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Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Técnico em Segurança do Trabalho

ERGONOMIA

1

SUMÁRIO

Introdução .............................................................................................................. 02

Principais tendências da ergonomia ....................................................................... 04

Considerações Preliminares: Trabalho e Condições de Trabalho .......................... 05

Origem e Evolução da Ergonomia .......................................................................... 09

Histórico ................................................................................................................. 13

Cronologia Mundial e Brasileira .............................................................................. 14

Ergonomia no Brasil – ABERGO ............................................................................. 18

Estudo das relações Homem – Máquina ................................................................. 20

Conceituação .......................................................................................................... 21

Objeto e Objetivo da Ergonomia ............................................................................. 22

Três principais tipos de ergonomia .......................................................................... 23

Métodos e Técnicas ................................................................................................ 25

Técnicas utilizadas na análise do trabalho .............................................................. 26

Texto de Apoio Nº 01 “LER / DORT” ...................................................................... 32

Texto de Apoio Nº 02 “22 Dicas para prevenir LER / DORT” ................................. 38

Revisando os Conceitos de Ergonomia ................................................................. 41

As diferentes Abordagens em Ergonomia .............................................................. 45

Os diferentes tipos de Ergonomia .......................................................................... 49

Abordagem Sistêmica em Ergonomia .................................................................... 50

Situações de Trabalho ........................................................................................... 57

Análise Ergonômica do trabalho .............................................................................. 61

Referências Bibliográficas ...................................................................................... 67

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ERGONOMIA

2

INTRODUÇÃO

Na antiguidade, o conceito de trabalho estava muito associado a castigo,

portanto, as condições de sofrimento impostas pelas atividades laborais não

preocupavam muito os estudiosos, cientistas e trabalhadores. Com o advento da

Revolução Industrial e após a Segunda Guerra Mundial, as condições de trabalho a

que os trabalhadores eram submetidos, começou a preocupar as pessoas e

surgiram os primeiros tratados de ergonomia.

No Brasil, por volta dos anos 60, a Ergonomia pode ser definida como o

estudo científico das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965).

Desde então, Governos, Cientistas, trabalhadores e a sociedade como um todo, têm

dedicado mais atenção a essa importante ciência multidisciplinar que além de outros

objetivos visa a perfeita interação homem-máquina-processos de trabalho,

possibilitando trabalhar com menos sofrimento.

A ergonomia, como veremos, é o estudo do relacionamento entre o homem e

seu trabalho, equipamento e ambiente e aplicação dos conhecimentos de anatomia,

fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos desses relacionamentos,

ela está preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação

onde este é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos

trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura colocá-los

nas melhores condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar a eficácia do

sistema de produção.

A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta

antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de forma a

se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas, sobretudo uma melhor

qualidade de vida no trabalho.

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ERGONOMIA

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Definições, histórico, conceitos, princípios, aplicações...

ERGONOMIA

ÉRGON = FORÇA / TRABALHO

NOMOS = regras / LEIS

DEFINIÇÃO DE ERGONOMIA:

É a ciência que estuda a relação entre o homem e o seu trabalho,

equipamentos e meio ambiente.

ONDE PODEMOS APLICAR UM ESTUDO ERGONÔMICO?

No lar

No transporte

No lazer

Na escola

Principalmente, no trabalho

Ou seja, em qualquer lugar

ERGONOMIA = CIÊNCIA DO CONFORTO

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A Ergonomia surgiu em função da necessidade do ser humano cada vez

mais querer aplicar menos esforço físico e mental, nas atividades diárias.

A Ergonomia tem sido fator de aumento de produtividade e da qualidade

do produto bem como da qualidade de vida dos trabalhadores, na medida em

que a mesma é aplicada com a finalidade de melhorar as condições

ambientais, visando a interação com o ser humano.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DA ERGONOMIA:

CORRENTE AMERICANA :

Ergonomia dos métodos e das tecnologias, contínua necessidade de

adaptação da máquina ao homem;

CORRENTE EUROPÉIA:

Ergonomia da organização do trabalho, européia, estudo da inter-relação

entre o homem e o trabalho, como o homem “sente” e “experimenta” o trabalho.

EM AMBAS AS CORRENTES TEMOS A BUSCA DA

TRÍADE BÁSICA DA ERGONOMIA:

CONFORTO - SEGURANÇA - EFICIÊNCIA

MENOS ESFORÇO FÍSICO E MENTAL

MAIS ERGONOMIA =

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Considerações Preliminares: trabalho e condições de Trabalho

A primeira definição conhecida de trabalho está escrita

nas Sagradas Escrituras em Gênesis 3, 17-19 "Disse, pois, o

Senhor Deus ao ser humano: maldita é a terra por tua causa;

em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do

teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque

dela foste tomado; pois és pó, e ao pó tornarás". Podemos

deduzir, então, que o trabalho está relacionado a noção geral

de sofrimento e pena

(BIBLIA,1995).

O Dicionário Larousse de Língua Portuguesa (1992), dá as seguintes

definições para trabalho: palavra derivada do latim tripalium que significa

instrumento de tortura composto de três paus; sofrimento; esforço; luta;

atividade humana aplicada à produção, à criação ou ao entretenimento;

produto dessa atividade; obra. Atividade profissional regular e remunerada.

Exercício de uma atividade profissional; lugar onde essa atividade é exercida.

DAVIES e SHACKLETON (1977), define o trabalho como uma "atividade

instrumental executada por seres humanos, cujo objetivo é preservar e manter

a vida, e que é dirigida para uma alteração planejada de certas caraterísticas

do meio-ambiente do ser humano". Eles referenciam, também, a definição

ainda mais ampla dada por O'TOOLE, que diz que "o trabalho é uma atividade

que produz algo de valor para outras pessoas".

LEPLAT e CUNY (1977) definem condições de trabalho como "o

conjunto de fatores que determinam o comportamento do trabalhador. Estes

fatores são, antes de mais nada, constituídos pelas exigências impostas ao

trabalhador: objetivo com critérios de avaliação (fabricar determinado tipo de

peça com estas ou aquelas tolerâncias), condições de execução (meios

técnicos utilizáveis, ambientes físicos, regulamentos a observar)".

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Por outro lado, MONTMOLLIN (1990), define condições de trabalho

como tudo o que caracteriza uma situação de trabalho e permite ou impede a

atividade dos trabalhadores. Deste modo, distinguem-se as condições:

Físicas: características dos instrumentos, máquinas, ambiente do

posto de trabalho(ruído, calor, poeiras, perigos diversos);

Temporais: em especial os horários de trabalho;

Organizacionais: procedimentos prescritos, ritmos impostos, de

um modo geral, "conteúdo" do trabalho; as condições subjetivas

características do operador: saúde, idade, formação; e as

condições sociais, remuneração, qualificação, vantagens sociais,

segurança de emprego, em certos casos condições de alojamento

e de transporte, relações com a hierarquia, etc.

Segundo SELL (1994b), entende-se por trabalho "tudo o que a pessoa

faz para manter-se e desenvolver-se e para manter e desenvolver a sociedade,

dentro de limites estabelecidos por esta sociedade. E, o conceito de condições

de trabalho inclui tudo que influencia o próprio trabalho, como ambiente, tarefa,

posto, meios de produção, organização do trabalho, as relações entre

produção e salário, etc".

A mesma autora explica que boas condições de trabalho significam, em

termos práticos: meios de produção adequados às pessoas - o que pressupõe

o projeto ergonômico das máquinas, dos equipamentos, dos veículos, das

ferramentas, dos dispositivos auxiliares, usados no sistema de trabalho; objetos

de trabalho, materiais e insumos inócuos às pessoas que com elas entram em

contato; postos de trabalho ergonomicamente projetados, o que inclui

bancadas, assentos, mesas, a disposição e a alocação de comandos,

controles, dispositivos de informação e ferramentas fixas em bancadas;

controle sobre os fatores ambientais adversos, como por exemplo, iluminação,

ruídos, vibrações, temperaturas altas ou baixas, partículas tóxicas, poeiras,

gases, etc. reduzindo-se o efeito destes sobre as pessoas no sistema de

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trabalho; postos de trabalho, meios de produção, objetos de trabalho sem

perigos mecânicos, físicos, químicos ou outros que representem riscos para as

pessoas, isto é, sem partes móveis expostas, sem ferramentas cortantes

acessíveis ao trabalhador, sem emissão de gases, vapores, poeiras nocivas,

etc. organização do trabalho que garanta a cada pessoa uma tarefa com

conteúdo adequado as suas capacidades físicas, psíquicas, mentais e

emocionais, que seja interessante e motivante;

Organização temporal do trabalho (regime de turnos) que permita

ao trabalhador levar uma vida com ritmo sincronizado com seu

ritmo circadiano, comprometendo ao mínimo a sua saúde, bem

como o seu convívio familiar e social;

Quando necessário, um regime de pausas que possibilitem a

recuperação das funções fisiológicas do trabalhador, para, a

longo prazo, não comprometer a sua saúde;

Sistema de remuneração de acordo com a solicitação do

trabalhador no seu sistema de trabalho, considerando-se também

sua qualificação profissional;

clima social sem atritos, bom relacionamento com colegas,

superiores e subalternos".

SELL (1994b), afirma que com vistas à " melhoria das condições de

trabalho, tanto de forma corretiva - melhorias em sistemas já existentes -

quanto de maneira prospectiva - melhorias nos sistemas de trabalho em fase

de concepção e projeto - é necessário avaliar o trabalho humano existente, por

critérios bem definidos, aceitos e que obedeçam a uma hierarquia de níveis de

valoração relacionados com o trabalhador".

Assim:

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Trabalho deve ser realizável, isto é, as cargas provenientes da

tarefa e da situação de trabalho não podem ultrapassar os limites

individuais do trabalhador, como por exemplo, o alcance dos

membros, a velocidade de reação, as capacidades sensoriais,

etc;

Trabalho deve ser suportável ou inócuo ao longo do tempo, isto é,

o trabalhador deve pode executar a tarefa durante o tempo

necessário, diariamente, e se for o caso, durante toda uma vida

profissional, sem levar danos por isso;

O trabalho deve ser pertinente na sociedade em que é executado;

O trabalho deve trazer satisfação para o trabalhador. É oportuno

chamar a atenção para a possibilidade de uma pseudo-satisfação

do trabalhador, simplesmente por ter-se acostumado à ideia de

que seu trabalho (realizável, suportável e pertinente) não pode ser

modificado. A aceitação de um trabalho por parte do indivíduo

pode ser influenciada pela estrutura da tarefa, pelo treinamento,

pelo ambiente, pelas relações interpessoais, etc;

O trabalho deve promover o desenvolvimento pessoal do

indivíduo, isto é, a pessoa deve adquirir novas qualificações e não

perder suas habilidades, e capacidades na execução de tarefas

monótonas e repetitivas.

A partir dessas considerações gerais sobre trabalho e suas condições de

execução, pode-se evidenciar a origem e o desenvolvimento de uma disciplina,

cujo objeto de estudo é o trabalho humano.

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Origem e evolução da ergonomia

Historicamente, o termo ergonomia foi utilizado pela primeira, em 1857,

pelo polonês W. JASTRZEBOWSKI, que publicou um "ensaio de ergonomia ou

ciência do trabalho baseada nas leis objetivas da ciência da natureza".

