Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Crónicas de um Acervo Museu de Santa Maria de Lamas Pintura de retratística finissecular (séc. XIX) Incorporada no acervo artístico de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977) – Espólio de pintura contemporânea do Museu de Santa Maria de Lamas José Carlos de Castro Amorim

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Crónicas deum AcervoMuseu de Santa Maria de Lamas

Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

Incorporada no acervo artístico de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977) – Espólio de pintura contemporânea do Museu de Santa Maria de Lamas

José Carlos de Castro Amorim

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AutoriaMuseu de Santa Maria de Lamas

TextoJosé Amorim

Projecto gráficoRicardo Matos

FotografiaJosé Amorim e Arquivo imagético do Museu de Santa Maria de Lamas

Março 2013 © Museu de Santa Maria de Lamas

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Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox. 1797 – 1893) como primeiro Comissário e benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, de Julião Martinez

(1833 – 1907).

Catalogação / inventariação analítica.

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Pintura de retratística finissecular (séc. XIX) incorporada no acervo artístico de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977) – Espólio de pintura contemporânea do Museu de Santa Maria de Lamas.

Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox. 1797 – 1893) como primeiro Comissário e benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, de Julião Martinez (1833 – 1907).

Catalogação / inventariação analítica.

Resumo

Natural de Tui (Espanha), Julião Martinez (1833 – 1907) – nacionalmente Martins – pintor/retratista conservador e austero, de índole provincial, obteve no labor e mecenato religioso vianense a sua fonte de sustentabilidade e nobilitação artística. Habitan-te de Monserrate desde os 22 anos de idade (1854), na sua biografia activa respondeu a múltiplas en-comendas de retratística honorífica de benfeitores e dignitários da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo - até à proximidade da extin-ção da irmandade (em 1900) – para integração no seu Colégio situado em Monserrate, ou no acervo / perímetro expositivo do Mosteiro / Convento do Desterro de Jesus, Maria e José edificado em Santa Maria Maior.

Em 1894, cerca de um ano após a sua morte, Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox. 1797-1893) - primeiro comissário da Ordem do Carmelo, digni-tário, benfeitor e assistente do inventário dos bens do Mosteiro / Convento do Desterro de Viana (for-malizado em 23 de Janeiro de 1893) – foi retratado por Julião Martinez com indumentária eclesiástica e medalhão heráldico dos Carmelitas descalços so-bre o peito, através das potencialidades plásticas da pintura de óleo sobre tela. Por incumbência da congregação, esta obra de cromia grave, composta pictoricamente por uma figuração robusta, estática e austera, constitui um comprovativo do legado de

Palavras – Chave

Julião Martinez; Frei João de Santa Tereza Zamith, retratística honorífica (sécs. XIX – XX); Carmelitas descalços; Museu de Santa Maria de Lamas.

proximidade e vínculo laboral entre Julião e a casa do Carmelo vianense; entidade tutelar desta pintura laudatória até ao término das suas funções regula-res, verificado em 1900, com a morte da sua última religiosa.

Com a extinção da Ordem e a respectiva expropria-ção do seu património, a hipotética venda deste ob-jecto de retratística em hasta pública, colocou-o no mercado da arte nacional, integrando por transac-ção comercial, possivelmente operada do decurso da sexta década do séc. XX (década de 50), a colec-ção de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977).

Na sequência da construção da “Domus áurea, ar-quivo de fragmentos de arte”, entre ca. 1958 a 1968 – actual Museu de Santa Maria de Lamas – Henrique Amorim incorporou esta composição de retratística no perímetro museológico da sua sala n.º 11. Área temática de exibição regular até 2004, datação pon-tuada pelo trânsito deste objecto para o núcleo de reservas, onde permanece actualmente, no âmbito do “Projecto/plano de reorganização Museográfica do Museu de Santa Maria de Lamas”, implementado pela Casa do Povo de Santa Maria de Lamas em par-ceria com o quadro técnico do Centro portuense de Conservação e Restauro da Universidade Católica Portuguesa.

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Painting portraiture fin de siecle (nineteenth century) incorporated into the art collection of Henrique Alves Amorim (1902 - 1977) – Estate of contemporary painting at the Museum of Santa Maria de Lamas.

Frei João de Santa Thereza Zamith (approx. 1797 to 1893) as the first Commissioner and benefactor of the Order of Carmelitas descalços of Viana do Castelo, painted by Julião Martinez (1833 - 1907).

Cataloging / inventory analysis.

Abstract

Born in Tui (Spain), Julião Martinez (1833 - 1907) - Nationally Martins - painter / portraitist conserva-tive and austere, provincial in his nature, obtained in labor and religious patronage your source for sustainability and artistic ennoblement. Inhabitant of Monserrate since age 22 (1854), in his biography actively responded to multiple orders of portraiture honorary dignitaries and benefactors of the Order of Carmelitas descalços of Viana do Castelo - proxim-ity to the extinction of the brotherhood (in 1900) - for integration into its College located in Monser-rate, or collection / exhibition perimeter of the Mon-astery / Convent of Desterro de Jesus, Maria and José built in Santa Maria Maior.

In 1894, about a year after his death, Frei João de Santa Thereza Zamith (approx. 1797-1893) - first commissioner of the Order of Carmel, dignitary, benefactor and assistant inventory of the proper-ty of the Monastery / Convent of Desterro de Viana (formalized on January 23, 1893) - was portrayed by Julião Martinez with ecclesiastical dress and bare-foot Carmelites of heraldic medallion on his chest, through the plastic potential oil painting on can-vas. Commissioned by the congregation, this work of chromia serious, composed painterly figuration, robust, static and austere, is a proof of the legacy of closeness and employment relationship between

Keywords

Julião Martinez; Frei João de Santa Thereza Zamith, honorary portraiture (XIX.th – XX.th centuries); barefoot Carmelites; Museum of Santa Maria de Lamas.

Julião and the order of Carmel in Viana; superviso-ry entity of this painting laudatory until the end of their regular functions, seen in 1900, with the death of its last religious.

With the extinction of the Order and its expropria-tion of its assets, the sale of this hypothetical sub-ject of portraiture at public auction, put this picture in national art market, by integrating the collection of Henrique Alves Amorim (1902 – 1977) across com-mercial transaction, possibly operated during the sixth decade of the XX.th century (in the 50’s).

Following the construction of the “Domus áurea, ar-quivo de fragmentos de arte”, between 1958 to 1968 - current Museum of Santa Maria de Lamas - Henrique Amorim incorporated this portrait on the perimeter of your room no. 11. Thematic area of regular dis-play until 2004, year punctuated by the traffic of this picture to the room reservations of Museum, where it remains today under the “Projecto/plano de reor-ganização Museográfica do Museu de Santa Maria de Lamas“, implemented by Casa do Povo de Santa Ma-ria de Lamas in partnership with the technical team of Oporto Centre of Conservation and Restoration integrated in Portuguese Catholic University.

