Plano de Camper

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20 • R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 5, p. 20-28 - out./nov. 2004

Plano de CamperSimone Gallão*, Cristina Feijó Ortolani**, Kurt Faltin Jr.***

* Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UNIP - S.P. Mestre em Clínica Infantil Ortodontia e Ortopedia Facial pela UNIP - S. P. ** Especialista em Ortodontia pela Universidade Paulista. Mestre e doutora em diagnóstico bucal pela FOUSP. Professora Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da

Universidade Paulista ( Campus São Paulo e Campinas). Professora Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Fonoaudiologia da Universidade Paulista. Professora do Mestrado em Ortodontia da Universidade Paulista. Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia da Universidade Paulista- Campinas.

*** Doutor (Medicina Dentística) em Ortopedia pela Universidade de Born - Alemanha. Professor Titular da disciplina de Ortodontia da UNIP. Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da UNIP.

INTRODUÇÃOA Ortodontia e a Ortopedia facial, desde tem-

pos mais antigos, estudam o correto crescimento e desenvolvimento do crânio e da face, preocupando-se, também, em posicionar os dentes e suas bases ósseas em uma posição equilibrada do ponto de vista morfofuncional, gerando, ao mesmo tempo, a harmonia facial.

O perfil humano possui características individuais que caracterizam a pessoa, frente a isto, existe a necessidade de posicionarmos os dentes dentro deste perfil, respeitando suas características.

“A análise do regime de construção do esquele-to humano obriga a reconhecer na natureza, uma

orientação seletiva que permite construir estruturas de máxima resistência, com evidente critério de economia de massa dos materiais empregados; o aparelho mastigatório constitui uma expressão de-finida deste critério”6.

Cada vez mais, as estruturas, demarcadas através de pontos, linhas e planos, são pesquisadas para o estabelecimento de proporcionalidades e inter-re-lacionamentos.

Sendo assim, para a representação dentária utili-za-se como referência o plano oclusal, que será po-sicionado espacialmente com um plano horizontal da face, chamado plano de Camper (trágus – asa do nariz), contribuindo com mais um dado importante

Dica Clínica

ResumoA Ortodontia e a Ortopedia facial, desde tempos mais antigos, estudam o correto crescimento e desenvolvi-mento do crânio e da face, buscando, desta forma, o estabelecimento da estética e da estabilidade morfo-fun-cional em suas terapias, apoiando-se em referências crânio-faciais, como o plano de Camper, para referenciar o posicionamento dentário. Cada vez mais, as estruturas, demarcadas através de pontos, linhas e planos, são pesquisadas para a descoberta de proporcionalidades e inter-relacionamentos, contribuindo com mais um dado importante no estabelecimento do diagnóstico individual. O perfil humano possui fatores individuais que caracterizam a pessoa, frente a isto, existe a necessidade de posicionarmos os dentes dentro deste perfil, respeitando estas características. Em situações harmônicas, o plano de Camper, correspondente, em tecido mole, ao plano que vai do trágus à asa do nariz, de acordo com a maioria dos autores, posiciona-se paralelamente à referência dentária denominada plano oclusal. Utilizou-se, clinicamente, o dispositivo transferidor do plano oclusal de Calteux e Bakker com enfoque paralelo à linha ouvido-nariz, observando-se minuciosamente os lados direito e esquerdo, para transferir o plano de Camper para a superfície oclusal superior e, em seguida, incorporou-se estas características para os modelos ortodônticos através da confecção de um rolete de cera, guiando seus recortes e auxiliando, desta forma, no diagnóstico, no plano de tratamento, no acompanha-mento das terapias aplicadas e possibilitando a padronização da confecção dos modelos ortodônticos, sejam eles de estudo ou de trabalho, objetivando a normalidade morfofuncional e estética dentro de um contexto oclusal dinâmico.

Palavras-chave: Plano de Camper. Plano oclusal. Modelos ortodônticos.

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no estabelecimento do diagnóstico individual. Basicamente muitos protesistas e ortodontistas

dão evidência para o posicionamento do plano oclusal baseando-se no plano de Camper, mas alguns ortodontistas ainda utilizam o plano de Frankfurt.

A seguir, temos a opinião científica de diversos autores que estudaram o assunto para embasarmos nossa prática ortodôntica de maneira científica.

