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PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FLORESCER

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA

PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

FLORESCER

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PLANO DE MANEJO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

FLORESCER

URUBICI – SANTA CATARINA

Coordenação

Maísa Guapyassú

Equipe Técnica

Maísa Guapyassú: Engenheira Florestal CREA 45825-D. 5ª região. Mestre em Engenharia Florestal – modalidade Conservação da Natureza pela UFPR.

Danilo Martinelli Pitta: Engenheiro Civil (CREA/SC 41.767-2). Sócio Diretor da empresa IGUATEMI - Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda, proprietário do Centro de Vivências e de Desenvolvimento Humano Florescer.

Equipe de Suporte

Fernanda Otto da Fonseca Pitta: Psicóloga, educadora Waldorf, proprietária do Centro de Vivências e Desenvolvimento Humano Florescer, anexo a Ecovila Florescer e a RPPN Florescer.

Zélia Beatriz Volkweis: Arquiteta, terapeuta e observadora de pássaros e mamíferos.

Supervisor Geral

Fernanda Otto da Fonseca Pitta, como representante da Associação Florescer.

Apoio Técnico e Institucional:

ICMBio, PARNA de São Joaquim, através do analista ambiental Michel Tadeu R. N. de Omena.

Engenharia Florestal da UDESC, através dos alunos: Marco Antônio Bento Flávia Denise Coldebella

Engenharia Ambiental da UDESC, através dos alunos: Carolina Donadel Tamires Nedel

Biologia da UNIVALI, através da aluna: Verônica Lago Battezini (pós-graduanda latu sensu em Biologia da Conservação)

Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda.

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Agradecimentos

Temos muito a agradecer pela oportunidade de poder participar da manutenção da vida em nosso planeta, em especial, deste rico ecossistema no qual a RPPN Florescer esta inserida.

Primeiramente agradecemos, em memória póstuma, ao sr. Alvaro Siqueira Pitta, que foi responsável inicialmente pela compra da propriedade e que, sensibilizado com o projeto da Ecovila Florescer, deu oportunidade para que os associados pudessem ir recomprando a área, hoje de posse compartilhada entre Associação Florescer e Danilo Martinelli Pitta. Desejamos que, onde você esteja, Sr. Alvaro Siqueira Pitta, receba as bênçãos divinas pela porta que abriu a todos nós.

Em segundo, não menos importante, gostaríamos de agradecer às pessoas que nos possibilitaram produzir o Plano de Manejo, sem as quais não teríamos saído do lugar. Agradecemos, de coração, Maísa Guapyassú e Michel Omena pelo trabalho voluntário e cuidadoso que fizeram para que pudéssemos concretizar este plano.

À querida amiga Maísa, pela ajuda em guiar nossas ações, esclarecendo dúvidas, estruturando o trabalho e, através da sua imensa experiência, pontuando o essencial, agradecemos o trabalho benevolente e amoroso.

Ao profissional e agora amigo, Michel Tadeu Omena, que completou o trabalho necessário de levantamento de campo com os alunos das universidades mencionadas em regime de voluntariado e, além disso, nos emprestou o material para o trabalho, agradecemos principalmente por se tratar de um profissional sério, competente e que serve respeitosamente o meio ambiente e a comunidade de Urubici. Acompanhamos o incansável trabalho dedicado ao PARNA de São Joaquim e à proteção do ecossistema da região. Gratidão!

Agradecemos também à Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda que nos auxiliou em todo levantamento topográfico e cartográfico, inclusive nos emprestando material e equipamentos necessários.

Por último, sem o que nada disso seria possível, agradecemos a cada um dos associados que ajudam a manter firmes os propósitos e sustentam, financeira, emocional e energeticamente, a Ecovila Florescer e, por conseguinte, a RPPN Florescer.

É com muita honra que agradecemos a cada um de vocês que concretizaram este Plano de Manejo.

Fernanda Fonseca Pitta, em nome da Associação Florescer.

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Apresentação

O presente documento apresenta a proposta do PLANO DE MANEJO DA RPPN FLORESCER, que se situa em área limítrofe entre o Parque Nacional Campo dos Padres, em estudo para implementação, e a Ecovila Florescer, no município de Urubici, Santa Catarina.

O presente Plano foi elaborado de forma comunitária, seguindo os princípios da propriedade onde a RPPN está inserida. Foi coordenado voluntariamente por Maísa Guapyassú e teve o apoio do PARNA São Joaquim, por meio do analista ambiental Michel Tadeu Omena, que envidou esforços para trazer alunos das Universidades UDESC e Univali para o levantamento de campo com seis estudantes em regime voluntariado. Além destes, os associados da Associação Florescer: Danilo Martinelli Pitta, Fernanda Otto da Fonseca Pitta e Zélia Beatriz Volkweis auxiliaram na elaboração dos mapas, zoneamento, cadastro, georreferenciamento, estudo geomorfológico, inventário hídrico, redação do Plano e registro de imagens da Fauna e da Flora.

O local escolhido para a implantação da RPPN FLORESCER está situado dentro da propriedade da Associação Florescer e de Danilo Martinelli Pitta, na região do Rio dos Bugres, Município de Urubici/SC, nas proximidades do sítio arqueológico denominado Caverna do Rio dos Bugres. A área contém várias nascentes, quedas de água, incluindo cachoeira com mais de 100 metros de altura, além da presença significativa de pinheiros brasileiros (Araucaria angustifolia) e florestas de xaxins (Dicksonia sellowiana) cuja maioria ultrapassa dois metros de altura, além de outros exemplares notáveis da fauna e da flora.

A RPPN se situa na encosta do Campo dos Padres, sendo uma localidade de geografia exuberante, com superfícies planas e montanhosas. As nascentes do terreno são formadoras do Rio dos Bugres e do Rio Canoas (que vem a ser um dos formadores do Rio Uruguai). Estes rios, assim como outros da região do Campo dos Padres, são beneficiários do extravasamento de água do Aquífero Guarani.

Em Santa Catarina já são mais de 29 mil hectares destinados à preservação pelas 62 RPPN existentes. Destas, sete se localizam em Urubici, somando um total de 615,99 hectares dos quais 25% correspondem à RPPN Florescer, com seus pouco mais de 155 hectares.

A região do Campo dos Padres e o entorno se caracterizam também pela riqueza de ecossistemas e pela grande variedade de espécies de plantas e animais, que fazem da região um ecótono, um lugar de transição, onde diferentes ecossistemas se encontram.

Pensando na importância da perpetuidade da conservação desta rica biodiversidade encontrada em Urubici e região, onde além dos 5,11 mil hectares das RPPN locais (Alfredo Wagner, Bom Retiro, São Joaquim e Urubici), somam-se mais 49.300 hectares do PARNA São Joaquim e 56.624 hectares do PARNA Campos dos Padres (em estudo), os proprietários da RPPN Florescer se alegram em apresentar este Plano de Manejo.

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Ressaltamos que o Plano de Manejo aqui apresentado foi organizado de acordo com o Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural (FERREIRA et al, 2004).

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Sumário Agradecimentos ................................................................................................ 3

Apresentação .................................................................................................... 4

Lista de figuras .................................................................................................. 8

Lista de quadros ................................................................................................ 8

Introdução ......................................................................................................... 9

1. Informações gerais ...................................................................................... 10

1.1 Acesso ................................................................................................... 10

1.2 Histórico de criação................................................................................ 11

1.3 Histórico da região ................................................................................. 13

1.4 Ficha resumo da RPPN ......................................................................... 15

2. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN ................................................................... 16

2.1 Localização ............................................................................................ 16

2.2 Clima ..................................................................................................... 17

2.3 Geologia e Relevo.................................................................................. 17

2.4 Hidrografia ............................................................................................. 19

2.5 Vegetação .............................................................................................. 20

2.5.1 Levantamento preliminar da vegetação na RPPN florescer ............. 21

2.5.2 Espécies da flora ameaçadas de extinção já registradas na RPPN Florescer.............................................................................................................. 23

2.6 Fauna..................................................................................................... 25

2.6.1 Avifauna .......................................................................................... 26

2.6.2 Mastofauna ...................................................................................... 35

2.7 Visitação ................................................................................................ 45

2.8 Pesquisa e Monitoramento..................................................................... 48

2.9 Ocorrência de fogo................................................................................. 49

2.10 Sistema de Gestão e demais atividades da RPPN ............................... 49

2.11 Pessoal ................................................................................................ 49

2.12 Infraestrutura ........................................................................................ 50

2.13 Equipamentos e Serviços..................................................................... 50

2.14 Recursos Financeiros .......................................................................... 50

2.15 Formas de Cooperação........................................................................ 50

2.16 Ameaças existentes ............................................................................. 51

3. Caracterização da propriedade .................................................................... 52

4. Caracterização da área do entorno.............................................................. 54

5. Possibilidade de conectividade .................................................................... 55

6. Declaração de significância ......................................................................... 57

7. Planejamento .............................................................................................. 58

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7.1 Objetivos de Manejo .............................................................................. 58

8. Zoneamento ................................................................................................ 59

8.1 Zona Silvestre ........................................................................................ 61

8.2 Zona de Proteção .................................................................................. 61

8.3 Zona de Visitação .................................................................................. 61

8.4 Zona de administração ........................................................................... 62

9 Programas de Manejo .................................................................................. 62

9.1 Programa de administração: .................................................................. 62

9.2 Programa de visitação: .......................................................................... 64

9.3 Programa de Sustentação Econômica ................................................... 65

9.4 Programa de Comunicação .................................................................... 66

9.5 Programa de Pesquisa e Monitoramento ............................................... 66

9.6 Programa de Fiscalização ...................................................................... 66

9.7 Programa de Voluntariado. .................................................................... 67

10. Cronograma Físico e financeiro ................................................................. 68

Referências Bibliográficas ............................................................................... 71

Anexos ............................................................................................................ 73

Anexo 1. ...................................................................................................... 73

Anexo 2 ....................................................................................................... 85

Anexo 3 ....................................................................................................... 86

Anexo 4 ....................................................................................................... 87

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Lista de figuras

Figura 1: Acesso à RPPN Florescer ................................................................ 11 Figura 2: - Localização da RPPN .................................................................... 16 Figura 3: Vista da RPPN inserida dentro da propriedade................................. 17 Figura 4: Exemplares da flora ameaçados de extinção e vulneráveis,

encontrados na RPPN Florescer, onde: A – Araucaria angustifolia, B - Dicksonia sellowiana, C - Gunnera manicata (VU). ..................................................................... 23

Figura 5: Algumas das espécies de aves constatadas na RPPN Florescer, onde: A. Gralha-azul (NT); B. tecelão; C. Sanhaço-de-fogo; D. Caneleiro-de-chapéu-preto; E. Saíra-sapucaia (EN)*; F. Tapaculu-ferreirinho (EN)*..................................... 35

Figura 6: Atividades de pesquisa desenvolvidas. ............................................ 36 Figura 7: Localização das armadilhas.............................................................. 37 Figura 8: Mamíferos ameaçados constatados na RPPN Florescer, onde: A.

Cuíca-cinza-quatro-olhos; B. Leão-baio (VU); C. Cutia; D. Veado-virá; E. Jaguatirica (EN); F. Veado-mateiro (EN em SC); G. Gato-do-mato-pequeno (VU); H. Bugio-ruivo (VU); I. Tatu-galinha; J. Gato-do-mato-pequeno (VU) ................................................. 44

Figura 9: Cascata Ananda ............................................................................... 46 Figura 10: Caminhos existentes ...................................................................... 47 Figura 11: Registros de visitações ocorridas ................................................... 48 Figura 12: Cará (Chusquea cf meyeriana) ....................................................... 51 Figura 13: Localização da RPPN Florescer e das demais unidades de

conservação da região ................................................................................................ 56 Figura 14: Mapa de zoneamento da RPPN Florescer ...................................... 60

Lista de quadros

Quadro 1: Espécies arbóreas registradas em levantamento expedito na RPPN Florescer – fev-2015 ................................................................................................... 21

Quadro 2: Lista preliminar de avifauna registrada na RPPN Florescer e status de conservação de acordo com as listas da IUCN, MMA e FATMA, onde: Métodos de avaliação: FT – foto; VIS – visualização; COL – coleta (aves que morreram colidindo contra vidro); SOM ...................................................................................................... 27

Quadro 3: Lista preliminar de espécies de mastofauna registradas para a RPPN Florescer onde: AH área habitada; CA campo; ES estrada; FL floresta; RI riacho; Métodos de avaliação: Ft – foto; vis – visualização; col – coleta; ras – rastro; fz- fezes. ................................................................................................................................... 38

Quadro 4: Cronograma físico financeiro das atividades previstas no Plano de Manejo .......................................................................................................................... 6

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Introdução

O Município de Urubici, onde a RPPN Florescer está inserida, é conhecido pelas maiores belezas do sul do Estado por conta de suas notáveis formações naturais. Em função disto, o Ministério do Meio Ambiente vem tentando criar outro Parque Nacional na região, que hoje já abriga o Parque Nacional de São Joaquim, formando assim uma área de mais de 100.000 hectares protegidos em um dos únicos lugares do sul do Brasil onde serão mantidas e protegidas populações de puma, assim como diversas outras espécies de mamíferos e mais de 180 espécies de aves, segundo estudos recentes.

A formação geológica da região, onde se destaca o afloramento do arenito Botucatu, confere à região do Campo dos Padres um papel fundamental na recarga do Aquífero Guarani, como já dito anteriormente.

Os ricos e biodiversos ecossistemas da região, bem como suas plantas e animais continuam pressionados por desmatamentos e caça ilegais e por queimadas. Nos últimos anos tem surgido uma nova e devastadora ameaça aos campos da região: o plantio de espécies de árvores exóticas, principalmente o Pinus elliottii. As monoculturas de Pinus eliminam a biodiversidade do local e suas sementes, de imenso potencial invasor, espalham-se pelos campos invadindo áreas naturais vizinhas. A falta de verbas do Governo Brasileiro para recuperar, implementar e manter os parques nacionais, faz com que estas áreas, consideradas pela população como “sem dono”, sejam saqueadas constantemente, degradando-as ainda mais.

Portanto, a importância da criação da RPPN Florescer está intimamente ligada à preocupação em preservar a imensa riqueza natural deste local, ficando aos cuidados da Associação Florescer toda a área de Reserva, já que o Governo, isolado, não dispõe de recursos e infraestrutura suficientes para zelar por estas áreas, mesmo que criando Parques Nacionais.

A Associação Florescer é uma associação sem fins lucrativos que tem como princípio a preservação e a sustentabilidade, sejam elas relacionadas ao meio ambiente, ou às relações humanas sociais, econômicas e espirituais. Com a RPPN Florescer, esta Associação vem afirmar os princípios que a regem.

A importância de preservação da área já está justificada na descrição da Reserva. Por se tratar de um ecótono e conter várias nascentes formadoras do Rio dos Bugres e do Rio Canoas, além de abrigar araucárias e xaxins de grande porte, a importância de criação da RPPN fala por si só.

A criação de reservas no Município de Urubici auxiliará no desenvolvimento do turismo da região, que pretende ser reconhecido como turismo rural e ecológico, conforme o Programa de Planejamento Estratégico para Desenvolvimento do Turismo, que está sendo implantado no município, realizado pelo Governo do Estado de Santa Catarina em parceria com a comunidade urubiciense.

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Todo o município de Urubici está inserido em região de Mata Atlântica, considerada atualmente como um dos biomas mais ricos em termos de diversidade biológica do Planeta.

A partir do Plano de Manejo, a RPPN Florescer formaliza suas intenções de perpetuidade de preservação dos seus 155,15 hectares.

1. Informações gerais

1.1 Acesso

A RPPN Florescer localiza-se a 17 quilômetros da zona urbana da cidade de Urubici e a 177 quilômetros da capital do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, onde se situa o aeroporto mais importante da região.

O município de Urubici, a partir de sua sede central, localiza-se a cerca de 160 km de Florianópolis. A via de acesso de Florianópolis para Urubici é através da rodovia BR 282, acessando no quilômetro 136 a rodovia SC 430 até a área urbana do município.

Outro caminho usual até o município de Urubici é via SC 438, que liga Tubarão e Criciúma a região serrana, pela Serra do Rio do Rastro, passando pelos municípios de Bom Jardim da Serra em direção a São Joaquim. Na localidade de Cruzeiro acessa-se a SC 430, seguindo por 44 quilômetros até Urubici.

Da sede do município de Urubici o principal acesso à RPPN Florescer é pela rodovia SC-370, que liga Urubici a Grão Pará, sendo necessário percorrer 3,9 quilômetros até a entrada para a localidade do Rio dos Bugres. Deste cruzamento até a RPPN Florescer é necessário percorrer 13 quilômetros de estrada de revestimento primário (cascalho) (Figura 1). A RPPN possui uma única via de acesso, somente utilizada por moradores da Ecovila Florescer e pessoas autorizadas.

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Figura 1: Acesso à RPPN Florescer

Fonte: Google Earth

1.2 Histórico de criação

Desde julho de 2005 algumas famílias se uniram pelo ideal de construir uma Ecovila. O primeiro passo foi estabelecer algumas diretrizes para a implantação do projeto: a busca por uma área que propiciasse a sustentabilidade de até 25 famílias, criação de um estatuto para legalização de uma associação, reuniões com os participantes para discussões dos caminhos a seguir e realização de cursos para o treinamento e aperfeiçoamento dos conhecimentos dos participantes.

Para compra da propriedade foram definidos parâmetros como a necessidade de encontrar um local com nascentes e abundância de água, mata nativa preservada, área disponível para a implantação das casas, área para a criação de um viveiro de mudas, para agricultura orgânica, local para um centro de meditação, treinamento e formação e desenvolvimento humano integral.

Além destas características, decidiu-se pela busca de uma área onde a associação, futuramente, pudesse trabalhar com a comunidade local, disponibilizando conhecimentos e apresentando a sua visão, contribuindo para a preservação da área circundante e, consequentemente, do planeta.

Em setembro de 2006, depois de um levantamento pormenorizado de vários locais disponíveis, o grupo escolheu uma área de 259 hectares, situada junto a um dos locais de maior beleza e riqueza de fauna e flora do sul do país. Os fatores decisivos para a escolha da área foram a abundância de água

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(nascentes, rios e cachoeiras), o fato de não existirem moradores e produtores na parte superior e nas nascentes de água da propriedade, a presença de xaxins gigantes e a floresta de araucária.

Em outubro de 2006 o grupo conseguiu um empréstimo junto a um empresário sensibilizado com o projeto, mediante escrituração do terreno em seu nome até que este grupo, através de uma Associação, viabilizasse a compra efetiva da área.

Durante o ano de 2007 foram desenvolvidos os projetos de infraestrutura básica (estrada, luz e rede de captação de água) e uma residência experimental, dentro dos princípios da bioarquitetura, dotada de sistema de tratamento de esgoto, utilização de madeira de reflorestamento da região e materiais reciclados, dentre outros. Sua construção teve como objetivo servir de alojamento para o grupo de associados e para eventuais convidados para conhecer a área e o projeto. Atualmente esta construção se situa no ponto final da estrada (aproximadamente no centro do terreno), em área limítrofe com a RPPN Florescer.

Em abril de 2008 foi constituída oficialmente a Associação Florescer, conjuntamente com um de seus associados, Danilo Martinelli Pitta, para ser gestora do terreno adquirido. Com a fundação da Associação, ficaram registrados em seu estatuto (Anexo1) os princípios de sustentabilidade, bem como foram definidas em assembleias as áreas destinadas à preservação permanente, que veio a se constituir na RPPN, e a formação da Ecovila Florescer. Para desenvolvimento da Ecovila, criou-se um panorama das necessidades e intenções das famílias participantes, levando em conta a missão e visão do grupo. Dentro deste panorama está inserido tanto o conceito interno da Ecovila propriamente dita, como o conceito externo, ou seja, a extensão dos trabalhos da associação à toda sociedade no seu entorno. O conceito interno definiu a formação da Ecovila: a associação, o terreno e os projetos de sustentabilidade interna.

A Associação Florescer foi formada como uma organização sem fins lucrativos, onde todas as famílias têm igual participação nos trabalhos realizados pela mesma, com o objetivo de viabilizar todas as atividades do grupo, sejam elas voltadas para a sustentabilidade no âmbito interno como também cursos, eventos, treinamentos e programas de educação e desenvolvimento humano oferecidos para a comunidade circundante e em geral, além de gerir todo funcionamento e estrutura da Ecovila.

O terreno onde se encontra a RPPN Florescer historicamente foi alvo de sistemáticas explorações intensivas de madeira, sobretudo do pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia). Até o ano de 2005, antes da compra pela Associação, ocorria na área a retirada ilegal de araucárias e xaxins. Além da atividade extrativista, o local serviu para criação de gado no sistema de “invernada”. O gado era levado para a proteção do sub-bosque, técnica tradicional entre os pecuaristas da região, o que possibilitava a proteção do rebanho nas épocas mais frias do ano. Esta atividade impedia a recuperação das áreas degradadas pela extração florestal. Após a aquisição da propriedade em 2006, todo o gado foi retirado e a recuperação ambiental teve seu início naturalmente.

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Em 2009 iniciaram-se trabalhos de educação ambiental com crianças e jovens e foram feitas algumas benfeitorias no terreno da Ecovila, dentre elas melhorias na estrada de acesso.

De 2010 a 2012 foram construídas as casas dos associados e implantados projetos de agricultura orgânica, recuperação de mata ciliar e centro de vivências e retiros.

Em julho de 2012, em área que já estava designada para preservação, foi criada a RPPN Florescer (Portaria no 79/2012, ICMBIO – Anexo 2), ocupando 60 por cento da propriedade. O restante foi destinado às atividades da Ecovila para assim afirmar à sociedade a intenção da Associação Florescer e de Danilo Martinelli Pitta em conservação da natureza.