Quase cem anos mais tarde, a ergonomia veio a se desenvolver como

uma área de conhecimento humano, quando, durante a II Guerra Mundial, pela

primeira vez, houve uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia

e as ciências humanas e biológicas. Fisiólogos, psicólogos, antropólogos,

médicos e engenheiros, trabalharam juntos para resolver os problemas

causados pela operação de equipamentos militares complexos. Os resultados

desse esforço interdisciplinar foram tão frutíferos, que foram aproveitados pela

indústria, no pós-guerra (DUL e WEERDMEESTER, 1995).

Em 1949, um engenheiro inglês chamado MURREL, criou na Inglaterra,

na Universidade de Oxford, a primeira sociedade nacional de ergonomia, a

Ergonomics Research Society. Em 1959, foi organizada a Associação

Internacional de Ergonomia, em Estocolmo.

Em 1959, a recomendação n0 112, da OIT - Organização Internacional

do Trabalho dedica-se aos serviços de saúde ocupacional, definidos como

serviços médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades,

com as seguintes finalidades:

Proteger o trabalhador contra qualquer risco à sua saúde e que

decorra do trabalho ou das condições em que ele é cumprido;

Concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador a

suas atividades na empresa, através da adaptação do trabalho ao

ser humano e pela colocação deste em setor que atenda às suas

aptidões;

Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto

grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores

(SAAD, 1993).

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Nessa conceituação de serviços de saúde ocupacional, verifica-se a

presença do conceito de ergonomia: adaptação do trabalho ao ser humano.

Em 1960, a OIT define ergonomia como sendo a "aplicação das ciências

biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo

ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente,

eficiência e bem-estar" ( MIRANDA,1980).

Atualmente, vários países estão desenvolvendo estudos e pesquisa

nesta área de conhecimento, dentre eles podemos destacar: USA, Inglaterra,

França, Bélgica, Holanda, Alemanha e Países Escandinavos.

No caso do Brasil, apesar de relativamente recente, a ergonomia está-se

desenvolvendo rapidamente no meio acadêmico. De fato, em 31 de agosto de

1983 foi criada no país a Associação Brasileira de Ergonomia. Em 1989, foi

implantado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina, o primeiro mestrado na área do país.

É importante salientar que no Brasil, o Ministério do Trabalho e

Previdência Social instituiu a Portaria n. 3.751 em 23/11/90 que baixou a

Norma Regulamentadora - NR17, que trata especificamente da ergonomia.

"Esta norma visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de

modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho

eficiente". Com esta norma começa-se a despertar o interesse pela ergonomia

no meio empresarial brasileiro.

Da mesma forma, nos USA, o uso corrente da ergonomia no meio

empresarial só aconteceu, de fato, a partir de 1970, quando a Agência de

Segurança e Saúde Ocupacional daquele país - Occupational Health and

Safety Agency (OSHA), criou regulamentos exigindo das empresas um

ambiente livre de acidentes, saudável e seguro.

A partir de então, a ergonomia tem evoluído de forma significativa e,

atualmente, pode ser considerada como um estudo científico interdisciplinar do

ser humano e da sua relação com o ambiente de trabalho, estendendo-se aos

ambientes informatizados e seu entorno, incluindo usuários e tarefas.

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ERGONOMIA

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O desenvolvimento atual da ergonomia pode ser caracterizado, então,

segundo quatro níveis de exigências:

As exigências tecnológicas: relativas ao aparecimento de novas

técnicas de produção que impõem novas formas de organização

do trabalho;

As exigências organizacionais: relativas a uma gestão mais

participativa, trabalho em times e produção enxuta em células que

impõem uma maior capacitação e polivalência profissional;

As exigências econômicas: relativas a qualidade e ao custo da

produção que impõem novas condicionantes às atividades de

trabalho, como zero defeito, zero desperdício, zero estoque, etc;

As exigências sociais: relativas a melhoria das condições de

trabalho e, também, do meio ambiente.

Segundo SADD (1981), os estudos ergonômicos tiveram um

aprofundamento ainda maior com o início dos programas espaciais e de

segurança de veículos automotores, devido a severas solicitações:

Impostas ao organismo humano dos astronautas em seu

ambiente de trabalho, ou seja, nas cápsulas espaciais e em locais

extraterrenos;

Impostas aos usuários de veículos, em caso de acidentes, bem

como a segurança ativa que estes veículos devem proporcionar

para evitar acidentes.

Segundo THIBODEAU (1995), "a ergonomia contribui no projeto e

modificação os ambientes de trabalho maximizando a produção, enquanto

aponta as melhores condições de saúde e bem estar para os que atuam

nesses ambientes". Essa abordagem deve ainda segundo o autor ser "holística

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ERGONOMIA

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e interdisciplinar", exigindo conhecimento do trabalho/tarefa, do

trabalhador/usuário, do ambiente e da organização.

Dix e outros (1993), afirmam que "esse fim de século foi caracterizado

pelo surgimento de profissionais trabalhando na combinação de ferramentas e

máquinas para indivíduos, suas tarefas e suas aspirações sociais. A

engenharia industrial, fatores humanos (human factors), ergonomia e os

sistemas ser humano-máquina são denominações de especialidades

profissionais que atuam nessa área. Mais recentemente, a especialidade

denominada interação ser humano-computador emergiu como outra

especialidade, refletindo as transformações em versões de computadores

digitais interativos e a disseminação e popularização de computadores

pessoais".

Esses enfoques que mostram a natureza dinâmica e os limites tênues

entre estas áreas multidisciplinares afins, não podem ser considerados

definitivos e fechados. A evolução da ergonomia e áreas relacionadas afins,

que tem motivado estudos por parte dos diversos grupos de pesquisa,

repercute-se nas abordagens teóricas, nas técnicas, na terminologia e nas

discussões na literatura, enfatizando a importância dessas áreas emergentes.

Além disso, a ergonomia é direcionada a atividades específicas e

caracterizadas por constantes modificações e inovações, como é o caso das

tecnologias relacionadas à gestão de sistemas de informação e de

conhecimento.

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ERGONOMIA

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Histórico

1857 - W. JARTRZEBOWSKI (Corrente Americana)

“O esboço da ergonomia ou ciência do trabalho baseada sobre

as verdadeiras avaliações das ciências da natureza.Ciência do

uso das forças e das capacidades humanas no trabalho.”

Em 1857 Jastrezebowisky publicou um artigo intitulado "ensaios de

ergonomia ou ciência do trabalho". O tema é retomado quase cem anos depois,

quando em 1949 um grupo de cientistas e pesquisadores se reunem,

interessados em formalizar a existência desse novo ramo de aplicação

interdisciplinar da ciência.

Em 1950, durante a segunda reunião deste grupo, foi proposto o

neologismo "ERGONOMIA", formado pelos termos gregos ergon (trabalho) e

nomos (regras). Funda-se assim no início da década de '50, na Inglaterra, a

Ergonomics Research Society.

Em 1955, é publicada a obra "Análise do Trabalho" de Obredane &

Faverge, que torna-se decisiva para a evolução da metodologia ergonômica.

Nesta publicação é apresentada de forma clara a importância da observação

das situações reais de trabalho para a melhoria dos meios, métodos e

ambiente do trabalho.

1887 - ALAIN WISNER (Corrente Francesa)

Um conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e

necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que

possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência.

Em referência às publicações científicas que marcaram o início da

produção dos conhecimentos em ergonomia, podemos citar:

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ERGONOMIA

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1949 Chapanis Com a aplicação da Psicologia Experimental

1953 Lehmann, G.A. Prática da Fisiologia do Trabalho

1953 Floyd & Welford Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos

Cronologia Mundial e Brasileira

Cronologia...

Mundial Brasileira

1857 Jastrezebowisky publica o artigo "ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho"

1857 -

1949

Primeira reunião do grupo de pesquisas para retomada dos estudos sobre ergonomia e ciência do trabalho.

1949 -

1950 Adoção do neologismo "Ergonomia" durante a segunda reunião do grupo de estudos.

1950 -

1951 Fundação da Ergonomics REsearch Society, na Inglaterra.

1951 -

1953

Publicação dos trabalhos: Prática da Fisiologia do Trabalho de Lehmann, G.A.; e Fadiga e Fatores Humanos no Desenho de Equipamentos de Floyd & Welford

1953 -

1955

A European Productivity Agency (EPA), uma subdivisão da Organization for European Economics Cooperation, estabelece uma Human Factors Section.

1955 -

1956 A EPA visita os Estados Unidos para observar as pesquisas em Human Factors.

1956 -

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ERGONOMIA

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1957

Seminário técnico promovido pela própria EPA, na University of Leiden, "Fitting the Job to Worker". Durante o seminário formou-se um comitê para analisar as propostas e organizar uma associação internacional que adotou a denominação International Ergonomics Association.

1957 -

1958

Encontro especial, em Paris, em setembro, para Análise de um regimento preliminar para a associação. Decidiu-se, então, dar continuidade aos trabalhos de organização da associação e realizar um Congresso Internacional, em 1961.

1958 -

1959

O comitê passou a se denominar Comittee for the International Association of Ergonomics Scientists. O comitê se reuniu em Oxford, decidiu manter o nome International Ergonomics Association, e aprovou o regimento e o estatuto.

1959 -

1960 - 1960

Abordagem do tópico "O produto e o homem" por Ruy Leme e Sérgio Penna Kehl na disciplina Projeto de Produto (Eng. Humana) na Politécnica da USP.

1961 I Congresso Trianual da IEA, em Estocolmo, na Suécia.

1961 -

1964 II Congresso Trianual da IEA, em Dortmund, FRG.

1964 -

1966 - 1966 Aplicações da Ergonomia no curso de projeto de Produto ESDI/UERJ.

1967 III Congresso Trianual da IEA, em Birmingham, na Inglaterra.

1967 "Introdução à Ergonomia" no curso de Psicologia Industrial II, na USP - Ribeirão Preto - Paul Stephaneck.

1968 - 1968 Livro "Ergonomia: notas de aulas", de Itiro Iida e Henri Wierzbicki, lançado em São Paulo, pela Ivan Rossi.

1970 IV Congresso Trianual da IEA, em Strasbourgo, na França.

1970

Disciplina de Ergonomia no Mestrado de Eng. de Produção da COPPE-UFRJ/ Ergonomia na área de Psicologia do Trabalho-Isop/FGV Franco Lo Presti Seminério

1971 - 1971

Tese de Doutorado "A Ergonomia do manejo", defendida por Itiro Iida, na Politécnica da USP./ Curso de Ergonomia na ESDI/UERJ - Itiro Iida./ Área de concentração em Ergonomia treinamento e Aperfeiçoamento Profissional no mestrado em

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ERGONOMIA

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Psicologia do Isop/FGV

1973 V Congresso Trianual da IEA, em Amsterdam, na Holanda.

1973

Ergonomia como disciplina nos cursos de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho da Fundacentro.

1974 - 1974

1o Seminário Brasileiro de Ergonomia,

no Rio de Janeiro, promovido pela ABPA (Associação Brasileira de Psicologia Aplicada) e pelo Isop/FGV.

1975 - 1975

Publicação de "Aspectos ergonômicos do urbano" de Itiro Iida - MIC/STI/COPPE./ Curso de especialização em Ergonomia, na FGV. Grupo de Estudos Ergonômicos do Isop/FGV - Franco Lo Presti Seminério.

1976 VI Congresso Trianual da IEA, em College Park, nos Estados Unidos.

1976

Fundação do GAPP (Grupo Associado de Pesquisa e Planejamento Ltda.) - Sérgio Penna Kehl.

