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Revoluo Pernambucana de 1817Em 1817, aconteceu a revoluo pernambucana. Os revoltosos queriam proclamar a Repblica e com isso acabar com o sistema de governo existente.

Vrios fatores causaram a revoluo:

1- Os Gastos da Corte no RJ

Vieram juntamente com a Famlia Real cerca de 15000 pessoas que eram sustentadas pelo governo. A maioria (nobres e funcionrios do governo portugus) passou a ocupar os principais postos na administrao (tinham esses cargos somente para receber pagamentos).

Havia tambm os gastos com comidas, roupas, festas, etc.

O governador de Pernambuco era obrigado a enviar grandes somas de dinheiro para o Rio de Janeiro e com isso, atrasava o salrio dos soldados causando um descontentamento geral no povo brasileiro.

2- Rivalidade entre Brasileiros e Portugueses

A mudana da Corte para o Rio de Janeiro deixou Portugal arruinado, pois o pas perdeu o monoplio sobre o comrcio colonial e passou a ser dependente da Inglaterra. Por causa disso, muitos portugueses vieram para o Brasil para tentar uma vida melhor.

Comearam a trabalhar em vrios lugares (reparties pblicas, casas comerciais, indstrias) tirando o lugar de muitos brasileiros.

3- Influncia da Independncia dos EUA

Vrios pases da Amrica queriam seguir o exemplo dos americanos.

4- Influncia da Revoluo Francesa

Os ideais da Revoluo Francesa influenciaram muitas naes.

5- Colnias Espanholas

Algumas Colnias Espanholas eram independentes

A revolta comeou quando um soldado matou um portugus durante as festas comemorativas da expulso dos holandeses.

Os revoltosos tomaram Recife e libertaram os presos polticos. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro fugiu para o Rio de Janeiro.

Os lderes da rebelio chamavam-se: Domingos Jos Martins, Jos de Barros Martins (tinha o apelido de Leo Coroado), Joo Ribeiro e Miguelinho (esses dois ltimos eram padres).

Em Recife os revoltosos organizaram um governo provisrio que tinha representantes do clero, do comrcio, do exrcito, da justia e dos fazendeiros.

Medidas Tomadas - Abolio dos impostos - Liberdade de imprensa

O novo governo seria republicano.

Ao tomar conhecimento da revolta, Dom Joo enviou a Pernambuco vrios soldados para retomar a cidade.

Enquanto o porto de Recife era bloqueado, tropas baianas atacavam por terra. Apesar de lutarem, os rebeldes foram cercados e derrotados, mas muitos fugiram para o interior.

Os principais lderes foram julgados e condenados morte. O padre Joo Ribeiro suicidou-se.

A represso s diminuiu em 1818, quando Dom Joo foi coroado rei.

A violncia contra os pernambucanos aumentou ainda mais a revolta dos brasileiros que desejavam, mais do que tudo, ser independente de Portugal (leia: independncia do Brasil).

A revoluo em Pernambuco no foi a primeira nem a ltima revolta, vrias outras ainda estavam por vir, inclusive em Pernambuco.

Conflitos na Histria do Brasil

- Perodo Colonial -

Revoluo PernambucanaOrigem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

Movimentos NativistasAclamao de Amador Bueno: 1641 Revolta da Cachaa: 1660-1661 Conjurao de "Nosso Pai": 1666 Revolta de Beckman: 1684 Guerra dos Emboabas: 1708-1709 Revolta do Sal: 1710 Guerra dos Mascates: 1710-1711 Motins do Maneta: 1711 Revolta de Felipe dos Santos: 1720

Movimentos Emancipacionistas

A chamada Revoluo Pernambucana, tambm conhecida como Revoluo dos Padres, eclodiu em 6 de maro de 1817 na ento Provncia de Pernambuco, no Brasil. Dentre as suas causas destacam-se a crise econmica regional, o absolutismo monrquico portugus e a influncia das idias Iluministas, propagadas pelas sociedadesmanicas.

Conjurao Mineira: 1789 Conjurao Carioca: 1794 Conjurao Baiana: 1798 Conspirao dos Suaunas: 1801 Revoluo Pernambucana: 1817

Guerras indgenasConfederao dos Tamoios: 1555-1567 Guerra dos Aimors: 1555-1673 Guerra dos Potiguares: 1586-1599 Levante dos Tupinambs: 1617-1621 Confederao dos Cariris: 1686-1692 Revolta de Mandu Ladino : 1712-1719 Guerra dos Manaus: 1723-1728 Resistncia Guaicuru: 1725-1744 Guerrilha dos Muras: todo o sculo XVIII Guerra Guarantica: 1753-1756

ndice[esconder]

o

1 Antecedentes 1.1 Causas imediatas 2 O decorrer da revoluo 3 Expanso e queda 4 Auxlio externo 5 Consequncias 6 Data Magna 7 Notas

8 Ligaes externas

[editar]Antecedentes

No comeo do sculo XIX, Olinda e Recife, as duas maiores cidades pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 000 habitantes (comparados com 60 000 habitantes do Rio de Janeiro, capital da colnia). O porto do Recife escoava a produo de acar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, e de algodo. Alm de sua importncia econmica e poltica, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertrias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreio Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a independncia de Olinda[1]. As idias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicaes, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava ativamente, desde o fim do sculo XVIII, de sociedades secretas, como as lojas manicas. Em Pernambuco as principais foram a Arepago de Itamb, a Patriotismo, a Restaurao, a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discusso e difuso das "infames idias francesas". Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a revoluo.[editar]Causas

imediatas

Presena macia de portugueses na liderana do governo e na administrao pblica; Criao de novos impostos por Dom Joo VI provocando a insatisfao da populao pernambucana.

Segundo escritor ingls ento residente no Recife, era grande a insatisfao local ante a obrigatoriedade de se pagar impostos para a manuteno da iluminao pblica do Rio de Janeiro, enquanto no Recife era praticamente inexistente a dita iluminao;

Grande seca que havia atingido a regio em 1816 acentuando a fome e a misria, como consequncia,

houve uma queda na produo do acar e do algodo, que sustentavam a economia de Pernambuco, esses produtos comearam a sofrer concorrncia do algodo nos Estados Unidos e do acar na Jamaica;

Influncias externas com a divulgao das ideias liberais e de independncia ideias iluministas, que

estimularam as camadas populares de Pernambuco na organizao do movimento de 1817;

A crescente presso dos abolicionistas na Europa vinha criando restries gradativas ao trfico de escravos,

que se tornavam mo-de-obra cada vez mais cara, j que a escravido era o motor de toda a economia agrria pernambucana;[1]

[editar]O

O movimento queria a independncia do Brasil e a proclamao da repblica.

decorrer da revoluo

A bandeira da Revoluo Pernambucana de 1817, cujas estrelas representam Paraba, Cear e Pernambuco, inspirou a atual bandeira pernambucana.

O movimento iniciou com ocupao do Recife, em 6 de maro de 1817. No regimento de artilharia, o capito Jos de Barros Lima, conhecido como Leo Coroado, reagiu voz de priso e matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avano das tropas monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda Montenegrorefugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se rendendo[1]. O movimento foi liderado por Domingos Jos Martins, com o apoio de Antnio Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da provncia, instalaram um governo provisrio e proclamaram a Repblica. Em 29 de maro foi convocada uma assemblia constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, foi estabelecida a separao entre os poderes Legislativo, Executivo e Judicirio; o catolicismo foi mantido como religio oficial, porm havia liberdade de culto ( o livre exerccio de todas as religies ); foi proclamada a liberdade de imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravido entretanto foi mantida. medida que o calor das discusses e da revolta contra a opresso portuguesa aumentava, crescia, tambm, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho) e a hstia feita de mandioca (em lugar do trigo), como forma de marcar a sua identidade.[editar]Expanso

e queda

As tentativas de obter apoio das provncias vizinhas fracassaram. Na Bahia, o emissrio da revoluo, Jos Incio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o movimento conseguiu a adeso do proprietrio de um grande engenho de acar, Andr de Albuquerque Maranho, que depois de prender o governador, Jos Incio Borges, ocupou Natal e

formou uma junta governativa, porm no despertou o interesse da populao e foi tirado do poder em poucos dias. O jornalista Hiplito Jos da Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotencirio da nova repblica em Londres, mas recusou. Tropas enviadas da Bahia avanaram pelo serto pernambucano, enquanto uma fora naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em poucos dias 8000 homens cercavam a provncia. No interior, a batalha decisiva foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os revolucionrios tiveram de recuar em direo ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisrio, isolado, se rendeu no dia seguinte. Apesar de sentenas severas, um ano depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro haviam sido executados.[editar]Auxlio

externo

Em maio de 1817, Antnio Gonalves Cruz, o Cruz Cabug, desembarcou na Filadlfia com 800 mil dlares (atualizado ao cambio 2007 aproximadamente 12 milhes de dlares )na bagagem com trs misses[1]:

1.2.

Comprar armas para combater as tropas de D. Joo VI Convencer o governo americano a apoiar a criao de uma repblica independente no Nordeste

brasileiro.

3.

Recrutar alguns antigos revolucionrios franceses exilados em territrio americano para, com a

ajuda deles, libertar Napoleo Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado ao Recife, onde comandaria a revoluo pernambucana. Depois retornando a Paris para reassumir o trono de imperador da Frana.