Também em 2012 foi inaugurado um Centro de Vivências e Pousada, inserido dentro da área da Ecovila Florescer, que tem como objetivo o desenvolvimento humano, em seus âmbitos: físico, emocional e espiritual. O Centro também é um espaço de educação, promovendo cursos que ampliam o conceito de ser humano, incluindo uma visão mais holística e sustentável.

Já em setembro de 2013, conforme Anexo 3, a propriedade recebeu a certificação de conformidade orgânica, pela Comissão de Ética do Núcleo Planalto Serrano da Rede Ecovida de Agroecologia.

Por fim em julho de 2015, após uma ação judicial, foi cancelada a averbação de reserva de todos os pinheiros da bitola de 0,45 centímetros e acima, reservados ao sr. Adolfo Maizing conforme consta na AV.01 da matrícula do imóvel de número 5.681 do Cartório de Registro de Imóveis de Urubici/SC.

Atualmente a propriedade é gerida pelo conselho da Associação Florescer, escolhido a cada dois anos em assembleia dos associados.

1.3 Histórico da região

Os dados que se seguem foram retirados da publicação “Urubici e suas belezas naturais: uma história na Serra Catarinense” (Buratto et al., 2013) Urubici é um município com cerca de 10 mil habitantes situado na Serra Catarinense, a 160 km de Florianópolis. A sede do município encontra-se em um vale rodeado de montanhas. O terreno plano dos vales do Rio Canoas e Urubici permitiu que a região, escondida no relevo planáltico catarinense, passasse a ser povoada apenas no final do século 19. Entretanto, povos indígenas já habitavam a região pelo menos 3000 anos antes dos primeiros colonizadores chegarem, o que é comprovado pelas inscrições rupestres e mais de 70 sítios arqueológicos já catalogados no município.

A leste da sede municipal de Urubici é possível observar os cânions da Serra Geral, cadeia de montanhas surgida após o derramamento de lavas basálticas ocorrido há cerca de 130 milhões de anos. Urubici abriga um dos pontos mais alto da Serra Geral, sendo o mais alto habitado, com seus 1822 metros de altitude. O local é conhecido como Morro da Igreja e abriga uma sede da Aeronáutica.

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Além de divisor geográfico, a serra foi por muito tempo um divisor étnico e histórico. Os vales do Rio Urubici e do Alto Canoas eram dominados até o final do século 19 por pinheirais e por tribos de índios Xokleng e Kaingang. As tribos viviam em relativo isolamento por conta das barreiras geográficas, o que explica a ocupação tardia por colonizadores brancos.

Foi somente na década de 1920 que o município passou a ser economicamente explorado por sua riqueza madeireira e potencial agrícola a partir dos vales dos rios Urubici e Canoas. A exploração da madeira foi a atividade propulsora do município, principalmente em meados do século 20, tendo seu ápice de 1950 a 1970.

Inicialmente a madeira era explorada para suprir necessidades locais e limpar os campos para pastagem e plantio; porém, com a abertura das rodovias BR- 282 e BR-116, ligando o planalto serrano catarinense às capitais Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, a exploração da madeira, principalmente de pinheiro (Araucaria angustifolia), aumentou.

A exportação da madeira para a Europa também fez com que mais de 30 madeireiras se instalassem no município em meados da década de 50, enviando a madeira para o Porto de Itajaí e para o município de Lages, de onde era exportada. Nesta época, Santa Catarina respondia por 64% da madeira exportada do país, sendo Lages o município que ocupava o primeiro lugar.

Ao final dos anos de 1970, as reservas de pinheiro já davam sinais de esgotamento e o ciclo econômico madeireiro foi declinando.

Apesar de em 1990 o Governo Federal, por meio do IBAMA, baixar o decreto que proibia o corte de pinheiro em Santa Catarina, o governo estadual ainda autorizou, entre 1992 e 1993, a derrubada de 250 mil araucárias (cerca de 63 mil hectares).

Com a devastação e esgotamento da madeira, a economia do município passou a se concentrar mais fortemente na agricultura, e nos últimos anos, no turismo.

Atualmente, as áreas reflorestadas com espécies exóticas por empresas privadas e por proprietários rurais estão longe de recompor o cenário destruído, além de representarem uma ameaça ao meio ambiente, dada à redução da biodiversidade e ao potencial invasor de espécies como o Pinus elliottii.

O município de Urubici tem como polo de referência a cidade de Lages e a regional de São Joaquim. Cerca de 80% dos habitantes de Urubici residem na área rural, tratando-se principalmente de pequenos agricultores, em lavouras com o uso intensivo de agrotóxicos.

Desde o início do século 21 Urubici tem implementado o turismo na região e buscado formas de torná-lo sustentável.

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1.4 Ficha resumo da RPPN

Nome da RPPN Florescer

Data e número legal da criação Portaria ICMBio no 79/2012

Área da RPPN 155,15 Ha

Município da RPPN Urubici/SC

Nome dos proprietários Associação Florescer e Danilo Martinelli Pitta

Contato 49.8404.5070

Email [email protected]

Endereço eletrônico www.florescer.eco.br

Endereço da RPPN Estrada Geral do Rio dos Bugres, km. 9. Ecovila Florescer. Urubici. SC

Endereço para correspondência Rua Irmã Policarpa, 48. Caixa Postal 2. Centro. Urubici. SC

Via de acesso Rodovia SC 370 e Estrada Geral do Rio dos Bugres

Coordenadas 27°56'56,11” S/ 49°29'13,78"O

Biomas e Ecossistemas Floresta Ombrófila Mista Altomontana

Atividades ocorrentes Proteção e visitação controlada

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2. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN

2.1 Localização

Situada no município de Urubici, na serra catarinense, a RPPN Florescer (Figura 2) está estrategicamente situada nos limites do futuro Parque Nacional do Campo dos Padres, abrigando uma amostra da Floresta Ombrófila Mista Altomontana, e inúmeras nascentes que vão abastecer as bacias dos rios dos Bugres e Canoas. A propriedade totaliza 259,64 hectares dos quais 155,15 ha (Figura 3) são RPPN. Cabe ressaltar que pelo diário oficial a RPPN Florescer tem uma área de 154,74 hectares; entretanto pelo registro no ICMBio e pelo seu memorial descritivo, consta uma área de 155,15 hectares.

Figura 2: - Localização da RPPN

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Figura 3: Vista da RPPN inserida dentro da propriedade

Fonte: Imagem Google Earth

2.2 Clima

O clima da região é temperado úmido, enquadrado como Cfb pela classificação de Köppen, com chuvas bem distribuídas durante todo o período do ano com precipitação média anual de 1.789 mm. A temperatura média anual é de 12 a 10,9ºC, sendo comum a ocorrência de fortes geadas e neve nos meses mais frios (EPAGRI- Santa Catarina).

Pelo fato da RPPN estar encravada no vale do Rio Canoas, o regime de chuvas e as oscilações anuais de temperatura sofrem interferência direta dos regimes de vento. As massas de ar úmido provenientes do litoral colidem com a barreira física do planalto, ampliando consideravelmente a frequência de chuvas na localidade. Percebe-se que durante o dia a temperatura pode oscilar de -5ºC (em torno de 5h30min) a 35ºC (por volta das 13h30min) ao longo do ano.

2.3 Geologia e Relevo

Em parte dos municípios catarinenses de Urubici, Bom Retiro, Alfredo Wagner, Santa Rosa de Lima, Grão Pará, Anitápolis e Rio Fortuna, junto à escarpa da Serra Geral, localizam-se alguns dos mais imponentes acidentes geomorfológicos do sul do Brasil. Há cerca de 225 milhões de anos atrás, no período geológico denominado Permiano, os atuais continentes ainda estavam unidos e formavam um supercontinente denominado Pangea, que mais tarde viria a se subdividir em dois grandes blocos denominados como Eurásia e Gondwana. Com o avançar do tempo desenvolveu-se, na borda do supercontinente gondwânico recém formado, um mar intracontinental que evoluiu para uma vasta bacia sedimentar, com mais de 1.500.000 km2,

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geologicamente conhecida como Bacia Sedimentar do Paraná (CPRM, 2005). Esta Bacia abrange, na América do Sul, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, estendendo seus limites para fora do Brasil e abrangendo parte do Uruguai, Argentina e Paraguai, e a Bacia de Etendeka. Recobrindo o espesso pacote de rochas sedimentares que formam a estrutura central da bacia, ocorre um conjunto de rochas vulcânicas, com espessura de até 1.500 metros, que chegaram à superfície por derramamentos de lava através de profundas fendas geológicas.

A deposição da Formação Rio do Rastro é atribuída inicialmente a um ambiente marinho raso (supra a inframaré) que transiciona para depósitos de planície costeira (Membro Serrinha) e passando posteriormente à implantação de uma sedimentação flúviodeltaica (Membro Morro Pelado).

O relevo esculpido pelas águas aflora o arenito Botucatu, responsável pelas áreas de recarga do Aquífero Guarani (80% da água acumulada na Bacia Sedimentar do Paraná). As altitudes variam de 980 a 1.400 metros, com locais apresentando declividades superiores a 65 graus de inclinação.

Ocupando uma área de 49.200 km² dentro do Estado de Santa Catarina encontra-se o Aquífero Guarani, considerado um dos maiores reservatórios subterrâneos mundiais de água doce, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná até a Bacia do Chaco-Paraná (Campos, 2000). Ocorre nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do sul, atingindo também os países Argentina, Paraguai e Uruguai. O Aquífero Guarani tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km², sendo 840 mil km² no Brasil, 225.500 km² na Argentina, 71.700 km² no Paraguai e 58.500 km² no Uruguai (http:// www.ambiente.sp.gov.br).

O aquífero foi inicialmente denominado de aquífero gigante do Mercosul, por ocorrer nos quatro países participantes do referido acordo comercial (Araújo et al.,1995). Era conhecido no Brasil pelo nome de Botucatu, pelo fato de que a principal camada de rocha que o compõe ser um arenito de origem eólica, reconhecido e descrito pela primeira vez no município de Botucatu, estado de São Paulo.

Este aquífero é constituído de várias rochas sedimentares pertencentes à Bacia Sedimentar do Paraná. Das rochas que compõem o aquífero, a mais importante é o arenito Botucatu, de idade triássico superior a jurássico inferior (190 milhões de anos atrás). Este arenito foi depositado em ambiente desértico, o que explica as características que fazem dele um ótimo reservatório de água: Os grãos sedimentares que o constituem são de uma grande homogeneidade, havendo pouco material fino (matriz) entre os mesmos. Isto confere a este arenito alta porosidade e alta permeabilidade.

O arenito Botucatu está exposto na superfície nas regiões marginais da Bacia Sedimentar do Paraná. À medida que se adentra para as regiões centrais desta Bacia, este arenito vai ficando cada vez mais profundo, recoberto por espessas camadas de rochas vulcânicas basálticas, e outras camadas de arenitos mais recentes. A região onde o arenito Botucatu aflora

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constitui os locais de recarga do aquífero. Nas regiões onde o mesmo está recoberto pelas rochas vulcânicas não há recarga e o sistema está confinado, ou seja, é artesiano, chegando a profundidades de até 1.500 metros.

O Aquífero Guarani é responsável por cerca de 80% do total da água acumulada na bacia sedimentar do Paraná, calculando-se que constitua a maior reserva de água doce do mundo. O Aquífero Guarani se constitui em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para a manutenção e o desenvolvimento das atividades econômicas e de lazer.

As reservas permanentes de água do aquífero são da ordem de 45.000 km3 (ou 45 trilhões de metros cúbicos), considerando uma espessura média aquífera de 250 m e porosidade efetiva de 15%. A recarga natural ocorre por meio da infiltração direta das águas de chuva nas áreas de afloramento do arenito Botucatu; e de forma indireta, por filtração vertical ao longo de descontinuidades das rochas do pacote sobrejacente, nas áreas onde a carga piezométrica favorece os fluxos descendentes. Sob condições naturais, apenas uma parcela das reservas reguladoras é passível de exploração. Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas reguladoras, respectivamente entre 40 a 80 km3/ano (REBOUÇAS, 2000).

O município de Urubici e mais 43 municípios do Estado de Santa Catarina estão situados na chamada Zona de Recarga Direta (ZRD) do Aquífero Guarani. Esta zona é caracterizada pelos afloramentos do arenito Botucatu que constitui o aquífero. É possível verificar estas formações em diversos pontos do município. Tratam-se das zonas mais vulneráveis à contaminação pela ação do homem. Muitos são os conflitos relacionados ao uso e ocupação do território neste município que o torna um local delicado quanto ao planejamento e gestão dos recursos hídricos: a economia baseada no cultivo de hortaliças e maçãs, com extenso uso de insumos químicos; a exploração de madeira, com plantio de árvores com rápido crescimento; a atividade agropecuária, somada a ocupação das matas ciliares; a carência em saneamento básico; e o rápido desenvolvimento do turismo (CALADO, 2003).

O planalto catarinense está localizado na porção central do Estado e é formado por relevo que apresenta grande variação, ocorrendo desde relevo montanhoso a suave ondulado, com altitudes oscilando entre 700 a 1.800 m acima do nível do mar e com um gradiente altitudinal declinando no sentido Leste-Oeste (HIGUCHI et al, 2013).

2.4 Hidrografia

Urubici esta localizada na região hidrográfica 4 (Planalto de Lages), abrigando em seu território as nascentes de dois importantes rios, Pelotas e Canoas, da bacia hidrográfica do Rio Uruguai.

A RPPN Florescer abriga as nascentes do rio dos Bugres, pertencentes à Bacia hidrográfica do Rio Canoas. O rio dos Bugres, juntamente com o rio Cachimbo, são considerados os principais abastecedores desta bacia.

Em estudo realizado dos componentes do balanço hídrico superficial na bacia do rio Canoas, Zona de Recarga Direta do Sistema Aquífero Guarani,

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constatou-se que as sub-bacias do Alto Canoas, rio Cachimbo e rio dos Bugres são as que apresentam condições mais propicias para a recarga direta do SAG (CURTARELLI et al, 2010).

2.5 Vegetação

A Floresta Ombrófila Mista (FOM) também conhecida como floresta com araucárias se distribui no Planalto Meridional do Brasil e em refúgios situados nas serras do Mar e da Mantiqueira, embora, em tempos pretéritos, tenha se expandido até mais ao norte do país (IBGE, 1992, citado por HIGUCHI et al, 2013 ). Sua florística é caracterizada pela presença de gêneros primitivos como Drimys, Araucaria e Podocarpus e não pode ser considerada uma formação homogênea, sendo formada por um mosaico de campos e Floresta Ombrófila Mista, com adaptação a invernos rigorosos com ocorrência de neve e geada. Este clima influencia a florística e a estrutura do componente arbóreo. De um modo geral, as áreas mais elevadas apresentam temperaturas baixas, principalmente durante a noite, sendo também comum a formação de nuvens, o que caracteriza um ambiente nebular, com menor incidência de radiação solar e elevada umidade relativa do ar, o que conduz a uma baixa capacidade evapotranspirativa que, associada à predominância de solos pouco profundos, reflete em um ambiente ecologicamente seletivo. As regiões altomontanas do Planalto Sul Catarinense são consideradas estratégicas para a conservação, por apresentarem diversas nascentes de rios formadores da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai, tais como Canoas, Pelotas, Lava-Tudo e o Pelotinhas, além de estarem inseridas em uma área de recarga e afloramento do Aquífero Guarani (HIGUCHI et al, 2013).

Os solos predominantes são formados a partir de rochas de basalto, todos com baixa fertilidade natural. As principais classes de solos são Neossolos Litólicos e os Cambissolos. Os Neossolos Litólicos Húmicos típicos e Neossolos Litólicos Distróficos típicos são solos caracteristicamente rasos e ocupam geralmente as áreas de terço superior das encostas mais íngremes e os topos mais estreitos das elevações suavemente onduladas. Os Cambissolos Húmicos Distróficos lépticos e os Cambissolos Háplicos Distróficos úmbricos ocupam geralmente os terços médio e inferior e os patamares das encostas, sendo em geral pouco profundos (HIGUCHI et al, 2013).

A Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze, conhecida popularmente por pinheiro-brasileiro, caracteriza a fisionomia da Floresta Ombrófila Mista. Além desta espécie, que se encontra na lista oficial de espécies ameaçadas, esta formação florestal abriga uma grande diversidade de flora e fauna, incluindo as canelas, imbuia, erva-mate, xaxins e animais como a gralha-azul, o papagaio-charão e algumas espécies endêmicas (KLAUBERG et al, 2009).

Originalmente a Floresta Ombrófila Mista ocupava cerca de duzentos mil quilômetros quadrados no Brasil, e recobria 30% do Estado de Santa Catarina. Com a expansão da ocupação humana e as atividades econômicas decorrentes, esta formação florestal ficou reduzida a cerca de 3% de sua área original, e deste percentual apenas 1% ainda apresentam condições e características originais (KLAUBERG et al, 2009). Estes remanescentes se

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encontram cada vez mais isolados, aumentando o risco de desaparecimento de sua biodiversidade.

Segundo o último Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina, “pelo estado geral dos fragmentos florestais, seu isolamento, seus fatores de degradação persistentes e por sua estrutura alterada, pode-se afirmar que a Floresta Ombrófila Mista no Planalto de Santa Catarina encontra-se ameaçada” (VIBRANS et al, 2013).

Em função da altitude e latitude, a floresta com araucárias apresenta quatro formações diferentes: Aluvial (em terraços situados ao longo dos rios), Submontana (de 50 até cerca de 400 m de altitude), Montana (de 400 até cerca dos 1.000 m de altitude) e Altomontana (quando situadas acima de 1.000 m de altitude) (IBGE, 1992).

Na RPPN Florescer verifica-se a ocorrência da Floresta Ombrófila Mista Altomontana. Esta formação, que se distribui nos pontos mais altos da Serra Catarinense, apresenta grande número de espécies endêmicas, como as pertencentes às famílias Berberidaceae, Cunnoniaceae, Ericaceae e Winteraceae (KLEIN 1978 citado por MARTINS-RAMOS et al, 2011). Cerca de 10% das espécies altomontanas são endêmicas e restritas a estas regiões, apresentando distribuição bastante reduzida, em decorrência da raridade geográfica, e de fatores como pequeno tamanho populacional, ausência ou redução de polinizadores e/ou dispersores e competição, associados aos impactos antropogênicos, os quais podem tornar várias espécies suscetíveis à extinção (FALKENBERG 2003, citado por MARTINS-RAMOS et al, 2011).

Devido à grande umidade presente, existe uma grande riqueza e quantidade de epífitas (bromélias, orquídeas, musgos e liquens), pteridófitas (samambaias) e xaxins, incluindo o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana), espécie incluída na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção – Portaria 37/1992 do IBAMA.

2.5.1 Levantamento preliminar da vegetação na RPPN florescer

Em fevereiro de 2015 foi realizado um levantamento preliminar de vegetação arbórea na RPPN Florescer, tendo expeditamente identificado a presença de 30 espécies pertencentes a 18 famílias, conforme registrado no Quadro 1, que se segue:

Quadro 1: Espécies arbóreas registradas em levantamento expedito na RPPN Florescer – fev-2015

Nome científico Nome comum Família

Myrciaria tenella (DC.) O. Berg Camboim Myrtaceae

Myrsine umbellata Mart. Capororoca Primulaceae

Acca sellowiana (O.Berg) Burret Goiaba da serra Myrtaceae

Alchornea triplinervia (Spreng.) M. Arg. Tanheiro Euphorbiaceae

Allophylus edulis (A.St.-Hil., Cambess. & A. Juss.) Radlk Chal-chal Sapindaceae

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Nome científico Nome comum Família

Allophylus guaraniticus (A. St.-Hil.) Radlk. Vacum Sapindaceae

Annona rugulosa (Schltdl.) H.Rainer Araticum Annonaceae

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze Araucária Araucariaceae

Calyptranthes concinna DC. Guamirim Myrtaceae

Campomanesia xanthocarpa O.Berg Guabiroba Myrtaceae

Casearia decandra Jacq. Guaçatonga Salicaceae

Cedrela fissilis Vell. Cedro Meliaceae

Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca Clethraceae

Cordia ecalyculata Vell. Maria preta Boraginaceae

Dicksonia sellowiana Hook. Xaxim-bugio Dicksoniaceae

Eugenia pluriflora DC. Guamirim Myrtaceae

Eugenia pluriflora DC. Guamirim Myrtaceae

Ilex dumosa Reissek Caúna Aquifoliaceae

Ilex theezans Mart. ex Reissek Caúna Aquifoliaceae

Inga vera Willd. Ingá-banana Fabaceae

Jacaranda micrantha Cham. Caroba Bignoniaceae

Myrcianthes pungens (O.Berg) D. Legrand Guabiju Myrtaceae

Myrsine lorentziana (Mez) Arechav. Capororoca Primulaceae

Ocotea puberula (Rich.) Nees Canela-guaicá Lauraceae

Ocotea pulchella (Nees) Mez Canela- lageana Lauraceae

Oreopanax fulvum Marchal Figueira-brava Araliaceae

Sebastiania brasiliensis Spreng. Leiteiro Euphorbiaceae

Solanum mauritianum Scop. Fumo-bravo Solanaceae

Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler Sucará Salicaceae

Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-cadela Rutaceae

Fonte: levantamento de campo

Além do xaxim bugio citado anteriormente, o pinheiro-brasileiro está incluído na listagem brasileira de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (MMA 2014). O cedro e o urtigão (Gunnera manicata), também encontrados na RPPN Florescer (Figura 4), estão na categoria vulnerável (VU) à extinção, segundo listagem do MMA 2014. Cabe ressaltar que o urtigão é considerado vulnerável (VU) no Estado de Santa Catarina, conforme nota na listagem citada acima.

