PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de...

31
o PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar - Artur Semedo “Não me zango com este futebol medíocre” Centrais Pág. 4 e 6

Transcript of PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de...

Page 1: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

o

PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar

- Artur Semedo

“Não me zango com este futebol medíocre”

Centrais

Pág. 4 e 6

Page 2: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA2 Savana 28-04-2017

São as mais barulhentas

eleições de sempre na

história da Confederação

das Associações Econó-

micas de Moçambique (CTA). O

actual Conselho Directivo (CD),

de que Agostinho Vuma actual-

mente faz parte, é que escolheu a

Comissão Eleitoral (CE), a mes-

ma que, na última segunda-feira,

chumbou a candidatura de Ques-

sanias Matsombe. Os apoiantes

de Matsombe acusam Vuma de

manipular o processo, o que é ne-

gado pelo actual vice-presidente

da organização em declarações ao

SAVANA.

Desde que foi anunciado o processo

eleitoral para a sucessão de Rogério

Manuel na presidência da CTA,

iniciou-se uma forte campanha de

assassinato de carácter contra o úni-

co adversário de Vuma. Em textos

que se confundem com expedientes

de natureza propagandística, servi-

dos nas redes sociais e em alguma

imprensa, Quessanias Matsombe

chegou a ser catalogado como “bur-

lador” e “mentiroso” e, como tal, o

candidato que não merece ser pre-

sidente da CTA.

O que parecia uma luta de jornais e

redes sociais terminou com a repro-

vação da candidatura de Quessanias

pela CE da CTA por alegada falta

de requisitos, vícios e tentativas de

fraude.

“É considerada e aprovada para as

eleições da CTA, previstas para o

próximo dia 4 de Maio, a lista úni-

ca da Federação Moçambicana de

Empreiteiros (suporte de Vuma)”,

disse, em conferência de imprensa,

esta segunda-feira, Pedro Baltazar,

presidente da CE.

Pedro Baltazar explicou que, após

receber as candidaturas dos respec-

tivos mandatários a 19 de Abril, os

mesmos foram analisados. Fez notar

que, neste dia (19 de Abril), Keko-

bad Patel, mandatário de Ques-

sanias Matsombe, não apresentou

nenhuma carta de suporte. Alegou,

Patel, segundo Baltazar, que pos-

suía todas as cartas, porém havia se

esquecido. Patel entregou as cartas

requeridas no dia seguinte. 

Segundo Baltazar, como manda o

regulamento, os dois mandatários

foram integrados na CE para a aná-

lise dos documentos. Explicou que

das 10 cartas de suporte de candida-

tura de Matsombe, que representa a

Federação Moçambicana de Turis-

mo e Hotelaria (FEMOTUR), ape-

nas duas foram validadas e aceites.

Oito restantes cartas foram rejeita-

das, por, segundo Baltazar, apresen-

tarem irregularidades.

O CE argumentou que três das car-

tas invalidadas pertenciam ao mes-

mo associado, com cabeçalhos, datas

e assinaturas diferentes, emanadas

por três órgãos da mesma pessoa

colectiva.

“É uma clara intenção premeditada,

deliberada e intencional de tentati-

Eleições mais barulhentas de sempre na casa dos empresários

va de fraude, na convicção de que

os membros da Comissão Eleitoral

não iriam julgar relevante a prática

desta ilicitude”, frisou Baltazar.

Pedro Baltazar disse igualmente

que os documentos de Agostinho

Vuma também continham irregu-

laridades. Das 24 cartas somente

oito foram validadas, as 16 restantes

estavam em situação irregular. Vic-

tor Miguel, mandatário de Vuma,

regularizou e procedeu à entrega de

três cartas, em substituição das que

foram anuladas. Ao todo, de acor-

do com Baltazar, a candidatura de

Vuma ficou com 11 cartas válidas.

Pedro Baltazar precisou ainda que a

candidatura de Matsombe ficou su-

portada apenas com sete cartas, não

reunindo o número de 10 exigidas.

O outro lado da históriaDe acordo com o Regulamento

Eleitoral da CTA, a CE é nomeada

pelo CD, o qual, conforme o dis-

posto no artigo 29º dos estatutos da

CTA, é composto por um presiden-

te e quatro vice-presidentes.

Entretanto, a equipa do candidato

Quessanias Matsombe diz não ha-

ver evidências de ter sido, formal-

mente, convocada uma sessão do

CD para a nomeação da CE.

“O que se sabe é que, na ausência

dos vice-presidentes Rogério Samo

Gudo e Rui Monteiro, o presiden-

te da CTA (Rogério Manuel) e os

vice-presidentes Agostinho Vuma e

Prakash Prehelad, reuniram e esco-

lheram, a dedo, as pessoas que de-

viam fazer parte da Comissão Elei-

toral”, apurou a equipa que suporta

a candidatura de Matsombe.

Mas o entendimento da candidatu-

ra de Quessanias Matsombe é que,

sendo o vice-presidente, Agostinho

Vuma, pessoa directamente inte-

ressada na corrida à presidência

da CTA, não poderia participar da

deliberação sobre a nomeação dos

membros da CE por evidente con-

flito de interesse.

Admitindo que Vuma não se fez

presente dessa reunião ou lhe foi

vedado o direito a voto favorável,

por conflitos de interesse, a equipa,

que inclui o advogado José Caldeira,

refere que, então, a constituição da

CE violou o n° 3 do Artigo 31, que

preconiza que o CD só pode delibe-

rar estando presente a maioria dos

seus membros.

“É nosso entender que a Comissão

Eleitoral foi constituída de forma

irregular e com o único propósito

de prejudicar a nossa candidatura,

pois não faz sentido que uma pes-

soa candidata a um cargo seja ela

própria a participar da eleição dos

membros da Comissão Eleitoral,

quando, agora se sabe, que os mem-

bros daquela sessão não o apoiam”,

refere um comunicado de imprensa

da equipa de Matsombe.

Numa conferência de imprensa, na

tarde desta quarta-feira, Quessanias

Matsombe denunciou ilegalidade

na prorrogação, pela CE, de 11 para

17 de Abril, do prazo para apresen-

tação de reclamações e para a regu-

larização de quotas, cujo pagamento

constitui um dos requisitos para

concorrer à presidência da CTA.

“Este acto não passa de uma usur-

pação de poderes, uma vez que

a Comissão Eleitoral tem como

mandato dirigir e supervisionar o

processo eleitoral, de acordo com o

regulamento e nos termos do calen-

dário eleitoral fixado e nunca alterar

as datas para a apresentação de can-

didaturas, fixação dos cadernos elei-

torais ou apresentação de reclama-

ções”, disse o candidato reprovado.

Explicou que, na hora, o mandatário

da sua candidatura, Kekobad Patel,

chamou atenção ao presidente da

CE, Pedro Baltazar, para o cum-

primento da circular emitida pelo

presidente de mesa da Assembleia

Geral da CTA, mas o presidente da

CE insistiu na necessidade de tais

alterações.

Para Quessanias, a prorrogação do

prazo pela CE, para a apresenta-

ção das reclamações e consequente

pagamento de quotas, não somen-

te constitui usurpação de poderes,

como também é ilegal.

Suportes recusadosCom as eleições já prorrogadas para

o dia 20, o mandatário submeteu a

candidatura no dia 19, tendo como

suporte a FEMOTUR, em repre-

sentação das 11 associações mem-

bros que, a 12 de Dezembro do ano

passado, deliberaram, em Assem-

bleia Geral, apoiar a candidatura

agora reprovada.

Embora a FEMOTUR represente

11 associações, a CE exigiu a Keko-

bad  Patel que, na sessão seguinte,

trouxesse cartas de suporte às can-

didaturas.

Foi assim que, no dia 20, Patel sub-

meteu 10 cartas de suporte, mas a

CE aceitou apenas dois e rejeitou

as restantes oito alegadamente por

serem cópias.

Na conferência de imprensa des-

ta semana, o candidato reprovado

anotou que, ao recusar as oito cartas

recebidas por scan, de associações

provinciais, a CE violou o n°2, do

Artigo 24, da Lei das Transacções

Electrónicas, aprovado pela Lei n°

3/2017, de 9 de Janeiro (que entrou

em vigor a 9 de Abril), segundo o

qual “toda a informação apresentada

sob a forma de mensagem electróni-

ca goza de forma probatória”.

Enquanto isso, a 21 de Abril, o

mandatário solicitou a validação de

uma dentre três cartas de suporte

da Associação dos Empreiteiros da

Província de Sofala (AECCOPS).

A equipa de Matsombe diz que

apresentou três cartas da mes-

ma associação, mas assinadas por

pessoas distintas, em virtude de a

AECCOPS ser membro da Fede-

ração Moçambicana de Empreitei-

ros (FME), dirigida pelo candidato

Agostinho Vuma. Assim, com as

três versões, se estava a tomar todas

as precauções para afastar qualquer

pretexto que levasse à reprovação de

apenas uma carta, sabendo-se que a

FME é que suporta a candidatura

de Vuma. Foi assim deixado ao cri-

tério da CE a escolha, dentre as três,

do exemplar que lhe parecesse mais

aceitável.

Mesmo assim, a CE chumbou a

candidatura e, para Matsombe, pe-

rante tamanha falta de imparciali-

dade, o presidente da Comissão, Pe-

dro Baltazar, referindo-se a este

caso, fez insinuações de tentati-

Máfia na CTA?

Da esquerda à direita: Kekobad Patel, Quessanias Matsombe e José Caldeira, na conferência de imprensa em que denunciaram irregularidades nas eleições da CTA

Agostinho Vuma

Page 3: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA 3Savana 28-04-2017 TEMA DA SEMANA

vas de fraude, falsificação, entre ou-

tras acusações contra o mandatário

Kekobad Patel.

Matsombe anota que, na mesma

sessão, o seu mandatário apresentou

mais quatro cartas de poio, vindas

da Associação Comercial de Cabo

Delgado, da “ACTIVA”, da Associa-

ção Comercial e Industrial da Zam-

bézia e da “ASTRA” de Nampula,

mas a da “ACTIVA” foi chumbada.

Patel terá pedido permissão para

apresentar, posteriormente, outras,

mas também lhe foi vedado.

Patel lembrou que a candidatura

que representava tinha suporte da

FEMOTUR, onde se acham fede-

radas 11 associações, das quais 10

constam do Caderno Eleitoral.

“Perante a recusa do mandatário

do candidato Agostinho Vuma, o

presidente da Comissão convidou a

todos para um intervalo de 10 mi-

nutos. Regressado do intervalo, o se-

gundo vogal, Sr. Paulino Cossa, dis-

se que a acta da Assembleia Geral

da FEMOTUR não devia ser con-

siderada, alegadamente, porque não

tinha sido autenticada. Argumenta

ainda o Sr. Paulino Cossa que a acta

arrolava cinco pontos da agenda,

mas só apresentava a deliberação

sobre um único ponto de agenda

que era o apoio da candidatura da

FEMOTUR à presidência da CTA,

facto que, segundo ele, não procedia

para os efeitos que se pretendia al-

cançar. Apenas isso”, explicou Mat-

sombe, que reparou que a acta não

devia mostrar o desenvolvimento

dos restantes pontos de agenda por

se tratar de questões internas da

FEMOTUR de cujo domínio não

deve ser público.

O candidato reprovado rebate a

CE da CTA, que arguiu que o Re-

gulamento exige que a candidatura

seja proposta por mais do que um

membro, isto é, por um grupo de

proponentes. Matsombe argumenta

que grupos de membros e grupos de

proponentes são realidades total-

mente diferentes, por isso, o apoio

da FEMOTUR, suportado pelas

11 associações federadas, já bastava

para validar a sua candidatura.

Refere ainda que, contrariamente ao

que resulta do regulamento eleitoral,

a CE, depois de analisar e deliberar

sobre as candidaturas, em nenhum

momento comunicou, por escrito,

ao mandatário Patel, a lista das irre-

gularidades que deveriam ser sana-

das no prazo legal de 48 horas.

“Preocupou-se, antes, nas reuniões

da Comissão Eleitoral, em justificar

as suas decisões, todas elas para in-

deferir todo e qualquer argumento

O candidato reprovado entende que a violação de diversas

normas e estatutos, desde o incumprimento de prazos e

procedimentos legais até à usurpação de competências,

é suficiente para suspender o acto eleitoral.

Por isso, Quessanias Matsombe promete recorrer a todos os

meios legais para restituir a legalidade do acto eleitoral na CTA.

Garantiu mesmo que as eleições não serão realizadas na próxima

quinta-feira, 4 de Maio, porque irá levar o caso ao Tribunal e

o seu grande advogado são os 75% das associações que disse o

apoiarem.

Quessanias, que actualmente é presidente do Conselho Fiscal da

CTA, lembrou que esta é a primeira vez na história da casa dos

empresários que há dois candidatos, por isso que há barulho.

Na verdade, todos os presidentes da CTA, que foram candidatos

únicos, vieram das fileiras da antiga direcção. Foi assim com Sali-

mo Abdula, o segundo presidente da CTA que veio do elenco do

primeiro presidente, Egas Massanhane e com Rogério Manuel,

que veio da direcção de Salimo Abdula. A história parece estar

para se repetir com Agostinho Vuma, aliado de Rogério Manuel,

que presidiu a CTA por seis anos, divididos por dois mandatos

de três anos cada.

“Antes era uma espécie de dinastias e nós queremos romper esse

ciclo de dinastias”, promete Quessanias. Para ele, o barulho à

volta das eleições deste ano, que disse constituírem um caso de

estudo, surge porque se sabe que os associados vão escolher o me-

lhor programa, sugerindo que Agostinho Vuma está por detrás de

todo o expediente iniciado nas redes sociais e na imprensa até à

reprovação da sua candidatura.

“Estou desiludido”

Kekobad  Patel, que participou na CE como mandatário de

Quessanias, denunciou divergências, em muitos aspectos, entre

o conteúdo das deliberações assinadas pelo presidente da CE

com o conteúdo das actas e questionou: “quem é o aldrabão neste

processo”. Esclareceu que o conteúdo da deliberação é obra dos

membros da CE nomeados pela direcção de Vuma, incluindo o

seu mandatário de candidatura.

Patel, que é um dos membros fundadores da CTA, diz estar desi-

ludido com o que está a acontecer na CTA.

Lembra que o nascimento da CTA, por volta de 1996/7, foi mar-

cado por muitas dificuldades, mas sempre pesou o interesse or-

ganizacional.

“A minha desilusão é que há candidatos com interesses pesso-

ais, mas sem interesse institucional”, desabafou, frisando que as

falhas do passado foram ultrapassadas porque havia interesse co-

lectivo pela CTA.

Romper dinastias na sucessão dos presidentes

que fosse apresentado pelo manda-

tário da nossa candidatura, factos

que indiciam, de forma clara, o in-

teresse da Comissão Eleitoral em

prejudicar esta candidatura”, conde-

na Matsombe, para quem, tendo em

conta o firme interesse de defender

o associativismo e a democracia nos

órgãos sociais da CTA, a Assembleia

Geral desta agremiação estabeleceu

o direito de suprir quaisquer irregu-

laridades, sendo que era da respon-

sabilidade da CE, de forma clara,

transparente e democrática, conce-

der o prazo regulamentar de 48 ho-

ras para a eliminação de eventuais

vícios.

Diz que nada disso foi feito porque

o interesse da CE era e é de permitir

que as eleições aos órgãos sociais da

CTA sejam ganhas pelo candidato

Agostinho Vuma.

Lamenta ainda que a CE tenha re-

cusado, ilegalmente, a recepção de

documentos, alegando estar fora do

horário.

Abordado pelo SAVANA, Agosti-

nho Vuma recusou estar a influen-

ciar o processo eleitoral. Lembrou

que não faz parte da CE e precisou

que esse é o órgão responsável pela

eleição e age em respeito aos instru-

mentos normativos da CTA. “Um

problema institucional não pode ser

personificado em Vuma”, rematou

Vuma.

Page 4: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA4 Savana 28-04-2017

inte e quatro horas depois

de um estranho assalto e

sabotagem a uma viatura

da Polícia da República de

Moçambique (PRM), que culmi-

nou com o resgate de dois perigosos

cadastrados por seus supostos com-

parsas, a Procuradoria Geral da Re-

pública (PGR) ordenou a revogação

da liberdade condicional e emitiu

um mandado de captura internacio-

nal contra o cidadão Momade Assif

Abdul Satar, mais conhecido por

Nini Satar.

Nini saiu em liberdade condicional

no dia 05 de Setembro de 2014, de-

pois de cumprir metade da pena de

24 anos, em conexão com o assassina-

to do jornalista Carlos Cardoso, em

Novembro de 2000.

Com o número 04/PGR/

GC/012.3/2017, o documento da

PGR, distribuído na noite desta

terça-feira, refere que cerca das 12:40

horas do dia 24 de Abril de 2017, um

grupo de quatro indivíduos, todos

encapuzados, fazendo-se transportar

numa viatura de marca Toyota Co-

rolla, modelo Runx, de cor cinzenta,

sem chapa de inscrição, seguindo da

Avenida Vladimir Lenine em direc-

ção à Av. 25 de Setembro, chegado

à rua de Ngungunhana, bloqueou a

viatura da PRM, que transportava

dois reclusos, onde se presume que

tenham efectuado mais de vinte tiros,

perfurando pneus da viatura celular

e de seguida resgatado os referidos

reclusos do seu interior, pondo-se de

seguida em fuga.

De acordo com o comunicado da

PGR, trata-se de José Ali Couti-

nho e Alfredo José Muchanga, que

se encontravam a cumprir penas de

prisão maior em conexão com crimes

hediondos no Estabelecimento Peni-

tenciário Especial de Máxima Segu-

rança, vulgo BO, junto às celas anexas

ao Comando da PRM da Cidade de

Maputo.

A PGR diz que a revogação da li-

berdade condicional e a consequente

ordem de captura de Nini Satar re-

sultam do facto deste ter violado, de

forma persistente, todas as injunções

impostas aquando da sua concessão,

principalmente no que se refere a não

se fazer acompanhar de pessoas de

má conduta e ao não cometimento de

outros crimes.

Na tarde desta terça-feira, Inácio

Dina, porta-voz do Comando Ge-

ral da PRM, disse à imprensa que

os dois reclusos foram resgatados

quando eram conduzidos à Primeira

Esquadra, na baixa da cidade capital,

onde seriam ouvidos pelas autorida-

des policiais.

Segundo Dina, trata-se de uma dupla

que era indiciada de sabotagem ao

sistema de segurança prisional, des-

truição do património prisional, pla-

nificação e preparação de fuga, bem

como a prática de actos de violência

contra os restantes reclusos.

Até ao fecho desta edição, a PRM

ainda não tinha pistas sobre o pa-

radeiro dos reclusos, mas, segundo

Inácio Dina, a corporação accionou

todos os meios operativos para a re-

captura dos fugitivos, bem como dos

responsáveis pelo resgate.

A par dos esforços da PRM visando

a captura dos fugitivos, também está

a PGR, que apelou à colaboração da

sociedade moçambicana na denúncia

de qualquer movimento dos mesmos.

No entanto, Nini Satar, um dos sujei-

tos a monte e procurado pela justiça,

contraria as autoridades e apresenta

outra versão.

Para Nini Satar, quer a PRM, bem

como a PGR sabem, perfeitamente,

que não se tratou de uma fuga, mas

sim de um assassinato.

Na sua página no facebook, Nini

Satar diz que os dois reclusos foram

retirados das celas para serem mortos.

Sustenta a sua tese, argumentando

que a PGR sabe que qualquer recluso

que sai das celas do Comando, sem-

pre está escoltado com mais de duas

ou três viaturas e, no caso em alusão,

toda a ordem foi invertida porque as

pessoas que tiraram José Ali Couti-

nho e o comparsa das celas tinham

intenção de matá-los. Acredita que

os dois reclusos morreram no local do

cerco da viatura da polícia, por terem

sido atingidos pelas balas disparadas

para o local onde estavam os supostos

foragidos.

Quem também duvida da versão po-

licial e estranha os moldes em que foi

executado o processo que culminou

com a imobilização da viatura policial

é o bastonário da Ordem os Advo-

gados, Flávio Menete, bem como do

antigo director da Polícia de Investi-

gação Criminal na cidade de Maputo,

António Frangoulis.

Em entrevista ao canal privado, STV,

Flávio Menete disse que há muita

coisa estranha neste processo, na me-

dida em que, se tratando de pessoas

condenadas e em cumprimento de

pena, num estabelecimento peniten-

ciário, qualquer interrogatório devia

ser no seu local de reclusão e median-

te autorização do juiz.

Menete duvida que tal procedimento

tenha sido observado.

