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PERÍMETRO FLORESTAL DA SERRA DE SÃO MAMEDE, QUINTA DOS OLHOS DE ÁGUA E S. SALVADOR PLANO DE GESTÃO FLORESTAL

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PERÍMETRO FLORESTAL

DA SERRA DE SÃO MAMEDE, QUINTA DOS

OLHOS DE ÁGUA E S. SALVADOR

PLANO DE GESTÃO FLORESTAL

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

i

ABREVIATURAS

AGRIS – Medida Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Programas Operacionais

Regionais

AGRO - Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural

CITES - Comércio e Detenção de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de

Extinção

DCNFA - Departamento de Conservação da Natureza e das Florestas do Alentejo

DFCI – Defesa da Floresta Contra Incêndios

DGRF – Direcção-Geral dos Recursos Florestais

DGSFA – Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas

DSF – Direção de Serviços de Florestas

DRAAL – Direção Regional de Agricultura do Alentejo

ENF – Estratégia Nacional para as Florestas

FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

FGC – Faixas de Gestão de Combustível

FIC - Faixa de Interrupção de Combustível

FRC - Faixa de Redução de Combustível

HSS – Herdade de S. Salvador

ICN – Instituto de Conservação da Natureza

ICNF - Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas

INE – Instituto Nacional de Estatística

PAMAF – Programa para a Modernização Agrícola e Florestal

PDM – Plano Diretor Municipal

PEPAP - Programa de Estágios Profissionais na Administração Pública

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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PEOFA – Plano Especifico de Ordenamento Florestal para o Alentejo

PFSSM – Perímetro Florestal da Serra de São Mamede

PGF – Plano de Gestão Florestal

PIB – Produto Interno Bruto

PMDFCI – Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios

PNDFCI – Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios

PNPOT – Programa Nacional da Politica do Ordenamento do Território

PNSSM - Parque Natural da Serra de S. Mamede

POPNSSM – Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede

PROF – Plano Regional de Ordenamento Florestal

PROF AA – Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo

PROTA -

PSRN – Plano Sectorial da Rede Natura

QOA – Quinta de Olhos de Água

REN – Reserva Ecológica Nacional

SIC - Sítio de Importância Comunitária

SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

VAB – Valor Acrescentado Bruto

ZEC - Zona Especial de Conservação

ZPE – Zona de Proteção Especial

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 – Identificação do proprietário, da entidade gestora, da equipa técnica e

coordenação .................................................................................................................................. 2

TABELA 2 - Localização dos prédios (Fonte: Germano, 2004; PER_25000) .................................. 5

TABELA 3 – Identificação jurídica e administrativa dos prédios ................................................... 5

TABELA 4 - Distribuição do declive por classes de declive na área do Perímetro Florestal de S.

Mamede ........................................................................................................................................ 7

TABELA 5 - Distribuição do declive por classes de declive na área da Quinta dos Olhos de Água 8

TABELA 6 - Distribuição do declive por classes de declive na área de S. Salvador ....................... 8

TABELA 7 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área do Perímetro Florestal de

S. Mamede .................................................................................................................................... 8

TABELA 8 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área da Quinta dos Olhos de

Água e S. Salvador ......................................................................................................................... 9

TABELA 9 - Principais famílias de solos presentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede

..................................................................................................................................................... 13

TABELA 10 – Principais famílias de solos presentes na Quinta dos Olhos de Água e na Herdade

de São Salvador ........................................................................................................................... 14

TABELA 11 – Lista de habitats naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE que ocorrem nos

prédios ......................................................................................................................................... 20

TABELA 12 – Habitats naturais do Anexo I, suas ameaças e orientações de gestão preconizadas

nas Fichas anexas ao PSRN2000, e o seu estado de conservação e representatividade no

Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água ................................. 25

TABELA 13 – Principais espécies vegetais existentes na Quinta dos Olhos de Água .................. 27

TABELA 14 - Principais espécies vegetais encontradas no Perímetro Florestal (Roque, 2005) .. 28

TABELA 15 – Espécies RELAPE ..................................................................................................... 29

TABELA 16 - Principais espécies animais encontradas no Perímetro Florestal de S. Mamede

(Roque, 2005) .............................................................................................................................. 30

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 17 – Lista potencial de anfíbios ...................................................................................... 30

TABELA 18 – Lista potencial de répteis ....................................................................................... 31

TABELA 19 – Lista potencial das aves .......................................................................................... 32

TABELA 20 – Lista dos potenciais mamíferos terrestres ............................................................. 34

TABELA 21 – Lista de mamíferos voadores (morcegos) .............................................................. 35

TABELA 22 - Incêndios ocorridos entre 1980 e 2000 nos concelhos de Portalegre e Marvão ... 45

TABELA 23 - Incêndios ocorridos entre 2001 e 2013 nos concelhos de Portalegre e Marvão ... 46

TABELA 24 – Restrições de utilidade pública .............................................................................. 50

TABELA 25 – Classificação funcional dos espaços florestais ....................................................... 53

TABELA 26 - Objetivos específicos com base no PROF do Alto Alentejo .................................... 54

TABELA 27 – Investimentos efetuados no período de 1999 a 2011 no Perímetro Florestal de S.

Mamede ...................................................................................................................................... 62

TABELA 28 - Densidade de rede viária e divisional no PFSSM, QOA e S. Salvador ..................... 63

TABELA 29 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes no PFSSM .......... 64

TABELA 30 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes na Quinta dos

Olhos de Água ............................................................................................................................. 65

TABELA 31 - Relação dos equipamentos existentes no PFSSM e Quinta dos Olhos de Água ..... 65

TABELA 32 - Distribuição da rede divisional e pontos de água no PFSSM .................................. 66

TABELA 33 – Análise SWOT para a área em estudo .................................................................... 70

TABELA 34 – Receitas efetuadas no período de 2000 a 2011 no Perímetro Florestal de S.

Mamede e Quinta dos Olhos de Água ........................................................................................ 74

TABELA 35 - Ocupação atual do solo nas áreas de estudo ......................................................... 78

TABELA 36 - Fórmulas utilizadas no cálculo das variáveis dendrométricas (Adaptado de Roque,

2005) ........................................................................................................................................... 82

TABELA 37 – Caracterização da área florestal nos talhões do Perímetro Florestal de S. Mamede

..................................................................................................................................................... 83

TABELA 38 - Caracterização dos talhões na Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador ................ 85

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 39 - Classes de diâmetro utilizadas ................................................................................ 87

TABELA 40 - Caracterização dos talhões e das parcelas de amostragem no Perímetro Florestal

de S. Mamede ............................................................................................................................. 92

TABELA 41 - Valores do volume, biomassa e armazenamento de carbono para o Perímetro

Florestal de S. Mamede ............................................................................................................... 96

TABELA 42 - Definição de seções e séries para a área de estudo ............................................. 100

TABELA 43 - Modelos de silvicultura das áreas de estudo ........................................................ 101

TABELA 44 - Modelos de silvicultura por seção ou série .......................................................... 101

TABELA 45 - Relação das parcelas com habitats e orientações de gestão ............................... 105

TABELA 46 - Estimativa do ano de desbaste para o pinheiro-bravo no Perímetro Florestal de S.

Mamede .................................................................................................................................... 110

TABELA 47 - Plano de cortes culturais para o Pinheiro-bravo .................................................. 110

TABELA 48 - Descrição das intervenções para plantação de carvalho-negral .......................... 113

TABELA 49 - Programação das ações ........................................................................................ 120

TABELA 50 - Custo das ações de intervenção florestal ............................................................. 124

TABELA 51 - Ações para a rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível ............ 128

TABELA 52 - Custos das ações a realizar na rede de infraestruturas e faixas de gestão de

combustível ............................................................................................................................... 129

TABELA 53 - Balanço económico e financeiro ........................................................................... 130

TABELA 54 – Equivalência genérica entre os modelos de combustível do USDA Forest Service e

as formações florestais portuguesas (Fonte: Fernandes, 2009) ............................................... 138

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Localização do Perímetro Florestal de S. Mamede ...................................................... 3

Figura 2 – Implantação do Perímetro Florestal de S. Mamede em ortofotomapa digital de

2005/2006 ..................................................................................................................................... 4

Figura 3 – Localização da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador ......................................... 6

Figura 4 - Implantação da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador em ortofotomapa digital

de 2005/2006 ................................................................................................................................ 6

Figura 5 - Diagrama Ombrotérmico relativo à Estação Meteorológica de Portalegre (1971 -

2000) ........................................................................................................................................... 10

Figura 6 – Pormenor da barragem no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede .................. 15

Figura 7 – Medronheiro no talhão 14 do Perímetro Florestal de S. Mamede ............................ 27

Figura 8 – Castanheiros num talhão de pinhal-bravo ................................................................. 38

Figura 9 - Enquadramento fitoclimático de acordo com a Carta Ecológica de Pina Manique e

Albuquerque no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede .................................................... 39

Figura 10 – Distribuição dos incêndios ocorridos em 2003 ........................................................ 44

Figura 11 – Parque de antenas e marco geodésico .................................................................... 49

Figura 12 – Linha de média tensão no talhão 2 do PFSSM ......................................................... 49

Figura 13 – Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de

S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) ....................................................................................... 51

Figura 14 - Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Norte do Perímetro Florestal de S.

Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 52

Figura 15 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Norte do Perímetro Florestal de S.

Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 57

Figura 16 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S.

Mamede (Fonte: GTF de Portalegre) .......................................................................................... 58

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Figura 17 – Pormenor da criação de uma faixa de descontinuidade na Estrada que atravessa o

perímetro .................................................................................................................................... 59

Figura 18 – Plano de intervenções do projeto AGRIS no Perímetro Florestal de S. Mamede .... 60

Figura 19 – Desbastes culturais e limpeza de povoamentos na área de pinhal do PFSSM ........ 61

Figura 20 – Operações silvícolas no Talhão 6 do PFSSM, com estilhaçamento de despojos ...... 61

Figura 21 – Área social no Perímetro Florestal de S. Mamede ................................................... 64

Figura 22 – Aceiro interior no Perímetro Florestal de S. Mamede ............................................. 67

Figura 23 – Aceiro perimetral no Perímetro Florestal de S. Mamede ........................................ 67

Figura 24 – Vista parcial a oeste da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012 ......... 75

Figura 25 - Vista parcial a este da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012 ........... 76

Figura 26 - Distribuição percentual das principais espécies florestais existentes no Perímetro

Florestal de S. Mamede ............................................................................................................... 77

Figura 27 – Distribuição dos talhões no Perímetro Florestal de S. Mamede .............................. 79

Figura 28 – Aspeto de um talhão de pinhal-bravo com regeneração de castanheiro (JR) ......... 80

Figura 29 – Aspeto do talhão 6 com castanheiros (JR) ............................................................... 81

Figura 30 - Distribuição da densidade e da altura média por classe de diâmetro à altura do

peito ............................................................................................................................................ 91

Figura 31 - Parcelas de plantação de carvalho-negral .............................................................. 113

Figura 32 - Distribuição das despesas por tipologia .................................................................. 131

Figura 33 - Relação entre despesas e receitas para o período de vigência do plano ............... 132

Fotografias de João Ribeiro (JR)

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

viii

ÍNDICE

Abreviaturas i

Índice de tabelas iii

Índice de figuras vi

Índice viii

Introdução 1

A. DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO 2

1. Enquadramento social e territorial do plano 2

1.1 Caracterização do proprietário e da gestão 2

1.2 Caracterização geográfica da exploração 2

2. Caracterização biofísica 7

2.1 Relevo e Altimetria 7

2.2 Clima 9

2.3 Solos 12

2.4 Hidrografia 15

2.5 Fauna, Flora e Habitats 16

2.5.1 Habitats naturais 19

2.5.2 Flora 27

2.5.3 Fauna 29

2.5.4 Séries de vegetação 36

2.5.5 Estações florestais 38

2.6 Pragas, Doenças e Infestantes 40

2.7 Incêndios florestais, cheias e outros riscos naturais 42

2.7.1 Áreas ardidas no Perímetro Florestal de S. Mamede 42

2.7.2 Perigosidade de incêndio florestal 42

2.7.3 Infraestruturas de Defesa da Floresta contra incêndios 46

2.7.4 Erosão 47

3. Regimes legais específicos 47

3.1 Restrições de utilidade pública 48

3.2 Instrumentos de planeamento florestal 53

3.3 Instrumentos de gestão territorial 55

3.4 Outros ónus relevantes para a gestão 59

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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4. Caracterização de recursos 63

4.1 Infraestruturas florestais 63

4.1.1 Rede viária florestal 63

4.1.2 Infraestruturas associadas à gestão 63

4.1.3 Infraestruturas DFCI 66

4.1.4 Infraestruturas de apoio à gestão cinegética 68

4.1.5 Infraestruturas de apoio à silvopastorícia 68

4.1.6 Infraestruturas de apoio ao recreio e turismo 68

4.2 Caracterização socioeconómica 68

4.2.1 Função de produção 70

4.2.2 Função de proteção 70

4.2.3 Função de conservação 71

4.2.4 Função de silvopastorícia, caça e pesca 71

4.2.5 Função de enquadramento paisagístico e de recreio 71

4.2.6 Evolução histórica da gestão 71

4.2.6.1 Perímetro Florestal S. Mamede 71

4.2.6.2 Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador 75

b. MODELO DE EXPLORAÇÃO 77

1. Caracterização e objetivos da exploração 77

1.1 Caracterização dos recursos 77

1.1.1 Caracterização geral 77

1.1.2 Compartimentação da propriedade, definição e delimitação das parcelas 78

1.1.3 Componente florestal 81

1.1.3.1 Descrição sintética dos povoamentos por talhão e parcela 81

1.1.3.2 Delineamento do esquema de amostragem 86

1.1.3.3 Localização e delimitação das unidades de amostragem no terreno 86

1.1.3.4 Medições a realizar nas unidades de amostragem 87

1.1.3.5 Índices e classes de qualidade 89

1.1.3.6 Descrição parcelar 90

1.1.4 Indicadores de sustentabilidade 95

1.2 Definição dos Objetivos da exploração 98

2. Adequação ao PROF 99

2.1 Zonagem segundo as funções dominantes 99

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

x

2.2 Definição de modelos de silvicultura por unidade territorial 101

3. Programas operacionais 102

3.1 Programa de gestão da biodiversidade 102

3.1.1 Habitats naturais 102

3.2 Programa de gestão da produção lenhosa 108

3.2.1 Pinheiro-bravo 108

3.2.1.1 Plano de cortes culturais 108

3.2.1.2 Plano de cortes finais 111

3.2.2 Castanheiro 111

3.2.3 Carvalho-negral 112

3.2.4 Nogueiras 114

3.3 Aproveitamento da regeneração natural 114

3.4 Programa de gestão do aproveitamento dos recursos não lenhosos e outros serviços

associados 115

3.4.1 Programa de gestão suberícola 115

3.4.2 Pinheiro-manso 116

3.4.3 Castanheiro 116

3.4.4 Programa de gestão de outros serviços associados 116

3.5 Outras ações de beneficiação florestal 116

3.6 Programa de infraestruturas 117

3.7 Programa das Operações Silvícolas Mínimas 118

3.8 Gestão Florestal Preconizada 120

4. Balanço Económico e Financeiro Previsional 130

5. Período de revisão do plano 132

6. Bibliografia 133

Anexo 1 - Cartografia 136

Anexo 2 138

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

1

INTRODUÇÃO

A Lei de Bases da Política Florestal estabeleceu que nas matas públicas e comunitárias, bem

como nas matas privadas acima de uma dimensão a definir nos Planos Regionais de

Ordenamento Florestal (PROF), as intervenções silvícolas de qualquer natureza deveriam

realizar-se de acordo com um Plano de Gestão Florestal (PGF). Visando a produção sustentada

de bens ou serviços originados em espaços florestais, determinada por condições de natureza

económica, social e ecológica, constitui um documento auxiliar de gestão, onde se priorizarão

os diferentes objetivos, a sequência temporal e/ou espacial das operações culturais e de

exploração e a descrição ou referenciação das técnicas a aplicar e dos métodos de

regeneração, adaptados a cada um deles.

Desta forma, o PGF desempenha um papel crucial no processo de melhoria e gestão das áreas

florestais já que operacionaliza as orientações estratégicas contidas no respectivo PROF.

As áreas objeto deste Plano encontram-se sob a gestão do Departamento de Conservação da

Natureza e das Florestas do Alentejo (DCNFA) do Instituto de Conservação da Natureza e das

Florestas, I.P. (ICNF). Encontram-se ainda incluídas na área do Parque Natural de S. Mamede

(PNSSM), área protegida classificada pelo Decreto-Lei nº 121/89, de 14 de abril.

A sua elaboração representa um passo importante na incorporação de diretivas de

planeamento regional, fundamentadas em conceitos técnicos, na condução destes mesmos

espaços, acompanhando a validade do PROF do Alto Alentejo (PROF AA) para a sub-região

homogénea Serra de São Mamede, onde se inserem estes prédios, bem como de outros planos

de enquadramento regional.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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A. DOCUMENTO DE AVALIAÇÃO

1. ENQUADRAMENTO SOCIAL E TERRITORIAL DO PLANO

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROPRIETÁRIO E DA GESTÃO

TABELA 1 – Identificação do proprietário, da entidade gestora, da equipa técnica e coordenação

1.2 CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA EXPLORAÇÃO

O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede (PFSSM) localiza-se na freguesia de Reguengo,

concelho e distrito de Portalegre, distando apenas 7,5 Km daquela cidade, encontrando-se

representado nas Cartas Militares do Instituto Geográfico do Exército (IGeoE) nº 348 e nº 360.

Nas Figuras 1 e 2 podem-se identificar a Mata Norte e Matas Centro e Sul que constituem o

prédio, as quais se encontram separadas geograficamente entre si (Tabelas 2 e 3). O acesso a

esta unidade de gestão pode ser feito a sul pela estrada 517 que vem de Reguengo e a norte

pela estrada 522. Encontra-se submetido ao Regime Florestal Parcial pelo Decreto de

23/12/1911, publicado no Diário do Governo nº 1 de 2/01/1912.

A Quinta dos Olhos de Água (QOA) e o prédio São Salvador localizam-se na freguesia de São

Salvador de Aramenha, concelho de Marvão, encontrando-se representados nas Cartas

Militares nº 348 e nº 347 e 348, respetivamente (Figuras 3 e 4). O acesso à Quinta dos Olhos

de Água é feito pela estrada 521 e ao prédio S. Salvador pela estrada 359, localizando-se este

último junto à Ponte da Madalena.

Proprietário: Estado Português

Elaboração: João Rui Dias Pinto Ribeiro Colaboração: Hugo Vieira Luis Grilo João Minas (Estagiário PEPAP)

Entidade Gestora: Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.

Serviço: Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo

Representante do ICNF - DCNFA:

Contacto:

Técnico responsável pelo acompanhamento da gestão:

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Figura 1 – Localização do Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Figura 2 – Implantação do Perímetro Florestal de S. Mamede em ortofotomapa digital de 2005/2006

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 2 - Localização dos prédios (Fonte: Germano, 2004; PER_25000)

PRÉDIO NUT III DISTRITO CONCELHO FREGUESIA CARTA

MILITAR

Perímetro Florestal S. Mamede

Alto Alentejo

Portalegre

Portalegre Reguengo 348; 360

São Salvador

Marvão S. Salvador de

Aramenha

347; 348

Quinta dos Olhos de Água

348

TABELA 3 – Identificação jurídica e administrativa dos prédios

PRÉDIO REPARTIÇÃO

FINANÇAS INSCRIÇÃO MATRICIAL

ÁREA DE REGISTO (Ha)

ÁREA EFECTIVA (Ha)

Perímetro Florestal S. Mamede

Portalegre

2 B (Mata Norte) 32,925

368,70* 19 D (Mata

Centro) 323,975

8 E (Mata Sul) 11,80

São Salvador

Marvão

48 D 0,2 0,16**

Quinta dos Olhos de Água

15E, 126E, 177E 14,11 13,88**

(*) Existe um diferencial de 0,48 ha entre a área que consta do registo da Caderneta Predial e a área digitalizada (368,22 ha) para o

Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede, que poderá dever-se a pequenas incorreções de digitalização.

(**) Existe um diferencial de 0,23 ha entre a área que consta do registo da Caderneta Predial e a área digitalizada (13,88 ha) para a

Quinta dos Olhos de Água e de 0,04 ha para S. Salvador, que poderão igualmente dever-se a pequenas incorreções de

digitalização.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Figura 3 – Localização da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador

Figura 4 - Implantação da Quinta dos Olhos de Água e de S. Salvador em ortofotomapa digital de 2005/2006

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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2. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA

2.1 RELEVO E ALTIMETRIA

O Parque Natural da Serra de S. Mamede (PNSSM) engloba três zonas distintas (a serra, a

peneplanície alentejana e o patamar de Portalegre), existindo zonas de declives suaves a sul e

zonas de declives acentuados na zona de serra e em zonas encaixadas de alguns cursos de

água (Pereira, 2001). A serra de S. Mamede, com cerca de 40 km na maior dimensão de

extensão e “pouco mais de uma dezena de kilómetros de largura, na direcção perpendicular”,

“é constituída por uma parte granítica, ao sudoeste” e por “uma parte, a maior, de terrenos

ordovícicos, silúricos e devónicos” (Feio & Almeida, 1983).

Em relação à altitude o PFSSM apresenta uma variação de 500 m entre o seu ponto mais baixo

e o seu ponto mais alto (Carta Hipsométrica em Anexo 1). A Mata Norte apresenta altitudes

que variam entre 800 m e 1000 m, entre 500 m e 900 m na Mata Centro, encontrando-se

situada a Mata Sul na cota dos 500 m (Roque, 2005). De acordo com Pina Manique e

Albuquerque (1954), encontram-se presentes os níveis altimétricos Sub-Montano (400-700 m)

e Montano (700-1000 m).

A QOA apresenta uma variação de cerca de 200 metros entre o seu ponto mais baixo (530 m) e

o seu ponto mais alto (700 m); a variação existente em São Salvador é de cerca de 10 metros,

localizando-se entre as altitudes 530 m e 540 m.

A classe de declives com maior representatividade no PFSSM varia entre 16 e 25%, aos quais

correspondem riscos de erosão muito elevados. Mais de metade da área do Perímetro

apresenta declives elevados a muito elevados e, por consequência, com restrições ao uso da

mecanização (Tabela 4 e Carta de Declives em Anexo 1).

TABELA 4 - Distribuição do declive por classes de declive na área do Perímetro Florestal de S. Mamede

Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)

d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 84,30 23,0

8 d < 15 % Moderado a elevado 47,99 13,1

15 d < 25 % Elevado a muito elevado 141,48 38,5

d 25% Muito elevado 93,34 25,4

Na Quinta dos Olhos de Água os declives dominantes são inferiores a 8%, seguindo-se os

declives elevados a muito elevados (Tabela 5 e Carta de Declives em Anexo 1). Em S. Salvador

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

8

apenas se verificaram três classes de declive, sendo os declives ligeiros a moderados os

dominantes (Tabela 6).

TABELA 5 - Distribuição do declive por classes de declive na área da Quinta dos Olhos de Água

Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)

d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 6,2 44,0

8 d < 15 % Moderado a elevado 3,1 22,0

15 d < 25 % Elevado a muito elevado 4,5 31,9

d 25% Muito elevado 0,3 2,1

TABELA 6 - Distribuição do declive por classes de declive na área de S. Salvador

Declive Risco de erosão Área (ha) Distribuição (%)

d < 8 % Sem risco de erosão / Ligeiro a moderado 0,09 59,7

8 d < 15 % Moderado a elevado 0,056 36,4

15 d < 25 % Elevado a muito elevado 0,006 3,9

No que concerne à exposição, grande parte do Perímetro apresenta uma exposição orientada

para Sudoeste (39,4%). Para a sua caracterização foram consideradas várias classes de

exposição. A distribuição das classes pela área em estudo é apresentada na Tabela 7 e na Carta

de Orientações de Encosta (Anexo 1).

TABELA 7 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área do Perímetro Florestal de S. Mamede

Exposição Área (ha) Distribuição (%)

Sem exposição definida 46,13 12,6

Norte 2,84 0,8

Nordeste 13,68 3,7

Este 26,69 7,3

Sudeste 28,30 7,7

Sul 47,31 12,9

Sudoeste 144,65 39,4

Oeste 46,60 12,7

Noroeste 10,90 3,0

A distribuição das classes de orientações de encosta para a Quinta dos Olhos de Água e S.

Salvador consta da Tabela 8. Na Quinta dos Olhos de Água as exposições dominantes são as

dos quadrantes Sudoeste e Oeste. Em S. Salvador apenas estão representadas as exposições

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

9

Oeste e Noroeste, sendo a exposição Noroeste a dominante (Carta de Orientações de Encosta

em Anexo 1).

TABELA 8 - Distribuição das diferentes classes de exposição na área da Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

Prédio Exposição Área (ha) Distribuição (%)

Quinta dos Olhos de Água

Norte 1,82 12,9

Nordeste 1,22 8,6

Este 1,07 7,6

Sudeste 1,16 8,2

Sul 1,69 12,0

Sudoeste 2,77 19,6

Oeste 2,35 16,7

Noroeste 2,03 14,4

S. Salvador Oeste 0,005 3,2

Noroeste 0,149 96,8

2.2 CLIMA

A serra de São Mamede, onde está inserido o PFSSM, devido às particulares condições de

altitude, temperatura e precipitação, apresenta um clima mesomediterrânico em altitude,

enquanto a zona circundante é caracterizada por clima termomediterrânico, com menor

precipitação e temperaturas médias mais elevadas. “A Serra funciona como uma barreira de

condensação que origina níveis de precipitação e graus de humidade superiores às zonas

circundantes” (Melo & Oliveira, 2003).

Registam-se nesta zona “os valores mais baixos de temperatura e insolação e os mais elevados

de precipitação”, ficando a área do Parque Natural da Serra de S. Mamede “sujeita à açção

conjunta dos três factores de influência climática que mais se fazem sentir em Portugal: a

influência mediterrânica, a influência atlântica e a influência continental” (Pereira, 2001).

Da análise dos dados climáticos recolhidos na Estação Meteorológica de Portalegre (latitude

39˚ 17' N e longitude 7˚ 25' W a uma altitude de 597 m), reportados ao período de 1971 a

2000, verifica-se que a média da temperatura média diária anual é de 15,2˚C, sendo os meses

de Verão os que apresentam valores mais elevados, com 23,5˚C para os meses de julho e

agosto. Os valores mínimos acontecem no período de Inverno, registando-se no mês de

janeiro, em média, os valores mais baixos (8,5˚C).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

10

A média da temperatura mínima diária no mês de janeiro é de 5,7˚C e a média da temperatura

máxima diária apresenta em julho o valor mais elevado (29,8˚C). No que diz respeito aos

valores absolutos, temos como temperatura máxima 40,4˚C no mês de julho e mínima de 0,7˚C

em fevereiro.

Segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), a precipitação é o principal elemento climático

que distingue a zona de serra da restante área envolvente. Constituindo a Serra de S. Mamede

uma barreira de condensação de sentido NW-SE, a precipitação média anual para o referido

período (1971-2000) é de 852,4 mm e ocorrendo sobretudo entre os meses de outubro e

fevereiro, sendo o mês de dezembro o que regista, em média, quantitativos mais elevados

(cerca de 136,0 mm). A precipitação máxima diária regista um valor médio de 75,5 mm. Os

meses de Verão são marcados por valores reduzidos de precipitação, especialmente os meses

de julho e agosto com 7,5 e 8,5 mm de média total, respetivamente. Os quantitativos diários

atingem nos meses de julho e agosto apenas 28,7 e 20,5 mm, respetivamente.

A ocorrência de precipitação sob a forma sólida, granizo ou saraiva, regista-se, em média, em

cerca de 4,1 dias por ano. Este fenómeno é mais frequente durante o mês de abril.

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Temperatura (˚C) Precipitação (mm)

Figura 5 - Diagrama Ombrotérmico relativo à Estação Meteorológica de Portalegre (1971 - 2000)

O gráfico da Figura 5 traduz uma situação favorável à ocorrência de incêndios durante os

meses de Verão, caracterizados por apresentarem uma precipitação muito reduzida e

temperaturas bastante elevadas.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

11

A humidade relativa média anual do ar situa-se nos 71% às 9 horas UTC. De novembro a

fevereiro registam-se os maiores quantitativos pluviométricos e as temperaturas do ar mais

reduzidas tendo como consequência valores de humidade relativa do ar, em média, mais

elevados (76% - 79% às 9 horas UTC).

Os meses de Verão, mais quentes e com menor volume pluviométrico, registam menores

valores de humidade relativa, sendo os meses de julho e agosto os que apresentam, em

média, os menores valores ao início da manhã, com 59 % às 9 horas.

A evaporação média anual é de 1754,3 mm, atingindo os valores mais elevados nos meses de

julho, agosto e setembro e alcança o seu valor máximo (275,2 mm), durante o mês de julho. O

mês que regista menores valores de evaporação é o mês de dezembro, com 68,1 mm.

O vento é um fator importante pela ação mecânica que exerce sobre as plantas e pelo efeito

na propagação de muitas espécies vegetais. Por outro lado, face aos declives acentuados das

áreas de estudo, com particular destaque no Perímetro Florestal de S. Mamede, o seu

conhecimento é fundamental no ordenamento e gestão dos povoamentos existentes.

Na estação de Portalegre a velocidade média do vento anual é de 13,8 km.h-1, atingindo os

maiores valores em Dezembro e Fevereiro (15,0 km.h-1). Existem em média por ano 39,3 dias

em que a velocidade máxima instantânea do vento (rajada) é igual ou superior a 60 Km.h-1 e

4,1 dias em que é igual ou superior a 80 Km.h-1.

De acordo com as Normais Climatológicas da Região do Alentejo e Algarve de 1951 a 1980, os

ventos dominantes na estação de Portalegre sopram de Norte com 19,6% de frequência e 16,0

Km.h-1 de velocidade, de Noroeste com 18,1% e 15,1 Km.h-1 e de Oeste com 14,6%; para a

estação de Marvão os ventos predominantes são do quadrante Oeste e Noroeste, com uma

frequência de 19,3% e 23,4%, respetivamente, sendo os ventos menos frequentes os dos

quadrantes sudoeste e sul, com 4,1% e 6,9%, respetivamente.

O número médio de dias anual com nevoeiro é de 107,3, sendo os meses de dezembro (13,2

dias), janeiro (12,7 dias) e fevereiro (11,3 dias) os que registam os maiores valores. A

ocorrência de geada é relativamente diminuta, ocorrendo apenas em cerca de 4,0 dias.ano-1,

principalmente nos meses de dezembro e janeiro, em cerca de 1,2 e 1,8 dias.mês-1, o que,

segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), “podem evidenciar a boa drenagem atmosférica

que a serra possui”.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

12

De acordo com a classificação de Köppen o clima regional é temperado com inverno chuvoso e

verão seco e quente do tipo Csa, excepto nas terras altas (altitudes superiores a 800 m) onde o

verão se apresenta seco mas pouco quente e extenso do tipo Csb; pela classificação de

Thornthwaite o clima é temperado, com grande deficiência de água no verão, com pequena ou

moderada concentração térmica estival e pouco húmido (COBA, 2003).