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Figura 4: Exemplares da flora ameaçados de extinção e vulneráveis, encontrados na RPPN Florescer, onde: A – Araucaria angustifolia, B - Dicksonia sellowiana, C - Gunnera manicata (VU).

2.5.2 Espécies da flora ameaçadas de extinção já registradas na RPPN Florescer

Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro) – Figura 4A

Incluída na lista de espécies ameaçadas do Brasil (MMA, 2014), a espécie Araucaria angustifolia é nativa do Brasil e como possuía uma ampla área de distribuição, possibilitou a diferenciação em raças locais ou ecotipos descritos por Reitz & Klein (1966) (citado por GURGEL et al, 2010) em variedades, a saber: elegans, sancti josephi, angustifolia, caiova, indehiscens, nigra, striata, semi-alba e alba (CARVALHO, 1994, citado por GURGEL et al, 2010).

A sua exploração indiscriminada colocou-a na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Brasil, 1992). Dos 20 milhões de hectares originalmente cobertos pela Floresta de Araucária, restam, atualmente, cerca de 2% dessa área. As serrarias e o uso industrial foram as principais responsáveis por sua extração.

Trata-se de uma planta dióica (há árvores femininas e masculinas), podendo ser monóica quando submetida a traumas ou doenças. Há predominância de pinheiros masculinos tanto em áreas de ocorrência natural,

40 cm.

1,50 metros

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como em plantios (Bandel e Gurgel, 1967, citado por Gurgel et al, 2010). A floração feminina ocorre o ano todo; já a masculina ocorre de agosto a janeiro. A polinização é predominantemente anemocórica (pelo vento) e, dois anos após esse evento, as pinhas amadurecem.

A araucária é perenifólia, apresentando alturas que variam entre 10 e 35 m e DAP (diâmetro à altura do peito) entre 50 e 120 cm, quando adulta. O tronco é reto e quase cilíndrico; se ramificando em pseudoverticilos, com acículas simples, alternas, espiraladas, lineares a lanceoladas, coriáceas, podendo chegar a 6 cm de comprimento por 1 cm de largura. Possui casca grossa (até 10 cm de espessura), de cor marrom-arroxeada, persistente, áspera e rugosa. As flores são dióicas, sendo as femininas em estróbilo, conhecida popularmente como pinha e as masculinas são cilíndricas, alongadas e com escamas coriáceas, tendo comprimento variando entre 10 e 22 cm e diâmetro entre 2 e 5 cm. Os pseudofrutos ficam agrupados na pinha que, quando madura, chega a pesar até 5kg. Cada quilograma contém cerca de 150 sementes, que perdem a viabilidade gradualmente em 120 dias. Os pinhões são ricos em reservas energéticas (57% de amido) e em aminoácidos.

O pinheiro-brasileiro é uma espécie pioneira e heliófila, que se estende sobre os campos, formando novos capoeirões, mas sendo beneficiada por leve sombreamento na fase de germinação e crescimento até 2 anos Reitz e Klein,1966, citado por Gurgel et al, 2010). Apresenta regeneração fraca, tanto no interior da floresta, como em ambientes pouco perturbados, e ocorre associada às espécies dos gêneros Ilex (erva-mate), Ocotea (imbuia) e Podocarpus (pinheiro-bravo).

A araucária interage intensamente com a fauna, que constitui um elemento muito importante para a dispersão das sementes. Entre estes animais destacam-se os roedores e as aves. Entre os dispersores terrestres estão as cotias, as pacas, os ouriços, os camundongos e os esquilos e dentre a avifauna, o papagaio-de-peito-roxo, a gralha-picaça, a gralha azul e os tucanos.

O pinheiro ocorre naturalmente em solos originários de diversos tipos de rochas, como granitos, basaltos e sedimentares. Entretanto, as condições de solo que mais afetam o crescimento dessa espécie, são: deficiência de nutrientes, toxidez por alumínio e profundidade do solo, quando inferior a 1m. Lençóis freáticos a menos de 90 cm de profundidade tornam-se restritivos ao crescimento do pinheiro (BOLFONI et al., 1980, citado por Gurgel et al, 2010).

Dicksonia sellowiana (xaxim-bugio) – Figura 4B

O xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana (Pres.) Hook.) é também conhecido como samambaiaçu-imperial, xaxim, xaxim-verdadeiro ou xaxim-bugio. Pertence à divisão Pteridophyta e à família Dicksoniaceae. A espécies está incluída na lista brasileira de espécies de flora ameaçadas (MMA 2014).

Possui ampla distribuição na América Latina, ocorrendo do sudeste do México até o Uruguai, passando pela Venezuela, Colômbia, Paraguai e Brasil (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), crescendo em altitudes que variam de 60 m ao sul de sua área

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de distribuição, no Rio Grande do Sul, até 2.200 m na Serra de Itatiaia (RJ) (GURGEL et al, 2010)

A espécie é considerada um feto arborescente, com caule geralmente ereto, atingindo até 10 m de altura, com densos tricomas e muitas raízes adventícias que ocorrem da base até próximo do ápice (cáudice), com até 1 m de diâmetro, onde se inserem as folhas bi-pinadas de 1 m até 5 m. Segundo Pio Corrêa (1931, citado por GURGEL et al, 2010), nos pontos de inserção das folhas desenvolvem-se abundantíssimos filamentos amarelos, lanosos, “aos quais o povo chama de isca”, porque queimam lentamente servindo para acender cigarros, mas é como hemostático (medicinal – age na coagulação do sangue) que eles podem ter o melhor emprego. No entanto, a principal utilidade, e a maior responsável por sua extração é o emprego do seu cáudice na fabricação de vasos, placas, palitos e substrato para o cultivo de bromélias e orquídeas, além do uso da planta toda no paisagismo em geral.

O Xaxim originalmente encontrava-se associado com a Araucária, em alta frequência no subdossel (SEHNEM, 1978, citado por GURGEL et al, 2010), onde sofreu uma expressiva redução de suas populações em estado natural, devido principalmente à exploração para fabricação de vasos, e substratos, e da destruição de seu habitat. Os indivíduos da espécie crescem preferencialmente em lugares pantanosos nas serras, mas também em encostas serranas e excepcionalmente em banhados das baixadas.

Na Floresta Ombrófila Mista, a Dicksonia sellowiana e a Ciateácea, Nephelea setosa, fazem parte do estrato arbustivo, por vezes se tornando muito abundantes, sobretudo no início das encostas, e não raro caracterizando visivelmente o estrato arbustivo dos faxinais, sobretudo ao longo das ramificações da Serra Geral e em altitudes compreendidas entre 500 e 900 metros (KLEIN, 1979, citado por GURGEL et al, 2010).

2.6 Fauna

A RPPN apresenta fauna típica da Floresta Ombrófila Mista Altomontana alterada. Tendo sido sujeita à exploração madeireira, e à sua consequente degradação, decerto as alterações afugentaram exemplares mais característicos desta fauna. A região também tem uma forte cultura de caça, o próprio PARNA de São Joaquim registra: “A fauna do Parque muito tem sofrido com a caça ilegal, cujos praticantes são, em sua maioria, pessoas bem posicionadas e não necessitados - caça amadorística, portanto. Segundo informação popular, os caçadores muitas vezes também são originários de outras regiões do Estado. Como a legislação tem sido mais rigorosa, e com o início do aparecimento de consciência ambientalista, em fazendas da região, onde os proprietários não têm mais permitido a caça, assinala-se o reaparecimento de animais silvestres” (FERNANDES & OMENA, 2015). É o caso da RPPN Florescer, cujos ambientes em recuperação vem atraindo a fauna silvestre. São necessários levantamentos mais detalhados e contínuos para ser possível avaliar a extensão deste repovoamento.

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A região de Urubici e municípios vizinhos carecem de levantamentos de fauna. Há levantamentos gerais para o Estado e para a serra catarinense, mas a carência de informações ainda é grande. Um levantamento de avifauna foi feito para o PARNA de São Joaquim em 1996 e apontou a existência de 122 espécies de aves. A ocorrência na RPPN deve ser menor, já que o parque apresenta formações campestres de altitude e Floresta Ombrófila Densa, que não ocorrem na RPPN Florescer. Este capítulo vai dar um apanhado geral da fauna, focando em fauna terrestre.

2.6.1 Avifauna

As aves representam o grupo mais diversificado de vertebrados terrestres, com cerca de 10.000 espécies distribuídas nos mais diferentes ambientes. O Brasil ocupa o terceiro lugar em termos de riqueza de espécies do planeta, com um total de 1796 espécies registradas no território nacional, sendo que destas, 624 espécies são listadas para o Rio Grande do Sul (RS) e 596 para Santa Catarina (SC) (BOLDRINI, 2009). Destas quase 600 aves, 326 espécies associadas às matas de araucárias.

Na RPPN Florescer foram observadas até então 98 espécies de aves, pertencentes a 38 famílias e 88 gêneros; ou seja, das 326 espécies catarinenses associadas à floresta com araucária, 30% destas foram registradas na RPPN Florescer. (Quadro 2).

Considerando o grau de ameaça a que estão submetidas, foram identificadas quatro espécies ameaçadas de extinção (EN), de acordo com a lista de espécies de fauna ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2014). São elas: o papagaio-charão, o papagaio-do-peito-roxo, o tapaculo-ferreirinho e a saíra-sapucaia. Uma espécie registrada com o status de vulneráveis (VU): o pedreiro. Consideradas quase ameaçadas (NT), se abrigam na RPPN cinco espécies: o gavião-pombo-grande, a gralha-azul, o garimpeiro, o limpa-folha-miúdo e o cisqueiro.

A RPPN abriga também uma espécie endêmica da região sul do Brasil, o grimpeirinho (Leptasthenura striolata).

Podemos assim dizer que a RPPN é um importante refúgio para a avifauna, pois há registro de boa parte das espécies de pássaros típicas de Matas de Araucárias, inclusive as ameaçadas.

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Quadro 2: Lista preliminar de avifauna registrada na RPPN Florescer e status de conservação de acordo com as listas da IUCN, MMA e FATMA, onde: Métodos de avaliação: FT – foto; VIS – visualização; COL – coleta (aves que morreram colidindo contra vidro); SOM

Nº Família Nome Científico \Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

1 Accipitridae Elanoides forficatus Gavião-tesoura X X

2 Accipitridae Leucopternis polionotus Gavião-pombo-grande X NT

3 Accipitridae Rupornis magnirostris Gavião-carijó X X

4 Alcedinidae Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde X

5 Alcedinidae Megaceryle torquata Martim-pescador-grande X X X

6 Caprimulgidae Macropsalis forcipata Bacurau-tesoura-gigante X

7 Caradriidae Vanellus chilensis Quero-quero X X

8 Cardinalidae Piranga flava Sanhaço-de-fogo X X X

9 Cathartidae Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha X

10 Cathartidae Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta X

11 Cathartidae Sarcoramphus papa Urubu-rei X

12 Columbidae Columbina talpacoti Rolinha-roxa X X X

13 Columbidae Leptotila verreauxi Juriti-pupu X X X

14 Corvidae Cyanocorax caeruleus Gralha-azul X X X NT

15 Cotingidae Procnias nudicollis Araponga X X X

16 Cracidae Penelope obscura Jacuaçu X X X Continua

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Continuação do Quadro 2

Nº Família Nome Científico Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

17 Cuculidae Crotophaga ani Anu-preto X X

18 Cuculidae Guira guira Anu-branco X X

19 Dendrocolaptidae Lepidocolaptes falcinellus Arapaçu-escamado-do-sul X

20 Falconidae Caracara plancus Caracará X X

21 Fringilidae Euphonia chlorotica Fim-fim X X

22 Fringilidae Euphonia violacea Gaturamo-verdadeiro X X

23 Fringilidae Sporagra magellanica Pintassilgo X X X

24 Furnariidae Anabacerthia amaurotis Limpa-folha-miúdo X NT

30 Furnariidae Cinclodes pabsti Pedreiro X X VU

31 Furnariidae Clibanornis dendrocolaptoides Cisqueiro X X NT

32 Furnariidae Cranioleuca obsoleta Arredio-oliváceo X

25 Furnariidae Leptasthenura setaria Grimpeiro X NT

26 Furnariidae Leptasthenura striolata Grimpeirinho X

27 Furnariidae Sittassomus griseicapillus Arapaçu-verde X X X X

28 Furnariidae Synallaxis spixi João-teneném X X

29 Furnariidae Syndactyla rufosuperciliata Trepador-quiete X X X X

33 Grallariidae Hylopezus nattereri Pinto-do-mato X

34 Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa X X X Continua

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Continuação do Quadro 2

Nº Família Nome Científico Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

35 Icteridae Cacicus chrysopterus Tecelão X X X X

36 Icteridae Gnorimopsar chopi Graúna X X

37 Icteridae Molothrus bonariensis Vira-bosta X X X

38 Icteridae Pseudoleistes guirahuro Chopim-do-brejo X X

39 Parulidae Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador X X X X

40 Parulidae Parula pitiayumi Mariquita X X X

41 Passerellidae Zonotrichia capensis Tico-tico X X X

42 Picidae Campephilus robustus Pica-pau-rei X

43 Picidae Colaptes campestris Pica-pau-do-campo X X X

44 Picidae Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado X X

45 Picidae Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó X X X X

46 Pipridae Chiroxiphia caudata Tangará X X

47 Psittacidae Amazona pretrei Papagaio-charão X X EN

48 Psittacidae Amazona vinacea Papagaio-de-peito- roxo X X EN

49 Psittacidae Myiopsitta monachus Caturrita X X

50 Psittacidae Pionus maximiliani Maitaca-verde X X

51 Psittacidae Pyrrhura frontalis Tiriba-de-testa-vermelha X X X

52 Rallidae Aramides saracura Saracura do mato X X Continua

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Continuação do Quadro 2

Nº Família Nome Científico Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

53 Ramphastidae Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde X X

54 Rhynocriptidae Scytalopus pachecoi Tapaculo-ferreirinho X EN

55 Rhynocriptidae Scytalopus speluncae Tapaculo-preto X

56 Rynchocyclidae Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato X

57 Rynchocyclidae Poecilotriccus plumbeiceps Tororó X X

58 Strigidae Athene cunicularia Coruja buraqueira X X

59 Strigidae Megascops choliba Corujinha-do-mato X

60 Strigidae Megascops sanctaecatarinae Corujinha-do-sul X X X

61 Strigidae Pulsatrix koeniswaldiana Murucutu-de-barriga-amarela X

62 Strigidae Strix hylophila Coruja-listada X

63 Thamnophilidae Batara cinerea Matracão X

64 Thamnophilidae Drymophila malura Choquinha-carijó X

65 Thamnophilidae Mackenziaena leachii Borralhara-assobiadora X

66 Thraupidae Pipraeidea melanonota Saíra-viuva X X

67 Thraupidae Poospiza thoracica Peito-pinhão X

68 Thraupidae Saltator maxillosus Bico-grosso X X X X

69 Thraupidae Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro X X X

70 Thraupidae Sporophila caerulescens Coleirinho X Continua

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Continuação do Quadro 2

Nº Família Nome Científico Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

71 Thraupidae Stephanophorus diadematus Sanhaço-frade X X X

72 Thraupidae Tachyphonus coronatus Tiê-preto X X

73 Thraupidae Tangara peruviana Saíra-sapucaia X X X X EN

74 Thraupidae Tangara sayaca Sanhaço-cinzento X X

75 Threskiornithidae Theristicus caudatus Curicaca X X X

76 Tinamidae Crypturellus obsoletus Inhambuguaçu X

77 Trochilidae Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vermelho X X

78 Trochilidae Clytolaema rubricauda Beija-flor-rubi X

79 Trochilidae Leucochloris albicollis Beija-flor-de-papo-branco X X X

80 Trochilidae Stephanoxis lalandi Beija-flor-de-topete X X X

81 Troglodytidae Troglodytes musculus Corruíra X X

82 Trogonidae Trogon surrucura Surucuá-variado X

83 Turdidae Turdus amaurochalinus Sabiá-poca X X X X

84 Turdidae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira X X X X

85 Turdidae Turdus subalaris Sabiá-ferreiro X X

86 Tyrannidae Contopus cinereus Papa-moscas-cinzento X

87 Tyrannidae Elaenia mesoleuca Tuque X X X X

88 Tyrannidae Knipolegus cyanirostris Maria-preta-de-bico-azulado X Continua

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Continuação do Quadro 2

Nº Família Nome Científico Nome comum

Método de avaliação Status de conservação*

IUCN 2008, FATMA 2011 MMA 2014 FT VIS COL SOM

89 Tyrannidae Knipolegus nigerrimus Maria-preta-de-garganta-vermelha X X

90 Tyrannidae Mionectes rufiventris Abre-asa-de-cabeça-cinza X

91 Tyrannidae Phyllomyias fasciatus Piolhinho X

92 Tyrannidae Pitangus sulphuratus Bem-te-vi X X

93 Tyrannidae Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno X

94 Tyrannidae Serpophaga subcristata Alegrinho X

95 Tyrannidae Tyrannus melancholicus Suiriri X

96 Tytiridae Pachyramphus validus Caneleiro-de-chapéu-preto X X X

97 Vireonidae Cyclarhis gujanensis Pitiguari X X X X

98 Vireonidae Vireo olivaceus Juruviara X Fonte: levantamentos em campo

*As colunas em branco se referem a espécies onde ainda não foi registrado oficialmente nenhum grau de ameaça.

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Espécies de avifauna ameaçadas registradas na RPPN Florescer

As espécies de aves ameaçadas constatadas na RPPN serão descritas brevemente.

Papagaio-charão (Amazona pretrei) – Status – EN (ameaçada)

O papagaio-charão é uma das únicas espécies do gênero Amazona que possui dismorfismo sexual. Em ambos os sexos predomina a cor verde, sendo diferenciados pela máscara vermelha e espelhos vermelhos das asas mais evidenciados nos machos. Indivíduos jovens apresentam menos vermelho. As secundárias e partes das primárias são azuis, com retrizes verdes com as pontas amarelas. As patas apresentam pequenas polainas vermelhas, alcançam tamanho médio de 35 cm e peso médio de 300g.

O papagaio-charão está extremamente associado a florestas com araucárias do nordeste do Rio Grande do Sul e sudeste de Santa Catarina durante o período de maturação dos frutos do pinheiro-brasileiro, Araucaria angustifolia, que consiste em sua principal fonte alimentar. Sua distribuição se amplia nas demais épocas do ano, chegando ao nordeste, centro e sudeste do Rio Grande do Sul.

As causas principais da ameaça de extinção da espécie são a captura de filhotes do papagaio-charão para comercialização como animal doméstico, a redução das florestas com araucária que ocorreram entre 1920 e 1960 e a consequente redução drástica de seu principal item alimentar e a derrubada dos capões de matas nativas e seu manejo inadequado, que vem sendo responsáveis pela redução de locais de nidificação.

Papagaio-do-peito-roxo (Amazona vinacea) – Status – EN (ameaçada)

Não apresentando dimorfismo sexual, a espécies alcança os 35 cm de comprimento. Apresenta uma plumagem arroxeada no peito, de aspecto escamoso e uma gola de penas alongadas, loros, fronte, base do bico, encontro e espelho alar vermelhos. Alcança maturidade aos dois anos, e vive até os 30 anos. A época de reprodução vai de agosto a dezembro, e o casal constrói um ninho em troncos ocos nos pinheirais e orlas de capões, onde a fêmea põe dois ovos, que são incubados por 30 dias.

A espécie se encontra ameaçada pela captura e pela falta de ocos e fendas para nidificação, causadas por desmatamento.

Tapaculo-ferreirinho (Scytalopus pachecoi) – Status – EN (ameaçada)

Até 2005, era considerada uma subespécie do tapaculo-preto (S. Speluncae) foi reconhecida como uma nova espécie, com base em diferenças de plumagem e de vocalização. Apresenta nas partes superiores o predomínio de cinza escuro, e de cinza-claro nas partes. Os flancos são branco sujo com barras escuras. Por outro lado os machos adultos são uniformemente cinza escuro, sem barras nos flancos. Os adultos têm cerca de 12 cm de comprimento e pesam perto de 15 g.

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A espécie habita matas e bordas de matas onde é encontrada próxima a riachos, nos sub-bosque e também em moitas de bambus. Tem sido encontrado em maior densidade em matas secundárias do que em matas primárias. Ocorre no sul do Brasil (RS e SC) e nordeste da Argentina, na província de Misiones.

Embora apenas recentemente diferenciada, já se encontra sob ameaça graças à destruição de hábitats.

Saíra-sapucaia (Tangara peruviana) – Status – EN (ameaçada)

É ave endêmica brasileira, apesar do epíteto específico. Também chamada de saiguaçu ou saíra-do-dorso-preto, mede cerca de 15 cm. O macho é uma das saíras mais coloridas, tendo a cabeça, pescoço, crisso e dorso de um marrom claro, uropígio e coberteiras da asa de cor creme, garganta, peito e barriga em tons de verde-água, remiges e retrizes de um azul claro, bico preto e uma faixa preta que vai do olho ao bico e pernas cinza. Possui manchas pretas no dorso, que diferenciam o macho da espécie do da saíra-preciosa (Tangará preciosa). As fêmeas são menos coloridas, apresentando apenas a cabeça marrom claro e o resto do corpo em tons esverdeados. Jovens e filhotes são pardos com asas e cauda esverdeados. Predominantemente se alimenta de frutos, mas insetos e aranhas também fazem parte de sua dieta. Tem em média duas ninhadas por estação com três ovos cada uma.