OBJETIVOSAtravés da transferência dos pontos craniométri-

cos para o perfil mole do paciente, relacionamos o plano de Camper com o plano oclusal, permitindo uma referência individual de importante valor diagnóstico e terapêutico, alcançando resultados fundamentais para o estudo do crescimento e desenvolvimento do crânio e da face. Os planos horizontais utilizados estão descritos abaixo:

• Plano de Camper – linha que vai da espinha nasal anterior à porção superior do pório. O Plano de Camper é representado nos tecidos moles pelo plano que vai da asa do nariz ao trágus (direito e esquerdo).

• Plano oclusal funcional – linha que vai desde a incisal dos incisivos até mésio-palatina do primeiro molar superior.

Como o objetivo deste trabalho é o estabele-cimento dos passos clínicos e laboratoriais para se relacionar o plano oclusal em relação ao plano de Camper, serão utilizados apenas estes dois planos.

REVISÃO DE LITERATURAPetrus Camper (1722–1789 apud PEdrOSO

1990)17 estudou o perfil do homem e estabeleceu sobre a norma lateral de crânios o plano de Camper ou plano naso-auricular. Este plano na cabeça óssea, passa pelo extremo da espinha nasal anterior e pela porção superior do pório. Este ponto craniométrico localiza-se na borda superior do orifício do conduto auditivo externo, situado sobre a vertical mediana a esse orifício. No vivo, o pório pode ser substituído pelo trágus que se situa um pouco adiante.

Broomell5 relatou que “a linha dos dentes na-turais é paralela à linha que vai do centro da fossa mandibular à espinha nasal anterior ou à base do nariz” semelhante, portanto ao plano de Camper. Este plano na Europa é conhecido como plano de

Camper e na literatura americana como plano de Broomell. A partir dele, outros protesistas deram muita importância ao plano de Camper na deter-minação do plano oclusal que passou a ser aceito por uma grande parte.

Gysi10 identificou um plano protético que vai da porção inferior do trágus auricular à porção inferior da asa do nariz.

Ruppe (1920 apud OlivEirA, 1971)14 consi-derava o plano oclusal paralelo à linha asa do nariz – centro do meato auditivo externo.

Clapp e Tench8 afirmaram ser o plano oclusal paralelo à linha que vai da borda mais baixa do lóbulo da orelha à comissura labial.

Kurth12 afirmou que o plano oclusal é localiza-do experimentalmente de acordo com a linha de Camper.

Wylie e Brodie (1941 apud OlivEirA, 1971)14 demonstraram que o plano oclusal caminha parale-lamente à base anterior do crânio e se a linha do ná-sio através do centro da sela túrcica fosse prolongada para interceptar o plano oclusal, o ângulo formado por essa intersecção seria no mesmo indivíduo o mesmo na vida adulta como foi na infância. A li-nha naso-meatal é determinada pela espinha nasal anterior, um ponto facial que caminha para frente e para baixo desde a base anterior do crânio e pelo pório que é um ponto craniométrico. Uma análise das telerradiografias revela que o pório caminha para baixo e para trás respeitando a base do crânio. Como um ponto craniométrico, entretanto, ele chega à sua posição adulta muito mais cedo que os pontos faciais. A partir disto, pode-se ver que enquanto o plano oclusal se desenvolve em cresci-mento tanto em seu limite posterior como o faz em seu limite anterior, o plano naso-meatal comporta-se diferentemente. devido ao término de crescimento no seu limite posterior e ao contínuo movimento para frente e para baixo do limite anterior, este plano tende a convergir mais e mais com o plano oclusal até que o crescimento facial cesse. O autor encontrou uma convergência de aproximadamente 5º e concluiu que é um valor pequeno e difícil de se estimar com precisão e que qualquer modificação na prática tradicional não valeria a pena, devendo-se, portanto relacionar o plano oclusal paralelo ao plano de Camper.

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izard11 citou o plano de Camper como sendo um plano de referência muito usado em Antropometria, passando pela espinha nasal anterior e pelo centro do meato auditivo externo. Nos tecidos moles loca-liza-se na porção ântero-inferior da asa do nariz às regiões medianas dos trágus auriculares.

De acordo com Wylie (1944 apud OlivEirA, 1971)14 o plano oclusal tende mais freqüentemente, na infância, a ser paralelo à linha naso-meatal do que no adulto. Na sua pesquisa, ele utilizou 55 telerra-diografias laterais (de 22 pais e 33 crianças). Pais e crianças foram tratados como dois grupos separados e o valor angular médio foi determinado para cada grupo. Ele relatou que a variabilidade no ângulo entre o plano naso-meatal e o plano oclusal não é nem excessivamente variável e nem acentuadamente estável. As diferenças devidas à idade podem ser explicadas baseadas no crescimento crânio-facial.