2.3 SOLOS

O Parque Natural da Serra de S. Mamede apresenta “uma grande diversidade geológica”

(Melo & Oliveira, 2003), considerando-se a norte os xistos e grauvaques, os granitos e rochas

afins na parte central da serra e os quartzitos e calcários no maciço orográfico (ICN, s/ data).

Segundo Fernandes (1989), in Pereira (2001), a zona do Parque caracteriza-se por três zonas

distintas: “a norte predominam terrenos paleozóicos do Câmbrico constituídos por xistos e

grauvaques, na região central terrenos hercínicos constituídos por granitos e rochas afins, por

fim a Serra de S. Mamede é constituída predominantemente por terrenos paleozóicos, do

período Devónico, encaixada entre duas faixas Silúricas a Ordovicianas de xistos e grauvaques

com quartzitos e rochas carbonatadas”.

Em termos pedológicos pode afirmar-se que existem no Perímetro Florestal oito tipos

diferentes de solos que, combinados ou individualmente, formam oito manchas homogéneas

(Lourido, 1995, in Roque, 2005) (Tabela 9 e Carta de Solos em Anexo 1). Na Quinta dos Olhos

de Água identificam-se seis diferentes tipos de solos e dois em S. Salvador (Tabela 10 e Carta

de Solos em Anexo 1).

Os solos esqueléticos de xistos ou grauvaques (Ex) são incipientes e com espessura reduzida,

que normalmente não ultrapassa os 10 cm de profundidade. Os solos litólicos são solos pouco

evoluídos, de perfil AC ou ABcC, de textura arenosa e baixo teor de matéria orgânica, formados

a partir de rochas não calcárias; são solos quimicamente pobres, resultantes da meteorização

de rochas graníticas e afins, com afloramentos rochosos.

Os solos litólicos húmicos têm cores pardacentas escuras ou mesmo negra, de textura franco-

arenosa, geralmente com muitos elementos grosseiros; são solos ácidos ou fortemente ácidos

existindo na Mata Norte a fase pedregosa (Mnq e Mnx). Os solos litólicos não húmicos são

solos pouco evoluídos, de perfil AC ou ABcC, em geral de cores pardacentas, de texturas

ligeiras, estrutura pouco desenvolvida e boa ou excessiva permeabilidade. Apresentam baixos

teores de matéria orgânica, reação ácida a neutra e baixos valores da capacidade de

armazenamento e retenção para a água.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

13

TABELA 9 - Principais famílias de solos presentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede

FAMILIA DE SOLOS

TIPO MATA

Ex Litossolos de xistos ou grauvaques Norte

Ppq(p) + Px(p) + Arq

Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques +

afloramentos rochosos

Norte e Centro

Ppq(p) + Px(p)

Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques

Centro

Vqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais não calcários derivados de quartzitos e xistos não básicos

Centro e Sul

Vx Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais

não calcários derivados de xistos ou grauvaques Centro

Svqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais

não calcários de material coluviado dos solos da família Vqx

Centro

Mnq + Mnx Solos litólicos húmicos de quartzitos + Solos litólicos

húmicos de xistos ou grauvaques Norte

Mnq + Mnx + Arq

Solos litólicos húmicos de quartzitos + Solos litólicos húmicos de xistos ou grauvaques + afloramentos

rochosos Norte

Arq Afloramentos rochosos Sul

Os solos mediterrâneos vermelhos e amarelos de materiais não calcários são solos evoluídos

de perfil ABaC, que derivam de vários materiais rochosos. Os solos de material coluviado (Vqx

e Svqx) são moderadamente espessos, de texturas medianas, muito fortemente a fortemente

ácidos, com baixa capacidade produtiva. Os solos da família Vx são moderadamente espessos,

de textura média a fina, permeáveis, com moderada capacidade produtiva (COBA, 2003).

De acordo com a metodologia desenvolvida por Ferreira et al. (2001) no Plano Específico de

Ordenamento Florestal para o Alentejo (PEOFA), os solos do Perímetro Florestal de São

Mamede classificam-se em três classes de características – diagnóstico de desenvolvimento de

espécies florestais (Carta de Características diagnóstico em Anexo 1):

Afloramentos rochosos, não produtivos;

Profundidade expansível: limitação de espessura efetiva, que pode ser aumentada por

meios mecânicos;

Sem características-diagnóstico, que é a classe mais representativa

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

14

TABELA 10 – Principais famílias de solos presentes na Quinta dos Olhos de Água e na Herdade de São Salvador

FAMILIA DE SOLOS

TIPO PRÉDIO

A + Ca Aluviossolos modernos não calcários de textura mediana + Solos hidromórficos, sem horizonte eluvial, de aluviões

ou coluviais de textura mediana

Quinta dos Olhos de

Água

Ppq(p) + Px(D,p)

Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques

Pvc

Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais calcários normais de material coluviado dos

solos da família Vcc

Px(d) + Ex Solos mediterrâneos pardos de materiais não calcários normais de xistos ou grauvaques + Litossolos de xistos

ou grauvaques

Vcc + Arc

Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de materiais calcários normais de calcários cristalinos ou mármores ou rochas cristalofílicas cálcio-siliciosas +

Afloramentos rochosos de calcários ou dolomias

Vqx(p) Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos de

materiais não calcários derivados de quartzitos e xistos não básicos

Ppq(p) + Px(p)

Solos litólicos não húmicos de quartzodioritos + solos mediterrâneos pardos de xistos ou grauvaques São

Salvador

Sb(a) Coluviossolos de textura mediana

Estas características – diagnóstico foram determinadas segundo o mesmo critério do PEOFA,

ou seja, a característica – diagnóstico do complexo é a que ocupa maior área percentual. Ainda

segundo este Plano, e cruzando os dados relativos às classes de características – diagnóstico

com a zona Ibero mediterrânica, as espécies florestais aconselhadas serão o sobreiro, o

pinheiro-bravo, o carvalho-negral e o castanheiro.

Relativamente à Quinta dos Olhos de Água as classes de características-diagnóstico são:

Afloramentos rochosos, não produtivos;

Profundidade expansível, com limitação de espessura efetiva, que pode ser aumentada

por meios mecânicos;

Descontinuidade textural, sendo a existência de horizonte B argílico uma

condicionante ao desenvolvimento;

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

15

Drenagem externa, em que a condicionante ao desenvolvimento reside na potencial

acumulação de água à superfície do solo;

Sem características-diagnóstico, localizada a Noroeste

O prédio S. Salvador tem como características-diagnóstico a descontinuidade textural e a

drenagem externa (Carta de Características diagnóstico em Anexo 1).

2.4 HIDROGRAFIA

No Perímetro Florestal de S. Mamede existem diversas linhas de água localizadas na Mata

Centro, todas elas afluentes de ribeiras de maiores caudais localizadas no exterior do

Perímetro (Ribeira das Hortas, Ribeira de Arronches, Ribeira de S. Pedro) e do Rio Caia,

podendo-se considerar como temporárias.

Existem no Perímetro Florestal ainda duas barragens, tendo sido uma delas construída em

1980, com uma capacidade de armazenamento de cerca de 4200 m3, e uma outra em 1990,

com uma capacidade de armazenamento de cerca de 3000 m3, que durante os estios mais

prolongados normalmente seca. Ambas são em terra batida com descarregador lateral. (Figura

6 e Carta Hidrográfica em Anexo 1).

A Quinta dos Olhos de Água é limitada a Oeste pelo rio Sever. Todos os prédios se encontram

inseridos na bacia hidrográfica do Tejo.

Figura 6 – Pormenor da barragem no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

16

2.5 FAUNA, FLORA E HABITATS

A caracterização dos valores e recursos naturais, nomeadamente da fauna, flora e habitats

naturais, será baseada, sobretudo, em diplomas legais que destacam a importância e

relevância dos valores em presença. Serão consideradas as Convenções de Berna e Cites

(ambas na caracterização da fauna), a Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, relativa

à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens – vulgarmente designada

diretiva habitats - (na caracterização da fauna, flora e habitats), o Plano Regional de

Ordenamento Florestal aprovado e publicado pelo Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de

abril, e o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (na caracterização da fauna).

As áreas do Perímetro Florestal da Serra de São Mamede, da Quinta dos Olhos de Água e de S.

Salvador encontram-se inseridas no Parque Natural da Serra de São Mamede, Sitio da Rede

Natura 2000 PTCON0007 Serra de S. Mamede, numa região em que a expressão mediterrânica

é já manifesta.

Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio (diretiva habitats)

O artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio, relativa à preservação dos

habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, define sítio de importância comunitária (SIC)

como “sítio que, na ou nas regiões biogeográficas a que pertence, contribua de forma

significativa para manter ou restabelecer um tipo de habitat natural do anexo I ou uma espécie

do anexo II, num estado de conservação favorável, e possa também contribuir de forma

significativa para a coerência da rede Natura 2000 referida no artigo 3º e/ou contribua de

forma significativa para manter a diversidade biológica na região ou regiões biogeográficas

envolvidas.”

A Portaria n.º 829/2007, de 1 de agosto, publicou a lista de sítios de importância comunitária

que tinham sido aprovados pelas Decisões da Comissão n.ºs 2004/813/CE, de 7 de dezembro,

e 2006/613/CE, de 19 de julho. Nesta lista constam, entre outros, o Sítio de Importância

Comunitária PTCON0007 São Mamede.

Ainda de acordo com o artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, constituem habitats naturais as zonas

terrestres ou aquáticas que se distinguem por características geográficas abióticas e bióticas,

quer sejam inteiramente naturais quer seminaturais. Constituem habitats naturais de

interesse comunitário, os habitats que constam, ou podem vir a constar, do anexo I ao

referido diploma e que no território:

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

17

i) estão em perigo de desaparecimento na sua área de repartição natural,

ii) têm uma área de repartição natural reduzida devido à sua regressão ou ao facto da

respetiva área ser intrinsecamente restrita, ou

iii) constituem exemplos significativos de características próprias de uma ou mais das

nove regiões biogeográficas seguintes: alpina, atlântica, do Mar Negro, boreal,

continental, macaronésica, mediterrânica, panónica e estépica.

Podem ser considerados habitats prioritários, os tipos de habitat natural ameaçados de

desaparecimento existentes no território, por cuja conservação a Comunidade é

especialmente responsável dada a dimensão considerável da parte da área de distribuição

natural desses habitats localizada no território referido no artigo 2.º. Estes habitats naturais

são assinalados com um asterisco (*) no anexo I do referido diploma.

Define ainda como espécies de interesse comunitário as espécies que constam, ou podem vir

a constar, dos anexos II e/ou IV ou V, e que no território:

i) estão em perigo, exceto as espécies cuja área de repartição natural se situa de forma

marginal nesse território e que não estão em perigo nem são vulneráveis na área do

paleártico ocidental ou

ii) são vulneráveis, ou seja, cuja passagem à categoria das espécies em perigo se

considera provável num futuro próximo no caso de persistência dos fatores que são

causa da ameaça ou

iii) são raras, ou seja, cujas populações são de reduzida expressão e que, embora não

estejam atualmente em perigo ou não sejam vulneráveis, possam vir a sê-lo. Estas

espécies estão localizadas em áreas geográficas restritas ou espalhadas numa

superfície mais ampla ou

iv) são endémicas e requerem atenção especial devido à especificidade do seu habitat

e/ou às incidências potenciais da sua exploração no seu estado de conservação.

Podem ser consideradas espécies prioritárias, as espécies de interesse comunitário que estão

em perigo, por cuja conservação a Comunidade é especialmente responsável dada a dimensão

considerável da parte da área de distribuição natural dessa espécie localizada no território

(assinaladas com um asterisco (*) no anexo II).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

18

Os Estados-membros tomarão ainda as medidas adequadas para que a colheita e captura no

meio natural de espécimes das espécies da fauna e da flora selvagens referidos no anexo V,

bem como a sua exploração, sejam compatíveis com a sua manutenção num estado de

conservação favorável.

Esta diretiva estabelece ainda orientações e considerandos relativos a outros anexos, que dela

fazem parte integrante.

O PFSSM, a QOA e S. Salvador encontram-se integralmente inseridos no Sítio S. Mamede

(Carta de Condicionantes em Anexo 1), que se caracteriza por apresentar uma grande

diversidade de habitats, com presença do carvalho-negral, soutos e castinçais de castanheiro,

medronhais e urzais nas encostas viradas a Norte, mais frescas e húmidas, de eucalipto e

pinheiro-bravo na zona serrana e de azinheira e sobreiro, intercalados por retamais e

carrascais a Sul, pelas potencialidades de reintrodução do lince-ibérico e por uma grande

diversidade faunística. Neste Sitio inclui-se ainda a gruta mais importante do País, e uma das

mais importantes a nível europeu, de colónias de criação de morcegos cavernícolas (e.g.

morcego-de-peluche, de morcego-rato-grande e morcego-de-ferradura-pequeno).

Convenção de Berna

O Decreto n.º 95/81, de 23 de julho, aprova, para ratificação, a Convenção Relativa à Proteção

da Vida Selvagem e do Ambiente Natural na Europa. Esta Convenção tem por objetivo garantir

a conservação da flora e da fauna selvagens e dos seus habitats naturais. Dedica especial

atenção às espécies ameaçadas de extinção e vulneráveis, incluindo as espécies migradoras.

Menciona ainda no n.º1 do art.4º, que cada uma das Partes Contratantes tomará medidas

legislativas e regulamentares adequadas e necessárias à proteção dos habitats das espécies

selvagens da flora e da fauna, especialmente das que são mencionadas nos anexos I e II, e à

defesa dos habitats naturais ameaçados de extinção. Os Anexo I e II incluem os elencos de

espécies, respetivamente, da flora e da fauna, que são estritamente protegidas. O Anexo III da

Convenção de Berna inclui o elenco de espécies protegidas da fauna, sendo proibidas, salvo

licença, a sua captura, detenção e abate intencionais. Neste âmbito, a regulamentação desta

Convenção foi publicada pelo Decreto-Lei n.º 316/89, de 22 de setembro. Este diploma

estabelece as disposições legais de proteção das espécies constantes nos referidos anexos,

bem como de outros, que dela fazem parte integrante.

No PFSSM e QOA podem ocorrer diversas espécies que constam dos anexos desta Convenção.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

19

PROF AA (publicado pelo Decreto Regulamentar n.º 37/2007, de 3 de Abril)

O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo (PROF AA), cujo regulamento foi

publicado no D.R. n.º37/2007, de 3/04, art.º 9º, “assume como objectivo e promove como

prioridade a defesa e a protecção de espécies florestais que, pelo seu elevado valor económico,

patrimonial e cultural, pela sua relação com a história e cultura da região, pela raridade que

representam, bem como pela sua função de suporte de habitat, carecem de especial

protecção”. A alínea a) do art.º 9º é alusiva às espécies protegidas por legislação específica,

nomeadamente o sobreiro e a azinheira.

Decreto-Lei n.º 169/2001, de 25 de maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº

155/2004 de 30 de junho, relativo à proteção do Sobreiro e da Azinheira

Estabelece medidas em forma de disposições legais, que visam a proteção do Sobreiro e da

Azinheira, bem como dos povoamentos que constituem.

Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal

O Livro Vermelho classifica as espécies de vertebrados que utilizam o território nacional

(Peixes dulçaquícolas e migradores, Anfíbios e Répteis, Aves e Mamíferos), em função da sua

probabilidade de extinção, num dado período de tempo.

2.5.1 Habitats naturais

Na caracterização dos habitats utilizaram-se, essencialmente, a nomenclatura expressa no

Anexo I da Diretiva 92/43/CEE (Diretiva Habitats) e os critérios de identificação que constam

das fichas de habitats anexas ao Plano Sectorial da Rede Natura 2000.

Segundo os critérios de identificação e classificação dos habitats naturais que constam das

fichas dos habitats naturais, foram identificados no Perímetro Florestal de S. Mamede 6

habitats naturais dos 21 identificados para o Sítio S. Mamede. Aos 6 habitats foi ainda

adicionado 1 habitat natural (92A0) que não consta da lista de habitats desse Sítio. Assim,

constam da lista de habitats naturais do PFSSM, um total de 7 habitats naturais (Tabela 11 e

Carta dos Habitats e das espécies de flora em Anexo 1).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

20

TABELA 11 – Lista de habitats naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE que ocorrem nos prédios

HABITAT DESIGNAÇÃO LOCALIZAÇÃO

4030 Charnecas secas europeias Perímetro Florestal S. Mamede;

Quinta dos Olhos de Água

5330 Matos termomediterrânicos pré-desérticos

Perímetro Florestal S. Mamede 6310 Montados de Quercus spp. de folha perene

92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba

9260 Florestas de Castanea sativa Perímetro Florestal S. Mamede;

Quinta dos Olhos de Água

9330 Florestas de Quercus suber Perímetro Florestal S. Mamede

9340 Florestas de Quercus ilex e Quercus rotundifolia Quinta dos Olhos de Água

O habitat 9260 é o mais representativo no PFSSM, distribuindo-se atualmente por uma área

de cerca de 10,8 ha, seguido do habitat 6310 que ocupa atualmente cerca de 10,5 ha, do

habitat 4030 com cerca de 8,2 ha e do habitat 8220 com cerca de 6,5 ha. Com menor

representatividade encontram-se os habitats 5330, numa área de cerca de 1,5 ha e os habitats

9330 e 92A0, que se distribuem por uma área de cerca de 0,9 ha e de 3,2 ha, respetivamente.

Contudo, numa área muito significativa do território deste perímetro, não é possível

identificar habitats naturais.

Na Quinta dos Olhos de Água o habitat 9340, que ocorre numa área de cerca de 2,0 ha é o

mais representativo, seguido do habitat 9260, localizado numa área de cerca de 1,9 ha. Com

menor representatividade ainda se encontra o habitat 4030, localizado a nordeste do prédio

numa área de cerca de 0,5 ha.

Geralmente, cada habitat não ocorre isolado numa unidade de território de características

homogéneas. Devido a vários fatores, nomeadamente de inúmeras perturbações inerentes à

normal gestão florestal ou a pequenas ou maiores diferenciações biofísicas, os habitats

apresentam-se geralmente em mosaicos de formações vegetais. Numa unidade de paisagem

aparentemente homogénea podem inclusive ocorrer diversos estádios da sucessão ecológica.

A ficha do habitat 4030 define o subtipo 4030pt3 - Urzais, urzais-tojais e urzais-estevais

mediterrânicos não litorais, matos baixos, de elevada cobertura, pertencendo as espécies mais

frequentes às famílias das ericáceas, cistáceas e leguminosas, com composição florística

variável. Dominância ou codominância, em diferentes combinações, de Erica umbellata, E.

australis subsp. Pl., Halimium alyssoides, H. ocymoides, Pterospartum tridentatum subsp. Pl.,

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

21

Ulex airensis, U. australis subsp. welwitschianus, U. jussiaei subsp. jussiaei, U. micranthus e/ou

U. minor; pontualmente podem ser dominantes Cistus ladanifer ou Cistus populifolius

(características de Cisto-Lavanduletea). Nestes matos (urzais-estevais e tojais-estevais), no

entanto, a maior diversidade cabe sempre às características da classe Calluno-Ulicetea.

Ocorrem ainda Calluna vulgaris, Cistus monspeliensis, Cistus psilosepalus, Drosophyllum

lusitanicum, Genista triacanthus.

A ficha do habitat 5330 define o subtipo 5330pt3 – Medronhais - Matagais altos dominados

por Arbutus unedo e Erica arborea, de características pré-florestais, constituintes das orlas

naturais de bosques de Quercus suber (habitat 9330). É representado por Arbutus unedo,

Daphne gnidium, Lonicera spp., Erica arborea, tendo como espécies companheiras o Pteridium

aquilinum sbsp. aquilinum, Crataegus monogyna, Cytisus grandiflorus subsp. grandiflorus e

Cytisus multiflorus. Nos pequenos medronhais da Mata, em melhor estado de conservação,

ocorrem como co-dominantes outras espécies arbustivas, como a Phillyrea angustifolia, a

Quercus coccifera, a Rhamnus lycioides subsp. oleoides, a Pistacia lentiscus e o Asparagus sp.

Pl. Ocorrem em mosaico com o remanescente dos bosques e com matos baixos que

representam fases avançadas de degradação dos ecossistemas florestais.

A ficha do habitat 6310 define-o como sendo estruturas culturais de origem antrópica, em

parque, cuja dominância ecológica é partilhada pelo remanescente arbóreo de um antigo

bosque de sobreiros (Quercus suber) ou azinheiras (Quercus rotundifolia) e por uma pastagem

cespitosa vivaz com origem e persistência associada à pastorícia extensiva de ovinos.

Como neste Perímetro Florestal não há pastoreio, refere a ficha do habitat que se assiste ao

estabelecimento de comunidades secundárias correspondentes a etapas de recuperação

sucessional do bosque (urzais-tojais, estevais, sargaçais ou giestais), o que de fato coincide

com a realidade até que ocorra uma nova perturbação, geralmente provocada pelo corte e/ou

remoção de matos, iniciando-se de novo o processo de sucessão. É ainda referido que outras

plantas remanescentes do sub-bosque de outras etapas de substituição do bosque podem

estar pontualmente presentes (e.g. Quercus coccifera, Arbutus unedo, Asparagus sp. Pl.,

Viburnum tinus, Myrtus communis).

Na generalidade das parcelas de montado de sobro do Perímetro Florestal persistem alguns

pequenos núcleos de matagal alto correspondentes às antigas orlas do bosque (sobretudo

pequenos medronhais do habitat 5330).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

22

A ficha do habitat 9260 – Florestas de Castanea sativa define-o com formações dominadas por

Castanea sativa, quer para produção de varas, quer para produção de castanha com árvores

velhas, com estratos arbustivo e herbáceo com uma composição florística semelhante aos

bosques autóctones de Quercus pyrenaica. Andares supramediterrânico e supratemperado,

podendo atingir os andares mesomediterrânico (pontualmente) e mesotemperado.

Ombroclima sub-húmido a húmido e solos ácidos de textura diversa.

Em Portugal praticamente não existem bosques climácicos, encontrando-se a maioria dos

bosques numa condição pré-climácica. Nos bosques pré-climácicos, regra geral, as árvores são

jovens e da mesma idade, e a quantidade de lenho em decomposição e de cavidades naturais

nas árvores é escassa.

Os castinçais abandonados e os soutos antigos servem assim de habitat de substituição a uma

fauna e microflora especializada dependente dos numerosos micro-habitats associados a

árvores mortas ou envelhecidas. Os castinçais são povoamentos artificiais de Castanea sativa,

densos, explorados em talhadia e com intervenções culturais pouco significativas (corte de

varas, monda de pôlas, recolha de fruto), em que o sob-coberto e o solo não são

habitualmente sujeitos a qualquer intervenção; por outro lado, a vegetação natural potencial

das áreas atuais de implantação de castinçais corresponde maioritariamente a bosques de

Quercus pyrenaica e/ou Quercus robur.

A maioria dos castinçais não intervencionados mais antigos, são habitats florestais de fácil

recuperação, já que beneficiam de solo orgânico rico do tipo mull e em folhada abundante e,

em geral, do ambiente ecológico associado às comunidades florestais de folhosas. Acrescente-

se que, para além do valor como habitat potencial a generalidade dos castinçais possui

atualmente importância de per si como paisagem cultural.

O caso dos soutos é relativamente distinto, pois tratam-se geralmente de formações arbóreas

abertas constituídas por árvores em alto fuste e com um grau de artificialização elevado,

comparativamente aos castinçais. O sob-coberto dos soutos está geralmente sujeito a uso

agrícola ou pastoril e mobilizações regulares do solo, que inviabilizam o desenvolvimento de

um estrato arbustivo e herbáceo florestal, assim como os processos funcionalmente

associados ao meio florestal. O valor ecológico e a recuperabilidade dos soutos é menor

comparativamente aos castinçais. Os soutos poderão ser comparáveis a montados.

A ficha do habitat 9330 define-o como sendo comunidades florestais predominantemente

perenifólias, de copado denso e cerrado, dominadas pelo sobreiro. Os bosques de sobreiro

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

23

podem ser estremes ou mistos, podendo estar representadas outras árvores no estrato

arbóreo, numa percentagem inferior a 50, como o Quercus faginea subsp. broteroi, o Quercus

faginea subsp. faginea, o Quercus rotundifolia, o Quercus pyrenaica, além de outras espécies

como o Pinus pinaster, o Arbutus unedo, o Juniperus oxycedrus subsp. lagunae ou a Erica

arborea. No estrato arbustivo podem ocorrer, entre outras, Arbutus unedo, Viburnum tinus,

Myrtus communis, Phillyrea latifolia, Ruscus aculeatus.

Estes bosques produzem folhada que origina horizontes orgânicos do tipo mull florestal; as

suas orlas arbustivas naturais são muito diversificadas, sendo normalmente

matagais/medronhais/carrascais, garantindo a proteção/integridade destes bosques.

A ficha do habitat 9340 define-o como sendo comunidades predominantemente perenifólias,

de copado denso e cerrado, dominado pela Quercus rotundifolia, em povoamentos estremes

ou mistos. Podem estar representadas outras árvores no estrato arbóreo, numa percentagem

inferior a 50, como Quercus faginea subsp. broteroi, Quercus faginea subsp. faginea, Quercus

pyrenaica, Quercus suber. No estrato arbustivo podem ocorrer, entre outras, Viburnum tinus,

Osyris sp. Pl., Rhamnus oleoides subsp. Pl., Jasminum fruticans, Myrtus communis, Ruscus

aculeatus, Chamaerops humilis.

Estes bosques produzem folhada que origina horizontes orgânicos do tipo mull florestal. As

orlas arbustivas naturais destes bosques (matagais/zambujais/carrascais/giestais) são

extremamente diversificadas e garantem a proteção/integridade do bosque. Ocorre na Quinta

dos Olhos de Água em “… condições edafo-xerófitas proporcionadas pela extrema fissuração

dos maciços rochosos calcários onde se localiza; trata-se de uma comunidade finícola, basófila

da série «Lonicero-Querceto rotundifoliae sigmetum»”.

A ficha do habitat 92A0 define-o como sendo Galerias ribeirinhas mediterrânicas dominadas

por choupo, salgueiros arbóreos ou salgueiros arbustivos. De entre os sub-tipos existentes

enquadrar-se-á no 92A0pt5 - Salgueirais arbustivos de Salix salvifolia subsp. australis.

Localizam-se em leitos siliciosos de linhas de água de regime torrencial, em leitos

frequentemente secos durante o Verão. Ótimo sinecológico no andar termomediterrânico sob

ombroclima seco. Contactos mais frequentes com comunidades de Nerium oleander e

Tamarix africana (classe Nerio-Tamaricetea).

A ficha do habitat 8220 define-o como sendo afloramentos rochosos frequentemente

colonizados por comunidades rupícolas. Na área de estudo as espécies características são

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

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24

Asplenium billotii, Conopadium majus subsp. marizianum, Dianthus lusitanucus, Digitalis thapsi

e Umbilicus rupestris.

A maior diversidade florística surge associada à classe Tuberarietea guttatae que caracteriza

vegetação de terófitos pioneiros efémeros, de pequeno tamanho e de carácter xerofítico:

Anthoxanthum aristatum subsp. aristatin, Arenaria algarbiensis, Briza maxima, Hypochaeris

glabra, Logfia gallica, Micropyrum tenellum, Plantago coronopus, Rumex bucephalophorus,

Sedum arenarium, Teesdalia coronopifolia, Teesdalia nudicaulis, Vulpia bromoides, Xolanta

guttata.

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 12 – Habitats naturais do Anexo I, suas ameaças e orientações de gestão preconizadas nas Fichas anexas ao PSRN2000, e o seu estado de conservação e representatividade no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água

Código

Habitat Designação do Habitat

Correspondência

fitossociológica Ameaças (Fichas PSRN2000) Orientações de gestão (Fichas PSRN2000)

4030 Charnecas secas europeias

Ericion umbellatae

p.p.max. (classe Calluno-

Ulicetea)

Plantas invasoras, sobretudo a Acacia dealbata, A. elanoxylon e Hackea sericea

Progressão sucessional;

Aumento da severidade dos incêndios

Controle de invasoras;

Bloqueio da progressão sucessional com fogo controlado com ciclos de recorrência que evitem a acumulação excessiva de combustível;

Manutenção da pastorícia extensiva de percurso

5330

Matos

termomediterrânicos pré-

desérticos

Aliança Ericion arboreae (classe Quercetea ilicis)

Desmatação orientada para proteção contra incêndios e para a transformação em montado de áreas de sobreiro com este habitat

Pastoreio;

Incêndios florestais

Condicionar as operações de desmatação;

Condicionar a atividade pastoril na vizinhança deste habitat;

Executar medidas preventivas dos incêndios florestais para rede de vigilância, rede viária para fácil acesso de bombeiros e sapadores, instalação de pontos de água, aceiramento de faixas corta-fogo nas imediações das manchas pré-climácicas e plantação de folhosas de baixa inflamabilidade, como medida auxiliar de proteção;

Sensibilizar os gestores e proprietários florestais para a conveniência e necessidade de conservação do habitat

6310 Montados de Quercus spp.

de folha perene. Classe Poetea bulbosae.

Envelhecimento e desadensamento por ausência de regeneração, stress funcional ou disrupção do próprio sistema.

Pragas e doenças.

Arborização estreme ou em consociação com espécies estranhas ao montado (e.g. Pinus sp. pl.).

Incêndios nos montados densos.

ordenamento territorial consoante os objetivos a atingir, de acordo com as opções possíveis, e através da implementação de orientações específicas para cada opção.

combater pragas e doenças fitossanitárias

plantação do sobro ou azinho/adensamento, se julgado necessário;

seguir o Código das Boas Práticas Suberícolas (extra PSRN2000)

9260 Florestas de Castanea

sativa

Sem correspondência

fitossociológica

Doença da tinta

Cancro do castanheiro

Desenvolvimento de instrumentos financeiros de apoio à conservação deste habitat tendo em vista a manutenção da área atual de ocupação;

Combate à tinta e ao cancro do castanheiro para melhoria do grau de conservação da área de ocupação

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Código

Habitat Designação do Habitat

Correspondência

fitossociológica Ameaças (Fichas PSRN2000) Orientações de gestão (Fichas PSRN2000)

9330 Florestas de Quercus suber

Aliança Quercion broteroi,

p.p. e Aliança Querco

rotundifoliae-Oleion

sylvestris, p.p.

Alteração do uso do solo devido a expansão urbana, transformação em montado, agricultura, despejo de lixo, entulho e outros resíduos

Trânsito pedonal e de veículos

Planeamento florestal desadequado (aceiramento abusivo, “desmatação” do sub-bosque, arborização com folhosas de rápido crescimento)

Incêndios florestais

Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação, proteção da regeneração e eliminação do pastoreio;

Interditar alterações ao uso do solo na área de ocupação do habitat, com expansão agrícola e urbana e florestação com espécies de rápido crescimento;

Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio;

Remoção de exóticas;

Reforçar a fiscalização sobre a deposição de resíduos;

Condicionar o trânsito de pessoas, veículos e animais domésticos;

Manutenção do mosaico de sebes, matos, pastagens naturais

9340 Florestas de Quercus ilex e

Quercus rotundifolia

Associações Genisto hystricis-Quercetum rotundifoliae, Pyro

bourgaeanae-Quercetum rotundifoliae e Myrto communis-Quercetum

rotundifoliae

92A0 Florestas-galerias de Salix

alba e Populus alba

Salici purpureae-

Populetea nigrae p.p.

