PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a...

145
I PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL Ministério do Meio Ambiente APOIO

Transcript of PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a...

Page 1: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

I

PLANO DE MANEJO

RPPN FAZENDA PALMITAL

Ministério do

Meio Ambiente

APOIO

Page 2: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

II

FICHA TÉCNICA

Proprietário da RPPN Fazenda Palmital

Natanoel Machado

Gestora da RPPN Fazenda Palmital

Associação de Defesa e Educação Ambiental - ADEA

Presidente: Werney Zuneda Serafini

Equipe Técnica de Elaboração do Plano de Manejo

Coordenação do Plano de Manejo:

Celso Darci Seger - Biólogo (Mestre e doutorando em Conservação da Natureza -

curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal/ UFPR)

Diagnóstico:

Meio Biótico

Celso Darci Seger - Biólogo (CRBio 09806/07-D).

Meio Físico

José Eduardo Becker - Geólogo (Mestre em Geologia)

Socioeconômico

Maria Bernadete Martins Pinto Rodrigo- Assistente Social (Doutora. CRESS nº 3030-12ª

Reg. – Santa Catarina)

Produção de Mapas

Rafael Vida Almeida - Tecnólogo em Sistemas de Informação

Planejamento:

Celso Darci Seger - Biólogo

Lúcio Antônio Machado - Biólogo

Werney Zuneda Serafini - Executivo

Natanoel Machado - Empresário

Ana Maria Machado - Administração da RPPN

Yawaritsawa Trumai Waura - Administração da RPPN

Rafael Vida Almeida - Tecnólogo em Sistemas de Informação

Revisão:

Mariene Francine de Lima - Bióloga (Mestre em Educação – UFPR)

Page 3: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

III

AGRADECIMENTOS

À coordenação do projeto de elaboração do Plano de Manejo da RPPN Fazenda

Palmital vem aqui expressar cordiais agradecimentos a:

Ao Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica coordenado pelas

organizações não governamentais Conservação Internacional Brasil, Fundação SOS

Mata Atlântica e The Nature Conservancy, pelo apoio que possibilitou a elaboração

do Plano de Manejo;

Ao Sr. Werney Zuneda Serafini, presidente da Associação de Defesa e Educação

Ambiental – ADEA cujos esforços para contatos em busca de financiamento foram

fundamentais para a elaboração do presente Plano de Manejo;

Ao Sr. Natanoel Machado, proprietário da RPPN Fazenda Palmital pela iniciativa de

criação dessa unidade de conservação particular;

E a todas as pessoas que contribuíram para com esse trabalho.

Page 4: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

IV

APRESENTAÇÃO

Criada através do Decreto 70/92 do IBAMA, a RPPN Fazenda Palmital tem por

objetivo contribuir na conservação de um dos últimos remanescentes de Floresta

Ombrófila Densa de Planície Quaternária do litoral norte de Santa Catarina. A

gestão da RPPN Fazenda Palmital é de responsabilidade da ADEA- Associação de

Defesa e Educação Ambiental, ONG sediada na cidade de Itapoá.

A RPPN Fazenda Palmital juntamente com a Fazenda Santa Clara (com 586

hectares), ambas pertencentes ao Sr. Natanoel Machado, compõe a

regionalmente conhecida Reserva Volta Velha que protege em seus limites, mais de

1000 hectares de Floresta Atlântica.

Toda a área das duas fazendas serve de base para pesquisas científicas, projetos

de conservação e educação ambiental. Há duas décadas são desenvolvidos

estudos ecológicos com as comunidades florestais e a fauna local, possuindo a

propriedade, dessa forma, um expressivo acervo de conhecimento científico

relacionado às planícies costeiras. Além da pesquisa científica, também são

desenvolvidos programas de educação ambiental, voltados ao atendimento de

escolas da rede pública de ensino de Itapoá, assim como, para alunos de escolas

privadas da região. A área também serve de palco para vivências de resgate e

difusão da cultura indígena, atividades de turismo ecológico e de observação de

aves, dentre outras.

Embora sendo reconhecida pela importância para com a conservação da

biodiversidade regional, a falta de um plano de manejo consistia uma lacuna para

o gerenciamento mais eficiente da RPPN Fazenda Palmital e do seu entorno. No

entanto, com o apoio do Programa de Incentivo às RPPNs da Mata Atlântica,

coordenado pela Conservação Internacional do Brasil Fundação SOS Mata

Atlântica e TNC (The Nature Conservancy), o Plano de Manejo da RPPN Fazenda

Palmital pode finalmente ser elaborado.

Com a elaboração do Plano de Manejo e posterior implantação, a Reserva

contará com um instrumento de gerenciamento que, certamente, irá contribuir em

muito para a conservação dos recursos naturais dessa área protegida.

Page 5: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

V

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL – ADEA

A ADEA, Associação de Defesa e Educação Ambiental foi criada em 17 de

dezembro de 1974, na cidade de Curitiba/PR, sendo a primeira organização

ambientalista sem fins lucrativos do Estado do Paraná e uma das primeiras no Sul do

País.

Entre seus fundadores destacam-se renomados ambientalistas, cientistas,

pesquisadores e professores, liderados pelo Geólogo e Professor João José Bigarella,

reconhecido nacionalmente pelos diversos serviços prestados a comunidade

brasileira.

A ADEA teve papel preponderante na articulação da sociedade civil e

governamental para inúmeros projetos ambientais no Estado do Paraná, entre eles,

o tombamento da Estação Ecológica da Ilha do Mel; a criação do Parque Estadual

do Pico do Marumbi, na Serra do Mar; e o Parque Estadual de Vila Velha.

Implantou a Reserva Ecológica do Cambuí, nas cercanias de Curitiba, em área de

20 hectares cedida pela Prefeitura, instalando na época, um Museu de Ciências

Naturais e um Instituto de Educação Ecológica, com o propósito de conscientizar a

população, especialmente os jovens, quanto à importância da conservação dos

recursos naturais.

Promoveu diversas ações ambientais, a exemplo da Campanha pelo Plantio do

Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), espécie ameaçada de extinção, com o

apoio do Governo do Paraná.

Coordenou o projeto de conservação da Bacia do Rio Miringuava, na região

metropolitana de Curitiba, com recursos oriundos do Ministério do Meio Ambiente.

A ADEA, pelo seu pioneirismo, serviu de referencial para a constituição de diversas

associações ambientalistas em todo território nacional.

A partir da década de noventa, a ADEA passou a coordenar os trabalhos de

pesquisas e estudos sobre a Floresta Atlântica das Planícies Costeiras do município

de Itapoá/SC, reunindo significativo acervo científico deste bioma.

A ADEA, em Assembleia Geral Extraordinária, realizada em 26 de novembro de

2005, elegeu uma nova diretoria, constituída por um grupo consistente de

ambientalistas, administradores, advogados, biólogos, engenheiros e arquitetos,

além de coordenações técnicas focadas na gestão de projetos conservacionistas,

com ênfase na educação ambiental.

Page 6: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

VI

Definiu-se nesta assembleia, uma base territorial para a sua atuação, priorizando a

região do bioma da Mata Atlântica compreendida entre a baía de Guaratuba no

Estado do Paraná e a baía da Babitonga no Estado de Santa Catarina e seus

respectivos entornos.

A partir do ano de 2006 firmou termo de parceria com o proprietário da RPPN

Fazenda Palmital e a fazenda Santa Clara (Reserva Volta Velha), passando a ser

gestora dos programas desenvolvidos na área de abrangência das duas fazendas.

Com o compromisso de gestão assumido, a ADEA buscou recursos para a

elaboração do Plano de Manejo da RPPN Fazenda Palmital, o que se concretizou

através do apoio obtido por meio do Programa de Incentivo às RPPNs Mata

Atlântica.

Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora

com documento técnico que será de grande importância para o gerenciamento

dessa unidade de conservação particular.

Werney Zuneda Serafini

Presidente

Page 7: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

VII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados de temperaturas e precipitações médias entre 1961 e 1990......

20

Tabela 2. Zonas de manejo da RPPN Fazenda Palmital e respectivas áreas

percentuais......................................................................................................................

91

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Distâncias das algumas cidades e tempo aproximado para se

chegar à RPPN................................................................................................................

11

Quadro 2. Espécies consideradas ameaçadas de extinção no Brasil de

ocorrência para a área da RPPN Fazenda Palmital..................................................

38

Quadro 3. Espécies de aves ameaçadas de extinção de ocorrência na RPPN

Fazenda Palmital.............................................................................................................

45

Quadro 4. Censos demográficos do município de Itapoá entre 1991 e 2007........

70

Quadro 5. Unidades de Conservação no entorno da RPPN Fazenda Palmital......

82

Page 8: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização do município de Itapoá no estado de Santa Catarina.......

3

Figura 2. As Mesorregiões de Santa Catarina e a Microrregião de Joinville..........

6

Figura 3. Regiões climáticas do Brasil............................................................................

7

Figura 4. Rio Saí-Mirim, manancial de água da cidade de Itapoá..........................

8

Figura 5. Mapa da vegetação brasileira.....................................................................

9

Figura 6. Mapa de áreas de importância biológica para a conservação da

Floresta Atlântica e Campos Sulinos do Brasil.............................................................

10

Figura 7. Mapa de delimitação da RPPN Fazenda Palmital......................................

12

Figura 8. Croqui do acesso à RPPN Fazenda Palmital sobre imagem de

satélite...............................................................................................................................

13

Figura 9. Aspectos do estado de conservação da RPPN.........................................

14

Figura 10. Mapa geológico do Município de Itapoá.................................................

16

Figura 11. Mapa geológico de parte do município de Itapoá com a indicação

(círculo) de localização da RPPN Fazenda Palmital..................................................

17

Figura 12. Gráfico da temperatura máxima (vermelho), temperatura mínima

(azul) e da precipitação dos doze meses do ano medidas entre 1961 e 1990......

21

Figura 13. Cobertura original e remanescente do bioma Floresta Atlântica........

22

Figura 14. Perfil esquemático da sequência fisionômica da Floresta Ombrófila

Densa em diferentes níveis altitudinais da Serra do Mar do sul e sudoeste do

Brasil...................................................................................................................................

24

Figura 15. Perfil esquemático de um trecho de Floresta Ombrófila de Terras

Baixas.................................................................................................................................

25

Figura 16. Vista geral das epífitas e lianas da Floresta Ombrófila Densa................

25

Figura 17. Adensamento de bromélias recobrindo o solo da floresta....................

28

Figura 18. Euterpe edulis (palmito-juçara) com detalhe dos frutos........................

31

Figura19. Ocotea odoifera - canela sassafráz com detalhes da floração...........

31

Figura 20. Espécies de mamíferos comuns da RPPN Fazenda Palmital...................

36

Page 9: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

IX

Figura 21. Espécies ameaçadas de mamíferos presentes na RPPN Fazenda

Palmital............................................................................................................................

39

Figura 22. Espécies de martim-pescadores habitantes de interior de floresta.......

44

Figura 23. Espécies de aves ameaçadas de ocorrência para a área da RPPN

Fazenda Palmital.............................................................................................................

46

Figura 24. Serpentes comuns de observação na RPPN Fazenda Palmital.............

49

Figura 25. Foto de Tupinambis merianae (lagarto-teiú).............................................

50

Figura 26. Foto de Anisoleps grilli (camaleãozinho), réptil ameaçado de

provável ocorrência para a RPPN Fazenda Palmital.................................................

50

Figura 27. Espécies de anfíbios de floresta de restinga e terras baixas...................

53

Figura 28. Espécies de anfíbios com provável ocorrência na área da RPPN

Fazenda Palmital.............................................................................................................

54

Figura 29. Espécies de anfíbios comuns encontrados na RPPN Fazenda

Palmital..............................................................................................................................

54

Figura 30. Espécies de anfíbios que fazem a desova em folhas suspensas sobre

a superfície de lagoas temporárias..............................................................................

55

Figura 31. Espécies de anfíbios da RPPN Fazenda Palmital.......................................

55

Figura 32. Espécies de anfíbios da RPPN Fazenda Palmital.......................................

56

Figura 33. Sambaqui presente na RPPN Fazenda Palmital........................................

57

Figura 34. Localização da propriedade no município de Itapoá, com

identificação de proprietários de terras do entorno................................................

59

Figura 35. Casa Sede da propriedade (Reserva Volta Velha).................................

62

Figura 36. Casa de hospedagem de visitantes...........................................................

62

Figura 37. Recepção e restaurante..............................................................................

63

Figura 38. Vista do interior do espaço para recepção e restaurante....................

63

Figura 39. Oca Indígena utilizada em atividades educativas..................................

64

Figura 40. Programas de Educação Ambiental na Propriedade (Reserva Volta

Velha). ..............................................................................................................................

65

Figura 41. Atividades de ecoturismo e de aventura..................................................

66

Figura 42. Avifauna - atrativo de observadores de aves........................................... 66

Page 10: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

X

Figura 43. Plantio de palmeira-real (Archontophoenix sp.).....................................

73

Figura 44. Vista aérea da faixa de praias presente no município de

Itapoá...............................................................................................................................

74

Figura 45. Terminal portuário de Itapoá.......................................................................

75

Figura 46. Plantio de arroz na área de entorno da RPPN...........................................

76

Figura 47. Plantio de pinus no entorno da RPPN.........................................................

77

Figura 48. Mapeamento das principais atividades de uso direto do solo no

entorno da RPPN Fazenda Palmital...............................................................................

79

Figura 49. Localização de UCs no entorno da RPPN Fazenda

Palmital.............................................................................................................................

82

Figura 50. Oficina de planejamento para zoneamento da RPPN Faz. Palmital.....

87

Figura 51. Mapa de zoneamento da RPPN Fazenda Palmital..................................

89

Figura 52. Mapa sobre imagem digital do zoneamento da RPPN Fazenda

Palmital..............................................................................................................................

90

Page 11: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

XI

SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental

APA – Área de Proteção Ambiental

AMUNESC – Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina

CEAL – Programa Educação Ambiental ao Ar Livre

CBRO – Conselho Brasileiro de Registros Ornitológicos

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade

IUCN – União para a Conservação da Natureza

MMA – Ministério do Meio Ambiente

ONG – Organização Não Governamental

PCNSC – Planície Costeira Norte do estado de Santa Catarina

PMI – Prefeitura Municipal de Itapoá

PR – Paraná

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

RS – Rio Grande do Sul

SBH – Sociedade brasileira de Herpetologia

SC – Santa Catarina

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC – Unidade de Conservação

UCs – Unidades de Conservação

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

VIEFLORA – Programa Viagem Educativa à Floresta Atlântica

WWF – Fundo Mundial para a Conservação da Vida Silvestre

Page 12: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

XII

SUMÁRIO

APOIO............................................................................................................................... I

FICHA TÉCNICA............................................................................................................... II

AGRADECIMENTOS........................................................................................................ III

APRESENTAÇÃO............................................................................................................. IV

ASSOCIAÇÃO DE DEFESA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL - ADEA................................. V

LISTA DE TABELAS............................................................................................................ VII

LISTA DE QUADROS......................................................................................................... VII

