Piscicultura EMBRAPA6

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c ço ole ã Piscicultura em tanques-rede

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información general de piscicultura. Material de consulta del instituti EMBRAPA de Brasil.

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c ç oole ã

Piscicultura emtanques-rede

A Embrapa

coloca em suas mãos

as tecnologias geradas e

testadas em 36 anos de pesquisa.

As informações de que você

precisa para o crescimento

e desenvolvimento da

agropecuária estão à

sua disposição.

Consulte-nos.

Amazônia Oriental

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Piscicultura emtanques-rede

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Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2009

Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEmbrapa Amazônia OrientalMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Pisciculturaem tanques-rede

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Coleção CRIAR

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Coleção Criar, 6

Produção editorial: Embrapa Informação TecnológicaCoordenação editorial: Fernando do Amaral Pereira

Mayara Rosa CarneiroLucilene Maria de Andrade

Supervisão editorial: Wesley José da RochaRevisão de texto: Maria Cristina Ramos JubéNormalização bibliográfica: Vera Viana dos SantosProjeto gráfico da coleção: Mayara Rosa Carneiro

Sirlene SiqueiraEditoração eletrônica: José Batista DantasArte-final da capa: Carlos Eduardo Felice BarbeiroFoto da capa: Raimundo Nonato Guimarães Teixeira

1ª edição1ª impressão (2009): 2.000 exemplares

© Embrapa 2009

Todos os direitos reservados

A reprodução não autorizada desta publicação, no todoou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei 9.610).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica

Piscicultura em tanques-rede / Embrapa Amazônia Oriental. – Brasília, DF :Embrapa Informação Tecnológica, 2009.120 p. : il. – (Coleção Criar, 6).

ISBN 978-85-7383-450-5

1. Cultivo. 2. Doença. 3. Manejo. 4. Meio ambiente. 5. Peixe. 6. Qualidadeda água. I. Guimarães, Raimundo Nonato. II. Embrapa Amazônia Oriental.III. Coleção.

CDD 639.31

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AutoresRaimundo Nonato Guimarães TeixeiraEngenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa AmazôniaOriental,[email protected]

Roselany de Oliveira CorrêaBióloga, M.Sc. em Biologia de Água Doce e Pesca Interior,pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental,[email protected]

Marcos Tucunduva de FariaMédico veterinário, D.Sc. em Biologia Celular e Tecidual,pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental,[email protected]

Gustavo MeyerZootecnista, M.Sc. em Aqüicultura, pesquisador da EmbrapaAmazônia Oriental, [email protected]

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Apresentação

Em formato de bolso, ilustrados e escritos emlinguagem objetiva, didática e simples, os manuais daColeção Criar têm por público-alvo produtores rurais,estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa edemais interessados em resultados de pesquisa obtidos,testados e validados pela Embrapa.

Cada título desta coleção enfoca aspectos básicose indispensáveis à criação bem-sucedida de animais degrande, de médio e de pequeno porte, como confi-namento, silagem, alimentação, cruzamento, instalaçõesadequadas, produção, manejo, identificação de pragas emeio ambiente.

Editada pela Embrapa Informação Tecnológica, emparceria com as demais Unidades de Pesquisa daEmpresa, esta coleção integra a linha editorialTransferência de Tecnologia, cujo principal objetivo épreencher lacunas de informação técnico-científicaagropecuária direcionada ao pequeno produtor, rural oufamiliar, e, com isso, contribuir para o aumento da

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produção de alimentos de melhor qualidade, bem comopara a geração de mais renda e de mais emprego paraos brasileiros.

Fernando do Amaral PereiraGerente-Geral

Embrapa Informação Tecnológica

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Sumário

Introdução .......................................... 9

Considerações Gerais ........................ 11

Seleção de Espécies ........................... 17

Instalação dos Tanques-rede ............. 24

Capacidade de Suporte ...................... 34

Biomassa Econômica (BE) ................ 36

Manejo do Cultivo ............................. 38

Nutrição ............................................. 66

Sanidade ............................................. 74

Despesca ............................................ 99

Aspectos da Comercialização ............ 99

Custos de Produção .......................... 102

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Impacto Ambiental ............................. 105

Legislação .......................................... 107Referências......................................... 113

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IntroduçãoA redução dos estoques naturais decor-

rente da sobrepesca, somada à necessidadede desenvolver atividades de baixo impactoao meio ambiente e que gerem renda aoprodutor, têm promovido um crescenteinteresse pelo cultivo de organismosaquáticos.

Entre as várias tecnologias disponíveispara o cultivo de peixes, a criação emtanques-rede dispensa altos investimentosiniciais, podendo ser implantada em áreasalagadas formadas por reservatórios dehidrelétricas, rios, áreas de garimpo, açudese outras pequenas represas de uso diverso(MEDEIROS; CHAGAS, 2002). Em todoterritório nacional, somente áreas de

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reservatórios privados e públicos perfazemuma área de 8,5 milhões de hectares(OSTRENSKY et al., 2008). Em projeção,a produção adicional de 100 kg de peixes/ha/ano em tanques-rede promoveria umincremento na produção anual de pescadona ordem de 500 mil toneladas, o querepresenta mais de 100 % da produçãoaquícola continental, que em 2005 foi de180.730,5 toneladas (IBAMA, 2005).

Todavia, para que isso ocorra, é neces-sário o fortalecimento de todos os segmen-tos da cadeia produtiva do pescado culti-vado, sobretudo dos setores de suprimentose insumos. Cerca de 70 % dos custos deprodução de uma piscicultura são destinadosà compra de insumos, principalmente ração,o que pode colocar em risco a rentabilidade

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da atividade, sobretudo para pequenosprodutores.

Considerações GeraisTanques-rede são estruturas de várias

formas e tamanhos, constituídas por redesou telas que permitem a livre circulação daágua. Podem ser instalados em ambientesaquáticos por meio de flutuadores, em locaisonde há oscilação periódica no nível da águaou por meio de estacas fixas, em ambientesonde o nível d’água não oscila.

Têm como finalidade o confinamento depeixes, proporcionando-lhes condições decrescimento por meio da proteção constanteao ataque de predadores e competidores,fornecimento de alimento e água de boaqualidade. Além disso, o sistema também

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oferece facilidades no que se refere aomanejo diário e a despesca.

Existe certa controvérsia quanto aoemprego das palavras gaiola ou tanque-rede.Emprega-se o termo gaiola quando o materialde contenção utilizado é rígido (Fig. 1);quando é flexível, chama-se tanque-rede(Fig. 2). No Brasil, a tendência inicial damaioria dos produtores é o emprego detanques-rede, em decorrência da facilidadede manejo.

Fig. 1. Gaiolade 1 m3, confeccionadacom madeira branca etela de sombreamento,normalmente utilizadacomo berçário durante operíodo de alevinagem.

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Tipo de sistemaO cultivo de peixes em tanques-rede é

classificado como sendo do tipo intensivo,considerando o grau de tecnologiaempregado, a alta densidade de peixesutilizada e o manejo alimentar, feitoobrigatoriamente com ração balanceada eque atenda às necessidades nutricionais dasespécies cultivadas.

Considerando a intensificação do cultivo,é fundamental verificar a capacidade de

Foto

: Ros

elan

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Oliv

eira

Cor

rêaFig. 2. Tanques-rede de

6 m3, instalados nas lateraisde passarelas flutuantes.

Dentro dos tanques épossível observar um

compartimento delimitadopor tela de 5 mm a 10 mm(berçário), onde é feita a

alevinagem.

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suporte1 do ambiente onde os tanques-redeserão instalados, assim como fazer omonitoramento constante da qualidade daágua deste ambiente. O parâmetro qualidadeda água está diretamente relacionado ao êxitodo cultivo.

Vantagens e desvantagensAs vantagens são:• Utilização de água já existente, sem

implicar em desmatamento e movimentaçãode terra, evitando problemas de erosão eassoreamento de lagos e rios.

• Aplicação de tanques-rede em águasonde a produção pesqueira é pequena ouonde a pesca é de difícil realização.

1 Limite máximo que o ambiente suporta em quilos de peixe. Reservató-rios de usos múltiplos não devem exceder 1 ton/ha (STICKNEY, 1994).

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• Sistema considerado semi-móvel,podendo ser deslocado facilmente paraoutros locais.

• Manejo simplificado (amostragem,manutenção, controle de predadores,colheita, etc.).

• Investimento financeiro inicial 70 %mais barato do que tanques escavados.

• Produção de proteína animal de boaqualidade e incremento de emprego e renda,tanto artesanal como industrialmente.

• Obtenção de um produto diferenciado,com baixa incidência de off flavor2.

2 Sabores ou odores indesejáveis detectados em peixes, causados poringredientes dos alimentos ou por absorção de certas substânciaspresentes na água de cultivo (MACEDO-VIÉGAS; SOUZA, 2004).

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• Possibilidade de produção durante oano inteiro.

As desvantagens são:• Possibilidade de perda parcial ou total

dos organismos cultivados em decorrênciade fugas ou acidentes.

• Total dependência de ração de boaqualidade, adequada às exigências nutricio-nais da(s) espécie(s) cultivada(s).