Corte de árvores dominantes;

Limpeza mecânica de linhas de água

Condicionamento ao corte de árvores;

Interdição à limpeza mecânica das linhas de água com máquinas pesadas na área de ocupação do habitat;

Limpeza manual dos silvados e extração das árvores mortas

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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2.5.2 Flora

Com base nas observações feitas durante o trabalho de campo, apresenta-se nas Tabelas 13 e

14 a vegetação existente na Quinta dos Olhos de Água e no PFSSM relativamente ao estrato

arbóreo, arbustivo e herbáceo. Em S. Salvador existem pinheiros-mansos no estrato arbóreo.

TABELA 13 – Principais espécies vegetais existentes na Quinta dos Olhos de Água

Estrato arbóreo

Quercus rotundifolia Lam Azinheira

Quercus suber L. Sobreiro

Quercus pyrenaica Willd. Carvalho-negral

Pinus pinaster Ait. Pinheiro-bravo

Castanea sativa Mill. Castanheiro

Estrato arbustivo e Herbáceo

Paeonia broteroi Rosa-albardeira

Rhamnus lycioides subsp. oleoides Espinheiro-preto

Crataegus monogyna Pilriteiro

Ruscus aculeatus Gilbardeira

Halimium umbellatum Erva-sargacinha

Halimium lasianthum (Lam.) Spach subsp. alyssoides (Lam.) Greuter

Sargaça

Figura 7 – Medronheiro no talhão 14 do Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 14 - Principais espécies vegetais encontradas no Perímetro Florestal (Roque, 2005)

Estrato Arbóreo

Nome científico Nome Vulgar

Betula celtiberica L. Bétula ou vidoeiro

Castanea sativa Mill. Castanheiro

Pinus pinaster Aiton Pinheiro-bravo

Quercus pyrenaica Willd. Carvalho-negral

Quercus suber L. Sobreiro

Cupressus arizonica Greene Cipreste-do-Arizona

Cupressus lusitanica Mill. Cedro-do-Buçaco

Estrato arbustivo e Herbáceo

Arbutus unedo L. Medronheiro

Calluna vulgaris (L.) Hull Torga

Crataegus monogyna Jacq. Pilriteiro

Cytisus sp. Giesta

Cistus monspeliensis L. Sargaço

Cistus psilosepalus Sweet -

Cistus ladanifer L. Esteva

Cistus salvifolius L. Saganho-mouro

Daphe gnidium L. Trovisco

Genista triacanthos Brot. -

Halimium ocymoides (Lam.) Willk. -

Erica arbórea L. Urze-branca

Erica australis L. Urze-vermelha

Erica umbellata Loefl. ex L. Queiró

Erica cinerea L. Urze-roxa

Lavandula stoechas subsp.

pedunculata (Mill) Samp. Ex Rozeira Rosmaninho

Rubus ulmifolius Schott Silva

Pterospartum tridentatum (L.) Willk. Carqueija

Ulex minor Roth Tojo-molar

De referir ainda as espécies RELAPE (raras, endémicas, de distribuição localizada, ameaçadas e

em perigo de extinção) constantes da Tabela 15.

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 15 – Espécies RELAPE

Espécie Caracterização

Arenaria algarbiensis Welw. Ex Willk.

Endemismo ibérico que tem como habitat preferencial pastos de terófitos em solo arenoso e pinhais abertos. Em locais perto do litoral.

Drosophyllum lusitanicum (L.) Link

Endemismo ibérico e do Norte de Marrocos, que surge em clareiras de matos (principalmente urzais), lugares secos, pinhais, e bosques

perenifólios (e.g. sobreirais abertos). Espécie estritamente calcífuga.

Fritillaria lusitanica Wikstr. var. lusitanica

Endemismo ibérico, que tem como preferências ecológicas matos xerofíticos, clareiras de matos e bosques mediterrânicos, prados abertos e

locais pedregosos e rochosos.

Hedera maderensis K. Koch ex A. Rutherf subsp.

Ibérica McAll.

Endemismo ibérico, de sítios de ambiente húmido e quente, podendo ser observado em rochas, troncos ou no solo.

Sedum arenarium Brot.(rupícola)

Endemismo ibérico com preferências por areias ácidas, fendas de rochas e taludes em substratos rochosos, charnecas e matos xerofíticos.

Narcissus bulbocodium L. (rupícola)

Espécie abrangida pelo Decreto-Lei n.º140/99 de 24 de abril, alterado pelo Decreto-lei n.º49/2005, de 24 de fevereiro (Anexo B-V), com ecologia

variável, desde matos, sítios secos e pedregosos, arrelvados temporariamente encharcados.

Narcissus pseudonarcissus L. subsp. portensis (Pugsley) A. Fern.

Espécie rara com uma população calculada em menos 2500 indivíduos nos locais estudados e conhecidos, com o maior grupo situado no alto da serra

de S. Mamede. Como principal ameaça considera-se o pastoreio e as mobilizações do solo durante a floração (Franco, 2012).

Sedum arenarium Brot. (rupícola)

Endemismo ibérico que tem como habitat preferencial pastos de terófitos em solo arenoso, fendas de rochas e taludes em substratos rochosos e

pinhais abertos.

2.5.3 Fauna

A região do Parque Natural da Serra de S. Mamede apresenta uma grande riqueza faunística,

sendo de grande interesse a nível nacional para a avifauna (Pereira, 2001).

A totalidade da área do Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede encontra-se submetida ao

Regime Cinegético Especial, inserida numa Zona de Caça Municipal (ZCM 3308-DGRF),

concessionada à Associação de Caçadores do Reguengo. Trata-se de uma zona rica em

avifauna, não só pelo número elevado de espécies existentes mas também pela raridade de

algumas espécies. A caracterização faunística que se apresenta na Tabela 16 é relativa a

observações de vestígios, e até mesmo dos próprios animais, efetuadas durante o trabalho de

campo no Perímetro Florestal.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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TABELA 16 - Principais espécies animais encontradas no Perímetro Florestal de S. Mamede (Roque, 2005)

Espécies Nome científico Nome vulgar

Aves

Columba oenas Pombo-bravo

Alectoris rufa Perdiz-comum

Streptopelia turtur Rola-brava

Turdus viscivorus Tordoveia

Sturnus vulgaris Estorninho-malhado

Elanus caeruleus Peneireiro-cinzento

Buteo buteo Águia-d’asa-redonda

Turdus philomelos Tordo-comum

Mamíferos

Mustela putorius Toirão

Lepus granatensis Lebre

Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo

Vulpes vulpes Raposa

Sus scrofa Javali

Herpestes ichneumon Sacarrabos

Meles meles Texugo

Mustela nivalis Doninha

TABELA 17 – Lista potencial de anfíbios

Nome científico Nome vulgar Estatuto de conservação

Convenções DL 140/99 Berna Bona

Pleurodeles Waltl Michahelles

Salamandra-de-costelas-salientes

LC III - -

Salamandra salamandra L.

Salamandra-de-pintas amarelas

LC III - -

Triturus boscai * Tritão-de-ventre-laranja LC III - -

Triturus marmoratus Tritão-marmorado LC III - B-IV

Alytes cisternasii* Sapo-parteiro-ibérico LC II - B-IV

Alytes obstetricans Sapo-parteiro-comum LC II - B-IV

Bufo bufo Sapo-comum LC III - -

Rana ibérica* Rã-ibérica LC II - B-IV

Rana perezi Rã-verde LC III B-V -

Endemismo ibérico

O rio Caia é um dos locais mais importantes para a conservação do saramugo (Anaecypris

hispanica), endemismo ibérico em perigo de extinção. Ocorrem no Sítio de S. Mamede a

cumba (Barbus comizo), invertebrados raros como o mexilhão-de-rio (Unio crassus) e o

lepidóptero Euphydryas aurinia, merecendo ainda referência o rato-de-cabrera (Microtus

cabrerae).

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TABELA 18 – Lista potencial de répteis

Nome científico Nome vulgar Estatuto de conservação

Convenções DL 140/99 Berna Bona

Mauremys leprosa Cágado-mediterrânico LC II - B-II/B-IV

Emys orbicularis Cágado-de-carapaça-

estriada EN II - B-II/B-IV

Blanus cinereus* Cobra-cega LC III - -

Lacerta schreiberi* Lagarto-de-água LC II - B-II/B-IV

Psammadromus algirus Lagartixa-do-mato LC III - -

Psammodromus hispanicus

Lagartixa–do-mato-ibérica

LC III - B-IV

Natrix maura Cobra-de-água-viperina LC III - -

Vipera latastei Víbora-cornuda VU II - -

Endemismo ibérico

O Sítio de S. Mamede é referido como sendo uma área de ocorrência histórica do lince-ibérico

(Lynx pardinus) mantendo características adequadas para a sua presença ou suscetíveis de

serem otimizadas, de forma a promover a recuperação da espécie ou permitir a sua

reintrodução a médio/longo prazo.

Na Tabela 19 encontra-se discriminada a lista das aves com interesse conservacionista a nível

europeu, sendo o nível 4 atribuído a espécies cujas populações mundiais estejam concentradas

na Europa (ou seja mais de 50% da sua população ou da sua área de distribuição está na

Europa) mas que tenha estatuto de conservação favorável a nível europeu e o nível 3 a

espécies cujas populações mundiais não se encontram concentradas no continente europeu

mas que têm estatuto de conservação desfavorável na Europa. No que concerne ao estatuto

de conservação em Portugal encontram-se espécies com estatuto pouco preocupante (LC) ou

quase ameaçado (NT).

A transposição da Diretiva nº 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril relativa à conservação

das aves selvagens (diretiva aves) foi feita pelo Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril, alterado

pelo Decreto-Lei nº 49/2005, de 24 de fevereiro. O Decreto-Lei nº 142/2008, de 24 de agosto

estabelece o regime jurídico da conservação da natureza e da biodiversidade.

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TABELA 19 – Lista potencial das aves

Nome científico Nome vulgar Fenologia

Estatuto de conservação

Convenções CITES

DL 140/99

Portugal SPEC Berna Bona

Milvus migrans Milhafre-preto MgRep LC 3 II II A-II A-I

Milvus milvus Milhano Res CR 4 II II A-II A-I

Circaetus gallicus

Águia-cobreira MgRep NT 3 II II A-II A-I

Accipiter nisus Gavião da

Europa Res LC - II II A-II -

Buteo buteo Águia-d’asa-

redonda Res LC - II II A-II -

Aquila pennata Águia-calçada MgRep NT 3 II II A-II A-I

Aquila fasciata Águia de Bonelli

Res EN 3 II II A-II A-I*

Alectoris rufa Perdiz-comum Res LC 2 III - - D

Gallinula chloropus

Galinha-d’água Res LC - III - - D

Columba palumbus

Pombo-torcaz Res/Vis LC 4 - - - -

Cuculus canorus Cuco-canoro MegRep LC - III - - -

Tyto alba Coruja-das-

torres

Otus scops Mocho-

d’orelhas

Athene noctua Mocho-galego

Strix aluco Coruja-do-mato

Caprimulgus ruficollis

Noitibó-de-nuca-vermelha

Apus apus Andorinhão-

preto

Merops apiaster Abelharuco MgRep LC 3 II II - -

Upupa epops Poupa MgRep/Res LC - II - - -

Picus viridis Pica-pau-verde Res LC 2 II - - -

Dendrocopus major

Pica-pau-malhado

Res LC - II - - -

Dendrocopus minor

Pica-pau-galego

Res LC -- II - - -

Galerida cristata

Cotovia-de-poupa

MgRep LC 3 III - - -

Galerida theklae Cotovia-do-

monte Res LC 3 II - - A-1

Alauda arvenses Laverca Res/vis LC 3 III - - -

Motacilla cinerea

Alvéola-cinzenta

Res/vis LC - II - - -

Motacilla alba Alvéola-branca Res/vis LC - II - - -

Troglodytes troglodytes

Carriça Res LC - II - - -

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

33

Nome científico Nome vulgar Fenologia

Estatuto de conservação

Convenções CITES

DL 140/99

Portugal SPEC Berna Bona

Erithacus rubecula

Pisco-de-peito-ruivo

Res/Vis LC 4 II II - -

Luscínia megarhynchos

Rouxinol-comum

MgRep LC 4 II II - -

Phoenicurus ochruros

Rabirruivo-preto

Res LC - II II - -

Phoenicurus phoenicurus

Rabirruivo-de-testa-branca

MgRep LC 2 II II - -

Saxícola rubicola

Cartaxo-comum

Res LC 3 II II - -

Oenanthe oenanthe

Chasco-cinzento

MP LC - II II - -

Turdus merula Melro-preto Res LC 4 III II - -

Turdus iliacus Tordo-ruivo Vis LC 4i III II - -

Turdus viscivorus

Tordoveia Res LC 4 III - -

Cettia cetti Rouxinol-bravo Res LC - II II - -

Hippolais polyglotta

Felosa-poliglota MgRep LC 4 II II - -

Sylvia undata Felosa-do-mato Res LC 2 II - -

Sylvia atricapilla Toutinegra-de-barrete-preto

Res LC 4 II II - -

Sylvia melanocephala

Toutinegra-de-cabeça -preta

Res LC 4 II II - -

Ficedula hypoleuca

Papa-moscas-preto

MP - - II II - -

Aegithalos caudatus

Chapim-rabilongo

Res LC - III - - -

Parus cristatus Chapim-de-

poupa Res LC 4 II - - -

Parus caeruleus Chapim-azul Res LC 4 II - - -

Parus major Chapim-real Res LC - II - - -

Sitta europaea Trepadeira-azul Res LC - II - - -

Certhia brachydactyla

Trepadeira-comum

Res LC 4 II - - -

Oriolus oriolus Papa-figos MgRep LC 4 II - - -

Lanius meridionalis

Picanço-real Res LC 3 II - - -

Lanius senator Picanço-

barreteiro MgRep NT 2 II - - -

Garrulus glandarius

Gaio Res LC - - - - -

Cyanopica cyanus

Pega-azul Res LC - II - - -

Pica pica Pega Res LC - - - - -

Corvus monedula

Gralha-de-nuca-cinzenta

Res LC 4 - - - -

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

34

Nome científico Nome vulgar Fenologia

Estatuto de conservação

Convenções CITES

DL 140/99

Portugal SPEC Berna Bona

Corvus corone Gralha-preta Res LC - - - - -

Corvus corax Corvo Res NT - III - - -

Sturnus vulgaris Estorninho-

malhado Vis LC - - - - D

Sturnus unicolor Estorninho-

preto Res LC 4 II - - -

Passer domesticus

Pardal-comum Res Lc - - - - -

Fringilla coelebs Tentilhão-

comum Res LC 4 III - - -

Serinus serinus Chamariz Res LC 4 II - - -

Carduelis chloris Verdilhão-

comum Res LC 4 II - - -

Carduelis carduelis

Pintassilgo Res LC - II - - -

Carduelis spinus Lugre Vis LC 4 II - - -

Carduelis cannabina

Pintarroxo-comum

Res LC 4 II - - -

Emberiza cirlus Escrevedeira-de-garganta-

preta Res LC 4 II - - -

Emberiza cia Cia Res LC 3 II - - -

Emberiza calandra

Trigueirão Res LC 4 III - - -

Fenologia: Res = residente; Vis = visitantes; MgRep = migrador reprodutor; Rep = reprodutor

TABELA 20 – Lista dos potenciais mamíferos terrestres

Nome científico Nome vulgar

Estatuto de conservação

Convenções

Portugal Berna Roma CITES DL

140/99

Erinaceus europaeus

Ouriço-cacheiro LC III - - -

Crocidura russula Musaranho-de-dentes-

brancos-grande LC III - - -

Talpa occidentalis* Toupeira LC - - - -

Oryctolagus cuniculus

Coelho-bravo NT - - - -

Arvicola sapidus Rato-de-água LC - - - -

Microtus lusitanicus

Rato-cego LC - - - -

Apodemus sylvaticus

Rato-dos-bosques LC - - - -

Rattus rattus Ratazana-preta LC - - - -

Rattus norvegicus Ratazana-castanha NA - - - -

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

35

Nome científico Nome vulgar

Estatuto de conservação

Convenções

Portugal Berna Roma CITES DL

140/99

Mus musculus Rato-caseiro LC - - - -

Mus spretus Rato-das-hortas LC - - - -

Vulpes vulpes Raposa LC - - - -

Mustela nivalis Doninha LC III - - -

Martes foina Fuinha LC III - - -

Meles meles Texugo LC III - - -

Lutra lutra Lontra LC II - A-1 B-II/B-IV

Genetta genetta Geneta LC III - - B-V

Herpestes ichneumon

Sacarrabos LC III - - B-V/D

Sus scrofa Javali LC - - - -

Cervus elaphus Veado LC III - - -

* Endemismo ibérico

O Sítio de S. Mamede inclui a gruta mais importante do país, e uma das mais importantes da

Europa, abrigando colónias de criação de morcego-de-peluche, morcego-de-ferradura-

pequeno e morcego-rato-grande (Myotis myotis); hibernam ainda, além dos dois primeiros, o

morcego-de-ferradura-mourisco (Rhinolophus mehelyi) e o morcego-de-ferradura-grande

(Rhinolophus ferrumequinum).

TABELA 21 – Lista de mamíferos voadores (morcegos)

Nome científico Nome vulgar Estatuto de ameaça

Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão LC

Pipistrellus pygmaeus Morcego-pigmeu LC

Pipistrellus kuhlii Morcego-de-Kuhl LC

Nyctalus leisleri Morcego-arborícola-pequeno DD

Nyctalus lasiopterus Morcego-arborícola-gigante DD

Eptesicus serotinus Morcego-hortelão LC

Barbastella barbastellus Morcego-negro DD

Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche VU

Rhinolophus hipposideros Morcego-de-ferradura-pequeno VU

Da prospeção efetuada (EIncA) foram detetadas as espécies de morcegos constantes da Tabela

21. Na perspetiva da gestão florestal, são os morcegos arborícolas que se abrigam

essencialmente nas cavidades das árvores, que podem facilmente serem afetados por

operações de manutenção ou exploração dos povoamentos, sobretudo em áreas de souto ou

em castanheiros velhos, ocos e dispersos, onde podem existir abrigos de criação ou

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

36

hibernação. As colónias de criação têm algumas dezenas de indivíduos, enquanto as de

hibernação formam grandes grupos. O abrigo AAF03 (Penhas do Sobral) é um edifício florestal

onde foi detetado.

No abrigo Marvão I estão inventariadas 18 espécies de morcegos, sendo que 3 têm o estatuto

de ameaça “criticamente em perigo”, uma com estatuto “em perigo” e cinco “vulnerável”,

sendo o abrigo mais importante a nível nacional e um dos mais importantes da Europa

(Palmeirim & Rodrigues, 1992; ICNB, 2010; Rainho, 1996; Rodrigues et al., 2003).

2.5.4 Séries de vegetação

O conceito de "série de vegetação" relaciona as comunidades que podem ocorrer num espaço

ecologicamente homogéneo, o que permite inferir de forma bastante aproximada a

distribuição potencial dos diferentes tipos de bosques a partir dos padrões geográficos das

comunidades subseriais arbustivas.

Em termos biogeográficos, de acordo com Costa et al. (s/ data), os prédios pertencem ao Reino

Holártico, Região Mediterrânica, Sub-região Mediterrânica Ocidental, Superprovíncia

Mediterrânica Ibero-Atlântica, Província Luso-Extremadurense, Sector Toledano-Tagano,

Subsector Oretano (Rivas-Martinez et al., 2001).

A Região Mediterrânica caracteriza-se por possuir um clima em que escasseiam as chuvas no

verão, podendo, no entanto, haver excesso de água nas outras estações. Nesta região, desde

que o clima não seja excessivamente frio (devido à altitude) ou seco, observam-se bosques e

matagais de árvores e arbustos de folhas planas, pequenas, coriáceas e persistentes

(esclerófilas), como sejam diferentes Quercíneas, como a azinheira, carrasco e sobreiro, a

aroeira (Pistacia lentiscus L.), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.), o zambujeiro (Olea europaea

L. var. sylvestris) ou o loureiro (Laurus nobilis L.).

A unidade biogeográfica de categoria inferior, possuindo um cortejo florístico específico

(característico ou diferencial) e eventualmente espécies endémicas, é o sector Toledano-

Pagano dominado por solos graníticos, xistosos e quartzíticos, que se situa no andar

mesomediterrânico seco e sub-húmido. A este sector segue-se o subsector Oretano que está

representado em Portugal pela Serra de São Mamede, situando-se esta unidade biogeográfica

num andar mesomediterrânico húmido a sub-húmido, em que os solos dominantes têm

origem granítica, xistosa e quartzítica.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

37

Ultrapassando os 1000 metros de altitude, a serra de São Mamede tem uma forte influência

climática oceânica pois não existe qualquer barreira orográfica significativa desde a serra até

ao oceano Atlântico, ficando por isso exposta aos efeitos dos ventos húmidos dominantes de

Oeste e Sudoeste. Não é, por isso, de estranhar o aparecimento de certos elementos atlânticos

(e carpetano-ibérico-leoneses mais oceânicos) na sua flora (e.g. Polygonatum odoratum (Mill.)

Druce, Quercus robur L. , Ulex minor Roth, Drosera intermedia Hayne).

A Armeria x francoi (A. Beirana x A. Transmontana), Aquilegia vulgaris L. subsp. Dichroa (Freyn)

T.E.Díaz, Castanea sativa Mill., Cytisus multiflorus (L’Hér.) Sweet, Euphorbia amygdaloides L.,

Genista falcata Brot., Halimium umbellatum (L.) Spach, Linaria triornithophora (L.) Willd.,

Luzula lactea(Link) E. Meyer, Pulmonaria longifolia (Bastard) Boreau, Quercus x neomarei,

Quercus pyrenaica Willd., Silene coutinhoi Rothm. & P. Silva, Viola kitaibeliana Schult. subsp.

machadiana são outras das espécies que caracterizam este subsector em face dos vizinhos.

Neste subsector abundam os carvalhais de Arbuto-Quercetum pyrenaicae; as orlas herbáceas

escio-húmicolas vivazes Vincetoxico-Origanetum virentis linariietosum trionithophorae, os

giestais-brancos Cytisetum multiflori-criocarpi genistetosum falcotae e o tojal Halimio

umbellati-Ulicetum minoris.

As áreas oretanas menos continentalizadas estão ocupadas pelos sobreirais do sanguisorbo-

quercetum suberis e pelas respetivas etapas de substituição: Philyreo-Arbutuetum unedonis

viburnetosum tini, Erico ausstralis-Cistetum populifolii e Halimio ocymoidis-Ericetum

umbellatae.

Ainda segundo Silva & Rogério (1956) in Fernandes (1989), a maior superfície da Serra de São

Mamede foi outrora coberta por formações vegetais pertencentes à aliança Atlântica Quercion

Ocidentale, hoje apenas representada por matas residuais de carvalho-negral. Na superfície

atlântica existem, ainda, algumas florestas de substituição, nomeadamente soutos, mais

antigos e em decadência, e povoamentos de pinheiro-bravo. O castanheiro também tem

alguma expressão nesta área, especialmente, nas encostas de exposição Nordeste, mais

húmidas e frias.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

38

Figura 8 – Castanheiros num talhão de pinhal-bravo

2.5.5 Estações florestais

De acordo com Pina Manique e Albuquerque (1954), encontram-se presentes no Perímetro

Florestal de S. Mamede os níveis altimétricos Sub-Montano (400-700 m) e Montano (700-1000

m) (Figura 9). Esta área apresenta duas zonas ecológicas:

Subatlântica x Submediterrânea (SA×SM), pertencente ao andar submontano (400 –

700 metros). Esta zona ecológica ocorre em rochas eruptivas (granito) do Silúrico

(inferior e superior) e do Devónico (inferior);

Subatlantica (SA), que pertence ao andar altimétrico Montano (700 – 1000 metros).

Estas zonas ecológicas ocorrem em formações xistosas do Devónico Inferior e talvez

também do Silúrico (Gomes, 1969).

Na zona subatlântica Gomes (1969) indica a Castanea sativa Mill. e o Quercus pyrenaica Willd.

como espécies climácicas, indígenas e adaptadas tendo o pinheiro-bravo uma expansão

importante, embora nos limites da sua tolerância. Como espécies exóticas indica, entre outras,

o Pinus nigra J. F. Arnold, o Cupressus lusitanica Mill. e a Juglans regia L.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

39

Figura 9 - Enquadramento fitoclimático de acordo com a Carta Ecológica de Pina Manique e Albuquerque no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede

A Mata Norte encontra-se na sua totalidade nesta zona ecológica bem como a área a norte da

Mata Central. Na zona Subatlântica x Submediterrânea este autor indica o Pinus pinea L. e

Pinus pinaster Aiton, a Castanea sativa Mill., o Quercus pyrenaica Willd. e Quercus suber L.

como espécies climácicas, indígenas e adaptadas. Como espécies exóticas indica, entre outras,

o Pinus nigra J. F. Arnold, o Cupressus lusitanica Mill. e a Juglans regia L. É nesta zona que se

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

40

enquadra a maior parte da área do perímetro, englobando a Mata Sul e a quase totalidade da

Mata Central.

Quanto à região Basal Submediterrânea, é a região do sobreiro, na qual também o pinheiro-

bravo tem boas condições de crescimento, com razoáveis potencialidades, nas condições de

mais elevada humidade atmosférica, e onde deve ser considerado, em algumas zonas, o

interesse do pinheiro-manso com vista à produção de fruto.

Com base no Plano Específico de Ordenamento Florestal para o Alentejo (PEOFA) foram

elaboradas Cartas de aptidão potencial para o pinheiro-bravo, sobreiro e castanheiro para o

Perímetro Florestal de S. Mamede e, além destas espécies, para a azinheira na Quinta dos

Olhos de Água e S. Salvador (Anexo 1).

Pela análise das cartas de aptidão potencial elaboradas para o PFSSM observa-se que para o

pinheiro-bravo, sobreiro e castanheiro a quase totalidade da área da Mata Sul e Centro se

encontra na referência e os talhões a Norte da Mata Centro e a Mata Norte se encontram

acima da referência para o pinheiro-bravo e castanheiro, o que demonstra maior aptidão para

a instalação destas espécies, e abaixo da referência para o sobreiro.

A Quinta dos Olhos de Água e o prédio S. Salvador encontram-se na sua totalidade

enquadradas no nível altimétrico sub-montano e na zona ecológica Subatlântica x

Submediterrânea.

Pela análise das cartas de aptidão potencial elaboradas para estes prédios observa-se que para

o pinheiro-bravo e castanheiro a área a nordeste da Quinta dos Olhos de Água e a sudoeste de

S. Salvador se encontram acima da referência, para o sobreiro na referência e abaixo da

referência para a azinheira.

De referir que são indicadas para estes prédios áreas com solos A e B que incluem igualmente

solos com capacidade C. Com efeito, foi considerado no âmbito deste estudo que “as manchas

de solo cuja capacidade de uso corresponder em mais de 60% da sua área, às capacidades de

uso C, D e/ou E, fazem parte do agrupamento «Solos de utilização florestal»” e “caso contrário

fazem parte do agrupamento «Capacidade de uso A e B» “ (Ferreira et al., 2001)

2.6 PRAGAS, DOENÇAS E INFESTANTES

O Perímetro Florestal de S. Mamede, bem como a Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador,

situam-se na denominada Zona de Restrição (ZR) do nemátodo da madeira do pinheiro (NMP).

Este nemátodo, Bursaphelenchus xylophilus (Steiner & Bührer) Nickle et al é o causador da

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

41

doença da murchidão dos pinheiros e demonstrou noutras regiões do globo (Japão, China,

Coreia e Taiwan) ter um elevado potencial destrutivo para a floresta de coníferas, tendo sido

detetado em Portugal em Maio de 1999 em pinhais da região de Setúbal. Trata-se de um

organismo listado como organismo de quarentena para a União Europeia (Decreto-Lei n.º

154/2005, de 6 de setembro, republicado pelo Decreto-Lei nº 243/2009, de 17 de setembro).

O nemátodo é transportado por um inseto vetor, que em Portugal é o denominado

Longicórnio-do-pinheiro (Monochamus galloprovincialis), podendo este transporte ocorrer

nas traqueias ou sob os élitros do inseto, estando associado a árvores em declínio. No

entanto, também pode infetar árvores sãs aquando do denominado pasto de maturação.

Trata-se de um inseto com um ciclo de vida de uma só geração, estando a dispersão da

doença, em condições naturais, limitada ao seu período de voo, que ocorre entre a primavera

e o verão, considerando-se em termos de legislação em vigor entre 1 de abril e 31 de outubro.

O Decreto-Lei nº 95/2011, de 8 de agosto, estabeleceu medidas extraordinárias de proteção

fitossanitária, salientando-se o estabelecimento da obrigatoriedade de registo de todos os

operadores económicos envolvidos na exploração florestal de coníferas, tendo também

estabelecido exigências específicas relativas ao abate, circulação e armazenamento de

coníferas hospedeiras.

Assim, as práticas de silvicultura relativas às coníferas hospedeiras do NMP, árvores dos

géneros Abies Mill. (abetos), Cedrus Trew (cedros), Larix Mill (larix), Picea A. Dietr (piceas ou

espruces), Pinus L. (pinheiros), Pseudotsuga Carr. (falsas tsugas), e Tsuga Carr. (tsugas), devem-

se adequar à prevenção e combate desta doença, nomeadamente tendo em atenção a época

de voo do inseto-vetor e eliminação de sobrantes.

Como é referido no Relatório elaborado pelo ICNF no âmbito da Estratégia Nacional de

Adaptação às Alterações Climáticas, é expectável que o aumento da temperatura e a

diminuição da precipitação estival tenham efeitos favoráveis sobre a atividade do inseto vetor

do nemátodo.

Foi detetada a presença de processionária do pinheiro, Thaumetopoea pityocampa. É um

inseto desfolhador sendo os ataques grandemente influenciados pelas condições

meteorológicas. Deverá manter-se uma monitorização constante e, caso seja necessário,

proceder ao seu combate para minimizar os possíveis danos causados.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

42

Os meios de controlo podem ser microbiológicos, com aplicação de substâncias à base de

Bacillus thuringiensis no início do Outono, entre setembro e outubro, com reguladores de

crescimento pela utilização de inseticidas à base de diflubenzurão, antes da formação do ninho

no Inverno (finais de outubro, inícios de novembro), com tratamentos mecânicos e pela

captura das lagartas com cintas adesivas. Os meios biotécnicos passam pela utilização de

armadilhas iscadas com feromonas sexuais para a captura de machos.

Existem áreas com a presença de infestantes, acácias, sendo necessário prever medidas de

controlo e erradicação.

2.7 INCÊNDIOS FLORESTAIS, CHEIAS E OUTROS RISCOS NATURAIS

2.7.1 Áreas ardidas no Perímetro Florestal de S. Mamede

Uma pequena área do PFSSM foi percorrida por um incêndio. Não há registos de terem

ocorrido incêndios nos restantes prédios.

