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  • CENTRO UNIVERSITRIO DE FORMIGA UNIFOR-MG CURSO DE BIBLIOTECONOMIA RENAN PINHEIRO DE OLIVEIRA

    CDD X CDU: UMA ANLISE COMPARATIVA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS

    FORMIGA-MG 2009

  • RENAN PINHEIRO DE OLIVEIRA

    CDD X CDU: UMA ANLISE COMPARATIVA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Centro Universitrio de Formiga UNIFOR-MG, como requisito parcial para a obteno do ttulo de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Prof. Esp. Syrlei Maria Ferreira. Coorientadora: Regina Clia Reis Ribeiro. CRB6-1362

    FORMIGA-MG 2009

  • O48 Oliveira, Renan Pinheiro. CDD X CDU : uma anlise comparativa em bibliotecas universitrias / Renan Pinheiro Oliveira. - 2009. 92f. : il.

    Orientadora: Syrlei Maria Ferreira. Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Biblioteconomia) Centro Universitrio de FormigaUNIFOR-MG, Formiga, 2009.

    1. Classificao Decimal de Dewey. 2. Classificao Decimal Universal. 3. Biblioteca Universitria. I. Ttulo

    CDD 025.43

  • Renan Pinheiro de Oliveira

    CDD X CDU: UMA ANLISE COMPARATIVA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Coordenao Geral de Graduao do Centro Universitrio de Formiga UNIFOR-MG, como requisito parcial para a obteno do ttulo de bacharel em Biblioteconomia.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Esp. Syrlei Maria Ferreira Orientadora

    Prof. Esp. urea Lopes de Melo Examinadora

    Formiga, 17 de novembro de 2009.

  • A Deus, pois sem Ele, esta vitria no teria se concretizado. Aos meus pais, pelo esforo, dedicao e compreenso, em todos os momentos desta e de outras caminhadas.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus pela presena inequvoca em todos os momentos de minha vida, e por me proporcionar que esta importante conquista se tornasse tangvel.

    Aos meus pais, Gilmar e Maria, que com desprendimento e ternura ofereceram-me todo apoio possvel desde o incio...

    minha irm Dbora pelo carinho e compreenso. minha orientadora, prof Syrlei Maria Ferreira, cujos conhecimentos

    transpem todos os nveis de especializao acadmica, pela amabilidade e disposio benvola em todas as etapas desta pesquisa.

    professora e amiga Snia Miranda de Oliveira, por seus exmios conhecimentos e valiosas sugestes, que muito contriburam para o meu crescimento.

    professora urea Lopes de Melo, que brilhantemente ministrou a disciplina de classificao, cujo tema deste estudo fruto.

    professora Simone Soares de Oliveira, pela orientao na escolha e definio do tema desta pesquisa.

    A todos os professores que muito contriburam com a minha formao acadmica.

    s bibliotecrias: Virgnia Alves Vaz, Regina Clia Reis Ribeiro, Aparecida Castro Campos, Kate Marlia DCarlos Barbosa, ria Regina Campos e Gleisa Mara Alves, pela amizade e por todas as experincias profissionais que comigo partilharam.

    minha coorientadora Regina Clia Reis Ribeiro, exemplo de profissionalismo.

    s instituies: UNIFOR-MG e Pontifcia Universidade Catlica PUC Minas Arcos, que sem objeo permitiram a realizao desta pesquisa em suas dependncias.

    s bibliotecrias da PUC Minas Arcos: Francinara Costa Cndido e Carmorinda Antnia de Souza Ferreira, que contriburam com o levantamento de dados desta pesquisa.

    Enfim, agradeo a todos queles que direta ou indiretamente contriburam para que eu conclusse esta etapa.

  • "As delicadas funes de um bibliotecrio no se limitam a ordenar e classificar os tesouros confiados sua guarda. Mais do que tudo ele o auxiliar diligente dos estudiosos, o guia natural dos que fazem investigaes de qualquer natureza [...]"

    Ramis Galvo

  • RESUMO

    Trabalho de concluso de curso referente a uma anlise comparativa entre os sistemas de classificao usuais em bibliotecas universitrias: Classificao Decimal de Dewey (CDD) e Classificao Decimal Universal (CDU). A classificao uma atividade fascinante do trabalho em uma biblioteca. A funo que desempenha na organizao das informaes das mais importantes, chegando a ser imprescindvel, concorre efetivamente para que os sistemas de recuperao da informao alcancem seu principal objetivo: satisfazer as necessidades informacionais dos usurios. Tendo em vista a importncia da organizao das informaes em bibliotecas universitrias, apresenta-se este estudo, com o intuito de averiguar a adequao dos referidos sistemas de classificao no que concerne ao tratamento e recuperao das informaes. Por intermdio desta pesquisa, relatou-se as experincias de bibliotecrios e usurios, quanto ao tratamento tcnico e a recuperao das informaes em suportes informacionais classificados nos sistemas CDD e CDU. Pretende-se com este estudo apontar as provveis eficincias e deficincias de cada sistema, oferecendo subsdios para aqueles bibliotecrios que pretendem implantar ou adequar um sistema de classificao em bibliotecas universitrias.

    Palavras-chave: Classificao. CDD. CDU. Bibliotecas universitrias.

  • ABSTRACT

    Work of conclusion of course referring to a comparative analysis enters the usual systems of classification in university libraries: Dewey Decimal Classification (DDC) and Classification Decimal Universal (CDU). The classification is a fascinating activity of the work of a library. The function that it executes in the organization of the knowledge is of the most important, even essential, concurs effectively to that the systems of recovery of the information reach its main objective: to satisfy the necessities of the users. Having of the importance of the organization of the information in university libraries, this study is presented, with the intention of inquire the adequacy of the cited systems of classification en respect of the treatment and recovery of the information. Through the research, it was related the experiences of librarians and users, with reference to the technical treatment and the recovery of the information in classified information supports in systems CDD and CDU. It is intended with this study to point the probable efficiencies and deficiencies of each system, being offered subsidies to those librarians whom intend to implant or to adjust a system of classification in university libraries.

    Keywords: Classification. DDC. CDU. University libraries.

  • LISTA DE GRFICOS

    Bibliotecrios: GRFICO 1 Importncia da classificao ...............................................................57 GRFICO 2 Manuseio das tabelas ......................................................................... . 58 GRFICO 3 Uso das tabelas auxiliares ...................................................................58 GRFICO 4 Anlise do assunto ...............................................................................59 GRFICO 5 Escolha da classe adequada ...............................................................60 GRFICO 6 Classificao de documentos com vrios assuntos .........................61 GRFICO 7 Sistema de classificao utilizado na instituio ..............................61 GRFICO 8 Atendimento s necessidades............................................................62 GRFICO 9 Especificao dos assuntos ...............................................................63 GRFICO 10 Localizao dos livros pelos usurios ..............................................64 Usurios: GRFICO 1 Sistema de classificao......................................................................67 GRFICO 2 rea do conhecimento .........................................................................67 GRFICO 3 Organizao por assunto .....................................................................68 GRFICO 4 Outro sistema de classificao ...........................................................69 GRFICO 5 Dinmica da classificao....................................................................69 GRFICO 6 Consulta no terminal ............................................................................70

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................12 2 UNIVERSIDADE E BIBLIOTECA UNIVERSITRIA ..........................................16 2.1 A histria da universidade................................................................................16 2.2 Funes da universidade .................................................................................17 2.2.1 Ensino ................................................................................................................18 2.2.2 Pesquisa.............................................................................................................19 2.2.3 Extenso ............................................................................................................20 2.3 A biblioteca universitria ..................................................................................21 2.3.1 Formas de organizao de estruturas de bibliotecas universitrias............22 2.3.1.1 Centralizao .....................................................................................................23 2.3.1.2 Descentralizao ...............................................................................................24 3 SISTEMAS DE CLASSIFICAO......................................................................26 3.1 A classificao e a filosofia ..............................................................................27 3.2 Tipos de classificao documentria ..............................................................28 3.2.1 Classificao Decimal de Dewey (CDD) .........................................................29 3.2.2 Classificao Expansiva...................................................................................30 3.2.3 Classificao da Library of Congress .............................................................30 3.2.4 Classificao Decimal Universal (CDU) ..........................................................31 3.2.5 Classificao de assunto..................................................................................32 3.2.6 Classificao dos Dois Pontos ........................................................................32 3.2.7 Classificao Bibliogrfica...............................................................................34 3.3 Tabela de Cutter ................................................................................................34 4 CLASSIFICAO DECIMAL DE DEWEY (CDD) .............................................36 4.1 Melvil Dewey ......................................................................................................36 4.2 Principais edies .............................................................................................37 4.3 Como funciona a CDD.......................................................................................39 4.3.1 Tabela Principal .................................................................................................40 4.3.2 Tabela Auxiliares ...............................................................................................41 4.3.3 ndice .................................................................................................................42 5 CLASSIFICAO DECIMAL UNIVERSAL (CDU) ...........................................43 5.1 Histrico............................................................................................................43

  • 5.2 Edies publicadas ...........................................................................................45 5.2.1 Edies desenvolvidas .....................................................................................45 5.2.2 Edies mdias .................................................................................................46 5.2.3 Edies abreviadas ...........................................................................................46 5.2.4 Edies condensadas.......................................................................................47 5.2.5 Edies especiais..............................................................................................47 5.3 Como funciona a CDU.......................................................................................47 5.3.1 Tabela Sistemtica ............................................................................................48 5.3.2 Tabelas Auxiliares .............................................................................................49 5.3.3 ndice alfabtico ...............................................................................................50 6 MATERIAIS E MTODOS .................................................................................52 6.1 Tipo de pesquisa ..............................................................................................52 6.2 Caracterizao do campo de estudo ..............................................................53 6.3 Amostra .............................................................................................................54 6.4 Consideraes ticas.......................................................................................54 6.5 Instrumentos e procedimentos .......................................................................55 6.6 Tratamentos dos dados ...................................................................................56 7 RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................57 7.1 Bibliotecrias questes objetivas...............................................................57 7.2 Bibliotecrias questes discursivas...........................................................65 7.3 Usurios ...........................................................................................................66 8 CONCLUSO ...................................................................................................72 REFERNCIAS.................................................................................................74 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................78 APNDICE A Modelo do questionrio aplicado s bibliotecrias............79 APNDICE B Modelo do questionrio aplicado aos usurios .................81 ANEXO A Termo de aceite de orientao...................................................82 ANEXO B Carta de apresentao do aluno ................................................83 ANEXO C Declarao de aceite da empresa ..............................................85 ANEXO D Carta de cincia e autorizao...................................................87 ANEXO E Termo de consentimento livre e esclarecido ............................89 ANEXO F Declarao de obrigatoriedade e sigilo .....................................90 ANEXO G Parecer consubstanciado de aprovao COEPEH/

    UNIFOR-MG ..........................................................................92

  • 12

    1 INTRODUO

    Em ambientes universitrios, a busca por informaes est cada vez mais crescente e urgente, por parte dos docentes e discentes. A biblioteca universitria deve ser a base da instituio, pois constitui-se, por excelncia, no repositrio das informaes que so por ela disseminadas.

