PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

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10 1 INTRODUÇÃO O Brasil é um país onde o espírito empreendedor é muito evidente, com um universo de 90% das empresas em atividade no país que são familiares, segundo SEBRAE/SC (2005) e reforça o peso destas empresas no produto interno bruto do país assim dispostos: 12% no agrobusiness, 34% da indústria e 54% de serviços. Apesar de números positivos grandes parte delas de 100 empresas 30% chegam à segunda geração e apenas 5% na terceira geração. Por que isso acontece? Atribui- se a estes números a sucessão e a falta de planejamento, profissionalização dos indivíduos que irão assumir o negócio da família. O tema proposto compõe o universo das empresas familiares explorando desde o ciclo de vida das empresas nascimento, maturidade, apogeu até os conflitos que segundo Davis (2003) que faz uma abordagem acerca da estrutura da empresa familiar, o qual focaliza nos principais causas de conflitos, propondo os modelos de três círculos e de desenvolvimento modelos estes que servem como parâmetro para os estudos da família, propriedade e empresa. Quanto aos pontos como sucessão, dilemas da continuidade são também geradores de conflitos assunto abordados por Ward (2003). E o planejamento financeiro também será analisado nesta pesquisa, assunto este que causa ainda aos administradores certo “temor”, mais pela falta de conhecimento do que o assunto possa parecer difícil. Dada a importância de sua utilização se faz a abordagem estabelecendo metas com resultados obtidos dos assuntos pesquisados para visualizar a estrutura financeira e os indicadores econômicos financeiros que serão abordados, tais como: cenário de planejamento, ponto de equilíbrio, fluxo de caixa, demonstrativo de resultado do exercício DRE, balanço patrimonial, índices de liquidez, endividamentos e rentabilidade. Com base nos autores estudados a pesquisa visa estabelecer de forma simples a compreensão da análise e planejamento financeiro na organização. A temática do trabalho expõe a relevância do tema empresas familiares e o planejamento financeiro, aos acadêmicos de administração e áreas afins, e por ser uma área muito ampla deve ser mais abordada no meio acadêmico, visando formar profissionais capacitados. E quantos aos seus aspectos sociais este trabalho

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TCC da minha graduação em Administração 2009

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país onde o espírito empreendedor é muito evidente, com um

universo de 90% das empresas em atividade no país que são familiares, segundo

SEBRAE/SC (2005) e reforça o peso destas empresas no produto interno bruto do

país assim dispostos: 12% no agrobusiness, 34% da indústria e 54% de serviços.

Apesar de números positivos grandes parte delas de 100 empresas 30% chegam à

segunda geração e apenas 5% na terceira geração. Por que isso acontece? Atribui-

se a estes números a sucessão e a falta de planejamento, profissionalização dos

indivíduos que irão assumir o negócio da família.

O tema proposto compõe o universo das empresas familiares explorando

desde o ciclo de vida das empresas nascimento, maturidade, apogeu até os conflitos

que segundo Davis (2003) que faz uma abordagem acerca da estrutura da empresa

familiar, o qual focaliza nos principais causas de conflitos, propondo os modelos de

três círculos e de desenvolvimento modelos estes que servem como parâmetro para

os estudos da família, propriedade e empresa. Quanto aos pontos como sucessão,

dilemas da continuidade são também geradores de conflitos assunto abordados por

Ward (2003).

E o planejamento financeiro também será analisado nesta pesquisa, assunto

este que causa ainda aos administradores certo “temor”, mais pela falta de

conhecimento do que o assunto possa parecer difícil. Dada a importância de sua

utilização se faz a abordagem estabelecendo metas com resultados obtidos dos

assuntos pesquisados para visualizar a estrutura financeira e os indicadores

econômicos financeiros que serão abordados, tais como: cenário de planejamento,

ponto de equilíbrio, fluxo de caixa, demonstrativo de resultado do exercício – DRE,

balanço patrimonial, índices de liquidez, endividamentos e rentabilidade. Com base

nos autores estudados a pesquisa visa estabelecer de forma simples a

compreensão da análise e planejamento financeiro na organização.

A temática do trabalho expõe a relevância do tema “empresas familiares e o

planejamento financeiro”, aos acadêmicos de administração e áreas afins, e por ser

uma área muito ampla deve ser mais abordada no meio acadêmico, visando formar

profissionais capacitados. E quantos aos seus aspectos sociais este trabalho

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abordará os diferentes temas acerca da empresa familiar e o seu papel fundamental

na dinâmica da economia social e até política do país

Com base na pesquisa bibliográfica o estudo mostrará a viabilidade do

negócio, pois 99% das 6 milhões das empresas no Brasil são pequenas e de médio

porte em atividade segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego em 2000. O

questionamento que se faz, e a pesquisa tentará responder com base nos autores

que abordam o tema o porquê grande número de empresa fecham as portas.

Promovendo uma discussão acerca das empresas familiares, haja vista que elas são

maioria no cenário econômico brasileiro, e por ter grande influência na dinâmica

empresarial e determinante no mercado de trabalho.

A metodologia utilizada será a pesquisa exploratória descritiva, bibliográfica

e com aplicação de questionário na empresa de prestação de serviço de ensino de

idiomas para desenvolver uma análise teórica e comparativa do assunto empresa

familiar e administração financeira, desenvolvendo o trabalho através das pesquisas

dos autores das mais diversas áreas, colocando de forma clara e objetiva os

assuntos abordados. Para uma melhor compreensão dos leitores acerca do tema

proposto e obter resultados da pesquisa exploratória a fim de conhecer na prática o

ambiente de uma empresa familiar.

O trabalho visa fazer comparativos dos autores para se chegar a uma

compressão do que é uma empresa familiar em sua totalidade, as quais estão

inseridas em um mercado dinâmico em que o tempo não para e exigindo

profissionais capacitados que possam pensar e decidir. Promovendo os gestores

desenvolver a capacidade de agir e tomar a decisão sem prejudicar a empresa e a

família, pois a empresa depende de atitudes sensatas, fundamentadas e quem

venha produzir efeitos duradouros, pois uma empresa para ser efetivamente familiar

segundo Teló (2001) deve passar pela segunda geração.

Conhecer a empresa familiar e seus processos gerenciais, planejamento

financeiro é fundamental para o profissional de Administração? E o planejamento

financeiro está sendo bem administrado?

As empresas familiares estão preparadas para as mudanças, e para o

desafio da continuidade?

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2 EMPRESA FAMILIAR

As empresas familiares são a maioria das empresas em atividade no cenário

econômico do país. Estas empresas têm papel fundamental na dinâmica da

economia, considerando este grande número, as empresas familiares são, portanto

o campo de atuação da maioria dos profissionais de administração, sendo

necessário que profissional entenda a dinâmica dessas empresas para se ter

compreensão de uma empresa familiar se faz necessário conhecer o conceito.

Segundo Frugis (2007, p. 25) “empresa familiar é um negócio identificado

com uma família apelo menos duas gerações”, outro autor também conceitua as

empresas familiares que

Pode-se dizer que o conceito de empresa familiar nasce normalmente com

a segunda geração de dirigentes, quando estes necessitam criar novas

ligações com os antigos colaboradores e estabelecer novas relações de

poder, sob a égide de determinada ideologia. (TELÓ, 2001, p.17)

A empresa familiar é “aquela que se identifica com uma família há pelo

menos duas gerações e com ligações familiares que exerçam influência sobre as

diretrizes empresariais” (DONNELLEY,1976, p. 161).

Portanto empresa familiar pode-se dizer que uma empresa com laços

familiares envolvidos na sucessão hierárquica familiar, há pelo menos duas

gerações no processo acionário da empresa, assim constituindo uma empresa

familiar.