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Abreviaturas e siglas

Alt. – Alturaaprox. – aproximadamenteca. – cerca de cf. – confiracm – centímetros D.C.T.P. – Departamento de Ciências e Técnicas do PatrimónioF.L.U.P. – Faculdade de Letras da Universidade do PortoLarg. – LarguraMSML – Museu de Santa Maria de LamasN.º - Númerop. – páginap. ex. – por exemplopp. – páginasS.C.M.P. – Santa Casa da Misericórdia do Portoséc. – séculosécs. – séculoss/l. – sem localvd. – vide, vejavol. – volumevols. - volumes

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Índice

Resumo

Abstract

Abreviaturas e siglas

Catalogação / Inventariação Analítica: Artes plásticas, Artes decorativas – Pintura de retratística

Frei João de Santa Thereza Zamith, de Julião Martinez

Identificação do objecto artístico / Descrição e análise formal – Iconográfica

Autoria

Produção / Estilo

Marcas / inscrições

Datação / Informação técnica / Dimensões

Análise cromática

Conservação / Origem

Tabelação cronológica

Incorporação / Localização

Validação

Bibliografia específica / Recursos electrónicos

Apêndice iconográfico

Frei João de Santa Thereza Zamith, como 1.º Comissário e Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo

Análise Cromática – Grafismo interpretativo

Iconografia Carmelita

Dimensões da composição

Antropometria da figura de Frei João de Santa Thereza Zamith

Dimensões picturais (objectos e inscrições)

Outros exemplares de retratística finissecular (séc. XIX), da autoria de Julião Martinez

António José Martins Comba

Sebastião Bandeira Barbosa Lopes

João Jesé (José (?)) Palhares Malafaia

Marçal José de Passos

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“(…) A partir da fixação do regime liberal, mais artistas vieram (…) em plano inferior, o espanhol José Balaca, instalado em Lisboa em 1845, conheceu grande sucesso com os seus retratos banais (…) enquanto o seu

patrício Julian Martinez (Julião Martinez – Martins) se estabelecia em Viana do Castelo em 1854 (…) cobrindo o Minho com a sua produção (…)

(…) As galerias das Misericórdias (…) e das Irmandades, pelo país fora, oferecem exemplos reveladores desta situação (…)”

José - Augusto França1

1 Cf. FRANÇA, José - Augusto – O retrato na Arte Portuguesa. Colecção Estudos de Arte. (s/l.): Livros Horizonte, 1981, p. 55.

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Fig. 1 Frei João de Santa Thereza Zamith, como 1.º Comissário e Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo – Julião Martinez (1833 – 1907), pintura de óleo sobre tela, 1894, 98 cm x 77,5 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 h).

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Catalogação / Inventariação Analítica: Artes plásticas, Artes decorativas – Pintura de Retratística

Data de inventariação: Início - 02 / 02 / 2013 Fim – 25 / 02 / 2013Entidade: Casa do Povo de Santa Maria de Lamas – Museu de Santa Maria de LamasAutoria: José Carlos de Castro Amorim

Crónicas deum AcervoMuseu de Santa Maria de Lamas

Identificação do Objecto Artístico

Instituição / Proprietário: Casa do Povo de Santa Maria de Lamas – Museu de Santa Maria de Lamas

Super - categoria: Artes plásticas, Artes decorativas

Categoria: Pintura – Retratística contemporânea

Título: Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox. 1797 – 1893) como 1.º comissário da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo

Autor: Julião Martinez (1833 – 1907)

Material e técnica: Óleo sobre tela

Cronologia: Séc. XIX – 1894

Dimensões (em cm): Alt. 98 x Larg. 77,5

N.º de inventário: 1957.0924h

Descrição e análise formal – Iconográfica

Incorporado no espólio de retratística contempo-rânea do núcleo de reservas do MSML, este registo póstumo, possivelmente oriundo da dispersão dos bens do Colégio – Mosteiro / Convento do Desterro de Jesus, Maria e José da Ordem dos Carmelitas des-calços de Viana do Castelo - formalizado por Julião Martinez (1833 – 1907) com auxílio de um suporte imagético (fotografia ou pintura de retratística an-terior a 1894) – exprime, a óleo sobre tela, a identi-dade de Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox.

1797 – 1893), 1.º Comissário e Benfeitor do Carmelo vianense, na posse do respectivo medalhão heráldi-co da irmandade.

Em ambiência cénica carregada e solene - de cro-mia grave, acentuada pela velatura cinzenta do fundo, pela mancha e pregueados de um cortinado verde-escuro posicionado em 2.º plano, pela mesa circular e requinte de dois objectos bibliográficos – a estrutura de composição pictural da anatomia

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de João Zamith, apresenta-nos uma figura volume-tricamente robusta; imponente, estática, austera e dispersa pela globalidade espacial da composição.

Deste modo, da correspondência entre o conserva-dorismo dos cânones laborais de Julião Martinez, e os desígnios laudatórios do mecenato Carmelita, resultou um retrato de estética realista, constituído

iconograficamente por um vulto desproporcional, posicionado a 2/3, sentado, com hábito talar ecle-siástico – batina / sotaina abotoada, faixa e capa negras – carismático, de olhar incisivo, rosto ilumi-nado, imberbe, de expressão facial vincada e lábios tensos – atitude reflexiva de respeito e tributo per-pétuo ao seu legado.

Autoria

Nome: Martinez, Julião (1833-1907)2

Tipologia: Autor

Ofício: Pintor

Sinónimos: Julião Mart.z / Julião Martinez / Julião Martins

Justificação / Atribuição: A atribuição da autoria deste retrato ao pintor galego Julião Martinez – Julião Martins (1833 – 1907) baseia-se na existência e visibilidade da assinatura origi-nal manuscrita deste vulto: Julião Mart.z, abreviatura para Martinez. Uma grafia nominal concebida a vermelho e posicionada no centro da ala direita da com-posição, (esquerda do observador).