Continua referindo que é também

estranha a argumentação da PRM de

que os dois reclusos iam ser ouvidos

numa esquadra por factos relaciona-

dos com práticas de algumas infrac-

ções dentro da prisão. No entender de

Menete, esse facto mostra a perigosi-

dade dos sujeitos, pelo que mereciam

fortes medidas de segurança, não se

percebendo as razões que levaram a

polícia a retirá-los duma cadeia de se-

gurança extrema para uma esquadra.

Menete questiona ainda o facto de

a PRM ter se encarregue de movi-

mentar reclusos dum estabelecimen-

to prisional para uma esquadra, en-

quanto essa tarefa é da competência

do Serviço Nacional Penitenciário

(SERNAP).

Para o bastonário da OAM, em con-

dições normais, as balas que foram

disparadas para a viatura policial

deviam ter sido direccionadas para

a zona que constituísse perigo, neste

caso agentes da polícia que escolta-

vam os reclusos e não para os com-

parsas que iam ser resgatados, mas foi

o contrário.

Terminou a sua explanação referindo

que foi a primeira vez que ouviu que

uma viatura de escolta com sirenes

parou num semáforo e deixou a via-

tura escoltada continuar sozinha.

Por seu turno, António Frangoulis é

da opinião de que os atacantes tive-

ram toda a informação sobre a ope-

ração, o que leva a crer que a infor-

mação saiu de dentro da corporação.

Para Frangoulis, outro espanto é a

qualidade das balas disparadas. Na

sua óptica, dificilmente um crimi-

noso gasta cerca de 20 balas numa

operação.

A PGR ordenou ainda uma investi-

gação para saber em que termos foi

engendrada a operação que culminou

com a fuga dos dois reclusos.

O SAVANA sabe que os três agen-

tes que se encontravam na viatura no

momento do resgate foram detidos.

No seu comunicado, a PGR diz que

Nini Satar formou uma organização

criminosa cujo propósito consistia

em raptar cidadãos moçambicanos

para posteriormente exigir avultadas

quantias em dinheiro.

Nini Satar nunca aceitou o crime,

porém, a realidade mostra um cenário

totalmente diferente.

A 06 de Fevereiro de 2012, um ano

depois de registo dos primeiros casos

de sequestros em Moçambique, o en-

tão director da Polícia de Investiga-

ção Criminal (PIC), Dias Balate, or-

denou a transferência de Nini Satar,

Vicente Ramaya e Ayob Satar da BO

para as celas do Comando da cidade.

Balate entendia que a onda de se-

questros que abalava o país era or-

questrada a partir da BO, com Nini

Satar na liderança.

Dois meses depois da sua transfe-

rência para as celas do Comando da

cidade, mais concretamente no dia 09

de Abril de 2012, Dias Balate orde-

nou a prisão de Danish Satar e Sheila

Adão Issufo, sobrinho e esposa de

Nini Satar. Na mesma altura, reco-

lheu aos calabouços a irmã de Nini

Satar, Rachida Satar, todos em cone-

xão com os raptos.

O trio veio a ser solto dias depois por

ordens do Tribunal que alegou insu-

ficiência de provas.

Ainda no mês de Abril de 2012, a

Polícia deteve os primeiros operativos

dos raptos. Trata-se de Hélder Nae-

ne, Bendene Chissano (Angolano),

Dominique Mendes, Luís Chitsotso,

Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso e

Joaquim Chitsotso.

A quadrilha indiciou, em sede de ins-

trução preparatória, Danish Satar, o

sobrinho de Nini Satar, como um dos

mandantes dos crimes de sequestros.

Dias depois da denúncia, Danish Sa-

tar fugiu de Moçambique, ignorando

ordens judiciais que o obrigavam a

permanecer no país, enquanto o pro-

cesso seguia seus trâmites legais.

Em Maio de 2012, a PGR termi-

nou a instrução preparatória contra

os arguidos Hélder Naene, Bendene

Chissano (Angolano), Dominique

Mendes, Luís António Chitsotso,

Albino Primeiro, Arsénio Chitsotso

e Joaquim Chitsotso.

Procurado pela justiçaNa investigação, a PGR encontrou

provas que indiciassem os sete réus

de prática de crimes de raptos. No

mesmo processo, com o número

16/2012/10 foi também acusado o

arguido Nini Satar.

O processo, que já tinha também

Nini Satar como arguido, foi encami-

nhado para a Décima Secção do Tri-

bunal Judicial da Cidade de Maputo

para o prosseguimento de trâmites

legais.

Porém, para o espanto e decepção do

Ministério Público, o juiz da causa,

Adérito Malhope, não pronunciou

Nini Satar do crime dos raptos.

É importante frisar que o juiz Adéri-

to Malhope foi o mesmo que assinou,

contra a vontade da PGR e da direc-

ção da cadeia, o pedido de liberdade

condicional a favor de Nini Satar,

dois anos depois de ter negado a sua

pronúncia no caso de sequestros.

Meses depois de o juiz Adérito Ma-

lhope salvá-lo dos raptos, Nini Satar

apareceu, publicamente, em activida-

des similares a de detectives privados,

e conduziu a polícia à identificação,

captura e abate de alguns raptores.

Na altura, Nini Satar referiu que in-

vestiu pouco mais de 200 mil meti-

cais na compra de informação, dentro

da cadeia, para auxiliar a polícia a

neutralizar os malfeitores.

Contudo, a 19 de Maio de 2014, em

entrevista ao jornal “Notícias”, o en-

tão Comandante Geral da Polícia,

Jorge Khalau, disse que Nini não

estava a ajudar a Polícia na identifi-

cação de raptores como tentava dar a

entender à sociedade.

De acordo com Khalau, Nini que-

ria tapar a cara às pessoas, fingindo

que não sabe de nada sobre os raptos.

Para o ex-comandante, Nini estava

sim por detrás de grande parte dos

raptos e a única verdade é que ele é

que era o verdadeiro patrão.

Jorge Khalau disse na altura que che-

gou a essa conclusão porque aqueles

que iam sendo neutralizados pela Po-

lícia é que revelavam que Nini é que é

o patrão dos raptos.

“A profissão de Nini é orientar o cri-

me organizado e, infelizmente, vai

tentando enganar a sociedade, di-

Por Raul Senda

Nini Satar, de liberdade condicional à foragido, PGR ordena mandado de busca e captura

Edith Antónia da Câmara, uma das acusadas pela morte do Procurador Vilanculos

Page 5: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA 5Savana 28-04-2017 TEMA DA SEMANAPUBLICIDADE

Page 6: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA6 Savana 28-04-2017

zendo que não sabe de nada ou que

tem estado a prestar colaboração na

identificação dos criminosos. É tudo

mentira. Ele é que comanda os rap-

tos. Grande parte dos raptores deti-

dos aponta o seu nome”, rebateu o

então Comandante-geral da Polícia.

Sobre os foragidos, a PGR diz que

José Ali Coutinho encontrava-se em

cumprimento de uma pena de 16 anos

de prisão maior pelo crime de roubo

concorrendo com cárcere privado no

processo n° 51/2009/7-C, do Tribu-

nal Judicial da Cidade de Maputo,

7ª secção criminal e, recentemente,

foi pronunciado pela autoria do cri-

me de homicídio qualificado contra

o Procurador Marcelino Vilanculos,

no âmbito do processo n° 59/2016,

do Tribunal Judicial da Província de

Maputo, 5ª secção criminal.

O mesmo é igualmente acusado, no

processo 35/PCM/2017, pela autoria

material do crime de rapto de dois ci-

dadãos e, ainda sobre ele, encontra-se

em instrução preparatória um outro

processo pelo seu envolvimento na

prática de crime de rapto, com o re-

gistado nº 1061-N-2017 e que corre

termos no SERNIC, da Província de

Maputo e sob a direcção do Ministé-

rio Público.

No âmbito da instrução dos referidos

processos, dentre os quais, o processo

número 131/PCM/17 e o processo

n.º 35/PCM/2017, confirmou-se que

Nini Satar formou aliança crimino-

sa com os reclusos José Ali Couti-

nho e Edith Antónia D`Compta da

Camara Cylindo, arguidos no pro-

cesso acima referido (processo 35/

PCM/2017) e já acusado.

Segundo a PGR, Edith Antónia

d`Compta da Câmara Cylindo foi

também acusada num outro proces-

so autónomo que ostenta número

2/2017, 5ª secção criminal, do Tri-

bunal Judicial da Província de Ma-

puto, por envolvimento no homicídio

qualificado do Procurador Marcelino

Vilanculos.

Edith da Câmara Cylindo, ora detida

nas celas da Cadeia Civil de Maputo,

manteve relações amorosas com Nini

Satar, no seu tempo de reclusão e, em

algum momento, serviu como ponta

de lança nos negócios de Nini Satar

no mundo externo.

o assassinato do procura-

Em Julho de 2016, a então PIC, ao

nível da província de Maputo, captu-

rou três indivíduos em conexão com

o assassinato do procurador Marceli-

no Vilanculos, ocorrido a 11 de Abril

de 2016, no município da Matola,

província de Maputo.

O grupo era constituído por perigo-

sos cadastrados e parte deles ligados

ao mundo de sequestros e em cum-

primento de penas de prisão maior

na BO.

Consta na acusação que o recluso

José Ali Coutinho foi contactado

através de exterior, para dirigir uma

operação cujo objectivo era silenciar

o magistrado.

Para tal, foram contratados Amad

António Mabunda e Abdul Afonso

Tembe, na altura em liberdade condi-

cional, para executar o crime.

Nos autos consta que, dias antes do

assassinato de Marcelino Vilanculos,

José Coutinho, que serviu de ponte

entre os executores e os mandantes,

manteve, com alguma frequência,

contactos telefónicos com o mundo

externo, até no estrangeiro.

Os telefonemas cessaram logo após a

materialização do crime.

Ora, Nini Satar, que já foi apelidado

como mandante dos raptos, reside no

exterior há mais de dois anos.

Segundo a acusação, no interrogató-

rio feito ao arguido José Ali Couti-

nho, este terá dito por diversas vezes

que a coragem que o magistrado ti-

nha na tomada de certas decisões, nos

processos sob sua direcção, devia ser

limitada e uma das formas era elimi-

ná-lo, fisicamente, para os restantes

procuradores terem lição.

Os três co-réus, em algum momento,

terão convivido com Nini Satar du-

rante a reclusão na BO.

À altura do seu assassinato, Vilan-

culos tinha sob sua direcção vários

“processos quentes” dentre eles os re-

lacionados com crimes de sequestros,

incluindo do suposto envolvimento

de Danish Satar, sobrinho de Nini

Satar.

O resgate de José Ali Coutinho, na

última segunda-feira, vem represen-

tar a segunda baixa no esclarecimen-

to da morte de Marcelino Vilanculos,

que já caminhava para a fase final

com a detenção, acusação e pronúncia

dos três executores.

O processo do assassinato de Mar-

celino Vilanculos já caminhava para

o julgamento e lá presumia-se que o

trio indicasse o verdadeiro mandante,

para além de desvendar outros crimes

movidos, a partir do exterior.

Antes da saída de José Coutinho, o

motorista da viatura que conduziu a

quadrilha e executor confesso, Abdul

Tembe, fugiu, em circunstâncias tam-

bém estranhas, das celas do Estabe-

lecimento Penitenciário da Província

de Maputo, ex-Cadeia Central, no

dia 24 de Outubro de 2016.

Antes da fuga de Abdul Tembe, as

direcções da Cadeia Central, bem

como da BO, violaram vários proce-

dimentos internos, bem como o regu-

lamento prisional.

A fuga de Abdul Afonso Tembe criou

um mal estar no seio da equipa dos

agentes dos Serviços de Investigação

Criminal (SERNIC) encarregues de

investigar o crime, juntamente com o

Ministério Público.

Sentindo que o seu esforço estava a

ser relegado para o segundo plano, os

agentes devolveram à PGR todos os

meios de auxílio à investigação mor-

mente, viaturas e telemóveis.

A reacção criou ira à procurado-

ra chefe da província de Maputo,

Evelina Gomane, que de imediato

ordenou a detenção do director do

Estabelecimento Penitenciário de

Maputo (ex-Cadeia Central da Ma-

chava), Castigo Machaieie, e mais

oito subordinados.

A prisão dos nove gestores do Esta-

belecimento Penitenciário de Mapu-

to (EPM) foi legalizada pelo juiz de

instrução e os detidos aguardam pe-

los procedimentos criminais nas celas

da Cadeia Civil.

Neste momento, o único acusado

que continua preso, é Amad António

Mabunda, o suposto atirador.

Depois de cumprir 13 anos, interca-

lados entre a BO e as celas do Co-

mando da Cidade, Nini Satar saiu do

país, há mais de dois anos, mediante

autorização do juiz Adérito Malho-

pe, supostamente, para tratamento

médico na Índia. Há muito que os 90

dias que tinha para permanecer fora

do país venceram, mas o homem que

indignou meio mundo ao tratar em

público dez mil dólares como “quan-

tias irrisórias”, continua em parte in-

certa.

Do exterior tem desafiado a tudo e

todos, incluindo o Estado moçambi-

cano, particularmente, a administra-

ção da justiça. A comunicação social

que expõe as suas conexões com o

mundo do crime também não escapa

das suas investidas. Apenas uma im-

prensa acrítica e mancomunada com

o crime organizado é que escapa e,

em contrapartida, reproduz os textos

que Nini publica no seu facebook,

com forte teor insultuoso.

Não se sabe ao certo onde é que está

Nini Satar. Em entrevista ao SAVA-NA, este ano, a alta comissária bri-tânica, Joanna Kuenssberg, quando chamada a confirmar se realmente Nini está no Reino Unido, respondeu que “a única indicação de o Nini Sa-tar ficar no meu país são algumas fo-tografias no facebook (...) tem havido nos últimos meses um debate sobre notícias falsas que mostram o poten-cial das nossas tecnologias modernas em criarem toda a impressão que se quiser”.Observadores atentos ao caso anotam que a fuga de Nini para parte incerta só foi possível graças a uma desor-ganização organizada do sistema da justiça moçambicana, onde o jovem milionário é acusado de ter fortes in-fluencias. À STV, esta quarta-feira, o antigo bastonário da Ordem dos Ad-vogados de Moçambique, Gilberto Correia, disse que a saída de Nini das

celas foi graças à descoordenação do

sistema da justiça.

Depois de escapar a pronuncia de Adérito Malhope, a justiça volta ao encalço de Momade Assif

Page 7: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

SOCIEDADE 7Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE

Page 8: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

TEMA DA SEMANA8 Savana 28-04-2017SOCIEDADE

O académico e filósofo moçambicano Severino Ngoenha considera que a corrupção que flagela

as sociedades modernas resulta de

uma grave falha de inserção do in-

divíduo na sociedade. Entende que

há muito trabalho a ser desenvolvi-

do no sentido de restituir os valores

da moral e de direito aos cidadãos

para que se volte a uma sociedade

de partilha do bem comum.

Severino Ngoenha, autor de um

vasto naipe de obras publicadas,

defende que a história da corrupção

em Moçambique começa a desen-

volver-se logo depois da assinatura

do Acordo Geral de Paz (AGP) em

1992, em Roma, capital italiana.

Porque, nota, depois, emerge um

indivíduo egoísta e egocentrista,

que se aproveita da sua pertença a

Moçambique para acumular e que

nunca pensa que aquilo que tem

como rendimento vem da comu-

nidade.

“Nasceu entre nós e se implantou

o individualismo, pessoa que só

pensa em si próprio, pensa em tirar

proveito da sociedade e não para

beneficiá-la”, disse.

O também reitor da Universidade

Técnica de Moçambique (UDM)

falava esta terça-feira sobre o tema

“O sentido do bem comum como

antídoto à corrupção”, que está in-

serido num ciclo de palestras orga-

Corrupção resulta de falha de inserção social Por Argunaldo Nhampossa

que a existência do indivíduo só

tem sentido quando há deveres

com a sociedade em que está inse-

rido.

Porém, hoje, continuou, o cenário

mudou drasticamente e as socie-dades são dirigidas por pessoas que seguem a máxima de que os fins justificam os meios. “Quando se materializa este pen-samento é sinal de que os valores morais que são ou deveriam servir de base de convivência comum no meio de uma sociedade começaram a claudicar e recorre-se ao uso do direito para tirar proveito”, frisou Ngoenha, numa palestra moderada pelo investigador Thomas Sulema-ne. Severino Ngoenha considera que a corrupção constitui uma falha de inserção de um indivíduo na socie-dade. Erode o factor ético, moral e todas as manipulações em termos de estatuto tornam-se coisas artifi-cias e banais.Destaca que cada membro da so-ciedade luta para ser feliz e tem o dever de realizar o que sonha para ser feliz, mas impõe-se a definição de um limite de felicidade, que deve respeitar o outro. Para Ngoenha, que já foi semina-rista diocesano, o problema com que as sociedades se confrontam não tem a ver com a existência de ricos ou empreendedores, mas com o limite da acção humana. Asso-ciou a corrupção como corolário

- diz Severino Ngoenha

ficou destruído e desde então a pa-

lavra de ordem é reconstrução”.

Diz que Moçambique perdeu a

guerra pelo número de mortes,

pelas crescentes desconfianças,

fragmentação do tecido social e si-

tuação de permeabilidade a novos

conflitos que são intercalados por

tréguas.

Foi justamente, rematou, dessa ma-

triz que, depois dos anos 90, emer-

giu o individualismo.

nizadas pela Comissão Episcopal

da Justiça e Paz, que vão decorrer

até ao próximo dia 09 de Maio.

Individualismo Numa plateia composta por sa-

cerdotes, freiras, crentes da igreja

católica, governantes e deputados,

Severino Ngoenha defendeu que

o indivíduo em causa é aquele que

não tem o sentido de comunidade,

o que significa partilha de bens ma-

teriais e imateriais.

É, prosseguiu, aquele que pretende

ser autossuficiente a ele próprio ou

que busca na pertença social os ele-

mentos para o próprio crescimento,

mas em nenhum momento pensa

restituir o que tirou para o benefí-

cio do próprio grupo.

O filósofo moçambicano referiu

dos conflitos que o país foi vivendo

ao longo dos tempos.

A guerra contra o colonialismo

português, observou, era necessária

e todos os moçambicanos se revê-

em nela, pois foi possível alcançar a

independência.

A independência abriu espaço para

que se começasse a construir os

alicerces do novo Estado e fizesse

transitar a população ao estatuto de

povo, mas houve deficiências que se

sentem até hoje, acrescentou.

Entende que “povo é um tecido

unido, um tecido homogéneo que

consegue resistir às intempéries

e às veleidades dos tempos, sendo

a prova disso o eclodir da guerra

dos 16 anos, na qual nem a Freli-

mo, nem a Renamo ganharam, mas

Moçambique perdeu porque o país

Severino Ngoenha

Page 9: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

9Savana 28-04-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE

Page 10: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

10 Savana 28-04-2017SOCIEDADESOCIEDADE

O mentor da Lei da Pro-bidade Pública (LPP), Abdul Carimo Issá, não isenta a Assembleia da

República (AR) pelas impreci-

sões e lacunas existentes naquele

dispositivo legal que tem como

objectivo assegurar o bom com-

portamento dos funcionários

públicos, bem como a gestão do

património.

Carimo diz que a AR fez altera-

ções profundas da proposta-lei

enviada pelo Governo, facto que

desagua nas lacunas de interpre-tação. Por via disso, reconhece o mérito da revisão, para uma me-lhor clarificação das situações que configurem conflito de interesse e não empacotar tudo num saco tal como aconteceu.A necessidade da revisão da Lei de Probidade Pública manifes-tada esta semana pela presiden-te da Comissão Central de Ética Pública (CCEP), Graciete Xavier, alegando vícios de interpretações e lacunas foi bem acolhida por Abdul Carimo, que aponta haver necessidade de uma melhor clari-ficação daquele instrumento que parecia estar esquecido.A LPP foi determinante para eli-minar funcionários públicos que ganhavam duas vezes no mesmo Estado, com destaque para depu-tados do partido governamental que ao mesmo tempo ocupavam cargos de PCA´s e administrado-res nas empresas públicas. Outro caso vistoso em que se teve de recorrer a esta lei foi aquando da atribuição de uma luxuosa via-tura de marca Mercedes Benz ao antigo chefe de estado, Armando Guebuza, pela CTA, na altura di-rigida por Rogério Manuel. Em declarações ao SAVANA, esta quarta-feira, Abdul Carimo es-clarece que a proposta de lei tinha inicialmente a designação de “Có-digo de Ética do Servidor Público” que depois foi transformada em Lei de Probidade Pública e estava dividida em três grandes títulos: Ética governativa, ética parlamen-tar e ética judicial, cujo objectivo era tratar de forma uniforme e dentro dos mesmos valores e prin-cípios os poderes do Estado. Isto

porque até à aprovação desta lei

havia um tratamento diferenciado

daqueles poderes. Ou seja, exigia-

-se a declaração de património por

parte dos membros do Governo,

mas o mesmo não se verificava na

classe dos magistrados e dos par-

lamentares.

