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Revelando a História dos Pimentas e Região Nossa Cidade, Nossos Bairros!

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QUAL O LUGAR DOS NOSSOS LUGARES NA HISTÓRIA?E QUAIS OS NOSSOS OLHARES PARA ESSES OLHARES?

Os locais onde habita e estuda a maior parte do povo brasileiro são retratados pelos modernos meios de comunicação social como inseguros e feios. As imagens tidas como belas mostram o círculo de convi-vência dos chamados incluídos no alto mercado de consumo.

Nos grandes centros urbanos, as notícias sobre os bairros periféricos dão maior ênfase ao lado nega-tivo do dia a dia das pessoas: mortes, enchentes, escorregamentos, assaltos, brigas, etc, e muito raramente são abordados aspectos de relevância histórico-ambiental.

Ressaltamos que são informações que contribuem para a construção da baixa estima dos moradores e ao mesmo tempo funciona como uma contra propaganda à política de resgate e preservação do patri-mônio natural e social dos locais de moradia da maioria da população.

A cidade de Guarulhos, “naturalmente”, está inserida nesse contexto. O problema se agrava na medida em que o sistema educacional não cria mecanismos que permitam o desenvolvimento do conhe-cimento histórico, geográfi co, geológico, biológico, cultural e religioso, por exemplo, de cada localidade.

Encontramos na história tradicional um exemplo nada recomendável. De modo geral, a lógica do ensino de história é a de estudar os grandes fatos dos países, dos continentes e do mundo, desvinculados da história das localidades. A geografi a e a história dos lugares onde as pessoas habitam – municípios, vilas, bairros, povoados, ruas, fazendas, serras, bacias hidrográfi cas etc. – não fazem parte do ensino escolar. É como se a maioria dos lugares onde moramos não tivesse sido palco de acontecimentos históricos. Isso não é uma brutal contradição do sistema de ensino atualmente?... Por que isso acontece?

PROJETO SABERES LOCAIS

Ao longo do ano de 2009, educadores da Rede Municipal de Ensino de Guarulhos elaboraram a Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários (QSN), destinada a orientar as suas atividades em sala de aula, destacando o eixo Natureza e Sociedade.

Para dar resposta prática ao QSN e preocupada com a importância do registro histórico dos bairros de Guarulhos, sem perder de vista o contexto regional, nacional e mesmo internacional, a Secretaria de Educação de Guarulhos, em parceria com as Diretorias Norte e Sul de Ensino, com pessoas, grupos e organizações da sociedade civil decidiram trazer para si a responsabilidade de publicar oito livros sobre as localidades habitadas pelos guarulhenses.

O Projeto Saberes Locais surgiu numa discussão, realizada em 2009, no Colégio Particular Paulo Freire, localizado na Cidade Seródio, encampado pela Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos. O Projeto Saberes Locais foi inaugurado com a publicação do livro: Revelando a história do Bonsucesso e Região, lançado no dia 21 de agosto de 2010.

O Projeto Saberes Locais tem continuidade com o Revelando a História do Pimentas e Região, procuran-do contemplar, sob forma de livro, material de consulta para as futuras gerações, a memória, a vivência e as expectativas de milhares de moradores, protagonistas da história de Guarulhos.

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Revelando a Históriados Pimentas e Região

Nossa Cidade, Nossos Bairros!

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

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Revelando a História doPimentas e Região

Nossa Cidade, Nossos Bairros!

Daniel Carlos de CamposElton Soares de Oliveira

José Abílio Ferreira

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REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

Editor ResponsávelNelson de Aquino Azevedo

Projeto Gráfi co, Capa e DiagramaçãoBraz Cardoso Junior

AutoresDaniel Carlos de CamposElton Soares de OliveiraJosé Abílio Ferreira

RevisãoAna Lúcia Mendes

MapasDaniel Carlos de Campos

Foto de capaNúcleo Histórico da região dos Pimentas, foto de 1968. Arquivo Histórico de Guarulhos.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

_________________________________________________________

Bibliografi a ISBN 978-85-7673-322-5

_________________________________________________________

Índices para catálogo sistemático:

1a edição

(De acordo com a Nova Ortografi a da Língua Portuguesa)

Todos os direitos desta edição reservados à

Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.

Rua Lincoln Albuquerque, 319 - Perdizes

São Paulo/SP - CEP 05004-010

Telefax: (0xx11) 3675-5488

Foto: Arquivo Histórico de Guarulhos.

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REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

Guarulhos possui 47 bairros e mais de 800 loteamentos, cada um com suas características. O Itaparica não é igual ao São João ou ao Jar-dim Presidente Dutra, que por sua vez é diferente do Monte Carmelo, do Macedo e do Lavras. Foi pensando nisso que surgiu o Projeto Saberes Locais, que já publicou três livros: Revelando a História do Bonsucesso e Região, do São João e agora o Revelando a História dos Pimentas e Re-gião. O objetivo do projeto é organizar o maior volume de informações a respeito das regiões, não apenas para documentar, mas para servir de subsídios pedagógicos às escolas, bem como à memoria da comunidade.

Em nossa refl exão a respeito da importância do registro da histó-ria local, são bastante apropriadas as palavras de Capistrano de Abreu: Isolado, qualquer fato parece insignifi cante por mais importante que seja na realidade; mas, ligado a seus congêneres, oposto a seus contrá-rios, preso a seus antecedentes, toma grave importância fi losófi ca, fi lia--se a um todo, compõe um sistema, é regido por princípios e leis que se patenteiam ao estudo consciencioso de um espírito investigador.

A Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a Diretoria Sul de Ensino, dezenas de pessoas, além de grupos e organizações da sociedade civil, tomou para si a responsabilidade de trazer a público mais um dos oito livros (previstos) do Projeto Saberes Locais.

Esperamos que seja de grande valia em nossas escolas e na comu-nidade.

Estar no mundo sem fazer história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem tratar sua própria presença no mundo, sem sonhar, sem cantar, sem musicar, sem pintar, sem cuidar da terra (...), sem aprender, sem ensinar, sem ideias de formação, sem politizar não é possível.

É na inclusão do ser que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente”. Paulo Freire

Profº Moacir de SouzaSecretário de Educação de Guarulhos

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Agradecimentos aos colaboradoresMaria Aparecida do Nascimento Barreto, padre Renato Bernardes Duarte, Equipe do Arquivo His-

tórico de Guarulhos, Morio Sakamoto, Ricardo José Zancanaro, Vandeley da Luz, Rosa Genny Rezende Siano, Ronival Andrade de Queiroz Miranda de Oliveira, Maria de Lourdes Alves, Rômulo Ornelas, Tereza Castellucci, Restaurante Piassi, Maria Cristina Brazan Albertin, Suely Akemi Sato, Anna Carolina Solano Gomes, Fausto Bergocce, Benedito Felix do Prado, Natan de Guarulhos, Pai Vadinho, Nilton Fernando Lessa Vital, José Valdeni da Cunha, Sebastião Siqueira Cunha, Paulo dos Santos, Yonar Menezes Machado, João Neto da Cunha, Roberta Marque da Luz, Vilma Gallo Menequini, Hatiro Antônio Marcelo Narazari, Edith Alves de Souza, Eliane Soares da Silva, Luiz Sammarco Branco Junior, Nelson Murata, Wolf do Vole, Everaldo Cardoso, Herbert Seabra, Osmar Onório, Tio Atiro, David de Almeida Braga, Edson José de Barros, Benedito Prezia, Reginaldo Prandi, Paroquia Santa Antônio, Luiz Alberto Zappa, Diná Marga-rida Alves, Sérgio Braghittoni, Eduardo Braghittoni, Gerson Fernandes da Costa, Haroldo Fauthz, Rodrigo Fernandes Fauthz e Rogério Pinto Fernandes. CEU Pimentas (Veridiana Miranda e Márcia Rodrigues); CEU Paraiso ( Mauro Abraão, Patrícia Angélica e Vladimir Torres Cavalcante); CEU São Miguel (Mirtis de Lima, Juliane Coimbra e Fábio Jacob). Diretores de Escolas da Rede Municipal de Ensino (região Pimentas): Lúcia Torres do Nascimento, Jaqueline Miranda Soares de Nobrega, Maria Estela Graca Mello, Valdirene Menezes Barbosa dos Santos, Cláudio Alves Demétrio, Fabiana Tavares Veloni Ricarte, Adalgisa Apolônio de Sousa Costa, Adão Rodrigues dos Santos, Andreia Paixão, Josefa Pereira Lopes de Sousa, Carolina Costa Leandro Ferreira, (.....), Judite Maria Candido, Daniel Feitosa de Souza, Flávia Nunes Ribeiro, Dulce Elena Cintra de Sousa, Jovelino Alberto de Freitas, Oseias Fernandes Martins, Jorge de Souza Lima, (....), Suzana

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Moneda Reine, Marilda Ferreira, Maria de Castro Santos, (....), (.....), Raimundo Souza Gonçalves, Solange Turgante Adamoli, Cristina Vitorino da Ros, João Augusto Pereira da Silva Gomes. (Fonte: Site, SME). Diretores de Escolas da Rede Estadual de Ensino (região Pimentas): e e-mail enviado.

Diretores de Escolas da Rede Municipal de Ensino (região Pimentas): Lúcia Torres do Nascimento, Jaqueline Miranda Soares de Nobrega, Maria Estela Graca Mello, Valdirene Me-nezes Barbosa dos Santos, Cláudio Alves Demétrio, Fabiana Tavares Veloni Ricarte, Adalgisa Apolônio de Sousa Costa, Adão Rodrigues dos Santos, Andreia Paixão, Josefa Pereira Lopes de Sousa, Carolina Costa Leandro Ferreira, Telma de Mendonça Emídio, Judite Maria Candido, Daniel Feitosa de Souza, Flávia Nunes Ribeiro, Dulce Elena Cintra de Sousa, Jovelino Alberto de Freitas, Oseias Fernandes Martins, Jorge de Souza Lima, Vera Lúcia Rodrigues Baurich Fonseca, Suzana Moneda Reine, Marilda Ferreira, Maria de Castro Santos, Adriana Pedroso Sebastião, Maria da Glória Palhano dos Santo, Raimundo Souza Gonçalves, Solange Turgante Adamoli, Cristina Vitorino da Ros, João Augusto Pereira da Silva Gomes.

Diretores de Escolas da Rede Estadual de Ensino (região Pimentas): Michel Vieira Car-valhais, Osvaldo Donizeti Inácio, June Regiane do Amaral Lourenção, Ozani Martiniano de Souza, Leonor Monteiro Luís Lisboa, Tânia Valéria Fanelli, Quitéria Gomes Maciel Souto, Ivete Paperini Silva, José Geraldo Ferreira de Lima, Roberto Carlos Milittio, Marcia Regina de Nó-bile Kipper, Solange de Lima Kaiser, Marcelo Fernandes da Silva, Maria Augusta Belucci, Sonia Marília de Souza dos Santos Duarte, Paula Regina Carbalho, Cenaire Pereira de Souza Correa, Rosenil Santos Ferreira, Yolanda Maria Aparecida Castro, Patrícia Maria Esteves Martuscelli, Adriano Ramos da Silva, Victória da Silva, Alessandra Garcia Bezerra da Silva, Rosangela da Silva Amorim e Sônia Regina Forte.

Foto: Jardim Paraíso, visto do Jardim Maria Dirce, lado esquerdo da Via Dutra, 1967. Acervo Abraão de Jesus Silva.

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Loteamento Jardim Jandaia em 1993. Arquivo Histórico de Guarulhos.

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SUMÁRIO

NONOOOOOOOOOOOOOOSSSAAA A A A A AA A A CICICICICICICICIDADADADADADADADADEDEDEDEDEDE, , NONONONONOSSSSSSSSSSOSOSOSOS BBBBAIAIAIRRRRROSOOS!! - REREEREVEVEEEVEVELALALAALALALALANDNDNDNDNDNDNDN OOO O O AAAAAAAAAAAAA AA HIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHISTSTSTSSSSSSSSS ÓÓÓÓRRÓÓ IAIA DDOS PPIMMENENTATAS S E E REGIG ÃO

Apresentação 7

Agradecimentos 11

Colaboradores 22

1 - Nossa Cidade, Nossos Bairros 26

2 - Origens do Pimentas 43

3 - Aspectos Físicos e Naturais 43

Localização Geográfica 44

Formação Geológica 45

Relevo 45

Hidrografia 46

Vegetação 47

Tipos de Solos 47

4 - Formação Socioeconômica: Brasil, Guarulhos e o Bairro dos Pimentas 43

5 - A Importância dos Caminhos, Estradas e Rodovias 43

Rota de Trabalho Escravo 44

Estrada do Sacramento 45

Estrada de Santa Izabel 44

Via Dutra 45

Ayrton Senna 44

8 - Diversidade Étnica, Cultural e Religiosa 43

A Igreja Católica nas Origens de Guarulhos: São Miguel Arcanjo 44

9 - Lutas Sociais 11

10 - Breve Histórico da Educação: das Escolas, dos Bairros e dos Loteamentos 22

11 - Patrimônios Culturais Materiais e Imateriais 26

12 - Símbolos Oficiais 43

13 - Galeria de Prefeitos 43

Pimentas já teve Prefeitos 44

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Centro de Guarulhos, Avenida Tiradentes, 2013.

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1 – NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS

NONOOOOOOOOOOOOOOSSSAAA A A A A AA A A CICICICICICICICIDADADADADADADADADEDEDEDEDEDE, , NONONONONOSSSSSSSSSSOSOSOSOS BBBBAIAIAIRRRRROSOOS!! - REREEREVEVEEEVEVELALALAALALALALANDNDNDNDNDNDNDN OOO O O AAAAAAAAAAAAA AA HIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHISTSTSTSSSSSSSSS ÓÓÓÓRRÓÓ IAIA DDOS PPIMMENENTATAS S E E REGIG ÃO

Guarulhos é uma cidade com 453 anos de história. Possui 47 bairros e uma população calculada em 1.221.979 habitantes (IBGE-2010), distribuída em mais de 800 loteamentos. Aparece no cenário nacio-nal como a oitava economia do Brasil e a região dos Pimentas, com seis bairros: Pimentas, Itaim, Água Chata, Aracília, Presidente Dutra (Jardim Maria Dirce II) e Bonsucesso (loteamentos do lado direito da Via Dutra, sentido São Paulo-Rio) – habitado por 215.544 pessoas. É comum alguns moradores olharem o Mapa de Guarulhos, com os 47 bairros, e ao procurarem por sua localidade, verbalizarem:

– Ué! O nome do lugar onde eu moro não consta no mapa.

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A observação é verdadeira, o que as pessoas não compreendem é que elas moram, respectivamente, em um bairro que contém diversos loteamentos. O nome do bairro consta no mapa, o que não aparece é o nome do loteamento onde essas pessoas habitam.

Por meio do Decreto Municipal nº 14.998, de 1998, foi ofi cializada a divisão da cidade em bairros e loteamentos. O decreto estabeleceu 47 bairros, to-dos eles subdivididos em aproximadamente 800 lo-teamentos. O termo bairro é uma herança da época da colonização portuguesa no Brasil.

BAIRROS E LOTEAMENTOS – Os pri-meiros bairros de São Paulo e de Guarulhos são ori-ginários das antigas cartas de sesmarias. O bairro é

Loteamento Jardim Angélica, em 1984. Arquivo Histórico de Guarulhos.

Bairro dos Pimentas, 2014.

uma subdivisão da cidade, composta a partir de cri-térios estabelecidos pelas administrações municipais, por um ou mais loteamentos, que juntos recebem, normalmente, o nome do aglomerado urbano mais antigo da região. Já os nomes dos loteamentos sem-pre são antecedidos das palavras jardim, parque, vila, cidade, chácara, conjunto etc.

Antes de pensarmos a respeito da relação bair-ro-loteamentos-imaginário, achamos mais apropria-do iniciar nossa refl exão pela formação histórica da cidade e fechar o texto, esclarecendo a questão da necessidade que as pessoas têm do reconhecimento dos seus lugares, devidamente visibilizados, valoriza-dos como espaços de identidade pessoal.

Os seres humanos precisam de símbolos, assim como do reconhecimento público dos seus feitos e dos seus lugares. Localidades em que nas-ceram ou elegeram para morar e educar as gerações do tempo presente. Para nossa refl exão: no ima-ginário das pessoas, o que pode implicar o desco-nhecimento histórico-geográfi co e o nome do local de moradia não constar em um mapa da cidade? Isso é o que trataremos na conclusão desse capítulo. Enquanto isso falaremos a respeito da história da cidade.

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FUNDAÇÃO DE GUARULHOS – Guaru-lhos, no dia 8 de dezembro de 2014 completará 454 anos de fundação. De acordo com a sequência de datas de criação das cidades mais antigas do País – com certo grau de consenso entre os pesquisadores – Guarulhos pode ser considerada a oitava cidade mais antiga do Brasil. São Vicente foi fundada em 1532; Porto Seguro, 1534; Olinda, 1535; Santos, 1543; Salvador, 1549; Santo André da Borda do Campo, 1553; São Paulo, 1554; Guarulhos, 1560; Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, 1561; e o Rio de Janeiro em 1567.

Por meio da Lei nº 2.789 de 1983, consta que Guarulhos foi fundada no dia 8 de dezembro de 1560, dia da celebração da primeira missa dedicada a Nossa Senhora da Conceição, santa padroeira de Guarulhos e de Portugal. A lei atribuiu a fundação ao padre jesuíta Manuel de Paiva (1508-1584), o mesmo sacerdote que rezou a missa de fundação de São Paulo. Manoel de Paiva substituiu o nome do padre João Álvares, mencionado no Hino a Guaru-lhos (1960), tido até então como o fundador.

Dos 454 anos da fundação de Guarulhos, 320 anos (1560 a 1880) correspondem ao período em que a vida política e administrativa da cidade esteve subordinada à vila de São Paulo dos Campos de Pi-ratininga – primeiro como aldeia indígena – 1560; distrito – 1675; e depois como freguesia – 1685. (Noronha e Romão, 1980, pg. 115).

ALDEIA INDÍGENA – O termo “aldeia”, transportado para o Brasil, era conhecido dos portu-gueses e usado na Europa, normalmente para defi nir agrupamentos humanos, com poucos habitantes e em meio rural. A palavra pode ter sido originada do vo-cabulário árabe, ad-dai’â, ou do grego aldaineim. Em locais chamados de aldearias, a expressão grega era utilizada para defi nir agrupamentos de semi-servos. A partir do Brasil colonial, o termo vem sendo aplicado a grupos indígenas. Segundo consta, na terra dos Ca-rijós, cada casa “palhoça” – agrupamentos, em média, contendo 35 unidades, foram chamados de aldeias. Os Carijós ocupavam vasto território, onde atualmente se encontra a cidade de Cananeia, em São Paulo, esten-dendo-se até a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

Aldeamento missionário jesuístico. Desenho de Fausto Bergocce a partir de ilustração do holandês Zacarias Wagner (1630).

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Refl etindo a respeito do uso da palavra al-deia ao longo do tempo, a situação dos indígenas aldeados no Brasil é mais parecida à dos semi-ser-vos das aldearias gregas. Na prática, o que se veri-fi ca é que os indígenas aldeados pelos padres não eram considerados escravos e muito menos livres. Eram semilivres.

Entre os indígenas de língua Tupi-Guarani, ao que nós chamamos de casa, corresponde à oca, roca, toca. “A casa, o coberto, o abrigo, refúgio, paradeiro” (Sampaio, 1987, pg. 290). De acordo com os usos e costumes da época, aldeia era uma categoria inferior ao termo vila e distrito.

DISTRITO – Em 1675, no território destina-do à fi xação do aldeamento Nossa Senhora da Con-ceição dos Guarulhos, provavelmente, três léguas em quadra, não havia mais indígenas. Os terrenos no entorno da atual Catedral Nossa Senhora da Con-ceição, na época capela, vinha sendo apossados por colonizadores. Imediações onde concentrou algumas casas, localidade mais provável para a sede do distrito – bairro, citado nos documentos ofi ciais.

Em cada distrito respondia pela cobrança de impostos e a segurança um juiz de vintena, que recolhia 20% dos rendimentos das pessoas para o governo colonial, e um corpo de tropas (policia-mento da época). O juiz de vintena era auxiliado por um escrivão, com poderes para fazer citações, penhoras, depósitos, diligências e publicar os edi-tais do Senado da Câmara, todo e qualquer docu-mento público.

A partir de 1675 ocorreu a criação das prin-cipais circunscrições distritais na repartição do Sul do Brasil, entre outras coisas, para garantir o contro-le das lavras e a extração de ouro pelos portugueses. Nesse contexto histórico, além de Guarulhos, serão criados distritos na Capitania de São Vicente em Na-zaré Paulista, Atibaia, Cotia, Santo Amaro e Juquery (atual Mairiporã).

FREGUESIA – No dia oito de maio de 1685, a capela do aldeamento Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, fi lial da Paróquia da Sé, foi elevada de capela à condição de paróquia, correspondente à instância administrativa católica de freguesia.

Antiga Rua Direita em 1903, atual Rua Dom Pedro II. Acervo de Darcy Pannocchia.

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A palavra freguesia deriva de freguês (do latim fi lius ecclesiae: fi lho da igreja). Originalmente, o cristão se dirigia a uma determinada igreja católica em busca de serviços eclesiásticos, em cumprimento aos sete sa-cramentos: batismo, crisma, eucaristia, reconciliação, unção dos enfermos, ordem e matrimônio, ofertados, apenas, por uma paróquia e por meio de um padre.

A freguesia era um território eclesiástico so-breposto ao mesmo território, denominado pelo rei-no português de distrito. O uso das nomenclaturas: distrito pelo governo colonial e freguesia, pela igreja católica, demonstra a unidade de ação, com base, na época, do chamado padroado português, acordo ce-lebrado em meados do século XV, entre o papa Leão X e o rei de Portugal.

Foi a partir da Igreja Matriz de Guarulhos, atual Catedral, que se deu a implantação das diversas capelas na cidade, muitas delas atualmente transfor-

madas em paróquias. Igreja matriz quer dizer igreja mãe, igreja principal. Vem da palavra latina matrix: mãe, tronco, origem, útero. É o templo religioso que tem jurisdição sobre outras capelas.

A partir de 1981 passou a denominar-se catedral. Palavra que provém do latim cathedra: cadeira, cátedra, que é a igreja sede (sé) de uma diocese, de um bispado. A troca do nome, matriz por catedral, se deu a partir do momento da criação da Diocese de Guarulhos, no dia 30 de janeiro de 1981. Na Catedral se encontra a cadeira (cátedra), onde somente o bispo toma assento.

– A elevação de Guarulhos, da condição de distrito à categoria de vila (atual município), eman-cipando-se do município de São Paulo, aconteceu no dia 24 de março de 1880, por meio da Lei Pro-vincial nº 34, acontecimento que marcou a criação dos três poderes locais: Legislativo, Executivo e Ju-diciário. Guarulhos, então, passou a ser chamada

Procissâo do Divino Espírito Santo, 1906. Arquivo Histórico de Guarulhos.

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“Villa de Nossa Senhora da Conceição dos Gua-rulhos”. Popularmente, de Conceição dos Guaru-lhos, ou ainda Conceição, em referência a sua santa padroeira.

INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO – Após 10 meses da criação do município, período desti-nado a organização da primeira eleição da Câmara de Vereadores, foram eleitos seis vereadores: ca-pitão Joaquim Francisco de Paula Rebello, Fran-cisco Soares da Cunha, Joaquim Rodrigues de Miranda, José de Sant’Anna Silva, Mariano Ortiz de Camargo e José Alves de Oliveira Pinho. Eles tomaram posse no dia 24 de janeiro de 1881 e ele-geram o intendente Joaquim Francisco de Paula Rebello (atual cargo de prefeito).

Por meio dos atos descritos se deu a instala-ção dos poderes municipais: Legislativo e Executivo. O terceiro poder, com a instalação da primeira vara do poder Judiciário – juízes de primeira instância - ocorreu somente 76 anos depois.

DESMEMBRAMENTO DA PENHA E MAIRIPORÃ – O território de Guarulhos sofreu drástica redução em duas ocasiões. A primeira foi no dia 3 de maio de 1886, quando a freguesia da Penha, incorporada ao município de Guarulhos durante seis anos, por meio da Lei Provincial nº 71, voltou a pertencer a São Paulo. A segunda se deu no dia 27 de março de 1889, pela Lei Provin-cial nº 66, quando a Freguesia de Juquery (atual cidade de Mairiporã) emancipou-se de Guarulhos e tornou-se vila.

MUDANÇAS DE NOMENCLATURAS DE GUARULHOS – No dia 6 de novembro de 1906, por meio da Lei nº 1.021, passou a denomi-nar-se apenas Guarulhos.

O Doutor Jorge Tibiriçá, presidente do Estado de São Paulo decreta e eu promulgo a Lei seguinte: Artigo 1º - Ficam substituídos pelas seguintes as deno-minações dos municípios e comarcas abaixo: 1º - Boa Vista das Pedras, pela de “Pedras”; 2º - Conceição dos

Câmara de Vereadores e Prefeitura (inaugurados em 1923). Cadeia Pública e Delegacia à esquerda. Arquivo Histórico de Guarulhos.

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Guarulhos, pela de “Guarulhos”. (Diário Ofi cial do Estado de São Paulo, 13/11/1906).

Logo a seguir, no dia 19 de dezembro de 1906, mediante a Lei nº 1.038, o Centro Histórico de Gua-rulhos (centro da vila) foi elevado à categoria de cidade.

Terão a categoria de cidade as sedes de municí-pios, e de villa a dos distritos de paz que constituírem povoações distinctas da sede do município. (Artigo 3º, parágrafo 5º, Lei nº 1.038 de 1906 – em grafi a da época).

INSTALAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO – A instalação da Comarca, primeira vara do poder Judiciário, aconteceu no dia 18 de fevereiro de 1956, com o cumprimento da Lei nº 2.456, de 30 de de-zembro de 1953. Ato ofi cial transcorrido, quando já havia passado 76 anos da emancipação de Guarulhos. da Vila de São Paulo. Mesmo emancipado, durante

quase um século, as questões judiciárias de Guarulhos continuaram sendo resolvidas no Fórum da Comarca da capital paulista.

O BAIRRO MAIS ANTIGO DE GUARU-LHOS – Nos contornos, calculados em 320 quilô-metros quadrados de área territorial e com 453 anos de história, onde estaria localizado o bairro mais antigo de Guarulhos? Algumas pessoas arriscam di-zer que é o bairro do Bonsucesso. Será verdade? Por meio da documentação histórica, se percebe que não é o Bonsucesso e sim o Centro Histórico. Bonsuces-so é bastante antigo, porém, um pouco mais novo que o Centro Histórico.

Notícias dão conta de que, por volta de 1640, os primeiros “habitantes” do aldeamento que fi cava localizado nas imediações da atual Igreja-Catedral Nossa Senhora da Conceição, já havia dispersado. Em torno da atual Praça Teresa Cristina e da Rua d. Pedro II, por meio de contratos de aforamentos fei-tos pela Câmara de Vereadores de São Paulo foram sendo “cedidos” os terrenos e construídas as primei-ras casas da “vila”. Após a criação do município de Guarulhos (1880), os aforamentos tiveram que ser refeitos, ou seja, remidos (adquirir de novo).

As remissões se davam nesses termos: Antônio de Francisco Pelegrino, residente em São Paulo requer per-missão para remir [resgatar] seu terreno de foros. Como requer lavra-se o termo de accordo com a Lei nº 13 deste

Centro histórico em 1940, em destaque, o triângulo histórico. Arquivo Histórico de Guarulhos.

Casa construída em 1923, onde foi instalado o Fórum da Comarca de Guarulhos. Foto de 1937.

Arquivo Histórico de Guarulhos.

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município de Guarulhos, em 5 de março de 1914. 2º Livro Ata – folha nº 171 (em grafi a da época).

O Centro Históri-co, antigamente chama-do de “Centro da Vila”, era formado por um conjunto de logradouros públicos denominado no passado de Largo da Ma-triz (atual Praça Teresa Cristina) e Rua Direita – atual trecho da Rua d. Pedro II, situado entre as praças Teresa Cristina e a Conselheiro Crispiniano.

A Lei Municipal nº 2.789 de 1983 reconhece ofi cialmente que Guarulhos foi fundada no dia 8 de dezembro de 1560 como uma das capelas dos aldeamentos da vila de São Paulo (vila – atual mu-nicípio).

Três datas: 1560, 1597 e 1670, são marcos re-ferenciais importantes para a nossa refl exão.

Em 1560, nas imediações da atual Catedral Nossa Senhora da Conceição (antiga capela do al-deamento), se deu a fundação da cidade de Guaru-lhos. Em 1597, Afonso Sardinha (o velho), Afonso Sardinha (o moço) e o minerador Clemente Álvares iniciaram a extração de ouro na Serra Jaguamimba-ba, atual bairro da Capelinha. Em 1670 foi criada a Capela do Bonsucesso.

A primeira capela-cemitério foi edifi cada entre a Avenida Guarulhos, as ruas Silvestre Vasconcelos Calmon e Barão de Mauá, na Vila Moreira, sopé da colina central. (Noronha, 1960, pg. 22). Quanto aos aldeados, o local exato da fundação, a data, bem como o padre fundador, persiste uma polêmica his-toriográfi ca.

Para o professor de história indígena, Benedito Prezia, pós-graduado pela Universidade de São Pau-lo (USP), Guarulhos foi fundada em 1608, com o nome “Nossa Senhora da Conceição dos Maromo-

mi”. A estruturação do aldeamento (1604 a 1608) foi coordenada pelos padres Jesuítas Manoel Viegas (1533-1608) e Sebastião Gomes. Por volta de 1640, os colonizadores portugueses passaram a chamar os Maromomi de Goarulho. Com passar do tempo fi -xaram o nome “Aldeamento de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos”. (Guarulhos Tem Histó-ria, 2008, pgs. 64 e 65). Os guarulhos são, original-mente, da região de Campos dos Goitacazes, Rio de Janeiro.

Localização da primeira capela-cemitério entre a Avenida Guarulhos, as Ruas Silvestre Vasconcelos Calmon e Barão de Mauá, na Vila Moreira, citado por Noronha como

local de fundação da cidade, 2012.

Catedral de Guarulhos e Marco Zero, 2013.

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ALDEAMENTO NA COLINA DO CEN-TRO – Noronha não diverge quanto à localização do aldeamento no início do século XVII, no entorno da antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição, onde atualmente se encontra a Igreja Matriz. Diz ele: segundo Simão de Vasconcelos, as aldeias do distrito de São Paulo, sob a administração da Companhia de Je-sus, em 1609, eram quatro: São Miguel, Nossa Senhora da Conceição (Guarulhos), Nossa Senhora dos Pinhei-ros e Nossa Senhora da Escada (Marueri, hoje Barueri). (Noronha, 1960, pg. 11).

A partir das opiniões dos pesquisadores, No-ronha e Prezia, a respeito da localização de um al-deamento, no início do século XVII, na Colina do Centro, é possível afi rmar que o primeiro “bairro de Guarulhos” começou a se formar no entorno da atual Catedral Nossa Senhora da Conceição. Especifi ca-mente por meio da construção de algumas casas no antigo Largo da Matriz (atual Praça Teresa Cristina) e no antigo trecho da Estrada Geral, aberta em 1600, posteriormente chamada de Rua Direita, nome atri-buído no dia 8 de maio de 1685, provavelmente no mesmo trecho da atual Rua d. Pedro II. Esse foi ofi cia-lizado pela Câmara de Vereadores, em sessão realizada no dia 15 de fevereiro de 1921.

CAPELA DO BONSUCESSO – Entre os documentos a respeito da história de Guarulhos, a primeira notícia referente à edifi cação da Capela de Nossa Senhora do Bonsucesso é do ano 1670. De acordo com o pesquisador, John Manuel Monteiro, em 1666, Francis-co Cubas Preto, após ter participado da expedição, certamente na Serra da Mantiqueira, trouxe a Guarulhos grande quantidade de índios para sua propriedade em Bonsucesso. Em 1670, fundou uma capela de fazenda.

Com base na documentação pesquisada se percebe a diferença de tempo, 62 anos, entre a edifi cação da capela na Colina do Centro (1608) em Bonsucesso (1670). No entorno das duas capelas formaram estruturas com

características urbanas – bairros. Por meio dos docu-mentos pesquisados é possível afi rmar que o primeiro bairro de Guarulhos é o Centro Histórico.

Possivelmente o bairro das Lavras é mais anti-go do que o bairro do Bonsucesso. Em 1612, Geral-do Correia Sardinha recebeu uma carta de sesmaria para minerar ouro no Rio Maquirobu, atual Rio Ba-quirivu Guaçu. Dadas as evidências arqueológicas, o bandeirante paulista minerou no garimpo de ouro do bairro das Lavras, atual loteamento do Jardim Hanna. Aquelas terras eram muito procuradas e para a sua direção voltaram-se muitos colonos, atraídos em 1612 pelo prosperar de Geraldo Correia Sardinha, en-tão empenhado na exploração das minas de ouro desco-bertas nas proximidades do Ribeirão Maquirobu, atual Baquirivu. (Bontempi, 1970, pg. 50).

OS LUGARES MENCIONADOS – O Centro Histórico, Jaguamimbaba, Bonsucesso e La-vras são interligados pela Estrada Geral. No capítu-lo “Formação Socioeconômica” estudaremos a rota de trabalho escravo na época da mineração de ouro, passando pelo Pimentas sentido ao Porto de Santos, possivelmente, a rota de trabalho escravo já existia a 73 anos (1597-1670), antes da edifi cação da Capela do Bonsucesso. Caso essa hipótese se comprove ver-dadeira, ainda assim o Centro Histórico se confi rma como o bairro mais antigo de Guarulhos.

CENTRO HISTÓRICO – O Centro Históri-co, a nosso ver, além de ser o bairro mais antigo, tam-

Atual Praça Nossa Senhora do Bonsucesso, início do século XX. Antigopouso de tropeiros. Fonte: Arquivo Histórico de Guarulhos.

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bém é a localidade da cidade mais frequentada pelos guarulhenses e por isso a mais conhecida, especialmente a atual Rua d. Pedro II. O Centro Histórico compreen-de a colina da região central. Muitas vezes se usa o ter-mo “Centro Histórico Expandido”. Nesse caso se inclui o sopé da colina.

