Pino Fibra de Vidro

21
AAAAAA AA AAAAAAAA 110 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006 Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica Victor Grover Rene Clavijo*, Niélli Caetano de Souza**, Marcelo Ferrarezi de Andrade***, Alexandre Henrique Susin**** ReSuMo Este artigo relata a reabilitação de raízes fragilizadas com pinos ana- tômicos (resina composta associada a pinos pré-fabricados de fibra de vidro), associados à coroas de por- celana metal free, apresentando um protocolo clínico para confecção de PAlAVRAS-CHAVe: Pinos dentários. Dentes desvitalizados. Prótese parcial fixa. núcleos intra-radiculares que pro- porcionam um núcleo intimamente adaptado ao remanescente radicu- lar e com propriedades mecânicas semelhantes à estrutura dentária apresentando-se como uma alterna- tiva aos convencionais núcleos me- tálicos fundidos. * Mestrando em Dentística FOAr-UNESP. ** Mestranda em Dentística FOAr-UNESP. *** Professor Assistente Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora FOAr-UNESP. **** Professor orientador do Programa de Pós- Graduação em Dentística – FOAr-UNESP Professor Adjunto Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora – UFSM.

description

Reabilitação de raízes fragilizadas com pinos anatômicos (resina composta associada a pinos pré-fabricados de fibra de vidro).

Transcript of Pino Fibra de Vidro

Page 1: Pino Fibra de Vidro

AAAAAA AA AAAAAAAA

110 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

Victor Grover Rene Clavijo*, Niélli Caetano de Souza**,

Marcelo Ferrarezi de Andrade***, Alexandre Henrique Susin****

ReSuMoEste artigo relata a reabilitação de raízes fragilizadas com pinos ana-tômicos (resina composta associada a pinos pré-fabricados de fibra de vidro), associados à coroas de por-celana metal free, apresentando um protocolo clínico para confecção de

PAlAVRAS-CHAVe: Pinos dentários. Dentes desvitalizados. Prótese parcial fixa.

núcleos intra-radiculares que pro-porcionam um núcleo intimamente adaptado ao remanescente radicu-lar e com propriedades mecânicas semelhantes à estrutura dentária apresentando-se como uma alterna-tiva aos convencionais núcleos me-tálicos fundidos.

* Mestrando em Dentística FOAr-UNESP. ** Mestranda em Dentística FOAr-UNESP. *** Professor Assistente Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora FOAr-UNESP. **** Professor orientador do Programa de Pós- Graduação em Dentística – FOAr-UNESP Professor Adjunto Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora – UFSM.

Page 2: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

111R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

SiGNiFiCâNCiA ClíNiCA

O propósito deste protocolo clínico é des-

crever a técnica de confecção dos pinos ana-

tômicos e sua vantagens em relação aos pinos

indiretos já que constitui-se numa nova opção

de tratamento para reabilitação de raízes enfra-

quecidas.

iNTRoDuÇÃo

A Odontologia têm experimentado uma evo-

lução singular no início deste novo século, dis-

ponibilizando uma grande variedade de técnicas

restauradoras. Até alguns anos atrás, os núcleos

metálicos fundidos eram o único caminho para

a restauração de dentes endodonticamente tra-

tados, porém apresentavam vários empecilhos

na sua confecção, dentre as quais se incluem o

tempo clínico, o custo e o desgaste da estrutura

dentária já fragilizada. Além disso, devido a seu

alto módulo de elasticidade, quando compara-

do com a dentina, transferem grande parte do

stress recebido para a raiz, podendo ocasionar

fraturas dentárias2 .

Com o desenvolvimento de novos materiais,

aliado à evolução dos sistemas adesivos, houve

no mercado o lançamento de diversos tipos de

pinos pré-fabricados não metálicos que apre-

sentam como vantagens: menor desgaste da

estrutura dental, adesão à dentina através de ci-

mentos resinosos associados a adesivos e técni-

ca simplificada11. Dentre os pinos pré-fabricados,

destacam-se os pinos de fibra (carbono e vidro)

por apresentarem propriedades mecânicas pró-

ximas às da estrutura dentária, especialmente o

módulo de elasticidade semelhante ao da den-

tina, possibilitando uma melhor distribuição de

stress ao remanescente dentário5,11.

