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PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO, DIVISA MATO GROSSO- RONDÔNIA, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO

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PETROGRAFIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA

SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO, DIVISA MATO GROSSO-

RONDÔNIA, SW DO CRÁTON AMAZÔNICO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto

Pró-Reitora de Pós-Graduação

Profª. Drª. Leny CaselliAnzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET

Diretor

Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM

Chefe

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Coordenador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N° 30°

“Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva

Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do Cráton

Amazônico”.

RONE MARCOS APARECIDO DOS SANTOS

Orientador

Prof. Dr. João Batista de Matos

Co-Orientador

Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial

para a obtenção do Título de Mestre na Área de Concentração: Geologia Regional e Recursos

Minerais.

CUIABÁ/MT

2012

“É exatamente disso que a vida é feita, de MOMENTOS. Momentos que TEMOS que passar,

sendo bons ou ruins, para o nosso prórprio aprendizado. Nunca esquecendo do mais importante:

Nada nessa vida é por acaso. Absolutamente nada. Por isso, temos que nos preocupar em fazer a

nossa parte , da melhor forma possível. A vida nem sempre segue a nossa vontade, mas ela é

perfeita naquilo que tem que ser”.

Francisco Candido Xavier.

DEDICATÓRIA

A Deus força divina que nos deu a possibilidade de conduzir esta pesquisa, a minha familia

(pai e mãe), amigos e aos mestres que orientarão com muita destreza, em especial ao meu

orientador Prof. Dr. João Batista de Matos (grande amigo).

i

AGRADECIMENTOS

Agradeço;

A Deus por ter dado a capacidade de discernir o certo do errado, por ter me dado sabedoria

suficiente para conduzir esta pesquisa, e por te colocado ao longo deste percurso pessoas de

altíssima grandeza.

A minha família pai: Valdevino Jose dos Santos e mãe: Davina Francisca de Jesus, pelo carinho,

atenção e compreensão nos momentos de dificuldades e por ter acreditado neste propósito,

agradecimento especial.

Ao meu nobre Orientador João Batista de Matos pela paciência e companheirismo ao longo

dessa jornada que se iniciou desde o trabalho de conclusão de curso de Graduação em Geologia, ao

paciente e amigo Co- Orientador Amarildo Salina Ruiz pela dedicação e parceria em conduzir esta

pesquisa.

Aos professores que compõe o corpo docente do Curso de Geologia, bem como o Programa de

Pós-Graduação, meus sinceros agradecimentos pela contribuição profissional que a mim foi dada,

momentos de alegrias sempre estiveram lado a lado ao logo desses 7 anos de convivência, sei que

levarei daqui amigos por longa data, levarei um aprendizado impar ao longo de minha vida pessoal

e profissional. Aos técnicos administrativos compartilho este alegria de agora me tornar MESTRE

com todos que direta ou indiretamente estiveram à disposição em aguentarminhas solicitações

(rsrsrs), e reclamações olha que foram muitas em especial ao Reginaldo (DRM) e Dirce (DGG).

Agora agradeço aos meus companheiros (grandes amigos), que outrora me acompanham desde

os primórdios de minha vida acadêmica nesta Instituição, citar nomes e bastante complicado mais

existe alguns que cito com bastante orgulho, baixinha Mariarosa grande parceira como sempre diz

Geologar é Preciso, obrigado pelas conversas de corredor de bar em bar, ao Grande amigo e irmão

Marcelo Galé pelas ajudas em softwares objetivando as confecções de mapas e etc., pela paciência

ii

em ouvir quando há discussões, Leonardo Pereira (bronha) e Gustavo Zenardi (miojo), valeu pela

ajuda quando solicitada. As colegas de sala Ana Flavia e Dalila por terem aguentado as reclamações

que por sinal foram muitas, aos meus grandes amigos e irmãos de Piranhas-GO Bruno Faustino e

Frederico Marques pelo apoio e incentivo nesta jornada. Agradeço a todas as figuras que este curso

de Geologia colocou em meu caminho, Galera da Republica Garimpo S/A (japa, goiabinha, bobs,

china e miojo), Republica Cavernas (Daniel, Tião em especial Cladomir-meu filho pela dedicação),

a grande turma de graduação na qual me orgulho muito por ter vivido os momentos únicos na vida

acadêmica “Turma Quebra-Campo”. E difícil à tarefa de citar nomes porque foram tantas as

pessoas que contribuíram para concretização desta etapa, seja ouvindo minhas reclamações seja

contribuindo com a sua atenção. Agradeço de forma especial aos grandes amigos George Miller,

Patrick Alves, Tiago Nery, Jefferson Castelli (ultimo amigo conquistado, gente fina estas aí!),

Roberta Medeiros e Sandra pelas cachaçadas aos domingos, pelos almoços e cuidados comigo,

Rosamaria e Maiara Braga valeu pela parceria, Brena, Ludmila (ganço!), Leandro (Russo),

Armando Marques (Toxico), Renato Sala grande amigo, Carlos Gustavo digo GUGA gente fina,

Erni (Chimba),Mario Chazan (marinho boy//pelas boas risadas!), Vicente Borges, Eder Medeiros,

Pedro Arantes gente fina, Pompom (rsrs), Newton Diego, David pela colaboração em mapas quando

necessário, Douglas (Dogrão), Leonardo Fraga. Enfim são tantos os amigos que de modo geral os

agradeço.

Aos colegas de Pós-Graduação pelo companheirismo e atenção com a minha pessoa, pela

amizade aqui conquistada, pelas discussões em reuniões ou em sala para sanar quaisquer duvidas.

Por fim agradeço de forma especial aos órgãos de fomento e apoio para a conclusão desta

Dissertação: em especial a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a CAPES (PROCAD,

Proc. N° 096/2007), á FAPEMAT (Proc. Nº 002.0141/2007), pelo suporte financeiro para o

desenvolvimento. Agradeço ao Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica-Guaporé

/UFMT, ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia-GEOCIAM.

iii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS i

SUMÁRIO iii

ÍNDICE DE FIGURAS DA DISSERTAÇÃO iv

ÍNDICE DE FIGURAS DO ARTIGO iv

ÍNDICE DE TABELA DO ARTIGO vi

RESUMO vi

ABSTRACT vii

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA 1

2. OBJETIVOS 2

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 3

3. MATERIAIS E METODOS 3

3.1. Etapa de Preparação 3

3.2. Etapa de Levantamento de Dados 4

3.2.1.Campo 4

3.2.2. Etapa de Laboratório 4

3.2.3. Química de Rocha Total 5

3.2.4. Geocronologia 5

4. Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados 6

5. Etapa de Elaboração da Dissertação 6

6. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL 7

7. Geologia da Suíte Intrusiva Noroagro 12

7.1. COMPLEXO RIO GALERA 13

7.2. SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO 16

7.3. DIQUES MÁFICOS 17

7.4. FORMAÇÃO UTIARITI 18

8. ARTIGO 20

RESUMO 20

ABSTRACT 21

INTRODUÇÃO 22

CONTEXTO GEOLOGICO REGIONAL 22

Terreno Alto Guaporé (1.4 a 1.3 Ga) 25

GEOLOGIA E PETROGRAFIA 28

CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E DEFORMAÇÃO 31

GEOQUÍMICA 33

GEOCRONOLOGIA 206

Pb/ 204

Pb 41

Procedimento Pb/Pb em Zircão (evaporação)

41

RESULTADOS ANALÍTICOS 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO 44

iv

AGRADECIMENTOS 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 46

Anexo 1

Anexo 2

ÍNDICE DE FIGURA DA DISSERTAÇÃO

Figura 1: Mapa de Localização da área de estudo 2

Figura 2: Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço

Rio Apa como seu extremo meridional, extraído de Ruiz 2005

9

Figura 3: (A) Mapa simplificado do SW do Cráton Amazônico mostrando os limites

aproximados das principais províncias, principais orógenos, terrenos e elementos tectônicos

das unidades litológicas. (B) As principais províncias geocronológicas do Cráton

Amazônico, extraído de Bettencout et. al (2010)

11

Figura 4: Coluna estratigráfica esquemática das unidades mapeadas 13

Figura 5: Foto de afloramento representando a forma de ocorrência dos paragnaisses

dispostos na forma de lajedo com bandamento composicional (S2) bem definido e uma

foliação proeminente (A), figura (B) contato brusco entre as rochas pertencente ao

embasamento metamórfico Rio Galera e rochas intrusivas da Suíte Intrusiva Noroagro.

14

Figura 6: Anfibolito de coloração cinza escura, granulação fina, isenta de alteração. 14

Figura 7: Afloramento em corte de estrada, composto por muscovita-biotita-quartzo

sillimanita xisto, de coloração marrom avermelhado, representado em forma de xenólitos em

meio às rochas da Suíte Intrusiva Noroagro.

15

Figura 8: Forma de ocorrência dos Diques Máficos, apresentando uma geometria tabular

alongada com direções W-E subparalelas a foliação regional.

17

Figura 9: Forma de ocorrência dos arenitos da Formação Utiariti, em forma de platôs

elevados.

18

Figura 10: Foto representando em detalhe estratificação cruzada acanalada de pequeno porte. 19

v

ÍNDICE DE FIGURA DO ARTIGO

Figura 1:Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço

Rio Apa como seu extremo meridional, extraído de Ruiz 2005.

24

Figura 2:Compartimentação em Domínios Tectônicos para o SW do Cráton Amazônico,

onde abrange o SW de Mato Grosso e Bolívia e em destaque a área objeto de estudo,

extraído de Ruiz (2009).

25

Figura 3:Mapa Geológico da Suíte Intrusiva Noroagro- SW do Cráton Amazônico 27

Figura 4:Foto (A) RM 01 forma de ocorrência dos afloramentos em forma de blocos, (B)

Afloramento RM 02 foto de detalhe com presença de xenólitos de rocha metabasica.

28

Figura 5: Foto (A) afloramento em forma de blocos com foliação proeminente, (B) foto de

detalhe de rocha tonalítica cortada por diques sin-plutônicos com foliação coincidente com a

da rocha encaixante.