    A biblioteca universitria nada mais que uma universidade em si mesma. As universidades so centros transmissores do saber, atravs do ensino e dos livros. Temos a palavra falada e a palavra escrita a servio da cultura. Desde os mais remotos tempos a universidade e a biblioteca, trabalhando na mais ntima reciprocidade tm desempenhado a funo de preservar e disseminar o conhecimento. (PRADO, 1992, p. 13). 1

    A autora afirma que biblioteca e universidade so elementos indissociveis, pois ambas esto a servio da disseminao da informao, fazendo com que a cincia no seja um fenmeno esttico, mas sim um fenmeno em crescimento, com constantes inovaes. A biblioteca deve estar preparada em todos os aspectos para receber as demandas informacionais da comunidade acadmica, visando sempre a eficcia na recuperao da informao pelos usurios. A recuperao de todo o contedo que abrigado nas bibliotecas universitrias se d, devido ao trabalho de organizao do acervo que est intrinsecamente ligado ao sistema de classificao adotado. Uma biblioteca com o seu acervo no classificado se torna um caos, com possibilidades remotas de se recuperar a informao desejada. Partindo do pressuposto do que afirma a quarta lei do grande bibliotecrio hindu Ranganathan que se deve poupar o tempo do leitor, inquestionvel ter que se primar pela organizao do acervo, visando a agilidade nos processos de busca da informao para o usurio. Essa organizao feita por intermdio de mtodos, tcnicas e instrumentos adequados, que devem atender s necessidades dos usurios, possibilitando que as informaes contidas nos documentos possam chegar-lhes em menor tempo possvel.

    ______________

    1 PRADO, Helosa de Almeida. Organizao e administrao de bibliotecas. 2. ed. rev. So Paulo: T. A. Queiroz, 1992.

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    De acordo com estudos cientficos inerentes rea, o mais adequado instrumento de organizao dos acervos a classificao, que pode ser definido da seguinte maneira:

    Classificao, num sentido geral reunir em classes ou grupos, coisas que apresentam entre si certos traos de semelhana, ou at mesmo de diferena. Podemos ainda dizer que a classificao um processo mental por meio do qual podemos distinguir coisas, pelas suas semelhanas ou diferenas, estabelecer suas relaes e agrup-las de acordo com essa relao. A classificao torna-se, pois, a arte de colocar diversas coisas desordenadas em um todo ordenado. (SOUZA, [19--?], p. 3). 2

    Explicitando a definio do autor, pode-se afirmar que a funo da classificao em uma biblioteca, consiste em conceder aos documentos um lugar exato atravs de um sistema de classificao, no qual os vrios ramos do conhecimento humano estejam agrupados de acordo com o seu contedo.

    Pode-se perceber ao realizar um estudo retrospectivo sobre o assunto, que a tcnica de classificar uma atividade antiga, que comeou a ser desenvolvida nos tempos a.C, pelos filsofos, e est presente at os dias atuais contemplando as mesmas atribuies: selecionar, agrupar, categorizar, dentre outros. Sobre os vrios sistemas de classificao existentes na literatura, destacam-se como os mais utilizados em bibliotecas universitrias a Classificao Decimal de Dewey (CDD) e a Classificao Decimal Universal (CDU).

    Tendo em vista a importncia da organizao das informaes nas bibliotecas universitrias, prope-se aqui, um estudo de um dos mais importantes processos tcnicos inerentes organizao de acervos: a classificao. Por intermdio do referido estudo, foi realizada uma anlise comparativa entre os dois principais sistemas de classificao CDD e CDU, onde foram avaliadas as opinies de bibliotecrios e usurios, concernentes aos respectivos sistemas. Portanto, escolheu-se como campo para a realizao desta pesquisa, a biblioteca ngela Vaz Leo do Centro Universitrio de Formiga UNIFOR-MG, que utiliza o sistema CDD e a biblioteca da Pontifcia Universidade Catlica PUC Minas em Arcos MG, usuria do sistema CDU.

    ______________

    2 SOUZA, Jos Soares de. Classificao: sistemas de classificao bibliogrfica. 2. ed. So Paulo: Livraria Martins, [19--?].

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    A motivao que norteou a realizao deste trabalho a necessidade de se averiguar a adequao dos sistemas de classificao CDD e CDU ao tratamento e recuperao da informao em bibliotecas universitrias.

    Com a realizao deste estudo, procurou-se alcanar as seguintes metas:

    a) levantar historicamente os principais mtodos de classificao existentes; b) comparar os dois sistemas classificatrios CDD e CDU, de acordo com

    referencial terico, visando apontar provveis eficincias e deficincias de ambos;

    c) elencar relatos de experincia de bibliotecrios e usurios, quanto ao tratamento tcnico e a recuperao das informaes em suportes informacionais classificados nos sistemas CDD e CDU;

    d) oferecer aos profissionais bibliotecrios subsdios para escolher e definir qual o mtodo de classificao que mais se adequa realidade de sua instituio.

    Os dois referidos sistemas de classificao usuais em bibliotecas universitrias podem satisfazer as demandas informacionais dos profissionais bibliotecrios e dos usurios, mas tambm possvel, que os referidos sistemas atendam apenas s demandas informacionais dos bibliotecrios, no se adequando s necessidades dos usurios, que fazem uso de terminologias especficas em suas buscas, no necessariamente contempladas pela indexao e pela classificao.

    As bibliotecas universitrias, como j foi visto, so disseminadoras de grande parte das informaes que circulam num ambiente acadmico. Nelas, as informaes reunidas contribuem para o processo de aprendizado e desenvolvimento de pesquisas pela comunidade acadmica, fortalecendo o trip que sustenta as universidades: ensino, pesquisa e extenso. As universidades so detentoras do conhecimento e o transmitem, por intermdio do ensino, aos educandos; atravs da pesquisa, aprimora os conhecimentos existentes e produz novos conhecimentos e, por meio da extenso, que se procede a difuso, socializao e democratizao do conhecimento existente, bem como das novas descobertas comunidade. A coleo de uma biblioteca universitria constituda de vrios suportes informacionais como: livros, peridicos, multimeios, bases de dados, e outros, que

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    contm informaes que devem ser tratadas tecnicamente, visando sua posterior recuperao. Sabe-se que estas informaes quando no organizadas, no so recuperadas devidamente, e, portanto no atendem sua funo precpua que ser disseminada. Sabedor da importncia da atividade de classificao para a recuperao da informao em bibliotecas universitrias, e possuindo grande afinidade com os sistemas de classificao, realizou-se este estudo que visa contribuir com a literatura j existente na rea, e apontar as eficincias e deficincias de cada um dos sistemas, no sentido de oferecer subsdios para aqueles bibliotecrios que pretendem implantar ou adequar um sistema de classificao em bibliotecas universitrias. Este trabalho est estruturado em oito captulos, sendo eles: Introduo, que possibilita ao leitor ter uma viso holstica do assunto abordado no trabalho; Universidade e Biblioteca Universitria, traz informaes importantes que caracterizam o campo de pesquisa deste estudo; Sistemas de Classificao, apresenta as definies e os principais sistemas: CDD; CDU; estes dois ltimos captulos encerram a parte terica do trabalho e so constitudos por contedos especficos, e contemplam diversas informaes inerentes aos referidos sistemas. Os captulos subsequentes so: Materiais e Mtodos, que esclarece sobre os instrumentos, mtodos, procedimentos, e outros que foram utilizados no desenvolver da pesquisa; Resultados e Discusso, analisa de maneira argumentativa, com auxilio de grficos, as respostas que foram obtidas atravs dos questionrios aplicados; e por fim a Concluso, que apresenta o desfecho e o parecer que se obteve ao trmino da realizao da pesquisa.

    Espera-se com este estudo, corroborar os dados obtidos com o referencial terico apresentado, para apontar qual o sistema de classificao bibliogrfica mais adequado para bibliotecas universitrias. Pretende-se ainda elencar as principais caractersticas e deficincias dos sistemas de classificao: CDD e CDU, proporcionando subsdios para aqueles que desejarem implantar um sistema de classificao.

  • 16

    2 UNIVERSIDADE E BIBLIOTECA UNIVERSITRIA

    2.1 A histria da universidade

    Atualmente, h um avano imensurvel na produo da informao, e cada vez mais, as pessoas esto em busca do conhecimento. Isso se reflete no aumento do nmero de pessoas matriculadas em Instituies de Ensino Superior (IES). Mas nem sempre foi assim. A histria da universidade comea como um bem cultural acessvel minoria. A universidade era um privilgio de poucos.

    De acordo com Buarque (1994, p. 19): A universidade surgiu como contempornea de uma transio no momento em que a Europa dos dogmas e do feudalismo iniciava seu rumo ao renascimento do conhecimento e racionalidade cientfica, do feudalismo ao capitalismo. 3

    A universidade foi instrumento da criao do novo saber que serviria ao Novo mundo, tendo em vista que o conhecimento da filosofia clssica dos gregos era mantido nos conventos.

    Na Antiguidade Clssica, na Grcia e em Roma, surgiram escolas de alto nvel para formar especialistas em Medicina, Filosofia, Retrica e Direito.

    No final da Idade Mdia, em meados do sculo XI a XV, nasce a universidade identificada com sua sociedade e cultura.

    No sculo XIX, com o incremento da industrializao, instituiu-se a Universidade Napolenica, na Frana, que surgiu em funo de necessidades profissionais e sua estrutura era fragmentada em escolas superiores.

    Souza (2001, p. 9) afirma que: A universidade, como hoje se conhece, uma organizao que se constituiu, a partir do sculo XIII, no mundo ocidental.4

    Em 1808, aps a vinda de Dom Joo VI para o Brasil, criou-se os primeiros estabelecimentos de ensino superior que buscavam formar profissionais para os servios pblicos voltados administrao do pas. As reas privilegiadas eram Medicina, Engenharia e Direito. ______________

    3 BUARQUE, Cristovam. A aventura da universidade. So Paulo: Ed. da UNESP; Rio de

    Janeiro: Paz e Terra, 1994. 4 SOUZA, Francisco das Chagas de. Escrevendo e normalizando trabalhos acadmicos: um guia

    metodolgico. 2. ed. rev. e atual. Florianpolis: Ed. da UFSC, 2001.

