Pesquisa Em Educacao Historica No Brasil Uma Busca No Direto
-
Upload
lucielmalobato -
Category
Documents
-
view
221 -
download
0
description
Transcript of Pesquisa Em Educacao Historica No Brasil Uma Busca No Direto
PESQUISAS EM EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL: UMA BUSCA NO
DIRETÓRIO DE GRUPOS DE PESQUISA DO CNPq.
HICKENBICK, Claudia – CEFETSC - UFPR - [email protected]
SCHMIDT, Maria Auxiliadora – UFPR – [email protected]
Eixo: Currículo e saberes/ n. 02
Agência Financiadora: Sem Financiamento.
RESUMO:
A partir de categorias propostas por Isabel Barca e Peter Lee, o trabalho propõe uma
reflexão sobre a Educação Histórica como área de investigação, traçando o seu
histórico e avaliando a sua presença no Brasil. Faz um levantamento dos Grupos de
pesquisa em Educação Histórica, nas áreas de História e Educação, no Diretório de
Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, tendo como referência o artigo de Olinda
Evangelista e Jocemara Triches “ Ensino de História, Didática da História, Educação
Histórica: alguns dados de pesquisa ( 2000-2005). Analisa os grupos a partir da sua
produção e dos objetivos das Linhas de Pesquisa a eles vinculadas, para mapear os
Grupos com atuação efetiva nesta área de investigação.
Palavras-chave: Ensino de história;Educação histórica; Pesquisa e Grupos de pesquisa.
1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, UFPR, sob orientação da Professora Doutora Maria Auxiliadora Schmidt, na Linha de Pesquisa Cultura, Escola e Ensino e na área de investigação em Educação Histórica. Bolsista Capes. Professora de História do Cefetsc e integrante do Laboratório de Imagem e Oralidade Franklin Cascaes- LIO. [email protected]
2
NA PESQUISA SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA, UM RECORTE: A EDUCAÇÃO HISTÓRICA.
A História como Ciência não se limita unicamente a elaborar
ou apresentar conhecimentos históricos. Fundamentalmente, a
História é uma maneira de questionar sempre uma vez mais a
realidade a partir do surgimento de novos problemas,
questionar dentro de procedimentos metodológicos e, por isso,
de modo diferente do pensamento pré-científico. A realidade
será sempre questionada, considerada, ordenada e analisada a
partir de determinados procedimentos metodológicos. A
História é uma meneira particular de pensar e não um conjunto
de conhecimentos. ( BERGMANN, 1989/1990)
A Educação Histórica é uma área de investigação cujas pesquisas tratam da
relação que crianças, jovens e adultos travam com o conhecimento histórico,
considerando fundamental acessar o conhecimento que estes sujeitos trazem.
Este conhecimento tem sido denominado nestas pesquisas, vivências, idéias ou
conhecimentos prévios a partir de Peter Lee e Isabel Barca.
De acordo com Isabel Barca (2007) integram estas pesquisas questões como: os
critérios que os alunos usam para selecionar e avaliar a informação, como conceituam
mudança, que narrativas constroem sobre o passado e que tipos de identidade
constroem. Portanto, o objetivo é saber, não o que sabem - idéias substantivas -, mas
como sabem - idéias de segunda ordem.2
Tomando estas questões como objeto de pesquisa busca-se pensar
possibilidades para um ensino de História que possa desenvolver progressivamente as
idéias históricas dos alunos e consequentemente, consciência histórica, conceito este
que vem sendo pensado a partir de Jorn Rusen. Para este autor, a consciência histórica é
o fundamento de todo conhecimento histórico, sendo este um modo particular de um
processo genérico e elementar do pensamento humano, e relaciona-se imediatamente
com a vida prática. (RUSEN, 2001)
2 Conceitos substantivos são os que se referem a conteúdos da História, como por exemplo, o conceito de indústria. Conceitos de segunda ordem são os que se referem à natureza da História, como por exemplo, explicação, interpretação, compreensão. (LEE, 2001)
3
Esta relação da História com a vida prática tem sido especialmente estudada por
Peter Lee, e tem contribuindo para o aprofundamento da discussão epistemológica dos
conceitos no âmbito da cognição histórica . Para este autor, as pesquisas em diversos
países demonstram o conflito entre o pensamento histórico dos alunos e dos
historiadores, este elaborado a partir dos pressupostos da pesquisa histórica, aquele
orientado pelo senso comum. Demonstram também ser possível um ensino de História
que promova a progressão do conhecimento histórico dos alunos.