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ VIII

SIGLAS E ABREVIAÇÕES................................................................................................ XI

SUMÁRIO......................................................................................................................... XII

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1

2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE OMUNICÍPIO DE ITAPOÁ.................................... 3

2.1 Localização ........................................................................................................... 3

2.2 Contexto Histórico................................................................................................. 4

2.3 Aspectos Ambientais............................................................................................ 7

3. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN FAZENDA PALMITAL......................................... 11

3.1 Histórico de Criação ............................................................................................ 11

3.2 Distâncias de Cidades.......................................................................................... 11

3.3 Acesso.................................................................................................................... 13

3.4 Estado de Conservação Ambiental................................................................... 14

3.5 Ficha Resumo da RPPN......................................................................................... 15

4. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN................................................................................... 16

4.1 Caracterização do Meio Físico............................................................................ 16

4.1.1 Geomorfologia................................................................................................... 17

4.1.2 Depósitos continentais....................................................................................... 18

4.1.3 Depósitos marinhos............................................................................................. 18

4.1.4 Depósitos estuarinos........................................................................................... 19

4.1.5 Solos...................................................................................................................... 19

4.1.6 Clima..................................................................................................................... 19

4.2 Caracterização do Meio Biótico......................................................................... 21

4.2.1 Vegetação......................................................................................................... 23

4.2.1.1 Floresta Ombrófila Densa............................................................................... 23

Page 13: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

XIII

4.2.1.2 Espécies vegetais ameaçadas..................................................................... 30

4.2.2. Fauna.................................................................................................................. 32

4.2.2.1 Caracterização dos mamíferos..................................................................... 32

4.2.2.1.1 Mamíferos ameaçados............................................................................... 37

4.2.2.1.2 Mamíferos endêmicos................................................................................. 38

4.2.2.2 Caracterização das aves............................................................................... 40

4.2.2.2.1 Aves migratórias........................................................................................... 44

4.2.2.2.2 Aves ameaçadas......................................................................................... 45

4.2.2.2.3 Aves endêmicas.......................................................................................... 47

4.2.2.3 Caracterização dos répteis............................................................................ 47

4.2.2.3.1 Répteis ameaçados..................................................................................... 50

4.2.2.3.2 Répteis endêmicos....................................................................................... 50

4.2.2.4 Caracterização dos anfíbios.......................................................................... 51

4.2.2.4.1 Anfíbios ameaçados e endêmicos............................................................ 56

4.3 Caracterização dos Aspectos Históricos e Culturais........................................ 56

4.4 Atividades Desenvolvidas na Reserva................................................................. 57

4.5 Sistema de Gestão................................................................................................. 57

5. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE..................................................................... 59

5.1 Descrição da Propriedade.................................................................................... 60

5.2 Reserva da Biosfera................................................................................................ 60

5.3 Infraestrutura da Propriedade.............................................................................. 61

5.4 Programas da Propriedade - Reserva Volta Velha............................................ 64

5.4.1 Programa de educação ambiental................................................................ 64

5.4.2 Programa de turismo.......................................................................................... 65

5.4.3 Programa de desenvolvimento de pesquisas................................................. 66

6. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DOENTORNO......................................................... 69

6.1 Aspectos Demográficos de Itapoá..................................................................... 69

6.2 Educação, Assistência Social, Saúde e Habitação.......................................... 70

6.3 BaseEconômica..................................................................................................... 72

6.3.1 Silvicultura e agropecuária................................................................................ 72

6.3.2 Atividade turística............................................................................................... 73

6.3.3 Outras atividades econômicas........................................................................ 74

7. VETORES DE PRESSÃO DO ENTORNO SOBRE A RPPN............................................ 76

8. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE........................................................................ 81

Page 14: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

XIV

9. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA........................................................................... 83

10. PLANEJAMENTO...................................................................................................... 85

10.1 Conceituação..................................................................................................... 85

10.2 Diretrizes do Planejamento da RPPN Fazenda Palmital.................................. 85

10.3 Objetivos de Manejo da RPPN Fazenda Palmital........................................... 85

10.4 Zoneamento........................................................................................................ 87

10.4.1 Zona Silvestre.................................................................................................... 91

10.4.2 Zona de Proteção............................................................................................ 92

10.4.3 Zona de Transição............................................................................................... 92

10.4.4 Zona de Visitação............................................................................................... 93

11. NORMATIZAÇÃO REFERENTE À CONSEVAÇÃO DA RPPN................................... 94

11.1 Em relação à Conservação................................................................................. 94

11.2 Em relação aos Projetos de Pesquisa.................................................................. 94

11.3 Em relação à Visitação......................................................................................... 95

11.4 Em relação à Segurança...................................................................................... 95

12. PROGRAMAS DE MANEJO....................................................................................... 97

12.1 Programa de Administração.............................................................................. 97

12.2 Programa de Proteção e Fiscalização............................................................. 101

12.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento........................................................ 103

12.4 Programa de Visitação....................................................................................... 106

12.5 Programa de Sustentabilidade Econômica..................................................... 111

12.6 Programa de comunicação................................................................................. 113

13. PROJETOS ESPECÍFICOS........................................................................................... 117

13.1 Projeto: Planejamento e Formatação de Roteiro de Turismo de

Natureza............................................................................................................

117

13.2 Projeto: Capacitação de Condutores de Visitantes......................................... 123

14. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 127

ANEXOS

Page 15: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

1

1. INTRODUÇÃO

A Floresta Atlântica com uma diversidade de ecossistemas associados, já recobriu

mais de 1.300.000 km² do território brasileiro, distribuindo-se desde o estado do Rio

Grande do Norte até o Rio Grande do Sul.

Infelizmente, um percentual muito baixo da área original do bioma ainda preserva

suas características bióticas primitivas nos dias atuais. Classificada como um dos

Hotspots de biodiversidade do planeta é atualmente um dos biomas mais

ameaçados da região Neotropical (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005).

Em grande parte de sua área de distribuição, a Floresta Atlântica sofreu intensa

supressão, encontrando-se bastante fragmentada. Apesar disso, as poucas áreas

que ainda restam abrigam altíssima riqueza biológica, muitas das espécies,

endêmicas dessa formação fitoecológica. Devido à importância que tem para a

conservação da biodiversidade brasileira, a proteção dos remanescentes que

ainda restam por meio de decretos de criação de unidades de conservação

representa uma das mais importantes medidas a serem adotadas. Dentre as

diferentes categorias de unidades de conservação, as Reservas Particulares do

Patrimônio Natural (RPPN) decretadas no domínio da Floresta Atlântica tem

contribuído com a proteção do bioma.

Em Santa Catarina, o interesse na criação de novas RPPNs é crescente,

demonstrando que a conservação da biodiversidade em terras privadas tem

importante papel para a manutenção da integridade de áreas naturais nesse

Estado. Várias das RPPNs já decretadas e outras em processo de criação abrangem

o bioma Floresta Atlântica.

A RPPN Fazenda Palmital, uma das primeiras RPPNs decretadas no Estado de Santa

Catarina, representa uma das áreas que protegem uma porção de Floresta

Atlântica de Planície Quaternária em bom estado de conservação. Situada no

litoral norte catarinense, região que ainda apresenta extensa área com cobertura

florestal relativamente conservada, mas que, nos últimos anos, tem sofrido forte

pressão em face de diferentes atividades antrópicas, apresenta heterogeneidade

ambiental que propicia a ocorrência de composições florísticas e faunísticas de

elevada riqueza de espécies.