28

Figura 6:Fotomicrografia: Legenda; (A) Pl- plagioclásio com deformação rúptil

microfraturas, polarizadores descruzados, (B) Pl- deformação rúptil e polarizadores

cruzados; (C e D) Bt- biotita forma tabular e Aln- cristais euhédricos de alanita; (E) Gr-

granada subédrica e Bt- palhetas de biotita, polarizadores descruzados; (F) grãos anédricos

de quartzo com extinção ondulante polarizadores cruzados; (G) plagioclásio saussuritizado +

quartzo (Qz) com intensa zonação; (H) cristais euhédricos de plagioclásio e anédricos de

quartzo, representam uma textura granoblástica, polarizadores cruzados

30

Figura 7:Diagrama modal QAP.Para as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro 31

Figura 8:Modelo esquemático representando feições de campo da Suíte Intrusiva Noroagro, foto em

detalhe apresentando Granodiorito injetado segundo o plano axial das dobras do embasamento. 32

Figura 9:Diagramas de variações de Harker para elementos maiores ppm (expressos em óxidos) das

rochas da Suíte Intrusiva Noroagro 36

Figura 10:Diagramas de variações de Harker para elementos traços (ppm) das rochas da Suíte Intrusiva Noroagro

37

Figura11:Diagrama classificatório e discriminativo de processos de alteração pós-magmáticos para

as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro: Al2O3 versusTiO2(Cattalani&Bambic 1994) 37

Figura 12:Diagramas classificatórios para as rochas da SIN: (A) SiO2versus Zr/TiO2 (Winchester & Floyd 1977); (D) R1xR2 (La Roche 1980)

39

Figura 13:Diagramas geoquímicos para a SIN: (A) Total de álcalis versus sílica e (B) AFM (Irvine

&Baragar 1971); (C) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989); ); (D) Diagrama Total de K2O versus SiO2 (Peccerillo& Taylor, 1976)

39

Figura 14:Diagrama tectônico para as rochas da SIN: (A) Rb versus Y+Nb (Pearce et. al. 1984,

Pearce 1996); (B) Hf-Rb/30- Ta*3 (Harris et al. 1986) 40

Figura 15:(A) Padrões de variação de elementos Terras Raras, normalizados pelos valores do

condríto (Nakamura 1977); (B) Diagrama Spider de elementos incompatíveis (e compatíveis),

normalizados pelos valores dos Granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984) da Suíte

Intrusiva Noroagro

41

Figura 16:Fotomicrografia de cristais de zircão da amostra RM-1 selecionados para a datação 43

Figura 17:Diagrama idades versus cristais de zircão para a amostra RM-1 da Suíte Intrusiva

Noroagro 44

vi

ÍNDICE DE TABELA DE ARTIGO

Tabela 1:Composição química de elementos maiores, menores e traços (% em peso e ppm)

das rochas da Suíte Intrusiva Noroagro

34

Tabela 2:Continuação composição química de elementos maiores, menores e traços (% em

peso e ppm) das rochas da Suíte Intrusiva Noroagro

35

Tabela 3:Dados isotópicos de Pb de multigrãos de zircão da amostra RM-1 da Suíte

Intrusiva Noroagro

43

RESUMO

A área localiza-se no Distrito de Noroagro, Comodoro (MT). Nela, o embasamento é constituído

por rochas metavulcanossedimentares representadas por paragnaisses, paranfibolitos e xisto reunido

sob a designação “Complexo Rio Galera”, aflorando na parte central da área. Apresenta um

complexo padrão deformacional exibindo três foliações penetrativas, sendo S1 e S2 coaxiais, com

atitude 70-80W e médio a alto ângulo de mergulho. Neste trabalho, as rochas anteriormente

denominadas Granito Rio Piolho, são abordadas como Suíte Intrusiva Noroagro (SIN) homônimas

ao Distrito. A SIN é composta por rochas holocristalinas, inequigranulares, médias a grossas,

xenomórfica, cor cinza, constituída por plagioclásio, quartzo, tendo hornblenda e biotita como

minerais máficos primários e microclina (rara). Os minerais de alteração se apresentam como

zoizita, sericita, calcita, epidoto e argilo-minerais. Quimicamente apresentam composição variando

de tonalito até monzogranito, subalcalinas de natureza cálcio-alcalina geradas em ambiente de arco

vulcânico em período pós-orogênico. Os processos metamórficos identificados nestas rochas

ocorrem intimamente associados à deformação F3 Os dados isotópicos obtidos, (amostra RM-1)

pelo método Pb/Pb em zircão referem-se à idade média de 1421.2 +4.7 Ma (MSWD = 1.4)

considerada como mínima de cristalização para as rochas da SIN.

vii

ABSTRACT

The area is localized in the Comodoro District (MT). The basement is constituted by

metavolcanosedimentary rocks, paragneiss, paramphibolites and schists. Meeting under Complex

“Rio Galera” denomination, flagging in the central portion. This rocks presents complex

deformational pattern showing three penetrative foliations being the S1 and S2 coaxial, and the

strike 70-80ºW and medium to high dip. In this works, the rocks previously denominated Granite

Rio Piolho are approach with the assignment of Suite Intrusive Noroagro (SIN) homonymous of

District. The SIN is composed by holocrystalline, inequigranular, medium to coarse

grained,xenomorphic, gray color, with plagioclase, quartz, hornblende, biotite (primary mafic

minerals) and microcline (rare). The alteration minerals are: zoizite, sericite, calcite, epidote and

clay minerals. Chemically shows composition ranging from tonalite to monzogranite being the

parental magma classified as sub-alkaline and calc-alkaline type, generated in volcanic arc

environment at the post-orogenic time. The metamorphic process suffered by this rocks, occur in

straight association with the F3 deformational pattern. The isotopic data obtained (sample RM-1) by

the Pb/Pb method refers to the medium age 1421.2 +4.7 Ma (MSWD = 1.4), considered as the

minimum age of crystalization of the SIN rock.

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

1

1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

Terreno Alto Guaporé (1.4 a 1.3 Ga)

No setor ocidental da Província Rondônia-Juruena, Rizzotto et al. (2002) caracterizam a Faixa

Alto Guaporé por meio de estudos geológicos e geocronológicos um evento tectono-magmático de

abrangência regional balizado no intervalo de 1350 a 1320 Ma. Posteriormente, Rizzotto & Dehler

(2007) denominaram esse evento de Faixa Alto Guaporé, o qualteria sido derivado de uma orogenia

colisional, nesseintervalo de tempo e em condições metamórficas de alto grau, sendo que o mesmo

possui correspondência temporal com a Orogenia San Ignácio, definida no oriente Boliviano por

Litherland et al. (1986) e com as orogenias Rondoniana (Teixeira e Tassinari, 1984) e Candeias

(Santos et al. 2002).

AFaixa Alto Guaporé se estende desde o setor central setentrional de Rondônia, prolongando-se

para o sudeste até a porção sul - ocidental de Mato Grosso, estando em grande parte encoberta pelos

litotipossedimentares cretácicos da Bacia dos Parecis e inconsolidados da Formação Guaporé.

Corresponde a uma zona estreita e alongada, e delineada por fortes anomalias magnéticas.

O sudoeste do Cráton Amazônico na divisa entre os Estados de Mato Grosso e Rondônia, nas

proximidades do município de Comodoro de acordo com o mapa de Localização figura 1, é

caracterizado por rochas pertencentes ao Complexo Rio Galera, de idade possivelmente

paleoproterozóica Suíte Intrusiva Noroagro, anteriormente denominada Granito Rio Piolho por

Rizzotto et.al. (2010), é tratada neste trabalho sob esta designação pelo entendimento de que essa

denominação expressa melhor sua área tipo de ocorrência. Apresenta idade U/Pb por laser ablation

de 1429± 23 Ma. (Rizzotto et.al., 2010) e Pb/Pb de 1421 ± 4.7 Ma (este trabalho) e Complexo

Máfico Ultramáfico Trincheira, intrusiva nas duas últimas e com idade Ar/Ar 1319± 10 Ma

(Rizzotto et al. 2010) parcialmente recobertos pela Formação Utiariti do Grupo Parecis.

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

2

Figura 1: Mapa de Localização da área de estudo.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

O propósito deste trabalho é estabelecer as características petrogenéticas e geocronológicas

da Suíte Intrusiva Noroagro e as correlações deste corpo intrusivo com os eventos tectono-

magmático/metamórficos regionais associados.

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

3

Objetivos Específicos

Cartografar geologicamente a Suíte Intrusiva Noroagro, tendo como resultado um mapa

geológico na escala de 1:100.00, englobando áreas no entorno da Fazenda Maringá e parte

do Assentamento Noroagro, nas proximidades da cidade de Comodoro-MT;

Caracterização petrográfica e faciologica das rochas da Suíte Intrusiva Noroagro;

Detalhamento petrogenético dos Granitos da Suíte Intrusiva Noroagro, com a obtenção de

dados litogeoquímicos (elementos maiores, menores, traços e terra raras), buscando assim

estabelecer a fonte e os eventos magmáticos associados;

Definir geocronologicamente (Pb/Pb) a idade de cristalização desses litotipos.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Os métodos empregados para a realização desta pesquisa podem ser comparados aos mesmos

empregados em mapeamento sistemático e aqui foram divididos em 4 etapas principais, sendo elas

em ordem seqüencial da seguinte maneira: Etapa Preliminar (de Preparação), Etapa de Aquisição de

Dados ( campo e laboratório), Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados e Etapa de Redação

da Dissertação.

3.1. Etapa de Preparação

Para a etapa de preparação foi efetuado levantamento bibliográfico de trabalhos realizados na

área pesquisada, TCCs, Relatórios de campo referentes às disciplinas envolvendo mapeamento

geológico (Geologia de Campo), artigos e teses. Adicionalmente, foi executada a interpretação de

imagens de satélite (Geocover, Nasa), visando o entendimento geológico regional das estruturas da

Faixa Alto Guaporé do Estado de Mato Grosso. O mapa base foi elaborado apartir das

interpretações de imagens de satélite, com o auxilio do software Arcgis versão 9.2, Corel Draw

(versão 16) e utilização de Excel para confecção de planilhas.

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

4

3.2. Etapa de Levantamento de Dados

Esta etapa corresponde às atividades desenvolvidas para obtenção dos dados de campo e

laboratório (análises petrográficas, geoquímicas de rocha e geocronológicas Pb/Pb).