1979 VII Congresso Trianual da IEA, em Varsóvia, na Polônia.

1979

Ergonomia como disciplina do currículo mínimo da graduação em Desenho Industrial./CEBERC - Centro Brasileiro de Ergonomia e Cibernética Isop/FGV - Ued Maluf.

1982 VIII Congresso Trianual da IEA, em Tokio, no Japão.

1982 -

1983 - 1983 Fundação da ABERGO - Associação Brasileira de Ergonomia, em 31 de agosto

1984 - 1984

2o Seminário Brasileiro de Ergonomia,

no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO - Isop/FGV./ Inauguração do Laboratório de Ergonomia do INT - Diva Maria P. Ferreira.

1985 IX Congresso Trianual da IEA, em Bornemouth, Inglaterra.

1985 Implantação do setor de Ergonomia da Fundacentro - Leda Leal Ferreira

1986 - 1986

Curso de Especialização em Ergonomia, Departamento de Psicologia Experimental USP - Regina H. Maciel.

1987 - 1987

3o Seminário Brasileiro de Ergonomia

e 1o Congresso Latino-Americano de

Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

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Técnico em Segurança do Trabalho

ERGONOMIA

17

1988 X Congresso Trianual da IEA, em Sidney, Austrália.

1988 -

1989 - 1989 4

o Seminário Brasileiro de Ergonomia,

no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO/FGV.

1990 - 1990

Segundo livro do Professor Itiro Iida, "Ergonomia: projeto e produção", pela Editora Edgard Blucher, de São Paulo. Fundação da ERGON PROJETOS, o primeiro escritório dedicado a consultoria e desenvolvimento de projetos em Ergonomia.

1991 XI Congresso Trianual da IEA, em Paris, França.

1991

Fundação da ABERGO/RJ, Associação Brasileira de Ergonomia, seção Rio de Janeiro, em 23 de maio. / 5

o Seminário Brasileiro de

Ergonomia, em São Paulo, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

1992 - 1992 1

o Encontro Carioca de Ergonomia,

no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO-RJ/UERJ.

1993 - 1993

6o Seminário Brasileiro de Ergonomia

e 2o Congresso Latino-Americano de

Ergonomia, em Florianópolis, promovido pela ABERGO/Fundacentro.

1994 XII Congresso Trianual da IEA, em Toronto, Canadá.

1994 -

1995 - 1995

IEA World Conference 1995./ 3o

Congresso Latino-Americano de Ergonomia and 7

o Seminário

Brasileiro de Ergonomia, no Rio de Janeiro, promovido pela ABERGO e pela International Ergonomics Association.

1997 XII Congresso Trianual da IEA, em Tampere, Finlândia.

1997 -

Ergonomia.com.br - Copyright © 1999-2001. Todos os direitos reservados. Desenvolvido por Ateliêbrasil Design

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ERGONOMIA

18

Ergonomia no Brasil

fonte: ABERGO

A ergonomia no Brasil começou a ser evocada na USP, nos anos 60

pelo Prof. Sergio Penna Khel, que encorajou Itiro Iida a desenvolver a

primeira tese brasileira em Ergonomia, a Ergonomia do Manejo. Também na

USP, Ribeirão Preto, Paul Stephaneek introduzia o tema na Psicologia.

Nesta época, no Rio de Janeiro, o Prof. Alberto Mibielli de Carvalho

apresentava Ergonomia aos estudantes de Medicina das duas faculdades mais

importantes do Rio, a Nacional (UFRJ) e a ciencias Médicas (UEG, depois

UERJ); O Prof. Franco Seminério falava desta disciplina, com seu refinado

estilo, aos estudantes de Psicologia da UFRJ. O maior impulso se deu na

COPPE, no início dos anos 70, com a vinda do Prof. Itiro Iida para o Programa

de Engenharia de Produção, com escala na ESDI/RJ. Além dos cursos de

mestrado e graduação, Itiro organizou com Collin Palmer um curso que deu

origem ao primeiro livro editado em português.

1. A Ergonomia estrutura-se a partir dos conhecimentos científicos sobre

o ser humano, isto é, sobre suas características psicofisiológicas, para a partir

daí, conceber equipamentos ou modificá-los e não o contrário, ou seja, aplicar

o conhecimento em máquinas para depois procurar a pessoa certa.

2. A verdadeira Ergonomia, muito pouco conhecida é a Ergonomia de

concepção, que planeja, estrutura todo o projeto a partir dos dados referentes

do ser humano.

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ERGONOMIA

19

BUSCA A PERFEITA INTEGRAÇÃO ENTRE:

I- AS CONDIÇÕES DE TRABALHO

II- TRÍADE:

CONFORTO – SEGURANÇA – EFICIÊNCIA DO TRABALHADOR

PODE SER CONSIDERADO COMO O OBJETIVO DA ERGONOMIA

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ERGONOMIA

20

Para atingir essa condição, devemos buscar a integração entre:

ANATOMIA - FISIOLOGIA – ANTROPOMETRIA - BIOMECÂNICA (postura)

PSICOLOGIA – ENGENHARIA - DESENHO INDUSTRIAL - INFORMÁTICA

ADMINISTRAÇÃO

É, portanto, o caráter interdisciplinar da ergonomia

PPssiiccoollooggiiaa:: Analisando as exigências do

trabalho e estudando o comportamento humano, no que tange ao processamento de informações e formulação

de decisões, relacionando adaptações do organismo ao meio ambiente em função de

treinamento, esforços e diferenças individuais.

AAnnaattoommiiaa::

PPoorr mmeeiioo ddaa

AAnnttrrooppoommeettrriiaa ee ddaa

BBiioommeeccâânniiccaa,, eessttuuddaa

oo ccoorrppoo hhuummaannoo,,

ssuuaass ddiimmeennssõõeess ee aa

ffoorrmmaa ccoommoo ccaaddaa

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FFiissiioollooggiiaa::

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ERGONOMIA

21

Conceituação

Algumas conceituações e definições para a ergonomia...

Murrel, K.F. - A Ergonomia pode ser definida como o estudo científico

das relações entre o homem e o seu ambiente de trabalho (1965).

Grandjean, E. - A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela

compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria

é a sociedade no trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do

posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio

ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível

industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço

humano (1968).

Montmollin, M. - A Ergonomia é a tecnologia das comunicações

homem-máquina (1971).

Leplat, J - A Ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo

objeto é a organização dos sistemas homens-máquina (1972)..

Wisner - A Ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos

relativos ao homem e necessários a concepção de instrumentos, máquinas e

dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e eficácia

(1972).

Self - A Ergonomia reúne os conhecimentos da fisiologia e psicologia, e

das ciências vizinhas aplicadas ao trabalho humano, na perspectiva de uma

melhor adaptação ao homem dos métodos, meios e ambientes de trabalho

A Ergonomia é considerada por alguns autores como ciência, enquanto

geradora de conhecimentos. Outros autores a enquadram como tecnologia, por

seu caráter aplicativo, de transformação. Apesar das divergências conceituais,

alguns aspectos são comuns as várias definições existentes:

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ERGONOMIA

22

A aplicação dos estudos ergonômicos;

A natureza multidisciplinar, o uso de conhecimentos de várias

disciplinas;

O fundamento nas ciências;

O objeto: a concepção do trabalho.

A Ergonomia estuda a situação de trabalho como:

Atividade

Ambientes físicos

Iluminação, ruído, temperatura

O posto de trabalho

Dimensões, formas, concepção, etc.

Buscando dar o máximo de conforto, segurança e eficiência.

OBJETO E OBJETIVO DA ERGONOMIA

Se, para um certo número de disciplinas, o trabalho é o campo de

aplicação ou uma extensão do objeto próprio da disciplina, para a ergonomia o

trabalho é o único possível de intervenção.

A ergonomia tem como objetivo produzir conhecimentos específicos

sobre a atividade do trabalho humano.

O objetivo desejado no processo de produção de conhecimentos é o de

informar sobre a carga do trabalhador, sendo a atividade do trabalho específica

a cada trabalhador.

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ERGONOMIA

23

O procedimento ergonômico é orientado pela perspectiva de

transformação da realidade, cujos resultados obtidos irão depender em grande

parte da necessidade da mudança. Mesmo que o objetivo possa ser diferente

de acordo com a especialização de cada pesquisador, o objeto do estudo não

pode ser definido a priori, pois sua construção depende do objetivo da

transformação.

Em ergonomia o objeto sobre o qual pretende-se produzir

conhecimentos, deve ser construído por um processo de decomposição/

recomposição da atividade complexa do trabalho, que é analisada e que deve

ser transformada.

O objetivo é ocultar o mínimo possível a complexidade do trabalho real.

Quanto mais a ergonomia aprofunda o seu questionamento sobre a realidade,

mais ela é interpelada por ela mesma.

OS TRÊS TIPOS DE ERGONOMIA

1) ERGONOMIA DE CORREÇÃO: Atua de maneira restrita

modificando os elementos parciais do posto de trabalho, como:

Dimensões

Iluminação

Ruído

Temperatura etc.

*TEM EFICÁCIA LIMITADA

2) ERGONOMIA DE CONCEPÇÃO: Interfere amplamente no projeto do

posto de trabalho, do instrumento, da máquina ou do sistema de produção,

organização do trabalho e formação de pessoal.

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ERGONOMIA

24

AO INICIAR, REFORMAR OU AMPLIAR SEU ESCRITÓRIO,

SUA LINHA DE PRODUÇÃO, SEU TRABALHO,

CONSULTE UM ESPECIALISTA EM ERGONOMIA

3) ERGONOMIA DE CONSCIENTIZAÇÃO: Ensina o COLABORADOR a

usufruir plenamente dos benefícios de seu posto de trabalho, através

de:

Boa postura

Uso adequado de mobiliários e equipamentos

Implantação de pausas

Ginástica laborativa (antes, durante e depois das atividades)

ERGONOMIA PARTICIPATIVA: Estimulada pela presença de um

Comitê Interno de Ergonomia (CIE) que englobe representantes da

empresa e dos funcionários, utiliza as ferramentas da ergonomia de

conscientização para que haja o pleno usufruto do projeto ergonômico,

seja esse implementado pela Ergonomia de concepção ou de correção.

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ERGONOMIA

25

Métodos e Técnicas

A Ergonomia utiliza métodos e técnicas científicas para observar o trabalho

humano. A estratégia utilizada pela Ergonomia para apreender a complexidade do

trabalho é decompor a atividade em indicadores observáveis (postura, exploração

visual, deslocamento).

A partir dos resultados iniciais obtidos e validados com os operadores,

chega-se a uma síntese que permite explicar a inter-relação de vários

condicionantes à situação de trabalho. Como em todo processo científico de

investigação, a espinha dorsal de uma intervenção ergonômica é a formulação de

hipóteses.

Segundo LEPLAT "o pesquisador trabalha em geral a partir de uma

hipótese, é isso que lhe permite ordenar os fatos". São as hipóteses que darão o

status científico aos métodos de observação nas atividades do homem no

trabalho.

A organização das observações em uma situação real de trabalho

é feita em função das hipóteses que guiam a análise, mas

também, segundo GUERIN (1991), em função das imposições

práticas ou das facilidades de cada situação de trabalho.

Os comportamentos manifestáveis do homem são frequentemente

observáveis pelos ergonomistas, como por exemplo: Os deslocamentos dos

operadores - esses podem ser registrados a partir do acompanhamento dos

percursos realizados pelo operador em sua jornada de trabalho. O registro do

deslocamento pode explicar a importância de outras áreas de trabalho e zonas

adjacentes.