  • 17

    E assim, foram criados, em 1808, os primeiros estabelecimentos de ensino mdico-cirrgico de Salvador e Rio de Janeiro; em 1854, as faculdades de Direito de So Paulo e Recife; em 1930, a Universidade de Minas Gerais e em 1934, a Universidade de So Paulo e a do Distrito Federal.

    De acordo com Ferreira (1980, p. 10), em 1968 foi promulgada a Lei n 5.540 da Reforma Universitria, que se fundamentou na renovao do conceito do ensino superior, e insistia que a universidade deveria cultivar as reas fundamentais do saber, estudadas como base para posteriores aplicaes tcnico-profissionais.5

    A Lei da Reforma Universitria em seu Art. 1 preconiza que: O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das cincias, letras e artes, e tambm a formao de profissionais de nvel universitrio. 6

    Segundo Buarque (1994, p. 133): A universidade ajudou a humanidade a dar um dos maiores de seus passos, ao conseguir fazer o pensamento sair dos dogmas da revelao divina e descobrir a possibilidade da certeza das descobertas cientficas.

    Atualmente, a universidade, devido seu carter universal, mltiplo e diversificado, entendida como uma instncia privilegiada de criao/produo de saberes, formao de competncias e de difuso da experincia cultural e cientfica da sociedade.

    2.2 Funes da universidade

    As universidades so instituies que detm um papel essencial na sociedade em que vivemos, principalmente devido importncia do saber terico.

    Como vimos a legislao brasileira, seguindo um princpio universal, fixa que o ensino superior tem por objetivo o desenvolvimento do conhecimento, das cincias, da pesquisa e a formao de profissionais, bem como a extenso das

    ______________

    5 FERREIRA, Lusimar Silva. Bibliotecas universitrias brasileiras: anlise de estruturas centralizadas e descentralizadas. So Paulo: Pioneira, 1980.

    6 BRASIL. Lei n 5.540, de 28 de novembro de 1968. Fixa normas de organizao e funcionamento do ensino superior e sua articulao com a escola mdia, e d outras providncias. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 29 nov. 1968. Disponvel em:

    < http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102363>. Acesso em: 25 out. 2009.

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    atividades de ensino e resultados da pesquisa comunidade. Necessariamente, esses objetivos implicam no processo de criao e transmisso de conhecimentos.

    De acordo com Souza (2001, p. 9): [...] h uma convergncia de atividades realizadas na universidade que visam produo do progresso social e econmico de forma integrada. realizada a reunio do ensino, pesquisa e extenso [...]

    Desta forma, o ensino, a pesquisa e a extenso so os principais objetivos ou funes de uma universidade, como uma de suas maiores virtudes e expresso de compromisso social.

    Martins ([200-?], p. 1) considera que: O exerccio de tais funes requerido como dado de excelncia no ensino superior, fundamentalmente voltado para a formao profissional luz da apropriao e produo do conhecimento cientfico.7

    2.2.1 Ensino

    Entende-se por ensino, o processo de construo do saber. Fundamentalmente, ensino a transmisso de conhecimento, e torna-se uma atividade essencial, porque o saber histrico e universal acumulado precisa ser repassado de gerao em gerao. A inovao do saber depende desta acumulao e da habilidade de sua transmisso.

    A teoria em si no transforma o mundo. Pode contribuir para a sua transformao, mas para isso tem que sair de si mesma, e em primeiro lugar tem que ser assimilada pelos que vo ocasionar, com seus atos reais, efetivos, tal transformao. (VSQUEZ, 1968, p. 206). 8

    Em termos de ensino, a universidade deve oferecer aos seus alunos todos os recursos necessrios, que propiciam a transmisso do conhecimento de maneira efetiva e eficaz. Tambm deve trabalhar no vis de formar profissionais qualificados, pois estes sero os pilares da sociedade.

    ______________

    7 MARTINS, Lgia Mrcia. Ensino-pesquisa-extenso como fundamento metodolgico da

    construo do conhecimento na universidade. So Paulo: Ed. da UNESP, [200-?]. Disponvel em: Acesso em: 08 out. 2009.

    8 VSQUEZ, A. S. Filosofia da prxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

  • 19

    2.2.2 Pesquisa

    Se por um lado, o ensino coloca o aluno em confronto com o produto da cincia, a pesquisa o coloca em relao com o seu desenvolvimento, instrumentalizando-o para produzir conhecimentos.

    Segundo Nascimento (1994, p. 159) a pesquisa [...] prima por uma prtica emprica no tratamento de problemas que, na maioria dos casos, revelam-se irrelevantes ou impertinentes quando contrapostos s reais necessidades do conjunto da sociedade.9

    Pode-se dizer que pesquisar essencial porque disto que provm a inovao.

    De acordo com Demo (1981, p. 1): Somente Universidade aquela instituio capaz de gerar conhecimento original, atravs da pesquisa, que neste sentido, ser a postura bsica a ser transmitida aos estudantes. 10

    A pesquisa um processo sistemtico de construo do conhecimento que tem como objetivo gerar novos conhecimentos e/ou comprovar algum conhecimento.

    Desta forma, a pesquisa torna-se um processo de aprendizagem tanto do indivduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve.

    Assim, no ensino universitrio que deve estar sendo construdo o sentido da pesquisa, no pela ministrao de disciplinas como Metodologia Cientfica ou Metodologia da Pesquisa, mas no cotidiano das leituras de textos escritos e na realizao de trabalhos monogrficos, seminrios e outras formas de interao didtico-pedaggica, em que o estudante possa comparar, discutir e alcanar suas prprias concluses acerca de um certo tema. (SOUZA, 2001, p. 55).

    As universidades, pensando em fortalecer o processo de ensino-aprendizagem, promovem diversos eventos como: palestras, seminrios, simpsios, fruns, mesa redonda, e outros. Estes eventos abordam diversificados temas, com o intuito de aperfeioar os conhecimentos dos alunos e com isso lhes oferecer uma formao integral. ______________

    9 NASCIMENTO, Maria Alice Rebello. Compartilhamento e integrao: a articulao da biblioteca universitria com a sociedade atravs da estratgia de extenso. In: SEMINRIO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS, 8., 1994, Campinas. Anais... Campinas: Ed. da UNICAMP, 1994.

    10 DEMO, Pedro. Pesquisa, ensino, extenso: reflexes sobre questes de conscincia social universitria. Braslia, DF: MEC, 1981. Disponvel em:

    . Acesso em: 05 de out. 2009.

  • 20

    2.2.3 Extenso

    A palavra extenso nesse contexto, implica em estender-se, em levar algo a algum lugar ou a algum. No se deve, portanto, confundir extenso com cursos de extenso universitria. As atividades de extenso, representam um dever constitucional das universidades, so bastante amplas, complexas e no se confundem com cursos de extenso.

    A LBD/ 1996, em seu Art. 43, afirma que as instituies devem: promover a extenso, aberta participao da populao, visando difuso das conquistas e benefcios resultantes da criao cultural e da pesquisa cientfica e tecnolgica geradas na instituio.11

    Pode-se dizer que a extenso liga-se aplicao do conhecimento adquirido. A extenso universitria , na realidade, uma forma de interao entre a universidade e a comunidade na qual ela est inserida.

    Funciona como uma via de mo dupla, onde a universidade leva conhecimento e assistncia comunidade e dela recebe influxos positivos como retroalimentao.

    De acordo com Martins ([200-?], p. 7): [...] a extenso ocupa lugar to importante quanto ensino e pesquisa, pois , sobretudo, por meio dela que os dados empricos imediatos e tericos se confrontam, gerando as permanentes reelaboraes que caracterizam a construo do conhecimento cientfico.

    Atravs da extenso, a universidade tem a oportunidade de levar comunidade os conhecimentos de que detentora, os novos conhecimentos que produz com a pesquisa, e que normalmente divulga com o ensino.

    Silva (1997, p. 148) afirma que:

    As atividades de extenso bem planejadas, bem estruturadas e bem executadas permitem universidade socializar-se e democratizar os conhecimentos dos diversos cursos e reas, e tambm preparar seus profissionais, no somente com a estratgia do ensino-transmisso, mas complementando a formao com a estratgia do ensino-aplicao.12

    ______________

    11 BRASIL. Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educao nacional. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, 23 dez. 1996. Disponvel em: . Acesso em: 25 out. 2009.

    12 SILVA, Oberdan Dias da. O que extenso universitria? Integrao: ensino-pesquisa-extenso, So Paulo, v. 3, n. 9, p. 148-149, maio 1997.

  • 21

    2.3 A Biblioteca Universitria

    Biblioteca e universidade so instituies indissolveis nas quais o objetivo principal a satisfao das necessidades informacionais de uma comunidade social, em geral, e da sociedade acadmica, em particular.

    Da unificao dessas instituies, surge o conceito biblioteca universitria, onde sua atuao deve ser vinculada s polticas da instituio qual pertence, independente de ser pblica ou particular.

    A Biblioteca Universitria, por sua vez, pode ser entendida como a instncia que possibilita universidade atender s necessidades de um grupo social ou da sociedade em geral, atravs da administrao do seu patrimnio informacional e do exerccio de uma funo educativa, ao orientar os usurios na utilizao da informao. (LCK et al., 2000, p. 1).13

    As bibliotecas universitrias so um ambiente de fundamental importncia nos processos de pesquisa e inovao tecnolgica do pas, pois conservam o conhecimento universitrio e tm a principal funo de intermedirias entre o conhecimento e seus usurios. Constituem uma organizao social prestadora de servios, criada e mantida para dar sustentao aos programas de ensino, pesquisa e extenso por meio de suas colees, produtos e servios de informao.

    O ensino superior, para ser produtivo, depende da interao de diversas partes do sistema que o apia. A biblioteca universitria, como uma das partes mais importantes desse sistema, merece ateno especial de seus dirigentes e administradores, de forma que a comunidade acadmica possa identific-la como a organizao que sustenta suas atividades de ensino, pesquisa e extenso. (KLAES; PFITSCHER, 1994, p. 290).14

    Hardesty (1991 apud Klaes; Pfitscher, 1994, p. 292), na introduo de seu livro, afirma que a biblioteca o corao da universidade.15

    ______________

    13 LCK, Esther Hermes et al. A biblioteca universitria e as diretrizes curriculares do ensino de graduao. In: SEMINRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS, 11., 2000, Florianpolis. Anais... Florianpolis: Ed. da UFSC, 2000.

