Plano de Contingência Saúde Sazonal · 2019. 1. 31. · 3 1 – INTRODUÇÃO O ACES Arco...
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Plano de Contingência Saúde Sazonal
Módulo Verão 2018
- Relatório de Atividades -
Outubro de 2018
Agrupamento de Centros de Saúde do Arco Ribeirinho
Unidade de Saúde Pública Arnaldo Sampaio
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Índice
1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 3
2 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................................................................. 4
2.1. Medidas tomadas aquando da emissão de avisos amarelos e vermelhos ......................................... 4
2.2. Operacionalização da articulação interinstitucional........................................................................... 4
2.3. Ações de sensibilização para os profissionais e/ou população em geral ........................................... 5
2.8. Outras Atividades................................................................................................................................ 6
2.4. Existência de lista dos abrigos climatizados ....................................................................................... 7
2.5. Eventual necessidade de alargamento dos horários de atendimento ............................................... 8
2.6. Existência de salas climatizadas nos edifícios dos ACES ..................................................................... 8
3 – ANÁLISE DO EFEITO DO CALOR SOBRE A SAÚDE .................................................................................... 9
3.1 Contexto meteorológico ...................................................................................................................... 9
3.2. Evolução da mortalidade .................................................................................................................. 12
Índice de quadros e imagens
Quadro 1 - Lista de Locais de Abrigo Temporário nos polos do ACESAR ………………………………………………………. 8
Figura 1 – Evolução diária da média da temperatura em Portugal Continental no mês de Agosto de 2018... 10
Figura 2 – Extremo de temperatura máxima em Agosto de 2018 …………………..………………………………………….. 11
Figura 3 – Atividade de prestação da linha SNS 24 …………………………………………………………………………………….. 12
Figura 4 – Evolução da mortalidade na região de LVT, verão 2014 – 2018 …………………………………………………. 13
Figura 5 – Evolução da mortalidade no ACESAR, verão 2018 ……………………………………………………………………… 13
Figura 6 – Índice Alerta Ícaro, agosto 2018 ………………………………………………………………………………………………… 13
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1 – INTRODUÇÃO
O ACES Arco Ribeirinho implementou o Plano de Contingência Saúde Sazonal – Módulo Verão,
entre 1 de maio e 30 de setembro, enquadrado pelo Despacho nº 2483/2017 de 23 de março.
Este plano, de caráter essencialmente preventivo, constituiu um instrumento essencial na
articulação entre as diferentes entidades com responsabilidade na proteção das populações, em
particular dos grupos vulneráveis, a fenómenos meteorológicos extremos.
São objetivos do plano:
− Minimizar os efeitos da exposição do calor intenso na saúde população em geral e nos grupos
de risco;
− Cumprir e fazer cumprir as orientações para a intervenção nos diferentes níveis de alerta,
emanadas pela Direção-Geral da Saúde e pelo Departamento de Saúde Pública, da ARSLVT;
− Providenciar a informação para a população em geral e para os grupos mais vulneráveis, em
particular sobre medidas e procedimentos a adotar em situação de calor intenso;
− Articular a implementação do plano a nível local contribuindo para assegurar a eficiência e
eficácia na gestão dos meios disponíveis, humanos, de informação, em infraestruturas e
equipamentos, na procura da maximização dos ganhos de saúde a obter;
− Propor a adequação da resposta de cuidados de saúde de acordo com a procura dos utentes.
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2 – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
2.1. MEDIDAS TOMADAS AQUANDO DA EMISSÃO DE AVISOS AMARELOS E VERMELHOS
Decorrente da declaração de situação de alerta para a condição climática de calor extremo (alerta
vermelho), ocorrida no período compreendido entre 2 e 6 de agosto de 2018, para a globalidade
do território de Portugal Continental, foram acionadas no ACES Arco Ribeirinho as medidas
previstas no Plano de Contingência Saúde Sazonal – módulo verão.
No dia 2 de Agosto foi remetido o alerta por e-mail para os organismos e instituições relevantes
situadas na área geográfica do ACES Arco Ribeirinho (Unidades Funcionais do ACES, Centro
Hospitalar Barreiro-Montijo e instituições de apoio social), assim como, a recomendação para a
implementação das medidas de saúde pública consideradas adequadas.