Porm na data de chegada do emissrio aos Estados Unidos, os revolucionrios pernambucanos j estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e prximas da rendio. Quando chegaram ao Brasil os quatro veteranos de Napoleo recrutados (conde Pontelcoulant, coronel Latapie, ordenana Artong e soldado Roulet), muito depois de terminada a revoluo, foram presos antes de desembarcar. Em relao ao governo americano, Cruz Cabug chegou a se encontrar com o secretrio de Estado, Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelio, os Estados Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em guas americanas e que tambm aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento[1].[editar]Consequncias

Debelada a revoluo, foi desmembrada de Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), tornando-se provncia autnoma. Essa havia sido anexada ao territrio pernambucano ainda na segunda metade do sculo XVIII, juntamente a Cear e Paraba, que tambm se tornaram autnomas ainda no perodo colonial, em 1799.

Tambm a comarca de Alagoas, cujos proprietrios rurais haviam se mantido fiis Coroa, como recompensa, puderam formar uma provncia independente[1]. Apesar dos revolucionrios terem ficado no poder menos de trs meses, conseguiram abalar a confiana na construo do imprio americano sonhado por D. Joo VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus sditos eram imunes contaminao das idias responsveis pela subverso da antiga ordem na Europa[1].[editar]Data

Magna

Em 2007, o dia 6 de maro foi declarado a Data Magna de Pernambuco, por conta da Revoluo Pernambucana.[2] Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou nova lei, alterando a Data Magna do Estado para o primeiro domingo de maro.

Notas

1. 2.[editar]

a b c d e f g GOMES, Laurentino. 1808 - Como uma rainha louca, um prncipe medroso e uma corte corrupta enganaram

Napoleo e mudaram a histria de Portugal e do Brasil. So Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007, p.265-73. Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco. Poder Legislativo de Pernambuco celebra Data Magna.

A chegada da Famlia Real Portuguesa, a partir de 1808, estabeleceu uma srie de transformaes que determinaram maior liberdade econmica s elites agroexportadoras do pas. Contudo, essas regalias tambm foram seguidas pela elevao dos impostos para o financiamento de conflitos em que Dom Joo VI havia se envolvido. Ao mesmo tempo, observamos que os comerciantes portugueses foram notadamente beneficiados com regalias que ampliavam os lucros da chamada nobreza da terra. Tais medidas chegaram regio de Pernambuco no momento em que os produtores sofriam com a flutuao do acar e do algodo no mercado internacional. Mediante essa dificuldade econmica, grande parte da populao tinha grande dificuldade para pagar os impostos estabelecidos pela Coroa Portuguesa. Isso tudo ocorria em um tempo no qual os ideais de liberdade e igualdade do iluminismo rondavam alguns quadros da elite intelectual da poca. Nesse contexto de tantas insatisfaes e problemas, os proprietrios de terra e outros brancos livres pobres organizaram o movimento que eclodiu em maro de 1817. Aps derrotarem as tropas defensoras de Portugal, os revoltosos formaram um governo provisrio composto por cinco membros. Alm disso, estabeleceram a formao de um grupo de emissrios que difundiriam o movimento em outras capitanias do Brasil e algumas naes europeias. Logo que soube do ocorrido, o governo portugus organizou tropas na Bahia e no Rio de Janeiro com o objetivo de abafar o levante. Enquanto as tropas terrestres tomavam as regies do interior, a cidade do Recife foi cercada por embarcaes que interromperam a comunicao da capitania com outras regies. Os lideres acabaram sendo presos e executados. Dessa forma, o governo lusitano preservava a sua hegemonia poltica atravs da fora das armas. Por Rainer Sousa Mestre em Histria Equipe Brasil Escola

A REVOLUO PERNAMBUCANA DE 1817 D. Joo VI no Brasil Oliveira LimaD. Joo VI no Brasil Oliveira Lima CAPITULO XX A REVOLUO PERNAMBUCANA DE 1817 As primeiras notcias da revoluo pernambucana de 1817, em Pernambuco, alcanaram Londres por via das Antilhas, a uma das quais chegara um navio ingls, Rowena, que pode conseguir autorizao para escapar ao rigoroso

embargo posto pelos rebeldes sobre todos os navios ancorados no porto, e que mais tarde levantaram para as embarcaes estrangeiras. Diziam aquelas notcias ter o movimento tido por motivos determinantes o

descontentamento das tropas por no receberem desde muito seus soldos, nem disporem de outros meios de subsistncia, e o descontentamento do povo "pelas pesadas contribuies e excessivas conscries" que provocava a conquista da Banda Oriental, "na que o povo do Brasil no s no tem parte, mas julga contrria aos seus interesses".648 Hiplito escrevia isto, mas Palmela no era funcionrio diplomtico que julgasse abaixo da sua misso restabelecer a verdade dos fatos, e tanto menos deixaria passar sem a devida contestao semelhantes asseres, quanto lhe assistia razo bastante em qualquer desmentido. Os abusos administrativos, sobretudo as prepotncias, tinham diminudo em todo o novo Reino por um efeito reflexo do progresso dos tempos, e em Pernambuco a situao se apresentava at privilegiada, confiado como andava o governo havia anos a um homem pacato e bondoso. Com sua costumada assinatura Um brasileiro defendeu Palme-la em comunicados ao Times o governo do Rio das pechas de suspicaz e tirnico, com que o queriam gratificar os que defendiam por interesses ou por princpio a revoluo pernambucana. "Esse governo posto que absoluto escrevia o futuro embaixador no para melhor dizer outra cousa mais que uma autoridade doce e paternal. Tero crimes ficado freqentes vezes impunes no Brasil, mas nunca, e desafio qualquer os de citar um exemplo em contrrio, a inocncia pode com razo queixar-se da injustia do soberano da terra. Em toda a extenso desta antes facultada uma liberdade de palavra que mais degenera em licena." Tratando particularmente da referida falta de pagamento s tropas, concordava Palmela em que era possvel darem-se fatos de tal natureza, visto a administrao no estar ainda sujeita a regras uniformes, e cada provncia prover separadamente as despesas da sua guarnio. "Posso todavia assegurar que as tropas recebem regularmente seus soldos na mor parte dos estados do Brasil e que semelhante falta se jamais ocorreu, no podia passar de temporria e em escala muito inferior que mostram supor algumas pessoas." Em Pernambuco, poderia ter Palmela acrescentado se possusse um conhecimento ntimo de todas as capitanias, no faltavam recursos ao Errio graas conhecida economia de Caetano Pinto, mas esta prpria economia, exacerbada como na verdade o era at a avareza, podia justamente ter determinado atrasos no pagamento das tropas. E to reais estes atrasos, que o motivo apontado no primeiro dos ofcios de Maler sobre o haver a hidra revolucionria conseguido erguer uma hedionda cabea no Brasil". 649 Escreveu-o ele logo depois de ter entrado inopinadamente no porto do Rio a 25 de maro, o brigue com bandeira branca que conduzia, bastante constrangido, sua excelncia o governador general. "H mais de um ano reza o citado ofcio que a guarnio de Pernambuco era mal paga e mal alimentada pelo governo; o territrio desta cidade e dos distritos vizinhos extremamente produtivo en algodo, estril em comestveis e gneros de primeira necessidade, de sorte que o po para os ricos e a mandioca para a classe indigente vinha de fora e era comprada por preos muito elevados. vidos especuladores monopolizavam os carregamentos que chegavam e os revendiam a retalho a: pblico da maneira a mais arbitrria. Os clamores e as queixas gerais despertaram enfim o indolente Montenegro, que encarregou o brigadeiro do exrcito Salazar de tomar algumas medidas para conter o monoplio e reprimir a desordem. Mas, este oficial general no tendo podido satisfazer a esperana e os votos do pblico, cometeu-se ainda o injusto dislate de propor s tropas dar-lhes as raes de po em espcie e de lhes abonar 16 soldos por cada saco de mandioca, cujo preo no mercado era de 50 soldos."650 A razo da escassez de comestveis de primeira necessidade que Maler falsamente atribua improdutividade do terreno da costa e matas para essa cultura. Luccock acertadamente a fornece ao falar tambm na carestia dos mantimentos, da farinha nomeadamente, porque pagando o algodo melhor, na provncia se no cultivavam bastante gneros alimentcios como mandioca e feijo. Por outro lado a capital consumia abundantes provises de boca, provocando sua importao, e a guerra do sul com seus repetidos fornecimentos estava fazendo encarecer todos os gneros. Para cmulo a estao de 1816 fora muito seca no norte, portanto escassas as safras. Destas circunstncias combinadas derivou-se neste ponto o sofrimento do povo pernambucano, quando os plantadores e comissrios andavam em mar de fortuna com o aumento, que chegou a 500 por cento, do preo do

