Pesquisa Em Educacao Historica No Brasil Uma Busca No Direto

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PESQUISAS EM EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL: UMA BUSCA NO DIRETÓRIO DE GRUPOS DE PESQUISA DO CNPq. HICKENBICK, Claudia – CEFETSC - UFPR - [email protected] 1 SCHMIDT, Maria Auxiliadora – UFPR – [email protected] Eixo: Currículo e saberes/ n. 02 Agência Financiadora: Sem Financiamento. RESUMO: A partir de categorias propostas por Isabel Barca e Peter Lee, o trabalho propõe uma reflexão sobre a Educação Histórica como área de investigação, traçando o seu histórico e avaliando a sua presença no Brasil. Faz um levantamento dos Grupos de pesquisa em Educação Histórica, nas áreas de História e Educação, no Diretório de Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, tendo como referência o artigo de Olinda Evangelista e Jocemara Triches “ Ensino de História, Didática da História, Educação Histórica: alguns dados de pesquisa ( 2000-2005). Analisa os grupos a partir da sua produção e dos objetivos das Linhas de Pesquisa a eles vinculadas, para mapear os Grupos com atuação efetiva nesta área de investigação. Palavras-chave: Ensino de história;Educação histórica; Pesquisa e Grupos de pesquisa. 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, UFPR, sob orientação da Professora Doutora Maria Auxiliadora Schmidt, na Linha de Pesquisa Cultura, Escola e Ensino e na área de investigação em Educação Histórica. Bolsista Capes. Professora de História do Cefetsc e integrante do Laboratório de Imagem e Oralidade Franklin Cascaes- LIO. [email protected]

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Pesquisa Em Educacao Historica No Brasil Uma Busca No Direto

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PESQUISAS EM EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL: UMA BUSCA NO

DIRETÓRIO DE GRUPOS DE PESQUISA DO CNPq.

HICKENBICK, Claudia – CEFETSC - UFPR - [email protected]

SCHMIDT, Maria Auxiliadora – UFPR – [email protected]

Eixo: Currículo e saberes/ n. 02

Agência Financiadora: Sem Financiamento.

RESUMO:

A partir de categorias propostas por Isabel Barca e Peter Lee, o trabalho propõe uma

reflexão sobre a Educação Histórica como área de investigação, traçando o seu

histórico e avaliando a sua presença no Brasil. Faz um levantamento dos Grupos de

pesquisa em Educação Histórica, nas áreas de História e Educação, no Diretório de

Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq, tendo como referência o artigo de Olinda

Evangelista e Jocemara Triches “ Ensino de História, Didática da História, Educação

Histórica: alguns dados de pesquisa ( 2000-2005). Analisa os grupos a partir da sua

produção e dos objetivos das Linhas de Pesquisa a eles vinculadas, para mapear os

Grupos com atuação efetiva nesta área de investigação.

Palavras-chave: Ensino de história;Educação histórica; Pesquisa e Grupos de pesquisa.

1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná, UFPR, sob orientação da Professora Doutora Maria Auxiliadora Schmidt, na Linha de Pesquisa Cultura, Escola e Ensino e na área de investigação em Educação Histórica. Bolsista Capes. Professora de História do Cefetsc e integrante do Laboratório de Imagem e Oralidade Franklin Cascaes- LIO. [email protected]

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NA PESQUISA SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA, UM RECORTE: A EDUCAÇÃO HISTÓRICA.

A História como Ciência não se limita unicamente a elaborar

ou apresentar conhecimentos históricos. Fundamentalmente, a

História é uma maneira de questionar sempre uma vez mais a

realidade a partir do surgimento de novos problemas,

questionar dentro de procedimentos metodológicos e, por isso,

de modo diferente do pensamento pré-científico. A realidade

será sempre questionada, considerada, ordenada e analisada a

partir de determinados procedimentos metodológicos. A

História é uma meneira particular de pensar e não um conjunto

de conhecimentos. ( BERGMANN, 1989/1990)

A Educação Histórica é uma área de investigação cujas pesquisas tratam da

relação que crianças, jovens e adultos travam com o conhecimento histórico,

considerando fundamental acessar o conhecimento que estes sujeitos trazem.