3.2.1. Campo

Foram efetuadas três etapas de campoem escala de 1:100.000 nos arredores do Distrito de

Noroagro tendo sido cartografadas rochas pertencentes à Suíte Intrusiva Noroagro, suas encaixantes

e ainda rochas da Suíte Intrusiva Trincheira que se encontram encaixadas nos litotipos da SIN. A

primeira etapa ocorreu entre maio de 2010 e junho de 2011, onde buscou-se detalhar afloramentos-

chave com coleta de amostras para análises petrográficas e químicas, totalizando um 150 (cento e

cinquenta) pontos.

3.2.2. Etapa de Laboratório

As descrições petrográficas foram desenvolvidas, dando ênfase à mineralogia e textura e

paragênese da Suíte Intrusiva Noroagro. As seções delgadas foram confeccionadas no laboratório

de Laminação da UNESP, e o estudo sistemático efetuadocom auxilio de um microscópio

petrográficoOlimpusBx 41. Para as fotomicrografias e captura de imagens das seções delgadas o

equipamento utilizado foi uma câmera acoplada ao microscópio polarizador(Infinity1)comandada

pelo software de mesma denominação, alem de Corel Draw, versão 16 como auxiliar para ajustes e

confecção de pranchas.

Para a determinação modal de 18 amostras selecionadas como as mais representativas das rochas

graníticas estudadas, cuja analise foi realizada atrás de amostras cerradas e polidas, foram

previamente submetidas à coloração seletiva dos feldspatos, segundo metodologia discutida por

Hutchinson (1974), que pode ser sumarizada da seguinte forma:

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

5

1- Dissolver 18g de nitrito de sódio numa quantidade de água destilada até perfazer 50 ml;

2- Dissolver 5g de nitrato de cobalto em 5 ml de ácido acético, acrescentando água

destilada até completar 50ml;

3- Juntar as soluções, agitando com bastão de vidro, para a obtenção de 100 ml de uma

solução de Hexanitritocobalto de sódio;

4- Submeter a amostra aos vapores de ácido fluorídrico (40%) durante 30 segundos;

5- Emergir a amostra na solução de Hexanitritocobalto de sódio por igual tempo;

6- Lavar a amostra sob água corrente e deixar secar ao natural.

As análises modais foram contabilizadas através de um contador manual. O numero de pontos

determinados por seção variou de 100 a 500, isso em função das texturas e granulação apresentada.

Os dados disponíveis encontram-se plotados no diagrama QAP (Figura 7) de Streckeisen (1976).

3.2.3. Química de Rocha Total

Para as análises geoquímicas foram selecionadas 18 amostras de rochas consideradas como as

mais representativas da Suíte Intrusiva Noroagro considerando sua distribuição na área de estudo,

bem como sua diversidade textural e composicional, em base à petrografia efetuada. Inicialmente,

as amostras foram serradas e britadas nos laboratórios de Laminação e Preparação de Amostras do

DRM-UFMT e, em seguida, ocorreu a separação individual de cerca de 10g de amostra, sendo todas

enviadas ao Acme AnalyticalLaboratories (Acmelab)- Vancouver/ Canadá para determinações

através dos métodos ICP (InductivelyCouple Plasma) e ICP-MS (InductivelyCouple Plasma Mass

Espectrometry) para elementos maiores e menores ((SiO2, TiO2, Al2O3, FeOtotal, MnO, MgO, CaO,

Na2O, K2O e P2O5) e traço(Rb, Sr, Cr, Ni, Zr, Y, Ce, Ba, Be, Nb, Cu,Lu, Dy, Gd, Er, Yb, Y, La,

Eu, Nd, Ce e Sm).

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

6

3.2.4. Geocronologia

A preparação de amostra foi realizada no laboratório de Preparação de amostras do DRM-

UFMT. A datação Pb/Pb em zircão (evaporação) foram realizadas no Laboratório de Geologia

Isotópica (Pará-Iso), da Universidade Federal do Pará. As análises foram feitas em um

espectrômetro de massa Finnigan MAT 262. A rocha datada corresponde à amostra RM-01.

3.4. Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados

Esta fase consistiu na integração e interpretação dos dados obtidos: onde foi elaborado o mapa de

Situação de Afloramentos e Geológico (Preliminar e Final) com auxilio dos softwares Arcgis versão

9.2 e Corel Draw, versão 16, juntamente com os dados de campo e dados anteriormente adquiridos

na área pesquisada, foram possíveis gerar subsídios possibilitando o traçado de contatos

litológicos.Para os resultados geoquímicos obtidos os mesmos foram tratados com o auxilio do

software para processamento de dados litoquímicos tais como: Minpetfor Windows (versão 2.02,

Richard 1995) e Newpet for DOS (versão 7.10, Clarke 1992). Os gráficos obtidos foram

posteriormente tratados no software Corel Draw, versão 16.

3.5. Etapa de Elaboração da Dissertação

Com os dados obtidos, tratados e interpretados, foi possível confeccionar a presente dissertação e

elaboração de um artigo científico intitulado: “Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte

Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso- Rondônia, SW do Cráton Amazônico”, o qual foi

submetido à Revista de Geociências da Universidade Estadual Paulista/ UNESP, pré- requisitos

necessários para obtenção do título de mestre no programa de Pós-Graduação em Geociências da

Universidade Federal de Mato Grosso.

Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

7

6. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O Cráton Amazônico é a maior entidade geotectônica pré-cambriana da América do Sul, ocupa

quase toda a região noroeste do Brasil e se prolonga para o interior da Bolívia, Guiana, Suriname,

Venezuela, Colômbia e Paraguai. Seu limite oriental é definido pelos cinturões neoproterozóicos

Paraguai (SE) e Araguaia (E); enquanto a N, S e W apresenta-se recoberto pelos sedimentos das

Bacias Subandinas. A sinéclise do Amazonas, cuja calha central orienta-se segundo a direção E-

W,promove uma subdivisão desse crátonem dois escudos; sendo a norte, o das Guianas, e a sul, o

do Brasil Central.

A primeira síntese sobre a geologia do Craton Amazônico no Brasil foi elaborada por Almeida

(1974), fazendo os primeiros esboços do então denominado Craton do Guaporé.

Posteriormente,Amaral (1974), através de levantamento de dados geológicos e geocronológicos (K-

Ar e raros Rb-Sr), propõe a divisão do Cráton em províncias, baseado nos trabalhos de mapeamento

geológico executado pela CPRM e RADAMBRASIL nos anos 70.

Duas linhas de pensamento contrastantes tentaram descrever o cenário evolutivo do Craton

Amazônico. De um lado os autores alicerçados nos conceitos da escola geossinclinal apresentam

um modelo baseado na recorrência de sucessivas reativações proterozóicas em uma extensa

plataforma arqueana-paleoproterozóica; enquanto, outros pesquisadores, que empregam os

fundamentos da Teoria da Tectônica Global ou de Placas, defendem um processo de evolução

crustal baseado em sucessivas acresções de crosta juvenil em torno de um núcleo arqueano,

distribuídas temporalmente até o limiar do Neoproterozóico, tendo este modelo sido aplicado tanto

para o craton como um todo, como a setores restritos. Dentre as muitas contribuições a esse modelo,

ressaltam-se as de: Teixeira et al. (1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999),

Tassinari et al. (2000), Santos et al. (2000), Almeida et al. (2000).

Para o setor SW do Estado de Mato Grosso,Saes& Fragoso César (1996), Pinho &Pinho(1997),

Saes (1999), Matos &Schorscher (1997), Geraldes (2000), Leite &Saes (2002), Geraldes et al.

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2001, Matos et al. 2004, Ruiz 2005, Bogeret al.2005, Santoset al. 2008 e Bettencourt et al

(2010)prestaram significativa contribuição, surgindo também as primeiras tentativas de correlação

global, como por exemplo, a justaposição da Amazônia e Laurentia, durante a amalgamação do

Supercontinente Rodínia (Sadowski& Bettencourt 1996).

Várias modificações foram efetuadas por Santos (2003) em relação aos modelos anteriores,

dentre elas destaca-se: a criação da Província Carajás desmembrando-a da Província Amazônia

Central, redefinição da Província Tapajós- Parima (antiga Ventuari-Tapajós) com a alegação de que

os terrenos da região de Ventuari (Venezuela) serem mais jovens e enquadrados na Província Rio

Negro; desmembrando então a Província Rio Negro-Juruena em Província Rio Negro e Rondônia-

Juruena e ampliação do limite da Província Sunsás em território brasileiro. Todavia, em muitas

áreas ainda existem traçados de limites imprecisos ou duvidosos entre províncias, em função da

escassez de dados estruturais e geocronológicos. O traçado retilínio entre os limites de províncias

também é questionável, levando a crer que os terrenos acrescionários possuiam suas margens com

limites retos, o que é bastante improvável.

Ruiz (2005) posiciona o Maciço Rio Apa como parte do Craton Amazônico com base nas

seguintes observações: o Grupo Cuiabá e as demais unidades litoestratigráficasque constituem o

Cinturão de Dobramentos Paraguai, exibem clara continuidade física desde a região de Nova

Xavantina (MT) tendo continuidade na região da Serra da Bodoquena e Aquidauana (MS) e

extendem-se até a parte oriental da República do Paraguai(Figura 2). Este autor ainda efetua uma

correlação litoestratigráfica entre as unidades que compõem a calha sedimentar Tucavaca na Bolívia

(Grupos Boqui, Tucavaca e Murciélago) e as unidades expostas na Faixa Paraguai no SW do Brasil

(Grupos Jacadigo e Alto Paraguai); enfatizando que o “Cinturão” Tucavaca exibe uma discreta

deformação compressiva, destacando-se apenas amplas ondulações e raros cavalgamentos, sua

disposição sub-ortogonal ao cinturão principal (Paraguai) e o registro de estruturas extensionais

paralelas ao eixo da calha sedimentar sugerem para este autor, que a Faixa Tucavaca representa um

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braço abortado (junção Tríplice) da Faixa Paraguai. O Maciço Rio Apa, representaria dessa forma,

uma margem passiva continental.