Exemplo; em uma sala de controle o deslocamento dos operadores até os

painéis de controle está relacionado à exploração de certas informações visuais

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ERGONOMIA

26

que são fundamentais para o controle de processo; o deslocamento até outros

colegas pode esclarecer as trocas de comunicações necessárias ao trabalho.

Técnicas utilizadas na análise do trabalho

Pode-se agrupar as técnicas utilizadas em Ergonomia em técnicas

objetivas e subjetivas.

Técnicas objetivas ou diretas: - Registro das atividades ao longo

de um período, por exemplo, através de um registro em vídeo.

Essas técnicas impõem uma etapa importante de tratamento de

dados.

Técnicas subjetivas ou indiretas:- Técnicas que tratam do

discurso do operador, são os questionários, os check-lists e as

entrevistas. Esse tipo de coleta de dados pode levar a distorções da

situação real de trabalho, se considerada uma apreciação subjetiva.

Entretanto, esses podem fornecer uma gama de dados que

favoreçam uma análise preliminar.

Deve-se considerar que essas

técnicas são aplicadas segundo um

plano preestabelecido de intervenção

em campo, com um dimensionamento

da amostra a ser considerado em

função dos problemas abordados.

Métodos Objetivos Diretos

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ERGONOMIA

27

Observação

É o método mais utilizado em Ergonomia, pois permite abordar de maneira

global a atividade no trabalho. A partir da estruturação das grandes classes de

problemas a serem observados, o Ergonomista dirige suas observações e faz

uma filtragem seletiva das informações disponíveis.

Observação assistida

Inicialmente considera-se uma ficha de observação, construída a partir de

uma primeira fase de observação "aberta".

A utilização de uma ficha de registro permite tratar estatisticamente os

dados recolhidos; as frequências de utilização, as transições entre atividades, a

evolução temporal das atividades.

Em um segundo nível utiliza-se os meios automáticos de registro, áudio e

vídeo. O registro em vídeo é interessante à medida que libera o pesquisador da

tomada incessante de dados, que são, inevitavelmente, incompletos, e permite a

fusão entre os comportamentos verbais, posturais e outros. O vídeo pode ser um

elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser

sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores.

Os registros em vídeo permitem recuperar inúmeras informações

interessantes nos processos de validação dos dados pelos operadores. Essa

técnica, entretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de

dados, assim como de toda preparação inicial para a coleta de dados

(ambientação dos operadores), e uma filtragem dos períodos observáveis e dos

operadores que participarão dos registros.

Alguns indicadores podem ser observados para melhor estudo da situação

de trabalho (postura, exploração visual, deslocamentos, etc.).

Direção do olhar

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ERGONOMIA

28

A posição da cabeça e orientação dos olhos do indivíduo permite inferir

para onde esse está olhando.

O registro da direção do olhar é amplamente utilizado em Ergonomia para

apreciação das fontes de informações utilizadas pelos operadores. As

observações da direção do olhar podem ser utilizadas como indicador da

solicitação visual da tarefa.

O número e a frequência das informações observadas em um painel de

controle na troca de petróleo em uma refinaria, por exemplo, indicam as

estratégias que estão sendo utilizadas pelos operadores na detecção de presença

de água no petróleo, para planejar sua ação futura.

Comunicações

A troca de informação entre indivíduos no trabalho podem ter diversas

formas: verbais, por intermédio de telefones, documentais e através de gestos.

O conteúdo das informações trocadas tem se revelado como grande fonte

entre operadores, esclarecedora da aprendizagem no trabalho, da competência

das pessoas, da importância e contribuição do conhecimento diferenciado de

cada um na resolução de incidentes.

O registro do conteúdo das comunicações em um estudo de caso no Setor

Petroquímico da Refinaria Alberto Pasqualini, Canoas - RS, mostrou a

importância da checagem das informações fornecidas pelos automatismos e

pelas pessoas envolvidas no trabalho, através de inúmeras confirmações

solicitadas pelos operadores do painel de controle.

O conteúdo das comunicações pode, além de permitir uma quantificação

de fontes de informações e interlocutores privilegiados, revelar os aspectos

coletivos do trabalho.

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ERGONOMIA

29

Posturas

As posturas constituem um reflexo de uma série de imposições da

atividade a ser realizada. A postura é um suporte à atividade gestual do trabalho e

um suporte às informações obtidas visualmente. A postura é influenciada pelas

características antropométricas do operador e características formais e

dimensionais dos postos de trabalho.

No trabalho em salas de controle, a postura é condicionada à oscilação do

volume de trabalho. Em períodos monótonos a alternância postural servirá como

escape à monotonia e reduzirá a fadiga do operador. Em períodos perturbados a

postura será condicionada pela exploração visual que passa a ser o pivô da

atividade. Os segmentos corporais acompanharão a exploração visual e

executarão os gestos.

Estudo de traços

A análise é centralizada no resultado da atividade e não mais na própria

atividade. Ela permite confrontar os resultados técnicos esperados e os resultados

reais.

Os dados levantados em diferentes fases do trabalho podem dar indicação

sobre os custos humanos no trabalho mas, entretanto, não conseguem explicar o

processo cognitivo necessário à execução da atividade. O estudo de traços pode

ser considerado como complemento e é usado, com freqüência, nas primeiras

fases da análise do trabalho. O estudo de traços pode ser fundamental no quadro

metodológico para análise dos erros.

Métodos Subjetivos Indiretos

O questionário é pouco utilizado em Ergonomia pois requer um número

importante de operadores. Entretanto a aplicação de questionário em um grupo

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ERGONOMIA

30

restrito de pessoas pode ser utilizada para hierarquizar um certo número de

questões a serem tratadas em uma análise aprofundada.

As respostas dos questionários podem ser úteis para a contribuição de

uma classificação de tarefas e de postos de trabalho. O questionário, entretanto,

deve respeitar a amostra e as probabilidades de aplicação.Deve-se ressaltar que

com o questionário se obtém as opiniões, as atitudes em relação aos objetos, e

que elas não permitem acesso ao comportamento real.

Segundo PAVARD & VLADIS (1985), o questionário é um método fácil e se

presta ao tratamento estatístico, e, se corretamente utilizado, permite coletar um

certo número de informações pertinentes para o Ergonomista.

Tabelas de avaliação

Esse tipo de questionário permite aos operadores avaliarem, eles mesmos,

o sistema que utilizam. O objetivo é apontar os pontos fracos e fortes dos

produtos. No caso de avaliação de programas, uma tabela de avaliação deve

cobrir os aspectos funcionais e conversacionais.

Entrevistas e verbalizações provocadas

A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados

indispensável à Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984), é a

expressão direta dos processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar

uma tarefa. A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa (pede-se ao

operador para explicar o que ele faz, como ele faz e por que).

Entrevistas e verbalizações simultâneas

As entrevistas podem ser realizadas simultaneamente à observação dos

operadores trabalhando em situação real ou em simulação.

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ERGONOMIA

31

A análise se concentra nas questões sobre a natureza dos dados

levantados, sobre as razões que motivaram certas decisões e sobre as

estratégias utilizadas.

Dessa maneira o Ergonomista revela a significação que os operadores tem

do seu próprio comportamento. As verbalizações devem ser aplicadas com

cuidado e de maneira a não alterar a atividade real de trabalho.

TEXTO DE APOIO Nº 01

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS - DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS

AO TRABALHO (LER/DORT): A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA

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ERGONOMIA

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Resumo

Este artigo diz respeito as afecções músculoesqueléticas ocasionadas por sobrecargas

biomecânicas que vêm sendo observadas nos últimos anos em todas as classes trabalhistas

em nosso país, sendo considerada nos dias de hoje uma epidemia mundial denominada como

LER/DORT. Estas afecções têm sido, na área da saúde, pauta de discussão e debates

buscando soluções tanto para prevenir como para tratar pessoas portadoras dessa patologia.

Palavras-chaves: Epidemia, LER/DORT, Tratamento.

Introdução

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao

Trabalho (DORT) tornaram-se a mais nova epidemia dos últimos anos, já que a partir da

década de 80 passaram a ser a mais freqüente causa de afastamento do trabalho no mundo.

Os termos LER/DORT são usados para determinar as afecções que podem lesar tendões,

sinóvias, músculos, nervos, fáscias, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem

degeneração dos tecidos, atingindo principalmente membros superiores, região escapular e

pescoço. Decorrente de uma origem ocupacional ela pode ser ocasionada de forma

combinada ou não do uso repetido e forçado de grupos musculares e da manutenção de

postura inadequada (CODO E ALMEIDA, 1998).

Além do uso repetitivo, a sobrecarga estática, o excesso de força para execução de tarefas, o

trabalho sob temperaturas inadequadas ou o uso prolongado de instrumentos com

movimentos excessivos podem contribuir para o aparecimento das enfermidades

músculoesqueléticas. Assim sendo, a sigla LER (lesão por esforço repetitivo) é insatisfatória,

pois não determina outros tipos de sobrecarga que podem trazer prejuízo ao aparelho

locomotor, dessa forma, a LER adquiriu um estigma negativo, passando a ser designada

DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) (ZILLI,2002). O termo permitiu

ampliar os mecanismos de lesão, não só restritos aos movimentos repetitivos, mas que

também cincunscreve formas clínicas peculiares a algumas atividades ocupacionais e ainda

propõe o estabelecimento do nexo causal classificando-o como doença ocupacional (VIEIRA,

1999).

Histórico

Acompanhando a história das doenças ocupacionais, facilmente se percebe que as

LER/DORT são temas de pesquisa e discussão há muitos anos. Com o advento da era

industrial, teve início o processo de fabricação de produtos em massa, e a crescente

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ERGONOMIA

33

especialização dos operários no sentido de melhorar a qualidade, aumentar a produção e

também reduzir custos. Essa especialização levou os trabalhadores a executarem funções

específicas nas empresas, com a realização de movimentos repetitivos, associados a esforço

excessivo, levando muitos trabalhadores a sentir dores (NAKACHIMA, 2002).

Segundo Moreira e Carvalho (2001) o professor italiano Bernardino Ramazzini, considerado

pai da medicina ocupacional, forneceu a primeira contribuição histórica, em 1713,

fundamentando em 54 profissões de sua época. Nesse trabalho ele não só identificou os

distúrbios, mas também traçou uma causa ocupacional. Ele acreditava que as lesões

encontradas em escreventes eram causadas pelo uso repetitivo das mãos, pela posição das

cadeiras e pelo trabalho mental excessivo.

No século seguinte, foram descritos na Europa quadros clínicos afetando o esqueleto axial e

periférico de trabalhadores que desempenhavam distintas tarefas laborativas. Na época esta

sintomatologia foi chamada de “cãimbras ocupacionais”. Entre as várias atividades

ocupacionais envolvidas, salientava-se a “cãimbra do escrevente”, que atingiu níveis de

epidemia no serviço civil britânico em 1833 (MOREIRA E CARVALHO,2001).

Em 1888, o neurologista William Gowers relatou casos de trabalhadores com sintomas de

ansiedade, de insatisfação com o trabalho ou do peso de responsabilidades. Ressaltou ainda

a instabilidade emocional desses indivíduos e admitiu sua grande dificuldade em distinguir

uma neurose de um quadro de simulação de doença. Desde então, diversos países

industrializados têm passado por epidemias de diagnósticos envolvendo tais distúrbios

(MOREIRA E CARVALHO,2001).