Sucede que o parlamento eliminou

os capítulos específicos para cada

poder e resolveu juntar “tudo no

mesmo saco”, facto que está a difi-

cultar a interpretação. Diz Carimo

que, após a aprovação da lei e a res-

pectiva criação da CCEP, orientou

uma palestra para aquele órgão

na qual chamou atenção sobre os

vícios e problemas criados pelos

deputados, tendo recentemente

feito o mesmo para com os actuais

dirigentes da comissão.Falou das alterações feitas nas formulações de artigos, como é o caso da designação dos cargos po-líticos, a remoção do capítulo ética parlamentar e judicial, pontos que necessitavam de um tratamento especial.Disse não perceber as motivações da retirada de um dos artigos que vedava a militância política dos magistrados, a sua participação em eventos de angariação de fun-dos para partidos políticos e ainda prerrogativa de denúncia dos actos que perturbem a sua independên-cia na actuação.

Caso Carlos MesquitaNuma altura em que o debate está centrado à volta da existência de conflitos de interesse por parte do ministro dos Transportes e Comu-nicações, Carlos Mesquita, quanto à adjudicação directa dos serviços de transporte de carga para uma das suas empresas e na redução das taxas portuárias para as concessio-nárias dos portos de Maputo, Bei-ra e Nampula, mas onde sobressai a Cornelder da Beira, empresa em que é accionista, Carimo diz fazer todo o sentido rever a lei e espera que estes assuntos sejam bem clarificados. Este exercício

será fundamental para analisar

eventuais situações dos restantes

membros do Conselho de Minis-

tros que também são empresários,

com destaque para casos em que o

próprio dirigente é quem toma as

decisões.

“A questão de fundo é o que é que

a CCEP foi propor ao Parlamen-

to e ao Governo. De momento eu

não sei. Se for uma proposta para

melhorar assino por baixo, mas se

for uma proposta para eventual-

mente reduzir algumas obrigações,

aí já tenho alguma discordância”,

anotou.

Carimo, que discorda da decisão da CCEP em relação ao caso Mes-quita, levantou uma questão de fundo quanto à promoção da ca-botagem no país, visto que consta do Plano Quinquenal do Gover-no. Visto que o ministro do pelou-ro é accionista duma empresa que opera num dos portos, questiona quem deverá assinar um provável

memorando nesse sentido com

empresas.

“Mandatar-se a vice-ministra será

a solução ou vai o primeiro-minis-

tro ou ainda a solução passa pela

exoneração do ministro ou tudo

será engavetado até que termine o

mandato”, indagou.

De seguida, apelou ao Parlamento,

que tem o último martelo na apro-

vação das leis, para que desta vez

não embuta os artigos no mesmo

saco tal como aconteceu doutra

vez. Mas, antes disso, sugere que

haja um debate público amplo so-

bre o assunto de modo a se colher

mais subsídios.

Outro vício constatado pelo an-

tigo director da Unidade Técnica

da Reforma Legal (UTREL) foi

a introdução de medidas penais

naquele instrumento. Refere que

a LPP faz parte da área do direi-

to administrativo e não é lei penal,

mas estranhamente foram intro-

duzidas na LPP medidas penais, o

que está errado.

“Se há um conflito de interesses

que resultou num proveito pesso-

al, aí há um enriquecimento ilícito

que deve ser punido nos termos do

Código Penal e não da LPP. Hoje

temos o enriquecimento ilícito no

Código Penal e na LPP em si-

multâneo, temos prevaricação no

Código Penal e prevaricação na

LPP”, disse.

Prosseguindo, explicou que se um

ministro não apresenta a sua de-

claração de património, na primei-

ra vez é multado e, na segunda vez,

estamos perante uma desobediên-

cia que é crime. Aqui pode se ins-

taurar um processo-crime nos ter-

mos do direito penal e não na LPP.

Esta dupla penalização dificulta a

actuação do aplicador do direito.

Passados cinco anos após a apro-

vação da Lei número 15/2012 de

14 de Agosto, diz estranhar que

nos órgãos centrais (Conselho de

Ministros, Assembleia da Repú-

blica e nos Tribunais) não existam

comissões de ética. É esta situação

que levou o Primeiro-Ministro a

remeter esclarecimentos sobre o

caso Mesquita à CCEP, enquanto

deveria ter solicitado na primeira

instância à comissão do Executi-

vo, sendo que, em caso de dúvidas,

esta iria recorrer à CCEP.

À luz da lei, cabe à CCEP o papel

de fiscalizar, orientar, regrar, escla-

recer e tirar dúvidas, mas agora a

CCEP está a fazer o papel doutras

comissões. Para além dos órgãos

centrais, as comissões de ética pú-

blica devem ser alastradas para as

instituições subordinadas ou sob

sua tutela, para as instituições au-

tónomas e nas empresas públicas

ou de capitais públicos, facto que

não existe até ao momento.

A proposta de revisão da LPP deve ser submetida a debate público

Abdul Carimo culpa AR pelas imprecisões da lei da probidade

A Assembleia da Repú-blica (AR) concluiu, na tarde desta quarta--feira, a apreciação da

Conta Geral do Estado (CGE) referente ao exercício económi-co de 2015, com a bancada par-lamentar da Frelimo a garantir, sozinha, a aprovação do docu-mento. Na verdade, a sessão ser-viu apenas para confirmar o que já se sabia que ia acontecer, no caso, a aprovação através do voto maioritário da Frelimo.

Esta bancada fundamentou o seu

voto favorável, na voz do depu-

tado Danilo Teixeira, afirmando

que a conta apresenta “uma exe-

cução orçamental e financeira sa-

tisfatória”. Para a Frelimo, “as fa-

lhas nela reportadas são próprias

de um processo de construção e

crescimento”.

As bancadas da oposição, tal

como deram a entender desde

o primeiro dia da apreciação do

referido instrumento, fizeram jus

às suas promessas e optaram pelo

“não” categórico. O Movimento

Democrático de Moçambique

(MDM) foi a única que exerceu

o seu poder de voto, desfavorável,

tendo em conta que a Renamo

preferiu simplesmente abando-

nar a sala das sessões plenárias.

Arrolando as razões pelas quais

decidiram pelo “não”, José de

Sousa, deputado do MDM, no

espaço reservado às declarações

de voto, disse que assim procedeu

a sua bancada porque a CGE de

2015 legaliza os empréstimos

criminosos e contratados às es-

condidas pelas empresas ProIn-

dicus e Mozambique Asset Ma-

nagment (MAM).

Para além da questão da legali-

zação das chamadas “dívidas es-

condidas”, acrescentou De Sousa,

concorreu para este posiciona-

mento o facto de ainda não ter

havido qualquer esclarecimento

às razões por detrás do incum-

primento das amortizações dos

créditos concedidos a alguns di-

rigentes do partido no poder, em

2002, com os fundos do tesouro.

Já a bancada da Renamo, que

convocou a imprensa para expli-

car o boicote da votação do pro-

jecto de resolução que aprova a

Conta Geral do Estado de 2015,

socorreu-se dos mesmos argu-

mentos apresentados nas sessões

que aconteceram nos dias 12 e 13

de Abril.

Maria Ivone Soares, chefe daque-

la bancada parlamentar, disse que

a Renamo abandonou a sala por-

que não concorda com a inscrição

na Conta Geral dos empréstimos

contratados pela administração

de Armando Guebuza a favor de

duas empresas públicas, à revelia

da Assembleia da República.

Reiterou que a sua bancada é

contra a ideia de que as dívidas

devem ser pagas por todos os

moçambicanos, quando no seu

entender foram contraídas por

um “grupinho” identificado que

circula ante o olhar impávido e

sereno das autoridades de justiça.

“Não aceitamos a inclusão das

dívidas ilegais e inconstitucionais

na Conta Geral do Estado de

2015. Para a bancada parlamen-

tar da Renamo é inaceitável que

estado moçambicano assuma dí-

vidas particulares e as transforme

em dívidas que todos os moçam-

bicanos terão de pagar”, explicou

Ivone Soares.

(Ilódio Bata)

Por Argunaldo Nhampossa

Frelimo aprova sozinha a CGE de 2015

Page 11: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

11Savana 28-04-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE

Page 12: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

12 Savana 28-04-2017SOCIEDADEINTERNACIONAL

Até onde conseguirá ir Marine Le Pen? Ela esforça-se. Anunciou domingo que “suspen-

dia” o seu desempenho do cargo

de presidente da Frente Nacio-

nal, o partido de extrema-direita

que lidera. Para poder ser “Presi-

dente de todos os franceses”, se

for eleita a 7 de Maio, na segunda

volta das presidenciais.

Muito depende de como votarão

os eleitores da direita nesse dia e

um mês depois, nas legislativas.

Rendem-se a ela ou darão o seu

voto a Emmanuel Macron? Le

Pen, em entrevista à televisão

France 2, confirmou que tem con-

tactos com o partido Os Republi-

canos, para ter o apoio de alguns

dos seus líderes. François Fillon,

o derrotado e desacreditado líder

deste partido de centro-direita,

uma das grandes formações po-

líticas tradicionais, reconheceu

“não ter legitimidade para liderar

esse combate” e afastou-se.

O que defende Le Pen?O comité político de Os Republi-

canos reuniu-se depois de Fillon

se afastar, anunciando que ficaria

como militante de base e reco-

mendando o voto em Macron.

Mas a direita francesa tem muito

a fazer nos próximos tempos. Os

Republicanos entregaram-se a

uma troca de acusações.

Alguns dos mais conservadores,

como Christine Boutin, anuncia-

ram que irão votar em Marine Le

Pen. Nicolas Sarkozy não se pro-

nunciou. O deputado George Fe-

nech, próximo do ex-Presidente,

anunciou que não apoiaria Ma-

cron: “Os eleitores que se desen-

rasquem com Macron e Le Pen.

Foi o que escolheram.”

Enquanto liderou os Republica-

nos, Sarkozy seguiu o princípio

do “nem, nem” nas segundas vol-

tas — não apoiar nem a esquerda

nem a Frente Nacional, se o can-

didato do seu partido tivesse sido

eliminado na primeira votação

— recusando fazer a tradicional

“barreira republicana” contra a

extrema-direita, que a esquerda

tem continuado a praticar.

Christian Estrosi (Republicanos)

lamentava a posição assumida pe-

los que não apelaram ao voto em

Macron, como a Associação Sen-

so Comum, saída do movimento

católico conservador que liderou

as manifestações de contestação

ao casamento gay, legalizado por

François Hollande, e que se tor-

nou no grande apoio do candida-

to Fillon. “Pensei que partilháva-

mos todos mesmos princípios”,

criticou.

Se há coisa que estas eleições es-

tão a mostrar, para angústia de

Estrosi, é que vai uma grande dis-

tância entre partilhar princípios e

pô-los em prática. Os socialistas,

apesar do humilhante resulta-

do de Benoît Hamon — 6,3%,

o que fez desaparecer o rosa dos

mapas — lançaram múltiplos

apelos ao voto em Macron, ape-

sar das enormes divisões internas.

O Presidente François Hollande

manifestou-lhe o seu apoio, tal

como o ex-primeiro-ministro

Manuel Valls, ou o ex-ministro

da Economia Arnaud Monte-

bourg, apoiante de Hamon.

Em busca de aliadosO que não se entende ainda é

qual será o PS que vai disputar

as legislativas de 11 de 18 de Ju-

nho (duas voltas). “Dentro em

dias Marine Le Pen vai ter dez

milhões de votos. É o fim de um

ciclo”, disse Manuel Valls. Mas

que vai ele fazer? Vai continuar

no PS? Ou vai criar uma nova

formação, para oferecer o seu

apoio a Emmanuel Macron no

Parlamento, já que este não tem propriamente um partido políti-co? Aguarda-se para ver.Até porque haverá necessaria-mente uma recomposição nas listas, porque pelo menos três dezenas de deputados não se irão recandidatar — desiludidos com a política parlamentar ou, expli-cação talvez mais terra-a-terra, porque ficam impedidos de acu-mular cargos com a nova legisla-ção (antes era possível ser depu-tado, presidente da câmara e ter outros cargos ainda).O que falta a Marine Le Pen para conseguir chegar ao Eliseu, todas as análises o dizem, é ter uma grande reserva de votos para a segunda volta. Não tem nem um aliado político que diga “votem nela”, embora ao contrário do que aconteceu quando o seu pai, Jean--Marie, passou à segunda volta, em 2002, ela não suscite uma re-jeição tão profunda.Jean-Luc Mélenchon, que se opôs de forma intransigente ao pai Le Pen, não está a conseguir dizer que apoia Macron — e tal-vez metade dos seus sete milhões de eleitores se abstenham na se-gunda volta.Le Pen e Macron falam para duas Franças diferentes. Os eleitores de Marine vivem fora das grandes cidades, na França rural ou nas aglomerações urbanas na perife-ria. Se Macron obteve 34,83% em

Paris, Le Pen não chegou sequer a

5% na capital. E na região Norte,

onde Marine construiu o seu feu-

do eleitoral — 28,22% —, conse-

guiu apenas 13,83% em Lille.

Público.ptOs angolanos vão a votos a 23 de Agos-to. A data foi anun-ciada pelo porta-voz

do Conselho da República, o procurador-geral angolano João Maria de Sousa, citado pela TPA.“Todas as condições de natu-

Angolanos escolhem sucessor de JES a 23 de Agosto

Se a “barreira republicana” não funcionar, até onde irá Le Pen?

reza política, legislativa, financeira,

logística, de segurança e ordem

pública estão praticamente criadas

para que as eleições gerais decor-

ram de forma transparente e sem

quaisquer constrangimentos sobre

os seus principais protagonistas”,

disse o Presidente angolano, José

Eduardo dos Santos, durante a

reunião do conselho, de acordo

com a televisão pública.

A votação em Agosto deter-

minará a futura composição da

Assembleia Nacional, onde o

partido mais votado indicará o

nome do sucessor de José Edu-

ardo dos Santos, que anunciou

que não voltará a ser candidato

à chefia de Estado.

João Lourenço, actual vice-

-presidente do MPLA, é o

candidato do partido no poder

e o mais provável sucessor do

actual Presidente, há 38 anos

no cargo.

A UNITA e a CASA-CE,

principais partidos da oposição,

concordam com a data avança-

da para o escrutínio, apesar da

primeira força reclamar uma

auditoria independente aos ca-

dernos eleitorais, que sofreram

um processo de actualização

concluído a 31 de Março. Exis-

tem à data mais de 9 milhões

eleitores registados.

Público.pt

Marine Le Pen não suscita uma reacção de rejeição tão violenta como o pai, Jean-Marie Le Pen Pascal Rossignol/REUTERS

— Como vai votar a direita na segunda volta das presidenciais francesas? Macron vai recebendo apoios. Le Pen já se afastou da liderança da FN para se mostrar como uma “Presidente de todos os franceses”

uma reunião do Conselho da República.

José Eduardo dos Santos está no poder há 38 anos. O nome do seu suces-sor será conhecido em Agosto. Reuters/© SIPHIWE SIBEKO/Reuters

Emmanuel Macron é tido como favorito na segunda volta das eleições francesas

Page 13: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

13Savana 28-04-2017 SOCIEDADEOPINIÃO

Jean-Marie Le Pen somou 5,5 milhões de votos, 18% dos sufrágios, na disputa contra Jacques Chirac na

segunda volta das presidenciais

em Maio de 2002, e Marine par-

te para o confronto com Emma-

nuel Macron contando com 7,8

milhões de apoiantes, 21% dos

votantes - nisto se resume a de-

gradação da Quinta República.

O segundo mandato de Chirac

foi um fiasco, a presidência de

Nicolas Sarkozy, lamentável, o

quinquénio de François Hollan-

de, deplorável, e, consequente-

mente, passados 15 anos sobre a

derrota de Jean-Marie, metade

do eleitorado apoiou candidatos

contestatários do sistema político,

soberanistas e proteccionistas.

França em quebra de rendimen-

tos e perda de estatuto, temente

ao futuro, expressa-se de forma

cada vez mais estridente nas vota-

ções por candidatos politicamen-

te extremistas. 

A outra face da moeda radical é a

defesa de um estatismo regulató-

rio apostado em proteger sectores

com escassas ou nulas expecta-

tivas de promoção social e baixa

capacidade competitiva ante a

introdução de novas tecnologias,

técnicas de gestão e concorrência

estrangeira.

Estes deserdados são efeito, e si-

multaneamente uma das causas,

da perda relativa de peso de Fran-

ça desde a década de 1970 em

relação à Alemanha e Grã-Bre-

tanha, acentuando-se a tendência

neste século pelas disfunções do

mercado laboral e da gestão em-

presarial, apesar da sofisticação

de sectores de ponta como a in-

dústria aeroespacial ou de arma-

mento.

Uma carga fiscal excessiva, repre-

sentando 55% do PIB, enquanto

a dívida pública equivale a 96%,

ou um défice orçamental cronica-

mente acima dos 3% são alguns

dos sintomas de um regime eco-

nómico incapaz de continuar a

assegurar prestações sociais eleva-

das (57% do orçamento, excluin-

do educação). 

A celebrada “douceur de vivre”

tem um contraponto no acen-

tuar das assimetrias sociais e na

alienação da grande maioria dos

7,3 milhões de descendentes de

imigrantes (11% dos franceses,

representando os actuais 5,9 mi-

lhões de imigrantes, menos de 9% da população).Entre esta população jovem e urbana (47% com menos de 25 anos, enquanto a média nacional desta faixa etária se cifra nos 30% - dados INSEE de 2017) assina-la-se no caso dos descendentes de magrebinos (o maior contingen-te - 31%, seguindo de italianos, portugueses e espanhóis, 29%) repúdio crescente pelos valores republicanos e comportamentos em violação das leis e interditos morais.Ao clima de permanente tensão social e violência nos subúrbios acresce a incidência do jihadis-mo entre cerca de 6 milhões de muçulmanos, maioritariamente sunitas, a alimentar sucessivos atentados terroristas que justifi-cam um estado de emergência em vigor desde Novembro de 2015.  O repúdio pela frequente imora-lidade de próceres políticos ins-titucionais para proveito pessoal (caso de François Fillon, sua es-posa e rebentos) fez-se sentir na primeira volta das presidenciais, sem afectar Marine que no Parla-mento Europeu cultiva a tradição galesa de empregos fictícios para financiamento partidário.    A recomposição da direita, repu-diando o seu fracassado candi-dato, e possíveis cisões entre os socialistas, autonomizando alas sociais-democratas de facções anticapitalistas, vão dificultar a criação de maiorias de coligação estáveis na Assembleia Nacional nas votações de Junho.A margem de vitória de Macron a 7 de Maio contará, também, para a sorte do partido centrista que intenta patrocinar, com todas as ambiguidades que o caracterizam.Reforma constitucional é tema a

que Macron é alheio; exemplo de

equilibrismo político é a promes-

sa do manifesto de candidatura

de preservar a semana de 35 ho-

ras, deixando à negociação a nível

empresarial as horas efectivas de

laboração.

Macron teve sorte até agora, mas,

dependente de acordos parti-

dários numa assembleia e num

França: a litania dos fracassosPor João Carlos Barradas*

senado onde não contará com

maiorias a seu mando, será um

Presidente sem margem políti-

ca para empreender reformas de

fundo.

As expectativas que Macron irá

defraudar nada auguram de bom

para a Quinta República, institu-

ída em 1958 à imagem de Char-

les de Gaulle e que, agora, ameaça

ruptura pela ascensão dos extre-

mos.

*Jornalista e colunista do jornalde-negocios.pt

Arrenda-seArrenda-se uma residência R/C

e Primeiro andar, tipo três, sala de visitas, sala de jantar, duas casas de banho e garagem para

dois carros. A casa localiza-se no bairro da Malhangalene, largo da

Ilha de Moçambique, número 22.

Contacto 842552183

Page 14: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

14 Savana 28-04-2017Savana 28-04-2017 15NO CENTRO DO FURACÃO

Imprevisível e irreverente, di-

rão uns, frontal e vertical, di-

rão outros, este é Artur Seme-

do o nosso entrevistado desta

semana. E como peculiar conti-

nua com o seu discurso ora meio-

-filosófico ora incendiário. Diz

que o futebol moçambicano tem

donos e que são esses que ditam

as regras de jogo; que sempre foi

alvo a abater nestes últimos quin-

ze anos, que mesmo impedido

de treinar qualquer equipa pelos

donos do futebol nunca vai pe-

dir desculpas a ninguém. E mais:

enganam-se os que julgam que

ele passa necessidade até porque

escolhe os clubes que quer treinar.