    14 KLAES, Rejane Raffo; PFITSCHER, Eloisa Futuro. Ainda e sempre a questo da integrao biblioteca e universidade. In: SEMINRIO DE BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS, 8., 1994, Campinas. Anais... Campinas: Ed. da UNICAMP, 1994.

    15 HARDESTY, Larry. Faculty and the library: the undergraduate experience. Norwood: Arlex, 1991.

  • 22

    Desta forma, a biblioteca universitria a unidade organizacional dentro da universidade que contm o ncleo da sabedoria, do talento e da percepo conceitual do processo de comunicao e transmisso do conhecimento.

    A biblioteca universitria um dos instrumentos essenciais no processo de ensino/aprendizagem.

    Atualmente, no se pode gerar ensino e conhecimento sem a utilizao da biblioteca, pois esta possibilita o acesso informao, favorecendo o desenvolvimento de potenciais, capacitando as pessoas a formarem suas prprias idias e tomarem suas prprias decises.

    Assim como a universidade deve estar voltada para as necessidades educacionais, culturais, cientficas e tecnolgicas do Pas, as bibliotecas devem trabalhar visando a esses mesmos objetivos, condicionadas que so s finalidades fundamentais da universidade. Por isso, as bibliotecas devem participar ativamente do sistema educacional desenvolvido pela universidade. (FERREIRA, 1980, p. 7).

    Pode-se afirmar que, pela qualidade do acervo e dos servios prestados pela biblioteca, possvel medir o grau de desenvolvimento e de qualidade de uma universidade.

    A funo da biblioteca imprescindvel para se alcanar os objetivos principais da universidade, que so as atividades de ensino, pesquisa e extenso.

    2.3.1 Formas de organizao de estruturas de bibliotecas universitrias

    Entende-se por organizao, um planejamento intencionalmente estruturado com o propsito de atingir objetivos especficos.

    Desta forma, seja qual for o tipo de organizao da estrutura de uma biblioteca universitria, ele sempre ter suas atividades voltadas para o cumprimento dos objetivos estabelecidos pela instituio, visando sempre o suprimento das necessidades informacionais de seus usurios.

  • 23

    No h como se definir qual o melhor sistema, mas qualquer opo deve basear-se, principalmente na eficincia operacional - do ponto de vista do usurio - e a eficincia econmica - do ponto de vista da administrao.

    Segundo Ferreira (1980, p. 14, 17), as formas de organizao estrutural da biblioteca universitria so: a Centralizao e a Descentralizao. O autor ainda afirma que:

    Em toda organizao, a deciso de centralizar ou descentralizar deve ser tomada aps a anlise de uma srie de fatores, inclusive tipo, tamanho e objetivos da organizao, localizao geogrfica, alm de recursos humanos e materiais disponveis.

    2.3.1.1 Centralizao

    A Centralizao a existncia de um centro de administrao do sistema de bibliotecas de uma instituio. Existem dois tipos possveis de Centralizao: a Centralizao Parcial e a Centralizao Monoltica.

    A Centralizao Parcial envolve a realizao dos servios de aquisio e processamento tcnico dos materiais bibliogrficos por uma unidade que encarregada de atribuies executivas e normativas, mas que transfere para as bibliotecas da rede bibliotecas departamentais ou setoriais, faculdades, institutos ou centros os servios de conservao de seus respectivos acervos e o atendimento aos usurios. Desta forma, se tem uma rede de bibliotecas coordenadas por uma unidade central.

    A Centralizao Monoltica consiste na existncia de uma nica biblioteca universitria, a qual rene num mesmo local todo o acervo bibliogrfico para uso da comunidade acadmica. Neste caso, h tambm processamento, aquisio e atendimento central. Assim, concentram-se em uma nica unidade os processos e servios da biblioteca.

  • 24

    So vantagens da Centralizao:

    a) oportunidade de haver uma biblioteca completa, sobre diversos assuntos, fazendo com que o usurio faa sua pesquisa sem precisar se locomover de uma unidade para outra;

    b) uma s biblioteca poder ter melhor qualidade dos servios prestados, com menor custo, evitando-se duplicaes desnecessrias de documentos, materiais e equipamentos.

    2.3.1.2 Descentralizao

    A Descentralizao a disperso do acervo, podendo ser feita segundo a estrutura das unidades de ensino da universidade ou segundo as reas do conhecimento. Desta forma se teria, respectivamente, bibliotecas de faculdades, de institutos, de departamentos, etc.

    A Descentralizao pode ser livre, sem qualquer controle ou coordenao. Cada unidade agindo de forma totalmente independente, bem como pode sujeitar-se cooperao, uma espcie de acordo, mas sem imposies legais ou estaturias.

    Com a Descentralizao das unidades bibliotecrias, ocorre a descentralizao de verbas e localizao, ocorrendo duplicaes de servios e materiais, sendo algumas destas duplicaes de alto preo.

    Quanto s duplicaes, cita-se como exemplo, os gastos com assinaturas de peridicos cientficos. A crescente interdisciplinaridade do conhecimento cientfico torna cada vez mais difcil a fixao de fronteiras precisas entre as reas do conhecimento, o que acarreta a duplicata de assinaturas de peridicos.

    So vantagens da Descentralizao:

  • 25

    a) necessidade de o material bibliogrfico estar localizado prximo aos leitores, sem que os mesmos precisem se deslocar de sua unidade de ensino para a biblioteca central;

    b) maior rapidez na aquisio do material bibliogrfico solicitado por professores e pesquisadores.

  • 26

    3 SISTEMAS DE CLASSIFICAO

    A classificao um processo que faz parte do cotidiano da maioria das pessoas, o que, s vezes, acontece at de forma inconsciente. A classificao se d no modo como organizamos objetos, gavetas, cores, roupas, alimentos, documentos pessoais, dentre outros, com alguma prioridade ou finalidade.

    Cada um de ns tem uma ideia pr-concebida e esboada do que classificao. De acordo com Souza ([19--?], p. 3); A classificao torna-se, pois, a arte de colocar diversas coisas desordenadas em um todo ordenado.

    Desde a antiguidade havia uma preocupao em classificar e organizar todo e qualquer material que o homem tinha em mos, o que se presume a importncia de se registrar a histria, que a cultura e a memria de qualquer povo.

    Vrias formas de ordenao foram sugeridas por tamanhos, cores, sries e corpos. Fragmentos de vrios sistemas evoluram para novas teorias de classificao.

    Classificao no sentido biblioteconmico, o arranjo dos livros em classes de assuntos, ao mesmo tempo que se lhes destinam lugares nas estantes, de acordo com esses assuntos. Classificao sem localizao, numa biblioteca torna-se, pois, intil. Passa a ser um trabalho sem finalidade prtica. (SOUZA, [19--?], p. 3).

    Nas bibliotecas, a classificao tem como funo principal a organizao do seu acervo, o que concorre para que os sistemas de recuperao da informao (SRI) alcancem seu objetivo que facilitar o acesso dos usurios informao contida nesses acervos.

    Pode-se dizer que uma unidade de informao universitria que no adota um sistema de classificao em seu acervo, perde o seu sentido de existncia, pois torna-se remota a recuperao da informao.

    Entende-se dessa forma, que a classificao bibliogrfica responde a uma necessidade de organizao interna das bibliotecas, visando comunicao entre os contedos armazenados em seu acervo e s necessidades informacionais de seus usurios.

  • 27

    Na biblioteca universitria, a classificao uma preciosa ferramenta na recuperao da informao, pois ajuda a fazer uma seleo por assuntos e/ou rea de interesse, de uma forma gil e precisa.

    Quanto mais universal for o sistema de classificao adotado pela biblioteca, mas probabilidade ter de ser compartilhado.

    3.1 A classificao e a Filosofia

    De acordo com Dahlberg (1979, p. 352), a arte de classificar to antiga quanto a humanidade.16

    O homem sempre buscou transformar suas ideias em formas palpveis, de maneira que sempre houve a necessidade de selecionar, identificar e organizar seus conhecimentos.

    Souza (2001, p. 11) afirma que: As principais classificaes, no decorrer da histria, foram puramente filosficas, cientficas e no serviam pra serem aplicadas em livros, como a de Aristteles, Francis Bacon, Augusto Compte e atualmente a de Rudolf Carnap. 17

    A primeira classificao sistemtica das cincias que se tem registro foi a de Aristteles (384-322 a.C), que foi o primeiro a trabalhar no arranjo de livros, onde classificou os conhecimentos em Tericos Filosofia e Matemtica; Prticos Cincias Sociais e Exatas e Produtivos Arte e Literatura.

    Em 1605, Francis Bacon criou um sistema que tratava-se de uma anlise baseada nas faculdades humanas da Razo, Imaginao e Memria. O sistema baconiano baseado no raciocnio de que os sentidos, que so a porta do intelecto, so afetados por objetos exteriores, sendo assim fixados pelo crebro, que ao receber essas impresses, examina-as pela faculdade Memria, ou faz imitao pela Imaginao, ou as analisa e classifica pela Razo.

    ______________

    16 DAHLBERG, I. Teoria da classificao, ontem e hoje. In: CONFERNCIA BRASILEIRA DE CLASSIFICAO BIBLIOGRFICA, 1972, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: IBICT/ABDF, 1972. v. 1, p. 352-370.

    17 SOUZA, Sebastio de. CDU: guia para utilizao da edio-padro internacional em lngua portuguesa. Braslia, DF: Thesaurus, 2001.

  • 28

    No ano de 1822, Augusto Compte estabeleceu o conceito de hierarquia das cincias, onde a nova cincia que surge depende da anterior. Ele adotou o princpio da generalidade decrescente e complexidade crescente.

    J Rudolf Carnap criou um sistema de classificao que utilizada at hoje por cientistas. Ele dividiu as cincias em formais e factuais, sendo as formais: a Filosofia e a Matemtica que tratam de entes existentes em nvel conceitual e abstrato; as factuais so as demais Cincias Humanas e Exatas, que dependem dos fatos e fenmenos.

    Durante o sculo XIX, os filsofos basearam-se em trs critrios a fim de propor classificaes: tipo de objeto estudado, tipo de mtodo empregado e tipo de resultado obtido. Com a juno de tais critrios e com a simplificao das classificaes anteriores, obteve-se a seguinte diviso que usada at hoje: Cincias Matemticas, Cincias Naturais, Cincias Aplicadas e Cincias Sociais.