Figura 2: Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço Rio Apa como seu extremo

meridional, extraído de Ruiz 2005.

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A Província Rondoniana-San Ignácio, onde se insere a unidade estudada, é limitada a norte e

leste pela Província Rio Negro-Juruena, a sul pela Província Sunsás e a oeste por sequências

sedimentares fanerozóicas e é caracterizada por um fragmento formado por amalgamação de arcos

magmáticos em colisão continental ao longo do limite com a Província Rio Negro-Juruena (Cordani

& Teixeira 2007). Segundo Bettencourt et al. (2010), a cratonização da Província Rondoniana-San

Ignácio foi seguida por reativação tectônica, deformação, superimposição termal e magmatismo

relacionados com eventos orogênicos, estes efeitos são observados em feições como zonas de

cisalhamento, faixas milonitizadas, riftes, bacias sedimentares e intrusões pós-tectônicas e

anorogênicas. Estes autores subdividiram essa província em Terreno Paraguá (1.82-1.32 Ga),

Terreno Jauru (1.78-1.42 Ga), Terreno Rio Alegre (1.51-1.38 Ga) e o Terreno Alto Guaporé onde se

insere a área pesquisada (Figura 3).

Após o desenvolvimento da Faixa Alto Guaporé na borda sul do Cráton Amazônico, um curto

período de quiescência tectônica se estabeleceu. Posteriormente, à retomada da atividade

tectônica,oCiclo de Wilson, iniciou-se com um processo de rompimento crustal intracontinental,

com geração de proto-oceano, o qual está representado pelo Terreno Nova Brasilândia, o qual

possui uma individualidade que o diferencia dos terrenos ou domínios adjacentes, dos quais é

separado por falhas ou zonas de cisalhamento de grande expressão.

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Figura 3: (A) Mapa simplificado do SW do Cráton Amazônico mostrando os limites aproximados das principais

províncias, principais orógenos, terrenos e elementos tectônicos das unidades litológicas. (B) As principais províncias

geocronológicas do Cráton Amazônico, extraído de Bettencout et. al (2010).

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7. GEOLOGIA DA SUÍTE INTRUSIVA NOROAGRO

Com o mapeamento geológico realizado na área de estudo (imediações do Assentamento

Noroagro, Distrito de Comodoro MT)foi possível estabelecer o reconhecimento de 5 (cinco)

unidades estratigráficas, figura 4: Complexo Rio Galera, Suíte Intrusiva Noroagro, Complexo

Máfico Ultramáfico Trincheira, Formação Utiaríti e Coberturas Sedimentares Aluvionares.

Os litotipos do embasamento apresentam-se polideformados, constituídos por Xistos,

Paragnaisses e Anfibolitos bandados pertencentes ao Complexo Rio Galera. Este embasamento é

cortado por uma intrusão magmática ácida a intermediária granitica de composição variando de

monzogranitos a tonalitos, anteriormente denominada Granito Rio Piolho (Rizzotto, et al. 2010),

reconhecida neste trabalho como Suíte Intrusiva Noroagro. É comum a presença de xenólitos de

paragnaisses e anfibolitos do embasamento. Os contatos entre as unidades vistos em campo se

mostram abruptos e subverticais, localmente cortados por diques máficos sin-plutônicos correlatos

ao Complexo Máfico Ultramáfico Trincheira. Esta mostram-se recoberta pela Formação Utiaríti

através de um contato discordante erosivo. A mais jovem unidade mapeada está representada pelas

Coberturas Sedimentares Aluvionares como resultado do retrabalhamento quaternário.

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Figura 4: Coluna estratigráfica esquemática das unidades mapeadas.

7.1. Complexo Rio Galera

As rochas do Complexo Rio Galera constituem uma associação de paragnaisses, anfibolitos e

xistos definidos por Ruiz (2005) na localidade de Nova Lacerda MT, deformados e metamorfizados

na fácies Anfibolito alto a granulito, localizados na parte sul da área estudada. Na maioria dos

afloramentos descritos em campo, sua exposição ocorre em forma de lajedos próximos á

Drenagens.

Os paragnaisses variam de cinza a cinza escura, inequigranular de granulação fina, representado

por bandamento gnáissico muito regular, bem definido entre as partes félsicas (quartzo, feldspato e

plagioclásio), e máficas (biotita, muscovita, granada, sillimanita e anfibólio), de acordo com a

figura 5.

Os anfibolitos apresentam granulação fina a muito fina de cor verde a cinza escura, sendo

holocristalina mesocrática com textura afanítica, equigranular maciçar representado na figura 6,

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tendo como paragênese característica a hornblenda e o plagioclásio. Sua coloração é cinza escura e

sua granulação é fina a muito fina.

Os xistos são de granulação média a fina (figura 7), afloram geralmente estagio avançado de

intemperismo, compostos por muscovita, biotita, quartzo por vezes, sillimanita. Na maioria dos

afloramentos descritos, estas rochas se apresentam em forma de morrotes suaves localizados em

cortes de estrada. Localmente são expostos na forma de mega xenólitos em meio às rochas da Suíte

Intrusiva Noroagro.

Figura 5: Foto de afloramento representando a forma de ocorrência dos paragnaisses dispostos na forma de lajedo com

bandamento composicional (S2) bem definido e uma foliação proeminente (A). Contato brusco entre as rochas

pertencente ao embasamento metamórfico Rio Galera e rochas intrusivas da Suíte Intrusiva Noroagrofigura (B).

Figura 6: Anfibolito de coloração cinza escura, granulação fina, isenta de alteração.

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Figura 7: Afloramento em corte de estrada, composto por muscovita-biotita-quartzo sillimanita xisto, de coloração

marrom avermelhado, representado em forma de xenólitos em meio às rochas da Suíte Intrusiva Noroagro.

.

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7.2. Suíte Intrusiva Noroagro

A Suíte Intrusiva Noroagro é representada por uma grande distribuição espacial, cerca de 200

km2

aflorante na porção norte e sul da área e serve como substrato para a deposição da Formação

Utiaríti (Grupo Parecis). O contato entre essas unidades é por discordância erosiva. As rochas

graníticas estão intrudidas em meio a xistos, paragnaisses e anfibolitos do embasamento,

correspondente ao Complexo Rio Galera.

Os granitóides afloram, na área pesquisada, em forma de blocos e às vezes de morrotes suaves.

São cortados localmente por diques máficos e xenólitos de xistos e gnaisses. Os litotipos que

constituem esta intrusão são compostos por uma variação faciológica representada desde

monzogranitos até tonalitos. São leuco a mesocráticos de granulação média a grossa, porfiríticos e

raramente equigranulares, holocristalinas de cor cinza á cinza escura e apresentam cristais de K-

feldspato e raramente de plagioclásio como fenocristais. Ocorrem ainda cristais subarredondados de

quartzo, e grãos tabulares de plagioclásio, hornblenda e biotita.

Em análise microscópica os granitóides estão representados por cristais anédricos de quartzo

apresentando extinção ondulante, cristais euédricos tabulares de oligoclásio, além de micas (biotita

e muscovita). Os minerais acessórios formam grãos prismáticos euédricos de titanita, rutilo e

allanita. Localmente se observa plagioclásio apresentando um intenso processo de micro-

fraturamento, ocasionado durante uma terceira deformação dúctil Sn+2 da Suíte Intrusiva Noroagro,

e também intensos processos de saussuritização.

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7.3. Diques Máficos

Esta unidade é constituída por rochas básicas de granulação fina a muita fina, composta de

anfibolitos a metagabros de cor verde escura a cinza, localizados na porção sudoeste da área

pesquisada. Sua forma de ocorrência se dá por corpos estreitos a alongados intrusivos em rochas

metamórficas do embasamento e em rochas da Suíte Intrusiva Noroagro. Apresentam espessura

media de 5 metros, com direção predominante W-E, (figura 8).

Figura 8: Forma de ocorrência dos Diques Máficos, apresentando uma geometria tabular alongada com direções W-E

subparalelas a foliação regional.

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7.4. Formação Utiariti

A Formação Utiariti é composta primordialmente por quartzo-arenito vermelho com alto grau de

silicificação e diagênese, granulometria fina média, estrutura maciça e/ou estratificação cruzada

acanalada de pequeno porte. Na área ocorre na porção nordeste na forma de pacotes subhorizontais

e, muitas vezes, repousando diretamente sobre as rochas cristalinas do embasamento, como

representado nas (figuras 9 e 10).

Figura 9: Forma de ocorrência dos arenitos da Formação Utiariti, em forma de platôs elevados.

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Figura 10: Foto representando em detalhe estratificação cruzada acanalada de pequeno porte.

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“Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa

Mato Grosso – Rondônia, SW do Cráton Amazônico”.

Rone Marcos A. dos Santos

1, 4,5 ([email protected])

João Batista de Matos1,2,4,5

([email protected])

Amarildo Salina Ruiz1,3,4,5

([email protected])

(1)-Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da Terra – (ICET),

Universidade Federal de Mato Grosso – (UFMT) - Avenida Fernando Corrêa, s/n Bairro Coxipó.

CEP 78060-900. Cuiabá, MT, Brasil.

(2)- Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT.

(3)- Departamento de Geologia Geral, ICET, UFMT.

(4)- Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica- Guaporé

(5)- Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Geociências da Amazônia-GEOCIAM.

RESUMO

A área de estudo localiza-se no Distrito de Noroagro, Comodoro (MT). Cujo embasamento é

constituído por rochas metavulcanossedimentares representadas por paragnaisses, paranfibolitos e

xisto, reunidos sob a designação “Complexo Rio Galera”, que aflora na parte central da área.

Apresenta um complexo padrão deformacional exibindo três foliações penetrativas, sendo S1 e S2

coaxiais, com atitude 70-80W e médio a alto ângulo de mergulho. Neste trabalho, as rochas

anteriormente denominadas Granito Rio Piolho, são abordadas como Suíte Intrusiva Noroagro

(SIN) homônimas ao Distrito. A SIN é composta por rochas holocristalinas, inequigranulares,

médias a grossas, xenomórfica, cor cinza, constituída por plagioclásio, quartzo, tendo hornblenda e

biotita como minerais máficos primários e microclina (rara). Os minerais de alteração se apresentam

como zoizita, sericita, calcita, epidoto e argilo-minerais. Quimicamente, apresentam composição

variando de tonalito até monzogranito, subalcalinas de natureza cálcio-alcalina geradas em

ambiente de arco vulcânico em período pós-orogênico. Os processos metamórficos identificados

nestas rochas ocorrem intimamente associados à deformação F3 Os dados isotópicos obtidos

(amostra RM-1) pelo método Pb/Pb em zircão referem-se à idade média de 1421.2 +4.7 Ma

(MSWD = 1.4) considerada como mínima de cristalização para as rochas da SIN.