2.7.2 Perigosidade de incêndio florestal

O perigo ou perigosidade de incêndio, segundo a terminologia da FAO, é entendido como o

comportamento potencial do fogo, ou seja, as suas características de propagação (velocidade,

dimensão das chamas, intensidade energética), estando o perigo de incêndio associado à

dificuldade de combate e aos danos causados (Fernandes, 2006). De acordo com a

metodologia de elaboração de cartografia de risco de incêndio ao nível municipal do ICNF

haveria a necessidade de elaborar um mapa da perigosidade, entendida como o resultado do

cruzamento entre a probabilidade de ocorrência de fogo e a suscetibilidade do território para

a ocorrência de um fenómeno danoso, e um mapa do risco de incêndio, produto da

perigosidade pelo dano potencial. O dano potencial resulta por sua vez do produto do valor

económico pela vulnerabilidade.

Como refere Fernandes (2006) o perigo de incêndio associado a uma determinada mancha

florestal é dinâmico, variando em função das condições meteorológicas, resumindo-se a

classificação do perigo em função do combustível e do declive do terreno. Embora o conceito

de perigo de incêndio abranja o conceito de risco e vulnerabilidade, está particularmente

associado aos fatores variáveis, como é o caso das condições meteorológicas (Viegas, 2002, in

Roque, 2005).

Os modelos de combustível definem o arranjo espacial da vegetação, caracterizando a sua

combustibilidade (Anexo 2).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

43

A perigosidade divide-se em duas componentes: no tempo, por via da probabilidade1 calculada

com base num histórico ou período de retorno, e no espaço, por via da suscetibilidade de um

território ao fenómeno tratado.

Para a componente suscetibilidade2 admitem-se neste modelo duas variáveis: área florestal e

declive. Para o cálculo da perigosidade o fator área florestal contribui na proporção da

combustibilidade que cada ocupação/formação vegetal representa perante o fogo; o declive

modifica a suscetibilidade do território. No caso dos incêndios florestais o declive potencia o

efeito destruidor e acelera a propagação.

De acordo com a Carta de Risco de Incêndio existente para o País, o risco para o Concelho de

Portalegre é elevado e muito elevado (DGRF, 2005). Fazendo uma apreciação geral do número

de ignições neste concelho, verifica-se que o seu número tem diminuído ao longo do período

1995-2005 e a partir de 1998 tem oscilado entre as 39 e 45 ocorrências anuais.

No período de 1980 - 2000 o número total de ignições no concelho de Portalegre foi de 336 e

no concelho de Marvão de 38. Relativamente às áreas ardidas para igual período foram de

669,5 ha, dos quais 381,7 ha de povoamentos florestais e 287,8 ha de matos para o concelho

de Portalegre; para o concelho de Marvão foram de 224,4 ha, dos quais 45,5 ha de

povoamentos florestais e 178,9 ha de matos.

Para o período de 2001 a 2005 o número total de ocorrências no concelho de Marvão foi de

51, correspondendo a um total de 4336 ha de área ardida em espaços florestais (1878,7 ha de

povoamentos e 2457,3 ha de matos); no concelho de Portalegre para igual período o número

de ocorrências foi de 55, correspondendo a um total de 5509,7 ha de área ardida em espaços

florestais (3887,5 ha de povoamentos e 1622,2 ha de matos) (Tabela 22).

O ano de 2003 foi o que apresentou a maior área ardida no concelho de Portalegre (5141 ha

de espaços florestais), sendo 3527 ha de povoamentos e 1614 ha de matos para um total de

13 incêndios. Relativamente ao concelho a maior área ardida foi registada neste ano na

freguesia de Alegrete onde duas ocorrências corresponderam a uma área ardida de 4992,3 ha

de espaços florestais.

1 É a verosimilhança de ocorrência anual de um incêndio em determinado local. Para este cálculo atender-se-á ao histórico de

ocorrências em cada local (pixel), assumindo que quando se verifique apenas uma ocorrência no histórico analisado em

determinado local trata-se de um fenómeno sem recorrência sendo classificado a par de nenhuma ocorrência (valor 1)

2 Define a perigosidade no espaço, definindo o potencial de severidade do fogo em determinado local.

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

44

Figura 10 – Distribuição dos incêndios ocorridos em 2003

Para o período de 2006 a 2013 o número total de ocorrências no concelho de Marvão foi de

87, correspondendo a um total de 75,2 ha de área ardida em espaços florestais (34,5 ha de

povoamentos e 40,7 ha de matos); no concelho de Portalegre para igual período o número de

ocorrências foi de 182, correspondendo a um total de 139,9 ha de área ardida em espaços

florestais (112,5 ha de povoamentos e 27,4 ha de matos) (Tabela 23). Na freguesia de S.

Salvador de Aramenha o número de ocorrências, relativamente ao concelho, é de cerca de

metade, correspondendo a 1/3 da área total ardida no concelho.

Para além da avaliação através da Carta, o risco de incêndio vai ser avaliado a uma escala local

de acordo com o que foi encontrado, ou seja, em termos de ocupação de solo. A área do

Perímetro Florestal apresenta sérios riscos de deflagração e propagação de incêndios, devido

ao tipo de ocupação florestal: 75% da área é constituída por pinheiro-bravo, espécie de alta

inflamabilidade, associado ao estado dos povoamentos que se encontram com vegetação

espontânea no sob coberto bem como densidades excessivas em alguns talhões (Silva, 2002).

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45

TABELA 22 - Incêndios ocorridos entre 1980 e 2000 nos concelhos de Portalegre e Marvão

ANO

PORTALEGRE MARVÃO

Nº Área (ha)

Nº Área (ha)

Povoamento Matos Total Povoamento Matos Total

1980 1 0,0 0,1 0,1 0 0 0 0

1981 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1982 10 0,5 15,6 16,1 0 0 0 0

1983 5 11,6 3,0 14,6 1 0,0 1,0 1,0

1984 42 104,7 0,0 104,7 0 0 0 0

1985 65 51,9 57,4 109,3 3 0,0 1,4 1,4

1986 50 168,5 123,3 291,8 1 0,0 11,0 11,0

1987 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1988 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1989 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1990 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1991 0 0,0 0,0 0,0 0 0 0 0

1992 9 10,9 5,67 15,7 3 3,5 62,0 65,5

1993 7 0,07 3,05 3,12 4 32,5 73,0 105,5

1994 43 6,4 11,6 18,0 2 0 0 0

1995 29 2,2 6,07 8,27 5 2,0 2,0 4,0

1996 14 0,0 31,21 31,21 0 0 0 0

1997 33 15,23 7,76 22,99 5 2,0 0,5 2,5

1998 9 0,0 2,0 2,0 2 1,0 0,0 1,0

1999 6 0,0 9,0 9,0 7 4,5 10,0 14,5

2000 13 10,5 12,0 22,5 5 0,0 18,0 18,0

Total 336 381,7 287,8 669,5 38 45,5 178,9 224,4

(Fonte : http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/inc/estat-sgif, consulta em 25-09-2014)

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

46

TABELA 23 - Incêndios ocorridos entre 2001 e 2013 nos concelhos de Portalegre e Marvão

ANO

PORTALEGRE MARVÃO

Nº Área (ha)

Nº Área (ha)

Povoamento Matos Total Povoamento Matos Total

2001 10 154,7 1,7 156,4 9 0,5 15,0 15,5

2002 12 3,0 5,0 8,0 5 0,5 1,1 1,6

2003 13 3527,1 1614,0 5141,1 18 1800,0 2420,5 4220,5

2004 7 161,5 0,0 161,5 4 0,0 15,0 15,0

2005 13 41,2 1,5 41,2 15 77,7 5,8 83,5

2006 8 2,8 2,9 5,7 10 4,4 1,0 5,4

2007 17 3,0 10,6 13,6 1 0,0 0,0 0,0

2008 18 1,0 2,4 3,4 8 7,2 4,6 11,8

2009 16 0,3 1,9 2,2 12 0,4 10,6 11,0

2010 11 100,2 3,7 103,9 12 20,4 14,0 34,4

2011 40 0,3 2,1 2,4 17 0,5 4,5 5,0

2012 54 4,7 3,4 8,1 17 1,6 5,9 7,5

2013 18 0,2 0,4 0,6 10 0,05 0,07 0,1

Total 125 3994,8 1643,7 5637 94 1911,1 2487,6 4398,7

(Fonte : http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/inc/estat-sgif, consulta em 25-09-2014)

2.7.3 Infraestruturas de Defesa da Floresta contra incêndios

O Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI) tem como principal

objetivo a identificação dos riscos e ameaças que os incêndios florestais podem representar

para as populações e património do concelho e a conceção de um programa coerente de

medidas preventivas e mitigadoras deste tipo de ocorrências.

As Redes de Defesa da Floresta Contra Incêndios (RDFCI) integram as Redes de Faixas de

Gestão de Combustível, os mosaicos de parcelas de gestão de combustível, a rede viária

florestal, a rede de pontos de água, a rede de vigilância e deteção de incêndios e a rede de

infraestruturas de apoio ao combate.

As faixas de gestão de combustível (FGC) constituem redes primárias, secundárias e terciárias,

sendo as redes primárias de interesse distrital, as redes secundárias de interesse municipal ou

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

47

local e as terciárias de interesse local. As redes terciárias são definidas no âmbito dos

instrumentos de gestão florestal.

O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede é abrangido pela Rede Primária de Faixas de

Gestão de Combustível no PMDFCI. Existe ainda a rede secundária constituída pela linha de

transporte de energia de média tensão, pela rede viária e pela envolvente das infraestruturas

existentes. A rede terciária engloba a rede divisional.

Na Quinta dos Olhos de Água a rede secundária engloba a linha de transporte de energia de

média tensão e as infraestruturas existentes e a rede terciária a rede divisional e os caminhos

existentes; em S. Salvador apenas se considera a linha de transporte de energia de média

tensão na rede secundária.

No Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede encontra-se localizado um posto de vigia,

situado no limite da Mata Norte, junto ao pico da Serra de S. Mamede, a 1080 m de altitude,

que cobre a totalidade do Perímetro. Este posto cruza com a Torre da Sierra de La Paja

(Espanha), com a Torre de S. Miguel a 460 metros em Nisa e Alter Pedroso a 413 metros.

2.7.4 Erosão

O Perímetro Florestal de S. Mamede e a Quinta dos Olhos de Água localizam-se em solos com

grandes riscos de erosão, sendo importante a manutenção do coberto florestal pelo que as

ações de controlo de vegetação deverão ser efetuadas de forma a minimizar os riscos.

No Perímetro Florestal de S. Mamede e na Quinta dos Olhos de Água a maior parte da área

enquadra-se na classe das cabeceiras de linhas de água + áreas com risco de erosão (CAB +

ERO), sendo as restantes classes identificadas no Perímetro Florestal as áreas com riscos de

erosão (ERO) e as áreas das cabeceiras de linhas de água (CAB). Na Quinta dos Olhos de Água

foram ainda identificadas as classes “Zonas ameaçadas pelas cheias” (CHE) e “áreas de máxima

infiltração” (AMI).

3. REGIMES LEGAIS ESPECÍFICOS

O Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede, a Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador estão

inseridos no Plano Regional de Ordenamento Florestal do Alto Alentejo (PROF AA) e no Plano

Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN 2000), encontrando-se o PFSSM no Plano Diretor

Municipal (PDM) de Portalegre e os restantes prédios no Plano Diretor Municipal de Marvão,

cujas diretrizes são relevantes para a sua gestão.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

48

3.1 RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA

O Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN 2000) prevê o estabelecimento de uma rede

ecológica para o espaço comunitário resultante da aplicação das Diretiva Aves e Habitats e tem

por objetivo “contribuir para assegurar a biodiversidade através da conservação dos habitats

naturais e da fauna e da flora selvagens no território europeu dos Estados-membros em que o

Tratado é aplicável”.

As Diretivas Aves e Habitats estão harmonizadas e transpostas para o direito nacional pelo

Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com a redação que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n.º

49/2005, de 24 de fevereiro, que define os procedimentos a adotar em Portugal para a sua

aplicação. Nos termos da referida legislação, a Rede Natura 2000 em Portugal Continental é

atualmente composta por Sítios (ZEC) e Zonas de Proteção Especial (ZPE). Estes prédios

encontram-se inseridos em área classificada da Rede Natura (Parque Natural da Serra de São

Mamede).

A discriminação das servidões e restrições presentes, na totalidade ou em parte da Unidade de

Gestão, com indicação dos povoamentos afetados e da tipologia das restrições, da Reserva

Ecológica Nacional (REN) dos municípios de Portalegre, encontra-se na Carta de

Condicionantes do Plano Diretor Municipal de Portalegre, aprovada pela Resolução do

Conselho de Ministros n.º 41/96, de 16 de abril, e alterada pela Resolução do Conselho de

Ministros n.º 97/2004, de 21 de julho, e de Marvão, publicado na Resolução de Conselho de

Ministros nº 74/94, de 18 de agosto, alterado pela Resolução do Conselho de Ministros nº

6/2001, de 25 de janeiro e alterado por adaptação ao PROTA, publicada pelo Aviso nº

25823/2010 no Diário da República, II Série de 10 de dezembro (Tabela 23). Pelo Aviso nº

4689/2012, publicado no Diário da República, 2ª série, nº 62, de 27 de março, foi alterado o

PDM de Marvão.

As infraestruturas no interior da área do Perímetro Florestal, tais como antenas de

comunicação, localizadas preferencialmente junto ao pico da serra de São Mamede, têm vindo

a ser colocadas ao longo do tempo por diversas entidades, sendo de referir uma antena de

emissão da RTP, antena da Rádio Portalegre e retransmissor de S. Mamede da Portugal

Telecom (Figura 11). Foram recentemente instalados três aerogeradores.

É ainda de referir a existência de um marco geodésico e de uma linha de transporte de energia

de média tensão pertencente ao Centro de Distribuição de Portalegre - Eletricidade de Lisboa e

Vale do Tejo com 149 metros de extensão (Tabela 23 e Figura 12).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

49

Figura 11 – Parque de antenas e marco geodésico

Figura 12 – Linha de média tensão no talhão 2 do PFSSM

Na Quinta dos Olhos de Água existe uma linha de transporte de energia de média tensão e um

posto de distribuição. Em S. Salvador existe igualmente uma linha de média tensão. Não

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

50

existem sítios arqueológicos identificados nestes prédios. Pela análise da Tabela 23 e das

Figuras 13 e 14 poderemos verificar que a quase totalidade do Perímetro Florestal se encontra

inserido em área de Reserva Ecológica Nacional (REN).

TABELA 24 – Restrições de utilidade pública

RESTRIÇÕES PRÉDIO

SUPERFICIE AFECTADA ENQUADRAMENTO

LEGAL TITULAR

% Ha/Km

Área classificada

Perímetro Florestal S. Mamede

100,0 ha Resolução do Conselho de Ministros

n.º77/2005 de 21 de março.

Estado Quinta de Olhos de Água

100,0 ha

S. Salvador 100,0 ha

REN

Perímetro Florestal S. Mamede

90,8 334,3 ha

Declaração n.º 324 -A/2007, publicada no Diário da República,

2.ª série, n.º 227, de 26 de novembro de 2007.

Estado

Quinta de Olhos de Água

55,5 7,83 Resolução de Conselho

de Ministros n.º70/1994 de 18 de

agosto.

Estado

S. Salvador 100,0 0,2 ha Estado

RAN

Quinta de Olhos de Água

Estado

S. Salvador 100,0 0,2 ha Estado

Linha de média tensão

Perímetro Florestal S. Mamede

- 0,96 ha -

PT/EDP Quinta dos Olhos de Água

- 0,31 Km -

São Salvador - - -

Antenas e marco geodésico

Perímetro Florestal S. Mamede

- - - PT/ EDP/ Rádio

Portalegre

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

51

Figura 13 – Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

52

Figura 14 - Extrato da Carta de Condicionantes da Mata Norte do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

53

3.2 INSTRUMENTOS DE PLANEAMENTO FLORESTAL

No âmbito do PROF AA o Perímetro Florestal, para além da função de produção, oferece uma

possibilidade de transformação da ocupação florestal para uma floresta que cumpra novas

funcionalidades, nomeadamente ambientais e recreativas, próprias de espaços florestais

inseridos numa região com elevado interesse paisagístico como o Parque Natural da Serra de

São Mamede, integrado no Sítio de São Mamede da Lista Nacional de Sítios, localizados na

vizinhança de aglomerados populacionais importantes, como é Portalegre.

Os prédios estão inseridos na sub-região homogénea Serra de São Mamede, que atualmente

representa um elevado potencial de recreio e lazer, bem como um potencial produtivo

lenhoso e bastante diversificado – carvalho-negral, castanheiro, pinheiro-bravo e sobreiro,

manifestando por outro lado, boas potencialidades para a produção de produtos não

lenhosos, nomeadamente a cortiça, o mel e a castanha. A existência nesta região de habitats

florestais incluídos no Sítio de São Mamede, como a vegetação ripícola herbácea e arbórea de

elevado valor, carvalhais de Quercus pyrenaica entre outros, conferem-lhe simultaneamente

um elevado valor florístico.

TABELA 25 – Classificação funcional dos espaços florestais

FUNÇÕES DEFINIÇÃO

1ª Conservação dos habitats de espécies da

fauna e da flora

Contribuição dos espaços florestais para a manutenção das diversidades biológica e genética e de geomonumentos. Engloba como sub-funções principais a conservação

de habitats classificados, de espécies da flora e fauna protegida, de geomonumentos e de recursos genéticos

2ª Produção

Contribuição dos espaços florestais para o bem-estar material das sociedades rurais e urbanas. Engloba como sub-funções principais a produção de madeira, de cortiça,

de biomassa para energia, de frutos e sementes e de outros materiais vegetais e orgânicos

3ª Recreio, Enquadramento e

Estética da Paisagem

Contribuição dos espaços florestais para o bem-estar físico, psíquico, espiritual e social dos cidadãos. Engloba como sub-funções principais o enquadramento dos aglomerados urbanos e monumentos, de empreendimentos turísticos no espaço rural e turismo da natureza, de usos especiais e de infraestruturas, o recreio e a

conservação de paisagens notáveis.

O aproveitamento destas potencialidades em alguns locais, onde existem declives elevados e

se verificam valores de risco de erosão médio a elevado, deve ter em linha de conta as normas

de intervenção nos espaços florestais com função de proteção do solo e contra a erosão

hídrica, onde estas questões são mais pertinentes. Consequentemente, a importância destas

potencialidades e condicionantes reflete-se na hierarquização de funções, como a conservação

de habitat, de espécies da fauna e da flora, de produção e de recreio, enquadramento e

estética da paisagem.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

54

TABELA 26 - Objetivos específicos com base no PROF do Alto Alentejo

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Adequar a gestão dos espaços florestais aos objetivos de conservação dos habitats, de fauna e da flora classificados

Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão, nomeadamente nas zonas incluídas nas vertentes das Ribeiras de Arronches e Soverete

Controlar e mitigar os processos associados à desertificação

Promover a produção de produtos não-lenhosos, nomeadamente o pinhão, os cogumelos e as ervas aromáticas, medicinais e condimentares.

Adequar os espaços florestais à crescente procura de atividades de recreio e de espaços de interesse paisagístico.

Definir as zonas com bom potencial para o desenvolvimento de atividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas identificadas.

Dotar as zonas prioritárias para recreio e com interesse paisagístico com infraestruturas de apoio.

Aplicar os planos de gestão aos espaços florestais sob gestão da administração pública

Recuperar a área arborizada bem como a diversidade de espécies nos espaços florestais, de acordo com o seu potencial produtivo

Aumentar a atividade associada à caça

Aumentar o conhecimento do potencial cinegético da região

Aumentar o número de áreas com gestão efetiva e a rendibilidade da atividade cinegética

Aumentar o nível de formação dos responsáveis pela gestão de zonas de caça

Aumentar o nível de gestão dos recursos apícolas e o conhecimento sobre atividade apícola e integrar a atividade na cadeia de produção de produtos certificados

Reduzir a continuidade horizontal da vegetação para minimizar a propagação do fogo

Criar incentivos à fixação da população

A concretização de uma série de medidas, enquadradas nos eixos estratégicos, como o

aumento da resiliência do território aos incêndios florestais, redução da incidência dos

incêndios, melhoria da eficácia do ataque e da gestão dos incêndios, recuperação e

reabilitação dos ecossistemas e das comunidades, adaptação de uma estrutura orgânica

funcional e eficaz, são o suporte de uma política sustentada de Defesa da Floresta Contra

Incêndios (DFCI), operacionalizada através de um Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra

Incêndios (PNDFCI).

Refira-se ainda que de acordo com a Portaria n.º 1056/2004, de 19 de agosto, a zona 18 que

abrange parcialmente o concelho de Portalegre (freguesias de Carreiras, Ribeira de Nisa, S.

Lourenço, Sé, Reguengo e Alegrete), incluindo o PFSSM bem como parte do Parque Natural da

Serra de S. Mamede, foi definida como zona crítica onde se reconhece ser prioritária a

aplicação de medidas mais rigorosas de defesa da floresta contra incêndios face ao risco de

incêndio que apresentam e em função do seu valor económico, social e ecológico.

O PNDFCI tem como objetivo a definição de uma estratégia para a promoção de uma gestão

dinâmica do espaço florestal criando condições para a minimização dos riscos. Com a sua

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

55

aprovação foi criada a figura do PMDFCI como elemento de operacionalização. Ao nível da

organização dos povoamentos e ainda no âmbito do PROF AA, foram definidas áreas máximas

contínuas (50 ha) que limitam o seu desenvolvimento em extensão, refletindo as

preocupações ao nível da defesa da floresta contra incêndios e de equilíbrio no

desenvolvimento dos diferentes tipos de povoamentos e estética da paisagem.

De referir que o Perímetro Florestal de S. Mamede é atravessado por um corredor ecológico,

faixa que tem por objetivo promover a conexão entre áreas florestais dispersas, favorecendo o

intercâmbio genético, essencial para a manutenção da biodiversidade.

3.3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

O Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo (PROTA), que visa o

estabelecimento de uma visão integrada deste território e define um modelo de organização

territorial, encontra-se aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros nº 53/10, de 2 de

agosto. Incorpora as estratégias, políticas, programas e planos de índole nacional com

incidência territorial (e.g. a Estratégia Nacional para as Florestas, a Estratégia Nacional de

Conservação da Natureza e Biodiversidade, Plano Nacional para as Alterações Climáticas, Plano

Sectorial da Rede Natura 2000, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e o

Plano Nacional da Água).

A Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), define seis linhas estratégicas para a floresta

nacional:

1) Minimização dos riscos de incêndio (aproveitamento da biomassa florestal para a produção

de energia) e agentes bióticos;

2) Especialização do território;

3) Melhoria da produtividade através da gestão florestal sustentável;

4) Redução dos riscos de mercado e aumento do valor dos produtos;

5) Melhoria geral da eficiência e competitividade do sector;

6) Racionalização e simplificação dos instrumentos de política.

De acordo com o PDM de Portalegre, é necessário manter a função da zona verde natural nas

encostas da serra de S. Mamede. Este instrumento de ordenamento assume algumas das

“Orientações Estratégicas para a recuperação das áreas ardidas em 2003 e 2004”, definidas

pelo Conselho Nacional de Reflorestação em Junho de 2005, designadamente quanto à

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

56

alteração dos povoamentos, à utilização de espécies não indígenas para operações de

reflorestação, à proteção das habitações e na criação da Rede de Defesa da Floresta.

O Perímetro Florestal encontra-se na sua quase totalidade enquadrado na classe de espaços

florestais, com exceção de uma área a Nordeste da Mata Norte e de uma área na Mata Centro

que constituem espaços de floresta de proteção e de duas áreas a sudoeste da Mata Centro,

enquadrando-se uma delas na classe dos espaços de uso ou aptidão agrícola (área do viveiro) e

uma outra nos espaços silvopastoris.

A quase totalidade do Perímetro encontra-se inserida na Estrutura Ecológica Municipal. Para

os espaços florestais constituem objetivos de ordenamento a adequação do uso dominante do

solo às suas aptidões genéricas, o aumento da área de montado e o incentivo da plantação de

folhosas como o castanheiro-bravo, freixo e carvalhos.

No que se refere às normas para a alteração dos povoamentos, preconiza-se a manutenção da

composição em povoamentos dominados por espécies indígenas de ocorrência rara ou muito

rara, a proteção das áreas de montado e a sua reconversão progressiva para povoamentos

mistos de espécies autóctones. Condiciona fortemente a edificação nos espaços florestais.

Pela análise da Carta de Ordenamento do PDM de Marvão a maior parte da área da Quinta dos

Olhos de Água enquadra-se nos espaços silvopastoris ou florestais (espaços florestais) e a

sudeste nos sistemas culturais e de sequeiro (espaços agrícolas). Nesta última classe de

espaços enquadra-se igualmente S. Salvador. Os espaços florestais são constituídos pelas áreas

com vocação silvopastoril dominante.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

57

Figura 15 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Norte do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Figura 16 - Extrato da Carta de Ordenamento da Mata Centro e Sul do Perímetro Florestal de S. Mamede (Fonte: GTF de Portalegre)

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

59

3.4 OUTROS ÓNUS RELEVANTES PARA A GESTÃO

Na sequência da ocorrência dos incêndios no ano 2003, que rondaram a área do Perímetro

Florestal, foi apresentada uma candidatura ao Programa AGRIS 3.4 – Componente 2 – Fatores

Abióticos, com o objetivo de o dotar de condições mais efetivas de resistência aos incêndios.

Esta candidatura foi aprovada e foi iniciada a sua execução em 2004. Com a duração de 5 anos,

visava a minimização do risco de incêndio através de operações de silvicultura preventiva em

zonas consideradas prioritárias, onde se pretendeu efetuar a correção de densidades

excessivas, promovendo assim o desenvolvimento de folhosas, cuja regeneração natural é

abundante nalguns locais (Figura 18 e Tabela 27)

No final do ano de 2004 e início de 2005 realizaram-se algumas das operações silvícolas que

necessariamente tiveram que anteceder as operações previstas no projeto. Não havendo

homogeneidade na dimensão da rede divisional procedeu-se ao alargamento dos aceiros

exteriores para 20 m. Relativamente aos aceiros interiores, e com o intuito de criar uma

descontinuidade horizontal entre os talhões, efetuou-se o seu alargamento para 15 m. Esta

ação foi precedida de autos de marca (2003-2004) e corte de arvoredo (2005).

Figura 17 – Pormenor da criação de uma faixa de descontinuidade na Estrada que atravessa o perímetro

Para minimização do risco de ignição e de propagação de incêndios junto à estrada asfaltada e

caminhos florestais foi efetuada uma intervenção com o controlo de vegetação espontânea

manual e motomanual (Figura 17), a correção de densidades excessivas visando a promoção

do aparecimento de folhosas e limpeza de povoamentos (Figura 19).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

60

Figura 18 – Plano de intervenções do projeto AGRIS no Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

61

Figura 19 – Desbastes culturais e limpeza de povoamentos na área de pinhal do PFSSM

Figura 20 – Operações silvícolas no Talhão 6 do PFSSM, com estilhaçamento de despojos

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

62

TABELA 27 – Investimentos efetuados no período de 1999 a 2011 no Perímetro Florestal de S. Mamede

Ano Área de

Intervenção (ha)

Descrição das Ações Despesa

(€)

1999 - Corte extraordinário de pinheiro-bravo 700,0

2000 - Extração de cortiça virgem (140 @) 750,0

2004 7.38 Destroçamento de material lenhoso (proveniente da correção

de densidades e limpeza de matos) nas parcelas de castanheiro 935,0

2006

6.6 Destroçamento do material lenhoso proveniente do

alargamento de uma faixa de 5 m para cada lado da rede viária principal e limpeza de matos com corta-matos

4.235,0

17.0 Destroçamento do material lenhoso proveniente do

alargamento de parte da rede divisional e limpeza de matos com corta-matos

5.239,5

2006-2007

52.0

Criação de uma faixa de gestão de combustível com cerca de 50 m para cada lado da estrada asfaltada por destroçamento do material lenhoso proveniente de correção de densidades e

limpeza de matos

19.844,9

50.0 Destroçamento do material lenhoso proveniente de correção de densidades e limpeza de matos com corta-matos nos talhões, 11

(parte), 12 (parte), 13 (parte), 14 (parte), 15 (parte) e 16 18.690,0

Acompanhamento, controlo e fiscalização de cortes 3800,0 +

IVA

2007 25.12 Destroçamento/estilhaçamento do material lenhoso

proveniente de correção de densidades e limpeza de matos dos talhões, 3 (parte), 4 (parte), 5 (parte), 6 (parte), 10 (parte)

15.697,5

2008

41.37 Destroçamento/estilhaçamento do material lenhoso

proveniente de correção de densidades e limpeza de matos dos talhões, 8 (parte), 9 (parte), 10 (parte) e 11 (parte)

24.503,47

- Rechega e destroçamento do material lenhoso proveniente da

limpeza efetuada pelos sapadores florestais 4987,5

- Sinalização 479,8

No ano de 2007 efetuaram-se operações de silvicultura preventiva em parte dos talhões 3, 4,

5, 6 e 10 (Figura 20). Encontrava-se ainda prevista a aquisição e colocação de placas e painéis,

com o objetivo de sinalizar as diversas infraestruturas de defesa contra incêndios, assim como

para a sensibilização da população que atravessa o Perímetro Florestal. Tem ainda sido

efetuada a beneficiação da rede divisional e viária com recursos próprios, com periodicidade

anual ou bianual e ações de controlo da vegetação na rede primária com recurso a sapadores

florestais.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

63

4. CARACTERIZAÇÃO DE RECURSOS

4.1 INFRAESTRUTURAS FLORESTAIS

4.1.1 Rede viária florestal

O Perímetro Florestal de S. Mamede possui uma rede de caminhos florestais com uma

extensão de 23,03 Km, com 3 metros de largura média, em bom estado de conservação,

circuláveis durante todo o ano por veículos de tração, ocupando 7,5% da sua área (Tabela 28 e

Carta de Infraestruturas em Anexo 1). Existe ainda uma estrada asfaltada que atravessa a Mata

do Meio deste Perímetro Florestal.

A densidade da rede viária existente é de 80,4 m.ha-1, superior à densidade considerada como

adequada, pelo que se considera como suficiente, sendo necessário assegurar o seu bom

estado de conservação e circulação através de ações de beneficiação. Considera-se a rede

viária de dois tipos: principal, com piso asfaltado, e secundária, em terra batida. Relativamente

à Quinta dos Olhos de Água a densidade da rede viária é de 124,7 m.ha-1.