Os resultados destas investigações revelam esta possibilidade, não em quaisquer
situações de ensino-aprendizagem, mas naquelas em que tenham sido considerados os
princípios da Educação Histórica: adoção de um modelo de História narrativa-
explicativa, que integre uma análise fundamentada em perspectivas diversas, que
considere as escalas locais e globais, de acordo com o debate atual sobre a Ciência da
História, o que significa um ensino de História que leve em conta as questões da vida
prática humana, nos termos de Rusen, já que é aí que a Ciência da História se efetiva.
A EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO MUNDO
Peter Lee, quando expõe a situação do ensino de História na Inglaterra dos anos
60, coloca a Educação Histórica numa “linha do tempo”:
Nos anos 60, surgiu o receio de que os alunos deixassem de
estudar História, o que de fato quase aconteceu. Existia um
currículo descentralizado em Inglaterra e poucos alunos
escolhiam a disciplina de História. Esta assemelhava-se a um
conjunto de histórias e as crianças, quando as conheciam, não
gostavam delas.(...)
O projeto 13-16, coordenado na sua última fase por Dennis
Schemilt, propôs-se modificar a situação existente. Esta
abordagem pretendia ensinar História em termos históricos.
Começou com um pequeno grupo de escolas, que foi
aumentando. A partir daqui, houve um boom na disciplina de
História. Este projeto passou por toda a Inglaterra. Mais de um
terço das escolas passaram a seguir este projeto, desenhado
para crianças dos 13 aos 16 anos. Eu próprio, que inicialmente
fui crítico deste projeto, vi que de fato funcionava. Os
4
professores trabalhavam em grupo e gostavam. Houve uma
mudança nesta disciplina, surgiram novas idéias sobre o ensino
de História:
Que idéias é que as crianças traziam para a dsiciplina de
História?
Quais os conceitos, quais as imagens que a História fornecia
às crianças? “(LEE, 2001)
São pioneiros os estudos de cognição situada de Alaric Dickinson e Peter Lee
e Martin Booth e Denis Schemilt, nos quais o como objetivo era conhecer as idéias das
crianças sobre narrativa, fazer com que as crianças aprendessem progressivamente a
História.
No centro das atenções dos pesquisadores desta área de investigação está, como
já dissemos, a questão da consciência histórica, entendida no sentido de orientação,
localização e interpretação do passado face às demandas do presente e às perspectivas
de futuro.( SCHMIDT/BRAGA, 2007 ). Investigações em profundidade têm surgido em
vários países: Canadá, Rússia, Irlanda do Norte, República da Irlanda, Portugal e Brasil,
em trabalhos que exploram os sentidos atribuídos pelos jovens à História .
Klaus Bergmann, num texto dos anos 80 afirmava que a Didática da História
tem uma tarefa empírica, e que um setor privilegiado desta investigação seria o ensino
de história, mais precisamente a aula de História, onde se deveria investigar a relação
entre a intenção e os resultados obtidos, mas que
“Esta tarefa empírica da Didática da História traz consigo
problemas metodológicos , para cuja solução, ela, por enquanto
não está devidamente preparada. A tarefa empírica da Didática
da História é, até agora, mais um postulado do que uma
realidade. Esta falha é significativa, já que o conhecimento da
consciência histórica, adquirida na primeira socialização antes
da escolarização, seria uma condição prévia para um razoável
ensino de História. (BERGMANN , 1989/90 )
Entendemos que Klaus Bergmann fazia estas afirmações num momento em que
as investigações em educação Histórica estavam ainda muito restritas à Inglaterra, onde
surgiram. Bem, os anos 80 viram acontecer a difusão das pesquisas em Educação
5
Histórica, inicialmente em países como os Estados Unidos e Portugal. No caso de
Portugal, de maneira incipiente, como veremos em seguida.
A EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL
Isabel Barca afirmava em 2001 que, se já havia sólidas pesquisas em outros
países, em especial a Inglaterra, em Portugal poucos se ocupavam da investigação em
cognição histórica, e que perguntar como é que crianças e adolescentes constroem as
suas idéias vinha revelando que eles, e em desacordo com a teoria sobre o pensamento
concreto das crianças e o pensamento abstrato dos jovens,
“operam com aparatos conceptuais bem mais complexos do
que a aplicação redutora de `velhas `teorias de
desenvolvimento à educação advogam. Esta pesquisa tem
fornecido pistas frutuosas para situações de aprendizagem que
constituam um ´desafio cognitivo ´ para os aprendentes, e não
apenas simples `estratégias de facilitação`. “ ( BARCA, 2001)
Não fazer esta pergunta significa desprezar a matéria-prima com a qual se
poderá transformar o pensamento histórico dos alunos. É a atenção a este material, as
idéias prévias dos alunos (existente mesmo antes da situação de ensino formal), que
permitirá, nas palavras da pesquisadora, “ a transformação do senso comum em
pensamento científico “ ( BARCA, 2007 )
Isabel Barca fazia estas colocações no momento da publicação das Atas das
Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica, ocorridas em Portugal durante
dois dias de junho de 2000. Já lá se vão sete anos. E sete jornadas depois , é possível
afirmar que Portugal é hoje, um importante centro de investigação em Educação
Histórica, e hoje podemos incluir o Brasil nesta comunidade científica internacional, já
que um intercâmbio entre a UFPR e a Universidade do Minho, de Portugal, em 2003,
consolidou esta área de investigação no Brasil, e , significativamente, as VI Jornadas
Internacionais de Educação Histórica aconteceram, pela primeira vez fora de Portugal,
em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná.
Neste mesmo ano saiu o Dossiê Educação Histórica, na Educar em Revista,
número especial e no artigo “ Ensino de História, Didática da História e Educação
6
Histórica: alguns dados de pesquisa ( 2000-2005) “, Olinda Evangelista e Jocemara
Triches colheram sistematizaram e analisaram dados obtidos através do Diretório de
Grupos de Pesquisa no Brasil, no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico – CNPq. As autoras buscaram informações sobre Grupos3 que pesquisam
Ensino de História, Didática da História e Educação Histórica.
E, porque foi ponto de partida para esta breve pesquisa sobre Educação
Histórica, transcrevemos agora o resumo deste estudo:
O presente texto sistematiza informações , coligidas no site do
Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e
Tecnológico ( CNPq), sobre grupos que pesquisam Ensino de
História, Didática da História, educação Histórica no Brasil,
entre 2000 e 2005. Busca dar visibilidade a estes temas de
investigação no âmbito das áreas de História e Educação.
Constata a alta incidência do verbete Ensino de História;
Didática da História apareceu timidamente em 2004 e
Educação Histórica apenas em 2005. Verifica-se um
crescimento exponencial no ano de 2004 de Grupos de
Pesquisa (GP) de Ensino de História na área História e forte
presença de GPs Ensino de História na área Educação. Os GPs,
em sua maioria, estão sediados em instituições públicas de
ensino superior e nas regiões Sul e Sudeste. A maior parte dos
líderes é formada em História, tanto na graduação como na
pós-graduação. Tal formação ocorreu majoritariamente na
região Sudeste. A maior parte dos líderes é formada em
História, tanto na graduação como na pós-graduação. As líderes
estão majoritariamente sediados em Centros de Educação ou de
Ciências Humanas. A tendência acima se verifica também no
que se refere às linhas de Pesquisa nas duas áreas, constatando-
se: crescimento no ano de 2004; maior presença na região
Sudeste; concentração em instituições públicas. No que se
refere aos dois outros verbetes – Didática da História e
3 Grupo de pesquisadores, estudantes e pessoal de apoio técnico que está organizado em torno à execução de linhas de pesquisa, utilizam em comum facilidades e instalações físicas. As Linhas subordinam-se aos Grupos e não o contrário. Linha de Pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si.( Conceito de Grupo e Linha de Pesquisa do CNPq)
7
Educação Histórica – demonstra-se que GPs de DH apareceram
em 2004 e EH apenas em 2005. Sua presença é maior nas
instituições públicas de ensino, na região sul e sudeste.
(EVANGELISTA/TRICHES, 2006 )
O Diretório de Grupos de Pesquisas no Brasil existe desde 1992, e as autoras
fizeram uso da busca nos censos, a partir do ano em que estes começaram a existir (
2000, 2002, 2004 ) e também da Base Corrente que, de acordo com o CNPq , permite
encontrar Grupos de Pesquisa, líderes, pesquisadores e estudantes presentes na sua base
atual. As atualizações nesta base são diárias. a partir de inclusões feitas pelos líderes
dos Grupos e pela certificação feita pelos dirigentes institucionais.