TRIANGULO HISTÓRICO – MARCO ZERO – A Colina Central é reconhecida pela Lei de Zoneamento nº 6.253, de 24 de maio de 2007, como “Zona Central Histórica” (ZCH), região onde se encontram o marco zero e o triângulo histórico da cidade, delimitado pelas ruas d. Pedro II, João Gonçalves e Capitão Gabriel. A colina possui altitu-de de 750 metros em relação ao nível do mar. Dada a expansão urbana da cidade, notadamente a partir de 1960, ao visualizarmos o mapa dos bairros de Gua-rulhos, percebe-se que o atual centro geográfi co do município se encontra no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

MAPA ANTIGO E ATUAL – Por meio da comparação de dois mapas da cidade, um datado de 1932 e o mapa ofi cial dos bairros de 1988, se perce-bem os 17 nomes dos bairros mais antigos de Guaru-lhos, que constam no mapa de 1988 são: Guarulhos (centro), Ponte Grande, Itapegica, Gopoúva, Vila Augusta, Vila Galvão, Picanço, Cabuçu, Morros, Cocaia, Taboão, Bananal, Lavras, Fortaleza, Bonsu-cesso, Cumbica e Pimenta (s).

A relação dos atuais 47 bairros se completa com mais 30 nomes que não aparecem no mapa de 1932: Tanque Grande, Capelinha, Morro Gran-de, Água Azul, Mato das Cobras, Sadokin, Arací-lia, Água Chata, Itaim, Presidente Dutra, São João, Invernada, Bela Vista, Cabuçu de Cima, Vila Rio, Monte Carmelo, Cecap, Fátima, Vila Barros, São Roque, Porto da Igreja, Várzea do Palácio, Maia, Bom Clima, Macedo, Partaventi, Torres Tibagy, Tranquilidade e Jardim Vila Galvão.

Praça Teresa Cristina – Igreja Matriz em 1930. Foto: João França Filho.

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Inicialmente, falamos do incômodo das pes-soas ao perceberem a exclusão do nome do lugar onde habitam no mapa dos bairros da cidade. O sen-timento pode estar associado a dois fatores: um, re-lacionado ao desconhecimento histórico-geográfi co, e outro, à afetividade dos moradores com o lugar de moradia.

A divisão territorial em bairros para a popula-ção é algo genérico, a maioria desconhece os limites geográfi cos. Os moradores não sabem onde come-çam ou terminam os bairros. O nome do bairro, muitas vezes, é algo desconhecido, destituídos de signifi cado histórico para as pessoas.

CONSTRUÇÃO E DESCONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PESSOAL – Sendo o nome do bairro algo alheio e indefi nido territorialmente, o local de moradia, o loteamento, a rua, a casa é algo concreto, um lugar travestido, autoconstrutor da identidade do núcleo familiar: comprar um terreno, projetar e construir uma casa e morar na mesma, ter

fi lhos, criam laços afetivos familiares e de vizinhança. Ao olharmos no mapa dos bairros da cidade e não visualizar o nome do seu “cantinho” devemos reme-ter a quem o procura à mesma sensação expressa por uma criança que tem o doce tirado da boca. O lugar de moradia é o ponto de maior referência de uma pessoa na cidade.

Se os nomes dos bairros que aparecem no mapa da cidade são estranhos ao conhecimento dos moradores é porque algo está errado. O sistema edu-cacional, bem como os modernos meios de comuni-cação social existem para transmitir conhecimentos, informar e formar os cidadãos. Cabe pensarmos se não estamos diante de mais uma forma de alienação em que as pessoas estão submetidas nos modernos centros urbanos: repletos de violência, competição e desigualdade social. Esperamos com essa publicação, contribuirmos para a superação acerca da produção e do ensino de história em nossa cidade, com narrativa histórica dos nossos bairros e loteamentos.

Mapa do Município de Guarulhos de 1953. Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo.

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2 – ORIGENS DO PIMENTAS

REVELANDO A HISTÓRRIAA DOS PIMENNTAS E REGIÃO - NOSSS A CIC DAADEDE, , NONOSSSSOSOS BBAIAIRRRROSOS!!,,

Muita gente se pergunta: o nome correto do bairro é das Pimentas ou dos Pimentas? E você, já parou para pensar no assunto? Se lembrarmos, apenas, no que está escrito nas placas da Prefeitura de Guaru-lhos a polêmica estaria encerrada. Nelas se encontram a inscrição: “Bairro dos Pimentas”.

NOME OFICIAL DO BAIRRO – Bairro dos Pimentas é o nome ofi cial, reconhecido há 26 anos, por meio do Decreto Municipal nº 14.998 de 1988. Ainda assim, três indagações se fazem necessárias: de onde teria surgido o nome “Pimenta” e porque a opção pelo uso das fi guras gramaticais “dos” e não “das” e a colocação da palavra no plural? A história por si só é muito rica, com pimenta, sem sombra de dúvidas, que o assunto fi ca muito mais picante e saboroso. De antemão, podemos afi rmar que a história do “Pimentas” não se restringe à vigência do Decreto nº 14.998. É muito mais antiga e surpreendente.

Cruzamento da Estrada Velha Guarulhos-São Miguel com a Rodovia Ayrton Senna, 2014.

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Cabe a história investigar o passado, quando possível, trazer elementos que possam elucidar as dúvidas do tempo presente. Mesmo diante das ins-crições nas placas, não devemos nos contentar com a defi nição ofi cial. Por enquanto, deixemos de lado a questão gramatical, bem como a versão da Prefeitura e mergulhemos na história oral e documental.

VERSÕES A RESPEITO DA ORIGEM DO NOME PIMENTAS – Existem duas versões para a origem do nome “Pimentas”. Sem documen-tos que comprovem, contam antigos moradores que o nome provém da existência de pés de pimentas cul-tivados por indígenas. A segunda hipótese afi rma que “Pimenta” era o sobrenome de uma família, dona de uma antiga fazenda da região, onde atualmente, en-contra-se o bairro dos Pimentas.

Em se tratando de história, dúvidas e discus-sões semelhantes não ocorrem somente em Guaru-lhos, também, entre os moradores da cidade Pimen-tas, situada no oeste de Minas Gerais. Lá, para uns, o nome da cidade vem de moitas de pés de pimentas que existiam nas proximidades de um primitivo pou-so de tropeiros.

Na cidade Pimentas a versão mais aceita é a que liga o nome do município à família Manoel Pi-menta. A exemplo do que ocorre na cidade Pimentas e no bairro dos Pimentas, é muito comum as repe-tições de nomes, também as divergências e conver-gências em torno da origem dos nomes dos lugares

na história do Brasil. Qual o caminho a seguir para dirimir as dúvidas?

ONOMÁSTICA E TOPONÍMIA – A ono-mástica é a ciência que trata da etimologia, transfor-mação e classifi cação dos nomes próprios de todos os gêneros, das suas origens e dos processos de de-nominação no âmbito de uma ou mais línguas ou dialetos. Nascida na metade do século XIX, a ono-mástica é considerada uma parte da linguística, com fortes ligações com a história e a geografi a.

Por sua vez, a toponímia, palavra derivada dos termos gregos (topos) lugar, mais (ónoma) nome – portanto, nome de lugar é uma divisão da onomás-tica responsável pelo estudo dos topônimos, ou seja, nomes próprios de lugares. A análise dos nomes dos lugares não deve limitar-se apenas aos aspectos lin-guísticos e históricos. Muitas vezes as nomenclaturas podem estar associadas a um processo político-cul-tural e social que merece uma abordagem além do signifi cado stricto sensu toponímico.

Seguimos pelo caminho dos documentos. Os nomes Pimenta e Pimentas constam na história local há 124 anos. Há mais de três séculos, antes do ano 1890, o atual bairro dos Pimentas era chamado São Miguel. De acordo com a nossa pesquisa, esse antigo nome deriva do bairro vizinho São Miguel Paulista – carta de ses-maria concedida no dia 12 de outubro de 1580, cujas dimensões incluíam os terrenos das margens direita e esquerda do Rio Tietê, por seis léguas em quadra.

Avenida José Miguel Ackel, 1994. !

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ALDEIA DOS ÍNDIOS SÃO MIGUEL – De acordo com o estudo da procuradora Ângela Maria Rocha de Bia-se, a respeito do aldeamento dos indíge-nas de São Miguel, o modelo obedecia aos princípios estabelecidos pelo rei por-tuguês d. João III: No início da ocupação de terras brasileiras, foi elaborado pelo rei d. João III regimento confi ado ao vice-rei Tomé de Sousa, com diretrizes para o território a desenvolver. Três princípios fi caram assenta-dos: o serviço de Deus, o serviço de Portugal e o progresso das terras [...] Foi estabelecido que os naturais convertidos, ou em cateque-se, morassem perto das povoações da capita-nia, para que não se misturassem com os demais índios. Necessários, pois, que lhes fossem dadas terras para la-voura. Conforme noticiado, a aldeia de São Miguel e a de Pinheiros tiveram início ao redor de 1560, com o estabelecimento dos índios Guaianazes nesses dois pontos. Todavia, a aldeia de São Miguel não teve inicialmente essa denominação, já que a primeira ocupação de terras pelos índios ocorreu próximo às nascentes do Rio Anhem-bi [atual Tietê], chamado Ururaí.

A respeito do tamanho e dos limites geográ-fi cos do aldeamento de São Miguel Paulista, veja o que diz Silvio Bontempi: No caso particular de São Miguel, os índios estavam amparados pela carta de sesmaria de seis léguas em quadra conferida em 1580 pelo capitão Jerônimo Leitão, exercendo os índios o seu domínio, como já vimos, desde a margem direita do Córrego Ticoatira [Penha] à margem esquerda do Rio Guaió, e da margem esquerda do Rio Tietê até as proximidades da atual cidade de Santo André, onde continha o curso superior do Aricanduva. (Bontempi, 1970, pg. 49).

A légua atual corresponde a 6.600 metros de extensão. No período colonial, de acordo com Luís Flodoardo Silva Pinto, a légua jesuística equivalia a 5.555,55 metros (As Missões Orientais: Epopeia Je-suística no Sul do Brasil, 2002. p. 151). De acordo com a medida colonial, a sesmaria de São Miguel adentrava o territorio “guarulhense” 33 quilômetros,

333 metros e 30 centímetros. A partir da descrição da extensão territorial do aldeamento dos índios de São Miguel Paulista, percebe-se que o território onde se encontram os bairros: Pimentas, Água Chata, Aracilia, Presidente Dutra, Itaim, enfi m, todo o território gua-rulhense, se achava na sesmaria de São Miguel Paulista.

O estudo da procuradora Ângela Maria Rocha de Biase, a respeito da extensão territorial do aldea-mento de São Miguel, com base em uma planta de 1769, indicam que Guarulhos fi cava na sesmaria de São Miguel: A planta referente e que reproduz a medi-ção feita em 1769, de acordo com a sesmaria de 12 de outubro de 1580, demonstra que o terreno estendia-se do Córrego Franguinho e Ribeirão Ticoatira [Penha] até a margem esquerda do Rio Tietê; da desembocadura do Rio Cabuçu [de Cima – bairro Ponte Grande] até a margem direita do Rio Tietê, seguindo em direção a Guarulhos. Essa aldeia compreende as fazendas do Carmo e Caguas-su, distritos de Ermelino Matarazzo, Itaquera, São Mi-guel e Guaianazes, parte dos municípios de São Paulo, Guarulhos, Mairiporã, Santa Izabel, Mogi das Cruzes, Santo André, Ribeirão Pires, além de Arujá, Bonsucesso, Itaquaquecetuba, Utinga, Mauá, Poá, Suzano. (Biase, 1987, pg. 53). Sendo as terras do aldeamento de São Miguel férteis, os brancos começaram a ocupá-las. Em 1622, São Miguel era, também, um povoado de bran-cos. A partir de 1679, a Câmara de Vereadores de São Paulo passa a aforar e a cobrar foros dos ocupantes

Capela de São Miguel Arcanjo. Bairro São Miguel Paulista, 1921.

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das terras do aldeamento que haviam se estabeleci-dos ilegalmente. Em 1773, o senso contabilizava 746 pessoas nas terras da aldeia dos índios de São Miguel. (Biase, 1987, p. 54).

ANTIGO NOME DO BAIRRO DOS PI-MENTAS – A respeito da herança do antigo nome do bairro dos Pimentas ter sido São Miguel, segundo Bontempi, as minas de ouro estavam no território de

Guarulhos, tão próximas de São Miguel Paulista que em muitas ocasiões há referencias àquelas terras do Baquirivu Guaçu como pertencentes à aldeia de São Miguel Paulista. É possível que a notícia da descoberta das minas tenha provocado a corrida dos moradores, não só para as Lavras do Geraldo Correia Sardinha, como fi cou conhecida aquela zona, como também às terras pró-ximas, como São Miguel. (Bontempi, 1970, pg. 50).

Discriminação dos próprios nacionais incorporadas ao patrimônio da Corôa Real. Fonte: Arquivo Histórico de São Paulo. "

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Mesmo após a criação do município de Gua-rulhos no dia 24 de março de 1880, continuava apa-recendo nas Atas da Câmara de Vereadores o nome bairro São Miguel. Em algumas ocasiões encontra-mos a expressão “bairro São Miguel deste município. Como exemplo, selecionamos dois trechos dos livros do Legislativo municipal, com grafi a da época: De Antônio Benedito José de Souza, [...] residentes neste districto, requerem que seja transferido um terreno de foros com bemfectorias existentes, situado no bairro de São Miguel, ao senhor Benedicto Mariano de Abreu. Como requer, lavre-se o termo de contracto de transfe-rência de acordo com Lei vigente [nº 13] deste muni-cípio. Guarulhos, 31 de outubro de 1914[...] Ângelo Demary, residente na Penha de França, requer que seja transferido terreno situado no bairro de São Miguel, pelo preço de 50$000, cinquenta mil reis. Guarulhos em 31 de janeiro de 1921.

Na perspectiva de caminharmos para as con-clusões acerca da origem do nome “bairro dos Pimen-tas”, localizamos em duas cartas geográfi cas antigas, uma da Comissão Geográfi ca e Geológica – Carta dos Excursionista de 1923 e no primeiro mapa da Prefeitura de Guarulhos publicado no ano 1932, a palavra Pimenta. Observe que a palavra está escrita no singular. Além da palavra Pimenta no mapa da

Comissão Geográfi ca, constam outros nomes como: Morro Vermelho, Barro Branco, Campo Limpo, Três Cruzes, Marcondes e Pintos. Nomes que não apare-cem como nomenclaturas atuais de bairros e nem de loteamentos. Uma perguntava se faz necessária. Por-que entre os nomes mencionados, apenas o Pimentas permaneceu? Seguimos a nossa busca rumo à origem do nome Pimentas, e a partir da constatação, teremos elementos para responder a essa nova questão.

Em meio à polêmica que envolve a origem do nome da cidade mineira de Pimentas, encontra-se a família Manoel Pimenta. No Arquivo Histórico de Guarulhos (AHG), localizamos um registro cujo so-brenome de uma família que habitava o antigo bair-ro São Miguel, também é Pimenta. Diz um velho ditado, que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Tirem as máscaras e abram os olhos. Pelas evidencias, a nossa pimenta não arde, serve, apenas, para molho histórico. Você já ouviu falar em Anna Pimenta? No documento que apresentamos abaixo percebemos a importância, bem como o poder da mulher na histó-ria do bairro (em grafi a da época).

ANNA PIMENTA – A comissão encarregada pela Câmara Municipal desta Villa, sob o caminho de sacramento da senhora Anna Pimenta, no bairro de São Miguel..., desta Villa, achando de conformidade

Projeção do aldeamento São Mguel Paulista. Seis léguas em quadra (légua de 4.356). "

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que o caminho que a mesma senhora (ilegível) por achar mais conveniente para seu transito e o que vai para a Capella de Bom Sussesço. Em vista disto fomos ter com o senhor Pedro Celesti-no, que o mesmo concorda-va que fi cace esse caminho para a mesma senhora e que não fazia questão alguma e que ella sedece para o senr. Alberto Faria Fermino dos Santos e Marciano, passaçe com seus carros para levar lenhas na barranca do Rio Tietê, quando ella der li-cença. E por ser verdade fazemos esta declaraçao para ser pasçada em acta, que nós vereadores assignamos com o fi scal que esteve presente. Villa da Conceição dos Guarulhos 19 de maio de 1906. (AHG). Papeis ofi -ciais e ofícios recebidos de diversos, 1905 a 1906. Caixa 218.

Em outro registro do Arquivo Histórico de Guarulhos, as terras que pertenceram a Anna Pi-menta estavam aforadas antes de 1890. No ato de descrição ou da transcrição do documento, consta a palavra Pimintas, três moradores das margens do moinho velho aforarão um terreno (em grafi a da época): Ignacio Francisco, Joaquim Jose de Souza, Joanna Maria, com a declaração que Ignacio paga ami-tade dos foros, aforarão hum terreno da extinta aldeia de índios neste município no lugar moinho as divisas são o seguinte, principia no ribeirão da passagem... até encontrar com as terrenos de foros do Pimintas. Villa da Conceição dos Guarulhos 27 de novembro de 1890. Paga foro annual de 12s000 mil reis. (AHG). Contra-

tos de Aforamento – 2º Livro Cópia, 20/09/1891 a 29/12/1920.

No aforamento acima, quando cita o lugar “Moinho”, pela descrição, trata-se das imediações do Córrego do Moinho Velho, onde se encontram os atuais loteamentos Jardim Angélica, Parque Alvora-da, Ansalca e Vila Paraíso. Quanto à referência “ter-renos de foros do Pimintas”, certamente houve erro na escrita ou na transcrição, tendo em vista que o texto foi retirado da cópia datilografada do 2º Livro de aforamentos do Arquivo Histórico de Guarulhos.

De acordo com o documento de aforamento e com a nossa interpretação histórica, podemos dizer que o nome “Pimentas” era uma referência públi-ca, em 1890. A ofi cialização do nome “bairro dos Pimentas” ocorreu em 1988, por meio do Decreto nº 14.998, exatamente 98 anos depois da menção feita por Ignácio Francisco e outros. Quanto a cita-ção “terrenos de foros dos Pimentas”, tratar-se, cer-tamente, de uma referência à propriedade da senhora Anna Pimenta e seus familiares.

Considerando os documentos pesquisados, podemos dizer que em 2014 o atual bairro dos Pi-mentas completa 434 anos de história (1580-2014). Ao longo do tempo se percebe três fases bem dis-tintas na nomenclatura. Durante 300 anos, aproxi-madamente, vigorou o nome “bairro São Miguel”; a partir da segunda metade do século XX, por uns, era

Fragmento da Carta dos Excursionistas, 1923. Em destaque, o nome Pimenta. !

Fragmento do Livro de Registro de Terras e Aforamentos. !

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chamado de São Miguel e por outros de Pimentas. Como herança dessa fase de negação e afi rmação do antigo, e do nome atual, segundo Moriô Sakamoto, quando chegou ao Pimentas, em 1931, foi matricu-lado em uma escola na Praça Felício Antônio Alves, “Escola Mista do Bairro dos Pimentas”. Por vol-ta de 1950, Américo de Faria deu ao antigo bairro Três Cruzes o nome Parque São Miguel. Pelo visto, a duplicidade existiu por alguns anos. Como dito, o nome bairro dos Pimentas ofi cializou-se, apenas, em 1988.

CUMARÍ – Nos documentos pesquisados, a exemplo do que declara a história oral, não encontra-mos nenhuma referência citado o cultivo de pés de pimentas por indígenas. Nas terras de Anna Pimen-ta, possivelmente, existiam pés de pimentas verme-lhas, de acordo com a tradição brasileira, usadas no consumo doméstico. Entre os nativos do tronco lin-guístico Tupi-Guarani não existia a palavra pimenta. O fruto que excita a língua era chamado de Cumarí. (Sampaio, 1987, pg. 227).

Cabe destacar que a palavra pimenta, nos séculos XV e XVI, em Portugal, era designativa de pimenta-do-reino (pimenta-negra) e sobre-nome familiar. A variedade brasileira capaz de

provocar ardência no paladar, não era conhecida por pimenta e sim por Cumarí. Segundo consta, o termo pimenta vem do latim pigmenta, condi-mento designativo comum de diversas plantas pi-peráceas e solanáceas. (Ferreira, 1986, pg. 1.329). A pimenta-do-reino – Piper Nigrum, também chamada pimenta redonda ou pimenta em grão, não têm qualquer relação botânica com as “nossas Cumarí”.

Em termos históricos, entre nós sul-america-nos, a confusão acerca dos frutos que excita a língua começou a partir de 1492, quando Cristovão Co-lombo se lançou à procura de novas rotas comer-ciais. Ele, entre outras especiarias, estava à procura da pimenta-do-reino. Ao entrar em contato com a culinária local, confundiu a ardência dos pratos tem-perados com o gênero Capsicum com a Piper Ni-grum. Depois de algum tempo, percebeu que se tra-tava de espécies ardentes diferentes, porém, a adoção do nome “pimenta” fi cou para designar, também, as variedades do gênero Capsicum – família solanácea. Enquanto no Brasil se consagrou o termo pimenta, por exemplo, nos Estados Unidos, para o gênero Capsicum, pimenta é o mesmo que Chilli – palavra de origem asteca.

ORIGEM DO SOBRENOME PI-MENTAS – Registra a história que a tradi-ção de atribuir nomes de plantas, animais, lugares, frutos, rochas, rios etc., como nome de pessoas ou sobrenome veio de Portugal. A maioria dos sobrenomes que possui a es-pécie de alguma planta, animal ou objetos, normalmente, é de origem judaica. Homens e mulheres que foram obrigadas a se conver-terem ao cristianismo e a mudarem de no-mes, sob a ameaça de serem queimadas nas fogueiras da inquisição. De acordo com fa-mílias tradicionais portuguesas “pimenta” é um sobrenome português.

Algumas pesquisas evidenciam que Pimentel como diminutivo de pimenta. Se-gundo consta, sua origem vem da Corte por-tuguesa, no reinado de d. Alfonso III, que Fragmento do Livro de Registro de Terras e Aforamentos. !

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apelidou Vasco Martins de Novaes, de Pimentel, pimenta pequena, dando origem ao sobrenome. O Solar da Família Pimenta ou Pimentel é a Torre de São Simão de Novais, perto da Galiza. Argumenta que é um sobrenome geográfi co e se estabeleceu no Brasil, inicialmente na Bahia, sendo o brasão datado de 1514.

Pimenta no Tupi-Guarani é igual à cumarí. A nossa pimenta capsicum, em Portugal, é chamada piripíri. O termo pimenta em Portugal é designativo de pimenta-do-reino – piper nigrum. O Pimentas, do bairro dos Pimentas, tem origem no sobrenome Anna Pimenta. Veio daí, e por isso consta no cenário urbano da cidade.

O bairro dos Pimentas é hoje uma das maiores extensões territoriais do município e o mais populo-so. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geogra-fi a e Estatística (IBGE) e a Secretaria de Desenvol-vimento Urbano (SDU), de acordo com o censo de 2000, o bairro contava com cerca de 134 mil habi-tantes, tendo esse número se elevado para 156.748 habitantes no censo de 2010. É considerado o mais populoso de Guarulhos.

Além dos aspectos mencionados quanto a questão da origem do nome do bairro dos Pimentas, há registros de muitas atividades culturais e religio-sas na região, como as tradicionais festas caipiras de cunho religioso como exemplo a foto abaixo das dé-cadas de 1950-1960 no Núcleo Histórico, atual pra-ça Felício Antônio Alves (Esporte Clube Bela Vista).

Brasão da Família Pimenta no Brasil.

Casamento caipira, celebração tradicional realizada na sede do Esporte Clube Bela Vista nos idos das décadasde 1950-1960. Acervo de Geni Marciano.

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3 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E RECURSOS NATURAIS

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A região dos Pimentas fi ca na parte sudeste do município de Guarulhos. As principais referên-cias geográfi cas são: ao norte, o bairro do Bonsucesso (via Dutra); ao sul, o bairro São Miguel Paulista (Rio Tietê); a leste, a cidade de Arujá; e a oeste, o bairro Cumbica. A região dos Pimentas fi ca do lado direito da Via Dutra, para quem se desloca de Guarulhos ao Rio de Janeiro.

Guarulhos encontra-se na parte nordeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), uma das maiores aglomerações humanas do mundo, constituída de 39 municípios. Nesse contexto, a região dos Pimentas possui seis bairros (Pimentas, Itaim, Água Chata, Aracília, partes dos bairros do Bonsucesso e do Jardim Presidente Dutra), contando com 37 loteamentos, onde habitam 215.544 pessoas.

Quando da construção da Via Dutra (1951), os bairros do Bonsucesso e do Jardim Presidente Dutra foram divididos, fi cando seis loteamentos na atual região dos Pimentas (Cidade Parque Brasília, Cidade Par-que Alvorada, Jardim Silvestre, Jardim Albertina e Jardim Maria Dirce II).

Bairro Pimentas – 37 Loteamentos: Vila Paraíso, Vila Izabel, Parque Industrial Cumbica, Jardim Ansalca, Jardim Silves-

tre, Parque das Nações, Jardim Rodolpho, Parque Jurema, Jardim Carvalho, Jardim Oliveira, Vila Pastor, Jardim Guilher-

mino, Jardim Angélica, Jardim Ferrão, Jardim Carvalho, Jardim Nova Cidade, Jardim Maria Helena, Jardim Centenário,

Jardim Santa Maria, Jardim Monte Alegre, Parque São Miguel, Parque Jandaia, Jardim Bonsucesso, Jardim Arapongas,

Vila São Gabriel, Jardim Brasil, Jardim Dona Luiza G. L. 1, Jardim Bela Vista, Jardim Leblon, Cidade Tupinambá, Jardim

Pimentas, Vila Trotil, Jardim Paulista, Jardim Arujá, Vila Itai, Jardim dos Afonsos e Conjunto Marcos Freire.

Bairro Itaim – 11 Loteamentos: Jardim Maria do Carmo, Jardim Maria Alice, Jardim das Olivas, Jardim Sandra, Jardim

Joemi, Jardim Jaci, Jardim do Porto, Vila Any, Vila Bernardino, Jardim Izildinha e Jardim Guaracy.

Bairro Bonsucesso – 05 Loteamentos: Cidade Parque Brasília, Cidade Parque Alvorada, Jardim Albertina, Cidade

Parque Brasília e Jardim Silvestre.

Bairro Água Chata – 02 Loteamentos: Vila Dinamarca e Parque Piratininga.

Bairro Aracília – 01 Loteamento: Cidade Aracília.

Bairro Presidente Dutra – 01 loteamento: Jardim Maria Dirce II

RELAÇÃO DOS BAIRROS E SEUS LOTEAMENTOS

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REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

GUARULHOS

ROSA DOS VENTOS

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Paisagens e Recursos Naturais – Ao longo da história humana, o homem drenou pântanos, cortou árvores, desviou rios e construiu moradas, aldeias, vilarejos, bairros e cidades inteiras, modifi cando pro-fundamente a paisagem, da maneira que julgou ne-cessário para seu desenvolvimento.

Neste livro, chamaremos de paisagem natural aquela que começou a evoluir há bilhões de anos, muito, muito antes da presença do homem na Terra, bem como dos primeiros habitantes do continente americano, que migraram de outras regiões para o sudeste brasileiro e, posteriormente, para a região da atual Guarulhos.

As peculiaridades da paisagem natural de cada região – os eventos geológicos ocorridos há bilhões

de anos, a formação do relevo e dos tipos de solos, a cobertura vegetal e os recursos hídricos – determi-nam a presença da fl ora e da fauna, e a maneira como o homem promove sua ocupação. É essa paisagem, portanto, que orientou as ações humanas em Guaru-lhos na região do Pimentas.

A região do Pimentas há milhões de anos – Para entendermos a formação do relevo (serras, montanhas, colinas e planícies) e a atual paisagem da região do Pimentas, além da ocorrência e extração de ouro, na região norte de Guarulhos, e demais ati-vidades econômicas e sociais, é necessário conhecer-mos os processos geológicos relacionados à formação de nosso planeta.

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Desde a formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, con-tinentes inteiros surgiram e foram destruídos várias vezes. No início de sua formação, quando nem os con-tinentes nem os oceanos existiam como hoje os conhecemos, a super-fície da Terra era tão quente, por causa das atividades vulcânicas e dos impactos de meteoritos, que a água não podia se condensar na superfície para formar rios, lagos e oceanos.

As rochas do tipo cristalinas são evidências das atividades vulcâni-cas na região há bilhões de anos. Ao longo de milênios, a temperatura da Terra foi diminuindo, possibilitando a formação da crosta terrestre. As ro-chas cristalinas são as mais antigas, e podem chegar a mais de um bilhão de anos. Sobre ela, durante milha-res de anos, foram depositadas areias e cascalhos, provenientes da erosão das rochas, formando os depósitos de rochas sedimentares. No mapa geológico da região dos Pimentas po-demos observar as rochas cristalinas, mais antigas (no centro do Bairro do Itaim, sul do Bairro do Pimentas e sul do Bairro Água Chata), cercada pelas rochas sedimentares, componentes da Bacia Sedimentar de São Paulo. É como se as cristalinas fossem ilhas, e as sedimentares, água ao seu redor.

No passado: vulcões, ter-remotos e mar – A ocorrência de terremotos e a presença de muitos vulcões são os aspectos geológicos mais antigos de Guarulhos. Desses eventos resultaram, há pouco mais de 1,5 bilhão de anos, derrames de lavas (rocha derretida), que foram depositadas no fundo de um ocea-

no então existente no município e região. Nesse período foi formada a Serra do Itaberaba no Bairro do Mor-ro Grande. Essa região era chamada de Serra do Jaguamimbaba no início da colonização, na qual havia intensa atividade de exploração de ouro.

Esses eventos geológicos em Guarulhos promoveram a ascensão de fl uxos de lavas para a superfície. A lava, à medida que se eleva até a superfície através de fi ssuras na crosta terrestre, tem a propriedade de atrair e agregar partículas de ouro. Ao se solidifi ca-rem na superfície, formam cristais de quartzo associados às pepitas de ouro.

Esses processos geológicos têm grande signifi cado para Guarulhos, es-pecialmente na Tapera Grande, hoje conhecido pelos bairros do Morro Grande, da Capelinha, do Tanque Grande e do Fortaleza, pois propor-cionaram surgimento de ouro e sua extração no início da colonização por-tuguesa, sendo essa a primeira ativida-de econômica do Município. A região do Pimentas foi fundamental desde o período colonial, pois servia de passa-gem para a mão de obra escrava e o escoamento do ouro que foi extraído entre o início dos séculos XVII e XIX.

Além do ouro, a formação geológica propicia outras ativida-des econômicas, como a extração de areia, na bacia sedimentar, junto aos rios e a formação de solos argilosos que condicionaram uma segunda fase de desenvolvimento econômico em Guarulhos: a produção de tijolos cozidos. Os solos argilosos estão pre-sentes junto aos rios, nos depósitos sedimentares do Período Quaterná-rio, ver mapa de rochas.

Serra do Itaberaba, dobra-mento rochoso da época em que Guarulhos era coberto

por um oceano e tinha muitos vulcões. Rocha típica de locais

de minério de ouro.

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Os altos e baixos da região do Pimentas – Ao passarmos pela Estrada Juscelino Kubitscheck, a partir da Dutra, quando nos aproximamos do Jardim Angé-lica, percebemos que esta estrada se torna uma subida. Passando pelo Jardim Angélica em direção ao Parque São Miguel, percebemos que ela se torna descida. Es-ses altos e baixos dos terrenos onde foram construídas as ruas, casas, comércios são resultados dos processos geológicos de milhares e até bilhões de anos passados. Os derrames de lavas, terremotos e a chuva que incide na superfície das rochas sedimentares e cristalinas es-culpem esses terrenos formando o revelo. No mapa das diferentes altitudes as cores mais escuras correspondem as maiores altitudes. Nele verifi camos que o Jardim

Monte Alegre, Bairro dos Pimentas, exatamente onde fi cam as escolas Escola da Prefeitura de Guarulhos He-lena Antipoff e E.E. Prof. Pascoal Maiononi Filho, é o ponto mais alto da região Pimentas, com mais de 830 metros de altitude – a altitude é medida da altura a par-tir do nível do mar. Não é a toa que este loteamento tem este nome (Monte Alegre). Por outro lado, o ponto de menor altitude na região Pimentas é a localidade dos loteamentos Jardim do Porto e Vila Any, no Bairro do Itaim, entre 720 e 730 metros de altitude. Comparan-do os terrenos com maior altitude (Jardim Monte Ale-gre) e os com menor altitude (Jardim do Porto e Vila Any), temos uma diferença de cerca de 100 metros em aproximadamente 3 quilômetros de distância.

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Rios, córregos e ribeirões – Sobre a super-fície do relevo formado pelos processos geológicos, as águas da chuva procuram esculpir seus caminhos. Durante milhares de anos, esse processo formou os rios, córregos e ribeirões da região dos Pimentas.

Os rios, córregos e ribeirões sempre fi zeram parte do desenvolvimento humano, suprindo suas necessidades básicas e servindo de suporte para as atividades culturais e econômicas de determinada região. Em Guarulhos não foi diferente. Desde o período colonial, os cursos d’água eram o ambiente onde houve intensa mineração de ouro de lavagem. Posteriormente, no início do século XX, um novo ciclo econômico, a produção de tijolo cozido, teve

como suporte o tipo de solo argiloso da região, pois eram usados em sua fabricação, os rios, córregos e ribeirões eram utilizados para o escoamento da pro-dução com destino à São Paulo, através, principal-mente, do rio Tietê, por meio de embarcações. Na década de 1970, na região dos Pimentas, ainda havia 12 olarias, sendo 1 no Bairro Água Chata, 5 no Itaim e 6 no Bairro dos Pimentas.