TABELA 28 - Densidade de rede viária e divisional no PFSSM, QOA e S. Salvador

Prédio Infraestrutura Dimensão/Número Área (ha)

Densidade (m.ha

-1)

Estado

Perímetro Florestal S. Mamede

Rede viária

Principal 6,60 Km 1,71 80,4

Regular Secundária 23,03 Km 8,67

Quinta dos Olhos de Água

Rede viária 1,76 Km 0,42 124,7

4.1.2 Infraestruturas associadas à gestão

O Perímetro Florestal dispõe de várias infraestruturas de apoio ao seu funcionamento as quais

são referenciadas nas Tabelas 29 e 31. A área social, composta essencialmente por casa de

guarda, habitações, oficinas, arrecadações e um viveiro florestal, localiza-se na Mata Centro

(Figura 21). O posto de vigia encontra-se atualmente desativado, existindo um outro afeto à

GNR na sua proximidade. Existe ainda uma antiga casa de cantoneiros e uma casa de Guarda

Florestal desativada.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

64

Figura 21 – Área social no Perímetro Florestal de S. Mamede

TABELA 29 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes no PFSSM

Descrição Área (m

2)

Estado de Conservação

Utilização

Casão -1 160,50 Razoável Armazém de madeira e de

vário material de carpintaria

Casa de madeira - 1 12,50 Mau

Armazém Casa de madeira - 2 14,20 Mau

Barracão de madeira 48,50 Mau

Casa de Cantoneiros 28,40 Razoável Abrigo

Casa de retransmissores de rádio 20,00 Razoável Armazém de

retransmissores e aparelhos de comunicações

Casão 31,70 Razoável Armazém de ferramentas

Casa em madeira 46,00 Mau Refeitório

Casão - 2 64,60 Razoável Armazém

Casão - 3 34,00 Razoável Garagem

Casa de Guarda – F2 132,74 Mau Arquivo

Chiqueiro – Anexo à casa F1 15,60 Razoável -

Galinheiro – Anexo à casa F1 39,00 Razoável -

Casa do Forno - Anexo à casa F1 43,00 Razoável -

Anexo à casa F1 96,00 Razoável Arrecadação de material

Casa de Guarda – F1 98,00 Razoável Habitação

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

65

TABELA 30 - Descrição da área social e respetivas infraestruturas existentes na Quinta dos Olhos de Água

Descrição Artigo Área de

construção (m2)

Função

Edifício principal e

anexos

1º piso

2094 2245,0

Centro de interpretação/laboratórios

2º piso Auditório

3º e 4º pisos Gabinetes

Pombal/Coelheira/forno Pombal/Coelheira/forno

Sala de educação ambiental Centro de Educação Ambiental

Bar 2167 94,5 Bar

Laboratório 2169 31,0 Laboratório

Casa do Guarda/Quartos 2093 524,0

Casa do Guarda

Cozinha/Refeitório Refeitório/Quartos

Casa do Sever 2168 342,0

Casa do Sever

Casa do Moinho Casa do Moinho

Centro de Alojamento 2095 650,0 Centro de Alojamento

Forno de cal 1184 506,0 Sem utilização

TABELA 31 - Relação dos equipamentos existentes no PFSSM e Quinta dos Olhos de Água

Tipo Marca/Modelo Matrícula/nº Estado

Trator de rastos Komatsu

Razoável Trator Borracheiro JOHN DEERE 1640 GZ-08-57

Trator Borracheiro 4RM Fiat

Iron Horse

Reboque SAFISAL L-49213

Razoável Reboque Reboque L-12075

Motosserra STHIL 036

Motosserra STHIL 029

Motosserra STHIL 024 Avariada

Motosserra Mc-Culloch 20-20-20 Mau

Motosserra Mc-Culloch

Motosserra (4?)

Motorroçadeira (6)

Grade de Discos GALUCHO 95855 Razoável

Estilhaçador Pathu

Destroçador de martelos FAE

Rodo Galucho

Depósito Depósito água e motor CAST

IRON BORE -

Mau

Charrua de Formão GALUCHO 39

Caixa (2) Galucho - Caixa em chapa - Razoável

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

66

4.1.3 Infraestruturas DFCI

A Rede Regional de Defesa da Floresta, conjunto das infraestruturas florestais e da defesa da

floresta contra incêndios, tem como objetivo concretizar territorialmente, de forma

coordenada, a infraestruturação dos espaços rurais decorrente da Estratégia Regional de

Defesa da Floresta contra Incêndios. A Rede de Defesa da Floresta é constituída por redes de

faixas de gestão de combustível, por mosaicos de parcelas de gestão de combustível, pela rede

viária, pela rede de pontos de água, pela rede de vigilância e deteção de fogos e pela rede de

infraestruturas de combate.

A FGC da rede primária atravessa o PFSSM, envolvendo uma área de 57 ha, sendo a rede

secundária neste Perímetro constituída pela estrada asfaltada que o atravessa e pela

envolvente ao marco geodésico, aerogeradores, linha de transporte de energia de média

tensão e infraestruturas. A Quinta dos Olhos de Água é parcialmente atravessada pela FGC da

rede primária, encontrando-se S. Salvador totalmente integrada nesta faixa.

A FGC da rede secundária na Quinta dos Olhos de Água e em S. Salvador é constituída pela

linha de transporte de energia de média tensão e pela estrada que a atravessa. Em S. Salvador

é constituída pela linha de transporte de energia de média tensão. A FGC da rede terciária é

constituída em todas as áreas pelos caminhos e rede divisional.

A rede divisional, conjunto de infraestruturas com o objetivo de minimizar os riscos de

propagação dos incêndios florestais, é constituída no PFSSM por aceiros interiores (Figura 22)

e exteriores (Figura 23), sendo transitável durante todo o ano por veículos de tração. O aceiro

perimetral tem cerca de 20 metros de largura média, sendo a largura média dos aceiros

interiores de 10 a 15 metros.

TABELA 32 - Distribuição da rede divisional e pontos de água no PFSSM

Local

Infraestrutura Dimensão (Nº/Km)

Área (ha)

Estado de Conservação

Densidade

Perímetro Florestal S. Mamede

Rede divisional

Perimetral 14,94 17,68

Razoável 67,17 m.ha

-1

Interior 9,80 8,34

Pontos de água 2 0,44 -

Quinta de Olhos Água

Rede divisional

Perimetral 0,99 0,35 Mau 70,02 m.ha-1

Pontos de água 1 - Razoável -

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

67

A dimensão da rede divisional existente totaliza 24,74 Km, ocupando uma área de 6,7% deste

Perímetro Florestal, sendo a densidade de 67,17 m.ha-1 (Tabela 32 e Carta de Infraestruturas

em Anexo 1). Existem ainda duas barragens de terra batida neste Perímetro Florestal. Na

Quinta dos Olhos de Água existe uma barragem.

Figura 22 – Aceiro interior no Perímetro Florestal de S. Mamede

Figura 23 – Aceiro perimetral no Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

68

4.1.4 Infraestruturas de apoio à gestão cinegética

Não existem

4.1.5 Infraestruturas de apoio à silvopastorícia

Não existe pastoreio nestas Unidades de Gestão.

4.1.6 Infraestruturas de apoio ao recreio e turismo

Apenas existem na Quinta dos Olhos de Água instalações com potencialidades para esta

utilização.

4.2 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA

O Valor Acrescentado Bruto (VAB) proporcionado pela atividade florestal e pelas indústrias

florestais a nível nacional, representa cerca de 3,5% do total, sendo que o peso do VAB a

preços de mercado (VABpm) da silvicultura no nosso país é de apenas cerca de 1%. No entanto,

o peso da silvicultura no Alentejo, região onde o PFSSM se inclui, é substancialmente maior,

quer em termos de VABpm (4.67%) quer em termos de volume de trabalho (1.06%). No que

respeita à atividade silvícola, a contribuição do Alentejo para o VABpm e para o Volume de

Trabalho do Continente é já mais de 23%, realçando a importância desta atividade para a

economia da região (INE, 1995). As atividades com oportunidades de desenvolvimento são os

produtos madeireiros baseados na produção lenhosa da espécie dominante como o pinheiro-

bravo, para além da produção suberícola, dado que grande parte do Valor Acrescentado desta

região alentejana é proveniente da produção de cortiça. Outro pólo economicamente ativo a

uma escala local, é a produção de frutos secos, nomeadamente a castanha cuja produção tem

aumentado de valor ao longo das últimas duas décadas.

O concelho de Portalegre, quando comparado com os restantes concelhos do Alto Alentejo,

tem alguma representatividade em termos de ocupação florestal (52 %), sendo o Sobreiro a

espécie com maior representatividade (27 %) logo seguida do Pinheiro-bravo (8,8 %) (Roque,

2005).

A área do Parque Natural da Serra de São Mamede (PNSSM), região onde se inserem estes

prédios, revelando uma manifesta expressão mediterrânica, onde carvalhais e castinçais

sugerem paragens mais setentrionais vivendo paredes-meias com Sobreiros e Azinheiras, tem

dado um contributo significativo para o desenvolvimento sócio-económico da região através

do turismo, atividade que sofreu um desenvolvimento substancial nos últimos anos.

Assim, a conjugação entre a riqueza faunística, florística, paisagística e geomorfológica,

apresentada pelo PNSSM e a presença humana, favorece a implementação e desenvolvimento

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

69

de uma atividade turística, que embora possa ser condicionada, contribuirá para o

desenvolvimento da região (POPNSSM, 2005).

A fileira da madeira de serração tem vindo a assistir a um fenómeno de concentração, com o

desaparecimento de pequenas serrações. As estatísticas apontam para que o número de

serrações tenha diminuído de 732, em 1998, para cerca de 290, em 2005 (AIMMP, 2005),

mantendo-se, no entanto, o volume de vendas, o que evidencia o dinamismo da fileira e a sua

capacidade de se ajustar às mudanças.

Assim, mantendo a silvicultura e as indústrias da madeira e da cortiça as suas contribuições ao

nível do valor acrescentado e tendo vindo a indústria do papel, a aumentar a sua contribuição,

o VAB do sector florestal tem uma tendência clara de crescimento nas próximas décadas. Por

outro lado, tendo em conta a diversidade do património natural, o imenso património

histórico-cultural e social, o turismo é uma atividade a promover na região, pois contribuirá

não só para a criação de um maior número de postos de trabalho, como em larga medida para

um desenvolvimento geral da região.

A grande diversidade de produtos típicos existentes na região deve ser também uma aposta

da atividade turística e comercial, principalmente divulgando os produtos certificados e

criando condições para a certificação de outros.

A análise SWOT (Forças, Fraquezas, Ameaças e Oportunidades) é uma técnica que visa

verificar a posição estratégica de uma empresa no seu ambiente. Nesta Unidade de Gestão

importa verificar:

1. As Forças (F), decorrentes do tipo de organização interna e que constituem as mais-

valias que a exploração apresenta;

2. As Fraquezas (F), igualmente decorrentes da organização interna, e que se

apresentam como constrangimentos que condicionam a atividade;

3. As Oportunidades (O), desencadeadas pelo exterior, e que permitem a definição de

linhas estratégicas de atuação futuras;

4. As Ameaças (a), igualmente desencadeadas pelo exterior, e que podem condicionar

ou influenciar as estratégias futuras a adotar.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

70

TABELA 33 – Análise SWOT para a área em estudo

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

- Elevado potencial para a produção de produtos lenhosos (pinheiro-bravo, castanheiro, carvalho-negral, sobreiro) e não lenhosos (castanha, cortiça, mel);

- Contributo para a conservação de habitats classificados e para a regularização do ciclo hidrológico;

- Contributo para o cumprimento do protocolo de Quioto na medida em que é um sumidouro de carbono atmosférico;

- Existência de boas acessibilidades externas

- Existência de povoamentos de espécies de maior suscetibilidade a fatores bióticos e abióticos:

- Pragas (nemátodo, processionária), doenças (tinta, cancro).

- Incêndios florestais;

- Sinalização e informação deficiente.

OPORTUNIDADES AMEAÇAS

- Potencialidade para o aproveitamento da biomassa como fonte de energia renovável;

- Potencialidade para assegurar, do ponto de vista social, a existência de um espaço privilegiado de lazer e de observação de boas práticas silvícolas, funcionando como apoio da comunidade;

- Proximidade da cidade de Portalegre

- Melhoria de produção de material lenhoso de pinheiro- bravo;

- Implementação da gestão florestal sustentável;

- Divulgação das Boas Práticas Florestais

- Valorização da paisagem pelo aproveitamento da regeneração natural das espécies autóctones, com o aumento da diversidade de espécies.

- Ocorrência de pragas e doenças (nemátodo da madeira do pinheiro, processionária, doença da tinta);

- Incêndios florestais;

- Ocupação do solo com presença de espécies alóctones com carácter invasor e infestante;

- Consequências das alterações climáticas;

- Deposição de resíduos diversos não autorizados

4.2.1 Função de produção

Sendo a função de produção uma atividade tradicional e numa perspetiva de rentabilidade

económica, é de considerar a exploração de espécies com potencial produtivo ótimo, como o

pinheiro-bravo, sobreiro, castanheiro e o carvalho-negral, tendo em vista a produção de

madeira, cortiça, frutos e sementes.

4.2.2 Função de proteção

O controlo de invasoras lenhosas e a redução da continuidade horizontal da vegetação para

simultaneamente minimizar a propagação do fogo e produzir biomassa para energia são outro

dos aspetos a ter em linha de conta. De referir ainda que os declives acentuados que

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

71

caracterizam estas áreas obriga a uma maior atenção na condução dos povoamentos

existentes de forma a minimizar os efeitos erosivos.

4.2.3 Função de conservação

Tendo em consideração a hierarquização de funcionalidades definida no PROF do Alto Alentejo

para a sub-região homogénea Serra de São Mamede, a política para as áreas onde a função de

conservação é predominante assenta na gestão dos espaços florestais com uma intervenção

ativa nos recursos naturais que se pretende conservar, de forma a incrementar os valores

naturais que estão na origem da sua classificação. Na área florestal da QOA, com exceção da

área de castanheiros, predomina e está direcionada para esta função.

4.2.4 Função de silvopastorícia, caça e pesca

A exploração dos recursos dos prédios constituintes da Unidade de Gestão, nomeadamente no

que se refere ao aproveitamento de matos para o pastoreio de gado (essencialmente caprino)

pertencente às comunidades locais, tem um carácter estritamente ocasional e localizado.

A totalidade da área do PFSSM encontra-se integrada na Zona de Caça Municipal do Reguengo

(ZCM 3308-DGF), criada pela portaria n.º 241/2004 de 4 de março, pelo período de 6 anos,

cuja entidade gestora é a Associação de Caçadores do Reguengo. Não existe prática de

pastoreio nos prédios integrantes deste PGF.

4.2.5 Função de enquadramento paisagístico e de recreio

Outra das funções para a qual estas unidades de gestão se encontram vocacionadas é a de

recreio e estética da paisagem, pelo que as normas de intervenção deverão incidir nos espaços

florestais estrategicamente definidos para atividades de recreio e contemplação, bem como

no enquadramento de equipamentos turísticos.

4.2.6 Evolução histórica da gestão

“A designação de serra de S. Mamede, que atualmente se aplica ao conjunto do relevo, tem

origem numa capela de invocação deste santo, situada na vertente da maior elevação da

serra” (Feio & Almeida, 1980).

4.2.6.1 Perímetro Florestal S. Mamede

O atual Perímetro Florestal da Serra de São Mamede, teve origem em 21/11/1910, quando na

sessão da Comissão Administrativa do Município de Portalegre foi decidido arborizar os

terrenos baldios camarários existentes na Serra, num total de 492 ha. O Decreto de

23/12/1911, publicado no Diário do Governo nº 1 em 2/1/1912, “determina que, para efeitos

de submissão ao regime florestal parcial dos terrenos particulares contidos no Perímetro

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

72

Florestal de 1618 ha que o estado se propõe criar na serra de São Mamede, se proceda ao

respectivo inquérito” (Germano, 2000); ainda segundo esta autora, o Decreto de 23/12/1911,

publicado no Diário do Governo nº 1 em 2/1/1912, “inclui, por utilidade pública, no regime

florestal parcial os baldios da serra de São Mamede pertencentes à Câmara Municipal de

Portalegre e situados na freguesia de Reguengo, com a área de 437 ha”, tendo este decreto o

plano de arborização. Foi, assim, oficialmente criado o Perímetro, o qual à data era constituído

pelos terrenos baldios camarários em conjunto com outros terrenos particulares contíguos nas

mesmas circunstâncias, num total de 1618 ha.

O Decreto de 27/7/1912 publicado no Diário do Governo nº 194 em 19/8, determina que “a

arborização e exploração dos terrenos baldios da serra de São Mamede, sejam feitas por conta

do estado de acordo com o Plano de Arborização aprovado pelo decreto de 23 de Dezembro de

1911”, e “submete, por utilidade pública, ao regime florestal parcial os terrenos e matas

particulares incluídos neste Perímetro (com a área de 1618,8 ha) e situados na freguesia de

Reguengo, concelho de Portalegre” (Germano, 2000). Este Decreto era acompanhado pelo 1º

Plano de Arborização e respetivos orçamento e despesas previstas para os primeiros 10 anos

(Roque, 2005).

Em 1912 foram iniciados os trabalhos de arborização com a realização de sementeiras e

plantações de pinheiro-bravo (47 ha.ano-1, para os primeiros nove anos, e de 54 ha para o

décimo e último ano), construção de duas casas de guarda, de um viveiro florestal e abertura

de caminhos e aceiros florestais. Em 1931 ocorreu um grande incêndio que destruiu quase por

completo os povoamentos de pinheiro-bravo existentes no Perímetro, sendo este novamente

rearborizado com a mesma espécie nos dois anos seguintes.

De acordo com o decreto de submissão a área total era de 492 ha, correspondendo 14,3 ha à

Mata Sul, 445,5 ha à Mata Centro e 32,2 ha à Mata Norte.

Em 1941 foi efetuado um inventário verificando-se uma discrepância relativamente à área

total indicada no decreto de submissão. Com efeito, a área total era de 373,6 ha,

correspondendo 12,4 ha à Mata Sul, 327,6 ha à Mata Centro e 33,6 ha à Mata Norte.

Em 1979 é realizado um inventário às Matas do Estado, onde o Perímetro Florestal de São

Mamede é referenciado como sendo uma Mata de pinheiro-bravo de 374,9 ha,

correspondendo 35,6 ha à Mata Norte, 328,1 ha à Mata Centro e 11,2 ha à Mata Sul.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

73

De acordo com as cadernetas prediais datadas de 4 de novembro de 1963 a área total é de

11,8 ha na Mata Sul, de 323,975 ha na Mata Centro e de 32,925 ha na Mata Norte, totalizando

368,7 ha, apresentando ainda como proprietário a Fazenda Nacional e indicando o prédio

como “Mata Nacional”. Para efeitos do presente Plano de Gestão a área total digitalizada é de

368,2 ha, registando-se um diferencial de 0,48 ha relativamente às áreas inscritas nas

Cadernetas Prediais, podendo atribuir-se a erros de digitalização.

Em 1955 foi aprovado e mandado executar o primeiro Plano de cortes culturais do Perímetro

Florestal de São Mamede, de forma a diminuir a grande densidade dos povoamentos de

pinheiro-bravo e reduzir o forte ataque de bóstrico3 que abundava na maioria das suas árvores

(Lourido, 1995). Este plano estabelecia 5 divisões de corte e uma rotação cultural de 5 anos.

Em 1975 iniciou-se a execução de um plano de cortes culturais e de cortes rasos por um

período de cinco anos, devido à elevada densidade dos povoamentos de pinheiro-bravo, os

quais apresentavam idades entre os 40 a 50 anos, alturas de 16 a 18 m e DAP de 16 a 19 cm.

No ano seguinte um forte nevão levou à destruição de 62,5 ha de pinheiro-bravo.

Em 1980 foram suspensos os trabalhos de cortes culturais e rasos iniciados em 1975, optando-

se depois por elaborar um Plano Especial de Exploração, o que se deveu, por um lado à

ocorrência de fortes ataques de bóstrico e de outros insetos sub-corticais nos povoamentos de

pinheiro-bravo e por outro, às idades das árvores que atingiam os 40 a 50 anos, idades

consideradas como superiores à explorabilidade desejável para as Matas do Perímetro. Ainda

neste ano procedeu-se à primeira sementeira de sobreiro na totalidade de um talhão (Talhão

17), com prévia preparação do terreno em vala e cômoro.

Pelo Plano Especial de Exploração, aprovado em 1981 para um período de 9 anos, os

povoamentos de pinheiro-bravo de 12 dos 17 talhões foram submetidos a corte final. Os

povoamentos de pinheiro-bravo nestes talhões apresentavam como valores médios, uma

idade de 48 anos, uma densidade de 496 árv.ha-1, uma altura de 17 metros e uma área basal

de 23,2 m2.ha-1.

Em 1982 iniciaram-se os trabalhos previstos no Plano Especial de Exploração seguidos de

posterior rearborização, através do aproveitamento da regeneração natural de pinheiro-bravo

3 Coleóptero que pode atacar durante todo o ano o tronco dos pinheiros, provocando o amarelecimento generalizado da copa. Os sintomas são a existência de serrim e orifícios circulares (> 4 mm) na casca, de nódulos de resina no tronco, de galerias em estrela (2 a 4 ramos) no entrecasco feitas pelas fêmeas, de galerias irregulares no entrecasco feitas pelas larvas e de casca solta (DGRF, 2007).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

74

nas cotas superiores a 500 m, de castanheiro nas cotas de 600 m e de sobreiro nas cotas de

500 m de altitude. Em 1987 foi proposto pela ex-Administração Florestal de Portalegre, no

âmbito do I Quadro Comunitário de Apoio, um projeto enquadrado no Programa de Ação

Florestal. Em 1989 foram concluídos os trabalhos previstos no Plano Especial de Corte.

Em 1994 ocorreu um incêndio florestal no Perímetro, tendo ardido 12,3 ha de pinhal-bravo. No

âmbito do Reg. (CEE) 2158 foi efetuada, no ano de 2001, uma limpeza de mato em 5,6 ha, bem

como a beneficiação da rede viária e da rede divisional numa extensão de 7,7 e 11,5 Km,

respetivamente.

Em 2002 estavam previstos projetos públicos, financiados pelo AGRO, tendo como finalidade a

realização de ações de limpeza de mato em 66,7 ha nos povoamentos de pinheiro-bravo, bem

como a beneficiação da rede viária e da rede divisional numa extensão de 10 e 18 Km,

respetivamente. Na Tabela 34 podem-se observar os rendimentos obtidos, com a venda de

material lenhoso no Perímetro Florestal da Serra de São Mamede no período de 2000 a 2011.

TABELA 34 – Receitas efetuadas no período de 2000 a 2011 no Perímetro Florestal de S. Mamede e Quinta dos Olhos de Água

Ano Tipo Área de

Intervenção (ha)

VOLUME (m

3/@/Kg)

Receita (€)

Observações

2000 Cortiça 1,1 - - Extração de cortiça virgem

2005

Corte cultural

- 2665,0 20 201,0

Corte cultural para alargamento de aceiros em pinheiro-bravo

2006 1638,3 26 212.7

2006-2007

50,0

-

48 296,53

Corte cultural em pinheiro-bravo 2007 25,12 13 887,4

2008 41,37 21 855,84

2011 Cortiça 10,46 2300 @ 2100,0 Extração de cortiça virgem

2013 Madeira - 30,0 636,0 Corte de madeira na área de instalação do parque eólico

2014

Corte final

11,68 3967,48 84 000,0 Corte efetuado no talhão 1 (parcela 1A e 1B) e talhão 2

(parcela 2A)

Castanha 2,34 880,0 Kg 440,0 Venda de castanha na Quinta

dos Olhos de Água

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

75

4.2.6.2 Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

O prédio Olhos d’Água foi adquirido pela família Maçãs a 23 de Dezembro de 1903 (Maçãs,

1991). Segundo esta autora “Os Olhos d’Água eram o passeio preferido para piqueniques e

lazeres dos moradores de Portalegre e visitados por excursões de todo o País”.

A Quinta dos Olhos de Água, como é referido no Enquadramento Estratégico para o Turismo

da Natureza elaborado pelo ex-Instituto de Conservação da Natureza (ICN), “foi adquirida pelo

ICN-PNSSM com objectivos específicos de implementação de um projeto integrado de

Educação Ambiental que passa pela potencialização e aproveitamento de uma área com

grande qualidade paisagística e etnográfica, onde se pode, com carácter exemplar,

desenvolver uma atuação concertada nos domínios da preservação, interpretação e divulgação

do património natural e cultural.”.

Figura 24 – Vista parcial a oeste da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012

Em S. Salvador, pequena parcela de terreno localizada junto à ponte da Madalena, foi efetuada

a limpeza da vegetação existente em 2012 com motoroçadoura (Figuras 24 e 25).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

76

Figura 25 - Vista parcial a este da parcela em S. Salvador após a intervenção em 2012

Estes prédios localizam-se em S. Salvador de Aramenha, em cuja proximidade foi referenciada

a existência de galerias de extração de ouro, prata e chumbo (Maçãs, 1991). Esta autora refere

ainda que na Aramenha terá sido localizada a cidade romana de Amaia pelo Dr. José Leite

Vasconcelos e a existência na serra da Portagem de duas cavernas onde “têm aparecido

colunas, capitéis, ânforas, medalhas de prata e bronze”.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

77

B. MODELO DE EXPLORAÇÃO

1. CARACTERIZAÇÃO E OBJETIVOS DA EXPLORAÇÃO

1.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS

1.1.1 Caracterização geral

As principais espécies florestais existentes no Perímetro Florestal da Serra de S. Mamede são o

pinheiro-bravo (Pinus pinaster Ait.), o sobreiro (Quercus suber L.), o castanheiro (Castanea

sativa Mill.) e o carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.), como se pode constatar na Carta

de Ocupação do Solo e Carta de Ordenamento Florestal no Anexo 1.

Na Serra de São Mamede, área envolvente do perímetro florestal, o carvalho-negral era a

espécie que revestia a maior parte da Serra, constituindo a vegetação clímax (COBA, 2003). No

entanto, a área ocupada por estes carvalhos caducifólios foi sendo reduzida e

progressivamente substituída pelos castanheiros, que representam atualmente 3,88% da área

do Perímetro. A doença da tinta e a exploração da madeira levaram à diminuição da superfície

ocupada pelo castanheiro, atualmente ocupada maioritariamente pelo pinheiro-bravo, que

representa 92,65% da área deste Perímetro, e sobreiro com uma ocupação de 3,47%.

Figura 26 - Distribuição percentual das principais espécies florestais existentes no Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

78

TABELA 35 - Ocupação atual do solo nas áreas de estudo

ÁREA OCUPAÇÃO TIPO DE SUPERFÍCIE ÁREA (HA)

Perímetro Florestal de

S. Mamede

Florestal

Arborizada 321,80

Inculto 0,00

Improdutiva 0,00

Total 321,80

Não florestal

Agrícola 0,28

Infraestruturas 43,24

Área social 2,46

Águas interiores 0,44

Total 46,42

Quinta dos Olhos de

Água

Florestal

Arborizada 10,62

Inculto 0,50

Improdutiva 0,00

Total 11,12

Não florestal

Agrícola 1,00

Infraestruturas 0,83

Área social 0,80

Águas interiores 0,14

Total 2,77

S. Salvador

Florestal

Arborizada 0,16

Inculto 0,00

Improdutiva 0,00

Total 0,16

Não florestal

Agrícola 0,00

Infraestruturas 0,00

Área social 0,00

Águas interiores 0,00

Total 0,00

1.1.2 Compartimentação da propriedade, definição e delimitação das parcelas

O Perímetro Florestal encontra-se dividido em 17 talhões, estando 2 na Mata Norte, 14 na

Mata Centro e 1 na Mata Sul. Destes talhões, 14 encontram-se ocupados por povoamentos

puros e mistos dominantes de pinheiro-bravo em regime de alto fuste (Figura 27 e Carta de

Distribuição dos talhões e das parcelas de inventário em Anexo 1).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

79

Figura 27 – Distribuição dos talhões no Perímetro Florestal de S. Mamede

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

80

Seis talhões distinguem-se dos outros por apresentarem regeneração natural de outras

espécies, para além da espécie principal, como castanheiro, sobreiro e, em menor quantidade,

carvalho-negral. Como a percentagem dessas espécies não excede os 10% os povoamentos são

considerados puros. Em parte do talhão 13, com um povoamento misto de pinheiro-bravo e

sobreiro, sendo o pinheiro a espécie dominante e o sobreiro resultante do aproveitamento da

regeneração natural, foi efetuado um desbaste seletivo de pinheiro-bravo resultando um

povoamento puro de sobreiro. Foi assim identificada uma parcela 13a. Por outro lado, o

Talhão 8 apresenta também uma mancha de pinheiro-bravo com regeneração de castanheiro

(Figura 28).

Figura 28 – Aspeto de um talhão de pinhal-bravo com regeneração de castanheiro (JR)

Um dos talhões (Talhão 6) apresenta um povoamento de castanheiro de composição pura

(Figura 29), com estrutura irregular, enquanto o Talhão 17 é ocupado por um povoamento de

sobreiro, apresentando uma composição pura em regime de alto fuste e de estrutura regular.

Em vários talhões existem ainda árvores isoladas ou em pequenas unidades de cedro-do-

Buçaco (Cupressus lusitanica Mill.), cipreste-do-Arizona (Cupressus arizonica Greene),

medronheiro (Arbutus unedo L.) e de bétula (Betula celtibérica L.).

No que concerne à Quinta dos Olhos de Água considerou-se, dada a sua dimensão, um único

talhão com várias parcelas; para S. Salvador apenas foi considerado um talhão/parcela. Optou-

se por designar os talhões de ambos os prédios pela respetiva inicial (QOA e SS) seguida da

identificação da parcela/talhão (Tabela 38).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

81

Figura 29 – Aspeto do talhão 6 com castanheiros (JR)

1.1.3 Componente florestal

Tomé (2007) define o inventário florestal como o conjunto de procedimentos que permitem

caracterizar uma determinada área florestal tendo em vista um determinado objetivo. Os

elementos que normalmente são tidos em conta são a descrição da área florestal e avaliação

de áreas, a caracterização dos povoamentos florestais (informação dendrométrica e não

dendrométrica), a avaliação de indicadores de gestão florestal sustentável e a avaliação de

acréscimos.

No Perímetro Florestal da Serra São Mamede, predomina o pinheiro-bravo, espécie bem

adaptada a altitudes mais elevadas, sendo esta mata considerada como de produção. Tal como

aquela espécie, o castanheiro encontra-se em altitudes mais elevadas, aparecendo em menor

quantidade e em altitudes mais baixas o sobreiro. Para a caracterização mais correta da área

em estudo foi elaborada cartografia temática.

1.1.3.1 Descrição sintética dos povoamentos por talhão e parcela

A realização do inventário florestal, efetuado em 2007 no âmbito de um estágio PEPAP, que

apenas incidiu no Perímetro Florestal de S. Mamede, considerou a instalação de parcelas

permanentes, onde se recolheu informação qualitativa sobre o estado dos povoamentos,

nomeadamente:

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

82

Características gerais da unidade de amostragem (área, ocupação do solo, altitude,

declive, exposição);

Classificação das espécies a inventariar quanto à composição, regime cultural,

estrutura, estado sanitário e origem do povoamento florestal;

Caracterização do sob-coberto.

De igual modo, foi obtida informação quantitativa referente às características dos

povoamentos florestais. As variáveis dendrométricas utilizadas foram:

Número de árvores.ha-1 na parcela (n);

Diâmetro à altura do peito da árvore i (di) em centímetros

Área basal do povoamento (G), em metros quadrados;

Diâmetro médio (dg), em centímetros;

Altura média (ћ), e Altura dominante (hdom) em metros;

Volume da árvore (v) e do povoamento (V), em metros cúbicos.

Na Tabela 37 apresenta-se para a área florestal uma descrição de algumas das características

dos povoamentos florestais acima mencionadas para cada um dos talhões, bem como as

equações utilizadas para a sua determinação (Tabela 36), e que assentou no trabalho de Roque

(2005). Estes resultados permitem estudar a qualidade da estação, a densidade e lotação e a

estabilidade dos povoamentos.