Vale ressaltar que a empresa familiar no contexto econômico desempenha

papel importante na dinâmica do mercado nacional e a nível regional. Contudo uma

empresa constituída no seio familiar deve manter suas raízes, característica e

processos conforme principio ainda oriundo de seu fundador.

Para Teló (2001, p. 18) em se tratando de empresa familiar onde sua

estrutura gerencial está baseada em laços familiares, do ponto de vista do fundador

os maiores valores da empresa é a família, e que toda decisão tomada por um

membro da família reflete diretamente na organização independente dos vínculos na

administração.

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Nas empresas não importa sua estrutura ou sua capacidade financeira se

são novas ou antigas elas apresentam conflitos quanto à prioridade do

empreendimento e a preferência da família (ou proprietário fundador).

Em entendimento mais amplo do conceito de Donnelley (1976, p. 161) as

relações dos membros da família e os elementos da organização nos dão uma

noção dinâmica da organização e a partir do tempo de existência da empresa e que

se podem observar as mudanças na sua estrutura, na administração dando origem

ao processo chamado ciclo de vida da empresa.

2.1 CICLO DE VIDA

A empresa familiar por ter relação extremamente complexa torna-se difícil

ocorrer evolução de uma pequena empresa familiar para uma de grande porte, estas

dificuldades se dão tanto por ser familiar e com relações mais delicadas as deixam

bastantes vulneráveis propensas a perecer.

Segundo o autor Ricca (2007, p. 125) “o ciclo de vida destrutivo da

organização retrata as condições de grande parte das empresas ao longo do ciclo

de vida do negócio”.

É muito importante ao gestor atentar para todos os ciclos de vida da

empresa familiar, haja vista que não se podem pular etapas, a empresa passa por

diversos momentos ao longo de sua existência, considerando as incertezas na fase

inicial das atividades das empresas.

Para avaliar a evolução das empresas deve-se observar o ciclo de vida, pois

para Ricca (2007, p. 125) há três fases distintas a embrionária, de crescimento e a

da maturidade. Estas três fases retratam a empresa no período desde sua

concepção até a fase onde a empresa alcança o sucesso à maturidade assim

demonstrado no gráfico abaixo.

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Gráfico 1 – Ciclo de Vida da Empresa Familiar. Fonte: Ricca, 2007, p. 125

O gráfico aborda segundo o autor as três fases no ciclo de vida das

empresas em seu primeiro estágio ao conceber a organização chamada de estágio

embrionário, nesta fase onde o casal aposta seus talentos como empreendedores

colocando seu sonho em prática. No segundo momento a empresa passa para o

ciclo de crescimento este por sua vez coloca a organização em posição estável

permanecendo em crescimento e o terceiro momento a fase da maturidade está fase

a empresa está consolidada.

Segundo Ricca (2007, p. 126) erroneamente os administradores preocupam-

se com estágio de declínio, mais esquecendo de todo processo que ocorreram no

ciclo de vida da empresa.

Já o autor Teló (2001, p. 19) retrata o ciclo de vida com padrões comuns

entre família e a organização

A família envolvida nas ações das organizações os membros da família são acionistas, ou seja, integram ativamente nas decisões; retrata a organização em continuo processo de transição, portanto os processos são ciclos e a família é um importante agente transformador e gerenciador; a empresa esta voltado para um tipo de projeto ou empreendimento, mais o ciclo de vida do produto se mantém e a empresa subsiste. (TELÓ, 2001, p. 19)

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Estas três fases do ciclo de vida da empresa perpassam por sobrevivência,

sucesso e apogeu, conforme ilustro o gráfico abaixo:

Gráfico 2 – Ciclo de Vida. Fonte: Adaptado de Teló (2001, p. 19)

A crise neste ciclo ocorre quando há transição de poder na organização a

empresa está no estágio de sucesso preparando tanto para crescer mais ou para o

declínio. A segunda geração prepara para sumir e o proprietário para dividir as

responsabilidades.

A análise do ciclo de vida aponta alguns possíveis problemas que surgem ao

longo do ciclo de vida da empresa familiar.

Aumento de conflitos interpessoais; preocupação com lucros em curto

prazo, ao invés do centramento em objetivos de longo prazo; procedimentos

administrativos enfatizando o imediatismo; falta de definição de processo de

integração dos novos membros da família e ausência de planos de carreira.

(TELÓ, 2001, p. 20).

Nas organizações observa-se muitos desses problemas a primeira geração

pouco se preocupa em preparar a sucessão na empresa tão pouca realiza plano de

sucessão, ou seja, planejamento da primeira para a segunda geração, e da segunda

para a terceira geração e assim por diante.

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Para entender a dinâmica da empresa familiar faz-se necessário analisar a

estrutura da empresa como ela se compõe, quem são seus agentes, quais suas

perspectivas e anseios na empresa.

2.2 MODELO DE TRÊS CÍRCULOS

Estas organizações nascidas da dedicação de seus fundadores e à medida

que vão ingressando novos membros assim tornando assim cada vez mais

complexas. Neste sentido foi desenvolvido pelo pesquisador John Davis e outros1 o

modelo de três círculos. Modelo este que permite captar a natureza de uma empresa

e considera os três subsistemas independentes mais sobrepostos: Negócio, Família

e a Estrutura da Propriedade. Conhecer a relação estabelecida entre os agentes

transformadores na organização colocando em evidências as consequências e

compreender o comportamento de seus integrantes.

O modelo dá uma visão completa da organização na estrutura família com

relação à empresa e a propriedade, a empresa com relação à família e a

propriedade e a propriedade com relação à empresa e a família. Onde todos os seus

agentes estão envolvidos diretamente ou indiretamente na dinâmica da organização

para que o sucesso da empresa seja completo. Neste sentido faz-se necessário

conhecer os seus agentes e os prováveis conflitos advindos da relação estabelecida

entre família, propriedade e empresa, neste contexto de empresa familiar onde o

proprietário controlador é seu principal agente nas decisões, colocando sua idéia

como predominante.

A partir do momento que a empresa cresce tornando cada vez mais

complexos os seus processos e a segunda geração representada pela sociedade de

irmãos e consorcio de primos começam a interferir com idéias novas e cultura

diferente ocasionando conflitos. Daí segundo Davis (2003, p. 97) fica mais fácil

entender as relações a partir do modelo de três círculos. Na figura abaixo podemos

visualizar este modelo:

1 Modelo criado na década de 1970 na Harvard University por John Davis e Renato Tagiuri

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Figura 1 – Modelo de Três Círculos

Fonte: Davis (2003, p. 97)

Segundo Davis (2003, p. 97) o modelo de três círculos considerando estes

três subsistemas independentes e a interseção representam esses subsistemas os

quais dão origem a sete perspectivas diferentes.

1 – Pessoas da família que não possuem participação acionária e não

trabalham na empresa;

2 – Acionistas que não pertencem à família e não trabalham na empresa;

3 – Pessoas que trabalham na empresa que não fazem parte da família e

não são acionistas;

4 – Membros da família que são acionistas e não trabalham na empresa;

5 – Acionistas que trabalham na empresa mais não pertencem à família;

6 – Pessoas da família que trabalham na empresa e que não são acionistas;

7 – Pessoas, que além pertencerem à família trabalham na empresa e são

acionistas.

Para Davis (2003, p. 97) a melhor forma de descobrir a fonte de conflitos, as

prioridades e as limitações das empresas familiares e na grande maioria facilita a

compreensão dos problemas e suas causas.

Segundo Davis (2003, p. 97) uma pessoa que faz parte da família que é

acionista mais não trabalha na organização passe a requerer que os dividendos

sejam maiores, portanto acha que sua aspiração tenha fundamento.