O principal rio da região Pimentas, de Guaru-lhos, da Grande São Paulo e do Estado de São Paulo, é o Tietê. Os afl uentes diretos do Tietê que atraves-sam a região Pimentas são: córregos das Pedrinhas e Parati Mirim. Os demais córregos presentes na re-gião dos Pimentas seguem em direção à via Dutra,

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atravessam por baixo dela e deságuam no Baquirivu Guaçu, rio este que nasce em Arujá, seguindo para o Taboão, CECAP, e sob a rodovia Presidente Dutra e Ayrton Senna, até desaguar no Tietê. Esses córre-gos que deságuam no rio Baquirivu Guaçu, presentes na região dos Pimentas são: córregos Taboão e Ana Mendes (no Aracília), córregos Fazenda Piratininga (entre o Aracília e Água Chata), córrego Água Chata (no bairro de mesmo nome), córrego Cocho Velho (Cidade Parque Alvorada), córrego Moinho Velho (Parque São Miguel) e córrego Baquirivu Mirim (di-visa da região Pimentas com a região Cumbica).

No passado, os rios, córregos e ribeirões tiveram um grande signifi cado cultural para os moradores anti-gos da região dos Pimentas. Seus nomes, como Cocho Velho, Moinho Velho, Água Chata, Baquirivu Mi-rim são evidências do modo de vida e das atividades desses moradores locais. Certamente, na região, havia um cocho de cavalos que era bastante conhecido, e um velho moinho de água na proximidade do Parque São Miguel. Hoje, a intensa ocupação e a poluição das águas desses cursos d’água tiveram um grande impacto cultural para os antigos moradores. Já no fi m da dé-cada de 1970 era possível prever esta degradação dos cursos d’água na região dos Pimentas, especialmente o rio Tietê. Não é difícil ouvir antigos moradores que relatam as pescas e banhos nos rios, córregos, ribeirões e lagoas da região. A degradação que se seguiu suprimiu da vida desses habitan-tes qualquer signifi cação histórica dos espaços naturais, tornando as relações, antes imediatas e até afetivas, em rela-ções abstratas. O que restou foram as boas lembranças do tempo de criança.

Rio Tietê – O Rio Tietê nasce no Município de Salesópolis, apenas 22 quilômetros do Oceano Atlântico, seguindo pelo interior do Estado de São Paulo, numa extensão de 1.136 quilômetros, sendo que sua bacia hi-drográfi ca incide no espaço territorial de 282 municípios, abrangendo parte dos municípios da Região Adminis-

trativa de Campinas e da RMSP, incluindo a Capital e grande parte de Guarulhos.

Não há uma defi nição precisa na origem de seu nome. Tietê, ou “rio verdadeiro”, assim deno-minado pelos indígenas, era a fonte de alimentos e demais necessidades para os povos originais de São Paulo. Entretanto, há pesquisadores que afi rmam que Tietê foi um nome dado pelos colonizadores. Podemos também encontrar nomes atribuído a ele, como: Anhembi, Agembi, Aiembi, Anenby, Anien-bi, Anhambi, Anhebi, Anhebu, Anhebig, Anhembu, Iniambi, Inhambi, Inhembi e Niembi.

Dentre estes, Anhembi, de origem indígena, é um nome bastante familiar que signifi ca “o rio de unas aves animais”, ou conforme Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro “Caminhos e Fronteiras”, “rio de anhumas ou anhimas”, aves que possuíam um unicórnio central e grito semelhante ao de um burro zurrando. Esta mes-ma ave está presente na bandeira de Guarulhos.

Desde o começo da colonização, através do Rio Tietê, os bandeirantes paulistas exploraram e colonizaram as terras interioranas, nas quais, ao lon-go de seu curso, foram fundadas dezenas de cidades, conduzindo pessoas e mercadorias, servindo como principal meio de locomoção fl uvial, além de fonte de alimentos e de abastecimento das populações que iam se estabelecendo no domínio de suas águas.

Ponte sobre o Rio Tietê da Estrada Velha Guarulhos-São Miguel. Acervo da Família Castellucci.

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4 – FORMAÇÃO SOCIOECONÔMICA: O BRASIL,GUARULHOS E A REGIÃO DOS PIMENTAS

NONOOOOOOOOOOOOOOSSSAAA A A A A AA A A CICICICICICICICIDADADADADADADADADEDEDEDEDEDE, , NONONONONOSSSSSSSSSSOSOSOSOS BBBBAIAIAIRRRRROSOOS!! - REREEREVEVEEEVEVELALALAALALALALANDNDNDNDNDNDNDN OOO O O AAAAAAAAAAAAA AA HIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHISTSTSTSSSSSSSSS ÓÓÓÓRRÓÓ IAIA DDOS PPIMMENENTATAS S E E REGIG ÃO

Obviamente, que se trata de um tema muito amplo para um livro de caráter paradidático. Por isso faremos um breve relato, respeitando a historiografi a.

Guarulhos, ao completar 454 anos, impulsionada pela Industrialização, fi gura como a oitava posição no cenário econômico brasileiro. Dos 454 anos de vida da cidade, a indústria ocupa apenas 103 anos da história social e econômica do município (1911 a 2014).

Iniciamos esse capítulo formulando as seguintes perguntas: Você sabe quais foram as atividades econômicas de Guarulhos antes da industrialização? Como se deu

a utilização dos recursos naturais da cidade pelos habitantes e o desenvolvimento econômico local? Você já

Antiga Capela de Santo Antônio e de Nossa Senhora da Aparecida (1954-1984), situada no Jardim Monte Alegre.Mutirão coordenado por Manoel Pinto de Nascimento Neto (em destaque *).

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parou para refl etir a respeito da relação socioeconô-mica do Brasil com Guarulhos e de ambos com o bairro dos Pimentas?

De um modo geral, no Brasil, há uma carência de estudos que tratam da história local e da relação socioeconômica brasileira com as cidades. Certa-mente, pouco se sabe. A nosso ver é necessário que façamos uma breve retrospectiva acerca da antigui-dade do povoamento do território brasileiro, bem como do processo de colonização moderna e con-temporânea imposto ao Brasil.

ORIGEM DO NOME ÍNDIOS – A partir de 1500, a história registra que os colonizadores por-tugueses ao avistarem um Porto Seguro, atracaram suas 13 naus em uma baía e se deparam com um grupo de pessoas, que receberam o nome índios. Os mercadores portugueses, em busca de pimenta-do-reino, ouro, cravo, canela, madeira, entre outras matérias primas, achavam que haviam chegado às índias ocidentais. Em Porto Seguro, devem ter avis-tado, pela lógica, um grupo de pessoas do sexo mas-culino e por isso lhes deram o nome de índios.

Reza a lenda que o nome “índios” foi usado pela primeira vez pelo navegador italiano Cristóvão Colombo na viagem empreendida, em 1492, oito

anos antes de Pedro Álvares Cabral chegar à Bahia. Pelo que sabemos o uso do termo genérico “índios” é errado, mas fi cou e continua sendo reproduzido, muitas vezes, de forma pejorativa.

Especulações históricas à parte a verdade é que na maioria dos livros didáticos tradicionais não é tra-tado, entre outras coisas, há quanto tempo o “Brasil” era habitado antes do século XVI, de onde teria vindo os “índios”, e muito menos, da quantidade de povos e línguas faladas no território “descoberto” pelos por-tugueses. Além desses aspectos, não esclarecem o fato de que quem nasce na índia não é chamado índio e sim indiano. Assim como não devemos confundir indiano com hindu, pois hinduísmo é religião.

O BRASIL ANTES DE CABRAL – Em 22 de abril de 1500, enquanto a população portuguesa era 1,2 milhão, a população indígena no território brasileiro girava em torno de 4 a 5 milhões. Aqui ha-bitavam há pelo menos 14 mil anos. São identifi ca-dos em três troncos linguísticos: Tupi-Guarani, Ma-cro-jê, Aruak e uma variedade de línguas que não se enquadram em nenhum dos troncos mencionados.

A hipótese mais aceita para a origem do povoa-mento na América é a teoria da origem única: disper-são dos três fl uxos do Homem Sapiens, que deixaram

Desembarque de Cabral em Porto Seguro (óleo sobre tela). Obra de Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo do MuseuHistórico Nacional, Rio de Janeiro.

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a África, respectivamente há 120, 70 e 40 mil anos, povoando todos os continentes, hoje, calculado em sete bilhões de pessoas. Todo ser humano traz em si a forma inteira da condição humana. As nossas raízes brasileiras, biológicas e culturais têm origem na África. (Oliveira e Ferreira, 2013, pg. 20).

PRIMEIROS BRASILEIROS - 14 MIL ANOS – De acordo com a hipótese das três corren-tes migratórias para a América, de autoria do cientis-ta Walter Neves (USP), a primeira onda migratória teria chegado ao Brasil há 14 mil anos e era compos-ta de indivíduos negroides, morfologia semelhante a dos atuais australianos e africanos. São considerados os “primeiros brasileiros”. A produção cultural do homem de Lagoa Santa, em Minas Gerais, atesta-lhe a idade mais antiga da América – 14 mil anos. O ancestral negroide, Luzia, é o crânio de uma jovem de traços negroides - fóssil datado em 11,5 mil anos, é a prova mais antiga e mais contundente da anti-guidade do povoamento da América. Nos Estados Unidos, os achados da cultura Clovis, atestam 11,4 mil anos.

A segunda onda migratória se deu há 12 mil anos. Os chamados paleoíndios povoaram todo o continente americano e seus restos antropológicos

foram encontrados em um grande número de luga-res na América do Sul e do Norte. Eles viveram na América do Sul entre 12 mil anos e 8 mil anos antes do presente. Após a chegada dos grupos mongóis, os paleoíndios desapareceram do território, por ra-zões desconhecidas. Duas hipóteses: podem ter sido extintos por meio de guerras ou “encorpados” (es-cravizados) pelos mongóis, atuais etnias indígenas Tupi-Guarani.

A terceira leva migratória aconteceu entre 9 a 8 mil anos. Esse último grupo mongol a migrar tem indivíduos que apresentam o tipo físico característico dos povos asiáticos, dos quais os nossos indígenas mo-dernos derivam. Os três fl uxos migratórios chegaram à América, passando pelo estreito de Bering, que liga a Ásia à América, utilizando de uma ponte de gelo for-mada durante o último período glacial (idade do gelo – 110 a 10 mil anos). (Oliveira e Ferreira, 2013, pg. 20).

Como visto resumidamente, o território brasi-leiro no início do século XVI era habitado por cente-nas de povos, o grupo, conhecido como paleoíndio, colonizou todo o continente, e seus restos esqueletais foram encontrados em um grande número de luga-res na América do Sul e do Norte. Estes paleoíndios viveram aqui na América do Sul entre 12 mil anos e 8 mil anos antes do presente.

De acordo com o Laboratório de Estudos Evo-lutivos Humanos – IB – USP: Em algum momento depois, entrou um novo grupo, também pelo estreito de Bering, que apresentava a morfologia do crânio muito parecida com as populações asiáticas atuais. Esses grupos são os ancestrais dos índios que vivem hoje nas Américas, e substituíram a maior parte dos grupos paleoíndios que viviam aqui antes [12 mil anos]. Com poucas exceções, após a chegada dos grupos mongóis, os paleoíndios desa-pareceram do mapa, por razões que não são claras ainda.

Existem estudos em São Raimundo Nonato, Piauí, liderados pela arqueóloga Niède Guidon com datações superiores às mencionadas. As polêmicas também são bem maiores.

TUPI E TAPUIA – Diante da diversidade linguística e cultural, os colonizadores portugueses, para facilitar a dominação territorial, classifi caram a

Reconstituição facial de Luzia, a partir do crânio encontrado em Lagoa Santa.

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diversidade de povos em dois grandes troncos linguísticos: Tupi, para quem habitava prin-cipalmente o litoral, e Tapuias, para quem habitava, além da faixa litorânea, no chamado sertão do Brasil e que falavam principalmen-te línguas do tronco Macro-Jê (muita gente). Segundo consta, a convivência entre os dois grupos não era pacífi ca. os Tapuias, no século XVI, chamavam-se a si próprios nac-manuc ou nac-poruc, os “fi lhos da terra”.

O SENTIDO DAS PALAVRAS – Na literatura se percebe o uso de quatro palavras que dão o sentido “hierárquico” para a estra-tégia de ocupação dos territórios pelos colo-nizadores portugueses no Brasil: reino (poder centralizado em Portugal), litoral (beira-mar, via de acesso às colônias e ao reino, desem-bocadura dos grandes rios), vila (conselho de intendentes, composto por colonizadores, re-presentes do rei português nas colônias) e sertão (ter-ritório além da costa marítima, serras onde nascem os grandes rios, interior do Brasil a ser ocupado). Como visto as palavras não são simples palavras. Os termos são carregados de signifi cado e precisam ser lidos de acordo com a temporalidade histórica para compreendermos o tempo presente. A essa altura do nosso resumo você deve estar se perguntado: O que tem haver tudo o que vimos até o momento com a história de Guarulhos e com a região dos Pimentas?

LITORAL E SERTÃO – O território atual, chamado Guarulhos, na época era considerado ser-tão. Separado pela Serra do Mar, porém interligado por trilhas indígenas antigas, correspondentes ao tempo da ocupação territorial do Brasil, abertas por paleoíndios e indígenas. A região dos Pimentas era cortada, ao que tudo indica, por uma dessas trilhas indígenas, com início no litoral paulista e rumo à parte serrana de Guarulhos.

Os primeiros habitantes de Guarulhos – Logo no início da colonização e da organização dos aldea-mentos dos padres jesuítas em São Paulo, segunda metade do século XVI, eles perceberam que os esco-lhidos para formar o aldeamento de Nossa Senhora

da Conceição, os Maromomi, primeiros “habitantes de Guarulhos”, falavam uma língua estranha, di-gamos, diferente da língua Tupi e portuguesa. Os Maromomi, haviam sido expulsos do litoral nor-te paulista (Caraguatatuba) pelos Tupi e passaram a “habitar” e transitar com grande frequência por “Guarulhos”, serranias e vales dos rios Tietê, Baqui-rivu Guaçu e Cabuçu de Cima.

Estudos recentes indicam que os Maromomi certamente pertenceram ao tronco linguístico Macro-Jê – conjunto de línguas da família Puri. Por meio de duas palavras que restaram da língua deles: Arê (padre) e Nhamã nhaxê muna (Deus), os linguistas mencionam diferenças quando comparadas ao Tupi-Guarani. Os Maromomi eram nômades, viviam da caça e da pesca, da coleta de frutos, mel, raízes e, prin-cipalmente, em Guarulhos, dos frutos da Sapucaia e do pião da Araucária. Possivelmente, possuem raízes biológicas e culturais dos povos paleoíndios: povos coletores – primeiros povoadores do Brasil.

ALDEIA INDÍGENA NO PIMENTAS – Segundo consta na historiografi a, bem como na indicação de uma carta cartográfi ca guarulhense, no antigo bairro São Miguel, atual bairro dos Pimentas

Povo Purí, aparentando Maromomi. Obra de Johann Moritz Rugendas.

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existiu um assentamento indígena, que fi cava locali-zado nas imediações do bairro dos Pintos (nome da época), vide no mapa, ano 1953. Uma coisa é certa: a aldeia que existiu no bairro dos Pimentas, em ter-ritório guarulhense, também se chamava São Miguel, já pela proximidade, já pela dependência para com os padres do aldeamento homônimo (Noronha,1960, pg.10). Pela medição feita em 1768, não se trata de aldeamento com nome igual e sim do mesmo aldea-mento (ver mapa da página...).

CICLO DO OURO – As presenças dos colo-nizadores portugueses no território brasileiro e gua-rulhense introduziram, entre outras coisas, duas for-mas novas na dinâmica socioeconômica guarulhen-se. A primeira pela utilização dos recursos naturais para fi ns comerciais, e asegunda, pela exploração da força de trabalho dos habitantes locais para produção das riquezas. De 1560 a 1888, a maioria das rique-zas da cidade foi produzida por homens e mulheres escravizadas, na época chamados de negros da terra e negros da Guiné.

Em 1597, Afonso Sardinha, o velho, bem como Afonso Sardinha, o moço, e também Clemente Álvares

iniciaram a extração de ouro na atual Ser-ra Itaberaba, antiga Jaguamimbaba, (atuais bairros Morro Grande e Capelinha). Ativi-dade que se prolongou até 1820, com suces-sivos mineradores, ocupando um terço do território atual do município.

E, ainda, de acordo com Washington Luís: O autor dos Apontamentos informa que Pedro Taques, na Nobiliarquia das principais famílias da Capitania de S. Vicente, diz a respeito de Afonso Sardinha o seguinte: “Foi o primeiro descobridor das minas de ouro, prata, ferro e aço em todo o Brasil pelos anos de 1589 em as serras seguintes: na de Jaguamimbaba, que ao presente tempo se conhece com o nome de Mantiqueira; no sítio que agora se diz La-goas Velhas do Geraldo, distrito da freguesia da Conceição dos Guarulhos, termo da cidade de S. Paulo; na de “Jaraguá, onde fez o seu estabe-

lecimento minerando, e aí faleceu”.Dos 454 anos da história da cidade, 328 anos

correspondem à escravização da força de trabalho dos negros da terra (indígenas) e dos negros africa-nos. O ciclo do ouro guarulhense faz parte, segundo Nestor Goulart Reis, das primeiras experiências da mineração de ouro no Brasil. Compõe o mosaico da Repartição Sul – primeiro ciclo do ouro do Brasil, 1593 a 1697. (Reis, As Minas de Ouro e a formação das Capitanias do Sul. 2013, pg. 29).

Desconhecemos qualquer prova documen-tal que ateste a existência de mineração de ouro na região dos Pimentas. A relação socioeconômica dos Pimentas com as lavras de ouro guarulhense era de complementaridade. Dava-se, principalmente, por meio da existência da antiga rota do trabalho escravo, via de acesso à antiga aldeia dos indígenas de São Mi-guel, passando pelas atuais cidades de Ribeirão Pires, São Sebastião, Santos e São Vicente. Ver capítulo “A Importância dos Caminhos, Estradas e Rodovias na Formação da Cidade”.

EXTINÇÃO DA ALDEIA DE SÃO MI-GUEL – De modo geral, após o fi m da exploração de ouro em Guarulhos (1820), os fatos mais rele-

Fragmento do mapa de Guarulhos, 1953. Em destaque, dentre outros, os bairros de Pimentas, Pintos e a primitiva Capela de Três Cruzes (1a

capela do bairro dos Pimentas).

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vantes que guardam relação com a história do bairro dos Pimentas são: o apossamento e a legalização das terras do aldeamento de São Miguel (1850), o iní-cio da imigração de estrangeiros (1870), a criação do município de Guarulhos (1880), a libertação da es-cravidão (1888), a proclamação da República (1889) e a formação industrial da cidade (1911), bem como o adensamento populacional e a expansão urbana, por meio da presença dos imigrantes nacionais.

Achamos que se enganam quem pensa a his-tória como uma linha reta – primeiro acaba uma coisa e depois começa a outra. Na história natural e social não existe linearidade. O antigo e o novo convivem até que brote uma forma nova, necessária

à satisfação das novas necessidades. O novo não é totalmente novo, nele coexistem coisas do passado, do tempo presente e sinais do que pode acontecer no futuro. Nos perguntamos: O que isso tem a ver com a história do bairro dos Pimentas? Convidamos você para um mergulho na história recente dos Pimentas, partindo do presente, rumo às águas revoltas do pas-sado. Vamos tentar entender porque e como se deu o processo de formação do bairro dos Pimentas.

FORMAÇÃO DAS FAZENDAS – Os 215.544 habitantes da região dos Pimentas moram em loteamentos, os quais, no passado, pertenceram à aldeia indígena de São Miguel, território transforma-do em fazendas. Grosso modo, com passar do tem-

po, as fazendas foram sendo divididas em sítios e a partir da segunda metade do século XX, passaram a ser destina-das à implantação das diversas formas de loteamentos: moradia popular, instalação de indústrias, comércios e prestação de serviços.

O tombamento das proprie-dades rurais de Guarulhos de 1817, feito pelos capitães Francisco Lean-dro Leme de Moraes e José de Al-meida Ramos, registrou 28 fazen-deiros, donos de 183 escravos (a data coincide com o esgotamento da mineração de ouro).

Localização dos proprietários por bairros: Bom Jesus – três proprie-tários; Bonsucesso – sete; Guavirotuba – três; Itaverava – dois; Lavras – cinco; Pirucaia – quatro; São Gonçalo – um; e São Miguel (bairro dos Pimentas) – dois. Quantidade de Escravos: Ma-theus da Silva Bueno (Itaverava), 50 escravos; Antônio Pedroso de Almeida (Bom Jesus), 18; alferes Félix da Silva Lopes (Guavirotuba), 16; alferes João Manoel Machado (Lavras), 15; capi-tão José de Almeida Ramos (Lavras e Tapera Grande). (Noronha, 1960, pg. Mapa das minas de ouro de Guarulhos (modifi cado). Fonte: Inst. Geo., 1950.

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45). Não consta o número de pessoas escravizadas no bairro dos Pimentas.

Segundo consta, a partir de 1740, a aldeia de São Miguel já havia começado a desaparecer, devi-do ao apossamento das terras indígenas por pessoas brancas. Os confl itos em torno da propriedade da terra no País eram tão grandes, que o tema da legali-zação das propriedades entrou na pauta do governo imperial, pela primeira vez, a partir da segunda me-tade do século XIX.

De acordo com Angela Maria Rocha de Biase: A Coroa sempre admitiu, tacitamente, os aforamentos e co-

Antigos moradores do Bairro dos Pimentas em estilotípicamente rural. Foto e data desconhecida.

Procissão de Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida. Ao fundo, o bar do Custódio na esquina da atual Praça Felício

Antônio Alves.

branças de foros e conservação dos caminhos pela Câmara [...] Com a Lei nº 601, de 1850, a aldeia foi incorpora-da ao patrimônio do Império. Todavia, a Lei nº 114, de 27 de setembro de 1860, art. 11, parágrafo 8º, autorizou o governo a aforar ou vender, nos termos da Lei 601, de 1850, os terrenos das antigas missões e aldeias dos índios. Finalmente, o Decreto Legislativo nº 2.672, de 20 de outubro de 1875, em seu artigo 1º, parágrafo 3º, estabe-leceu as condições mediante as quais as terras passariam às municipalidades. Deveriam estar aforadas para que nelas se pudessem fundar vilas e povoações; e deveriam ser necessárias a logradouros. Por último, a Lei nº 3.348, de 20 de outubro de 1887, artigo 8º, nº 3, transferiu às pro-víncias as terras que não tivessem antes sido transmitidas às prefeituras. (Biase, 1987, pgs. 54 e 55).

REGISTROS DE TERRAS – De acordo com documentos do Arquivo Público do Estado de São Paulo, a totalidade de 339 propriedades no Livro de Registros de Terras da Província de São Paulo. Livro “Conceição dos Guarulhos, nº 156”, com início no dia 19 de agosto de 1854 e encerramento no dia 12 agosto de 1856. Registros feitos pelo padre João Vicente Vala-dão, também ex-deputado provincial pela freguesia dos Guarulhos em cinco legislaturas: 1851-1852, 1860-1861, 1862-1863, 1878-1879 e, por fi m, 1882-1883.

A série de Registros de Terras é fruto da Lei nº 601, de 18 de março de 1850 que, regulamentada pelo Decreto nº 1.318, de 30 de janeiro de 1854, foi a primeira legislação a respeito de propriedade da terra surgida no Brasil independente. Visava norma-tizar e registrar as propriedades que já possuíssem tí-tulo legal (sesmaria, compra, herança) ou que tivesse posse comprovada. O registro dessas propriedades foi efetuado em nível de freguesia, a cargo do vigário local, que abria, rubricava e encerrava o livro, enca-minhando-o a seguir, ao governo provincial. (Anexo de Abertura. Os Registros de Terras da Província São Paulo. Arquivo do Estado).

Da totalidade dos 339 registros de terras efe-tuados em Guarulhos, se encontram vários do anti-go bairro São Miguel (atual bairro dos Pimentas). Em 39 anos da história dos apossamentos das terras das aldeias indígenas de São Miguel (parte onde se

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encontra o atual bairro dos Pimentas) e de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, se percebe a velocidade como se deu o processo. Os números sal-taram de 28 proprietários, em 1817, para 339, em 1856, crescimento de 1.110%.

Após a instalação da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (atual município), no dia 24 de janeiro de 1881, por meio da primeira elei-ção, na qual foram eleitos seis vereadores e entre eles o intendente, atual cargo de prefeito, os pedidos de aforamentos de terras e remissão (resgates) deixaram de ser feitos pelo vigário da paróquia local, fi cando a responsabilidade a cargo da Câmara de Vereadores.

Na página (...) encontra-se um desses pedidos de aforamento dirigidos à edilidade local. À luz do debate, que envolve os motivos da criação do muni-cípio de Guarulhos, é interessante relermos as condi-ções descritas na citação acima, Decreto Legislativo nº 2.672, no qual, certamente, se fundamentaram os deputados provinciais para proporem a Lei nº 34, que criou o município de Guarulhos, no dia 24 de março de 1880.

AGRICULTURA E PECUÁRIA – Pelo visto, a cobiça dos fazendeiros pelas terras da aldeia dos ín-dios de São Miguel, segundo consta, era devido a boa qualidade apresentada, próprias ao desenvolvimento da agropecuária. Nas Atas da Câmara de Vereadores de Guarulhos, bem como a partir de relatos de anti-

gos moradores do bairro, se constata a existência de atividades agrícolas, pecuária e de extração de lenha, voltadas à subsistência das famílias e a comercializa-ção do excedente de produção. Trabalho dedicado ao plantio de trigo, milho, mandioca, cana-de-açúcar, feijão, café, frutas e a criação de gado, porcos, galinha, cavalos, bem como o corte de madeira – venda de le-nha e a produção de telhas (olarias).

O cenário atual do bairro dos Pimentas come-çou a se montar por infl uência da industrialização. Em se tratando de história, não devemos perder no tempo o processo, espécie de “olho de luz”, capaz de transcender a máxima “olho que não vê – coração que não sente”. Antes da criação do município (1880), a imigração estrangeira (1870), bem como a libertação da escravidão (1888) são acontecimentos que antece-dem a realidade socioeconômica do tempo presente. A respeito da criação do município (ver página...).

TRABALHO ESCRAVO – Dos 454 anos da história de Guarulhos, 328 anos predominaram o trabalho escravo. O trabalho livre (assalariado), em tese, soma-se apenas 126 anos. Durante os 328 de escravidão, somados aos tempos de trabalho dos indígenas e dos negros transplantados da África no período de 1560 a 1888, toda produção da riqueza da cidade teve as marcas das mãos escravizadas: extra-ção de ouro, abertura de caminhos, agricultura, cons-trução de casas e igrejas, transporte de carga etc. De

Alambique Casteluche, demolido por ocasião da construção da atual Rodovia Ayrton Senna, em 1980.

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modo geral, ao processo de escravização correspon-deram às lutas de resistências como fugas, rebeliões, emboscadas, formação de quilombos etc. No início do século XIX, o enfraquecimento do reino portu-guês era visível.

Na transição dos séculos XIX-XX, os impactos da Revolução Industrial, a formação do movimento abolicionista e as disputas de mercados aguçaram as contradições do modelo brasileiro. O Brasil foi for-çado a pautar a libertação da escravidão e a importar força de trabalho, imigrantes estrangeiros, destinada, inicialmente, à produção do café. A apropriação da riqueza gerada pelo trabalho escravo, bem como pelo trabalho assalariado (dos imigrantes estrangeiros e dos brasileiros), parte foi investida na estruturação das primeiras indústrias em São Paulo. As primeiras fábricas surgiram no Sudeste brasileiro – inicialmen-te na província do Rio de Janeiro, seguido de Minas Gerais e, por último, em São Paulo.

OLARIAS – PROTOINDÚSTRIA – A pri-meira indústria a instalar-se em Guarulhos foi a Ce-râmica Paulista, na Vila Galvão, no ano 1911. No bairro dos Pimentas a Fábrica de Pólvora provavel-mente, entrou em funcionamento, em 1939. Antes e durante o período de formação industrial na cidade, interpõem-se as olarias. Uma espécie de protoidústria. Palavra que exprime o processo que veio antes e que

Captura de escravos [África]. Obra de David Livingstone.

Punição pública de escravos. Obra de Rugendas, 1835.

guarda semelhanças com a forma produtiva industrial: existência de meios produtivos, jornada de trabalho, divisão social do trabalho, conhecimento técnico, dentre outros aspectos, são comuns aos dois processos.

Um dos motivos do sucesso da produção ca-feeira no Estado de São Paulo, a partir da segunda metade do século XIX, é atribuida à fabricação e ao uso do tijolo cozido como piso de revestimento nos terreiros de secagem do café. Os italianos foram os responsáveis pela introdução do uso do tijolo cozido no interior de São Paulo e, posteriormente, usados nas construções de casas, pontes, delegacias, igrejas, repartições públicas, galpões industriais, na capital paulista e na região metropolitana, dentre outras lo-calidades.

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O uso do tijolo cozido praticamente substituiu todas as edifi cações em taipa de pilão, tipo construti-vo implantado pelos portugueses e que durou, apro-ximadamente, 350 anos em São Paulo. Foi nesse con-texto econômico e social que Guarulhos reencontrou seu espaço na economia capitalista mundializada. No conjunto da obra, a região dos Pimentas tornar-se-á a maior concentração urbana do município.

POSIÇÃO GEOGRÁFICA E RECURSOS NATURAIS – A disponibilidade de recursos na-turais: água, argila, lenha, areia, pedras, bem como a localização guarulhense no centro do triângulo geográfi co – São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro, e ainda situando-se ao longo do curso do Rio Tietê, acima da cidade de São Paulo, são fatores locais que possibilitaram o deslanchar, respectiva-mente, dos ciclos do tijolo cozido e industrial no município.

Desde o surgimento das primeiras olarias que fabricavam telhas e ladrilhos para igrejas e pequenas obras nos séculos XVI, XVII e XVIII essas fábricas estiveram presentes na história paulistana. O aumen-

to signifi cativo do número de olarias na segunda me-tade do século XIX tem relação com o processo de urbanização da cidade. O emprego da alvenaria de tijolos nas edifi cações paulistanas ocorreu somente na década de 1870, após um período de transição de aproximadamente vinte anos de emprego de técnicas construtivas mistas. (Natália Maria Salla, Departa-mento de História, FFLCH-USP).

A antiguidade das olarias de Guarulhos pode ser constatada no primeiro Livro Ata da Câmara de Ve-readores – 1882: De João Cesário de abreu, alegando o mesmo a respeito de [ser classifi cada em 1ª classe] sua casa de negócio e olaria na dita freguesia – foi deferido o comunicado. (Primeiro Livro Ata, verso da página 18, 7 de janeiro de 1882).

Por meio do registro, não é possivel identifi car o tipo de produção, se de telhas e ladrinhos ou de tijolos cozidos, possivelmente seja de tijolos, tendo em vista a data e a importância da produção de tijolos cozidos, a partir do período acima mencionado...

DEFINHAMENTO DAS OLARIAS E A INDUSTRIALIZAÇÃO – A partir do início do sé-

Cava do Barreiro da Olaria de Humberto Zancanaro, situado na área correspondente à atual Empresa de Segurança Pires. Acervo de Ricardo José Zancanaro.

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culo XX, paralelamente à produção oleira em Gua-rulhos, iniciou-se a instalação das primeiras indús-trias, marco inicial em 1911. Em 1960, ano em que a cidade comemorou 400 anos de fundação, dois episódios econômicos se sobrepõe: o defi nhamento do ciclo do tijolo cozido e o auge do desenvolvento industrial. Em 1956, ainda era volumosa a produção das olarias, porém, a geração de riqueza era superada pela produção industrial.

De acordo com Noronha, em 1956, já se con-tavam 90 grandes indústrias, 80 pequenas fábricas, 220 olarias e 40 portos extratores de areia e pedregulho [...] Uma das maiores fontes de renda no município, está na sua esplêndida argila, empregada não só na produção de seus duzentos milhões de tijolos anuais, mas também car-reada para as cerâmicas de São Paulo [...], enquanto que a produção de suas 200 olarias e cerâmicas de telhas atin-giu a cifra dos 100 milhões de cruzeiros, tomando-se como base os preços da época. (Noronha, 1960, pg. 91 e 105).

Conta-se que patrimônios como o Museu do Ipiranga, o Teatro Municipal e a Pinacoteca na cidade de São Paulo foram construídos com tijolos das olarias guarulhenses. Passados 14 anos da estatística apresen-tada por Noronha, em 1970, na região dos Pimentas existiam 12 olarias.

CICLO INDUSTRIAL E EXPLOSÃO DE-MOGRÁFICA – No início da formação industrial guarulhense (1911), habitavam o município sete mil pessoas, atualmente são 1.221.979 (IBGE, 2010). Passados 103 anos da implantação da primeira in-dústria, o crescimento populacional ultrapassou 175 vezes o tamanho da população de 1912. Historica-mente, a população se desloca em busca de meios para garantir melhores condições de vida e, muitas vezes, sua sobrevivência e de sua família. Na era con-temporânea, a concentração de pessoas é atribuída à capacidade produtiva industrial. Para tanto, foi fundamental a migração de pessoas para os grandes centros industrializados brasileiros.

Segundo estudos, onde se instalam indústrias concentram-se serviços e população. Tal concentra-ção é refl exo direto do nível de industrialização. Além do próprio peso da atividade, a indústria agrega uma série de serviços em torno de si, o que faz crescer a economia local (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE, 2005).

De acordo com o padre Raimundo Roger For-get: Se quisesse resumir a realidade de Guarulhos em poucas palavras, dir-se-ia o seguinte; é um município industrial, com crescimento muito rápido, sem plane-

Matadouro municipal, barcos e olarias na varzea do Rio Tietê.

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jamento adequado, composto por uma população mi-grante, cidade periférica, [...] É claro que, se a popu-lação cresceu tão rapidamente, não simplesmente por-que muitas crianças nasceram aqui no município, mas porque muita gente veio de outras partes do Brasil [...] Por isso, em 1980, dos 532.724 habitantes de Guaru-lhos, 379.652 tinham nascido fora do município, isto é, 71,3% das pessoas eram migrantes. (Guarulhos: Nossa Cidade, Nossa Diocese, 1987, pg. 3).