Palavras-chaves: Cráton Amazônico, Faixa Alto Guaporé, Suíte Intrusiva Noroagro.

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ABSTRACT – R.M.A. Santos, J.B. Matos, A.S. Ruiz –Petrography,

GeochemistryandtheGeochronology Noroagro Intrusive Suíte, Mato Grosso division Rondônia, SW

Amazonian Cráton. The area is localized in the Comodoro District (MT). The basement is

constituted by metavolcanosedimentary rocks, paragneiss, paramphibolites and schists. Meeting

under Complex Rio Galera denomination, flagging in the central portion. This rocks presents

complex deformational pattern showing three penetrative foliations being the S1 and S2 coaxial, and

the strike 70-80ºW and medium to high dip. In this works, the rocks previously denominated

Granite Rio Piolho are approach with the assignment of Suite Intrusive Noroagro (SIN)

homonymous of District. The SIN is composed by holocrystalline, inequigranular, medium to

coarse grained,xenomorphic, gray color, with plagioclase, quartz, hornblende, biotite (primary

mafic minerals) and microcline (rare). The alteration minerals are: zoizite, sericite, calcite, epidote

and clay minerals. Chemically shows composition ranging from tonalite to monzogranite being the

parental magma classified as sub-alkaline and calc-alkaline type, generated in volcanic arc

environment at the post-orogenic time. The metamorphic process suffered by this rocks, occur in

straight association with the F3 deformational pattern. The isotopic data obtained (sample RM-1) by

the Pb/Pb method refers to the medium age 1421.2 +4.7 Ma (MSWD = 1.4), considered as the

minimum age of crystalization of the SIN rocks.

Keywords: Amazonian Craton, Alto Guaporé Belt, Noroagro Intrusive Suite.

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INTRODUÇÃO

O sudoeste do Cráton Amazônico na divisa entre os estados de Mato Grosso e Rondônia,

proximidades do município de Comodoro, é caracterizado por rochas pertencente ao Complexo Rio

Galera, Complexo Máfico Ultramáfico Trincheira e Suíte Intrusiva Noroagro (SIN), parcialmente

recobertos pela Formação Utiariti do Grupo Parecis. Segundo Santos et.al. (2010) a SIN,

anteriormente denominada Granito Rio Piolho por Rizzotto et.al. (2010) apresentou idade U/Pb, por

laser ablation de 1429± 23 Ma.

Essas rochas cortam discordantemente os Complexos Rio Galera e Colorado. O propósito deste

trabalho é estabelecer as características petrográficas, geoquímicas e geocronológicas deste corpo

intrusivo com os eventos magmáticos regionais associados.

ASIN ocorre como matacões subarrendondos a alongados, onde predominam monzogranitos a

tonalitos leucocráticos a mesocráticos de granulação média, porfiríticos e raramente equigranulares,

apresentando, localmente, fenocristais euédricos de feldspato potássico.

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

O Cráton Amazônico é a maior entidade geotectônica pré-cambriana da América do Sul, ocupa

quase toda a região noroeste do Brasil e se prolonga para o interior da Bolívia, Guiana, Suriname,

Venezuela, Colômbia e Paraguai. Seu limite oriental é definido pelos cinturões neoproterozóicos

Paraguai (SE) e Araguaia (E); enquanto a N, S e W apresenta-se recoberto pelos sedimentos das

Bacias Subandinas. A sinéclise do Amazonas, cuja calha central orienta-se segundo a direção E-W,

o subdivide em dois escudos; a norte, o das Guianas, e a sul, o Brasil Central.

Os modelos geotectônicos propostos para a evolução do Cráton Amazônico seguem duas linhas

de abordagem bastante distintas. Uma delas está baseada no modelo das províncias geocronológicas

– geotectônicas, mobilístico, e propõe uma evolução através da aglutinação de cinturões orogênicos,

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desde o Paleoproterozóico até o Neoproterozóico, em torno de núcleos arqueanos (Cordani et al.

1979; Tassinari, 1981; Teixeira et al., 1989; Tassinari et al., 1996; Tassinari, 1996; Sato &

Tassinari, 1997).

Cordani et al. (1979) descrevem um núcleo proto- cratônico (Província Amazônia Central),

circundado por cinturões móveis paleo a neoproterozóicos responsáveis por eventos de acresção de

associações de rochas crustais juvenis ou retrabalhadas (Províncias Maroni- Itacaíunas, Rio Negro

–Juruena e Rondoniana San Ignácio).

Tassinari (1996), Tassinari &Macambira (1999 e 2004), definem o Cráton Amazônico como o

resultado da acresção continental, a partir de um proto-cráton arqueano (Província Amazônia

Central – 2.5 Ga), composto por microcontinentes amalgamados em orogenias colisionais,

associado a outras cinco províncias geocronológicas denominadas de Maroni-Itacaiúnas (2.2-1.95

Ga), Ventuari-Tapajós (1.95-1.8 Ga), Rio Negro-Juruena (1.8-1.55 Ga), Rondoniana-San Ignacio

(1.55-1.3 Ga) e Sunsás (1.3-1.0 Ga). As províncias Ventuari-Tapajós e Rio Negro-Juruena são

compostas por material derivado do manto evoluído em uma sucessão de arcos magmáticos,

enquanto as outras apresentam retrabalhamento associado a processos colisionais. Ruiz (2005) e

Cordani et al. (no prelo) acrescentam o Bloco Rio Apa ao Cráton Amazônico, estendendo sua área

de ocorrência até o extremo sul da Faixa Móvel Paraguai (Fig.1). Neste trabalho, dá-se preferência

aos estudos desenvolvidos por Tassinari & Macambira (1999 e 2004), Ruiz (2005) e Cordani et.al.

(2010).

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Figura 1: Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço Rio Apa como seu extremo

meridional, extraído de Ruiz 2005.

A Província Rondoniana-San Ignácio, onde se insere a unidade estudada, é limitada a norte e

leste pela Província Rio Negro-Juruena, a sul pela Província Sunsás e a oeste por seqüências

sedimentares fanerozóicas e é caracterizada por um fragmento formado por amalgamação de arcos

magmáticos em colisão continental ao longo do limite com a Província Rio Negro-Juruena

(Cordani & Teixeira 2007). Segundo Bettencourt et al. (2010) a cratonização da Província

Rondoniana-San Ignácio foi seguida por reativação tectônica, deformação, superimposição termal e

magmatismo relacionados com eventos orogênicos, estes efeitos são observados em feições como

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zonas de cisalhamento, faixas milonitizadas, riftes, bacias sedimentares e intrusões pós-tectônicas e

anorogênicas. Estes autores subdividiram essa província em Terreno Paraguá (1.82-1.32 Ga),

Terreno Jauru (1.78-1.42 Ga), Terreno Rio Alegre (1.51-1.38 Ga) e o Terreno Alto Guaporé onde

se insere a área pesquisada (Figura. 2).

Figura 2. Compartimentação em Domínios Tectônicos para o SW do Cráton Amazônico, onde abrange o SW de Mato

Grosso e Bolívia e em destaque a área objeto de estudo, extraído de Ruiz (2009).

TERRENO ALTO GUAPORÉ (1.4 A 1.3 GA)

A Faixa Alto Guaporé foi instalada durante a evolução do Orógeno Rondoniano (1.42 – 1.32

Ga). No setor ocidental da Província Rondônia-Juruena, Rizzotto et al. (2002) a caracterizam por

meio de estudos geológicos e geocronológicos e, descrevem um evento tectono-magmático de

abrangência regional balizado no intervalo de 1350 a 1320 Ma. Posteriormente, Rizzotto & Dehler

(2007) denominaram esse evento de Faixa Alto Guaporé, o qual foi derivado de uma orogenia

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colisional, em um intervalo de tempo e em condições metamórficas de alto grau, sendo que o

mesmo possui correspondência temporal com a Orogenia San Ignácio, definida no oriente

Boliviano por Litherland et al. (1986) e com as orogenias Rondoniana (Teixeira e Tassinari, 1984) e

Candeias (Santos et al. 2000), embora a conotação tectônica entre estes eventos seja bastante

distinta.

A Faixa Alto Guaporé se estende desde o setor central setentrional de Rondônia, prolongando-se

para o sudeste até a porção sul - ocidental de Mato Grosso, estando em grande parte recoberta por

rochas sedimentares das Bacias dos Parecis e sedimentos inconsolidados da Formação Guaporé,

correspondendo a uma zona estreita e alongada, delineada por fortes anomalias magnéticas.

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Figura 3. Mapa Geológico da Suíte Intrusiva Noroagro- SW do Cráton Amazônico.

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GEOLOGIA E PETROGRAFIA

A Suíte Intrusiva Noroagro tem uma grande distribuição espacial em torno de 200 km²,

estendendo-se de Norte- Sul da área pesquisada e está intrudida em xistos e paragnaisses

polideformados, pertencentes ao Complexo Rio Galera. Distribuem-se como blocos e ás vezes

aflorando como morrotes suaves. Localmente são cortados por diques sin-plutônicos e xenólitos de

rochas máficas e/ou rochas calcissilicatadas. (figuras 4 e 5).

Os litotipos que constituem esta intrusão apresentam variação composicional variando de

tonalito a monzogranito.São meso a leucocráticos, de granulação média a grossa, localmente

porfiriticos,apresentando por vezes, fenocristais de k-feldspato e raros grãos tabulares

deplagioclásio, quartzo subarredondado, hornblenda e biotita.

Figura 4. Foto (A) RM 01 forma de ocorrência dos afloramentos em forma de blocos, (B) Afloramento RM 02 foto de

detalhe com presença de xenólitos de rocha metabasica.