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Na outra ponta outro membro da família que ocupa cargo de direção mais

não é acionista tende a querer reinvestir para expandir o negócio, alegando

melhores oportunidades profissionais. Como se observa interesses diferentes dentro

da estrutura familiar e da empresa podem gerar conflitos podem comprometer o

sucesso da organização.

2.3 MODELO DE DESENVOLVIMENTO

Assim mais tarde acrescido a este modelo a variável “tempo” dando origem

ao novo modelo de desenvolvimento. Neste, há três eixos nos quais a família,

negócio e a estrutura da propriedade evoluem Davis (2003, p. 108).

Para o autor alguns dilemas mais importantes enfrentados pelas empresas

estão diretamente relacionados à passagem do tempo. O proprietário controlador

envelhece, há casamentos, nascem netos e vão se juntando a empresa e, portanto a

organização e a família neste sentido mudam. Observe à figura a abaixo.

Figura 2 – Modelo de Desenvolvimento

Fonte: Davis (2003, p. 108)

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19

Ao longo do tempo as mudanças são lentas mais constantes tanto na família

quanto na organização. Assim de um pequeno negócio surge um grande

empreendimento tornando mais complexo.

Este modelo propõe três eixos, nos quais estão estabelecidos o fator tempo

em cada eixo assim dispostos desenvolvimento da empresa, da família e da

propriedade.

Assim sendo no primeiro eixo desenvolvimento da família nascendo de um

casal jovem e seus filhos e mais tardes das diversas ramificações que surgem do

casamento de seus descendentes, trabalho conjunto e transferência de comando.

Neste caso a família corresponde à dimensão do negócio e da propriedade. Na

prática se por acaso o pai (proprietário) não tem relação harmoniosa com o filho não

confiará à sucessão da empresa a ele.

No eixo desenvolvimento da propriedade temos o proprietário controlador,

sociedades de irmãos e consórcio de primos. Neste eixo esta relacionado

diretamente a sucessão o proprietário controlador único acionista terá poder

absoluto para transferir a sucessão.

Já no eixo desenvolvimento da empresa estão dispostos o lançamento,

expansão e formalização e maturidade, relacionados ao ciclo de vida da empresa.

Neste, o tipo de líder, sua qualidade profissional e envolvimento com a organização

são fatores determinantes na fase de lançamento.

Acrescido do fator “tempo” dá a possibilidade de identificar prováveis

problemas e as possíveis soluções que advém do ciclo de vida familiar e da

empresa. Na família há amadurecimento de seus membros, neste contexto entram

em cena os filhos no negócio ou pelo menos é o que se espera que aconteça,

caracterizando a transferência de poder da 1ª geração para a 2ª geração e assim

por diante.

Paralelamente na estrutura da empresa o proprietário controlador, passa

para sociedade de irmãos e finalmente ao consórcio de primos. Assim há mais

vantagem em acrescentar o fator “tempo”, haja vista que pode-se estudar a evolução

do negócio, família e propriedade, dando possibilidade de antecipação dos

problemas e suas soluções.

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2.4 DILEMAS E CONTINUIDADE

Diversidade é uma das características presente na empresa familiar nos

primeiros ciclos de vida, onde é possível identificar, segundo artigo elaborado pela

equipe da revista HSM Manegement (2003, p. 85) alguns dilemas.

“Aceitar as mudanças ou manter-se fiel a estratégia definida pelo proprietário

controlador?”.

Nas organizações neste primeiro ciclo o proprietário controlador tende a ser

autocrata, concentrando as decisões e seus objetivos que se sobre põem ao dos

outros.

“Empregar os integrantes da família ou afastá-los da administração do

negócio?”

Em toda empresa familiar haverá a necessidade de transição para segunda,

terceira geração o importante é que os membros tenham afinidade com o negócio.

“Expandir a empresa ou manter a estrutura original?”

Características da grande maioria das empresas familiares de se manter

pequena, terem suas atividades fora dos grandes centros das cidades.

“Profissionalizar a gestão ou, apostando no sucesso já conquistado,

mantendo a administração intuitiva?”

Causa na administração dúvidas em profissionalizar, ou seja, mudar a

administração colocando nas mãos a direção a um profissional qualificado da área

de gestão administrativa e que não faça parte do leito familiar.

“Planejar a sucessão ou permitir que a geração seguinte assuma o comando

naturalmente?”

A falta de um sistema conceitual segundo Ward (2003, p. 114) é uns dos

principais obstáculos encontrados pela empresas familiares. O planejamento torna-

se ferramenta fundamental para se planejar a sucessão, seja ela por profissional

como também pela segunda geração familiar.

Portanto quanto aos que imagina que uma empresa familiar resume-se ao

sonho de um casal ter sua independência financeira, tornando seus sonhos em

realidade chegando a grandes empreendimentos de sucesso. Daí nasce o grande

dilema da continuidade onde o proprietário controlador dará as rédeas do negócio à

segunda geração ou a um profissional.

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Neste contexto da continuidade a organização deve conceber estratégias e

planejar para prosseguir atuante no mercado. As empresas familiares são passivas

de conflitos e disputas que vão do dinheiro, a propriedade e o controle da empresa

segundo Ward (2003, p. 141) planejar é a melhor saída para a sobrevivência há três

estratégias apresentada pelo autor.

“Podar a árvore familiar”: A empresa que utiliza poucos membros da família

na administração e com a propriedade reduzem a rivalidade entre os entes

familiares.

“Regeneração da estratégia empresarial”: As empresas que sobrevivem

nem sempre prosperam, se não fizerem planejamento prévio. O custo de não

investir em inovações e tecnologias produtivas (custo relativamente elevado) a

“economia” resulta em mediocridade dos rendimentos. Aqui as inovações terão de

ser vistas não como custo mais sim como investimentos.

No universo analisado por John Ward, apenas algumas empresas familiares

3% conseguiram prosperar, levando em conta um crescimento do quadro de

funcionários superior a 10% entre 1924 e 1984. (WARD, 2003, p. 90)

Portanto a empresa ao longo da vida deverá inovar e investir nas tecnologias

para poder manter a expansão do negócio.

“Regeneração da liderança”: Ocorre quando uma nova liderança assume a

companhia, pois novos líderes novas idéias.

Portanto manter um negócio familiar é, portanto uma tarefa muito difícil.

Segundo Ward (2003, p. 114) “o fato é que a primeira geração constrói a segunda

ordenha ou colhe e a terceira geração deve acabar” fato dito e atribuído ao grande

número de empresas com expectativas de vida curta.

No entanto há inúmeros pontos que levam a empresa ao fracasso, pois lhe

faltam conhecimento sistêmico e ferramentas que servirão como direcionamento da

empresa. Para Ward (2003, p. 115) “serve ao proprietário controlador concentrar-se

todas as atenções no negócio [...] tendo necessidade de fazer investimentos” com o

objetivo de “promover o crescimento”.

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3 PLANEJAMENTO FINANCEIRO

A empresa familiar com todas as suas estruturas, assim como qualquer

outra empresa tem suas dificuldades de gestão, seja ela nos aspectos logísticos, de

pessoas, como também financeiro.

O empreendimento de sucesso visa contemplar todas as áreas da empresa.

O planejamento financeiro deve ser entendido e gerido com competência e

seriedade segundo Gitman (2002, p. 589) o planejamento financeiro é um aspecto

importante para o funcionamento e sustentação da empresa, pois fornece roteiros

para dirigir, coordenar e controlar suas ações na obtenção de seus objetivos.

Para Teló (2001, p. 20) o planejamento financeiro estabelece o modo pelo

qual os objetivos financeiros podem ser alcançados. Um plano financeiro é, portanto,

uma declaração do que deverá ser feito futuramente.