Os serviços de proteção civil municipais, nos seus sítios institucionais da internet, veicularam
também o alerta.
Ocorreu ainda grande difusão mediática sobre esta situação climática extrema, nos diferentes
órgão de comunicação social nacional/local e redes sociais.
2.2. OPERACIONALIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO INTERINSTITUCIONAL
A articulação interinstitucional ocorreu numa primeira fase, durante a preparação do plano, com a
solicitação dos dados relativos aos locais de abrigo temporário aos serviços municipais de
proteção civil.
Posteriormente, foi remetido cópia do plano de contingência para os executivos locais, serviços
municipais de proteção civil, serviço distrital de segurança social, ACES Arco Ribeirinho e Centro
Hospitalar Barreiro-Montijo.
No âmbito das ações de sensibilização ocorreu articulação com os executivos de Alcochete e do
Montijo e respetivos serviços municipais de proteção civil.
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Durante a fase de alerta vermelho ocorreu a difusão para estas entidades. Ocorreu ainda uma
reunião de emergência convocada pelo serviço municipal de proteção civil do Montijo no âmbito
da prevenção de incêndios florestais.
2.3. AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PARA OS PROFISSIONAIS E/OU POPULAÇÃO EM GERAL
Foram promovidas duas sessões de sensibilização dirigidas aos órgãos executivos locais e
instituições de carácter social, que decorreram no Montijo (18 de Junho) e em Alcochete (21 de
Junho). Em ambas as sessões estiveram presente os Presidentes de Câmara dos respetivos
município e elementos do serviço municipal de proteção civil.
No âmbito da Feira da Saúde de Alcochete foi realizado uma ação de sensibilização para a
população em geral com intervenções da USPAS e do Comandante dos bombeiros de Alcochete.
Neste contexto, foram ainda divulgadas pelas instituições de apoio social (creches, lar de idosos,
centros de dia, centros de convívio), estabelecimentos de educação e ensino e unidades de saúde,
um conjunto de recomendações sobre medidas preventivas dos efeitos do calor intenso na saúde,
bem como, outros acontecimentos cuja frequência pode aumentar no verão, nomeadamente,
afogamentos, toxinfeções alimentares e aumento da população de vetores.
Foram elaborados dois vídeos sobre a água e afogamento, amplamente difundidos pelos
profissionais de saúde no âmbito do projeto “30 segundos com saúde pública”. Estes vídeos foram
também disponibilizados no sítio de internet da USPAS.
Ocorreu difusão pelos meios de informação local (jornais locais, sítios de internet das câmaras
municipais e sítio da USPAS) relativo aos efeitos negativos do calor sobre a saúde e medidas de
prevenção a adotar pela comunidade.
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2.8. OUTRAS ATIVIDADES
a) Grupo Operativo Local da USPAS
O Grupo Operativo Local da USPAS é constituído por, pelo menos, um elemento de cada pólo:
- Célia Gomes (TSA)
- Eduardo Figueiredo (TSA e Gestor do Plano Saúde Sazonal da USPAS)
- José Peixoto (TSA)
- Lina Guarda (Delegada de Saúde Coordenadora)
- Marília Braz (TSA)
- Patrícia Batista (Enfª da USPAS)
b) Identificação dos estabelecimentos e rede de apoio social
Foi atualizada a listagem dos equipamentos sociais e pré-escolares. Agregou-se também um
conjunto de instituições integradas nas redes sociais municipais (ex: associações de pensionistas,
coletividades desportivas e recreativas, universidades sénior, entre outros).
c) Vigilância sanitária de estabelecimentos
Os estabelecimentos, em particular os prestadores de respostas sociais, foram vigiados no âmbito
do programa de vigilância de estabelecimentos de apoio social da USPAS. Neste contexto, além
dos aspetos estruturais e funcionais habitualmente verificados, chamou-se a atenção para a
necessidade das entidades exploradores instalarem termohigrómetros, nomeadamente nas áreas
de convívio e atividades, de modo a poderem monitorizar os parâmetros de conforto térmico.