Seguem os excertos da conversa.

Mister, muitos adeptos ligados ao

futebol questionam o seu desapare-

cimento. Afinal, onde anda o Artur

Semedo?

Eu acho que os adeptos deviam

questionar as entidades deste fute-

bol, deviam questionar alguns dos

dirigentes deste futebol, deviam

questionar toda a orgânica deste

futebol por que razão estou ausente

dos clubes e do futebol no seu todo,

embora fazendo algumas aparições,

ajudando algumas colectividades

comunitárias e outras com menor

expressão no país. Embora precisem

deste apoio, na verdade não deviam

perguntar a mim, mas aos donos

deste futebol, porque, como sempre

sublinhei, este futebol tem donos.

Quem são, de facto, esses donos do

futebol?

No nosso futebol há sempre, em

determinado momento, alguns per-

sonagens que surgem como os mais

influenciadores do próprio sistema,

eles conseguem aglutinar, à volta

de si mesmos, todos os conceitos

de futebol, usando, algumas vezes,

o seu poderio financeiro (os que o

têm) porque nem todos o têm, di-êm, di-m, di-

zia, conseguem manipular a vontade

colectiva e angariar para si mesmos

o poder de decisão no futebol. Eles

existem e vão variando de época para

época, alguns conseguem se man-, alguns conseguem se man-

ter por mais tempo no activo que

os outros mercê da sua capacidade

de esperteza, de aproveitamento da

conjectura, do seu poderio financeiro

e da influência que conseguem mo-

ver em vários sectores de actividade

da nossa sociedade. Não é segredo

para ninguém que, paulatinamente,

vão aparecendo estes poderes insta- insta-

lados todos os anos, todas as épocas,

e uns, como disse, ficam mais tempo,

outros vão sucumbindo, mas aí estão.

Insisto, esses poderes têm nome?

É evidente que têm nome, mas não

estou aqui para tratar ou retratar

quem quer que seja, muito embora

possa afirmar, de alguma maneira,

que o facto de não estar em activi-

dade deve-se a algum destes pode-

res. Há pessoas que têm feito de

tudo, ao longo destas épocas, para

que eventualmente eu abandone o

meu país, há pessoas que sentem a

minha presença como um incómodo

por defender as causas de futebol, e o

facto de estar em inactividade deve-

-se a essas pessoas. Deve-se a indiví-

duos como Latifo Issufo ou Simões

Cossa, por um lado, e, por outro lado,

a indivíduos como António Simões

ou apenas Latifo. Estas personali-

dades de tanto gostarem de mim e

terem muito poder neste futebol,

na verdade são os responsáveis pela

minha inactividade, são responsáveis

pelo facto de eu estar, neste momen-

to excluído, porque conseguiram

manipular e instrumentar os outros

subalternos que existem e são muitos

e a situação mantém-se como está,

mas a minha preocupação é zero em

relação a isso porque se de facto este

futebol está bem assim e não preci-

sa dos meus préstimos na verdade

é porque sou incompetente e tenho

muito pouca capacidade para poder

ser um elemento inovador e estru-

turante para que este futebol possa

atingir níveis altos. Diria, portanto,

que tenho pouca capacidade, sou in-

competente e também devo ser um

elemento transgressor, no bom sen-

tido da palavra, e incomode os pode-

res instalados. Isso pode servir como

razão para o meu afastamento, mas

sempre continuarei na defesa da cau-

sa de futebol. Claramente é isso que

faço, não tenho truques, sou trans-

parente, é exactamente assim como

me bato pelo futebol, pela melhoria

da sua capacidade, pela elevação dos

seus níveis, pela elevação dos padrões

de qualidade e não tenho interesses

particulares nem de outra natureza.

Alvo a abaterDesde quando Artur Semedo tor-

nou-se num alvo a abater?

Sou alvo a abater já há quinze anos,

concretamente, desde que regressei

ao país, mas por ser tão incompeten-

te ainda estou aí, porque caso fosse

competente tenho a impressão de

que teria sucumbido, mas mesmo

sendo incompetente continuo ro-

busto, vivo e com muito ainda para

dar ao futebol.

Tem um discurso meio- filosófico

mas as suas palavras não transmi-

tem uma sensação desagradável.

Está zangado com o nosso futebol,

com os dirigentes desportivos de

alguns clubes?

Como é que posso estar zangado

com um futebol medíocre, não estou

zangado, se estivesse teria abandona-

do o futebol há muito tempo, mas é

evidente que com alguns conceitos

estabelecidos, com a gestão que é

feita em determinados momentos,

com a via escolhida para o desenvol-

vimento do futebol, sublinhe-se en-

tre aspas a palavra desenvolvimento,

porque este não é nenhum desenvol-

vimento, na verdade eu não poderia

estar zangado porque todo o meu

interesse vai sempre ao encontro do

desenvolvimento do futebol, o meu

interesse é só na preservação dos va-

lores que caracterizam o futebol e o

desporto em geral.

Com essa perseguição de que diz

estar a ser vítima pelos donos do

futebol certamente que ainda não

chegou a ser convidado, este ano,

para treinar uma equipa. Confir-

ma?

Têm surgido abordagens, mas as

minhas escolhas são feitas com cri-

térios, posso dizer-lhe categorica-

mente que é algo que faço há algum

tempo. Eu escolho os clubes que

quero treinar e, por causa desta as-

sumpção, tenho merecido da parte

dos meus detractores muitas críti-

cas. Na verdade, escolho os clubes

que quero treinar com critérios, não

faço escolhas marginais, pois com

todo o capital e experiência que co-

lhi ao longo da minha carreira, como

praticante e depois como treinador,

cheguei a uma encruzilhada tal que

me permite, claramente, escolher os

clubes em função das pessoas que

o dirigem e, sendo assim, escolho as

pessoas com quem quero trabalhar.

Por isso, quando tiver os critérios

bem delineados poderei aceder, pro-

vavelmente, a qualquer convite que

surja, mas também sei que muitos

destes dirigentes que por aí pulu-

lam são também instrumentalizados

por este poder para, eventualmente,

impedir a minha contratação, mas

continuem a impedir quantas vezes,

quantas épocas, quantos anos quise-

rem, que continuarei a ser o mesmo

despreocupado e a trilhar os cami-

nhos que eu bem entendo para mim.

Como profissional com credenciais

no panorama futebolístico nacio-

nal alimenta esperança de vir a trei-

nar uma equipa este ano?

Não estou preocupado, até este mo-

mento não esbocei qualquer tentati-

va para treinar quem quer que seja,

tal como disse, as dinâmicas impos-

tas no futebol fazem com que todos

os treinadores exibam uma subal-

ternidade intelectual para andarem

a reboque dos dirigentes, comigo

isso não vai acontecer, nunca acon-

teceu e não vai ser nunca. Por isso

que digo que não é este futebol que

claramente vai prescindir do meu

trabalho, se alguém julgou, porque

alguns desses poderes usam muitas

vezes redes sociais propalam e veicu-

lam os seus discursos e algumas ver-

dades provisórias, julgavam que me

colocavam numa situação de alguma

necessidade, eu estou aí tranquilo e

sereno. Eu ando no futebol desde

que me conhece, não voltei ao país

para pedir favores a ninguém, repi-ém, repi-m, repi-

to, não voltei para pedir favores de

qualquer espécie, a ninguém, pelo

contrário, vim dar muito da ajuda

que este futebol precisa porque, na

verdade, rege-se por lei e comporta-

mentos ainda demasiados primários.

A minha presença, passe alguma

modéstia, tem servido para catapul-

tar este futebol para níveis de acordo

com aquilo que se faz pelo mundo

fora.

Deserdado por discordar de muitas coisasDepois desta experiência amarga

e assumindo que está ser vítima da

sua verticalidade e frontalidade so-

bretudo no discurso, e estando de-

sempregado nunca lhe passou pela

cabeça moderá-lo, ou seja, fazer de

conta que tudo está bem para ga-

rantir o seu pão?

N ã o , eu não faço e nunca

f a r e i isso. A maneira

c o m o fui educado não

pe r - mite que me

oriente por

u m a

trans-

mutação

moral, ética

e intelectual para

servir interesses deste

ou daquele, para me benefi-

ciar disto ou daquilo. O mun-

do não é só Moçambique, por

isso estou à vontade para trilhar os

caminhos que sempre quis e quero.

Se estou aqui é porque o quis, se es-

tou neste futebol é porque quis estar,

não é a primeira vez que sou apea-

do deste futebol por discordar de

muitas coisas ou por contrariar ou

contestar, mas estas pessoas que me

contestam são as mesmas que, mui-

tas vezes, querem depois trabalhar

comigo quando estão em situação

de apuro. Quando estão em apuros,

quando precisam tirar dividendos de

diversa maneira, quando precisam

de voltar à ribalta, quando precisam

de exponenciar os seus interesses,

sempre pensam numa pessoa e eu,

como percebo e faço leitura das coi- e faço leitura das coi-ura das coi-

sas, só sou usado quando quero.

Mister, a situação económica do

país é preocupante e o custo de vida

atingiu níveis incomportáveis. A

maior parte das pessoas que têm

vínculo contratual com as empre-

sas, que trabalham ressentem-se

desta triste realidade. Numa situ-

ação como a sua é de esperar difi-

culdades acrescidas. Como é que o

mister Semedo vive e mantém-se

com a dignidade que sempre o ca-

racterizou, até porque treinadores

há que se oferecem de bandeja...

Não é uma questão de dinheiro, não

é uma questão de ter ou não dinhei-

ro, é uma questão de convicção, de

educação, de atitude, de princípios.

Eu continuarei a defender os meus

princípios.

Tem se dito que a ocasião faz o

ladrão, princípios sim, mas sem

dinheiro fica complicado...

É evidente que é preciso ter se

dinheiro para se poder

viver, é uma verdade

inegável, mas eu

não ando no fu-

tebol por ver os

outros, eu sei

o que ando a

fazer no fute-

bol, não vim

aprender a

ganhar di-

nheiro em

M o -

ç a m -

b i -

que, e digo-lhe mais: os meus pro-

ventos foram muito maiores como

praticante do que como treinador.

Não voltei ao meu país para ganhar

dinheiro, se fosse para ganhar di-

nheiro não voltava.

O mister Semedo é rotulado como

daqueles técnicos bastante caros.

Se for o caso não está aí mais uma

razão para que alguns clubes de

menor capacidade financeira te-

nham receio de contratá-lo?

Bem, sinceramente não consigo

perceber o que é isso de eu ser um

treinador caro, mas é evidente que a

qualidade que ostento merece uma

reciprocidade monetária, e mesmo

assim não é equivalente neste país,

não sou pago de acordo com o que

mereço ou julgo merecer. Provavel-

mente, sou pago em função da con-

jectura actual e da realidade econó-

mica do país, mas volto a dizer que

não voltei ao meu país por causa de

dinheiro, porque se fosse por causa

de dinheiro eu procuraria outros pa-

íses, outros mercados. Mas poderia,

eventualmente, ter continuado no

Songo, porque só mesmo pessoas

paranoicas, pessoas com outros in-

teresses teriam prescindido de mim,

dos meus serviços, o único treinador

ganhador que por lá passou. Isso não

cabe na cabeça de ninguém.

Subalternidade de dirigen-tes da União Desportiva do SongoA mudança da direcção, a saída de

Luís Canhemba e entrada de José

Costa não terá criado condições

para a sua saída, porque com Ca-

nhemba tudo indicava ser um ca-

samento duradouro. Qual é a sua

opinião?

Acha que mudando a direcção mu-

da-se ou põe-se em causa a idonei-

dade técnica de alguém? A subal- técnica de alguém? A subal-cnica de alguém? A subal-

ternidade das pessoas que lá estão,

subjugadas por esses poderes que

lhe falei anteriormente, criaram um

cenário de forma a que eu pudesse

transitar de um sítio para o outro.

Não estou claro, constou-me que

simples pedido formal de descul-

pas a alguém que, provavelmente

o teria ofendido, bastaria para que

as coisas passassem e, quem sabe,

continuasse como treinador. Foi

Artur Semedo igual a si próprio:

Por Paulo Mubalo

assim tão difícil pedir desculpas?

Estou a dizer que leia a minha res-

posta e tira as conclusões que quiser,

eu referi-me à subalternidade das

pessoas que lá estão, foram as pesso-

as que ao longo destes dois anos pu-

seram em causa o meu trabalho no

Songo, mas com a sua

subalternidade

em relação

aos po-

d e r e s

d e

q u e

lhe

falei anteriormente criaram um ce-

nário para que eu pudesse sair deste

clube e transitasse para o outro, sem

antes contar com o livre arbítrio das

minhas decisões. Mas eu não depen-

do de ninguém, a minha vida não

é comandada por ninguém, não me

transfiro dos clubes porque alguém

tem o comando total das circuns-

tâncias. Sair do clube posso ainda

admitir porque não mando nos clu- não mando nos clu- mando nos clu-

bes, mas alguém decidir para onde

devo ir não aceito, quem decide sou

eu. Como eu não estou a reboque de

ninguém, não sou instrumentalizado

por ninguém, estou nas circunstân-

cias em que estou, e quem determina

a trajectória da minha vida sou eu, e

por isso, será sempre assim.

Não acha que essa sua maneira de

ser pode não agradar a muitos di-

rigentes dos clubes e que vezes há

em que têm de se confirmar com

alguns cenários para se evitar um

mal maior?

Para quê, para pedinchar o quê, para

servir interesses de quem, para pôr

em causa o meu ego, para defender o

quê e quem? Não preciso, disso cla-

ramente não preciso.

mediocridadeMoçambique já esteve inundado

por treinadores estrangeiros mas

paulatinamente a tendência é de-

crescente. Será que o país já não

precisa desses técnicos vindos de

fora?

Tenho a minha opinião, mas devia

perguntar a esses poderes instala-

dos, porque eles é que determinam

quem treina e quem não deve treinar

e não eu. Já assistimos, em épocas

transactas, uma corrida desenfrea-

da para contratação de treinadores

estrangeiros, e volta e meia houve

um novo movimento de rotura com

esses treinadores e quase todos fo-

ram despedidos como se fossem uns

incompetentes. Criaram-se cenários

nos seus clubes, de modo que os

treinadores se revelassem incom-

petentes porque, na verdade,

foram criados esses cenários

em muitas ocasiões. Hoje

assistimos a uma situação

original de novo em

que a maioria es-

magadora são

treinadores

moçambi-

canos e

p o u c o s

e s t r a n -

g e i r o s .

Eu como

c i d a d ã o

acho que

era dese-

jável que a

maioria fos-

se treinadores

moçambicanos,

mas provavel-

mente não nestas

situações em que parece que se está

a massificar a mediocridade.

Estará a mostrar um atestado de

incompetência a muitos treinado-

res nacionais?

É preciso dotar as pessoas de capa- preciso dotar as pessoas de capa-

cidade e de competência para po-

derem exercer a sua actividade sem

andarem a reboque de ninguém. A

entrada de treinadores para os clu-

bes não obedece a critérios, quando

vos falava da idoneidade técnica este

não é o primeiro critério para estar

no clube. Hoje o primeiro critério é

de um treinador submisso, que faz

as vontades das direcções, que não

questiona nem põe em causa a vida

dos clubes, que oculta tudo o que

põe em causa o seu trabalho, por

isso, estamos como estamos.

O mister teve uma espécie de mu-

leta do seu lado, estou a falar de

Tiago Machaisse. O que faz com

que seja o seu eterno adjunto, será

pela maneira obediente e quiçá

modesta como ele é?

Depende do significado que quer

dar a ser modesto. Ele é uma pessoa

modesta, mas não no sentido pejo-

rativo que o termo possa conter. Nós

criamos uma cumplicidade muito

grande e eu tenho uma admiração

profunda por pessoas que são ínte-

gras, leais, profissionais, e ainda por

acima, quando agregam, na sua tra-

jectória profissional a tal idoneidade

técnica. Esta simbiose faz com que

me sinta reflectido também nessas

pessoas e é por isso que me dou bem

com ele.

Muitos clubes contratam apenas o

técnico principal e a prorrogativa

de escolher os adjuntos é da alçada

das respectivas direcções e muitas

vezes dão primazia aos filhos da

casa. Não tem sido difícil impor a

sua vontade?

Nunca me opus a isso, que essa pes-

soa possa trabalhar comigo. Se o clu-

be tiver condições para suportar uma

equipa técnica nestas circunstâncias,

eu não me oponho, não vejo porque

razão não possa ter um elemento que

faça a ligação entre quem chega e o

clube, isto é perfeitamente natural,

isso acontece em todas as partes do

mundo. Mesmo em alguns clubes

onde trabalhei isso sucedeu, repare

que no Songo eu tinha no meu qua-

dro técnico elementos que são do

quadro do clube. Nem houve pro-

blemas e trabalhei com eles de forma

profissional.

Artur Semedo já treinou os gran-

des clubes de Maputo, casos do

Maxaquene, Liga, Ferroviário,

Desportivo, não esquecendo o

Matchedje, mas a sua saída destes

clubes, salvo raras excepções, foi

atribulada e polémica. O que real-

mente aconteceu?

Quando se criam cenários para que

as pessoas abandonem os clubes de

forma desonesta, desumana, não es-

pera da minha parte que seja com-

placente com situações desta nature-

za. Vou lhe dizer com muita imodés-

tia, chamem me arrogante, chamem-

-me o que quiser, estou acima deste

futebol, eu estou acima deste futebol,

sei a importância que tenho e sei o

que poderia ser se todos comungas-

sem do mesmo desejo de elevação

do futebol, sei da importância que

eu teria e poderia dar para este fu-

tebol, e por isso não posso aceitar

situações criadas para pôr em causa a

minha pessoa, pôr em causa a minha

competência, isso não posso aceitar.

Nestas duas épocas que estive no

Songo, foram criados problemas ao

longo dos dois anos, problemas cria-

dos por pessoas que neste momento

estão à frente dos destinos do clube,

as mesmas circunstâncias vivi as na

Liga. Tendo sido campeão conse-

cutivamente, coisa que nunca tinha

acontecido anteriormente. E repi-

to o que lhe disse antes: quando as

pessoas têm necessidade de elevação

da qualidade dos níveis que desejam

para os seus clubes contratam-me,

quando acham que já estão numa

situação de luxúria criam um cenário

para que as pessoas abandonem os

clubes e eu não posso aceitar coisas

desta natureza. Aconteceu-me no

Matchedje, e posso lhe dizer hoje,

quem elevou os níveis de qualidade

deste clube depois de uma travessia

no deserto teria sido eu, o Matched-

je começou a aparecer para finais das

competições nacionais, ocupou lu-

gares cimeiros nas competições na-

cionais, teve os melhores jogadores

contemplados nesse período, quando

estive nesta colectividade e ainda por

cima tenho salários em atraso, que

até hoje não me foram pagos. Então,

tirem vocês as conclusões porque são

criados alguns cenários para os trei-

nadores saírem dos clubes.

Que avaliação faz do dirigismo

desportivo em Moçambique?

A minha resposta está subjacente

a tudo o que disse, embora tenha a

dizer , com alguma humildade, que

trabalhei com gente especial ao lon-

go destes anos, muito poucas mas

que souberam me entender, soube-

rem perceber-me. Algumas não ti-

nham a noção da pessoa que eu era e

foram capazes de mudar de opinião

depois de trabalhar comigo e isso é

comum nos clubes, porque sempre

foi veiculada uma ideia contrária à

pessoa que eu sou exactamente para

tirarem proveito disto e daquilo, mas

depois de anos de convivência as

pessoas acabam por reconhecer que

estavam erradas e têm outra opinião

quando trabalho com elas.

Qual tem sido o papel da associa-

ção de treinadores na resolução de

parte dos vossos problemas?

Nem me pergunte isso, porque se

fosse algo que pudesse ter opinião

deveria ter assistido algo que fosse

representativo, por isso não sei se

essa associação existe ou não, porque

se existisse teria outros procedimen-

tos. Pode até existir fisicamente mas

na prática não se faz sentir.