Na Figura 5, estão presentes algumas das imagens de avifauna um exemplo das imagens registradas na RPPN Florescer.

No Anexo 4 foram colocadas mais imagens ilustrativas, todas registradas na propriedade.

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Figura 5: Algumas das espécies de aves constatadas na RPPN Florescer, onde: A. Gralha-azul (NT); B. tecelão; C. Sanhaço-de-fogo; D. Caneleiro-de-chapéu-preto; E. Saíra-sapucaia (EN)*; F. Tapaculu-ferreirinho (EN)*.

*Foto E1 e F foram retiradas da internet. E1 - http://www.avescatarinenses.com.br/fotos/2362; F -

http://renatogrimm.com

2.6.2 Mastofauna

A região Neotropical compreende 46 famílias de mamíferos, apresentando o maior número de endemismos: 20 espécies (Fonseca e cols., 1996). Entre estas famílias os grupos característicos são os marsupiais, morcegos (três famílias endêmicas), primatas (duas famílias endêmicas), xenartras (duas famílias endêmicas) e roedores histricomorfos (próximo de 11 famílias endêmicas) (BOLDRINI, 2009).

O Brasil abriga a maior diversidade de mamíferos do mundo, com 652 espécies descritas, das quais 451 são mamíferos continentais não voadores (REIS et al. 2006 citado por CASTILHO et al 2010). Santa Catarina é um dos estados brasileiros menos conhecidos quanto à sua mastofauna. Isto é particularmente verdadeiro para mamíferos terrestres, sobre os quais têm sido publicados trabalhos somente nos últimos 22 anos (CASTILHO et al 2010).

Levantamento expedito realizado na RPPN Florescer em janeiro e fevereiro de 2015, com o uso de armadilhas fotográficas identificou 27 mamíferos pertencentes a oito ordens, quatorze famílias e 20 gêneros (Figura 6).

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Foram usadas duas armadilhas fotográficas Bushnell, colocadas em dois locais distintos: a estrada para o chalé e na trilha para a Cachoeira Alvorecer (Figura 7), das quais a primeira armadilha teve uma boa performance.

Também foram colocadas dez gaiolas tipo Tomahawk e Sherman num esforço de amostragem de sete dias, divididos em dois grupos de 4 e 3 dias em janeiro de 2015. Nas gaiolas só foram apreendidas cuícas (Philander opossum).

Os registros de mamíferos também foram obtidos por identificação de pegadas e fezes, além dos registros fotográficos e visualização.

O status de conservação foi avaliado de acordo com as listagens da IUCN 2008, FATMA 2011 e MMA 2014.

A lista preliminar de espécies de mamíferos observadas consta do quadro 3.

Figura 6: Atividades de pesquisa desenvolvidas.

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Figura 7: Localização das armadilhas

Fonte: Google Earth

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Quadro 3: Lista preliminar de espécies de mastofauna registradas para a RPPN Florescer onde: AH área habitada; CA campo; ES estrada; FL floresta; RI riacho; Métodos de avaliação: Ft – foto; vis – visualização; col – coleta; ras – rastro; fz- fezes.

Ordem Família Espécie Nome Comum Ambiente Métodos de Avaliação

Status de Conservação* FATMA 2011 IUCN 2008 MMA 2014 Ft vis col ras fz

1 Artiodactyla Cervidae Mazama americana Veado-mateiro ES X EN em SC

2 Mazama gouazoubira Veado-virá ES X X X

3 Mazama nana Veado-bororó-do-sul ES X VU

4 Carnivora Canidae Cerdocyon thous Graxaim ES X

5 Felidae Leopardus guttulus Gato-do-mato-pequeno ES X X VU

6 Leopardus wiedii Gato-maracajá ES X VU

7 Leopardus geoffroyi Gato-do-mato-grande AH, ES X X VU

8 Leopardus-pardalis Jaguatirica ES X X EN

9 Puma concolor Leão-baio RI,FL X VU

10 Mustelidae Lontra longicaudis Lontra RI X VU

11 Eira barbara Irara AH, ES X X X

12 Procyonidae Nasua nasua Quati AH, FL X X X

13 Procyon cancrivorus Mão-pelada ES X

14 Didelphimorphia Didelphidae Philander opossum Cuíca-cinza-quatro-olhos

FL X X X

15 Didelphis masurpialis Gambá-comum ES X

16 Lagomorpha Leporidae Lepus europaeus Lebre AH,CA,ES X X X X Continua

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Continuação do Quadro 3

Ordem Família Espécie Nome Comum Ambiente Métodos de Avaliação

Status de Conservação* FATMA 2011 IUCN 2008 MMA 2014 Ft vis col ras fz

17 Primates Atelidae Alouatta guariba clamitans Bugio-ruivo FL X X

VU

18 Rodentia Caviidae Cavia aperea Preá AH, ES X

19 Dasyproctidae Dasyprocta leporina Cutia AH, ES X X X

20 Sciurinae Sciurus aestuans Esquilo FL X

21 Muridae Akodon montensis Rato AH X X X

22 Juliomys pictipes Rato AH X X X

23 Oligoryzomys flavescens Rato AH

X X

X

24 Nectomis squamipes Rato-d’água CA X X X

25 Oligoryzomys nigripes Rato AH X X X

26 Xenarthra Dasypodidae Dasypus novemcintus Tatu-galinha ES X X X

Fonte: levantamentos em campo. *As colunas em branco se referem a espécies onde ainda não foi registrado oficialmente nenhum grau de ameaça.

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As observações preliminares registraram a presença de uma espécie ameaçada, a jaguatirica, e de sete espécies vulneráveis: o veado-bororó-do-sul, o gato-do-mato-pequeno, o gato-maracajá, o gato-do-mato-grande, o leão-baio, a lontra e o bugio-ruivo.

Foi também registrada a presença da lebre europeia, espécie invasora muito comum na região. De acordo com o Instituto Hórus (2015), a espécie é abundante nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os primeiros indivíduos foram vistos em 1965 e a partir de 1970 a espécie tornou-se abundante. É uma espécie considerada de alto risco invasivo, graças à sua adaptabilidade e características reprodutivas.

Espécies de mastofauna ameaçadas registradas na RPPN Florescer

As espécies de mamíferos ameaçados constatados na RPPN serão descritas brevemente a seguir.

Jaguatirica (Leopardus-pardalis) – Status – EN (ameaçada)

É um felino de porte médio, alcançando entre 72 e 100 cm de comprimento, de cauda relativamente curta (25 a 41 cm). Os machos da espécie pesam entre 7 e 16 kg, sendo ligeiramente maiores que as fêmeas, que pesam entre 6 e 11 kg. É o terceiro maior felídeo neotropical, apenas menor que a onça-pintada e o leão-baio ou puma. As jaguatiricas que habitam ambientes florestais tendem a ter maior massa corporal do que as que habitam áreas abertas, característica oposta à apresentada, por exemplo, pela onça-pintada.

De pelagem curta e brilhante, com fundo varando de amarelo-claro a avermelhado e cinza, mostra manchas sólidas ou rosetas que podem se unir para formar listas horizontais no corpo e pescoço. O ventre é mais claro com manchas escuras, e a cauda possui barras escuras na ponta. As orelhas tem sua parte posterior preta com uma mancha branca. As patas dianteiras são maiores que as traseiras. Apresenta cinco dedos com garras nas patas anteriores e quatro dedos com garras nas posteriores. Os músculos peitorais e dos membros anteriores são fortes e permitem que a jaguatirica seja uma excelente escaladora.

Veado-bororó-do-sul (Mazama nana) - Status VU (vulnerável)

É uma espécie de cervídeo de pequeno porte, originária da região sul-americana, tendo sido anteriormente considerada subespécie de M. rufina. Dentre os cervídeos brasileiros é o menos conhecido pela ciência, e o que se sabe sobre ela se resume a dados básicos. Habita principalmente áreas com vegetação extensa, com presença fortemente ligada às matas com araucária e formações associadas.

Dificilmente ultrapassa 15 kg e 45 cm de altura, apresenta coloração muito semelhante à do veado-mateiro (M. americana), sendo mais homogênea e quase não possuindo partes esbranquiçadas, sendo totalmente marrom avermelhada, com pernas proporcionalmente mais curtas. Presume-se que seja espécie solitária e de hábitos noturnos. Embora não haja muitas informações, está provavelmente extinta

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na maior parte de sua ocorrência original. Foi detectada em diversas unidades de conservação no sudeste e sul do Brasil.

Além da perda do hábitat, a caça é uma das maiores ameaças a esta espécie, além da predação por cães, observada no estado de Santa Catarina. Não existem dados populacionais da espécie na natureza, e são contabilizados apenas algumas dezenas de indivíduos em zoológicos de sua área de ocorrência.

Veado-mateiro (Mazama americana) Status – EN (ameaçada em SC)

Apesar do status desta espécie ser considerado com dados deficientes pela IUCN e não conste da lista de animais ameaçados do IBAMA (2014), esta espécie consta como ameaçada no estado de Santa Catarina.

Embora ainda haja muita confusão taxonômica com relação ao gênero, estudos moleculares poderão em breve esclarecer as dúvidas.

É a maior espécie do gênero Mazama, pesando em média 30 kg, e medindo até 65 cm na altura da cernelha. Apresenta coloração avermelhada, com manchas brancas abaixo da cauda, da face interna dos membros e das orelhas, na região submandibular e na ponta da maxila superior.] O pescoço tende a ser mais escuro, principalmente no dorso. É uma espécie que apresenta hábitos solitários e crepusculares, formando pares apenas no reprodutivo.

A espécie utiliza vários ambientes florestais primários e secundários, incluindo áreas de campos próximas a matas de galeria até florestas, desde .o nível do mar até grandes altitudes, preferindo a proximidade de corpos d´água

A base de sua alimentação é formada por frutos, folhas, brotos e gramíneas diversas, sendo bastante seletivo na escolha de sua alimentação. A gestação dura cerca de 225 dias e pare um filhote por vez, que nasce com pintas brancas no corpo. Não existe sazonalidade nos nascimentos.

A perda e a fragmentação de hábitats por implantação de pastagens e urbanização vem sendo a causa principal de ameaça, juntamente com a caça de subsistência e a comercial ilegal. O veado-mateiro também é sensível a zoonozes introduzidas por bovinos domésticos, principalmente febre aftosda, brucelose, babesiose e endoparasitas diversos.

Gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus) - Status VU (vulnerável)

Pertencente à família dos felídeos, pode ser encontrado na Argentina, Paraguai, regiões sul e sudeste do Brasil. Até 2013 era considerada uma subespécie de L. tigrinus.

Gato-maracajá (Leopardus wiedii) - Status VU (vulnerável)

Nativo das Américas Central e do Sul, este felino apresenta uma cauda mais longa do que seus membros posteriores. Possui pelos amarelo-escuros nas partes superiores e na parte externa dos membros. Mostra manchas na forma de rosetas com uma região central espalhadas por todo o corpo, da cabeça à cauda. Apresenta a habilidade de caminhar pela ponta dos galhos dos arbustos, e uma grande capacidade de salto, tendo garras proporcionalmente mais longas do que a da jaguatirica. Tem também a capacidade de virar em 180 graus as articulações do tornozelo, o que possibilita que transite facilmente entre troncos e árvores.

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O período de gestação é de cerca de 80 dias, e tem expectativa de vida de 13 anos. De hábitos noturnos, alimenta-se de pequenos roedores e aves que captura no alto das árvores. Consegue imitar o som de algumas de suas presas para atraí-las.

Gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) - Status VU (vulnerável)

Mais um felídeo encontrado no sul da América do Sul, geralmente em áreas um pouco mais abertas que os demais gatos-do-mato. Possui pelagem que vai do cinza claro ao ocre, coberta por um grande número de pequenas manchas negras. O dorso e as patas possuem pequenas listras negras e a cauda é anelada. Mede entre 48 e 66 cm, com cauda entre 22 e 28 cm. Seu peso é em torno de 4 a 6 kg, com área de vida entre 2 e 12 km². Tendo entre 2 a 3 filhotes, a gestação dura de 72 a 78 dias, e sua longevidade alcança os 14 anos.

São animais solitários, de hábitos noturnos, ocupando áreas de cobertura vegetal densa. É animal ainda pouco estudado, não havendo muitas informações sobre suas características ecológicas. Alimenta-se de pequenos mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios, e de invertebrados. Embora a caça para obtenção de sua pele historicamente representasse um impacto sobre a espécie, atualmente a destruição de hábitat é a maior ameaça.

Leão-baio (Puma concolor) - Status VU (vulnerável)

É um dos felinos mais adaptáveis e um dos mais amplamente distribuídos nas Américas, ocorrendo do sudoeste do Canadá ao Estreito de Magalhães. Se adapta a vários tipos de ambientes, dos desertos quentes aos altiplanos andinos, em florestas tropicais e temperadas.

O tamanho e o peso variam conforme a região de ocorrência. Com comprimento entre 86 a 154 cm, uma longa cauda que vai de 63 a 96 cm. Pode pesar até 120 kg, e apresenta uma área de vida que vai de 65 a 600 km. Sua gestação dura entre 82 e 96 dias, nascendo de 2 a 3 filhotes. Vive no máximo 13 anos, sendo solitário. São territorialistas, com maior atividade ao entardecer e à noite. Os casais se encontram apenas no período reprodutivo.

Sua pelagem macia, de coloração acastanhada por todo o corpo, exceto na região ventral, mais clara. Os filhotes nascem com pintas pretas e olhos azuis. É animal de corpo delicado e alongado, conferindo-lhe bastante agilidade. Podem saltar do chão ao alto de uma árvore a até 5,5 m em um só pulo.

Alimenta-se de animais silvestres de portes variados, representando um papel importante nos ambientes em que ocorrem.

A caça e a alteração e supressão de hábitats vem sendo as maiores causas para seu desaparecimento.

Lontra (Lontra longicaudis) - Status VU (vulnerável)

De ampla ocorrência, que vai do México, por toda a América Central e a do Sul até o norte da Argentina, a espécie ocupa vários tipos de ambientes aquáticos, tanto de água doce como salgada, abrigando-se nos barrancos das margens. São animais de hábitos solitários, raramente encontrados aos pares.

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Sua pelagem é densa e curta, de cor marrom. Suas pequenas orelhas e narinas podem ser fechadas quando do mergulho. A cauda, musculosa e sensível, é utilizada como leme durante o deslocamento na água. As pernas são curtas e os pés possuem membranas entre os dedos que facilitam a natação.

Medem de 36 a 66 cm, com cauda que vai dos 37 a 84 cm. Com peso variando entre 5 a 15 kg, tem gestação que dura cerca de 56 dias. De atividade diurna, se alimentam principalmente de peixes, mas a dieta inclui crustáceos, anfíbios mamíferos, insetos e aves. São predadores oportunistas e sua dieta varia com a disponibilidade de presas e hábitat.

É uma espécie intensamente caçada para o comércio de peles, mas também pelos prejuízos que causa em criações de peixe. Isso, associado à destruição de hábitats e poluição da água tem sido responsáveis pela ameaça à espécie.

Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans) - Status VU (vulnerável)

O bugio se situa entre os maiores primatas neotropicais tem comprimento entre 30 e 75 cm. Com pelagem que varia de tons ruivos, ruivo-acastanhados, castanho e castanho escuro. Os machos são vermelho-alaranjado e os jovens e fêmeas são castanho escuro.

É famoso por seu grito, que pode ser ouvido longe nas matas, e pela presença de pelos compridos nos lados da face que se assemelham a barbas. Os gritos servem para marcar o território do grupo.

Os bugios são majoritariamente folívoros, comendo outros itens alimentares de forma casual, entretanto, há uma grande seletividade nas espécies de plantas consumidas.

O desmatamento é a maior ameaça à sua sobrevivência, principalmente pela fragmentação e isolamento de fragmentos.

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Na Figura 8 algum dos registros da mastofauna da RPPN.

Figura 8: Mamíferos ameaçados constatados na RPPN Florescer, onde: A. Cuíca-cinza-quatro-olhos; B. Leão-baio (VU); C. Cutia; D. Veado-virá; E. Jaguatirica (EN); F. Veado-mateiro (EN em SC); G. Gato-do-mato-pequeno (VU); H. Bugio-ruivo (VU); I. Tatu-galinha; J. Gato-do-mato-pequeno (VU)

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2.7 Visitação

É importante destacar a relevância no quesito turismo regional e nacional. Em face da sua exuberante beleza cênica e pelas baixas temperaturas, Urubici faz parte do circuito caminho das neves, que liga algumas cidades turísticas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, tais como: São Joaquim, Gramado e Canela.

Além disto, o Governo do Estado de Santa Catarina, por intermédio do Departamento de Infraestrutura de Santa Catarina –DEINFRA/SC está implantando, no sentido Sudeste, um dos mais importantes corredores rodoviários do turismo do sul do Brasil, que liga Urubici, o Morro da Igreja e a Serra do Corvo Branco ao sul do Estado através dos municípios de Grão Pará, Gravatal, Tubarão e Criciúma, dentro de um complexo sistema de cadeias de montanhas com exuberantes maciços rochosos, criando um corredor direto às águas termais e à BR-101 destino Porto Alegre/RS.

Da mesma forma, em sentido sudoeste, mediante convênio firmado entre os governos de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o DEINFRA está implantando o Caminho das Neves, que permitirá o incremento significativo do ecoturismo e do turismo das baixas temperaturas e auxiliará na elevação dos baixíssimos índices locais de desenvolvimento humano – IDH, por meio da ligação entre Urubici e São Joaquim, em Santa Catarina, com Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul.

A nível federal, o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes recém concluiu a Ponte Anita Garibaldi, em Laguna, juntamente com a duplicação de toda a BR-101/SC na ligação entre Florianópolis e Porto Alegre, bem como vem investindo no projeto de pavimentação da BR-285/SC, no acesso aos Cânions Itaimbezinho, como parte integrante do programa de desenvolvimento do turismo ecológico e da economia desta região, importante tanto do ponto de vista econômico/social, quanto ambiental.

A visitação à RPPN Florescer tem ocorrido em pequena escala, em uma única trilha primitiva de 800 metros, onde parte se percorre por dentro do rio (water trekking) e outra parte, passando pela Floresta de Xaxins (Dicksonia sellowiana). Esta trilha leva à Cascata Ananda, que tem em torno de 150 metros de altura (Figura 9). A duração do percurso é, em média, de 1 hora.

Normalmente os visitantes são os próprios associados, familiares e amigos. Em função do alto grau de dificuldade da trilha Ananda, poucas são as pessoas que conseguem acessá-la.

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Figura 9: Cascata Ananda

Toda a visitação na RPPN Florescer e na Ecovila é acompanhada por um ou mais associados, não sendo permitida a entrada sem acompanhamento.

Existem quatro caminhos utilizados em toda a propriedade. Dois deles bordeiam a RPPN, que são: Trilha Alvorecer e a estrada da Ecovila (com acesso para veículos). Outro caminho que consiste em uma trilha por dentro da mata que possibilita o acesso para a vila de casas. O último, também uma trilha, totalmente inserido na RPPN, denominado Trilha Ananda (Figura 10).

Existem planos de dotar a trilha Alvorecer de estruturas mínimas de modo que esta seja uma trilha de acesso fácil, constando de melhorias na drenagem, pequenos pontilhões, eventualmente degraus rústicos e cabos de aço par aumentarem a segurança da travessia de rios. Esta trilha tem aproximadamente 700 metros de extensão e após melhorada poderá receber visitação com sol ou chuva, em grupos de no máximo 30 pessoas de cada vez. Depois de pronta e sinalizada, essa trilha pode ser percorrida sem acompanhamento.

Os planos para a Trilha Ananda são de melhoria e manutenção, dotando-a de estrutura necessária apenas para evitar degradação e possibilitar a segurança do usuário. Esta trilha só poderá ser visitada com acompanhamento da equipe da

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RPPN ou da Associação Florescer, e seu objetivo é a caminhada meditativa e contemplativa, com fins de meditação e elevação espiritual. Serão permitidos apenas grupos pequenos, de no máximo 10 pessoas por acompanhante. Esta trilha tem cerca de 500 metros, e poderá ser visitada com chuva ou sol.

Além das trilhas, pretende-se construir um Ecomuseu, que estará inserido fora na área da RPPN Florescer, para o Programa de Visitação a ser implantado. O Ecomuseu pretende ser um centro de disseminação do conhecimento sobre a floresta com araucárias e sua biodiversidade. O Ecomuseu deverá ter uma pequena biblioteca técnica, bem como uma área para projeção de filmes sobre conservação da natureza e exposições permanentes e sazonais sobre a biodiversidade da floresta, com fotos, amostras de pegadas e demais sinais da fauna e flora. Será um centro de disseminação e educação ambiental.

Figura 10: Caminhos existentes

Fonte:Base - Google Earth – Plotagem com GPS em campo.

Outra forma de visitação existente é a contemplativa, onde os visitantes percorrem os limites da RPPN Florescer podendo observar a exuberância do local.

A visitação a Ecovila Florescer tem sido realizada principalmente pelos hóspedes do Centro de Vivências e Pousada e por alunos de escolas regionais (Figura 11). Durante as visitas é realizada uma pequena explanação a respeito do local, sua história e constituição, bem como sobre o que são e quais os objetivos das Ecovilas e UCs do tipo RPPN.

Cumpre observar que se mantêm pequenas trilhas primitivas, de baixíssimo impacto, para uso restrito dos Associados e seus funcionários de modo a permitir

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atividades de fiscalização e segurança patrimonial, controle de acessos, manutenção de cercas e da área e, acima de tudo, implementação de redes de coleta e distribuição de água aos associados (por intermédio de mangueiras e tubulações de pequena dimensão).