Dressen (1949 apud OlivEirA, 1971)14 deter-minou o plano oclusal como sendo paralelo à linha asa-trágus. Utilizou a porção mediana do trágus para referência, à semelhança do plano de Camper.

Häupl et al.; Tanzer, landa e lammil (apud riNTAlA, WOlF)20 consideram os planos oclusal e Camper paralelos.

Camani Altube6 relatou que o plano oclusal forma com o plano de Camper um ângulo que em geral não passa de 3º de abertura.

Augsburger1 considerou o plano oclusal paralelo à linha que vai da asa do nariz ao centro do meato auditivo externo.

Aldrovandi (1956 apud OlivEirA, 1971)14 afirmou: “se estabelecermos o plano de orienta-ção paralelamente ao plano de Camper, teremos edificado um plano protético cômodo, o qual nos norteará na reconstrução das superfícies articulares das dentaduras artificiais”. Complementou ainda, afirmando: “o plano de Camper, contudo, permite obter bons resultados práticos e é aceito por quase todos os protesistas, embora com restrições”.

Saizar (1958 apud OlivEirA, 1971)14 admitiu que plano oclusal é paralelo ao plano de Camper. No vivo, é difícil de se localizar o plano de Camper, portanto podemos nos aproximar dele: - o plano passa pela borda inferior da asa do nariz e pelo centro do conduto auditivo externo em ambas as faces, ao qual pode chamar-se “plano protético”.

Schwarz (1958 apud BArBOSA, 1996)4 em seus estudos cefalométricos usou como referência para traçar o plano oclusal, a borda do incisivo central inferior e as cúspides dos 2os molares em oclusão. Unindo-se estes 2 pontos, tem-se a linha cefalomé-trica que representa o plano oclusal.

Olsson e Posselt15 tomaram 27 estudantes do gênero masculino, com idades variando entre 20 e 22 anos e foram tiradas radiografias cefalométricas. As linhas traçadas nos cefalogramas foram: sela-násio, orbital-pório, oclusal-maxilar e de Camper. A diferença de 7º encontrada entre os planos de Camper e oclusal parece ser explicada com a mu-dança do ponto de referência posterior preconizada por Gysi. Como há grande resiliência do tecido na região do meato auditivo externo, os autores preferem determinar radiograficamente o ponto craniométrico: pório.

Balters2,3 afirmou que a orientação do plano oclusal, em relação ao crânio, é a de paralelismo do mesmo com o plano de Camper. Se ocorrerem anomalias de coordenação e correlação das arcadas dentárias, pode-se utilizar o plano de Camper como referência. Esta relação do plano de Camper também diz respeito à postura de cabeça e posição ereta do ser humano. Balters3 salientou que os modelos confeccionados devem ter uma orientação que admita uma comparação posterior, portanto devem ser alinhados segundo a linha ouvido-nariz que é paralela à base ou superfície de mastigação e ao mesmo tempo fator determinante no desenvol-vimento. Segundo Balters3, para a transferência do plano de Camper para o ser humano, emprega-se através de uma mordida de cera na arcada um dis-positivo transferidor do plano oclusal de Calteux e Bakker com enfoque paralelo à linha ouvido-nariz. Este dispositivo de Calteux e Bakker transfere o plano de Camper para a superfície oclusal supe-rior. de acordo com Balters3, o desenvolvimento e configuração da dentição estão orientados sobre a base da mastigação e faz-se necessário o equilíbrio na horizontal, o que não quer dizer que seja plana. Com tal razão o recorte de modelo deve fazer-se a base da mastigação, a fim de que no final seja pos-sível observar e controlar as alterações da dita base de mastigação. Esta forma de orientação e recorte assegura uma proporção comparativa, mas não

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significa um eixo absoluto, já que, o crescimento sobre a base da mastigação permite modificações que não asseguram uma comparação medidora. Para a atuação dentro de uma série de modelos, a orientação dos mesmos seguindo pontos de vista idênticos é indispensável.

Martorelli (1967 apud OlivEirA, 1971)14 utilizou a régua de Fox para tornar o plano de orientação paralelo ao plano de Camper.

Celestin7 salientou que o plano oclusal deve ser paralelo ao plano trágus / nariz (plano de Cam-per).