No entanto, a restauração de dentes com

perda prévia de quantidades significantes de es-

trutura dentária coronal e radicular, ainda é um

desafio. Torna-se fundamental buscar alternati-

vas aos sistemas de núcleos convencionais uma

vez que a substituição da dentina intra-radicu-

lar destruída por núcleos metálicos fundidos

poderá gerar um efeito de cunha que poderá le-

var á fraturas radiculares extensas e condenar o

dente à extração10,12. Pinos com módulo de elas-

ticidade próximo ao do remanescente dentário

(fibra de vidro e carbono) distribuem mais eqüi-

tativamente o estresse à estrutura dental5 de

forma a proteger a raiz de fraturas dentárias1.

Atualmente, tem-se estudado a obtenção de

um sistema de núcleos com propriedades físicas

e biológicas mais similares a estrutura dental

perdida e que possam atuar como dentina arti-

ficial. Uma das técnicas propostas para o trata-

mento de canais amplos é a utilização de pinos

anatômicos6,8 através da moldagem do conduto

radicular com resina composta associada a pi-

nos pré-fabricados de fibra. Esta técnica, além

de ampliar a indicação dos pinos pré-fabricados,

reduz quantidades excessivas de cimento que

serviriam para substituir a estrutura dental per-

dida 8. A individualização do pino permite uma

boa adaptação no conduto radicular, o que pos-

sibilita a formação de uma camada fina e uni-

forme de cimento resinoso, criando condições

favoráveis para retenção do pino3.

Diante do exposto, este trabalho propõe-se

a descrever a conduta clínica para confecção do

pino anatômico através da apresentação de um

caso clínico associado com restaurações indire-

tas estéticas.

CASo ClíNiCo

Paciente do gênero feminino, 26 anos procu-

rou a Disciplina de Dentística Restauradora da

Faculdade de Odontologia de Araraquara quei-

xando-se da aparência do seu sorriso, após ana-

mnese e avaliação clinica verificou-se a presença

Page 3: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

112 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 1 - Sorriso inicial.

de coroas de resina acrílica nos incisivos cen-

trais com grandes falhas em forma e adaptação

marginal, além de escurecimento do dente 12

(Fig. 1, 2 e 3). No exame radiográfico verificou-

se a presença de núcleos metálicos inadequados

quanto ao seu diâmetro e comprimento (dentes

11 e 21) e tratamento endodôntico insatisfató-

rio nos dentes 12, 11, 21 (Fig. 4).

Como plano de tratamento, optou-se pelo

retratamento endodôntico dos dentes 11, 12

e 21, clareamento dental, substituição dos nú-

cleos metálicos fundidos por núcleos com pinos

anatômicos e confecção de coroas totais em ce-

râmica metal free pelo sistema IPS Empress® 2

Ivoclar (Ivoclar Vivadent) nos dentes 11 e 21.

Primeiramente foi realizado o clareamento

dental em todos os dentes, utilizando técnica

de consultório com peróxido de hidrogênio 35%

(Lase Peroxide TM – DMC) ativado por unidade

a base de LED (Whitenning Lase Light – DMC)

seguindo o protocolo de 3 sessões com 3 apli-

cações cada.

Em uma segunda etapa, realizou-se a remo-

ção da coroa e do núcleo metálico fundido (Fig.

5 e 6), observou-se uma pequena espessura de

dentina no remanescente radicular e invagina-

ção gengival sobre o remanescente (Fig. 7), foi

realizado uma remoção dessa hiperplasia gengi-

val com uma fresa esférica diamantada em alta

rotação, e readaptação do provisório, após 5 dias

Page 4: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

113R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 2 - Observa-se desarmonia dos incisivos centrais.

Figura 3 - Close-up dos incisivos.

Page 5: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

114 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

redes dentinárias do remanescente radicular

com broca LARGO n° 3, de modo a evitar reten-

ções que impedissem a moldagem do conduto

(Fig. 9) . O pino de fibra de vidro Reforpost (An-

gelus® Soluções Odontológicas) foi introduzido

no conduto para a avaliação radiográfica e verifi-

cação da adaptação do pino à extremidade final

do preparo radicular (Fig. 10).

