PETROLOGIA DOS CORPOS KAFICO-ULTR.AHA.FICOS DE …

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PETROLOGIA DOS CORPOS KAF IC O- UL TR.AHA.F I COS DE SANTA CRUZ, SANTA HARIA E LI B ERDADE , MINAS GERAIS. I NVESTI GAC OES PARAGENETIC AS NO SISTEMA ULTRAHAFICO A .F.Candia N.Angeli 1 1UNES P, Rio C1aro,SP. As ocor rencLas de rochas ul t r ama f Lcas no territ6rio naciona1 mostram- se , praticamente em sua tota1idade, submetidas, em maior ou menor I grau , a processos metam6rficos (sejam comp1exos mafico-u1tramaficos, sequencias greenstone belts, corpos serpentinizados , etc .). E fundamental para a Ln ce r p r e t.a c a o da o rigem e significado t.e c t orri.co destes co'rpos entender as modif icac;:oes impostas po r es tes process os , de forma a contro1ar, nao s6 as condf.coes de temperatura e p re ss ao dos processos, mas t.ambem a coe renc i,a dos dados envolvidos nas interp retac;:oes gene t Lcoyevo Lut.Lvas , particularmente no que conce rne a se 0 sistema se manteve fechado ou abe rto durante a atuac;:ao dos processos metam6rficos . Os estudos que es t.ao sendo gradativamente desenvo1vidos visam aprofundar va rios pontos do sistema ultramafico que ainda nao se encontram bem estabelecidos , ap ro ximando , destarte, 0 te6rico ao observado em as semb Le Las naturais. Os es tudos sao de deta1he, baseados em qu imica mineral e de rocha total de corpos m afico -ultrama f icos que se mostrem apropriados para este in tu ito. A par das L nf' o rmacoe s e xt ra idas da l iteratura especifica , ja se dispoe de dados qu imico/minera16gicos para os corpos de Mangabal I e II (CANDIA, 1983) e de Niquelandia (CANDIA et a.I . . 1989) ambos correspondendo a corpos mafico-ult ramaficos metamorfisados , com pa ragenese de alto grau. Atua lmente estamos procedendo ao estudo quimico mine ra16gico dos corpos de Santa Cruz, Santa Mar ia e Liberdade em Minas Gerais, que ja foram alvo e 25 / I J: <- - --J? . <1 c) ,

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PETROLOGIA DOS CORPOS KAFI CO-ULTR.AHA.FI COS DE SANTA CRUZ, SANTA HARIA E

LI BERDADE , MINAS GERAIS. I NVESTIGACOES PARAGENETICAS NO SISTEMA ULTRAHAFICO~

A.F.Candia

N.Angeli1

1UNESP, Rio C1aro,SP.

As ocorr enc La s de rochas ul t r ama f Lcas no territ6rio naciona1

mostram- se , praticamente em sua tota1idade, submetidas, em maior ou menor

I

grau , a processos metam6rficos (sejam comp1exos mafico-u1tramaficos,

sequencias greenstone belts, corpos serpentinizados , etc .). E fundamental para

a Ln cer p r e t.a c a o da origem e significado t.e c t orri.co destes co'rpos entender as

modificac;:oes impostas po r es tes processos , de f orma a contro1ar, nao s6 as

condf.coes de temperatura e p ressao dos processos, mas t.ambem a coerenc i,a dos

dados envolvidos nas interpretac;:oes gene t Lc oy ev o Lut.Lvas , particularmente no

que concerne a se 0 sistema se manteve fechado ou aberto durante a atuac;:ao dos

processos metam6rficos .

Os estudos que e s t.ao sendo gradativamente desenvo1vidos visam

aprofundar varios pontos do sistema ultramafico que ainda nao se encontram bem

estabelecidos , ap roximando , destarte, 0 te6rico ao observado em assembLe Las

naturais. Os es tudos sao de deta1he, baseados em quimica mineral e de rocha

total de corpos mafico -ultramaf icos que se mostrem apropriados para este

intuito. A par das Lnf'ormacoes extraidas da l iteratura especifica , ja se

dispoe de dados quimico/minera16gicos para os corpos de Mangabal I e II

(CANDIA, 1983) e de Niquelandia (CANDIA et a.I . . 1989) ambos correspondendo a

corpos mafico-ul t ramaficos metamorfisados , com paragenese de alto grau.

Atualmente estamos procedendo ao estudo quimico minera16gico dos corpos de

Santa Cruz, Santa Mar ia e Liberdade em Minas Gerais, que j a foram alvo e

25 /

I~ ~~ J: <- - --J? . <1 c),

pesquisas de urn dos autores (ANGELI, 1988) e que mostram ,p a r a gen e s e s

apropriadas para 0 detalhamento de campos espec ificos do diagrama de fases de

rochas u l.tramafLcas que ainda ' M O se encontram devidamente aprofundados. No

momenta ainda MO se df.spoe de dados de quimica mineral e portanto tem -se

somente urn modelo t.eo r i.cc , ainda a ser elaborado. Cabe ressaltar que as

reac;oes que marcam a t r ans Lcao de "as semb Le Las i gne a s " para "par ageries e s " no

campo metamorfico de alto grau, em presenc;a de H20 e/ou misturas de H20 e CO2na fase fluida, ainda sao probl.ematLcas e e particularmente este campo que

esta sendo investigado inicialmente.