algodo por motivo da guerra recente, de 1812 a 1813, dos Estados Unidos contra a Inglaterra, da extino em 1815 do bloqueio continental e da perspectiva de mais largas exportaes de tecidos da Inglaterra para os velhos mercados europeus e os novos mercados latinos do Novo Mundo, tornando-se indispensvel a matria-prima, para cujo suprimento no chegava a produo norte-americana. Mas fcil tarefa cabia a Palmela ao afirmar nos seus comunicados ser a exorbitncia das taxas uma completa falsidade, relativamente, j se v, e em absoluto o recrutamento rigoroso exercido para a expedio do rio da Prata. Nas provncias setentrionais do Brasil, focos da insurreio que estalara, at notrio, lembrava o representante de Dom Joo VI, que se no recrutou um homem nem se imps um soldo de contribuio para aquela empresa militar. As tropas empregadas no sul tinham vindo de Portugal e eram pagas pelo Errio Pblico de Lisboa, exceo feita das tropas regionais paulistas e riograndenses. Podia o Tesouro do Rio de Janeiro ter realizado alguns adiantamentos, mas a ocupao de Montevidu, importando a cobrana das receitas aduaneiras desse considervel porto, bastaria dentro em breve para custear as despesas da expedio. As nicas queixas que no atilado dizer dos comunicados, destinados, no nos esqueamos, a um peridico londrino e a um pblico britnico, podiam os brasileiros nutrir, seriam os favores extraordinrios outorgados no terreno comercial pelo tratado de 1810 e as concesses a que no assunto do trfico fora levado o governo do Rio. Estas eram expresses de ressentimento bem mais fundadas do que meras questes de subveno por este ou por aquele reino, enquanto se no abria a risonha perspectiva financeira do objeto da empresa satisfazer os gastos da sua operao. Muito mais impopular devia com certeza ser em Portugal a ambiciosa guerra do sul, porque lhe acarretava despesas sem proveito privativo, nem prestgio direto. Verdade que no Brasil faltava igualmente, afora interesse que justificasse a conquista, a no ser o poltico, a vaidade nacional que s pode gerar um acordo de sentimentos. E o Brasil ainda era, moral como organicamente, fragmentrio. A revoluo de 1817 tem que ser examinada sobretudo pelo seu lado terico, no seu aspecto correlativo, em sua feio proseltica. Foi um sinal mais dos tempos, a manifestao de uma combinao de impulsos em que entravam o amor exagerado, literrio se quiserem, filosfico mesmo, mas em todo caso ativo, da liberdade, e uma noo jactanciosa da valia americana que o abade de Pradt aponta com felicidade quando escreve num dos seus muitos livros de vulgarizao da emancipao do Novo Mundo, que "pela primeira vez, tratando-se do Brasil com relao a Portugal, uma parte da Amrica aprendera a levantar a cabea mais alto que a Europa e dar leis queles de quem tinha por hbito receb-las". Alis estes sentimentos abstratos e gerais assumiam traos concretos e particulares na provncia revoltada. A ordem do dia de 4 de maro de 1817, do capito-general Caetano Pinto de Miranda Montenegro, ajustava s razes do Correio uma terceira, a mencionada e que estava na raiz do descontentamento popular: a ciznia levantada "entre os nascidos no Brasil e os nascidos em Portugal", acusados de monopolizar os melhores empregos civis e militares, os maiores proventos e tudo mais de bom na terra. Por outras palavras, eram a questo nativista e a afirmao independente que sob as vestes democrticas, to em moda na poca, surgiam incomparavelmente mais veementes do que em Minas no final do sculo XVIII. "H presentemente proclamava o doutor governador alguns partidos, fomentados talvez por homens malvados, com a louca esperana de tirarem alguma vantagem das desgraas alheias, sem se lembrarem de que todos somos portugueses, todos vassalos do mesmo soberano, todos concidados do mesmo Reino Unido, e que nesta feliz unio, igualando e ligando com os mesmos laos sociais os de um e outro continente, s deve dividir e separar aos que fomentam to perniciosas rivalidades." Deste motivo bsico aparecem os outros como florescncia e, cortados do p, no significam bastante para explicarem a sublevao, convin-do notar que nos cimes nativistas, nem todos de preponderncia poltica, que a tradio consagrava, entravam em no pequena escala zelos alimentados pelos nacionais dos bens alcanados pela atividade comercial dos portugueses. Caetano Pinto, que era homem inteligente e se gabava de ser homem de lei, compreendia perfeitamente quanto eram inevitveis todos esses cimes patriticos e econmicos que em torno dele se agitavam, e filosofava

sobre o caso, desculpando-os, em vez de procurar abaf-los pela violncia, o que sabia dever ser contraproducente. A filosofia condizia admiravelmente com o temperamento pacfico e a calma judicativa do futuro marqus da Praia Grande: com a prpria segurana do Recife pouco se incomodava a sua suprema autoridade, sem tentar mant-la com uma melhor polcia que coibisse os freqentes roubos, assaltos e assassinatos, sendo que de ataques de ladres o governador em pessoa havia sido vtima resignada. No admira que, no tocante conspirao que toda a gente sabia estar-se forjando nas lojas manicas e nos concilibulos patriticos, em segredo e s escancaras, Caetano Pinto s tarde se resolvesse a agir, to tarde que o movimento j no teve suma dificuldade em triunfar. A economia excessiva e a negligncia, em matria de administrao, do governador de Pernambuco podem portanto ser apontadas, sem receio de errar, como fazendo parte das razes prximas da sedio, se bem que resgatassem aqueles defeitos brandura e tolerncia que no eram comuns aos capites-generais. De como andava indisciplinada a soldadesca e no menos a oficialidade, o que mais que tudo traduzia o malestar, fsico e espiritual, caracterstico do momento, deu evidente prova o crime que deu o sinal da rebelio. As prises dos suspeitos, ordenadas ltima hora pelo governador, deram com efeito origem ao conhecido episdio de quartel em que o capito Jos de Barros Lima (Leo Coroado) assassinou o seu superior, provocando com tal ato geral insubordinao nas fileiras do regimento de artilharia, depois agitao na cidade, toques de rebate, exaltao dos nimos, libertao dos detidos polticos e mistura de criminosos vulgares, e por fim a mais completa perturbao da ordem. "Enfim, a 6 deste ms, contava Maler para Paris, um regimento de artilharia excedendo-se em vociferaes e esprito de amotinao, o governador, avisado do tumulto, enviou ao quartel o brigadeiro Salazar para tratar de acalmar a desordem. Quando comeava a exortar o regimento, um capito, talvez receoso do efeito das suas palavras, apressou-se em atravess-lo com a espada e Salazar caiu imediatamente morto. 651 Ao saber do assassinato o governador mandou um dos seus ajudantes de campo, que foi igualmente vtima. Enquanto que isto se passava nos quartis, trs brasileiros percorriam a cidade, reuniam a multido e pregavam a revolta, vociferando contra o governo e contra os europeus. Estes trs chefes eram: 1? um negociante, Domingos Jos Martins, recentemente chegado de Londres, onde quebrara fraudulentamente; 2 Antnio Carlos de Abreu,652 que durante vrios anos fora magistrado em Santos, atualmente ouvidor, acusado de assassinato e vivendo na mais pacfica, e aqui mais vulgar, impunidade; 3 o vigrio de uma parquia;653este celerado para melhor se impor multido teve a infmia de se revestir do sobrepeliz e da estola. So visivelmente os trs chefes da insurreio, e Domingos Jos Martins o mais influente de todos. 654 Ouviam-se com freqncia gritos de: Viva a independncia! Viva a liberdade dos filhos da ptria! Morram os europeus!"655 Os sucessos da revoluo de 1817 so de sobejo conhecidos. Os fatos que lhe assinalaram a curta durao, encontram-se miudamente historiados em Muniz Tavares656 e sinteticamente, quando no gongoricamente

romantizados em discursos e panegricas sem conta. A recentssima publicao das Notas dominicais657 veio ajuntar outra relao fidedigna de mais uma testemunha presencial. A narrao do sacerdote liberal e os por-menores de Tollenare acham-se plenamente confirmados nas informaes, neste caso distantes mas sempre bebidas na boa fonte, de Maler, e, o que aqui mais avulta e importa, nas declaraes prestadas em Frana pelos capites de embarcaes dessa nacionalidade ento surtas no porto do Recife.658 Eram em nmero de quatro tais embarcaes. Segundo Lus Vicente Bourges (Borges?), lisboeta domiciliado em Nantes, imediato e sobrecarga do navio do mesmo porto La Felicite, houve vinte pessoas mortas no motim de 6 de maro, contando-se no nmero trs marinheiros franceses que no responderam ao quem vivei dos patriotas. Avaliava ele a fora regular dos insurgentes (entrando decerto as milcias, porque o efetivo dos dois regimentos de linha estava, ao tempo do movimento, bastante reduzido) em 2.500 a 3.000 homens. Quando La Felicite se ps ao mar a 12 de maro, pois que a circunstncia da revolta lhe permitiu reunir uma grande carga, sobretudo de algodo, a preos vis por continuar o embargo sobre os navios nacionais, ocupavam-se os rebeldes de manh noite em exercitar-se, melhorar a defesa das fortalezas e outros pontos principais de resistncia, e organizar a cavalaria.