Epidemiologia

A diversidade de conceitos observados na literatura dificultam a obtenção concreta de dados

para o estudo da incidência e da prevalência dos diferentes tipos de doenças e das condições

clínicas das chamadas LER/DORT, que costumam surgir em rápidas escaladas na forma de

surtos. Uma outra dificuldade é que os estudos na sua grande maioria não têm a colaboração

de empresas e seus empregados pelo medo de exposição e o risco de demissões de seus

cargos.

Segundo Moreira e Carvalho (2001), as estatísticas do Conselho Nacional de Segurança dos

EUA, a indenização referente aos DORT é 50% mais custosa que a reinvindicada por trauma

agudo (acidente de trabalho). O tempo perdido de trabalho nos pacientes com DORT nos EUA

é extremamente maior do que com os outros distúrbios músculoesqueléticos, como, por

exemplo, a dor lombar.

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ERGONOMIA

34

Existem inúmeros trabalhadores com queixas de dor atribuída a seu trabalho. A patologia é

reconhecida pela atual legislação brasileira gerando grande interesse nos meios médicos. O

ônus gerado ao governo, às indústrias e aos trabalhadores, levam os meios médicos a realizar

estudos e discussões que possam contribuir para uma melhor compreensão dessa patologia já

considerada como epidemia na saúde brasileira (NAKACHIMA, 2002).

No Brasil, os dados dessas afecções são deficientes, mas a quantidade de diagnósticos de

LER/DORT tem dimensões muito altas. Considerando assim que na última década nosso país

presenciou uma situação epidêmica com relação aos DORT, tornando-se esta patologia a

segunda maior causa de afastamento do trabalho no Brasil. Somente nos últimos 5 anos foram

abertos 532.434 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas pelas LER/DORT. A

cada 100 trabalhadores da região Sudeste do Brasil, 1 é portador de LER/DORT

(AMERICANO, 2001).

Num estudo realizado na cidade de São Paulo, onde foram examinados 1.560 pacientes, o

sexo feminino representou 87% dos casos; sendo que a faixa etária mais afetada oscilava

entre 26 e 35 anos (MOREIRA E CARVALHO, 2001).

Em outro estudo realizado pela Cassi (Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do

Brasil) no ano de 2000, 26,2 % dos funcionários do Banco do Brasil apresentaram algum

sintoma que está relacionado à LER/DORT (AMERICANO, 2001).

Vários fatores vêm impulsionando a enorme quantidade de diagnósticos de LER ou DORT em

nosso país, entre eles: tensão social; alto índice de desemprego; predisposição ética; falta de

organização no ambiente de trabalho; influência da ação de sindicatos; ações políticas;

oportunismo de advogados; influência da mídia; interesses por indenizações ou

aposentadorias.

Etiologia

Quando um indivíduo apresenta uma lesão ocasionada por sobrecarga biomecânica

ocupacional, os fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho envolvendo

principalmente equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso

com o posicionamento, técnicas incorretas para realização de tarefas, posturas indevidas,

excesso de força empregada para execução de tarefas, sobrecarga biomecânica dinâmica;

uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura, ventilação e umidade

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inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001).

Sabe-se então que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e

condicionadas com respeito aos fatores ergonômicos e aos limites biomecânicos certamente

diminuem o risco de desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO,

2001).

Distúrbios mais frequentes

Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto

(1998) são: tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços, miosite dos músculos

lumbricais e fasciíte da mão, tendinite do músculo bíceps, tendinite do músculo supra-

espinhoso, inflamação do músculo pronador redondo com compressão do nervo mediano,

cisto gangliônico no punho, tendinite De Quervain, compressão do nervo ulnar, síndrome do

túnel do carpo, compressão do nervo radial, síndrome do desfiladeriro torácico, epicondilite

medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, síndrome da tensão cervical e lombalgia.

Fatores de Risco

Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos

do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de

trabalho e o clima organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas

preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais,

riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores extra-trabalho (ZILLI, 2002).

Avaliação Clínica

O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde há dor examinados como também

ser submetidos ao exame físico global do sistema múculoesquelético, pois afecções

músculoesqueléticas cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os

sintomas e os padrões clínicos que expressam a LER/DORT são variados, freqüentemente

vagos e muitas vezes inespecíficos, pois várias estruturas músculoesqueléticas e nervosas

podem estar comprometidas isolada ou associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998).

Tratamento e prevenção

O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das

reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro

doloroso, sendo assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor

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resultado no tratamento (CODO e ALMEIDA, 1998).

O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa dos

agentes causais e de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e,

em alguns casos, cirúrgica (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

O tratamento fisioterápico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou

ultra-som), eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, órteses, RPG e outras

técnicas. O fisioterapeuta deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença,

como as respostas do paciente a tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001).

Apesar da abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos,

particularmente aqueles com diagnóstico de depressão, que estão insatisfeitos com seu

trabalho, que acreditam ter adquirido “lesões” através das atividades desse trabalho e que

estão envolvidos em alguma causa trabalhista.

O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência

de seu corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a

postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal,

minimizar tensões musculares, tirar a atenção da dor e principalmente perceber suas

limitações (PEROSSI, 2001).

A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma

necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação

recomendações e de comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial

que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico

para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos

limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de

reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

Conclusão

O enorme contingente de diagnósticos LER/DORT existente no nosso país atinge proporções

consideradas epidêmicas. Conclui-se que ações dos vários segmentos da sociedade

trabalhista sejam responsáveis pelos fatores que vêm sustentando esse fenômeno.

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Sendo assim, o mais importante é a conscientização dos empregadores em orientar seus

empregados tanto na prevenção quanto na terapêutica dos distúrbios músculo esqueléticos.

Referências

AMERICANO, Maria José. Prevenção às LER/DORT - Site da Web:

www.2.uol.com.br/prevler/o_que_eh.htm, Acessado em 23/08/2005.

CODO, Wanderley; ALMEIDA, Maria C. de – LER – Lesões por Esforços Repetitivos. 4ª

edição, 1998.

COUTO, Ha – Como Gerenciar a Questão das LER/DORT,1998.

NAKACHIMA, Luis Renato – Lesões por Esforços Repetitivos ou Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - Site da Web:

www.fundacentro.gov.br/CTN/forum_maos_ler_dort.htm. Acessado em 18/08/2005.

PEROSSI, Sandra C.- LER/DORT - Abordagem Psicossomática na Fisioterapia. In: Revista

Fisio &Terapia, nº27 – 2001.

*Disponível em: http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/reumato/ler_dort_epidemia.htm acesso em: 06 set 2008

TEXTO DE APOIO Nº 02

22 dicas para prevenir as lesões do trabalho: LER e DORT Entenda a diferença entre essas duas síndromes

e tome atitudes simples para evitar problemas futuros

Quem nunca ouviu falar nas LER lesões por esforços repetitivos ou nos DORT distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho?

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LER e DORT são síndromes que atacam os nervos, músculos e tendões, especialmente dos membros superiores e do pescoço. São síndromes

degenerativas e cumulativas e sempre acompanhadas de dor ou incômodo, provenientes não somente da atividade ocupacional intensiva, mas também de

atividades realizadas sob intenso estresse.

LER ou DORT?

O termo LER utilizado para denominar uma síndrome da atividade ocupacional

excessiva, que abrange uma gama de condições caracterizadas por desconforto ou dor

persistente nos músculos, tendões etc. Entretanto, sabidamente nem todas

as patologias estão relacionadas aos movimentos repetitivos, pois existem outros fatores

biomecânicos causais como esforço físico proveniente de levantamento constante de

peso, além dos fatores psicofísicos e sociológicos, que atuam sobre o problema.

"Infelizmente, o termo LER passou a ser utilizado de forma indistinta como nome de uma

doença, porém, este é simplesmente uma denominação de um mecanismo de lesão e

não pode ser utilizado como um diagnóstico", explica a engenheira Maria Aparecida

Frediani Rocha, especialista em Ergonomia e consultora da Vendrame Consultores

Associados.

Por tais razões, estudiosos recomendaram que este termo fosse abandonado e se

passasse a usar o termo DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho,

pois numa primeira fase ocorrem os distúrbios, com sintomas como fadiga, peso e dor

nos membros e somente depois aparecem as lesões.

Em geral, qualquer trabalhador pode estar sujeito aos DORT. Percebemos que quem

sofre muita pressão psicológica no trabalho está predisposto ao desconforto ou dor

persistente nos músculos, tendões e outras partes do corpo. Com tratamento adequado,

muitas das condições da síndrome são reversíveis , comenta.

Prevenção é o melhor remédio

A ergonomia é a ciência que visa a adaptar as condições de trabalho às características

do trabalhador. As posturas inadequadas, que advém de um posto de trabalho mal

dimensionado, ou que não se ajuste às variações antropométricas de cada indivíduo, e

os movimentos repetitivos são alguns dos fatores que mais predispõem o aparecimento

das LER/DORT. No entanto, não se deve esquecer da organização do trabalho, que

eventualmente pode estar por trás desta patologia. Os ritmos excessivos, a postura

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rígida, a ausência de pausas, a pouca liberdade do trabalhador, além da pressão pelos

superiores, são contribuições para o surgimento das LER/DORT. A título de exemplo,

num posto de trabalho com computador, devem ser observados os seguintes aspectos:

A seguir, veja como regular sua estação de trabalho Cadeira:

1 - A altura ideal deve ser de 48 a 58cm

2 - O encosto deve estar a 110° do assento

3 - A cadeira deve ter apoio para a região lombar e dorsal;

4 - Os pés devem ter contato completo com o chão ou apoiados em suporte específico

5 - As coxas devem ficar paralelas ao piso

6 - O trabalhador deve estar próximo da superfície de trabalho

7 - Os braços devem ficar apoiados

Monitor:

8 - A altura ideal da 1ª linha escrita deve ser de 155cm

9 - A tela deve estar ao nível do horizonte ou levemente abaixo

10 - O trabalhador deve localizar-se bem em frente ao monitor

11 - A iluminação deve ser adequada

12 - Use filtro no caso de brilho excessivo

13 - A distância adequada é de 60 cm entre a pessoa e a tela do computador

Teclado e mouse:

14 - A altura ideal deve ser de 110cm

15 - Eles devem localizar-se próximos e na frente de quem vai usá-lo

16 - Os cotovelos devem permanecer em ângulo de 90°

17 - Os punhos precisam permanecer retos

Dicas preventivas:

18 - Realize pequenas pausas rápidas em qualquer atividade que se exerça

repetitividade excessiva ou em postura inadequada por tempo prolongado. Intervalos

breves e frequentes são mais eficazes para a recuperação do que um período de

descanso igual, tomado de uma só vez.

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19 - Durante essas pausas faça alguns alongamentos para as áreas de seu corpo que

estiverem executando a tarefa.

20 - Cuide para sempre permanecer com uma boa postura, incluindo a adequação do seu

posto de trabalho de acordo com as características físicas e com sua atividade

21 - Não realizar força nem pressão exageradas, repetitivas ou frequentes em sua

atividade

22 - As LER/DORT são curáveis, principalmente nos primeiros estágios. Portanto,

procure ajuda.

*Disponível em: http://www.minhavida.com.br/bem-estar/materias/2486-22-dicas-para-

prevenir-as-lesoes-do-trabalho-ler-e-dort, Acesso 10 ago 2008

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Revisando os Conceitos de Ergonomia

Como vimomos anteriormente, termo ergonomia é derivado das palavras

gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga o trabalho

tinha um duplo sentido: ponos que designava o trabalho escravo de sofrimento

e sem nenhuma criatividade e, ergon que designava o trabalho arte de criação,

satisfação e motivação. Tal é o objetivo da ergonomia, transformar o trabalho

ponos em trabalho ergon.