• Impacto potencial ao meio ambiente,podendo alterar a qualidade da água, emdecorrência do aporte de substânciasorgânicas e inorgânicas em quantidadessuperiores às assimiláveis pelo sistema,principalmente em ambientes fechados.

• Possibilidade de causar problemasgenéticos às populações silvestres, caso hajaeventual fuga dos animais cultivados.

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• Grande suscetibilidade a furtos, atos devandalismo e curiosidade popular.

• Desuniformidade de tamanho dospeixes do mesmo lote, dentro do tanque-rede.

Seleção de EspéciesA busca por espécies adequadas é um

dos aspectos que mais incitam pesqui-sadores e produtores, visto que a corretaseleção de um peixe ou linhagem é o fatorchave no sucesso de um empreendimento.

No Brasil, a produção de peixes emtanques-rede representa menos de 10 % daprodução aquícola nacional (KUBITZA,2004). O cultivo de tilápias (Oreochromisspp.) e de algumas espécies nativas como

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tambaqui, Colossoma macropomum, epacu, Piaractus sp., tem se tornado cadavez mais comum nos grandes reservatóriosdo País.

Para definir as espécies para cultivo,devem ser considerados: (a) fatores biológi-cos (relacionados à espécie), (b) tecnologiade cultivo e (c) fatores econômicos (direta-mente relacionados à viabilidade financeirado empreendimento).

Fatores biológicosReprodução – Selecionar espécies cuja

tecnologia de reprodução induzida já édominada a fim de garantir a oferta regularde alevinos.

Tamanho e idade da maturaçãosexual – O ideal é cultivar espécies que

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alcancem a maturação sexual após o tamanhomínimo de venda, já que as taxas decrescimento e alimentação tornam-se menoseficientes durante o processo de desenvol-vimento gonadal.

Nível trófico – Diferente do que ocorreem ambientes naturais ou até mesmo emviveiros, no cultivo em tanques-rede, existeapenas um nível trófico natural – o plâncton,e um artificial – a ração. Assim, é necessárioverificar sobre a possibilidade de a espéciecultivada também aproveitar o alimentonatural como forma de diminuir o custo deprodução e melhorar o crescimento. Nessesentido, as espécies planctófagas ou debaixo nível trófico seriam as mais indicadas,principalmente para cultivos com menor graude intensificação. Entretanto, isso não pode

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ser generalizado, uma vez que espéciescarnívoras, apesar de se criarem exclusi-vamente à base de ração, podem apresentarboas taxas de conversão.

Taxa de crescimento e porte – A taxade crescimento em peixes é diretamenteproporcional ao seu tamanho máximopotencial e ao tamanho em que alcançam amaturidade sexual. Obviamente, no critérioseletivo, espécies que possuem altas taxasde crescimento são fortemente recomen-dadas. Por outro lado, espécies com altovalor de mercado, mesmo com boas taxas decrescimento, porém tamanho comercial grande,devem ser vistas com certa precaução, namedida em que necessitam de períodos decultivo relativamente longos, o que aumentao risco na piscicultura em tanque-rede.

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Tecnologia de cultivo

Grau de domesticação – O conceitode domesticação em aqüicultura deve-se,principalmente, ao tempo em que a espécieestá sendo cultivada e ao domínio dastécnicas de cultivo, incluindo-se a possi-bilidade do fechamento do seu ciclo emcativeiro. Em âmbito mundial, raras são asespécies consideradas como domesticadas,existindo algum consenso apenas no que serefere à carpa comum, cultivada desde ostempos mais antigos. Em termos dasespécies nativas, embora nenhuma delasainda possa ser considerada comodomesticada, é possível classificar as quemelhor atenderiam a esse fim, tais como otambaqui e o pacu.

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Conversão alimentar – Considerandoque a alimentação representa cerca de 70 %dos custos de produção, é fundamental quea espécie escolhida tenha um bom índice deconversão alimentar. Para isso, é reco-mendável o uso de rações balanceadas,adequadas às exigências nutricionais daespécie cultivada, assim como a adoção deboas práticas de manejo alimentar.

Tolerância ao manejo – A espécieescolhida deve ser naturalmente tolerante osuficiente para suportar manejos habi-tuais, como o transporte e despescas.Quanto maior a tolerância, menor o estresse,menor o risco de ocorrência de infecções/doenças e, conseqüentemente, maior asobrevivência.

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Fatores econômicos

Valor comercial e mercado – O valorcomercial é um dos aspectos que maisinteressa ao produtor. Tendo em vista anatureza e o custo operacional, a espéciecultivada deve, obrigatoriamente, alcançarbons preços e lucratividade. Além disso, ummercado bem definido em termos dedemanda pode excluir gastos futuros com apromoção do produto.

Aceitabilidade pelo consumidor – Éimportante verificar a preferência dosconsumidores locais pelo pescadoproduzido e a forma de apresentação doproduto, visando a agregação de valor e agarantia de comercialização.

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Instalação dos Tanques-rede

Seleção do localO local de implantação dos tanques-rede

deve ser selecionado cuidadosamente. Algunsaspectos devem ser avaliados, entre eles:

Qualidade da água – A alta pro-dutividade depende diretamente da qualidadeda água, que é determinada por variáveisfísicas, químicas e biológicas: turbidez, pH,florescimento de algas e salinidade. Éimportante considerar que os ecossistemasapresentam diferenças no que diz respeito aessas variáveis, sendo os índices de produ-tividade regidos pela interação entre elas.

Aspectos geoclimáticos – São carac-terísticas do local de implantação, tais como

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temperatura ambiente, regime de ventos, áreatotal, correntes, fotoperíodo, substrato,profundidade e intempéries ambientais(tempestades, etc.).

Condições de ordem legal – São asnormas vigentes para implantação depiscicultura em tanques-rede, inerentes aolocal pretendido. Dizem respeito à possibi-lidade de se implantar os módulos de cultivosegundo a legislação local ou regional.

Condições estruturais – Estão asso-ciadas ao êxito comercial do empreendi-mento. Nesse sentido, deve ser avaliado oacesso por terra aos tanques-rede, estruturade apoio em terra (eletricidade, comuni-cação, etc.), segurança, mercado para o pro-duto, custos de implantação e financiamentos.

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Poluição – O êxito da aqüicultura estádiretamente relacionado à qualidadeambiental. Assim, é importante evitar ainstalação de tanques-rede em locaispoluídos e/ou passíveis de poluição dequalquer natureza. Os principais agentespoluidores são:

• Detergentes.

• Subprodutos agrícolas.

• Esgotos domésticos.

• Resíduos industriais.

• Gases.

• Metais.

• Nutrientes (especificamente fosfatos enitratos).

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• Óleos dispersantes.• Restos de tóxicos orgânicos.

Construção de tanques-rede

Para a construção de tanques-rede, éimportante considerar a(s) espécie(s)cultivada(s), a tecnologia de cultivo a ser em-pregada, as condições ambientais predomi-nantes e a finalidade do cultivo (alevinagem,engorda, outros).

Componentes – De modo geral, umtanque-rede apresenta os seguintes compo-nentes (Fig. 3):

• Estrutura – Permite a armação da redeou tela no formato desejado.

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• Contenção – É a parte telada, comforma, dimensão e materiais diversos. Essespodem ser flexíveis, rígidos e semi-rígidos.

• Flutuador – Objeto destinado a mantero tanque-rede flutuando na água.

• Âncora – Qualquer peça afundada quefixe o tanque-rede por meio de um cabo àsuperfície, impedindo seu deslocamentohorizontal.

Fig. 3.Desenhoesquemáticode tanque-rede,indicandoseusprincipaiscomponentes.

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• Cobertura – É a panagem ou engradadocolocado, opcionalmente, acima do tanque-rede, com a finalidade de proteger os peixescultivados da ação de predadores e evitar aexposição direta aos raios solares.

• Comedouro – Estrutura circular ouquadrada, posicionada na superfície dalâmina d’água para impedir que o alimentoseja levado para fora do tanque-rede, pelaação de ondas, vento ou pelos próprios peixes.

Posicionamento na coluna d’água –Existem três categorias de tanques-rede:

• Fixos – Quando presos ao fundo doreservatório por meio de estacas e/ou ânco-ras. São comumente utilizados em paísesde clima tropical, por causa da relativaestabilidade climática.

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• Flutuantes – Quando são suportadospor um colar flutuante ou moldura. São ostipos mais utilizados, tendo uma grandevariedade de formas. Algumas unidades sãorotativas, o que ajuda na limpeza da estruturade contenção (redes ou telas).

• Submersos – São tanques-rede fixosno fundo do ambiente aquático. Muitoutilizados no cultivo de salmões.

Com exceção dos submersos, os demaisdevem ser posicionados a uma distância dofundo de pelo menos 50 cm, de modo a per-mitir a livre circulação da água, isso porquea água do fundo dos corpos d’água é a depior qualidade, onde se acumulam resíduosdo cultivo (restos de ração e dejetos) e aconcentração de oxigênio é mais baixa.