ReCoNSTRuÇÃo iNTeRNA Do

CANAl RADiCulAR

Após a seleção do pino principal, iniciou-se a

moldagem do conduto. Realizou-se o isolamen-

to do remanescente radicular com gel a base de

glicerina bidestilada com ajuda de um micropin-

cel (Microbrush®) (Fig. 11), preencheu-se o con-

duto radicular com resina composta microhibri-

da Filtek® Z-250 (3M ESPE - St. Paul MN, USA)

(Fig. 12) e dois pinos de fibra de vidro Reforpost

n°3 e 1 foram inseridos (Fig. 13 e 14 ). O conjun-

to foi fotoativado por 10 segundos (Fig. 15).

O pino anatômico foi removido (Fig. 16) e

completou-se a fotoativação por mais 40 segun-

dos (Fig. 17). Logo após, o mesmo foi re-inserido

e verificou-se a adaptação do conjunto (Fig. 18),

finalizando assim a confecção do pino anatômi-

co (Fig. 19).

O tratamento da superfície do pino anatô-

mico foi realizado com acido fosfórico a 37%

por 60 segundos (Fig. 20), lavagem com spray de

ar e água por 30 segundos (Fig. 21), secagem e

aplicação do adesivo, Adper Scotchbond® Mul-

ti-Purpose Plus (3M ESPE - St Paul, MN, USA) (Fig.

22). Na seqüência, realizou-se o condicionamen-

to do canal radicular com ácido fosfórico 37 %

por 15 segundos (Fig. 23), lavagem com seringa

hipodérmica e spray de ar/água por 15 segun-

dos e secagem do conduto com cones de papel

absorvente (Fig. 24) para impedir a desidratação

excessiva do remanescente radicular.

observou-se uma melhora do tecido genvival, e

deu-se inicio aos retratamentos endodônticos,

mantendo-se apenas 4 mm de material obtura-

dor no terço apical (Fig. 8).

Para confecção dos pinos anatômicos dividi-

mos a técnica em quatro etapas:

PRePARo Do CoNDuTo RADiCulAR

e SeleÇÃo Do PiNo

Inicialmente realizou-se isolamento relati-

vo da região anterior, colocando-se fio retrator

000 (Ultrapack® - Ultradent) no interior do sulco

gengival, de modo a impedir a saída de fluido

gengival e não prejudicar a técnica adesiva além

de melhorar a visualização do termino cervical.

Logo após, procedeu-se a regularização das pa-

Figura 4 - Radiografia inicial.

Page 6: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

115R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 5 - Remoção da coroa do dente 21. Figura 6 - Remoção do Núcleo Metálico do dente 21.

Figura 7 - Após a remoção do núcleo, observa-se a invaginação do tecido sobre o preparo.

Figura 8 -

Figura 9 - Inicio da preparação do canal radicular. Figura 10 - Prova do pino de fibra de vidro.

Page 7: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

116 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 11 - Inserção da Glicerina bi-destilada. Figura 12 - Preenchimento do canal radicular com resina composta.

Figura 13 - Inserção do primeiro pino de fibra de vidro. Figura 14 - Inserção do segundo pino de fibra de vidro.

Figura 15 - Fotoativação completa do pino anatômico para checar a adaptação.

Figura 16 - Remoção do pino anatômico.

Page 8: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

117R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 17 - Fotoativação completa do pino anatômico por 40 segundos. Figura 18 - Re-inserção do pino anatômico para checar a adaptação.

Figura 19 - Pino anatômico confeccionado. Figura 20 - Ácido fosfórico a 37% por 60 segundos.

Page 9: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

118 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

A seguir, foram aplicados na seqüência o

Primer e o Adesivo, Adper Scotchbond® Multi-

Purpose Plus (Fig. 25), e em seguida retirou-se

o excesso do adesivo com cones de papel ab-

sorvente (Fig. 26). Esta seqüência de aplicação

permite que o sistema adesivo se torne de poli-

merização química.

CiMeNTAÇÃo DA ReCoNTRuÇÃo

iNTRACANAl (CoNjuNTo PiNo ReSiNA)

Após todo procedimento de tratamento do

remanescente radicular e do pino anatômico,

foi realizada a cimentação com cimento resino-

so Rely X ARC (3M - ESPE St Paul, MN, USA). O

cimento foi espatulado em placa de vidro por 15

segundos e inserido no conduto radicular com

auxílio de uma broca lentulo e no pino anatô-

mico (Fig. 27). A fotopolimerização foi realizada

por 5 segundos e logo após, o excesso de cimen-

to resinoso foi removido (Fig. 28).