Outra testemunha do mesmo gnero, o capito do navio La Perle, eleva o nmero dos mortos a 50 ou 60, visto que, como sempre acontece em semelhantes ocasies, aproveitaram-se os que de repente se viram com as armas na mo para satisfazer antigas vinganas ou dar simplesmente curso aos seus instintos bestiais. mister no esquecer que daquelas mortes no bairro de Santo Antnio, quase todas, foram culpados os facnoras libertados da cadeia e no os soldados e milicianos, tanto que a ulterior ocupao, pelos regulares desta revoluo em suma ordeira, do bairro do Recife, no foi manchada por igual morticnio. Pensava alis este segundo declarante que, no se oferecendo resistncia em parte alguma, se no teria dado matana se no fosse o boato de um apelo feito pelo intendente da marinha (Cndido Jos de Siqueira) aos tripulantes das embarcaes portuguesas fundeadas dentro dos arrecifes, que estimulou a violncia dos rebeldes e chamou a suspeio e a ojeriza contra tudo que tivesse aparncia de martimo. Dos quatro homens de borda da Perle que, com receio da pilhagem, para l carregavam do armazm estabelecido pelo seu capito para a venda a retalho, 17 a 18.000 francos em ouro, trs foram sumariamente espingardeados e ao quarto apunhalaram nas costas e partiram um brao, no o acabando os assassinos de matar e at o levando para um hospital quando verificaram ser um francs. O capito assim se exprimiu textualmente: "Os negros livres e escravos, bem como os mulatos armaram-se de picas, machados etc, e massacraram todos os que no primeiro momento tentavam fugir, particularmente marinheiros; os insurgentes tendo sabido que o filho do intendente fora a bordo das embarcaes portuguesas surtas no porto, a fim de pedir aos tripulantes que acudissem em socorro dos realistas." As peripcias essenciais so uniformemente relatadas, delas no existindo, a bem dizer, duas verses. O governador continuou at a ltima a ser homem de paz, saindo do palcio primeira descarga para encerrar-se na fortaleza do Brum e a se render, desdenhando os elementos de resistncia bem superiores alis aos dos insurgentes que no bairro de Santo Antnio ainda operavam com fragmentos de regimentos, sem organizao e com pouco armamento que no Recife mesmo se agrupavam e viram-se dispersos pela ousadia de um dos oficiais rebeldes. Este homem decidido659 foi quem se apoderou da ponte do Recife quando os portugueses se dispunham a cort-la para melhor defenderem sua causa, isolando-se, de fato abdicando com aquele gesto a inteno de recuperarem a posio perdida, da qual os rebeldes logo se assenhorearam por completo, arvorando sua bandeira improvisada e proclamando sua criao menos improvisada. Seguiu-se entre a gente boa da cidade, do comrcio especialmente, que era todo portugus, a infalvel debandada, movida pelo terror. Estes primeiros emigrados, chegando Bahia numa embarcao que logo se fez de vela e informando o conde dos Arcos do ocorrido, permitiram-lhe tomar suas precaues: chamar a si a tropa, redobrar de vigilncia, prevenir cada um dos suspeitos da sorte que o esperava se se atrevesse a pronunciar-se, e distribuir proclamaes realistas que nos parecem hoje ridculas na sua retrica empolada e afetada veemncia, mas que foram eficientes, sufocando toda veleidade revolucionria e produzindo o resultado visado, que era o sossego fiel da provncia. Arcos procedeu em suma como general que era: se fosse homem de toga, teria talvez procedido como Caetano Pinto, que mesmo as denncias mais fundadas desprezou, at ser tardio o tratamento do mal ainda que violento. Pode ter-se como certo que a sedio pernambucana tinha a sua ramificao baiana, e possvel que a rpida ao do conde dos Arcos, que to grande desnimo local gerou, no fosse estranha a preocupao de dissimular, ou antes fazer desaparecer, caindo no vago e por fim no esquecimento, uns confusos projetos de conspirao aristocrtica, tendente si vera est fama a substituir um trono por vrios tronos, e desconhecida a no ser pela referncia indistinta de uma proclamao do governo provisrio do Recife aos baianos.660 Outro tanto, sem qui os precedentes, aconteceria no Cear, onde a misso do subdiacono Alencar veio a gorar como a do padre Roma Bahia, graas teimosia do capito-mor do Crato, um velho malfeitor que para o crime se valia da sua autoridade, e energia do governador. Malgrado quaisquer simpatias que intimamente despertasse nessas duas capitanias, no conseguiu a revoluo atrair sua rbita subversiva mais do que a Paraba e o Rio Grande do Norte.

Este era o maior susto da corte, que o movimento se propagasse, efeito que Maler julgava inevitvel; e a facilidade com que nas duas provncias satlites foram levadas de vencida as poucas, dbeis resistncias levantadas, faz supor uma corrente oculta de solidariedade cujo circuito j estivesse estabelecido, a menos que no implique uma matria extremamente amorfa de experincia democrtica. No podia, porm, ser este ltimo tanto o caso, porque no meio da geral apatia ignorante existia um ncleo ilustrado, elemento diretivo que ento exercia mais decidida influncia do que hoje, arrastando as vontades irresolutas e determinando as adeses inconscientes. Semelhante elemento estivera sujeito a uma verdadeira iniciao, a um trabalho de iluminao poltica de que tinham sido condutores os sacerdotes lidos em filosofia revolucionria que foram os principais agentes, propagadores e mrtires dessa revoluo de padres, o que pelo menos no Brasil daquela poca significava uma revolta da inteligncia. Tanto foi a insurreio de 1817 um movimento muito mais de princpios que de interesses que Tollenare, espectador e cronista insuspeito dele. no aponta sequer entre as suas causas razo alguma econmica. Apenas lhe descobriu razes morais: a ambio positiva de uns e a imaginosa quimera de outros, as duas bolindo com os sentimentos nativistas, agravando os despeitos e humanamente acirrando a cupideza. Teve portanto a resoluo pernambucana, e bem saliente, a sua formosa feio, pois que cativa e fascina quanto representa nobre aspirao de liberdade, a qual sabemos no vicejara no Brasil, nem mesmo depois que a transplantao da corte determinara uma mudana climatrica. O governo das provncias continuou a ser o das capitanias: o governo do bom ou do mau tirano. Feliz a terra quando, como a Bahia, se lhe deparava um governador como Arcos que nos seus sete anos de governo (1810-1817), se no deu ensanchas ao esprito poltico, confundindo o civismo com a lealdade dinstica e equi-parando o patriotismo dedicao monrquica termos que se no excluem, mas que podem viver separados prtica e eficazmente protegeu a instruo pblica, o desenvolvimento intelectual, as comunicaes fluviais, o comrcio e a defesa militar. A revoluo apresentou-se contudo com suas vestimentas usuais de indisciplina, desordem e violncia. Sua estria foi o homicdio de militares de graduao por oficiais subalternos e, para sustentar-se, se bem que a perfilhassem e favoneassem o clero nutrido de idias francesas e a aristocracia territorial trgida de orgulho de nascimento e de sentimento bairrista, tinha ela de tornar-se demaggica e, na falta de outro povo, apelar para a plebe de cor. A carta de um portugus a seu compadre, descrevendo a cidade depois do levante diz que se no viam mais do que casas fechadas, no aparecendo nas ruas a gente branca, e que os patriotas negros e mestios que pejavam as caladas, em vez de andarem como dantes pelo meio da estrada, tinham modos insolentes de abordar os europeus e pedir-lhes fumo. O comrcio, pelo duplo motivo do sentimento nacional e da desconfiana, s podia ser adverso ao movimento emancipador e republicano, o qual no dispondo seno limitadamente de foras regulares as que se rebelaram fizeram-no por esprito de imitao muito mais do que por conscincia patritica e no ofereciam plena confiana em caso de incertezas e tendo que lutar contra um sentimento monrquico que provou ser ainda fervoroso em muitos, ou pelo menos com o temor do desconhecido entre a populao de certa condio, 661 carecia de apoiar-se nas camadas baixas. A ral que afinal podia dotar a revoluo do largo fundamento de que esta precisava para exibir vigor material de que no dispunha, e manifestar entusiasmo mais geral, ainda que no mais ruidoso e consistente, do que o fornecido pelos vigrios democratas que foram a cabea e o corao do movimento, os senhores de engenho de sangue azul, rivais natos dos mascates como o da carta ao compadre 66- e os patriotas, em diminuto nmero, de bibliosugesto, frutos das academias do Cabo e do Paraso. A revoluo de Pernambuco seguiu a marcha de todos os pronunciamentos militares; comeou por aumentar no triplo ou qudruplo o soldo das tropas, dos defensores, oficiais e soldados, da ptria e da liberdade, o que facilitou a circunstncia de acharem-se no Errio cerca de 800.000 escudos, sendo 200.000 em bilhetes do Banco do Brasil.663 Depois, para angariar o favor popular, o governo provisrio 664 aboliu vrios impostos, entre eles o de subsdio militar, de 160 ris por arroba, sobre a carne; para prover a sua segurana, determinou a compra de armas e munies, montou em guerra um brigue, duas canhoneiras e outra embarcao, fazendo apelo a marinheiros estrangeiros por desconfiar dos portugueses, e permitiu o levantarem particulares companhias de cavalaria; para dar