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Na distribuição espacial dos tanques-redeem relação ao espelho d’água, o ideal é quesejam posicionados em perpendicular acorrente de água, de modo a permitir amáxima renovação de água para todos eles,evitando a entrada de água utilizada nosdemais.

Tamanho – O tamanho dos tanques-rede é decisivo no estabelecimento dos níveisde produção e de produtividade. Um fatorbásico para definição do tamanho do tanque-rede é o comportamento natatório da espéciea ser cultivada. Espécies mais ativas, comoatuns e salmões, necessitam de espaçosmaiores para locomoção, sendo inadequa-dos os de pequeno volume. Espécies comotilápias e tambaquis podem ser cultivadas

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em volumes menores, sem que o cresci-mento e a produtividade sejam comprometidos.

Outro fator a ser considerado é a taxa derenovação da água dentro da unidade, emvirtude da forte correlação entre esta e aprodutividade do cultivo. A rigor, quantomaior a taxa de renovação, melhor acondição de qualidade da água para osorganismos cultivados, principalmente noque se refere ao oxigênio, fator dos maislimitantes nesse sistema de cultivo. Noscultivos em ambientes de água doce,observa-se uma tendência em utilizarmódulos de pequeno volume (1 m2), emrazão dos maiores níveis de produtividadeprojetados, apesar do custo confecção/volume ser maior em unidades menores.

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Forma – Podem ser quadrados,retangulares ou redondos. A forma dotanque-rede não tem influência significativana produtividade, mas sim na eficiência derenovação de água e no custo de confecção.Tanques redondos têm menor taxa derenovação de água; enquanto que, emtanques retangulares, a passagem de águase dá de forma mais homogênea pelasuperfície lateral.

Materiais utilizados na construção –A escolha do material para a construção detanques-rede e/ou gaiolas varia bastante deacordo com a região, principalmente emfunção dos custos, disponibilidade de mate-rial e do nível tecnológico a ser empregadono cultivo. No entanto, em qualquer circuns-tância, é recomendável que os módulos

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sejam funcionais, duráveis, resistentes àcorrosão/apodrecimento, ao tempo e debaixo custo.

Capacidade de SuporteA capacidade de suporte de um sistema

aquático é definida como a biomassa máximaque ele pode sustentar, sendo mensuradapelo número ou biomassa (kg) de peixes porvolume (m3), ou pela área total do ambienteonde os tanques-rede estão instalados(número de indivíduos por hectare); éexpressa em kg/m³ de volume útil de tanque-rede.

Trata-se de um parâmetro que deve sercriteriosamente avaliado, pois o crescimentoe a produção dos peixes são diretamenteproporcionais à densidade populacional.

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Nessa etapa, é importante atentar-se paraa biomassa final projetada e sua relação coma capacidade de suporte do sistema,considerando-se que a densidade ótimabiológica não necessariamente será a melhorem termos econômicos. Assim, as densi-dades de estocagens são extremamentevariáveis dependendo da espécie, dotamanho comercial, do sistema de criação eda idade de estocagem dos peixes.

Estudos sugerem que, em tanque-rede depequeno volume e alta densidade, a capaci-dade de suporte varie entre 500 kg/m³ e700 kg/m³. Em tanques-rede de grandevolume e baixa densidade, entre 80 kg/m³ e120 kg/m³. Quando a biomassa em umtanque-rede se aproxima da capacidade desuporte, aumenta o risco de mortalidade em

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razão da má qualidade da água dentro dotanque-rede, podendo ocasionar maiorincidência de doenças.

Biomassa Econômica (BE)No cultivo em tanques-rede, almeja-se o

menor custo de produção e a obtenção demaior lucro. A produção em tanques-redetem como meta atingir a biomassa (peso dospeixes por volume útil do tanque-rede,expresso em kg/m³) que resulta na maior taxade lucro acumulada, ou seja, a biomassaeconômica (BE).

Produzir a máxima quantidade de peixesem um tanque-rede não significa máximolucro. O ponto de BE (máximo lucroacumulado) está bem antes da capacidadede suporte ser atingida. Isso ocorre porque,

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quando a produção num tanque-rede seaproxima da capacidade de suporte, osíndices de desempenho pioram acentua-damente, sobretudo a conversão alimentare o ganho de peso diário. E, como a ração éo insumo de maior custo individual emtanque-rede, o custo de produção aumenta,e a lucratividade diminui.

No Brasil, há relatos da produção de tilá-pias em tanques-rede de 4 m³ a 5 m³, onde omelhor retorno econômico na produção foiobtido com biomassa em tanque-rede de150 kg/m³ a 250 kg/m³. As variações na BEdependem do valor de venda e do custo deprodução, relacionados com a eficiência e aescala de produção; assim é importante avaliá-la a cada ciclo de produção, de forma a per-mitir a maximização dos lucros acumulados.

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Manejo do CultivoTransporte e estocagemde alevinos no tanque-rede

Os alevinos são transportados em sacosplásticos, transparentes e resistentes,contendo água e oxigênio puro. Em cadasaco de 30 L (volume total) podem sercolocados de 500 a 1.000 alevinos na pro-porção de 1/3 de água para 2/3 de ar.É importante que os sacos não tenhamvazamento, estejam bem fechados e aper-tados por uma liga elástica e permaneçamarrumados com a boca voltada para cimadurante todo o percurso da viagem, que deveser feita dentro de um período de 12 horas.O ideal é que o transporte dos alevinos sejafeito pela manhã, evitando exposição diretados sacos ao sol.

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A operação de soltura nos tanques-redeé iniciada com a aclimatação, colocando ossacos cuidadosamente dentro d’água, ondedevem permanecer de 15 a 20 minutos a fimde que a temperatura da água dos sacos fiqueigual a do tanque-rede. Em seguida, é retiradaa liga elástica, e o saco é ligeiramente incli-nado, permitindo que água do rio se misturelentamente com a do saco, e que os alevinossaiam livremente, sem sofrer choque térmicoou qualquer outro trauma.

Para iniciar o cultivo, é imprescindível:• Preparar todo o material de apoio com

antecedência, tais como tanque-rede(principalmente no que se refere ao tamanhoda malha em função do tamanho dos peixes),puçás, ração, equipamentos, bem como aprópria água em termos de qualidade.

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• Adquirir alevinos de boa procedência,cujas qualidades genéticas, nutricionais esanitárias sejam asseguradas.

• Checar previamente os alevinos quantoao tamanho, que deve ser o mais homogêneopossível.

• Realizar a pesagem de um loterepresentativo dos indivíduos estocadospara utilizar como base nos cálculos paradeterminar as taxas de alimentação.

• Manusear o mínimo possível osalevinos estocados.

É possível estocar os peixes já nadensidade de despesca/colheita, ou variar adensidade de estocagem ao longo do ciclode cultivo, por meio de despescas seletivase remanejamento para outros tanques-rede.

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É importante registrar todas as infor-mações referentes ao cultivo (estocagem,densidades, quantidade e freqüênciaalimentar, remanejamentos, biometrias,mortalidades), pois são dados importantespara planejar novos ciclos de produção.

AlimentaçãoO manejo alimentar é um dos principais

fatores para o sucesso da criação de peixesem tanques-rede. O confinamento de peixesem tanques-rede não possibilita a busca poralimentos no restante do espaço aquático.Nos viveiros escavados, os peixes podemse beneficiar de pequenos crustáceos,insetos, plantas aquáticas (macrófitas),moluscos (ex: caramujos) e até de outrospeixes. No Sudeste e Centro-Oeste, por

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exemplo, é comum que lambaris (Astianaxsp.) entrem nos viveiros pela saída d’água,povoando-os e aumentando a disponibili-dade de alimento natural. Em tanques-rede,a alimentação artificial passa a ter umaimportância muito maior, de modo que oscuidados com a qualidade da ração e como manejo alimentar devem ser consideradosno planejamento da atividade.

Custos com alimentação – A primeirapreocupação para produtores que desejaminiciar a criação de peixes deve ser o quantode ração será utilizado, bem como o quantode dinheiro será necessário empregar. Issoporque, em tanques-rede, o custo dealimentação dos peixes representa muito,chegando a ultrapassar 70 % de todos oscustos da criação. Assim, ao iniciar a criação,

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o produtor deve estar esclarecido de queterá que manter a compra da ração durantemuitos meses.

Um cálculo simples para que o produtornão se engane quanto aos reais custos –normalmente estes são subestimados,especialmente pelos novos criadores – podeser feito da seguinte forma:

Quantidade em kg que desejadespescar x conversão alimentaresperada x preço do kg de ração

Exemplo: (i) se o produtor pretendeestocar 2.000 peixes e espera que estesatinjam um peso médio de 500 g/peixe (ouseja, pretende despescar 1.000 kg), (ii) se aconversão alimentar esperada é de 1,7 (ou

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seja, espera que seja gasto 1,7 kg de raçãopara cada quilo de peixe produzido), e se(iii) o preço do quilo da ração em sua regiãoé de R$ 1,20, então terá gasto, só com aalimentação:

1.000 x 1,7 x 1,2 = R$ 2.040,00(valor aproximado a ser gasto com a

alimentação)

Observação importante: esse será o custosomente da alimentação, exceto os outros,tais como mão-de-obra, tanques-rede e frete.