A terminar

Estou bem como estou neste mo-

mento, apesar de estar a gozar umas

férias merecidas, mas forçadas, repa-

re bem, férias merecidas embora for-

çadas por determinadas pessoas. Es-

tou a sentir-me bem até porque que

vejo hoje o futebol de uma forma

mais simples, desapaixonada e lúdi-

ca, por isso quando vou aos campos

tenho sentido da parte dos adeptos

e simpatizantes um carinho enorme,

um respeito enorme, o que contraria

a versão destes poderes que temos

no nosso desporto e isso para mim

é gratificante e diz bem da minha

trajectória neste futebol. O resto não

conta para mim e na verdade nem

estou interessado em aprofundar

determinadas coisas. E a partir desta

entrevista que lhe dou não creio que

daqui para o futuro esteja disponível

para falar sobre o futebol, opinar, dar,

perspectivas do que acho e que não

acho sobre determinadas circunstân-

cias que ocorrem.

“Não é este futebol que vai prescindir do meu trabalho”ão voltei para pedir favores de

quer espécie, a ninguém, pelo

rário, vim dar muito da ajuda

este futebol precisa porque, na

ade, rege-se por lei e comporta-

tos ainda demasiados primários.

minha presença, passe alguma

éstia, tem servido para catapul-

ste futebol para níveis de acordo

aquilo que se faz pelo mundo

erdado por discordar de tas coisasois desta experiência amarga

umindo que está ser vítima da

verticalidade e frontalidade so-

udo no discurso, e estando de-

pregado nunca lhe passou pela

ça moderá-lo, ou seja, fazer de

a que tudo está bem para ga-

r o seu pão?

o , eu não faço e nunca

i isso. A maneira

o fui educado não

mite que me

oriente por

u m a

s-

ação

al, ética

electual para

r interesses deste

aquele, para me benefi-

disto ou daquilo. O mun-

ão é só Moçambique, por

estou à vontade para trilhar os

nhos que sempre quis e quero.

tou aqui é porque o quis se es-

ro, é uma questão de convicção, de

educação, de atitude, de princípios.

Eu continuarei a defender os meus

princípios.

Tem se dito que a ocasião faz o

ladrão, princípios sim, mas sem

dinheiro fica complicado...

É evidente que é preciso ter se

dinheiro para se poder

viver, é uma verdade

inegável, mas eu

não ando no fu-

tebol por ver os

outros, eu sei

o que ando a

fazer no fute-

bol, não vim

aprender a

ganhar di-

nheiro em

M o -

ç a m -

b i -

assim tão difícil pedir desculpas?

Estou a dizer que leia a minha res-

posta e tira as conclusões que quiser,

eu referi-me à subalternidade das

pessoas que lá estão, foram as pesso-

as que ao longo destes dois anos pu-

seram em causa o meu trabalho no

Songo, mas com a sua

subalternidade

em relação

aos po-

d e r e s

d e

q u e

lhe

mediocridadeMoçambique já esteve

por treinadores estrang

paulatinamente a tendê

crescente. Será que o p

precisa desses técnicos

fora?

Tenho a minha opinião

perguntar a esses pode

dos, porque eles é que d

quem treina e quem não

e não eu. Já assistimos,

transactas, uma corrida

da para contratação de

estrangeiros, e volta e m

um novo movimento de

esses treinadores e quas

ram despedidos como se

incompetentes. Criaram-

nos seus clubes, de mo

treinadores se revelasse

petentes porque, n

foram criados ess

em muitas ocas

assistimos a um

original de

que a

ma

t

c

a

e

j

m

se

moça

masArtur Semedo

Page 15: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

16 Savana 28-04-2017PUBLICIDADE

A ENI EAST AFRICA S.p.A. convida as empresas interessadas à sub-meterem a sua Manifestação de Interesse para o fornecimento de ser-ão de Interesse para o fornecimento de ser-ser-viços de Monitoria de Implementação dos Planos de Gestão Ambiental para Eni East Africa S.p.A.

ÂMBITO DE TRABALHO1. Realização de auditorias ambientais em conformidade com os re-

quisitos legais aplicáveis e boas práticas internacionais;2. Monitoria e Controlo da implementação de Planos de Gestão Am-

-tividades de campo e de gabinete);

3. Alocação de recursos humanos para garantir o cumprimento dos

4. Realização de formações ambientais e campanhas de consciencia-lização ambiental;

5. Condução de processos de participação pública durante a fase de implementação dos projectos;

6. Elaboração de Relatórios de Progresso e de Desempenho Ambien--

tras partes interessadas e afectadas);7. Actualização de Planos de Gestão Ambiental; 8. Elaboração de adendas a Relatórios de Estudo de Impacto Ambien-

tal;9. Elaboração e revisão de Declarações de Método Ambiental.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS As empresas interessadas neste convite podem apresentar a sua Ma-nifestação de Interesse devidamente assinada pela pessoa autorizada

autoridade da pessoa autorizada a assinar pela empresa), e com a se-guinte informação obrigatória e documentação que comprove :

1. Cópia autenticada e digitalizada do Registo Comercial, nome Legal de Entidade e pessoa de contacto para receber informações comer-

2.

3. Estrutura da empresa e do grupo com a lista dos principais accio-

Bolsa de Valores);4. -

dução de processos de Avaliação de Impacto Ambiental em Moçam-bique;

5. -

6. -mentação de Planos de Gestão Ambiental;

7. --

cializados; 8.

que comprovem a conformidade da empresa com as normas de

9. comprovem a conformidade da empresa com as normas do Am-

As empresas interessadas podem submeter a sua Manifestação de In-ão de In-In-

Aplicação):-

que-Application

-ra-Mozambico

IMPORTANTE:

indicado:

SS01AC02 - RISK ANALYSIS AND ENVIRONMENTAL IMPACT ASSESSMENT

“combustíveis para automóveis -midade com os documentos acima mencionados.

válida da Eni S.p.A e que já se auto candidataram no passado para a mesma actividade, se aplicável, a documentação necessária deverá ser enviada para o seguinte endereço de email:[email protected] à submissão da Manifestação de Interesse e ao cumprimento com toda a documentação acima indicada, as empresas interessadas

A Eni East Africa S.p.A fará uma avaliação da documentação acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja satisfatório, irá incluir

empresa em futuros processos de concurso relacionados com as acti-vidades em questão.

--

viço acima exigido serão considerados para potenciais propostas no âmbito do serviço acima descrito.A solicitação de informação e documentação tem como objectivo iniciar

-sas seleccionadas de fornecer detalhes da sua estrutura legal, gestão,

Este manifestação de interesse não deverá ser considerada um convi-te para concurso e portanto, não representa nem constitui nenhuma promessa, obrigação ou compromisso de qualquer tipo por parte da Eni East Africa S.p.A em celebrar contratos ou acordos com qualquer empresa que participe do presente manifestação de interesse.Consequentemente, todos os dados e informações fornecidos pela em-presa não deverão ser considerados como um compromisso por parte da Eni East Africa em celebrar um contrato ou acordo com a empresa, nem deverá possibilitar que a empresa reivindique qualquer indemini-zação da parte da Eni East Africa S.p.A.Todos os dados e informações fornecidos no âmbito desta manifesta-

serão divulgados ou comunicados á pessoas ou empresas não autori-zadas, com excepção da Eni East Africa S.p.A.

nosso website termina á 05 de Maio de 2017.-

ção da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade das empresas, as quais não terão direito a qualquer reembolso por parte da Eni East Africa S.p.A.

PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSEPARA MONITORIA DE IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE GESTÃO

AMBIENTAL E OUTROS SERVIÇOS AMBIENTAIS PARA ENI EAST AFRICA SpA NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

Page 16: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

17Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE

Eni East Africa S.p.A. (“EEA”) invites interested companies to sub-mit the Expressions of Interest for monitoring of environmental and management plan for Eni East Africa S.p.A.

SCOPE OF WORK:1. Conduct environmental audits in accordance with applicable legal

requirements and international best practices;2. Monitoring and control of the implementation of Environmental

-

3. Allocation of human resources to ensure compliance with the re---

munication);4. Conducting environmental training and environmental awareness

campaigns;5. Conduct public participation processes during the project imple-

mentation phase;6. Preparation of Progress Reports and Environmental Performance

interested and affected parties);7. Updating of Environmental Management Plans;8. Elaboration of addenda to Environmental Impact Study Reports;9. Elaboration and revision of Declarations of Environmental Method.

CANDIDATES:Companies interested in this invitation may submit their Expression of Interest Powers of attorney or other evidence of authority of such authorized person) along with the following mandatory information and documen-tation providing evidence of:

1. -

mation; 2. 3. Company and group structure with the list of major shareholders

4. Documented evidence of at least 10 years of experience in conduct-ing Environmental Impact Assessment processes in Mozambique;

5. Documented evidence of at least 5 years of experience in conduct-ing environmental audits for environmental authority and other purposes;

6. Documented evidence of at least 5 years of experience in the imple-mentation of Environmental Management Plans;

7.

8. Copy of the valid permits of the consultant of the EIA and environ-mental Auditor issued by the environmental authority; the company must be provided;

9. -

10.

following URL: -

bique-Application

-ra-Mozambico

IMPORTANT:The submission must refer to the following commodity code: SS01AC02 - RISK ANALYSIS AND ENVIRONMENTAL IMPACT ASSESSMENT

-

“vehicle fuels”

from Eni Group and which already self-applied or applied in the past

if applicable, the required documentation can be sent to the following email address: [email protected].

Subject to the submission of the application and to the compliance of all the above documentation, Companies interested in this Expression

Eni East Africa will evaluate the above requested documentation and,

in future tender processes regarding the referred activities.

and recent experience of supplying the above required services will be considered for potential tenders for the scope of service described above.

The purpose of the information and documents request is to start a

companies to provide details of their legal structure, management, experience, resources and overall capability to perform the service.

have the resources, management and all the capability to act as a

of quality, HSE, standards and program.

All responses are to be supported by such narrative, organization charts, resource charts and other information that the company con-siders necessary to substantiate the individual responses and provide

-ties and experiences.

This enquiry shall not be considered as an invitation to bid and there-fore it does not represent or constitute any promise, obligation or com-mitment of any kind on the part of Eni East Africa, to enter into any agreement or arrangement with you or with any company participating in this pre-enquiry.

Consequently, all data and information provided within the application shall not be considered as a commitment on the part of Eni East Africa to enter into any agreement or arrangement with the company, nor even shall entitle the company to claim any indemnity from Eni East Africa.

All data and information provided under this expression of interest will -

nicated to unauthorized persons or companies with the exception of Eni East Africa S.p.A.

The deadline for submission of Expression of Interest through our web-site is set for Maio 05th, 2017

In this regard, any costs incurred by the companies interested in the preparation of this Expression of Interest will be on the entire respon-sibility of the companies, which will not be entitled to any reimburse-ment by Eni East Africa S.p.A.

REQUEST FOR EXPRESSION OF INTERESTFOR MONITORING OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENT PLAN IN THE RE-

PUBLIC OF MOZAMBIQUE

Page 17: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

18 Savana 28-04-2017OPINIÃO

Registado sob número 007/RRA/DNI/93NUIT: 400109001

Propriedade da

Maputo-República de Moçambique

KOk NAMDirector Emérito

Conselho de Administração:Fernando B. de Lima (presidente)

e Naita UsseneDirecção, Redacção e Administração:

AV. Amílcar Cabral nr.1049 cp 73Telefones:

(+258)21301737,823171100, 843171100

Editor:Fernando Gonç[email protected]

Editor Executivo:Franscisco Carmona

([email protected])

Redacção: Raúl Senda, Abdul Sulemane, Argunaldo

Nhampossa, Armando Nhantumbo e Abílio Maolela

Naita Ussene (editor) e Ilec Vilanculos

Colaboradores Permanentes: Fernando Manuel, Fernando Lima,

António Cabrita, Carlos Serra,

Ivone Soares, Luis Guevane, João Mosca, Paulo Mubalo (Desporto).

Colaboradores:André Catueira (Manica)Aunício Silva (Nampula)

Eugénio Arão (Inhambane)António Munaíta (Zambézia)

Maquetização: Auscêncio Machavane e Hermenegildo Timana.

RevisãoGervásio Nhalicale

Publicidade Benvinda Tamele (823282870)

([email protected])

Distribuição: Miguel Bila

(824576190 / 840135281)([email protected])

(incluindo via e-mail e PDF)Fax: +258 21302402 (Redacção)

82 3051790 (Publicidade/Directo)Delegação da Beira

Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, ATelefone: (+258) 825 847050821

[email protected]ção

[email protected]ção

www.savana.co.mz

CartoonEDITORIAL

Se há lição de França é

esta: acelera-se o co-

lapso das famílias po-

líticas tradicionais que

têm governado a União e os

seus principais Estados. Isso é

imparável.

Um suspiro de alívio atraves-

sou as chancelarias no domin-

go e houve governos europeus

que, mesmo antes de Hollande

o fazer, se precipitaram para

apelar ao voto em Macron. No

centro e até na esquerda ou-

vem-se vozes indignadas exi-

gindo essa mesma entroniza-

ção, castigando quem se atreva

a sugerir que se deve perceber

o risco para o vencer.

Tal precipitação partilha aliás

um consenso que convém a

ambos os candidatos da segun-

da volta das presidenciais fran-

cesas: como anunciam os car-

tazes de Le Pen, “Já não existe

esquerda e direita mas sim pa-

triotas ou globalistas”, e o mes-

mo repetem os macronistas da

primeira como da última hora.

É portanto neste terreno de bi-

polarização que ambos jogam.

É-lhes confortável fingir que

acabaram os programas e que

A França, cantando e rindo agora é tudo ou nada, ou o iso-

lamento ou o desvanecimento.

É um sinal do estado da políti-

ca francesa: “cantando e rindo,

levados, levados, sim”, resolve-

-se o problema? É mesmo pre-

ciso um “som tremendo” e um

“clamor sem fim” para que nin-

guém ouça nada.

Pergunto-me como podem

alguns intelectuais colaborar

nesta fraude, que é a verdadei-

ra alavanca de Le Pen. Pacheco

Pereira resumiu bem todo esse

paradoxo: “(a Europa) vai an-

dar feliz uma semana ou duas

e depois tudo começa na mes-

ma”. Ora, ficar tudo na mesma

é a garantia de dois erros fatais:

primeiro, perante a degradação

institucional, persistir na solu-

ção (entregar o poder soberano

a autoridades europeias) que

garante o desastre (os regimes

deixam de ser representativos);

segundo, baixar ainda mais o

nível dos protagonistas. De-

pois de Hollande é a vez de

um político postiço cuja qua-

lificação para ser Presidente é

ter ganho uns milhões em pi-

ratarias financeiras.

De resto, entendamo-nos: não

tem o leitor a sensação de déjà

vu? Hollande dera o golpe ga-

rantindo que com ele a Europa

se endireitaria, respeitaria as

pessoas e as nações, corrigiria

os tratados – e tudo em três

semanas. Macron dá um passo

mais: tudo se há-de resolver,

mas não me pergunte como,

basta um beatífico “referendo

europeu na segunda volta”.

Mas se há lição de França é

esta: acelera-se o colapso das

famílias políticas tradicionais

que têm governado a União

e os seus principais Estados.

Isso é imparável, não ocorre

por causa de inimigos exterio-

res, não é por Putin e Trump

apoiarem Le Pen, o que tem

forte significado mas escasso

impacto eleitoral, acontece por

causa dos inimigos internos.

Numa palavra, é o liberalismo

económico que corrói a con-

fiança. A continuar a forma de

ser da União, a desunião é o re-

sultado; a continuar a sua polí-

tica, Le Pen tem uma chance e

essa chance chama-se Macron,

ou tudo recomeçar na mesma

depois da festa.

*Colunista do Publico.pt

Dois acontecimentos esta semana são auto-explanatórios so-

bre como Moçambique terá muitas dificuldades para obter

progressos no índice mundial sobre a percepção da facili-

dade de fazer negócios no país.

São acontecimentos aparentemente marginais, mas que são de-

vidamente anotados por parte de quem possa eventualmente ter

algum interesse em colocar o seu dinheiro por estas margens do

Índico.

O primeiro incidente toca a própria agremiação que anualmente se

tem batido junto do governo para que este melhore o ambiente que

permita a plena realização de negócios em Moçambique. É que

o processo preparativo para as eleições para os órgãos directivos

desta mesma organização deixa tanto a desejar, que não se pode

conferir credibilidade à própria organização.

Se os empresários locais são vistos eles próprios como sendo um

bando de mafiosos, que garantias tem qualquer investidor estran-

geiro de que terá com eles uma relação justa nas suas transações?

Colocado de outra maneira, se os empresários locais se podem al-

drabar entre eles, qual é a garantia que tem o estrangeiro, de que

em caso de alguma disputa, o empresário local não irá comprar o

sistema de justiça local (ele próprio já visto com muita suspeita)

para tirar vantagens e lesar a contraparte estrangeira?

O segundo caso é um episódio que tem todas as facetas para o

manuscrito de um blockbuster fresquinho das entranhas de

Hollywood. Aconteceu na segunda-feira desta semana, quando

dois perigosos cadastrados, sob guarda da polícia, foram libertados

pelos seus próprios comparsas, ante a incapacidade dos seus acom-

panhantes de agir para impedir que os criminosos desaparecessem.

Criminosos há em todo o mundo. Mas poucos existem que de-

safiam o Estado com tamanho amadorismo e desprezo como o

fazem em Moçambique. E quando é assim, o sentimento de fragi-

lidade absoluta entre os cidadãos torna-se arrepiante.

Não deve haver dúvidas para ninguém, de que o incidente de se-

gunda-feira foi orquestrado pelos próprios agentes da polícia que

acompanhavam os dois criminosos. Ou para lhes dar o benefício da

dúvida, caso o plano não tenha sido urdido por eles, então podiam

estar a cumprir ordens dos seus superiores hierárquicos, longe de

se aperceberem de que estavam envolvidos numa missão criminosa.

De qualquer das formas, a conclusão a que se chega é que não é a

este tipo de polícia que qualquer país deve confiar a sua segurança.

Os dois episódios aqui vertidos interligam-se no sentido de que

um país não pode ter um bom ambiente na condução de negócios,

se por um lado os seus próprios empresários actuam com métodos

de um autêntico gangsterismo, e por outro, se o seu sistema de

segurança interna estiver mergulhado na corrupção a um nível tão

profundo que o Estado já não é mais capaz de isolar os crimino-

sos do resto da sociedade. Como alguém já fez notar, é altamente

improvável que uma viatura de escolta fique retida no meio do

trânsito, deixando o objecto da sua cobertura avançar sozinho.

A sujeira e os golpes baixos que estamos a testemunhar na cam-

panha para as eleições na CTA demonstram o quão inapta é

esta organização como representativa de interesses genuinamen-

te empresariais. É o gangsterismo ao mais alto nível, espelhando

provavelmente o carácter dos seus próprios membros. Nenhum

empresário sério poderá se rever numa organização de tão baixa

probidade.

A combinação da imagem de um sector empresarial despido de va-

lores éticos e de um sistema de segurança pública profundamente

comprometido com o crime são, para além de tantos outros, fac-

tores que concorrem para que este país continue a registar índices

de confiança extremamente baixos nos esforços para se tornar num

destino privilegiado de investimentos. Este é um país nas mãos da

máfia.

Moçambique: Um país nas mãos da máfia

É toda vossa, Chefe!

Por Francisco Louçã*

Page 18: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

19Savana 28-04-2017 OPINIÃO

525

Email: [email protected]

Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com“O oxigénio que respiramos

também é um ganho da paz”,

afirma António Luvualu de

Carvalho, embaixador-itine-

rante e membro do Comité Central

do MPLA, em declarações à Tele-

visão Pública de Angola (TPA).

Trata-se de uma declaração cujo

intuito é endeusar o presidente

– o arquitecto da paz – e colocar

o MPLA ao mesmo nível que o

conselho de apóstolos de Jesus

Cristo, ou seja, “intangível”, para

usar uma palavra muito cara a

Luvualu.

Nas redes sociais, as palavras de

Luvualu correm a uma velocidade

extraordinária. Nem mesmo João

Lourenço, cuja figura monopoliza

agora, diariamente, as atenções e

laudas da TPA, RNA e do Jornal

de Angola, consegue ter tanto

impacto quanto o ilustre acadé-

mico do MPLA.

O MPLA deve começar a reflec-

tir sobre os efeitos contraprodu-

centes de tantos anos a amorda-

çar os intelectuais, a censurar e a

pisotear a inteligência dos ango-

lanos que pensam de forma livre

e independente.

Temos, assim, uma comunicação

social do Estado que passou a ser

o repositório da estupidez da-

queles que, a coberto da sua mi-

litância nas mais altas esferas do

MPLA, transformaram o “falar à

toa” na ciência política do regime.