ReCoNSTRuÇÃo DA PARTe CoRoNáRiA

A confecção da porção coronária do pino

anatômico iniciou-se seguindo o protocolo: aci-

Figura 21 - Lavagem com spray de ar água por 30 segundos. Figura 22 - Aplicação de uma fina camada de adesivo.

Figura 23 - Condicionamento do canal radicular com ácido fosfórico por 15 segundos.

Figura 24 - Secagem do canal radicular com cones de papel, evitando ressecamento.

Page 10: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

119R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

do fosfórico 37 % por 60 segundos (Fig. 29), la-

vagem com jato de spray/água, secagem, aplica-

ção do Adesivo Scotchbond® Multi-Purpose Plus

(Fig. 30), e fotopolimerização por 40 segundos.

A seguir, modelou-se a porção coronária do

pino anatômico com resina composta micro-

hibrida Filtek® Z-250, seguindo os princípios

geométricos de forma de resistência e reten-

ção para preparos periféricos totais em dentes

anteriores metal free. Removeu-se o excesso

do pino com uma ponta diamantada em alta

velocidade (Fig. 31) e após o término do núcleo,

realizou-se um refinamento do preparo com

ponta diamantada 3098 MF (KG Sorensen) (Fig.

32), executando um término em ombro para a

confecção da restauração indireta em cerâmica

metal free. Para o acabamento do término cer-

vical foi utilizado o instrumento manual MA2

(SAFIDENT) (Fig. 33) e discos FlexiDisc (Cosme-

dente®) (Fig. 34).

Os mesmos procedimentos foram realiza-

dos para confecção do pino anatômico do re-

manescente radicular do elemento dentário 11

(Fig. 35-38).

Figura 25 - Aplicação de uma fina camada de adesivo. Figura 26 - Remoção do excesso de adesivo com cones de papel absor-vente.

Figura 27 - Aplicação do cimento resinoso. Figura 28 - Remoção dos excessos de cimento resinoso com auxilio de uma sonda.

Page 11: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

124 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Após profilaxia com pedra-pomes, realizou-

se o condicionamento do dente com ácido

fosfórico a 37%, por 15 (Fig. 40), seguido de

lavagem com spray água/ar. O sistema adesivo

Scotchbond® Multi-Purpose Plus, foi aplicado

ao dente e a restauração conforme instruções

do fabricante (Fig. 41), seguido do cimento re-

sinoso adesivo de dupla-cura Rely X ARC (Fig.

42). Os excessos de cimento foram removidos

antes da fotopolimerização por meio de pin-

ceis, fio-dental e sonda exploradora. Fotopo-

limerizou-se por 40 segundos as superfícies

vestibular e palatina de cada peça. O ajuste

final da oclusão foi feito após remoção do iso-

lamento relativo do campo operatório.

O resultado final (Fig. 43-46) mostra uma

estética funcional e com propriedades ópticas

naturais.

DiSCuSSÃo

A reconstrução de dentes despolpados com

amplas perdas coronárias, através de pinos

anatômicos constitui-se numa tendência clí-

nica atual. Grandini et al em 20039, relataram a

Figura 39 - Preparos concluídos, observa-se excelente saúde gengival, obtida através de uma adaptação correta dos provisórios.

Page 12: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

125R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

técnica de confecção do pino anatômico, enfa-

tizando que esta técnica consiste em um pro-

cedimento simples, seguro e que permitem

sua confecção em sessão única.

Ainda, este tipo de pino é indicado princi-

palmente para canais excessivamente amplia-

dos iatrogenicamente, cônicos ou elípticos

uma vez que favorecem a justaposição do pino

em relação às paredes do canal radicular, o que

aumenta a retenção mecânica e reduz o volu-

me de cimento resinoso, o que consequente-

mente contribui significativamente para dimi-

nuir o estresse na interface adesiva durante a

contração de polimerização.

Acredita-se que o sistema de restauração

em monobloco, isto é, único complexo bio-

mecânico através da adesão entre estruturas

heterogêneas (remanescente dentário, agente

cimentante, pino e material de preenchimen-

to) e pelo emprego de materias com proprie-

das físicas semelhantes às da dentina poderia

alcançar um possível reforço da estrutura den-

tária remanescente4. Segundo Stewrdson13, a

utilização de pinos com materiais menos rígi-

Figura 40 - Ácido fosfórico a 37% por 15 segundos.