Figura 5. Foto (A) afloramento em forma de blocos com foliação proeminente, (B) foto de detalhe de rocha tonalítica

cortada por diques sin-plutônicos com foliação coincidente com a da rocha encaixante.

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Em análise de lâmina delgada (Fig. 6), os granitóides estão representados por rochas

holocristalinas, inequigranulares, textura lepdoblastica com variações à granoblastica, formada pela

orientação dos minerais de quartzo, plagioclásio e micas. Quando alterada, evidencia a atuação de

processos de sericitização,e argilização menos intensa nos feldspatos, com cloritização dos cristais

de biotita. Essas rochas são constituídas pela seguinte paragenese primaria: plagioclásio, quartzo,

feldspato alcalino, biotita e muscovita, tendo como acessórios apatita, zircão e opacos e como

minerais de alteração sericita, argilo-minerais, calcita e clorita.

O plagioclásio apresenta-se em grãos euédricos a subédricos tabulares com textura mirmequítica,

levemente orientados segundo a fase de deformação F1. Exibe geminação polissintetica albita,

periclina, por vezes combinadas albita + carlsbad e periclina + carlsbad, zonação encontra-se

frequentemente identificada nesses cristais, o que indica resfriamento rápido.

O quartzo, apresenta-se em grãos anédricos e extinção ondulante, deformação intra-cristalina,

num processo de recristalização estática indicando baixas temperaturas de metamorfismo.

Os Feldspatos alcalinos são subedrico sepor vezes apresentam geminação em grade e inclusões

granulares e aciculares de quartzo e apatita respectivamente, observa-se textura gráfica e

sericitização incipiente, com zonação normal.

A biotita apresenta-se como mineral máfico predominante ocorrendo em palhetas intersticiais.

Comumente mostra-se parcial a totalmente cloritizada definindo um processo de

retrometamorfismo. Como minerais acessórios ocorrem cristais aciculares de apatita e zircão

associados aos maficos.

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Figura 6.Fotomicrografia: Legenda; (A e B) Pl- plagioclásio com evidencias de microfraturas, devido a processos de

deformação ruptil polarizadores descruzados, (C e D) Bt- biotita forma tabular e Aln- cristais euhédricos de alanita; (E)

Gr- granada subédrica e Bt- palhetas de biotita, polarizadores descruzados; (F) grãos anédricos de quartzo com extinção

ondulante polarizadores cruzados; (G) plagioclásio saussuritizado + quartzo (Qz) com intensa zonação; (H) cristais

euhédricos de plagioclásio e anédricos de quartzo, representam uma textura granoblástica, polarizadores cruzados.

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A composição modal das rochas da SIN encontra-se ilustrado no diagrama QAP (Figura 7) e

indicam concentração de amostragem variando do campo dos monzogranitos até tonalitos,

evidenciando um trend de empobrecimento em plagioclásio com a evolução magmática.

Figura 7. Diagrama modal QAP.Para as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro

CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E DEFORMAÇÃO

Na área estudada foram identificadas pelo menos três fases de deformação, F1, F2 e F3,que

afetaram as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro e suas encaixantes.

A fase de deformação F1, de caráter dúctil, é representada pelo desenvolvimento de um

bandamento composicional (S1) nos gnaisses do Complexo Rio Galera, o qual exibe intenso e

complexo padrão de dobramento. A orientação preferencial do bandamento S1 varia entre N80º-

60ºW com mergulhos elevados a médios, ora para NE ora para SW. Os efeitos tectono-

metamórficos desta fase de deformação não afeta a Suíte Intrusiva Noroagro, indicativos de uma

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deformação/metamorfismo de idade paleoproterozóica. As paragêneses geradas incluem minerais como

biotita + sillimanita + granada, sugestivos de fácies anfibolito alto a granulito.

A fase de deformação F2 é responsável pela formação de dobras D2variando desde dobras

cerradas a fechadas desenhadas pelo bandamento composicional (S1) e, na Suíte Noroagro, pelo

desenvolvimento de destacada foliação penetrativa, do tipo xistosidade (S2), que se orienta segundo

a direção N80º-60ºW com mergulhos íngremes, entre 70º e 90º, tanto para NE como para SW. O

metamorfismo associado a esta deformação é inferido, neste trabalho, como representativo de fácies

xisto verde.

A fase F3 é caracterizada pelo redobramento suave das foliações S1 eS2 e, localmente, pelo

desenvolvimento de faixas de transposição/cisalhamento segundo a direção N-S. As dobras D3são

simétricas, com plano axial e eixo subverticais a foliação S3 é caracterizada por uma clivagem de

crenulação e, mais raramente, uma xistosidade, representativa de um metamorfismo de fácies xisto

verde baixo, provavelmente da zona da clorita, em função das paragêneses apresentadas: clorita +

sericita/muscovita + epidoto.

A Figura 8 ilustra a relação entre as estruturas tectônicas identificadas nas encaixantes,

Complexo Rio Galera e a Suíte Intrusiva Noroagro.

Figura 8. Modelo esquemático representando feições de campo da Suíte Intrusiva Noroagro, foto em detalhe

apresentando Granodiorito injetado segundo o plano axial das dobras do embasamento.

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GEOQUÍMICA

Para as análises químicas foram selecionadas dezoito amostras de rochas mais representativas da

Suíte Intrusiva Noroagro considerando sua distribuição na área de estudo, bem como sua

diversidade textural e composicional, tendo sido efetuadas noAcme Analytical Laboratories

(Acmelab)-Vancouver/Canadá para determinações através dos métodos ICP (InductivelyCouple

Plasma) e ICP-MS (InductivelyCouple Plasma Mass Espectrometry) de elementos maiores,

menores e traços, sendo os resultados apresentados nas tabelas 1 e 2.

As rochas da Suíte Intrusiva Noroagro, apresentam valores de SiO2entre 61,18 e 73,07 % e

caracterizam uma seqüência ácida pouco expandida que, no entanto, refletem tendências de

variações coerentes, indicando uma evolução contínua marcada possivelmente por cristalização

fracionada.Os diagramas Harker (Figura 9) mostram tendências de variação com correlações

lineares negativas entre sílica e(Fe2O3)t,TiO2, MgO, Na2O e CaO, que refletem o empobrecimento

em plagioclásio e em minerais máficos primários, tais como hornblenda, biotita, ilmenita-magnetita,

titanita e apatita, e correlação positiva com o K2O,durante a evolução magmática. O Na2O em

processo normal de diferenciação tende a mostrar correlação positiva com esse índice, aqui

apresenta correlação negativa denunciando provavelmente mobilização de sódio durante a atuação

de processos sub-solidus.Entre os elementos traço (Figura. 10), correlações negativas são

observadas para Sr, Ga e Nb que,provavelmente,relacionam-se ao empobrecimento em minerais

máficos primários (biotita e hornblenda), plagioclásio, bem como, pelo fracionamento de zircão.

No diagrama TAS (Le Maitre 1989), as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro as rochas da SIN

plotam-se no campo dos dacitos e riodacitos, coincide com os campos plotados no diagrama R1 4Si-

11(Na+K)-2(Fe+Ti) X R2 6Ca +2Mg +Al (La Roche 1980). De forma semelhante, as amostras

tratadas no diagrama proposto por Winchester & Floyd (1977) inserem-se no campo dos dacitos-

riodacitos,que utiliza, além de SiO2, elementos considerados menos móveis nos processos pós-

magmáticos, tais como as razões Zr/TiO2 e Nb/Y.

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Tabela 1. -Composição química de elementos maiores, menores e traços (% em peso e ppm) das rochas da Suíte

Intrusiva Noroagro.

Amostra RM01 RM07 RM10 RM12 RM13 RM23 RM27 RM33 RM61

Elementos

SiO2 61.18 63.28 64.17 68.20 65.86 72.41 71.78 65.07 70.72

TiO2 5.5 0.70 0.67 0.56 0.60 0.29 0.34 0.75 0.47

Al2O3 15.70 18.88 17.67 15.86 16.74 14.08 14.61 15.67 15.43

Fe2O3 6.13 4.52 4.77 4.72 4.92 2.74 2.80 5.39 3.26

MnO 0.08 0.02 0.03 0.04 0.03 0.02 0.01 0.06 0.02

MgO 3.48 1.37 1.21 0.94 1.05 0.58 0.60 2.63 0.80

CaO 5.33 4.05 4.01 3.03 3.22 2.26 2.65 3.77 3.28

Na2O 3.32 4.47 4.25 3.85 4.07 3.18 3.74 2.80 3.67

K2O 2.17 2.02 2.01 2.14 2.33 3.42 2.16 2.59 1.79

P2O5 0.24 0.05 0.31 0.15 0.30 0.09 0.11 0.11 0.09

LOI 1.3 0.4 0.6 0.2 0.6 0.5 0.9 0.9 0.2

Total 99,74 99,76 99,7 99,69 99,72 99,57 99,7 99,74 99,73

Sc 16 7 8 8 8 6 5 15 7

Ba 783 828 862 1201 995 2875 1366 764 1030

Be 2 2 1 2 1 2 1 3 2

Co 61.7 55.8 52.5 73.3 63.3 77.8 69.1 77.7 66.4

Cs 2.8 3.0 3.3 4.2 4.2 2.1 2.7 2.5 2.4

Ga 20.2 22.5 21.9 17.6 21.1 16.1 17.3 20.9 17.9

Hf 4.2 7.5 12.6 11.1 10.7 5.6 7.3 3.3 8.6

Nb 6.4 8.8 12.2 11.5 10.9 7.5 66.3 8.9 7.3

Rb 67.3 61.7 72.5 71.8 80.2 65.6 62.1 94.8 54.7

Sn 2 2 2 2 2 2 2 1 3

Sr 694.7 544.1 564.5 472.8 500.6 428.6 510.4 497.0 552.9

Ta 0.5 0.5 0.7 0.6 0.7 0.4 0.5 0.8 0.6

Th 5.5 19.2 4.6 28.6 21.9 9.1 17.7 21.9 17.8

U 1.7 2.7 2.1 2.7 3.6 1.6 2.2 1.0 2.5

V 119 40 19 10 16 8 8 87 8

W 422.3 423.2 378.4 484.4 435.4 491.6 453.0 451.8 430.4

Zr 162.5 260.5 444.4 377.9 354.3 204.7 233.4 132.0 306.3

Y 22.0 11.3 9.3 19.4 22.3 12.3 7.8 13.0 8.8

Mo 0.2 0.6 0.1 0.7 0.2 0.2 0.2 0.1 0.2

Cu 5.3 1.1 5.9 1.1 0.7 0.8 2.2 4.6 3.4

Pb 4.2 4.2 2.6 3.9 3.7 4.7 5.3 5.3 3.7

Zn 66 91 94 93 88 54 54 80 60

Ni 23 20 2.8 2.9 3.3 2.8 2.7 20.9 3.6

As 0.9 0.5 0.5 0.5 0.7 0.5 0.7 0.7 0.5

Sb 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Bi 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Ag 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Au 1.2 1.1 0.5 0.8 0.6 1.0 0.6 0.9 1.0