Figura 11: Registros de visitações ocorridas

2.8 Pesquisa e Monitoramento

As atividades de pesquisa e monitoramento na RPPN Florescer ainda são incipientes, tendo ocorrido apenas uma iniciativa de levantamento de espécies de fauna e flora, de maneira expedita, no verão de 2015, com a contribuição de estudantes de universidades catarinenses.

Os dados levantados nesta iniciativa se encontram nas descrições feitas para flora e fauna do local.

Além deste levantamento, alguns associados têm contribuído para o levantamento com registro de imagens de pegadas, fezes e fotos da fauna. Estes registros, quando necessário, estão sendo e serão identificados por colaboradores tais como: Pedro Scherer Neto e Fernando Straube (avifauna); Peter Crashaw e Renata Leite-Pittman (mastofauna).

Uma das iniciativas previstas do monitoramento de fauna é a instalação e manutenção de armadilhas fotográficas. Além disto, prevê-se a capacitação de membros da Associação Florescer para qualificá-los na identificação e registro fotográfico e sonoro de animais e aves. A Associação deve também buscar novas

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parcerias com instituições de ensino superior para propor programas de pós graduação, visando aumentar a quantidade de informações sobre a fauna e flora da RPPN, como também o monitoramento das espécies aqui identificadas.

2.9 Ocorrência de fogo

As queimadas realizadas em pastagens nos campos de altitude limítrofes com a RPPN são ameaças constantes, principalmente nos meses de agosto e setembro. Proprietários de terras nos campos de altitude provocam o fogo como forma de preparar as pastagens de verão. No ano de 2014 foi necessário acionar o ICMBio local e o Corpo de Bombeiros em uma ocasião onde o fogo atingiu a cota superior limítrofe da reserva.

Outra forma de ocorrência de fogo se dá pelas descargas atmosféricas em tempestades ocorridas na primavera e verão. Em cinco de fevereiro de 2015, após uma destas descargas, ocorreu uma queimada próximo às casas da Ecovila, sendo necessário o acionamento do Corpo de Bombeiros.

2.10 Sistema de Gestão e demais atividades da RPPN

A administração da RPPN Florescer é realizada pela Associação Florescer, tendo um representante específico, votado em assembleia, responsável pela gestão da mesma.

A gestão comunitária é um dos preceitos da Associação Florescer, por conta disto, todos associados com disponibilidade auxiliam nas tarefas necessárias e mais urgentes, colaborando com o associado representante administrativo da RPPN, escolhido em assembleia.

A Gestão da Ecovila como um todo segue os princípios normativos das comunidades sustentáveis da ONU, princípios estes estabelecidos no Brasil mediante o programa implementado pela Rede Gaia, ligado ao Instituto de Pesquisa da ONU e à Ecovila de Findhorn. Neste sentido, a liderança é participativa, compartilhada e por democracia profunda (no mínimo 2/3 de aceitação para a tomada de decisão).

São realizadas cotidianamente tarefas de manutenção de cercas e divisas, manutenção de redes de coleta, conservação e distribuição de água em algumas nascentes, para atendimento da pequena população dos Associados da Ecovila Florescer.

Importante destacar que a Ecovila se encontra a jusante da RPPN, ou seja, nenhuma atividade desenvolvida na Ecovila produz impacto nas nascentes, ou nos córregos do interior da reserva. Não só isso, mas também imperativo destacar que todas as unidades da Ecovila possuem sistema de tratamento de esgoto, e são construídas no sistema “carbono neutro”.

2.11 Pessoal

No momento a RPPN se utiliza do trabalho dos Associados da Ecovila Florescer e seus funcionários para desenvolver os trabalhos básicos de guarda,

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segurança, controle de acessos, manutenção geral, trilhas, etc., não havendo pessoal próprio.

2.12 Infraestrutura

A única infraestrutura básica instalada na RPPN é um pequeno barramento para acumulo e captação de água (cerca de 1,5 m de largura). Todo o restante da infraestrutura localiza-se dentro da Ecovila Florescer, fora da RPPN. A Ecovila possui, como infraestrutura básica: redes de captação de água (que abastecem as casas), duas caixas d’água que abastecem as casas, quatro km de estrada, sendo 1,3 km de trilho de concreto, que dão acesso à Ecovila e a RPPN Florescer, e o restante em revestimento primário – cascalho; rede de energia elétrica de alta tensão, um rancho de 40 m2, cercas de arame farpado nas áreas limítrofes (a exceção de algumas áreas da RPPN), duas roçadeiras e utensílios para plantio (pás, enxadas, cavadeira, etc.).

Além disso, a Associação se utiliza de bens móveis e imóveis de seus associados para a condução de suas atividades, como o centro de vivências e pousada, uma cabana na mata, as casas dos associados, veículos, e demais utensílios necessários às atividades desenvolvidas na Ecovila e na RPPN.

2.13 Equipamentos e Serviços

A RPPN não possui nenhum equipamento e serviços permanentes até o momento, utilizando-se das contribuições de seus associados para atividades de controle e manutenção.

2.14 Recursos Financeiros

RPPN Florescer é sustentada financeiramente com a contribuição de seus associados. Uma pequena parte dos recursos arrecadados é destinada à RPPN, já que a mesma não possui nenhuma estrutura própria a ser mantida até o momento. Em geral, duas vezes por ano, um funcionário auxilia na manutenção da Trilha Ananda. Em casos emergenciais, são destinados recursos financeiros da Associação para reparos, manutenção e compras, uma vez que não existem ainda formas de sustentabilidade contínua da Ecovila Florescer e da RPPN Florescer.

2.15 Formas de Cooperação

Seguindo os preceitos da Ecovila Florescer, sempre que possível parcerias são firmadas para que se possa sustentar os objetivos de criação da mesma. Até o momento de sua criação, somente foram realizadas algumas parcerias informais para a realização do Plano de Manejo, tais como as mencionadas anteriormente (PARNA São Joaquim, UDESC e Univali.

Também se ressalta o apoio que a Ecovila obtém, sistematicamente, da empresa Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda., mediante realização de levantamentos topográficos, georreferenciamento, edição de mapas, desenhos, etc.

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2.16 Ameaças existentes

As principais ameaças à RPPN Florescer são:

Queimadas realizadas em pastagens nos campos de altitude limítrofes com a RPPN;

A constante entrada de cachorros de caça na área da RPPN, de propriedade de vizinhos da Ecovila Florescer;

A presença identificada, embora ainda não mensurada, de lebre europeia (Lepus europaeus);

A proliferação do Chusquea cf meyeriana (Figura 12) nas áreas degradadas do entorno da RPPN, vem prejudicando a regeneração de algumas áreas e ajudando a aumentar as consequências deletérias do efeito de borda;

A presença de abelhas europeias, espécie exótica que compete por recursos com as abelhas nativas.

A agricultura convencional dos pequenos agricultores extremantes com a Ecovila Florescer.

Figura 12: Cará (Chusquea cf meyeriana)

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3. Caracterização da propriedade

A RPPN Florescer esta inserida dentro da Ecovila Florescer, propriedade compartilhada entre Danilo Martinelli Pitta e Associação Florescer, sendo 50 por cento de cada proprietário.

Ecovilas são assentamentos humanos, rurais ou urbanos, que buscam a criação de modelos de vida sustentável. Elas surgem de acordo com as características de suas próprias biorregiões e englobam tipicamente quatro dimensões: a social, a ecológica, a cultural e a espiritual, combinadas numa abordagem que estimula o desenvolvimento comunitário e pessoal. O modelo de Ecovila tem proposto soluções viáveis para erradicação da pobreza e da degradação do meio-ambiente e combina um contexto de apoio sociocultural com um estilo de vida de baixo impacto.

O que é sustentado numa Ecovila não é o crescimento econômico ou o desenvolvimento, mas toda a rede de vida da qual depende nossa sobrevivência futura de longo prazo. Uma Ecovila é programada de tal maneira que os negócios, as estruturas físicas e tecnológicas não interfiram com a habilidade inerente à natureza de manter a vida. Um dos princípios fundamentais do modelo é não tirar da Terra mais do que podemos devolver a ela, conceito inerente ao programa Carbono Neutro. E assim o fazendo, potencialmente, a comunidade pode continuar indefinidamente. O conceito de Ecovila tem sido promovido e implementado por grupos espalhados pelo planeta, muitas vezes com recursos limitados e mínimo apoio institucional ou governamental. Estes grupos demonstram exemplos viáveis de vida autossustentada, modelos positivos traduzidos em realidade, para que outros grupos e indivíduos possam aprender, e inspirar-se onde o sucesso já foi alcançado. Exemplos de Ecovilas de sucesso são Auroville, na Índia, e Findhorn, na Escócia.

A Ecovila Florescer tem como princípio básico a vida comunitária. A propriedade é compartilhada, de propriedade da Associação Florescer, e não existem escriturações de lotes individuais. A Associação é formada por um conselho que é cuidador da Ecovila. As decisões mais importantes são tomadas por democracia profunda, ou seja, se algum associado não concorda com a decisão, procuramos ajustar o caminho, até que todos estejam satisfeitos com as decisões tomadas. A gestão é conduzida segundo o conceito de liderança participativa.

A Ecovila Florescer tem procurado basear seus princípios dentro de um conceito de Ecovila, conforme preconizado pela ONU, e não de condomínio rural. Entretanto, tem um grande desafio diário: lidar com um pensamento ainda enraizado no social, da separação entre o Meu e o Nosso.

Acreditamos que o maior desafio dentro das comunidades existentes no mundo são as relações sociais. Ainda o ser humano tem uma tendência ao autocentramento, o que dificulta um olhar para o que é "comum a todos". Este é o grande desafio e o grande aprendizado para aqueles que se propõe viver em comunidade.

A Ecovila Florescer se divide em: área da vila de casas, área de pastagem e plantio, área de pomar, área da horta da vila, áreas de proteção, área da RPPN Florescer e Centro de Vivências e Pousada.

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As atividades desenvolvidas na Ecovila são: plantio orgânico de hortaliças, frutas, plantas medicinais nativas e ervas aromáticas, produção de mudas nativas, recuperação da mata ciliar nas áreas desmatadas pelo proprietário anterior, plantio manejado de árvores para consumo de lenha, atividades educacionais e vivenciais no Centro de Vivências e Pousada, além de visitação contemplativa na RPPN Florescer.

As atividades educacionais e vivenciais realizadas no Centro são desenvolvidas, em geral por 4 a 5 dias com público externo, vindo de várias áreas do Brasil, principalmente sul e sudeste. Normalmente são grupos de 15 a 20 pessoas. A programação dos cursos e eventos do Centro incluem, entre outras atividades, caminhadas na área da RPPN Florescer (Trilha Ananda) e caminhadas contemplativas em outras trilhas e estrada da Ecovila Florescer.

A Ecovila possui, como infraestrutura básica: redes de captação de água (que abastecem as casas), 2 caixas d’água que abastecem as casas, 4 km de estrada, sendo 1,3 km de trilho de concreto e o restante em revestimento primário - cascalho, que dão acesso à Ecovila e à RPPN Florescer, rede elétrica de alta tensão, um rancho de 40 m2, cercas de arame farpado nas áreas limítrofes (a exceção de algumas áreas da RPPN que possuem divisas com paredões verticais de rochas com cerca de 150 m a 200 m de altura), duas roçadeiras, utensílios para plantio (pás, enxadas, cavadeira, etc.).

Como regra básica, todas as casas da Ecovila tem sua própria estação de tratamento de esgoto, por sistema de reatores.

A Ecovila e a RPPN são sustentadas financeiramente com a ajuda mensal de seus associados. A doação mensal dos associados permite o pagamento de um funcionário em meio período e gastos com manutenção, principalmente com gasolina para roçadeira e consertos da estrada. A sustentabilidade social da Ecovila e da RPPN é dada pelo trabalho comunitário de seus associados, sendo todos responsáveis por cuidar, manter e informar a população externa dos benefícios e importância da preservação do ecossistema local. O conselho gestor é responsável pela administração e cumprimento do Estatuto, porém todos os associados auxiliam nas tarefas necessárias e mais urgentes.

No total são 14 famílias integrantes da Associação (proprietária da área) atualmente. Ao todo, a Ecovila possui, incluindo a RPPN, 259 hectares.

Dentro deste contexto, a RPPN fica em área limítrofe do Centro de Vivências e Pousada, áreas de proteção da Ecovila Florescer e estrada de acesso à vila de casas.

Dos 104,5 hectares da Ecovila, 10 hectares são usados como área de plantio e pastagens, 5,2 hectares como área destinada às casas, 1,2 hectares do Centro de Vivências e Pousada (de propriedade de Danilo Martinelli Pitta e Fernanda Otto da Fonseca Pitta), 36,2 hectares como área de preservação permanente e 51,9 hectares de área de reserva legal.

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4. Caracterização da área do entorno

A RPPN Florescer possui, entre a sua locação e o seu entorno, boa parcela de área de amortecimento regida pela própria Associação Florescer, que engloba cerca de 36,2 hectares de preservação permanente e mais 51,9 hectares de reserva legal. Esta área de amortecimento, por si só, caracteriza boa proteção à Reserva.

Não obstante esta faixa de amortecimento, a jusante da Ecovila Florescer há presença de maciça agricultura de cunho familiar, com utilização intensiva de agrotóxicos.

Do ponto de vista social, os trabalhadores da Ecovila Florescer e, por conseguinte, da RPPN Florescer, são os próprios vizinhos e suas esposas, que costumam auxiliar nos programas educativos e na própria manutenção da Ecovila, em especial nos programas conduzidos no Centro de Vivências e Pousada.

A adoção desta estratégia visa, inclusive, trazer a comunidade lindeira “para dentro” da realidade de uma Ecovila e de um programa puramente ecológico e ambientalista, a fim de introduzir conceitos mais sustentáveis em sua natureza exploratória, ou seja, adotando medidas inclusivas e EDUCANDO PELO EXEMPLO.

No passado recente, a comunidade desta região de Urubici era a de maior incidência de câncer infantil, proporcional ao número de habitantes, reconhecida pelo principal Hospital Infantil do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis. Este levantamento foi realizado no ano de 2006, pelos próprios associados, junto ao Hospital Infantil Joana de Gusmão.

A comunidade tem características comuns às demais da região, com alto índice de pobreza regional, pois se tratam de pequenos agricultores, característicos da agricultura familiar catarinense, com renda bastante reduzida; inclusive inúmeros integram os programas Bolsa Família e Programas Especiais de Moradia (exemplo do Minha Casa Minha Vida).

O único hospital da região, que fica na sede do Município, encontra-se com inúmeras dificuldades financeiras, a ponto de não possuir, sequer, serviço de ortopedia, principal demanda em função do índice de acidentes na região montanhosa.

O acesso à Ecovila é pela Estrada Geral do Rio dos Bugres, que também é via de acesso às localidades da Caverna do Rio dos Bugres e a Cachoeira do Rio dos Bugres, importantes centros turísticos e arqueológicos da região.

Este acesso fica constantemente impedido na época das chuvas porque possui pontes muito baixas que, com a incidência de 2 ou 3 dias de chuva constante, ficam sob as águas. Nestes períodos, as crianças da comunidade ficam sem acesso à escola, e os doentes ficam sem acesso ao hospital.

Trata-se, também, de estrada precária, com pequena largura e revestimento primário, tendo ocorrido inúmeros acidentes, apesar de se tratar de importante bacia leiteira para a região (polo premiado nacionalmente, inclusive, por sua qualidade).

Assim, se destacam na região, além do aspecto turístico, a pecuária leiteira e o plantio de hortaliças e frutas – uma das maiores produtoras de maçã, uvas de altitude (importantes vinhedos, inclusive) e de ameixa.

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A telefonia na região é precária – as comunicações se fazem por rádio comunicador ou telefone celular com antena, visto que não há sinal de telefonia móvel disponível e tampouco telefone fixo.

Há Corpo de Bombeiros na região central de Urubici, bem como agência própria dos Bancos do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, além de cooperativas de crédito rural.

5. Possibilidade de conectividade

A RPPN Florescer possui, entre a sua localização e o seu entorno, boa parcela de área de amortecimento de propriedade da própria Associação Florescer, que engloba cerca de 36,2 hectares de preservação permanente e mais 51,9 hectares de reserva legal. Esta área de amortecimento oferece boa proteção à Reserva.

Na sua face leste encontra-se área de preservação permanente do senhor Duílio Sprícigo, com boa parcela de integridade, assim como em sua face oeste.

Na divisa norte, a RPPN Florescer está limítrofe com os campos de altitude, de propriedade da empresa Cota, cuja intenção do Governo Federal é a desapropriação para constituição do PARNA Campo dos Padres, conforme descrito nas Audiências Públicas conduzidas pelo MMA no município de Urubici/SC em dezembro de 2006. Cabe ressaltar que esta propriedade a norte da RPPN não possui nenhuma habitação e ou uso do solo.

Logo após a propriedade da empresa Cota, mais a nordeste, e a poucos quilômetros (aproximadamente 3 quilômetros em linha reta), localiza-se a RPPN Grande Floresta das Araucárias, com seus 4018,77 hectares. Esta última, encontra-se em vertente oposta a RPPN Florescer, tendo os campos de altitude inabitado como conectividade entre estas duas RPPN.

Mais ao sul, a poucos quilômetros de distância, encontra-se o PARNA São Joaquim, e o Morro da Igreja, importantes cenários ambientais brasileiros.

Nas proximidades estão também as RPPN Portal Água Branca, Curucaca 1,2,3 e 4, todas a noroeste, RPPN Leão da Montanha, Pedra da Águia, Corvo Branco e Portal das Nascentes I e II, todas a sudeste. Todo este conjunto mais a RPPN Florescer e PARNA São Joaquim têm um importante papel na conectividade dos remanescentes de florestas nativas de Araucárias (Figura 13).

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Figura 13: Localização da RPPN Florescer e das demais unidades de conservação da região

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6. Declaração de significância

De todo o exposto, destaca-se a significância da RPPN Florescer no contexto da proteção da natureza no município e no Estado.

Destacam-se:

Até agora, 30% das espécies de mastofauna registradas na RPPN estão sob algum grau de ameaça, e constam das listas de vermelhas da IUCN, do MMA e/ ou da FATMA, sendo uma ameaçada de extinção (jaguatirica) e sete vulneráveis à extinção (o veado-bororó-do-sul, o gato-do-mato-pequeno, o gato-maracajá, o gato-do-mato-grande, o leão-baio, a lontra e o bugio-ruivo); De acordo com as mesmas fontes, existem quatro espécies ameaçadas de extinção. São elas: o papagaio-charão, o papagaio-do-peito-roxo, o tapaculo-ferreirinho e a saíra-sapucaia. Uma espécie registrada com o status de vulnerável (VU): o pedreiro. Consideradas quase ameaçadas (NT), se abrigam na RPPN cinco espécies: o gavião-pombo-grande, a gralha-azul, o grimpeiro, o limpa-folha-miúdo e o cisqueiro. Além de registrar cerca de 30% das espécies de avifauna típica de Florestas de Araucárias; Além disto, a RPPN abriga também uma espécie endêmica da região sul do Brasil, o grimpeirinho (Leptasthenura striolata); A presença de Floresta de araucária preservada e com vários indivíduos adultos com mais de 20 metros de altura e mais de um metro de diâmetro, além de diversos xaxins-bugio com mais de 5 metros de altura; Destaca-se também a relevância da geomorfologia da região, com a presença de derramamentos basálticos sobre as rochas areníticas, motivador principal da presença de inúmeras nascentes de grande vulto. A RPPN está na região de maior recarga do Aquífero Guarani. Sua rede hídrica é contribuidora de rios importantes local e regionalmente (Rios dos Bugres, Canoas e Pelotas); Há, também, a presença de indícios arqueológicos na RPPN e em outros pontos da Ecovila Florescer, como pequenas cavernas e paredões rochosos claramente trabalhados para aparentar faces de animais e “totens”, que merecem pesquisa, monitoramento e especial atenção. Por sua posição geográfica, servindo como zona de amortecimento e de stepping stone (trampolim ecológico) entre diversas unidades de conservação privadas e públicas, com destaque do PARNA São Joaquim Pela identificação, até o presente momento, de 24 nascentes; Pelo afloramento do Aquífero Guarani; Pela exuberante beleza cênica que atrai e sensibiliza as pessoas, destacando a importância de um meio ambiente equilibrado. Por estar inserida dentro de uma Ecovila e servir como modelo de prática e vida comunitária sustentável; Pela qualidade do campo energético da região.

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7. Planejamento

7.1 Objetivos de Manejo

Em 25 de setembro de 2013 foi realizada a primeira reunião dos associados, coordenada por Maísa Guapyassú, para tratar sobre o Plano de Manejo da RPPN Florescer. O trabalho tinha como objetivo: esclarecer as dúvidas e iniciar as ações para elaboração do Plano de Manejo, esclarecer sobre o que é permitido realizar dentro de uma unidade de conservação da categoria RPPN e, principalmente, verificar com cada associado qual seu sonho/desejo para a RPPN Florescer.

Em seguida, os associados discutiram e construíram a visão de futuro da RPPN Florescer considerando um lapso de tempo de treze anos. Cabe ressaltar que os associados que não estiveram presentes na reunião participaram através de carta escrita ao conselho, ou seja, a visão de futuro para a RPPN Florescer foi construída de forma participativa, com todos associados, incluindo as crianças.

Foi firmada a seguinte visão de futuro para a RPPN Florescer: “Em 2026 a RPPN Florescer já é conhecida pelas pessoas, visitada, sendo referência em gestão compartilhada. Parte da estrutura de visitação já está implantada e em uso, com recurso suficiente para sua construção e manutenção. O ecomuseu está funcionando integrado com o projeto de educação ambiental”.