Este conhecimento tem sido denominado nestas pesquisas, vivências, idéias ou

conhecimentos prévios a partir de Peter Lee e Isabel Barca.

De acordo com Isabel Barca (2007) integram estas pesquisas questões como: os

critérios que os alunos usam para selecionar e avaliar a informação, como conceituam

mudança, que narrativas constroem sobre o passado e que tipos de identidade

constroem. Portanto, o objetivo é saber, não o que sabem - idéias substantivas -, mas

como sabem - idéias de segunda ordem.2

Tomando estas questões como objeto de pesquisa busca-se pensar

possibilidades para um ensino de História que possa desenvolver progressivamente as

idéias históricas dos alunos e consequentemente, consciência histórica, conceito este

que vem sendo pensado a partir de Jorn Rusen. Para este autor, a consciência histórica é

o fundamento de todo conhecimento histórico, sendo este um modo particular de um

processo genérico e elementar do pensamento humano, e relaciona-se imediatamente

com a vida prática. (RUSEN, 2001)

2 Conceitos substantivos são os que se referem a conteúdos da História, como por exemplo, o conceito de indústria. Conceitos de segunda ordem são os que se referem à natureza da História, como por exemplo, explicação, interpretação, compreensão. (LEE, 2001)

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Esta relação da História com a vida prática tem sido especialmente estudada por

Peter Lee, e tem contribuindo para o aprofundamento da discussão epistemológica dos

conceitos no âmbito da cognição histórica . Para este autor, as pesquisas em diversos

países demonstram o conflito entre o pensamento histórico dos alunos e dos

historiadores, este elaborado a partir dos pressupostos da pesquisa histórica, aquele

orientado pelo senso comum. Demonstram também ser possível um ensino de História

que promova a progressão do conhecimento histórico dos alunos.

Os resultados destas investigações revelam esta possibilidade, não em quaisquer

situações de ensino-aprendizagem, mas naquelas em que tenham sido considerados os

princípios da Educação Histórica: adoção de um modelo de História narrativa-

explicativa, que integre uma análise fundamentada em perspectivas diversas, que

considere as escalas locais e globais, de acordo com o debate atual sobre a Ciência da

História, o que significa um ensino de História que leve em conta as questões da vida

prática humana, nos termos de Rusen, já que é aí que a Ciência da História se efetiva.

A EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO MUNDO

Peter Lee, quando expõe a situação do ensino de História na Inglaterra dos anos

60, coloca a Educação Histórica numa “linha do tempo”:

Nos anos 60, surgiu o receio de que os alunos deixassem de

estudar História, o que de fato quase aconteceu. Existia um

currículo descentralizado em Inglaterra e poucos alunos

escolhiam a disciplina de História. Esta assemelhava-se a um

conjunto de histórias e as crianças, quando as conheciam, não

gostavam delas.(...)

O projeto 13-16, coordenado na sua última fase por Dennis

Schemilt, propôs-se modificar a situação existente. Esta

abordagem pretendia ensinar História em termos históricos.

Começou com um pequeno grupo de escolas, que foi

aumentando. A partir daqui, houve um boom na disciplina de

História. Este projeto passou por toda a Inglaterra. Mais de um

terço das escolas passaram a seguir este projeto, desenhado

para crianças dos 13 aos 16 anos. Eu próprio, que inicialmente

fui crítico deste projeto, vi que de fato funcionava. Os

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professores trabalhavam em grupo e gostavam. Houve uma

mudança nesta disciplina, surgiram novas idéias sobre o ensino

de História:

Que idéias é que as crianças traziam para a dsiciplina de

História?