Numa publicação da Organização Mundial da Saúde - OMS, W.T.

SINGLETON (1972), definiu ergonomia como "uma tecnologia da concepção

do trabalho baseada nas ciências da biologia humana".

Para A. WISNER (1987), a "ergonomia constitui o conjunto de

conhecimentos científicos relativos ao ser humano e necessários para a

concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados

com o máximo de conforto, segurança e eficácia".

A ergonomia é definida por A. LAVILLE (1977) como "o conjunto de

conhecimentos a respeito do desempenho do ser humano em atividade, afim

de aplicá-los á concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos

sistemas de produção". Distingue-se, habitualmente, segundo este autor, dois

tipos de ergonomia: ergonomia de correção e ergonomia de concepção. A

primeira procura melhorar as condições de trabalho existentes e é,

frequentemente, parcial e de eficácia limitada. A Segunda, ao contrário, tende a

introduzir os conhecimentos sobre o ser humano desde o projeto do posto, do

instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção.

De acordo com HENDRICK (1994), a ergonomia, em termos de sua

tecnologia singular, pode ser definida como "o desenvolvimento e aplicação da

tecnologia de interface do sistema ser humano-máquina. Ao nível micro, isso

inclui a tecnologia de interface ser humano-máquina, ou ergonomia de

hardware; tecnologia de interface ser humano-ambiente, ou ergonomia

ambiental, e tecnologia de interface usuário-sistema, ou ergonomia de software

(também relatada como ergonomia cognitiva porque trata como as pessoas

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conceitualizam e processam a informação). Num nível macro temos a

tecnologia de interface organizacão-máquina, ou macroergonomia, que tem

sido definida como uma abordagem top-dow do sistema sócio-técnico".

IIDA (1993) define a ergonomia como "o estudo da adaptação do

trabalho ao ser humano". Neste contexto, o autor alerta para a importância de

se considerar além das máquinas e equipamentos utilizados para transformar

os materiais, também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o

ser humano e o seu trabalho, ou seja, não apenas o ambiente físico, mas

também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e

controlado para produzir os resultados desejados.

A Ergonomics Research Society do Reino Unido, define ergonomia

como "o estudo do relacionamento entre o ser humano o seu trabalho,

equipamento e ambiente, e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de

anatomia, fisiologia e psicologia, na solução de problemas surgidos neste

relacionamento".

A International Ergonomics Association (IEA), define ergonomia como "o

estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços

de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de diversas

disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro

de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação ao

homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida".

E, finalmente, a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), define

ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho às características

fisiológicas e psicológicas do ser humano".

Para WISNER (1987), a ergonomia se baseia, essencialmente, em

conhecimentos no campo das ciências do ser humano (antropometria,

fisiologia, psicologia, uma pequena parte da sociologia), mas constitui uma

parte da arte do engenheiro, à medida que seu resultado se traduz no

dispositivo técnico. O mesmo autor coloca que, embora os contornos da prática

ergonômica variem entre países e até entre grupos de pesquisa, quatro

aspectos são constantes, quais sejam:

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A utilização de dados científicos sobre o ser humano;

A origem multidisciplinar desses dados;

A aplicação sobre o dispositivo técnico e, de modo complementar,

sobre a organização do trabalho e a formação;

A perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população

normal dos trabalhadores disponíveis, por suas capacidades e

limites, sem implicar a ênfase numa rigorosa seleção.

Segundo SANTOS e ZAMBERLAN (1992), a "ergonomia tem como

finalidade conceber e/ou transformar o trabalho de maneira a manter a

integridade da saúde dos operadores e atingir objetivos econômicos. Os

ergonomistas são profissionais que têm conhecimento sobre o funcionamento

humano e estão prontos a atuar nos processos projetuais de situações de

trabalho, interagindo na definição da organização do trabalho, nas modalidades

de seleção e treinamento, na definição do mobiliário e ambiente físico de

trabalho".

Conforme MINICUCCI (1992), a "ergonomia reúne conhecimentos

relativos ao ser humano e necessários á concepção de instrumentos, máquinas

e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança

e eficiência ao trabalhador. A mesma trabalha essencialmente com duas

ciências : a Psicologia e a Fisiologia, buscando também auxílio na Antropologia

e na Sociologia".

A ergonomia, entre outros assuntos, procura estudar:

As características materiais do trabalho, como o peso dos

instrumentos, a resistência dos comandos, a dimensão do posto

de trabalho;

O meio ambiente físico (o ruído, iluminação, vibrações, ambiente

térmico);

A duração da tarefa, os horários, as pausas no trabalho;

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O modelo de treinamento e aprendizagem.

As lideranças e ordens dadas.

Além disso, a ergonomia procura realizar diversos tipos de análises:

Análises das atividades físicas e cognitivas de trabalho;

Análise das informações;

Análise do processo de tratamento das informações.

Ela foge da linguagem simples das aptidões que define apenas as

qualidades exigidas do operador para a execução do trabalho, procurando

informações mais amplas a respeito das condições materiais necessárias para

executá-lo. Leva em conta termos como: esforço, julgamento, atenção,

concentração, percepção, motivação que o psicólogo, ás vezes, não leva em

consideração, orientando-se apenas no sentido da seleção.

Uma ampla definição é dada por VIDAL et al. (1993), segundo a qual a

"ergonomia tem como objeto teórico a atividade de trabalho, como disciplinas

fundamentais a fisiologia do trabalho, a antropologia cognitiva e a psicologia

dinâmica, como fundamento metodológico a análise do trabalho, como

programa tecnológico a concepção dos componentes materiais, lógicos e

organizacionais de situações de trabalho adequadas às pessoas e aos

coletivos de trabalho. Tem ainda como meta de base a discussão e

interpretação sobre as interações entre ergonomistas e os demais atores

sociais envolvidos na produção e no processo de concepção, buscando

entender o lugar do ergonomista nestas ações, assim como formar seus

princípios deontológicos".

Para o Instituto de Ergonomia da General Motors - Espanha, a

ergonomia é definida "como uma metodologia multidisciplinar que tem como

objetivo a adaptação da técnica e as tarefas ao ser humano. Desta adaptação,

ha de derivar-se em um menor risco no trabalho, maior conforto no posto de

trabalho, assim como um enriquecimento dos conteúdos dos mesmos. Todos

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estos aspetos são compatíveis com uma melhor produtividade, através, entre

outros, da otimização dos esforços e movimento no desenvolvimento das

tarefas, de uma diminuição da probabilidade de erros, da melhora das

condições de trabalho".

Pode-se constatar, em todos os conceitos formulados, que a ergonomia

está preocupada com os aspectos humanos do trabalho, em qualquer situação

onde este é realizado e, desta maneira, ela busca não apenas evitar aos

trabalhadores postos de trabalhos fatigantes e/ou perigosos, mas procura

colocá-los nas melhores condições de trabalho possíveis, de forma a aumentar

a eficácia do sistema de produção.

A ergonomia tem sua base centrada no ser humano e esta

antropocentricidade pode resgatar o respeito ao ser humano no trabalho, de

forma a se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas sobretudo

uma melhor qualidade de vida no trabalho.

As diferentes abordagens em ergonomia

MARCELIN e FERREIRA (1982), comentam que a maioria dos

conhecimentos utilizados pela ergonomia não são próprios dela, mas

"emprestados" de outras disciplinas, particularmente da fisiologia e da

psicologia do trabalho. A organização e a utilização desses conhecimentos. em

uma determinada situação de trabalho, ou seja, a metodologia empregada,

esta sim, é própria da ergonomia. A. WISNER (op. cit.), considera mesmo, ser

a metodologia o domínio preferencial das pesquisas em ergonomia.

Uma das metodologias mais utilizadas na atualidade, em especial nas

escolas de linha francesa, é a de Análise Ergonômica do Trabalho - AET, que

procura estudar o trabalho não só na sua dimensão explícita (tarefa), conforme

definido pela engenharia de métodos, mas, sobretudo, na sua dimensão

implícita (atividades), característica do conhecimento tácito do pessoal de nível

operacional.

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A prática da ergonomia, segundo SANTOS e FIALHO (1995), "consiste

em emitir juízos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas

ser humano(s)-tarefa(s). Como tais sistemas normalmente são complexos,

envolvendo expectativas relativamente numerosas, procura-se facilitar a

avaliação sobre o desempenho global apoiando-se no princípio da

análise/síntese".

Atualmente, dentro da ergonomia estuda-se também a macroergonomia,

que surgiu a partir dos estudos de HENDRICK (1994). Segundo este autor, a

ergonomia está na sua terceira geração:

A primeira geração concentrou-se no projeto de trabalhos específicos,

interfaces ser humano-máquinas, incluindo controles, painéis, arranjo do

espaço e ambientes de trabalho. A maioria das pesquisas referia-se à

antropometria e a outras características físicas do ser humano. Esta aplicação

continua a ser um aspecto extremamente importante para a prática da

ergonomia em termos de contribuições para a segurança industrial e para a

melhoria geral da qualidade de vida.

A segunda geração da ergonomia se inicia com à ênfase na natureza

cognitiva do trabalho. Tal ocorreu em função das inovações tecnológicas e, em

particular, do desenvolvimento de sistemas informatizados (ergonomia de

software).

A terceira geração da ergonomia resulta do aumento progressivo da

automação de sistemas em fábricas e escritórios, do surgimento da robótica.

Esta geração da ergonomia privilegia a macroergonomia ou seja a organização

global em termos de máquina/sistema, e se concentra no desenvolvimento

para auxiliar os controladores de processo a decidir sobre a adoção de cursos

de ação que atendam aos múltiplos objetivos do mesmo.

Segundo MESHKATI (1993), a macroergonomia consiste na "análise

das interfaces tecnologia-organização-ser humano e das interações cultura-

gerenciamento-tecnologia", ou "o estudo dos fatores humanos num nível macro

ou num sistema pessoas-tecnologia mais abrangente, que está relacionado

com as interações entre (sub-) sistemas tecnológicos e (sub-) sistemas

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ERGONOMIA

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organizacionais, gerenciais, pessoais e culturais".

Para BROWN JR (1990), "a macroergonomia entende as organizações

como sistemas sócio-técnicos e incorpora conceitos e procedimentos da teoria

dos sistemas sócio-técnicos ao campo da ergonomia".

A macroergonomia, portanto, entendendo as organizações como

sistemas abertos, em permanente interação com o ambiente e, evidentemente,

passando por processos de adaptação e, ao mesmo tempo, passíveis de

apresentar disfunções organizacionais, que se refletem nas suas performances

e muito particularmente, no subsistema social, através da metodologia própria

da ergonomia - a análise ergonômica do trabalho - desenvolve a análise do

trabalho, e promove o tratamento da interface MÁQUINA - SER HUMANO -

ORGANIZAÇÃO.

Da mesma forma, WISNER (1982), propõe uma abordagem mais ampla

da ergonomia, designada antropotecnologia, quando do processo de

transferência de tecnologia, de um país para outro, de uma região para outra

de um mesmo país, ou também, de um laboratório de pesquisa para o setor

empresarial. Segundo este autor, além das considerações ergonômicas

tradicionais, é necessário, também, levar em consideração os aspectos de

natureza contingencial: cultura, geografia, aspectos sócio-econômicos, clima,

etc.