No ambiente de uma empresa, o planejamento financeiro é ferramenta de

vital importância, uma vez que o caixa determina a sobrevivência da empresa, e é

através dele que se saberá se a empresa possui liquidez para saudar seus

compromissos ou se necessitará fazer financiamentos. O planejamento financeiro

evitará surpresas e criará planos alternativos caso ocorram imprevistos.

Conforme Teló (2001, p. 20) o planejamento financeiro estabelece diretrizes

de mudança e crescimento na empresa, preocupando-se com uma visão global, com

os principais elementos de políticas de investimento e financiamento da empresa.

Quando as estimativas e previsões a respeito do futuro revelam que a

empresa não terá o resultado desejado por falta de recursos, cabe a mesma adquirir

outras fontes de recurso ou rever suas estimativas.

No processo de planejamento financeiro devemos levar em conta as

incertezas internas e externas da empresa para que estas forças não afetem a

mesma, pois não se pode considerar a administração financeira como uma área

isolada.

Para isso, é necessário um conhecimento geral do negócio, dentre os

fatores internos a empresa terá capacidade de atender a demanda e no externo

citam-se a situação geral da economia, taxas de inflação, taxas de juros correntes e

projetadas, aspectos tributários e aumento nos custos.

Page 14: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

23

Segundo Gitman (2002, p. 589) As empresas utilizam-se de planos

financeiros para direcionar suas ações com vistas a atingir seus objetivos imediatos.

Os planejamentos financeiros costumam ser iniciados com objetivos a longo prazo e

depois passam a visar os objetivos de curto prazo. Os objetivos operacional são

denominados de curto prazo e estratégico a longo prazo.

Para Teló (2001, p. 21) o planejamento financeiro é desenvolvido

fundamentalmente por meio de projeções, como estimativa mais aproximada

possível da posição econômico-financeira esperada. Compreende a programação

avançada de todos os planos da administração financeira e a integração e

coordenação desses planos com os planos operacionais de todas as áreas da

empresa.

4 FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa é a representação das projeções financeiras da empresa

para programar e realizar gastos, receber receitas, sem haver excesso ou escassez

de capital. O Fluxo de Caixa ajuda o gestor a controlar o capital de giro2, identifica os

problemas que empresa poderá enfrentar e ainda faz parte de um planejamento.

O fluxo de caixa constitui-se em instrumento essencial para que a empresa

possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeiras. Logo, o

fluxo de caixa deverá refletir, com precisão, a situação econômica da

empresa, em termos financeiros, no futuro. (ZDANOWICZ, 2004, p. 15)

O fluxo de caixa utilizado de forma adequada pelo gestor garante uma

gestão eficaz de suas projeções, nele estarão contidas as informações pertinentes

atividades operacionais para melhor planejar gastos, pagamentos futuros e

investimentos. A partir dessas informações consegue-se visualizar de forma

adequada as financias da empresa com isso tendo maior facilidade na tomada de

decisão.

2 O capital de giro é o montante de dinheiro necessário para cobrir o ciclo de dias que a empresa tem desde a

compra da mercadoria, ou matéria-prima, até o seu recebimento. É também uma reserva para manter as

atividades operacionais da empresa por um período determinado

Page 15: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

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Os investimentos que serão planejados com base nas informações obtidos

dos lançamentos do fluxo de caixa dão maior segurança em suas aplicações.

Analisando o excesso de capital permanente sobre o Ativo Fixo, que é o capital de

giro, constitui uma margem da garantia ou da segurança (solvência) financeira que

permite compensar os desajustes entre os fluxos financeiros de entrada e saída,

provocados pelo ciclo caixa.

A figura a seguir demonstra o seu ciclo operacional de caixa.

Figura 3 – Ciclo operacional do Fluxo de caixa Fonte: Adaptado de Zdanowicz (2004, p. 142)

Fornecedores abastecem os estoques que são vendidos aos clientes que

dão entrada em forma de recursos financeiros ao caixa que paga os fornecedores.

As linhas de fornecimento de estoques e de pagamento a fornecedores têm a

mesma dimensão porque mercadorias são compradas ao custo e também pagas a

custo. A empresa realiza vendas com lucros, a seta de transformação de estoques

em clientes tem uma dimensão maior. Passíveis de inadimplências que fazem com

que a seta de clientes seja mais estreita que a de estoques para clientes.

A figura 3 demonstra o ciclo operacional do fluxo de caixa nele estabelece a

relação dos agentes econômicos e financeiro da empresa, fornecedor, estoque,

cliente e caixa, essa dinâmica de entrada e saída de dividendos no caixa informa o

quanto à empresa terá a capacidade de pagar seus compromissos, considerando o

capital de giro da empresa.

FORNECEDORES

ESTOQUE CAIXA

CLIENTE

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25

4.1 FATORES QUE AFETAM O FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa de uma empresa sofre impacto por inúmeras razões e por

uma série de fatores. “em síntese, as principais alterações no saldo caixa decorrem

de fatores internos e externos a empresa” Zdanowicz (2004, p. 42).

4.1.1 Fatores Internos

Ao que se referem aos fatores internos as decisões segundo Zdanowicz

(2004, p. 42) provocam um impacto sobre o fluxo de caixa, importante que

administrador financeiro seja capaz de reconhecer as consequências financeiras nas

políticas de produção, venda, distribuição, compra e pessoal. A seguir alguns

fatores:

Expansão descontrolada das vendas, implicando em um volume maior de

compras e custos operacionais;

Aumento no prazo de vendas concedido pela empresa como forma de

aumentar seu grau de competitividade ou aumentar sua participação no mercado;

Capitalização inadequada com a consequente utilização de capital de

terceiros de forma excessiva, aumentando o nível de endividamento;

Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas;

Diferenças acentuadas no giro de contas a pagar e a receber em

decorrência dos prazos médios de recebimento e pagamento;

Ciclos de produção extremamente longos e incompatíveis com o prazo

médio concedido pelos fornecedores;

Giros do estoque lento significando o carregamento de produtos obsoletos

ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no estoque;

Custos financeiros elevados em decorrência de um nível de endividamento

incompatível com a estrutura de capital da empresa;

Política salarial totalmente incompatível com o nível de receitas e demais

despesas operacionais;

Aumento do nível de inadimplência.

Page 17: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

26

4.1.2 Fatores Externos

Redução nas vendas causadas por retração do mercado;

Aumento da concorrência em decorrência da entrada de novos concorrentes

no mercado;

Alterações nas alíquotas de impostos sejam tributos sobre a venda interna

como sobre a importação de produtos concorrentes;

Aumento geral do nível de inadimplência causada por fatores como, por

exemplo, o aumento das taxas de juros.

4.2 DESEQUILÍBRIO FINANCEIRO

A análise do fluxo de caixa permite determinar com precisão, uma empresa

que se apresente em uma situação de desequilíbrio financeiro. São causas básicas

de desequilíbrio financeiro:

Excesso de investimentos em estoque;

Prazo médio de recebimento maior do que o prazo médio de pagamento das

compras;

Excesso de investimentos em ativos fixos;

Alto giro de estoques e ciclo de produção elevado;

Como conseqüência do desequilíbrio financeiro, tem-se:

Maior grau de vulnerabilidade ante as flutuações nas condições do mercado

em que a empresa atua.

Atrasos nos pagamentos aumentando as perspectivas de concordata ou

falência

Essas informações pertinentes ao fluxo de caixa, as quais são necessárias

ao gestor financeiro da empresa para um bom planejamento financeiro, nota-se que

dentro das informações obtidas do fluxo caixa nós dá inúmeras informações

necessária ao planejamento e ações para que o fluxo não seja negativo.

Page 18: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

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Na tabela abaixo demonstra o exemplo de um modelo de fluxo de caixa.