Principais fatores que devem ser con-siderados na alimentação dos peixes –Passada a etapa de planejamento dosinvestimentos com a alimentação, o pro-dutor deverá saber que os peixes chegarão

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pequenos e que, nesta fase inicial, terão queser alimentados com rações de grânulosmenores, com maior quantidade de proteína(concentração protéica) e várias vezes aodia.

Pela teoria, existe uma freqüênciaalimentar ideal (número de alimentação diária)para cada espécie, por meio da qual se obtémos melhores índices de crescimento e asmelhores conversões alimentares3. O ideal éque os peixes sejam alimentados ao menosduas vezes ao dia, pela manhã e à tarde,lembrando que peixes mais jovens têm taxas3 Conversão alimentar corresponde à quantidade de ração oferecida

dividida pelo ganho em peso dos peixes. Por exemplo, se foramoferecidos 200 kg de ração durante um ciclo, e os peixes engordaram100 kg no total, a conversão alimentar foi de 200 kg/100 kg, ou seja,2,0. O ideal é que os peixes convertam 1 kg de ração em 1 kg de carne.Por isso constuma-se dizer conversão alimentar boa (≤1) ou ruim(≥1), para evitar confusões.

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metabólicas mais elevadas, sendo acon-selhável alimentá-los com maior freqüência.Na Tabela 1 está apresentada a freqüênciamínima de alimentação para a criação dealgumas espécies.

Vale dizer também que existem peixesque crescem mais sendo alimentados duranteo dia, mas outros crescem mais e convertemmelhor o alimento sendo alimentados à noite;assim o criador deve estar atento ao hábitoalimentar da espécie criada e ao melhorperíodo de alimentação. A maioria dascriações comerciais em tanques-rede noBrasil, no entanto, praticam a alimentaçãodurante o dia e obtém bons resultados. NaTabela 2 estão contidas recomendaçõesquanto ao melhor período de alimentaçãopara algumas espécies de peixe.

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Uma questão essencial na criação emtanques-rede é como alimentar os peixes.Existe uma orientação importante a esserespeito. Os peixes devem ser alimentadoslentamente, especialmente se a pessoa quealimenta ainda não tiver a prática dessaoperação, de modo que seja possívelperceber o comportamento alimentar dosanimais.

Tabela 2. Período de alimentação ideal para a obtenção domáximo ganho em peso e da melhor conversão alimentar dealgumas espécies de peixe criadas em cativeiro.

EspécieBagre Africano(Clarias gariepinus)

Pirarucu(Arapaima gigas)

Tambaqui(Colossoma macropomum)

Período

Noturno

Diurno

Diurno(melhor à tarde)

Referência

Hossain et al. (2001)

Crescêncio et al. (2005)

Van Der Meer et al.(1997)

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A hora de parar de alimentar não éexatamente a hora em que os peixes paramde comer, mas sim o momento em queexpressam sinais de menor interesse peloalimento. Kubitza (2006, p. 20) dá uma boadica para o manejo alimentar de tilápias:“... fornecer em cada refeição o que ospeixes são capazes de consumir em cerca15 minutos”. Ademais, vários são os estudosmostrando que peixes que se alimentammuito convertem com menor eficiência oalimento em carne (tecido muscular)(CRESCÊNCIO et al., 2005; RONDÁN etal., 2004; VAN DER MEER et al., 1997), noentanto essa informação não é válida apenaspara a criação em tanques-rede.

Muitos técnicos e pesquisadores reco-mendam quantidades fixas de alimento em

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função do peso do peixe. Essa pode seruma estratégia para facilitar a alimentação,entretanto o mais recomendado é alimentá-los à vontade e observando o seu com-portamento, conforme as orientações acima.Entretanto, nos casos em que a alimentaçãoem quantidades fixas for adotada, deve-seter especial atenção ao peso dos peixes, àépoca do ano (no inverno os peixes con-somem menos ração, chegando inclusivecessá-la) e à conversão alimentar obtida.

Quanto à alimentação dos peixes, pode-se fazer uma recomendação geral: alevinosrecém-estocados em tanques-rede devem seralimentados três ou mais vezes ao dia. Essemanejo aumentará o crescimento e aresistência dos animais. A conversão

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alimentar não será necessariamente a melhornessa fase, mas isso não representa umgrande problema, pois os peixes aindaestarão comendo pouco. A partir domomento em que os peixes atinjam um pesomédio entre 25 g e 50 g, recomenda-se quea alimentação seja feita em menor freqüência,à vontade (Tabela 3). Nesse sentido, éimportante que o produtor registre aTabela 3. Recomendação geral de freqüência alimentar e detamanho do grânulo para peixes em diferentes estágios dedesenvolvimento criados em tanques-rede.

(1) Recomendação para espécies onívoras, tais como o tambaqui e a tilápia.

Peso(g)

1–55 – 2 5

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Granulometria(mm)

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Concentraçãoprotéica

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quantidade de ração oferecida para posteriorcálculo da conversão alimentar e observe osmelhores momentos de alimentação.Manejos mais detalhados devem seradotados à criação à medida que o produtorganhe experiência com a atividade.

O vento e o movimento dos peixes ao sealimentarem podem fazer com que a raçãooferecida se desloque para fora da área dotanque-rede. Quando isso acontece comfreqüência, muita ração é perdida,aumentando os custos e a poluição doambiente aquático. Dessa maneira,recomenda-se, principalmente para tanques-rede de pequeno volume (1 m2), que sejautilizado um arco de PVC boiando na águadentro do tanque-rede para impedir que a

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ração se desloque (comedouro). Tambémpode ser utilizada uma malha mais fina naparte de cima do tanque-rede.

Acompanhamento evolutivo do cultivoAmostragens biométricas – É de

fundamental importância o acompanhamentodo crescimento dos peixes, mediante arealização de biometrias (pesagens)periódicas, em proporções representativasdas quantidades estocadas. Esses dadosservem como fator de regulação daquantidade de alimento a ser ministrado ecomo subsídio à futura análise quantitativa.A amostragem pode ser múltipla ou única.Na amostragem múltipla, são tomadas duasou três sub-amostras, cada uma contendoum número de indivíduos de aproxima-

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damente 1 % a 2 % do total de animaisestocados. Já na amostragem única écoletada, de uma só vez, cerca de 5 % a10 % do total de animais estocados. O pesomédio é obtido dividindo-se o peso totalregistrado pelo número de peixes da amostra.Durante a operação, devem ser tomadoscuidados rigorosos para que os animais nãosofram com o estresse decorrente damanipulação excessiva, que pode retardarseu crescimento e/ou levá-los à morte.

Os dados das biometrias possibilitam aanálise de desempenho dos peixes culti-vados, oferecendo subsídios para otimizaro lucro, na medida em que determinam aépoca ideal de colheita/despesca, conside-rando o melhor retorno financeiro.

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Monitoramento da qualidade daágua – A qualidade da água é um dos fatoresfundamentais para o bem estar geral dosorganismos cultivados em tanques-rede.Compete ao piscicultor empenhar-se emmanter as variáveis ambientais que maisinterferem sobre o bem estar e crescimentodos peixes (oxigênio dissolvido, pH,temperatura e turbidez), em níveis toleráveis(Tabela 4). Nos cultivos em tanques-rede, oaporte de matéria orgânica e de metabólitosno fundo ou área de influência tambémconstitui um problema em potencial. Ocontrole de qualidade da água consiste nomonitoramento constante, se possível duasvezes ao dia, das variáveis mencionadas ena adoção de medidas corretivas, quandonecessárias. Em geral, os requerimentos de

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uma espécie em relação a cada variávelambiental podem mudar, em função doestágio de desenvolvimento, tamanho e daprópria interação entre os fatores ambientais.

A seguir, são apresentadas as influênciasindividuais dos principais parâmetros físicos

Tabela 4. Valores dos principais parâmetros de qualidade da águaconsiderados adequados para o bom desempenho produtivoe à manutenção da saúde de peixes tropicais em tanques-rede.

Variável

Temperatura (T)Oxigênio dissolvido (OD)pHAlcalinidade total (AT)Dureza total (DT)Amônia tóxica (NH3)Nitrito (NO2)Gás carbônico (CO2)Turbidez mineral

Valor adequado

26 oC a 30 oC> 60 % saturação (> 5 mg/L)6,5 a 8,0> 10 mg CaCO3/L (> 20 ideal)> 10 mg CaCO3/L (> 20 ideal)< 0,20 mg/L NH3

< 0,30 mg/L NO2

< 10 mg/L CO2

< 80 mg/L

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e químicos da água, seus limites de tolerânciae maneiras de controle.

Oxigênio – Concentração de oxigêniodissolvido (OD) na água é um fator que estádiretamente relacionado à manutenção dasfunções vitais dos organismos aquáticos. Noambiente aquático, as principais fontes deoxigênio são a atmosfera (difusão) e afotossíntese. Nessa modalidade de cultivo,a importância dessa variável é fundamental,pois o risco de mortalidade desencadeadapor baixas concentrações de oxigênioaumenta à medida que o sistema seintensifica. Para a maioria das espéciescultiváveis, o teor de OD deve ser superiora 5 mg/L. Em tanques-rede, a exposiçãoprolongada a teores inferiores a 3 mg/L podeprovocar mortalidade em massa dos peixes.