EXPANSÃO URBANA – O processo de for-mação industrial foi acompanhado pela aglomeração da força de trabalho em loteamentos populares e ocu-pações de terrenos públicos e particulares implanta-dos distantes da região central, criando demandas por serviços públicos de abastecimento de água, transporte coletivo, pavimentação, educação, saúde, comércios e serviços. No início da década 1950, ha-via em Guarulhos 35.523 moradores, e, em 1980, a cidade contabilizava 532.724 habitantes. Um cresci-mento populacional de mais de 1.500% em 30 anos. Guarulhos cresceu 15 vezes o seu tamanho de 1950, com 71,3% (379.832), sendo migrantes nacionais.

Em 1969, por meio da Lei nº 1.503 foi defi ni-do as zonas de instalação das indústrias, bem como o reconhecimento e a autorização de novos loteamen-tos: Jardim Rosa de França, Cocaia, Taboão, Cidade

Serôdio, Santos Dumont, Jardim Maria Dirce, Jar-dim Presidente Dutra, Vila Nova Bonsucesso, Jar-dim Leblon, Parque São Miguel, entre outros.

Na transição das décadas 1950-1990, centenas de trabalhadores de fábricas e moradores dos bair-ros da cidade passaram a se organizar por meio dos movimentos populares e sindicais, reivindicando au-mento de salário, melhores condições de trabalho, asfaltamento de ruas, abastecimento de água, trans-porte coletivo, saúde, educação, segurança pública, regularização de loteamentos e a urbanização das favelas. O número atual de habitantes da região dos Pimentas, 215.544, é o resultado do processo que a cidade vivenciou nos últimos 60 anos.

O total de moradores que habitam os seis bair-ros: Pimentas, Itaim, Jardim Presidente Dutra, Bon-sucesso, Água Chata e Aracilia, distribuídos em 57 loteamentos é de 215.544 habitantes (IBGE-2010). O loteamento mais antigo registrado na prefeitura é o Jardim Arujá (bairro Itaim), de acordo com a Secreta-ria de Desenvolvimento Urbano (SDU), foi implanta-do em 1952. Dos 56 loteamentos, foram implantados nas décadas de 1950, 16 loteamentos; 1960, 13 lotea-mentos; 1970, 10 loteamentos; 1980, 9 loteamentos e, em 1990, 1 loteamento; além de outros 7 loteamen-tos sem registro na Prefeitura. Isso não quer dizer que antes de 1952 não houvesse habitantes na região dos

Hospital Pimentas/Bonsucesso, em 2014.

Símbolo do pólo industrial, Cidade Aracília – região dos Pimentas, em 2014.

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Pimentas. Ao nos referirmos aos loteamentos, estamos falando dos pedidos junto à Prefeitura para implanta-ção, conforme previsto na legislação urbanística.

O loteamento Jardim Arujá é o mais antigo da região dos Pimentas. Certamente, pela oferta de tra-balho da Fábrica Trotil – chamada popularmente, de Fábrica de Pólvora (localizada no Jardim Arujá) e da Nitroquímica, em São Miguel Paulista. Assim, como podemos traçar um paralelo entre a estruturação do ciclo industrial e o crescimento do número de lotea-mentos nas décadas 1970-1980, também é possível estabelecer a mesma linha de raciocínio quanto à anti-guidade do loteamento do Jardim Arujá.

A formação da indústria induziu, não só em Gua-rulhos e na região dos Pimentas, a ocupação dos espaços vazios da cidade.

Por fi m, duas pesquisas revelam as origens dos migrantes nacionais, principais responsáveis pela for-mação socioeconômica da região dos Pimentas. Com base no censo de 1980 (IBGE), a igreja católica de Guarulhos apresenta números surpreendentes: Dos 71,3% dos migrantes na década 1980, a grande maio-ria veio do Estado de São Paulo: 153.819 (40,5%) pessoas; 16.638 (4,4%), do Paraná; 16.338 (4,3%), do Pernambuco; 14.109 (3,7%), da Bahia; e 10.409 (2,7%), de Minas Gerais. (Guarulhos: Nossa Cidade, Nossa Diocese, 1987, pg. 4).

De acordo com a pesquisa do Dieese, contra-tada e divulgada pelo Sindicato dos Metalúrgico e região confi rma perfi l “Sudeste” da origem e com-posição da força de trabalho no setor metalúrgico: 65,5 % nasceram no Sudeste; sendo 60,7% nascidos no Estado de São Paulo. Os nordestinos formam 31,4% da nossa categoria. Quanto à composição étnico-racial, 54,6 % se reconhecem negros; já 45,4 % se disseram não-negros. (Perfi l dos Trabalhadores Metalúrgicos de Guarulhos e Região, 2013).

Mutirão, 1989. Rua Joaquim Moreira, Pimentas. Fonte: PMG.

Família Vale. Parque Alvorada, 1967. Acervo da família.

Antigo galpão da Fábrica de Pólvora Trotil (demolido). Atual loteamento Jardim Arujá, antiga Vila Trotil.

Um dos caminhões que carregavam lenha do Itaberaba para a Nitro Química. Década de 1940.

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5 – A REGIÃO DOS PIMENTAS: OS CAMINHOSE AS RODOVIAS

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Ninguém duvida da importância das vias de circulação na formação das cidades e bairros. No início da formação social do que hoje chamamos região dos Pimentas, as vias de acesso eram conhecidas por estradas e caminhos. Atualmente, os nomes mais expressivos são rodovias e avenidas. Os nomes dos logra-douros mudam, mas o sentido original permanece, ao longo do tempo.

Contemporaneamente, as duas principais vias de acesso à região dos Pimentas são as rodovias Pre-sidente Dutra e Ayrton Senna. A atual Estrada Juscelino Kubitschek de Oliveira, como veremos, desde os primórdios da formação social do bairro pode ser comparada simbolicamente às modernas rodovias. Ela é um dos casos que possui interface com a história da colonização portuguesa no território brasileiro.

Por escassez de estudos históricos fi ca difícil para a população perceber na paisagem densamente ur-banizada os remanescentes das antigas estradas e caminhos, os signifi cados dos antigos nomes, bem como os diferentes usos. Pouco mais complexo seria fazer as ligações históricas entre as vias de circulação, com os modos de produção da vida material – antigos e atuais. O certo é que nós, historicamente, independente dos nomes que sejam atribuídos, necessitamos de eixos de circulação, tanto no meio rural, quanto nos espaços urbanos, principalmente.

O atual região dos Pimentas expandiu-se entre as rodovias Presidente Dutra e Ayrton Senna. A Estrada Juscelino Kubitschek de Oliveira é a única via estrutural de ligação com as rodovias Presidente Dutra e a Ayrton

Rodovia Ayrton Senna cruzamento com a Avenida Jacu-Pêssego. Atual ligação Guarulhos-Litoral Paulista, 2014.

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Senna. A Juscelino atravessa o bairro dos Pimentas na direção norte-sul da cidade de Guarulhos. Para ela convergem os fl uxos das demais vias (ruas, estradas, vielas e avenidas) dos bairros e dos loteamentos. Com passar do tempo, modifi caram os usos e alteraram as suas características. Permanece viva a sua história e a sua utilidade social, econômica e cultural.

Com base em documentos, no meio da topo-nímia e da iconografi a é possível tecer algumas aná-lises a respeito do uso das estradas e caminhos e, ao mesmo tempo, descobrir as heranças que historica-mente ainda resistem às novidades do tempo e que poderão ser reveladas na contemporaneidade, como uma das formas de preservação da memória.

Um povo que não conhece a sua história e não preserva, está fadado ao fracasso. Guarulhos, como dito no capítulo de abertura, é uma cidade com 453 anos de história. Quais os “caminhos” dessa cami-nhada histórica?

ESTRADA JUSCELINO – ANTIGA ROTA DE TRABALHO ESCRAVO – Hoje em dia, caso algum morador do bairro dos Pimentas precise de algum produto diferente e que não exista no bairro, tradicionalmente se desloca ao bairro São Miguel, ao centro de São Paulo e, recentemente, ao centro de Guarulhos. As coisas, nem sempre foram assim.

Durante quase todo período da colonização no território brasileiro (1500-1822), o ouro era usa-

do como moeda para serem adquiridas mercadorias portuguesas (tecidos, remédios, sal, armas de fogo, munição, ferramentas de trabalho etc.), e isso se dava no Porto de Santos. O transporte da carga, o levar e trazer as mercadorias, eram tarefas destinadas aos negros da terra (indígenas). O uso de animais por tropeiros se deu a partir da segunda metade do sé-culo XVII. Cabe observar que a construção da atual

Via Dutra (BR-116, [SP-60 no estado de São Paulo]), altura do Jardim Nova Cumbica, 1960.

Mapa descritivo da BR-116 em relação as outras rodovias brasileiras. Mapa de 1990. Fonte: Ministério dos Transportes

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Rodovia “Jacu Pêssego”, respeitando as especifi cida-des, é uma reprodução moderna da antiga interliga-ção com litoral paulista.

Quanto às estradas e caminhos antigos, nas ime-diações na região dos Pimen-tas, as primeiras citações se referem à trilha dos indígenas Guaianases, chamada pelo padre Faria de Estrada Real do Sertão. De acordo com o mapa de 1766, um caminho ligava Cubatão a Jundiaí, e o outro a cidade de Santos a São Miguel Paulista. São Miguel era um entroncamento de vias para quem se dirigia ao porto da cidade de Santos, situado no centro das três cidades: Mogi das Cruzes, São Paulo e Guarulhos.

Setenta e cinco anos antes do mapa de 1766,

portanto, em 1601, Wilhelm Glymmer, chegando à povoação de São Miguel Paulista relata: Partindo da cidade de São Paulo, na Capitania de São Vicente, chegamos primeiro à povoação de São Miguel, distan-

Conceição (hoje Guarulhos, destacado em amarelo), em mapa do arquivo do Estado de 1766. Em vermelho: os caminhos Litoral Paulista-São Paulo. Em verde: os Montes Ma-

rumiminis (Maromomi).

Mapa da Capitania de São Vicente (1553-1597). Adaptado por Benedito Calixto. Em destaque (amarelo): Jaguamimbaba, atual Serra de Itaberaba, Guarulhos; (vermelho): Traçado dos caminhos mais antigos.

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te de São Paulo, cinco ou seis léguas para a nascente, à margem do Rio Anhembi [atual Rio Tietê], e nesse lugar achamos preparadas as provisões que os selvagens tinham de carregar nos ombros. Atravessamos, depois, aquele rio e, com uma marcha de quatro ou cinco dias a pé, através de densas matas, seguimos rumo de norte, até um riacho que nasce nos montes Guarimumis, ou Ma-rumiminis, onde há minas de ouro. (grafi a atual). (Na Capitania de São Vicente, Washington Luiz, p.291).

Wilhelm Glymmer, ao dizer que atravessou o Rio Tietê, rumo de norte e se deparou com la-vras de ouro nos montes Marumiminis, veio para a atual Serra do Itaberaba (bairros Capelinha e Morro Grande), em Guarulhos. Só pode ter atravessado o Rio Tietê, no estreitamento da várzea, pela primi-tiva trilha indígena, posteriormente, chamada de Estrada do Bonsucesso, atual, Estrada Juscelino Ku-bitschek de Oliveira.

O estreitamento da várzea do Rio Tietê, exata-mente na passagem formada em épocas passadas, en-tre São Miguel e a região dos Pimentas, foi decorrente da existência da cadeia rochosa Domínio Embu. Ro-chas expostas no loteamento Jardim Arujá, no bairro Macedo, no centro de Guarulhos e na Ponte Gran-de, entre outras localidades do município, e rochas graníticas, com idades estimadas em 790 milhões de anos, funcionando como uma barreira que impede o processo de expansão da várzea do Rio Tietê.

Em 1923, em uma carta cartográfi ca intitula-da “Mapa dos Excursionistas”, podemos visualizar o registro de antigas estradas, classifi cadas de primeira e segunda classe. Estradas que interligavam as quatro localidades: Santos, São Miguel, Mogi das Cruzes e Guarulhos. Na parte nordeste de Guarulhos, se per-cebe o prolongamento da estrada a outras localidades dos municípios paulistas e de Minas Gerais.

Em 1960, Adolfo de Vasconcelos Noronha re-latando os velhos caminhos guarulhenses, constata: Até meados do século XVIII, a única estrada para o Rio de Janeiro foi a marítima [...] O ouro real era transpor-tado para Santos ou através do Vale do Paraíba, car-reado para o litoral norte, de onde seguia para o Rio de Janeiro pelo mar. Por isso mesmo os corsários se faziam cada vez mais frequentes na região litorânea entre São Paulo e Rio, para desespero do soberano português, espo-liado que fora algumas vezes. (Noronha, 1960, p. 48).

Em 2005, Fernando Rodrigues Déli, estudan-do o povoamento, bem como a circulação no vale do Rio Aricanduva, compreendida entre o início da colonização e o modelo atual de urbanização, traz uma contribuição signifi cativa para o nosso tema em análise. Diz ele: As rotas entre São Paulo e o seu porto (Santos); [...] a ligação entre São Paulo, Mogi das Cru-zes, Vale do Paraíba e, posteriormente, Rio de Janeiro; ...as origens deste caminho devem datar ainda do século XVII, junto com os primeiros aforamentos no Cagua-

çu, em terras do aldeamento de São Miguel cuja apropriação se deu exclusivamente através de intrusos... Cabe, evidentemente, a atenção também para caminhos de menor expressão regional que, embora secundários, tiveram muita importância na dinâmica do povoamento e da circulação no Vale do Aricanduva.

É de grande impostância relacionar a existência dos caminhos com a fi xação de pessoas. Ao consideramos a atual Jus-celino Kubistchek de Oliveira uma Estra-da no território guarulhense, há muito tempo, interligada em uma malha de ca-minhos facilitadores do acesso para quem

Estrada Juscelino Kubitschek de Oliveira com Estrada da Água Chata, Jardim Ferrão, em 2014.

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se deslocava para Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Nazaré Paulista, Minas Gerais, Vale do Paraíba etc.

Percebe-se que o avanço da urbanização alterou muito dos contornos originais dos antigos caminhos e, por meio da toponímia, podemos tomar contato com a expressividade dos nomes que permanecem vivos na história da região dos Pimentas: Estrada do Caminho Velho, Estrada do Bonsucesso, Estrada da Água Chata, Estrada Velha de São Miguel e a Estra-da do Sacramento. Olhar especial merece a Estrada do Sacramento.

ESTRADA DO SACRAMENTO – A partir da colonização portuguesa, grosso modo, as antigas trilhas indígenas receberam o nome Caminhos de Sacramento ou de Servidão. Cabe lembrar a aliança da Igreja Católica com o governo português, desti-nada à conquista de terras e a dilatação da fé cristã. Por isso, os caminhos eram chamados, também, de “Sacramento”.

O termo Caminhos de Sacramento e de Ser-vidão é uma nomenclatura que se manteve até a se-gunda metade do século XX. Aparece por dezenas de vezes nos livros Ata da Câmara de Vereadores, de-vido à quantidade dos caminhos com o objetivo de propagação da religião católica na cidade de Guaru-lhos, dentre outras localidades do território brasilei-ro: De Francisco Alves Barbosa, inspector do Caminho

de Sacramento do Bairro do Saboó [atual bairro Tan-que Grande], deste município, comunica que acha-se prompto o feitio do dito caminho e apresenta a lista dos que faltaram durante os trabalhos. (3º Livro Ata da Câmara de vereadores, 1918, p.39). De Olegário Alves dos Santos, inspector de Caminhos de Sacramento do bairro de São Miguel deste município [atual bair-ro dos Pimentas], comunica a esta Prefeitura achar-se concluído os serviços. (3º Livro Ata da Câmara de Ve-readores, 1922, p.152)

A Estrada do Sacramento da região dos Pi-mentas é muito conhecida e sem nenhum estudo histórico a respeito do signifi cado do nome. O termo é uma herança do período colonial, umbilicalmente relacionado ao imaginário católico da época do Pa-droado. Nomenclatura única que se matem viva no cenário urbano do município. A palavra sacramento vem do latim, sacramentu (juramento).

De acordo com o imaginário colonial-católi-co, as antigas trilhas indígenas foram, literalmente, batizadas com o nome “Caminhos do Sacramento” para ser uma estrada de difusão dos sete sacramentos da religião católica: batismo, crisma, eucaristia, con-fi ssão, ordem, matrimônio e a extrema-unção. Sinais sagrados e instituídos por Jesus Cristo para distri-buição da salvação divina àqueles que, recebendo-o, fazem uma profi ssão de fé. (Ferreira, 1986, p.1534).

Estrada do Sacramento, via de ligação Pimentas-São Miguel-Itaquaquecetuba. Foto: Arquivo Histórico de Guarulhos, 1987.

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Por meio dos Caminhos de Sacramento e da apresentação da Santa Cruz, erguidas nas margens das estradas, inicialmente visava-se a conversão dos cativos indígenas e dos negros africanos escravizados. Os cati-vos acreditavam em vários “deuses”, eram politeístas. Os cristãos os consideravam pagãos e fazia parte da missão dos religiosos apresentarem o Deus único, sendo a salva-ção da alma, alcançada pela conversão ao cristianismo, bem como pelo cumprimento dos sete sacramentos.

Manter as estradas limpas para facilitar a difusão dos sete sacramentos era obrigação dos cristãos, ao lon-go de suas terras, adquiridas por meio de cartas de ses-marias ou aforamentos. O sacrifício dedicado a manu-tenção do caminho de Sacramento, era abençoado pelo padre e recompensado com o reconhecimento divino.

Cinco capelas antigas e atuais paróquias: São Miguel Paulista, Nossa Senhora da Penha de França,

Nossa Senhora da Conceição dos Maromomi (dos Guarulhos, troca de nome a partir de 1640), Nossa Senhora do Bonsucesso e Nossa Senhora da Ajuda (Itaquaquecetuba), estavam interligadas pelas estra-das de Sacramento. Capelas de aldeamentos funda-das por padres jesuítas, em São Vicente, os caminhos foram nomeados como “Passos dos Jesuítas-Anchie-ta”. Cabe lembrar que a antiga aldeia dos indígenas de São Miguel foi fundada, em 1580, pelo padre José de Anchieta.

VIA DUTRA E AYRTON SENNA – Via-jando no tempo, chegando à era contemporânea, a Via Dutra foi inaugurada no dia 15 de julho de 1951 e a atual Ayrton Senna, ex-rodovia dos Trabalhado-res, no dia 1º de maio de 1982. A explosão demográ-fi ca, ocorrida na região dos Pimentas (1950-1980), tem interface com a inauguração das duas rodovias e com o elevado número de loteamentos implantados no transcorrer dos últimos 30 anos, mencionados no capítulo “Formação socioeconômica”.

De acordo com a publicação da Diocese: Bas-ta passar pela Rodovia Presidente Dutra para constatar que se trata de um corredor industrial: da Ponte Grande à Aracília, somando os dois lados da Dutra, contam-se na beira da Estrada mais de 80 indústrias. Porém, as fábricas não foram construídas apenas à beira da Dutra. Elas se espalharam por quase todos os bairros do muni-cípio de Guarulhos. (Guarulhos: Nossa Cidade, Nossa Diocese, 1987, pg. 3).

Esquina da Estrada do Sacramento com Estrada Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, 2014.

Projeto de modernização do trevo de Bonsucesso em 2014.

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6 – DIVERSIDADE ÉTNICA, CULTURAL E RELIGIOSA

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Não é por ser indígena, negro ou branco que todos da mesma descendência falem uma única lín-gua, professem igual religião, curtem o mesmo som, se vestem igualmente e se alimentem da mesma maneira. Se existe uma palavra que defi ne o tema em nossa cidade, essa palavra chama-se diversidade.

Graffi ti na Estrada do Capão Bonito (Bairro Itaim). Obra de Rogério Dos Santos Gé Irc.

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A expressão do modo de vida coletor dos pa-leoíndios Maromomi, primeiros habitantes de Gua-rulhos, e o fazer sedentário iniciado pelos indígenas de língua Tupi-Guarani e dos portugueses coloni-zadores, permeado pela presença de povos africanos escravizados, bem como por trabalhadores oriundos dos processos de imigração estrangeira e nacional, ocorridas a partir dos séculos XIX e XX foram pre-senças que acrescentaram novos elementos à já varia-da gama de ritmos, cheiros, cores e sabores da nossa cultura local, indicando a multiplicidade étnica, cul-tural e religiosa em nosso meio.

CRISTÃOS E OUTRAS ORIENTAÇÕES RELIGIOSAS – Se no início da colonização as ma-nifestações de fé do paleoíndio, indígena e africano se resumiam ao politeísmo (adoração a vários deuses), considerados pagãos, essa realidade se altera a par-tir do monoteísmo (um deus único), introduzido na cultura local pelos europeus colonizadores por meio do Cristianismo, inicialmente pela Igreja Católica e, posteriormente, pelos protestantes e pentecostais.

São tidas como protestantes as igrejas que se identifi cam com o segmento teológico desenvolvido no século XVI, na Europa Ocidental, por Marti-nho Lutero: Presbiterianos, Luteranos, Metodistas,

Adventistas e Batistas (inclusive àqueles cristãos que não pertencem à Igreja Anglicana, pois esta mesma não se autodefi ne como católica ou protestante).

As igrejas pentecostais têm sua origem em 1901, em Los Angeles. Esse segmento é composto pe-las: Assembleia de Deus, Igreja Evangélica Quadran-gular no Brasil, Igreja Pentecostal Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Deus é Amor, Congregação Cristã, Igreja de Nova Vida e Igrejas Reunidas (Metodista Wesleyana, Batista Nacional, Presbiteriana Renovada do Brasil) e as neopentecostais (Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça de Deus, Comunidade Saara Nossa Terra e Renascer em Cristo).

Mutirão de limpeza para a construção da atual Igreja de Santo Antônio em 1972. Atual Jardim Monte Alegre.

Paróquia Santo Antônio no Bairro dos Pimentas em 1992. Sucessora da Capela de Santo Antônio e de Nossa Senhora Aparecida.

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Em 1913, foi implantada a primeira igreja evangélica em Guarulhos. Trata-se da Igreja Batista Cristã, localizada inicialmente na Rua 9 de Julho, no centro da cidade e atualmente na Rua Sílvio Maia, no 108, no bairro Picanço. Além de segmentos religio-sos de cunho cristão, o universo religioso se completa com a existência de cultos de origem oriental como o Budismo e Seicho-No-Ie e, também, de religiões de matriz africana, nas quais fazem parte a Umbanda e o Candomblé. No início do século XX, o Espiri-tismo foi introduzido no Brasil, ganhando força e colocando o País em primeiro lugar em número de espíritas no mundo.

Como dito no capítulo “Origens do Pimen-tas”, por mais de três séculos o nome da região dos Pimentas foi São Miguel. Por meio de um breve es-tudo a respeito de São Miguel Arcanjo entraremos em contato com a visão religiosa representada por divindade, santo protetor da missão jesuítica dos in-dígenas de São Miguel Paulista.

SÃO MIGUEL E OS ANJOS NAS MIS-SÕES JESUÍTICAS DO SUDESTE – POR BE-NEDITO PRÉZIA. Houve então uma grande bata-lha no céu: Miguel e seus Anjos guerrearam contra o Dragão. Foi expulso o grande Dragão, a antiga ser-pente, o chamado Diabo, Satanás, sedutor de toda a terra habitada. Foi expulso para a terra e seus Anjos foram expulsos com ele (Ap. 12, 7-9).

Essa passagem do “Apocalipse” mostra a im-portância do arcanjo São Miguel na luta contra o São Miguel Arcanjo. Obra de Guido Reni, 1636.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na Estrada Juscelino (conhecida como Igreja Mórmon) em 2014.

demônio, que após sua expulsão do céu veio convi-ver com os humanos. A luta do Bem contra o Mal foi algo muito presente na humanidade desde tem-pos imemoriais, manifestando-se principalmente nas

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guerras, nas perseguições e na incapacidade de se criar uma sociedade mais justa e ordenada.

O Cristianismo, que se consolidou no século III, escolheu Jesus, Maria, os anjos e os santos como seus representantes e defensores. Por outro lado, o demônio, representado pela serpente e pelo dragão, continuava ainda reinando na terra. A demonologia desenvolveu-se muito  na Idade Média, que era re-gida por normas religiosas, onde a magia mistura-va-se com a doutrina evangélica. Demônios estavam presentes por toda parte, tornando-se os responsáveis por tudo que havia de errado.

Os cristãos medievais não conseguiram enten-der as novas culturas, havendo nessa época grandes perseguições contra judeus, árabes, curandeiros e curandeiras. Os portugueses, ao aportarem no Brasil, em 1500, encontraram povos indígenas  com ritos exóticos e até violentos, o que levou a serem vistos como pagãos. Só a conversão e a ajuda celeste pode-riam criar uma sociedade ideal: São Miguel Arcanjo, os Santos Anjos e os povos indígenas.

Nesse contexto pós-medieval as devoções a São Miguel Arcanjo, expulsando o demônio, e a de São Jorge, combatendo o dragão, tornaram-se populares, sendo o primeiro declarado patrono de Portugal já no século XIII. No Brasil os jesuítas difundiram a devoção desse arcanjo e sete missões foram-lhe dedi-cadas. Em São Paulo, em 1583, São Miguel tornou-se o patrono da Aldeia de Ururaí.

O padre José de Anchieta foi um dos constru-tores do imaginário cristão indígena, pois dominava muito bem a língua Tupi. Os anjos foram apresen-tados como importantes fi guras, recebendo o nome de Karaibebé, isto é, “a grande entidade que voa”. Numa das peças de seu teatro sacro, o anjo da guar-da foi representado como “Kanindé Oby”,  “arara canindé azul”, enviada por Tupã (Deus) para pro-teger as aldeias recém convertidas (Teatro de An-chieta, 1977, pg. 167). O azul era a cor da paz e da pureza. Os ritos e tradições indígenas foram muito combatidos pelos missionários, pois esses os con-sideravam como coisa do demônio. Ainda no seu teatro colocava o velho Guaxará, o chefe dos demô-

nios, a estimular as tradições indígenas, que deviam então ser combatidas.

As epidemias trazidas pelos europeus foram também tidas como “coisas do maligno”, como se lê numa carta do irmão Pero Correia, de julho de 1554, comentando a devastação que uma delas fez em São Vicente, quando morreram três caciques e muitos indígenas: “Fizemos nove procissões aos nove coros de anjos contra todo o inferno e logo a morte cessou” (Leite, Carta dos Primeiros Jesuítas, II, pg. 70-71).

Dessa forma os anjos e os santos vieram substi-tuir as divindades tradicionais, dando mais proteção aos indígenas. É o que se vê em outra peça teatral do mesmo Anchieta, representada em Guarapari, ES, quando o anjo, vencedor, declara a vitória do bem sobre o mal: Esta aldeia iluminando/eu junto de vós estou/jamais daqui me ausentando. Pois de guardar esse povo/o Senhor me encarregou. Já enfi m evitai o que é ruim/desterrai a velha vida/feio adultério, bebida/mentira, briga, motim/vil assassínio, ferida. (Teatro de Anchieta, pg. 230-231).

Padre José de Anchieta, fundador do aldeamento de São Miguel Paulista. Obra de Benedito Calixto.

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A devoção ao anjo da guarda foi tão importan-te que em sua festa devia ser comemorada com uma procissão obrigatória, e quem não comparecesse, de-veria pagar uma multa. Apesar de toda essa proteção divina, as mazelas do colonialismo continuaram pre-sentes entre os indígenas, como a escravidão e a desi-gualdade social. No fi nal do Império ainda havia na Província de São Paulo 39.465 escravos indígenas, 45.152 escravos pardos e 111.460 escravos negros, perfazendo um total de 196.077 escravos, numa po-pulação de 837.354 pessoas. Por Benedito Prezia – antropólogo e pesquisador da história indígena.

O CANDOMBLÉ MAIS ANTIGO DE GUARULHOS – Devido a importância do “Ilê Ori-xanlá Funfun”, em meados do ano 2013, teve início um movimento de tombamento do referido templo. Entre várias pessoas do segmento e simpatizantes, en-contrava-se o professor da Universidade de São Paulo (USP), Reginaldo Prandi.

A IMPORTÂNCIA DO TOMBAMENTO DO ILÊ ORIXANLÁ FUNFUN, POR REGI-NALDO PRANDI – Completando sua pormeno-rizada descrição do processo histórico de integração da cultura africana na cultura brasileira por meio dos cultos aos orixás, Pierre Verger escreveu: In-diquemos também o terreiro Ilê Orixanlá Funfun, instalado em Guarulhos, São Paulo, pelos esforços de Idérito do Nascimento Corral, fi lho de santo de Menininha do Gantois. Este pai de santo fez, em companhia de um de seus fi lhos de santo, Tasso Gadzanis, de Ogum, várias peregrinações à África, onde recebeu de Olufon, rei de Ifon, o título inve-jável de Aworo Osalufon (cf. Verger, Pierre Fatum-bi — Orixás: Deuses Iorubás na África e no Novo Mundo. 5ª edição, Salvador, Corrupio, 1997, pá-ginas 30-31 et passim). A seguir, texto na integra redigido por Reginaldo Prandi.

Dá conta, sobretudo, da constituição no Brasil dos primeiros templos dessa religião que, entre nós, foram denominados terreiros de Candomblé. Nos fi -nais do século XVIII, em Salvador, Bahia, os negros originários das etnias reunidas sob a denominação de “nagôs” ou “iorubás”, como hoje são chamados,

Ilê Orixanlá Funfun.

Ilê Orixanlá Funfun. Ritual de iniciação.

frequentavam o culto católico a que eram obrigados na Igreja da Barroquinha.

Nos fundos dessa igreja, esses africanos de lín-gua Iorubá, escravos e libertos, se juntavam para cul-tuar suas divindades, os orixás, atividade religiosa co-nhecida pela tradição como “Candomblé da Barroqui-nha”, que foi o ponto de partida para a fundação dos primeiros templos nagôs fora de territórios católicos.

Em virtude de um incêndio que destruiu a igreja e seus arquivos documentais, pouco se sabe a respeito do Candomblé da Barroquinha, mas dois terreiros dele nascidos são bem conhecidos e funcio-nam ainda hoje: a Casa Branca do Engenho Velho, ou Ilê Iyá Nassô, na denominação africana; e o Ter-reiro do Alaketo, ou Ilê Mariolajê, ambos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN.

Do terreiro Casa Branca do Engenho Velho, considerado o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, fundado no início do século XIX, surgiram dois outros terreiros fundamentais para a preserva-

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ção da cultura afrobrasileira, o Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê, mais conhecido como Terreiro do Gan-tois ou como Terreiro de Mãe Menininha, e o Axé Opô Afonjá, ou terreiro de Mãe Aninha Obá Bií. Tanto o Gantois como o Opô Afonjá são igualmente tombados pelo IPHAN.

Em linha direta dos funda-dores da religião afrobrasileira dos orixás, assim se situa, a contar do início do candomblé em solo bra-sileiro, o terreiro de Pai Idérito: Candomblé da Bar-roquinha, Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois de Mãe Menininha e Terreiro de Pai Idérito em Guarulhos. Sem dúvida, não po-deria haver ascendência mais ilustre. O Ilê Orixanlá Funfun foi fundado pelo babalorixá Idérito do Nas-cimento Corral e instalado há 50 anos à Rua Jutaí, nº 251, atual nº 1890, no Parque Alvorada, Guarulhos, local em que permaneceu até os dias de hoje tal como foi construído [demolido no início de 2014].

Os terreiros de candomblé no Brasil mantém uma disposição física que representa simbolicamente o local de residência da antiga família extensa ioru-bana poligínica, o compound, o que segundo Roger Bastide (sociólogo francês que fez parte da a missão estrangeira que veio fundar a Universidade de São Paulo), servia ao devoto do terreiro, no tempo da es-cravidão, como mecanismo cultural que lhe permitia recuperar no plano simbólico, sua família, seu povo e sua cultura, dele ferozmente arrancados pelo sistema escravista (cf. Bastide, Roger. O candomblé da Bahia. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1978).

No terreiro, a antiga família de sangue é agora representada pela família de santo. O terreiro nagô de Guarulhos de que estamos tratando não foge a esse modelo. Além do grande espaço de uso coletivo para a realização das danças sagradas (barracão, ilê xirê), ali se encontram os aposentos reservados aos cultos pri-vados dos orixás (pejis), as celas (honkós) em que per-manecem os iniciados reclusos para suas obrigações

(orôs), os aposentos em que os dirigentes e demais membros da comunidade de culto fi cam hospedados nos dias de rituais, os vestiários e banheiros, a cozinha sagrada onde as oferendas votivas são preparadas, e outras dependências necessárias ao culto.

Na parte externa encontram-se espaços consa-grados aos ritos realizados ao ar livre, com árvores sa-gradas relacionadas aos orixás, alguma delas trazidas da África por pai Idérito. Em diferentes pontos do terreiro estão enterrados os “fundamentos” da casa, patrimônio imaterial que liga esse templo ao Tem-plo do Gantois, à Casa Branca do Engenho Velho, à memória mítica do Candomblé da Igreja da Barro-quinha, religando, a partir de Guarulhos, o território do Brasil ao continente africano, numa reafi rmação da construção multirracial da civilização brasileira.

O terreiro de Guarulhos não é um simples templo, um local de culto qualquer, é um marco cultural e histórico de um processo civilizatório em curso, do qual nós brasileiros somos todos, além de sujeitos dessa ação, o seu resultado. Na segunda metade da década de 1980, com apoio da Funda-ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), foi realizada uma ampla pesquisa no Es-tado de São Paulo, a respeito do Candomblé, suas origens, constituição e funcionamento. Dirigida por R. Prandi, professor de Sociologia da USP, a in-vestigação constatou a presença, em Guarulhos de uma casa derivada diretamente dos primordiais Casa Branca do Engenho Velho e Gantois: o Ilê Orixanlá

Ilê Orixanlá Funfun. Salão de danças.

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Funfun, de pai Idérito, que se tratava também do primeiro terreiro de Candomblé instalado na cidade.