Tabela 1 – Modelo de demonstração de fluxo de caixa

Empresa _____________

Demonstração de fluxo de caixa mensal

Cenário _____________

Descriminação Jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 Total

semestre

1-Atividades operacionais

Embolsos operacionais (a) 0 0 0 0 0 0 0 0

Clientes por vendas

Outros recebimentos

Desembolsos operacionais (b) 0 0 0 0 0 0 0 0

Despesas com marketing e vendas

Despesas com tecnologia e operações

Despesas gerais e administrativas

Tributos sobre vendas

Comissões externas

Royalties

Tributos sobre lucro

Tarifas bancarias

Outros pagamentos

Fluxo operacional liquido (c) =(a)-(b)

0 0 0 0 0 0 0 0

2- atividades de investimentos

Embolsos de investimentos (d) 0 0 0 0 0 0 0 0

Rendimentos de aplicações financeiras

Outros recebimentos

Desembolsos para investimentos (e) 0 0 0 0 0 0 0 0

No imobilizado

No diferido

Fluxo de investimento liquido (f) = (d)-(e)

0 0 0 0 0 0 0 0

3- atividades financeiras

Embolsos de financiamentos (g) 0 0 0 0 0 0 0 0

Empréstimos bancários

Financiamentos

Recursos de capital

Desembolso de financiamento (h) 0 0 0 0 0 0 0 0

Amortização do principal

Encargos de financiamento

Fluxo de investimento liquido (i)=(g)-(h)

0 0 0 0 0 0 0 0

Caixa liquido do período (j)=(c)+(f)+(i) 0 0 0 0 0 0 0 0

Saldo inicial da disponibilidade (g) 0 0 0 0 0 0 0 0

Saldo final das disponibilidades (h)=(j)+(g)

0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte: adaptado de Zdanowicz (2004, p. 326,327)

Page 19: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

28

5 COMPOSIÇÃO DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO

A estruturação de um planejamento financeiro é um documento semelhante

a um demonstrativo de resultados do exercício (DRE), pois contém informações

necessárias para estipular metas, objetivos e inclusive a correção de supostas falhas

na administração da organização.

A análise Financeira tem como objetivo, visualizar a situação econômica da

empresa e medir a rentabilidade do capital que os acionistas investiram. A análise

financeira está voltada para as condições de equilíbrio das estruturas patrimoniais

analisadas a partir dos fluxos financeiros da empresa.

O planejamento financeiro analisado em decorrência da composição

financeira da ao administrador financeiro subsídios para garantir a liquidez da

empresa e depois melhorar os resultados financeiros e sua rentabilidade. Por outro

lado, o analista financeiro, tem como principal função antecipar e prevenir os

estados de insolvência.

5.1 CENÁRIOS DE PLANEJAMENTO

O planejamento do cenário dá ao gestor parâmetros da dinâmica economia,

política e social em que a empresa está inserida para melhor responder as

exigências do mercado. Como pode-se observar a empresa não esta isolada ele

está inserida na dinâmica da economia dependendo de inúmeros fatores que podem

produzir efeitos positivos ou negativos. Ser proativo nas informações para entender

o que

representam as diferentes situações que podem ocorrer em diversas áreas

(econômica, tecnológica etc...) e que podem acarretar diferentes

desempenhos de um empreendimento no horizonte de planejamento.

(SALIM et al. 2005, p. 107)

Page 20: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

29

Temos como exemplo o crescimento da economia continuará lento sem

possibilidade de recessão, não haverá impactos tecnológicos que afetarão nosso

produto.

Com base no cenário podem-se fazer projeções financeiras do

empreendimento e também utilizar como análise de sua viabilidade. Com esses

estudos podem ser realizado a projeção de ingressos e saídas de recursos. No caso

de falha da projeção do cenário, o gestor deverá ter em mãos um plano de

contingência, haja vista que as projeções referem-se à entrada de recursos

financeiros.

5.2 PONTO DE EQUILÍBRIO

O ponto de equilíbrio dá ao gestor noção de quando a empresa não está

tendo lucro e nem prejuízo, ou seja, a empresa adquire receita capaz de cobrir os

custos fixos e variáveis.

Segundo Salim et al. (2005, p. 109) “Representa o nível de venda no qual a

receita iguala a soma dos custos fixos mais os custos variáveis, ou seja, no qual o

lucro é zero.” A partir deste ponto a empresa começa a ter lucros.

O ponto de equilíbrio pode ser calculado pela fórmula:

RV = CF + CV

Onde:

RV: Receita de Venda;

CF: Custo fixo;

CV: Custo Variável.

O ponto de equilíbrio informa ao gestor a noção de quando a empresa

passará a obter lucro ou prejuízo e com base nesses resultados pode elaborar

planos para minimizar perdas e maximizar lucros. E a análise desse resultado

mostra a importância que o administrador deve ao longo de sua carreira profissional

assimilar das informações financeiras para que possa ter maior entendimento dos

resultados contábeis de uma organização.

...(1)

Page 21: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

30

5.3 DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

O Demonstrativo de Resultado do Exercício – DRE compõem os

documentos contábeis obrigatórios da organização sua demonstração é obrigatória

pelo menos uma vez ao ano, é de responsabilidade de profissional da área de

contabilidade. Estão dispostos detalhes das operações financeiras de um período de

lucro ou prejuízo obtendo os resultados através das receitas e despesas Santos;

Schmidt; Fernandes. (2009, p. 52)

Pode-se dizer que o balanço patrimonial é o retrato da empresa no final do

exercício financeiro. A empresa, porém, está em um processo contínuo e a

ferramenta em que registra os lançamentos contábeis da empresa é o DRE, no qual

resume as atividades exercidas desde o último balanço até o fechamento de um

novo balanço.

O lucro bruto operacional é o item que mostra quanto à empresa ganhou no

exercício de sua atividade principal, seja qual for sua atividade: de serviços, de

venda de produtos ou no caso de uma indústria demonstra a relação dos custos da

venda, da produção com a receita.

O lucro líquido operacional demonstra quanto à empresa ganhou após

descontar as despesas necessárias da atividade (salários e encargos salariais e

outros, ou seja, todas as despesas para colocar o produto ou o serviço à disposição

do cliente). Depois de deduzidos os impostos e eventuais participações sobre o

resultado obtêm-se o Lucro Líquido do Exercício.

Em síntese, a Demonstração de Resultados parte da receita de vendas da

empresa para mostrar quanto, afinal, sobrou após um determinado período. Ela

fornece ao investidor uma idéia da qualidade do lucro obtido pela empresa.

Mostrando que a empresa consegue pagar suas obrigações sem prejudicar os

investimentos, o DRE é uma ferramenta tão importante para empresa com base nas

informações contidas o gestor pode planejar de forma coerente o rumo que a

empresa deverá seguir, melhorando os processos, diminuindo gastos, cortando

despesas para poder capitalizar cada vez mais.

Page 22: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

31

Veja o modelo abaixo:

Tabela 2 - Demonstração do Resultado do Exercício

DRE

Receita Bruta 0,00

(-) Deduções 0,00

Receita Líquida 0,00

(-) CMV 0,00

Lucro Bruto 0,00

Despesas com vendas 0,00

Despesas administrativas 0,00

Despesas financeiras líquidas 0,00

Outras receitas/despesas operacionais 0,00

Resultado Operacional 0,00

(-) Despesas não operacionais 0,00

(+) Provisão para imposto de renda 0,00

Resultado antes das participações 0,00

(-) Participações estatutárias 0,00

Lucro (prejuízo) líquido do exercício 0,00

Lucro por ação 0,00

Fonte: Santos; Schmidt; Fernandes. (2009, p. 53)

Este demonstrativo de resultado de exercício proposto por Santos; Schmidt;

Fernandes (2009) esta dentro das normas societária exigida contendo todas as

informações pertinentes ao pleno entendimento das leituras contábeis nele pode-se

conseguir visualizar o resultado do exercício financeiro de lucro ou prejuízo.