Quais os conceitos, quais as imagens que a História fornecia

às crianças? “(LEE, 2001)

São pioneiros os estudos de cognição situada de Alaric Dickinson e Peter Lee

e Martin Booth e Denis Schemilt, nos quais o como objetivo era conhecer as idéias das

crianças sobre narrativa, fazer com que as crianças aprendessem progressivamente a

História.

No centro das atenções dos pesquisadores desta área de investigação está, como

já dissemos, a questão da consciência histórica, entendida no sentido de orientação,

localização e interpretação do passado face às demandas do presente e às perspectivas

de futuro.( SCHMIDT/BRAGA, 2007 ). Investigações em profundidade têm surgido em

vários países: Canadá, Rússia, Irlanda do Norte, República da Irlanda, Portugal e Brasil,

em trabalhos que exploram os sentidos atribuídos pelos jovens à História .

Klaus Bergmann, num texto dos anos 80 afirmava que a Didática da História

tem uma tarefa empírica, e que um setor privilegiado desta investigação seria o ensino

de história, mais precisamente a aula de História, onde se deveria investigar a relação

entre a intenção e os resultados obtidos, mas que

“Esta tarefa empírica da Didática da História traz consigo

problemas metodológicos , para cuja solução, ela, por enquanto

não está devidamente preparada. A tarefa empírica da Didática

da História é, até agora, mais um postulado do que uma

realidade. Esta falha é significativa, já que o conhecimento da

consciência histórica, adquirida na primeira socialização antes

da escolarização, seria uma condição prévia para um razoável

ensino de História. (BERGMANN , 1989/90 )

Entendemos que Klaus Bergmann fazia estas afirmações num momento em que

as investigações em educação Histórica estavam ainda muito restritas à Inglaterra, onde

surgiram. Bem, os anos 80 viram acontecer a difusão das pesquisas em Educação

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Histórica, inicialmente em países como os Estados Unidos e Portugal. No caso de

Portugal, de maneira incipiente, como veremos em seguida.

A EDUCAÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL

Isabel Barca afirmava em 2001 que, se já havia sólidas pesquisas em outros

países, em especial a Inglaterra, em Portugal poucos se ocupavam da investigação em

cognição histórica, e que perguntar como é que crianças e adolescentes constroem as

suas idéias vinha revelando que eles, e em desacordo com a teoria sobre o pensamento

concreto das crianças e o pensamento abstrato dos jovens,

“operam com aparatos conceptuais bem mais complexos do

que a aplicação redutora de `velhas `teorias de

desenvolvimento à educação advogam. Esta pesquisa tem

fornecido pistas frutuosas para situações de aprendizagem que

constituam um ´desafio cognitivo ´ para os aprendentes, e não

apenas simples `estratégias de facilitação`. “ ( BARCA, 2001)

Não fazer esta pergunta significa desprezar a matéria-prima com a qual se

poderá transformar o pensamento histórico dos alunos. É a atenção a este material, as

idéias prévias dos alunos (existente mesmo antes da situação de ensino formal), que

permitirá, nas palavras da pesquisadora, “ a transformação do senso comum em

pensamento científico “ ( BARCA, 2007 )

Isabel Barca fazia estas colocações no momento da publicação das Atas das

Primeiras Jornadas Internacionais de Educação Histórica, ocorridas em Portugal durante

dois dias de junho de 2000. Já lá se vão sete anos. E sete jornadas depois , é possível

afirmar que Portugal é hoje, um importante centro de investigação em Educação

Histórica, e hoje podemos incluir o Brasil nesta comunidade científica internacional, já

que um intercâmbio entre a UFPR e a Universidade do Minho, de Portugal, em 2003,

consolidou esta área de investigação no Brasil, e , significativamente, as VI Jornadas

Internacionais de Educação Histórica aconteceram, pela primeira vez fora de Portugal,

em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná.

