Piso e Pavimento Permeável

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4 1 – INTRODUÇÃO Verifica-se atualmente uma crescente impermeabilização das superfícies, consequência da urbanização das cidades. Nas áreas que possuem cobertura vegetal, cerca de 95% da água da chuva se infiltra no solo, em contrapartida, nas áreas urbanas essa porcentagem cai para apenas 5%. A drenagem da água através do solo fica bastante prejudicada, devido ao grande número de construções e vias pavimentadas, provocando constantes enchentes e enxurradas. O acúmulo de diversos detritos nas calçadas, ruas, estacionamentos e garagens infelizmente acabam nos canais e rios levados pela enxurrada. Uma das alternativas encontradas para minimizar estes impactos é a utilização de pisos ou pavimentos permeáveis, que ao mesmo tempo em que permite a infiltração da água também podem ser utilizados como estacionamentos, via de pedestres, tráfego de veículos, ciclovias, contribuindo com a diminuição das superfícies impermeabilizadas. Dependendo da intensidade da chuva, o piso ou pavimento permeável reduz em até 100% o escoamento superficial, auxilia a retardar a chegada da água ao subleito contribuindo com a redução da erosão, além de funcionar como um filtro, por causa da camada de base granular do pavimento. É comum às prefeituras exigirem uma taxa de permeabilidade de 15% a 30% do terreno, esta área deve ser seja revestida com cobertura vegetal. Nem sempre é possível atender este requisito. Desta forma utiliza-se o pavimento permeável para conseguir atender a legislação da cidade e ao mesmo tempo manter a área útil do terreno. Mas é importante salientar que nem todas as prefeituras permitem o uso dos pavimentos permeáveis no lugar da cobertura vegetal como é caso da prefeitura de Belo Horizonte. Segundo a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte no Art. 50 com redação dada pela Lei nº 9.959, de 20/07/2010 (Art. 53) “considera-se Taxa de Permeabilidade a área descoberta e permeável do terreno em relação à sua área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie alívio para o sistema público de drenagem urbana”. Essa taxa varia de acordo com a localização do terreno. Os terrenos situados nas bacias hidrográficas da Pampulha e Arrudas, onde a área permeável exigida é de 20%, poderá ser 10% em forma de

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1 – INTRODUÇÃO

Verifica-se atualmente uma crescente impermeabilização das superfícies,

consequência da urbanização das cidades. Nas áreas que possuem cobertura

vegetal, cerca de 95% da água da chuva se infiltra no solo, em contrapartida, nas

áreas urbanas essa porcentagem cai para apenas 5%. A drenagem da água através

do solo fica bastante prejudicada, devido ao grande número de construções e vias

pavimentadas, provocando constantes enchentes e enxurradas.

O acúmulo de diversos detritos nas calçadas, ruas, estacionamentos e

garagens infelizmente acabam nos canais e rios levados pela enxurrada.

Uma das alternativas encontradas para minimizar estes impactos é a

utilização de pisos ou pavimentos permeáveis, que ao mesmo tempo em que

permite a infiltração da água também podem ser utilizados como estacionamentos,

via de pedestres, tráfego de veículos, ciclovias, contribuindo com a diminuição das

superfícies impermeabilizadas.

Dependendo da intensidade da chuva, o piso ou pavimento permeável reduz

em até 100% o escoamento superficial, auxilia a retardar a chegada da água ao

subleito contribuindo com a redução da erosão, além de funcionar como um filtro,

por causa da camada de base granular do pavimento.

É comum às prefeituras exigirem uma taxa de permeabilidade de 15% a 30%

do terreno, esta área deve ser seja revestida com cobertura vegetal. Nem sempre é

possível atender este requisito. Desta forma utiliza-se o pavimento permeável para

conseguir atender a legislação da cidade e ao mesmo tempo manter a área útil do

terreno. Mas é importante salientar que nem todas as prefeituras permitem o uso

dos pavimentos permeáveis no lugar da cobertura vegetal como é caso da prefeitura

de Belo Horizonte.