arras do seu fervor democrtico, ordenou o tratamento de vs entre os patriotas, para conciliar a classe agrcola, j que a mercantil lhe fugia, facilitou o pagamento das dvidas extinta Companhia de Pernambuco, cuja liquidao ainda durava, e deferiu a emancipao dos escravos, proclamando "que a base de toda a sociedade regular, a inviolabilidade de qualquer espcie de propriedade". Pode dizer-se que os atos da jovem Repblica foram todos impress: de moderao e at de esprito conservador, o que no para admirar se a encabeavam e dirigiam gente de bens e a gente de ilustrao. Os atos propriamente polticos tambm foram repassados de moral jacobina a revoluo foi paradoxalmente honesta e de afetada confiana. Afeta da e igualmente espontnea, pois que o celebrado, j lendrio orgulho dos pernambucanos (os de boa famlia, seno de boas letras, pela maior parte plantadores) aumentara com a fortuna dos ltimos tempos, os bons pre-os do algodo e do acar, e refletia-se nos papis emanados do governo provisrio, 665 agindo esta fartura de acordo com a misria da plebe ao rebentar o motim. Apesar da bazfia pressagiar intransigncia, a tolerncia republica na foi tanta que os empregados foram todos conservados nos seus ofcios, mediante uma adeso no em extremo difcil de obter. Apenas destoara desta norma legal, e no sem explicao ou justificao, a abertura das cadeias, logo corrigida, e anulao dos processos civis e criminais, e o seqestro nas propriedades dos negociantes que por causa da revoluo se ausentaram da terra. "A 8 de maro, escrevia o insuspeito Maler, a ordem e a tranqilidade estavam perfeitamente restabelecidas; li uma carta de um negociante ingls, escrita daquela cidade [Recife] a 9, que dizia no se perceber mais o menor vestgio da revoluo, gozando-se da mais perfeita calma e segurana." O capito da Perle, que permaneceu em Pernambuco trinta e dois dias depois de arvoradas as cores da revoluo, escrevia que nem a sua embarcao, nem as outras nove ou dez, estrangeiras, ancoradas diante do Recife, foram no mnimo molestadas: "Os direitos ficaram na mesma, o negcio livre e requisio alguma foi lanada, a no ser de munies de guerra que havia ordem de arrecadar contra pagamento, por deciso do governo provisrio."666 Quando a Perle singrou, a 8 de abril, os escravos, armados no comeo, tinham restitudo as armas e retomado sua canga. "O novo governo at me concedeu trs marinheiros portugueses em substituio dos meus trs homens de tripulao mortos no tumulto do primeiro dia, testemunhando seu vivo pesar pela calamidade que me assaltara." mesmo possvel que a situao houvesse melhorado, sob o ponto de vista da segurana e do direito, depois da insurreio, pois no pode restar dvida de que a provncia se achava, antes, numa condio quase anrquica, existindo para a sublevao, ainda considerada objetivamente, causa mais do que suficiente. Quando encerrasse exagerao o quadro publicado no Correio Braziliense661 por uma testemunha ocular, confirma-se nos seus dizeres a impresso de quo aleatria era a segurana individual; quo relaxado o governo; quo venal a justia; quo desonesta a administrao, tanto na Junta de Fazenda, por onde corriam documentos falsificados, como na Alfndega, onde florescia pblico e notrio o contrabando, chegando a desfaatez ao ponto de possurem oficiais dela lojas de fazendas, como na Intendncia de Marinha, ninho de falcatruas. Remetendo para a Frana o Preciso de Jos Luiz de Mendona, penhor do seu republicanismo violentado, o capito da Perle achava-o razovel, enumerando as queixas que havia da corte, a comear pela agrava-o das contribuies. O governador, todos concordavam e a testemunha ocular do Correio o proclamava, era o nico talvez dos altos funcionrios limpo de mos; mas se a sua indiferena otimista rastejou antes do levante na inconscin-cia, tomando reunies de conspiradores por assemblias de maes, achando-lhes at graa e cerrando os olhos a fatos iniludveis, ao ponto de correrem no Rio boatos que em Pernambuco Caetano Filho desconhecia e no entanto diziam respeito ao seu governo, depois do levante a sua cordura foi quase cobardia.668 No foi certamente seu exemplo que inspirou o conde dos Arcos, o qual, sem esperar instrues da corte, tomou logo na Bahia as providncias necessrias para a pronta.represso da sedio vizinha, adotando uma atitude militante e at feroz, despachando a bloquearem o Recife o nico pequeno navio armado que tinha sua disposio e dois mais que obteve ou arrancou de particulares, e fazendo antes de decorrido o ms de maro seguir um corpo, disponvel e improvisado, de 1.500 homens para a comarca das Alagoas com ordens terminantes de levar tudo a ferro

e a fogo. "Nenhuma negociao ser atendida, sem que preceda como preliminar a entrega dos chefes da revolta, ou a certeza de sua morte; ficando na inteligncia de que a todos lcito atirar-lhes a espingarda como a lobos." Era destas proclamaes que Maler se espantava malgrado todo seu esprito reacionrio. A perspectiva no se oferecia desanuviada aos olhares ansiosos dos patriotas. J a 29 de maro de 1817 escrevendo ao seu governo, o cnsul britnico John Lampriere augurava mal do movimento: "I think to per-ceive that the generality of the inhabitants become daily more gloomy." 669 Com efeito os soldados da revoluo desertavam em grande nmero, apesar do to considervel aumento na sua paga, tendo que serem alistados, para encher-lhes os claros, muitos escravos aos quais por este motivo se concedia alforria, dando-se ou prometendo-se indenizao aos senhores Sobretudo no chegavam notcias, as almejadas notcias da Bahia, onde os rebeldes contavam com adeses seguras, quando ao invs, desse mesmo lado do qual no sculo XVII viera o socorro definitivo para a expulso dos holandeses auxlio to indispensvel quanto foi no sculo XVIII o francs para a libertao das colnias inglesas partia agora a reao contra o grito pernambucano de independncia. Tambm a pobre insurreio em parte alguma deparava com as simpatias a que tinha ou se julgava com direito, ou de que nutria confiana Nas capitanias do norte por onde at certo ponto se propagara o movimento, mas que eram pores do litoral pouco favorecidas, menos povoadas e constituindo a seo mais desprovida de recursos do pas, a contra-revoluo lavrou rpida: no Rio Grande do Norte, logo que se ausentou o contingente paraibano de Jos Peregrino, na Paraba por um impulso espontneo do velho esprito tradicional que produziu uma reao fatalista, originando um conflito de princpios em que o receio representava um papel secundrio. A comarca das Alagoas conservara-se pode dizer-se fiel causa legal Nela ecoara debilmente o clamor subversivo e estalou quase sem provocao a contra-revoluo no Penedo, passando de pronto a Macei e vindo em ofensiva deter a marcha do reforo de Jos Mariano Cavalcanti, mandado do Recife para o sul da provncia. Com as colnias revoltadas da Amrica Espanhola no houve tempo nem sobretudo ensejo de firmar solidariedade. Nos Estados Unidos a repercusso foi nula. O emissrio Antnio Gonalves da Cruz, o Cabug,para l despachado a obter o reconhecimento e proteo, s alcanou a tardia remessa por especulao particular de provises de guerra e tambm de boca, que estas andavam carssimas no Recife, chegando um alqueire de farinha, que custava dantes 1.600 a 1.920 ris, a pagar-se por 9.200, sem aparecer o gnero no mercado. Contra essa infrao de neutralidade, posto que no oficial, merecendo contudo a fiscalizao oficial, protestou alis sem demora o ministro Corra da Serra, sendo atendido pelo governo federal, como o fora na sua reclamao contra navios armados nos portos americanos, com bandeira dos insurgentes espanhis, para atacar as embarcaes da metrpole, e tambm as portuguesas, estando em luta o governo do Rio com Artigas e podendo dar-se a todo momento o rompimento com Buenos Aires.670 Outro motivo de declarao por parte de Corra da Serra seria, aps sufocada a rebelio de 6 de maro, o proceder do cnsul americano Jo-seph Ray, acusado pelo prprio juiz relator da alada, entre outros feitos de natureza poltica, de comunicaes mais que suspeitas com os revolto-sos e com oficiais estrangeiros por estes aliciados (os trs bonapartistas, do exrcito francs, engajados pelo Cabug nos Estados Unidos, chegaram tarde) e de acoutar na sua residncia trs chefes do movimento sedi-cioso na Paraba, que da foram arrancados pela polcia. O governo americano houve que destituir o seu cnsul. Na Inglaterra, onde o governo provisrio sonhara fazer de Hiplito o seu ministro, o apoio revoluo foi igualmente, e com maior razo, negativo, obtendo pelo contrrio Palmela facilmente do governo do dia, como era de prever, quanto pretendia em detrimento da repblica. S no conseguiu, porque o gabinete britnico invocou a propsito a neutralidade adotada, entre a Espanha e suas colnias sublevadas, como um precedente a respeitar, a coadjuvao de fragatas de guerra que sugerira, ao julgar no primeiro momento mais temerosa a insurreio do que na realidade ela se revelou. Acontecera que as notcias mais cedo espalhadas tinham sido as trazidas pelo negociante ingls do Recife Bowen, amigo de Domingos Jos Martins e o mesmo em favor de quem os rebeldes abrandaram o decretado embargo martimo. Bowen no s disseminou informaes muito otimistas com relao ao triunfo dos patriotas, como em defesa