A partir desta visão foram definidos e reafirmados os objetivos de criação da RPPN Florescer e seus objetivos de manejo.

São objetivos de criação da RPPN:

Preservar a Floresta Ombrófila Mista Altomontana Manter um espaço natural íntegro cuja qualidade energética beneficie os

visitantes e a região.

Considerando estes e a visão de futuro criada coletivamente, são objetivos de manejo da RPPN Florescer:

Proteger a exuberante fauna e flora do local e sua beleza cênica, possibilitando a manutenção dos processos ecológicos;

Proteger os sistemas hidrográficos; Promover a visitação para fins educativos e contemplativos de acordo com

preceitos de ecoturismo de baixo impacto, propiciando a conscientização sobre a conservação da natureza;

Propiciar a pesquisa e investigação científica para aumentar o conhecimento sobre a Unidade e embasar as ações de manejo; De conformidade com os interesses de máxima preservação da RPPN, a

Associação Florescer pretende que as principais instalações administrativas da reserva estejam localizadas fora da área da mesma (dentro da Ecovila, mas fora da RRPN), conforme mapa detalhado apensado a este plano.

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8. Zoneamento

Para este zoneamento utilizou-se a estrutura proposta pelo Roteiro Metodológico para Elaboração do Plano de Manejo para RPPN do IBAMA/MMA 2004), visando minimizar os impactos em cada uma das zonas (Figura 14).

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Figura 14: Mapa de zoneamento da RPPN Florescer

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8.1 Zona Silvestre

Como zona silvestre foram escolhidas as áreas com maior grau de integridade dentro da RPPN, que incluem presença de nascentes e de espécies da fauna e flora raras ou em risco de extinção. Inclui também as áreas limítrofes ao futuro PARNA Campo dos Padres, que está em estudo para implantação por parte do Governo Federal. Na área foram identificados, com o auxílio de técnicos do ICMBio e de voluntários das Universidades da região, espécimes da fauna e da flora considerados sensíveis às alterações ambientais e ameaçados de extinção no estado de Santa Catarina. A fragilidade e o baixo grau de perturbação do local definem esta classificação.

Na prática, devido ao elevado grau de preservação da RPPN como um todo, foram caracterizadas como zona silvestre todas as áreas não destinadas às zonas de proteção, administração e visitação, em especial aquelas locadas nas proximidades dos “paredões” dos derrames basálticos assentes sobre as rochas areníticas, formação geológica responsável pela presença das inúmeras nascentes formadoras dos principais rios da região, em especial na ocorrência de grandes “falhas geológicas”.

Normas de Uso: Acesso restrito, permitido apenas para fiscalização e pesquisas científicas mediante autorização prévia por parte do Conselho Gestor da Associação Florescer. Poderão ser implantadas pequenas estruturas de apoio à proteção e fiscalização, de baixo impacto, além de cercas de divisas e controle de acesso, se necessário.

8.2 Zona de Proteção

Como zona de proteção foram definidas as áreas naturais que receberam um grau mínimo de intervenção antrópica podendo ocorrer pesquisas e monitoramento de baixo impacto, através de trilhas primitivas de fiscalização e proteção.

Como princípio basilar da diferenciação entre a zona de proteção e a zona silvestre está o potencial de turismo científico, acampamentos rústicos e observação da vida silvestre, visto que se trata de mata tão íntegra quanto aquela da zona silvestre, mas com condição de topografia e relevo que permitem atividades educativas contemplativas com o mínimo impacto.

Normas de Uso: Acesso restrito, permitido apenas para fiscalização e pesquisas científicas mediante autorização prévia por parte do Conselho Gestor da Associação Florescer. Poderão ser implantadas pequenas estruturas de apoio à proteção e fiscalização, de baixo impacto, além de cercas de divisas e controle de acesso, se necessário. Também poderão ser especialmente autorizados programas educativos e contemplativos de controle rigoroso, incluindo acampamentos rústicos e trilhas primitivas.

8.3 Zona de Visitação

Foi caracterizada como zona de visitação a pequena área limítrofe da RPPN, com baixa alteração humana, e de alto interesse para atividades contemplativas, educativas e recreativas, como a presença de cachoeira, trilha de elevada beleza

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cênica e inúmeras espécies, que permitem a condução de programas de reconhecimento, identificação e conscientização ambiental, turismo científico e ecoturismo, esporte de aventura, atividades de meditação e lazer.

Se prevê na zona de visitação, a implementação de pequenos equipamentos observatórios na mata, postos de fiscalização, segurança e guarda, inclusive guarda de equipamentos de manutenção, painéis informativos, etc., todos de baixo impacto ambiental.

8.4 Zona de administração

A zona de administração, que contempla todos os serviços e infraestrutura administrativa, está situada praticamente toda fora dos limites da RPPN Florescer, à exceção de alguns pontos onde já está prevista a instalação de pontos de coleta de água para consumo interno da Ecovila Florescer e da RPPN, incluindo pequenos poços de coleta, filtros, caixas de preservação e tubulações de rede hidráulica, todos de baixo impacto, em especial pela pequena população atendida (Figura 14).

9 Programas de Manejo

9.1 Programa de administração:

A administração da RPPN Florescer será realizada pela Associação Florescer, tendo um representante específico, votado em assembleia, responsável pela gestão da mesma.

Caberá a administração:

Gerenciar todos os programas do Plano de Manejo da RPPN Florescer; Planejar e operacionalizar as atividades administrativas de implantação e

de manutenção da reserva; Gerir recursos humanos e financeiros que envolvem a RPPN Florescer; Gerir e cadastrar programas de voluntariado, estagiários e parcerias; Identificar necessidades de melhorias de infraestrutura; Estabelecer planos anuais de ações e estabelecer dotação orçamentária; Cadastrar, treinar e gerir as parcerias com os guias autorizados a fazer a

visitação; Cadastrar visitantes; Zelar pelo patrimônio da reserva;

Normas administrativas:

Funcionários e guias de visitação deverão passar por treinamento específico para as funções e serviços a serem prestados;

Investimentos e aportes financeiros à RRPN Florescer deverão ser votados em assembleia dos associados a fim de deliberações a respeito da aplicação dos recursos;

Todos pesquisadores, estagiários e voluntários deverão ser cadastrados, assinando o Termo de Compromisso e Responsabilidade;

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• Os materiais da RPPN Florescer deverão ser especificamente patrimoniados e mantidos em local destinado pela Associação Florescer, não podendo ser misturados aos da Ecovila Florescer;

• As trilhas de visitação deverão ser mantidas em condições de visitação, caso contrário a comunidade deverá ser informada de sua inacessibilidade.

Cabe ressaltar que a RPPN Florescer possui apenas infraestrutura ligada à

visitação (trilhas, observatórios, placas indicativas, etc.), estando as principais estruturas de suporte localizadas em área subjacente a RPPN, porém ainda dentro da propriedade da Associação Florescer e Danilo Martinelli Pitta. Para as áreas dos proprietários foram estabelecidas normas visando o ordenamento das construções de moradia e infraestrutura administrativa da Ecovila, contidas no Estatuto e no Regimento Interno da Associação Florescer.

É importante frisar que estas mesmas normas determinam, obrigatoriamente, a utilização de técnicas sustentáveis de construção de baixo impacto ambiental e deverão ser aplicadas em futuras instalações na RPPN para apoio à gestão, proteção e visitação da UC. Sempre sob a supervisão do conselho gestor da Associação Florescer.

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Para a implantação do Programa de Administração será necessário:

Eleger representante da Associação Florescer em Assembleia Extraordinária, conforme Estatuto da Associação Florescer;

Elaboração de projeto de captação de recursos para a contratação de funcionário, compra de materiais e implantação de trilhas, observatórios e Ecomuseu;

Elaboração de cronograma de implantação do Plano de Implantação das trilhas, observatório e ecomuseu.

O Plano de Implantação das trilhas, observatório e ecomuseu terá três etapas conforme descritivo abaixo: Primeira parte - Implantação das trilhas Ananda e Alvorecer, além da compra

de materiais fundamentais de administração e manutenção da estrada de acesso à RPPN:

Implantação das trilhas citadas seguindo princípios de baixo impacto. Serão feitas pequenas drenagens, travessias de rio e passagens em locais alagadiços;

Compra de materiais; Manutenção da estrada de acesso à RPPN. Segunda parte - Implantação de melhorias nas trilhas, sendo elas:

Placas sinalizadoras e educativas; Bancos de descanso; Construção de um observatório na mata na Zona de Visitação, adjacente

a Trilha Ananda; Manutenção da estrada de acesso à RPPN.

Terceira parte - Implantação de ecomuseu:

Construção de edificação, fora da RPPN, com cerca de 50 metros quadrados (ainda em estudo de necessidades), contendo painéis, mostruários do acervo e vídeo demonstrativo/educativo;

Computador e telão de projeção de vídeos educativos; Manutenção da estrada.

9.2 Programa de visitação:

O Programa de visitação tem por finalidade concretizar os objetivos da Associação Florescer que são, entre outros:

Constituir uma comunidade de pessoas que convivam de forma integrada, priorizando a sustentabilidade do Planeta para as gerações futuras e a evolução espiritual humana em seus valores mais nobres, tais como compaixão, amor, carinho, solidariedade, bondade e empatia;

Possibilitar a integração do homem à natureza e ao universo, dentro de uma visão holística e ecumênica, sem distinção de sexo, raça, cor,

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condição social, política ou religiosa, buscando uma ligação com o Sagrado, na expectativa de atender aos preceitos da evolução humana e o desenvolvimento de uma consciência de vida em comunidade que oportunize uma convivência pacífica e amorosa;

Desenvolver atividades com responsabilidades compartilhadas; Difundir atividades educativas, culturais, científicas que visem a formação

de indivíduos conscientes de seu papel no mundo como cidadãos e responsáveis como pelo desenvolvimento da vida planetária, no que diz respeito aos aspectos sociais, econômicos, ecológicos e humanitários;

Estimular o desenvolvimento sustentável; Promover a ética, a paz, a cidadania, os direitos humanos, a democracia e

outros valores universais; Oportunizar, difundir e apoiar atividades sociais, educacionais, culturais,

artísticas, científicas, ambientais, terapêuticas e espirituais, atuando de forma multidisciplinar, contribuindo para o desenvolvimento de uma visão holística do ser humano e do meio em que ele vive;

Normas de visitação:

Todas as visitas devem ser guiadas por pessoa cadastrada e autorizada pela Associação Florescer;

A data e hora da visitação precisam ser informadas por email e ou telefone ao associado responsável pela coordenação do Programa de Visitação. Este último será designado pelo representante administrativo da RPPN;

O horário de visitação é das 9 às 17 horas, com entrada máxima às 15 horas;

É necessário que o visitante preencha a ficha de visitação e identificação; Poderá ser cobrada taxa de visitação;

Para a implantação do Programa de Visitação será necessário:

Designar associado responsável pelo Programa de Visitação; Identificação e cadastramento dos parceiros responsáveis por guiar visitas na

RPPN; Implantar a primeira etapa do Plano de implantação de trilhas, observatórios e

Ecomuseu, conforme quadro 4.

9.3 Programa de Sustentação Econômica

Este programa tem como objetivos:

Levantar necessidades de aportes financeiros na RPPN; Buscar parcerias, apoios financeiros e financiamentos externos para o

desenvolvimento das atividades deste Plano de Manejo; Elaborar projetos de captação de recursos externos para implantação dos

Programas de visitação e pesquisa; Desenvolver atividades econômicas para suprir necessidades de manutenção

da RPPN.

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9.4 Programa de Comunicação

Este Programa tem como objetivo principal divulgar as atividades da RPPN Florescer no cenário nacional, além disto são objetivos específicos:

Melhoria das informações no site existente e link de acesso específico sobre a RPPN;

Produção de material informativo; Cadastramento da RPPN Florescer em instituições e redes de assuntos de

interesse comum das RPPN brasileiras; Ministrar palestras a respeito de temas sobre sustentabilidade, reservas

particulares e biodiversidade local, visando motivar a preservação e criação de novas UCs.

9.5 Programa de Pesquisa e Monitoramento

As pesquisas científicas são fundamentais para a gestão e aprimoramento do Plano de Manejo das UC, auxiliando na ampliação do banco de dados sobre a biodiversidade do local. Em consonância com os objetivos da Associação Florescer, que são de proteção e ampliação de consciência, as pesquisas científicas serão incentivadas, desde que sigam as normas vigentes neste Plano. Os objetivos deste Programa são:

Possibilitar atividades de pesquisa que auxiliem no aprimoramento e gestão da RPPN pela Associação Florescer;

Ampliar e consolidar um banco de dados sobre a biodiversidade; Apoiar e divulgar pesquisas científicas sobre o bioma local.

Normas de pesquisa:

Os pesquisadores deverão apresentar ao representante administrativo da RPPN projeto de pesquisa para aprovação;

Os pesquisadores e instituições deverão assinar o Termo de Responsabilidade e Compromisso do Programa de Pesquisa, onde consta a obrigatoriedade de apresentação dos resultados da mesma;

Cadastrar os pesquisadores e instituições de pesquisa; Toda a pesquisa realizada integral ou parcialmente na RPPN ou Ecovila

Florescer deverá citar a associação, quando apresentada em seminários, congressos ou outros meios de divulgação;

Utilizar sistema de radio comunicação entre pesquisadores e administração.

9.6 Programa de Fiscalização

Este programa tem como finalidade principal manter a integridade da RPPN Florescer através de ações de prevenção, controle e minimização dos potenciais danos à reserva.

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No caso de se constatar irregularidades na área da RPPN caberá ao administrador, representante da associação, entrar em contato com as autoridades legais, tais como ICMBio e Polícia ambiental, para que os mesmos possam tomar as medidas necessárias.

Para assegurar a integridade da propriedade, serão confeccionadas placas indicativas dos limites da RPPN, bem como serão colocadas placas normativas no principal acesso à propriedade.

9.7 Programa de Voluntariado.

Este programa tem como finalidade desenvolver atividades de voluntariado conforme demanda de necessidades da Reserva.

O voluntariado é uma das formas de participação comunitária preconizada na Ecovila Florescer. Todo trabalho realizado pelos associados seja, de manutenção ou que tenha outra finalidade, é voluntário.

Desta forma, o programa de voluntariado atende os princípios de comunidades através da cooperação mútua.

Por meio do voluntariado, podem-se realizar vários tipos de atividades, sempre de acordo com as habilidades, afinidades do voluntário e demandas da RPPN. Estas atividades podem incluir: condução de visitantes nas trilhas, realização de atividades de educação ambiental, apoio nas atividades administrativas, no monitoramento da Reserva, na manutenção de trilhas, entre outras atividades de manutenção e de rotina.

O Programa de Voluntariado prevê ainda algumas facilidades e apoios aos voluntários, como estadia, a cobertura das despesas de alimentação e transporte entre o trecho Florianópolis e Urubici. Também será disponibilizado transporte entre cidades com distância menor do que 180 quilômetros de Urubici.

Normas do Programa de Voluntariado:

O período de voluntariado será estipulado conforme demanda de cada atividade;

O voluntário precisa assinar um Termo de Voluntariado de acordo com a Lei do Voluntariado (Lei Nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998).

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10. Cronograma Físico e financeiro

Quadro 4: Cronograma físico financeiro das atividades previstas no Plano de Manejo

Etapa 1 : Previsão de realização até final de 2017

Material Para Trilhas Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Abertura de trilha 2 meses de funcionários 2.100,00 4.200,00

Material para drenagens 50 m de tubo 200 mm 30,00 1.500,00

Cabos de aços para travessias 7 travessias - 6 m cada - 6

cabos por travessia 10,00 2.520,00

Madeira para travessias 7 travessias - 6 m x 1 m 150,00 6.300,00

Material administração Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

2 pares de rádio de comunicação de longo alcance 2 500,00 1.000,00

Binóculo alto alcance 1 750,00 750,00

Ferramentas e utensílios – pás, foice, enxadas. 1 conjunto 1.500,00 1.500,00

Motoserra 1 1.965,00 1.965,00

Câmera fotográfica zoom 50x 1 1.520,00 1.520,00

Colete de fotógrafo 1 210,00 210,00

GPS topografia alta precisão Garmin Etrex 1 1.000,00 1.200,00

Recurso funcionário com encargos 24 meses 2.100,00 50.400,00

Estojo primeiros socorros 4 125,00 500,00

Folders para Programa de Comunicação 1500 0,30 1.500,00

Placas informativas e normativas (limites) 15 120,00 1.800,00

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Manutenção estrada Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Hora de máquina 50 120,00 6.000,00

Revestimento cascalho 30 horas de máquina 120,00 3.600,00

SUB-TOTAL ETAPA 1 86.465,00

Etapa 2 : Previsão de realização até final de 2020

Material Para Trilhas Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Placas informativas para as trilhas 45 60,00 2.700,00

Bancos de parada 10 420,00 4.200,00

Construção observatório 10 m2 1.700,00 17.000,00

Troca madeira das travessias 50% 7 travessias - 6 m x 1 m 150,00 3.150,00

Material administração Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

2 Câmeras Bushnell 1 1.299,00 1.299,00

1 roçadeira 1 2.399,00 2.399,00

Manutenção estrada Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Hora de máquina 60 120,00 7.200,00

Revestimento cascalho 45 horas de máquina 120,00 5.400,00

SUB-TOTAL ETAPA 2 43.348,00

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Etapa 3 : Previsão de realização até final de 2026

Material administração Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Construção de um Ecomuseu 50 m2 1.700,00 85.000,00

Rede de energia para Ecomuseu (incluindo gerador) 1 8.000,00 8.000,00

Rede de água para Ecomuseu 800 3,50 2.800,00

Montagem de acervo vb para compra livros 3.000,00 3.000,00

Mobiliário vb para compra mobiliário 10.000,00 10.000,00

Computador, nobreak, impressora 1 3.500,00 3.500,00

Projetor e tela 1 3.000,00 3.000,00

Troca madeira das travessias 100% 7 travessias - 6 m x 1 m 150,00 6.300,00

Manutenção estrada Quantidade Custo Unitário (R$/un) Custo Total (R$)

Hora de máquina 125 120,00 15.000,00

Revestimento cascalho 75 horas de máquina 120,00 9.000,00

SUB-TOTAL ETAPA 3 145.600,00

TOTAL GERAL (ETAPAS 1, 2 e 3) 273.413,00 Fonte: os autores

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Referências Bibliográficas

Livros e publicações:

BANDEL, G.; GURGEL, J.A.A. Proporção do sexo em Araucaria angustifolia. Silvicultura em São Paulo, São Paulo, v.6, p.209-220. 1967.

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Anexos

Anexo 1.

ASSOCIAÇÃO FLORESCER

ESTATUTO SOCIAL

SEÇÃO I

DA DENOMINAÇÃO, NATUREZA JURÍDICA, SEDE, FORO, PRAZO DE DURAÇÃO E OBJETO

Art. 1º - Esta associação civil, sem fins econômicos, de direito privado, é constituída sob a denominação de Associação Florescer e se regerá por este Estatuto e pelas disposições legais aplicáveis.

Art. 2º - A Associação Florescer terá sua sede e foro na cidade de Urubici, Estado de Santa Catarina, Brasil, com endereço na Estrada Geral do Rio dos Bugres, km. 9, exercendo suas atividades em todo território nacional e podendo abrir filiais em outras cidades ou unidades da federação e no exterior.

Art. 3º - A Associação Florescer não distribui entre os seus associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e os aplica integralmente na consecução do seu objetivo.

Art. 4º - O prazo de duração da Associação Florescer é indeterminado.

Parágrafo único – A Associação Florescer será regida por este Estatuto e as leis em vigor.

Art. 5o - A Associação Florescer tem por finalidade:

I. Constituir uma comunidade de pessoas que convivam de forma integrada, priorizando a sustentabilidade do Planeta para as gerações futuras e a evolução espiritual humana em seus valores mais nobres, tais como compaixão, amor, carinho, solidariedade, bondade e empatia;

II. Possibilitar a integração do homem à natureza e ao universo, dentro de uma visão holística e ecumênica, sem distinção de sexo, raça, cor, condição social, política ou religiosa, buscando uma ligação com o Sagrado, na expectativa de atender aos preceitos da evolução humana e o desenvolvimento de uma consciência de vida em comunidade que oportunize uma convivência pacífica e amorosa;

III. Desenvolver atividades com responsabilidades compartilhadas;

IV. Desenvolver a sensibilidade e o respeito por cada um, exercitando a escuta pelas necessidades individuais;

V. Difundir atividades educativas, culturais, científicas que visem a formação de indivíduos conscientes de seu papel no mundo como cidadãos e responsáveis como pelo desenvolvimento da vida planetária, no que diz respeito aos aspectos sociais, econômicos, ecológicos e humanitários;

VI. Estimular o desenvolvimento sustentável;

VII. Promover a ética, a paz, a cidadania, os direitos humanos, a democracia e outros valores universais;

VIII. Oportunizar, difundir e apoiar atividades sociais, educacionais, culturais, artísticas, científicas, ambientais, terapêuticas e espirituais, atuando de forma multidisciplinar, contribuindo para o desenvolvimento de uma visão holística do ser humano e do meio em que ele vive;

Parágrafo único: O propósito espiritual é o de facilitar o ingresso do indivíduo à consciência de unidade, priorizando a busca por princípios éticos, morais e humanos que visem o engrandecimento deste mesmo e o

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coloquem, independente de crenças, religião ou fé, em condições de conviver em sociedade sob a regência do Nós em detrimento do Eu.