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O incremento e/ou manutenção dos níveisde oxigênio em tanques-rede, inclui:

• Renovação de água quando possível.• Limpeza e/ou troca de redes.• Aeração preventiva ou emergencial.Temperatura – Como animais pecilo-

térmicos, o metabolismo dos peixes estádiretamente associado à temperatura. Namedida em que esta aumenta, acentua-se aatividade metabólica, com o conseqüenteincremento do consumo de oxigênio,produção de amônia e dióxido de carbono.Na Região Norte do Brasil, a temperatura éum dos fatores que mais favorecem ocrescimento de organismos aquáticos, nãohavendo período limitante, em que a alimen-tação é reduzida ou mesmo interrompida,

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como acontece em climas temperados. Emrelação a essa variável, o mais importante éposicionar adequadamente os tanques-rede,de modo que a coluna d’água fique compa-tível com o porte e a densidade de estoca-gem dos animais e não venha expô-los atemperaturas além dos limites toleráveis.

pH – O pH atua diretamente nosprocessos de permeabilidade da membranacelular, interferindo no transporte iônicointra-celular e extra-celular e entre osorganismos e o meio. Valores extremospodem danificar a superfície das brânquias,levando os peixes à morte. Além disso, opH afeta a toxidez de vários poluentes emetais pesados e a disponibilidade denutrientes. A oscilação diária do pH éregulada pela concentração de CO2 e

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atividade fotossintética. Para a maioria dasespécies aquáticas, o seu valor ideal estáentre 6 e 8,5. Em tanques-rede instalados emcorpos d’água lênticos, valores adequadosde pH podem ser alcançados mediante osprocedimentos normais de melhoria daqualidade da água, como a calagem.

Turbidez – A turbidez é uma medida dacapacidade da água em dispersar a radiação.É causada por sólidos em suspensão naágua, de origem orgânica (bactérias,fitoplâncton) ou inorgânica (argila, silte),como resultado da erosão do solo. Emtanques-rede, a turbidez pode ter influênciapositiva ou negativa. No primeiro caso, aturbidez está associada ao incremento daprodutividade primária, diminuição doflorescimento de macrófitas e ao conforto

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proporcionado aos peixes pela diminuiçãode visibilidade. A influência negativa podeadvir do aporte de material inorgânicoexógeno que pode causar irritação e afetar arespiração branquial.

Amônia e nitrito – A amônia é oprincipal resíduo nitrogenado produzidopelos peixes, a partir da digestão daproteína. O nitrito (NO2) é produzido pelaoxidação do amônio e pela redução donitrato (NO3). Ambos são tóxicos e,portanto, potencialmente perigosos parapeixes em tanques-rede. Níveis sub-letais deamônia causam danos nas brânquias e nostecidos, já os de nitrito reduzem o transportede oxigênio nas brânquias. Em tanques-rede,a toxidade por amônia e nitrito pode serprevenida pelas seguintes ações:

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• Posicionamento do fundo do tanque-rede, de modo a resguardar uma certadistância do fundo do ambiente aquático,diminuindo a possibilidade de contato diretodos animais com os resíduos metabólicosou de ração.

• Limitação da taxa de alimentação.• Aeração e mistura mecânica da água,

de modo a promover oxigenação epossibilitar a remoção de resíduos. Essaoperação, contudo, deve ser cuidadosa paranão prejudicar os peixes estocados.

Manutenção dos tanques-redeA incrustação de organismos nas malhas

ou telas dos tanques-rede, também chamadade colmatação, constitui um dos principais

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problemas, notadamente para alevinos, nessamodalidade de cultivo. Esse processo, quenormalmente vai se acentuando com opassar do tempo, tem como conseqüênciaa redução da taxa de renovação de água e adeterioração de sua qualidade, tornando-setambém vetor de doenças. Para evitar oacúmulo de incrustações e realizar reparosno tanque-rede, devem ser realizadasinspeções periódicas em toda a estrutura.De acordo com as condições em que as telasou redes se encontram, deve-se proceder alimpeza e o reparo por meio da retirada esubstituição das mesmas ou por meio demergulho, geralmente quando telas ou outrosmateriais rígidos são empregados naestrutura de retenção e quando os tanques-rede são de grande porte. Uma alternativa

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viável é a criação de um peixe limpador quese alimente dos restos de alimento, bemcomo dos organismos aderidos à rede ou àtela. A espécie pode ser inserida, comosecundária, no próprio tanque-rede.

Rotina de cultivo – Em síntese, a rotinaoperacional de cultivo de peixes em tanque-rede inclui a seguinte seqüência de tarefas:

1. Seleção do local.2. Definição do tipo de estrutura.3. Aquisição/instalação do(s) módulos(s)

de tanque-rede.4. Estocagem do(s) módulos(s) de

tanque-rede.5. Monitoramento da qualidade da água,

sobretudo no que se refere à disponibilidade

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de oxigênio dissolvido dentro do tanque-rede.

6. Realização de biometrias periódicas(peso médio), para efeito de reajuste alimen-tar e acompanhamento evolutivo docrescimento.

7. Observação constante do bem estardos peixes e, havendo mortalidade, estimare registrar o número de indivíduos mortos.

8. Manutenção periódica das estruturase malhas de contenção dos tanques-rede(limpeza e troca de telas).

9. Avaliação permanente dos peixesquanto aos aspectos profiláticos e/ou dedoenças.

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NutriçãoDiversos são os aspectos nutricionais

que influenciam o desempenho produtivo depeixes criados em tanques-rede. De modogeral, as proteínas (aminoácidos), os lipídios(ácidos graxos), os carboidratos, asvitaminas e os minerais são os principaiscomponentes da ração de peixes. Não é oobjetivo aqui explorar os detalhes de cadaum desses, mas sim perpassar pelos maisimportantes para a criação em tanques-rede.Assim, o mais importante, inicialmente, éconsiderar a quantidade de energia e deproteína das rações – concentração ener-gética e concentração protéica – bem comoessas quantidades interferem no crescimen-to dos peixes.

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De uma maneira geral, os peixes utilizama energia da ração para manutenção dometabolismo, locomoção, reprodução etransformação da proteína oferecida naração em carne (crescimento em tecidomuscular). Sob o enfoque da produçãoaqüícola, entretanto, a maior importância daenergia é o seu papel na regulação do con-sumo de ração pelos peixes. Salvo algumasexceções, os peixes e outros animaisdomésticos se alimentam até que suasnecessidades energéticas sejam supridas.

Então, rações apresentando muita energiaem relação à proteína podem fazer com queos peixes, ao se saciarem, não tenhamsuprido suas necessidades em proteína ououtros nutrientes e, assim, não expressem omáximo potencial de ganho em massa

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muscular, podendo, ainda, acumular gordurana carcaça. Por outro lado, quando a raçãotem pouca energia em relação à proteína, aose saciarem, muita proteína é ingerida, nãohavendo na ração energia suficiente paratransformá-la em tecido muscular. Nesseúltimo caso, parte da proteína em excessoserá utilizada como energia, aumentando oscustos da ração e fazendo com que onitrogênio da sua composição sejaexcretado, agravando a poluição do meioaquático.

Meyer et al. (2004) apresentam umamaneira simples de conferir a quantidade deenergia da ração para peixes. Já a quantidadede proteína pode ser obtida por meio de aná-lise laboratorial. Na Tabela 5 estão apresen-tadas as recomendações de concentrações

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energéticas e protéicas para algumasespécies criadas em tanques-rede.

Assim como a freqüência alimentar, aconcentração de proteína da ração de peixesmais jovens deve ser maior. Vários são osestudos que mostram isso. A concentraçãoenergética ideal também varia em função doestágio de desenvolvimento dos peixes.Como os fabricantes de ração não informamessa concentração, o produtor pode, paracompensá-lo, conferir a quantidade delipídios ou gordura indicada como sendoextrato etéreo na embalagem. Para espéciesonívoras, de modo geral, o ideal é que essafique entre 4 % e 6 %, para evitar adeposição excessiva de gordura na carcaça.Para as carnívoras, essa concentraçãodeverá ser mais elevada.

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As concentrações de cálcio e fósforotambém são de suma importância, poisinfluenciam o metabolismo e o crescimentodos peixes (HALVER; HARDY, 2002). Cadaespécie tem a sua exigência específica poresses nutrientes; entretanto, de um modogeral, essas concentrações devem estarpróximas de 1,0 % e 1,5 % respectivamente.Quantidades muito elevadas de cálciopodem comprometer a absorção de mineraiscomo o magnésio, o zinco e o próprio fósfo-ro; e quantidades muito elevadas de fósforonão são desejáveis, pois esse mineral é umdos principais poluentes do ambiente aquá-tico. Já o oposto, tanto para o cálcio quantopara o fósforo, pode comprometer o cresci-mento e a conversão alimentar dos peixes.Desse modo, o ideal é sempre estar atento às

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indicações dessas quantidades pelos fabri-cantes, podendo-se também conferi-lasenviando a ração para análise em laboratório.Essa análise é normalmente rápida e de baixocusto.