2 Pintor / retratista de dimensão regional, considerado por José Augusto França um “retratista provincial pouco mais do que popular” – cf. FRANÇA, José-Au-gusto – A arte em Portugal no século XIX. 3.ª Edição, vol. I. Lisboa: Bertrand Editora, 1990, p.286. Espanhol, natural de Tui, localidade Galega, Julião Martinez – na-cionalmente designado como Julião Martins – instalou-se em 1854, com 22 anos de idade em Viana do Castelo, especificamente em Monserrate. Até à data da sua morte evidenciou-se pelo labor local, respondendo esporadicamente a encomendas externas – caso do retrato a óleo sobre tela do Barão José de Miranda Carvalho, concebido em 1868 pelo valor de 16.490 réis, para integrar o espólio da Galeria dos Benfeitores da Misericórdia Portuense (S.C.M.P.) – associando-se com frequência a mecenato religioso – ex. núcleo de retratística a óleo sobre tela, assinada e datada, laudatória de benfeitores e dignitários da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo; cujos retratos de João Fernandes Malheiro – 1882, António José Martins Comba – 1889, Sebastião Bandeira Barbosa Lopes – 1891, João José Palhares Malafaia – 1894,Frei João de Santa Teresa Zamith – 1894 e Marçal José de Passos – 1898, integram actualmente o espólio de Pintura contemporânea do MSML, possivelmente adquiridos no decurso da década de 50 do séc. XX, por acção de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977).Apesar da secundarização, foi um artista empenhado na resposta às solicitações de um mecenato maioritariamente votado à arte honorífica, laudatória de benfeitores, beneméritos e entidades eclesiásticas. Um ofício esteticamente restrito, consumado ao longo do percurso pictórico de Julião Martinez pela via de tentativas de aproximação formal à estrutura de composição e qualidade realista dos demais retratistas contemporâneos, celebrados na especificidade deste meio de irmandades e congregações nacionais – p. ex. o portuense João Almeida Santos (? – 1872) litógrafo, miniaturista reconhecido e pintor inspirado pelos óleos de Auguste Roquemont (1804 – 1852); o pintor de História e retratista de gosto romântico Francisco Pinto da Costa (Meados da 2.ª década do séc. XIX – 1869); Guilherme António Correia (1829 – 1901) pintor, litógrafo e desenhador celebrado; ou José Alberto Nunes (1829 – 1890) retratista cuja galeria se dispersa por diversas irmandades de Guimarães, Braga e Porto. Tecnicamente, a retratística assinada por Julião Martinez seguiu cânones específicos, cuja uniformidade forneceu ao séc. XIX português uma galeria de múlti-plas figuras imponentes – por vezes desproporcionais na base estrutural do seu desenho anatómico - sentadas, robustas e posicionadas a 2/3, de pose rígida, carismáticos e austeros. Em harmonia com rostos de feições vincadas, olhar penetrante e lábios tensos, a estética complementar das realizações retratistas de Julião Martinez, envolveu os modelos em ambiências solenes e cromias graves - com fundos saturados e velaturas escuras – acompanhados regularmente por cortinados, elementos bibliográficos, joalharia e/ou peças de mobiliário - “(…) Julião Martins ou Martinez (…) galego de Tui, que, instalado em Viana do Castelo em 54, cobriu de seus trabalhos anódinos toda a região, durante meio século (…)” – cf. FRANÇA, José-Augusto – Ob. cit., vol. I, (1990), p. 286 – “(…) Julião Martins ter-se-á fixado em Viana do Castelo (…) tendo pintado obras sem grande importância em toda a região durante meio século. Nesta galeria (S.C.M.P.), figura um único exemplar de sua autoria, o do Barão José de Miranda Carva-lho (…) apresenta-nos um homem de calvície marcada, a 2/3, sentado, robusto (…) feições marcadas (…) fixa-nos com um olhar penetrante que, associado à tensão dos lábios e uma pose rígida, nos transmite a ideia de uma pessoa austera (…) como outros pintores, na época, usa cortina (…) Julião Martins (…) artista modesto (…) terá agradado apenas a uma clientela “provincial” (…)” – cf. MORAIS, Maria Antonieta Lopes Vilão Vaz de – Pintura nos Séculos XVIII e XIX na Galeria de Retratos dos Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Vol. I. Dissertação de Mestrado em História da Arte Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: D.C.T.P. / F.L.U.P., 2001, p.166.

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ta, “Julião Mart.z”. Uma fórmula de localização espacial da produção do objecto artístico, bas-tante fomentada pelos contemporâneos nacio-nais.

Iconograficamente, este retrato e a sua respec-tiva colecção, resultam

Local de Execução: Portugal – Viana do Castelo

Justificação / Atribuição: Com cerca de cinco décadas de vivência e labor as-sociados a Viana do Castelo – 1854 a 1907 – o galego Julião Martinez conquistou o seu modesto lugar na historiografia da arte portuguesa, através da simpa-tia que o mecenato clerical, de irmandades e ordens religiosas locais, nutriu pela estética da sua retratís-tica austera, e estruturalmente conservadora.

Nacionalizado3, Julião foi um artista de recursos modestos – técnicos e financeiros – biograficamen-te referenciado pela autoria de múltiplas pinturas de índole regional, retratos a óleo sobretudo, cuja proliferação geográfica, salvo excepções pontuais, se restringiu à envolvência residencial – Monserra-te, Viana do Castelo4.

Como comprovativo da sua limitação socio artística à geografia e capital financeiro vianense, este vulto adquiriu o hábito de anexar a inscrição “Vianna”5 - grafia representativa de Viana do Castelo, em ple-na centúria de oitocentos - à assinatura manuscri-

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Produção

de um hipotético “vínculo” laboral, existente entre Julião e a Ordem dos Carmelitas descalços de Via-na do Castelo6 – congregação religiosa com colégio implementado em Monserrate. Uma irmandade cujo 1.º Comissário, aqui retratado postumamente em 1894, Frei João de Santa Teresa Zamith, denota um perfil biográfico associado documentalmente à Ordem, ao património dos Carmelita e ao Convento do Desterro de Jesus, Maria e José – conotado po-pularmente, em processos fiscais e judiciais de ex-claustração, pelo desígnio “Convento do Desterro de Viana do Castelo”7 - extinto em definitivo no ano de 1900.

EstiloEscola / Movimento / Linguagem: Esteticamente, este registo pictórico representativo da identidade de Frei João de Santa Teresa Zamith, exprime a dialéctica regular dos cânones estruturais da retratística honorífica contemporânea – de séc. XIX e primórdios da centúria de XX. Profundamen-te conservadora, estática, austera, subordinada ao mecenato religioso de irmandades, ordens e benfei-torias, por vezes póstuma – inspirada na observação