A equipe acompanhou o calendário anual completo de rituais, certifi cando a autenticida-de de suas origens. Em seu livro Os candomblés de São Paulo (São Paulo, Editora Hucitec e Editora da USP, 1991), Reginaldo Prandi escreveu na página 99: Tendo ido iniciar-se no Candomblé diretamente no Terreiro do Gantois de Mãe Menininha, nos anos 1950, o paulista Babá Idérito [do Nascimento Corral] após estudar iorubá na USP, em 1977, e empreender várias viagens à África, dirige hoje o terreiro de can-domblé talvez mais africanizado do País.

No barracão de sua roça em Guarulhos lê-se, afi xado na parede o seguinte: Todas as modifi cações que foram, e que continuarão a serem introduzidas nesta casa servirão para conduzi-la até suas origens, a África. O terreiro de Guarulhos, além de fonte de preservação da memória cultural afrobrasileira, parti-cipou intensamente do processo de africanização do Candomblé ocorrido entre os anos 1970-80, o que permitiu recuperar rituais, língua e mitologias afri-canas em parte perdidas por obra da violência pró-pria da escravidão, interessada também em destruir a memória cultural dos escravos para mais facilmente dominá-los.

Escombros da demolição do terreiro Ilê Orixanlá Funfun, em 2014.

Processo Jurídico contra a demolição do terreiro Ilê Aspe Funfun

Com base no direito de Petição Pública (Constituição Federal, artigo 5º), bem como na Lei Municipal nº 6.573/2009, em 2013 foi dada entrada no processo de tombamento do terreiro de Candomblé, que recebeu o nº 74.144/2013. O pedido foi justifi cado pelo elevado valor histórico-etnográfi co e paisa-gístico, sítio natural e elementos edifi cados ou de espécies arbóreas referenciais dos ri-tos afros. Desrespeitando as leis, o Ilê Asé Funfun foi demolido no início do ano 2014.

O Ministério Público foi acionado, ge-rando um processo-crime, bem como a in-terdição da área de instalação do terreiro de Candomblé mais antigo de Guarulhos. O mo-vimento das religiões de matrizes africana da cidade exige a reconstrução (réplica) do “Ilê Asé Funfun.

Por Yonar Menezes, bacharel em língua portu-guesa, língua inglesa e teóloga formada pela Pon-tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), escritora de livros infantis e dirigente espiritual de Umbanda.

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Nesse período, o Candomblé atuou como fonte para movimentos culturais não religiosos que muda-ram a face de nossas tradições no âmbito da literatura, poesia, teatro, música popular, dança, cinema, tele-visão, carnaval, estética e até mesmo culinária. Um terreiro não é, para o Brasil, apenas um local de culto: é uma das fontes essenciais de formação da cultura brasileira não religiosa (cf. Prandi, Reginaldo — Se-gredos guardados: orixás na alma brasileira. São Pau-lo, Companhia da Letras, 2005; idem — Mitologia dos orixás. São Paulo, Companhia da Letras, 2000).

Em 1991, Idérito do Nascimento Corral, fun-dador do terreiro nagô de Guarulhos, faleceu. Trans-corrido o longo período de luto, durante o qual, se-gundo a tradição, o terreiro fi cou fechado, o babalo-rixá Carlos Camargo, de Oxum, fi lho de santo de Pai Idérito, da terceira turma (barco) por ele iniciado, reabriu a casa de culto, preservando suas característi-cas físicas originais e mantendo intocados os espaços e pontos sagrados do terreiro.

A propriedade jurídica do terreno e das edifi -cações fi cou, contudo, nas mãos dos herdeiros civis de Pai Idérito. Preservar esse monumento vivo da cultura e da história afrobrasileiras deve, sem dúvida, fortalecer a construção da própria história de Gua-rulhos como parte de São Paulo e do Brasil no pro-cesso de legitimação de nossa memória cultural, que se moldou com sangue, ritos e valores de europeus, ameríndios e africanos.

O tombamento do Ilê Orixanlá Funfun, de Guarulhos, religa-o às venerandas instituições, já tom-badas, que lhe deram ori-gem — o Ilê Iyá Omin Axé Iyá Massê (Gantois) e o Ilê Iyá Nassô (Casa Branca do Engenho Velho), ambos de Salvador, Bahia — ago-ra sob a proteção da lei, para que sobreviva, como

Projeto Acreditar Pimentas. 11 anos de história.

seus antecessores e testemunho das origens de nossa civilização — brasileira, mestiça e única. “Indiquemos também o Terreiro Ilê Orinsanlá Funfun, instalado em Guarulhos, São Paulo, pelos esforços de Idérito do Nascimento Corral, fi lho de santo de Menininha do Gantois.

Prof. Dr. Reginaldo Prandi, professor titular Sê-nior do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

PROJETO ACREDITAR PIMENTAS – 11 ANOS DE HISTÓRIA – De acordo com o coorde-nador cultural do projeto, Nilton Fernando Lessa Vi-tal, poucas pessoas do bairro acreditavam no potencial da cultura, para atrair a atenção e a presença dos mora-dores do bairro. A maioria achava que não daria certo. Mesmo diante da descrença, em 2003, surgiu e se con-solidou o Projeto Acreditar Pimentas.

No segundo semestre de 2014, serão comemo-rados 11 anos de atividades. Tendo em vista a im-portância do “Acreditar Pimentas”, em 2012 passou a receber recursos do projeto “Pontos de Cultura” do Governo Federal, em parceria com a Secretaria de Cultura – Prefeitura de Guarulhos. No Acreditar Pimentas, os participantes tem aulas de capoeira, tea-tro, cinema, dança, música, cursos profi ssionalizantes. Além de serem incentivados a participar de debates e das lutas sociais do bairro dos Pimentas.

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7 – MOVIMENTOS SOCIAIS: LUTAS POPULARES E SINDICAIS

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Em comum, entre todos, a resistência contra toda e qualquer forma de opressão, da fundação de Guarulhos aos dias atuais, dezenas de formas de lutas da população, foram e são empreendidas para garantir direitos coletivos e individuais. Todos os direitos sociais foram conquistados com muito sangue e suor dos trabalhadores.

REBELIÃO INDÍGENA – O processo de resistência iniciou-se com os primeiros habitantes, os Maromomi, que não aceitaram a escravização imposta pelos colonizadores portugueses pacifi camente. Na Genealogia Paulista evidencia-se que a relação entre colonizadores e os povos originários eram quase sempre violentas: João Sutil de Oliveira, assassinado juntamente com sua mulher em 1652 pelos índios Guarulhos, tinha casado em 1647 com Maria Ribeiro, fi lha de Francisco Bicudo de Siqueira e de dona Maria Ribeiro. (Primeiro Livro, 1903, p. 59). Cabe ressalvar, que a partir de 1640 passaram os colonizadores portugueses a chamar os Maromomi de Guarulhos, certamente, o fato deve estar relacionado a etnia Maromomi. Os Guarulhos são originalmente de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.

Soldados índios de Mogi das Cruzes. Obra de Oscar Pereira da Silva. Reprodução da obra de Jean Baptiste Debret Exposta no Museu de Mogi das Cruzes.

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dade de Nossa Senhora do Rosário Mãe dos Ho-mens Pretos e São Benedito, no Centro Histórico de Guarulhos, da Igreja de São Benedito dos Homens Pretos, na Vila do Bonsucesso Velho, da Igreja do Bom Jesus, no Macedo, Cabuçu e na Capelinha, na Praça Oito de Dezembro, a antiga Capela de Santa Cruz do Taboão revelam, também, uma expressiva organização da população negra em Guarulhos. Na região dos Pimentas, os negros da descendência dos “Benevides” e no Jardim Presidente Dutra a Capela de São Benedito.

FORMAÇÃO DA CLASSE OPERÁRIA E AS PRIMEIRAS LUTAS SOCIAIS – A implantação da indústria na cidade deu origem à classe operária, resultando na expansão urbana e na explosão demo-gráfi ca do município. Contrariando o mito de um operariado dócil, os trabalhadores brasileiros rapida-mente amadureceram como classe e se organizaram em comissões de bairro, associações, partidos e sindi-catos, entre outros mecanismos de luta. Por meio das organizações dos trabalhadores ocorreram novas for-mas de resistência nos bairros e nos locais de trabalho, objetivando melhorias, como: escola, transporte, água,

Fragmento do Mapa da Mineração, 1950 (ver página 33). Em destaque, Ribeirão Pinheirinhos ou Quilombo.

RESISTÊNCIA DOS NEGROS AFRICA-NOS – Com o advento da escravidão da população negra, a partir da segunda metade do século XVI (1550), data ofi cial, podemos constatar a existência de topônimos indicativos do processo, como o Ri-beirão dos Pinheiros ou dos Quilombos, na Serra do Itaberaba e o Capão do Quilombo, nos atuais lotea-mentos do Jardim São João, Jardim Novo Portugal e Cidade Seródio. A presença da Igreja da Irman-

Manifestação popular dos moradores do Bairro dos Pimentas comemorando a inauguração da 1ª passarela na antigaRodovia dos Trabalhadores, atual Ayrton Senna, em 1983. Foto: Arquivo Histórico de Guarulhos.

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asfalto, coleta de esgoto, segurança, moradia, aumento de salário, melhores condições de trabalho etc.

Em 1917, os trabalhadores da Cerâmica Pau-lista, situada na Vila Galvão, juntaram-se aos da es-trada de ferro (Trem da Cantareira) e fundaram o Clube e o Grupo de Teatro União dos Operários de Vila Galvão. Em 23 de maio de 1936, foi eleita a primeira mulher vereadora de Guarulhos, Ernestina Del Buono Trama. Em 1948, é eleito o primeiro vereador operário e comunista, Alfredo Paiva. Em 1958, foi criado o Sindicato dos Condutores de Veí-culos. Em 1960, os trabalhadores que construíam a unidade Guarulhos dos Laboratórios Pfi zer cruzaram os braços reivindicando melhores salários. Em 1963, muitos operários de várias categorias participaram da greve geral, movimento de âmbito nacional que pleiteava 100% de reajuste do salário mínimo, entres outras reivindicações.

INSTRUMENTOS DE COMUNICA-ÇÃO – Em 1976, é fundado o jornal “O Repór-ter de Guarulhos”, por Alípio Freire, Vicente Roig e Nélio Roberto Gomes (falecido em 1989). De acordo com os fundadores, Elói Pietá passou a fa-zer parte do jornal, em 1987. O jornal era mensal e, em 1976, foram duas edições, a de outubro e a de novembro. Em 1977, um grupo de operários e

militantes de esquerda fundou o movimento “mam-bembe” de Cultura Paulo Pontes, já em 1978, em sede alugada na Vila Fátima, o movimento passou a se denominar Casa de Cultura Paulo Pontes.

NOVAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO – A partir da década de 1980 aparecem novas es-tratégias de organização entre os trabalhadores. Mo-vimentos de combate à carestia (fome), por direitos como creche, moradia, igualdade racial e de gêneros, das crianças e dos adolescentes, dos idosos, do meio ambiente, da saúde, da educação, quase todos orga-nizados em conselhos de representação da sociedade civil, etc. Muitos com grande representatividade na região dos Pimentas.

LUTAS NAS FÁBRICAS E NOS BAIR-ROS – Entre, tantos movimentos sociais na região dos Pimentas (transporte coletivo, direito a terra e à moradia, água encanada, construção de escolas, asfaltamento de ruas, iluminação – de residências e pública, direito a segurança e a saúde, destacamos um grupo de operários e o assassinato do líder de um grupo de sem terras, Paulo Canarim.

Em 1984, no Parque Maria Helena, dois tra-balhadores sem-terra, Paulo Canarim e Antônio, que compraram lotes para construção de suas moradias, foram assassinados por grileiros de terras, que atua-

Jornal Notícias Populares do dia 7 de dezembro de 1988. Populares em frente ao antigo depósito de materiais deconstrução Dona Luiza (Irene Guarento Zancanaro), situado na Avenida Juscelino.

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Boletim Ponto de Partida. Oposição Sincical Metalugica - CUT de agosto de 1985.

vam no bairro dos Pimentas e na zona leste de São Paulo. Paulo e Antônio foram assassinados no mo-mento em que eles organizavam moradores para exi-girem os documentos dos terrenos.

Conta a advogada Idely: Na época dos assas-sinatos (1984) eu atuava na região, foram assassi-nadas duas pessoas  que compraram lotes no bairro (o Paulo e o Antônio) [...] As reuniões com os mora-dores contavam sempre com jagunços armados, in-tegrantes de uma quadrilha que atuava em grande parte da região leste.

No dia 27 de abril de 1985, foi fundado o Centro do Trabalhador para Defesa da Terra Paulo Canarim. O nome foi dado em homenagem à luta de Paulo Canarim e seus compa-nheiros, moradores do bairro dos Pimentas loteamento Parque Ma-ria Helena.

OPOSIÇÃO SINDICAL COM GRANDE REPRESEN-TATIVIDADE NA REGIÃO DOS PIMENTAS –  No triân-gulo formado pelos bairros Pi-mentas, Cumbica e Bonsucesso, um grupo de operários de várias fábricas, dentre eles muitos da re-gião dos Pimentas, tiveram uma iniciativa inédita: se organizaram

como “Oposição Sindical Metalúrgica” e criaram o boletim “Ponto de Partida”.

Na edição número quatro do mês de agosto de 1985, portanto, há 29 anos, o Ponto de Parti-da denunciava, entre outras situações de injustiças e exploração, como a cobrança da taxa assistencial de 4% pelo Sindicato dos Metalúrgicos: E está é a maior de todas as loucuras, estão colocando um produ-to químico no banheiro na hora dos operários fazerem sua higiene pessoal, em horários de almoço e saída. Se algum companheiro tiver que fazer suas necessidades, não podem devido ao forte cheiro que emana às nari-nas e aos olhos. (Boletim Ponto de Partida, edição no 4, 1985).

Reunião do Movimento de Moradia na sede do Centro do Trabalhado para Defesa da Terra Paulo Canarim em 1987.

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8 – BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO, DOS BAIRROS, DOS LOTEAMENTOS E DAS ESCOLAS

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Ao completar 134 anos de emancipação, no dia 24 de março de 2014, Guarulhos contabilizou ofi cialmente 137 equipamentos educacionais construídos pela Prefeitura, atendendo 116 mil alunos.

Com a criação do município, ocorrida em 1880, Guarulhos foi elevada à condição de vila (atual mu-nicípio), ganhando o direito de constituir em seu território os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Do primeiro Parque Infantil da Prefeitura, Padre João Alvares, implantado em 1958, ao CEU Parque São Miguel, qual a trajetória do ensino público em nossa cidade?

Sede da Secretaria Municipal de Educação na Rua Abílio Ramos. Foto: Maurício Burim/SE.

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INÍCIO DO ENSINO PÚBLICO EM GUA-RULHOS – A partir de prova documental, antes da criação do município de Guarulhos (1880), o primeiro registro ofi cial, a respeito do ensino público na cidade encontra-se no Arquivo Público do Estado de São Pau-lo, “Livro de Matriculas da Escola de Conceição dos Guarulhos”, livro masculino de 1870-1875. Até então, é a prova documental mais antiga do ensino público em nossa cidade. No livro Cidade Símbolo constam dois registros anteriores a 1870, colhidas da história oral por Adolfo de Vasconcelos Noronha.

Segundo Noronha, quando jovem, Bonifácio de Siqueira Bueno (1806/1880) fora mestre-escola em Guarulhos. De 1860 a 1880, mais ou menos, era mestre-escola em Guarulhos, Antônio José Marciano, com salário pago pelo governo da Província de São Paulo. A sala de aula funcionava na casa do professor Antônio e fi cava situada no antigo Largo do Rosário, atual Praça Conselheiro Crispiniano (ex-pontão da Rua Dom Pedro II). (Noronha, 1960, pg. 82 e 94).

ELEIÇÃO DOS PRIMEIROS VEREADO-RES DE GUARULHOS – No dia 24 de janeiro de 1881, os primeiros vereadores eleitos, represen-tantes do poder Legislativo, e o intendente (poder Executivo), tomaram posse. Somente a partir desse momento é que a municipalidade passou a compar-tilhar com o governo provincial a gestão do ensino público, por meio do Conselho de Instrução do Mu-nicípio. Como dito inicialmente, a primeira escola da prefeitura só foi implantada em 1958, portanto, 78 anos após a criação da Vila (atual município) de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos.

GESTÃO COMPARTILHADA – Em 1885, cinco anos depois da criação do município, o governo provincial nomeou uma professora para lecionar na

Livro de matrícula da Escola de Conceição dos Guarulhos (masculino), 1870-1875. Foto: Arquivo Público do Estado.

Reunião dos alunos das Escolas Públicas Estaduais de Guarulhos, em 15 de abril de 1913 e também, os professores Júlio Penna, Artur Marret e Brasilina Nogueira, que tem ao seu lado o fi scal de ensino Gabriel José de Antônio.

Foto: João Ranali, Repaginando a história, p. 120.

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Capela do Bonsucesso. O documento revela que o governo selecionava, contratava, pagava os salários e implantava as salas de aula.

Competia aos vereadores e ao intendente (atual cargo de Prefeito), fiscalizar a rotina das escolas por meio dos Conselho de Instrução Pú-

Grupo Escolar Capistrano de Abreu, construído inicialmente em 1926 na antiga Rua São Paulo, atual Rua Siqueira

Campos. Foto: Arquivo Histórico de Guarulhos.

Escola da Prefeitura de Guarulhos “Padre João Álvares”. Em 1958 fi cava no terreno ao lado do atual Fraterno Auxílio

Cristão (FAC).

blica, implantado em Guarulhos em 1887. Estes, por sua vez, mantinham o secretário dos Negó-cios do Interior e da Justiça informado a respeito do dia a dia das escolas: Faço saber [...] tendo de prover-se a cadeira de primeiras letras do sexo fe-minino da Capella do Bom Sucesso (antiga grafia), município da Conceição dos Guarulhos [...] con-correndo taes circunstâncias na de Joana de Jesus Telles, que foi examinada e plenamente aprovada em exame perante o governo, a nomeio [...] devendo apresentar esta à Câmara Municipal respectiva e à Inspetoria Geral da Instrução Pública. (Francisco Antônio de Souza Queirós Filho, presidente da Província de São Paulo [atual governador], 13 de agosto de 1885). ELEIÇÃO DOS CONSELHEIROS DE INSTRUÇÃO PÚBLICA DE GUARULHOS – No dia 18 de setembro de 1887 foram eleitos quatro representantes do município para o Conselho Supe-rior de Instrução Pública da Província de São Pau-lo, sendo: Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrade Machado da Silva, Dr. Basílio Augusto Machado de Oliveira, Dr. Francisco de Paula Rebelo Silva (ve-reador intendente), Dr. Frederico José Cardoso de Araújo Abranches. Eleição do Conselho Municipal de Instrução Pública: Dr. João Álvares de Siqueira Bueno, ex-deputado provincial, e o vereador Lúcio Francisco Pereira.

Escola Estadual Conselheiro Crispiniano, prédio inaugurado no dia 10 de agosto de 1962. Projetada pelo renomado arquiteto Vilanova Artigas, e tombada pelo decreto muni-cipal no. 21.143 de 26 de de-zembro de 2000 e pelo Conde-phat, em 2012. Foto: Arquivo Histórico de Guarulhos.

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SALAS MASCULINAS E FEMININAS – Segundo Noronha, no Centro de Guarulhos, em 1889, já existia duas salas de aula, uma masculina e outra feminina... Desde os primeiros anos de vida municipal, existiram na ‘Vila’ da Conceição [Centro de Guarulhos] uma classe masculina e uma feminina, bem como na Capela do Bom Sucesso, no Bairro de Itaverava [Itaberaba], na Ponte Grande, e no Bairro do Lageado etc. (Noronha, 1960, p, 94).

No relatório do inspetor do ensino local, apre-sentado á Câmara em 1889, consta apenas duas esco-las em funcionamento: a escola masculina da Capela do Bom Sucesso, com 24 alunos, regida pelo Profº Estevam Dias Tavares e a escola masculina da “Vila”, com 27 alunos, regida pelo Profº Bernardino Athana-sio Ourique de Carvalho. As demais estavam suspen-sas, por não terem o mínimo de 16 educandos, inclu-sive à escola feminina da Vila – Centro de Guarulhos.

PRIMEIRO GRUPO ESCOLAR DE GUA-RULHOS – Implantado no dia primeiro de julho de 1926, a atual Escola Estadual Capistrano de Abreu funcionou inicialmente na quadra compreendida nas ruas João Gonçalves, Diogo de Farias, Presidente Pru-dente e Siqueira Campos. A rua Luís Faccini foi aberta no meio desta quadra após o ano de 1926. A função dos grupos escolares era reunir, em um só prédio, de quatro a dez escolas (salas), compreendidas num raio de dois quilômetros para meninos e de um quilôme-tro para meninas. As classes eram separadas por sexo e pelo nível de aprendizagem: professores lecionavam para meninos e as professoras para as meninas.

PRIMEIRA ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – Era uma sala de aula do Par-que Infantil Padre João Álvares, que só foi criada em 1958 (Lei nº 514/58). Como visto, antes desse ato todos os equipamentos públicos de ensino, da 1ª a 4ª série e do antigo Ginásio, era de exclusividade do Governo do Estado.

O Parque Infantil Padre João Álvares funcio-nou inicialmente no mesmo terreno do atual Lar Fra-terno Auxilio Cristão (FAC), entidade sem fi ns lucra-tivos, fundada em 1961 e localizada na Rua Francisco de Paula Santana, nº 3, na Vila das Palmeiras.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – O artigo 212 estabelece que é obrigatório ao Go-verno Federal aplicar, anualmente, nunca menos de 18% da receita resultante de impostos, e aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, no mínimo 25%. Foi estabelecido o prazo de oito anos para a reorganização do sistema. No ano de 1988, Guarulhos contava com 36 escolas muni-cipais.

Centro de Educação Unifi cado (CEU) Pimentas em 2014.

Centro de Educação Unifi cado (CEU) São Miguel.

Centro de Educação Unifi cado (CEU) Paraíso Alvorada.

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SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO – Em 1993 foi criada a Secretaria de Educação da Prefeitura com cinco departamen-tos: Ensino Escolar (DEE), de Normas Técnicas e Orientações Educacionais (DNTOE), de Assis-tência ao Escolar (DAE), de Relações da Meren-da Escolar (DRME) e do Conservatório Musical (DCM). O primeiro órgão responsável pelo En-sino Infantil foi o Departamento de Educação e Cultura (DEC).

PRÉDIO-SEDE DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO – No dia 17 de setembro de 2010 foi inaugurada a nova sede da Secretaria Municipal de Educação. Sendo dois prédios com cinco pavimentos, e cerca de 14 mil m² de área construída, no qual tra-balham 550 funcionários, situado na Rua Claudino Barbosa,313, Bairro Macedo.

2014 – Ampliação da Rede Física – Em 2001, a Rede Municipal possuía 61 escolas e eram atendi-das pouco mais de 21.000 crianças no Ensino Fun-damental. Dez anos depois, a prefeitura possui 137 escolas, 10 Centros de Educação Unifi cados (CEUs) e 116 mil alunos matriculados na Rede Municipal.

AS ORIGENS DOS NOMES DAS ES-COLAS DA PREFEITURA DE GUARULHOS – Em consonância com a temática desse capítulo é oportuno destacar que os nomes dos patronos e

Futuras instalações da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, na região dos Pimentas, em 2014.

patronesses das Escolas da Prefeitura de Guarulhos foram escolhidos com base em critérios específi cos para cada momento histórico, obedecendo à se-guinte ordenação.

Fundadores da Cidade – As primeiras escolas inauguradas pela Prefeitura de Guarulhos, recebe-ram nomes de personagens considerados os funda-dores da cidade.

Personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo – Num segundo momento, os patronos e patronesses eram sempre personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, lugar imaginário criado pelo escritor Monteiro Lobato.

Homenagens a Funcionários Públicos – A ter-ceira fase caracterizou-se pela escolha de nomes li-gados ao funcionalismo público guarulhense, que se destacaram no exercício de suas funções.

Era da Diversidade – A fase mais recente ex-pressa a diversidade existente no meio urbano guaru-lhense. Por meio dos nomes das escolas, bem como das datas, se percebe que grande parte dos patronos e patronesses são líderes populares, artistas e represen-tantes de segmentos religiosos.  

Por fi m, cabe dizer que todas as escolas do mu-nicípio, por meio do Decreto no 22.996 de 10 de no-vembro de 2010 passaram a denominar-se “Escola da Prefeitura de Guarulhos”, em substituição a antiga no-menclatura “Escola Municipal de Educação Infantil”.

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Os cursinhos comunitários são modelos inovadores e vitoriosos no meio educacional brasileiro. Entre as várias iniciativas, o Cursinho Comunitário Pimentas se insere como uma das experiências mais antigas e bem-sucedidas da cida-de de Guarulhos. O segredo da sua história pode ser atribuí-da aos resultados alcançados. Relatos da coordenação dão a dimensão exata da importância do cursinho comunitário na vida dos jovens da região dos Pimentas:

O nosso cursinho surgiu, em janeiro de 2002, a par-tir da iniciativa de um grupo de educadores comprometidos com a qualidade do ensino brasileiro e com projetos de trans-formação da realidade do país. O cursinho visa atender os estudantes das escolas estaduais da região do bairro dos Pimentas, que até então eram excluídos das grandes universidades públicas, pelo vestibular. O cursinho já auxiliou mais de 600 estudantes à ingressarem nas melhores universidades do país: USP, UNICAMP, UNESP, UNIFESP, entre outras.

Além da preparação para vestibulares, o Cursinho Comunitário Pimentas investe na formação cidadã, discutin-do temas de interesse socioambiental: racismo, homofobia, cultura, meio ambiente, política, bem como a inserção dos jovens nos movimentos sociais. Enfi m, a chama da revolução continua acesa e não serão os pessimistas, os reacioná-rios que vão apagá-la e se algum dia isso acontecer, os revolucionários irão soprar e reacendê-la. Pela coordenação, Rômulo Ornelas: professor e historiador.

CURSINHO COMUNITÁRIO PIMENTAS – 12 ANOS

HISTÓRICO DAS ESCOLAS, DOS BAIRROS E DOS LOTEAMENTOS – De modo geral, as narrativas a respeito do nosso municí-pio têm se limitado a retratar os lugares mais próxi-mas à zona oeste da vizinha cidade de São Paulo, como a Vila Galvão e a região central, fazendo crer que os bairros mais distantes do Centro Histórico, principal-mente aqueles situados além do Parque CECAP, não são territórios plenamente integrados à vida guarulhense.

No caso específi co dos bairros e das escolas do Bairro dos Pimentas, tema do presente capítulo, fontes documentais e re-latos de moradores revelam que os bairros mais afastados da região central da cidade não só se integram, de forma dinâmica, aos demais territórios de Guarulhos, mas inte-ragem com a realidade global. Esse capitu-lo, além do tema educação tem por fi nali-

dade propiciar informações a respeito da história dos bairros e dos respectivos loteamentos, onde se encon-tram as escolas públicas (Estado e Prefeitura). Os no-mes dos 47 bairros guarulhenses, foram ofi cializados pela Prefeitura, por meio do Decreto Municipal nº 14.998, em 1988. Revelando a História do Pimentas e Região, é composto de seis bairros e 56 loteamentos, reconhecidos pela Prefeitura.

Festa no Esporte Clube Bela Vista, década de 1960. Acervo Família Alves.

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BAIRRO DOS PIMENTAS – A origem do nome “Bairro dos Pimentas”, consta no capitulo 5. Entre os seis bairros que compõem a região, o bairro dos Pimentas, com 35 loteamentos, é a maior ex-tensão territorial, com 156.748 habitantes. A palavra “Pimenta”, vem do sobrenome da família “Anna Pi-

menta”. No Brasil, as primeiras pessoas com o sobre-nome “Pimenta” chegaram, inicialmente, na Bahia e se espalharam para diversas localidades do território nacional. Por meio de fontes orais, conta-se que a fa-mília Pimenta, chegou em Guarulhos vinda de Mogi das Cruzes.

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No livro “Genealogia Paulistana”, em Mogi das Cruzes se encontram os registros mais antigos, referentes aos sobrenomes “Pimenta”. Em 1712, o sargento-mór Th omé Pimenta de Abreu, casou-se 1º em Mogy das Cruzes com Josepha de Araújo. Em 1713, Anna Pimenta casou-se em Mogy das Cruzes, com o

Sargento-mór Simão da Cunha Gago. Em 1758, Do-mingos Pimenta de Abreu, com testamento em Mogy das Cruzes, foi 1º casado com Maria Pinto do Rego, fi lha de Manoel Pinto do Rego e de Maria da Luz Pi-mentel (em grafi a da época). Genealogia Paulistana, págs. 39, 40,41. Disponível na Wikipédia.

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VILA PARAÍSO – O nome “Vila Paraíso”, remete a um lugar ideal para se viver bem, compara-do ao Jardim do Éden. Por isso, todas as ruas recebe-ram nomes de santas: Avenida Santa Helena, Santa Ifi gênia, Santa Clara, Santa Barbara etc. De acordo com Marilena Chauí, o Paraíso, ou Jardim do Éden são relatados nos escritos medievais como mito podero-so, as chamadas Ilhas Afortunadas ou Ilhas Bem-aven-turas, lugar abençoado, onde reinam primavera eterna e juventude eterna, onde homens e animais convivem em paz. Essas ilhas, de acordo com as tradições Fenícia e Irlandesa, encontram-se a oeste do mundo conhecido. Os fenícios as designaram com o nome Braaz e os mon-ges irlandeses as chamaram de Hy Brazil. Entre 1325 e 1482, os mapas incluem a oeste da Irlanda e ao sul dos Açores a Insulla de Brazil ou Isola de Brazil, esta terra afortunada e bem-aventura que a Carta de Pero Vaz de Caminha descreveu ao comunicar a El-Rei o achamento do Brasil. (CHAUÍ, 2006). O loteamento Vila Paraíso, foi aprovado pela Prefeitura de Guaru-lhos em 1962, por meio do processo administrativo número 3.245/62.

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – TARSILA DO AMARAL

Localizada à rua Santa Cecília, 160. Criada pelo decreto no 22.450, em 09/01/2004.

Tarsila do Amaral (1º/1/1886 – 17/1/1973) co-meçou os estudos em São Paulo, no Colégio Sion, mas desenvolveu sua pintura em Barcelona, Espanha, onde fez seu primeiro quadro, e em Paris, na França. Com o fi m do primeiro casamento, Tarsila começou a namorar o escritor Oswald de Andrade, um dos men-tores da Semana de Arte Moderna de 1922. Ao criar o

“Movimento Antropofágico”, que pretendia deglutir a cultura europeia, dominante na época, reinventan-do-a do ponto de vista brasileiro, Oswald inspirou-se no quadro Abaporu – palavra Tupi-Guarani que signifi ca antropófago –, pintado pela própria Tarsila para presenteá-lo em seu aniversário, em 1928.

Bairro Pimentas – 37 Loteamentos: Vila Paraíso, Vila Izabel, Parque Industrial Cumbica, Jardim Ansalca, Jardim Silvestre, Parque das Nações, Jardim Rodolpho, Parque Jurema, Jardim Carvalho, Jardim Oliveira, Vila Pastor, Jardim Guilhermino, Jardim Angélica, Jardim Ferrão, Jardim Carvalho, Jardim Nova Cidade, Jardim Maria Helena, Jardim Centenário, Jardim Santa Maria, Jardim Monte Alegre, Parque São Miguel, Parque Jandaia, Jardim Bon-sucesso, Jardim Arapongas, Vila São Gabriel, Jardim Brasil, Jardim Dona Luiza G. L. 1, Jardim Bela Vista, Jardim Leblon, Cidade Tupinambá, Jardim Pimentas, Vila Trotil, Jardim Paulista, Jardim Arujá, Vila Itai, Jardim dos Afonsos e Conjunto Marcos Freire.

O BAIRRO DOS PIMENTAS E SEUS LOTEAMENTOS

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – ANÍSIO TEIXEIRA

Localizada à rua Dom Silvério, 22. Criada pelo decreto no 22.643 em 25/05/2004.

Anísio Spínola Teixeira (1900-1971) foi um personagem central na história da educação no Bra-

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PARQUE DAS NAÇÕES – Um parque, normalmente é uma área verde com nascentes de água e lagos. O nome Parque das Nações, expressa nos nomes das ruas, é uma conotação de parque cultural. A mistura dos nomes das ruas: Japão, Café, Síria, Ilha Bela, Turim, Lago Verde, Áus-tria, entre outros, passa a ideia de parque cultu-ral, ornamentado com variedades do meio natural brasileiro. O nome das ruas são páginas de um li-vro aberto, capaz de estimular a curiosidade e o conhecimento humano. O loteamento Parque da Nações, foi aprovado pela Prefeitura de Guarulhos em 1957, por meio do processo administrativo nú-mero 2.846/57.

sil, nas décadas de 1920 e 1930. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destaca-dos signatários do Manifesto dos Pioneiros da Edu-cação Nova, em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofi a da Universidade do Brasil.

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – MARTINS PENA

Localizada à rua Santa Maria do Salto, 60. Criada pelo decreto no 21.505 em 25/01/2002.

ESCOLA ESTADUAL – PROFESSORANTONIO VIANA DE SOUZA

Localizada à rua Turim, 192. Criada pelo de-creto no 9.491 em 12/02/1977.

Antonio Viana de Souza (Data de nascimento deconhecida – Falecido em 1979) foi um professor, morador do bairro de Bonsucesso, em Guarulhos, que morreu dias depois de ter sofrido um infarto durante uma festa. Como essa festa havia sido ofe-recida aos professores da então Escola Estadual de Primeiro Grau do Parque Jurema, transformar An-tonio Viana em patrono foi uma forma de homena-gear todos os professores.

Luís Carlos Martins Pena (1815-1848) é patrono da Academia Brasileira de Letras e é con-siderado o Molière brasileiro. A respeito de sua obra, o crítico Sílvio Romero (1851-1914) escre-veu que, “...se se perdessem todas as leis, escritos, memórias da história brasileira dos primeiros 50 anos desse século XIX, que está a fi ndar, e nos fi -cassem somente as comédias de Martins Pena, era possível reconstruir por elas a fi sionomia moral de toda esta época”. Suas peças mais conhecidas, que falam de casos de família, casamentos, herança, dotes, dívidas e festas na roça e na cidade, são O juiz de paz na roça, O noviço e Quem casa quer casa, entre outras.