Neste mesmo ano saiu o Dossiê Educação Histórica, na Educar em Revista,

número especial e no artigo “ Ensino de História, Didática da História e Educação

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Histórica: alguns dados de pesquisa ( 2000-2005) “, Olinda Evangelista e Jocemara

Triches colheram sistematizaram e analisaram dados obtidos através do Diretório de

Grupos de Pesquisa no Brasil, no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico – CNPq. As autoras buscaram informações sobre Grupos3 que pesquisam

Ensino de História, Didática da História e Educação Histórica.

E, porque foi ponto de partida para esta breve pesquisa sobre Educação

Histórica, transcrevemos agora o resumo deste estudo:

O presente texto sistematiza informações , coligidas no site do

Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e

Tecnológico ( CNPq), sobre grupos que pesquisam Ensino de

História, Didática da História, educação Histórica no Brasil,

entre 2000 e 2005. Busca dar visibilidade a estes temas de

investigação no âmbito das áreas de História e Educação.

Constata a alta incidência do verbete Ensino de História;

Didática da História apareceu timidamente em 2004 e

Educação Histórica apenas em 2005. Verifica-se um

crescimento exponencial no ano de 2004 de Grupos de

Pesquisa (GP) de Ensino de História na área História e forte

presença de GPs Ensino de História na área Educação. Os GPs,

em sua maioria, estão sediados em instituições públicas de

ensino superior e nas regiões Sul e Sudeste. A maior parte dos

líderes é formada em História, tanto na graduação como na

pós-graduação. Tal formação ocorreu majoritariamente na

região Sudeste. A maior parte dos líderes é formada em

História, tanto na graduação como na pós-graduação. As líderes

estão majoritariamente sediados em Centros de Educação ou de

Ciências Humanas. A tendência acima se verifica também no

que se refere às linhas de Pesquisa nas duas áreas, constatando-

se: crescimento no ano de 2004; maior presença na região

Sudeste; concentração em instituições públicas. No que se

refere aos dois outros verbetes – Didática da História e

3 Grupo de pesquisadores, estudantes e pessoal de apoio técnico que está organizado em torno à execução de linhas de pesquisa, utilizam em comum facilidades e instalações físicas. As Linhas subordinam-se aos Grupos e não o contrário. Linha de Pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si.( Conceito de Grupo e Linha de Pesquisa do CNPq)

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Educação Histórica – demonstra-se que GPs de DH apareceram

em 2004 e EH apenas em 2005. Sua presença é maior nas

instituições públicas de ensino, na região sul e sudeste.

(EVANGELISTA/TRICHES, 2006 )

O Diretório de Grupos de Pesquisas no Brasil existe desde 1992, e as autoras

fizeram uso da busca nos censos, a partir do ano em que estes começaram a existir (

2000, 2002, 2004 ) e também da Base Corrente que, de acordo com o CNPq , permite

encontrar Grupos de Pesquisa, líderes, pesquisadores e estudantes presentes na sua base

atual. As atualizações nesta base são diárias. a partir de inclusões feitas pelos líderes

dos Grupos e pela certificação feita pelos dirigentes institucionais.

Os resultados para Educação Histórica obtido pelas autoras evidenciam doze

grupos, sendo que alguns Grupos constavam também na pesquisa com os filtros Ensino

de História e Didática da História.

Assim, para confirmar e/ou atualizar esses resultados, buscamos o verbete

Educação Histórica na Base Corrente do Diretório, porque já sabíamos que esta área

aparece apenas mais recentemente, “ revelando um início de investigação desta área no

Brasil, desvinculada da História da educação.”! (EVANGELISTA/TRICHES 2007)

RESULTADOS:

A pesquisa no Diretório seguiu a seguinte metodologia: a busca foi feita pela

frase exata, já que buscando por todas as palavras , o universo pesquisado amplia-se e

surge um grande número de Grupos que não se relacionam com o tema pesquisado. Os

filtros utilizados foram, para a Grande área do grupo, Ciências Humanas, e para a Área

do Grupo, História/Educação. Os objetivos e as palavras-chave das Linhas de Pesquisa

foram as informações consideradas.