Quando o dirigente general Ben-

to Kangamba fala publicamente

sobre o trabalho do MPLA em

garantir-nos “energia potável”,

rimo-nos todos da ignorância

do homem e ficamos por aí. Mas

Bento Kangamba é uma figu-

ra extraordinária, é um lúmpen

bem-sucedido que entretém os

angolanos que troçam da sua pró-

pria tragédia.

Kangamba tem graça, Luvualu

não.

Luvualu é um Kangamba que fala

bem português, com mestrado

de universidade portuguesa. Não

passa pela cabeça do ilustre re-

presentante do MPLA que, sem

oxigénio, nem sequer teria havido

guerra. Estaríamos todos mortos.

Eventualmente, só o presidente

José Eduardo dos Santos teria

sobrevivido à falta de oxigénio no

seu papel de “Deus pagão”. Mas

o que é um deus sem seres para

criar e orientar? É nada.

Algo parece revelar que no seio do

MPLA começa mesmo a faltar

oxigénio suficiente para garantir

a sobrevivência de um regime tão

minado pela malandragem e as-

túcia. Já não conseguem prometer

nada, nem água, nem luz, e agora

querem chantagear-nos com o ar

que respiramos! Só pode.

*makaangola.org

A impulsividade de Trump

é um pesadelo, não ape-

nas porque faz com que

ele seja explorado por

aqueles que têm agendas inten-cionais, mas também porque Trump comanda muitos brinque-dos mortais. A última palavra, claramente, não foi ainda proferida sobre o ataque com armas químicas, em Khan Sheikhoun, na província síria de Idlib, a 4 de Abril, e que fez 85 mortos e, apontam as estimativas, 555 feridos. Mas três pontos – em relação à responsabilidade pelo ataque, à resposta militar norte--americana a esse mesmo ataque e o efeito que este episódio tem na guerra civil na Síria – têm de ser clarificados.Em primeiro lugar, todos os go-vernos mentem, não de uma for-ma congénita, mas quando lhes convêm e pensam que podem sair impunes. Esta tem de ser a premissa de qualquer esforço para esclarecer a verdade sobre o que aconteceu. Um bom ponto de partida é que os governos de-mocráticos mentem com menos frequência que os regimes auto-ritários, porque é menos provável que consigam sair impunes. As-

sim, é preferível a explicação do

presidente russo, Vladimir Putin,

à do presidente da Síria, Bashar

al-Assad, e é preferível a do pre-

sidente dos Estados Unidos, Do-

nald Trump, à de Putin.

De acordo com Assad, o massa-

cre foi “fabricado”. Por outro lado,

Putin admite que o massacre

aconteceu, mas alega que as ar-

mas químicas estavam no territó-

rio dos rebeldes e que estas armas

químicas foram libertadas ou de

forma deliberada, para desacre-

ditar o regime, ou de forma aci-

dental pelos bombardeamentos

do governo. Finalmente, a admi-

nistração Trump cita provas con-

clusivas que referem que o ata-

que foi planeado e levado a cabo

pelo governo de Assad. Os três

pedem um inquérito “objectivo”

às circunstâncias que envolvem

o “evento”, embora discordem

sobre o que pode ser tido como

“objectivo”.

Apesar das provas de Trump não

terem sido reveladas, creio que o

mais provável é ter existido um

ataque com gás sarin ordenado

pelo regime de Assad. Mas há

espaço para dúvidas. Assumindo

que Assad não é completamente

irracional, os ganhos militares,

relativamente pequenos, de gase-

ar alguns rebeldes (mas também

civis) seriam fortemente suplan-

tados pelo efeito provável na opi-

nião internacional, pelo embaraço

dos seus aliados russos, e pelo

perigo de provocar uma resposta

americana. Além disso, para justi-

ficar a invasão do Iraque em 2003,

os Estados Unidos (e o Reino

Unido) produziram igualmente

provas “conclusivas” que Saddam

Hussein tinha armas de destrui-

ção maciça, o que acabou por ser

falso. E a crescente “segurança do

Estado” aumentou a capacidade

dos governos democráticos para

saírem impunes com mentiras.

Em segundo lugar, Trump reve-

lou a sua instabilidade psicológi-

ca. O seu objectivo enquanto pre-

sidente, que constantemente tem

proclamado, é reparar a economia

norte-americana e não policiar o

mundo. Trump avisou repetida-

mente Obama para não entrar

numa guerra na Síria. Ainda as-

sim, foi precisamente o que fez ao

lançar 59 mísseis Tomahawk na

base aérea síria três dias depois do

massacre em Khan Sheikhoun.

Trump pode, de facto, ter tido um

espasmo de emoção quando viu

as imagens de morte e de crianças

a morrer na televisão, como tem

sido amplamente reportado; mas

as provas visuais dos métodos

sangrentos de Assad há muito

que estão disponíveis.

Quer a sua resposta tenha sido

emocional, ou nascida da frustra-

ção do falhanço das suas iniciati-

vas de política doméstica, ou de-

senhada para assustar a Coreia do

Norte, ou uma mistura das três,

enquadra-se no que o psicólogo

e prémio Nobel, Daniel Kahne-

man, identificou como sistema

1 de pensamento: a propensão

para responder impulsivamente

a problemas complexos quando é

necessária uma ponderação mais

cuidadosa (sistema 2 de pensa-

mento).

A impulsividade de Trump é

um pesadelo, não apenas porque

faz com que ele seja explorado

por aqueles que têm agendas in-

tencionais, mas também porque

Trump comanda muitos brinque-

dos mortais. A resposta de siste-

ma 1 de Trump ao ataque com

gás sarin contrasta com a reacção

deliberada em Outubro de 1962

do presidente John F. Kennedy, e

dos seus conselheiros, à decisão

de Nikita Khrushchev de colocar

mísseis nucleares em Cuba.

Em terceiro lugar, o que o secre-

tário de Estado dos EUA, Rex

Tillerson, disse em Moscovo -

que o “reinado da família Assad

está a chegar ao fim” – não faz

sentido. Dos 16 milhões de sírios

que continuam na Síria, 65,5%

vive em territórios controlados

pelo governo. A menos que Til-

lerson tenha em mente uma polí-

tica oculta para retirar Assad, por

assassinato ou por golpe de Esta-

do, insistir na sua saída como uma

condição para a solução política

para a Síria significa um pro-

longamento da guerra civil: mais

apoio em termos de armamento

para a oposição vai significar mais

apoio russo ao regime.

De qualquer maneira, a política

americana - se é que há uma - é

simplesmente uma política de

guerra, sem um limite temporal e

com consequências incalculáveis.

O Instituto Internacional de Es-

tudos Estratégicos, após o ataque

com os Tomahawk, referiu que:

“se aparentemente Trump está no

caminho para alcançar um equi-

líbrio político apropriado, a sua

impulsividade, ignorância em ter-

mos de assuntos internacionais,

natureza inconsequente, contra-

riedade natural e disposição ‘tran-

sacional’ provavelmente impedem

a consolidação de uma ‘doutrina

Trump’ distintiva”.

Uma política externa prudente

é completamente diferente de

uma resposta “proporcional” a um

evento específico porque envolve

saber que os fins se alcançam com

os meios escolhidos. Por outras

palavras, política externa exige

pensamento estratégico. Trump

não mostrou qualquer sinal disso.

De facto, a sua impulsividade po-

lítica arrisca-se a cavar um buraco

ainda mais profundo na Síria, no

qual os EUA, o Reino Unido e a

Rússia vão ficar presos.

Em 1903, um estudante da Uni-

versidade de Cambridge, John

Maynard Keynes, escreveu um

ensaio sobre o filósofo conser-

vador Edmund Burke, no qual

incluiu uma pérola de sabedoria

do seu próprio tempo. “Além do

risco que envolve qualquer mé-

todo violento de progresso”, ar-

gumentava Keynes “há ainda esta

consideração que frequentemente

precisa de ênfase: não é suficien-

te que os assuntos de Estado que

procuramos promover sejam me-

lhores do que os que o precede-

ram; têm de ser suficientemente

melhores para compensarem os

males da transição”.

 *Membro da Câmara dos Lordes britânica, é professor emérito de

Economia Política na Universida-de de Warwick.

A política de guerra de Trump na Síria

Luvualu: o Oxigénio do Camarada PresidentePor Rafael Marques de Morais*

Não há melhor maneira para justificar a pobreza senão

dotá-la da irremediabilidade da natureza, fazer dela

não um dado social, mas natural. Por outras palavras: o

mundo é naturalmente feito de ricos e de pobres,  sem-pre assim será. A naturalização da pobreza encontra na esmola

um reprodutor ideal, estimulado a vários níveis, religiosos e pro-

fanos. A pobreza surge como um estado tecnicamente tratável,

exterior às relações de produção.

Uma outra maneira de extrair a pobreza de relações sociais con-

siste em fazer dela um problema de preguiça. A conclusão, mui-

to prezada por certos extractos sociais, é a de que se as pessoas

forem enérgicas, se quiserem vencer, poderão deixar de ser po-

bres. A pobreza é, então, neste prisma, um problema psicológico

particular e é desta maneira que se passa a mensagem de que os

ricos trabalham e os pobres preguiçam.

Pobreza

Robert Skidelsky*

Page 19: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

20 Savana 28-04-2017OPINIÃO

SACO AZUL Por Luís Guevane

Marchar, acompanhar os

discursos de ocasião, exi-

bir o boné ou a camiseta

da instituição, exibir car-

tazes de luta pacífica pelo bem-estar

do trabalhador e melhoria da quali-

dade de trabalho, acompanhar tudo

isso em gritos de lamentos, gritos que

não mudam no seu conteúdo e nem

na sua forma, …marchar para não

apanhar uma falta ou uma repreensão,

…marchar porque fica mal não estar

entre os coagidos. Enfim, marchar/

desfilar porque, simplesmente, é o 1º

de Maio. Pelo menos em Moçambi-

que, pelas características da marcha/

desfile, não há o perigo de os mani-

festantes serem surpreendidos com

uma forte chambocada ou um jato de

água, ninguém volta ao convívio fa-

miliar com hematomas ou a reclamar

o uso de força ou excesso de zelo por

parte dos homens da lei e ordem. O

1º de Maio é sempre caracterizado

Por melhores condições de trabalhopor uma marcha/desfile que não espelha

o profundo campo de reivindicação do

trabalhador, não sendo por isso um dos

picos mais altos, senão o mais alto, da

jornada de luta por melhores condições

salariais e de trabalho.

No último 1º de Maio, o de 2016, notou-

-se claramente que a equidistância entre

o Governo e a cúpula da organização dos

trabalhadores precisa de ser saudável. Ou

seja, esta última deve adequar-se às mu-

danças políticas que se operaram no país

após o Acordo Geral de Paz. Pode ser

que seja difícil ganhar alguma autono-

mia como organização que representa os

trabalhadores se considerarmos a história

da sua criação e, sobretudo, o suporte fi-

nanceiro. Uma génese que deve valer pelo

seu simbolismo. O lado saudável deve ser

entendido no sentido de a “Organização”

percorrer a razão sem comprometimen-

to com a “costela política”. É saudável

porque obriga a crescentes melhorias na

qualidade de governação. Quando o con-

luio é a regra, então, por inércia, prejudica

essa mesma qualidade. Neste sentido, a

teatralidade pró-governativa, parecendo

que não, gera um efeito contrário, ou seja,

não produz determinação nos governan-

tes. Adormece a proactividade deste ou

daquele governante porque a suposta luta

por melhores condições salariais e de tra-

balho “está sob controlo”. E, quem con-

trola? O grupo do camarada fulano e si-

crano. E os interesses dos trabalhadores?

Ah, esses já estão satisfeitos por estarem

fora das estatísticas referentes à popula-

ção de desempregados. O problema não

é o salário e muito menos as condições

de trabalho, mas sim a luta pela manu-

tenção dos seus postos de trabalho. Será?

Claro que é um pensamento à margem

da realidade vivida e defendida pelo tra-

balhador. A “Organização” pode, pro-

vavelmente, estar a jogar em função da

realidade política e económica do país.

A luta por uma clara autonomia que a

determine ou determinasse como mo-

vimento plenamente sindical pode

ou poderia custar alguma “agitação

nacional”. Alguma intensidade de

actuação (da “Organização”) tem

ou teria uma forte probabilidade de estabelecer novas relações de po-der, novas plataformas que flexibili-zassem o alcance dos objectivos do movimento sindical. Num primeiro momento pode perturbar a rotina, a zona de conforto governativo, mas em última instância poderá patro-cinar uma proactividade gerada pela meritocracia. A mudança é sempre um desafio de curto, médio ou lon-go prazos, e, muitas vezes, a mesma depende da percepção que se tem sobre a sua importância na vida das pessoas. Quando essa percepção é clara, as probabilidades de mudança de mentalidade tendem a ser rápidas

e os ganhos são visíveis. Continue-

mos a desfilar. Continuemos a lutar

por melhores salários e condições de

trabalho.

Vou-te contar uma pequena men-

tira envolta numa grande verda-

de. Em meados da década de 60,

andava eu pelos meus 20 anos de

idade, engatei o meu primeiro emprego.

Foi como aprendiz de encadernadora

numa empresa gráfica situada numa das

margens da Av. Angola, em Lourenço

Marques.

Nessa gráfica, a secção onde eu trabalhava

era sui generis por várias razões: uma delas

é que o pessoal que aí se encontrava era

exclusivamente do sexo feminino. Éramos

por aí umas 5 ou 7 mulheres. A excepção

era o chefe, que – como era óbvio para esse

tempo – era um homem. Por outro lado,

todas nós tínhamos em comum o facto de

termos sido forçadas a abandonar os estu-

dos antes mesmo de concluir a primária

ou quase a concluí-la, por razões várias, a

principal das quais era o facto de os nos-

sos pais não terem condições para conti-

nuarmos a estudar. Outro factor comum

era o facto de quase todas nós sermos des-

quitadas, depois de uma experiência curta

e quase sempre traumática de tentar uma

vida “decente” de esposas e mães.

Tudo isto, conjugado com o facto de au-

ferirmos um salário, nos dava uma certa

margem de independência e fazia com

que, mesmo sem ser de modo consciente,

nos sentíssemos um pouco com o direito

de exercer uma liberdade pessoal maior

do que era a norma. E isto podia manifes-

tar-se no facto de muitas de nós vivermos

em casas ou dependências arrendadas, so-

zinhas, e termos hábitos mais licenciosos

do que seria aceitável na altura.

Fosse porque razão fosse, ganhei muito

cedo a alcunha de Mapilissi. Penso que

este nome vem de uma corruptela da pa-

lavra “comprimidos”, em inglês, como me

disseram mais tarde. O que é facto é que

nas nossas aventuras – eu e as minhas co-

legas – eu era a mais atrevida e bem-su-

cedida. O ambiente que se vivia naquela

faixa da Av. Angola era favorável a isso.

Na verdade, todo aquele universo era um

formigueiro constante de operários e ope-

rárias, de vendedoras, de boémios aman-

tes de bom vinho, de homens de tasca e de

toda a sorte de seres humanos. Para dizer

como dizem os nordestinos, curto e gros-

so, ali tudo podia acontecer.

Tive muitas aventuras, tal como a maior

parte de nós, mas sem grandes desenvol-

vimentos, até que já a caminho dos 40

anos tive aquela que me ia valendo tudo

o resto, o que aliás aconteceu. Foi quando

me envolvi com o Enoque T. N., que era

na altura chefe da secção de empacota-

mento na Sabrina. Enquanto eu vivia so-

zinha e curtia a minha independência, o

Enoque era casado e já tinha 3 filhos na

fase da adolescência. Foi uma loucura! No

princípio contentava-se em passar uma

noite de sexta-feira na minha companhia,

regressando a casa a meio da manhã de

sábado para contar uma história qualquer

à mulher, que nunca me interessei em sa-

ber. A coisa pegou fogo quando ele, uns

meses depois desta relação sazonal, deci-

diu instalar-se na minha casa de armas e

bagagens.

Entrei em pânico, como devem imaginar.

Já me bastava a alcunha de Mapilissi, que

me foi dada porque eu “enfeitiçava os ho-

mens”, tal como as drogas o fazem, quan-

do mal aplicadas. Só me faltaria agora ser

acusada de ter destruído o lar de um ho-

mem, lar que estava solidamente constru-

ído. Não foi preciso, aliás, que eu me de-

cidisse muito, porque numa manhã destas

o quintal onde eu tinha a dependência

arrendada foi invadido por uma turba de

gente encabeçada pela Amélia, esposa do

Enoque. Estava acompanhada pelas tias,

pelos filhos e por alguns vizinhos. Ame-

açaram-me de morte se não deixasse o

Enoque definitivamente em paz.

Disse isso a ele, mais tarde, mas ele me

respondeu que, se assim era, preferia

abandonar de vez o lar para vir viver co-

migo. Eu disse que não, decididamente

não, mas perante a sua recusa tomei a mi-

nha resolução: nessa noite, enquanto ele

fazia tempo como habitualmente na tasca

do Rodrigues, uns metros mais adiante,

reguei a minha cama e a cabana com pe-

tróleo, tranquei a porta por dentro, deitei-

-me, fechei os olhos e pus fogo a tudo

aquilo. Imolei-me valente e deliberada-

mente no altar da paixão. Preferi isso a ter

de carregar aos ombros, pelo resto da vida,

a cruz de uma mulher que destruiu um lar.

P.S. Conseguiste descobrir onde está a men-tira?

Mapilissi

Page 20: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

21Savana 28-04-2017 PUBLICIDADE

1. INTRODUÇÃO

O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI, em parceria com o Observatório do Meio Rural (OMR) anunciam a realização de um cur-so avançado para a formação de jornalistas e editores nas áreas de economia e agricultura.

O curso facultará aos jornalistas e editores um maior conhecimento e capacidade de análise de assuntos económicos e agrários, o que lhes permitirá ter um

-nais, consequentemente, elevar a qualidade dos con-teúdos informativos dos respectivos órgãos de comu-nicação social.

2. ORGANIZAÇÃO DO CURSO

O curso está desenhado para um máximo de 25 parti-cipantes, e terá a duração de cerca de 180 horas.

O programa está estruturado em seis módulos. Cada módulo terá a duração de 30 horas, leccionadas com uma carga horária de 6 horas por semana (o que equi-vale a 2h/dia, três vezes por semana).

Cada módulo terá a duração de 5 semanas e mais uma

trabalhos, totalizando seis semanas por módulo. Des-te modo, o curso terá a duração de 9 meses.

Os módulos do curso são os seguintes:1. Noções de economia2. Desenvolvimento económico e rural.3. Governação e Acesso à Informação4. Políticas públicas.5. Agricultura.6. Seminários.

A disciplina “Seminários” será constituída de sessões de debate sobre temas a serem acordados no decurso da próxima formação, em serão tidas em conta suges-tões dos participantes.

conceitos, teorias e debates teóricos e práticos de for-

ma a existirem aulas participativas e de troca de ex--

rão convidados especialistas de diferentes áreas para apresentação de temas actuais e relevantes da reali-dade moçambicana. Estes temas serão seleccionados com contribuições dos formandos.

3. HORARIO E CRITERIOS DE ADMISSÃO

O curso funcionará em regime pós-laboral, entre as 17:30 horas e as 19:30 horas, conforme o horário esta-belecido.

Podem inscrever-se para frequentar o curso jornalis-tas moçambicanos em actividade em qualquer órgão de Comunicação social legalmente estabelecido em Moçambique. Os/as candidatos/as devem ter, no mí-

Os/as jornalistas interessadas devem submeter a sua candidatura, acompanhada dos seguintes documen-tos:

a) Carta de candidatura, indicando a sua motiva-ção para a frequência do curso;

b) Documento comprovando a sua vinculação a um órgão de informação nacional,

c) Fotocópia do Bilhete de Identidade ou de qual-

Sempre que possível, encoraja-se os/as candidatas a juntarem uma declaração do Editor, Director de Infor-mação ou Gestor da Empresa, abonando a sua candi-datura ao curso.

4. PERIODO DE SUBMMISSÃO DE CANDI-DATURAS

Os/as jornalistas interessadas devem submeter as suas candidaturas no período entre o dia 26 de Abril e 2 de Maio de 2017, através dos seguintes endereços:Endereço Físico:Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANIAv. Olof Palme, nº 940 -1º andar. MaputoEndereço electrónico: [email protected]

SEKELEKANI e OMR encorajam vivamente a partici-pação de mulheres jornalistas no curso.

CURSOS DE JORNALISMO NAS ÁREAS DE ECONOMIA E AGRICULTURA

Page 21: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

22 Savana 28-04-2017DESPORTODESPORTO

Empatados na tabela classi-ficativa (13 pontos) e dis-tantes nos objectivos e nos investimentos, o Costa do

Sol e Maxaquene protagonizam, este fim-de-semana, o jogo mais importante da oitava jornada do campeonato nacional de futebol, Moçambola Zap-2017.