Em sua evolução conceitual, verifica-se que a ergonomia, hoje, se

constitui numa ferramenta de gestão empresarial. De nada adianta a

certificação de qualidade de processos e produtos, se não se consegue

certificar sentimentos, crenças, hábitos, costumes, isto é, certificar o ser

humano. Uma das formas de compatibilizar os sistemas técnico e social, é

evidentemente, o que preceitua a ergonomia : a visão antropocêntrica.

O centro das atenções no ser humano, isto é, a antropocentricidade da

ergonomia, favorece não só mudanças organizacionais, como também

alavanca mudanças no conceito de produtividade, este sendo visto à partir da

qualidade de vida no trabalho, observando, dentre outros parâmetros : a

participação do trabalhador, a liberdade para a criação e a valorização do saber

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ERGONOMIA

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fazer, isto é, do conhecimento tácito.

Neste sentido, então, pode-se classificar a ergonomia de três maneiras:

Quanto a abrangência:

a) Ergonomia de Posto de Trabalho: abordagem

microergonômica;

b) Ergonomia de Sistemas de Produção: abordagem

macroergonômica.

Quanto a contribuição:

a) Ergonomia de Concepção: é a aplicação de normas e

especificações ergonômicas em projeto de ferramentas e

postos de trabalho, antes de sua implantação;

b) Ergonomia de Correção: é a modificações de situações de

trabalho já existentes. Portanto, o estudo ergonômico só é

feito após a implantação do posto de trabalho;

c) Ergonomia de Arranjo Físico: é a melhoria de sequências e

fluxos de produção, através da mudança de leiaute das

plantas industriais (por exemplo: mudança de um leiaute

por processo para um leiaute por produto);

d) Ergonomia de Conscientização: é a capacitação das

pessoas nos métodos e técnicas de análise ergonômica do

trabalho.

Quanto a interdisciplinaridade:

a) Engenharia: é o projeto e a produção ergonomicamente

corretos, garantindo a segurança, a saúde e a eficácia do

ser humano no trabalho;

b) Design: é a aplicação das normas e especificações

ergonômicas no projeto e design de produtos;

c) Psicologia: recrutamento, treinamento e motivação do

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pessoal;

d) Medicina e Enfermagem do Trabalho: é a prevenção de

acidentes e de doenças do trabalho;

e) Administração: gestão de recursos humanos, projetos e

mudanças organizacionais.

Os diferentes tipos de ergonomia

Na aplicação prática, várias têm sido as designações dadas a

ergonomia. Sem procurar estabelecer uma tipologia ergonômica,

apresentaremos a seguir uma categorização definida a partir das diferentes

designações encontradas na literatura:

Ergonomia de projeto: é a incorporação de recomendações

ergonômicas no estágio inicial do projeto de postos de trabalho;

Ergonomia industrial: é a correção ergonômica de situações de

trabalho industrial já implantadas;

Ergonomia do produto: é a concepção de um determinado objeto,

a partir das normas e especificações ergonômicas, definidas

preliminarmente.

Ergonomia da produção: é a ergonomia de chão de fábrica,

baseada na análise ergonômica dos diversos postos de trabalho.

Ergonomia de laboratório: é a pesquisa em ergonomia, realizada

em condições controladas de laboratório. Alguns autores, como

MONTMOLLIN, afirmam que não se trata verdadeiramente de

uma pesquisa ergonômica, pois ela não é realizada em situação

real de trabalho.

Ergonomia de campo: é a pesquisa em ergonomia, realizada em

situação real, utilizando-se como metodologia a análise

ergonômica do trabalho.

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A abordagem sistêmica em ergonomia

Teoria de sistemas

A teoria de sistemas foi elaborada pelo biólogo alemão LUDWIG VON

BERTALANFFY, no final da década de 40. Ela partia de três premissas

básicas:

1. Os sistemas existem dentro de outros sistemas;

2. Os sistemas são abertos;

3. As funções de um sistema dependem de sua estrutura.

A partir destas premissas, foram estabelecidos os pressupostos básicos

desta teoria:

Existe uma nítida tendência para a integração nas várias ciências

naturais e sociais;

Essa integração parece orientar-se no sentido de uma teoria de

sistemas; essa teoria de sistemas pode ser uma abordagem mais

abrangente de estudar os campos não-físicos do conhecimento

científico;

Essa teoria de sistemas aproxima-nos do objetivo da unidade

científica;

Os pressupostos anteriores podem promover a necessária integração na

educação científica.

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Conceitos fundamentais da teoria de sistema

1) Cibernética:

Cibernética é a ciência da comunicação e do controle, seja dos seres

vivos naturais (homem), seja dos seres artificiais (máquina). A comunicação

configura a interação existente entre o emissor e o receptor, enquanto que o

controle configura a regulação existente, isto é, a retroação. Segundo

BERTALANFFY (1975), "cibernética é uma teoria dos sistemas de controle

baseada na comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o

meio ambiente, e dentro do próprio sistema, e do controle (retroação) da

função dos sistemas com respeito ao ambiente". O campo de estudo da

cibernética são os sistemas.

2) Conceito de Sistema:

BERTALANFFY (ibidem) define "sistema como um conjunto de unidades

reciprocamente relacionadas". Desta definição decorrem dois conceitos:

Objetivo do sistema: as unidades, bem como os relacionamentos,

definem um arranjo que visa sempre um objetivo.

Globalidade do sistema: o sistema sempre reagirá globalmente a

qualquer estímulo produzido em quaisquer das suas unidades. Isto é, há uma

relação de causa-efeito entre as diferentes partes de um sistema.

A definição de um sistema depende da focalização à ele dada, pelo

sujeito que pretenda analisá-lo. Uma determinada situação de trabalho pode

ser:

Um sistema;

Um sub-sistema;

Um super-sistema.

Pode-se definir, então, sistema como um conjunto de componentes

(partes ou órgãos do sistema), dinamicamente interrelacionados entre si em

uma rede de comunicações (em decorrência da interação dos diversos

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componentes), formando uma atividade (comportamento ou processamento do

sistema), para atingir um determinado objetivo (finalidade do sistema), agindo

sobre sinais, energias e materiais (insumos ou entradas a serem processadas

pelo sistema), para fornecer informações, energias ou produtos (saídas do

sistema).

3) Conceito de Entrada (input):

Entrada é o que o sistema importa do meio ambiente para ser

processado. Podem ser:

Dados: permitem planejar e programar o comportamento do

sistema;

energias de entrada: permitem movimentar e dinamizar o sistema;

Materiais: são os recursos a serem utilizados pelo sistema para

produzir a saída.

4) Conceito de Saída (output):

Saída é o resultado final do processamento de um sistema. Podem ser:

Informações: são os dados tratados pelo sistema;

Energias de saída: é a energia processada pelo sistema;

Produtos: são os objetivos do sistema (bens, serviços, lucros,

resíduos,...)

5) Conceito de caixa-preta (black box):

Um sistema cujo interior não pode ser desvendado é denominado de

caixa preta. Esses sistemas podem ser:

Hipercomplexos;

Impenetráveis.

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6) Conceito de Retroação (feedback):

A retroação é um mecanismo de comunicação entre a saída e a entrada

do sistema. As principais funções da retroação são:

Controlar a saída do sistema;

Manter o equilíbrio do sistema;

manter a sobrevivência do sistema.

7) Conceito de Homeostasia:

A homeostasia, ou homeostase, é a capacidade que têm os sistemas de

manterem um equilíbrio dinâmico, entre suas diversas componentes ou partes,

por intermédio do mecanismo de retroação (auto-controle ou auto-regulação).

Os sistemas homeostáticos tendem ao progresso, ao desenvolvimento.

8) Conceito de Redundância:

A redundância é a quantidade de informação excedente, correspondente

aos sinais, cuja ocorrência pode ser prevista a partir de outros sinais.

9) Conceito de Entropia:

O conceito de entropia vem da segunda lei da termodinâmica, segundo a

qual "um sistema termodinâmico que não troca energias com o meio ambiente

externo tende a entropia, isto é, tende à degradação, à desintegração e, enfim,

ao desaparecimento".

10) Conceito de Informática:

A informática é a parte da cibernética que permite o tratamento racional

e sistemático da informação por meios totalmente automáticos.

11) Conceito de Sistema Total:

O sistema total é aquele representado por todas as unidades e relações

necessárias e suficientes para alcançar um determinado objetivo pré-fixado. O

objetivo de um sistema total define a realidade para a qual foram ordenadas

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todas as unidades e relações do sistema, enquanto as suas restrições são as

limitações introduzidas em sua operação, definindo assim as fronteiras do

sistema e as condições dentro das quais o mesmo irá operar. Os sistemas

podem operar, simultaneamente, em série ou em paralelo. Os sistemas

existem em um meio ambiente e são por ele condicionados.

12) Conceito de Meio Ambiente:

Meio ambiente é o conjunto de todos os objetivos que, dentro de um

limite específico, possam ter alguma influência sobre a operação do sistema.

As fronteiras de um sistema são as condições ambientais dentro das quais o

sistema deve operar.

Sistemas Ser Humano (s) - Máquina (s)

Um sistema SHM é um conjunto de postos de trabalho, articulados entre

si. Pode-se estabelecer, de forma arbitrária, três estágios da evolução dos

sistemas homens - máquinas:

Estágio da ferramenta: neste estágio a percepção das

informações e as respostas dadas pelo ser humano são diretas. É

o estágio do desenvolvimento tecnológico da ferramenta. As

atividades de trabalho do ser humano consistem basicamente na

manipulação de ferramentas, concebidas para ampliar suas

capacidades ou reduzir suas limitações.

Estágio da mecanização: neste estágio a percepção e as

respostas são indiretas. É o estágio do desenvolvimento

tecnológico industrial da mecanização, baseadas nas tecnologias

mecânicas, a partir da máquina à vapor de WATT. As atividades

de trabalho do ser humano, consistem basicamente no comando

e no controle de máquinas e sistemas industriais de produção,

através de um dispositivo de comando e de um dispositivo de

controle.

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Estágio da automação: neste estágio a percepção e o diagnóstico

são apoiados por um SAD. É o estágio do desenvolvimento

tecnológico da automação industrial, baseado nas tecnologias

microeletrônicas, a partir de microprocessadores. As atividades

de trabalho do ser humano, consistem basicamente na supervisão

e diagnóstico de máquinas e sistemas de produção programáveis,

através de sistemas de controle e comando.

Sistemas Ser Humano – Tarefas

São mais ricos do que os sistemas ser humano – máquinas,

anteriormente apresentados. De fato, as tarefas compreendem não só as

condições técnicas de trabalho, mas, também, as condições ambientais e

organizacionais do trabalho.

Segundo POYET ( ), em uma determinada situação de trabalho, sempre

pode-se identificar três tipos de tarefa, mais ou menos formalizados:

Tarefa prescrita;

Tarefa induzida ou redefinida;

Tarefa atualizada.

O primeiro passo na análise de um sistema ser humano – tarefa é a

delimitação deste sistema que pode ser estruturada nos seguintes passos:

Definição da missão do sistema;

Definição do perfil do sistema;

Identificação e descrição das funções do sistema e subsistemas;

estabelecimento de normas;

Atribuições de funções aos operadores e às máquinas.

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Qualquer que seja o sistema ser humano – tarefa a ser analisado, de um

simples posto de trabalho a um complexo sistema de produção, funciona

segundo quatro funções básicas, cada uma fornecendo normas de produção:

Funções do sistema geral: normas de ação, intervenção corretiva

ou de retificação;

Funções do sistema de produção considerado: normas de

rendimento, de tempo e de qualidade do trabalho;

Funções dos subsistemas entradas e saídas: normas de arranjo

físico do posto de trabalho;

Funções das relações e conexões do sistema de produção:

normas de bom funcionamento hierárquico e funcional.