deles fez insinuaes nos Estados Unidos, para onde se dirigira, e ao Foreign Office, por intermdio do ministro britnico em Washington. Lord Castiereagh desprezou porm semelhantes insinuaes e, sob pretexto de atacar o governo legal, contrariou quanto pode o movimento de Pernambuco.671 O Board of Trade mandou afixar um edital aconselhando os navios ingleses que pretendessem comerciar com a praa do Recife, a dirigirem-se primeiro Bahia a fim de colherem informaes sobre a marcha do conflito e estado do bloqueio, que poderia entretanto haver sido levantado. O governo britnico consideraria boas presas de guerra, e no reclamaria os navios seus nacionais que fizessem sinal de querer romper esse bloqueio participado e admitido. O correio deixou de receber cartas de Pernambuco, a no ser via Bahia. Mandou-se embargar nas alfndegas inglesas as cargas de pau-brasil monoplio da coroa que os insurgentes pudessem ter remetido para disporem de fundos. A conduta do cnsul Lampriere, de apresentar-se a receber o seu reconhecimento da junta revolucionria,672 foi fortemente desaprovada, informando-se disto o funcionrio que o governo britnico acreditava em todo caso ter erroneamente agido por zelo, para mais eficazmente proteger as pessoas, bens e comrcio dos vassalos ingleses, e no por extempornea e indevida boa vontade para com os insurgentes. Foi em nota de 17 de julho que Palmela se queixou do ato estranh-vel de um funcionrio estrangeiro que aceitava de uma junta rebelde67^ a confirmao de suas funes, autorizadas pelo governo legal. Na sua resposta de 13 de agosto, comunicava o principal secretrio de estado na repartio dos Negcios Estrangeiros, que "recebera ordens do prncipe regente, para declarar ao conde de Palmela a fim de que o participe a S. M. Fidelssima, que ele fortemente desaprovou o comportamento daquele empregado pblico, e que, em conseqncia disto, ao mesmo empregado pblico se fez saber, que ele obrara de um modo diretamente contrrio ao teor da sua comisso; e que no devia ter-se apresentado to cedo perante aquelas autoridades irregulares, ou fazer, sem positiva compulso, qualquer ato que fosse, pelo qual desse a entender a um governo usurpador, que ele era reconhecido por um funcionrio britnico".674 Como a Inglaterra segue contudo invariavelmente a norma de defender quanto possvel os seus funcionrios no exterior e nunca os deixar a descoberto, lord Castiereagh acrescentava: "O abaixo assinado roga todavia ao conde de Palmela haja de certificar ao seu governo, que o governo de S. A. R. est convencido, de que tudo o que o cnsul de S. M. obrou naquele caso, foi mero efeito de um zelo mal entendido, para proteger a legtima propriedade e comrcio dos vassalos de S. M. e que por nenhuma forma fora em razo de ser afeioado aos insurgentes, ou de ter m-vontade ao governo de S. M. Fidelssima, o que amplamente se aprova pela sua correspondncia oficial." Chegou Palmela a alcanar,675 com sua insistncia amvel e graciosa persuaso, que os capites dos paquetes ingleses676 deixassem de admitir a bordo e transportar para Lisboa, exemplares do Correio Brazliense e

do Portugus que, a propsito da revoluo pernambucana, inseriam artigos julgados sediciosos e publicavam verdadeiros libelos contra os governadores do Reino de Portugal e Algarves. 677 Assegurava Palmela na sua correspondncia oficial que obteria o mesmo com relao ao Brasil caso o quisesse o governo do Rio como o tinha querido a regncia de Portugal. A pouca vontade da corte em associar-se a essa atitude de Palmela para com certa imprensa peridica, confirma porm que Hiplito era, como se dizia em Londres, protegido do gabinete, seno do prprio monarca. Das monarquias europias nunca tinham esperado simpatia os rebeldes pernambucanos, sobretudo das continentais. O agente consular francs, que era o horticultor Germain, e nem recebera ainda o exequatur r-gio, mostrou-se sem rebuos infenso ao movimento, pelo que ficou suspeito Junta a qual alis o destitura do seu cargo de botnico em Olinda e teve por melhor retirar-se para o Rio de Janeiro, onde faleceu ao chegar. As esperanas de reconhecimento, concentravam-nas os revoltosos nos Estados Unidos, em Artigas e no governo de Buenos Aires, ao que contou na corte um negociante francs de Bordus, Mr. Vigneaux, embarcado no lercure, do Havre, que a caminho do Rio fizera aguada em Pernambuco no dia 5 de abril, a tomando aquele passageiro.678 A revoluo pernambucana, se no fosse a atmosfera glacial que lhe tolheu os movimentos,679 tinha condies em si para vingar e expandir-se, tomando-se Pernambuco o centro de atrao do Brasil independente, ou

mais verossimilmente a primeira seo independente do novo Reino desagregado. O exemplo das colnias espanholas agia em seu favor, e o gover-no descurara anteriormente e por completo o perigo desse inevitvel contgio emancipador. O capito Hareng, do La Perle, de Honfleur, deps que tendo partido para Pernambuco em fevereiro de 1816, encontrara a terra sossegada, apenas frio o negcio, mas nos espritos to grande a fermentao que tudo anunciava que a provncia no tardaria em participar no movimento revolucionrio que sacudia a Amrica Espanhola. "Seguia-se com particular empenho os progressos dos insurgentes espanhis, sabendo o prprio governo que existiam com eles inteligncias pela via martima. Para alterar-lhes o efeito, foi que o capito-general entendeu fazer proclamaes e passar revistas, recordando aos habitantes e s tropas a confiana e fidelidade para com o soberano, e prometendo pronta distribuio de vveres pois era sobretudo da carncia de alimentao que os perturbadores tiravam partido para aular os nimos."650 Por outro lado, chegada a ocasio do perigo, o governo encontrava-se na situao mais crtica para combat-lo e extirpar o mal: a braos com a guerra do Sul o exrcito, um exrcito de oficiais e para mais incapazes que custam muito e de nada servem, deles escrevia Maler , e sem recrutas; a administrao concentrada nas mos de um ancio minado pela febre e pelas convulses" como era Barca; "esgotadas as finanas e nulo o crdito".681 Tanto mais louvvel e admirvel foi portanto o srio movimento de reao que teve lugar na capital brasileira contra a implantao da desordem no pas e que compreendeu, alm do estabelecimento, a 16 de abril, de um severo bloqueio da costa pernambucana e paraibana pela esquadra legal,6" a organizao de um slido corpo expedicionrio s ordens de Luiz do Rego, que Maler apelida de militar bravo e leal, sem qualidades de administrador, porm geralmente estimado pelas suas excelentes qualidades. A dificuldade em arranjar soldados era igual de desvencilhar-se o governo dos muitos oficiais, uns a meio soldo, outros circunstancialmente licenciados, pertencentes ao exrcito de Portugal, que pediam servio. "Os oficiais portugueses comunicava o encarregado de negcios de Frana sero sem dvida preferidos, e para

recear que isto produza mau efeito entre brasileiros. Em ocorrncias e conjunturas como as presentes, urge no se deixar s guiar pelos princpios militares." Com efeito o movimento, ao mesmo tempo que antidinstico em anti-portugus e desta sua cor tiveram ntida impresso a fidalguia e o comrcio do Rio ao tomarem a dianteira em todas as manifestaes de solidariedade com Dom Joo VI, afligido mas no sucumbido, e bem disposto a dar um desmentido s previses pessimistas de Maler e dos seus colegas diplomticos, os quais todos no enxergavam os meios de imediata represso, acreditavam na propagao do mal anrquico e at j viam iminente a forada desero de Montevidu perante a diminuio do" efetivo de ocupao e bloqueio e o desnimo dos partidrios da anexao. A 7 de abril informava contudo Maler para Paris que o Errio vazio fora suprido pelos muitos dons voluntrios e os emprstimos gratuitos. "O Banco desta capital ps disposio do governo um milho de cruzados, a ttulo de emprstimo; o baro do Rio Seco deu 50.000 cruzados, e outros capitalistas deram igualmente somas considerveis; o conde de Belmonte ofereceu 10.000 cruzados, o marqus dAngeja a sua baixela para ser fundida, que era obra do ourives de Paris Germain, e toda a alta nobreza lhe seguiu o exemplo." Em Lisboa, o fervor pela sufocao da rebelio colonial foi muito menor, o que facilmente se compreende em vista do afastamento e do descontentamento que causava a indefinida ausncia da corte. A regncia, no fundo pouco comovida, no quis entretanto deixar de patentear sua lealdade e devotamento ao soberano, logo organizando uma pequena fora martima para ir bloquear o porto rebelde e redobrando de rigor na fiscalizao dos navios procedentes do Brasil. A exibio de energia do conde dos Arcos na Bahia, onde os primeiros armamentos navais, ajudados espontnea ou calculadamente pela gente abastada da terra, se fizeram na frase de Maler, com uma presteza que no era de esperar da ndole portuguesa,6-3 instigou tanta atividade entre os governadores do reino que os levou a extremas violncias polticas. Segundo o cnsul-geral Lesseps,684 foi da sedio pernambucana que nasceu a idia de uma conspirao "cuja existncia e fito no posso ainda adivinhar, mas que podia entretanto fazer temer a disposio do esprito pblico.