Paralelamente, foram abordadas as medidas preventivas a implementar pela instituição para
minimizar o efeito negativo do calor e disponibilizados folhetos e cartazes.
d) Acesso aos grupos vulneráveis
Sensibilizou-se também as UCCs para, no âmbito da visitação a doentes, verificarem as condições
de habitabilidade, de conforto térmico, alimentação, hidratação e de vestuário, bem como, o
aconselhamento para a adoção de medidas para mitigar os efeitos do calor excessivo.
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Como atrás referido, os grupos vulneráveis, nomeadamente as crianças e idosos integrados em
respostas sociais ou em estabelecimentos de ensino pré-escolar, foram facilmente identificados
através da base de dados dos estabelecimentos existente na USPAS.
Consideraram-se os seguintes grupos populacionais vulneráveis:
- Crianças com idade inferior a 5 anos;
- Pessoas com idade superior a 65 anos;
- Pessoas com doenças crónicas (doenças cardíacas, respiratórias, renais, mentais, diabetes,
alcoolismo), obesidade, imunodeprimidos;
- Pessoas medicadas com anti-hipertensores, antiarrítmicos, diuréticos, antidepressivos,
neurolépticos;
- Pessoas acamadas ou com mobilidade condicionada;
- Pessoas que exercem atividades profissionais ao ar livre, desportistas;
- Residentes em habitações degradadas ou de difícil acesso, pessoas isoladas, pessoas sem-abrigo;
2.4. EXISTÊNCIA DE LISTA DOS ABRIGOS CLIMATIZADOS
A listagem dos locais de abrigo temporários foi atualizada em articulação com os serviços municipais de proteção civil.
ALCOCHETE − Pavilhões Desportivos
− Escolas
BARREIRO − S.I.R.B - Os Penicheiros
− Futebol Clube Barreirense
− Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos D. Luís Mendonça F.
− Escola Secundária Augusto Cabrita
− Escola Secundária Quinta dos Casquilhos
− Escola EB 2.3 Quinta Nova da Telha
− Clube Dramático Instrução e Recreio 31 Janeiro
− Sociedade Cultura e Recreio 1 de Agosto "Paivense"
− Escola de Fuzileiros Navais
− Grupo Desportivo Estrelas Areenses
− União Recreativa de Cultura e Desporto de Coina
− Grupo Desportivo e Recreativo de Palhais
− Junta de Freguesia de Palhais
− Grupo Dramático e Recreativo "Os Leças"
− Centro de Acção Social de Palhais
− Escola Básica do 2º e 3º ciclos Álvaro Velho
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− Pavilhão Desportivo da Quimigal
− Galitos Futebol Clube
− Igrejas
− Instalações da Asso. Reformados
− Escola Básica 1 nº4 do Barreiro
− Jardim de Infância D. Pedro V
− Escola Secundária Alfredo da Silva
− Centro Social Paroquial de Santo André
− Centro Social e Paroquial Padre Abílio Mendes
− CATICA
− Sociedade Filarmónica Agrícola Lavradiense
− Futebol Clube Beira-Mar
− Escola EB2/3 Secundária de Santo António
− Santo Antoniense Futebol Clube MOITA − Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros
− Agrupamentos Escolares / Escola Profissional da Moita
MONTIJO − Hospital Distrital do Montijo (Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE)
− Centro de Saúde de Montijo
− Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Afonseiro
− Casa do Ambiente - CMM
− Serviço Municipal de Proteção Civil - CMM
− Edifício da União de Freguesias Montijo - Afonsoeiro
− Fórum Montijo
− Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Pegões
− Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Santo Isidro
− Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Canha Quadro 1 - Lista de Locais de Abrigo Temporário nos polos do ACESAR
2.5. EVENTUAL NECESSIDADE DE ALARGAMENTO DOS HORÁRIOS DE ATENDIMENTO
Garantiu-se que durante o período coincidente com o alerta de calor extremo, em cada concelho,
funcionasse atendimento complementar das 09:00h às 15:00h. Se o número de utentes o
justificasse e em articulação prévia com o diretor executivo do ACES, este horário seria alargado –
o que não veio a acontecer.