Os resultados para Educação Histórica obtido pelas autoras evidenciam doze
grupos, sendo que alguns Grupos constavam também na pesquisa com os filtros Ensino
de História e Didática da História.
Assim, para confirmar e/ou atualizar esses resultados, buscamos o verbete
Educação Histórica na Base Corrente do Diretório, porque já sabíamos que esta área
aparece apenas mais recentemente, “ revelando um início de investigação desta área no
Brasil, desvinculada da História da educação.”! (EVANGELISTA/TRICHES 2007)
RESULTADOS:
A pesquisa no Diretório seguiu a seguinte metodologia: a busca foi feita pela
frase exata, já que buscando por todas as palavras , o universo pesquisado amplia-se e
surge um grande número de Grupos que não se relacionam com o tema pesquisado. Os
filtros utilizados foram, para a Grande área do grupo, Ciências Humanas, e para a Área
do Grupo, História/Educação. Os objetivos e as palavras-chave das Linhas de Pesquisa
foram as informações consideradas.
Dessa busca resultou que foram encontrados três grupos na área de História e
dezessete na Educação. Mas, dentre estes, em apenas cinco as informações apresentadas
indicam investigações em Educação Histórica, todos na área da Educação.
Transcrevemos abaixo as informações nas quais os termos em itálico indicam os termos
especificamente considerados:
8
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Líder: Maria Auxiliadora Schmidt.
GP: Cultura, práticas escolares e educação histórica.
LP: Educação Histórica
Objetivo: investigar as relações dos alunos e professores com as idéias históricas nos
processos de ensino- aprendizagem, nos manuais e materiais didáticos, nas linguagens
contemporâneas, nas práticas escolares. Investiga as relações entre memória, identidade
e consciência histórica.
Palavras-chave: consciência histórica. ensino-aprendizagem de história. evidência
histórica . narrativa histórica.
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
Líder: Sônia Regina Miranda
GP História ensinada, memória e saberes escolares.
LP: Memória e espaços sociais de educação histórica
Objetivo: Investigação de mecanismos formadores de consciência histórica fora da
instituição escolar. Análise das práticas educativas correntes em espaços institucionais
destinados à preservação da memória em Juiz de Fora, avaliação de Projetos de
Educação patrimonial em curso na cidade.
Palavras-chave: Educação histórica. educação patrimonial.memória.
Universidade de São Paulo - USP/SP
Líder:Kátia Maria Abud .
GP :Ensino de História: Linguagens, representações e cognição histórica.
LP: Cognição Histórica.
Objetivo: Esta linha discute a progressão do conhecimento histórico em estudantes da
escola básica.
Palavras-chave: cognição histórica, ensino de história.
LP: Linguagens do ensino de história.
Objetivo: Pesquisar o desenvolvimento da cognição histórica por meio da utilização de
linguagens diferenciais no ensino da disciplina.
Palavras-chave: ensino de história; linguagens de ensino.
9
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG/MG
Líder: Lana Mara de Castro Siman.
GP: Ensino de História: cognição, linguagens e cultura.
LP: Ensino de história: cognição e cultura.
Palavras-chave: educação histórica infantil, formação de conceitos, história e cognição,
inovação curricular em História, temporalidade e causalidade histórica.
LP: Os jovens e a História.
Objetivo: Identificar e analisar as representações dos jovens a respeito de temáticas e
raciocínios históricos construídos por meio de aprendizagens escolares e não escolares (
mídia impressa e televisiva, meios digitais tais como games e grupos de discussão ).
Analisar as interferências dessas sobre os processos de ensino-aprendizagem de História
nas escolas.
Palavras-chave:os jovens e a história; representações e aprendizagem.
Universidade Estadual de Londrina - UEL/PR
Líder: Regina Célia Alegro.
GP: Rede de estudos sobre ensino-aprendizagem de História.
LP :História e ensino de História.
Objetivo: Entender o processo de construção dos saberes escolares. Procurar conhecer
através da História do ensino de História como a formação de professores de História
influencia o modo como ensinam História. Pesquisar os materiais didáticos que servem
como suporte para o ensino de História: manuais didáticos, currículos e programas de
ensino. Pesquisar os suportes e representações da consciência histórica nos estudantes
do ensino fundamental, médio e universitário.