Segundo a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de Belo Horizonte

no Art. 50 com redação dada pela Lei nº 9.959, de 20/07/2010 (Art. 53) “considera-se

Taxa de Permeabilidade a área descoberta e permeável do terreno em relação à sua

área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie

alívio para o sistema público de drenagem urbana”. Essa taxa varia de acordo com a

localização do terreno. Os terrenos situados nas bacias hidrográficas da Pampulha e

Arrudas, onde a área permeável exigida é de 20%, poderá ser 10% em forma de

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jardins ou áreas com piso intertravado vazado com grama e os outros 10% para

Caixa de Captação.

Existe um Projeto de Lei 184/2013, no qual dispõe sobre a implantação de

piso ou pavimento permeável nos passeios públicos, praças e jardins nas áreas

públicas do município de Belo Horizonte.

Vale ressaltar que os pisos ou pavimentos permeáveis podem contribuir muito

mais que áreas urbanas livres de pavimentação, em relação à crescente

impermeabilização das cidades. Na maior parte dessas áreas livres de

pavimentação o solo encontra-se compactado, mesmo quando possuem cobertura

vegetal, pois apresentam camadas inferiores com alto grau de compactação,

resultando em baixo coeficiente de percolação de água.

Outra vantagem dos pavimentos permeáveis é que eles causam um retardo

da chegada da água do terreno ao sistema de drenagem da cidade, fator importante

e que já é levado em conta em projetos de grande porte, como shopping centers e

supermercados.

2 - PISOS E PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

Os pisos permeáveis ou pavimentos são aqueles que possuem espaços livres

na sua estrutura permitindo a infiltração da água ao mesmo tempo em que cumpre

sua função de pavimento. São ecologicamente corretos, pois garantem as questões

sustentáveis nos projetos, sendo que, alguns ainda possibilitam o uso de materiais

reciclados e reutilizáveis como o aproveitamento de restos de porcelana, concreto,

pneus, fibras de coco trituradas entre outros, para a sua fabricação.

Podem ser utilizados em pátios residenciais, comerciais e industriais,

estacionamentos, calçadas e vias de tráfego leve, ciclovias entre outros.

Para pavimentos permeáveis com camada de revestimento com sistemas à

base de cimento, pode ser utilizado o concreto poroso moldado in loco ou peças pré-

moldadas de concreto.

O concreto poroso moldado in loco possui poros que permitem a infiltração de

água. São utilizados materiais granulares com ou sem grãos finos para gerar os

vazios por onde a água irá passar.

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Também podem ser utilizadas peças pré-moldadas de concreto, que de

acordo com a sua dimensão pode ser classificada como peças de concreto para

pavimentação intertravada, ou como placas de concreto.

Peças pré-moldadas de concreto que possuem relação comprimento por

espessura menor que 4 são apropriadas para tráfego de veículos e são utilizadas no

pavimento intertravado permeável. Para este sistema de revestimento a infiltração

ocorre por aberturas específicas, ou seja, pelas juntas de assentamento ou através

das próprias peças, quando confeccionadas com concreto poro. Devem-se atender

os requisitos da NBR 9781 – peças de concreto para pavimentação – especificação,

sendo de concreto convencional ou de concreto poroso. Para peças porosas, é

necessário atender tanto a resistência a compressão, como também verificar o

coeficiente de permeabilidade do concreto.

É importante que o revestimento permita uma passagem rápida da água, a

mesma, fica armazenada durante um período nas camadas de base e sub-base,

funcionando assim como reservatório e filtro.

Tanto um pavimento permeável quanto um impermeável, precisa suportar as

cargas as quais são solicitadas, transmitindo ao solo uma intensidade que ele

suporte. Para os pavimentos permeáveis, a estrutura do piso precisa ser feita de

maneira que a água infiltrada escoe para o solo ou para um sistema de drenagem.

O sistema de pavimentação permeável pode durar até dez anos com a parte

estrutural íntegra, mas é preciso tomar cuidado com a colmatação, ou seja, com o

entupimento das camadas superiores por sujeira.