Hartono (1967 apud BArBOSA, 1996)4 fez um estudo não radiográfico da inclinação dos planos oclusais de 53 estudantes de Odontologia. A relação das inclinações dos planos oclusais foi comparada com seis tipos faciais. O estudo de-monstrou que apesar dos diferentes tipos faciais, a linha que conectava o bordo inferior da asa do nariz à margem inferior do trágus era aproxima-damente paralela ao plano oclusal. Esta afirmação justifica o uso deste paralelismo para a confecção de próteses totais.

rintala e Wolf20 relataram que o ângulo de desvio entre o plano oclusal e o plano de Camper aumenta com a idade dos 3 a 4 graus aos 8 ou 9 anos de idade para 9 a 10 graus aos 15 anos de idade e, após isto, nenhuma alteração pode ser evidenciada. É importante também ressaltar que ao assumir um paralelismo entre o plano de Camper radiográfico e o clínico, um erro de aproximadamente 10 graus é obtido na direção do plano oclusal.

Santos (1970 apud OlivEirA, 1971)14 afirmou que os planos de Camper e oclusal tendem a ser paralelos, porém há dimorfismo sexual no posicio-namento do plano de Camper.

Tamaki21 afirmou que, na boca, o plano de orientação das dentaduras de prova deve ficar ao nível do plano de Camper.

Oliveira14 salientou que a linha que une a borda inferior da asa do nariz ao centro do trágus auricular bem como a linha que une a espinha nasal anterior ao pório não constituem geometricamente o plano de Camper. O plano de Camper será o resultado geométrico da união de pelo menos três pontos craniométricos: asa do nariz – trágus auriculares ou espinha nasal anterior – pórios. Nas diferenças entre

os ângulos formados pelas linhas de Camper (nos tecidos moles, nas radiografias cefalométricas e no articulador) para ambos os lados da face, quando relacionados com o plano oclusal, levaram estatisti-camente à aceitação da hipótese de igualdade.

Meroni et al.13 também destacaram a impor-tância do plano oclusal funcional paralelo ao plano de Camper.

Poggio19 salientou que a orientação do plano de Camper é característica individual de cada pessoa.

Ortolani-Faltin16 afirmou que os modelos or-todônticos devem ser confeccionados segundo a orientação do plano de Camper, para observar os desvios do plano oclusal do paciente.

Planas18 relatou que no exame visual de bons modelos gnatostáticos é possível evidenciar todas as lesões sintomáticas de desenvolvimento e função através das assimetrias, tanto transversais como ânte-ro-posteriores e verticais, ao se verificar a existência de paralelismo ou falta dele em relação ao plano de Camper. O autor cita que em seus tratamentos ortodônticos e na confecção de próteses totais ele busca o paralelismo do plano oclusal com o plano de Camper.

Ferrario et al.9 afirmaram que o plano de Cam-per é quase paralelo ao plano oclusal. Os planos de Camper e Frankfurt são constantes e independem da idade, diferentemente do plano oclusal que sofre influência da dentição. Os autores confirmaram através dos resultados de suas pesquisas que os pla-nos de Frankfurt e Camper são bem correlacionados entre si, porém sugerem substituir a referência do plano de Frankfurt (em tecido mole) pelo plano de Camper, pois sua localização na superfície lateral da face é mais fácil.

TéCNICA DE OBTENÇÃO DA MORDIDA EM CERA COM A TRANSFERêNCIA DO PLANO DE CAMPER E RECORTE DE MODELOSMateriais utilizados

• Dispositivo transferidor do plano oclusal de Calteux e Bakker;

• Cera nº 7;• Lamparina, álcool e isqueiro;• Recortador de gesso;• Moldelos em gesso das arcadas superior e in-

ferior para recorte;

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Obtenção da mordida em cera com a transferência do plano de Camper

• Utilizar uma lâmina de cera nº 7 previamente aquecida que deve ser dobrada como sanfona (Fig. 1);

• Dar o formato de curva acompanhando a superfície oclusal superior (Fig. 2);

• Primeiramente, adaptar o rolete de cera na arcada superior;

• Levar o dispositivo (transferidor do plano de Camper) fazendo-o coincidir com a porção ântero-inferior da asa do nariz e trágus auriculares direito e esquerdo (Fig. 3);

• Observar minuciosamente a orientação do

transferidor dos dois lados do paciente (Fig. 4);• Remover o conjunto (mordida em cera e trans-

feridor do plano de Camper) da boca do paciente e avaliar se a cera registrou a impressão dentária de um lado e se formou um plano estável do outro lado (Fig. 5).