Convocou-se adrede uma reunio extraordinria dos membros do governo, com assistncia do marechal [Beresford] e de todos os conselheiros destado, guardando-se sobre ela o mais rigoroso sigilo, at que ontem se soube, com grave surpresa de todos os habitantes, que muitas prises tinham sido efetuadas na noite de domingo para segunda-feira de Pente costes, circulando muitas tropas na cidade, e estando pronto a entrar ao primeiro sinal um reforo de alguns regimentos congregados nos subrbios de Lisboa e pelos quais se distribura cartuchame." To de molde aparecia essa conspirao, que no faltou quem pensasse e h quem pense ainda que Beresford se inspirou em Fouch e se valeu de tal meio para preparar os resultados de um plano mais vasto, o qual, no dizer de Lesseps, o esprito perspicaz da multido imediatamente descobriu entre os refolhos da poltica inglesa: quer isto dizer que compartilhava de semelhante opinio o cnsul do rei cristianssimo. O meio de fato mais seguro para o governo britnico de obstar to falada invaso espanhola de Portugal em represlia da ocupao de Montevidu, seria preveni-la por meio de uma ocupao inglesa de Lisboa, assim indiretamente provocada pela revolta de regimentos nacionais. Por outro lado parecia este o melhor modo de dar realidade ao constante desejo da corte de Saint James e fazer regressar para o velho reino a famlia real portuguesa. Gomes Freire foi a vtima ilustre que na ocasio se ofereceu e cujo suplcio precedeu de trs anos a exploso do rancor popular. Ento o seu patbulo se ergueu a meio do espanto, da consternao e do receio, assim como na Bahia o trgico episdio do fuzilamento do padre Roma, encarregado de ativar as ligaes clandestinas, se passou rodeado dum silncio lgubre e medroso. O ano corria pssimo para as idias liberais. Quando o corpo abril686

expedicionrio

de

Luiz

do Rego,

de

quase 3.000 homens, 685 embarcou

a

30 de

juntamente com muitos voluntrios das milcias, formando com a gente da Bahia, Sergipe e Alagoas um total

aproximado de 8.000 homens, no clculo de Maler, o desnimo reinava sem partilha na provncia rebelde. No Rio no entanto constava e causava apreenses a propalada atividade do governo provisrio no organizar a resistncia, confiada em terra a 4.000 ou 5.000 homens, conforme se orava depois de aumentados os regimentos, e no mar "a um brigue com 22 canhes, uma bela escuna americana armada, vrias grandes chalupas e canhoneiras prontas a sair, alm de outros grandes navios mercantes que pretendem armar em guerra".687 Dizia-se, com o mesmo exagero, serem permanentes os trabalhos no arsenal do Recife, como com verdade o estavam sendo os esforos blicos do governo do Rio, sobressaindo em af o monarca que no cessava de visitar os arsenais de guerra e marinha e em pessoa apressar com sua presena, seu ardor e seus cuidados" os preparativos de represso, que fazia morosos a falta de trabalhadores e de materiais. A revoluo no merecia mais tanto. Ao recrutamento em terra correspondia no Recife a emigrao, seqestrando a Junta os bens dos que assim se ausentavam, como seqestrara os navios portugueses. No menos se despovoava a cidade pelo pavor do bombardeio por parte da esquadra legal, cujo aparecimento originara defeces entre os capites portugueses os nicos possveis falta de nacionais dos navios armado: em guerra pelos rebeldes. Perdera-se de vista o lado terico; sumira-se o idealismo da revoluo. Ningum mais cogitava dos princpios liberais, das leis reformadeiras: o essencial era a salvao de cada um. Uns poucos o padre Joc Ribeiro, Domingos Martins, Antnio Carlos, Domingos Theotnio mantinham-se firmes, se j lhes no era lcito esperar. Os outros to desorientados andavam que os portugueses ricos se atreviam a oferecer 100 contos aos membros do governo, para que renunciassem luta e se evadis-sem. O povo, por sua vez, tratava todos eles de aristocratas e no mais se deixava impressionar pelas suas arengas. Alis o povo conservara-se, como o observou Tollenare, sem entusiasmo pelo ensaio democrtico que diante dele se desenrolava, sem mesmo uma compreenso ntida do que se estava passando: somente percebia com clareza que a sua situao no melhorara efetivamente como lhe haviam anunciado, e que continuava a sofrer as mesmas privaes que dantes. Quanto ao comrcio, escusado referir, andava por completo paralisado, irritando a gente que dele vivia. A revoluo pernambucana foi derrubada pelos prprios elementos conservadores e at populares da capitania, antes de se dar a interveno de fora, da mesma forma que a restaurao portuguesa de 1654 foi executada pelos elementos brasileiros desajudados mesmo da metrpole. Antes de chegadas as foras da Bahia, que subiam

lentamente ao mando do marechal Cogominho de Lacerda,688 j a repblica estava militarmente desmoralizada. A luta civil abrira-se entre realistas e patriotas, os senhores de engenho fiis com quem do seus navios 689 se correspondia o almirante Rodrigo Lobo, e os 400 homens, parte sados do Recife, onde havia ao todo, entre regulares e milicianos, 4.000 homens ou mais, e parte reunidos no Cabo, sob as ordens de Francisco de Paula Cavalcanti que foi o peco general desse simulacro de repblica. O combate de Utinga, um assalto de engenho, foi um episdio inteiramente local pela composio das faces que a se disputaram. Entretanto, na capital, Pedroso, passando das bravatas aos atos de que era um dos poucos capazes, assinalava o incio da anarquia com os seus fuzilamentos sem processo dos desertores, anunciando com tais descargas haver cessado a legalidade democrtica. Uma relativa cordura nunca faltou contudo rebelio de 6 de maro que, antes de varrida pelo temporal levantado do sul, se tinha ido desfazendo com as manifestaes separadas de reao provincial, provocando uma geral conflagrao graas tentativas de represso do governo provisrio. A estas se associara em pessoa Domingos Martins, indo porm es-tonteado entregar-se, sem possibilidade de resistncia, pela disperso das foras, a um destacamento de Cogominho, o qual entrementes alcanara Serinham e, subindo at Ipojuca, a 13 de maio690 destroou Francisco de Paula, obrigando-o a refugiar-se no Recife. A causa foi ento considerada perdida e tratou-se da capitulao, mas :endo Rodrigo Lobo recusado aceit-lo nos termos propostos pelos revoltosos e mostrado mesmo desdenhar as ameaas de morticnio de todos os europeus, formuladas em ultimatum por Domingos Theotnio erigido em ditador to certo estava o lobo do mar da doura do cordeiro republicano , assistiram as destinadas vtimas da sanha jacobina ao espetculo inesperado da evacuao da capital, sede do governo rebelde. Tollenare conta com mais pormenores do que Muniz Tavares como se passou a contra-revoluo. De 19 para 20 de maio, os patriotas, de todo descorooados, retiraram-se para Olinda em nmero de 6.000, inclusive os escravos e libertos, levando as bagagens, a artilharia e o cofre militar. A cidade ficou virtualmente deserta, do que um padre correu a dar aviso aos marinheiros das embarcaes surtas dentro do porto, para que desembarcassem de madrugada a tomarem conta do Recife, arvorando de novo o pavilho real que o mesmo sacerdote ia desfraldar "por sua conta e risco". Ao nascer do sol uma pequena embarcao portuguesa iou com efeito a bandeira legal, outras imitaram-na e seus canhes salvaram, sem que lhes respondessem, mudas, as fortalezas de terra, ainda com guarnies insurgentes, que constituam uma reserva disposio de Francisco de Paula Cavalcanti para proteger a retirada do grosso das foras. Nos quartis abandonados encontrou a marujada portuguesa, uma vez em terra firme, armas e munies bastantes, e dos fortes se apoderou serr. oposio porque as seus defensores j lhes faltava por completo o estmulo, tendo-se o chefe, Francisco da Paula, bandeado com a multido que dava vivas ao rei, e frente desta corrido ele prprio a libertar os presos polticos da revoluo, entre os quais o marechal Jos Roberto, que provisoriamente se encarregou do governo/91 Os brigues armados pelos patriotas foram igualmente desamparados e ocupados sem combate. s 7 horas a mutao de cena era perfeita, agitando-se de novo as cores portuguesas virao que ia passar a soprar do mar, onde se divisava imvel a esquadra do bloqueio, que s s 811/2, informada por mensageiro dos gratos sucessos, deu sinal de si, respondendo s jubilosas saudaes de terra. Passava de 4 horas da tarde quando Rodrigo Lobo desembarcou com 50 homens, insuficientes mesmo para guarnecer as fortalezas e sobretudo para conter os marinheiros libertadores que, brios percorriam, as ruas dando tiros, perseguindo os poucos patriotas que se afoitavam a sair, e ao acaso matando tambm neutros.692 Durou esta desordem trs dias, porque a 23 chegava do sul, com os louros de um fcil triunfo, o exrcito legal. O exrcito patriota, abandonado sua sorte pelos chefes que, com exceo do padre Joo Ribeiro, fugiram disfaradamente, cada um pelo seu caminho, debandara a trs lguas do Recife, voltando os soldados para a cidade atrados pelo perdo, e entregando-se com as armas na mo os que ainda as conservavam intactas, pois no poucos as tinham quebrado no primeiro momento de desespero. Outros muitos, os constrangidos, desertaram em massa,