Tl 0.5 0.5 0.6 0.6 0.6 0.3 0.4 0.6 0.5

La 30.2 69.2 23.8 115.5 96.1 49.8 74.1 53.5 73.7

Ce 65.2 146.3 48.2 246.5 197.4 100.7 148.2 108.2 150.3

Pr 8.12 17.04 6.02 26.94 22.25 11.68 17.23 12.86 17.39

Nd 33.8 66.5 23.7 106.2 83.8 44.1 66.3 48.8 66.7

Sm 6.05 10.20 4.35 13.86 12.31 6.12 9.49 7.92 9.71

Eu 1.45 2.53 2.10 2.21 2.27 2.05 2.37 1.43 2.18

Gd 5.07 7.45 3.34 9.09 8.70 4.40 6.17 5.82 6.35

Tb 0.75 0.81 0.45 0.92 1.13 0.46 0.61 0.70 0.60

Dy 4.08 3.11 2.02 3.82 5.02 2.08 2.20 3.25 2.26

Ho 0.81 0.35 0.29 0.66 0.71 0.34 0.25 0.51 0.28

Er 2.33 0.77 0.82 1.87 1.82 1.04 0.53 1.20 0.75

Tm 0.34 0.11 0.13 0.28 0.24 0.17 0.09 0.15 0.12

Yb 2.19 0.72 1.03 1.79 1.33 1.09 0.68 0.94 0.74

Lu 0.31 0.11 0.16 0.27 0.21 0.18 0.09 0.12 0.11

Se 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.05 0.5 0.5

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Tabela 2. -Continuação composição química de elementos maiores, menores e traços (% em peso e ppm) das rochas da

Suíte Intrusiva Noroagro.

Amostras RM52 RM156 RM157 RM159 RM166 RM167 RM169 RM171 RM172

Elementos

SiO2 68.71 67.69 69.29 67.88 70.02 70.02 65.79 73.07 69.76

TiO2 0.45 0.50 0.33 0.38 0.34 0.34 0.56 0.22 0.34

Al2O3 15.18 15.93 15.37 16.10 15.07 15.07 16.68 14.12 14.98

Fe2O3 3.73 4.06 2.96 3.18 2.95 2.95 4.80 2.07 3.25

MnO 0.04 0.04 0.06 0.02 0.02 0.02 0.05 0.02 0.04

MgO 0.84 1.08 1.13 0.72 0.65 0.65 1.18 0.53 0.87

CaO 3.27 3.38 2.56 2.74 2.40 2.40 3.42 1.94 2.51

Na2O 3.59 3.72 3.89 3.60 3.49 3.49 3.65 3.17 3.48

K2O 2.46 2.40 3.01 3.62 3.19 3.19 2.37 3.93 3.38

P2O5 0.14 0.17 0.13 0.25 0.09 0.09 0.18 0.09 0.12

LOI 1.2 0.6 1.0 1.0 1.0 1.0 0.9 0.5 0.9

Total 99.61 99.57 99.73 99.49 99.13 99.13 99.58 99.66 99.63

Sc 8 9 7 8 6 6 10 5 7

Ba 1454 1612 808 2527 4734 4734 1022 1357 1470

Be 1 1 2 1 1 1 1 1 1

Co 133.4 122.1 123.3 109.9 133.4 133.4 127.5 142.0 1139

Cs 2.0 2.8 3.9 3.3 1.7 1.7 3.3 1.2 0.8

Ga 17.9 17.6 17.8 18.8 15.4 15.4 19.8 15.3 16.0

Hf 7.6 6.6 3.8 6.0 7.0 7.0 10.0 4.1 5.2

Nb 9.7 8.0 7.6 9.8 8.6 8.6 9.8 6.4 7.9

Rb 63.8 68.6 75.4 86.4 61.6 61.6 83.4 67.0 68.5

Sn 1 3 2 3 1 1 2 1 1

Sr 478.8 516.1 449.2 487.5 575.2 575.2 478.6 322.8 359.0

Ta 0.7 0.6 1.1 0.6 0.5 0.5 0.9 0.6 0.5

Th 13.0 6.3 6.2 8.4 23.1 23.1 17.9 6.9 11.0

U 2.5 1.6 3.8 1.5 1.9 1.9 2.5 1.3 1.1

V 35 39 40 27 16 16 35 24 36

W 794.2 780.6 756.6 715.7 844.1 844.1 896.8 881.2 749.3

Zr 262.7 285.4 116.3 214.2 237.0 237.0 352.3 126.1 175.7

Y 16.7 7.7 16.4 14.6 10.4 10.4 18.0 9.0 11.5

Mo 0.3 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.3 0.2 0.8

Cu 1.1 2.6 2.8 1.0 2.2 2.2 4.8 2.3 4.8

Pb 8.7 2.9 11.1 5.8 8.1 8.1 3.8 6.7 8.3

Zn 74 72 58 56 55 55 88 41 63

Ni 20 20 20 20 20 20 20 20 20

As 1.3 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5

Sb 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Bi 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Ag 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1

Au 0.5 1.1 0.5 0.5 0.9 0.9 1.1 0.5 0.8

Tl 0.3 0.5 0.4 0.4 0.2 0.2 0.7 0.2 0.4

La 72.3 44.8 21.2 36.0 69.2 69.2 83.4 26.3 48.0

Ce 162.4 98.9 49.4 82.3 210.1 210.1 187.4 61.8 112.4

Pr 18.86 10.68 5.59 8.92 21.67 21.67 19.86 6.73 11.79

Nd 61.8 39.3 20.9 35.9 82.3 82.3 71.6 24.7 40.9

Sm 8.85 5.75 3.83 5.87 10.84 10.84 9.80 4.34 6.41

Eu 2.08 1.97 0.86 1.96 2.75 2.75 1.92 1.29 1.39

Gd 5.80 3.68 3.20 4.43 6.45 6.45 6.19 3.16 4.30

Tb 0.68 0.41 0.49 0.58 0.59 0.59 0.70 0.39 0.50

Dy 3.19 1.70 2.76 2.86 2.05 2.05 3.54 1.72 2.09

Ho 0.59 0.28 0.56 0.48 0.36 0.36 0.66 0.31 0.39

Er 1.58 0.71 1.63 1.22 0.83 0.83 1.72 0.86 1.05

Tm 0.25 0.11 0.27 0.18 0.13 0.13 0.23 0.12 0.14

Yb 1.76 0.75 1.77 1.12 0.93 0.93 1.39 0.69 0.80

Lu 0.28 0.14 0.28 0.17 0.16 0.16 0.22 0.13 0.14

Se 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5

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Figura 9.Diagramas de variações Harker para elementos maiores ppm (expressos em óxidos) das rochas da Suíte

Intrusiva Noroagro.

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Figura 10.Diagramas de variações Harker para elementos traços (ppm) das rochas da Suíte Intrusiva Noroagro.

Utilizando-se o diagrama proposto por Cattalani&Bambic (1994) Al2O3versus TiO2(Figura 11)

que discrimina processos de alteração, a partir de dados de elementos considerados como menos

móveis em processos pós magmáticos, os pontos plotados coincidem com os campos de rochas de

composições dacítica a riolítica e posicionam-se próximos ao trend de fracionamento, sugerindo

estágio de alteração incipiente.

Figura 11. Diagrama classificatório e discriminativo de processos de alteração pós-magmáticos para as rochas da Suíte

Intrusiva Noroagro: Al2O3 versusTiO2 (Cattalani&Bambic 1994).

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Cráton Amazônico. Dissertação de Mestrado – Santos. R.M.A.; 2012.

38

As rochas estudadas foram classificadas como dacito- riodacito no diagrama (SiO2versus

Zr/TiO2)proposto por Wischester& Floyd (1977), ilustrado na Figura 12 A. No diagrama R1 4Si-

11(Na+K)-2(Fe+Ti) X R2 6Ca +2Mg +Al (La Roche 1980) que considera a maioria dos elementos

maiores, os litotipos da SIN coincidem com os domínios dos granodioritos a tonalitos. (Figura. 12

B).

O magmatismo que originou as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro foi classificado como

subalcalino do tipo cálcio-alcalino, como ilustrado nos diagramas propostos por Irvine &

Baragar (1971) com respectivamente álcalis versus SiO2 e AFM (Figura 13. A e B). Neste

último, observa-se também que os pontos que representam estes litotipos descrevem uma

tendência aproximadamente linear, que evolui em direção ao vértice dos álcalis, para valores

muito baixos e decrescentes de MgO, representando, provavelmente, o processo de diferenciação

magmática a que esse corpo foi submetido durante sua colocação. Quanto ao Índice de Shand,

esse magma classifica-se como metaluminoso a levemente peraluminoso como demonstrado no

diagrama A/NK e A/CNK de Maniar&Piccoli (1989), Figura 12 C.As amostras da SIN quando

plotadas no diagrama SiO2 versus K2O de Peccerillo e Taylor (1976), apresentam características

de um magmatismo de médio potássio (Figura 13 D) , com pelo menos duas amostras incidindo

no campo das rochas de alto potássio, denotando possivelmente para essas amostras, processos

de potassificação sofridos por parte desse magmatismo.

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Figura 12. Diagramas classificatórios para as rochas da SIN: (A) SiO2versus Zr/TiO2 (Winchester & Floyd 1977); (D)

R1xR2 (La Roche 1980).