Apesar de ter sido decretada há praticamente 20 anos, a RPPN Fazenda Palmital

não tinha Plano de Manejo, muito embora, mesmo com a falta do referido

Page 16: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

2

documento, já existisse um planejamento em relação às atividades que nela eram

realizadas, de forma a evitar a geração de impactos negativos que pudessem pôr

em risco a biodiversidade local. A falta de um plano de manejo sempre foi uma

preocupação por parte dos proprietários da Reserva e das instituições que ali

atuavam. Essa preocupação levou a Associação de Defesa e Educação Ambiental

– ADEA, ONG sediada em Itapoá e gestora da RPPN, a buscar recursos para a

elaboração do plano de manejo, buscando assim definir a forma de uso dos

recursos naturais presentes e, ao mesmo tempo, a conservação desses recursos.

O presente documento consta do Plano de Manejo da RPPN Fazenda Palmital, o

qual tem por objetivo assegurar a proteção da área e facilitar sua administração,

contribuindo para o cumprimento dos objetivos de sua criação, através de um

planejamento coerente, que possibilite a realização de atividades de sustentação

da área em conciliação com a conservação de seus recursos naturais.

Com a elaboração do Plano de Manejo da RPPN Fazenda Palmital, espera-se em

breve a implantação do mesmo, para garantir a proteção da reserva com maior

efetividade.

Page 17: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

3

2. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O MUNICÍPIO DE ITAPOÁ

2.1 Localização

O município de Itapoá apresenta área de 256,1 km², sendo 49,61km² pertencentes

ao perímetro urbano e 206,49 km² à zona rural (PMI, 2011). Está localizado na porção

do litoral norte do estado de Santa Catarina (figura 1) com coordenadas

geográficas centrais de Longitude 48º 36’ 58˝ e Latitude: 26º 07’ 01˝. A Sede

administrativa do município localiza-se à Rua Mariana Michels Borges, 201, balneário

Itapema do Norte, com coordenadas geográficas de 48° 36” 19”O e 26° 04’ 54” S.

Figura 1. Localização do município de Itapoá no estado de Santa Catarina. Fonte: Seger (2006)

Page 18: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

4

Itapoá tem como limite norte o município de Guaratuba (no estado do Paraná), a

oeste o município de Garuva, ao sul o município de São Francisco do Sul e a leste, o

Oceano Atlântico.

Itapoá encontra-se a uma distância aproximada de 260 km de Florianópolis, capital

do estado de Santa Cataria. O tempo de deslocamento via terrestre entre essas

cidades é de aproximadamente quatro horas. Da cidade de Joinville está a 82 km,

de Curitiba a 130 km e de São Paulo a 540 km. A cidade mais próxima de Itapoá é

Garuva, distante a 42 km.

2.2 Contexto Histórico

Historicamente, a implantação do povoado de Itapoá remonta dos processos de

colonização das terras anexas à póvoa de Nossa Senhora da Graça do Rio São

Francisco, atual município de São Francisco do Sul.

A ilha de São Francisco foi descoberta no ano de 1504 por Binot Paulmier de

Gonneville, navegante de origem francesa, que conviveu de forma harmoniosa por

cerca de seis meses, com representantes de grupos indígenas pré-coloniais que

habitavam o litoral do Brasil Meridional – os Carijós.

Até o ano de 1641, a pequena aglomeração de Nossa Senhora da Graça do Rio

São Francisco permaneceu praticamente despovoada. Manoel Lourenço,

português nomeado Capitão-Mor, assume a ilha, estabelecendo-se ali com seus

familiares, agregados, escravos, gado, ferramentas e instrumentos agrícolas. Em

1665, a póvoa é guindada à condição de Paróquia e somente em 1847, é elevada

à Cidade.

Com o objetivo de colonizar as terras continentais fronteiriças a ilha de São

Francisco, em meados do século XVIII, a então Paróquia de Nossa Senhora da

Graça do Rio São Francisco recebe colonos Portugueses, oriundos dos Açores e da

Madeira, que após se estabelecerem na ilha, buscam as áreas contíguas no

Continente. Essas famílias de colonos desenvolveram uma economia agrária

baseada em pequenas propriedades, com engenhos de açúcar e de farinha,

alambiques, confecção de roupas em teares próprios, louças de barro, etc., de

onde os donos dos meios de produção, garantiam sua subsistência e a de seus

agregados.

Page 19: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

5

A parte continental da península de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco,

denominada de “Península do Sahy”, originou o distrito do “Sahy” instituído em 1650,

onde se formou o povoado precursor do atual município de Itapoá. O nome Itapoá

(guarani: ita = pedra, poá = ponta), provavelmente significa “pedra que surge”,

referente a uma pedra localizada a aproximadamente 300 m do cordão praial do

balneário de Itapoá, e que fica submersa nos períodos do dia de maré alta.

Para os índios Carijós, habitantes primitivos da região, o aparecimento e o

desaparecimento da pedra durante os ciclos de maré alta e baixa era motivo de

contemplação e de admiração (PMI, 2011). Marcas da presença dos índios Carijós

permanecem até hoje através dos sambaquis (montes de conchas), encontrados

em vários pontos do município. Segundo registros arqueológicos, anteriormente aos

Carijós, outra nação indígena, os Sambaquianos, habitou a região, nação essa que

se extinguiu há mais de mil anos. Os Sambaquianos, portanto, teriam sido os

primeiros humanos a habitarem a região.

Próximo ao povoado de Nossa Senhora da Glória também se estabeleceu em 1841,

a colônia socialista de São João do Palmital organizada pelo colonizador francês

Benoit Jules de Mure, e que foi precursora da formação do atual município de

Garuva. A idealização de implantar uma colônia de produção e consumo não se

concretizou, ocasionando a migração dos colonos para outros povoados já

estabelecidos na Ilha de São Francisco e na península do Saí.

A partir de 1914, resultante da chegada dos colonos portugueses Candido da

Veiga e Tolentino Salvador, São João do Palmital passou a progredir e a póvoa do

Palmital foi elevada à categoria de Distrito, em 22 de outubro de 1921, por meio da

Lei Municipal nº 222, ficando sob a jurisprudência do então município de Nossa

Senhora da Graça do Rio São Francisco.

Em 31 de dezembro de 1943, por meio do Decreto Lei Estadual nº 941, o município

supracitado passou a ser definitivamente denominado de São Francisco do Sul,

constituído pelos Distritos São Francisco (sede), Saí e Palmital.

O Distrito de Palmital passou a ser denominado de Garuva em 20 de dezembro de

1963, e, mediante a publicação da Lei Estadual nº 953, elevado a Município no

mesmo ano. O povoado de Itapoá (no município de Garuva) foi elevado a Distrito

em 12 de maio de 1967 através da Lei Estadual nº 1066. Em 26 de abril de 1989, por

meio da Lei Estadual nº 7586, Itapoá se emancipa politicamente de Garuva ao ser

elevado a Município (CABRAL, 1999).

Page 20: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

6

Na década de setenta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estática – IBGE – dividiu o

Estado de Santa Catarina em seis mesorregiões, cada qual com suas microrregiões.

A Mesorregião Norte Catarinense, foi dividida em três microrregiões: Canoinhas,

Joinville e São Bento do Sul. Itapoá, Garuva, Araquari, Balneário Barra do Sul, Barra

Velha, Joinville, São João do Itaperiú e São Francisco do Sul, estão inseridos na

Microrregião de Joinville (Figura 2), sendo polarizado regionalmente por este

município.

Figura 2. As Mesorregiões de Santa Catarina e a Microrregião de Joinville. Fonte: PMI - http://www.itapoa.sc.gov.br/turismo/(2012)

O município Itapoá integra juntamente com os municípios de Garuva, Araquari,

Balneário Barra do Sul, Campo Alegre, Joinville, São Bento do Sul e São Francisco do

Sul, a Associação dos Municípios do Nordeste de Santa Catarina – AMUNESC.