A armazenagem do alimento é questãofundamental. Alimentos velhos ou malarmazenados, quanto à proteção da umidadee do sol, podem propiciar o desenvolvi-mento de fungos e bactérias. Estes liberamtoxinas tais como a aflatoxina (toxina dofungo Aspergillus flavus) e a fumonisina(toxina do fungo Fusarium moniliforme).Dessa maneira, as rações devem respeitar oprazo de validade e ser armazenadas sob aproteção da luz e da umidade. Para isso,recomendam-se galpões fechados e estradosde madeira, respectivamente. Sempre que

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houver mortalidade com razão desconhecidana criação em tanques-rede, sugere-se cessara alimentação e investigar a qualidade doalimento. Maneiras simples para isso éconversar com vizinhos que compraramração em conjunto ou do mesmo fornecedore sentir a temperatura da ração dentro dosaco. Rações quentes são indicadoras deque está ocorrendo um processo dedegradação microbiológica.

Por fim, o mais importante é oferecerrações com as quantidades de proteína eenergia adequadas à espécie, fabricadas comingredientes de boa qualidade, bem comocom as quantidades de cálcio e fósforoindicadas. Recomenda-se que especialis-tas em alimentação e nutrição de peixessejam consultados para as questões mais

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específicas, especialmente para as espéciescarnívoras.

SanidadeEmbora os peixes constituam o maior

grupo dos vertebrados com aproxi-madamente 25 mil espécies encontradasem todo o mundo, e cada espécie apre-sente suas peculiaridades metabólicas,bioquímicas e fisiológicas, pode-se con-siderar para os fins de sanidade que elesapresentam semelhanças com os mamíferos.Ou seja, os peixes são susceptíveis a tiposse-melhantes de agentes infecciosos(bactérias, fungos, vírus, parasitas e agentesfísicos e químicos) que acometem oshomeotérmicos (animais que mantêmconstante a temperatura do corpo), embora

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os peixes sejam pecilotérmicos (a suatemperatura corporal varia de acordo como ambiente).

Apesar da semelhança, uma peculia-ridade afeta diretamente a saúde dos peixes,o estresse. O estresse é causado nos peixespor agressões ao seu modo de vida:manipulação e transporte dos animais,superpopulação, espécies competidorascriadas no mesmo ambiente, mudanças nosparâmetros da qualidade de água, aumentoou diminuição da temperatura, barulho, etc.Por isso, a primeira medida que se deveconsiderar no assunto sanidade de peixes éo seu manejo adequado, que é a medidapreventiva mais eficaz para a manutençãodo estado sanitário apropriado na criaçãode peixes. O ditado popular “é melhor

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prevenir do que remediar” é bastanteoportuno à criação de peixes, pois ostratamentos de doenças em ambientesaquáticos são difíceis. No caso de peixesdoentes dentro de um tanque-rede dentrode um rio, o criador teria que conseguir umoutro ambiente para o tratamento pordissolução de medicamentos na água, já quemuitos são tóxicos para o homem.

Dica: mesmo sendo uma criação emtanques-rede, é recomendável possuir doistanques com água corrente em abundância;um para o tratamento de animais doentes, eoutro para manter os animais separados de5 a 30 dias para observação e comprovaçãode que estão livres de doença, antes decolocá-los nos tanques-rede.

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Geralmente os problemas de manejoestão ligados à qualidade da água e aambientação dos animais. Em relação àsanidade, a qualidade da água é avaliada deacordo com todos os fatores químicos,físicos e biológicos que podem influenciara piscicultura alterando a sobrevivência, ocrescimento e a reprodução dos animais.Quanto maior a abundância de água, menorserá a incidência de problemas com a criaçãointensiva de peixes, pela maior diluição dosprodutos indesejáveis (patógenos, sedi-mentos, plantas tóxicas, etc.).

Dica: ao instalar os tanques-rede, é bomdispor a fileira de tanques de um modo quea água circulante de um tanque circule omenos possível por outro.

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A aclimatação dos peixes ao ambiente decriação é outro importante aspecto. Cadaespécie de peixe é adaptada a umadeterminada qualidade de água queapresenta um determinado pH. Em umaespécie de peixe adaptada ao pH 7,3, casoo pH da água altere-se de 7,3 para 5,8,paulatinamente, ao longo de vários meses,os peixes sobreviverão e se adaptarão aonovo ambiente; caso a mesma diferença depH ocorra de um dia para o outro, prova-velmente a maioria dos peixes morrerá. Umaalteração do pH, além de influir diretamenteno metabolismo dos peixes, comprometerátodos os outros parâmetros da água, comoa quantidade de plânctons, oxigêniodissolvido na água, gás carbônico, amônia,nitrito, etc. Isso acarretará estresse nos

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peixes que poderão apresentar problemascom o seu crescimento, desenvolvimento,infecções oportunistas (infecções queocorrem quando o sistema imunológico dospeixes está deprimido). Dentre as infecçõesoportunistas de maior incidência, podem-secitar a Aeromonas hydrophila (tambémpatogênica para o homem), a flexibacter,parasitas do gênero Trichodina, fungosaquáticos e protozoários de pele.

Dica: caso seja possível, solicite a umcentro especializado uma análise dosparâmetros básicos da água, dureza, pH,nitrito, nitrato, amônia, temperatura média,oxigênio e gás carbônico dissolvidos, etc.Se não, há kits em lojas de animais e deaquários que já medem alguns parâmetrosem valores aproximados e possibilitam uma

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análise do tipo de água que será utilizada nasua criação. A partir desses dados, pode-seescolher uma espécie que esteja de acordocom a água de sua região, pois é fácil obterinformações dos parâmetros adequados acada espécie no seu meio ambiente natural.

O diagnóstico de uma doença não é fácile geralmente deve-se contar com o apoiode técnicos especializados, como veteri-nários e técnicos de centros laboratoriaisaqüícolas. Muitos institutos de pesquisa euniversidades já realizam esses exames noBrasil. Para se ter a idéia da complexidadedo diagnóstico de uma doença, alguns sinaisclínicos são comuns a diversos tipos deagentes. Por exemplo, hemorragias emórgãos externos como olho, tronco,nadadeira e abdômen podem ser causadas

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por agentes bacterianos, virais, nutricionaisou tóxicos; o abdômen inchado ou com-primido pode ser causado por agentesbacterianos, virais, parasitários ou nutri-cionais; nadadeiras desfiadas ou necrosadaspodem ser causadas por agentes bacterianos,fúngicos ou nutricionais.

Apesar da diversidade de doenças e daeqüidade de sinais clínicos para diferentespatologias, algumas doenças são maiscomuns. Abaixo são descritos alguns agentesetiológicos causadores de doenças ealgumas das doenças mais comuns.

Doenças bacterianasAeromonas hydrophila – Também

patogênica ao homem, encontrada emdiversos ambientes, como intestino de

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animais, solo e água. Pode acometer peixesmal nutridos e com lesões decorrentes demanipulação. Tem como fatores predis-ponentes à doença a alta carga de matériaorgânica na água. Os sinais clínicos maiscomuns são a perda de apetite, a nataçãovagarosa, erosão nas nadadeiras, úlceraspelo corpo, hemorragia na base dasnadadeiras, olhos saltados e opacos,abdômen distendido, exsudato (líquidoextracelular contendo células inflamatórias)na cavidade abdominal e intestino,hemorragia no fígado, hiperplasia (aumentodo tamanho) de órgãos como o fígado, baçoe rins e pontos hemorrágicos na paredeinterna da cavidade abdominal.

Flexibacter columnaris – Causa adoença denominada Columnariose, doença-

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da-boca-de-algodão ou doença-da-cauda-comida. A bactéria, geralmente presente nosambientes aquáticos, não causa doença nospeixes bem manejados. No entanto,manifesta-se a partir de lesões causadas poratrito mecânico ou parasitas ou emdecorrência de uma baixa na imunidade dosanimais por causa do estresse. Os animaisapresentam uma grossa camada de pequenosfilamentos ou tufos em forma de algodãoao redor da boca.

Streptococcus spp. – Outro gênero debactérias oportunistas que acometem animaissubmetidos ao estresse e más condições demanejo. Geralmente são causadoras desepticemia, infecção generalizada no sangue,com um quadro hemorrágico na base dasnadadeiras e ao redor dos olhos dos animais.

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Os movimentos ficam letárgicos e geralmentenadam em espiral. As nadadeiras aparecemroídas e desbotadas e os olhos saltados.

Edwardsiella spp. – É encontrada compredominância em bagres, mas podeacometer várias espécies de peixes. Suasduas principais espécies são a Edwardsiellatarda que pode ocasionar necrose emórgãos internos, e a Edwardsiella ictalurique pode causar uma septicemia seguida dehemorragia nas nadadeiras. Os peixes podemapresentar opacidade de córnea, dificuldaderespiratória, nado desordenado, nódulos nasbrânquias e lesões hemorrágicas na pele enadadeiras e lesões hemorrágicas enecróticas em órgãos internos.