No caso de concreto permeável moldado in loco, a manutenção é feita com a

retirada de 3 cm ou 4 cm da camada mais externa, que é substituída por uma nova.

Para o sistema de blocos, as opções são trocar os blocos por novos ou arrancá-los

cuidadosamente e trocá-los de lado. A face externa fica virada para a estrutura

interna e é como se fosse criada uma retrolavagem.

Por causa da granulometria, as peças de concreto permeável, são mais caras

do que as convencionais. O sistema inteiro de pavimentação chega a custar 35% a

mais. Porém, o custo de cada projeto deve ser pensado levando-se em conta que o

concreto permeável tem a função de pavimento, drenagem e na maioria das vezes

ele é utilizado para adequar o projeto à legislação, respeitando a permeabilização

exigida pelos órgãos públicos.

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3 – TIPOS DE PISOS OU PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

3.1 - Piso intertravado permeável com juntas alarga das

O piso intertravado permeável com juntas alargadas é um pré-moldado de

concreto diferente dos bloquetes impermeáveis conhecidos pela ABNT, que devem

ser sem juntas alargadas. A base e a sub-base do piso intertravado permeável é

composta por materiais granulares criando vazios com aproximadamente 30% de

aberturas para a passagem de água. São rejuntados com uma areia bem grossa

sem material fino, ou com pedriscos finos e limpos.

Figura 1 – Esquema do piso intertravado

Fonte: www.casafozdesign.com.br/noticias/page/2/

Figura 2 – Piso intertravado com juntas alargadas

Fonte: http://www.rhinopisos.com.br/site/produtos/29/

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Figura 3 – Piso intertravado com juntas alargadas

Fonte: http://naguabranca.blogspot.com.br/

3.2 - Pisograma ou concregrama

O pisograma ou concregrama é um pré-moldado vazado de concreto,

permitindo assim, o cultivo de grama. Devido a sua estrutura, a grama fica protegida

contra o esmagamento em locais de passagem ou estacionamento de veículos. O

assentamento das peças deve ser feito sobre uma camada de areia grossa, sem a

utilização de argamassa.

Figura 4 – Esquema de piso intertravado pisograma ou concregrama

Fonte: http://www.fkct.com.br/dicas_de_pisos_de_concreto_intertravados.html

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Figura 5 – Piso intertravado pisograma ou concregrama

Fonte: http://www.oterprem.com.br/site/index.php?pg=obras_drenantes

Figura 6 – Piso intertravado pisograma ou concregrama

Fonte: http://www.tecpavi.com.br/dicaspisograma.htm

3.3 - Piso permeável em concreto poroso

O que diferencia o concreto convencional do poroso é o índice de vazios

deste último. O concreto convencional é compacto e possui características que o

enrijece ao longo dos anos, já o poroso, é feito a partir de materiais granulares,

quase todos do mesmo tamanho, com a mesma granulometria, criando assim,

vazios. Também é utilizada areia grossa para aumentar esse volume de vazios.

Sobre a quantidade de cimento, água, areia e pedra, estas vão variar de

acordo com a resistência que se busca ter no concreto. Menor será a

permeabilidade quanto maior for a resistência do piso. Para atingir uma

permeabilidade maior, o volume de vazios terá que ser maior também, o piso terá

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uma resistência menor, portanto, existem limitações na aplicação do sistema de

drenagem com concreto permeável, sendo mais indicado para locais de menor

solicitação de carga, onde a resistência é menos exigida, como ciclovias, quadras

poliesportivas e estacionamentos - a restrição de carga é para tráfego leve. Essa

tecnologia ainda é principiante no Brasil.

As peças pré-moldadas são aplicadas sobre base e sub-base com pedras de

no máximo 3/8 de diâmetro e uma camada de 10 cm a 15 cm de britas.

É necessário verificar o local onde o projeto será instalado, pois o mesmo não

deve ser utilizado em áreas de risco de contaminação, já que a água infiltra para o

solo, também se devem evitar regiões onde costumam ocorrer enchentes.