Palavras-chave: educação; ensino; história; imagens; mídia; representações.
Na nossa avaliação e de acordo apenas com as informações disponíveis no
Diretório transcritas acima, a existência de termos comuns à produção dos
pesquisadores em Educação Histórica podem indicar investigações nesta área. Assim,
consideramos:
� Na UFJF, UEL e UFPR: o termo consciência histórica conceito central na
Educação Histórica, presente no objetivo das LP´s;
10
� Na USP/SP: o termo cognição histórica dá nome a uma das LP´S e parece
ser central na outra LP , denominada “ Linguagens no Ensino de História “.
O objetivo da Linha denominada “Cognição Histórica” é apresentado de
forma que indica discussão da “ progressão do conhecimento histórico “, não
ficando claro se como resultado de investigações empíricas;
� Na UFMG, a palavra cognição está na denominação do GP, e na LP figura
como palavra-chave, mas , não sendo adjetivada ( cognição histórica ), deixa
dúvidas quanto aos referenciais teóricos da Linha, que a leitura do objetivo
não elucida. Consideramos também a palavra-chave formação de conceitos
como uma possível relação com a preocupação da Educação Histórica no
que se refere aos conceitos substantivos conceitualizados, “ que englobam
noções gerais, para além de considerações de saberes mais ou menos
contextualizados” ( BARCA, 2007)e;
� Na UFPR, a LP denomina-se Educação Histórica, sendo a que mais
claramente indica situar-se nesta área de investigação, na medida em que
além da menção à consciência histórica já referida acima, o objetivo
explicita tanto situações de investigação empírica quanto o foco nas
relações dos sujeitos com as idéias históricas, além de constarem os termos
evidência e narrativa histórica, também centrais nas discussões sobre um
ensino de História que objetive a progressão do pensamento histórico.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Esta área de investigação denominada Educação Histórica, que pode ser
localizada originalmente na Inglaterra dos anos 60 do século XX, tem hoje, o interesse
de pesquisadores que podem ser encontrados na Inglaterra, Taiwan , Grécia, Portugal,
Espanha, Estados Unidos, Canadá, África , Brasil, Rússia,Irlanda do Norte e República
da Irlanda
Quanto ao nosso país, e retornando ao artigo de referência, foi possível
confirmar os dados quanto à localização das instituições dos grupos que estariam
desenvolvendo pesquisas em Educação Histórica. São instituições públicas do Sul e do
Sudeste: UFPR, UFJF,USP,UFMG,UEL.
11
Quanto à Área, dos vinte Grupos inicialmente encontrados, sendo três na
História e dezessete na Educação, restaram cinco, todos na Educação. Os demais não
puderam ser considerados para a análise mais fina já que um número considerável está
na área da Educação Matemática, da História Regional e vários , na História da
Educação. Outros ainda, desenvolvem pesquisas cuja abordagem teórica vincula-se à
Psicologia e não à Epistemologia da História.
A paisagem encontrada , se confirma alguns dados da pesquisa anterior, indica
que o número de Grupos efetivamente integrantes desta comunidade científica, é
menor do que o então evidenciado, já que muitos não resistiram a uma análise mais
profunda dos objetivos das LP´s.
Leva a pensar também sobre a natureza das informações contidas no Diretório.
Considerando que as informações são de responsabilidade dos líderes dos grupos e das
instituições a que pertencem, que os certificam, a situação parece ser aquela dos
nebulosos começos e talvez, de apropriações um tanto indevidas (o que não significa
dizer mal-intencionadas) da denominação hoje empregada para uma área de
investigação com contornos bem definidos no que diz respeito ao seu referencial teórico
metodológico, a Teoria da História e os Paradigmas Qualitativos de Investigação, ao seu
objeto, as idéias históricas de crianças, jovens e adultos e ao seu objetivo, pensar o
ensino de história a partir das especificidades do conhecimento histórico, para que a
História possa cumprir a sua função social, a orientação no tempo, o desenvolvimento
da consciência histórica.
REFERÊNCIAS:
ALVES, Ronaldo Cardoso. Representações Sociais e a construção da consciência
histórica. In: Atas das VI Jornadas Internacionais de Educação Histórica, Curitiba: Ed.