    Nunes e Tlamo (2009 p. 33) afirmam que:

    A filosofia da classificao ainda tem muito o que contribuir para o estudo e entendimento dos sistemas de classificao. A busca de linguagens modernas e conceitos que abranjam os temas atuais e a gama incessante de informaes que surgem diariamente um desafio para os estudiosos de tais sistemas.18

    3.2 Tipos de classificao documentria

    Como j foi dito anteriormente, a classificao consiste no ato de classificar, de distribuir por classes ou categorias seguindo alguma ordem ou mtodo.

    Aos bibliotecrios cabe a tarefa de classificar documentos para que os usurios da biblioteca possam ter acesso informao de maneira agilizada e eficiente.

    ______________

    18 NUNES, Leiva; TLAMO, Maria de Ftima Gonalves Moreira. Da filosofia da classificao classificao bibliogrfica. Revista Digital de Biblioteconomia e Cincia da Informao,Campinas, v. 7, n. 1, p. 30-48, jul./dez. 2009. Disponvel em: . Acesso em: 15 set. 2009.

  • 29

    Para Valente (2003, p.1): O grande dilema do bibliotecrio comea quando tem que decidir se deve seguir uma linha de classificao mais generalista ou especializada. 19

    Para que se escolha o melhor sistema de classificao, necessrio levar em considerao a identificao do tipo de biblioteca e quais as caractersticas de seus usurios.

    Geralmente, os mtodos escolhidos para serem adotados em bibliotecas universitrias so aqueles em que a classificao de uma obra feita minuciosamente.

    Os principais sistemas de classificao, segundo Sousa (2001), sero descritos a seguir.

    3.2.1 Classificao Decimal de Dewey (CDD)

    Desenvolvido pelo bibliotecrio Melvil Dewey em 1876, esse sistema hoje o mais aceito em todo o mundo. Organiza o conhecimento humano em dez classes principais, de 0 a 9.

    A CDD trabalha no mnimo com trs dgitos, que podem se seguidos por um ponto e subclasses. Para complementar a tabela principal, Dewey criou a tabela de divises de forma, lngua, literatura, geogrfica e de tempo.

    Sua notao fcil, baseando-se em nmeros arbicos na sequncia decimal e tambm utiliza letras do alfabeto. Suas classes principais sempre so escritas em centena e se subdividem decimalmente.

    Uma caracterstica fundamental desse sistema a adaptabilidade de sua notao s necessidades de bibliotecas de natureza e tamanho diferentes. A CDD pode ser empregada para classificaes genricas, e, igualmente, para classificaes especficas.

    ______________

    19 VALENTE, Iolanda Sofia Rendeiro. Comparao entre formatos de classificao: CDD, CDU e LCC. Porto: Universidade Fernando Pessoa, 2003. Disponvel em:

    < http://www.cerem.ufp.pt/~nribeiro/aulas/tid/TID_iolanda_valente.pdf>. Acesso em: 13 set. 2009.

  • 30

    Exemplos: 621.38 Engenharia Eletrnica e Comunicaes 174.90622 tica da classe mdia

    3.2.2 Classificao Expansiva

    Charles Ammi Cutter era bibliotecrio e foi um crtico da Classificao Decimal de Dewey. Ele se desafiou a criar seu prprio esquema de classificao e em 1891 ele elaborou seu prprio sistema baseando-se na classificao de Bacon.

    Segundo Souza (2001, p. 14): Sua classificao chama-se Expansiva por considerar o sistema ajustvel expanso do conhecimento humano.

    A Classificao Expansiva formada por sete tabelas que abrangem todo o conhecimento humano.

    Sua notao alfabtica, de forma que as classes principais so representadas por letras maisculas e suas subdivises por letras minsculas. Os nmeros so usados para representar as subdivises de forma, geografia e histria.

    Exemplos: BX Filosofia da Linguagem F45 Histria da Inglaterra

    3.2.3 Classificao da Library of Congress (LC)

    Depois de muitos estudos e comparao de todos os sistemas at ento existentes, J. C. Hanson e Charles Martel decidiram que eles prprios deveriam criar um sistema que se adaptasse situao especfica da Biblioteca do Congresso, tanto aos servios como ao acervo.

    Desta forma, em 1901 criou-se o sistema de classificao da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da Amrica que teve sua estrutura baseada na Classificao Expansiva de Cutter.

  • 31

    A LCC divide o conhecimento humano em vinte classes representadas por letras maisculas do alfabeto, de A a Z, exceto pelas I, O, W, X e Y, o que permite o desenvolvimento de pelo menos mais cinco classes principais. Sua notao formada por letras e nmeros e tambm possui diviso geogrfica, tabelas de forma e cronolgica.

    Exemplos: GT4233 Carnaval no Brasil HG3740 Ciclos Econmicos para Pases

    3.2.4 Classificao Decimal Universal (CDU)

    Criado por Paul Otlet e Henry La Fontaine em 1905, esse sistema de classificao baseia-se na CDD, expandindo-se as tabelas auxiliares. um sistema padronizado e normalizado que usado tanto nacional como internacionalmente.

    A CDU um sistema de conceitos hierarquicamente estruturados, onde o conhecimento est dividido em dez classes que se subdividem novamente em forma decimal, do geral ao especfico.

    Sua estrutura formada por tabelas principais, tabelas auxiliares e ndice alfabtico. As tabelas auxiliares tm uma estrutura prpria utilizando smbolos matemticos e pontuao ordinria para diferenciao dentro da notao.

    Sua notao formada por nmeros decimais alm de indicadores de facetas especiais, com os dois pontos como um sinal de relao verstil.

    A CDU foi criada depois da CDD, e traz um avano em relao primeira:

    [...] aumento da capacidade de sntese, ou seja, possibilidade de representar assuntos complexos e de classes diferentes por meio de mecanismos de combinao; incorporao do princpio de anlise por facetas, princpio que permite uma anlise multidimensional dos assuntos [...] (TLAMO; LARA; KOBASHI, 1995, p. 55).20

    ______________

    20 TLAMO, Maria de Ftima M.; LARA, Marilda Lopes G. de, KOBASHI, Nair Yumiko. Vamos perseguir a informao. Comunicao & Educao, So Paulo, n. 4, p. 52-57, set./dez. 1995.

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    Exemplos: 34:504 Direito Ambiental 378197+199(81) A Educao no Brasil nas Dcadas de 70 e 90 do Sculo XX

    3.2.5 Classificao de Assunto

    James Duff Brown entendia que as principais divises do sistema de classificao so muito suscetveis a mudanas, mas que o assunto especfico no deve mudar.

    Foi com esse objetivo que, em 1906, ele defendeu que todos os documentos relacionados a um assunto simples deveriam permanecer juntos e justapostos a outros livros ou documentos a eles relacionados.

    A Classificao de Assunto foi muito usada por bibliotecas inglesas. Sua notao formada por letras maisculas, sendo cada uma seguida de

    nmeros de 000 a 999. Tambm so utilizados alguns sinais auxiliares. Exemplos: L800W720.10 Histria do Comrcio do Brasil 200+300 Calor e Som

    3.2.6 Classificao dos Dois Pontos

    Criado por Ranganathan em 1933, esse sistema de classificao usado para relacionar as caractersticas dos diversos assuntos.

    A Classificao dos Dois Pontos possui cerca de quarenta classes principais arranjados na ordem: Cincia e Tecnologia, Misticismo, Artes, Humanidades e Cincias Sociais.

  • 33

    De acordo com Langridge (1977, p. 91): Os fenmenos em cada classe so organizados pelas categorias de Personalidade, Matria e Energia (Espao e Tempo so tratados como subdivises comuns aplicveis a todas as classes). 21

    A principal caracterstica deste sistema a subdiviso dos assuntos em facetas e focos.

    Sua notao formada de letras maisculas, minsculas, nmeros arbicos, trao de unio e dois pontos.

    Exemplos: J381 Agricultura de Arroz J:2.44N5 Adubao Agrcola na ndia em 1950

    Com base na Classificao dos Dois Pontos, Ranganathan tambm idealizou a Classificao Facetada, que Lima (2002, p. 190-191) a explica da seguinte maneira:

    Para elaborar uma classificao facetada, examina-se a literatura do assunto com a finalidade de identificar seus conceitos e termos e estabelecer suas caractersticas e facetas. Aps levantar e definir a terminologia prpria do assunto, os termos so analisados e distribudos em facetas. Como j foi definido, faceta a coleo de termos que apresenta um relacionamento hierarquicamente igual com o assunto global, refletindo a aplicao de um princpio bsico de diviso. As facetas obtidas so inerentes ao assunto e, dentro de cada faceta, os termos que as constituem so suscetveis a novos agrupamentos, pela aplicao de outras caractersticas divisionais, dando origem s subfacetas. Os termos, nas subfacetas, so mutuamente exclusivos, isto , no devem se sobrepor na formao de assuntos compostos. Estabelecidas as facetas e subfacetas, importante determinar a ordem de citao em que sero apresentadas no sistema de classificao. A seguir, ordenam-se todos os elementos em ordem de arquivamento, o que permite colocar o assunto geral antes do especfico.22

    Exemplo: Bebida Bebida hdrica Bebida hdrica natural gua potvel gua mineral

    ______________

    21 LANGRIDGE, Derek. Classificao: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro: Intercincia, 1977.

    22 LIMA, Gercina ngela Borem. Anlise facetada na modelagem conceitual de sistemas de hipertexto: reviso de literatura. Perspectiva em Cincia da Informao, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 189-196, jul./ dez. 2002.

  • 34

    3.2.7 Classificao Bibliogrfica

    Henry Evelyn Bliss criou em 1933 o sistema de Classificao Bibliogrfica, que divide o conhecimento humano em quatro grandes grupos: Filosofia, Cincias, Histria, Tecnologia e Artes. Cada um desses quatro grupos foram subdivididos em classes, e essas classes, por sua vez, foram reunidas por sua semelhana.

    No existe na histria da classificao, outro exemplo de um classificacionista que tenha levado vinte e cinco anos estudando a classificao, apresentado sua teoria e definido seus prprios princpios para ento, conceber seu sistema de classificao.

    Sua notao formada da seguinte maneira: as classes principais so representadas pelas letras do alfabeto, sendo as letras minsculas destinadas s subdivises geogrficas e os nmeros so usados para divises de formas. Tambm possui tabelas auxiliares.

    Exemplos: ZP4 Biografia de Bibliotecrios VDT,H Decorao Interior Portuguesa

    3.3 Tabela de Cutter

    Alguns sistemas de classificao tambm utilizam a Tabela de Cutter, criada pelo mesmo autor da Classificao Expansiva, que uma tabela de cdigos que indicam a autoria de uma obra. Nesta tabela, o sobrenome de cada autor tem um nmero a ele atribudo. Estes cdigos correspondentes autoria do livro, formado por letras e nmeros, aparece na segunda linha do nmero de chamada das obras nas bibliotecas.