Dessa busca resultou que foram encontrados três grupos na área de História e

dezessete na Educação. Mas, dentre estes, em apenas cinco as informações apresentadas

indicam investigações em Educação Histórica, todos na área da Educação.

Transcrevemos abaixo as informações nas quais os termos em itálico indicam os termos

especificamente considerados:

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Universidade Federal do Paraná - UFPR

Líder: Maria Auxiliadora Schmidt.

GP: Cultura, práticas escolares e educação histórica.

LP: Educação Histórica

Objetivo: investigar as relações dos alunos e professores com as idéias históricas nos

processos de ensino- aprendizagem, nos manuais e materiais didáticos, nas linguagens

contemporâneas, nas práticas escolares. Investiga as relações entre memória, identidade

e consciência histórica.

Palavras-chave: consciência histórica. ensino-aprendizagem de história. evidência

histórica . narrativa histórica.

Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF

Líder: Sônia Regina Miranda

GP História ensinada, memória e saberes escolares.

LP: Memória e espaços sociais de educação histórica

Objetivo: Investigação de mecanismos formadores de consciência histórica fora da

instituição escolar. Análise das práticas educativas correntes em espaços institucionais

destinados à preservação da memória em Juiz de Fora, avaliação de Projetos de

Educação patrimonial em curso na cidade.

Palavras-chave: Educação histórica. educação patrimonial.memória.

Universidade de São Paulo - USP/SP

Líder:Kátia Maria Abud .

GP :Ensino de História: Linguagens, representações e cognição histórica.

LP: Cognição Histórica.

Objetivo: Esta linha discute a progressão do conhecimento histórico em estudantes da

escola básica.

Palavras-chave: cognição histórica, ensino de história.

LP: Linguagens do ensino de história.

Objetivo: Pesquisar o desenvolvimento da cognição histórica por meio da utilização de

linguagens diferenciais no ensino da disciplina.

Palavras-chave: ensino de história; linguagens de ensino.

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Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG/MG

Líder: Lana Mara de Castro Siman.

GP: Ensino de História: cognição, linguagens e cultura.

LP: Ensino de história: cognição e cultura.

Palavras-chave: educação histórica infantil, formação de conceitos, história e cognição,

inovação curricular em História, temporalidade e causalidade histórica.

LP: Os jovens e a História.

Objetivo: Identificar e analisar as representações dos jovens a respeito de temáticas e

raciocínios históricos construídos por meio de aprendizagens escolares e não escolares (

mídia impressa e televisiva, meios digitais tais como games e grupos de discussão ).

Analisar as interferências dessas sobre os processos de ensino-aprendizagem de História

nas escolas.

Palavras-chave:os jovens e a história; representações e aprendizagem.

Universidade Estadual de Londrina - UEL/PR

Líder: Regina Célia Alegro.

GP: Rede de estudos sobre ensino-aprendizagem de História.

LP :História e ensino de História.

Objetivo: Entender o processo de construção dos saberes escolares. Procurar conhecer

através da História do ensino de História como a formação de professores de História

influencia o modo como ensinam História. Pesquisar os materiais didáticos que servem

como suporte para o ensino de História: manuais didáticos, currículos e programas de

ensino. Pesquisar os suportes e representações da consciência histórica nos estudantes

do ensino fundamental, médio e universitário.

Palavras-chave: educação; ensino; história; imagens; mídia; representações.

Na nossa avaliação e de acordo apenas com as informações disponíveis no

Diretório transcritas acima, a existência de termos comuns à produção dos

pesquisadores em Educação Histórica podem indicar investigações nesta área. Assim,

consideramos:

� Na UFJF, UEL e UFPR: o termo consciência histórica conceito central na

Educação Histórica, presente no objetivo das LP´s;

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� Na USP/SP: o termo cognição histórica dá nome a uma das LP´S e parece

ser central na outra LP , denominada “ Linguagens no Ensino de História “.