Art. 6º - Para a concretização de seus objetivos poderá:

I. Fundar e/ou manter uma sede em área favorável para a concretização de suas finalidades. Também poderá, fundar ou manter um ou mais centros de trabalhos, dentro ou fora de sua unidade-sede, que efetivem os trabalhos da Associação;

II. Prestar e difundir atividades educativas, culturais, ecológicas, agrícolas, sociais, científicas e espirituais realizando viagens, encontros, palestras, seminários, cursos, treinamentos, divulgação via Internet, podendo ainda efetuar a assessoria técnica nos campos, educacional, social, cultural, ecológico, de saúde preventiva e complementar;

III. Comercializar publicações, vídeos, serviços e assessoria, programas de informática, camisetas, adesivos, artesanatos, produtos agrícolas, alimentos, materiais destinados à divulgação e informação sobre os objetivos da FLORESCER e todo excedente dos produtos cultivados na Ecovila e/ou em áreas vinculadas a associação. Poderá também, locar espaços em suas dependências para atividades com as mesmas finalidades da Associação, desde que o produto desta comercialização ou locação reverta integralmente para a realização dos objetivos previstos no artigo 5º, deste estatuto;

IV. Oferecer serviços de hospedagem, alimentação e transporte;

V. Se obtida a qualificação como Organização de Associação Civil de Interesse Público – OSCIP – nos termos da Lei Nº 9.790, de 23 de março de 1999, a FLORESCER poderá firmar Termo de Parceira com o Poder Público, nos termos do artigo 9º da referida lei, para fomento e execução das atividades de interesse público especificadas no artigo 5º deste estatuto.

VI. Cobrar contribuição dos associados;

VII. Buscar parceiros;

VIII. Celebrar contratos e convênios;

IX. Gestionar doações e subvenções, legados ou contribuições;

X. Instituir internamente setores, departamentos ou comissões;

XI. Criar veículo de comunicação para promover seus projetos e atividades;

XII. Fazer parcerias com outras organizações;

XIII. Promover o eco turismo;

XIV. Promover outras atividades compatíveis com seus objetivos.

Art. 7º - No desenvolvimento de suas atividades, a Associação Florescer atenderá a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência e não fará qualquer discriminação de raça, cor, sexo ou religião.

Art. 8º - A Associação Florescer poderá aceitar auxílios, doações, contribuições, bem como poderá firmar convênios de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com organismos ou entidades públicas ou privadas, desde que não impliquem em sua subordinação ou vinculação a compromissos e interesses conflitantes com seus objetivos nem arrisquem sua independência.

SEÇÃO II

DA CONSTITUIÇÃO SOCIAL

Art. 9o - O quadro social da Associação será composto de até 33 associados, representante de famílias, pessoas físicas, todos na categoria única de associado patrimonial.

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Art. 10o - Serão considerados associados patrimoniais fundadores aqueles que preencherem a proposta de adesão na Assembléia Geral de Constituição e Fundação da Associação Florescer, desde que cumpridos os requisitos exigidos nos itens do art. 11º e parágrafo único do presente Estatuto.

Art. 11º - Para ser admitido na Associação Florescer são necessários os seguintes requisitos:

I. Estar disposto a conviver em comunidade, compartilhando responsabilidades e atividades;

II. Ser flexível e aberto às diferenças e pontos de vistas diversos;

III. Saber ouvir e falar em momentos decisivos;

IV. Estar disponível a auto educar-se, levando em consideração os conflitos são possibilidades de aprimoramento individual e grupal;

V. Estar aberto a assumir sua parte nos processos diversos, nos conflitos e nas atividades;

VI. Saber celebrar a felicidade e o talento dos outros membros do grupo;

VII. Ter a consciência que a prioridade do grupo é o desenvolvimento humano integral de cada membro;

VIII. Ter como princípio de vida a preservação da natureza, da comunidade e do Planeta, optando por uma vida de realizações menos impactantes;

IX. Ter a consciência que o benefício grupal esta acima do individual;

X. Ter o compromisso com o processo de liderança circular;

XI. Não consumir nenhum tipo de droga ilegal (maconha, cocaína, crak, ácidos em geral, etc.), nem tampouco chás ou ervas alucinógenas ou ritualísticas;

XII. Ser indicado por um associado patrimonial e aprovado pelo Conselho Social;

XIII. Submeter-se aos acordos da Associação;

XIV. Adquirir o título patrimonial.

Parágrafo Único: - O candidato a associado patrimonial que tiver sua proposta rejeitada, não mais poderá ter seu nome proposto para ingresso ao quadro social no período de um ano.

Art. 12º - São direitos dos associados patrimoniais, desde que estejam em pleno gozo e regulares com suas obrigações sociais:

I. Usufruir das partes comuns da sede da Associação, a ecovila, de acordo com os objetivos deste Estatuto;

II. Construir uma residência em espaço especialmente determinado para este fim, podendo utilizá-la e modificá-la ou vendê-la de acordo com suas conveniências, desde que sejam respeitadas as convenções da associação;

III. Examinar a qualquer tempo os livros, documentos e arquivos da administração e pedir os esclarecimentos que desejar ao Conselho Social;

IV. Comparecer às Assembléias, discutir e votar sobre todas as matérias objeto de deliberação;

V. Expor ao Conselho Social qualquer desentendimento, controvérsias ou situações contrárias aos objetivos do Recanto;

VI. Recorrer contra atos e decisões do Conselho de Paisagismo e Urbanismo ao Conselho Social;

VII. Ceder, alugar ou vender seu título patrimonial, desde que seja respeitado o disposto no ARTIGO 11º deste Estatuto, mediante aprovação do Conselho Social, o qual é responsável por aprovar, ou não, a venda ou aluguel do título e respectivas benfeitorias;

VIII. Requerer a convocação de Assembléias Gerais Extraordinárias, mediante requerimento dirigido ao Conselho Social. Neste caso o requerimento deverá contar com as assinaturas de, no mínimo, 25% dos associados em pleno gozo de seus direitos sociais;

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IX. Propor por escrito, ao Conselho Social ou à Assembléia Geral as medidas que considerem convenientes ao interesse social;

Art. 13º - São responsabilidades acordadas de todos os associados patrimoniais:

I. Respeitar o presente Estatuto, as deliberações das Assembléias Gerais e dos Conselhos;

II. Contribuir para o custeio de obras, melhoramentos e despesas ordinárias e extraordinárias, em partes iguais e na forma deliberada em Assembléias Gerais;

III. Prestar sua efetiva cooperação ao desenvolvimento da Associação e ao cumprimento de suas finalidades;

IV. Quitar todos os encargos com a administração da Associação, antes de lavrar a escritura, no caso de venda do título, pois a escritura e o recibo do pagamento acima são documentos indispensáveis para que o comprador assuma a posse do título adquirido;

V. Separar o lixo de forma adequada para reciclagem, separando o lixo orgânico (restos de comidas, madeira), do lixo inorgânico reciclável (papel, plástico, metais, vidro, etc) e do lixo inorgânico não reciclável (papel higiênico, isopor, absorventes, restos de tecidos, plástico filme, papel metalizado, pilhas e baterias, etc.);

VI. Manter o entorno de sua habitação sempre em ordem e limpo e de preferência gramado;

VII. Cuidar para que jardins, hortas, vegetação nativa, espaços de uso comum e etc. sejam preservados em sua configuração original, auxiliando na manutenção e diminuindo desperdícios com reposição de materiais. É esperado que os associados auxiliem na limpeza e ordem da Ecovila Florescer, sede da Associação;

VIII. Auxiliar na harmonia da Ecovila no que diz respeito a utilização de sons, preservando o máximo possível o local de ruídos altos;

IX. Cuidar de seus animais de estimação para que estejam sempre felizes, bem cuidados e não se tornem agressivos com os demais moradores e animais silvestres;

X. Desenvolver virtudes tais como: compaixão, amor, carinho, gratidão, empatia (saber se colocar no lugar do outro), humildade, bondade, etc. para que prevaleça a harmonia entre as pessoas. Estas virtudes podem ser desenvolvidas através de várias práticas, tais como, meditações diárias, yoga, orações, canto de mantras, etc., e cabe a cada um decidir qual a forma que melhor lhe convém;

XI. Se engajar em alguma área de trabalho da comunidade, participando de reuniões e empenhando-se nos assuntos pertinentes ao desenvolvimento da comunidade.

SEÇÃO III

DO PATRIMÔNIO

Art. 14º - O patrimônio da Associação Florescer será constituído:

I. Por bens móveis e imóveis que a Associação vier a possuir;

II. Pelo excedente da Receita sobre a Despesa, apurado anualmente.

Art. 15º - A Receita será constituída de:

I. Contribuições e mensalidades dos associados patrimoniais;

II. Todas as somas resultantes de outras contribuições ou fontes de renda que a Associação vier a possuir ou criar;

III. Doações, subvenções ou legados.

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Art. 16º - A Despesa será constituída de:

I. Todos os gastos administrativos e os necessários ao seu funcionamento ou efetivação de seus objetivos e finalidades, sendo que os de natureza extraordinária dependerão de autorização do Conselho Social.

Parágrafo Primeiro: É proibido ao Conselho Social contribuir ou avalizar, a custa dos cofres da Associação, para qualquer finalidade estranha aos objetivos da mesma.

Parágrafo Segundo: As alterações substanciais do patrimônio (incorporações e aquisições), somente poderão ser feitas por proposta do Conselho Social, ouvido o Conselho Fiscal e aprovado em Assembléia Geral.

Parágrafo Terceiro: As onerações ou reduções do patrimônio, somente poderão ser feitas por proposta do Conselho Social, aprovada em Assembléia Geral especificamente convocada, com a presença e aprovação de 70% (setenta por cento) dos associados patrimoniais presentes.

Parágrafo Quarto: Excluem-se da restrição prevista no parágrafo anterior os bens móveis de valor reduzido, a critério do Conselho Social, ouvido o Conselho Fiscal.

SEÇÃO IV

DO TÍTULO PATRIMONIAL

Art. 17º - Ao ser admitido na Associação Florescer, o associado receberá um título patrimonial, que somente será transferido, com aprovação unânime do Conselho Social, observando-se o disposto no artigo 9º, 10º e 11º e seu parágrafo único.

Art. 18º - No caso de falecimento do associado patrimonial ou seu cônjuge, o título será levado a inventário e o herdeiro favorecido, poderá colocá-lo à venda ou solicitar a sua admissão no quadro social, sujeitando-se, também, ao disposto no ARTIGO 11, exceto se for o cônjuge supérstite.

Parágrafo Único - Se no inventário, o título for atribuído a vários herdeiros, somente um deles poderá pleitear, com anuência dos demais, o seu ingresso na Associação.

Art. 19º - No caso de separação ou divórcio do associado patrimonial, se na divisão de bens o título patrimonial da Associação ficar pertencente ao cônjuge dependente, este será admitido na Associação sem qualquer restrição.

Art. 20º - No primeiro trimestre de cada ano, o Conselho Social elaborará uma proposta para o valor do título patrimonial, o qual deverá ser submetido à aprovação pela Assembléia Geral. Tal valor será assumido como valor mínimo em processo de transferência de titular.

Parágrafo primeiro: O valor do título patrimonial, aprovado pela Assembléia, será reajustado mensalmente ao longo do corrente ano conforme variação do IGP-M da FGV.

Parágrafo segundo - A Associação terá preferência na aquisição dos títulos dos associados patrimoniais que queiram dela se retirar, obedecendo ao observado no caput deste artigo.

SEÇÃO V

DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 21º - A Associação Florescer terá sua estrutura organizacional composta pelos seguintes órgãos:

Assembléia Geral;

I. Conselho Social;

II. Conselho Fiscal.

DA ASSEMBLÉIA GERAL

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Art. 22º - A Assembléia Geral é o poder soberano da Associação Florescer, à ela todos deverão se submeter, podendo ser ela Ordinária ou Extraordinária.

Art. 23º - Sendo a Assembléia Geral o órgão de manifestação da vontade dos associados patrimoniais, dela poderão participar, exercendo o direito e a obrigação de votar e serem votados, tão somente os associados patrimoniais que estiverem em pleno gozo de seus direitos e regulares com as obrigações sociais.

Parágrafo Único - Nas Assembléias Gerais, o associado patrimonial em pleno gozo de seus Direitos Sociais, somente poderá ser representado através de procuração por outro associado patrimonial.

Art.24º - Os trabalhos e deliberações de cada Assembléia serão registrados em ata, redigida pelo Secretário e assinada por este, pelo Presidente da mesa e por, no mínimo, mais 8 associados patrimoniais, ficando o registro da mesma, bem como o envio de cópia aos associados patrimoniais, sob a responsabilidade do Conselho Social.

Art. 25º - A Assembléia Geral reunir-se-á:

Ordinária e anualmente no primeiro trimestre de cada ano;

I. Extraordinariamente, sempre que for convocada pelo Conselho Social, pelo Conselho Fiscal ou por qualquer associado patrimonial, mediante assinatura de, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) do Quadro Social.

Art. 26º - À Assembléia Geral Ordinária compete deliberar sobre:

I. O orçamento das despesas para o exercício subseqüente e, fixar o limite do Fundo de Reserva;

II. A quota mensal que caberá a cada associado, marcando as épocas e forma de pagamento;

III. O relatório e as contas da administração, a serem apresentadas pelo Conselho Social relativos ao exercício findo, juntamente com o parecer do Conselho Fiscal;

IV. Eleger 3 (três) membros do Conselho Social, com mandato de dois anos;

V. Eleger 3 (três) membros efetivos e 3 (três) suplentes para o Conselho Fiscal, com mandato de dois anos, funções essas sem remuneração;

VI. Atribuir remunerações, para membros do Conselho Social, quando necessário, ou seja, não obrigatoriamente, definindo os respectivos valores;

VII. Matéria de interesse geral da Associação, inclusive os casos considerados omissos na presente Convenção;

VIII. Decidir, em grau de recurso, os assuntos que tenham sido deliberados pelo Conselho Social e a elas levados, a pedido dos interessados;

IX. Resolver sobre pedidos de reforços de verbas ou rateios extraordinários e, ainda quanto à realização de obras ou melhoramentos de vulto ou urgência para as partes comuns da Ecovila;

X. Destituir, se houver motivo, os membros do Conselho Social e Conselho Fiscal, elegendo seus substitutos;

XI. Assuntos de interesse da Associação e que constem da “Ordem do Dia”.

Parágrafo único: Será necessária, em cada eleição a renovação de pelo menos 1/3 (um terço) de cada conselho.

Art. 27º - À Assembléia Geral Extraordinária compete deliberar sobre:

I. Assuntos de interesse geral e de suma importância para a Associação;

II. A compra, venda e empenho de bens imóveis, bem como a fusão, incorporação ou desmembramento;

III. Promover alteração do Estatuto Social;

IV. Aprovar e alterar o Regimento Interno, proposto pelo Conselho Social;

V. Votar a dissolução da Associação e nomeação de liquidantes;

VI. Receber a prestação de contas do liquidante;

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VII. Julgar recursos contra as decisões do Conselho Social.

Art. 28º - A assembléia será aberta pelo associado que a convocou, o qual em seguida solicitará ao plenário que indique um presidente e um secretário, conforme prevê o ARTIGO 36º, aos quais caberá conduzir os trabalhos, cuidar do livro de presença, redigir a ata, transcreve - lá no livro próprio, promover as devidas assinaturas, providenciar o registro quando for o caso, providenciar as cópias e enviar a todos os associados presentes ou não à assembléia e, devolver os livros e registros ao Conselho Social, para a sua guarda.

Art. 29º - As deliberações das Assembléias Gerais serão obrigatoriamente acatadas por todos os associados, independentemente do seu comparecimento ou do seu voto, competindo ao Conselho Social fazê-las cumprir, exceto quando exercer o direito previsto no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo Único – É facultado ao associado o direito de travar, durante o tempo que permanecer na associação, até duas decisões tomadas em Assembléias Gerais (travar impede a execução da decisão tomada). O ato de travar poderá ser exercido durante a assembléia, verbalmente ou posteriormente, por escrito dirigido ao Conselho Social. No entanto em ambos os casos deverá apresentar suas razões, as quais deverão ser de extrema relevância e apoiadas em fatos concretos ou em fatos que comprometam a convivência harmônica dos membros da comunidade.

Art. 30º - Cada associado terá direito a tantos votos quantos forem os títulos patrimoniais que lhes pertençam ou representem legalmente.

Parágrafo Único – É vedado ao associado votar em assuntos que, exclusivamente, lhe diga respeito, ou seja, o único interessado.

Art. 31º - Nas assembléias gerais, os resultados das votações serão computados por maioria absoluta de votos 70% (setenta por cento), exceto no caso da seção IV, que exige unanimidade.

Art. 32º - Se a Assembléia não se realizar injustificadamente para exercer qualquer dos poderes que lhe compete, 15 dias após o pedido de convocação, a Justiça decidirá a respeito mediante requerimento dos interessados.

Art. 33º - As Assembléias Gerais serão convocadas por edital afixado na sede da Associação, com antecedência mínima de 07 (sete) dias, devendo constar da convocação a Ordem do Dia, o local, o dia e a hora de sua realização e o número de associados em dia com suas obrigações sociais.

Parágrafo Primeiro - Além do edital afixado na Sede, os associados patrimoniais deverão ser convocados também por carta, contendo os mesmos dados acima, enviada para o último endereço constante de suas fichas cadastrais.

Parágrafo Segundo - As Assembléias Gerais somente deliberarão sobre assuntos constantes da ordem do dia.

Art. 34º - As Assembléias Gerais instalar-se-ão em primeira convocação, com a presença de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) dos associados patrimoniais, e em segunda convocação, meia hora após, com qualquer número deles.

Art. 35º - Para deliberar sobre a dissolução da Associação Florescer, haverá necessidade do voto favorável de no mínimo 90% (noventa por cento) dos associados patrimoniais regulares com suas obrigações sociais, em Assembléia Geral Extraordinária especificamente convocada para este fim.

Parágrafo Primeiro - A convocação para Assembléia, visando à dissolução da Associação deverá, além das providências previstas no artigo 33º e seus parágrafos, também ser feita através de publicação de edital na imprensa local, por duas vezes e no prazo de, no mínimo, 30 (trinta) dias, antes de sua realização, para a primeira convocação.

Parágrafo Segundo – No caso do comparecimento de número insuficiente de associados para deliberar sobre a dissolução da associação prevista no ARTIGO 35º, a mesma será suspensa e nova assembléia será convocada para realizar-se no mínimo trinta dias após a mesma e, se ainda assim houver número insuficiente, se considerará decidida a intenção de extinguir a associação e caberá ao Conselho Social tomar as providências cabíveis

Parágrafo Terceiro - A Assembléia que deliberar sobre a dissolução, nomeará uma Comissão composta por 05 (cinco) membros, dentre os associados patrimoniais, que se encarregará da solução do ativo e passivo, como venda de imóveis, pagamento de débitos, etc., dividindo, ao final, o produto remanescente.

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Parágrafo Quarto - Se da dissolução resultar apenas passivo, a mesma Comissão atribuirá a cada associado patrimonial o valor que lhe competirá pagar; caso sobre valor ativo, o mesmo deverá ser dividido igualmente entre os associados patrimoniais.

Parágrafo Quinto - Qualquer alteração na destinação do patrimônio mencionado nos parágrafos anteriores, somente poderá ser feita com voto favorável de 90 % (noventa por cento) dos associados patrimoniais, que estejam em pleno gozo com suas obrigações sociais.

Art. 36º - O Presidente e o Secretário de cada Assembléia, serão escolhidos no ato, dentre os associados patrimoniais presentes.

Art. 37º - Para eleição do Conselho Social e do Conselho Fiscal e respectivos suplentes, será feita a candidatura por chapas, com a indicação de seus componentes, registradas com antecedência de no mínimo 03 (três) dias úteis, na Secretaria da Associação. Todos candidatos deverão ser associados patrimoniais.

Parágrafo Primeiro - Considerar-se-á eleita, a chapa que obtiver o maior número de votos, e no caso de empate, será designada nova eleição que deverá realizar-se dentro de 15 (quinze) dias.

Parágrafo Segundo - Na primeira eleição as chapas serão indicadas em plenário, na própria Assembléia Geral de Constituição e Fundação não havendo, portanto, necessidade do cumprimento das exigências deste artigo.

DO CONSELHO SOCIAL

Art. 38º - O Conselho Social é o órgão administrativo e executivo da Associação Florescer, podendo compô-la apenas associados patrimoniais que estejam em pleno gozo de seus direitos sociais.

Art. 39º - O Conselho Social é composto por três membros, eleitos pela Assembléia Geral Ordinária.

Parágrafo Primeiro - Em sua primeira reunião o Conselho deverá definir sua forma de atuação e definir um conselheiro coordenador, que terá como atribuições o disposto no Art. 43o e um conselheiro de paisagismo e urbanismo, que terá como atribuições o disposto no Art. 45o.

Parágrafo Segundo - Cheques ou quaisquer outros documentos legais que impliquem em compromissos financeiros deverão ser sempre assinados por dois conselheiros em conjunto.

Art. 40º - O mandato do Conselho Social será de 02 (dois) anos, podendo ser reeleito, sendo que eventuais vagas que nele se verificarem serão preenchidas por consenso dos conselheiros remanescentes.

Art. 41º - O Conselho Social é investido de amplos poderes de gestão e se reúne, obrigatoriamente, uma vez por trimestre, e extraordinariamente, sempre que for necessário, fazendo lavrar a respectiva Ata dos trabalhos.

Parágrafo Primeiro - O Conselho Social, poderá criar as Comissões ou Departamentos que entender necessários para o fiel cumprimento dos objetivos da Associação.

Parágrafo Segundo - As funções dos membros do Conselho Social, não serão remuneradas, sendo exercidas gratuitamente, e sem vantagens de qualquer espécie, exceto se for decidido conforme prevê o ARTIGO 26º, letra VI.