Yersinia ruckeri – Ocasiona a chamadadoença-da-boca-vermelha. Os sinais clínicos

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incluem letargia, falta de apetite, pigmentaçãoescura da pele e hemorragia ao redor daboca, olhos e nadadeiras.

Dica: o tratamento preferencial parabactérias são os antibióticos, que devem serespecíficos para cada tipo de agenteinfeccioso. Todavia, antibióticos são caros,podem ocasionar efeitos colaterais nosconsumidores da carne e devem serprescritos por veterinários. Portanto, aoperceber uma doença dessas, procure ummédico veterinário especializado emorganismos aquáticos. Um tratamentoalternativo que pode resultar em cura é darbanhos de sal grosso e melhorar as práticasde manejo. Os banhos podem ser de40 minutos a 60 minutos na concentraçãode 5 g/L a 10 g/L de sal. As bactérias

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oportunistas não aparecem em animais bemmanejados.

Doenças fúngicas

Saprolegnia parasitica – Além da S.parasitica, outras espécies de Saprolegniae outros gêneros também acometem ospeixes, como a Achyla, a Leptolegnia e oPythiopsis. Os fungos apresentam umcrescimento em forma de micelas em virtudeda elongação das hifas (unidade morfo-fisiológica dos fungos) formando umaspecto de tufos de algodão de cores quevariam do branco ao cinza claro. É comumo aparecimento de fungos em animais maltratados, depois de situação de estresse,como transporte, lesão física, diminuição detemperatura da água, etc.

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Branchiomyces sanguinis e B.demigrans – Apresentam-se em forma deregiões brancas nas brânquias e ocasionamnecrose e mortalidade em curto período detempo.

Exophiala salmonis e E. pisciphila –Os peixes apresentam natação confusa,exoftalmia (projeção do globo ocular parafora), formações ulcerosas na cabeça ecomprometimento de órgãos internos comoo rim, o fígado, o baço e o coração.

Dica: caso os animais criados sejamornamentais, ou seja, não irão ser consu-midos, pode-se optar pelo verde malaquita.Existem algumas preparações comerciais queinclusive indicam a dosagem e a forma detratamento. No entanto, o verde malaquita écancerígeno e não deve ser utilizado em

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criações que objetivam o consumo da carne.A droga menos agressiva que pode serutilizada é o azul de metileno na concen-tração de 5 g/m3 em tanques separados, coma reposição diária da dose.

Doenças parasitárias

ProtozoáriosIchthyophthirius mutifilis – É um

ectoparasita ciliado que acomete pele ebrânquias. Ocorre principalmente onde háoscilações bruscas de temperatura oucondições inadequadas de qualidade deágua. A doença conhecida como doença-dos-pontos-brancos ou ictio é caracterizadapela presença de pontos brancos visíveis aolho nu, espalhados pelo corpo, princi-palmente sobre as nadadeiras. A irritação

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causada pelo protozoário faz com que opeixe aumente sua produção de muco e seraspe em plantas e outros objetos presentesnos tanques. Seu ciclo de vida é mais rápidoconforme as condições de temperatura daágua: entre 20 °C e 23 °C é de 4 dias, e a27 °C é de 2 dias.

Trichodina spp. – São parasitas ciliadostendo a forma de sino achatado. Fixam-sena pele, nadadeiras e brânquias e alimentam-se filtrando o material orgânico na água. Sãomuito irritantes aos peixes por causa do tipode fixação por ventosas. O sinal clínico maisevidente da doença é o aparecimento de umacamada cinza-azulada no corpo do peixe.Infestações severas são usualmenteassociadas com superpopulação e qualidadede água deficiente.

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Ichthyobodo necator – O causador dacostiose é um flagelado de 10 µm a 15 µmque acomete as brânquias e a superfíciecorporal. Como sinal clínico, aparece umaformação esbranquiçada na epiderme porexcesso de muco. Também pode sertransmitido por meio de água e utensílioscontaminados.

TrematóidesGyrodactylus spp. – São trematodos

monogenóides que se caracterizam porpossuírem aparelhos de fixação geralmentena parte posterior do corpo (haptores) comganchos ou ventosas para fixação nohospedeiro. O Gyrodactylus possui um parde ganchos longos rodeados por 16 menorese tem preferência pelo corpo e nadadeiras.

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O Dactiylogylus apresenta 4 manchasoculares, um par de ganchos pequenos e 14menores marginais. Tem preferência pelasbrânquias, assim como o Cleidodiscus,outro membro da família.

CrustáceosLernaea cyprinacea – Causador da

doença denominada lerneose, o parasitamede cerca de 1 cm, possui ganchos espe-ciais com formato de âncora localizados nacabeça que penetram na musculatura dospeixes, deixando a região caudal para foracom o formato de um verme. Por contadesses ganchos, pode atacar regiõescerebrais e órgãos internos. Ocasiona anemiae pode levar a morte. A região onde ocorrea penetração do gancho apresenta aspecto

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vermelho enegrecido e infecções secun-dárias. A doença é bastante contagiosa epode ser transmitida por redes, puçás,tanques de transporte, etc., contaminadoscom os parasitas. Portanto, devem-seexaminar os animais adquiridos, realizar, sepossível, o período de quarentena e desin-fetar, com água fervente, equipamentos eutensílios utilizados em animais suspeitos.

Argulus spp. – Parasitas de corpoachatado e oval, conhecidos como piolhode peixe, são visíveis a olho nu. Sãoencontrados em todas as regiões do mundoe fixam-se na pele e nadadeiras por meio deventosas, alimentando-se dos fluidos dospeixes. Comprometem a saúde dos peixesem razão dos danos diretos causados nos

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tecidos e também por infecções secundárias(doenças virais e bacterianas).

Vermes – Geralmente nos peixes sãoencontrados os cestóides (corpo em formade fita), nematóides (corpo arredondado),os Acantocephala (corpo com ganchos ouespinhos) e os Hirundinea (sanguessugas).Cada qual possui seu ciclo de vidaespecífico e podem infectar os peixes comohospedeiros intermediários e/ou definitivos.Lotes de peixes acometidos por essesparasitas devem ser separados e isolados,pois a transmissão ocorre, em geral, por meioda água, e o tratamento é difícil. Muitasespécies de peixes abrigam esses parasitase sobrevivem durante muitos anos; noentanto, o crescimento e o metabolismo dospeixes ficam comprometidos.

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Dica: o tratamento para parasitas deve serespecífico para cada tipo. Tratamentos comsulfato de cobre e verde malaquita devemser evitados, pois esses compostos sãoextremamente tóxicos para o homem, sendoo último, inclusive, cancerígeno. O perman-ganato de potássio pode ser utilizado parao tratamento de alguns parasitas externoscom banhos diários de 30 minutos nadosagem de 10 g/m3.

Doenças viraisNecrose pancreática infecciosa (IPN) –

Doença associada aos salmonídeos, maspode acometer outras espécies, como carpase tilápias. Existem muitos carreadoresassintomáticos. No entanto, entre os sinaisclínicos destacam-se o escurecimento dorsal,fezes brancas e de formato irregular,

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exoftalmia, hemorragia ventral e palidez dapele (embaixo das escamas). Ocorremtambém sinais de acometimento nervoso,como natação irregular.

Necrose hematopoiética infecciosa(IHN) – É um rabdovírus (transmissor daraiva), que acomete principalmentesalmonídeos, mas já foi identificado emoutras espécies de peixes e é endêmico noPacífico e na América do Norte. Seusprincipais sinais clínicos são distensão eescurecimento do abdômen, hemorragia nabase das nadadeiras e anemia. Os órgãosinternos, como o mesentério, a bexiganatatória, o pericárdio apresentam petéquiashemorrágicas. Acomete peixes jovens, emque as taxas de mortalidade podem chegara 100 %.

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Septicemia hemorrágica viral (VHS) –Considerada como doença típica de trutas,já foi encontrada também em outrasespécies. A doença apresenta uma faseaguda na qual os sinais clínicos queaparecem são peixes letárgicos e escurecidosque se agrupam nas saídas de água, comregiões avermelhadas nas nadadeiras eescamas por conta de pontos hemorrágicos.Ocorre também hemorragia abdominal eleucopenia (diminuição do número deleucócitos, células de defesa do sangue). Nafase crônica, os peixes ficam escuros,anêmicos, exoftálmicos e com abdômendistendido, podendo chegar à fase nervosaem que os peixes nadam em forma irregular,em espiral na superfície da água.

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Doença linfocitária viral (LDV) – Ossinais clínicos mais evidentes são a formaçãode múltiplos nódulos de pele e lesões denadadeiras. Acomete várias espécies depeixes marinhos e de água doce. Geralmente,não causa mortalidade direta, mas osanimais ficam susceptíveis a infecçõessecundárias e têm seu desempenhodiminuído.

Vírus-da-mancha-branca (WSSV) – Ovírus-da-mancha-branca foi identificado em1992 e, atualmente, apresenta umaabrangência mundial. O vírus acometecamarões (Litopenaeus vanamei, Penaeusmonodon, etc.), mas já foi encontrado emtainhas. As manchas podem ser facilmenteobservadas a olho nu e são depósitosexcessivos de sais de cálcio na epiderme.