Page 13: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

126 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 41 - Aplicação do adesivo.

Figura 42 - Cimentação das coroas Empress II – TDP- Fabio Fujiy.

Page 14: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

127R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

Figura 43 - Sorriso final logo após cimentação.

Figura 44 -

Page 15: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

128 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

dos que a dentina geraria menor transferência

de estresse para estruturas radiculares evitan-

do fraturas dentárias e favorecendo a cimen-

tação do pino.

A adesão entre pinos de fibra pré-fabricados,

agentes adesivos, cimento resinoso e resina

composta pode ser verificada em estudo reali-

zado por Ferrari et al.7, após 6 anos de avaliação

clínica e radiográfica, observaram apenas 3,2%

de falhas com o uso de pinos pré-fabricados de

fibra de quartzo e carbono cimentados por téc-

nica adesiva. Esta possível união química com

forte integração adesiva destes componentes

ao dente reforça a indicação de confecção de

pinos anatômicos para raízes com canais am-

plos.

Entretanto, a compatibilidade entre o agen-

te cimentante e o adesivo é um dos fatores que

deve ser considerado durante a cimentação de

pinos não metálicos. Pesquisas14,15,16 eviden-

ciam que pode ocorrer falhas na união entre

adesivos convencionais monocomponetes e

resinas quimicamente ativadas. Estas falhas

decorrem da interação entre os monômeros

ácidos presentes nos adesivos, principalmente

na camada superficial inibida pelo oxigênio. A

Figura 45 - Close-up dos incisivos centrais.

Page 16: Pino Fibra de Vidro

Victor Grover Rene Clavijo, Niélli Caetano de Souza, Marcelo Ferrarezi de Andrade, Alexandre Henrique Susin

129R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

observação desse fenômeno tem implicação

direta na cimentação adesiva dos pinos intra-

radiculares não-metálicos quando se emprega

cimento de polimerização química ou dual,

juntamente com adesivos que contem monô-

meros ácidos. Adesivos monocomponentes

são incompatíveis com a aplicação de qualquer

material que apresente reação química de poli-

merização, porém adesivos de três passos não

oferecem risco a incompatibilidade química do

agente cimentante. Esse fato pode ser explica-

do uma vez que a aplicação do adesivo poste-

rior ao primer impede o contato dos monôme-

ros ácidos com o agente cimentante, fato este

que justificou a opção pelo protocolo adesivo

de três passos utilizado.

Com relação à associação de dois tipos de

pinos evidencia-se que foi possível preencher

o espaço existente entre o canal radicular e

o pino de fibra de vidro direto de forma ágil

conferindo maior resistência ao pino do que

somente a resina composta nessa diferença

de espaço. A confecção do núcleo de preenchi-

mento com resina composta e a realização das

restaurações indiretas em cerâmica foi à alter-

nativa para resolução clínica de forma a preser-

var estrutura dental, devolver a função e obter

estética aliada a um prognóstico favorável.

Diante da grande tendência em se promo-

ver restaurações estéticas sem metal, soman-

do-se às perspectivas oferecidas pela integra-

ção de técnicas adesivas7 os pinos anatômicos

tendem a conquistar grande espaço na clínica

diária uma vez que tem despertando grande

interesse por parte dos profissionais.

CoNCluSÃo

Podemos evidenciar que a utilização de pi-

nos anatômicos para canais excessivamente

ampliados constitui uma técnica racional, uma

vez que apresenta praticidade de uso, utiliza

materiais com módulo de elasticidade próxi-

mos ao da dentina e possui estética favorável

associado a restaurações indiretas metal free.

Entretanto, trate-se de uma nova técnica que

requer mais informações laboratoriais, bem

como resultados clínicos longitudinais.

Figura 46 - Radiografia final do tratamento.

Page 17: Pino Fibra de Vidro

Pinos Anatômicos uma nova perspectiva clínica

130 R Dental Press Estét, Maringá, v. 3, n. 3, p. 000-000, jul./ago./set. 2006

RefeRências

1. AKKAYAN, B.; DENT, M.; GÜLMEZ, T. Resistente to fracture

endodontically treated teeth restored with different post

systems. j Prosth Dent, v. 87, p. 431-437, 2002.