No derby das antigas, os “canari-

nhos” e “tricolores” sobem para o

relvado sintéctico da “Matchiki-

-Tchiki” com as mesmas aspirações,

que é a conquista dos três pontos.

Com quatro vitórias consecutivas,

após um arranque em falso, o “ca-

nário” parte endiabrado para o jogo,

apesar da derrota, no último fim-

-de-semana, em Lichinga, diante

da equipa local (UP de Lichinga)

por 1-0.

Nelson Santos, que desde a primei-

ra jornada reclama o décimo título

canarinho, considera a derrota do

último domingo como um acidente

de percurso e promete provar isso,

neste sábado, perante seu público.

Aliás, tendo em conta o nível de in-

vestimento e os últimos resultados

(quatro vitórias, em cinco jogos), o

Costa do Sol parte em vantagem,

porém, ciente das dificuldades que

terá pela frente.

O facto é que pela frente está uma

equipa jovem, comandada por An-

toninho Muchanga, que já roubou

pontos ao campeão nacional, Fer-

roviário da Beira, assim como ao

Ferroviário de Maputo.

Além disso, o Costa do Sol terá

pela frente o seu carrasco dos últi-

mos anos. O facto é que a equipa

de Nelson Santos não vence, para

o campeonato, os comandados de

Antoninho Muchanga há cinco

épocas, facto que motiva os pupilos

“tricolores”.

No último fim-de-semana, a equi-

pa “tricolor” arrancou a sua pri-

meira vitória caseira, ao derrotar a

Moçambola Zap

Por Abílio Maolela

ENH de Vilanculo por uma bola

a zero, numa partida em que, mais

uma vez, as duas equipas denota-

ram falta de maturidade.

Como sempre, o técnico do Maxa-

quene promete uma equipa aguer-

rida do primeiro ao último minuto,

tendo a vitória como sendo o seu

principal objectivo.

Songo em casa para re-gressar às vitóriasEnquanto isso, a União Desportiva

do Songo (UDS) recebe, domin-

go, a sensacional UP de Lichinga,

numa partida também aguardada

com maior expectativa.

A equipa de Chiquinho Conde

vem de uma derrota diante do Des-

portivo de Nacala, resultado que

lhe colocou lado-a-lado com a Liga

Desportiva de Maputo, enquanto a

equipa de Niassa vai surpreenden-

do o país, ao se colocar na sexta po-

sição, com 13 pontos.

Para além destas duas partidas, a

jornada nove reserva ainda a parti-

da entre os Ferroviários de Nampu-

la e de Maputo, separadas por dois

pontos, maior para os “locomotivas”

de Maputo que ocupam a terceira

posição com 14 pontos.

A Liga Desportiva de Maputo, que

na última jornada visitou e venceu

o Ferroviário da capital do país, em

pleno Estádio da Machava, recebe

o Chingale de Tete que continua

sem rumo, apesar do afastamen-

to de Mussá Osman, do comando

técnico.

Por sua vez, o campeão nacional,

Ferroviário da Beira, visita a cidade

de Quelimane, onde vai defrontar

o 1º de Maio local; enquanto o

Ferroviário de Nacala recebe a As-

sociação Desportiva de Macuácua,

que no último jogo impôs-se ao

Chibuto, ao empatar sem golos.

Aliás, o Clube de Chibuto recebe

o Desportivo de Nacala, enquanto

o Textáfrica de Chimoio recebe a

“Canários” e “Tricolores” numa disputa de posições... ENH de Vilankulo.

Referir que o Moçambola é lide-

rado pela Liga Desportiva de Ma-

puto com 16 pontos, os mesmos

da União Desportiva do Songo.

Enquanto a Associação Desportiva

de Macuácua é o lanterna vermelha,

com quatro pontos e sem nenhuma

vitória.

Page 22: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

23Savana 28-04-2017 DESPORTODESPORTO

Já são conhecidos os adver-sários do Ferroviário da Beira, na fase de grupo da Liga dos Campeões Africa-

nos, em futebol, edição 2017.

Em sorteio realizado, esta quarta-

-feira, no Cairo, capital do Egipto,

a Confederação Africana de Fu-

tebol (CAF) colocou o campeão

nacional no grupo A, ao lado dos

tunisinos do Étoile Sportive du

Sahel e dos sudaneses do Al-Hilal

Club e do Al-Merrikh Sporting

Club.

O combinado nacional estreia-se

na fase de grupo da maior compe-

tição africana de futebol, ao nível

de clubes, a 12 de Maio próximo,

frente ao Étoile Sportive du Sahel,

na capital tunisina.

Os “locomotivas” da Beira rece-

bem, jornada seguinte, no caldei-

rão, o Al-Hilal, terminando a pri-

meira volta frente ao Al-Merrikh.

No grupo, onde fazem parte duas

equipas sudanesas, o favoritismo

vai para a equipa tunisina. O Étoi-

le Sportive du Sahel, nove vezes

campeão nacional, é um cliente

assíduo das competições africanas,

tendo já conquistado uma Liga

dos Campeões (2007), duas Taças

CAF (2006 e 2015) e duas Super-

taças Africanas (1998 e 2008).

Ferroviário da Beira com Étoile Sahel, da Tunísia, no Grupo A da Liga dos Campeões Africanos

A difícil tarefa moçambicana num grupo sudanêsequipas, em particular do combi-

nado tunisino, o treinador “loco-

motiva” afirma que a sua equipa

vai a cada jogo com o objectivo de

mostrar o seu poderio e melhorar

a sua qualidade.

“A preparação vem sendo feita há

muito tempo, porém, agora será

na base de equipas concretas. O

Étoile é um gigante africano, mas

acreditamos que podemos fazer

melhor”, diz aquele técnico, ques-

tionado sobre os passos a seguir

até à primeira jornada.

“O Ferroviário pode so-nhar”, Fernando DiasO Presidente da Associação

Provincial de Futebol de Sofala

(APFS), Fernando Dias, reconhe-

ce o poderio dos adversários do

Ferroviário da Beira, mas acredita

na passagem do campeão nacional

à fase eliminar.

Apesar de estranhar a presença de

duas equipas sudanesas no mesmo

grupo, Dias considera isso como

uma vantagem porque “as duas

equipas vão lutar por um lugar na

fase seguinte, pois, a equipa tuni-

sina é favorita”.

“Mas, pode ser uma desvantagem,

pois, em caso de aperto, podem

unir-se numa única frente”, consi-

dera a fonte, sublinhando a neces-

Aliás, em 2007, a equipa tunisi-

na ocupou a quarta posição, no

campeonato do mundo de clubes,

competição ganha pelo AC Milan,

da Itália, batendo Boca Juniores,

da Argentina por 4-2.

Para além dos tunisinos, o Ferro-

viário da Beira terá de contrariar

o poderio dos sudaneses, também

clientes desta fase das provas afri-

canas.

O primeiro chama-se Al-Hilal

Club, o maior clube daquele país

africano, com 28 campeonatos na-

cionais e nove taças, tornando-se

no principal rival do Al-Merrikh,

o segundo maior clube, com 19

títulos nacionais e 24 taças nacio-

nais e uma Taça das Confedera-

ções (1989).

“Não queremos ser partici-pantes”, Aleixo FumoContactado pelo SAVANA para

reagir ao sorteio, na noite desta

quarta-feira, o treinador do Fer-

roviário da Beira, Aleixo Fumo,

disse que a sua equipa não vai à

competição para ser participante,

mas para competir.

“Não queremos ser participantes.

Era nossa ambição estar na fase

de grupos e agora faremos o nosso

melhor para representar, condig-

namente, o nosso clube e país”,

disse Fumo.

Reconhecendo o poderio das três

sidade dos “locomotivas” trabalha-

rem de forma profissional.

“Precisamos procurar, desde já,

toda a informação relativa a estas

equipas. Temos de procurar vídeos

destas equipas para não jogarmos

no escuro e nem sermos surpreen-

didos”, destaca.

O presidente da APFS afirma

que o entusiasmo que se vive na

sua cidade merecia desaguar num

palco como o Estádio Nacional

do Zimpeto, pois, o “caldeirão” do

Chiveve mostra-se pequeno para

acolher “tanta gente”.

Outros gruposRefira-se que, para além do gru-

po do Ferroviário da Beira, o sor-

teio da CAF definiu o seguinte

parcelamento: Group B (Zama-

lek Sports Club, Egipto; Union

Sportive Médina d’Alger, Argélia;

Alahly Sports Club, Líbia; Caps

United, Zimbabwe); Group C

(Mamelodi Sundowns, África do

Sul; Espérance Sportive de Tu-

nis, Tunísia; AS Vita (Association

Sportive Vita Club), RDC; Saint

George Sports Club, Etiópia);

Group D (Al Ahly Sporting Club,

Egipto; Wydad Athletic Club,

Marrocos; Coton Sport Football

Club de Garoua, Camarões; Za-

naco, Zâmbia).Ferroviário da Beira com missão difícil, num grupo dominado por equipas

sudanesas

Page 23: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

24 Savana 28-04-2017CULTURA

A Fundação Fernando Lei-te Couto e a Trassus Mo-biliário lançaram, no dia 20 de Abril, o Prémio Li-

terário Fernando Leite Couto, que

anualmente revelará, alternando

a poesia e a prosa, um novo nome

para a literatura.

Para a estreia do Prémio foi esco-

lhida a poesia, género de eleição de

Fernando Leite Couto, patrono da

Fundação e homem que em vida se

dedicou ao jornalismo e à literatura.

Este intelectual e homem de cultu-

ra falecido em 2013 foi mentor de

muitos autores consagrados e novos

para o mundo literário nacional, so-

bretudo através da Ndjira, editora

que fundou e dirigiu.

O Prémio Literário Fernando Lei-

te Couto pretende ser uma janela

e um novo alento para que mais

Prémio Literário Fernando Leite Coutoautores, sobretudo jovens, despon-

tem para a literatura moçambicana.

Está destinado para autores sem

nenhum ou com apenas um livro

publicado no período de dois anos

até ao mês do anúncio do vencedor,

que nesta primeira edição será Se-

tembro.

Ao vencedor será atribuído um va-

lor pecuniário de 150 mil meticais,

ganhando ainda o direito de ver

o seu livro editado pela Fundação

Fernando Leite Couto.

Fernando Leite Couto foi poeta,

jornalista e editor que muito contri-

buiu para o crescimento da literatu-

ra moçambicana, dedicando grande

parte da sua vida ao apoio a vários

autores. Esta sua contribuição pos-

sibilitou que o sonho de dezenas de

autores moçambicanos se realizasse

e as respectivas obras nascessem,

ampliando, assim, o horizonte dos

antologias poéticas e tradutor de

poesia. Na década dos anos 1980,

foi director da Escola de Jornalis-

mo em Maputo. Nos últimos anos

da sua vida, assumiu a direcção da

editora Ndjira, a seu tempo a maior

janela de publicação de livros lite-

rários em Moçambique. Fernando

Leite Couto faleceu em Maputo

em 2013 aos 89 anos.

A Fundação é um espaço de cultura

inaugurado na cidade de Maputo

em 2015 pela família de Fernando

Leite Couto, que desta forma pre-

tende continuar o seu legado. De-

dica-se à promoção da literatura e

das artes, concebendo e organizan-

do, todas as semanas, eventos que

vão dos encontros literários, acções

de formação e edição de livros a

apresentações de música, teatro, ex-

posições de artes e outras manifes-

tações artístico-culturais. A.S

A MPDC (Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Mapu-to) promoveu, nesta

quarta-feira, 26 de Abril, um

espectáculo nunca antes visto

em Moçambique denomina-

do “Classic Feminissimo!”, no

Gloria Hotel, em Maputo. “A

MPDC orgulha-se pelo traba-

lho e valor que as mulheres, cada

vez em maior número, agregam

ao nosso porto. Achamos que

este concerto é uma forma de

homenageá-las, para além de

outras acções que foram levadas

a cabo durante o mês de Abril”,

afirmou o Director-Executivo

Osório Lucas.

O concerto foi um verdadeiro

hino à Mulher Moçambicana e

juntou, no mesmo palco, todos

os nomes femininos da música

clássica moçambicana, inclu-

sive solistas na diáspora, Stella

Mendonça (soprano), Sónia

Mocumbi (alto), Mariana Car-

rilho (mezzo-soprano), Kika

Materrula (oboé) e Linda Pau-

lino (contrabaixo). “Este concerto

junta mulheres para celebrar o mês

da mulher, para mostrar que a mu-

lher é muito forte e que precisa de

ser valorizada. Estamos a mostrar

que a mulher pode realizar coisas

no mundo. Portanto, é um con-

certo que juntou mulheres que fa-

zem música erudita”, explica Stella

Mendonça.

A estas, juntaram-se ainda nomes

sonantes da música clássica cubana

- Alena Bravo (piano), Ekaterina

James (violino) e Deyanira Silva

(saxofone), e ainda a pianista sul-

-africana Susan Swanepoel. O es-

pectáculo foi ainda poeticamente

narrado pela escritora Sónia Sultu-

ane. “Procuramos trazer figuras que

têm muita relevância naquilo que é

música erudita. Juntamos mulheres

com quem temos trabalhado há

bastante tempo. O concerto serve

para mostrar que a música erudi-

ta pode ser consumida em todo o

mundo, não tem fronteira e quando

é protagonizada por mulheres traz

outra beleza. É agradável fazer esse

tipo de eventos e serem apresenta-

dos no nosso país”, referiu Sónia

Mocumbi.

O espectáculo não foi apresen-

tado ao público, mas apenas por

convite e contou com cerca de 400 convidados, entre distin-tas figuras das esferas social, política e empresarial moçam-bicanas. “Esperamos ter mais oportunidades para apresentar este tipo de projectos na so-ciedade moçambicana, para quebrarmos o tabú de que a música erudita não tem espaço nos países do terceiro mundo. Como disse anteriormente, a música não tem fronteiras. O que é preciso é mostrar que ela precisa de alguns condimentos para ser apresentada e ser agra-dável ao público. Uma excelente apresentação, ensaios, estudos científicos e outros aspectos da música erudita participam para uma excelente apresentação. Precisamos mostrar os jovens que engrenam nesta área musi-

cal que precisam de ferramentas

para que os seus trabalhos sejam

apresentados de uma melhor

forma”, finaliza Mendonça.

A.S

“Classic Feminissimo!”, hino a mulher

Mia Couto falando do concurso

O conceituado saxofonista moçambicano, radicado na Noruega, Ivan Mazuze, é o convidado da noite de celebração do Dia In-ternacional do Jazz que se assinala a 30 de Abril.

O músico vai apresentar um concerto na cidade de Fano, Itália. O concerto

terá lugar no Teatro della Fortuna às 18h30. Nestas celebrações do dia do

Jazz, Moçambique será muito bem representado pelo incontornável Ivan

Mazuze, mas também por Isidro Novela (baixo), moçambicano radicado

na Dinamarca. A estas duas figuras da música moçambicana, juntam-se

igualmente Bjørn Vidar Solli da Noruega (guitarra) e Raciel Torres, cubano

radicado na Noruega.

Este quarteto, com raízes diferentes, une os seus instrumentos produzindo

uma única sonoridade rica e incontestável para quem navega nas ondas do

Jazz.

O concerto é organizado pela Fano Jazz Network da Itália com apoio da

Unesco Itália, Jazz Forum Norueguês, Music Norway, Embaixada da No-

ruega em Roma e União dos Músicos da Noruega.

Mazuze tem estado envolvido nas actividades das celebrações do dia inter-

nacional do Jazz desde 2013. Nesse mesmo ano, foi indicado como director

artístico junto com a saxofonista norueguesa Frøy Aagre, Steve Wilson sa-

xofonista norte-americano e o director académico do Manhattan Music of

School, Justin Diciocio.

Mazuze teve um papel de destaque na iniciação das celebrações do dia

internacional de Jazz, em 2015, em Moçambique, junto com a organização

cultural Moçambicana Phiane, tendo sido a sua primeira edição em 2015.

O Dia Internacional do Jazz reúne comunidades, escolas, artistas, historia-

dores, acadêmicos e entusiastas do jazz de todo o mundo para celebrar e

aprender sobre o jazz, suas raízes, futuro e impacto.

Todos os anos, a 30 de Abril, o jazz é reconhecido por promover a paz, o

diálogo entre as culturas, a diversidade e o respeito pelos direitos humanos

e à dignidade humana, reforçando o papel da juventude na implementação

de mudanças sociais. A.S

produtores da literatura.

Também escreveu, tendo publi-

cado nove livros, maior parte dos

quais como poesia. Mas a sua obra

inclui também ensaios e crónicas

jornalísticas. Foi coordenador de

Ivan Mazuze celebra o jazz na Itália

Page 24: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

Do

bra

po

r aq

ui

SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1216 DE ABRIL DE 2017

Best Seller da semanaRECOLONIZAR ÁFRICA:

AS NOVAS UTOPIAS

Uma obra escrita a 4 mãos brevemente nas livrarias... Por falar em recolonização...

Page 25: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

SUPLEMENTO2 3Savana 28-04-2017Savana 28-04-2017

Page 26: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

27Savana 28-04-2017 OPINIÃO

Abdul Sulemane (Texto)

Naíta Ussene (Fotos)

“Esta é a minha geração, a geração da Charrua, a geração que recusou, por

princípio, alinhar no espírito cortesão então em voga. Estas cartas a ela per-

tencem.

Mas há outra geração a que pertenço, a chamada geração 8 de Março,

aquela a quem recaiu o famoso discurso de 8 de Março de 1977, do então

Presidente da República, Samora Moíses Machel. É a geração do Francisco Esaú

Cossa, a geração dos funcionários zelosos, cumpridores das orientações centrais. É

a geração que não ousou questionar, mas que cumpriu sempre. E hoje, essa geração,

a caminho dos sessenta anos, anda, aos fins-de-semana, atrás de blocos e cimento

e pedra, tentando construir a casa do tal homem novo. A eles também dedico estas

cartas de Inhaminga. E aos outros, nossos filhos e netos, espero que não façam do

espírito de adulação, o tal espírito cortesão, o seu modo de estar. Nós precisamos de

autonomizar os discursos. Queremos que o discurso literário, científico, desportivo,

económico, informático, jornalístico, e todos outros discursos possíveis, não sejam

contaminados pelo discurso político. Que todos os discursos tenham o seu lugar de

honra na grelha de partida. Que haja pluralidade. Que haja democracia”.

Estas foram algumas das palavras ditas pelo escritor Ungulani Ba Ka Khosa, aquan-

do do lançamento do seu mais recente livro, intitulado Cartas de Inhaminga.

No seu discurso, Ungulani Ba Ka khosa disse ainda: “estas cartas, caros presentes,

podem resumir-se a uma ou duas frases: O direito de pensar diferente. O direito de

dissentir. O medo de desafiar a doutrina oficial, o discurso do dia.

Nas imagens, vemos uma geração de moçambicanos que de alguma forma concord-

am com os dizeres de Ungulani. Chegou o momento de contar as coisas sem medo.

Reparem nesta primeira imagem onde aparece o Primeiro-ministro da Saúde de

Moçambique pós-independência, Hélder Martins, a conversar com o médico, escri-

tor, Filipe Matusse, é bem visível o nível de concordância no que falam.

Na segunda imagem, também temos o mesmo cenário de consentimento. As pes-

soas parecem concordar que é momento de abandonar o silêncio perante a realidade

que nos rodeia. Vejam como os dizeres da Directora do Museu Nacional de Arte,

Julieta Massimbe, deixam o antigo Ministro da Cultura, Armando Artur. Como se

estivesse a dizer que as questões culturais do nosso país estariam melhor se tives-

sem sido tratados de forma diferente durante esses 40 anos de independência. Que

independência?

O olhar também tem a sua linguagem nesta questão de conformidade. É uma das

formas para evitar as palavras. Concordar via telepatia é outra virtude. Talvez é

o que acontece na troca de olhares entre o Presidente do Conselho Superior de

Comunicação Social, Tomás Viera Mário e o Director da Escola Internacional de

Maputo, diplomata e escritor, Florentino Dique.

Nem todos os momentos são de ambiente de concordância. Às vezes, o caminho

da conformidade pode ser longo. Por várias razões. Muitas vezes, as justificações

têm sido um dos principais elementos que nos dificultam chegar à consonância.

Deduzimos que seja o que está a acontecer na conversa entre o Director do Instituto

Nacional de Cinema, Djalma Lourenço e o Jorge Oliveira, da AEMO.