TABELA 36 - Fórmulas utilizadas no cálculo das variáveis dendrométricas (Adaptado de Roque, 2005)

Variável Formulário Variável Formulário

N A

nN10000

h (m)

G (m

2.ha

-1) A

dGn

i

i

10000

40000 1

2

dg (cm)

hdom (m)

d

n

i

i

n

h

hdom

d

1

A - área da parcela (m2), hi - altura total da árvore i (m), na - número de árvores amostra da parcela, nd - número de

árvores dominantes da parcela; n - número de árvores da parcela; d - diâmetro à altura do peito da árvore i (cm)

a

n

i

i

n

h

h

a

1

n

d

dg

g

n

i i

1

2

d

n

i i

n

d

ddom

d

1

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

83

TABELA 37 – Caracterização da área florestal nos talhões do Perímetro Florestal de S. Mamede

Mata Talhão Parcela Área

(ha)

Altitude

(m)

Exposição

dominante

Declive

dominante (%) Descrição do povoamento

Norte

1

a 3,59

900-

1000 Oeste 16-30

Povoamento puro, regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, instalado em 1978 em vala e

cômoro (compasso de 4×2m); Bétulas e sobreiros no aceiro de separação dos talhões. Corte raso em 2014. b 9,31

c 0,64 Incultos com algumas árvores dispersas e afloramentos rochosos, localizando-se aqui o marco geodésico e

algumas infraestruturas

2

a 7,77

800-900 Oeste 16-30

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, resultante de plantação em 1978

em vala e cômoro a um compasso de 4×2m; Bétulas e sobreiros no aceiro de separação dos talhões.

b 2,45 Povoamento misto de pinheiro-bravo e castanheiros com mato no sob-coberto

c 5,28 Com características semelhantes às da parcela a

Centro

3 - 11,25 800-900 Norte < 20

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1983. Numa área a Este foram efetuados desbastes não havendo mato; na área a Oeste foram

feitos desbastes mas ainda apresenta alguma densidade. Há zonas com castanheiros e carvalho-negral.

Existe uma pequena área central com muita regeneração natural de pinheiro-bravo com mato baixo de

sargaço e esteva resultando de um incêndio.

4 - 15,71 700-900 Este 16-30

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1982. Em parte da área foi feito desbaste. Regeneração natural dispersa de castanheiro e

sobreiro. Pouco mato no sob-coberto.

5 - 7,37 800-900 Sul > 30 Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1976. Alguma regeneração de castanheiro e carvalho-negral. Pouco mato no sob-coberto.

6

a 9,79

700-800

Este > 30

Povoamento puro de castanheiro, com estrutura irregular proveniente de regeneração natural em regime

de alto fuste e talhadia.

b 7,19 Povoamento de castanheiro, com estrutura irregular proveniente de regeneração natural em regime de

alto fuste e talhadia, com regeneração natural de pinheiro-bravo. Ocorrência de incêndio em 1994.

7 - 33,06

Oeste > 30

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1986. Regeneração natural dispersa de castanheiro e sobreiro.

8 - 23,66

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1987. Ocorrência de incêndio em 1994, existindo atualmente uma mancha com regeneração

natural de castanheiro.

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84

Mata Talhão Parcela Área

(ha)

Altitude

(m)

Exposição

dominante

Declive

dominante (%) Descrição do povoamento

Centro

9 - 16,47 600-800 Oeste > 30 Povoamento puro e regular de Pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1986. A sul foi feito desbaste.

10 a 16,98

600-700 Oeste

16-30

Povoamento puro e regular de Pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1985. Existe uma casa de Guarda Florestal desativada. Desbaste efetuado em parte da parcela

b 13,27 Com características semelhantes à parcela a mas onde foi feito desbaste na totalidade da parcela

11

a 14,6

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1982. Nas extremas norte, este e oeste da parcela foi feito desbaste. Encontra-se regeneração de

castanheiros. Tem um ponto de água.

b 4,88 Com características semelhantes à da parcela a mas onde foram feitos desbastes na totalidade da parcela.

Pouco mato no sob-coberto

12

a 22,89

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1985. Regeneração natural dispersa de castanheiro, sobreiro e carvalho-negral. Não foram feitos

desbastes.

b 4,41 Características semelhantes à parcela a mas onde foram efetuados desbastes. Pouco mato no sob-coberto

c 2,90 Com características semelhantes à parcela a com mato no sob-coberto

13

a 2,67

500-600 Oeste

Sobreiral resultante do aproveitamento da abundante regeneração natural existente por desbastes

efetuados em 2005, com árvores dispersas de carvalho-negral e pinheiros-bravos jovens.

b 1,49 Povoamento misto de pinheiro-bravo, sobreiro e carvalho-negral com mato no sob-coberto.

c 7,81

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1987, na zona de maior altitude. Efetuaram-se desbastes a Oeste da parcela, junto ao aceiro

exterior.

14

a 21,16

500-700 Oeste

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1983. Regeneração natural dispersa de carvalho-negral e abundante de sobreiro. Em parte da área

(a norte da barragem) foi efetuado desbaste. Observa-se a ocorrência de acácias.

b 7,54 Com características semelhantes às da parcela a mas com muitas acácias.

c 8,95 Com características semelhantes às da parcela a, tendo sido feito desbaste numa área a Noroeste.

15 - 15,87 500-600 Sul 16-30 Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1987. Regeneração natural dispersa de castanheiro, sobreiro e carvalho-negral. Existem acácias.

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

85

Mata Talhão Parcela Área

(ha)

Altitude

(m)

Exposição

dominante

Declive

dominante (%) Descrição do povoamento

Centro 16

a 9,41

500

Este

< 20

Povoamento puro e regular de pinheiro-bravo, em regime de alto fuste, por regeneração natural do corte

raso de 1987. Regeneração natural dispersa de carvalho-negral, sobreiro e medronheiro. Pouco mato.

Ocorrência de acácias

b 0,48 Área com sobreiros jovens e medronheiros. Pouco mato no sob-coberto

c 2,24 Área social, com arvoredo disperso

d 1,21 Povoamento jovem de sobreiro

e 0,28 Área agrícola

f 1,12 Povoamento misto de sobreiros, medronheiros, carvalho-negral e pinheiro-bravo. Mato no sob-coberto.

Ocorrência de acácias

Sul 17 - 10,46 < 500 Este Povoamento puro e regular de sobreiro, em regime de alto fuste, resultante da sementeira em vala e

cômoro a um compasso de 10 × 2,5 m em 1980.

TABELA 38 - Caracterização dos talhões na Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

Mata Talhão Parcela Área

(ha)

Altitude

(m)

Exposição

dominante

Declive

dominante (%) Descrição do povoamento

Quinta

dos

Olhos

de Água

1

a 1,48 Área agrícola com árvores de fruto dispersas

b 0,16 Galeria ripícola

c 0,82 Nogueiras dispersas

d 0,26 800-900 Oeste 16-30 Povoamento jovem de sobreiros

e 2,34 Souto

f 0,52 Olival com castanheiros dispersos

g 5,01 Povoamento misto de sobreiro e azinheira, com oliveiras dispersas. Mato no sob-coberto

h 0,65 Incultos com pinheiros-bravos dispersos. Área com mato

I 0,40 Povoamento de pinheiro-bravo

j 0,50 Incultos

S.

Salvador 1 - 0,16 Pinhal-manso, com estrutura irregular

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

86

1.1.3.2 Delineamento do esquema de amostragem

Para o delineamento da amostragem utilizaram-se os programas informáticos Arcview©Gis 3.2

(elaboração de cartografia e visualização dos ortofotomapas de 2005), Arcgis 9.1 (para a

criação da grelha de pontos e elaboração dos “Layouts”) e Excel para o armazenamento e

cálculo de dados dendrométricos.

A seleção das unidades de amostra foi realizada pelo método de amostragem sistemática,

tendo por base uma grelha de pontos (pontos que distam entre si 250 m), que se sobrepôs nos

ortofotomapas. Procedeu-se à contagem de todos os pontos que coincidiam com a ocupação

do solo relativamente às espécies predominantes (pinheiro-bravo, castanheiro e sobreiro),

resultando assim em 51 parcelas de amostragem.

Posteriormente assinalaram-se os pontos selecionados, quer nos ortofotomapas, quer nas

cartas militares, que na prática correspondem aos locais de implantação das parcelas de

estudo no terreno (Carta de Localização das Parcelas em Anexo 1).

1.1.3.3 Localização e delimitação das unidades de amostragem no terreno

Para a fase de campo onde se localizaram e delimitaram as unidades de amostra foi utilizado

como material o GPS (Trimble – Geo XM), cartas da área de estudo, ortofotomapas digitais de

2005-2006, cartas militares (nº 348 e 360), Vertex III, fita métrica de 50 m, suta de braços, e

fichas de campo, estacas de madeira, machado para marcação das árvores, bússola e fita

plástica para marcação das árvores de bordadura.

Foram implantadas no terreno parcelas de amostragem circulares com 500 m2, sendo 47 para

o pinheiro-bravo e 2 para o castanheiro, e 2 parcelas de 2000 m2 para a área de sobreiro. A

instalação destas parcelas foi feita através dos ortofotomapas onde estavam sobrepostos os

pontos selecionados que correspondem às parcelas de amostragem, localizando-se no terreno

os pontos centrais das parcelas, com o auxílio do GPS.

Depois de marcado o centro da parcela, procedeu-se à sua delimitação com recurso ao Vertex

III. O procedimento sequencial para a delimitação das parcelas com o Vertex III foi o seguinte:

Calibração do aparelho aquando da chegada ao local;

Determinação da inclinação do terreno através da função ANGLE;

Colocação do transponder no centro da parcela e delimitação da mesma marcando as

árvores de bordadura com fita plástica à distância do raio pretendido (12, 62 m para o

pinheiro-bravo e castanheiro e 25,23 m para o sobreiro).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

87

1.1.3.4 Medições a realizar nas unidades de amostragem

Sendo uma parcela circular, as medições das árvores foram iniciadas na árvore mais a Norte e

no sentido horário. Mediram-se os diâmetros à altura do peito (d) de todas as árvores com a

suta de braços, atribuindo um código a cada árvore de acordo com a sua classe de diâmetro.

As classes de diâmetro consideradas são as que constam da Tabela 39.

TABELA 39 - Classes de diâmetro utilizadas

Classes de diâmetro (d) (cm) Valor Central

[ 7,5 – 12,4 [ 10

[ 12,5 – 17,4 [ 15

[ 17,5 – 22,4 [ 20

[ 22,5 – 27,4 [ 25

[ 27,5 – 32,4 [ 30

[ 32,5 – 37,4 [ 35

Para a seleção das árvores modelo, e posterior medição das alturas totais com o Vertex III, foi

utilizado o Método de Hossfeld. Este método baseia-se na amostragem de um número

idêntico de árvores por classe de diâmetro (neste caso, duas árvores modelo),

independentemente das frequências observadas. As árvores modelo foram aquelas que

apresentaram o diâmetro mais próximo do diâmetro central de cada classe de d. De acordo

com Gomes (1957), este método é aplicável tanto em povoamentos regulares como

irregulares já que permite obter informações relativas a todas as classes de diâmetro

observadas, embora não considere a sua representatividade.

Foram também medidas as alturas totais das árvores dominantes através do critério de

Assmann (seleção das 100 árvores mais grossas por hectare). Para a situação concreta dos

povoamentos de pinheiro-bravo e castanheiro, nos quais a área das parcelas de amostragem é

de 500m2, as árvores dominantes correspondem às 5 árvores mais grossas da parcela.

Para os sobreiros foram medidas as alturas total, de fuste, da base da copa, da bifurcação e do

descortiçamento, bem como a espessura da cortiça.

Para o cálculo do volume total foram necessárias as alturas de todas as árvores da parcela,

mas como apenas se possuía a altura das árvores modelo, procedeu-se à simulação da altura

total das árvores das parcelas de pinheiro-bravo recorrendo-se ao modelo da altura total da

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

88

árvore individual ajustado por Almeida (1998), in Alegria (2004), para o pinheiro-bravo na

região de Castelo Branco (Roque, 2005):

Curva hipsométrica geral:

sendo,

h - altura total em metros;

hdom - altura dominante da árvore em metros;

N - número de árvores da parcela;

d - diâmetro da árvore à altura do peito (cm);

ddom - diâmetro à altura do peito dominante da parcela (cm).

Calculadas as alturas totais de todas as árvores efetuou-se a simulação do volume total com

casca através do modelo para a predição de volumes com casca ao nível da árvore individual

ajustado por Alegria (2001) para o pinheiro-bravo na região de Castelo Branco (Roque, 2005):

V = 0,004798 + 0,000036 * d2 * h

sendo,

d - diâmetro à altura do peito da árvore (cm);

h - altura total da árvore (m);

V – volume total com casca (m3).

Foi efetuada a simulação do volume com casca para a parcela, tendo sido depois reportado ao

hectare, representado por V (m3.ha-1). O acréscimo médio por hectare (produtividade do

povoamento) obteve-se pela razão entre o valor do volume com casca por hectare (V) e a

idade (Roque, 2005).

Para estimar o volume do sobreiro utilizou-se a fórmula do volume do cilindro aplicando um

coeficiente de forma de 0,9:

9.04

2

hd

v

sendo

1

11

1000158945,0783629,01

ddomdhdom

Nhdomh

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89

v = volume total (m3)

h = altura do fuste (m)

d = diâmetro à altura do peito (cm)

Para a determinação do volume total no castanheiro (sobre casca/com casca) foi utilizada a

equação do Inventário Florestal Nacional para folhosas diversas.

hdv 20000393.0

sendo

v = volume total (m3)

h = altura total (m)

d = diâmetro à altura do peito (cm)

1.1.3.5 Índices e classes de qualidade

A qualidade de uma estação, relativamente a uma determinada espécie florestal, refere-se à

produtividade potencial, tanto presente como futura, de um povoamento da espécie em

causa, vegetando nessa estação (Tomé, 2007). A sua avaliação é, assim, indispensável a uma

correta caracterização de um povoamento e à previsão do respetivo crescimento

O índice da qualidade da estação é um método direto de avaliar a potencialidade produtiva

das estações florestais, definido por Tomé (2007), como a altura dominante que um

povoamento tem, teve ou terá a uma determinada idade padrão.

O índice de qualidade da estação foi calculado individualmente para cada parcela de

amostragem através da equação estabelecida por Páscoa et al. (1989), in Alegria (2004),

ajustada para o pinheiro-bravo e para o País, para uma idade de referência de 35 anos.

sendo,

hdom – altura dominante da parcela (m);

– idade da parcela (anos).

5 , 0 820 , 1 307636 , 0 35 10

hdom SI

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

90

Segundo Roque (2005), consideram-se para efeitos de classificação, quanto à qualidade da

estação, as classes:

Classe I - Classe de qualidade superior: SI35≥ 21 m.

Classe II - Classe de qualidade alta: 17 ≤SI35 <21 m;

Classe III - Classe de qualidade média: 13 ≤SI35 <17 m;

Classe IV - Classe de qualidade baixa: 9 ≤SI35 <13 m;

Classe V -Classe de qualidade inferior: SI35≤ 9 m.

1.1.3.6 Descrição parcelar

Após a recolha de dados no campo através de inventário e tratamento de toda a informação

em gabinete, foi elaborada a Tabela 40, que apresenta os parâmetros dendrométricos obtidos

em cada uma das parcelas amostradas.

Pela sua análise poderemos constatar que a quase totalidade da área ocupada com pinheiro-

bravo no Perímetro Florestal se encontra na classe de idade entre os 20 e os 29 anos. Tendo o

inventário ocorrido em 2007 fez-se uma atualização da idade para 2014, embora os dados se

reportem a 2007.

Pela análise da Figura 30 verifica-se que dominam as árvores com diâmetro à altura do peito

na classe dos 15, sendo a quase totalidade nas classes 10, 15 e 20. No que concerne às classes

de qualidade nos talhões 1, 2, 3, 4, 11, 12 e 14 predominam as classes média e baixa, no talhão

7 alta e superior, nos talhões 13 e 15 a classe baixa. Nos talhões 8, 9 e 10 encontram-se

praticamente todas as classes representadas.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

91

Figura 30 - Distribuição da densidade e da altura média por classe de diâmetro à altura do peito

.

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92

TABELA 40 - Caracterização dos talhões e das parcelas de amostragem no Perímetro Florestal de S. Mamede

Talhão Área

(ha)

Parcela de Amostragem

Espécie

Principal

Qualidade da Estação N.º

arv/ha

Altura média

Hdom d

médio G

Volume

(m3.ha

-1)

ig (m3.ha

-

1.ano

-1)

Idade (t) Função

SI35 (m) Classe 2007 2014

1 13,54 334 Pb 16,08 III 840 14,28 15,00 24,8 40,49 255,91 8,82 29 36

Produção

2 15,5

318 Pb 16,64 III 740 14,87 15,52 23,5 32,22 216,78 7,48

29 36 319 Pb 15,23 III 960 13,70 14,20 23,2 40,44 257,68 8,89

348 Pb 9,67 IV 300 9,52 9,02 16,6 6,47 29,99 1,03

3 11,25

203 Pb 16,02 III 1140 13,81 13,83 18,8 31,72 177,37 7,39

24 31 218 Pb 13,83 III 1200 11,57 11,94 12,2 13,97 79,40 3,31

219 Pb 15,43 III 1800 13,38 13,32 16,4 37,97 246,10 10,25

4 15,71

189 Pb 14,94 III 900 13,33 13,12 20,2 28,70 194,96 7,80

25 32 190 Pb 16,08 III 1580 13,43 14,12 16,3 33,05 208,73 8,35

204 Pb 13,66 III 860 11,73 12,00 16,6 18,55 98,49 3,94

6 16,98 147 Ct - - 300 9,4 12,4 20,5 9,99 56,06 4,20

20 27 162 Ct - - 260 7,5 8,5 13,2 3,60 14,40 1,08

7

33,06

159 Pb 19,27 II 1300 15,52 15,68 19,8 40,03 291,33 13,87

21 28

160 Pb 20,30 II 2000 15,61 16,52 16,4 42,07 294,33 14,02

173 Pb 17,94 II 160 14,52 14,60 24,0 7,26 49,02 2,33

174 Pb 19,12 II 920 16,70 15,56 21,8 34,30 253,07 12,05

188 Pb 23,25 I 720 14,26 18,92 24,3 33,52 254,80 12,13

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

93

Talhão Área

(ha)

Parcela de Amostragem

Espécie

Principal

Qualidade da Estação N.º

arv/ha

Altura média

Hdom d

médio G

Volume

(m3.ha

-1)

ig (m3.ha

-

1.ano

-1)

Idade (t) Função

SI35 (m) Classe 2007 2014

8 23,66

145 Pb 16,27 III 900 12,52 12,94 15,7 17,39 103,30 5,17

20 27

Produção

146 Pb 7,48 V 180 6,16 5,95 12,3 2,14 7,38 0,37

161 Pb 14,08 III 620 10,7 11,20 15,5 11,75 56,96 2,85

9 16,47

142 Pb 12,37 IV 1060 9,34 10,06 12,7 13,34 59,93 2,85

21 28 157 Pb 15,07 III 1700 11,88 12,26 14,2 26,76 152,84 7,28

172 Pb 18,04 II 1400 14,08 14,68 15,0 24,75 159,33 7,59

187 Pb 18,16 II 380 14,29 14,78 19,5 11,38 75,99 3,62 21 28

10 30,25

113 Pb 8,88 V 680 7,17 7,38 14,9 11,83 41,18 1,87 22 29

128 Pb 16,20 III 1500 13,56 13,46 15,5 28,17 193,66 8,80

22 29 143 Pb 20,26 II 1140 15,65 16,84 17,1 26,05 193,24 8,78

144 Pb 12,25 IV 300 10,41 10,18 16,2 6,20 28,80 1,31

158 Pb 14,75 III 460 11,91 12,26 16,7 10,13 58,56 2,66

11 19,48

114 Pb 16,19 III 1740 14,11 14,22 15,1 31,06 204,17 8,17

25 32 115 Pb 16,37 III 620 14,16 14,38 18,5 16,69 118,38 4,74

129 Pb 14,32 III 2000 12,67 12,58 15,8 39,11 245,52 9,82

130 Pb 16,90 III 460 14,57 14,84 20,4 15,10 101,64 4,07

12 30,20 55 Pb 13,67 III 500 9,83 11,36 17,7 12,34 65,60 2,98

22 29 70 Pb 13,02 III 1680 10,56 10,82 14,1 26,20 129,89 5,90

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

94

Talhão Área

(ha)

Parcela de Amostragem

Espécie

Principal

Qualidade da Estação N.º

arv/ha

Altura média

Hdom d

médio G

Volume

(m3.ha

-1)

ig (m3.ha

-

1.ano

-1)

Idade (t) Função

SI35 (m) Classe 2007 2014

12

71 Pb 13,14 III 1080 10,24 10,92 16,7 23,55 119,13 5,41

22 29

Produção

85 Pb 15,16 III 1720 11,51 12,60 14,3 27,67 151,27 6,88

86 Pb 12,49 IV 1080 9,88 10,38 15,9 21,52 96,29 4,38

13 11,97 97 Pb 11,04 IV 1660 7,94 8,78 11,2 16,41 70,13 3,51 20 27

14 37,65

82 Pb 18,19 II 340 14,45 15,70 20,4 11,15 74,41 3,10

24 31

84 Pb 14,25 III 720 11,00 12,30 15,7 13,95 70,65 2,94

98 Pb 14,48 III 1760 11,20 12,50 14,1 27,54 155,38 6,47

99 Pb 11,75 IV 920 9,52 10,14 14,8 15,90 74,79 3,12

100 Pb 14,41 III 2400 12,08 12,44 12,9 31,24 169,66 7,07

15 15,87 54 Pb 11,92 IV 120 7,46 9,48 18,2 3,13 13,16 0,66

20 27 68 Pb 11,44 IV 280 9,00 9,10 13,6 4,08 16,70 0,84

16 14,74 65 Pb 8,55 V 420 6,72 6,80 10,1 3,37 11,41 0,57

20 27 81 Pb 13,58 III 900 10,58 10,8 11,4 9,22 45,21 2,26

17 10,46 22 Sb - - 120 4,7 6,8 17,8 2,97 22,9 0,84

27 32 37 Sb - - 150 8,0 8,3 21,9 5,67 41,4 1,53

(Pb- Pinheiro Bravo, Sb- Sobreiro, Ct- Castanheiro, ig - acréscimo médio anual, g - área basal )

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

95

1.1.4 Indicadores de sustentabilidade

A certificação da gestão florestal é um processo que permite verificar se uma área se encontra

a ser gerida de uma forma sustentável e de acordo com um conjunto de normativos

internacionalmente reconhecidos. Para avaliar o estado e progresso das florestas face aos

novos valores da sua gestão sustentável definiu-se a nível europeu um conjunto de critérios

(Pan-European Forest Council), avaliados através de indicadores específicos.

Na Terceira Conferência Ministerial, realizada em 1998 em Lisboa, foi adotada uma resolução

designada “Critérios, Indicadores e Linhas Orientadoras ao Nível Operacional Pan-Europeus

para a Gestão Florestal Sustentável” tendo-se definido 6 critérios (Tomé, 2007):

Manutenção e aumento apropriado dos recursos florestais e o seu contributo para os

ciclos globais do carbono;

Manutenção da saúde e vitalidade dos ecossistemas florestais;

Manutenção e fomento das funções produtivas das florestas;

Manutenção, conservação e fomento apropriado da diversidade biológica nos

ecossistemas florestais;

Manutenção e fomento apropriado das funções protetoras na gestão das florestas;

Manutenção das outras funções e condições socioeconómicas.

Tendo sido realizado o inventário florestal foram recolhidos diversos elementos no campo que

permitem desde logo estabelecer alguns indicadores de acordo com os requisitos definidos

pelo Forest Stewardship Council (FSC) e pelo Program for the Endorsement of Forest

Certification Schemes (PEFC). Assim, e no que se refere à Norma Portuguesa (NP) 4406, para o

Critério 1, Manutenção e aumento apropriado dos recursos florestais e o seu contributo para

os ciclos globais do carbono, poderemos utilizar o volume total e o armazenamento de

carbono como indicadores.

A estimativa da quantidade total de carbono existente na componente arbórea da área deste

Perímetro Florestal pode ser efetuada com base no cálculo da biomassa. Na Tabela 41

encontram-se indicados os valores do volume, da biomassa lenhosa e do armazenamento de

carbono por talhão, tendo sido utilizadas as equações de FPFP (2001).

No que se refere à densidade da madeira os valores utilizados foram de 565 Kg.m3 para o

pinheiro-bravo, de 515-600 Kg.m3 para o castanheiro e de 750 Kg/m3 para o sobreiro

(Carvalho, 1996, in FPFP, 2001), tendo-se assumido na conversão da biomassa em carbono o

valor de 50%. Com o indicador do armazenamento de carbono pretende-se obter uma

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

96

estimativa da quantidade total de carbono imobilizado por parcela no volume total do tronco.

Não foram contabilizados os ramos, as folhas e o sistema radicular.

TABELA 41 - Valores do volume, biomassa e armazenamento de carbono para o Perímetro Florestal de S. Mamede

Talhão Parcela de inventário

Espécie principal

Volume (m

3.ha

-1)

Biomassa (ton.ha

-1)

Carbono (ton.ha

-1)

1 334 Pb 255,91 144,59 72,29

2

318 Pb 216,78 122,48 61,24

319 Pb 257,68 145,59 72,79

348 Pb 29,99 16,94 8,47

3

203 Pb 177,37 100,21 50,11

218 Pb 79,40 44,86 22,43

219 Pb 246,10 139,05 69,52

4

189 Pb 194,96 110,15 55,08

190 Pb 208,73 117,93 58,97

204 Pb 98,49 55,65 27,82

6 147 Ct 56,06 33,64 16,82

162 Ct 14,40 8,64 4,32

7

159 Pb 291,33 164,60 82,30

160 Pb 294,33 166,30 83,15

173 Pb 49,02 27,70 13,85

174 Pb 253,07 142,98 71,49

188 Pb 254,80 143,96 71,98

8

145 Pb 103,30 58,36 29,18

146 Pb 7,38 4,17 2,08

161 Pb 56,96 32,18 16,09

9

142 Pb 59,93 33,86 16,93

157 Pb 152,84 86,35 43,18

172 Pb 159,33 90,02 45,01

187 Pb 75,99 42,93 21,47

10

113 Pb 41,18 23,27 11,63

128 Pb 193,66 109,42 54,71

143 Pb 193,24 109,18 54,59

144 Pb 28,80 16,27 8,14

158 Pb 58,56 33,09 16,54

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

97

Talhão Parcela de inventário

Espécie principal

Volume (m

3.ha

-1)

Biomassa (ton.ha

-1)

Carbono (ton.ha

-1)

11

114 Pb 204,17 115,36 57,68

115 Pb 118,38 66,88 33,44

129 Pb 245,52 138,72 69,36

130 Pb 101,64 57,43 28,71

12

55 Pb 65,60 37,06 18,53

70 Pb 129,89 73,39 36,69

71 Pb 119,13 67,31 33,65

85 Pb 151,27 85,47 42,73

86 Pb 96,29 54,40 27,20

13 97 Pb 70,13 39,62 19,81

14

82 Pb 74,41 42,04 21,02

84 Pb 70,65 39,92 19,96

98 Pb 155,38 87,79 43,89

99 Pb 74,79 42,26 21,13

100 Pb 169,66 95,86 47,93

15 54 Pb 13,16 7,44 3,72

68 Pb 16,70 9,44 4,72

16 65 Pb 11,41 6,45 3,22

81 Pb 45,21 25,54 12,77

17 22 Sb 22,9 17,18 8,59

37 Sb 41,4 31,05 15,53

Para o Critério 2, Manutenção da saúde e vitalidade dos ecossistemas florestais, foi elaborada

a Carta do Risco de Incêndios reconhecendo-se que esta mata, face ao tipo de coberto,

apresenta um elevado risco de incêndio pelo que se preconiza um conjunto de ações de

controlo da vegetação. A densidade da rede viária e divisional é de 75,3 m.ha-1 e 67,1 m.ha-1,

respectivamente, e a de pontos de água é de 1 por cada 184 ha, com boas acessibilidades,

conforme a Carta da Rede Hidrográfica em Anexo.

Na Tabela 40 encontram-se os valores do acréscimo médio anual para a área de produção,

constituindo o indicador da produtividade da produção florestal principal. Esta mata encontra-

se totalmente inserida numa área protegida pelo que as ações a preconizar, nomeadamente

do controlo da vegetação, imprescindíveis face ao risco elevado de incêndio, deverão

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

98

privilegiar a regeneração natural, nomeadamente de castanheiro, sobreiro, carvalho-negral e

medronheiro, minimizando os riscos de erosão. Não foram detetadas árvores longevas e

cavernosas.

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA EXPLORAÇÃO

Tendo em vista uma exploração sustentada dos recursos florestais, a gestão do Perímetro

Florestal da Serra de São Mamede tem por objetivo integrar em simultâneo e de forma

equilibrada os aspetos económicos, sociais e ambientais, de modo a satisfazer necessidades

coletivas de bens e serviços, como são a produção de madeira e cortiça, a caça, o recreio,

mantendo a integridade do seu património e das suas potencialidades. Consequentemente, o

delineamento de uma estratégia de utilização destes recursos implica uma estruturação

territorial das suas principais funções, usos e atividades. Para a Quinta dos Olhos de Água e S.

Salvador o objetivo predominante é o de conservação.

Como objetivo geral pretende-se para as áreas objeto do Plano:

assegurar o cumprimento dos requisitos normativos, das exigências legais e de outra

natureza;

manter uma gestão florestal e dos recursos naturais sustentável e multifuncional,

cumprindo os critérios Pan-Europeus para a Gestão Florestal Sustentável e dos

Princípios e Critérios do FSC;

proteger e conservar os recursos hídricos, os solos, a biodiversidade e os valores

sociais e culturais;

promover a divulgação de práticas de gestão multifuncional;

manter o potencial produtivo do pinhal-bravo, castanheiro, sobreiro e carvalho

negral;

minimizar riscos bióticos e abióticos;

qualificar os agentes envolvidos na gestão dos recursos florestais;

promover a melhoria contínua;

disponibilização para receber e responder a questões colocadas pelas partes

interessadas;

aplicar as orientações do “Código Internacional de Práticas Suberícolas”.

Como objetivos específicos pretende-se durante a vigência deste Plano de Gestão Florestal:

aumentar de forma progressiva a área ocupada por carvalhos e castanheiro;

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

99

manter e melhorar a área ocupada por carvalhos, privilegiando a proteção da

regeneração natural como forma de aumentar o grau de coberto;

efetuar o controlo da vegetação espontânea com meios mecânicos que preservem a

estrutura do solo, como os corta-matos, ou com meios manuais com

motorroçadouras, minimizando os riscos de erosão, aplicando-se as orientações em

termos de gestão do Código Internacional de Práticas Suberícolas (CIPS) e dos

Princípios das Boas Práticas Florestais;

promover a conservação de habitats e espécies prioritárias no âmbito das Diretivas

comunitárias (Habitats e Aves), consubstanciadas no PSRN2000;

integrar as boas práticas de gestão dos recursos naturais na exploração dos recursos

existentes;

manter a rede viária e divisional em estado de conservação adequado à acessibilidade

necessária às operações normais de exploração e de defesa da floresta contra

incêndios, constituindo-se ainda como elementos de compartimentação do espaço

florestal;

ensaiar e promover técnicas de silvicultura próxima da Natureza;

adequar a gestão dos espaços florestais às atividades de recreio com a sinalização dos

acessos e pontos notáveis;

Sendo o PFSSM considerado no âmbito do PROF uma floresta modelo, poderá

constituir-se como uma unidade IDE&D com organização periódica de eventos de

demonstração.