Figura 7 – Esquema do piso de concreto poroso

Fonte: www.casafozdesign.com.br/noticias/page/2/

Figura 8 – Piso de concreto poroso

Fonte: http://comunidade.maiscomunidade.com/conteudo/2011-01-

29/imoveis/3135/SOLUCOES-PARA-EVITAR-MORTES.pnhtml

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Figura 9 – Piso de concreto poroso

Fonte: http://www.rhinopisos.com.br/site/

3.4 - Piso a base de borracha de pneu

Desenvolvido através de borrachas reclicadas de pneu, este tipo de piso pode

ser com ou sem emendas (monolítico ou em formato de lajotas), além de ser um

piso permeável, pois os grãos de borracha são afastados uns dos outros, formando

assim uma camada drenante, é flexível e antiderrapante.

Figura 10 – Piso a base de borracha de pneu

Fonte: http://www.verdeal.com.br/OBJ/prodView.asp?idproduct=10

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Figura 11 – Piso a base de borracha de pneu

Fonte: http://casa.abril.com.br/materia/cad-2008-vem-recheado-de-ideias-

sustentaveis#25

3.5 – Piso a base resina e granilha

Produzido a partir de resina misturada com restos de materiais selecionados

como entulho de construção, sobra de pedras naturais, vidros, pneus velhos, fibras

vegetais, entre outros, o piso drenante de granilha possui uma superfície compacta e

porosa. Também é um piso antiderrapante.

Figura 12 – Piso a base de resina e granilha

Fonte: http://www.flickr.com/photos/pitangacomunicacao/6288854403/lightbox/

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Figura 13 – Piso a base de resina e granilha

Fonte: http://www.encontrasp.com.br/campinas-nova-campinas/casa-e-

decoracao/construcao-e-consultoria/rhino-pisos.html

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4- Conclusão

Com o aumento da conscientização ecológica e das exigências das

legislações municipais em relação às áreas permeáveis nas construções, o uso dos

pavimentos permeáveis cada vez mais cresce no Brasil.

O sistema de pavimentação permeável é uma alternativa simples, viável e

acessível, sendo uma ótima opção para minimizar problemas gerados com a

impermeabilização do solo.

Sendo assim, além de proporcionar a utilização de toda a área das praças,

parques, calçadas, estacionamentos, locais de trânsito leve de veículos, o pavimento

permeável ajuda a combater problemas nas áreas urbanas como enchentes e

enxurradas e ainda retarda a chegada de água ao sistema de drenagem das

cidades.

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5 – Referência Bibliográfica

http://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=41778:p

avimento-permeavel-ajuda-na-drenagem-e-evita-alagamentos-nas-

vias&catid=267&Itemid=77 (Acesso em Novembro de 2013).

http://leonardomattos.com.br/projetos/projeto-de-lei-184-2013/ (Acesso em

Novembro de 2013).

http://www.rhinopisos.com.br/site/produtos/29/bloco_dreno_junta_piso_pavimento_in

tertravado_permeavel_juntas_alargadas (Acesso em Novembro de 2013).

http://www.artefatosdelta.com.br/pisograma-concreto.php (Acesso em Novembro de

2013).

http://www.menegotti.net/site/pdfs/ptb/midia-19.pdf (Acesso em Novembro de 2013).

http://www.fkct.com.br/dicas_de_pisos_de_concreto_intertravados.html (Acesso em

Novembro de 2013).

http://www.casafozdesign.com.br/pavimento-permeavel-nao-e-pavimento-drenante-

mas-pavimento-drenante-e-pavimento-8x-mais-permeavel/ (Acesso em Novembro

de 2013).

http://www.pisoleve.com.br/pisoleve.html(Acesso em Novembro de 2013).

http://www.solostocks.com.br/venda-produtos/outros-construcao/pisos-drenantes-

1458233 (Acesso em Novembro de 2013).

http://oazulejista.blogspot.com.br/2012/06/o-que-e-piso-

drenante.html#axzz2kUEQzRwo (Acesso em Novembro de 2013).