3 Supõe-se a convivência harmoniosa de Julião com a tradução do seu sobrenome de Castelhano para Português - Martinez para Martins, termo dominante na citação da sua galeria laboral. Com efeito, o caso de Julião Martinez constituiu um exemplo contemporâneo de adaptação nominal, reflexiva de hábitos admi-nistrativos e historiográficos portugueses, vigentes em pleno séc. XIX, mas com raízes seculares – com enfase na época moderna, sobretudo no reinado e coorte de D. João V (1689 – 1750), um monarca que se notabilizou pela importação e nacionalização regular de artistas estrangeiros – pautados pelo gosto patriótico de nacionalização dos artistas estrangeiros com residência e mecenatos estabelecidos em Portugal. 4 Vd. FRANÇA, José-Augusto – Ob. cit., vol. I, (1990), p. 286.5 Exceptuando-se os escassos trabalhos que realizou fora da área vianense. 6 Congregação religiosa que em pleno séc. XVIII, devido a problemáticas de ordenamento urbanístico vianense, edificou o seu colégio na freguesia de Monser-rate. A localidade residencial de Julião Martinez, no decurso da sua vivência nacional, cronologicamente balizada entre os sécs. XIX e parte da primeira década do XX (1854 – 1907) – “(…) em finais do séc. XVIII a área urbana estava tomada, não permitindo levantar estruturas de peso como um colégio e um mosteiro. O colégio ficou na freguesia de Monserrate e o mosteiro do Desterro na freguesia de St.ª Maria Maior (…)” – cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – “As Carmelitas do Desterro de Viana do Castelo”. Revista da Faculdade de Letras. Ciências e Técnicas do Património. I série, vols. VII – VIII, Porto: 2008-2009, p.321. 7 Vd. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009), p.320. 8 Retrato póstumo, possivelmente concebido através da observação de fotografia, um ano após o hipotético falecimento desta personalidade, ocorrido em 1893.

de registos fotográficos – laudatória de estatutos, regrada pela sobrevalorização de identidades e ac-ções terrenas dos retratados.

Justificação: Concebido em período finissecular, 18948, este re-trato, ausente de pormenores de actualização ou vanguarda, conserva a estrutura oficial da retratís-tica alusiva a benfeitores e dignitários de ordens re-

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ligiosas, representativa de um formato peculiar da arte portuguesa, vigente na totalidade da centúria de oitocentos. Um modelo bastante fomentado no percurso pictural de Julião Martinez, de gosto simi-lar aos restantes contemporâneos deste segmento laboral, vinculados a irmandades ou congregações de índole religiosa de maior ou menor expressão nacional. Acompanhado por legenda manuscrita – identificativa e laudatória – João Zamith, com indu-mentária eclesiástica, na posse do brasão e armas dos Carmelitas descalços sobre o peito, preenche

o espaço da composição com a sua figura robusta, anatomicamente estática, sentada, em pose auste-ra, com rosto fechado e olhar solene; envolto numa ambiência grave, ladeado por cortinado verde e mesa circular com livro prostrado, apoiando a mão esquerda sobre outro exemplar bibliográfico, este colocado verticalmente sobre a perna, reflexivo da condição de literato9, alto-comissário da ordem tri-butada e por isso, merecedor de respeito, admira-ção e sentido cultual por parte do observador.

Marcas / Inscrições

Legenda / Inscrição: 1. Faixa superior da composição: “O Rev.do Fr. João de St.ª Thereza Zamith, 1.º commissario e bemfertor d´esta V.el Ordem”

Autor: Martinez, Julião - Pintor

Tipologia: Caracteres manuscritos

Idioma: Português – Séc. XIX

Transposição para a grafia actual: O reverendo Frei João de Santa Teresa Zamith 1.º comissário e benfeitor desta venerável Ordem

2. Centro da ala lateral direita da composição (esquerda do observador): “Vian-na 1894”

Autor: Martinez, Julião - Pintor

Idioma: Português – Séc. XIX

Transposição para a grafia actual: Viana 1894

9 Os signos bibliográficos presentes na iconografia deste retrato, reflectem ainda a aposta na literacia operada pela Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo do Castelo, digna de destaque local e nacional devido à qualidade e quantidade da sua biblioteca monástica, reunida num curto espaço de tem-po – “(…) Comparando com os espólios literários de outras congregações da zona geográfica damo-nos conta que a quantidade e qualidade são idênticas. A diferença é o tempo em que a comunidade carmelita reuniu essa biblioteca. Escassos anos relativamente a outras acumuladas ao longo de dezenas ou mesmo centenas de anos (…) entre as obras arrestadas pelas bibliotecas e arquivos nacionais contam-se os habituais missais, graduais e reflexões (…) frei Luís de Granada, Arbiol, Frei Manuel Bernardes, Ribandaneira, Madre Agreda, Kempis (…) Juana de la Cruz e Sta. Teresa (…) No total eram 102 exemplares de 82 obras diferentes. Alguns volumes truncados e vários manuscritos de canto – chão (…)” – cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009), p.333.

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Assinatura: “Julião Mart.z”

Autor: Martinez, Julião – Pintor10

Tipologia: Assinatura manuscrita

10 “Mart.z” – Forma abreviada para Martinez, nomenclatura original do artista.

DataçãoAno: 1894

Século: XIX d.C.

Data inicial: 1894 (?)

Data final: 1894

Data textual: Século dezanove / Mil oitocentos e noventa e quatro

Justificação: Datação cujo fundamento advém da inscrição numérica “1894”, que acompanha a assinatura manuscrita de Julião Martinez. Prática artística regular nos pintores contemporâneos, este tipo de registo identifica o hipotético momento cronológico do término da pintura.

Informação técnica

Suporte: Tela

Técnica: Pintura de óleo

Dimensões

1. Tela:Altura (cm): 98Largura (cm): 77,5

2. Tela com moldura:Altura (cm): 111Largura (cm): 89,3Largura da moldura (cm): 6,3

3. Dimensões pictóricas: Antropometria de Frei João Zamith - Rosto: Alt. 24,5 cm x Larg. 19,8 cm – Pescoço: Alt.7 cm x Larg. 12,5 cm – Tronco / Volume corporal: Alt. 60 cm x Larg. 71 cm – Braço direito: Alt. 57,5 cm x Larg. 13,4 cm – Mão direita: Alt. 13 cm x Larg. 9 cm – Braço esquer-do: Alt. 45 cm x Larg.12, 3 cm – Mão esquerda: Alt. 11,3 cm x Larg. 11,5 cm

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Mesa – Tampo: Alt. 6,5 cm x Larg. 22,5 cm – Pé: Alt.33,4 cm x Larg. 5 cm

Livro sobre a mesa - Alt. 6,5 cm x Larg.9 cm

Livro apoiado entre mão e perna esquerda do retra-tado - Alt. 16, 8 cm x Larg. 9,5 cm

Cortinado - Alt. 98 cm x Larg. 28 cm

Medalhão com a heráldica da Ordem dos Carmeli-tas descalços - Alt. 7,6 cm x Larg.6,4 cm

Legenda / Inscrição superior: Alt. 4,8 cm x Larg. 41,6 cm

Assinatura manuscrita: Alt. 2,7 cm x Larg. 7,2 cm

Inscrição manuscrita da localidade de término (“Vianna”): Alt. 2,2 cm x Larg. 4,1 cm

Inscrição numérica / ano de término da pintura (“1894”): Alt. 1,2 cm x Larg. 2,2 cm

Análise Cromática

Cromia aplicada Fracção correspondente Estado de conservação

Cinzento Velatura do fundo da composição

Regular. Justificando-se a eli-minação preventiva de poeiras acumuladas.