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ESCOLA ESTADUAL – PROFESSORAMARIA APARECIDA FELIX PORTO

Localizada à rua Imperial, 99. Criada pelo de-creto no 30.887 em 7/12/1989.

Antonio Viana de Souza (Data de nascimento deconhecida – Falecido em 1979) foi um professor, morador do bairro de Bonsucesso, em Guarulhos, que morreu dias depois de ter sofrido um infarto durante uma festa. Como essa festa havia sido ofe-recida aos professores da então Escola Estadual de Primeiro Grau do Parque Jurema, transformar gear todos os professores.

PARQUE JUREMA – A respeito da origem do nome do loteamento, contam os moradores que foi uma homenagem ao loteador Luís Franco as três fi lhas: Jurema, Estela e Angélica.

Segundo Haroldo Fauthz (neto de Luiz Fran-co), essa versão não corresponde à verdade, tendo em vista que Luiz Franco foi casado com Maria Belote Franco e tiveram seis fi lhos: Estevam Franco, Ignês Franco Fauthz (nome de casada), Palmira Franco, Laura Franco, Paulo Franco e Eda Franco. O casarão onde morou Luís Franco encontra-se entre o Termi-nal Urbano Pimentas e o Centro de Educação Unifi -cado (CEU) Pimentas.

Jurema, do Tupi-Guarani, signifi ca o espinhei-ro suculento (acácia Jurema), da qual os indígenas ex-traiam um suco capaz de dar sono e êxtase a quem o in-geria. (Sampaio, 1987, pg. 271). O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1972, por meio do processo administrativo número 11.528/72.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – DORCELINA DE OLIVEIRA FOLADOR

Localizada à rua Umuarama, 290. Criada pelo decreto no 22.376 em 14/11/2003.

Dorcelina de Oliveira Folador (1963-1999) foi prefeita da cidade de Mundo Novo (MS), locali-zada a 473 quilômetros da Capital Campo Grande. Eleita em outubro de 1996 pelo Partido dos Traba-lhadores (PT) como a primeira prefeita de esquerda da história de Mato Grosso do Sul, implementou programas como o Orçamento Participativo, o Ren-da Mínima e o Bolsa-Escola. Também instituiu con-cursos públicos para o preenchimento de cargos na Administração. Não chegou a terminar o mandato. Foi assassinada três anos depois da posse, com seis tiros nas costas, na varanda de sua casa.

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – MAURO ROLDÃO NETO

Localizada à rua Jacutinga, 536. Criada pelo termo de concessão em 9/01/2004.

Dorcelina de Oliveira Folador (1963-1999) foi prefeita da cidade de Mundo Novo (MS), localizada a 473 quilômetros da Capital Campo Grande. Eleita em outubro de 1996 pelo Partido dos Trabalhadores (PT) como a primeira prefeita de esquerda da histó-ria de Mato Grosso do Sul, implementou programas como o Orçamento Participativo, o Renda Mínima e o Bolsa-Escola. Também instituiu concursos pú-blicos para o preenchimento de cargos .

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ESCOLA ESTADUAL – PARQUE JUREMA III

Localizada à rua Jaguarema, 23. Criada pelo decreto no 49.526 em 6/04/2005.

ESCOLA ESTADUAL – PARQUE JUREMA IV

Localizada à rua Turim, 150. Criada pelo de-creto no 49.526 em 6/04/2005.

JARDIM OLIVEIRA – A origem do nome do loteamento é desconhecida. Porém, sabemos que oliveira é nome da árvore produtora da oliva, da qual se produz o azeite. Oliveira é também nome de famí-lia de origem portuguesa, porém, judaica. Segundo especialistas, a primeira família a adotar o nome por apelido é de remota origem, a ela pertencendo o arce-bispo de Braga, d. Martinho Pires de Oliveira, fi lho de Pedro de Oliveira.

O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1965, por meio do processo admi-nistrativo número 5.577/65.

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – CHICO MENDES

Localizada à rua Iati, 55. Criada pelo decreto no 25.594 em 8/07/2008.

Francisco Alves Mendes Filho (1944-1988) foi seringueiro, sindicalista e ativista ambiental. Lutou pelos seringueiros da Bacia Amazônica, cujos meios de subsistência dependiam da preservação da fl oresta e suas seringueiras nativas. Esse ativismo ecológico lhe valeu fama internacional.

Em julho de 2012, foi eleito um dos 100 maiores brasileiros de todos os tempos, em concurso realizado pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e pela BBC de Londres.

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ESCOLA ESTADUAL – PIXINGUINHA

Localizada à rua Três, 140. Criada pelo decreto no 21.216 em 30/03/2001.

Alfredo da Rocha Viana Filho (23/4/1897 – 17/2/1973) era flautista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores com-positores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Ca-rinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

JARDIM ANGÉLICA – Quanto à origem do nome do loteamento, ver a versão a respeito do histórico do loteamento do Parque Jurema. O lotea-mento recebeu aprovação da Prefeitura de Guaru-lhos em 1975, por meio do processo administrativo número 17.437/75.

ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – SOPHIA FANTAZZINI

Localizado à rua Antônio Elias Rodri-gues, 323. Criada pelo decreto no 19.047 em 14/06/1995.

Sophia Fantazzini Cecchinato (1930-1992), sobrenome de origem italiana, dona de casa, fi -lha de Orlando Fantazzini e Fernanda Zabaroni Fantazzini foi casada com Domingos Cecchinato. Do enlace matrimonial resultou dois fi lhos: Paulo Roberto Cecchinato e Rosangela Rita Cecchina-to. Sophia Fantazzini, nasceu no dia primeiro de fevereiro de 1930, no Bairro Vila Augusta, onde, conta-se que era muito querida por todos. Sem festa de inauguração da Escola, em agosto de 1995 começaram as atividades da escola, já com o nome “Sophia Fantazzini Cecchinato”.

ESCOLA ESTADUAL – PROFESSORPASCOAL MAIMONI FILHO

Localizado à rua Telha, 423. Criada pelo de-creto no 27.379 de 17/09/1987.

Alfredo da Rocha Viana Filho (23/4/1897 – 17/2/1973) era flautista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores com-positores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Ca-rinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele.

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ESCOLA ESTADUAL – PEDRO MORCELI

Localizado à rua João Carlos Zanarolli, s/no.. Criada pelo decreto no 23.744 de 2/08/1985.

Pedro Morceli (1895 – 1984) nasceu no mu-nicípio de Descalvado, Estado de São Paulo. De tra-balhador sem-terra a proprietário, bem como a pe-dreiro no bairro dos Pimentas, é, sem sombra de dú-vidas, uma trajetória rica de acontecimentos. Segun-do consta, até 1933 era colono, nesse ano adquiriu o Sítio São Pedro que ampliado passou a chamar-se Fazenda São Pedro. Foi um dos fundadores da cida-de Regente Feijó, onde lutou por melhorias, durante mais de 50 anos. Certamente, chegou a Guarulhos no início da década 1960.

De acordo com uma dos 13 fi lhos de Morceli, ex-funcionária na antiga Delegacia de Ensino Norte, seu pai era pedreiro no Jardim Angélica e foi o doa-dor do terreno da escola. De acordo com a planta do loteamento, a escola foi construída em uma área institucional, pela Lei Federal nº 6.766/79, onde constam os nomes dos chineses “Huang Su Shiong e Purata”, apontados por moradores, como os lotea-dores do Jardim Angélica I.

ESCOLA ESTADUAL – LOUIS BRAILLE – JARDIM ANGÉLICA III

Localizado à rua João Avelino Fauthz, 150. Criada pelo decreto no 51.647 de 13/03/2007.

Louis Braille (1809 – 1852) foi o criador do sistema de comunicação escrita para cegos que re-cebeu seu nome: braille. Aos três anos, Louis feriu-se no olho esquerdo com uma ferramenta pontia-guda. Isso provocou uma infecção que se alastrou para o olho direito, resultando em cegueira total. O sistema braille levou anos para ser desenvolvido e aperfeiçoado. Foi publicado pela primeira vez em 1829, quando Louis Braille tinha apenas 20 anos de idade.

JARDIM NOVA CIDADE – O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1979, por meio do processo administrativo número 18.166/79. A respeito da origem do nome “Nova Cidade” cre-mos que seja parte da estratégia promocional de ven-da dos terrenos, bem como um apelo ao imaginário para o comprador que, ao construir sua casa, fará par-te da criação de uma nova cidade. Ao mesmo tempo em que constrói o seu lugar de moradia, “escreve” seu nome na história da “Nova Cidade”. O Jardim Nova Cidade, nos documentos mais antigos, era chamado de Morro Vermelho. Antigo proprietário: Coronel Valdomiro Rodrigues de Lima.

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ESCOLA DA PREFEITURA DEGUARULHOS – JEANETE BEAUCHAMP

Localizada na Estrada do Caminho Velho, 351. Criada pelo decreto no 28.015 de 26/10/2010.

Jeanete Beauchamp (falecida em 2009) teve sua vida dedicada à educação e à transformação da realidade brasileira. Militante sindical e do movi-mento de educação, foi professora de Língua Por-tuguesa da rede estadual de ensino em São Paulo. Foi diretora de Assuntos Educacionais (1987-1989) e secretária geral (1989-1996) do Sindicato dos Pro-fessores do Ensino Ofi cial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Secretária de Educação nos municípios de Mauá (1997-2000) e Embu (2001-2003), do Brasil Alfabetizado (2003-2004) e de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental (2004-2008) no Mi-nistério da Educação. Sua morte deixou um vazio no movimento de educação.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – DR. VICENTE FERREIRA SILVEIRA

Localizada à rua Rua Cinco B, 131. Criada pelo decreto no 13.132 de 17/11/1987.

Vicente Ferreira da Silveira (1921 – 1987) nas-ceu no município de Agudos, Estado de São Paulo. Professor formado pela Escola Normal Livre de Agu-dos bacharelou-se na Faculdade de Direito de Bauru.

Na cidade natal foi auxiliar, escrevente e, pos-teriormente, tabelião sucessor do Segundo Cartório de Notas da Comarca de Agudos. Em 1966, após prestar concurso transferiu-se para nossa cidade, as-sumindo o cargo no Segundo Cartório de Notas da

Comarca de Guarulhos. Aqui faleceu no dia 31 de maio de 1987.

ESCOLA ESTADUAL – AGOSTINHO CANO

Localizada à rua Cinco, 534. Criada pelo de-creto no 25.477 de 1/07/1986.

Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compo-sitores da música popular brasileira, contribuiu di-retamente para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixin-guinha integrou o famoso grupo Caxangá.

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ESCOLA ESTADUAL – LINDAMILBARBOSA DE OLIVEIRA

Localizada à rua Cinco/C, s/no. Criada pelo decreto no 41.785 de 14/05/1977.

Lindamil Barbosa de Oliveira nasceu no dia nove de julho de 1941, na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais. Foi uma servidora pública da área edu-cacional exemplar. No dia 11 de fevereiro de 1982 in-gressou no Serviço Público Estadual, Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau, Oswaldo Sampaio Alves como inspetora de alunos.

Em 1985 concluiu o curso de Magistério, pas-sando a lecionar em muitas escolas da região dos Pi-mentas. Como vice diretora da EEPSG profª Maria Aparecida Rodrigues era grande incentivadora de ati-vidades culturais, com especial dedicação a realização da festa junina, bem como ao dia das mães. Entre os cursos de especialização da carreira, merece destaque o “Tendências Atuais da Geografi a”, Universidade de São Paulo (USP).

PARQUE MARIA HELENA – A respeito da origem do nome do loteamento é mais um caso onde a pro-prietária atribuiu seu próprio nome. O nome com-pleto da proprietária era: Maria Helena P. O. Carva-lho. Além do Parque Maria Helena, ela implantou o Jardim Normandia. Antes de Maria Helena, foi proprietário do loteamento o coronel Valdomiro Ro-drigues de Lima.

O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1955, por meio do processo admi-nistrativo número 918/55.

ESCOLA ESTADUAL – PROFA TEREZINHA CLOSA ELEUTÉRIO

Localizada à rua Chareles Miars Cooper, 432. Criada pelo decreto no 9.491 de 11/02/1977. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compo-sitores da música popular brasileira, contribuiu di-retamente para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pi-xinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso.

JARDIM CENTENÁRIO – A origem do nome “Jardim Centenário” está associado ao centená-rio da Guerra contra o Paraguai (1870-1970). Duran-te a ditadura militar (1964-1985), no auge dos anos de chumbo, inúmeros logradouros receberam o nome “centenário”, em função do fi m da Guerra contra o Paraguai (1870). O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1973, por meio do pro-cesso administrativo número 137/73.

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS– ANSELMO DUARTE

Localizada à rua Centenário, 46. Criada pelo decreto no 27.017 de 17/11/2009. Anselmo Duarte Bento (1920-2009) foi ator, roteirista e cineasta. Começou no cinema como fi guran-te no fi lme It’s All True, que o diretor norte-americano Orson Welles começou a fi lmar no Brasil em 1942, mas não terminou. Com Carnaval no Fogo (1949), Ansel-mo Duarte se tornou um dos maiores galãs da história do cinema brasileiro. Como cineasta, dirigiu O Pagador de Promessas (1962), um clássico ganhador da Palma de Ouro e do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes. O Pagador de Promessas também concorreu ao Oscar de melhor fi lme estrangeiro.

ESCOLA ESTADUAL – PASTOR JOÃO NUNES

Localizada à rua Biritiba Mirim, 42. Criada pelo decreto no 24.638 de 16/01/1986.

Pastor João Nunes (1926 – data do falecimento desconhecida) nasceu no município de São Caetano do Sul, Estado de São Paulo, sendo seus pais Maria de Oliveira Nunes e Narciso Nunes, uma família de pes-soas trabalhadoras e honestas. João Nunes, logo cedo deixou de estudar e passou a trabalhar devido a uma grave doença contraída pelo pai na Indústria Mataraz-zo, unidade situada em São Caetano.

Muito jovem, demonstrava inclinação para estudos religiosos. Como pastor da igreja “Assem-

bleia de Deus”, entre tantas realizações em Guaru-lhos e São Paulo se destacam: co-fundador do Insti-tuto Bíblico Betel, teólogo e professor, Conselheiro da Mocidade Evangélica de Itaberaba e Guarulhos, secretário de departamento de alfabetização de adultos do Conselho de Pastores de São Caetano e diretor do Programa de Rádio “Voz das Assem-bleias de Deus de Guarulhos”. Também, supervisor da Casa da Criança “Lírio dos Vales”.

ESCOLA ESTADUAL – PROF. LICÍNIO CARPINELLI

Localizada à Av. Centenário, s/no. Criada pelo decreto no 14.920 de 21/11/1979.

Licínio Carpinelli era professor. Quando criança era chamado de “menino prodígio”, pois desde tenra idade, demonstrava grande disposição intelectual. Foi nomeado professor da primeira Escola Masculina Ur-bana da cidade de Nazaré Paulista, no dia 26 de feve-reiro de 1912.

Era poeta e exerceu todos os cargos da carreira do professorado, além de ter ocupado cargos de confi an-ça, presidiu o Centro do Professorado Paulista (CPP), entre 1948 e 1949. Conferencista e autor de inúmeros artigos científi cos-pedagógicos, exímio orador, exorta-va os feitos nacionais e paulistas. Aposentou-se no dia 10 de fevereiro de 1959, exercendo o cargo de delega-do de ensino, atual dirigente de ensino.

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JARDIM MONTE ALEGRE – Não encon-tramos registro referente à atribuição do nome desse loteamento. Monte Alegre, assim como Bela Vista, Bom Clima, Porto Alegre, Água Boa, Montes Claros, entre outros, são topônimos muito usados na língua portuguesa para ressaltar qualidades, que agregam va-lores às localidades. Além do nosso “Monte Alegre” existem os de outros lugares: Monte Alegre de Sergipe, Monte Alegre do Rio Grande do Norte, Monte Alegre de Goiás etc. O loteamento recebeu aprovação da Pre-feitura de Guarulhos em 1953, por meio do processo administrativo número 1.782/53.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – HELENA ANTIPOFF

Localizada à rua Telha, 45. Criada pelo decreto no 22.378 de13/11/2003.

Helena Wladimirna Antipoff (1892 – 1974) foi uma psicóloga e pedagoga de origem russa que se fi xou no Brasil em 1929, à convite do governo do Estado de Minas Gerais, no contexto da operacionalização da reforma de ensino conhecida como Reforma Francisco Campos Mário Casasanta.

Grande pesquisadora e educadora de crianças portadoras de defi ciências, Helena Antipoff foi pio-neira na introdução da Educação Especial no Brasil, fundando a primeira Sociedade Pestalozzi.

PARQUE SÃO MIGUEL – A origem do nome é carregada de signifi cados históricos e sim-bolismos religiosos. O nome do loteamento é uma referência a São Miguel Arcanjo, antigo nome do bairro dos Pimentas (ver capítulos: “Origens do Pi-mentas, bem como o Diversidade Étnica Cultura e Religiosa). Por meio de depoimentos tomamos co-nhecimento de que os terrenos do Parque São Miguel (48 alqueires) pertenceram a Anna Pimenta. João de Faria o comprou em 1950 e foi loteado por José Miguel Ackel. Depoimento, Benedito Felix do Prado (tataraneto de Anna Pimenta). O loteamento não é aprovado pela Prefeitura de Guarulhos.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – GIANFRANCESCO GUARNIERI

Localizada à rua Marcondes Munhoz, 26. Criada pelo decreto no 27.017 fr 17/11/2009. Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Guarnie-ri (6/8/1934 – 22/7/2006) foi um importante ator, diretor, dramaturgo e poeta ítalo-brasileiro. Sua his-tória está vinculada ao Teatro de Arena, que funcio-nou na década de 1960 no bairro do Bixiga, em São Paulo, e é considerado o mais importante espaço de divulgação do teatro político-social da época. Ali foi encenada a peça Eles Não Usam Black-Tie, a criação mais importante de Guarnieri. Em 1981, a peça foi adaptada para o cinema, com grande sucesso de críti-ca e de público.

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ESCOLA ESTADUAL – PROF. MARIO NAKATA

Localizada à rua Euráchio Maurício, 1. Criada pelo decreto no 9.491 de 12/02/1977. Mário Nakata (1949 – 1979) era de origem japonesa e foi um professor primário que teve a vida dedicada ao ensino escolar. Nasceu no interior de São Paulo, no município de Garça, no dia 5 de outubro de 1949. Com, apenas 30 anos faleceu de insufi ciência renal no dia 6 de dezembro de 1979. Profi ssional competente, em 1969, aos 20 anos de idade formou-se professor de primeiras letras. Em 1976, graduou-se em Pedagogia pela Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras de Marilia. Entre os anos 1971 e 1979 assumiu várias funções no ensino públi-co. Além de professor primário, foi coordenador do curso noturno do Movimento Brasileiro de Alfabetiza-ção (MOBRAL), instituído pelo Regime Militar. Em Guarulhos, sua breve atuação se deu no bairro Água Chata (Parque Maria Helena e Jardim Normandia), antiga escola primária, antecessora da atual Escola Es-tadual Th erezinha Closa Eleutério.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – WALTER EFIGÊNIO

Localizada à rua Joaquim Moreira, s/no. Criada pelo decreto no 30.012 de 11/06/2012.

Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores composito-res da música popular brasileira, contribuiu diretamen-te para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele.

PARQUE JANDAIA – Jandaia é um nome de origem Tupi-Guarani, atribuído a uma ave da fauna brasileira e também a pessoas. A ave tem cerca de 30 centíme-tros de comprimento, coloração amarela, dorso verde e cauda com ponta escura. Da língua dos indígenas Tupi (Nhand-ái), correndo sempre; o andejo, o erran-te (Sampaio, 1987, pg. 267). Segundo Benedito Fe-

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lix do Prado, o terreno do Parque Jandaia pertenceu a Anna Pimenta e foi comprado por Jarbas Tupinambá de Oliveira. Quanto à denominação “Parque Jandaia”, possivelmente, o proprietário se inspirou na política de valorização da identidade nacional, herança da era do presidente da República Getúlio Vargas. O loteamen-to recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1953, por meio do alvará número 1.491/53.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – PROCÓPIO FERREIRA

Localizada à rua Porto Alegre, 378. Criada pelo decreto no 22.082 de 10/02/2003.

Procópio Ferreira (1898 –1979) era ator. Repre-sentou mais de 400 peças de todos os gêneros, numa carreira de mais de 60 anos. Foi o ator que maior nú-mero de peças nacionais interpretou e que maior nú-mero de autores lançou. Também se casou várias vezes, tendo seis fi lhos. De seu primeiro casamento, com a artista Argentina Aida Izquierdo, nasceu Bibi Ferreira, que se tornaria uma das mais importantes atrizes e di-retoras do teatro brasileiro.

JARDIM LEBLON – Leblon, além de ser nome de um famoso bairro do Rio de Janeiro, a expres-são vem da língua indígena Tupi-Guarani “Ypaum”, que signifi ca entre águas, o meio entre elas; a ilha (Sampaio, 1987, pg. 346). A respeito da denominação “Jardim Leblon”, certamente, o loteador se inspirou na política de valorização da identidade nacional, herança da era do presidente da República Getúlio Vargas. O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Gua-rulhos em 1965, por meio do processo administrativo número 437/65.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – ZILDA FURINI FANGANIELO

Localizada à rua Aracaju, 458. Criada pelo de-creto no 21.210 de 27/03/2001.

Zilda Furini Fanganiello (1916-1986) era de fa-mília de origem italiana, pertencente à grande colônia do bairro da Ponte Grande, onde Zilda residiu durante 62 anos. Foi esposa de Urgandino Fanganiello (ex-ve-reador de Guarulhos).

Zilda, exercendo a função de professora substi-tuta (1949 – 1954), lecionava na Escola Mista do bair-ro da Ponte Grande (masculina e feminina). Segunda consta, o local da sala de aula era cedido, sem custos fi nanceiros ao Estado, pela família Fanganiello. Zilda e Urgandino tiveram dois fi lhos: Wladimir Fanganiello e Liliana Tereza Fanganiello Vergueiro.

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ESCOLA ESTADUAL – BARTHOLOMEU DE CARLOS

Localizada à rua Aracaju, 490. Criada pelo de-creto no 11.168 de 15/02/1978. Bartholomeu de Carlos (1899 – 1966) nasceu na cidade de Itatiba, Estado de São Paulo, e era fi lho de Pedro de Carlos e Elizabeth Gazeta de Carlos, imigran-tes italianos. Bartolomeu, após contrair núpcias com Maria Nardi de Carlos veio morar na Avenida Gua-rulhos, nº 1.532, divisa Guarulhos - Penha. O casal teve quatro fi lhos: Gentil, Leonilda, Oswaldo de Car-los (prefeito de Guarulhos de 1983 a 1988) e Nelson de Carlos. Bartolomeu de Carlos no começo da vida profi ssional era sapateiro, depois dono de bar e por fi m proprietário de uma pequena indústria química de produtos domésticos. No bairro Ponte Grande, Bartolomeu era uma das pessoas mais populares da comunidade, muito brincalhão e muito comunicativo, todos lhe chama-va de “Bortolo”, apelido que ganhara por ocasião das festas de Santo Antônio, por ser o gritador de leilão (prendas vendidas a quem pagar mais). Era um grande orador e contador de causos, vivia cercado de pessoas, proseando (contando lorotas). Além de comentarista das partidas de futebol, era o orador ofi cial do Clube União Tietê, fundado no dia 15 de outubro de 1921.

ESCOLA ESTADUAL – PROFA. MARINHA FERREIRA DO NASCIMENTO

Localizada à rua Aracaju, 50. Criada pelo de-creto no 23.744 de 1/08/1985. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores composito-res da música popular brasileira, contribuiu diretamen-te para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

CIDADE TUPINAMBÁ – Cidades Tupi-nambás, ao contrário do que alguns pensam que se trata de uma antiga aldeia indígena, apesar de ser um ter-mo da língua Tupi-Guarani sem sombras de dúvidas, porém se refere ao sobrenome de Jarbas Tupinambá de Oliveira. O terreno do loteamento Cidade Tupinambá pertenceu a Anna Pimenta, que vendeu a Jarbas Tupi-nambá. Esse por sua vez atribuiu, seu sobrenome ao lo-teamento.

Tupinambá signifi ca descendentes dos tupis, todos da família dos tupis. (Wikipédia)

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O loteamento recebeu aprovação da Prefei-tura de Guarulhos em 1943, por meio do processo administrativo número 1.943/65. Porém, o alvará foi expedido no dia 5 de maio de 1965. Esse é o pedido mais antigo de implantação dos loteamentos no bair-ro dos Pimentas.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – IONE GONÇALVES DE OLIVEIRA DE CONTI

Localizada à rua Estrada do Sacramento, 751. Criada pelo decreto no 18.241 de 11/12/1993. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores composito-res da música popular brasileira, contribuiu diretamen-te para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – CAROLINA MARIA DE JESUS

Localizada à rua Caudilho, 78. Criada pelo de-creto no 22.381 de 14/11/2003.

Carolina Maria de Jesus (1914 –1977) era catado-ra de papelão, negra, semianalfabeta, moradora de uma favela em São Paulo. No entanto, seu livro Quarto de despejo – diário de uma favelada, publicado em agosto de 1960, teve a tiragem inicial de dez mil exemplares esgotada em uma semana, foi traduzido para 13 idio-mas e tornou-se um best-seller na América do Norte e na Europa. O diário de Carolina foi descoberto pelo jornalista Audálio Dantas, que percebeu nos textos es-critos em cadernos catados no lixo, em estilo simples, um depoimento autêntico sobre um submundo até então desconhecido.

JARDIM DOS PIMENTAS – O Jardim dos Pimentas encontra-se nos antigos domínios territoriais da família de Anna Pimenta. A respeito da origem do nome ver o capítulo “Origens do Pimentas”.

O Jardim dos Pimentas começa imediatamente após a Praça Prefeito Felício Antônio Alves e faz divisa com Itaquaquecetuba. O loteamento não é aprovado pela Prefeitura de Guarulhos e está situado do lado es-querdo da atual Estrada Presidente Juscelino Kubits-chek de Oliveira, para quem se desloca em sentido ao bairro São Miguel Paulista.

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ESCOLA ESTADUAL –ANA LAMBERTA ZEGLIO

Localizada à rua do Poente, 100 B. Criada pelo decreto no 33.244 de 9/05/1991. Anna Lamberga Zéglio (1914 - 1993), fi lha de imigrantes italianos, foi a primeira mulher a ser elei-ta vereadora na Câmara de São Paulo, exercendo seu mandato entre 1949 e 1950. Sua área de atuação, prio-ritariamente, era nos bairros: Brás, Pari e Mooca. Após dois anos como vereadora, exerceu os mandatos como deputada estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), durante os anos de 1951 a 1955, 1959 a 1963.Anna Lamberga Zéglio, além de muito caridosa, era professora formada pela Escola Industrial Feminina. Durante a Revolução de 1932, comandou suas alunas no trabalho assistencial aos soldados, costurando ves-tuário, gazes e roupas de cama e, em 1945, assumiu o cargo de inspetora na Superintendência de Ensino Profi ssional do Estado de São Paulo.

ESCOLA ESTADUAL –DEPUTADO PASCHOAL THOMEU

Localizada à rua Vinte e Oito, 90. Criada pelo decreto no 46.573 de 1/03/2002. Paschoal Th omeu (1926-2006) foi prefeito de Guarulhos entre 1988 e 1992. Terminado o man-dato, candidatou-se a uma vaga na Assembleia Legis-lativa de São Paulo, tornando-se o deputado estadual mais votado nas eleições de 1994, com 131.979 vo-tos. Tendo como base de atuação a cidade de Guaru-lhos e a Grande São Paulo, Th omeu reelegeu-se em 1998 e em 2003.

ESCOLA ESTADUAL – JARDIM ARUJÁ

Localizada à rua Jaboatão, 20. Criada pelo de-creto no 50.498 de 23/01/2006.

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ESCOLA ESTADUAL – PIMENTAS VII

Localizada à Av. Marginal Sul s/no. Criada pelo decreto no 51.647 de 13/03/2007. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compo-sitores da música popular brasileira, contribuiu di-retamente para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pi-xinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A par-tir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nas-cimento: 23 de abril.

JARDIM ARUJÁ – Arujá é mais uma das muitas palavras da língua Tupi-Guarani na paisagem urbana do bairro dos Pimentas. Signifi ca abundância de peixinhos, chamados de barrigudinhos (Sampaio, 1987, pg. 201). A escolha do nome, certamente está associada à proximidade do loteamento com o Rio Tietê e a existência de peixes. De acordo com Maria de Lourdes Alves, fi lha do ex-prefeito de Guarulhos, Felício Antônio Alves, aonde se encontra o atual Jar-dim Arujá (antiga Vila Trotil), Francisco Marcondes vendeu o terreno para a Nitro Química, a Imobiliária

Líder o comprou e implantou o loteamento. O lotea-mento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1952, por meio do processo administrativo núme-ro 2.569/52.

ESCOLA ESTADUAL – GUILHERMINO RODRIGUES DE LIMA

Localizada à rua Poxereu, 156. Escola cria-da em 15/09/1957. Criada pelo decreto no 9.491 de 12/02/1977. Consta que nasceu em Itaquaquecetuba e era engenheiro-agrimensor. Inicialmente morou no centro de Guarulhos e depois de 1938, após o exercício do mandato de prefeito, passou a morar no bairro dos Pimentas, próximo a atual Paróquia de Santo Antônio. Foi vereador em quatro legisla-turas: 1920-1922; 1923-1925; 1948-1951; 1952-1955 e depois prefeito de 1933 a Guilhermino foi casado com Rosalina Marcondes (fi lha de Felício Marcondes Munhoz). No bairro dos Pimentas, na condição de ex-prefeito e no exercício do cargo de vereador (1952-1955), implantou loteamentos e em 1954 doou o terreno aonde foi construída a antiga Capela de Santo Antônio e Nossa Senhora Aparecida. Guilhermino Rodrigues de Lima fale-ceu no dia 18 de junho de 1958.

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JARDIM SANTO AFONSO – Por meio de relatos orais, Iracema Castellucci contou que: o atual Jardim Santo Afonso pertencia a Fazenda Nacional. No início da década de 1930, Antônio Castellucci, meu pai, adquiriu por meio de compra. Era chamado de “Sítio Jabuticabeiras”, depois ele vendeu a um turco chamado Elias. Esse, por sua vez, vendeu a área a um grupo de freiras. Izildinha, fi lha de Argemiro Pedro relatou que no início de 1970, seu pai comprou alguns lotes do corretor Joaquim, representante da Associação das Ir-mãs Santa Catarina. O loteamento não é aprovado pela Prefeitura de Guarulhos. Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787) é dos nomes dos santos da igreja Católica.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – GRACIRA MARCHESI TRAMA

Localizada à rua Ivinhema, 1. Criada pelo de-creto no 21.210 de 27/03/2001. Professora Gracira Marquesi Trama (1938-1987), fi lha de Alberto Marquesi e Aracy de Mello Cárdia Marquesi, foi casada com Agnello Herton Tra-ma e teve os fi lhos Agnello Herton Júnior e Agnello Roberto. Foi professora primária com especialização em “Ensino Pré-Primário”, cursou o magistério na “Escola Particular Normal Madre Hermeta”, em La-ranjal Paulista, formando-se em 1958. Mudou-se para Guarulhos em 1959. A cidade reconheceu seu esforço e dedicação ao ensino, homenageando-a como patro-

nesse de uma das escolas da Prefeitura de Guarulhos, mantendo viva a memória da dedicada mestra. Agnello Herton Trama, resumo.

ESCOLA ESTADUAL – PROF A. MARIA ILDA ORNELAS DE OLIVEIRA

Localizada à rua Ivinhema. Criada pelo decre-to no 9.491 de 12/02/1977. Nasceu em 3 de junho de 1950, na cidade de Comercinho, Minas Gerais. Começou seus estudos numa escola rural de sua cidade natal, sempre com muita dedicação foi estudar em Salinas, cidade vizi-nha, terminando o Segundo Grau. No início da déca-da de 1970, vem pra São Paulo para cursar a faculdade e foi morar em São Miguel Paulista, bairro da cidade de São Paulo. Entrou na Faculdade São Judas e lá cur-sou o Ensino Superior, licenciatura em Letras. Em 1975, mudou-se para Guarulhos, no Par-que Cecap, também neste período começou a lecionar em escolas públicas da periferia da cidade. Foram vários anos dedicados à educação, principalmente na periferia da cidade de Guarulhos. Em 1985, no hospital dos ser-vidores de São Paulo veio a falecer por complicação do diabetes e foi enterrada no cemitério de sua terra natal.

CONJUNTO HABITACIONAL MAR-COS FREIRE – O nome ofi cial é “Conjunto Habi-tacional de Interesse Social Marcos Freire”. Por volta de 900 casas, de acordo com Herbert Seabra, o antigo “Casinhas do Quércia” (nome popular) foi o primeiro

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conjunto de casas populares construído pela Compa-nhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano, em Guarulhos – 1989. Marcos de Barros Freire (1931-1987) era per-nanbucano, advogado, professor e político brasileiro que exerceu os mandatos de deputado federal e sena-dor por seu Estado, pertenceu ao MBD E PMDB. Era Ministro da Reforma Agrária, quando morreu em acidente aéreo, no sul do Pará. O loteamento não é aprovado pela Prefeitura de Guarulhos.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – TISUKO SAKAMOTO

Localizada à rua Sales, s/no. Criada pelo decre-to no 19.942 de 4/07/1997. Tizuko Sakamoto (1934 - 1996) era fi lha de japoneses e casada com o havaiano Morio Sakamoto (ex-presidente da Câmara de Vereadores de Guaru-lhos em 1962, 1969, 1975-1976). De acordo Alceu, um dos fi lhos do casal, a senhora Tizuko Sakamoto era uma mulher incansável no trabalho assistencial e cultural, realizado por ela na região Pimentas - Bon-sucesso e no bairro Cocaia. Muito fi el aos princípios culturais da colônia japonesa, foi uma das fundadoras da União Cultu-ral e Esportiva Guarulhense (UCEG), onde realizava reuniões de confraternização das famílias japonesas, como forma de manter viva as tradições milenares do país do Sol Nascente. Seu sobrenome “Sakamoto” continua vivo na paisagem do bairro dos Pimentas.