2. ASSIF, D.; GORFIL, C. Biomechanical considerations in restoring

endondontically treated teeth. j Prosth Dent, v. 71, p. 565-567,

1994.

3. BOUILLAGUET, S.; TROESCH, S.; WATAHA, J. C.; KREJCI, I.; MEYER,

J.; PASHLEY, D. H. Microtensil bond strength between adhesive

cements and root canal dentil. Dent Mater, v. 19, p. 199-205,

2003.

4. DURET, B.; DURET, F.; REYNAUD, M. Long life physical property

preservation and postendodontic rehabilitation with the

composipost. Comp Continuing educ, v. 17, p. 565-573, 1996.

Supplement 20.

5. ESKITASCIOGLU, G.; BELLI, S.; KALKAN, M. Evaluation of two post

core system using two different methods (fracture strength

test and a finite elemental stress analysis). j endod, v. 28, p. 629-

633, 2002.

6. FERRARI, M.; VICH, A.; GARCIA-GODOY, F. Clinical evaluation of

fiber-reinforced epoxy resin posts and cast post and core . Am. J.

Dent., v. 13, p. 15-18, 2000.

7. FERRARI, M.; VICH, A.; MANNOCCI, F.; MASON, P. N. Retrospective

study of the clinical performance of fiber post. Am j Dent, v.13,

p. 9-13, 2000.

8. GRANDINI S, GORACCI. C, MONTICELLI F, BORRACCHINI A,

FERRARI M. SEM evaluation of the cement layer thickness after

luting two different posts. j Adhes Dent 2005; 7: 235-240.

9. GRANDINI S, SAPIO S, SIMONETTI M. Use of anatomic post and

core for reconstructing an endodontically treated tooth: a case

report. j Adhes Dent 2003; 5:243-7.

10. HEIDECKE G, BUTZ F, STRUB JR. Fracture strength and survival

rate of endodontically treated maxillary incisors with

approximal cavities after restoration with different posts and

core systems : an in vitro study. j Dent 2001; 29: 427-433.

11. MONTICELLI F, GORACCI C, GRANDINI, S, GARCIA-GODOY F,

FERRARI M. Scanning electron microscopic evaluation of fiber

post-resin core units built up with different resin composites.

Am j Dent 2005; 18:61-65.

12. QUINTAS AF, DINATO JC, BOLTINO MA. Aesthetic posts and

cores for metal-free restoration of endodontically treated

teeth. Pract Periodontics Aesthet Dent 2000; 12: 875-886.

13. STEWARDSON, D. A . Non- metal post systems. Dent update

2001; 28: 326-36.

14. SUH BI, FENG L, PASHLEY DH, TAY FR. Factors contributing to

the incompatibility between simplified-step adhesives and

chemically-cured or dual-cured composites. Part III. Effect of

acidic resin monomers. Adhes Dent 2003; 5:267-82.

15. TAY FR, PASHLEY DH, YIU CK, SANARES AME, WEI SHY. Factors

contributing to the incompatibility between simplified-step

adhesives and chemically-cured or dual-cured composites. Part

I. Single step self-etching adhesive. j Adhes Dent 2003; 5:27-40.

16. TAY FR, SUH BI, PASHLEY DH, PRATI C, CHUANG SF, LI F. Factors

contributing to the incompatibility between simplified-step

adhesives and chemically-cured or dual-cured composites. Part

II. Single-bottle, total-etch adhesive. j Adhes Dent 2003; 5:91-

105.

Victor Grover Rene ClavijoAv. Visconde de Indaiatuba, 1307 - Jardim América, IndaiatubaSão Paulo - SP - CEP. 13.330.000.Email: [email protected]

Endereço para correspondência

The following article shows the rehabilitation

of weakened roots with anatomic posts (resin

composite combined to prefabricated glass

fiber posts), associated to metal-free ceramic

restorations. It is presented a clinical protocol

for the confection of cores, which proportionate

an intimate fit to the root remaining and with

mechanic properties similar to dental structure,

being an alternative among the conventional

metal cores.

KeY WORDs: Dental pins. Non-vital tooth. Fixed partial denture.

Abstract

Anatomic post the new clinical perspective