UFPR, 2007.
BARCA, Isabel. Introdução. In BARCA, Isabel( org.) Perspectivas em Educação
Histórica. Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica,
realizadas na Universidade do Minho, nos dias 15 e 16 de junho de 2000. Portugal,
Universidade do Minho, 2001.
_________ Concepções de adolescentes sobre múltiplas explicações em História. In
BARCA, Isabel( org.) Perspectivas em Educação Histórica. Actas das Primeiras
12
Jornadas Internacionais de Educação Histórica, realizadas na Universidade do Minho,
nos dias 15 e 16 de junho de 2000. Portugal, Universidade do Minho, 2001.
_________ A educação Histórica numa sociedade aberta. Disponível em
www.curriculosemfronteiras.org.
BARTON, Keith. Idéias das crianças acerca da mudança através dos tempos: resultados
de investigação nos Estados Unidos e na Irlanda do Norte. In: BARCA, Isabel( org.)
Perspectivas em Educação Histórica. Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de
Educação Histórica, realizadas na Universidade do Minho, nos dias 15 e 16 de junho de
2000. Portugal, Universidade do Minho, 2001.
BERGMANN, Klaus. A Reflexão Didática da História. In: SILVA, Marcos Antonio da
. Revista Brasileira de História – Órgão da Associação Nacional dos Professores
Universitários de História – São Paulo, ANPUH?Marco Zero, 1989/1990.
BRASIL, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq.
Diretório de Grupos de Pesquisa. Disponível em: < http://dgp.cnpq.br/buscagrupo/>
Acesso em24.09.2007.
COMPAGNONI, Alamir Muncio. O conceito de Primeira Guerra Mundial: uma
experiência educativa com alunos de oitava série do ensino fundamental. In: Atas das
VI Jornadas Internacionais de Educação Histórica, Curitiba: Ed. UFPR, 2007.
CUNHA, André Victor Cavalcanti Seal da Cunha. Respostas a perguntas do tipo: “ Por
Quê?” ; elementos descritivos e explicativos nas narrativas históricas escolares dos
professores. In: In:SCHMIDT, Maria Auxiliadora, GARCIA, Tânia Maria Braga (Org.)
Perspectivas de Investigação em Educação Histórica. Atas das VI Jornadas
Internacionais de Educação Histórica, Curitiba: Ed UFPR, 2007.
EVANGELISTA, Olinda. TRICHES, Jocemara. Ensino de História, Didática da
História, Educação Histórica: alguns dados de pesquisa ( 200-2005) In: EDUCAR EM
REVISTA, Curitiba, PR:Ed.UFPR,n.1,jan.1981.Assim denominada a partir do n. 09 de
1993, especial 2006 ( Revista da UFPR; n. 164 ) Semestral. Dossiê: Educação Histórica.
Orgs: Maria Auxiliadora Schmidt e Tânia Braga Garcia.
GARCIA, Tânia. Maria Braga. SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Pesquisas em Educação
Histórica: algumas experiências. In EDUCAR EM REVISTA, Curitiba,
PR,n.1,jan.1981. Assim denominada a partir do n. 09 de 1993, especial 2006 ( Revista
da UFPR; n. 164 ) Semestral. Dossiê: Educação Histórica. Orgs: Maria Auxiliadora
Schmidt e Tânia Braga Garcia.
13
LEE, Peter. Progressão da compreensão dos alunos em História. : BARCA, Isabel(
org.) Perspectivas em Educação Histórica. Actas das Primeiras Jornadas Internacionais
de Educação Histórica, realizadas na Universidade do Minho, nos dias 15 e 16 de junho
de 2000. Portugal, Universidade do Minho, 2001.
_________. Educação Histórica. Disponível em http://www.aph.pt/opiniao_0010.html
SCHMIDT, Maria Auxiliadora, GARCIA, Tânia Maria Braga. Introdução.
In:SCHMIDT, Maria Auxiliadora, GARCIA, Tânia Maria Braga (Org.) Perspectivas de
Investigação em Educação Histórica. Atas das VI Jornadas Internacionais de Educação
Histórica, Curitiba: Ed UFPR, 2007.
__________ A Formação do professor de História e o cotidianos da sala de aula. In
BITTENCOURT, Circe. (org.) 9.ed.- São Paulo: Contexto, 2004.