Verde Cortinado.

Regular, denotando ligeira rup-tura no plano intermédio. Justi-ficando-se ainda a eliminação preventiva de poeiras acumula-das.

Castanho

Mesa circular, lombada e capa de cada um dos livros, moldura e fio do medalhão heráldico dos Car-melitas descalços e íris dos olhos de João Zamith.

Regular. Justificando-se a eli-minação preventiva de poeiras acumuladas.

Preto

Indumentária eclesiástica, por-menores capilares e pupilas dos olhos de João Zamith, fragmen-to da lombada e capa do livro colocado sobre o tampo da mesa circular e respectivo fundo mono-cromático do medalhão heráldico dos Carmelitas descalços.

Regular. Justificando-se a elimi-nação preventiva de grupos de poeiras localizadas.

Rosa / tonalidade de pele humana

Rosto, pescoço, lábios e mãos de João Zamith.

Regular.

Branco

Gola sobreposta da indumentária eclesiástica, legenda / inscrição superior e parte da iconografia existente no medalhão da irman-dade dos Carmelitas descalços.

Maioritariamente regular.

Legenda / Inscrição superior – necessita de limpeza do escu-recimento das suas letras, pro-vocado pelo aplique indevido de substância escura (verniz (?)).

Dourado

Pequenas faixas horizontais exis-tentes na lombada de cada um dos elementos bibliográficos concebi-dos e parte dos signos iconográ-ficos da heráldica dos Carmelitas descalços.

Regular.

Page 18: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

Vermelho Assinatura de Julião Martinez, acompanhada pela localização la-boral e ano de término do retrato.

Regular.

Conservação

Estado global: Regular

Data: 25 / 02 / 2013

Especificações: Existência da necessidade de remoção preventiva de poeiras localizadas, estabilização da tela, limpeza da legenda superior, regularização de fenda – verificada numa área intermédia do cortinado verde - limpeza, desinfestação e estabilização de um fragmento reduzido da moldura aplicada neste retra-to, fustigado pela presença de xilófagos.

Origem

Historial: Nascimento da peça – Possível encomenda da Or-dem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, irmandade pela qual João de Santa Teresa Zamith assumiu funções de primeiro comissário11 no decur-so do século XIX.

História da propriedade e funcionalidade da peça – Promovido pela Ordem dos Carmelitas descalços, este registo de retratística laudatória, inserido no contexto da produção artística vianense do séc. XIX (cronologia, área residencial e laboral de Julião Mar-tinez, enfatizadas pela supracitada referência escri-ta de assinatura, local de produção e cronologia: “Julião Mart.z / Vianna / 1894”), teve como finalida-de primordial homenagear o legado activo de Frei João de Santa Tereza Zamith em prol do Carmelo de Viana. Supondo-se a sua colocação e permanência inicial num dos complexos arquitectónicos da con-gregação, o extinto Mosteiro / Convento do Dester-ro de Jesus, Maria e José, edificado em Santa Maria Maior - localidade vianense onde hipoteticamente João de Santa Teresa Zamith nasceu em 1797 - ou o Colégio da Ordem dos Carmelitas descalços, situa-do em Monserrate - localidade de residência nacio-nal do pintor Julião Martinez.

Implementada em Viana no término do séc. XVIII, a casa do Carmelo, apesar da dedicação à religiosida-de feminina, usufruiu de um legado de benfeitores e administradores masculinos – respeitando a hie-

rarquia patriarcal do catolicismo ocidental e a au-toridade eclesiástica da comissão – como foram os casos de Frei João de Santa Teresa Zamith, António José Martins Comba, Sebastião Bandeira Barbosa Lopes, João José Palhares Malafaia, ou Marçal José de Passos (todos eles retratados por Julião Marti-nez, no decurso da centúria de oitocentos, com o medalhão heráldico da Ordem dos Carmelitas des-calços de Viana do Castelo sobre o peito).

Deste modo, seguindo metodologias seculares de enriquecimento patrimonial de acervos artísticos, memórias internas e arquivos históricos, o recurso à retratística honorífica, presencial ou póstuma, cons-tituiu uma prática comum no circuito mecenático das ordens religiosas portuguesas. Um gosto de invocação historicista, propício à nobilitação estéti-ca do perímetro expositivo dos edifícios religiosos / administrativos das irmandades, com a presença dos rostos e respectivos relatos de actos e doações beneméritas, de benfeitores e dignitários. Objec-tos cuja permanência na circunscrição espacial dos complexos das congregações religiosas, manteve-se até ao início das diligências do Decreto de 1834, da autoria de Joaquim António de Aguiar, promotor da extinção e incorporação governamental de bens e edifícios das ordens religiosas regulares portugue-sas – complementado pela Portaria de 20 de Julho de 1857, com capítulos dedicados à necessidade de conhecimento das casas femininas12.

18

Page 19: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

Conhecida a existência, em 1857, de treze religio-sas no Mosteiro / Convento do Desterro vianense, foi com o falecimento da última residente, ocorrido no dia 15 de Outubro de 190013, que a totalidade do seu património mobiliário e imobiliário foi expro-priado e a globalidade das acções carmelitas cessa-ram14.

Integrando o vasto espólio do Carmelo sediado em Viana do Castelo15, inventariado16 e expropriado, pressupõe-se a existência de múltiplos objectos de pintura de iconografia religiosa e retratística a óleo

sobre tela, de benfeitores e comissariado17. Tipolo-gia de acervo que albergou este retrato póstumo, de 1894, representativo de João de Santa Teresa Zamith, da autoria de Julião Martinez, chegado à colecção de Henrique Amorim (1902 – 1977), onde obteve função museológica, após décadas de dis-persão e venda18 de uma porção significativa do património artístico da congregação do Carmelo descalço, excluído das apropriações institucionais (em benefício de Museus estatais, Academias, Mi-nistérios, Bibliotecas públicas, etc.).