Até a década de 1960 a região de Itapoá permaneceu praticamente isolada e

intocada, com pouquíssimas habitações. O primeiro acesso à orla marítima foi

aberto em 1957 pela Companhia SIAP-Sociedade Imobiliária e Pastoril Ltda.,

denominada Estrada da Serrinha. Esta estrada, após muitos anos praticamente sem

manutenção, foi recentemente pavimentada (inaugurada em janeiro de 2012),

servindo atualmente de acesso tanto para a cidade de Itapoá, como também,

para o Porto de Itapoá, cuja inauguração ocorreu em dezembro de 2010. Além da

SC 415, outra via de acesso ao município é a Estrada Cornelsen, construída em 1970

e pavimentada no somente no final dos anos 90. Esta via de acesso tem início na

Page 21: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

7

rodovia PR 412, a qual, juntamente com a SC 280 interliga as cidades de Garuva

(SC) e Guaratuba (PR).

2.3 Aspectos Ambientais

Em relação à geografia, a maior parte do município de Itapoá é composta de

sedimentos recentes de origem marinha, continental e mista, formando relevo

plano e com altitude média de 18 metros acima do nível do mar. Somente na

porção oeste existe uma pequena cadeia de montanhas secundárias

(denominada de Serrinha) com elevações até 600 metros, fazendo parte da cadeia

principal da Serra do Mar. Ao sul, o município abrange parte da Baia da Babitonga

cujas paisagens formadas pela interação da água com manguezais, florestas e

montanhas são de expressiva beleza cênica.

Localizado na região brasileira de abrangência do clima Subtropical de acordo

com o mapa das regiões climáticas do Brasil do IBGE (2011) (figura 3), o clima de

Itapoá é considerado do tipo temperado, porém, apresentando alta insolação

anual, típico de clima tropical.

Figura 3. Regiões climáticas do Brasil. Fonte: http://www.suapesquisa.com/clima/clima-brasil.gif.

Produção do Mapa: IBGE (2006)

Page 22: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

8

Quanto à hidrografia, todos os rios que cortam o município pertencem à vertente

Atlântica da Serra do Mar, sendo esses de pequena extensão e com vazões

variáveis. A formação geomorfológica regional associada às condições climáticas

e cobertura vegetal confere ao município de Itapoá um bom potencial no que se

refere aos recursos hídricos.

Os maiores rios do município são o Rio Saí Mirim, o Rio Saí-Guaçú e o Rio Jaguaruna.

O rio Saí Mirim (figura 4) compõe a maior bacia hidrográfica da região com 73,30

km², com vazão mínima de estiagem de 772 l/s. Apresentando boa qualidade de

água esse rio é de grande importância por constituir o manancial de

abastecimento de água da cidade de Itapoá.

Figura 4. Rio Saí-Mirim, manancial de água da cidade de Itapoá. Fotos: Celso Seger (2012)

Em relação à vegetação, a superfície do município de Itapoá é recoberta pela

Floresta Atlântica (popularmente conhecida por Mata Atlântica), conforme

representado em mapa dos biomas brasileiros produzido pelo Fundo Mundial para a

Conservação da Vida Silvestre (WWF, 2011) e apresentado na figura 5. Dentre as

diferentes fisionomias dessa formação florestal, predomina no município a Floresta

Atlântica de Planície Costeira ou Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas que

recobre a planície sedimentar. Essa subformação se caracteriza pela grande

variedade de espécies, formando uma vegetação densa e exuberante, que pode

atingir altura superior a 30 metros (RODERJAN et al., 2002). As copas das árvores

maiores tocam-se, formando uma camada relativamente uniforme e fechada.

Page 23: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

9

Nas serras ocorrem as formações Submontana e Montana, e, ao longo das praias e

da Baia da Babitonga, vegetação de restinga e manguezais. Considerado um dos

ecossistemas costeiros de maior importância por sua alta produtividade, a presença

de áreas contendo vegetação de mangue em Itapoá é relativamente grande.

Localizados em espaços relativamente bem conservados, os manguezais

apresentam comunidades vegetais e animais característicos com alta riqueza de

espécies de vertebrados e invertebrados.

Figura 5. Mapa da vegetação brasileira. Fonte: www.wwf.org.br (2012)

Em relação à conservação, o município de Itapoá, de acordo com o projeto de

Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata

Atlântica e Campos Sulinos (MMA, 2003), se insere dentro de uma das áreas da

categoria A (de cor vermelha), consideradas de alta prioridade à conservação

conforme apresentado na figura 6.

Page 24: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

10

Para as áreas de categoria A todos os esforços para a conservação dos recursos

naturais são necessários, sendo que a criação de unidades de conservação de

preservação integral é uma das ações que pode garantir a manutenção da

biodiversidade regional.

Figura 6. Mapa de áreas de importância biológica para a conservação da Floresta

Atlântica e Campos Sulinos do Brasil. Fonte: MMA (2003)

Page 25: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

11

3. INFORMAÇÕES GERAIS DA RPPN FAZENDA PALMITAL

3.1 Histórico de Criação

A RPPN Fazenda Palmital (figura 7) foi instituída em caráter de perpetuidade de

proteção ambiental de acordo com a portaria 070/92-N de 25 de junho de 1992

pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IBAMA –

Superintendência de Santa Catarina. Essa unidade de conservação particular faz

parte de um bloco de três fazendas de propriedade do Sr. Natanoel Machado,

situada no final da Avenida Emanoel Vieira Garcia.

A RPPN Fazenda Palmital apresenta área de 590,62 hectares e está registrada na

Comarca de Joinville sob a matricula/registro nº 37.753. Sua área preserva uma

parcela dos recursos naturais de ecossistemas de Planície Litorânea Quaternária do

sul do Brasil. Constitui-se da única unidade de conservação privada localizada na

Península do Saí, abrangendo todo o território do município de Itapoá, e, parte dos

municípios de Garuva e São Francisco do Sul.

3.2 Distâncias de Cidades

As distâncias entre a RPPN Fazenda Palmital e algumas cidades da região e de

cidades importantes do Brasil são apresentadas no quadro 1.

Quadro 1. Distâncias de algumas cidades e tempo aproximado para se chegar à

RPPN.

CIDADE DISTÂNCIA/KM TEMPO APROXIMADO/HORAS

Garuva – SC 50 0:30

Joinville – SC 80 1:00

Guaratuba – PR 110 0:45

São Francisco do Sul – SC 110 1:30

Florianópolis – SC 260 3:30

Curitiba – PR 130 2:00

São Paulo – SP 540 8:00

Porto Alegre – RS

740 10:00

Page 26: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

12

Figura 7. Mapa de delimitação da RPPN Fazenda Palmital. Produção: Rafael Vida Almeida

Page 27: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

13

3.3 Acesso

O acesso à RPPN Fazenda Palmital se dá através da BR 101 (sentido Florianópolis) e

BR 376 (sentido Curitiba) até a cidade de Garuva. Depois, através da SC 412 e PR

412 até o trevo Itapoá/Guaratuba e em seguida pela Estrada Cornelsem até a

cidade de Itapoá. Outra via de acesso é pela SC 412 a partir de Garuva e depois

pela SC 415 até Itapoá. Chegando à cidade, o acesso à Reserva é pela Av. Manoel

Vieira Garcia (Estrada da Fazenda) que inicia à beira mar e termina às margens do

rio Saí-Mirim. Atravessando-se o rio Saí-Mirim, chega-se à Fazenda Santa Clara, e,

através de uma antiga estrada que corta essa fazenda, até a RPPN Fazenda

Palmital. As vias de acesso à RPPN Fazenda Palmital estão representadas no croqui

feito em imagem de satélite apresentado na figura 8.