O DRE por ser uma ferramenta necessária, não sendo dispensada sua

elaboração. O Administrador necessariamente não precisa saber elaborar, pois sua

elaboração fica a cargo da responsabilidade do contador, mais fundamental que o

profissional tenha entendimento da sua aplicação, fazer análise de seus

lançamentos e interpretar seus resultados e a partir destas interpretações fazer

planejamento financeiro.

Page 23: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

32

5.4 BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial – BP é a situação patrimonial da empresa nele estão

as informações das disponibilidades a curto prazo, os investimentos e a situação

futura (longo prazo). O balanço está dividido em três grandes grupos: ativo, passivo

e patrimônio líquido.

Constam do ativo todos os recursos colocados à disposição da empresa

para que ela exerça sua atividade, e são classificados na ordem decrescente de

liquidez, em ordem com a extensão do tempo se leva para convertê-los em caixa.

No passivo estão arroladas as obrigações da empresa para com terceiros:

fornecedores, empregados (salários, férias, etc.), governos (impostos). A

participação financeira dos sócios (acionistas ou cotistas) é classificada no

patrimônio que figura no lado do passivo.

O grupo dos passivos apresenta as obrigações da empresa. O quanto essas

obrigações estão custando para a empresa até o momento em que foi fechado o

balanço aparece no DRE.

No BP, tudo que aparece sob a rubrica circulante (curto prazo) é algo que

deve ser pago (passivo) ou vira dinheiro (ativo) em menos de um exercício social

(ano).

Longo prazo é tudo que ultrapassa o período de um ano ou prazos

chamados indeterminados. No ativo permanente são classificados os bens de uso

necessários à manutenção das atividades da empresa e o patrimônio líquido é

inexigível.

No balanço as contas classificam segundo os elementos do patrimônio que

registrem e agrupem a facilitar sua identificação e análise. Ele deve ser evidente de

forma qualitativa e quantitativa e devem ser estruturado segundo os preceitos da

legislação societária vigente bem como os princípios fundamentais da contabilidade.

Segundo Salim et al. (2005, p. 306) é representação contábil da situação

econômica-financeira de uma empresa, sendo sua elaboração obrigatória pela

legislação com uma periodicidade mínima anual, como no caso do DRE o BP requer

do Administrador compreensão de seus lançamentos para poder entender sua

aplicação na dinâmica da organização e o balanço requer maior atenção do

administrador por ser mais completo que o DRE.

Page 24: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

33

No BP estão dispostas todas as contas, servindo para planejamento a longo

prazo ou curto prazo. Na tabela abaixo exemplo de modelo de:

Tabela 3 – BALANÇO PATRIMONIAL

BALANÇO PATRIMONIAL Exercício encerrado em (em R$)

ATIVO 0,00

Ativo Circulante 0,00

Caixa 0,00

Aplicação Feneceria 0,00

Cliente 0,00

Estoques 0,00

Outros Direitos 0,00

Realizável a Longo Prazo 0,00

Permanente 0,00

Investimentos 0,00

Imobilizados 0,00

Diferido 0,00

Total Ativo 0,00

PASSIVO 0,00

Passivo Circulante 0,00

Instituições Financeiras 0,00

Fornecedores 0,00

Salários e Obrigações Sociais 0,00

Outras Obrigações 0,00

Exigível a Longo Prazo 0,00

Patrimônio Líquido 0,00

Capital Realizado Atualizado 0,00

Reservas de Reavaliação 0,00

Reserva de Capital 0,00

Reservas de Lucros 0,00

Lucros Acumulados 0,00

Total do passivo 0,00

Fonte: adaptado Salim et al. (2005, p 306)

Se for positivo, provavelmente, a empresa conseguirá saldar suas

obrigações de curto prazo, mas se for negativo, demonstrará que a empresa estará

utilizando recursos de terceiros de curto prazo para investir em ativos considerados

permanentes, ou seja, de realização de longo prazo.

Page 25: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

34

6 INDICADORES ECONÔMICOS FINANCEIRO

A análise por meio dos índices consiste na interpretação dos dados

extraídos das demonstrações financeiras, visando fornecer a situação econômica e

financeira da entidade. Para que o gestor tenha noção do desempenho de sua

empresa faz-se necessário a análise dos parâmetros que demonstre os resultados

obtidos do exercício financeiro.

Os indicadores são assim conceituados:

São relações obtidas a partir de demonstrações financeiras com objetivo de definir parâmetros que ilustrem o desempenho de uma empresa, as tendências desses desempenham e que também funcionem como parâmetros para comparação com o desempenho de empresas

concorrentes. (SALIM et al. 2005, p. 111)

Índice ou quociente é o resultado de uma comparação entre componentes

de um conjunto, principalmente no relacionamento entre grupos no Balanço

Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.

Cada índice ou subconjunto de índices contempla um determinado aspecto

da empresa que deve ser analisada para se ter uma visão correta a respeito de sua

saúde financeira. Isso não significa, porém, que se deve calcular um número

excessivo de índices sobre informações contábeis que pouco represente a realidade

e que ao final além de gerar excessivas informações, acabam confundindo o

usuário.

Quando as informações contábeis efetivamente representam a realidade

econômico-financeira da empresa, uns poucos índices são suficientes para se

conhecer a situação financeira e patrimonial e julgar os resultados da gestão. Os

indicadores que serão estudados são:

Índice de Liquidez que são Corrente, capital circulante e Seca;

Índices de Endividamento Geral;

Índices de Rentabilidade do Ativo, Margem Líquida.

Page 26: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

35

6.1 ÍNDICE DE LIQUIDEZ

6.1.1 Índice de Liquidez Corrente: indica a solvência em curto prazo da empresa

e em que medida os compromissos de curto prazo poderão ser pagos por

disponibilidade de Ativo Circulante.

Compara ativo circulante e passivo circulante. A relação é o ativo circulante

dividido pelo passivo circulante e serve para mostrar quanto à empresa tem de

valores disponíveis e realizáveis dentro de um ano, para garantir o pagamento de

suas dívidas vencíveis no mesmo período. Serve para verificar se há recursos em

giro suficientes para o resgate dos compromissos em curto prazo. Quanto maior o

número apurado maior a liquidez.

LC = AC PC

Onde:

LC: Liquidez Corrente;

AC: Ativo Circulante;

PC: Passivo Circulante.

Este quociente relaciona a quantidade de reais que a empresa dispõe,

imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação

às dívidas de curto prazo

6.1.2 Capital Circulante: tem a mesma função do índice de liquidez corrente e

também denominada capital de giro.

CC = AC – PC

Onde:

CC: Capital Circulante;

AC: Ativo Circulante;

PC: Passivo Circulante.

O resultado que se obtém da operação significa dizer que se o valor do ativo

circulante for maior do passivo circulante o capital de giro próprio, caso contrário o

capital de giro descoberto.

...(2)

...(3)

Page 27: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

36

6.1.3 Índice de Liquidez Seca: retira o valor do estoque do índice de liquidez

corrente. Se o estoque não tiver um giro alto, da um retrato muito melhor da liquidez

da empresa.

O índice de liquidez seca é calculado com a mesma fórmula do índice de

liquidez corrente, mas os estoques são excluídos (ativo circulante – estoques/

passivo circulante). Apura a capacidade da empresa de saldar seus compromissos,

no curto prazo, sem que, para isso, tenha de vender suas mercadorias, desfazer-se

de seus estoques. Serve para verificar até que ponto uma retração nas vendas

afetará a capacidade de pagamento da empresa no curto prazo.