11 Estatuto de primeiro comissário e identificação da ordem religiosa em causa confirmados pela legenda / inscrição manuscrita, colocada no plano superior da tela, e pela iconografia do medalhão heráldico que João Zamith possui sobre o peito no momento de registo da sua figura – esteticamente composto por um brasão coroado, simbolismo da realeza mariana sobre a ordem Carmelita, estruturalmente ovalado, no seu interior com uma cruz que se desenvolve a partir da figuração alegórica do monte Carmel (área de fundação da irmandade), acompanhada por três estrelas, uma delas no interior do monte, em representação de Nossa Senhora do Carmo, e as restantes duas, ladeando a cruz, tributárias aos profetas Elias e Eliseu, ou às acções de Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz - os reformadores conceptuais dos pressupostos desta Ordem – “(…) As estrelas – O profeta Elias, o profeta Eliseu e N. sra. do Carmo. A cruz foi introduzida por São João da Cruz, carmelita calçado que com Sta. Teresa fundou os descalços (…)” – cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009, p.330. 12 “(…) Decreto de 30 de Maio de 1834, da autoria de Joaquim António de Aguiar, determinou a imediata extinção de todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares , e a incorporação na fazenda nacional, à excepção dos vasos sagrados e paramentos (…) a extinção dessas casas e sequestro dos bens deram origem aos inventários de extinção do fundo Ministério das Finanças (…) elaborados antes e depois de suprimida a casa (…) A portaria de 20 de Julho de 1857 mandou elaborar 5 mapas com a indicação do sustento das religiosas, as dividas (…) o número das conventuais e dos indivíduos de ambos os sexos empregados no seu serviço (…) mandava também elaborar cadernos assinados pela prelada da casa , por pes-soa autorizada pelo prelado, pelo empregado de fazenda e por louvados. Incluem a descrição e avaliação do convento e edifícios anexos (…) as alfaias e mais objectos preciosos destinados ou não, ao serviço do culto, pertencentes à comunidade, incluindo painéis, manuscritos e livros impressos de diversos autores nacionais e estrangeiros, de temática variada e idioma diverso (…) A portaria de 20 de Julho de 1857 revelava o desconhecimento do Governo relativamente às casas femininas, apelava à urgente necessidade de se ter exacto conhecimento do seu estado e bens. A repartição dos negócios eclesiásticos e de justiça, expediu ordens a todas as dioceses, mandando executar inventários, para se poder decidir sobre o destino a dar às casas (…) As preladas dos conventos fran-quearam os documentos às pessoas e autoridades eclesiásticas da comissão (…)” – cf. http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224345 - 25/02/2013; 18 h 54m. 13 Cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009), p.332. 14 Como comprova a hipotética datação de término do retrato de João de Santa Teresa Zamith, 1894, o mecenato artístico da Ordem do Carmelo vianense pro-longou-se pela cronologia finissecular da centúria de XIX. Mantendo-se a congregação activa até à data da morte da última residente no Mosteiro / Convento do Desterro de Jesus, Maria e José de Viana do Castelo. 15 “(…) Das alfaias e paramentos destaca-se um pavilhão do sacrário bordado a ouro, uma capa de asperges de seda com aplicações, franja e galões de prata e outro pavilhão de seda bordado com franja de prata (…) castiçais, as sacras e as jarras eram de “pau”. Na igreja para além das imagens nomeadas existiram as das beatas Maria da Encarnação e Maria dos Anjos, de sta. Luzia, de st. António, de S. Caetano, as invocações marianas do socorro e da conceição e pelo menos três crucifixos de madeira (…) uma imagem da Senhora do Carmo e um nicho com um crucifixo (…) O Senhor da cana verde e uma senhora das Dores (…) de roca (…) duas imagens, de Cristo e da Virgem, uma urna de castanho e um manicórdio (…) um Cristo de marfim com 33 cm de altura (…) S. Silvestre, S. Gonçalo, Sta. Maria Madalena, um presépio em ponto grande (…) duas imagens com relíquias (na Casa da Recreação) e mais duas com relíquias no coro alto (…) um Calvário pequeno e uma Nossa Sra. do Carmo (…) Vários quadros (…) profusa colecção de gravuras em papel (…) armários, bancos (…) tocheiros (…) em madeira exóti-ca (…) escrivaninha de pau-preto, papeleira de vinhático e dois cortadores com capa de xarão (…) relógio de parede (…) vários oratórios (…) cadeira de braços e um órgão positivo (…) peças de ourivesaria para o uso da igreja: uma custódia de prata dourada com raios cravejados de pedras falsas (…) um cálice e patena de prata dourada (…) um purificador, um vaso do sacrário e as respectivas chaves de prata (…) resplendores das imagens, coroas, as setas de S. Sebastião (…) cordão e anéis de ouro, fios de pérolas (…) contas de ouro e brincos (…) tudo de Sta. Filomena (…) casa, mirante, torre, claustro com jardim, varanda descober-ta (…) forno e galinheiros cobertos, cortes de gado, eira de pedra coberta, vinha, laranjal e árvores de fruto, terra de lavradio e horta (…) casa do capelão (…) outra casa, a dos criados (…) casa baixa com uma tira de terra (…) leiras de mato e pinheiro (…) aqueduto de pedra (…) dinheiro a juros em capitais públicos e privados (…) acções da Companhia geral de Agricultura do Alto Douro (…)” – cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009), pp.333, 334 e 335. 16 Inventário do espólio do Mosteiro / Convento do Desterro de Viana do Castelo presenciado e oficializado em 1893 pelo próprio Frei João de Santa Teresa Za-mith, distinto vianense, representante da autoridade eclesiástica e comissário da Ordem dos Carmelitas descalços – “(…) Contém o caderno do inventário geral do Convento, anexos, alfaias e todos os objectos, estando presente a madre Maria José da Conceição de Jesus, os louvados, Manuel Maria Duque da Costa, da repartição da Fazenda, entre outros (1857), dos bens imóveis (1857), inventário dos bens do Convento, feito na presença da madre D. Josefa Maria do Santíssimo Sacramento, de fr. João de Santa Teresa Zamith, entre outros, em 23 de Janeiro de 1893, bem como o inventário adicional dos bens do extinto convento (1900) (…)” – cf. http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224449 – 25/02/2013; 21 h 58 m. 17 Cita-se no inventário dos bens da ordem, a existência de “vários quadros a “óleo” – “(…) Vários quadros a “óleo” maiores ou menores assinalam-se nas várias dependências (…)” – cf. PINHO, Isabel M. R. Tavares – Ob. cit. (2008-2009), p. 334. 18 Chegando a coleccionadores privados / antiquários após possível venda em hasta pública – “(…) O património artístico, em observância das instruções da Direcção Geral dos Próprios Nacionais, foi enviado ao Museu nacional da Academia de Belas Artes e Arqueologia de Lisboa, entre outros; os objectos de culto foram entregues a confrarias e paróquias; outros, vendidos em hasta pública (…)” – cf. http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224345 - 25/02/2013; 19 h 46m – “(…) Por lei de 13 de Julho de 1889, foi concedido o edifício do Convento das religiosas carmelitas descalças, com a igreja, paramentos, cerca, quintas e dependências destas ao Asilo de Meninas Órfãs e Desamparadas, da cidade de Viana do Castelo, tendo sido vendidos outros bens – móveis, quadros, louças, milho, gado, entre outros – em hasta pública (…)” – cf. http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224449 – 25/02/2013; 21 h 58 m

19

Page 20: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

20

Tabelação cronológica

Cronologia Entidade/colecção/ personalidade tutelar

Funcionalidade Local de permanência

1894 Julião Martinez. Término da pintura de retratística de João

Zamith.