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Alguns sinais clínicos são letargia dosanimais, o baixo consumo alimentar e a altaporcentagem da mortalidade, que podechegar a 100 %.

Dica: não existem medicamentos para otratamento de doenças virais em peixes; porisso, o modo mais adequado de combateao vírus é adquirir animais saudáveis semos sinais clínicos mencionados acima. Emcaso de lotes comprometidos, recomenda-se o abate de todo o lote, precedido de umadesinfecção de todos os utensílios e tanques.Algumas doenças virais de peixes da Europae Estados Unidos são bastante conhecidase existem, inclusive, pesquisas para odesenvolvimento de vacinas. No entanto, aepidemiologia, estudo da doença em relaçãoa sua ocorrência em tempo determinado, de

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muitas doenças de peixes ainda é des-conhecida, pelo simples fato de não haveremsido diagnosticadas.

DespescaA despesca consiste na retirada dos

peixes dos tanques de cultivo e deve serplanejada em função da comercialização,podendo ser parcial ou total. Na parcial, ospeixes são despescados e comercializadosem lotes, enquanto na total todos os peixesdo tanque são retirados para a comerciali-zação.

Aspectos da ComercializaçãoExistem várias formas de comer-

cialização dos peixes cultivados. A forte

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influência da cultura local ou regional refletenas preferências do mercado consumidor,que devem ser consideradas no momentode planejar a melhor estratégia de comer-cialização.

Uma estratégia muito apreciada é a vendado peixe vivo em feiras, mercados ou redesde supermercado. A estrutura mínima paraa comercialização do peixe vivo é a presençade caixas d’água de 500 L a 1.000 L comrenovação de água e possibilidade deaeração para manutenção dos peixes. Balcãode fácil higienização, balança e sacolasplásticas. A principal vantagem é a venda deum produto de melhor qualidade à vista doconsumidor. No entanto, para esse tipo decomercialização é importante considerar os

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custos com o transporte dos peixes, alugueldo ponto, pessoal de apoio, entre outros,na hora de avaliar o produto.

O produtor também pode comercializaro peixe no seu próprio estabelecimento, paravizinhos, amigos e comerciantes locais.Assim, é possível vender toda a suaprodução, de forma parcelada, sem grandesdespesas com transporte, pessoal de apoio,aluguel de ponto, entre outros.

A venda para intermediários quenegociam o lote produzido com empresasde beneficiamento e a venda para trans-portadoras que compram a produção evendem em outros mercados também sãoalternativas, porém a margem de lucro doprodutor é inferior (Fig. 4).

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Custos de ProduçãoA produção de peixes em tanques-rede

tem um custo de implantação mais baixo queo de outros sistemas de cultivo; no entanto,o custo de manutenção é mais elevado,considerando a intensificação e o grau detecnificação exigido (Tabela 6).

Fig. 4. Desenho esquemático que ilustra algumas estratégiasde comercialização do pescado cultivado. (A) Venda porintermediários que funcionam como canais para empresas debeneficiamento; (B) Venda direta para o consumidor,normalmente feita no próprio estabelecimento; (C) Venda emmercados e feiras locais; (D) Venda para transportadoras quelevam o peixe para mercados de outras localidades.

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0,00

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360,

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Estimativas de produção podem serinfluenciadas por vários fatores, tais comotempo de cultivo, densidade de esto-cagem, taxa de alimentação, entre outros.Na Tabela 7, é possível observar algunsindicadores do cultivo de tambaqui emtanques-rede que podem servir de base parao planejamento da criação.

Tabela 7. Estimativas do desempenho em peso de tambaquiscultivados em tanques-rede sob diferentes densidades.

Tempode

cultivo(dias)240

150

90

60

Taxa dealimentação

(% dabiomassa)

Alimentaçãoà vontade

1

5

Alimentaçãoà vontade

Fonte

Gomes et al. (2006)

Chagas et al. (2007)

Chagas et al. (2005)

Brandão et al. (2004)

Pesoin ic ia l

(g)

55

197

55

0,24

Pesofinal

(g)

945,3

700

205

10,49

N°de

peixes/m3

50

15

15

400

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Impacto AmbientalProblemas de ordem ambiental estão

relacionados à má qualidade da água,ocasionada pela ação de poluentes diversos,inclusive a própria ração. A princípio, taisproblemas podem ser evitados, tomando-se um rigoroso cuidado quando da seleçãoda área para colocação dos tanques-rede,do monitoramento da qualidade da água edo adequado arraçoamento dos peixes. Éimportante estar atento aos fatores de ordemfísica da qualidade da água, tais comotemperatura fora dos limites de tolerância,exposição excessiva à luz e, principalmentea síndrome do baixo oxigênio dissolvido(SBOD), fator ambiental estressante maiscomum e que desencadeia direta eindiretamente sérios transtornos aos peixes.

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De um modo mais prático e imediato,como medida preventiva e de acordo com alegislação vigente, recomenda-se que, naimplantação desses projetos, se observe deantemão:

• A compatibilidade da aqüicultura comoutros usos da água e/ou com o espaçoexistente ou potencial.

• A limitação do espelho de água cobertopelos tanques-rede, quando em reservatório,que deve ocupar, no máximo, 1 % da áreasuperficial deste.

• O monitoramento constante dasprincipais variáveis físicas, químicas ebiológicas do local onde os tanques estãoinstalados, de modo a prevenir e/ou garantirparâmetros ambientais adequados.

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LegislaçãoA exemplo de outras atividades do setor

primário, tais como agricultura, pecuáriaalém da própria aqüicultura tradicional, osistema de cultivo em tanque-rede podeprovocar impactos negativos em relação aomeio ambiente. No Brasil, os primeirospassos para sua normatização ocorreram apartir do Decreto Lei nº 1.965/95 que tratada utilização de águas públicas na aqüicul-tura. Nele, são estabelecidas as exigênciase/ou regras gerais ao estabelecimento decriação de organismos aquáticos, em termosde:

• Autorização prévia.• Estudos de impacto ambiental.• Modalidade de licenciamento.

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• Fiscalização.

• Monitoramento.

O referido Decreto prevê, ainda, que deacordo com padrões técnicos a seremregulamentados, a implantação de fazendasaquáticas, tanto em ambientes marinhoscomo continentais, seja precedida demacrozoneamento, no qual a delimitação delocais inclua características, como profun-didade, ventos, compatibilidade com outrosusos da área/água (navegação, lazer, pesca,abastecimento, irrigação, etc.), disponibili-dade sob o aspecto ambiental, ou seja, olocal não pertencer à área de preservaçãopermanente ou reserva biológica, distânciamínima da praia e da orla.

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A despeito das exigências legais advindasda implementação do Decreto Lei 1.965/95e dos reais benefícios socioeconômicos quea atividade trará principalmente às popu-lações que vivem ou utilizam reservatórios,ainda existem pesquisadores ou, maisespecificamente, grupos ambientalistastemerosos acerca da disseminação de siste-mas de cultivo em tanques-rede, em virtudedos supostos riscos e prejuízos que o mesmopoderá causar aos ecossistemas aquáticos.Nesse contexto, argumentam que essamodalidade de cultivo pode proporcionar:

• Estocagens superiores à capacidade desuporte do ambiente.

• Introdução de espécies não autorizadas.• Introdução e/ou disseminação de doenças.

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• Conflitos de ocupação em razão dosusos múltiplos da água.

• Poluição de natureza orgânica e/ouinorgânica.

• Agressão aos valores cênicos doambiente natural.

Os técnicos que trabalham na difusãodessa tecnologia de cultivo discordam detais argumentos, acirrando a discussão, aomesmo tempo em que essa atividade seexpande no território nacional. As opera-doras dos maiores reservatórios de águascontinentais no Brasil, as empresas con-cessionárias de energia elétrica, segundo seufórum de decisões sobre políticasambientais, o Conselho do Meio Ambientedo Setor Elétrico (Comase), definiram que

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cada empresa é responsável diretamente pelapermissão ou não da atividade deimplantação de fazendas aquáticas emsistema de tanques-rede no âmbito de seusreservatórios. Mais recentemente, consi-derando o disposto no art. 5º do Decretonº 1.695 e a conveniência de conjugar asações governamentais no sentido de estabe-lecer normas para a ocupação de áreasadequadas à exploração da aqüicultura emáguas públicas, o Gabinete Civil da Presi-dência da República ultima os preparativospara a edição de uma Portaria Interministerial(Ministérios da Marinha, Fazenda, Minas eEnergia e do Meio Ambiente, RecursosHídricos e da Amazônia Legal) em que oassunto é regulamentado.

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Condição de ordem legal paraimplantação de piscicultura emtanques-rede

Normas a partir do Decreto Lei nº 1.965/95, Instrução Normativa nº 5, de 18 dejaneiro de 2001:

• Obtenção do Registro de Aqüicultor noMinistério de Agricultura.

• Licenciamento na Secretaria Estadual deMeio Ambiente (Sema).

• Autorização de uso da água pelaGerência Regional de Patrimônio da União(GRPU).

• Balizar as gaiolas e informar a Capitaniados Portos, se o local for navegável.

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Referências

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