Por transporte aéreo, o acesso se dá através do aeroporto de Joinville, distante

aproximadamente 80 km da Reserva. De Joinville vai-se a BR 101 até a cidade de

Garuva e em seguida pelas vias de acesso já descritas anteriormente. O percurso

por rodovia do aeroporto de Joinville até a RPPN leva em torno de 1 hora.

Figura 8. Croqui do acesso à RPPN Fazenda Palmital Fonte de imagem: GoogleEarth 2012.

Page 28: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

14

3.4 Estado de Conservação Ambiental

A RPPN Fazenda Palmital se encontra em bom estado de conservação ambiental,

ou seja, apresenta ambientes conservados. Muito embora, nas décadas de 1960 e

1970 tenha havido a exploração seletiva de madeira de maior interesse comercial

em alguns pontos da área pelos antigos proprietários. Depois de passados mais de

40 anos sem intervenção humana, grande parte da área da RPPN apresenta

atualmente vegetação em estágio avançado com fitofisionomia similar à floresta

primitiva.

Na figura 9 são apresentadas imagens que demonstram o estado de conservação

da vegetação presentes na área da RPPN Fazenda Palmital.

Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas

Foto: Celso Seger

Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas de

Influência Fluvial

Foto: Celso Seger

Bromélias terrestres

Foto: Celso Seger

Plantas epífitas

Foto: Celso Seger

Figura 9. Aspectos do estado de conservação da RPPN. Fotos: Celso Seger (2012)

Page 29: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

15

3.5 Ficha Resumo da RPPN

NOME DA RPPN

RPPN Fazenda Palmital

NOME DO PROPRIETÁRIO

Natanoel Machado

ENDEREÇO DA RPPN

Emanoel Vieira Garcia S/N

CEP: 89249-000

Itapoá – Santa Catarina

CONTATOS

Ana Maria Machado (47) 8854-4780

[email protected]

ÁREA DA RPPN

590,62 hectares

COORDENADAS

26º04’18.60” S e 48º40’14.76” O

REGISTRO DA PROPRIEDADE

Matrícula/registro nº 37.753, na Comarca

de Joinville

NÚMERO LEGAL DE CRIAÇÃO

Decreto nº 070/92 do IBAMA de 25 de

junho de1992.

MUNICÍPIO E ESTADO ABRANGIDO

Itapoá – Santa Catarina

PROPRIEDADES CONFRONTANTES

Trevisa S/A

WEG Reflorestadora

Florisberto A. Berger

Oswaldo José Wesphal

MEIO PRINCIPAL DE ACESSO

Veículos de passeio e ônibus por meio

de rodovias e estradas secundárias.

DISTÂNCIA DOS CENTROS URBANOS

MAIS PRÓXIMOS

Itapoá – 4 km

Garuva – 50 km

Joinville – 80 km

Curitiba – 130 km

BIOMAS E/OU ECOSSISTEMAS

Bioma Floresta Atlântica – Floresta

Ombrófila Densa

ATIVIDADES OCORRENTES:

Pesquisa ambiental

Educação ambiental

Turismo de natureza

GESTÃO DA RPPN

Parceria entre Proprietário e ADEA –

Associação de Defesa e Educação

Ambiental

UCs PRÓXIMAS

Parque Natural Municipal Carijós - SC

Parque Estadual do Acaraí - SC

Parque Estadual do Boguaçu - PR

Parque Natural Municipal Lagoa do

Parado - PR

Page 30: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

16

4. CARACTERIZAÇÃO DA RPPN

4.1 Caracterização do Meio Físico

A área da RPPN Fazenda Palmital insere-se dentro da Planície Costeira Norte de

Santa Catarina (PCNSC). A PCNSC (mostrada nas figuras 10 e 11) é formada por

uma extensa planície arenosa de depósitos de origem marinha, continental e

estuarina (SOUZA, 1999).

(1) terraços marinhos, praias e dunas holocênicas; (2) planícies paleoestuarinas e mangues liolocênicos; (3) terraços

marinhos pleistocênicos; (4) leques, terraços e planícies aluviais e colúvios do Quaternário indiferenciado; (5)

sedimentos continentais terciários da Formação Mina Velha; (6) embasamento cristalino pré-cambriano.

Figura 10. Mapa geológico do Município de Itapoá. Fonte: Souza (1999).

Page 31: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

17

Figura 11. Mapa geológico de parte do município de Itapoá com a indicação

(círculo) de localização da RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Souza (1999).

A Planície Costeira foi criada e moldada a partir do deslocamento da linha de

costa, ao longo de milênios, tanto no sentido do continente quanto no sentido mar

adentro. As subidas e descidas do nível relativo do mar ao longo do tempo foram

responsáveis pela criação de depósitos costeiros e estuarinos de diferentes idades.

O limite interno desta planície se dá no contato de depósitos de origem

predominantemente continental com rochas do embasamento cristalino de idade

Pré - Cambriana do Cinturão Granitóide Costeiro (BASEI et al. 1992) na medida em

que se desloca para Oeste.

4.1.1 Geomorfologia

A planície costeira de Itapoá está inserida num contexto onde as variações do nível

relativo do mar, de longa escala de tempo, criaram e afogaram uma série de

estuários. Alguns destes estuários próximos à área de estudo ainda seguem ativos,

como os estuários de Paranaguá e São Francisco do Sul, outros, como na área de

estudo, já foram completamente preenchidos em resposta ao grande aporte de

Page 32: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

18

sedimentos proveniente das cabeceiras dos rios que alimentam o estuário. Segundo

Souza (1999) além do embasamento cristalino, a área de estudo possui

essencialmente três depósitos sedimentares distintos (marinho; continental e

estuarino). Cada componente acima e seus subtipos possuem uma resposta

característica no relevo.

4.1.2 Depósitos continentais

Souza (1999) agrupa quatro unidades nos depósitos continentais, os leques aluviais,

colúvios, terraços e planícies fluviais. Os leques aluviais bem como os colúvios

ocorrem associados às bordas do embasamento cristalino, no contato com a

planície arenosa relacionados com a passagem de um relevo com alta inclinação

para outro subhorizontal, na planície. De acordo com a autora, a unidade de

terraços e planícies fluviais ocorre ao longo da planície entre as altitudes de 3 a 50

m. A característica marcante desta unidade na paisagem é a ocorrência de

extensas planícies fluviais e terraços que evidenciam uma época onde a descarga

fluvial era maior e foi sendo preenchido durante sua evolução.

4.1.3 Depósitos marinhos

Os depósitos de origem marinha possuem três unidades, sendo essas: terraço

marinho, dunas e praia (SOUZA, 1999). O terraço de origem marinha recobre

praticamente toda a planície de Itapoá e, por possuir dois comportamentos

morfológicos distintos, foi subdividido pela autora em interno e externo. Os terraços

internos possuem relevo ondulado e suave, ocorrem em altitudes que variam de 3 a

10 m. Os terraços externos também possuem relevo ondulado e suave, porém

ocorrem entre as altitudes de 2 e 4 m. Os terraços internos são marcados no relevo

por estarem dissecados por antigos sistemas fluviais. As dunas ocorrem restritas a

uma pequena porção junto à praia ao norte da área de estudo, de acordo com

Souza (1999) são dunas frontais com altura máxima de dois metros e dunas

parabólicas com altura entre 0,8 e 1,0 m. No município de Itapoá a praia estende-se

por 32 km desde a foz do rio Saí-Guaçú até a desembocadura da Baía de São

Francisco do Sul. Sua continuidade é interrompida pela foz do rio Saí-Mirim e pelo

afloramento de rochas do embasamento cristalino em três pontos distintos.