2.6. EXISTÊNCIA DE SALAS CLIMATIZADAS NOS EDIFÍCIOS DOS ACES
Em todos os edifícios do ACES, existem salas climatizadas que oferecem o necessário conforto
térmico aos utentes.
Garantiu-se também que todas as máquinas de venda automática tinham água disponível.
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3 – ANÁLISE DO EFEITO DO CALOR SOBRE A SAÚDE
3.1 CONTEXTO METEOROLÓGICO
O verão de 2018 foi particularmente atípico Portugal continental, com o mês de julho bastante
chuvoso e o mês de agosto classificado como “extremamente quente” em relação à temperatura
do ar e “extremamente seco” em relação à precipitação.
O valor médio da temperatura média do ar foi de 24.50 °C (2.35 °C acima do valor normal). O valor
médio da temperatura máxima do ar, 32.41 °C foi o mais alto desde 1931, com uma anomalia de
+3.61 °C. O valor da temperatura mínima, 16.60 °C foi 1.10 °C acima do normal.
Referência para o período de 1 a 6 de agosto, excecionalmente quente, onde se destaca:
- A persistência de valores muito altos da temperatura média do ar, superiores a 30 °C, valores de
temperatura máxima superiores a 40 °C (dias 2 a 4) e valores da temperatura mínima superiores a
20 ° C;
- Dia 4 de agosto foi o dia mais quente do século XXI, em Portugal continental e dos 5 dias mais
quentes deste século, 4 verificaram-se nos primeiros dias de agosto de 2018;
- Valores médios da temperatura máxima (média do território continental) superiores a 40°C em
três dias consecutivos (40.1 °C, 40.9 °C e 41.6 °C, respetivamente 2, 3 e 4 de agosto), o que
confirma o carácter excecional deste episódio;
- Foram excedidos os extremos absolutos da temperatura máxima em mais de 40 % das estações e
em cerca de 25 % das estações foram ultrapassados (ou igualados) os maiores valores da
temperatura mínima;
- Ocorrência de uma onda de calor que abrangeu quase todo o território continental, com exceção
das regiões do litoral e parte do interior norte.
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Figura 1 – Evolução diária da média da temperatura em Portugal Continental no mês de Agosto de 2018
(fonte IPMA)
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Figura 2 – Extremo de temperatura máxima em Agosto de 2018 (fonte IPMA)
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Registaram-se no mês de agosto extremos de temperatura máxima muito elevados na região de
Lisboa e Vale do Tejo, abrangendo, consequentemente todo o ACES Arco Ribeirinho, com a única
estação meteorológica localizada nesta área geográfica (Pegões) a registar 46.1º C.
3.2. EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE
Nos indicadores de acesso ao Serviço Nacional de Saúde e tomando em consideração a atividade
realizada pela linha SNS 24 no respeitante à região de Lisboa e Vale do Tejo, importa ressalvar o
fim-de-semana de 7 e 8 de julho, com índice de radiação ultravioleta muito elevado, o que
justificou o maior número de encaminhamentos relacionados com a exposição solar, registado no
dia 9 de julho.
No dia 5 de agosto, nota-se um pico de encaminhamentos para a prestação de autocuidados e
para os serviços de urgência, com correspondência ao período de alerta vermelho.
Figura 3 – Atividade de prestação da linha SNS 24 – problemas por calor (fonte SNS 24)
Da análise de mortalidade, resulta uma simetria bastante notória entre a região LVT e o ACES-AR,
com um incremento significativo do número de óbitos associado aos dias de calor extremo (2 a 6
de agosto de 2018). A nível regional e comparando com séries temporais anteriores (desde 2014),
é percetível o carácter anómalo da curva de mortalidade (2018), coincidente com a onda de calor.
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Figura 4 – Evolução da mortalidade na região de LVT, verão 2014 – 2018 (fonte: SICO eVM)
Figura 5 – Evolução da mortalidade no ACESAR, verão 2018 (fonte: SICO eVM)
Numa análise a posteriori, salienta-se também a fiabilidade do Índice Alerta Ícaro na previsão do
efeito do período de calor extremo no aumento significativo da mortalidade (entretanto ocorrida).
Figura 6 – Índice Alerta Ícaro, agosto 2018 (fonte: INSA - https://app.powerbi.com)