Recorte de modelos:• Apoiar o modelo superior sobre a mordida

de cera com a transferência do plano de Camper e utilizar um paralelômetro para marcar uma linha que guiará o recorte da base superior do modelo superior correspondente à transferência da linha ouvido-nariz (Fig. 6);

FIGURA 1 FIGURA 2

FIGURA 4FIGURA 3

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• Projetar dois pontos na rafe mediana. A linha formada por estes pontos deverá formar um ângulo de 90º com a base posterior do modelo superior. A base posterior, por sua vez, também forma 90º com a base superior do modelo superior (Fig. 7);

• Recortar, em seguida, a base posterior do modelo inferior, de acordo com a base posterior do modelo superior, com a cera de máxima intercus-pidação interposta (Fig. 8);

• Com a mordida de cera de máxima intercus-pidação ainda interposta nos modelos superior e inferior, apoiar a base superior do modelo superior na bancada para delinear a base inferior do mode-lo inferior também paralela ao plano de Camper transferido para a base superior do modelo superior e assim realizar seu recorte ou, simplesmente recor-tar a base inferior do modelo inferior a 90º da sua base posterior que será obtido o mesmo resultado (Fig. 9);

• Recortar a base lateral dos modelos, paralela-mente às cúspides (pode ser e geralmente é diferente do modelo superior para o inferior) (Fig. 7);

• O ângulo posterior deve formar uma bissetriz direcionada para a região do canino do lado oposto (Fig. 10);

• A parte anterior do modelo superior se fará formando uma ponta sobre o centro do mesmo, e do modelo inferior será arredondada (Fig. 11);

• A configuração definitiva dos modelos superior e inferior devem ser proporcionais (Fig. 7, 12);

• Não só a parte externa do modelo deve ser recortada de forma adequada, mas todo o gesso em excesso no interior do modelo inferior deve ser re-movido, para se fazer sempre possível uma evolução do trabalho sobre o modelo (Fig. 13);

APLICAÇÃO CLÍNICAO paralelismo entre o Plano de Camper e o plano

oclusal deve ser considerado e é de fundamental importância transferir estes dados para a prática or-todôntica e ortopédica facial. Com a técnica clínica e laboratorial apresentada torna-se fácil e precisa a confecção de modelos ortodônticos que posicionem os dentes e suas bases ósseas às estruturas crânio-fa-

FIGURA 5 FIGURA 6

FIGURA 7 FIGURA 8

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FIGURA 9 FIGURA 10

FIGURA 11 FIGURA 12

FIGURA 13

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ciais oferecendo um grande valor para o diagnóstico e planejamento da terapêutica ortodôntica – ortopé-dica facial a ser utilizada, assim como para a confec-ção e ajuste de aparelhos e também possibilitando a padronização fiel dos modelos ortodônticos para a avaliação dos resultados obtidos com o tratamento em busca da normalidade morfofuncional e estética dentro de um contexto oclusal dinâmico.

Camper´s Plane

AbstractOrthodontics and Facial Orthopedics, since older times, studies the correct growing and development of the skull and the face, searching, this way, the establishment of esthetics and morpho-functional stability in theirs therapies, based in skull-facial references, like Camper’s plane, to reference dental position. More and more, structures, marked by points, lines and planes, are searched to discover proportionalities and interrelationships, adding one more important item in the individual diagnosis

establishment. The human profile has individual factors that characterizes the person, seeing that, there is a necessity of positioning the teeth in this profile, respecting this characteristics. in harmonic situations, the Camper’s plane, corresponds, in soft tissue, to the plane that goes from trágus to the wing of the nose, according to the majority of the authors, is positioned parallel to the dental reference that is named occlusal plane. The Calteux and Bakker protractor of the occlusal plane device was used parallel to the ear-nose line, looking carefully to the right and to the left sides, to transfer the Camper’s plane to the superior occlusal surface and, after that, incorporated this characteristics to the orthodontic casts by doing a wax roller, guiding its cuts and helping, this way, in the diagnosis, in the treatment plan, following the applied therapies and making possible to standardize the way to build the orthodontic casts, for study or work, objectiving the morpho-functional and esthetics normality inside of the occlusal dynamics.

Key words: Camper’s plane. Occlusal plane. Orthodontic casts.

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Endereço para correspondência:Simone GallãoRua 7 de Setembro, 668 - apto. 141Ribeirão Preto - SP - CEP: 14010-180E-mail: [email protected]

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