Page 33: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

19

4.1.4 Depósitos estuarinos

Segundo Souza (1999) os depósitos estuarinos ocorrem de norte a sul da planície

costeira de Itapoá. Sua característica no relevo é de uma superfície plana que

ocorre entre altitudes de 0,5 e 5,0 m do nível do mar.

4.1.5 Solos

De acordo com EMBRAPA (1999) a planície costeira que ocorre junto ao município

de Itapoá possui solos essencialmente podzólicos. Nesta classe os solos são

compostos essencialmente por matéria orgânica, óxidos e possuem quartzo como

mineral principal. Seguindo os autores do trabalho, o solo da região de Itapoá é

classificado no campo Pa1, descrito como podzol Álico hidromórfico ‘A’ moderado

a proeminente, textura arenosa, fase floresta tropical de restinga com relevo plano.

Esta classificação foi adotada para o trabalho, pois, apresenta uma descrição

bastante completa sob os aspectos que controlam o tipo pedológico. O termo

álico significa uma composição rica em alumínio que acaba refletindo na

vegetação da área. Por questões de afinidade química, solos tipicamente ricos em

Alumínio dificultam o desenvolvimento pleno de florestas. Sob estas condições, as

raízes das árvores bem como plantas menores possuem baixa penetratividade no

solo que acabam formando matas de restingas.

4.1.6 Clima

Segundo a classificação climática de Koppen-Geiser, o clima local é classificado

como cfa, onde a primeira letra indica um clima temperado, com estações frias e

quentes bem definidas, a segunda letra mostra alta umidade com precipitações ao

longo de todo o ano e a terceira letra revela um verão quente. A temperatura

média do mês mais quente é superior a 22 ºC enquanto que no mês mais frio fica

entre 16 e 18ºC. A precipitação média anual é em torno de 1.800 mm, com chuvas

distribuídas sem muita oscilação ao longo do ano, o que determina pouco ou

praticamente nenhum déficit de água durante os diferentes meses do ano.

A média anual da umidade relativa do ar é de 87%, com muitos dias atingindo os

100%, o que gera uma alta taxa de precipitações.

Page 34: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

20

A tabela 1 apresenta o histórico das temperaturas mínimas e máximas e a

precipitação média durante os meses do ano entre os anos de 1961 e 1990.

Tabela 1: Dados de temperaturas e precipitação médias entre 1961 e 1990.

Mês Temp. mínima (ºC) Temp. máxima (ºC) Precipitação (mm)

Janeiro 19.4 28.7 245.3

Fevereiro 19.5 27.8 299.7

Março 18.8 27.8 251.2

Abril 16.1 25.5 154.8

Maio 13.6 23.1 119.1

Junho 11.4 21.1 96.6

Julho 11.3 21.3 70.2

Agosto 12.3 21.7 87.2

Setembro 13.6 21.3 127.5

Outubro 14.8 23.3 155.2

Novembro 16.3 24.9 135.9

Dezembro 18.0 26.9 148.6

Fonte: http://jornaldotempo.uol.com.br/climatologia.html/Itapoa-SC/ (2012)

A leitura dos dados da tabela 1 mostra que existe uma relação entre os meses mais

quentes e os maiores registros de precipitação conforme demonstrado no gráfico

da figura 12. Os meses que compõem o verão possuem tanto as temperaturas

máximas mais elevadas como os maiores índices de precipitação. Essa relação é

uma resposta ao aumento da temperatura média durante esses meses mais

quentes, o que acarreta no aumento da evaporação da água do mar, a qual é

então condensada e retida nos contrafortes da Serra do Mar, gerando chuvas de

grande volume na planície litorânea.

Essas chuvas chamadas popularmente como chuva de verão, na maioria dos

casos, são associadas a tempestades de grande magnitude, com ventos fortes e

alto volume de precipitação em um curto espaço de tempo.

Em contrapartida as menores taxas de precipitação ocorrem nos meses de inverno,

associadas às baixas temperaturas e a alta incidência de massas de ar polar.

Também chamadas de massa de ar frio, essas frentes possuem baixas temperaturas

e baixa umidade.

Page 35: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

21

Figura 12. Gráfico da temperatura máxima (vermelho), temperatura mínima (azul) e

da precipitação dos doze meses do ano medidas entre 1961 e 1990. Fonte: http://jornaldotempo.uol.com.br/climatologia.html/Itapoa-SC/(2012)

4.2 Caracterização do Meio Biótico

O diagnóstico do meio biótico da área da RPPN Fazenda Palmital aqui apresentado

trata da caracterização genérica da flora e fauna presentes nessa unidade de

conservação particular. Para a fauna, o diagnóstico restringiu-se aos grupos de

vertebrados superiores terrestres, abrangendo mamíferos, aves, répteis e anfíbios.

A área da RPPN Fazenda Palmital é recoberta por vegetação de Floresta Atlântica,

bioma considerado por Lagos e Müller (2009) como um dos Hotspots de

biodiversidade do planeta. Essa formação florestal figura entre as cinco regiões do

mundo que possuem o maior número de endemismos (MITTERMEIER et al., 1992;

FONSECA et al., 1996).

Devido à forte pressão antrópica que sofreu desde a época do descobrimento do

Brasil, a Floresta Atlântica é atualmente um dos biomas mais ameaçados da região

Neotropical apresentando várias espécies com status de ameaçadas (GALINDO-

LEAL; CÂMARA, 2005). Ocupando originalmente quase 15% do território brasileiro

(1.315.460 Km²), atualmente a Floresta Atlântica está reduzida a cerca de 8% da

cobertura inicial (figura 13), considerando remanescentes bem conservados

maiores que 100 ha (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA/INPE, 2010). As alterações

ambientais ocorridas nessa formação fitoecológica têm prejudicado tanto espécies

de ampla distribuição geográfica, como também, aquelas restritas a áreas

Page 36: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

22

biogeográficas menores (endêmicas) fazendo com que a vulnerabilidade dessas

últimas aumente consideravelmente.

Para a elaboração do diagnóstico do componente biótico da RPPN Fazenda

Palmital foram utilizados principalmente dados secundários obtidos de publicações

de artigos de revistas científicas e de relatórios técnicos e planos de manejo de

unidades de conservação da região onde a Reserva está inserida. As principais

fontes de referências de dados utilizadas foram os estudos realizados na própria

área da RPPN Fazenda Palmital (e.g. SEGER, 1992; SIPINSKI; REIS, 1995; QUADROS,

1997; GRAIPEL, 2003; GRAIPEL et al.; 2003, NEGRELLE, 1995; NEGRELLE, 2006; GHIZONI-

JR.; AZEVEDO, 2006). Além dessas, também foram consultados trabalhos realizados

na região que abrange a porção do Litoral sul do Paraná e norte de Santa Catarina

(e.g. STRAUBE, 1990; STCP, 1996; MARQUES, 1998; SEMA, 2003; MORATO, 2005; CUNHA

et al., 2006; BÉRNILS et al., 2010, WHOEL JR., 2011), que muito contribuíram para o

incremento das informações apresentadas no presente diagnóstico.

Figura 13. Cobertura original e remanescente do bioma Floresta Atlântica. Fonte: SOS Mata Atlântica/INPE (2010).

Page 37: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

23

Além de dados secundários, também foi realizada campanha de campo na área

da Reserva para a obtenção de dados primários (in situ), que compilados aos

dados secundários resultou na elaboração de listas de espécies de flora e fauna de

ocorrência para a RPPN Fazenda Palmital. A ordenação taxonômica (nomes

científicos) e a nominação vernácula (nomes populares) das espécies listadas

foram com base em: Reitz et al. (1978) para a vegetação, Reis et al. (2006) para

mamíferos, CBRO (2011) para aves e SBH (2011) para répteis e anfíbios. Para a

indicação de espécies ameaçadas foram utilizadas como referências a lista da

flora brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2012) e a lista oficial das espécies da

fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA, 2003).