    A notao de autor ou nmero de Cutter formada da seguinte maneira:

    a) inicial do sobrenome do autor; b) nmero atribuido ao sobrenome na Tabela de Cutter;

  • 35

    c) inicial minscula da primeira palavra do ttulo da obra.

    O nmero de chamada funciona como a identidade do livro, cada um tem o seu e no podem existir dois exatamente iguais. Este nmero serve para localiz-lo na estante, aquele que consta nas etiquetas coladas na lombada dos livros e outros materiais. formado pela notao de classificao, nmero de notao de autor, mais a primeira letra do ttulo, desprezando os artigos.

    Exemplo: 025.4 F749a

    Este nmero de chamada do livro usado no exemplo, formou-se da seguinte maneira: o 025.4 refere-se ao assunto do livro que Classificao. J a notao F749a identifica: a letra F, que a inicial do sobrenome do autor Fosket, Antony Charles; o nmero 749 o nmero atribuido ao sobrenome do autor pela Tabela de Cutter e a letra a minscula, identifica a primeira letra do ttulo: A abordagem temtica da informao, lembrando-se que o a no refere-se ao artigo, e sim palavra abordagem.

    O nmero de Cutter ainda pode ser acrescido das seguintes informaes: registro, edio, volume e exemplar.

    Exemplo: 344.668 A44c r. 25630 2. ed. v. 1

    ex. 2

  • 36

    4 CLASSIFICAO DECIMAL DE DEWEY (CDD)

    4.1 Melvil Dewey

    Nascido em 1851, nos Estados Unidos, Melvil Dewey era considerado um gnio.

    Com a idade de cinco anos revelava j o tipo de preocupao que lhe iria marcar a vida inteira: teria proporcionado despensa de sua me uma organizao sistemtica, mais consentnea com a necessidade de recuperar os itens de mantimentos ali armazenados. (SILVA, 2003, p. 4)23

    Foi aluno do Amherst College, de Amherst em Massachussetts e l, em 1872 comeou a trabalhar na biblioteca no cargo de assistente de biblioteca.

    No ano seguinte, 1873, apresentou um plano de reorganizao da biblioteca daquele colgio de uma maneira mais sistemtica.

    Tendo dedicado seis meses de estudos a quase todos os sistemas conhecidos, decidiu se basear no sistema de Harris, que o inverso do sistema de Bacon.

    Dewey endereou uma carta ao grande bibliotecrio Ranganathan, e nesta carta havia um trecho que, de acordo com Lentino (1971, p. 57) dizia o seguinte:

    Dia e noite, noite e dia eu pensava na elaborao de um sistema de simples manejo, com notao clara, mnemnica, que pudesse ser expandida e que fosse compreendida at pelos iletrados, sem as complicaes dos outros sistemas em uso na poca, quando fui a um ofcio religioso, num domingo. O pastor iniciou uma prtica muito rida que no prendia minha ateno, toda ela voltada para minha Biblioteca, quando inopinadamente me veio mente o ponto na sequncia decimal. Dei um salto do meu lugar, continuou ele, o que causou espanto aos fiis ali presentes. Corri para o meu gabinete de trabalho e firmei a descoberta da CLASSIFICAO DECIMAL. 24

    ______________

    23 SILVA, Odilon Pereira da. Classificao decimal de Dewey: manual terico prtico para uso dos alunos da disciplina classificao do Departamento de Cincia da Informao e Documentao da Universidade de Braslia. Braslia, DF: Departamento de Cincia da Informao e Documentao da Universidade de Braslia, [200-?]. Disponvel em: . Acesso em: 19 set. 2009.

    24 LENTINO, Nomia. Guia terico, prtico e comparado dos principais sistemas de classificao bibliogrfica. So Paulo: Polgono, 1971.

  • 37

    Em 1874, foi promovido a Assistant College Librarian e, em 1876, publicou, anonimamente, sua 1 edio que revolucionaria a Biblioteconomia da poca e que teria repercusso no futuro, sob o ttulo: A classification and subject ndex for cataloguing and arranging the books and pamphlets of a library.25

    No ano de 1887, Dewey fundou a primeira escola de Biblioteconomia dos Estados Unidos, Columbia University, e no decurso de uma longa vida, faleceu no ano de 1931, com oitenta anos de idade.

    Melvil Dewey participou ativamente de vrios aspectos da Biblioteconomia e tambm de reas afins, sendo a mais famosa de suas contribuies, a Classificao Decimal.

    4.2 Principais edies

    A primeira edio tinha 42 pginas e era composta por 12 pginas de Introduo, 12 pginas de Tabelas e 18 pginas de ndice.

    Sua obra atribuiu pela primeira vez os nmeros decimais aos livros e no s estantes. Havia uma abundncia de detalhes dos assuntos principais e tambm havia um ndice detalhado para o acesso s entradas numricas do sistema. Essa edio teve uma tiragem de mil exemplares.

    A partir da 2 edio, em 1885, estabeleceu-se um padro notacional que viria a se manter basicamente sem alteraes em todas as prximas edies, desta mesma forma, ficou consagrado o arranjo sistemtico.

    Em seus estudos, Dewey chegou concluso de que um sistema em que houvesse constantes alteraes de uma edio a outra, no teria sucesso, pois se assim acontecesse, os bibliotecrios teriam de fazer constantes modificaes de reclassificao, alteraes da notao nos livros e catlogo, mudanas na colocao nas estantes. Diante dessa situao, e, na 2 edio, anunciou que a partir desta edio, a estrutura de seu sistema no seria mudada. Seriam introduzidas as expanses, se necessrio, mas a estrutura bsica permaneceria imutvel.

    ______________

    25 Uma classificao e ndices de assuntos para catalogao e organizao dos livros e folhetos na biblioteca. Traduo de Virgnia Alves Vaz.

  • 38

    At a 14 edio, em 1942, o sistema de Dewey obteve progresso no sentido de proporcionar um maior detalhamento, porm, sem grandes alteraes na estrutura bsica do esquema.

    Na 15 edio, em 1951, decidiu-se atualizar o esquema, baseando o volume de detalhes das vrias sees numa estimativa mais realista das necessidades. Esta edio trouxe diversas inovaes como: a terminologia foi revisada e atualizada; a diagramao e a feio grfica foram aperfeioadas; a ortografia adotada por Dewey foi abolida, tanto do ndice quanto das Tabelas. Em termos de apresentao, a 15 edio foi considerada um xito editorial para a poca.

    A partir da 15 edio adotou-se o critrio de se estabelecer um intervalo de sete anos entre cada nova edio.

    Somente aps a 16 edio o nome de Dewey comeou a aparecer no ttulo, ou seja, o sistema passou a ser chamado de Classificao Decimal de Dewey (CDD).

    A CDD atualmente est em sua 22 edio. Publicada em 2003, abrange alteraes globais nas reas de cincia da computao, medicina, geografia, poltica, tendncias de estilo de vida, entre outros. Essas atualizaes da nova edio incluem tpicos emergentes, revises geogrficas, avanos cientficos, interesses em crescimento e quase tudo sobre tudo o que novo. O ndice Relativo foi atualizado com os nmeros e termos criados mais recentemente.

    Foram melhoradas a estrutura e terminologias de classificao em reas como Matemtica, Medicina e Sade, Cincia da Computao e Grupos e Instituies Sociais. As alteraes refletem a diversidade cada vez maior dos usurios de bibliotecas e oferecem os meios para satisfazerem melhor suas necessidades.

    A 22 edio da Classificao Decimal de Dewey est disponvel nos formatos on-line e impresso.

  • 39

    4.3 Como funciona a CDD

    A CDD organiza o conhecimento humano em dez classes principais e depois em subcategorias, dividindo cada rea vrias vezes, tendo como vantagem classificar no apenas os livros j existentes mas como os que ainda esto por vir. Excluindo a primeira classe, 000 Computadores, informao e referncia geral, prosseguem do metafsico (Filosofia e Religio) a matrias normais (Histria e Geografia).

    O sistema puramente hierrquico e numrico, sendo suas categorias representadas por nmeros decimais de 0 a 9. Para essa representao, so utilizados apenas nmeros e um tipo de sinal grfico: o ponto (.)

    Sobre a notao da CDD, Lentino (1971, p. 60) afirma que : Simples, flexvel, mnemnica, por usar somente algarismos arbicos na sequncia decimal, a notao da D.C., o que facilita enormemente o desenvolvimento das classes, podendo-se inserir, sempre que necessrio, novos nmeros.

    Percebe-se que o uso dos algarismos arbicos como notao foi preferido devido ao carter universal de sua utilizao. A CDD utiliza alguns mecanismos de uma classificao facetada, que combina elementos de diferentes partes da estrutura para construir um nmero representando o assunto do contedo, que frequentemente, combina dois elementos de assuntos juntando nmeros que representam reas geogrficas ou pocas, e sua forma em vez de extrair a representao de uma nica lista contendo cada classe e seu significado.

    A CDD formada pela Tabela principal de assuntos, pelas Tabelas auxiliares e pelo ndice.

    A Tabela principal de assunto enumera hierarquicamente o conhecimento, nas referidas 10 classes.

    As Tabelas auxiliares permitem formular um nmero mais especfico, no sentido de adicionar aspectos relevantes aos assuntos das classes.

    O ndice apresenta entrada para cada palavra significativa do esquema. A maioria das palavras so apresentadas no plural e arrumadas palavra por palavra. O classificador deve procurar no s na palavra desejada, mas, tambm em termos sinnimos ou relacionados a assuntos mais amplos.

  • 40

    4.3.1 Tabela Principal

    A CDD composta por dez categorias principais:

    a) 000 Generalidades; b) 100 Filosofia e Psicologia; c) 200 Religio; d) 300 Cincias Sociais; e) 400 Lnguas; f) 500 Cincias Puras; g) 600 Cincias Aplicadas; h) 700 Artes; i) 800 Literatura e j) 900 Geografia Histria Biografia.

    Cada classe principal consiste em 10 divises. A diviso zero empregada para obras gerais em qualquer classe principal, e as divises um a nove para as demais partes da classe principal.

    A notao atribuda a um documento deve sempre constituir-se de, no mnimo, 3 dgitos, mas de tamanho mximo indeterminado, com um ponto decimal antes do quarto dgito presente para representar as extenses para relaes entre assuntos, local, poca ou tipo de material.