2. ADEQUAÇÃO AO PROF

2.1 ZONAGEM SEGUNDO AS FUNÇÕES DOMINANTES

Sendo inexequível a conciliação no mesmo espaço dos vários interesses a considerar com igual

grau de eficácia, torna-se necessário escolher para os vários talhões a função dominante, que

determina as principais ações de gestão. Verifica-se, assim, a necessidade de estruturar

territorialmente a Unidade de Gestão segundo as funções/objetivos dominantes de cada

talhão, garantindo-se, simultaneamente, a aplicação do conceito de uso múltiplo florestal

(Tabela 42).

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

100

TABELA 42 - Definição de seções e séries para a área de estudo

SEÇÃO (Função geral dominante)

SÉRIE (Sub-função geral/objetivo

específico)

Sub-funções-gerais/ objetivos específicos

associados Talhões/parcelas

Área (ha)

Produção

S1-Povoamentos de pinheiro bravo

Produção de madeira

-

2a,2c,3,4,5,7,9, 10a,10b,11a,11b,12a,12b,12c,13c, 14a,14b,14c,15,

16a

214,52

S2-Povoamentos de sobreiro

Produção de cortiça

Produção de madeira 13a,16b,16d,17,

QOAd 15,08

S3-Povoamento de castanheiro

Produção madeira Produção de fruto 6a 9,79

S4 - Povoamento misto de pinheiro-

bravo e castanheiro

Produção de madeira 2b,6b,8, 33,30

S5 - Povoamento de carvalho-negral

Produção de madeira 1a,1b 12,90

S6 - Povoamento misto de pinheiro-bravo, sobreiro e carvalho-negral

Produção de madeira/fruto/cortiça

13b,16f 2,61

Conservação

S7 - Povoamentos de pinheiro-bravo

Produção de madeira QOAi 0,40

S8 - Povoamento de nogueiras

Produção de madeira/fruto

QOAc 0,82

S9 - Souto Produção de fruto QOAe 2,34

S10 - Povoamento misto de sobreiro,

azinheira

Produção de madeira/fruto

QOAg 5,01

S11 - Povoamento de pinheiro-manso

Produção de madeira/fruto

SS1 0,16

S12 - Incultos - 16e,QOAh, QOAj 1,43

S13 - Galeria ripícola

- QOAb 0,16

Sendo predominantemente atribuída ao Perímetro Florestal de S. Mamede a função de

produção e à Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador a função de conservação optou-se por

não apresentar as respetivas Cartas de Zonagem.

O pinheiro-bravo é a espécie mais representativa no Perímetro Florestal de S. Mamede, sendo

a exploração dos povoamentos existentes principalmente orientada para a produção de

material lenhoso. “A escolha do objectivo de produção deve resultar de um compromisso entre

a opção tecnicamente mais correcta, de acordo com as potencialidades da estação e do

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

101

povoamento, e a melhor opção de carácter económico-financeira” (Monteiro & Patricio, 1996).

Não tem sido feita a resinagem.

2.2 DEFINIÇÃO DE MODELOS DE SILVICULTURA POR UNIDADE TERRITORIAL

Os modelos de silvicultura são definidos para cada talhão de acordo com a ocupação e

objetivos gerais de cada um, tendo como base os modelos apresentados no PROF do Alto

Alentejo (Tabela 43), sendo apresentados na Tabela 44 por Secção ou Série.

TABELA 43 - Modelos de silvicultura das áreas de estudo

MODELO DE SILVICULTURA CÓDIGO

Povoamento puro de pinheiro-bravo para produção de lenho

Pb2

Povoamento puro de sobreiro para produção de cortiça Sb4

Povoamento puro de castanheiro para produção de lenho Ct4

Povoamento misto de pinheiro-bravo para produção de lenho

Pb3

Povoamento puro regular de carvalho-negral para produção de lenho

Qp3

Povoamento puro de nogueiras para produção de lenho No2

Povoamento puro de castanheiro para produção de fruto Ct1

Povoamento misto de sobreiro para produção de cortiça Sb2

Povoamento puro de pinheiro-manso para produção de fruto

Pm2

Povoamento ripícola para proteção Ri

TABELA 44 - Modelos de silvicultura por seção ou série

Série Modelo

Espécie Principal/

Secundária

Regime Estrutura

Método de

regeneração

Tipo/Grau Desbaste

S1, S7

Pb2 Pb/Sb,Ct Alto fuste

Irregular

N/A

Baixo (20 - 30%)

S2 Sb4 Sb -

S3 Ct3 Ct Talhadia Alto misto

S4, S6 Pb3 Pb/Ct/Sb/Qp

Alto fuste

S5 Qp3 Qp Regular -

S8 No2 No

Irregular

Alto misto

S9 Ct1 Ct

S10 Sb2 Sb/Az -

S11 Pm2 Pm -

S13 Ri Diversas -

Pb - pinheiro-bravo, Sb - sobreiro, Ct - castanheiro, Pm - pinheiro-manso, Qp - carvalho-negral, Az - azinheira, No - nogueira, N - natural, A - artificial

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

102

Para a sub-região homogénea Serra de S. Mamede, não estão contemplados modelos de

silvicultura para o pinheiro-bravo e pinheiro-manso pelo que se optou por considerar os

modelos Pb2 e Pb3 e Pm2, respetivamente. Relativamente ao sobreiro optou-se por considerar

o modelo Sb2 para os povoamentos mistos com esta espécie, para o castanheiro o modelo Ct4,

para a área com nogueiras dispersas e onde se pretende arborizar com esta espécie o modelo

No2 e para a galeria ripícola o modelo Ri.

3. PROGRAMAS OPERACIONAIS

De acordo com o nº 2 do art.º 23º do D.L. nº 16/2009, de 14 de janeiro, o PGF vigora enquanto

vigorar o PROF. O PROF AA, de acordo com o art.º 2 do Decreto Regulamentar nº 37/2007, de

3 de abril, vigora para um prazo de 20 anos a contar da data da sua publicação. A

calendarização definida para esta Unidade de Gestão envolve por consequência um período de

13 anos. Assim, para efeitos de programação das ações, considerou-se o ano de 2015 como o

Ano 1 e a programação foi efetuada para um período de 20 anos; para a previsão das despesas

considerou-se apenas o período de 13 anos (até 2027), o que aproxima os objetivos ao ritmo

permitido pelos meios financeiros previsíveis – balanço financeiro das receitas e das despesas

e apoios disponíveis. As intervenções culturais propostas e respectiva sequência temporal

devem ser entendidas com flexibilidade e estar abertas à introdução de alterações periódicas

em função da evolução dos próprios povoamentos.

Para efeitos de contabilização dos custos envolvidos consideraram-se os valores estabelecidos

de 2013/2014 pela Comissão de acompanhamento das Operações Florestais (CAOF),

atualizados de uma taxa de 4,0 %, sem IVA.

3.1 PROGRAMA DE GESTÃO DA BIODIVERSIDADE

3.1.1 Habitats naturais

O Artigo 1º da Diretiva 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio (diretiva habitats), relativa à

preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens, define sítio de importância

comunitária (SIC) como sítio que, na ou nas regiões biogeográficas a que pertence, contribua

de forma significativa para manter ou restabelecer um tipo de habitat natural do anexo I ou

uma espécie do anexo II, num estado de conservação favorável, e possa também contribuir de

forma significativa para a coerência da rede Natura 2000 referida no artigo 3.º e/ou contribua

de forma significativa para manter a diversidade biológica na região ou regiões biogeográficas

envolvidas.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

103

A Portaria n.º 829/2007, de 1 de agosto, publicou a lista de sítios de importância comunitária

que tinham sido aprovados pelas Decisões da Comissão n.ºs 2004/813/CE, de 7 de dezembro,

e 2006/613/CE, de 19 de julho.

A área do Perímetro Florestal da Serra de São Mamede encontra-se inserida no Parque Natural

da Serra de São Mamede, Sitio da Rede Natura 2000 PTCON0007 Serra de S. Mamede, numa

região em que a expressão mediterrânica é já manifesta.

O Parque Natural da Serra de São Mamede foi criado pelo Decreto-Lei n.º 121/89, de 14 de

abril, com o objetivo de promover a proteção dos valores naturais e o desenvolvimento das

atividades económicas de forma auto-sustentada. O Decreto-Lei n.º 19/93, de 23 de janeiro,

que criou a Rede Nacional de Áreas Protegidas, impôs a sua reclassificação, promovida pelo

Decreto Regulamentar n.º 20/2004, de 20 de maio. Foram estabelecidos os novos limites para

o Parque Natural, com o objetivo de incluir os valores naturais da área contígua à que se

encontrava classificada, que foram identificados durante os estudos de caracterização do

processo de ordenamento, bem como no âmbito dos trabalhos desenvolvidos para a

implementação da Rede Natura 2000.

Pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 77/2005, de 21 de março foi aprovado o Plano de

Ordenamento do Parque Natural da Serra de São Mamede (POPNSSM) e respetivo

Regulamento, o qual definiu como uma das áreas de intervenção específica para a

conservação da natureza e da biodiversidade, o Alto de São Mamede, que está integrado

parcialmente no perímetro florestal de São Mamede, com monocultura de pinheiro-bravo.

Na área de intervenção do POPNSSM são interditas entre outras, a introdução ou reintrodução

de espécies não indígenas, animais ou vegetais, no estado selvagem, cinegéticas ou não,

invasoras ou infestantes, de acordo com a legislação específica, a mobilização do solo em

terraços ou banquetas, com exceção dos terraços tradicionais para fins agrícolas, ou segundo a

linha de maior declive, no decurso da realização de qualquer operação no exercício de

atividades agro-florestais, a limpeza de matos com lâmina frontal, durante a realização de

qualquer operação no exercício de atividades agro-florestais, a realização de cortes rasos e de

arranques em maciço de castinçais, carvalhais (Quercus pyrenaica e Quercus faginea) e galerias

ripícolas, exceto quando estiverem em causa razões fitossanitárias devidamente comprovadas

pela entidade competente na matéria.

Pretende-se neste Sítio favorecer a existência de um mosaico equilibrado entre os habitats

naturais e semi-naturais, e os espaços florestais, em moldes a definir no Plano de Gestão.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

104

Neste sentido, torna-se necessário proteger os carvalhais de carvalho-negral, reconverter

algumas manchas florestais de modo a restabelecer povoamentos de folhosas autóctones ou

promover os povoamentos mistos, incentivar a manutenção dos montados de uso múltiplo e

gerir a floresta de forma a reduzir o risco de incêndio. Importa igualmente ordenar a atividade

cinegética e a expansão urbano-turística, tendo em conta a preservação de áreas mais

sensíveis.

A Diretiva Aves tem o objetivo de proteger determinadas espécies existentes no território da

União Europeia, bem como os seus ninhos, ovos e habitats. Nos espaços abrangidos por esta

Diretiva a atividade cinegética é limitada bem como certos métodos de captura e abate. Para

esta as principais orientações de gestão aplicáveis na unidade de gestão são:

Manter/melhorar ou promover manchas de montado aberto (refere-se a

povoamentos com menos de 30% de cobertura, geralmente com uso agro-

silvopastoril);

Restringir uso de agro-químicos/adotar técnicas alternativas;

Conservar/promover sebes, bosquetes e arbustos (refere-se principalmente a faixas de

vegetação associadas às linhas de água);

Condicionar a florestação, nomeadamente com eucalipto e outras espécies que não a

azinheira e sobreiro);

Conservar/ recuperar povoamentos florestais autóctones, como os montados de

azinho e sobro com mais de 30% de cobertura;

Adotar práticas silvícolas específicas nas áreas envolventes a locais de nidificação e

dormitórios de aves;

Promover áreas de matagal mediterrânico;

Reduzir risco de incêndio.

O Plano de Ordenamento do Parque Natural aponta para a diminuição da monocultura do

pinhal e do eucaliptal, contribuindo, assim, para a biodiversidade e redução do risco de

incêndio. Face às características dos espaços florestais preconiza-se a recuperação progressiva

das áreas florestais pela introdução de cortes faseados e subsequente reflorestação por duas

espécies, recorrendo ao Pinheiro-bravo intercalado com o Sobreiro ou recorrendo a carvalhais

e sobreirais.

A calendarização das ações previstas nas parcelas onde ocorrem habitats (Tabela 45) encontra-

se nas tabelas 49.

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

105

TABELA 45 - Relação das parcelas com habitats e orientações de gestão

TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)

ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO

1a,1b Pinheiro-bravo 12,0 2015 - Corte final e

arborização com carvalho-negral

-

6a,6b (parte) Castanheiro 13,6 2015 5330; 9260; 4030

Adensamento com castanheiros, com abertura de covas

para evitar a destruição do

habitat

- Controle de invasoras; - Evitar a acumulação excessiva de combustível; - Condicionamento das operações de desmatação; - Aceiramento de faixas corta-fogo nas imediações das manchas pré-climácicas; - Plantação de folhosas de baixa inflamabilidade; - Combate à tinta e ao cancro do castanheiro.

3 (parte)

Pinheiro-bravo

0,8 2020 4030

Desbastes e remoção de

despojos; controlo de vegetação

(periodicidade de 5 anos). As ações preconizadas

contribuem para a redução do

material combustível

- Controle de invasoras;

- Evitar a acumulação excessiva de combustível.

8 (parte) 10,9 2017 4030;8220

9(parte),10b(parte) 4,5 2018 8220

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106

TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)

ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO

17

Sobreiro

10,5 2017, 2021,

2025 6310

Controlo de vegetação com

corta-matos, podas de formação

- Combater pragas e doenças fitossanitárias; - Plantação do sobro ou azinho/adensamento, se julgado necessário

13a 1,0 2017, 2022,

2027 9330

- Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação e proteção da regeneração; - Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio.

QOAe Castanheiro 1,9 2016 9260 Adensamento com

castanheiro e controlo vegetação

- Apoio à conservação deste habitat tendo em vista a manutenção da área atual de ocupação.

QOAg(parte) Misto (olival, matos, azinheira,

sobreiro) 2,0 2015-2019 9340

Desbaste cultural de azinheira e

podas de formação, controlo de vegetação

- Promover a transformação de áreas de montado marginais e densas pela plantação e proteção da regeneração; - Executar medidas orientadoras para a prevenção e redução de risco de incêndio;

- Manutenção do mosaico de sebes, matos e pastagens naturais

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107

TALHÃO/PARCELA POVOAMENTO ÁREA (ha)

ANO HABITAT AÇÕES ORIENTAÇÕES DE GESTÃO

QOAj Matos 0,50 2018

(periodicidade de 5 anos)

4030 Controlo de vegetação

espontânea

- Controle de invasoras; - Evitar a acumulação excessiva de combustível.

14a,14b,15,16a,16f Pinheiro-bravo 54,7 2015 - 2019 - Eliminação de

acácias

QOAb Galeria ripícola 0,16 2015 -

Controlo de vegetação

(periodicidade bianual)

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108

3.2 PROGRAMA DE GESTÃO DA PRODUÇÃO LENHOSA

3.2.1 Pinheiro-bravo

A condução e exploração dos povoamentos contemplam a realização de cortes culturais ou

intermédios e de cortes finais ou de realização, com o fim de obter uma produção sustentada

dos recursos, visando a sua exploração à perpetuidade.

Os cortes culturais ou intermédios realizam-se com o objetivo de conduzir, orientar e melhorar

o povoamento, podendo, secundariamente, os produtos extraídos serem comercializados.

Estes cortes distinguem-se dos cortes finais ou de realização por nem sempre se traduzirem na

remoção de árvores inteiras, em alguns casos, para o corte de partes das árvores, podendo

também incidir sobre indivíduos de espécies que não constituem o objetivo principal da

exploração. Os principais tipos de cortes são as limpezas de povoamento, os desbastes, as

desramações e por vezes as podas (Alves, 1988).

Os cortes finais ou de realização devem ser efetuados quando o povoamento atinge o termo

de explorabilidade. Para os povoamentos de pinheiro-bravo (S1, S6), cujo objetivo principal é a

produção lenhosa, define-se como termo de explorabilidade os 40-50 anos (dependendo da

classe de qualidade).

Podem considerar-se três tipos de cortes aplicados na gestão dos povoamentos florestais:

cortes únicos (rasos), sucessivos e salteados. As condições de aplicação dos vários tipos de

cortes são função das características da espécie, das estações e dos fatores que diretamente

condicionam a regeneração natural ou artificial dos povoamentos (Alves, 1988).

Neste capítulo, são definidas as principais intervenções, cujo objetivo é não só potenciar a

produção (lenho/cortiça/fruto), mas também efetuar uma conversão gradual dos

povoamentos onde exista elevada densidade de regeneração natural de outras espécies (como

o castanheiro, sobreiro e carvalho-negral). Nos locais onde estas espécies estão bem

adaptadas, procurar-se-á estabelecer povoamentos mistos a curto prazo ou povoamentos

puros a longo prazo, promovendo uma maior diversidade florística e faunística, tendo em

conta que as áreas em análise se localizam no Parque Natural da Serra de São Mamede.

3.2.1.1 Plano de cortes culturais

O plano de cortes culturais contemplará a realização de limpezas, desramações e desbastes,

sendo que a intensidade destas operações silvícolas será ajustada de acordo com os resultados

que foram obtidos na avaliação da classe de qualidade, da densidade e lotação e da

estabilidade dos povoamentos.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

109

O desbaste pelo alto misto, também conhecido por desbaste seletivo ou dinamarquês, tem por

objetivo a obtenção de lenho de elevada qualidade para serração ou desenrolamento no mais

curto espaço de tempo. Para alcançar estes objetivos é necessário manter no povoamento as

melhores árvores livres de competição, o que promove o crescimento rápido e a regularidade

da espessura dos anéis de crescimento.

Antes da execução de qualquer desbaste, procede-se à seleção das árvores com maior

qualidade e potencialidade biológica e ecológica e à sua marcação como “árvore de futuro”.

São estas as árvores que são beneficiadas pelas intervenções culturais e mantidas até ao corte

final.

O número de “árvores de futuro” selecionadas deverá ser ligeiramente superior ao número de

árvores a corte final (cerca de 10%), permitindo assim a substituição de alguma árvore de

futuro que sofra algum tipo de problema.

A seleção das “árvores de futuro” deve ocorrer na altura do primeiro desbaste, quando as

árvores começam a diferenciar-se em classes sociais (fase de bastio) e seguir os seguintes

critérios:

Serem árvores dominantes;

Serem vigorosas;

Serem verticais, com um tronco rectilíneo;

Terem copa equilibrada, com desenvolvimento normal, capaz de reagir aos desbastes;

Não apresentarem feridas ou ramos excessivamente grossos nos primeiros 5-6 metros

de fuste;

Estarem regularmente distribuídas pelo povoamento em relação às outras árvores de

futuro.

Após a sua marcação, todas as intervenções culturais a realizar terão como objetivo a sua

beneficiação. Aquando da realização de um desbaste, deverão ser retiradas todas as árvores

que possam competir com as “árvores de futuro”. Todas as árvores que não o façam podem

permanecer até ao próximo desbaste onde será novamente avaliada a sua interferência com

as “árvores de futuro”. Desta forma é mantido um número superior ao número de árvores a

corte final que permite a substituição de árvores de futuro, se necessário, e a manutenção de

um grau de cobertura elevado que protege o solo da erosão.

No inventário realizado, houve talhões que englobaram mais do que uma parcela, pelo que os

valores utilizados foram valores médios, que posteriormente foram transformados em

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

110

percentagem para uma maior homogeneidade da proposta efetuada e também para conferir

uma certa flexibilidade. Estes valores foram também adaptados de acordo com as existências

do povoamento, com a classe de qualidade e com a estabilidade apresentada em termos de

povoamento.

TABELA 46 - Estimativa do ano de desbaste para o pinheiro-bravo no Perímetro Florestal de S. Mamede

Talhão/Parcela Ano de

desbaste Talhão/Parcela

Ano de desbaste

2 2020 9

2015

3 2019

2018

4 10b;15;16a 2018

5;11b; 12b;12c;14b

2021 11a;14c

2015

6

2015 2016

2020 12a; 13b,13c;14a 2016

2025

7;8;10a 2015

2017

TABELA 47 - Plano de cortes culturais para o Pinheiro-bravo

ANO DE CORTE

SÉRIE DE CORTES

TALHÕES

1º Quinquénio

1ª Série de cortes

3,4,6,7,8,9,10a,11a,12a,13b,13c,14a,14c,15,16a

2º Quinquénio

1.ª Série de cortes

2,5,6,11b,12b,12c,14b

3º Quinquénio

2ª Série de cortes

6

Durante o período de vigência deste PGF algumas parcelas deverão sofrer desbastes (Tabela

46), o qual deverão ser realizados segundo o plano da Tabela 47. Embora em alguns talhões a

intensidade de desbaste pudesse atingir 50% do povoamento, serão mais adequadas

intensidades da ordem dos 25-30%, de forma a permitir a estabilidade do povoamento.

Na área da Faixa de Gestão de Combustível da rede primária, cuja largura é de 125 metros,

serão efetuados desbastes no pinhal-bravo de forma a reduzir a continuidade horizontal do

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

111

arvoredo existente; sempre que necessário as ações de controlo da vegetação poderão

efetuar-se em intervalos de tempo mais reduzidos.

3.2.1.2 Plano de cortes finais

Para os povoamentos de pinheiro-bravo, os cortes finais ou de realização a efetuar deverão ser

cortes rasos, que implicam a remoção de todas as árvores do povoamento e são

especialmente adaptáveis às espécies de luz, boas produtoras de semente facilmente

disseminável pelo vento, para as quais não haja grandes exigências de proteção nas primeiras

idades. Deverão ser efetuados de forma a não danificar a regeneração natural. Durante o

período de vigência deste plano (2015-2027), apenas se prevê o corte final do talhão 1 onde

será efetuada uma arborização com carvalho-negral.

3.2.2 Castanheiro

“Na área do PNSSM o castanheiro é explorado visando a produção de madeira (castinçais) ou a

produção de castanha (soutos)”, restringindo-se a cultura intensiva desta espécie para

produção de madeira, fundamentalmente, “ao regime de talhadia quer por razões históricas,

quer por obtenção mais frequente de produção e menores períodos de espera pelos primeiros

rendimentos” (Pereira, 2001).

Ainda segundo este autor a talhadia de pequenas dimensões será aconselhável para as

talhadias de média qualidade e homogéneas, em estações com potencialidades médias, sendo

muito usada na região para cestaria; a produção de médias dimensões é indicada para as

talhadias vigorosas, regulares, com a maioria das varas direitas e pouco ramificadas.

Tendo por base as observações feitas no local e atendendo aos modelos de gestão definidos

por Monteiro & Patrício (1996), considera-se que as varas existentes no talhão 6 se enquadram

mais no modelo com objetivo “madeira de pequenas dimensões”. A rotação tradicional dos

cortes em povoamentos com este objetivo é de 25 - 30 anos, sendo para o objetivo “madeira

de médias dimensões” de 30 - 35 anos.

No caso dos povoamentos de castanheiro (S3) no Perímetro Florestal de S. Mamede, dado

tratar-se de um povoamento irregular explorado em alto fuste e talhadia, localizado em área

classificada, atravessada por corredor ecológico e por uma faixa de gestão de combustível

primária, as intervenções centrar-se-ão na seleção de varas, numa ótica de manutenção dos

povoamentos existentes. Assim, as ações preconizadas centrar-se-ão na rolagem (corte junto

ao solo das árvores mal conformadas), com seleção do melhor rebento de forma a melhorar a

forma da árvore e promover a dominância apical, a desramação, corte e seleção de varas,

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

112

controlo da vegetação espontânea, corte e remoção de árvores secas, adensamento de

clareiras com esta espécie e aproveitamento de regeneração natural. A altura a desramar

nunca deverá ser superior de 1/3 a 1/2 da altura total da árvore.

No caso dos povoamentos de castanheiro, os cortes finais serão cortes salteados, de modo a

não danificar a regeneração natural e assegurar a perpetuidade dos povoamentos, tanto

quanto possível por regeneração natural, bem como a proteção dos solos aos fenómenos

erosivos.

Os cortes salteados envolvem uma estratégia de escolha permanente sobre as árvores a retirar

da mata, baseadas em grande parte numa perspetiva de conhecimento bio-cultural das

espécies, que tornam este sistema de delicada aplicação. A priori, não existem regras sobre o

volume a retirar e o próprio diâmetro de explorabilidade funcionando apenas como um guia

indicador.

Não se prevê a realização de cortes finais para os povoamentos de castanheiro na vigência

deste PGF.

3.2.3 Carvalho-negral

No âmbito do protocolado entre o ICNF e a Ventoculto, Centrais Eólicas, Unipessoal, Lda., irá

ser efetuada uma arborização com carvalho-negral no talhão 1 do Perímetro Florestal da Serra

de S. Mamede, onde foi efetuado no primeiro semestre de 2014 um corte final do pinhal-bravo

existente (Figura 30). Este povoamento estava instalado em curva de nível, com a vala e

comoro ainda percetível.

A opção por esta espécie prende-se com a necessidade de promoção das espécies autóctones,

dando cumprimento ao estipulado no Plano de Ordenamento do PNSSM, nomeadamente aos

objetivos dos níveis de proteção onde se insere o PFSSM - Áreas de Proteção Parcial tipo I e II e

Complementar tipo I. Esta espécie encontra-se adaptada à estação e às condições

edafoclimáticas, além de contribuir para a redução da perigosidade de incêndio.

As intervenções propostas visam a realização das operações de preparação do solo e a

plantação de carvalho-negral (Quercus pyrenaica), ao compasso de 4x3m num total de 10.000

plantas, conforme descrito no Quadro 47. Esta intervenção tem um valor de investimento de

€6.015,06, com um valor de €501,26 por hectare. De salientar que nesta intervenção as

operações de preparação do terreno serão realizadas por pessoal e maquinaria do ICNF.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

113

TABELA 48 - Descrição das intervenções para plantação de carvalho-negral

Intervenções Operações

Preparação do solo

Passagem de charrua paralela ao cômoro existente, para criação de local de plantação (a

executar pelo ICNF)

Plantação Plantação de carvalhos ao compasso 4x3m e

adubação.

Figura 31 - Parcelas de plantação de carvalho-negral

Ao longo do aceiro interior que separa os talhões 1 e 2 do Perímetro existem sobreiros e

bétulas em faixa. Dado que muitas das bétulas se encontram secas e/ou em mau estado

vegetativo pretende-se a substituição das árvores que secaram ou em vias de secar com a

instalação de lodão-bastardo (Celtis australis L.).

Esta espécie caducifólia, robusta e de porte mediano, é espontânea no centro e sul de

Portugal, suporta climas com períodos estivais secos, pluviosidade baixa e possui boa

resistência ao vento. Sendo pouco exigente em termos de solos desenvolve-se em solos

pobres em húmus, de húmido a seco, embora prefira solos pedregosos, profundos, frescos e

soltos, e é indiferente ao ph e cresce até 1200 metros de altitude. Rebenta de toiça ou de raiz

após corte ou passagem de fogo.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

114

Pretende-se assim instalar uma estrutura linear com lodão-bastardo e sobreiro. A distância

entre as plantas será de 10 metros, com abertura manual de covas.

3.2.4 Nogueiras

Na Quinta dos Olhos de Água existe uma parcela onde se encontram nogueiras dispersas

pretendendo-se efetuar uma arborização com esta espécie. Assim, preconiza-se a abertura

manual de covas e a plantação a um compasso de cerca de 5x5 metros.

3.3 APROVEITAMENTO DA REGENERAÇÃO NATURAL

Como alguns talhões/parcelas ocupados por pinheiro-bravo apresentam, para além da espécie

principal, regeneração natural de espécies autóctones como o sobreiro, o castanheiro e, em

menor abundância, carvalho-negral, preconiza-se para estes casos o aproveitamento da

mesma, no sentido de melhorar a estrutura dos povoamentos e, se possível, conseguir uma

conversão gradual destes povoamentos para povoamentos das outras espécies que aparecem

espontaneamente.

Nos talhões onde há regeneração natural de sobreiro e se houver necessidade de corrigir a

densidade, deve-se proceder ao controle da vegetação e limpezas de povoamento de modo a

libertar a regeneração da concorrência das espécies arbustivas e de outras árvores,

defendendo-as também da possibilidade de ocorrência de incêndios através da criação de

descontinuidade espacial (vertical e horizontal), isto em árvores que se apresentem numa fase

inicial do seu desenvolvimento. Posteriormente, para promover o crescimento de árvores com

fustes direitos deverão ser efetuadas podas/desramações nas árvores que apresentem

tendência para ramificar junto ao solo não devendo a altura a desramar ser superior a 1/3 da

altura total.

Nos talhões onde há maior abundância de regeneração de castanheiro, se necessário devem

efetuar-se limpezas quer de mato quer de povoamento de forma a eliminar a concorrência e

permitir um melhor desenvolvimento das árvores selecionadas. Se as árvores apresentarem

grande ramificação junto do solo e várias varas deverá ser efetuada a rolagem, ou seja, o corte

junto ao solo das árvores mal conformadas, seguida da seleção do melhor rebento,

melhorando a forma da árvore e promovendo a dominância apical. Para o aproveitamento da

regeneração natural de carvalho-negral, que aparece muito dispersa, em toda a unidade de

gestão, deverá efetuar-se o mesmo procedimento utilizado para a regeneração de castanheiro,

caso se justifique.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

115

Estas ações encontram-se em consonância com as orientações definidas no Plano de

Ordenamento do Parque Natural.

3.4 PROGRAMA DE GESTÃO DO APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NÃO LENHOSOS E OUTROS SERVIÇOS

ASSOCIADOS

3.4.1 Programa de gestão suberícola

Os povoamentos de Sobreiro, dado que se destinam principalmente à produção de cortiça,

serão submetidos a intervenções culturais e de descortiçamento. A extração de cortiça far-se-á

em ciclos mínimos de 9 anos, em pau batido, pelo que a próxima extração ocorrerá em 2021.

Assim, durante a vigência deste PGF ocorrerá uma extração.

No Perímetro Florestal de S. Mamede a área de sobreiro concentra-se nos talhões 16d e 17.

Existe ainda uma parcela (13a), onde existia uma grande densidade de sobreiro de

regeneração natural, em que foi efetuado o corte dos pinheiros existentes, pelo que nesta

parcela a espécie dominante é o sobreiro. A parcela 13b tem características semelhantes

pretendendo-se efetuar a mesma ação. Os sobreiros nestas parcelas ainda são jovens e não

foram descortiçados.

No Perímetro Florestal existem ainda dispersos sobreiros por toda a área, bem como umas

parcelas onde se encontram com outras espécies como o medronheiro (Parcela 16b), que

serão mantidos e conduzidos, preconizando-se a desbóia ao atingirem a idade mínima

legalmente estabelecida. Estas ações respeitam as orientações definidas para o Sítio.

Na Quinta dos Olhos de Água existe uma pequena parcela com sobreiros jovens que serão

igualmente desboiados ao atingirem a idade mínima legalmente estabelecida. Esta extração

coincidirá com os anos de descortiçamento indicados para o Perímetro Florestal de S.