Art. 42º - Compete ao Conselho Social:

I. Deliberar sobre todos os assuntos sociais, administrando da melhor maneira possível os interesses da Associação;

II. Cumprir e fazer cumprir as disposições deste Estatuto, as resoluções da Assembléia Geral, do Regimento Interno e do próprio Conselho Social, assim como os regulamentos que baixar;

III. Resolver sobre a conveniência da admissão, exclusão, demissão e punição de associados patrimoniais e seus dependentes e em seguida levá-las à Assembléia Geral para decisão;

IV. Taxar quando julgar oportuno, o ingresso às promoções sociais, educacionais ou esportivas;

V. Admitir, punir e despedir empregados de qualquer categoria, ajustando os respectivos salários e demais condições de trabalho;

VI. Encaminhar ao Conselho Fiscal, a previsão orçamentária para o exercício seguinte, e o balanço do exercício anterior, no início do primeiro trimestre de cada ano, para serem submetidos à Assembléia Geral Ordinária;

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VII. Enviar ao Conselho Fiscal, quando necessário, previsão orçamentária suplementar, para fazer face às despesas ordinárias da Associação;

VIII. Encaminhar ao Conselho Fiscal, a previsão orçamentária para o exercício seguinte, e o balanço do exercício anterior, no início do primeiro trimestre de cada ano, para serem submetidos à Assembléia Geral Ordinária;

IX. Enviar ao Conselho Fiscal, quando necessário, previsão orçamentária suplementar, para fazer face às despesas ordinárias da Associação;

X. Promover a arrecadação das contribuições sociais e demais rendas da Associação;

XI. Promover o depósito em estabelecimento bancário de reconhecida idoneidade, dos valores financeiros pertencentes à Associação;

XII. Superintender a contabilidade;

XIII. Organizar o balanço anual, com a demonstração da conta de receita e despesa com o parecer do Conselho Fiscal, devendo o mesmo ser afixado na sede, ou ficar à disposição dos associados patrimoniais;

XIV. Organizar a previsão orçamentária.

XV. Manter atualizado o arquivo, bem como o Registro Geral de associados patrimoniais;

XVI. Receber, arquivar e despachar as correspondências da Associação;

Art. 43º - Compete ao Conselheiro Coordenador:

I. Superintender os assuntos de interesse social;

II. Representar a Associação em juízo ou fora dele, nos atos de sua vida social e jurídica, podendo constituir procuradores e mandatários;

III. Convocar e presidir as reuniões do Conselho Social;

IV. Desempatar votações nas reuniões do Conselho Social, com o voto de Minerva, sem prejuízo de seu voto de conselheiro;

V. Assinar juntamente com outro Conselheiro, os cheques e quaisquer títulos de responsabilidade da Associação;

VI. Assinar a correspondência da Associação;

VII. Rubricar livros, assinar atas, cartões de freqüência e documentos que lhe competem;

VIII. Informar, obrigatoriamente, aos outros conselheiros a respeito de suas ações.

Art. 44º - O Conselheiro Coordenador não é responsável, pessoalmente, pelas obrigações contraídas em nome da Associação, desde que tenha agido no exercício regular de suas atribuições; responderá, porém, pelo excesso de representação e pelos prejuízos a que der causa, por dolo ou culpa.

Art. 45º - Compete ao conselheiro de paisagismo e urbanismo: Entre outros definidos em regimento interno os seguintes poderes e atribuições:

I. Representar o condomínio junto aos órgãos públicos, empresas e aos demais associados em todos os assuntos relacionados ao paisagismo e urbanismo da Ecovila;

II. Orientar a elaboração dos projetos no estabelecimento dos aspectos externos das construções, e dos materiais a serem aplicados de modo a manter a uniformidade de tratamentos o respeito aos preceitos da presente convenção, regimento interno e de preservação do meio ambiente;

III. Aprovar preliminarmente os projetos a serem enviados para aprovação dos órgãos competentes;

IV. Estudar e sugerir a utilização nas construções, de materiais alternativos adequados aos princípios adotados por esta convenção e visando o barateamento dos custos de construção;

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V. Executar ou autorizar as ações que de qualquer forma interfiram no meio ambiente da Associação, consultando quando necessário o órgão público competente e obtendo deste a devida licença;

VI. Informar, obrigatoriamente, aos outros conselheiros a respeito de suas ações.

Art. 46º - Qualquer membro dos conselhos poderá ser destituído pelo voto de 70% (setenta por cento) dos condôminos presentes em Assembléia Geral convocada para este fim. Na mesma ocasião se elegerá também o seu substituto.

Parágrafo Único: No caso do Conselho Fiscal o substituto será definido pelo próprio conselho dentre seus suplentes.

DO CONSELHO FISCAL

Art. 47º - O Conselho Fiscal é composto de 03 (três) membros titulares e 03 (três) suplentes, todos associados patrimoniais em pleno gozo de suas obrigações sociais, com mandato de 02 (dois) anos, podendo ser reeleitos, competindo-lhes:

I. Examinar mensalmente os livros, documentos e balancetes;

II. Apresentar aos associados patrimoniais parecer anual sobre o movimento econômico, financeiro e administrativo da Associação;

III. Opinar sobre cobertura de créditos adicionais ao orçamento, tendo em vista os recursos de compensação;

IV. Dar parecer sobre a previsão orçamentária;

V. Fiscalizar o cumprimento das decisões do Conselho Social, denunciar erros administrativos e qualquer violação da lei ou deste Estatuto, sugerindo medidas a serem tomadas;

VI. Solicitar a convocação extraordinária da Assembléia Geral, quando ocorrer motivo grave e urgente;

VII. Dar seu parecer por escrito e assinado pelos 03 (três) membros titulares, a todas as solicitações de índole econômica ou financeira, feitas pelo Conselho Social

Parágrafo Único - Em sua primeira reunião, o Conselho elegerá um conselheiro coordenador que o representará em todas as suas ações e definirá seu substituto para atuar em seus impedimentos.

Art. 48º - As funções dos membros titulares e suplentes do Conselho Fiscal não serão remuneradas, sendo exercidas gratuitamente, e sem vantagens de qualquer espécie.

SEÇÃO VI

DAS PENALIDADES

Art. 49º - Os associados patrimoniais e seus dependentes que infringirem as disposições do Estatuto, Regimentos, Regulamentos e Resoluções, tornam-se passíveis das seguintes penalidades:

I. Advertência por escrito;

II. Multa;

III. Exclusão.

Art. 50º - A pena de Advertência será aplicada por escrito nos seguintes casos de infração, a critério do Conselho Social:

I. Procedimento incorreto nas dependências da Associação, e em quaisquer reuniões por ele promovidas ou de que esteja participando;

II. Ofensa física ou moral, a qualquer associado patrimonial ou dependente, bem como a todos quanto estejam no desempenho de funções em relação à Associação;

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III. Transgressão de qualquer disposição Estatutária, Regimental ou Regulamentar.

Art. 51º - A pena de multa será aplicada por transgressão de qualquer disposição Estatutária, Regimental ou Regulamentar, correspondendo a 50 % (cinqüenta por cento) do valor mensal cobrado pela Associação, o qual reverterá em benefício da mesma.

Parágrafo Primeiro - A multa só poderá ser aplicada depois da advertência ao infrator, por escrito, dando o prazo de 48 (quarenta e oito) horas após o recebimento desta, a fim de solucionar a infração cometida.

Parágrafo Segundo - Na reincidência ou persistência da infração, a multa a ser aplicada, passará a ser o dobro do estipulado no caput deste artigo, devendo as multas ser quitadas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de cobrança judicial.

Parágrafo Terceiro - A notificação far-se-á por carta, entregue mediante recibo, ou registrada com aviso de recebimento.

Parágrafo Quarto - Quando o associado patrimonial não for encontrado, será notificado através de Edital, afixado no quadro de avisos da Associação, com prazo de 10 (dez) dias.

Art. 52º - A pena de exclusão será aplicada aos associados patrimoniais que por sua conduta irregular tiverem se tornado inconvenientes ou nocivos, ou que venham a praticar atos lesivos ao Patrimônio da Associação, bem como descumprirem o Estatuto e o Regimento Interno no todo ou em parte, a juízo do Conselho Social que levará o caso a Assembléia Geral para tomada de decisão.

Parágrafo primeiro: Caso a Assembléia Geral venha decidir pela exclusão de um ou mais associado, o(s) mesmo(s) perderá seu título patrimonial, não podendo mais fazer uso de qualquer uma das áreas da associação. Caso o associado tenha bens imóveis dentro da sede da associação, o mesmo deverá vender ou transferi-los respeitando o disposto na Seção IV deste Estatuto.

Parágrafo Segundo: A associação terá prioridade na compra de bens imóveis que se encontram dentro de sua sede. Para tanto, necessitará uma avaliação oficial do valor do imóvel, que permitirá uma oferta pela compra. A associação somente poderá pleitear a compra de um imóvel se a mesma tiver condições financeiras para este fim.

Art. 53º - Na ocorrência de atraso no pagamento da mensalidade, o associado patrimonial pagará multa de 02 % (dois por cento) e ficará sujeito ao pagamento da correção devida, mais juros de 1% (um por cento) ao mês.

SEÇÃO VII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 54º - Os associados patrimoniais não respondem, solidária ou subsidiariamente, pelas obrigações sociais normais, exceto no caso de dissolução prevista no ARTIGO 29º e seus parágrafos.

Art. 55º - O primeiro mandato dos conselheiros terminará impreterivelmente, no primeiro trimestre de 2.010, quando será realizada nova eleição.

Art. 56º - O funcionamento dos diversos setores da Associação ficarão subordinados aos dispositivos e regulamentos elaborados pelo Regimento Interno.

Art. 57º - É vedado a qualquer associado patrimonial, angariar fundos em nome da Associação, sem a devida autorização do Conselho Social

Art. 58º - No recinto da Associação são proibidos jogos e consumo de drogas não permitidos por Lei.

Art. 59º - O exercício social da Associação será encerrado em 31 de Dezembro de cada ano, coincidindo assim, com o do ano civil.

Art. 60º - O presente Estatuto Social poderá ser modificado no todo ou em parte, mediante Assembléia Geral Extraordinária convocada especialmente para este fim, com comparecimento e aprovação de 70% (setenta por cento) dos associados patrimoniais que estejam em pleno gozo de suas obrigações sociais.

Art. 61º - Após a regularização do Estatuto Social junto ao Registro Civil de pessoas Jurídicas, a Associação elaborará, dentro de 60 (sessenta) dias, o seu Regimento Interno.

Art. 62º - Cada associado patrimonial receberá uma cópia do Estatuto Social e do Regimento Interno, aos quais se submeterá.

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Art. 63º - Os casos omissos verificados neste Estatuto, serão resolvidos pelo Conselho Social ou pela Assembléia Geral, em grau de recurso.

Art. 64º - Este Estatuto entrará em vigor na data de seu registro junto ao órgão competente.

Urubici, de abril de 2008.

Conselheiro Coordenador

Conselho Social

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Anexo 2

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Anexo 3

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Anexo 4

Registro de imagens da RPPN Florescer

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Rastros

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Avifauna fotografada pelos Associados e pelas armadilhas fotográficas:

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0 140 280 420 56070Metros

Sede Ecovila FlorescerCasas dos Associados

Centro e Meditação,Vivências e Pousada

Sede Ecovila FlorescerCasas dos Associados

Instalaçõesde Apoio

ObservatórioCachoeira Ananda

PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM 22SREFERENCIAL PLANIALTIMÉTRICO DATUM SIRGAS 2000

BANCO DE DADOS: SDS; EPAGRI.

1:10.000

1:7.000

Descrição Área (ha)Propriedade 259,64000RPPN 155,15000Zona Silvestre 92,72197Zona de Proteção 46,86648Zona de Visitação 15,56155

QUADRO DE ÁREAS

Legenda

# Cachoeira

!H Nascente"T Administração

Trilha de Proteção

Trilha Administração

Remanescente da Propriedade

Zona Silvestre

Zona de Proteção

Limite - RPPN Trilha de Visitação

Zona de Visitação

ACaptação de Água(Administração)

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RPPN Caetezal

RPPN Parque Ecológico ARTEX

RPPN Emilio Einsfeld Filho

RPPN Grande Floresta das Araucárias

RPPN Emilio Einsfeld Filho

RPPN Emilio Einsfeld Filho

RPPN Emilio Fiorentino Battistella

RPPN Reserva do Caraguatá II

RPPN Fazenda Palmital

RPPN Reserva do Caraguatá III

Florescer

RPPN Passarim

RPPN Serra do Lucindo

RPPN Chácara Edith

RPPN Corredeiras do Rio ItajaíRPPN Odir Zanelatto

Portal Agua Branca

Passarim II

Reserva Leão da Montanha

RPPN Prima Luna

RPPN Ano Bom

RPPN Curucaca 3RPPN Curucaca 4

RPPN Reserva BugerKopf

RPPN Pedra da Águia

RPPN Gralha Azul

Canto da Araponga

RPPN Porto Franco

RPPN Fazenda Santa Terezinha

RPPN Fazenda Araucária

RPPN das Araucárias Gigantes

RPPN Morro dos Zimbros

RPPN Morro das Aranhas

Reserva Rio das Furnas II

Pinheirinho 23

RPPN Vale das PedrasRPPN Rio das Lontras

RPPN Capão Redondo

RPPN CORVO BRANCO

RPPN Reserva do Patrimônio Natural do GuaxinimRPPN Reserva Natural Menino Deus

RPPN Grutinha

RPPN Barra do Rio do Meio

RPPN AMPLUS LUCIDUS

RPPN RANCHO DE LUAR

RPPN Normando Tedesco

RPPN Santuário Rã-Bugio II

RPPN Fazenda Pousada Serra Pitoco

PE da Serra do Tabuleiro

PN da Serra do Itajaí

PN de São Joaquim

PE do Turvo

PN da Serra Geral

PE Acaraí

REBIO Marinha do Arvoredo

RVS dos Campos de Palmas

PN de Aparados da Serra

REBIO do Aguaí

PN das Araucárias

PE do Boguaçu

ESEC Aratinga

PE do Tainhas

ESEC do Bracinho

PNM Gruta São José

PN das AraucáriasREBIO do Sassafrás

PNM Nascentes do Garcia

ESEC da Mata Preta

PN da Serra Geral

ESEC da Mata Preta

PNM da Lagoa do Peri

PE do Rio VermelhoPE Rio Canoas

PE do Espigão Alto

PE de Itapeva

PE da Serra Furada

PE de Rondinha

PN de Saint-Hilaire/Lange

REBIO da Canela Preta

ESEC Rio dos Touros

PNM do Maciço da Costeira

REBIO do Sassafrás

ESEC da Mata Preta

ESEC de Carijós

PE do Ibitiriá

PE das Araucárias

PN das Araucárias

PE Fritz Plaumann

PNM das Dunas na Lagoa da Conceição

PNM da Lagoinha do Leste

PNM do Morro do Macaco

PE Fritz Plaumann

RVS do Pinhão

PE de Palmas

PNM Ilha do Morro do Amaral

ESEC de Aracuri-Esmeralda

PNM do Vale do Rio do Peixe

PNM da Galheta

PE Vitório Piassa

ESEC de Carijós

REBIO Mata Paludosa

PE do Caracol

PE da Guarita

PNM Morro do Finder

Lages

Mafra

Taió

São Joaquim

Itaiópolis

Urubici

Joinville

Capão Alto

Água Doce

Campos Novos

Caçador

Painel

Canoinhas

Bom Retiro

Santa Cecília

Imaruí

Curitibanos

Calmon

Concórdia

Lebon Régis

Abelardo Luz

Porto União

Rio Negrinho

Chapecó

Orleans

Papanduva

Irani

Garuva

Apiúna

Indaial

Otacílio Costa

Laguna

Itajaí

Irineópolis

Angelina

Içara

Fraiburgo

Campo Belo do Sul

Ponte Alta

Itá

Corupá

Anitápolis

Videira

Gaspar

Seara

Blumenau

Correia PintoSão José do Cerrito

Passos Maia

Alfredo Wagner

Palhoça

Tangará

Santa Terezinha

Bom Jardim da Serra

Xaxim

Xanxerê

Vargem

Major Vieira

Biguaçu

AraquariCampo Erê

Timbó Grande

IlhotaPonte Serrada

Anita Garibaldi

Monte Castelo

Itapoá

Palmitos

Ouro

Turvo

Urupema

Três Barras

Tijucas

Ipuaçu

Rio dos Cedros

Paulo Lopes

Tubarão

Rio do Campo

Jaraguá do Sul

Campo Alegre

Matos Costa

Bocaina do Sul

Cerro Negro

São Bonifácio

Nova Trento

Grão Pará

Botuverá

Palmeira

Brusque

Ibirama

Ipira

José Boiteux

Caibi

Ituporanga

Jaguaruna

Macieira

Brunópolis

Mirim Doce

Palma Sola

São Bento do Sul

Guaraciaba

Aurora

Araranguá

Descanso

Bela Vista do Toldo

Zortéa

Quilombo

Itapiranga

Capinzal

Salete

Ipumirim

Vitor Meireles

Vidal Ramos

Joaçaba

Petrolândia

Jaborá

Benedito Novo

Rio Rufino

São Domingos

Mondaí

Massaranduba

Jacinto Machado

Criciúma

Rio Fortuna

Timbé do Sul

Ibiam

Anchieta

Lontras

Luiz Alves

Rio do Sul

Meleiro

São Francisco do Sul

Doutor Pedrinho

Riqueza

Nova Veneza

Siderópolis

Rio das Antas

Águas Mornas

Guaramirim

Pouso Redondo

Paraíso

Urussanga

Ibicaré

Praia Grande

Camboriú

Xavantina

Lauro Muller

Leoberto Leal

Ponte Alta do Norte

Pomerode

Dionísio Cerqueira

Treviso

Vargem BonitaSaudades

Imbituba

Major Gercino

Vargeão

Guatambú

Gravatal

Timbó

Rio do Oeste

Romelândia

Agrolândia

Cunha Porã

Morro Grande

Saltinho

Erval Velho

Armazém

Irati

Faxinal dos Guedes

Rodeio

Maravilha

Imbuia

São Martinho

São Cristovão do Sul

Piratuba

Abdon Batista

Ouro Verde

Galvão

Catanduvas

Guabiruba

Sombrio

Treze Tílias

Presidente Getúlio

São José

Arabutã

Paial

Monte Carlo

Iomerê

São Lourenço do Oeste

Rancho Queimado

Celso Ramos

Jupiá

Antônio Carlos

Coronel Freitas

São José do Cedro

Canelinha

Herval d'Oeste

Dona Emma

Iraceminha

São Carlos

Forquilhinha

Luzerna

Braço do Norte

Iporã do Oeste

Ascurra

Schroeder

Tunápolis

São João Batista

Presidente Nereu

Lindóia do Sul

Witmarsum

Frei Rogério

Marema

Modelo

Barra Velha

Peritiba

Bandeirante

Treze de Maio

São Miguel do Oeste

Garopaba

Sul Brasil

São João do Sul

Atalanta

Ermo

Pinhalzinho

Agronômica

Sangão

Entre Rios

Novo Horizonte

Belmonte

Princesa

Arvoredo

São Bernardino

Nova Itaberaba

Serra Alta

Penha

Caxambu do Sul

Porto Belo

Salto Veloso

São Ludgero

Barra Bonita

Maracajá

Coronel Martins

Santa Helena

São Pedro de Alcântara

Cunhataí

Cocal do Sul

Cordilheira Alta

Pinheiro Preto

Florianópolis

Santo Amaro da Imperatriz

Pedras Grandes

Santa Rosa de Lima

Navegantes

São João do Oeste

Balneário Gaivota

Santa Rosa do Sul

Águas de Chapecó

São João do Itaperiú

Arroio Trinta

Itapema

Laurentino

Alto Bela Vista

Guarujá do Sul

Formosa do Sul

Águas Frias

União do Oeste

Trombudo Central

Passo de Torres

Tigrinhos

Chapadão do Lageado

Bom JesusJardinópolis

Balneário Piçarras

Lacerdópolis

Balneário Barra do Sul

Morro da Fumaça

Santiago do Sul

Governador Celso RamosBraço do Trombudo

Nova Erechim

Planalto Alegre

Lajeado Grande

Flor do Sertão

Santa Terezinha do Progresso

Balneário Arroio do Silva

Bom Jesus do Oeste

Bombinhas

Capivari de Baixo

São Miguel da Boa Vista

Presidente Castello Branco

Balneário Camboriú

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RIO GRANDE DO SUL

PARANÁ

RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL - RPPN

1:500.000

0 20 40 60 8010km

ESCALA GRÁFICA

LEGENDAPARQUES NACIONAIS - RESERVAS BIOLÓGICAS e ESTAÇÕES ECOLÓGICAS

RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL - RPPN

CAMPO DOS PADRES - UC EM ESTUDO

http://sistemas.icmbio.gov.br/simrppn/publico/

Para Informações particularizadas acesse o link abaixo.

MUNICÍPIOS DE SANTA CATARINA

RPPN Grande Floresta das Araucárias

Florescer

Portal Agua Branca

Reserva Leão da Montanha

RPPN Curucaca 3

RPPN Curucaca 4

Portal Agua Branca

RPPN Pedra da Águia

RPPN Curucaca 1

RPPN Pedra da Águia

RPPN CORVO BRANCO

RPPN Portal das NascentesRPPN Portal das Nascentes II

PN de São Joaquim PN de São JoaquimPN de São Joaquim

Urubici

Bom Retiro

Alfredo Wagner

Anitápolis

Rio Fortuna

Grão Pará

Santa Rosa de Lima

Rio Rufino

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DETALHE - ESCALA - 1:120.000