bsicas: ARGILA ou o barro su, que a matria-prima principal; CINZA que funciona como antiplstico; GUA utilizada para umedecer a mistura proveniente do barro e da cinza. Pode-se dizer que o modo de fazer ritxk consiste, basicamente, nas seguintes etapas :1)extrao do barro; 2) preparao do barro; 3) modelagem das figuras; 4) queima; 5) pintura. A pintura e a decorao das cermicas esto associadas, respectivamente, pinturacorporal dos Karaj e s peas de vesturio e adorno consideradas tradicionais. Indicativosde categorias de gnero, idade e estatuto social, a pintura e os adereos complementam arepresentao figurativa das bonecas, que identificam ento o Karaj homem ou mulher,solteiro ou casado, com todos os atributos que a cultura cria para distinguirconvencionalmente essas categorias. 53. As Ritxk - Expresso Artstica e Cosmolgica do Povo Karaj - so uma refernciacultural significativa para o povo Karaj e representam, muitas vezes, a nica ou a maisimportante fonte de renda das famlias. Atualmente, a confeco dessas figuras decermica, denominadas na lngua nativa de ritxk (na ala feminina) e/ou ritx (na alamasculina), uma atividade exclusiva das mulheres e envolve tcnicas e modos de fazerconsiderados tradicionais e transmitidos de gerao em gerao. As bonecas Karaj condensam e expressam importantes aspectos da identidade do grupo,alm de simbolizar diferentes planos da sua sciocosmologia. Mais do que objetosmeramente ldicos, as ritxks so consideradas representaes culturais que comportamsignificados sociais profundos, por meio dos quais se reproduz o ordenamento scio-cultural e familiar dos Karaj. Com motivos rituais, mitolgicos, da vida cotidiana e dafauna, as bonecas Karaj so importantes instrumentos de socializao das crianas que,brincando, se vem nesses objetos e aprendem a ser Karaj. A pintura e a decorao das cermicas esto associadas, respectivamente, pinturacorporal dos Karaj e s peas de vesturio e adorno consideradas tradicionais.Indicativos de categorias de gnero, idade e estatuto social, a pintura e os adereoscomplementam a representao figurativa das bonecas, que identificam ento o Karajhomem ou mulher, solteiro ou casado, com todos os atributos que a cultura cria paradistinguir convencionalmente essas categorias. O processo (criativo) de produo das ritxk ocorre por meio de um jogo de elaboraoe variao de formas e contedos determinado por uma srie de fatores, como aexperincia, a habilidade tcnica e a preferncia esttica da ceramista pela combinaodos motivos temticos e dos diversos padres de grafismo aplicados, a funo do objeto,o acesso s matrias-primas e a disponibilidade de recursos financeiros para a compra demateriais, a exigncia do mercado interno e/ou externo s aldeias, entre outros.