Em 1951, a construção da Via Dutra dividiu ao meio o “Sítio Sakamoto”, exatamente onde se encontra os dois postos de gasolina da família, que por muitos anos habitou a região dos Pimentas.

ESCOLA ESTADUAL – CONJUNTO HABITACIONAL BAIRRO DOS PIMENTAS II

Localizada à av. Norte e Sul, 60. Criada pelo decreto no 33.244 de 9/05/1991.

SÍTIO SÃO FRANCISCO – Existem pou-cas informações ofi ciais a respeito da história do Sítio São Francisco. Recorda Herbert Seabra: O terreno onde o loteamento se encontra foi adquirido pelo governo do Estado para construir conjuntos de ca-sas populares. Houve uma ocupação, foi criada uma cooperativa e foram construídos apartamentos fi nan-ciados pela Companhia de Desenvolvimento Habi-tacional Urbano. Quanto à origem do nome, lem-bro-me de uma entidade dirigida por japoneses, nas proximidades, chamada de São Francisco de Assis. Possivelmente, vem daí o nome do Sítio São Francis-co. O loteamento não é aprovado pela Prefeitura de Guarulhos. Apenas, algumas quadras se encontram em fase de regularização.

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – BARBARA CRISTINA

Localizada à rua Treze, s/no. Criada pelo decre-to no 29.180 de 25/08/2011. Barbara Cristina (1986-2011), estudante exemplar, envolvida com causas sociais de cunho re-volucionário. Fez parte da primeira turma do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), campus Guarulhos. Graduou-se em Ciências Sociais, tendo ingressado no Programa de Pós-Graduação em 2011. Bárbara, foi também aluna do Cursinho Co-munitário Pimentas, onde era voluntária, militando em favor dos alunos carentes da região e elaborando aulas com conteúdo para vestibular, ações de cidada-nia e educação ambiental. Promovia eventos culturais, como Saraus, exibição de fi lmes, peças de teatro, pas-seios etc.

ESCOLA ESTADUAL – PREFEITO RAFAEL RODRIGUES FILHO

Localizada à rua Dez, s/no. Criada pelo decreto no 51.647 de 13/03/2007. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores composito-res da música popular brasileira, contribuiu diretamen-te para que o choro encontrasse uma forma musical

defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

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BAIRRO ITAIM – Entre os seis bairros que compõem a região, no Bairro Itaim existem 12 lotea-mentos, contando com 29.401 habitantes. Do nosso conhecimento, são três as localidades na capital e na

Grande São Paulo, denominadas Itaim: Itaim Bibi, Itaim Paulista e Itaim, em Guarulhos.

A respeito da origem do nome, vem da língua Tupi-guarani “Itahim” (Itá-im), que signifi ca, a pe-

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dra pequena, a pedrinha; a conchinha. (Sampaio, 1987, p.255). Registra a história que o atual bairro do Itaim, partes de Guarulhos e São Paulo, era chamado antigamente, desde 1610 de Biacica. Certamente, é

uma variação da palavra, Tupi-guarani “Biaçá” (Mbiá-aça), a gente que atravessa, ou cruza. Nome dado a ponto de caminho, quando atravessa um rio; porto aonde sai o caminho. (Sampaio, 1987, p.204).

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JARDIM MARIA ALICE – O loteamen-to foi implantado por Edgar Benzim Weil, Arnoud Weil e João Roberto Baylongue. Quanto à origem do nome do loteamento, um dos moradores mais antigos, José Galdino, relatou que o terreno pertencia inicial-mente à Fazenda Itaim e depois foi loteado por Edgar, Arnoud e João Roberto. José Galdino acha que os no-mes Maria Alice, bem como Maria de Lourdes são da família dos loteadores. O loteamento recebeu aprova-ção da Prefeitura de Guarulhos em 1975, por meio do processo administrativo (anistia) número 20.452/75.

ESCOLA ESTADUAL – ALAYDE MARIA VICENTE

Localizada à rua Ida Righi, 134. Criada pelo decreto no 24.638 de 16/01/1986. Alfredo da Rocha Viana Filho (1897-1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical defi nitiva. Pi-xinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o fa-

moso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos com-postos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

JARDIM JACY – Jacy, na língua dos indí-genas, Tupi-guarani, signifi ca a Lua, a mãe dos frutos (Sampaio, 1987, pg. 265). Por meio de pequeno trecho de um estudo disponível na internet: Jacy, identifi cada com Vishnu dos hindus e com Ísis dos egípcios é apre-sentada como a deusa da Lua, protetora dos amantes e da reprodução. Wikipédia. O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1957, por meio do processo administrativo número 1.343/57.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – GONZAGUINHA

Localizada à rua São Geraldo da Piedade, s/no. Criada pelo decreto no 26.810 de 4/09/2009. Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (1945 -1991) era fi lho do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga, conhecido como o “Rei do Baião”. Ain-da na adolescência, fundou no Rio de Janeiro o Movi-mento Artístico Universitário (MAU), com Aldir Blanc e Ivan Lins, entre outros artistas. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil nos anos 1970, em plena ditadura militar, a ponto de, logo no

Bairro Itaim – 11 Loteamentos: Jardim Maria do Car-

mo, Jardim Maria Alice, Jardim das Olivas, Jardim San-

dra, Jardim Joemi, Jardim Jaci, Jardim do Porto, Vila

Any, Vila Bernardino, Jardim Izildinha e Jardim Guaracy.

O BAIRRO ITAIM E SEUS LOTEAMENTOS

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início da década, ter resultado no programa Som Li-vre Exportação, da TV Globo. Gonzaguinha teve vá-rias de suas músicas censuradas pelo Regime. Entre as suas composições, interpretadas pelos maiores nomes da MPB, as mais conhecidas são Começaria tudo outra vez, Explode Coração, Grito de alerta e O que é o que é.

ESCOLA ESTADUAL – ORLANDO MINELLA

Localizada à rua Candelária, s/no. Criada pelo decreto no 21.476 de 29/09/1983. Orlando Minella. Encontramos pouquíssimas informações a respeito desse patrono. Por meio de rela-tos orais, fi camos sabendo que Orlando Minella possuía barraca nas feiras de Guarulhos. Além dessa atividade comercial possuiu uma farmácia e não chegou a mora-dor do bairro dos Pimentas.

VILA ANY – Any é mais uma palavra da lín-gua Tupi-Guarani em nosso estudo, igual à anun ou anu (Sampaio, 1987, pg. 195). Signifi ca pássaro de plumagem preta e bico alto. O anu-preto (crotophaga ani) gosta de Sol e toma banho na poeira. Não voa bem em lugares muito abertos, pois seu voo é lento. O loteamento foi considerado regularizado pela Pre-feitura em 1991, por meio do processo administrativo número 2.621/91.

ESCOLA ESTADUAL – PROF. CID AUGUSTO GUELLI

Localizada à rua Braga, 312. Criada pelo de-creto no 9.491/76 de 12/02/1977.

Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical defi -nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vá-rios de seus irmãos eram músicos. Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser registrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos com-postos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

ESCOLA ESTADUAL – VILA ANY

Localizada à rua Iara, s/no Criada pelo decreto no 55.798 de 11/05 de 2010.

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JARDIM GUARACY – Guaracy vem da língua Tupi-Guarani e signifi ca o Sol. A mãe dos vi-ventes; o criador da gente (Sampaio, 1987, pg. 237).

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – DORIVAL CAYMMI

Aldir Blanc em 1979, a música ganhou fama na voz de Elis Regina. Hemofílico, Betinho contraiu AIDS por meio de uma transfusão de sangue, assim como os seus irmãos Henfi l e Chico Mário, o que o levou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, à qual dedicou os últimos anos de sua vida.

Localizada à av. da Granja, 578. Criada pelo decreto no 4.441 de 26/09/1993. Dorival Caymmi (1914-2008) era cantor e compositor. Em 1938, interpretou num programa de rádio O que é que a Baiana Tem?, uma de suas mais conhecidas canções, composta em 1938. No mesmo ano, essa música ajudou a dar identidade à carreira de Carmen Miranda no exterior, a partir do fi lme Banana da Terra. A obra de Caymmi invoca principalmente a tragédia de negros e pescadores da Bahia. Iniciado no Candomblé, o compositor é fi lho de santo de Mãe Me-nininha do Gantois, para quem escreveu, em 1972, a canção Oração de Mãe Menininha, gravado por gran-des nomes como Gal Costa e Maria Bethânia.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – HERBET DE SOUZA

Localizada à rua da Creche, 97. Criada pelo decreto no 21.123 de 15/12/2000. Herbet de Souza (1935 -1997), o Betinho, era sociólogo e ativista dos direitos humanos. Uma de suas realizações mais conhecidas é o projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Exilado em 1971 pela ditadura militar, foi homena-geado como o “irmão do Henfi l” na canção O bê-bado e a equilibrista. Composta por João Bosco e

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – CARMEN MIRANDA

Localizada à rua da Creche, 63. Criada pelo decreto no 20.097 de 7/11/1977. Maria do Carmo Miranda da Cunha (1909-1955) era uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e nos Esta-dos Unidos entre as décadas de 1930 e 1950. Mui-to “avançada” para o seu tempo, Carmen Miranda – cuja imagem fi cou associada aos penduricalhos ao pescoço e às frutas que lhe ornamentavam a cabeça – é considerada por alguns a pioneira do tropicalismo, movimento cultural brasileiro dos anos de 1960.

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BAIRRO ÁGUA CHATA – Dentre os seis bairros que compõem a região, no Água Chata existem apenas dois loteamentos. No documento mais antigo, que se refere ao território onde se encontra o atual bairro Chata, o Mapa dos Ex-cursionistas (1923), consta o nome Rio Abaixo,

certamente foi dado em referência ao Rio Baqui-rivu Guaçu, receptor dos afluentes: córregos Água Chata e Fazenda Piratininga. O nome “Água Cha-ta” aparece pela primeira vez na cartografia gua-rulhense em 1953. A nosso ver, o nome deve estar associado a charco (água estagnada, de pouca pro-

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fundida, pântano). O termo “chata” é designati-vo de barca larga e de pouca estrutura resistente. Sem propulsão própria e usada para transporte de carga pesada. (Ferreira, 1986, pg. 392). Água

Chata, pelo visto, pode ser definido como pân-tano pouco profundo, que se fazia necessário o uso de uma barca, ou localidade onde as águas se achatam para desembocarem rio abaixo.

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VILA DINAMARCA – A origem do nome vem de uma família dinamarquesa. Por meio de de-poimento oral de membros da família Murata, cor-retores de imóveis e moradores na Vila Dinamarca, apurou-se que o nome foi dado em homenagem a uma senhora dinamarquesa, antiga proprietária do sítio onde hoje se encontra o loteamento Vila Dina-marca. A dona do terreno abandonou a propriedade e voltou para o país de origem. Quando o senhor Carlos Schutz (alemão de origem) implantou o lo-teamento, prestou homenagem à antiga moradora colocando o nome do seu país no local. O loteamen-to recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1975, por meio do processo administrativo número 15.558/75.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – ELIS REGINA

Localizada à rua Aldeias Altas, s/no. Criada pelo decreto no 23.695 de 21/03/2006. Elis Regina Carvalho Costa (1945-1982) foi a grande revelação do festival de música da TV Excelsior, em 1965, quando interpretou Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, juntando-se à geração que mu-daria a música brasileira e que ainda hoje exerce forte infl uência no cenário artístico-cultural do País. A traje-tória artística de Elis começou no Rio Grande do Sul,

no início dos anos 1960, quando se transferiu para o Rio de Janeiro. Em 1964, ano do golpe que imporia ao Brasil 21 anos de ditadura militar, mudou-se para São Paulo, onde passaria o resto de sua vida. Ao escolher seu repertório, revelou compositores até então pouco co-nhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc e João Bosco, entre outros.

ESCOLA ESTADUAL – DEP. MAURÍCIO GOULART

Localizada à rua Itacarambi, 168. Criada pelo decreto no 20.202 de 23/05/1983. Maurício Goulart (1908-1983) já trabalhava na redação do jornal O Estado de São Paulo quando se formou, em 1930, pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Participante ativo da Revolu-ção de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder, foi preso, contudo, três vezes durante a vigência do Es-tado Novo, instaurado pelo próprio Vargas. Como historiador, publicou, em 1949, o livro Escravidão africana no Brasil: das origens à extinção do tráfi co. Em 1962, foi eleito deputado federal por São Paulo, na legenda do Partido Trabalhista Nacional (PTN). Com a dissolução dos partidos políticos por força do Ato Institucional nº 2, em 1965, Maurício Goulart ingressou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), sendo novamente eleito deputado para a le-gislatura 1967-1971.

O BAIRRO ÁGUA CHATA E SEUS LOTEAMENTOSBairro Água Chata – 02 Loteamentos: Vila Dinamarca

e Parque Piratininga.

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

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BAIRRO ARACÍLIA – Dentre os seis bair-ros que compõem a região dos Pimentas, no bairro Aracília existe apenas o loteamento Cidade Arací-lia. O bairro Cidade Aracília – gleba 1, recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1959,

por meio do processo administrativo número 004/59.

O atual Aracília pertenceu inicialmente à ci-dade de Arujá e depois a Santa Isabel. Em 1938, por meio do decreto número 9.975, Arujá passou

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REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

a fazer parte do município de Santa Isabel. No dia 12 de novembro de 1958, Arujá foi desmembra-do de Santa Isabel e tornou-se município. Nesse mesmo dia, os moradores do Aracília fi zeram uma votação, aprovando a incorporação do Aracília ao município de Guarulhos.

Quanto à origem do nome Aracília, canta-va os moradores mais antigos que a localidade era chamada de Aracy (mãe do dia na língua Tupi-Guarani). Quando da criação do loteamento, em

11 de junho de 1956, pela Construtora e Imo-biliária Spinardi, ela deu o nome ao loteamento de Aracília. Pelo visto, Aracília é a modifi cação do antigo nome “Aracy” acrescentado o lia, for-mando a atual palavra Aracília. Aracília é de ori-gem europeia – o sobrenome Spinardi é Italiano. Certamente, o nosso “Cidade Aracília” seria uma inspiração italiana e foi dado pela Construtora e Imobiliária Spinardi.

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

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ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – INEZ RIZZATO RODRIGUES

Localizada à rua Padre Marcos, 437. Criada pelo decreto no 31.760 - Lei no 4.471 de 1/12/1994. Alfredo da Rocha Viana Filho (23/04/1897 – 17/02/1973) era fl autista, saxofonista, compositor e arranjador. Considerado um dos maiores composi-tores da música popular brasileira, contribuiu direta-mente para que o choro encontrasse uma forma mu-sical defi nitiva. Pixinguinha aprendeu música em casa, já que vários de seus irmãos eram músicos. Pixingui-nha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga (que gravou Pelo telefone, o primeiro samba a ser re-gistrado em disco) e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, a partir de 1919. Carinhoso, composta entre 1916 e 1917, é um dos clássicos compostos por ele. O dia nacional do choro é comemorado no dia do seu nascimento: 23 de abril.

O BAIRRO ARACÍLIA E SEUS LOTEAMENTOSBairro Aracília – 01 Loteamentos: Cidade Aracília.

ESCOLA ESTADUAL – PADRE AUGUST JOHANNES FERDINANDUS STAUDER

Localizada à rua Ministro Hipólito, 267. Cria-da pelo decreto no 9.491 de 12/02/1977. Padre Agostinho (1909-1986), como coadju-tor do Pe. Carlos Spaniol (pároco da igreja do Bonsu-cesso), chegou ao Bairro Aracília transferido pelo Bispo de Mogi das Cruzes (Dom Emílio Pignoli) em 1978. Durante oito anos dedicou-se exclusivamente ao aten-dimento dos frequentadores da Igreja Nossa Senhora de Fátima do Jardim Aracília, bem como aos serviços pastorais das capelas da Paroquia do Bonsucesso. Era Holandês, nascido na cidade de Grauenhage, or-denou-se padre no dia 25 de julho de 1936, exerceu o sacerdócio durante 50 anos. Veio a falecer no dia 21 de maio de 1986. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Bonsucesso, após celebração eucarística presidida pelo então Bispo Diocesano de Guarulhos Dom João Bergese, concelebrada por 17 sacerdotes.

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BAIRROS: BONSUCESSO E PRESI-DENTE DUTRA – Por ocasião da construção da Via Dutra (inaugurada em 1951), alguns loteamentos desses dois bairros foram segmentados pela rodovia e se encontram dentro da região administrativa do bairro

dos Pimentas. Mais informações, ver o livro Revelando a História do Bonsucesso e Região. A origem do nome “Bonsucesso” vem de Nossa Senhora do Bonsucesso, santa padroeira da Paróquia do bairro do Bonsucesso, sendo a primeira capela erguida por escravos em 1670.

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

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O nome do bairro é uma homenagem ao ex-pre-sidente da República, Eurico Gaspar Dutra, cujo lotea-mento foi implantado em 1958. Durante o governo

Dutra, no dia 15 de julho de 1951, foi inaugurado en-tre São Paulo e o Rio de Janeiro, o trecho da BR-116, chamado por todos de Via Dutra.

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REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO - NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS!

CIDADE PARQUE BRASÍLIA – É mais um dos muitos loteamentos implantados no Brasil na dé-cada 1960, cujo o nome é uma referência à inaugu-ração da capital federal do Brasil, Brasília, inaugu-rada em 1961. Brasília, bem como o nosso Parque Brasília, são resultados da política desenvolvimentista do presidente da República Juscelino Kubistchek de Oliveira, com o lema “Crescer 50 anos em cinco”, aprofundado a industrialização e atraindo força de trabalho para as cidades. Com isso, muitos terrenos, em meio urbano, foram transformados em loteamen-tos. O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1963, por meio do processo admi-nistrativo número 8.945/63.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – GRACILIANO RAMOS

Localizada à rua Juramento, 582. Criada pelo decreto no 22.642 de 25/05/2004. Graciliano Ramos (1892 – 1953), nasceu em Quebrangulo, sertão de Alagoas e viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE). Foi jornalista e escritor, bem como ativista políti-

co. Em 1945 fi liou-se ao Partido Comunista do Brasil, uma de suas frases sintetiza sua vida-romancista e sua atuação política: Começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Um dos seus romances mais famosos, Vidas Se-cas é publicado em 1938. Respectivamente, em 1963 e 1983, os livros “Memórias do Cárcere e Vidas Secas” são adaptados para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, O fi lme “Vidas secas” obtém os prêmios internacionais do gênero cinematográfi co. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso. A palavra foi feita para dizer. Em entrevista a Joel Silveira, 1948.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – NELSON DE ANDRADE

Localizada à rua Berilo, 190. Criada pelo de-creto no 19.158 de 4/10/1995. Elis Regina Carvalho Costa (17/3/1945 – 19/1/1982) foi a grande revelação do festival de música da TV Excelsior, em 1965, quando interpretou Arras-tão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, juntando-se à geração que mudaria a música brasileira e que ainda hoje exerce forte infl uência no cenário artístico-cultu-ral do País. A trajetória artística de Elis começou no Rio Grande do Sul, no início dos anos 1960, quando se transferiu para o Rio de Janeiro. Em 1964, ano do golpe que imporia ao Brasil 21 anos de ditadura militar, mudou-se para São Paulo, onde passaria o resto de sua

O BAIRRO BONSUCESSO E PRESIDENTE DUTRA E SEUS LOTEAMENTOS

Bairro Bonsucesso – 05 Loteamentos: Cidade Parque

Brasília, Cidade Parque Alvorada, Jardim Albertina, Ci-

dade Parque Brasília e Jardim Silvestre.

Bairro Presidente Dutra – 01 loteamento: Jardim Maria

Dirce II

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NOSSA CIDADE, NOSSOS BAIRROS! - REVELANDO A HISTÓRIA DOS PIMENTAS E REGIÃO

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vida. Ao escolher seu repertório, revelou compositores até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc e João Bosco, entre outros.

CIDADE PARQUE ALVORADA – Alvo-rada é um nome poético. Seu signifi cado indica crepús-culo matutino, a claridade que precede o romper do sol. É muito comum no interior, no sertão do Brasil as alvoradas. Grupos musicais, antes do dia amanhecer saem pelas ruas tocando, cantando, bebendo e soltando fogos. Ao lermos os nomes das ruas do Cidade Parque Alvorada: Curvelo, Bocaiúva, Fernando de Noronha, Corinto, Buritis, Pedra Azul e Joaquim Felício, entre outros, remetem as famosos alvoradas do Norte de Mi-nas Gerais, bem como dos vizinhos, norte e nordeste do Brasil. O loteamento recebeu aprovação da Prefeitura de Guarulhos em 1970, por meio do processo adminis-trativo número 8.945/70.

ESCOLA DA PREFEITURA DE GUARULHOS – MANOEL BANDEIRA

Localizada à rua Jutaí, 459. Criada pelo decre-to no 9.478 de 30/09/1982. Manuel Bandeira (1886-1968), Manuel Car-neiro de Souza Bandeira Filho nasceu na cidade de Re-cife. Em 1890 a família se transferiu para o Rio de Ja-neiro e a seguir para Santos. Após as várias mudanças de lugares, pais e fi lhos fi xam residência na cidade de São Paulo em 1903, onde Manuel Bandeira ingressou na

Escola Politécnica, curso de arquitetura. Seu primeiro emprego foi nos escritório da Estrada de Ferro Soroca-bana, da qual seu pai era funcionário. Em 1910, após internar-se para tratar de uma tubércu-los, participou de um concurso de poesia da Academia Brasileira de Letras. Em 1917, publica seu primeiro li-vro: A cinza das horas. Segundo Especialistas, foi o mais lírico dos poetas da sua epoca, haja visto que possui um estilo simples e direto. Aborda temáticas cotidianas e universais. o Sol tão claro lá fora, o sol tão claro, esme-ralda, e em minhalma – anoitecendo. Manuel Bandiera.

ESCOLA ESTADUAL – MARIA APARECIDA RODRIGUES

Localizada à rua Berilo, s/no. Criada pelo de-creto no 21.476 de 30/09/1983. Elis Regina Carvalho Costa (17/3/1945 – 19/1/1982) foi a grande revelação do festival de mú-sica da TV Excelsior, em 1965, quando interpretou Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo, jun-tando-se à geração que mudaria a música brasileira e que ainda hoje exerce forte infl uência no cenário artístico-cultural do País. A trajetória artística de Elis começou no Rio Grande do Sul, no início dos anos 1960, quando se transferiu para o Rio de Janeiro. Em 1964, ano do golpe que imporia ao Brasil 21 anos de ditadura militar, mudou-se para São Paulo, onde pas-saria o resto de sua vida. Ao escolher seu repertório, revelou compositores até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixei-ra, Aldir Blanc e João Bosco, entre outros.

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PRESIDENTE DUTRA – LOTEAMEN-TO JARDIM MARIA DIRCE II – Nada consta quanto a sua aprovação pela Prefeitura de Guarulhos. A Via Dutra segmentou o Jardim Maria Dirce em Jardim Maria Dirce I e Jardim Maria Dirce II. O Maria Dirce I fi ca do lado direito da Via Dutra, para quem se desloca de Guarulhos para o Rio de Janeiro.

De acordo com Dirce dos Santos, no início da década 1960 a Imobiliária Ingaí, começou loteando os terrenos, sendo Nelo Morganti o vendedor. A respei-to da origem do nome do loteamento, contam que foi uma homenagem em vida a Maria Dirce, casada com um dos fi lhos de Nelo Morganti. Relatam também que no ano 1975 ela matou o esposo, porém o nome já ha-via sido atribuído ao bairro e assim permaneceu.

ESCOLA ESTADUAL – OSWALDO SAMPAIO ALVES

Localizada à rua Ouricuri, 168. Criada pelo decreto no 17.968 de 26/11/1947. Oswaldo Sampaio Alves ( 1949 – 1980), morreu jovem aos 31 anos de idade, em Guarulhos. Durante sua vida manteve uma rotina constante de estudos, voltados para a compreensão da vida em sociedade. Era inicialmente técnico de contabilida-de, logo em seguida graduou-se, cursando Cienciais Sociais na Pontifi cia Universidade Catolica de São

Paulo (PUC), Estudos Sociais na Faculdade Farias Brito, em Guarulhos, bem como dinâmicas para o desenvolvimento de recursos humanos na Faculdade Metropolitana Unidas (FMU), marketing na Funda-ção Brasileira de Marketing (FBM), além de geogra-fi a física na Faculdade Farias Brito. Na Secretaria de Educação, tendo em vista sua formação e experiência profi ssinal foi contrata-do como técnico-assistente, para atuar no Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), assessorando o depatamento de cultura dos municipios.

Antigo prédio de 1947, atual Escola Estadual Oswaldo Sampaio Alves, foto de 1967.

Acervo família Vale.

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NONOOOOOOOOOOOOOOSSSAAA A A A A AA A A CICICICICICICICIDADADADADADADADADEDEDEDEDEDE, , NONONONONOSSSSSSSSSSOSOSOSOS BBBBAIAIAIRRRRROSOOS!! - REREEREVEVEEEVEVELALALAALALALALANDNDNDNDNDNDNDN OOO O O AAAAAAAAAAAAA AA HIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHIHISTSTSTSSSSSSSSS ÓÓÓÓRRÓÓ IAIA DDOS PPIMMENENTATAS S E E REGIG ÃO

Pensamos que o maior patrimônio que uma cidade, um bairro tem é a sua gente. Toda riqueza material e imaterial é produzida por “suas gentes”. São os seres humanos que atribuem signifi cados às coisas. Pessoas se parecem, mas não são iguais. Cabelos crespos, lisos, loiros ou castanhos. Por trás de cada sorriso, cor de pele, tipo de roupa, habita um ser que pensa, ri, ama, odeia e chora.

Se algum dia a vida humana for destruída, não existirá memória, as coisas perdem os seus signifi ca-dos. Os patrimônios têm suas simbologias porque são atribuídos pelos seres humanos. A espécie humana é responsável pelos signifi cados e pela transmissão do conhecimento para as gerações do presente e do futuro.

9 – PATRIMÔNIOS CULTURAIS MATERIAIS E IMATERIAIS

Casa do Seu Custódio. Um dos antigos casarões do Bairro dos Pimentas. Obra de Vanderlei da Luz (Dedei).

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Patrimônio cultural, material e imaterial”, é todo elemento natural ou cultural herdado do passa-do ou criado no presente, no qual um determinado grupo social reconhece sinais de suas identidades. Além do palpável, o patrimônio inclui as manifesta-ções culturais, tradicionais e populares, fruto da cria-ção coletiva que emana de grupos ou etnias.

Patrimônio Cultural não são somente aqueles bens que se herdam dos nossos antepassados. São tam-bém os que se produzem no presente como expressão de cada geração, nosso Patrimônio Vivo: artesanatos, uti-lização de plantas como alimentos e remédios, formas de trabalhar, plantar, cultivar e colher, pescar, construir moradias, meios de transporte, culinária, folguedos, ex-pressões artísticas e religiosas, jogos etc. É com todo esse Patrimônio, material, imaterial, consagrado e não con-sagrado que podemos trabalhar num processo constante de conhecimento e descoberta. Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN).

Núcleo histórico do bairro dos Pimentas - Re-fl etindo a respeito da unidade histórica, política e ad-ministrativa dos municípios brasileiros (antigas vilas), enquanto, a cidade de Guarulhos possui um Centro Histórico, no Bairro dos Pimentas defi nimos a atual Praça Felício Antônio Alves, como Núcleo Histórico.

A defi nição “Centro Histórico”, é adequada as localidades que congregam valores simbólicos, relati-vos a fundação, a transformação e o desenvolvimen-to da cidade. Núcleo histó-rico, expressa a ideia de uma centralidade com a maior quantidade de caracterís-ticas da ocupação urbana mais antiga, em meio a pai-sagem contemporânea. O Núcleo histórico, é despro-vido das funções públicas e administrativas, próprias do município, exemplo, os po-deres: executivo, legislativo e judiciário, entre outros.

A atual Praça Felício Antônio Alves, devido a sua

localização, formato e a existência de um caminho, muito antigo, além de estar situada, acima da íngre-me subida do Rio Tietê, certamente nos primórdios do bairro, foi um pouso de descanso de tropeiros, bem como de outros caminhantes.

Dois personagens, com registros na história da cidade e do Bairro dos Pimentas, tiveram suas casas situadas na referida praça. De acordo com Benedi-to Felix do Prado, a senhora Anna Pimenta, tinha a sua casa localizada, exatamente, aonde encontra-se, atualmente a Unidade Básica de Saúde – Pimentas. De acordo com relatos familiares, Felício Antônio Alves (patrono da praça), produtor rural, ex-verea-dor e ex-prefeito de Guarulhos (1915-1916), teve um casarão, dotado com uma venda de secos e mo-lhados, além da primeira Escola Mista do Bairro dos Pimentas (masculina e feminina), na praça que lem-bra seu nome.

Até, pouco mais da segunda metade do sécu-lo XX, quase toda vida política, cultural e religiosa convergia para o Núcleo Histórico do Bairro dos Pi-mentas – Memoráveis comemorações das vitórias do time de futebol Bela Vista, bem como as festas e na-moros nos bailes do clube, diga-se, o mais antigo do Pimentas, procissões religiosas etc. Nas edifi cações no entorno da praça, ainda pode ser observados os remanescentes construtivos mais antigos do Bairro dos Pimentas.

Atual Praça Prefeito Felício Antônio Alves em 2014. Casa comercial, construída na dé-cada de 1940 por Artur Rezende. Localidade conhecida antigamente como Alto

da Ponte de São Miguel.

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Rochas de 790 milhões de anos – As rochas que se encontram expostas na Estrada Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (Jardim Arujá, Pimentas) fa-zem parte de uma sequência de rochas de uma cadeia de montanhas subterrâneas do Domínio Embu, que possui idade estimada em 790 milhões de anos, se-gundo o geólogo Edson José de Barros (Prefeitura de Guarulhos). A cadeia rochosa do Domínio Embu, em Guarulhos está situada numa faixa média de aproxi-madamente 660 metros acima do nível do mar. Cum-pre uma função (de ser barreira física), impedindo a expansão natural da várzea do Rio Tietê no sentido norte do município. Além do Bairro dos Pimentas, rochas da mesma cadeia, podem ser observadas na Rua Abraham Lincoln (fundos do Fórum), na Aveni-da Tiradentes (proximidades da Associação Cristã de Moços), no Bairro Ponte Grande, na Praça da Pedra (Macedo) e na antiga Pedreira da Vila Fátima.

As rochas mais antigas de Guarulhos encon-tram-se na porção nordeste do município, idade esti-mada em 1,6 bilhão de anos. Foram formadas quan-do “Guarulhos” era coberto por um oceano, tinha terremotos e vulcões (Domínio Serra do Itaberaba).

Rocha de 790 milhões de anos no Jardim Arujá em 2011.

Fábrica de pólvora Trotil – No Bairro dos Pi-mentas, Loteamento Jardim Arujá (divisa com São Miguel Paulista), existe uma imensa estrutura, co-nhecida popularmente por Fábrica de Pólvora. De acordo com os moradores mais antigos, a fábrica en-trou em funcionamento em 1939. Em 1945, ocor-reu uma explosão que matou diversos trabalhadores.

O projeto e a construção revelam a intenção de um país que se preparava para a Segunda Guerra Munidial. São vários túneis e caixas, alguns subter-râneos, construídos com concreto armado e tijolos, e com várias interseções entre si. Na Prefeitura de Guarulhos não consta nenhum registro sobre a fábri-ca. Para o Município é algo clandestino. Certamente um segredo de Guerra.

Remanescente da estrutura da Fábrica de Pólvora Trotilem 2011.

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Alambique Casteluche – É um dos pontos tu-rísticos do Bairro dos Pimentas com 76 anos de histó-ria. Foi fundado em 1937. A Adega Alambique Cas-teluche mantém uma tradição de fabricar e comercia-lizar mais de trinta tipos de bebidas, (vinhos, licores e cachaças dos mais diversos sabores e estilos). Segundo os proprietários, eles têm clientes de vários locais que há mais de 50 anos realizam compras de bebidas no local. Os donos atuais são a terceira geração.

Alambique Casteluche na Estrada Velha Guarulhos-São Miguel.

Esporte Clube Bela Vista – Os primeiros jogos aconteceram, a partir de 1947 em um pequeno campo improvisado. Dia três de janeiro de 1949, é a data ofi -cial de fundação do “Esporte Clube Bela Vista, o time de futebol e clube, mais antigo do bairro dos Pimentas.

Conta Joaquinzão: Joguei no Bela Vista 38 anos – 1959-1997. O campo fi cava na esquina da Estrada do Sacramento com a atual Estrada Presi-dente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Era muito difi cil manter um time, tinhamos poucos jogadores, muitos de nós jogavamos no primiro e no segundo quadro. A primeira sede do clube fi cava na atual Pra-ça Prefeito Felicio Antônio Alves, no fundo do bar do Xixo (Francisco Arena). O Bela Vista foi fundado por Fausto Galo e o seu Paulino Pereira (Paulo Bar-beiro, também tecnico do time, faslecido em 1966).

A segunda sede do Bela Vista, encontra-se na Viela Pimentas. O terreno foi doado por João Braz da Cunha (apelido, João Leite). Em 1984-1985, fomos campeões da Liga de Futebol Guarulhense. No dia três de janeiro de 2014, o Esporte Clube Bela Vista completou 65 anos de muitas histórias e conquistas.

Esporte Clube Bela Vista, fundado em 3 de janeiro de 1949. Acervo da Família Felício Antônio Alves.

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Patrimônios in Memoriam É muito comum usar a expressão “in me-

moriam” em homenagem a alguém que já faleceu. Nessa oportunidade utilizamos o conceito para re-lembrar alguns momentos da história do bairro dos Pimentas, expressos em patrimônios materiais, hábi-tos, usos e costumes “riscados” da paisagem, porém, ainda, presentes na memória coletiva.