Figura 13. Diagramas geoquímicos para a SIN: (A) Total de álcalis versus sílica e (B) AFM (Irvine &Baragar 1971);

(C) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989);); (D) Diagrama Total de K2O versus SiO2 (Peccerillo& Taylor,

1976).

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O diagrama Rb versusY+Nb (Figura 14 A)discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al.

(1984) indica que as rochas da SIN foram geradas em ambiente de arco vulcânico, como indicada

no diagrama Hf-Rb-Ta*3 (Fig. 14 B) proposto por Harris et al. (1986).

Figura 14. Diagrama tectônico para as rochas da SIN: (A) Rb versus Y+Nb (Pearce et. al. 1984, Pearce 1996); (B) Hf-

Rb/30- Ta*3 (Harris et al. 1986).

As concentrações e razões dos Elementos Terra Raras da SIN são apresentadas na Figura 15,

onde os padrões definidos por esses elementos são normalizados pelos valores condríticos de

Nakamura (1977; Figura. 15 A). Estes apresentam enriquecimentos dos Elementos Terra Raras

Leves em relação aos Elementos Terras Raros Pesados, configurando um padrão normal de granitos

do tipo I. Os padrões de variação de elementos incompatíveis (e compatíveis) incluindo ETR, foram

normalizados pelos valores de granitos de Cordilheira Meso-Oceânica de Pearce et al. (1984; Fig.

15 B). Os resultados evidenciam um forte enriquecimento dos elementos litófilos de íons grandes

(LILE), principalmente Ba, Rb e Th em relação aos elementos de alta carga (HFSE), Ta, Nb, Hf,

Zr, Sm, Y e Yb. Observa-se também que, excetuando o Ce, os HFSE apresentam valores

normalizados, em geral muito próximos ou inferiores a 1, feição típica de magmatismo cálcio-

alcalino de médio-K (Scheepers, 1995) como os granitóides de arco magmático da Cordilheira dos

Andes. As razões Ce/Yb são respectivamente altas (médias 117,2), enquanto que as razões Dy/Yb

mantém-se constantes nas amostras analisadas com média ponderada de 1,63.

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Figura 15. (A) Padrões de variação de elementos Terras Raras, normalizados pelos valores do condríto (Nakamura

1977); (B) Diagrama Spider de elementos incompatíveis (e compatíveis), normalizados pelos valores dos Granitos de

Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984) da Suíte Intrusiva Noroagro.

GEOCRONOLOGIA 206

Pb/204

Pb

A amostra preparada para os procedimentos geocronológicos 206

Pb/204

Pb refere-se a um litotipo

de cor cinza-claro, granulação média, variando de inequigranular porfirítica, composição

granítica/granodiorítica da localidade de Noroagro, foliada, com pelo menos duas fases de

deformação/metamorfismo.As datações Pb-Pb em zircão por evaporação foram realizadas no

Laboratório de Geologia Isotópica (Pará-Iso) da Universidade Federal do Pará, utilizando-se de um

espectrômetro de massa Finnigan MAT 262. A rocha datada corresponde à amostra RM-1

correspondente ás seguintes coordenadas UTM: 0811766/ 8516938.

Procedimento Pb/Pb em zircão (evaporação)

Os concentrados de zircões foram obtidos através das técnicas convencionais de trituração e

separação mineral (peneiramento, líquidos densos e separador magnético), no Laboratório

Intermediário de Preparação de Amostras para Geocronologia- DRM -UFMT. Os cristais de zircão

foram separados manualmente da granulação 0,170 mm da fração menos magnética e dispostos em

um filamento de Rênio sob a forma côncava.

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Fez-se o uso de mais de um grão de zircão por filamento, devido a suas baixas concentrações de

Pb radiogênico. As análises Pb/Pb em multigrãos de zircão foram realizadas por ionização termal,

através do sistema de detector de contagem de íons para os isótopos 204

Pb, 206

Pb, 207

Pb e 208

Pb, que

permite medidas precisas para baixas razões de 206

Pb/ 204

Pb. As calibrações foram feitas usando o

padrão NBS 983. A média das idades foi calculada segundo Gaudette et al. (1998) e foram

calculadas com precisão de 2σ (± 95% de precisão). Cada filamento com multigrãos de zircão foi

analisado em diferentes temperaturas (1450ºC, 1500ºC e 1550 ºC). As idades foram calculadas

usando as constantes de decaimento e abundâncias isotópicas listadas por Steiger&Jäger (1977).

RESULTADOS ANALÍTICOS

Os dados analíticos obtidos são apresentados na Tabela 3. Os dados relativos à amostra RM-1,

embora mostrem baixas razões de Pb comum, foram descartados por apresentarem um número

restritos da razão utilizada na interpretação (inferior a 4). A amostra RM-1 corresponde a um

granodiorito intensamente foliado aflorante na parte norte da área pesquisada. Apresenta textura

inequigranular com granulação variando de grossa a porfirítica.Os cristais de zircão desta amostra

variam de marrom a marrom-amarelado, são prismáticos a anédricos arredondados, curtos, com

núcleos bem turvos, exibindo moderado fraturamento. Raros exemplares apresentam geminação e

zonação. São comuns feições de metamictização, tais como transparência, fraturamento, coloração

leitosa, etc., as quais são provavelmente, relacionadas a altas concentrações de urânio, sendo

escolhidos para análise os cristais menos afetados.

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Figura 16. Fotomicrografia de cristais de zircão da amostra RM-1 selecionados para a datação.

Oitenta e nove cristais selecionados foram dispostos em grupos de quatro a cinco grãos,

totalizando vinte e um filamentos de Rênio, dos quais apenas quinze foram estudados. Destes, seis

foram eliminados, devido as baixas emissões de Pb. Os nove filamentos restantes apresentaram

bons resultados analíticos obtidos durante a segunda etapa de aquecimento (15000C). A partir destas

razões, calculou-se a idade média de1421.2 +4.7 Ma (MSWD = 1.4) considerada como a idade

mínima de cristalização para as rochas da Suíte Intrusiva Noroagro.

Tabela 3. Dados isotópicos de Pb de multigrãos de zircão da amostra RM-1 da Suíte Intrusiva Noroagro.

Zircão Razões 204

Pb

/206

Pb

Erro

208Pb

/206

Pb

(c)

Erro

207Pb

/206

Pb

(c)

Erro

2σ Idade

Erro

TON/1 16/16 0,000150 0,000035 0,14697 0,02414 0,08893 0,00138 1402,9 ± 29,6

TON/2 8/8 0,000000 0,000002 0,12274 0,00518 0,09166 0,00219 1460,8 ± 45,4

TON/5 16/52 0,000340 0,000091 0,12408 0,00199 0,09054 0,00148 1437,2 ± 31,1

TON/6 36/98 0,000561 0,000349 0,11386 0,00625 0,09017 0,00053 1429,4 ± 11,3

TON/7 8/28 0,000087 0,000016 0,10670 0,00122 0,09015 0,00275 1428,9 ± 58,2

TON/9 28/44 0,000148 0,000018 0,12499 0,00134 0,08969 0,00026 1419,2 ± 5,6

TON/15 28/44 0,000338 0,000006 0,12511 0,00083 0,08967 0,00052 1418,7 ± 11,2

126/268 1421,2 ±4,7

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Figura 17. Diagrama idades versus cristais de zircão para a amostra RM-1 da Suíte Intrusiva Noroagro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

O arcabouço tectônico do SW do Cráton Amazônico, particularmente no oriente boliviano e

sudoeste de Mato Grosso, é caracterizado pela aglutinação de terrenos ou fragmentos crustais em

diversos episódios orogênicos que culminaram com a formação do supercontinente Rodínia.

Salienta-se que a última fase orogênica a afetar esta região é correlacionada por diversos autores à

Província Grenville da parte sudeste do continente norte americano.

A Suíte Intrusiva Noroagro pertencente à Faixa Alto Guaporé, insere-se na Província

Rondoniana San-Ignacio (1.42-1.32 Ga.) conforme definição de Bettencourt et.al. (2010) e foi

afetada pelo evento tectono-metamórfico levado a efeito durante a evolução da orogenia San

Ignácio (1.42-1.32 Ga.), responsável pela amalgamação do Terreno Paraguá ao Cráton

Amazônico.Nesse cenário, a Suíte Intrusiva Noroagro consiste de uma associação de rochas

graníticas (s.l.) variando de monzogranitos a tonalitos com foliação bem marcada evidenciada por

apenas fase de deformação (D3). Petrograficamente a Suíte Intrusiva Noroagro é composta por

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rochas holocristalinas, inequigranulares, de granulação grossa a média, com textura xenomórfica,

cor cinza-escura a cinza-clara, constituída principalmente por plagioclásio, quartzo, tendo

hornblenda e biotita como minerais máficos primários. Raramente apresenta cristais de microclina e

possuem minerais de alteração tais como: zoizita, sericita, calcita e epidoto.

Em termos geoquímicos, essas rochas se apresentam como uma sequência ácida, pouco

expandida, formada por um magmatismo subalcalino do tipo cálcio- alcalino de médio potássio,

metaluminoso a levemente peraluminoso, evoluído por um marcante processo de cristalização

fracionada. Os dados geocronológicos Pb/Pb em zircão indicam 1421 ± 4.7 Ma como idade mínima

de cristalização dos litotipos estudados, corroborando com os dados previamente descritos por

Rizzotto et al (2010).

Os dados geológicos, geoquímicos e geocronológicos (Pb-Pb) obtidos para as rochas da Suíte

Intrusiva Noroagro, sugerem que a intrusão estudada foi gerada em ambiente magmático Paleo a

Mesoproterozóico, provavelmente em um ambiente tectônico do tipo arco vulcânico pós colisional,

desenvolvido no Terreno Alto Guaporé, durante a Orogenia Rondoniana (1.42-1.32 Ga.).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao PROCAD (Proc.Nº 096/2007), à FAPEMAT (Proc. Nº

002.0141/2007), GEOCIAM e a CAPES, respectivamente, pelo custeio das análises

geocronológicas/ químicas e pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor.

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Petrografia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Noroagro, Divisa Mato Grosso – Rondônia, SW do

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