Deixamos para o fim um cenário de plena uniformidade. É agradável ver um jovem

saxofonista a estar no mesmo momento com uma das suas referências. Referimo-

nos ao saxofonista Moreira Chonguiça que juntou o seu professor de música, Or-

lando da Conceição, no centro, e o saxofonista, Manu Dibango, na apresentação

do seu novo disco. Não são todos que têm estes privilégios. Com muito trabalho é

possível.

A verdade chegou

Page 27: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

IMAGEM DA SEMANA

À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz o 1216

Diz-se... Diz-se

Naíta Ussene

O Ministro da Economia e Fi-nanças, Adriano Maleiane, está a negociar com o Banco Nacional de Desenvolvimen-

to Económico e Social (BNDES),

uma instituição financeira estatal do

Brasil, a restruturação do empréstimo

de 125 milhões de dólares que a mes-

ma concedeu para a construção do

Aeroporto Internacional de Nacala,

noticia o sítio de notícias Zitamar.

-

e Finanças moçambicano, disse o

administrador-financeiro da empresa

Aeroportos de Moçambique, Artur

Magalhães, citado pela Zitamar.

a notícia, pretende o alargamento do

remoção da obrigação de depósito de

mais de 15 milhões de dólares para o

pagamento do encargo.

honrar esse compromisso financeiro.

-

-

para pagar parte dos 300 milhões de

-

brecht para a construção do Aeropor-

-

lares de bancos moçambicanos, para a

mesma empreitada.

tendo um índice de procura bastante

aquém da sua capacidade.

-

-

Tal como o SAVANA

-

A Zitamar assinala que o Brasil é

negociada num quadro multilateral e

não bilateral.

empréstimo de 80 milhões de dólares

em Abril de 2011 para a construção

-

dard Bank tinha disponibilizado 10

2010.

construir o aeroporto, que dista cer-

ca de 200 quilómetros do Aeroporto

-

-

lhões de dólares.

recursos, contraindo um empréstimo

-

de dólares para a reabilitação do Ae-

26 milhões de dólares para o mesmo

propósito, em 2016.

-

na, emprestou 23,3 milhões de dólares

-

nal de Maputo.

As negociações entre o Ministério da

-

mais de dois biliões de dólares de dí-

A Zitamar entende que o incumpri-

moçambicanos estão neste momento

-

que uma sociedade que não controla os seus bandidos, acaba por ser

controlada por eles.

-

bayfour-bayfour.

crime de raptos...

-

a serem paridos...

-

-

-

-

-

nhias aéreas que pretendam operar em algumas rotas domésticas

e internacionais a partir dos aeroportos moçambicanos. A questão

dormir.

-

-

apresenta Moçambique como o país mais limpo na utilização de

energia, numa lista onde se destacam também as boas classificações

-

Em voz baixa

-

parece ter sido a mais sacrificada neste processo, mas como dizia um

Aeroporto Internacional de Nacala

Moçambique negoceia restruturação da dívida com Brasil

Page 28: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

Savana 28-04-2016EVENTOS

1

o 1216

EVENTOS

O Banco Comercial e de

Investimentos (BCI) e o

Centro de Aprendizagem e

Capacitação da Sociedade

Civil (CESC) assinaram, nesta se-

gunda-feira, em Maputo, um proto-

colo financeiro e de cooperação que

estabelece relações mutuamente

Apoio à sociedade civil

Banco particularmente focado com

as causas mais relevantes do de-

senvolvimento económico e social

sustentado de Moçambique e dos

moçambicanos”.

Manuel Soares indicou ainda: “o

compromisso do BCI com o de-

senvolvimento de Moçambique

está patente na actividade que de-

senvolvemos no País. Hoje, conta-

mos com uma Rede Comercial de

196 unidades de negócio, a maior

do País. O apoio multifacetado

que prestamos a instituições e or-ganismos, públicos e privados, nos mais diversos sectores da vida do país, através de Protocolos com Universidades moçambicanas, com Associações e Confederações Profissionais e com organismos da Cultura e do Desporto, são disso alguns exemplos”.Por seu turno, a directora executiva do CESC, Paula Monjane, apre-sentou a entidade que dirige como uma organização que promove a cidadania, mobiliza as comunida-des para que elas tomem consci-ência da importância de participar no seu próprio desenvolvimento, e fortalece capacidades de grupos organizados de cidadãos que quei-ram também agir nas áreas de de-senvolvimento, governação, saúde e educação. Em relação ao acordo firmado, Monjane considerou “o facto de o BCI ter aberto a possibilidade des-ta parceria é para nós extremamen-te importante. Vemos vantagens importantes neste acordo, para a organização e para os colaborado-res”. Enumerou como vantagens, o acesso a serviços prestados pelo BCI, quer em termos de atendi-mento, quer em termos de finan-

ciamento. “Para nós, é uma honra

esta parceria, particularmente na

viabilização das nossas actividades

e nas intervenções que pensamos

que contribuem para o desenvolvi-

mento do nosso país”, rematou.

(E.C.)

vantajosas. O protocolo irá propor-

cionar ao CESC e seus colaborado-

res, em todo o país, acesso a uma

vasta gama de serviços e produtos

em condições competitivas.

Falando na ocasião, o Adminis-

trador do BCI, Manuel Soares,

afirmou: “no actual contexto de

Moçambique, o fortalecimento de

instituições que reforcem a cidada-

nia constitui um desafio extraordi-

nariamente complexo, exigindo, por

isso, uma mobilização conjugada de

esforços, por parte dos principais

actores da sociedade moçambica-

na, daí o nosso envolvimento como

A Embaixada dos Emirados Árabes Unidos (EAU) visitou, na última

quinta-feira, em Maputo, ao Hospital Geral de Mavalane, com objec-

tivo de fazer a entrega de um donativo. Trata-se da terceira instituição

beneficiada no âmbito do projecto responsabilidade social levado a

cabo mensalmente pela EAU. Neste projecto, a embaixada escolhe um tópico

para cada ano com vista a apoiar instituições de cariz social nos países onde está

acreditada. Para este ano, o lema escolhido é o “Year of Giving” (Ano de Doar

ou de Dar), que pretende fazer ofertas a várias instituições do país uma vez por

mês em todo o ano.

No âmbito desta iniciativa, o hospital recebeu cerca de 50 cestas para mães

recém internadas, compostas por uma banheira, uma mantinha, capulana, sa-

bonetes, biberões, pó, entres outros produtos destinados à maternidade daquela

unidade sanitária.

Na ocasião, o Embaixador da EAU, Asam Al Rahmah, disse que este apoio a

maternidade, representava uma iniciativa humanitária do povo dos EAU para

com o povo Moçambicano amigo.

Page 29: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

Savana 28-04-2017EVENTOS2

Termina nesta sexta-feira, 28 de Abril, a Feira do Livro e da Cultura promovida pela Universidade Politécnica,

uma iniciativa, que teve início na

última terça-feira e que tem ocor-

rido no pátio da Biblioteca Central

desta instituição privada de ensino

superior, na cidade de Maputo.

A cerimónia de abertura do even-

to foi presidida pelo vice-reitor da

Universidade Politécnica, o Pro-

fessor Catedrático Armando Jorge

Lopes, que na ocasião referiu que

a Feira do Livro e da Cultura é um

evento organizado anualmente

pela universidade, inserido nas ce-

lebrações do Dia Mundial do Li-

vro e do Direito do Autor, efemé-

ride que se assinala a 23 de Abril.

Sobre as expectativas em torno da

feira, Armando Jorge Lopes avan-

çou que “nesta edição temos mais

editores a expor, temos mais obras

e, como podemos ver neste pri-

meiro dia, há muita gente interes-

sada em participar neste evento”.

“Esperamos que isto se reflicta no

futuro, no que diz respeito à leitura

e à escrita. Portanto, a nossa expec-

tativa é muito grande”, acrescentou.

Ainda na sua intervenção, o vice-

-reitor deixou garantias de que a

Universidade Politécnica continua-

rá empenhada no apoio à literatura

moçambicana, sobretudo no incen-

tivo à leitura e à escrita. Durante a

cerimónia de abertura desta feira,

foi também anunciado o vencedor

do prémio literário Maria Odete

de Jesus, referente à edição do ano

2016. Trata-se de Pedro Pereira

Lopes, com a obra infanto-juvenil

intitulada “O Comboio que andava

de Chinelos”, tendo recebido um

cheque no valor de 60 mil meticais,

com direito à publicação da sua

obra e dos outros dois concorrentes

aos quais coube uma menção hon-

rosa. 

Paralelamente à Feira do Livro e da

Cultura, a Universidade Politécnica

organizou o Dia Aberto na Esco-

la Superior de Gestão, Ciências e

Tecnologias-ESGCT, uma uni-

dade orgânica daquela instituição

privada de ensino superior. Trata-

-se de um evento durante o qual

a ESGCT recebe estudantes de

várias escolas pré-universitárias da

cidade de Maputo, com o objecti-

vo de dar a conhecer os cursos e as

respectivas disciplinas por si minis-

tradas, bem como as vantagens de

cada uma na formação do homem.  

No decurso da Feira do Livro e da

Cultura, a Universidade Politécnica

levou ainda a cabo outras activida-

des paralelas, tais como interacção

entre escritores e os alunos da Es-

cola Secundária das Acácias e da

ESGCT. Houve, ainda, uma pa-

lestra sobre cultura, para além da

exibição de danças tradicionais e

doação de sangue. 

Entretanto, o reitor da Universida-

de Politécnica, Professor Doutor

Lourenço do Rosário, empossou

ainda dois novos quadros desta ins-

tituição de ensino superior. Com

efeito, Girlane da Silva passou a

chefiar o recém-criado Departa-

mento de Organização e Méto-

dos, da plataforma de interligação

entre a Fundação Universitária

para o Desenvolvimento da Edu-

cação-FUNDE e a Universidade

Politécnica, para além de Marisa

da Costa Trindade que passou a

assumir o cargo de coordenado-

ra do Centro de Estudos de Pós-

-Graduação e Pesquisa Aplicada da

Escola Superior de Altos Estudos e

Negócios-ESAEN.

Na ocasião, Lourenço do Rosário

justificou estas nomeações com o

facto de a Universidade Politécni-

ca encontrar-se, actualmente, num

processo paulatino de mudança.

Conforme explicou, “quer do ponto

de vista de recursos humanos, quer

de recursos materiais e financeiros,

temos de pensar em tudo. Como

Grupo A Politécnica, temos de

pensar sobre de que forma faremos

a articulação entre os diversos sec-

tores deste mesmo grupo”.

“O mais importante é as pessoas

deixarem de pensar que a nossa ac-

tividade se esgota na universidade.

Nós somos um grupo e temos de

pensar como um grupo, sendo nes-

sa perspectiva que estas mudanças

estão a ser feitas”, disse Lourenço

do Rosário. 

Sudecar Novela, estudante da escola secundária da Es-cola Secundária Francisco Manyanga e filho de Sudecar

Novela, presidente da Associação dos Pequenos Importadores de Mo-çambique (Mukhero), venceu, na úl-tima sexta-feira, a 15ª edição do Pré-mio Eloquência Camões. Esta é uma iniciativa levada a cabo pelo Centro Cultural Português, que pretende motivar os estudantes para a impor-tância da oralidade em português no

mercado de trabalho, em áreas tão variadas como a comunicação social, a docência, as relações públicas, a publicidade, o teatro, o cinema, entre outras.

Em segundo lugar ficou Jéssica Ma-

cuácua, da Escola Secundária de Ma-

lhazine e em terceiro Aldevina dos

Anjos Zimba, da Escola Secundária

Laulane.     Os alunos vencedores, os

professores e as escolas participantes

receberam conjuntos de livros ofere-

cidos pela Plural Editores, bem como

os respectivos certificados de partici-

pação. Os três primeiros classificados

receberam ainda prémios pecuniários

atribuídos pelo Camões – Centro

Cultural Português em Maputo para

aquisição de material escolar. Os 13

finalistas apresentaram os seus traba-

lhos publicamente e foram avaliados

pelo júri, constituído pelo escritor

Ungulani Ba Ka Khosa, pela actriz

Ana Magaia e pela docente universi-

tária Carla Maciel.

Page 30: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

Savana 28-04-2016EVENTOS

3

A Água da Namaacha, uma marca propriedade Sociedade de Águas de Moçambique (SAM), e o

músico Wazimbo anunciaram, re-

centemente, um acordo de parceria

entre ambos. O acordo visa o de-

senvolvimento de vários projectos

conjuntos para um futuro próximo.

No que concerne a projectos, Wa-

zimbo salientou a criação de algu-

mas canções especialmente dedica-

das às crianças que pretende lançar

brevemente, bem como as inúmeras

actuações que estão agendadas para

terem lugar um pouco por todo o

país.

Por sua vez, a representante do de-

partamento de marketing da Água

da Namaacha, Manuela Magaia,

referiu que o trabalho a ser desen-

volvido por Wazimbo e pela So-

ciedade de Águas de Moçambique

(SAM) visa uma difusão transver-

sal de uma mensagem carregada de

valor simbólico, fundamental para

cimentar valores na construção da

grande nação moçambicana, para

que o futuro seja sorridente e prós-

pero.

O Barclays Bank Moçambi-que e a revista EXAME promoveram, na passada sexta-feira, uma confe-

rência sob o tema “Parceiros Eco-nómicos de Moçambique/China”. O evento, que decorreu em Ma-puto, contou com a presença de empresários de diferentes secto-res, gestores de empresas públicas e privadas, para além do próprio Embaixador da China, Su Jian, e de Belmiro José Malate, Director do MINEC, para Ásia e Oceânia. Este evento teve como principal

objectivo dar a conhecer as reais

oportunidades de investimento en-

tre nos dois países.

Falando na ocasião, Rui Barros,

Administrador-delegado do Bar-

clays Bank Moçambique, afirmou

durante o evento: “é com muito or-

gulho que o Banco se associa à re-

vista Exame para este debate sobre

o investimento e as relações econó-

micas entre Moçambique e China,

um dos blocos mais importantes

para o país em termos comerciais e

a qual decidimos dedicar uma das

edições do Ciclo de Conferências

Barclays e Exame: Parceiros Eco-

nómicos de Moçambique”.

Por sua vez, Su Jian referiu que,

desde a independência nacional de

Moçambique, a relação entre estes

dois países tem-se desenvolvido

firme e estavelmente. Pode-se dizer

que, nos primeiros 20 anos das re-

lações entre ambos os países, a po-

lítica e a diplomacia foram privile-

giadas devido às realidades dos dois

Países. No entanto, nos últimos 20

anos, a China tem participado acti-

vamente no desenvolvimento eco-

nómico e social de Moçambique,

e a cooperação económica passou

a ser gradualmente o protagonista

das relações bilaterais”.

Segundo o diplomata, o valor acu-

mulado de investimento chinês em

Moçambique totaliza cerca de 6

mil milhões de dólares, cobrindo

as áreas de exploração de energia,

recursos naturais, agricultura entre

outras.

Page 31: PGR emite mandado de captura internacional contra Nini Satar · eleitoral para a sucessão de Rogério Manuel na presidência da CTA, iniciou-se uma forte campanha de assassinato

Savana 28-04-2017EVENTOS4

O Ecobank Moçambique lançou, na última quinta--feira, na cidade de Ma-puto, o serviço “Ecobank

Mobile App”. Trata-se de um apli-

cativo que tem em vista responder

aos desafios do mercado. O banco

assume que o aplicativo irá fazer a

diferença no mercado pela parti-

cularidade de não ser um produto

para um país, mas sim um produ-

to de vários países, unificando os

33 países africanos onde o Grupo

Ecobank actua.

A Aplicação permite que os clientes

transaccionem a qualquer hora e em

qualquer lugar, tendo como princi-

pais funcionalidades: Consulta de

saldos, Transferências, Pagamentos

de serviços, Abertura de conta, e

mais funcionalidades.

Actualmente, existem mais de 700

milhões de usuários de telefones ce-

lulares em África, dos quais 226 mi-

lhões são usuários de smartphones.

É neste contexto que, no final de

2015, o Ecobank divulgou a sua es-

tratégia 2016-2020, com a sua base

na Banca de Retalho e Comercial

apostando na inclusão financeira e

um acesso mais fácil aos canais ban-

cários e de distribuição alternativos.

“A nossa estratégia é designada Go

Digital e foi concebida nesse con-

texto. Nosso objectivo como um

Grupo é ser capaz de multiplicar

até 2020 o nosso número de clien-

tes por 10 e ser capaz de atender

a 100 milhões de clientes. Mobile

App é um dos canais oferecidos aos

nossos clientes e que nos permitirá

atingir a meta de 100 milhões de

clientes nos próximos cinco anos.

Está operacional nos 33 países onde

actuamos no continente”, explicou a

Administradora-delegada do banco,

Adama Cisse.

um ano de enormes pres-sões inflacionárias que con-tribuíram para influenciar as taxas Prime Rate de to-

dos os bancos comerciais moçam-bicanos, agravando extraordinaria-mente o preço do crédito bancário e dificultando a capacidade de reem-bolso dos mutuários, o Banco Terra Moçambique (BTM) conseguiu apresentar para o ano de 2016 resul-tados positivos.

Ao fechar o exercício referente ao

ano de 2016, com um rácio de sol-

vabilidade de cerca de 32%, quatro

vezes mais que o limite regulamen-

Pelo menos 30 professores e formadores moçambicanos deslocam-se está semana para a República Popular da China

com vista a beneficiarem dos cursos

de capacitação técnica e tecnológica.

Este treinamento surge no âmbito da

cooperação bilateral entre a China e

Moçambique.

Trata-se do primeiro grupo de um

total de 100 professores e formado-

res do Ensino Técnico-Profissional

(ETP), oriundos das províncias de

Niassa, Cabo Delgado, Nampula,

Tete, Inhambane, Gaza e Maputo

Província, que durante cinco me-

ses vão beneficiar de capacitação em

técnicas, tecnologias e didácticas nas

áreas de Desenho e Fabricação de

Máquinas, Tecnologia de Integração

Mecatrónica, Tecnologia de Contro-

lo Digital, Desenho e Fabricação de

Moldes e Automação.

Discursando à margem da cerimó-

nia havida quinta-feira em Maputo,

Leda Hugo, vice-ministra da Ciên-

cia e Tecnologia, Ensino Superior e

Técnico Profissional, referiu que o

programa de capacitações é parte de

um convénio entre os Governos da

República de Moçambique e da Re-

pública Popular da China, o qual par-

ticularmente prevê o estabelecimento

de um programa de bolsas de estudo

de curta-duração para Formadores

do Ensino Técnico Profissional, que

vai ter lugar na província chinesa de

Chandong e a ser ministrado no Co-

légio Vocacional de Jinan, a 3ª maior

província económica Chinesa.

“Estas áreas foram eleitas pela sua

particular importância para poten-

ciar o Ensino Técnico Profissional e

impulsionar as áreas da manutenção

industrial, nesta fase das acções da

Reforma da Educação Profissional.

Por isso, a exortação do Governo de

Moçambique e de que tirem o má-

ximo proveito desta oportunidade

de formação, aprendendo para além

da técnica e pedagogia que prosse-

guem, outra língua e outras formas de

estar na sociedade, que seguramente

encontrarão na província chinesa de

Shandong”, disse Leda Hugo.

Por sua vez, o embaixador da Repú-

blica Popular da China em Moçam-

bique, Su Jiam, avançou que o seu país

atribui maior importância à coopera-

ção na área de educação profissional,

para que reafirma o compromisso em

apoiar programas de capacitação e

construção de infra-estruturas.

tar actual, o BTM continuou a

apresentar-se como uma das boas

referências de robustez no mercado

bancário nacional. Não só o rácio de

solvabilidade supera largamente o

rácio de 12% que o Banco de Mo-

çambique exige para os próximos

três anos, como o Capital Social

também excede em muito o mínimo

exigível para 2020.

Desta feita, o BTM conseguiu

apresentar um resultado positivo

de cerca de 12 milhões de meticais,

após impostos, o que representa um

crescimento em relação ao período

anterior de cerca de 120%, reflectin-

do o esforço dos colaboradores do

BTM na criação de uma proposta,

cada vez mais evoluída, de produtos

e serviços ao cliente.

Apesar do crescimento muito té-

nue da economia moçambicana, a

carteira de crédito do BTM cresceu

28%, enquanto a carteira de depó-

sitos registou um crescimento de

34%, o que demonstra a confiança

dos nossos clientes.

Nesta senda, o banco pretende con-

tinuar com a sua estratégia de cres-

cimento gradual, mas consistente,

baseado na crescente melhoria da

sua proposta de produtos e serviços

bancários, sempre, a custos compe-

titivos.