Pinacoteca universitária

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A pinacoteca universitária de Alagoas trás como principal objetivo preservar e difundir a memória cultural do estado. A exposição de Heway Verçosa, “Ser ISTO”, trás para nós uma imagem do ser em uma tentativa de retratar seu eu-interior através da representação artística. Embora seja apenas a segunda exposição do artista plástico, é visível que o jovem é dotado de certo talento. Utilizando materiais diversos - como papel, tecido, nanquim, tinta acrílica, aquarela, colagem – além da mescla de técnicas, ele preocupa-se em mesclar as cores e alcança uma predominância nos tons de vermelho e preto. A sensação de uma explosão de cores com um destaque ao carmim trás a impressão de que os quadros estão sangrando, assim como as cores primárias se fazem presentes com certo destaque. Ao freqüentar o ambiente da pinacoteca e focar-se nas obras do autor conseguimos sentir a melancolia que o mesmo tenta passar em cada quadro ou escultura graças ao olhar triste e marcante de cada figura retratada. A sensação de tristeza retratada em cada quadro é pungente, por vezes chegando ao desespero. A figura humana sempre está sozinha e em destaque, seus olhos em foco de modo a enfatizá-la como unidade e com traços no fundo que, por sua vez, dão a impressão de formar prédios e levantar o questionamento acerca das pessoas dentro dos mesmos – o que estão fazendo? Parece que o individuo em primeiro plano sofre sozinho enquanto os demais levam a vida de maneira diferente. É através dessa reflexão que entendemos que Verçosa tenta transmitir uma série de pensamentos e conflitos internos, motivo pelo qual seus quadros parecem confusos e desfigurados, trazendo uma sensação de solidão. Na escultura, enxergamos a fragilidade do ser humano e a decomposição da matéria, assim como o desprendimento técnico de Verçosa quando analisamos os materiais utilizados: ele não se incomoda em utilizar de coisas tão distintas quanto o barro e o metal na hora de compor sua obra. A exposição trás consigo uma série de questionamentos à respeito da vida em sociedade, a solidão em meio a multidão e ao silêncio em meio ao barulho. É certo que o artista conseguiu transmitir os conceitos que queria através de seu traço irregular – que, no fim da composição, forma uma imagem clara – ao transmitir ao expectador a

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A pinacoteca universitária de Alagoas trás como principal objetivo preservar e difundir a memória cultural do estado. A exposição de Heway Verçosa, “Ser ISTO”, trás para nós uma imagem do ser em uma tentativa de retratar seu eu-interior através da representação artística. Embora seja apenas a segunda exposição do artista plástico, é visível que o jovem é dotado de certo talento.

Utilizando materiais diversos - como papel, tecido, nanquim, tinta acrílica, aquarela, colagem – além da mescla de técnicas, ele preocupa-se em mesclar as cores e alcança uma predominância nos tons de vermelho e preto. A sensação de uma explosão de cores com um destaque ao carmim trás a impressão de que os quadros estão sangrando, assim como as cores primárias se fazem presentes com certo destaque.

Ao freqüentar o ambiente da pinacoteca e focar-se nas obras do autor conseguimos sentir a melancolia que o mesmo tenta passar em cada quadro ou escultura graças ao olhar triste e marcante de cada figura retratada. A sensação de tristeza retratada em cada quadro é pungente, por vezes chegando ao desespero. A figura humana sempre está sozinha e em destaque, seus olhos em foco de modo a enfatizá-la como unidade e com traços no fundo que, por sua vez, dão a impressão de formar prédios e levantar o questionamento acerca das pessoas dentro dos mesmos – o que estão fazendo? Parece que o individuo em primeiro plano sofre sozinho enquanto os demais levam a vida de maneira diferente. É através dessa reflexão que entendemos que Verçosa tenta transmitir uma série de pensamentos e conflitos internos, motivo pelo qual seus quadros parecem confusos e desfigurados, trazendo uma sensação de solidão.

Na escultura, enxergamos a fragilidade do ser humano e a decomposição da matéria, assim como o desprendimento técnico de Verçosa quando analisamos os materiais utilizados: ele não se incomoda em utilizar de coisas tão distintas quanto o barro e o metal na hora de compor sua obra.

A exposição trás consigo uma série de questionamentos à respeito da vida em sociedade, a solidão em meio a multidão e ao silêncio em meio ao barulho. É certo que o artista conseguiu transmitir os conceitos que queria através de seu traço irregular – que, no fim da composição, forma uma imagem clara – ao transmitir ao expectador a sensação de bagunça e desordem em um primeiro momento e, após analise, provocar dúvidas sobre condutas sociais e a fuga da solidão.