como o deixava prever a pouca firmeza com que tinham marchado sada da praa. Nenhum no entanto, lembram com justo orgulho os panegiristas da revoluo pernambucana, se manchou com assassinatos e pilhagem. Os que retrocederam e se renderam, carregaram at como penhor da submisso o cofre militar inclume.693 Noutras disposies de esprito a resistncia teria sido fcil e a vitria ilustraria a bandeira republicana nos primeiros encontros, pois, no dizer de Tollenare, as foras da Bahia no inspiravam extraordinrio receio, s tendo de sofrvel a cavalaria. No seu nmero entravam em proporo no desprezvel ndios com seus arcos e flechas, lavradores e moradores agarrados sem armas e quase sem roupa no caminho da fiel comarca das Alagoas para o norte rebelde. Os bons militares disciplinados, os aguerridos veteranos portugueses, tropas que Tollenare chama excelentes, s depois, a 29 de junho, chegaram com Luiz do Rego, portador de proclamaes e instrues redigidas na corte sob o influxo benigno de Dom Joo VI e a tendncia que nunca deixara de ser liberal do conde da Barca, e destoando singularmente das enfticas, sfregas e cruis exortaes, que Maler apelidava des boutades irrflchies, de Arcos. No Rio de Janeiro a notcia da sufocao do movimento foi acolhida com foguetes, repiques de sinos e iluminaes gerais, escrevendo Maler que nas noites de 15 e 16 de junho a sua modesta casa foi o sol do seu bairro. No momento de espalhar-se o feliz boato, dessa vez verdadeiro, 400 a 500 ressoas da corte correram a felicitar o monarca pelo restabelecimento da sua autoridade, pejando os sales de So Cristvo. To satisfeito ficou tambm o rei com a nova da rpida desapario do movimento sedicioso, de que muito se temera a generalizao, quo pesaroso ele prprio o repetiu vrias vezes a Maler 694 pela dura necessidade a que se via exposto de ter que mandar executar os cabeas da revoluo. O sentimento no parece destitudo de sinceridade, pois que a rigidez com que procedeu Luiz do Rego, em desacordo com o esprito das ordens que recebera, mais tarde descontentou o soberano. A 3 de novembro de 1817 escrevia Maler que a conduta do governador-geral de Pernambuco, a saber, a severidade excessiva por ele empregada, refreara os nimos mas revoltara toda a gente e alienara todos os coraes. Sabia o encarregado de negcios de Frana estar o rei muito desgostado, ainda que pela natural hesitao que o distinguia at tomar uma deliberao quando a vacilao se convertia em obstinao no tivesse ainda cuidado de dar-lhe um sucessor mais prudente e mais adequado ao estado convulsionado da capitania, que assim continuava, notando Tollenare como custou a restabelecer-se a confiana, afluir a gente do mato e reanimar-se o comrcio. O espetculo que a Luiz de Rego se deparara tinha entretanto sido de ndole a abrandar qualquer furor, de to triste e impressivo. Da Junta, c padre Joo Ribeiro, frio e intrpido esse, tivera nico a coerncia de morrer como cidado livre, suicidando-se, e a sua cabea, decepada do corpo mutilado e passeada em triunfo, entre motejos, pelas ruas da cidade, estava exposta descarnada e horrvel no Pelourinho. Corra de Arajo j ante: do dia 20 trara a causa que nunca de corao abraou. Jos Luiz de Mendona, preferindo no ser traidor, entregara-se priso. Domingos Martins, preso, espumava de raiva impotente, enquanto o no transportavam com Antnio Carlos (recolhido de motu prprio cadeia), Pedroso, Jos Mariano Cavalcanti e uma poro mais de patriotas amarrados ou acorrentados, para os crceres e patbulos da Bahia. Domingos Theotnio. o ditador, que faltara ao seu destino para que no possua o talento nem vigor das resolues decisivas e salvadoras, era atraioado no seu esconderijo, do mesmo modo que o

Leo Coroado, o vigrio Tnrio de Itamar e Antnio Henriques, o nico dos quatro que escapou forca do Recife. O elemento portugus, novamente preponderante na orientao poltica, reclamava porm severidade na reao, consubstanciando suas idias de governo no regime militar arbitrrio aplicado ao Brasil, inclinad: a rebeldia, e muito especialmente na restaurao do monoplio comercial O corpo de negociantes do Recife expressara seu jbilo fazendo um dom de 30 contos ao exrcito libertador e organizando em sua honra uma festa de espavento na matriz do Corpo Santo, com trs dias de lausperene, cnticos sem fim, dois sermes e duas bnos do Santssimo por dia. Os pregadores trovejavam em vernculo salpicado de muito latim contra a impiedade e o jacobinismo; pregadores dalm-mar j se sabe, visto os padres do novo reino quase todos se enfileirarem entre os liberais ou nutrirem simpatia pela revoluo, e isto por duas razes: 1, porque eram das poucas pessoas que sabiam ler e das raras instrudas, para as quais portanto o horizonte se abria amplamente; 2?, porque eram muito mal renumerados,

embolsando o rei o dinheiro do dzimo como gro-mestre de Cristo, senhor do padroado e sustentador do clero e fazendo, do que percebia, uma magra distribuio que constitua ainda assim o melhor do apangio eclesistico.695 Nos intervalos dos sermes eivados de puro lusitanismo, e numa deliciosa combinao de sagrado e profano,.serviam-se iguarias, doces e re-frescos nas galerias superiores do templo. As damas em trajes de gala, carregadas de jias, que se ajoelhavam e sentavam sobre os tapetes da nave, iam ento espairecer com os oficiais de Luiz do Rego, gente da melhor, rapazes de bonne mise, escrevia Tollenare em seu canhenho, instrudos e finos: "ce que Peducation du grand monde offre de plus dlicat, se presente dans leurs manires" Sua entrada fora triunfal, por entre as aclamaes do povo e as bnos dos mercadores assomados s janelas adornadas de alcatifas e colchas, de onde as senhoras sacudiam flores sobre os esbeltos restauradores da Lei, a cujo som longnquo de guerra se esvara de terror a segunda era da liberdade pernambucana como a contava o maldito governo provisrio, ingenuamente classificando como a primeira a do domnio holands. Combates, lhes no proporcionara o fado na provncia que tivera a ousadia de pensar e a loucura de tentar a sua independncia democrtica: a tarefa estava mesmo abaixo de to nobres e experimentados guerreiros, e melhor fora que a tivessem executado os da terra, os brasileiros bisonhos. Ficara-lhes o presenciarem as execues, suavizando-as com zombadas aos patriotas, escutadas pelas damas temerosas, algumas delas muito vexadas com o seu cabelo cortado Tito, para condescenderem com Domingos Martins que reclamara e cuja esposa dera o exemplo desse sacrifcio da vaidade austeridade republicana. Como entremez, as surras nos negros alforriados pela revoluo, antes de restitudos ao senhores. Dos aoites pblicos quisera at, no paroxismo da prepotncia, Rodrigo Lobo fazer passvel um capito americano que conseguira escarnecer do bloqueio. Os processos de castigo eram todos sumrios, mas exaustivos. Por fim a justia militar suspensa por ordem do Rio e instituda uma alada composta de quatro velhos magistrados do Desembargo do Pao e da Casa da Suplicao, que com sua meticulosidade irritante e legal impassibilidade rematou a obra dos carrascos e carcereiros que em Pernambuco e na Bahia tinham ceifado vidas honradas ou estavam cobrindo de oprbrio as torturadas existncias dos patriotas agarrados, agrilhoados e Transportados para a capitania vizinha quando ainda falecia na rebelde autoridade para erigir tribunal, que no possua o almirante nem o marechal Cogominho. Foi esse o reinado menos violento, mas no menos perigoso da delao e da denncia, e pareceu eternizar-se. Dois anos depois, no tinham terminado os trabalhos judiciais da corte especial. Removeram-na para a Bahia a exigncias do capito-general, enciumado na sua autoridade e tambm no enxergando mais utilidade num custosa aparelho de justia que, para justificar sua funo, ameaava tachar de cumplicidade na revolta todos os pernambucanos ou melhor todos os brasileiros das capitanias comprometidas, por onde se estendia a sua jurisdio. A alada de 1817 foi brutalmente abolida pelos acontecimentos que responderam no Brasil revoluo liberal do Porto, de agosto de 1820, sendo a sua devassa substituda pela ao regular da justia que, pela voz da Relao de So Salvador, pronunciou a nulidade do processo, inquinado de vcios, e mandou soltar os presos, com exceo de Pedroso e Jos Mariano. acusados de homicdio e condenados a degredo perptuo perptuo, num momento em que nada havia seno temporrio para a sia. Descia o pano sobre este clemente eplogo de um drama de sangue sobre o qual, politicamente, Maler, bom contemporneo de Marmontel, assim condensava sen-tenciosamente o seu juzo: "Lhistoire, Monseigneur, conservers le souve-nir de peu dvnements aussi dangereux par les consquences quil pouvai: avoir, et aussi promptement aussi facilement mme prvenu dans ses effets. Com menos conciso e um nada mais de pretenso literria, verseja-va sobre o caso lealmente, ditirambicamente, pomposamente, com todos: os advrbios em mente que dizia haver proscrito seguindo "o imortal Fi linto Elsio", num canto pico aclamao faustssima do liberalssimo Rei Dom Joo VI, o vate e vassalo fiel Estanislau Vieira Cardozo, Segundo escriturrio do Banco do Brasil, e secretrio do 1? Regimento de Cavalaria de Milcias da Corte": Mas De No no perfdia, quociente te e de penes, desdouro sculos Prncipe! no de Um faz momento vulto glria.

Troveja Cumpre So Enunciada Tua Mais Que H Quando Povos pelo de

o porm das

claro olhar exalaes esta

cu;

benigno atento os inslita por a raios

sempre. esfera: prole. ousadia,

alma pelo que que nadar fiis

nobre urge de ti, de porfia ingnuos

extremo o nacional em jbilo fim em turmas a s

aflita, decoro grande, torrentes, acorrerem offrecer-te

que

em

Os mais prezados bens fortunas vidas .

Assim falava a Dom Joo VI espavorido, o gigante Amazonas, "de gotejante longa melena, e barba denegrida, e cor tostada", ao sair-lhe ao encontro, novo Adamastor, quando "do Pinhal undivago alvejavam inchadas velas" a caminho do Brasil onde . constante querer-te ho os povos.