Viana do Castelo: estú-dio / atelier / residência

de Julião Martinez.

1894

Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do

Castelo.

Tributo póstumo ao comissariado e ben-feitorias de João de Santa Teresa Zamith na casa do Carmelo

vianense.

Viana do Castelo: possível incorporação

no perímetro expositivo de um dos complexos

arquitectónicos da irmandade – Colégio

Carmelita de Monserra-te ou Mosteiro / Con-vento do Desterro de Jesus, Maria e José,

em Santa Maria Maior.

1894 a 1900

Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do

Castelo.

Tributo póstumo ao comissariado e ben-feitorias de João de Santa Teresa Zamith na casa do Carmelo vianense – preser-vado até à morte

da última religiosa e respectiva extinção

definitiva da activida-de da congregação.

Viana do Castelo: perí-metro expositivo de um dos complexos arqui-

tectónicos da irmanda-de – Colégio Carme-lita de Monserrate ou

Mosteiro / Convento do Desterro de Jesus, Ma-

ria e José, em Santa Maria Maior.

1900

Fazenda Nacional (?). Retrato expropriado do local e acervo de origem, para hipo-tética avaliação e

posterior venda em hasta pública.

Lisboa (?).

1900 - 1950

Coleccionadores parti-culares / antiquários e comerciantes de arte.

Recheio de colecções particulares e pos-síveis comercializa-

ções.

Indeterminado.

Década de 50 do séc. XX (?)

Colecção de pintura de retratística contemporâ-nea de Henrique Alves Amorim (1902 – 1977).

Nobilitação de acervo particular.

Santa Maria de Lamas.

1958 - 1968

Colecção de pintura de retratística contemporâ-nea de Henrique Alves

Amorim – “Domus áurea, arquivo de frag-mentos de arte” (actual Museu de Santa Maria

de Lamas).

Nobilitação de acervo particular e integra-ção no perímetro

expositivo da Sala n.º 11 da “Domus áurea, arquivo de fragmen-tos de arte” de Hen-rique Amorim (actual

Museu de Santa Maria de Lamas).

Santa Maria de Lamas.

1959

Acervo artístico da Casa do Povo de Santa Maria de Lamas – por doação de Henrique

Amorim.

Permanência no pe-rímetro expositivo da sala n.º 11 do Museu

de Santa Maria de Lamas (função mu-

seológica).

Santa Maria de Lamas.

Page 21: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

21

1968 - 2004

Casa do Povo de San-ta Maria de Lamas –

Museu de Santa Maria de Lamas.

Permanência no pe-rímetro expositivo da sala n.º 11 do Museu

de Santa Maria de Lamas (função mu-

seológica).

Santa Maria de Lamas.

2004

Casa do Povo de San-ta Maria de Lamas –

Museu de Santa Maria de Lamas.

Recolha da obra para inventariação e con-servação preventiva.

Santa Maria de Lamas: núcleo de reservas do Museu de Santa Maria

de Lamas.

2004 - 2013

Casa do Povo de San-ta Maria de Lamas –

Museu de Santa Maria de Lamas.

Permanência na área de reservas do Mu-seu de Santa Maria

de Lamas

Santa Maria de Lamas.

Incorporação

1. Colecção particular de Henrique Alves AmorimData de Incorporação: Ca. década de 50 do séc. XX.Modo de incorporação: CompraDescrição: Hipotética transacção directa, em hasta pública ou comercialização processada por colec-cionadores e/ou antiquários.

2. Integração na sala n.º 11 da “Domus áurea arqui-vo de Fragmentos de arte” (actual Museu de Santa Maria de Lamas)Data de incorporação: Ca. 1958 – 1968Modo de incorporação: Integração no complexo ex-positivo

3. Património artístico da Casa do Povo de Santa Maria de LamasData de Incorporação: 5 de Março de 1959Modo de incorporação: DoaçãoDescrição: Doação por parte de Henrique Amorim, oficializada por escrito, de todo o espólio e área ar-quitectónica da sua “Domus áurea, arquivo de frag-mentos de arte” – actual Museu de Santa Maria de Lamas – para a comunidade local, representada ad-ministrativamente pela Casa do Povo de Santa Ma-ria de Lamas – instituição tutelar da globalidade do acervo museológico que inclui o retrato de Julião Martinez, representativo de João Zamith.

Localização – posterior à compra de Henrique Amorim

1.Presença na exposição permanenteLocalização: Sala n.º 11 Especificações: “Domus áurea arquivo de Fragmentos de arte” (actual Museu de Santa Maria de Lamas) – piso inferior.Data: Ca. 1958 – 2004

2. Colocação em reservaLocalização: Núcleo de reservasEspecificações: Museu de Santa Maria de Lamas – piso superior da área técnica deste complexo museoló-gico.Data: 2004 – 2013

Page 22: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

ValidaçãoConteúdos e responsabilidade técnica: José Carlos de Castro Amorim19

Metodologia: Investigação bibliográfica e análise directa do objecto artístico.

Data de conclusão: 25 / 02 / 2013

22

19 Licenciado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, desde 2009 / BA - Licensed in Art History by Oporto University, since 2009 - Mestre em História da Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, desde 2012 / MA – Master in Portuguese Art History by Oporto University, since 2012 - Doutorando em História da Arte Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, desde Janeiro de 2013 / PhD student in Portuguese Art History by Oporto University, since January 2013 - Técnico Superior de História da Arte do Museu de Santa Maria de Lamas, desde Janeiro de 2010 – Art Historian at the Museum of Santa Maria de Lamas, since 2010.

Bibliografia específicaFRANÇA, José-Augusto – O retrato na Arte Portuguesa. Colecção Estudos de Arte. (s/l.): Livros Horizonte, 1981.– A arte em Portugal no século XIX. 3.ª Edição, vol. I. Lisboa: Bertrand Editora, 1990.

MORAIS, Maria Antonieta Lopes Vilão Vaz de – Pintura nos Séculos XVIII e XIX na Galeria de Retratos dos Ben-feitores da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Vol. I. Dissertação de Mestrado em História da Arte Portu-guesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: D.C.T.P. / F.L.U.P., 2001.

PINHO, Isabel M. R. Tavares – “As Carmelitas do Desterro de Viana do Castelo”. Revista da Faculdade de Letras. Ciências e Técnicas do Património. I série, vols. VII – VIII, Porto: 2008-2009.

Recursos electrónicos

Arquivo Nacional da Torre do Tombo - http://digitarq.dgarq.gov.pt/

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224345 - 25/02/2013; 18 h 54m.

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224345 - 25/02/2013; 19 h 46m.

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224449 – 25/02/2013; 21 h 58 m.

http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=4224449 – 25/02/2013; 21 h 58 m.