Sao tecidos a seguir alguns comencar Los a respeito dos dados

existentes para sistemas u LtrramafLcos que julgamos mais pe r t Lnent.es ao tema,

sem maiores digressoes sobre os varios e pormenorizados estudos existentes na

literatura, de forma a situar 0 contexto dos problemas que sao alvo das

investigac;oes em andamento.

° diagrama de fases para rochas ultrabasicas e elaborado

integrando-se os dados teorico/experimentais para os sistemas MgO-Si02-H20,MgO-CaO-Si02 -H20 e MgO-A120 3 -Si02 - H20 (no caso, em presenc;a de fase fluida

constituida po r H20) I sendo urn diagrama bas Leo para interpretac;oes

parageneticas preliminares (EVANS, 1977; PFEIFER, 1987; JENKINS, 1981 e OBATA

& THOMPSON, 1981). Cabe ressaltar que (a) 0 diagrama de fases, tal como

elaborado, e vaLf.do para rochas de compos Lcoes peridotiticas, isto e, com

olivina em excesso, e (b) sendo resu1tante da integrac;ao de 3 sistemas

investigados separadamente '( e MO de urn sistema uni.co com 5 componentes), MO

ha informac;6es qua~to a interrelac;ao dos elementos integradamente (influencia

de Al nas fases calcicas, por exemp~o).

Em sistemas naturais, as fases minerais sao em sua maioria

termos de soluc;oes solidas . As reac;oes, assim, corresponderao a "sliding

reactions" e podem se deslocar (discretamente) no campo PT, em func;ao da

compo s i.cao quimica da(s) fase(s) considerada(s) '.

As fases alurninosas investigadas experimentalmente (sistema MgO-

essencialmenteA120 3 -Si02-H20) env01vem

(JENKINS & CHERNOSKY, 1986; OBATA

espinelio,

& THOMPSON,

c1inocloro

1981).

e cordierita

Entre tanto , a

solubilidade do alurninio em outras fases (em p i roxeni.os e anfIbol.i.os , como

-' componente tchermakitico, e em outras fases minerais que 0 admitam) MO eexplicita. Em associac;oes naturais 0 teor de Al nos minerais mostra variac;oes

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em fun~i1o do campo PT e t ambem da paragenese estabelecida, po rem a par t Lcao

deste elemento nas varias fases nilo e ainda conhecida.

Varios sao os elementos presentes em sistemas naturais nil0

englobados em estudos experimentais. Em muitos casos pode-se estimar sua

. influencia e prever sua atua~ao (Cr, Ti, Fe ... ), porem a presen~a de -alcalis,

em especial do Na, modifica sensivelmente a natureza e 0 campo de estabilidade

dos anfib6lios, introduzindo f'ases e r eacoes nao representadas no sistema

ultrabasico simples (JENKINS & CLARE, 1990; JENKINS, 1983; SPEAR, 1981;

SKIPPEN & McKINSTRY, 1985). A Lnves t Lgacao experimental de sistemas

ultramaficos envolvendo Na e extremamente complexa ·p o i s a atuaf;ao deste

elemento e vinculada a do Al.

D diagrama te6rico experimental bas Leo e elaborado para rochas

peridotiticas, faltando ainda para composif;oes piroxeniticas. Nestas, a

sequencia de rea~oes deve ser modificada, · pois olivina deixa de ser a fase em

excesso.

As questoes levantadas sao de dificil nesoIucao , sej a a nivel

experimental (por exigirem sistemas com urn maior nUmero de componentes, de

dificil controle), seja a nivel te6rico/termodinarnico, pois os coeficientes de

pa.r t.Lcao dos elementos entre as fases minerais 'n os varLos campos PT ainda MO

sao conhecidos. Estes dados podem ser extraidos de parageneses naturais,

especificas e apropriadas, aprofundando 0 quadro que ainda se mostra bastante

simplificado.

Estes estudos tornam-se particularmente importantes nas.cons Lde racoes referentes ao sistema permanecer aberto au fechado durante a

atuacao dos processos metam6rficos. E 6bvio que os elementos sao fixados na

rocha retidos em alguma fase mineral pr6pria, ou no reticulo de outras fases

que os incorporem. Se a fase e desestabilizada por alguma reaf;ao (ou

incorporado em menor porcentagem em outra fase, em f'uncao do coeficiente de

partif;ao), 0 que sucede com este elemento? Quais os elementos que podem ser

facilmente removidos? Qual 0 significado dos clorititos e dos rodingitos

(muitas vezes observados nas bordas dos corpos mafLco vu'l t r amafLcos ) e das

faixas monomfneraLi.cas que se desenvolvem 0 longo de zonas de cisalhamento?

Ha retirada seletiva de elementos em funcao da natureza da fase fluida? Ate

que ponto pode-se inferir a acuacao de metassomatismo? Sao va r Los aspectos

que na literatura especifica atual sao amplamente investigados e que somente

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estudos muito detalhados permitirao elucidar.

REFERtNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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