Mamede.

No processo de aproveitamento da regeneração natural do Sobreiro, deverão ser efetuadas

podas de formação aos indivíduos com mais de 1,30 m de altura, em simultâneo com a

passagem do corta-mato, para que o fuste cresça com uma forma favorável à exploração

suberícola. Tendo em vista uma melhor gestão de meios e consequente racionalidade

económica prevê-se que a ação de podas de formação percorra a totalidade da área de

produção, preconizando-se que seja efetuada dois anos antes do ano de descortiçamento.

Procurar-se-á programar as ações de controlo da vegetação para que não sejam efetuadas nos

dois anos antes que antecedem o ano de descortiçamento, nem nos dois anos seguintes. O

controlo da vegetação deverá ser efetuado com recurso a corta-matos. A utilização desta

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

116

técnica permitirá minimizar os riscos de erosão e melhorar a capacidade regenerativa do solo

devendo ser uma prática obrigatória nas áreas públicas.

Sendo efetuadas com recurso a corta-matos o desenvolvimento da vegetação tenderá a ser

maior, o que poderá obrigar a estabelecer uma maior periodicidade. Considera-se uma

periodicidade de 5 anos, passível de alteração consoante o desenvolvimento do coberto

arbustivo e sub-arbustivo.

3.4.2 Pinheiro-manso

O povoamento de pinheiro-manso existente localiza-se em S. Salvador, sendo constituído por

árvores adultas, preconizando-se a sua condução para produção de fruto, embora se considere

ser uma área de conservação. O controlo da vegetação será efetuado com recurso preferencial

a corta-matos, sendo a periodicidade compatível com o fato de se enquadrar numa Faixa de

Gestão de Combustível primária.

3.4.3 Castanheiro

Na Quinta dos Olhos de Água existe um povoamento adulto para produção de fruto (souto),

que se pretende manter. Assim, para esta área apenas se preconiza o controlo da vegetação e

o aproveitamento da regeneração natural da espécie.

3.4.4 Programa de gestão de outros serviços associados

Não se prevê a exploração silvopastoril nestas áreas. Existindo potencialidades para

exploração apícola será de encarar esta possibilidade caso se constate interesse por

apicultores da região. Não tem existido uma exploração económica dos recursos fúngicos.

3.5 OUTRAS AÇÕES DE BENEFICIAÇÃO FLORESTAL

Todos os talhões deverão ser sujeitos a ações de controlo da vegetação espontânea em ciclos

de 5 anos, de forma a diminuir a carga combustível e consequente risco de incêndio, e para

facilitar a execução das restantes ações de gestão destas áreas. Nas áreas de povoamentos de

sobreiro esta periodicidade terá de se adaptar aos anos de extração de cortiça.

Dado que o desenvolvimento da vegetação não é uniforme, sempre que se verifique a

existência de carga de combustível que implique um risco elevado de incêndio deverá ser

efetuado o devido ajustamento ao programa de ações preconizado. Assim, deverá ser

efetuada uma monitorização do desenvolvimento da vegetação no final do primeiro

quinquénio, adequando-se, caso se revele necessário, o programa das ações para o restante

período de vigência do plano.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

117

Existem parcelas onde se poderá encarar a título experimental a utilização do fogo controlado,

desde que não exista regeneração natural de sobreiro ou sobreiros em produção, em locais

criteriosamente selecionados. Estas parcelas de experimentação permitirão avaliar a dinâmica

sucessional da vegetação após o fogo, reduzindo igualmente os custos do controlo da

vegetação. Nas parcelas dominadas por sobreiro, deverão ser evitadas ações que possam vir a

afetar a capacidade regenerativa do solo ou a qualidade da cortiça.

Para a galeria ripícola são preconizadas ações de manutenção, com controlo manual da

vegetação e corte e remoção de árvores secas.

No ponto 3.8 encontram-se discriminadas as ações previstas durante a vigência deste Plano,

sendo individualizadas anualmente para o 1º quinquénio já que se irá efetuar uma

monitorização das ações.

3.6 PROGRAMA DE INFRAESTRUTURAS

Na FGC da rede primária, além dos desbastes culturais deverão ser efetuadas ações de

controlo da vegetação com uma periodicidade bianual, embora condicionada ao

desenvolvimento do sob-coberto arbustivo e herbáceo.

Foram consideradas faixas de gestão de combustível (FGC) numa área envolvente de 7 metros

nas linhas de transporte de eletricidade de média tensão, de 15 metros no marco geodésico e

de 50 metros nas envolventes das áreas sociais e viveiro, posto de vigia e dos aerogeradores.

Nestas áreas deverão efetuar-se ações de controlo da vegetação espontânea com uma

periodicidade bianual.

Existe ainda uma faixa de 10 metros envolvente da estrada asfaltada preconizando-se a sua

limpeza com uma periodicidade bianual.

Os caminhos poderão sofrer reparações e melhorias esporádicas, quando o seu estado assim o

justifique, considerando-se adequado programar a sua manutenção com uma periodicidade de

5 anos.

A rede divisional é constituída por aceiros e arrifes. Os aceiros perimetrais e interiores deverão

ser limpos com periodicidade bianual, podendo esta ação ser efetuada de uma forma

desfasada. O controlo da vegetação revela-se indispensável já que permitirá minimizar os

riscos de incêndio. A periodicidade na execução desta ação poderá ser alterada total ou

parcialmente em consequência da monitorização que deve ser feita anualmente.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

118

3.7 PROGRAMA DAS OPERAÇÕES SILVÍCOLAS MÍNIMAS

As Faixas de Gestão de Combustível (FGC) são faixas de interrupção e de redução do material

combustível, podendo ser de redução (FRC) ou de interrupção (FIC). Enquanto nas primeiras se

procede à remoção parcial do material combustível de superfície, supressão da parte inferior

das copas e abertura de povoamentos, nas segundas a remoção do material combustível é

total.

As FGC têm como função:

Redução da superfície percorrida por incêndios de grandes dimensões, facilitando a

intervenção direta de combate, quer na frente de fogo, quer nos seus flancos;

Diminuição dos efeitos da passagem de incêndios de grandes dimensões protegendo,

passivamente, as vias de comunicação, as infraestruturas e equipamentos sociais,

zonas edificadas, bem como os povoamentos florestais de valor especial;

Isolamento de potenciais focos de ignição de incêndios, tais como as faixas paralelas às

linhas elétricas ou à rede viária, as faixas envolventes aos parques de recreio, entre

outros.

Serão efetuadas ações de desbaste cultural e de controlo da vegetação na área abrangida pela

FGC da rede primária e ações de controlo da vegetação com periodicidade bianual na área da

FGC da rede secundária e da rede terciária. A periodicidade na execução das ações previstas

poderá ser alterada em consequência da monitorização anual que deverá ser feita.

Em termos de defesa contra agentes bióticos deverão ser utilizados meios de combate e de

prevenção como a instalação de armadilhas contra a processionária dispersas pela área de

pinhal. Preconiza-se a instalação na área de pinhal de armadilhas para captura de borboletas.

Não sendo a intensidade da praga muito forte, preconiza-se uma densidade de uma armadilha

por cada três hectares, adquirindo-se dois conjuntos de cápsulas de feromonas que serão

colocadas durante um ano, após o que deverá ser efetuada uma reavaliação da situação. Caso

a intensidade da praga venha a aumentar deverá ajustar-se o número das armadilhas para o

tecnicamente aconselhado (uma por cada três hectares em áreas homogéneas). As árvores

secas e/ou com sintomatologia deverão ser cortadas e queimadas.

Sendo as linhas de água sistemas de drenagem natural e elementos da paisagem que

permitem o desenvolvimento de sistemas bióticos de grande diversidade e geralmente de

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

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119

contraste com a envolvente será assegurada a sua proteção, não sendo efetuadas

mobilizações na sua área envolvente.

Preconiza-se ainda a sinalização dos talhões, particularmente no Perímetro Florestal da Serra

de S. Mamede com a utilização de placas.

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120

3.8 GESTÃO FLORESTAL PRECONIZADA

TABELA 49 - Programação das ações

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

DIMENSÃO PREVISTA (ha)

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Arborização

Instalação

1a,1b

12,0 - - - - - -

Retancha - 12,0 - - - - -

Controlo de vegetação espontânea

- - - - - 12,9 12,9

Instalação de nogueiras QOAc - 0,82 - - - - -

Beneficiação

Adensamento com castanheiro

6a,6b,QOAe 2,0 2,34 - - - 13,6 -

Auto de marca

7,8,9,10a,11a,14c 58,3 - - - - - -

11a,12a,13b,13c,14a,14c - 59,1 - - - - -

7,8,10a - - 43,2 - - - -

9,10b,15,16a - - - 44,9 - - -

2a,2b,2c,3,4 - - - - 42,5 - -

5,11b,12b,12c,14b,QOAi - - - - - 27,5 -

S. Salvador - - - - - - 0,16

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121

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

DIMENSÃO PREVISTA (ha)

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Beneficiação

Controlo vegetação espontânea em pinhal-

bravo

1c,2b,12c 6,0 - - - 2,9 - -

16f - 1,1 - - 1,1 1,1 1,1

1c - - - 0,6 - - -

7,8,9,10a,11a,14c - - - - - 58,3 58,3

1c,11a,12a,13b,13c,14a,14c - - - - - 59,2 -

7,8,10a - - - - - 43,2 -

9,10b,15,16a - - - - - 44,9 -

1c,2a,2b,2c,3,4 - - - - - 43,1 -

5,11a,11b,12a,12b,12c,13b, 13c,14a, 14b,14c

- - - - - - 86,3

1c,7,8,10a - - - - - - 43,9

QOAi - 0,4 - - - 0,4 0,4

Desbaste de pinheiro-bravo e remoção de

despojos

7,8,9,10a,11a,14c 58,3 - - - - - -

11a,12a,13b,13c,14a,14c - 59,1 - - - - -

7,8,10a - - 43,2 - - - -

9,10b,15,16a - - - 44,9 - - -

2a,2b,2c,3,4 - - - - 42,5 - -

5,11b,12b,12c,14b - - - - - 27,1 -

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122

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

DIMENSÃO PREVISTA (ha)

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Beneficiação

Controlo vegetação espontânea na área de

Sobreiro

16d - 1,2 - - 1,2 - -

13a,17 - - 13,1 - - - -

16b - - - - - 1,0 0,5

17 - - - - - 10,5 11,7

13a,16d - - - - - 3,9 -

QOAd 0,26 - - 0,26 - 0,78 0,52

Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e

desramação de pinheiros-bravos, corte

de árvores secas, controlo vegetação

manual, seleção e poda de formação de

castanheiros, sobreiros e azinheiras

6a,6b 14,3 - - - - 14,3 14,3

Controlo vegetação em pinhal-manso

S. Salvador 0,16 - - 0,16 - 0,32 0,16

Controlo de vegetação espontânea

QOAe, QOAg, QOAh, QOAj 2,34 0,65 5,01 2,84 - 6,32 6,32

Desbaste em pinheiro-manso

S. Salvador - - - - - - 0,16

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TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

DIMENSÃO PREVISTA (ha)

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Beneficiação

Podas de formação em sobreiro

16d - 1,2 - - - - -

16b - - 0,5 - - - -

13a - - - - - 2,7 -

QOAd - - - 0,26 - 0,26 -

Desbaste cultural de azinheira, podas de

formação QOAg 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01 5,01

Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas

QOAb 0,16 - - 0,16 - 0,32 0,16

Eliminação de acácias 14a,14b,15,16a,16f 54,7 54,7 54,7 54,7 54,7 - -

Extração de cortiça 13a,16b,16d,17 - - - - - 14,8 14,8

Intervenção fitossanitária

Controlo da processionária

Área de pinhal-bravo - 272,8 - - - - -

Sinalização de talhões - - - - - - - -

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124

TABELA 50 - Custo das ações de intervenção florestal

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

CUSTOS PREVISTOS ( € )

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Arborização

Instalação

1a,1b

6015,1 - - - - - -

Retancha - 1921,9 - - - - -

Controlo de vegetação espontânea

- - - - - 5060,0 6156,3

Instalação de nogueiras QOAe - 531,9 - - - - -

Beneficiação

Adensamento com castanheiro

6a,6b,QOAe 2382,2 - - - - 19708,6 -

Auto de marca

7,8,9,10a,11a,14c 8488,5 - - - - - -

11a,12a,13b,13c,14a,14c - 8949,2 - - - - -

7,8,10a - - 9158,1 - - - -

9,10b,15,16a - - - 9899,3 - - -

2a,2b,2c,3,4 - - - - 9744,9 - -

5,11b,12b,12c,14b, QOAi - - - - - 6820,1 -

S. Salvador - - - - - - 50,2

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125

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

CUSTOS PREVISTOS ( € )

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Beneficiação

Controlo vegetação espontânea em pinhal-

bravo

1c,2b,12c 2033,9 - - 228,8 1150,0 - -

16f - 387,8 - - 436,2 471,8 552,0

7,8,9,10a,11a,14c - - - - - 24044,7 29254,1

1c,11a,12a,13b,13c,14a,14c

- - - - - 25392,5 -

7,8,10a - - - - - 19270,9 -

9,10b,15,16a - - - - - 20830,4 -

1c,2a,2b,2c,3,4,15 - - - - - 20795,1 -

5,11a,11b,12a,12b,12c,13b, 13c,14a, 14b,14c

- - - - - - 45036,2

1c,7,8,10a - - - - - - 23825,9

QOAi - 141,0 - - - 165,0 200,7

Controlo vegetação espontânea na área de

Sobreiro

16d - 337,2 - - 379,3 - -

13a,17 - - 3828,3 - -

16b - - - - - 349,3 200,0

17 - - - - - 3882,7 -

13a,16d - - - - - 1386,7 -

16d,17 - - - - - - 5557,1

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126

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

CUSTOS PREVISTOS ( € )

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Beneficiação

Controlo vegetação espontânea na área de

Sobreiro

13a - - - - - - 1168,0

QOAd 70,2 - - 82,2 - 185,0 338,7

Podas de formação

16d - 124,4 - - - - -

16b - - 53,9 - - - -

13a - - - - - 354,1 -

QOAd - - - 29,2 - 36,9 -

Extração de cortiça 13a,16b,16d,17 - - - - - - -

Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e

desramação de pinheiros-bravos, corte

de árvores secas, controlo vegetação

manual, seleção e poda de formação de

castanheiros, sobreiros e azinheiras

6a,6b 8316,4 - - - - 10118,2 12310,3

Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas

QOAb 51,8 - - 58,0 - 138,7 82,6

Controlo de vegetação QOAe, QOAg, QOAh, 632,2 402,3 3225,1 1045,9 - 7569,3 8192,4

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

127

TIPOLOGIA ACÇÃO TALHÃO/

PARCELA

CUSTOS PREVISTOS ( € )

1º Quinquénio 2º quinq 3º quinq

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

espontânea QOAj

Beneficiação

Controlo de vegetação em pinhal-manso

S. Salvador 95,7 - - 107,1 - 251,0 152,5

Desbaste cultural de azinheira, podas de

formação QOAg 3495,6 3635,3 3780,8 3932,0 4089,3 4975,3 6053,1

Eliminação de acácias 14a,14b,15,16a,16f 52684,0 54791,3 56983,0 59262,3 61632,8 - -

Sinalização de talhões - 150,0 - - - - - -

Intervenção fitossanitária

Controlo da processionária

- - 1422,6 - - - - -

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S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

128

TABELA 51 - Ações para a rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível

TIPOLOGIA PRÉDIO AÇÃO DIMENSÃO PREVISTA (Ha/km)

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 2º quinq 3º quinq

Infraestruturas e ações de DFCI

Perímetro Florestal S. Mamede

Beneficiação da rede divisional Exterior 17,7 17,7 17,7 35,0 35,0

Interior - 8,3 - 8,3 - 24,9 8,3

Beneficiação da rede viária 10,3 - 13,03 - - 23,2 -

Rede secundária

FGC (linha de média tensão)

0,8 - 0,8 - 0,8 1,6 1,6

FGC (área social) - 0,1 - - 0,1 0,1 0,1

FGC (estrada) - 5,7 - - 5,7 5,7 5,7

Quinta dos Olhos de Água

Beneficiação da rede divisional exterior 0,35 - 0,35 - 0,35 0,70 0,70

Beneficiação da rede viária - - - - - - -

Rede secundária

FGC (área social)

FGC (linha de média tensão)

0,06 - 0,06 - 0,06 0,12 0,12

S. Salvador Rede secundária FGC (linha de média

tensão) 0,003 - - 0,003 - 0,006 0,003

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

129

TABELA 52 - Custos das ações a realizar na rede de infraestruturas e faixas de gestão de combustível

TIPOLOGIA PRÉDIO AÇÃO

DIMENSÃO PREVISTA (Ha/km)

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 2º

quinq 3º

quinq

Infraestruturas e ações de DFCI

Perímetro Florestal S. Mamede

Beneficiação da rede divisional Exterior 5783,1 - 6255,0 - 6765,4 15231,9 17819,2

Interior - 1410,2 - 1525,2 - 5363,9 2087,4

Beneficiação da rede viária 9910,7 - 13560,6 - - 28556,5 34743,4

Rede secundária

FGC (linha de média tensão)

261,4 - 282,7 - 305,8 688,4 805,4

FGC (área social) - 17,0 - - 19,1 21,5 24,2

FGC (estrada) - 968,4 - - 1089,3 1225,4 1378,4

Quinta dos Olhos de Água

Beneficiação da rede divisional exterior 114,4 - 123,7 - 133,8 301,2 352,4

Beneficiação da rede viária - - - - - - -

Rede secundária

FGC (área social) - - - - - - -

FGC (linha de média tensão)

19,6 - 21,2 - 22,9 51,6 60,4

S. Salvador Rede secundária FGC (linha de média

tensão) 1,0 - - 1,1 - 2,6 1,6

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

130

4. BALANÇO ECONÓMICO E FINANCEIRO PREVISIONAL

Na Tabela 53 encontra-se discriminado o Balanço Económico e Financeiro Previsional para o

período de vigência do PGF (13 anos). Verifica-se pela análise da Figura 32 que o maior

investimento será para a beneficiação. Não devemos esquecer que esta Mata constitui ainda

uma Floresta Modelo, definida pelo PROF.

TABELA 53 - Balanço económico e financeiro

TIPOLOGIA ACÇÃO CUSTO

ESTIMADO (€)

RECEITAS (€)

Arborização Preparação do terreno, plantação, retancha 8614,0 -

Ações de beneficiação

Controlo vegetação na linha na área arborizada 11216,4 -

Adensamento na área de Castanheiro 22090,8 -

Auto de marca 53110,2 -

Controlo vegetação espontânea em pinhal-bravo 213695,1 -

Controlo de vegetação espontânea em Sobreiro 15411,3 -

Seleção e redução de densidade de varas de castanheiro, seleção e desramação de pinheiros-

bravos, corte de árvores secas, controlo vegetação manual, seleção e poda de formação de castanheiros,

sobreiros e azinheiras

30745,0 -

Controlo vegetação manual em pinhal-manso (S. Salvador) e em povoamentos mistos (QOA)

20655,0 -

Podas de formação em sobreiro 4013,9 -

Controlo vegetação da galeria ripícola, corte e remoção árvores secas

331,1 -

Desbaste cultural de azinheira 25681,3 -

Eliminação de acácias 285353,4 -

Sub-total

682303,5 -

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

131

TIPOLOGIA ACÇÃO CUSTO

ESTIMADO (€)

RECEITAS (€)

Infraestruturas e ações de DFCI

Manutenção da rede divisional periférica 51854,5 -

Manutenção da rede divisional interior 10386,6 -

Manutenção da rede viária 86771,3 -

FGC (estrada no P. F. S.Mamede) 4661,5 -

FGC (linha de média tensão) 2343,7 -

FGC (área social) 81,8 -

Sub-total 156099,3 -

Outras intervenções

Controlo da processionária 1422,6 -

Sinalização 150,0 -

Descortiçamento - 8050,0

Desbastes culturais em pinhal - 471933,8

Sub-total 1572,6 479983,8

TOTAL 848589,5 479983,8

Figura 32 - Distribuição das despesas por tipologia

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

132

As receitas previstas para o período de vigência deste plano de gestão florestal (2015- 2027)

resultam dos cortes culturais previstos bem como da extração de cortiça secundeira.

Figura 33 - Relação entre despesas e receitas para o período de vigência do plano

Pela análise da Figura 33 poderemos constatar que as despesas superam as receitas previstas.

No entanto, atendendo a que as infraestruturas são normalmente efetuadas com recursos

próprios, a que a área ocupada com sobreiros ainda não se encontra em plena produção e a

que se prevê a realização de cortes finais faseados no Perímetro Florestal da Serra de S.

Mamede a partir de 2030, esta tendência tenderá a inverter-se.

5. PERÍODO DE REVISÃO DO PLANO

Este Plano deve ser revisto em cada período de 5 anos, efetuando-se uma monitorização anual

das ações previstas e realizadas. Tendo sido instaladas parcelas permanentes de inventário

deverão ser analisados os parâmetros dendrométricos e de qualidade da estação de forma a

analisar a evolução dos povoamentos. Deverá ser igualmente efetuada com a mesma

frequência uma análise sobre as ações previstas e realizadas, de forma a adaptar, sempre que

se revele necessário, o programa adotado.

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

133

6. BIBLIOGRAFIA

ALEGRIA, C. M. M., 2004. Lições de Dendrometria e Inventário Florestal II. Instituto Politécnico

de Castelo Branco. Escola Superior Agrária. Castelo Branco (187 pp.).

ALFA, 2004. Tipos de Habitats Naturais e Semi-Naturais do Anexo I da Diretiva 92/43/CEE

(Portugal Continental): Fichas de caracterização Ecológica e de Gestão para o Plano

Sectorial da Rede Natura 2000. Relatório. Lisboa.

COBA, 2003. Plano de Ordenamento do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Caracterização.

Instituto de Conservação da Natureza.

Cabral MJ (Coord.), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME,

Palmeirim JM, Queirz AL, Rogado l & Santos-Reis M (eds) (2005). Livro Vermelho dos

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Continental (URL:

http://www3.uma.pt/alfa/biogeografia/artigo_biogeog_pt_JCCosta.pdf, acesso em 07-

11-2012).

DGRF, 2006. Normas para a produção de cartografia relativa a Planos de Gestão Florestal das

Matas Nacionais e Perímetros Florestais. Documento de Trabalho, Versão 1.1.

DGRF, 2007, Identificação e Monitorização de pragas e doenças em povoamentos florestais.

Edmundo Manuel R. de Sousa, Mafalda Evangelista & José Manuel Rodrigues (Eds.).

Direção-Geral dos Recursos Florestais. Lisboa. 175 pp. ISBN 978-972-8097-68-4.

FEIO, M. & ALMEIDA, G., 1980. A Serra de S. Mamede. Finisterra, Volume XV, nº 29: 33-52. Centro

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Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

136

ANEXO 1 - CARTOGRAFIA

Grupo I - Peças cartográficas relativas ao documento de avaliação

Carta 1 – Carta de Localização do PFSSM

Carta 2 – Carta de Localização da QOA e S. Salvador

Carta 3 – Carta Hipsométrica do PFSSM

Carta 4 – Carta Hipsométrica da QOA e S. Salvador

Carta 5 – Carta de Declives do PFSSM

Carta 6 – Carta de Declives da QOA e S. Salvador

Carta 7 – Carta de Orientações de Encostas do PFSSM

Carta 8 – Carta de Orientações de Encostas da QOA e S. Salvador

Carta 9 – Carta de Solos do PFSSM

Carta 10 – Carta de Solos da QOA e S. Salvador

Carta 11 – Carta Hidrográfica do PFSSM

Carta 12 – Carta Hidrográfica da QOA e S. Salvador

Carta 13 – Carta das Características Diagnóstico no Perímetro Florestal de S. Mamede

Carta 14 – Carta das Características Diagnóstico na QOA e S. Salvador

Carta 15 – Carta da Ocupação do Solo no PFSSM

Carta 16 – Carta da Ocupação do Solo na QOA e São Salvador

Carta 17 – Carta de Habitats do PFSSM

Carta 18 – Carta de Habitats da QOA e S. Salvador

Carta 19 – Carta das Restrições de Utilidade Pública no PFSSM

Carta 20 – Carta das Restrições de Utilidade Pública na QOA e S. Salvador

Carta 21 – Carta de Perigosidade do PFSSM

Carta 22 – Carta de Perigosidade da QOA e S. Salvador

Carta 23 - Carta de Risco de incêndio do PFSSM

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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Carta 24 - Carta de Risco de Incêndio da QOA e S. Salvador

Carta 25 - Carta de Bacias de Visibilidade do PFSSM

Carta 26 - Carta de Bacias de Visibilidade da QOA e S. Salvador

Carta 27 – Carta de Infra-estruturas Florestais no PFSSM

Carta 28 – Carta de Infra-estruturas Florestais na QOA e S. Salvador

Carta 29 – Carta de Infraestruturas DFCI no PFSSM

Carta 30 – Carta de Infraestruturas DFCI na QOA e S. Salvador

Grupo II – Peças cartográficas relativas ao modelo de exploração

Carta 31 - Carta dos pontos de inventário do PFSSM

Carta 32 – Carta de aptidão potencial para o Pinheiro-bravo no PFSSM

Carta 33 – Carta de aptidão potencial para o Sobreiro no PFSSM

Carta 34 - Carta de aptidão potencial para o Castanheiro no PFSSM

Carta 35 - Carta de aptidão potencial para o Pinheiro-bravo na QOA e S. Salvador

Carta 36 - Carta de aptidão potencial para o Sobreiro na QOA e S. Salvador

Carta 37 - Carta de aptidão potencial para o Castanheiro na QOA e S. Salvador

Carta 38 - Carta de aptidão potencial para a Azinheira na QOA e S. Salvador

Carta 39 – Carta das Ações no Ano 1 para o PFSSM

Carta 40 – Carta das Ações no Ano 1 para a QOA e S. Salvador

Carta 41 – Carta das Ações no Ano 2 para o PFSSM

Carta 42 – Carta das Ações no Ano 2 para a QOA e S. Salvador

Carta 43 – Carta das Ações no Ano 3 para o PFSSM

Carta 44 – Carta das Ações no Ano 3 para a QOA e S. Salvador

Carta 45 – Carta das Ações no Ano 4 para o PFSSM

Carta 46 – Carta das Ações no Ano 4 para a QOA e S. Salvador

Carta 47 – Carta das Ações no Ano 5 para o PFSSM

Carta 48 – Carta das Ações no Ano 5 para a QOA e S. Salvador

Plano de Gestão Florestal do Perímetro Florestal de

S. Mamede, Quinta dos Olhos de Água e S. Salvador

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ANEXO 2

TABELA 54 – Equivalência genérica entre os modelos de combustível do USDA Forest Service e as formações florestais portuguesas (Fonte: Fernandes, 2009)

GRUPO: Herbáceo

MODELO DESCRIÇÃO GENÉRICA APLICAÇÃO

1

Pasto fino, seco e baixo, com altura abaixo do joelho, que cobre completamente o solo. Os matos ou as árvores cobrem menos de 1/3 da superfície. As pastagens com espécies anuais são exemplos típicos.

Fogo muito rápido, de intensidade reduzida a moderada.

Montado. Pastagens anuais ou perenes. Restolhos

2

Pasto contínuo, fino, seco e baixo, com presença de matos ou árvores que cobrem entre 1/3 e 2/3 da superfície.

Os combustíveis são formados pelo pasto seco, folhada e ramos caídos da vegetação lenhosa. Fogo rápido e moderadamente intenso.

Matrizes mato/herbáceas resultantes de fogo frequente (e.g. giestal). Formações lenhosas diversas (e.g. pinhais, zimbrais, montado). Plantações florestais em fase de instalação e nascedio.

3

Vegetação herbácea alta (à volta de 1m). 1/3 ou mais está seco.

Fogo extremamente rápido e muito intenso.

Campos cerealíferos (antes da ceifa). Pastagens altas. Feteiras. Juncais.

4

Mato alto (1,8 m e mais), estreme ou sobcoberto arbóreo.

Fogo muito rápido de intensidade extrema. A possibilidade de propagação pode ser condicionada pela humidade do combustível vivo e velocidade do vento. Em formações florestais o fogo transmite-se às copas.

Qualquer formação que inclua um estrato arbustivo alto e contínuo (horizontal e verticalmente), especialmente com % elevadas de combustível morto: carrascal, tojal, urzal, esteval, acacial.

Formações arbóreas jovens e densas (fase de novedio) e não caducifólias.

5

Mato baixo jovem ou “verde”, com ou sem coberto arbóreo.

Fogo rápido de intensidade moderada. Em situações não arborizadas a possibilidade de propagação pode ser condicionada pela humidade do combustível vivo e velocidade do vento. Numa formação florestal a possibilidade de fogo de copas estará muito dependente da sua estrutura.

Qualquer formação arbustiva jovem ou com pouco combustível morto. Sub-bosque florestal dominado por silvas, fetos ou outra vegetação sub-lenhosa verde.

Eucaliptal (> 4 anos de idade) com sub-bosque arbustivo baixo e disperso, cobrindo entre 1/3 e 1/2 da superfície.

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6

Mato de porte variável (mais vulgarmente até 1,2 m), com presença expressiva de combustível morto, com ou sem coberto arbóreo.

Fogo rápido de intensidade moderada a elevada. Em situações não arborizadas a possibilidade de propagação pode ser condicionada pela velocidade do vento. Numa formação florestal a possibilidade de fogo de copas estará dependente da sua estrutura.

Situações de dominância arbustiva não enquadráveis nos modelos 4 e 5.

Regeneração de Quercus pyrenaica (antes da queda da folha)

8

Folhada compacta, de coníferas de agulha curta ou de folhosas de folha plana não muito grande.

Fogo bastante lento e de muito reduzida intensidade. Não há possibilidade de transmissão do fogo ao estrato arbóreo

Formações florestais ou pré-florestais sem sub-bosque: carvalhos mediterrânicos, carvalhais, e castanheiro no Verão, medronhal maduro, vidoal, folhosas ripícolas, choupal, eucaliptal jovem, cupressáceas e restantes resinosas de agulha curta

GRUPO: Manta morta

MODELO DESCRIÇÃO GENÉRICA APLICAÇÃO

9

Folhada pouco compacta, de coníferas de agulha média a comprida ou folhosas de folha grande e ondulada.

Fogo lento e pouco intenso. O fogo de copas é possível em pinhais sem descontinuidade vertical suficiente.

Formações florestais sem sub-bosque: pinhais, carvalhais e castanheiro no Inverno, eucaliptal (> 4 anos de idade).

11

Carga reduzida, constituída por resíduos recentes e espaçados, formando um estrato pouco compacto e baixo (à volta de 0,3 m).

Fogo lento de intensidade moderada, mas com potencial de transmissão vertical ao copado, produção de focos secundários e reacendimento.

Formações florestais sujeitas a operações de desramação e desbaste, seleção de toiças (eucaliptal) ou a cortes parciais ligeiros.

12

Carga moderada, constituída por resíduos de exploração que formam um estrato contínuo até 0,6 m de altura.

Fogo moderadamente rápido e de intensidade elevada. O potencial de produção de focos secundários e de reacendimento é elevado.

Formações florestais sujeitas a desbaste ou corte parcial intensos, ou a corte raso