Page 23: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

Frei João de Santa Thereza Zamith (aprox. 1797 – 1893) como primeiro Comissário e benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, de Julião Martinez

(1833 – 1907).

Apêndiceiconográfico

Page 24: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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1. Frei João de Santa Thereza Zamith, como 1.º Comissário e Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo – Julião Martinez (1833 – 1907), pintura de óleo sobre tela, 1894, 98 cm x 77,5 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 h).

Fig. 2 Registo frontal.

Fig. 3 Julião Mart.z / Vianna / 1894 - Pormenor da assinatura manuscrita de Julião Martinez, acompanhada pelo registo da localidade de realização e respectiva referência cronológica desta pintura de retratística.

Fig. 4 O Rev.do Fr. João de S.ta Thereza Zamith, 1.º Commissario e bemfertor d´esta V. vel Ordem – Pormenor da legenda/inscrição manuscrita, existente no plano superior deste retrato.

Page 25: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

25

1.1. Análise Cromática Grafismo interpretativo

Cinzento Velatura uniforme do fundo.

BrancoGola sobreposta, legenda / inscrição superior e fragmentos da iconografia do medalhão heráldico dos Carmelitas descalços.

VerdeCortinado posicionado no 2.º plano da composição.

Rosa / Tonalidade de pele humanaRosto, pescoço, lábios e mãos de João Zamith.

DouradoFaixas horizontais apli-cadas na lombada dos objectos bibliográficos e extractos da icono-grafia do medalhão he-ráldico dos Carmelitas.

CastanhoTotalidade da morfologia da Mesa cir-cular, lombada e capa dos livros, íris dos olhos de João Zamith, moldura e fio do medalhão heráldico dos Carmelitas descalços.

VermelhoAssinatura manuscrita de Julião Martinez, acompa-nhada pela referência ao local e cronologia de tér-mino do retrato.

PretoIndumentária eclesiástica, pormenores capilares (ca-belo, sobrancelhas e pes-tanas), pupilas dos olhos de João Zamith, fragmen-to de capa e lombada de objecto bibliográfico prostrado na mesa e fun-do monocromático do medalhão heráldico dos Carmelitas descalços.

Page 26: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

26

1.2. Iconografia Carmelita Simbolismo da heráldica da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, presente no medalhão de João de Santa Thereza Zamith, formalizado por Julião Martinez em 1894

Coroação do brasão ovaladoRealeza mariana sobre a Ordem Carmelita.

Cruz latina Implementada sobre a alegoria ao monte Car-mel, por influência de um dos reformadores da ordem, São João da Cruz.

Estrela posicionada no interior do monte CarmelSimbolismo de Nossa Senhora do Carmo.

Alegoria à geomorfologia do monte CarmelÁrea de fundação da irmandade Carmelita.

Duas estrelas ladeando a cruz latinaCom interpretação variá-vel, assinalam os profetas Elias e Eliseu, ou tributam o legado reformista de Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz, em prol da Ordem Carmelita.

Page 27: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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1.3. Dimensões da composição

98cm 111

cm

77,5 cm 89,3 cmFig. 5 Dimensões da tela.

Fig. 6 Dimensão global (tela + moldura).

1.3.1. Antropometria da figura de Frei João de Santa Thereza Zamith

Fig. 7 Dimensões gerais do rosto de João Zamith.

Fig. 8 Dimensões gerais do pescoço de João Zamith.

19,8cm

24,5cm

7cm

12,5cm

Page 28: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

28

Fig. 9 Dimensões gerais do tronco / volume corporal de João Zamith.

Fig. 10Dimensões gerais do braço direito de João Zamith.

Fig. 11 Dimensões gerais da mão direita de João Zamith.

Fig. 12Dimensões gerais do braço esquerdo de João Zamith.

60cm

71 cm

57,5cm

13,4cm

9cm

13cm

45cm

12,3cm

Page 29: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Fig. 13Dimensões gerais da mão esquerda de João Zamith.

11,3cm

11,5cm

1.3.2. Dimensões picturais (objectos e inscrições)

Fig. 14Dimensões gerais da mesa circular.

Fig. 15Dimensões gerais do elemento bibliográfico concebido sobre a mesa circular.

Fig. 16Dimensões gerais do livro colocado entre mão e perna esquerda da figuração.

22,5 cm

6,5cm

5cm

33,4cm

22,5 cm

6,5cm

9,5cm

16,8 cm

Page 30: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

30

Fig. 17Dimensões gerais do cortinado.

Fig. 18Dimensões gerais do medalhão heráldico dos Carmelitas descalços.

28cm

98cm

7,6cm

6,4cm

4,8cm

41,6cm

Fig. 19Dimensões gerais da legenda / inscrição superior.

2,7cm

7,2cm

2,2cm

1,2cm

4,1cm

2,2 cm

Fig. 20Dimensões gerais da assinatura manuscrita de Julião Martinez, da referência escrita à localidade e registo numérico da cronologia de término deste retrato.

Page 31: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

31

1.4. Outros exemplares de retratística finissecular (séc. XIX), da autoria de Julião MartinezPintura laudatória de benfeitores, comissariado e dignitários da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo, incorporada na colecção de Henrique Alves Amorim – acervo de pintura contemporânea do Museu de Santa Maria de Lamas

Fig. 21 António José Martins Comba, como Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do CasteloJulião Martinez (1833 – 1907), pintura de óleo sobre tela, 1889, 98,5 cm x 80 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 e).

Page 32: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Fig. 22 Sebastião Bandeira Barbosa Lopes, como Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo Julião Martinez (1833 – 1907), pintura de óleo sobre tela, 1891, 97 cm x 69,5 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 c).

Page 33: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Fig. 23 João Jesé (José (?)) Palhares Malafaia, como Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo Julião Martinez (1833 – 1897), pintura de óleo sobre tela, 1894, 99 cm x 78,5 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 a).

Page 34: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Fig. 24 Marçal José de Passos, como Benfeitor da Ordem dos Carmelitas descalços de Viana do Castelo Julião Martinez (1833 – 1897), pintura de óleo sobre tela, 1898, 99 cm x 79,5 cm, Museu de Santa Maria de Lamas (n.º inv.: 1957. 0924 b).

Page 35: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

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Crónicas deum AcervoMuseu de Santa Maria de Lamas

Page 36: Pintura de retratística finissecular (séc. XIX)

Crónicas deum AcervoMuseu de Santa Maria de Lamas

Largo da Igreja, 90Parque de Santa Maria de Lamas, Apartado 224535-412 Santa Maria de LamasTelefone: 22 744 74 68 | Fax: 22 745 49 93Telemóvel: 91 664 76 [email protected]://museudelamas.blogspot.comwww.facebook.com/museudelamaswww.museudelamas.pt

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