LS = AC-E PC

Onde:

LS: Liquidez Seca;

AC: Ativo Circulante;

E: Estoques;

PC: Passivo Circulante.

O resultado obtido não deve se aproximar de R$ 0,50 e sim esta sempre

acima deste valor, caso isso ocorra haverá um aumento nos problemas de liquidez

da empresa.

6.2 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

Estes índices relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a

posição relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros, indicando a

relação de dependência da empresa com relação ao capital de terceiros

O ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros

(passivo circulante e passivo exigível a longo prazo) e por capitais próprios

(patrimônio líquido). Portanto, capitais de terceiros e capital próprio são fontes

(origens) de recursos.

...(4)

Page 28: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

37

O índice de participação de capitais de terceiros sobre recursos totais mostra

o endividamento que é a extensão pela qual a empresa utiliza capital de terceiros.

Na relação entre capital de terceiros e o total de capital aplicado (ativo total) obtém-

se o índice de endividamento

6.2.1 Índice de endividamento Geral: mede à proporção do ativo da empresa

financiado por credores.

E = PE AT

Onde:

E: Endividamento;

PE: Passivo Exigível;

AT: Ativo Total.

Neste índice o resultado deve se aproximar de 0 (zero), em vez de 1 (um),

pois quanto mais próximo de zero conclui-se que o ativo e financiado por terceiro.

Caso chega 0,5 pode ser considerado satisfatório em termos de distribuição de

recursos próprios e de terceiros aplicados no ativo.

O índice de composição do endividamento apresenta a relatividade das

exigibilidades e é calculado pela divisão do passivo circulante pelo passivo total

(passivo circulante + passivo exigível a longo prazo). O endividamento a curto prazo

é, normalmente, utilizado para financiar o ativo circulante; o de longo prazo é,

normalmente, utilizado para financiar o ativo permanente. Uma proporção favorável

seria a de maior participação de dívidas a longo prazo, propiciando à empresa

tempo maior para gerar recursos que saldarão os compromissos.

As empresas com índices de endividamento relativamente elevados têm

retornos esperados mais elevados (efeito alavancagem financeira) quando a

economia é normal, mas se expõem ao risco de perda quando a economia entra em

recessão. Assim, as empresas com baixos índices de endividamento são menos

arriscadas, mas também abandonam a oportunidade de alavancar seu retorno sobre

o patrimônio.

...(5)

Page 29: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

38

6.3 ÍNDICES DE RENTABILIDADE

É preciso relativizar a rentabilidade pelo exame da qualidade do lucro. É

necessário verificar se ele provém das atividades normais da empresa ou se é

resultado de realizações não-operacionais (venda de ações, de ativos permanentes

ou participações em outras sociedades, etc.). O leitor do balanço deve ir à

Demonstração de Resultados examinar com cuidado os dados sobre as receitas e

despesas não-operacionais.

A rentabilidade mostra também a evolução do Patrimônio Líquido. O objetivo

é constatar quanto os sócios lucraram com seu investimento. O Patrimônio Líquido

não é dinheiro da empresa, mas sim dos sócios. Para se mostrar a rentabilidade do

capital próprio compara-se o Lucro Líquido da empresa no exercício pelo seu

Patrimônio Líquido (LL/PL).

6.3.1 Rentabilidade do Ativo: mede a rentabilidade bruta das vendas, ou seja, a

porcentagem que sobra para empresa de receita após deduzir os custos dos

produtos ou serviços.

MB = V – CV AT

Onde:

MB: Margem Bruta;

V: Vendas

CV: Custos dos Produtos ou Serviços Vendidos

AT: Ativo Total;

Neste índice quanto maior for o resultado melhor, Quanto a empresa obtém

de lucro para cada R$1,00 de investimento total médio.

...(6)

Page 30: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

39

6.3.2 Margem Líquida: indica a rentabilidade líquida da vendas realizadas no

período considerado.

ML = LL V

Onde:

ML: Margem Líquida;

LL: Lucro Líquido;

V: Vendas.

Quanto à empresa obtém de lucro para cada R$1,00 vendido

ÍNDICE DE LIQUIDEZ

Liquidez Corrente LC = AC PC

Este quociente relaciona a quantidade de reais que a empresa dispõe, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo

Quanto maior, melhor

Capital Circulante CC=AC–PC O resultado que se obtém da operação significa dizer que se o valor do ativo circulante for maior do passivo circulante o capital de giro próprio, caso contrário o capital de giro descoberto

Quanto maior o AC melhor.

Liquidez Seca LS = AC-E PC

O resultado obtido não deve se aproximar de R$ 0,50 e sim esta sempre acima deste valor, caso isso ocorra haverá um aumento nos problemas de liquidez da empresa

Quanto maior, melhor

ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

Geral E = PE AT

Neste índice o resultado deve se aproximar de 0 (zero), em vez de 1 (um), pois quanto mais próximo de zero conclui-se que o ativo e financiado por terceiro.

Quanto menor melhor

ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Rentabilidade do Ativo MB= V – CV AT

Neste índice quanto maior for o resultado melhor, Quanto a empresa obtém de lucro para cada R$1,00 (um real) de investimento total médio

Quanto maior, melhor

Margem Líquida ML = LL V

Quanto à empresa obtém de lucro para cada R$1 (um real) vendido

Quanto maior, melhor

Quadro 1 – Formulários de Índices

Fonte: elaborado pelos autores

...(7)

Page 31: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

40

7 CAMPO DE ESTUDO

O estudo foi baseado nas informações obtidas de uma empresa familiar que

há 27 anos atua no setor de prestação de serviço de ensino de idiomas (língua

estrangeira). Sua fundação ocorreu no município de Ananindeua, Estado do Pará,

quando o Professor Antônio reuniu em casa um grupo de alunos para ensinar o

idioma inglês. Dando início ao Curso de idiomas Washington English Center a

primeira escola de idiomas de Ananindeua, após alguns anos de atividade a

empresa fechou por um período os motivos não foram expostos.

A empresa reiniciou suas atividades com nova proposta de ensino de língua

estrangeira e nova estrutura física, estrutura administrativa.

A empresa atua somente no Bairro do Conjunto Cidade Nova IV, sua sede

está localizada na WE 22 n° 62 em que a administração do negócio na segunda fase

da empresa passou a ser feita pelo filho do proprietário com ajuda ainda de seus

genitores.

7.1 PARTICIPANTES

Participaram do estudo o proprietário e sendo que atual administrador é o

filho, todos com formação de nível superior nas áreas de Letras e são atuantes na

organização da empresa desde sua fundação.

7.2 INSTRUMENTOS

A Coleta de dados realizou-se por meios de questionário desenvolvidos

pelos autores da pesquisa e com supervisão do orientador Prof. Evandro Almeida

que é composta de 14 perguntas direta ao proprietário atual administrador da

empresa.

Page 32: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

41

Distribuídos nos temas que compõem a pesquisa de teóricos fazendo um

paralelo entre os autores e a análise real da organização familiar, sete perguntas

relacionadas à estrutura da empresa familiar e sete relacionados ao planejamento

financeiro.

7.3 PROCEDIMENTOS

O questionário foi aplicado de forma individual aos gestores da empresa,

que segundo disponibilidades foi sabatinado a fim de levantar os dados acerca da

organização familiar. Sendo organizados para extrair e obter o máximo de

compressão de suas respostas.

7.4 RESULTADO

Inicialmente foram coletados e organizados nos temas abordados as

informações indicam que a empresa na primeira fase não atuou de forma a aplicar

nenhum tipo de conhecimento sistêmico, atuando na gestão de forma empírica e

intuitiva.