    As classes so formadas por divises para especificar ainda mais o assunto. Tomando como exemplo a classe 600 Cincias Aplicadas, so suas as seguintes subdivises:

    a) 610 Medicina e Sade; b) 620 Engenharia e operaes afins; c) 630 Agricultura e Tecnologias relacionadas; d) 640 Economia domstica e vida domstica; e) 650 Administrao e servios auxiliares; f) 660 Engenharia qumica;

  • 41

    g) 670 Produo; h) 680 Produtos manufaturados para uso especfico; i) 690 Construo.

    Cada uma das divises formada por subdivises ou sees. Exemplo:

    610 Medicina:

    a) 611 Anatomia; b) 612 Fisiologia humana; c) 613 Higiene; d) 614 Sade Pblica; e) 615 Farmacologia Teraputica; f) 616 Clnica Mdica; g) 617 Cirurgia; h) 618 Ginecologia Obstetrcia e i) 619 Veterinria.

    4.3.2 Tabelas Auxiliares

    So assim denominadas porque representam conceitos que podem, virtualmente, ocorrer associados a qualquer assunto das dez classes principais. Em nmero de sete, so as seguintes:

    a) Subdivises padro; b) Subdivises de rea; c) Subdivises de literaturas individuais; d) Subdivises de lnguas individuais; e) Subdivises raciais, tnicas, nacionais; f) Subdivises de lnguas; g) Subdivises de pessoas.

  • 42

    4.3.3 ndice

    Grande parte da importncia do sistema decimal atribuda em parte ao valor dos seus ndices, que segundo Lentino (1971, p. 62) [...] foram elaborados com o mximo apuro e grande meticulosidade.

    Para melhor utilizao do ndice, o classificador precisa saber: o que pode encontrar no mesmo; como sua organizao interna; como us-lo.

    O ndice altamente estruturado, mas oferece muitos recursos ao classificador que o entende. Ele contm uma entrada para cada termo significativo existente nas tabelas Principais e Auxiliares.

    Evidentemente, no possvel incluir no ndice todo aspecto possvel de todos os tpicos l encontrados, sem prejuzo da convenincia de um porte de ndice de dimenses prticas. Por essa razo, nem todos os nomes de pessoas, cidades, instituies, minerais, plantas, animais, compostos qumicos, produtos farmacuticos, produtos manufaturados e similares esto nele includos.

  • 43

    5 CLASSIFICAO DECIMAL UNIVERSAL (CDU)

    5.1 Histrico

    Em 1892, o advogado Paul Otlet (1868-1944) e o professor Henri La Fontaine (1854-1943), humanistas belgas, idealizaram uma bibliografia universal que compilaria todo o tipo de documentos e assuntos.

    Na casa de Paul Otlet, fundaram o Office International de Bibliographie, para compor o trabalho que recebeu o nome de Rpertoire Bibliographique Universel.

    A Classificao Decimal de Dewey foi utilizada como instrumento de arranjo para a ordenao das fichas desse Repertrio, mas devido aos assuntos compostos que seu trabalho possua, a CDD no tinha flexibilidade necessria para resolver essa questo.

    Em 1895 foi criado, na 1 Conferncia Internacional de Bibliografia, realizada em Bruxelas, o Instituto Internacional de Bibliografia (IIB).

    Otlet e La Fontaine estudando o sistema de Dewey ficaram impressionados com a riqueza do material e tambm perceberam que a taxonomia do conhecimento humano poderia ser expressa atravs dos nmeros internacionalmente, de forma que, quanto mais nmeros decimais utilizar, mais especfica pode ser a organizao da informao. Ento, escrevendo para Melvil Dewey, obtiveram autorizao para sua traduo para o francs.

    Otlet e La Fontaine escreveram a Dewey solicitando sua permisso para tornar o seu esquema mais pormenorizado, de modo a adapt-lo ao arranjo do tipo de ndice que tinham em mente (embora o prprio Dewey tivesse sempre salientado a importncia do catlogo sistemtico), o seu esquema, ento como hoje, era usado principalmente para a arrumao de livros. (FOSKETT, 1973, p. 233). 26

    ______________

    26 FOSKETT, Antony Charles. A abordagem temtica da informao. Traduo de Antnio Agenor Briquet de Lemos. So Paulo: Polgono; Braslia, DF: Ed. da UnB, 1973.

  • 44

    Dewey autorizou, com relutncia, as alteraes, e o IIB juntamente com Otlet e La Fontaine, puseram-se a traduzir a obra, que foi recebendo vrias inovaes, adequaes e complementos. Eles expandiram e adequaram o sistema de Dewey classificao de um repertrio bibliogrfico, representado por aproximadamente 400.000 fichas.

    Com as adequaes, surgia um novo sistema de classificao que permite o uso de snteses, ou seja, a composio de nmeros compostos para indicar assuntos inter-relacionados.

    Terminado o trabalho de expanso, publicou-se, em 1905, a 1 edio, em francs, a que deram o nome de Manuel du Rpertoire de Bibliographie Universelle (Manual do Repertrio Bibliogrfico Universal), tambm conhecida como Classificao de Bruxelas, cidade onde o instituto se concentrava.

    O Manual possua as seguintes atribuies (PIEDADE, 1977, p. 79): 27

    a) a compilao de um repertrio bibliogrfico universal, formando uma bibliografia em fichas, por autor e assunto, de toda literatura mundial;

    b) aperfeioamento e unificao dos mtodos bibliogrficos; c) organizao da cooperao bibliogrfica internacional; d) trabalho pelo aperfeioamento da indstria do livro.

    Estudando a linguagem universal dos nmeros arbicos e a capacidade de representao da estrutura hierrquica do conhecimento maior, que so as duas caractersticas bsicas do sistema de Dewey, incorporaram-lhe outra caracterstica, segundo afirma Silva e Ganin (1994, p. 6): [...] a introduo do conceito de relao e dos recursos para represent-la atravs da sntese, que permite a formao de notaes compostas para representar conceitos novos no previstos no sistema. 28

    Em 1931, o Instituto Internacional de Bibliografia transferiu sua sede para Haia e alterou seu nome para Instituto Internacional de Documentao (IID).

    No ano de 1933, o IID publicou a 2 edio do Manuel du Rpertoire de Bibliographie Universelle, j com o ttulo que conhecido at hoje: Classificao Decimal Universal (CDU).

    ______________

    27 PIEDADE, Maria Antonietta Requio. Introduo teoria da classificao. Rio de Janeiro: Intercincia, 1977.

    28 SILVA, Odilon Pereira da; GANIN, Ftima. Manual da CDU. Braslia, DF: Briquet de Lemos/Livros, 1994.

  • 45

    Em 1937, o IID passa a se chamar Federao Internacional de Documentao (FID), em reconhecimento a sua autoridade internacional no campo da documentao.

    As atualizaes, modificaes, alteraes e expanso da CDU, se do atravs da publicao: Extensions and corrections to the UCD - E & C-, desde 1949. Inicialmente, essa publicao era semestral. A partir de 1954, passou a ser bimestral, at o ano de 1973. De 1974 a 1992 passou a ser anual, cumulativa de trs em trs anos.

    Do ano de 1993 at atualmente, sua publicao anual, geralmente no ms de novembro de cada ano.

    5.2 Edies publicadas

    A publicao da CDU feita de acordo com a necessidade de classificao nas bibliotecas, instituies e centros de informao. Ela apresentada atravs dos seguintes tipos de edies: Desenvolvidas, Mdias, Abreviadas, Condensadas e Especiais.

    5.2.1 Edies desenvolvidas

    A primeira edio internacional foi a edio desenvolvida, intitulada Manuel du Repertoire Bibliographique Universel, em francs, no ano de 1905.

    A segunda edio, publicada em 1933 pelo Instituto Internacional de Bibliografia, em francs, recebeu o nome de Classification Decimale Universelle.

    A terceira edio, que considerada a edio desenvolvida mais completa, foi publicada em alemo, com o titulo "Dezimalklassifikation", em 1934.

    Outras edies desenvolvidas foram publicadas nos seguintes idiomas:

  • 46

    a) ingls 4a edio; b) francs 5a edio; c) japons 6a edio; d) espanhol 7 edio; e) alemo 8a edio; f) portugus 9 edio.

    5.2.2 Edies mdias

    Foram publicadas edies mdias em alemo, francs, italiano, polons, russo, japons e portugus.

    No Brasil, a primeira edio mdia da CDU, foi publicada em 1976 pelo Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT), sendo traduzida da edio desenvolvida em alemo. A segunda edio foi publicada em 1987.

    Em 1997, o IBICT publicou a Edio-padro Internacional em Lngua Portuguesa Tabelas Sistemticas Parte 1.

    Em 1999, publicou o ndice Parte 2 da Edio-padro Internacional em Lngua Portuguesa.

    5.2.3 Edies abreviadas

    Foram publicadas edies abreviadas em quase todos os idiomas, sendo que a edio em lngua portuguesa foi publicada em Portugal pelo Centro de Documentao Cientfica do Instituto de Alta Cultura e pelo ento Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao (IBBD), hoje o Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT).

    Tambm foi publicada uma edio abreviada trilngue, no ano de 1958, em alemo, ingls e francs, acompanhada dos respectivos ndices.

  • 47

    5.2.4 Edies condensadas

    Foi publicada somente uma edio condensada em 1967, em francs, com somente 50 pginas.

    5.2.5 Edies especiais

    A Federao Internacional de Documentao determinou as edies especiais para uso de especialistas de determinadas reas, servindo de apoio ao desenvolvimento do conhecimento mundial.

    5.3 Como funciona a CDU

    A Classificao Decimal Universal um esquema de classificao uniformizado e normalizado, amplamente usado nacional e internacionalmente, que visa organizar o conhecimento humano.

    A CDU uma linguagem de indexao e de recuperao de todo o conhecimento registrado e na qual cada assunto simbolizado por um cdigo baseado nos nmeros arbicos. ainda uma classificao enumerativa, mas j com um pouco de facetao. (SOUZA, 2001, p. 6).

    A CDU baseada em trs princpios fundamentais, os quais so:

    a) classificao: por ser uma classificao no sentido restrito da palavra, agrupa ideias nos seus aspectos concordantes;

    b) universalidade: inclui todas as ramificaes do conhecimento humano, encarando-as de vrios aspectos;

  • 48

    c) decimalidade: o conhecimento humano dividido em dez classes, que tambm se subdividem decimalmente, do geral ao especfico, pela adio de cifras decimais.

    A CDU composta por dois volumes: Parte 1 Tabela Sistemtica e Parte 2 ndice Alfabtico.