Hospital e Maternidade Santa Terezinha – por meio de relatos arais, foi dito que a grande maioria das pessoas do bairro dos Pimentas e de São Miguel, entre as décadas 1950-1990 eram atendidas no Hos-pital e Maternidade Santa Terezinha. A construção, que é da década de 1950, foi resultado de uma par-ceria entre a família Castellucci e José Ermírio de Moraes (dono da Nitro Química e da Fábrica de Pólvora. Em 1957, as Irmãs Carmelitas passaram a administrar o hospital. A demolição do prédio acor-reu em 1994.

Relembra Iracema Castelucci: a maioria das crianças do bairro dos Pimentas e de São Miguel nasceram no Santa Terezinha. Recordo, também da mina de água recolhida numa caixa grande, que abastecia os moradores do Jardim Helena.

Monumento em homenagem à Família Gua-rulhense – Obra que se encontra ao lado do Terminal Urbano do Bairro dos Pimentas. Segundo o autor, Gilmar Pinna, os cavalos simbolizam a época dos tro-peiros; os peixes, os indígenas Guarulhos; os anjos, a ocupação do espaço aéreo; o casal e os três fi lhos, a família atual. Exposto desde 23 de outubro de 2011.

Monumento em homenagem à família guarulhense em 2014.

Hospital e Maternidade Santa Terezinha. Acervo do Restaurante Piassi, São Miguel Paulista.

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Lembranças dos Banhos e Pescarias no Rio Tie-tê – o Rio Tietê, cujo antigo nome era Rio das Anhu-mas ou Anhembi, é um símbolo da história natural do Estado de São Paulo. Com 1.100 quilômetros, nasce em Salesópolis, entre tantas localidades passa pela re-gião dos Pimentas e deságua no Rio Paraná, esse por sua vez no Rio da Prata, e fi nalmente as águas do Tie-tê desembocam no Oceano Atlântico. Os moradores mais antigos falam com alegria da época em que toma-vam banhos, andavam de barcos, faziam piqueniques e pescavam no Tietê, ao mesmo tempo, expressam a tristeza de ver a sujeira no Tietê.

O rio, que hoje luta contra a poluição, deixou marcas nas memórias de várias gerações de guarulhen-ses: ...Nós curtíamos o Tietê como se fosse o quin-tal da nossa casa. Era uma Guarulhos que começava a despontar para o mundo nas primeiras décadas do século XX. Queremos o nosso rio de volta! Bradam, os mais saudosos.

Antiga Delegacia do Bairro dos Pimentas – mui-ta gente não sabe, mas o bairro dos Pimentas, entre 1966 e 1968 teve uma subdelegacia. Cantou Joaquim Antônio Venâncio (Joaquinzão): ...A cela da subde-legacia era uma jaulinha, fi cava no porão do Esporte

Época em que se pescavam e tomavam banho no Rio Tietê. Proximidades do Hospital e Maternidade Santa Terezinha. Acervo do Restaurante Piassi, São Miguel Paulista.

Sub-delegacia do bairro, na década de 1960, localizado na Viela Pimentas. Sede do Esporte Clube Bela Vista.

Clube Bela Vista, na atual viela Pimentas. Na Praça Prefeito Felício Antônio Alves fi cavam circulando dois soldados e me lembro que respondia pela subdelegacia o delegado, doutor Mário Jordão.

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O pote de ouro do bairro dos Pimentas

Em uma das ruas do bairro dos Pimentas, mui-to antigamente, um índio velho enterrou um pote cheio de ouro. Segundo a lenda, quem achar esse pote fi cará muito rico para sempre. Aos interessados pelo ouro do pote, a próxima e defi nitiva revelação será feita no meio de uma noite bem escura. Fiquem atentos a um fi o luminoso! Quem já testemunhou a primeira revelação conta:

– Meu pai era dono de uma olaria no bairro dos Pimentas. Durante o dia fazía-mos tijolos e à noite trabalhávamos nos fornos queimando os mesmos com fogo de lenha. Certa noite, quando nossos 15 cachorros dormiam na cinza quente em volta dos fornos, começaram todos a la-tir ao mesmo tempo e a correr rumo a um pequeno topo do morro.

Nisso, os adultos e as crian-ças fi caram assustadas e com olhar seguiram a corrida dos ca-chorros. A poucos metros nós avistamos, entre dois pés de araucária muito antigos, uma luz que brotava do fundo da terra. De repente, tudo fi cou iluminado.

Notamos que uma peneira dourada foi se le-vantando, bailando no céu e formando um fi o dou-rado. Do atual Jardim Angélica ao Jardim Arujá, localidade das grandes rochas na Estrada Juscelino Kubitschek, o céu fi cou completamente iluminado por um fi o dourado. A peneira reluzente ia e voltava, formando um arco-íris.

Muitos anos se passaram e um dos meninos, quando adulto, contou a história para sua advogada, a doutora Zenia. Por sua vez, Zenia se lembrou do conto “A Mãe-do-Ouro” e disse ao cliente:

– No local aonde esse fi o levantou existe ouro e acho por bem escavar o lugar.

Alguns dias depois, a advogada compareceu à localidade com uma varinha mágica. Ao passar a varinha entre os dois pés de araucária, todos perce-

beram o curvatura da vara, ao ponto de encostar no chão. Nesse momento, uma única pessoa ouviu vo-zes do além, teve arrepio no corpo e viu pequenas faíscas douradas emanarem-se das profundezas da terra. Não falou nada, porém, cresceu a convicção da existência do ouro, a ponto de convencer a escavá-lo.

Em seguida, os homens da família “Leme do Prado” foram convocados. Equipados com enxadas, enxadões, picaretas e cavadeiras começaram a correr

atrás do ouro. Depois de retirar bastante argila do local formou-se um buraco. Enquanto isso, as

mulheres bem como as crianças assistiam curiosas a movimentação dos homens es-cavadores. Sobre eles, depositavam o so-nho de dias melhores.

Um dos mais experientes que tra-balhava no centro da cava sentiu o corpo vibrar e a chibanca de ferro afundar-se lentamente, deslizando e ganhando cores douradas. Era um pote de ouro que a chi-banca estava penetrando sem nenhum esforço humano. O ouro começou a

jorrar e iluminou o céu. Todas as crianças correram para local e cerca-ram a boca da cava. As mulheres che-

garam por último. Ouviu-se um grito. – Doutora, é ouro, estamos todos

ricos, às custas do índio velho. O grito fez apagar o brilho que emanava da cava.

O encanto quebrou, o pote se refez e o ouro sumiu. Os garimpeiros fi caram indignados. As mulheres perplexas e as crianças encantadas voltaram as suas casas.

De repente o bairro começou a escurecer, tudo muito escuro, mais que um breu. Em seguida a terra começou a tremer, fortes trovões, relâmpagos, raios e muita chuva. A enxurrada era tão forte que entupiu a cava do Pote de Ouro. As araucárias foram racha-das ao meio pelos raios da tempestade. Do lado dos troncos das árvores centenárias, machados de pedras polidas, fabricadas pelos indígenas, fi caram expostos.

Ao amanhecer, em busca de uma explicação, a advogada e alguns homens que trabalharam na aber-tura da cava foram ao bairro Itaquera na casa de uma

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rezadeira. Quando estavam entrando no quintal da velha bruxa, ela de longe disse:

– Voltem para onde vocês vieram e não me fa-çam nenhuma pergunta. Agora, para desenterrar o pote de ouro é necessário esperar vencer os 200 anos, pre-vistos pelo índio velho. Está muito próxima essa data. Prestem atenção! No escuro da noite, aonde a peneira dourada cair, estará o pote de ouro. Quem achá-lo, de-verá fi car em silêncio. Essa pessoa fi cará rica para sem-pre, desde que nunca revele o segredo da sua riqueza.

Fonte: História oral recolhida por Elton Soares de Oliveira, contada por Benedito Félix do Prado, tataraneto de Anna Pimenta (parte mater-na). Conta Benedito Félix do Prado que na margem direita do Córrego do Moinho velho, existiu uma trilha indígena, que se ligava a atual Estrada Jusce-lino, e um pouso dos indígenas, embaixo de dois pés de araucária. Os indígenas se alimentavam com o pião das araucárias durante sua permanência no trajeto, vindos dos lados do Bonsucesso, sentido a São Miguel Paulista.

MONTE DOS PIMENTAS DE ORAÇÃO

É uma prática secular dos cristãos orar em lu-gares altos. Na história do Cristianismo, o monte

mais conhecido é o Monte das Oliveiras, situado a leste da cidade antiga de Jerusalém, em Israel, onde Jesus Cristo se isolava para orar. Se em Jerusalém existe o Monte das Oliveiras, temos em Guarulhos o Monte dos Pimentas. Na cidade, mais três montes consagrados atraem milhares de fi éis: Monte do Co-caia, da Água Azul e Soberana.

De acordo com Sérgio Ribeiro Fogo Puro e Antônio Carlos de Melo, em 1986, os pastores Wil-lis e Guerreiro, bem como o presbítero Sérgio e o evangelista Antônio Carlos, foram os iniciadores do “Monte de Orações Bairro dos Pimentas”. Situado no topo de um monte de rochas cristalinas, coberto pela Mata Atlântica, em sua entrada se percebe um grande espaço de acolhimento. Adentrando a mata encontram-se pequenos arraiais de orações e na par-te reservada fi ca o Vale de Jaboque. Chamado Vale da Decisão em referência à luta de Jacó com o anjo do Senhor. Naquela noite, Jacó levantou-se, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze fi -lhos para atravessar o lugar de passagem do Jaboque (Genesis 32:22).

O “Monte dos Pimentas de Oração” fi ca no quilometro 27 da Rodovia Ayrton Sena, no lado di-reito para quem se desloca de Guarulhos ao Vale do Paraíba e é frequentado dia e noite por centenas de cristãos, principalmente evangélicos pentecostais.

Arraial de Oração em 2014.

Monte dos Pimentas, na Rodovia Ayrton Senna no km 27, em 2014.

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Todos os entes da República Federativa do Brasil têm os seus respectivos símbolos ofi ciais: a Bandeira, o Brasão de Armas e o Hino no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e tam-bém o Selo Nacional, no caso da União. O Selo Nacional reproduz a esfera existente no centro da Ban-deira do Brasil e é de uso obrigatório em qualquer ato do governo e em diplomas e certifi cados escolares.

Já o Brasão de Armas da União deve estar presente em todos os edifícios sede dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como nos quartéis militares e policiais de todo o País. Os pa-péis ofi ciais federais também devem ser timbrados com o Brasão de Armas Nacional.

10 – SÍMBOLOS OFICIAIS

Igualdade. Óleo sobre tela, 1999. Encontra-se exposto na parte

interna da Câmara de Vereadores de Guarulhos. Esta obra tem mais

de 400 reproduções espalhadas por todo Brasil. O pintor baiano Haroldo

Santos, autor da obra, é morador do bairro Água Azul, no

Município de Guarulhos e ativista do Movimento Negro.

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mos de trigo fazem referência às duas mais antigas culturas agrícolas brasileiras. Na fi ta, a frase latina vere pavlislarvm sangvis mevs (meu sangue é ver-dadeiramente paulista).

SEGUNDO BRASÃO

No dia 7 de dezembro de 1971, a Câmara Municipal decretou e o interventor federal nomea-do pelo Regime Militar (junho de 1970-janeiro de 1973), Jean Pierre Herman de Morais Barros, pro-mulgou a Lei no 1.679. Essa lei regulamentou o Ato no 87 – que instituíra o Brasão guarulhense em 1932 –, instituiu a Bandeira Municipal e ofi cializou o Hino a Guarulhos, escolhido por concurso durante as comemorações do IV Centenário da cidade em 1960. Com a promulgação da referida lei, foi cria-da uma segunda versão do Brasão: a representação bandeirante foi suprimida e as fi guras indígenas fi -caram muito diferentes dos indígenas brasileiros.

TERCEIRO BRASÃO

SÍMBOLOS DE GUARULHOS

O Brasão de Armas foi o primeiro símbolo ofi -cial instituído no Município, em 1932. A Bandeira e o Hino foram ofi cializados 39 anos depois (1971), em-bora o Hino a Guarulhos tenha surgido em 1960, por meio de um concurso realizado como parte das come-morações do IV Centenário de fundação da cidade.

No dia 1o de fevereiro de 1932, pouco mais de cinco meses antes da “Revolução” Constitucionalis-ta, foi instituído o Ato no 87, pelo prefeito nomeado pela Ditadura Vargas, o major reformado da Polícia Militar Ariovaldo Panadés (abril de 1931-agosto de 1932), o Brasão de Armas, primeiro dos três símbo-los ofi ciais do Município. Elaborado pelo engenheiro Affonso Taunay, o Brasão se tornaria de uso obriga-tório, a partir de setembro, em todas as repartições e impressos da municipalidade.

VERSÕES DO BRASÃO DE ARMAS GUARULHENSE

PRIMEIRO BRASÃO

Segundo a descrição ofi cial do primeiro bra-são, acima do escudo português está a coroa priva-tiva das municipalidades. A lua crescente represen-ta Nossa Senhora da Conceição e a cruz simboliza a presença da instituição católica no Município. As três cabeças homenageiam os indígenas, os bandei-rantes e os colonizadores portugueses e as aves ao lado do escudo são anhumas, que outrora empres-taram seu nome ao Rio Tietê (Anhembi, palavra de origem indígena que signifi ca “das Anhumas”). Abaixo do escudo, feixes de cana-de-açúcar e ra-

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No início dos anos 1990, o prefeito eleito Pas-choal Thomeu (1989-1992) nomeou uma comissão que fez novas modifi cações no Brasão. Essa terceira versão foi aprovada pela Câmara Municipal por meio da Lei no 3.761, de 24 de abril de 1991.

BRASÃO ATUAL

No dia 25 de março de 2008, a Lei municipal no 6.357 instituiu a quarta e, até agora, última ver-são do Brasão de Armas guarulhense. Ao inserir uma fi gura feminina e outra de um negro num dos

símbolos ofi ciais do Município, o Poder Público da cidade reconheceu a contribuição das mulheres e dos povos africanos e seus descendentes para a formação da cidade.

BANDEIRA

Instituída pela Lei no 1.679, de 7 de dezembro de 1971, e calcada no trabalho do heraldista Arci-noé Antônio Peixoto Faria, a Bandeira Municipal simboliza o espírito cristão de Guarulhos (esquar-tejamento em cruz), a administração municipal (Brasão) e a sede do governo (losango). As faixas determinam o Poder Municipal a expandir-se por todos os quadrantes do território, e os quartéis re-presentam as suas propriedades rurais.

O azul simboliza a justiça, a nobreza e a per-severança. O selo, a lealdade, a recreação e a for-mosura. O branco representa paz, trabalho, amiza-de, prosperidade e pureza. O amor, a dedicação, a audácia, o desprendimento, o valor, a intrepidez, a coragem e a valentia são simbolizados pelo verme-lho (Fonte: www.guarulhos.gov.sp.br).

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HINO A GUARULHOS

A letra do Hino a Guarulhos foi escrita pela Profª Nicolina Bispo, com música de Vicente Aricó Júnior e orquestração de Wenceslau Nasari Campos. O Hino foi lançado em 1960, mas só foi instituído como símbolo ofi cial do Município em 1971.

Sob o céu desta pátria queridamais cem anos de luta e labor

cingem hoje o teu nome guarulhos,que se ergueu por seu próprio valor.

Chaminés, como lanças erguidas,nos apontam o caminho a seguir

trabalhando, vencendo empecilhos,desfraldando o pendão do porvir.

Tuas praças são livros abertos,onde lemos futuro e glória.

crispiniano e bueno fulguramcomo vultos eternos na história.

Que teu nome em mais um centenárioe na língua tupi proclamado,

seja um hino de paz, de esperança,por teu povo feliz entoado.

Pequenina nasceste, joão álvares,jesuíta, benzeu-te com fé

tu és hoje cidade progresso,uma terra que vence de pé.

Eia, pois, guarulhenses, avante,com bravura na luta febril,

por são paulo e por tudo o que é nosso,e, acima de tudo o brasil!

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BANDEIRAS DAS REGIÕESADMINISTRATIVAS DE GUARULHOS

Cada vila, bairro e região de Guarulhos guar-da suas características culturais, sociais, políticas, ambientais e econômicas diferenciadas.

O Centro é diferente do Pimentas, que é di-ferente do Cabuçu, que é diferente de Cumbica e, assim, sucessivamente.

Na busca e afi rmação da identidade de cada região de Guarulhos, no dia 11 de agosto de 2008, o Decreto Municipal no 25.694 instituiu as bandei-ras que identifi cam cada uma das Unidades de Pla-nejamento Regional de Guarulhos. Todas elas são apresentadas a seguir:

São João. Os traços que identifi cam essa UPR são a Estrada Guarulhos-Nazaré, o Conjunto Haroldo Veloso e as montanhas, remetem à tradi-ção regional e à preservação arquitetônica.

Capelinha. A bateia, associada à mineração de ouro e a Capela Nossa Senhora de Bom Jesus representam a tradição histórica, a religiosidade e o patrimônio ambiental.

Tanque Grande. A região é caracterizada pela existência do manancial do Rio Tanque Gran-de, simbolizando a conservação do patrimônio am-biental e o abastecimento de água.

Centro. Identifi cada pela Igreja Nossa Senhora da Conceição, pelo Centro de Educação Adamastor e pelo Viaduto Cidade de Guarulhos, a bandeira repre-senta a religiosidade, a cultura e o progresso.

Bonsucesso. O Santuário de Nossa Senhora de Bonsucesso é a principal marca dessa região, pela sua tradição histórica, cultural e religiosa.

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Cabuçu. A araucária, espécie nativa dessa unidade, e a represa do Cabuçu representam, res-pectivamente, o patrimônio ambiental e o abaste-cimento de água.

Taboão. A Praça 8 de Dezembro, as monta-nhas da Serra da Cantareira ao Fundo, as constru-ções, as taboas e o Aeroporto Internacional repre-sentam a tradição e o progresso da região.

Vila Galvão. Por meio da primeira estação fer-roviária (Praça Santos Dumont) e do Lago dos Patos, essa bandeira representa o progresso e o lazer.

Pimentas. A bandeira ressalta a presença dos serviços públicos, a educação, a cultura e o progresso, com a existência, nesta UPR, do Hospi-tal Municipal Pimentas-Bonsucesso, da Unifesp e do Teatro Adamastor Pimentas

Cumbica. O layout da bandeira mostra que essa região também é identifi cada pelo Polo Indus-trial e pelo transporte aéreo.

Jaguari. A suçuarana (espécie de onça) e as montanhas são exemplares do patrimônio ambien-tal (fauna e fl ora) dessa região.

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GALERIA DE PREFEITOS INDICADOS E ELEITOS POR VOTO DIRETO

Capitão GabrielJosé Antônio1908 a 1915

Felício Antônio Alves1915 a 1916

Zeferino Piresde Freitas

1917 a 1919

José Maurício de Oliveira Sobrinho

1919 a 19301940 a 1945

João Eduardoda Silva

1930

Delezino de Almeida Franco

1930 a 1931

Dr. Alberto Cardoso de Melo

1931

Major AriovaldoPanadés

1931 a 1933

Dr. Alfredo Ferreira Paulino Filho

1932

Carlos Panadés1933

Guilhermino Rodrigues de Lima

1933 a 1938

Gentil Bicudo1936, 1938 e 1945

José Saraceni1936

Major José Moreira Matos

1938 a 1940

Dr. Heitor Mauríciode Oliveira1945 a 1947

Vasco Elídio Egidio Brancaleoni

1945

Dulce InsueloMacedo

1947

João MendonçaFalcão1947

Dr. Olivier Ramos Nogueira

1947 a 1948

Fioravante Iervolino1948 a 19521957 a 1961

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Antônio Prátici1952 a 1953

Rinaldo Poli1953 a 1957

Dr. Mário Antonelli1961 a 1966

Francisco Antunes Filho1962

Waldomiro Pompêo1966 a 19701973 a 1977

Alfredo Antônio Nader1970

Jean Pierre Hermann de Morais Barros

1970 a 1973

Prof. Néfi Tales1977 a 19821997 a 1998

Dr. Rafael Rodrigues Filho

1982 a 1983

Dr. Oswaldode Carlos

1983 a 1988

Paschoal Thomeu1988 a 1992

Vicentino Papotto1993 a 1996

Jovino Cândidoda Silva

1998 a 2000

Elói Pietá2001 a 20042005 a 2008

Sebastião Almeida2009 a 2012

Obs.: Não constam nesta galeria as fotos dos intendentes (cargo correspondente ao de prefeito) – Capitão Joaquim Francisco de Paula Rebello; Antônio José Siqueira Bueno; Junta de Intendentes (Vicente Ferreira de Siqueira Bueno, Felício Marcondes Munhoz, Antônio Dias Tavares e Luiz Dini); Jesuíno José de Souza; Lúcio Francisco Pereira Paiva; Lúcio Francis-co Pereira; João Francisco da Silva Portilho; Dr. Leonardo Valardi; Capitão João Teófi lo de Assis Ferreira. Fonte: Noronha, 1960, p. 65, 66 e 67.

Ata de instalação da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos (Município):

“Aos vinte e quatro dias do mês de janeiro de 1881, nesta Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, co-marca da imperial cidade de São Paulo, na casa destinada para sessões da Câmara Municipal da mesma, ao meio-dia, comparecerão os Srs. Presidente e Vereadores da Câmara Municipal da Capital, D. João Mendes de Almeida Junior, Américo Brasiliense, Almada Melho, Antônio Francisco Aguiar Castro, Augusto de Souza Queiróz, TTE Cel. Antônio José Fernandes Braga, para a instalação da Câmara Municipal da Vila de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, e dar juramento e posse aos vereadores eleitos (...)”

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UM PREFEITO DO BAIRRO DOS PIMENTAS

Trata-se de Felício Antônio Alves (1876-1952). Ele nasceu e morou a vida toda no bairro dos Pi-mentas. Era fi lho de Zeferino Alves e Joana Conceição. Aos trinta anos casou-se com Rita Marcondes (fi lha de Pedro Celestino Marcondes), descendente de família tradicional do bairro do Bonsucesso e políticos infl uentes na cidade.

Foi pai de seis fi lhos: Joaquina Marcondes Alves, José Marcondes Alves, Ermelinda Marcondes Alves, João Marcondes Alves, Maria de Lourdes Alves e Odila Marcondes Alves. No casarão da família “Alves” funcionou a primeira escola mista (masculina e feminina), do bairro dos Pimentas.

No bairro dos Pimentas, Felício Antônio Alves foi agricultor, pecuarista, comerciante e, aos 32 anos de idade, candidatou-se e foi eleito vereador em três legislaturas: 1908-1910; 1911-1914; 1915-1916, além de prefeito de Guaru-lhos de 1915 a 1916. Nesse período, o atual cargo de prefeito era chamado de

intendente, sendo escolhido entre os vereadores eleitos. Após o agravamento de glaucoma, faleceu no dia 4 de ju-lho de 1952, sendo sepultado no cemitério velho de São Miguel. A respeito de Guilhermino Rodrigues de Lima ver o histórico da Escola do Loteamento Jardim Arujá.

Casarão do ex-prefeito Felício Antonio Alves, que fi cava localizado onde hoje é o atual estacionamento do su-permercado Nagumo, de frente para a av. Juscelino Kubistchek. Neste casarão funcionou, a partir da década de 1930, a primeira escola mista do bairro dos Pimentas. Casarão demolido em 1982. Obra de Wanderley da Luz.

Felício Antônio Alves.

João Marcondes Alves, nasceu em 1927 e Maria de Lourdes Alves, nasceu em 1928. Filhos de Felício Antônio Alves. Foto de 2011.

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PRESIDENTES DA REPÚBLICA E A REGIÃO DOS PIMENTAS

Registra a história cinco nomes de presidentes da República com vínculos diretos com a região dos Pimentas: Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff .

Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) chegou à presidência da República como líder civil da Revolução de 1930, depondo Washington Luís e impedindo a posse de Júlio Prestes. Vargas, durante seu primeiro governo, foi convencido por José Ermírio de Moraes, dono da Nitro Química e da Fábrica de Pólvora (Jardim Arujá, bairro dos Pimentas), a cooperar com a isenção de impostos, facilitando a implantação das duas fábricas: uma no bairro de São Miguel e a outra no bairro dos Pimentas, respectivamen-te, 1937 e 1939.

Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) foi um militar brasileiro, bem como o 16º pre-sidente do Brasil. Durante seu governo, à frente da presidência da República construiu a Via Dutra, inaugurada no dia 15 de julho de 1951 (trecho de Guarulhos), rodovia que atravessa a região dos Pimentas, cujo empreendimento colaborou para a ocupação urbana da região, entre outros aspectos.

Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976) foi presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Durante seu mandato agilizou a política industrial, o desenvolvimentis-mo e construiu Brasília. Dada a notoriedade do seu nome, a antiga Estrada Velha do Bonsucesso, via de ligação da região dos Pimentas com Bonsucesso e com São Miguel Paulista, passou a se chamar “ Estrada Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, no fi nal da década 1970.

Luiz Inácio Lula da Silva (Caetés, 1945), ex-metalúrgico e ex-sindicalista, fundador e fi liado ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi o 35º presidente da República do Brasil. Durante sua gestão (2003 a 2011), foi o primeiro presidente a visitar a região dos Pi-mentas por duas vezes, que foi benefi ciada com três grandes obras: Trevo do Bonsucesso, construção do hospital Pimentas-Bonsucesso e a implantação do Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Dilma Vana Rousseff (Belo Horizonte, 1947), economista e fi liada ao Partido dos Trabalhadores (PT), atual presidenta da República do Brasil, esteve no dia 7 de novembro de 2013 no Centro Unifi cado de Educação (CEU Pimentas), onde anunciou investimen-tos fi nanceiros do Governo Federal em obras de mobilidade urbana, entra elas no Trevo do Bonsucesso.

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DANIEL CARLOS DE CAMPOS

Nasci na primavera de 1975 em São Caetano do Sul, uma das cidades do conhecido ABC paulista. Possuo gra-dua ção em Arquitetura e Urbanismo e mestrado em Análise Geoambiental. Participei da elaboração do Plano Diretor de Drenagem de Guarulhos (2003-2008) e de todo o processo de licenciamento ambiental do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos (2004-2008), entre outros projetos vinculados à proteção e preservação ambiental. A partir dessas experiências técnicas, comecei a pesquisar sobre a História Natural e Social de Guarulhos a convite do historia-dor Elton Soares de Oliveira. Hoje, além das pesquisas que realizo, sou professor na Universidade Guarulhos no curso de Arquitetura e Urbanismo.

ELTON SOARES DE OLIVEIRA

Nasci no distrito de Irundiara, município de Jacaraci, Bahia. Sou fi lho de José de Oliveira Neto eJuvencília Soares de Oliveira e chegamos a Guarulhos em 1973. Meu pai era carpinteiro e logo ingressou na obra de construção do parque Cecap. Minha mãe sempre foi costureira. Estuduei em escola pública e me tornei historiador formando nas Faculdades Integradas de Ciências Huma-nas, Saúde e Educação de Guarulhos (Figuinha). Como pesquisador de história local desde 1980, dedico meus dias e partes das noites para conhecer os lugres e o modo de vida das pessoas, especialmente em Guarulhos. Sou professor de história local, de oratória e apresentador do programa Destaque Repórter, Tv Destaque de Guarulhos. Além de militante das áreas de história, cultura e meio ambiente, sou autor e co-autor de vários livros, pesquisas e artigos sobre a história de Guarulhos, SP e de Jacaraci, BA. Contato: [email protected]

JOSÉ ABÍLIO FERREIRA

Iniciei as minhas atividades literárias em 1984, quando ingressei no Quiloomboje-Literatura, grupo de escri-tores responsável pela edição da série Cadernos Negros, que por sua vez é uma antologia anual publicada ininterrup-tamente desde 1978, e que reune poetas e contistas de todo o Brasil. Deixei o grupo em 1990. Jornalista graduado em 1986, combino literatura e jornalismo em minha produção que inclui um livro de po-emas em contos (Fogo do olhar – 1989), uma novela (Antes do carnaval – 1995). participações em antologias de ensaios (Refl exões sobre a literatura afro-brasileira – 1986; e Criação crioula, nu elefante branco – 1987), além de publicações e pesquisa historiográfi ca sobre cidades brasileiras. Sou um dos 100 escritores estudados na antologia crítica Literatura e afrodescendência no Brasil, publicado em quatro volumes pela editora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2011. Entre outras atividades literárias e culturais.

AUTORES

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ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de História Colonial & Os caminhos Antigos e o Povoamento do Brasil. 5a ed. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1963. (Col. Biblioteca Básica Brasileira, v. 2).

ACTAS DA CÂMARA DA VILLA DE SÃO PAULO. São Paulo: Arquivo Municipal de São Paulo/Duprat & Comp., 1915, v. 2.

ALMEIDA, F. F. M. de., RIBEIRO, A. C. O. A Terra em Transformação. In: OLIVEIRA, A. M. dos S., BRITO, S. N. A. de, (org.). Geologia de Engenharia. São Paulo: ABGE, 1998.

ANCHIETA, José de. Cartas. Correspondência ativa e passiva. São Paulo: Loyola, 1984. (Col. Obras completas, v. 6).

-------------. Poesias (trad. M. de L. de Paula). Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1989. (Col. Biblioteca Básica de Literatura Brasileira, v. 3).

ANCHIETA, Pe. José de. Maromomis. In: Textos históricos. São Paulo, Loyola, 1989, p. 142-143.

AZEVEDO MARQUES, Manuel E. de. Apontamentos Históricos, Geográfi cos da Província de São Paulo. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1980, t. I-II. (Col. Reconquista do Brasil, Nova Série, v. 3-4).

CHANTRAIN, Côn. Godofredo. História do Santuário de Pirapora do Bom Jesus. Pirapora do Bom Jesus, 2007.

LEITE, Pe. Serafi m. Os jesuítas e os índios Maromomis na Capitania de São Vicente. Rev. Instituto Histórico e Geográfi co de S. Paulo, v. 32, 1937, p. 253-257.

-------. História da Companhia de Jesus no Brasil,2 ed., São Paulo: Loyola, 2004, 4 vol.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Saudades do Brasil. Paris: Plon, 1994.

NUCCI, J. C., CAVALHEIRO, F. Cobertura Vegetal em Áreas Urbanas – conceito e método. GEOUSP6, São Paulo: Dep. De Geografi a/USP, 1999.

NUCCI, J. C. et al. Áreas Verdes de Guarulhos/SP – classifi cação e quantifi cação. GEOUSP 8, São Paulo: Departamento de Geografi a/USP, 2000.

PREZIA, Benedito A. Os Indígenas do Planalto Paulista nas crônicas quinhentistas e seiscentistas. 2 ed., São Paulo: Ed. Humanitas/USP, 2010.

SÃO PAULO (Estado). Maços de população (1765 a 1798) e (1802 a 1842). Microfi lme. São Paulo: Arquivo do Estado de São Paulo.

SUGUIO, K. Geologia Sedimentar. São Paulo: Edgard Blucher, 2003.

VIEIRA, Pe. Antônio. Sermões. Porto: Livr. Chardron, 1908, v. 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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QUAL O LUGAR DOS NOSSOS LUGARES NA HISTÓRIA?E QUAIS OS NOSSOS OLHARES PARA ESSES OLHARES?

Os locais onde habita e estuda a maior parte do povo brasileiro são retratados pelos modernos meios de comunicação social como inseguros e feios. As imagens tidas como belas mostram o círculo de convi-vência dos chamados incluídos no alto mercado de consumo.

Nos grandes centros urbanos, as notícias sobre os bairros periféricos dão maior ênfase ao lado nega-tivo do dia a dia das pessoas: mortes, enchentes, escorregamentos, assaltos, brigas, etc, e muito raramente são abordados aspectos de relevância histórico-ambiental.

Ressaltamos que são informações que contribuem para a construção da baixa estima dos moradores e ao mesmo tempo funciona como uma contra propaganda à política de resgate e preservação do patri-mônio natural e social dos locais de moradia da maioria da população.

A cidade de Guarulhos, “naturalmente”, está inserida nesse contexto. O problema se agrava na medida em que o sistema educacional não cria mecanismos que permitam o desenvolvimento do conhe-cimento histórico, geográfi co, geológico, biológico, cultural e religioso, por exemplo, de cada localidade.

Encontramos na história tradicional um exemplo nada recomendável. De modo geral, a lógica do ensino de história é a de estudar os grandes fatos dos países, dos continentes e do mundo, desvinculados da história das localidades. A geografi a e a história dos lugares onde as pessoas habitam – municípios, vilas, bairros, povoados, ruas, fazendas, serras, bacias hidrográfi cas etc. – não fazem parte do ensino escolar. É como se a maioria dos lugares onde moramos não tivesse sido palco de acontecimentos históricos. Isso não é uma brutal contradição do sistema de ensino atualmente?... Por que isso acontece?

PROJETO SABERES LOCAIS

Ao longo do ano de 2009, educadores da Rede Municipal de Ensino de Guarulhos elaboraram a Proposta Curricular Quadro de Saberes Necessários (QSN), destinada a orientar as suas atividades em sala de aula, destacando o eixo Natureza e Sociedade.

Para dar resposta prática ao QSN e preocupada com a importância do registro histórico dos bairros de Guarulhos, sem perder de vista o contexto regional, nacional e mesmo internacional, a Secretaria de Educação de Guarulhos, em parceria com as Diretorias Norte e Sul de Ensino, com pessoas, grupos e organizações da sociedade civil decidiram trazer para si a responsabilidade de publicar oito livros sobre as localidades habitadas pelos guarulhenses.

O Projeto Saberes Locais surgiu numa discussão, realizada em 2009, no Colégio Particular Paulo Freire, localizado na Cidade Seródio, encampado pela Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos. O Projeto Saberes Locais foi inaugurado com a publicação do livro: Revelando a história do Bonsucesso e Região, lançado no dia 21 de agosto de 2010.

O Projeto Saberes Locais tem continuidade com o Revelando a História do Pimentas e Região, procuran-do contemplar, sob forma de livro, material de consulta para as futuras gerações, a memória, a vivência e as expectativas de milhares de moradores, protagonistas da história de Guarulhos.

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Revelando a Históriados Pimentas e Região

Nossa Cidade, Nossos Bairros!