A empresa como constatado é uma empresa familiar constituída dos anseios

do proprietário fundador em ter sua independência financeira tal como foi constatado

na pesquisa bibliográfica que diz que a empresa familiar nasce neste contexto. A

empresa está segundo o ciclo de vida na fase de crescimento, pois ainda tem

espaço no mercado para aumentar seu market share. E no eixo desenvolvimento da

família e da propriedade a empresa está hoje com a direção na segunda geração

representado pelo filho do proprietário. A família está com filho casado (segunda

geração) logo aparecerá à terceira geração.

Os processos decisórios em uma empresa familiar são afetados sim por

interesses divergentes do proprietário controlador e a segunda geração

representada pelo filho, pois não tem os mesmos anseios segundo dados coletados

Page 33: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

42

do entrevistado “As opiniões sempre se divergem, mas nada que possa se resolver

com tranqüilidade e entendimento das opiniões”.

Perguntado sobre a gestão familiar se prejudica ou favorece as decisões.

Esclareceu que a gestão familiar é muito importante e favorável por se tratar de uma

“família unida” que se respeitam e procuram trabalhar profissionalmente.

Quanto à aplicação da gestão financeira os gestores informaram que

utilizam de forma peculiar em reuniões onde discutem respeitando as opiniões do

diretor financeiro que “procura se especializar no assunto financeiros”, ou seja, não

tem formação administrativa e financeira.

Os gestores reconhecem a importância da gestão financeira, porém apenas

utilizam “livro caixa, contas a pagar e a receber e planilha de custo e balanço

mensal”.

Quantos aos custos o gestor respondeu “é importante a análise dos custos

para a decisão a ser tomada”. Quanto aos indicadores econômicos e financeiros os

gestores não têm domínios acerca do assunto e se aplica de forma empírica, ficando

a mercê dos acontecimentos sem que haja um planejamento baseados em dados

extraídos da própria atividade financeira da empresa.

E ao final do questionário o gestor falou da importância da empresa familiar

“Como qualquer empresa a familiar também tem seus problemas e exige especial

atenção principalmente quando se trata de decisões em determinadas funções”.

Tanto na pesquisa de campo quanto na pesquisa bibliográfica constatou-se que a

empresa é importante agente econômico determinante na família e na organização e

na sociedade.

Page 34: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

43

8 CONSIDERAÇÕES

Considerando a pesquisa realizada da teoria e a aplicada na realidade da

empresa familiar que vivencia o processo sucessório, a mudança na estrutura da

família, da empresa, da propriedade e como o processo financeiro influência a

empresa. Portanto aplicar a realidade da empresa familiar que apesar das

dificuldades encontradas no dia-a-dia, constatou-se que a empresa precisa

principalmente na pesquisada melhorar o conhecimento dos processos

administrativos caso contrário a empresa esta fadado ao insucesso.

Na estrutura da empresa familiar os modelos de três círculos e de

desenvolvimento, proposto pelo autor Davis (2003) de forma bastante detalhada,

onde a relação estabelecida pelos membros da família pode atingir diretamente na

propriedade e na empresa acrescentando o fator “tempo” nas pesquisas do autor

Davis (2003) deu origem ao modelo de desenvolvimento que passou a ser analisado

a partir das mudanças ocorridas no decorrer do tempo na família, na propriedade e

na empresa.

As análises dos resultados obtidos revelaram que na primeira fase de

atividade da empresa pesquisada não foram aplicados as diferentes ferramentas de

gestão. Os autores Ward (2003), Devis (2003) Teló (2001), Donnelley (1976), Frugis

(2007) tem estudado a empresa familiar apresentando os mais variados resultados

pertinentes ao ciclo de vida, a relação de propriedade, família e empresa, conflitos e

sucessão. No caso específico da empresa pesquisada ficaram evidente os

resultados das pesquisas dos teóricos aplicados a realidade da empresa de

prestação de serviço de ensino de idiomas, pois a empresa encontra-se no estágio

de crescimento e na segunda geração da propriedade.

No estudo da empresa familiar observou-se que ela passa por muitos

estágios chamados ciclos de vida, os quais compreendem lançamento, maturidade e

apogeu nestes estágios a empresa passa por uma séries de mudanças, na estrutura

familiar, do negócio e da propriedade os eixos acrescido do fator tempo é

determinante, pois as mudanças são constantes e cabe ao gestor uma visão

estratégica a longo prazo.

Page 35: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

44

Na empresa familiar o proprietário controlador é o principal agente no

planejamento da continuidade fazendo que as gerações futuras possam ter base

sólida na gestão de seus processos, ou seja, segundo o autor John Ward (2003) o

planejamento é principal ferramenta para que não crie conflitos na sucessão.

Em respostas o gestor da empresa pesquisada no que diz respeito aos

conflitos eles acontecem mais nada que se resolva com “tranquilidade e

entendimento das opiniões”. Os conflitos provenientes das relações dos membros da

família que interferem nas relações de trabalho e na família que são o poder, a

propriedade e o controle da empresa segundo a pesquisa dos autores.

A administração financeira na empresa pesquisada não é bem definida

considerando a pesquisa realizada, sendo conduzido a partir dos conhecimentos

empíricos e intuitivos.

Assim o planejamento financeiro assunto abordado e comparado foi de

extrema relevância, pois não basta conhecer é preciso utilizar de forma inteligente e

consciente as ferramentas. O administrador precisa conhecer e saber interpretar as

informações financeiras, pois nelas estão contidos dados de lançamentos contábeis,

que auxiliaram o gestor a planejar o futuro da empresa e subsidiar a tomada de

decisão de forma coerente.

A pesquisa apontou que a utilização do fluxo de caixa é uma das

ferramentas essenciais na gestão financeira da empresa, nele estarão contidas

informações das atividades operacionais. Proporcionando ao gestor planejar seus

gastos, planejamentos futuros e investimentos. O estudo da DRE e do Balanço

Patrimonial, no primeiro estão contidos os lançamentos contábeis obrigatório sendo

de responsabilidade do contador sua composição. E o segundo e a situação

patrimonial da empresa e segundo Salim et al. (2005) representa a situação

econômica financeira da empresa sendo obrigatória ao final de cada exercício

financeiro.

Quanto aos indicadores, segundo a pesquisa realizada na empresa de

idiomas, segundo o entrevistado “É importante para a avaliação e estudo da

viabilidade, estabilidade e lucratividade da empresa”.

A abordagem dos indicadores econômicos financeiro, estes demonstram o

desempenho da empresa, que serve como parâmetro para comparar com os

concorrentes. Como se vê os principais temas relevantes para que o gestor possa

compreender a estrutura da empresa familiar e, ter a compreensão dos mais

Page 36: PLANEJAMENTO FINANCEIRO E EMPRESA FAMILIAR

45

diversos assuntos são de extrema relevância, haja vista que a empresa familiar é um

importante agente econômico no cenário do país.

Depois de verificado e abordado todos esses conceitos, ferramentas que

foram extraídos dos autores pesquisados, a importância de haver um planejamento

bem elaborado, de toda a estrutura da empresa, de como essas ferramentas

auxiliam os gestores nas principais tomadas de decisões, principalmente no que diz

respeito ao financeiro que é o alicerce da empresa, pois uma organização que não

dispor de corpo gestor qualificado, altamente comprometido com a mesma,

conhecedor de tudo o que perpassa dentro da empresa, o qual saberá perceber

possíveis falhas e problemas futuros e com isso elaborar diretrizes e metas, as quais

diminuirão esses possíveis erros ou até mesmo eliminá-los, sem isso certamente

estaria fadado a seguir o caminho de muitas empresas familiares que é a de fechar

suas portas e terminar com os sonhos de seus fundadores.