    5.3.1 Tabela Sistemtica

    A Tabela Sistemtica divide-se em outras duas tabelas: a Tabela principal e as Tabelas auxiliares.

    A Tabela principal de assuntos divide o conhecimento humano em dez classes. As principais divises so:

    a) 0 Generalidades; b) 1 Filosofia. Psicologia; c) 2 Religio. Teologia; d) 3 Cincias Sociais; e) 4 (Vaga no momento); f) 5 Cincias exatas. Cincias naturais. Ecologia; g) 6 Cincias aplicadas. Medicina. Tecnologia; h) 7 Arte. Arquitetura. Recreao e desporto; i) 8 Lnguas. Lingustica. Filologia. Literatura; j) 9 Geografia. Biografia. Histria e cincias auxiliares.

    A classe 4 est vaga devido caracterstica de flexibilidade para futuras expanses da cincia e da tecnologia.

    As classes principais tambm so divididas decimalmente em subclasses, tornando-se cada vez mais especificadas.

  • 49

    Exemplos:

    34 Direito. Jurisprudncia 34:504 Direito ambiental 34.01 Teoria do Direito 340 Direito em geral. Propedutica 340.12 Filosofia do Direito

    A notao da CDU se constitui de nmeros, letras e sinais, sendo assim, flexvel e mista. Pode ser usada com sucesso em computador. O sistema emprega o ponto decimal de trs em trs algarismos, quebrando as extenses dos nmeros e facilitando a sua leitura, pois so lidos como decimais. Esse ponto tem apenas valor simblico, no sendo classificatrio.

    Seguindo o princpio hierrquico de classificao do geral para o particular, a notao acompanha os diversos nveis de detalhamento dessas classes, atravs do acrscimo de novo dgito decimal at o detalhe desejado, ou o mais prximo existente no sistema. (SILVA; GANIM, 1994, p. 13).

    5.3.2 Tabelas Auxiliares

    As Tabelas auxiliares representam formas de especificar os assuntos por lugar, forma, lngua, tempo, e outros, flexibilizando ainda mais a representao dos conceitos. Apresentam-se em duas divises: os sinais e as subdivises auxiliares.

    O uso destas tabelas permite a construo dos nmeros simples, a construo de nmeros compostos e snteses.

    Conforme cita Souza (2001, p. 38) h ainda 17 sinais auxiliares, comuns na CDU, e esto divididos em 10 Tabelas de 1a at 1k . No h tabela 1j.

    Tabela 1a + Coordenao ou adio; / Extenso consecutiva; Tabela 1b : Relao simples;

    [ ] Subagrupamento;

  • 50

    :: Ordenao; Tabela 1c = Lngua; Tabela 1d (0...) Forma; Tabela 1e (1/9) Lugar; Tabela 1f (=...) Raa; Tabela 1g ... Tempo; Tabela 1h * Asterisco; A/Z Ordem alfabtica; Tabela 1i .000. Ponto de vista genrico; .00 Ponto de vista comum; Tabela 1k -02 Propriedade; -03 Materiais; -05 Pessoas.

    Aparecem tambm da CDU outros smbolos e notas remissivas:

    a) remissiva "ver" aparece por extenso nas tabelas; b) seta " " indica "ver tambm"; c) subdividir como = indica a diviso paralela, onde os nmeros que

    antecedem o smbolo podem ser subdivididos de maneira anloga do nmero que o segue, o que permitir uma srie exatamente anloga, com os mesmos conceitos e mesmos algarismos.

    5.3.3 ndice Alfabtico

    O ndice uma lista alfabtica de conceitos e tem por finalidade proporcionar acesso s classes existentes nas tabelas. No pretende ser sucedneo das mesmas, e no dever jamais ser utilizado por si s na atividade de classificao.

    Cada conceito corresponde a uma notao que serve de guia na consulta da Tabela principal, para facilitar e agilizar a localizao da notao que se adequar ao assunto pesquisado.

  • 51

    Segundo Oliveira (1980, p. 61): De modo geral os ndices das tabelas da CDU, so satisfatrios, por apresentarem uma boa terminologia, incluindo sinnimos e remissivas. 29

    ______________

    29 OLIVEIRA, Regina Maria Soares de. Classificao decimal universal: origem, estrutura, situao atual. Braslia, DF: ABDF, INL, 1980.

  • 52

    6 MATERIAIS E MTODOS

    6.1 Tipo de pesquisa

    De acordo com Gil (2002, p. 17), pesquisa o [...] procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que so propostos. 30

    A pesquisa desenvolvida neste estudo foi de natureza descritiva, com uma abordagem quali-quantitativa. Gil (2002, p. 42) caracteriza a pesquisa descritiva como: [...] aquelas que tm por objetivo estudar as caractersticas de um grupo [...]

    Segundo Goldenberg (1998, p. 62), a abordagem quali-quantitativa uma interao da pesquisa quantitativa que so aquelas adequadas para apurar opinies e atitudes explcitas e conscientes dos entrevistados, pois utilizam instrumentos padronizados, com a pesquisa qualitativa, que tem carter exploratrio, pois estimulam os entrevistados a pensar e falar livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. 31

    Esta interao entre as pesquisas permite ao pesquisador fazer um cruzamento de suas concluses de modo a ter maior confiana que seus dados no so produto de um procedimento especfico ou de alguma situao particular. Neste enfoque, os dois mtodos: qualitativo e quantitativo deixam de ser percebidos como opostos, e passam a serem vistos como complementares, podendo proporcionar uma melhor compreenso do problema estudado.

    ______________

    30 GIL, Antnio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2002.

    31 GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em cincias sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

  • 53

    6.2 Caracterizao do campo de estudo

    A coleta de dados para a realizao desta pesquisa foi feita na biblioteca ngela Vaz Leo, que a biblioteca central do Centro Universitrio de Formiga e tem como pblico alvo alunos, professores e funcionrios do UNIFOR-MG. Sua misso promover o acesso, a disseminao e o uso da informao como apoio ao ensino, pesquisa e extenso, contribuindo para a evoluo e a produo do conhecimento. A biblioteca ngela Vaz Leo toda informatizada, participante das redes do COMUT e BIREME, e possui um acervo diversificado para atender seus usurios. O horrio de funcionamento da biblioteca : de segunda a sexta-feira de 07:00 s 22:45 horas e aos sbados de 07:00 s 11:00 horas.

    Tambm coletou-se dados na biblioteca da PUC Minas Arcos, que foi Inaugurada juntamente com o Campus em 09/07/1999. A biblioteca um espao aberto a alunos, professores, funcionrios e tambm a toda cidade, onde a populao pode pesquisar e consultar seu acervo. uma biblioteca totalmente informatizada, possuindo um acervo composto por livros, peridicos, fitas de vdeo, hemeroteca, e outros. Todo esse material est disponvel para consulta, ficando apenas o emprstimo restrito aos alunos, professores e funcionrios da PUC Minas. Alm do acervo descrito, oferece ainda consulta Internet, com terminais exclusivos para usurios. A biblioteca da PUC Minas Arcos funciona de segunda a sexta-feira de 08:00 s 22:00 horas e aos sbados de 08:00 s 12:00 horas.

    importante relatar o sistema de classificao que cada biblioteca utiliza. A biblioteca ngela Vaz Leo classifica seu acervo de acordo com a Classificao Decimal de Dewey, j a biblioteca da PUC Minas Arcos utiliza o sistema de Classificao Decimal Universal. Este quesito foi de suma importncia para a anlise comparativa que este estudo se props a realizar.

  • 54

    6.3 Amostra

    Conforme Silva et al. (1997, p. 92) amostragem [...] um conjunto de tcnicas utilizadas para a seleo da amostra que vem a ser uma parcela do grupo examinado. 32 Seguindo orientao da literatura especializada, esta amostra definida de acordo com frmulas determinadas para tal. Contudo, nesta presente pesquisa, no se pode determinar com exatido a porcentagem de sujeitos a serem pesquisados, pois a coleta de dados foi realizada em data nica pr-estabelecida. Os bibliotecrios da biblioteca ngela Vaz Leo e da Biblioteca da PUC Minas Arcos, e os usurios que estavam presentes na data prevista, que aceitaram participar da pesquisa, que foram elementos que compuseram a amostra deste estudo. Porm na segunda instituio pesquisada, foi aplicado o mesmo nmero de questionrios dos que foram obtidos na primeira, isso por se tratar de uma anlise comparativa, procurando um equilbrio e uma melhor demonstrao dos resultados. Foram enquadrados no critrio de excluso, todos os alunos que estiverem cursando o primeiro ou o segundo perodo de seus respectivos cursos, por no terem ainda conhecimento da estrutura funcional da biblioteca.

    6.4 Consideraes ticas

    Esta pesquisa orientou-se pelas normas previstas na Resoluo 196/96 do Conselho Nacional de Sade, a qual regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos.

    Toda pesquisa que se realiza com envolvimento de seres humanos exige do pesquisador um posicionamento tico e respeitoso no trato das informaes obtidas; para tal o pesquisador deve:

    ______________

    32 SILVA, Ermes Medeiros da et al. Estatstica: para os cursos de: economia, administrao e cincias contbeis. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1997.

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    prever procedimentos que assegurem a confidencialidade e a privacidade, a proteo da imagem e a no estigmatizao, garantindo a no utilizao das informaes em prejuzo das pessoas e/ou das comunidades, inclusive em termos de auto-estima (sic), de prestgio e/ou econmico-financeiro. (BRASIL, 1996).33

    Este trabalho foi desenvolvido sobre os pilares da tica e do sigilo, visando resguardar a integridade de todos os participantes, ressaltando que todos os dados coletados foram utilizados apenas para fins cientficos. Todos os termos que se fizeram necessrios, foram encaminhados para as instituies, e para os participantes da pesquisa, os quais foram assinados, dando as devidas autorizaes para a realizao desta pesquisa. Os modelos esto dispostos no trabalho da seguinte maneira:

    a) ANEXO A Termo de aceite de orientao; b) ANEXO B Carta de apresentao de aluno; c) ANEXO C Declarao de aceite da empresa; d) ANEXO D Carta de cincia e autorizao; e) ANEXO E Termo de consentimento livre e esclarecido; f) ANEXO F Declarao de obrigatoriedade de sigilo; g) ANEXO G Parecer consubstanciado de aprovao COEPEH/ UNIFOR-MG

    6.5 Instrumentos e procedimentos

    A coleta de dados teve como instrumento de pesquisa, o questionrio, que segundo Gil (1999, p. 128) :

    [...] a tcnica d