O objetivo da Linha denominada “Cognição Histórica” é apresentado de

forma que indica discussão da “ progressão do conhecimento histórico “, não

ficando claro se como resultado de investigações empíricas;

� Na UFMG, a palavra cognição está na denominação do GP, e na LP figura

como palavra-chave, mas , não sendo adjetivada ( cognição histórica ), deixa

dúvidas quanto aos referenciais teóricos da Linha, que a leitura do objetivo

não elucida. Consideramos também a palavra-chave formação de conceitos

como uma possível relação com a preocupação da Educação Histórica no

que se refere aos conceitos substantivos conceitualizados, “ que englobam

noções gerais, para além de considerações de saberes mais ou menos

contextualizados” ( BARCA, 2007)e;

� Na UFPR, a LP denomina-se Educação Histórica, sendo a que mais

claramente indica situar-se nesta área de investigação, na medida em que

além da menção à consciência histórica já referida acima, o objetivo

explicita tanto situações de investigação empírica quanto o foco nas

relações dos sujeitos com as idéias históricas, além de constarem os termos

evidência e narrativa histórica, também centrais nas discussões sobre um

ensino de História que objetive a progressão do pensamento histórico.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Esta área de investigação denominada Educação Histórica, que pode ser

localizada originalmente na Inglaterra dos anos 60 do século XX, tem hoje, o interesse

de pesquisadores que podem ser encontrados na Inglaterra, Taiwan , Grécia, Portugal,

Espanha, Estados Unidos, Canadá, África , Brasil, Rússia,Irlanda do Norte e República

da Irlanda

Quanto ao nosso país, e retornando ao artigo de referência, foi possível

confirmar os dados quanto à localização das instituições dos grupos que estariam

desenvolvendo pesquisas em Educação Histórica. São instituições públicas do Sul e do

Sudeste: UFPR, UFJF,USP,UFMG,UEL.

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Quanto à Área, dos vinte Grupos inicialmente encontrados, sendo três na

História e dezessete na Educação, restaram cinco, todos na Educação. Os demais não

puderam ser considerados para a análise mais fina já que um número considerável está

na área da Educação Matemática, da História Regional e vários , na História da

Educação. Outros ainda, desenvolvem pesquisas cuja abordagem teórica vincula-se à

Psicologia e não à Epistemologia da História.

A paisagem encontrada , se confirma alguns dados da pesquisa anterior, indica

que o número de Grupos efetivamente integrantes desta comunidade científica, é

menor do que o então evidenciado, já que muitos não resistiram a uma análise mais

profunda dos objetivos das LP´s.

Leva a pensar também sobre a natureza das informações contidas no Diretório.

Considerando que as informações são de responsabilidade dos líderes dos grupos e das

instituições a que pertencem, que os certificam, a situação parece ser aquela dos

nebulosos começos e talvez, de apropriações um tanto indevidas (o que não significa

dizer mal-intencionadas) da denominação hoje empregada para uma área de

investigação com contornos bem definidos no que diz respeito ao seu referencial teórico

metodológico, a Teoria da História e os Paradigmas Qualitativos de Investigação, ao seu

objeto, as idéias históricas de crianças, jovens e adultos e ao seu objetivo, pensar o

ensino de história a partir das especificidades do conhecimento histórico, para que a

História possa cumprir a sua função social, a orientação no tempo, o desenvolvimento

da consciência histórica.

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histórica. In: Atas das VI Jornadas Internacionais de Educação Histórica, Curitiba: Ed.

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BARCA, Isabel( org.) Perspectivas em Educação Histórica. Actas das Primeiras

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Perspectivas em Educação Histórica. Actas das Primeiras Jornadas Internacionais de

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2000. Portugal, Universidade do Minho, 2001.

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PR,n.1,jan.1981. Assim denominada a partir do n. 09 de 1993, especial 2006 ( Revista

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SCHMIDT, Maria Auxiliadora, GARCIA, Tânia Maria Braga. Introdução.

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