O segundo passo na análise do sistema ser humano – tarefa é a

descrição dos componentes deste sistema, isto é, a identificação das

exigências da tarefa, em termos técnicos, ambientais e organizacionais. Esta

descrição permite o levantamento de uma série de dados a respeito da

situação de trabalho considerada:

Dados referentes aos operadores, informações e ações de

trabalho;

Dados referentes às máquinas, controles e comandos, entradas e

saídas;

Dados referentes às condições técnicas de trabalho;

Dados referentes às condições ambientais de trabalho;

Dados referentes às condições organizacionais de trabalho.

Esta descrição do sistema ser humano – máquina permite, finalmente:

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Precisar o tipo de intervenção ergonômica e as diversas áreas

envolvidas;

Identificar os grandes processos (os modos operativos);

Preparar planos de enquetes (questionários, protocolos verbais,

levantamentos posturais, etc.);

Diagnosticar disfunções ergonômicas evidentes.

Situação de Trabalho:

Do ponto de vista ergonômico, uma situação de trabalho é um sistema

complexo, dinamicamente interrelacionado, cujas entradas (as exigências

técnicas, ambientais e organizacionais de trabalho, caracterizadas na tarefa)

determinam os comportamentos do homem no trabalho (caracterizadas nas

atividades em termos de informações e ações) e, cujas saídas (os resultados

do trabalho em termos de produção e saúde), são as resultantes deste sistema.

Aplicações da ergonomia

A ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade

produtiva. Em princípio, sua maior aplicação se deu na agricultura, mineração

e, sobretudo, na indústria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada

no emergente setor de serviços e, também, na vida cotidiana das pessoas, nas

atividades domésticas e de lazer.

1) Ergonomia na indústria:

Melhoria das interfaces dos sistemas ser humanos-tarefas;

Melhoria das condições ambientais de trabalho;

Melhoria das condições organizacionais de trabalho.

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2) Ergonomia na agricultura e na mineração:

Melhoria do projeto de máquinas agrícolas e de mineração;

Melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem;

Estudos sobre os efeitos dos agrotóxicos.

3) Ergonomia no setor de serviços:

Melhoria do projeto de sistemas de informação (ergonomia da

informática);

Melhoria do projeto de sistemas complexos de controle (salas de

controle);

Desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio à decisão;

Estudos diversos sobre: hospitais, bancos, supermercados, etc.

4) Ergonomia na vida diária:

Consideração de recomendações ergonômicas na concepção de objetos

e equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano.

Disciplinas de base da ergonomia

O arcabouço teórico da ergonomia é baseado em diversas disciplinas

científicas, em particular da matemática, das ciências físicas, das ciências

biológicas e das ciências humanas.

Todavia, as três disciplinas que mais contribuíram para o

desenvolvimento científico da ergonomia foram a psicologia, a anatomia e a

fisiologia do trabalho.

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A figura acima mostra a origem da ergonomia, a partir do inter-

relacionamento entre os diversos campos de conhecimento e disciplinas

científicas envolvidas.

*Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAUOQAH/qualidade-vida,acesso:06 set 2011

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Abordagem TradicionalAbordagem Tradicional

ABORDAGEM TRADICIONAL

A Abordagem Tradicional da Ergonomia, baseia-se no estudo dos

movimentos corporais do ser humano, necessários para executar uma tarefa, e na

medida do tempo gasto em cada um desses movimentos;

A sequência dos movimentos necessários para executar a tarefa é

baseada em uma série de princípios de economia de movimentos, sendo que o

melhor método é escolhido pelo critério do menor tempo gasto;

O desenvolvimento do melhor método é feito geralmente em laboratório de

engenharia de métodos, onde os diversos dispositivos, materiais e ferramentas,

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61

são colocados em posições mais convenientes, baseados em critérios empíricos

e em experiências pessoais dos próprios analistas de métodos.

Abordagem Ergonômica

Delimitar o objeto de estudo a um aspecto da situação de trabalho:

Decomposição em um sistema humano-tarefa;

Abordagem globalizante que impõe uma recomposição da situação

de trabalho;

Este processo de decomposição/recomposição é a base da metodologia

proposta.

Análise Ergonômica do Trabalho

Conhecimentos sobre o comportamento do ser humano em atividade

de trabalho;

Discussão dos objetivos do estudo com o conjunto das pessoas

envolvidas;

Aceitação das pessoas que ocupam o posto a ser analisado;

Esclarecimento das responsabilidades.

Levantamento de dados:

Consiste na pesquisa de variáveis relacionadas as atividades

desenvolvidas pelo ser humano, na realização de uma determinada tarefa;

Os dados obtidos podem ser subdivididos em duas categorias:

Os específicos da fase estudada

Os relacionados as fases precedentes

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FUNDAMENTOS CONCEITUAIS:

Tarefa é aquilo que a organização do trabalho estabelece ou

prescreve para o trabalho a ser realizado.

Atividade é aquilo que o sujeito realmente faz para atingir os

objetivos prescritos.

O estudo ergonômico do posto de trabalho comporta três fases:

Análise da demanda: é a definição do problema a ser estudado, a

partir do ponto de vista dos diversos atores sociais envolvidos;

Análise da tarefa: análise das condições ambientais, técnicas e

organizacionais de trabalho;

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Análise das atividades: análise dos comportamentos do ser

humano no trabalho (gestuais, informacionais, regulatórios e

cognitivos).

Análise Ergonômica da Demanda

É o ponto de partida de toda análise ergonômica do trabalho;

Permite delimitar o (s) problema (s) a ser abordado em uma análise

ergonômica;

Permite a definição de um contrato e delimitação da intervenção

(prazos, custos, acesso às diversas áreas da empresa, informações

e pessoas);

Permite a definição de um plano de intervenção

Análise Ergonômica do Trabalho

Hipóteses em Ergonomia:

Podem ser formuladas a partir da análise da demanda;

Ao nível global da situação de trabalho;

Ao nível dos componentes do sistema humano-tarefa considerado;

De fato, elas orientam o planejamento da AET.

Análise Ergonômica da Tarefa

As técnicas empregadas na análise ergonômica da tarefa, baseiam-se na

análise de documentos, em observações sistemáticas, entrevistas com as

diversas pessoas envolvidas (direção, gerentes, supervisores e trabalhadores) e

nas medidas realizadas sobre o ambiente de trabalho.

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Técnicas de Análise da Tarefa

Níveis de tarefa (segundo Poyet, 1990):

Tarefa prescrita: É o conjunto de objetivos, procedimentos, métodos e

meios de trabalho, fixados pela a organização aos trabalhadores.

Tarefa induzida ou Redefinida: É a representação que o trabalhador

elabora da tarefa, a partir dos conhecimentos que ele possui das diversas

componentes do sistema homem-tarefa.

Tarefa atualizada: Em função dos imprevistos e das condicionantes da

situação de trabalho, o indivíduo modifica a tarefa induzida às especificidades

desta situação, atualizando, assim, a sua representação mental referente ao que

deveria ser feito.

Delimitação do sistema ser humano-tarefa:

Definição da missão do sistema;

Definição do perfil do sistema;

Identificação e descrição das funções do sistema e subsistemas;

Estabelecimento de normas;

Atribuição de funções aos humanos e às máquinas.

Descrição das componentes do sistema humano- tarefa:

Precisar o tipo de intervenção ergonômica e as diversas áreas

envolvidas;

Identificar os grandes processos (os modos operativos);

Preparar planos de enquete (questionários, protocolos verbais,

levantamentos posturais, etc.);

Diagnosticar disfunções evidentes

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Dados referentes ao ser humano:

Trabalhador que intervém no posto e

seu papel no sistema de produção;

Formação e qualificação profissional;

Número de trabalhadores trabalhando

simultaneamente sobre cada posto e regras de divisão de tarefas

(quem faz o que?);

Número de trabalhadores trabalhando sucessivamente sobre cada

posto e regras de sucessão (horários, modos de alternância de

equipes);

Características da população: idade, sexo, forma de admissão,

remuneração, estabilidade no posto e na empresa, absenteísmo,

turn-over, sindicalização,...

Dados referentes às condições técnicas-máquina:

Estrutura geral da máquina (ou das máquinas);

Dimensões características (croqui, foto, fluxo de produção);

Órgãos de comando da máquina;

Órgãos de controle da máquina;

Princípios de funcionamento da máquina (mecânico, elétrico,

hidráulico, pneumático, eletrônico,);

Problemas aparentes na máquina;

Aspectos críticos evidentes na máquina.

Dados referentes às condições ambientais:

O espaço e planos de

trabalho;

O ambiente térmico;

O ambiente acústico;

O ambiente luminoso;

O ambiente vibratório;

A qualidade do ar

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Dados referentes às condições organizacionais:

Repartição de funções entre os

diferentes postos;

O arranjo físico das máquinas e

sistemas de produção;

A estrutura das comunicações;

Os métodos e procedimentos de

trabalho;

As modalidades de execução do trabalho (horários, equipes,

normas de produção, modo de remuneração)

As modalidades de planificação e de tomada de decisão.

Considerações gerais sobre as atividades:

A atividade de trabalho

é a mobilização total do

indivíduo, em termos de

comportamentos, para

realizar uma tarefa que

é prescrita;

Trata-se, então, da mobilização das funções fisiológicas e

psicológicas de um determinado indivíduo, em um determinado

momento;

A parte observável da atividade (sensório-motora) pode ser

evidenciada pelo conjunto de ações de trabalho que caracteriza

os modos operativos; A parte não observável (mental) pode ser

caracterizada pelos processos cognitivos: sensação, percepção,

memorização, tratamento de informação e tomada de decisão.

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Hino do Estado do Ceará

Poesia de Thomaz LopesMúsica de Alberto NepomucenoTerra do sol, do amor, terra da luz!Soa o clarim que tua glória conta!Terra, o teu nome a fama aos céus remontaEm clarão que seduz!Nome que brilha esplêndido luzeiroNos fulvos braços de ouro do cruzeiro!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!Chuvas de prata rolem das estrelas...E despertando, deslumbrada, ao vê-lasRessoa a voz dos ninhos...Há de florar nas rosas e nos cravosRubros o sangue ardente dos escravos.Seja teu verbo a voz do coração,Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!Ruja teu peito em luta contra a morte,Acordando a amplidão.Peito que deu alívio a quem sofriaE foi o sol iluminando o dia!

Tua jangada afoita enfune o pano!Vento feliz conduza a vela ousada!Que importa que no seu barco seja um nadaNa vastidão do oceano,Se à proa vão heróis e marinheirosE vão no peito corações guerreiros?

Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!Porque esse chão que embebe a água dos riosHá de florar em meses, nos estiosE bosques, pelas águas!Selvas e rios, serras e florestasBrotem no solo em rumorosas festas!Abra-se ao vento o teu pendão natalSobre as revoltas águas dos teus mares!E desfraldado diga aos céus e aos maresA vitória imortal!Que foi de sangue, em guerras leais e francas,E foi na paz da cor das hóstias brancas!

Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forte,Em teu seio, ó liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, ó Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra, mais garrida,Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;"Nossos bosques têm mais vida","Nossa vida" no teu seio "mais amores."

Ó Pátria amada,Idolatrada,Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro dessa flâmula- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Ó Pátria amada!Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada, Brasil!

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