4.2.1 Vegetação

4.2.1.1 Floresta Ombrófila Densa

A RPPN Fazenda Palmital está inserida na ecorregião da Floresta Ombrófila Densa,

uma das formações florestais que compõe o grande bioma da Floresta Atlântica. A

Floresta Atlântica, assim denominada por Veloso et al. (1991) corresponde à

Província Atlântica (CABRERA; WILLINK, 1980), a qual se distribui desde o nordeste

brasileiro até o norte do Rio Grande do Sul.

A principal característica dessa formação florestal é a vegetação densa composta

por grande diversidade de espécies, cujas adaptações lhes permitem resistirem às

condições climáticas regionais. A maioria das árvores apresenta sulcos nas folhas

para facilitar a drenagem da água, evitando, dessa forma, o umedecimento

excessivo. Muitas espécies possuem raízes de suporte que permitem sua fixação

sobre solos instáveis, ou então, sobre troncos e árvores caídas. Outra importante

característica que chama atenção da Floresta Atlântica é a grande quantidade de

plantas epífitas e lianas que colonizam os troncos e galhos das árvores.

Nas regiões sul e sudoeste do Brasil, a Floresta Ombrófila Densa é dividida em

subformações de acordo com a distribuição nos diferentes gradientes altitudinais

relacionados às feições do relevo entre a zona de praia e os picos da Serra do Mar.

A composição florística em cada subdivisão é variável, derivada das condições

edáficas e pedológicas locais, além da localização latitudinal. São consideradas

quatro faixas do gradiente de altitude que se mantêm como formações florísticas e

Page 38: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

24

fitofisionômicas coesas, sendo essas: Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas,

Submontana, Montana e Altomontana (figura 14).

Figura 14. Perfil esquemático da sequência fisionômica da Floresta Ombrófila Densa

em diferentes níveis altitudinais da Serra do Mar do sul e sudoeste do Brasil. Fonte: Paulo Brack (2006)

Na área da RPPN Fazenda Palmital ocorre a subformação Floresta Ombrófila Densa

de Terras Baixas. Essa subformação está associada ao gradiente das planícies

costeiras e aos depósitos de talos na base das encostas, abrangendo altitudes que

variam de 0 a 20 metros sobre o nível do mar (RODERJAN et al., 2002). Geralmente

ocupam terrenos quaternários de drenagem moderada, formados por

sedimentação arenosa (solos podzólicos) resultante da erosão das serras costeiras.

Mesmo se desenvolvendo em solos relativamente pobres em nutrientes, a floresta é

em geral bem desenvolvida com elementos dominantes formando um dossel denso

e homogêneo em torno de 20 a 25 metros de altura, conforme perfil esquemático

apresentado na figura 15.

Em solos mais ricos em matéria orgânica, (nas proximidades de encostas) podem

ocorrer árvores de grande porte, muitas vezes atingindo alturas de até 40 metros.

Plantas epífitas e lianas das famílias bromeliaceae, Orchidaceae, Araceae,

Polypodiaceae, Piperaceae, Cactaceae e Gesnereaceae são bastante

diversificadas (RODERJAN et al., 2002), formando densas coberturas nos troncos e

copas das árvores, sendo essa, uma das características mais marcantes da Floresta

Page 39: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

25

Ombrófila Densa (figura 16). Sua fisionomia, estrutura e composição podem variar

de acordo com o regime hídrico dos solos, do estágio de desenvolvimento da

floresta e do nível de interferência antrópica.

Figura 15. Perfil esquemático de um trecho de Floresta Ombrófila de Terras Baixas. Fonte: Roderjan et al. (2002).

Figura 16. Vista geral das epífitas e lianas da Floresta Ombrófila Densa. Foto: Celso Seger (2012)

Page 40: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

26

Pelo fato de se desenvolverem em áreas planas, as formações de Floresta

Ombrófila Densa de Terras Baixas foram ocupadas já desde o início da colonização,

encontrando-se atualmente bastante fragmentadas. Os poucos remanescentes

que ainda restam vêm sofrendo intensa pressão antrópica pela expansão das

cidades costeiras, como também, pela exploração excessiva de recursos naturais

(madeira, palmito, plantas ornamentais, animais silvestres, etc.).

A Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas recobre nas planícies costeiras os solos

mais antigos e estruturados (de origem pleistocênica), ao contrário das florestas de

restingas que recobrem terrenos holocênicos (SILVA, 1990; NEGRELLE, 1995). Estando

muitas vezes sob a influência de condições climáticas iguais, os principais fatores

fisiográficos determinantes das diferenças florísticas, estruturais e de diversidade das

formações vegetais de uma mesma planície litorânea são a topografia, o substrato

e a idade dos depósitos sedimentares (ARAÚJO, 1987; MANTOVANI, 1992).

As espécies arbóreas comuns nessa formação florestal são geralmente seletivas

higrófilas, sendo características do dossel, como exemplos, dentre outras: Tapirira

guianensis (tapiriri), Pouteria cenosa (guacá-de-leite), Manilkara subsericea

(maçaranduba), Virola oleifera (bicuíba), Cryptocarya aschersoniana (canela-

nhutinga), Talauma ovata (baguaçu), Brosimum lactescens (leiteiro), Eugenia leitonii

(goiabão), Myrcia glabra (guamirim-ferro), Balizia pedicellaris (juerana-branca) e

Eryotheca pentaphylla (embiruçu). Mais abaixo, compondo o estrato arbóreo

médio, aparecem: Matayba guianensis (miguel-pintado), Xylopia brasiliensis

(pindaíba), Vochysia bifalcata (guaricica), Inga spp. (ingás), Andira anthelmintica

(jacarandá-lombriga), Alchornea triplinervis (tapiá-guaçu), Gomidesia spectabilis

(guamirim-vermelho) Euterpe edulis (palmito-juçara) e Cecropia pachystachya

(embaúba), dentre outras. Mesmo predominando no estrato arbóreo, muitas destas

espécies podem também fazer parte do dossel da floresta.

O sub-bosque da floresta e o estrato herbáceo são dominados por grande número

de bromélias terrestres dos gêneros Nidularium, Aechmea e Vriesia, além de

Psychotria spp. (erva-d'anta), Calathea spp (caeté), Heliconia spp. (caetê) e

palmeiras dos gêneros Bactris, Astrocarium e Geonoma. Entre as lianas destacam-se

as ciclantáceas do gênero Asplundia, e, entre as epífitas, espécies dos gêneros

Philodendron, Scindapsus, Monstera, Anthurium e Tyllandsia, além de cactáceas do

gênero Rhipsalis, orquídeas dos gêneros Catleya e Oncidium, além de grande

diversidade de Pteridófitas (samambaias e xaxins), Briófitas (musgos) e líquens. Nas

Page 41: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

27

áreas mal drenadas e sujeitas às inundações periódicas desenvolve-se uma floresta

menos diversa, predominando a espécie Tabebuia cassinoides (caxeta). Outras

espécies também aí ocorrem, dentre outras: Tabebuia umbellata (ipê-da-várzea),

Calophyllum brasiliense (guanandi) e Ficus organensis (figueira-de-folha-miúda).

Estudo realizado por Negrelle (2006) com a flora da RPPN Fazenda Palmital e

entorno resultou no registro de 190 táxons vegetais identificados até o nível de

espécie conforme apresentado na tabela do anexo 1. Além dessas, somam-se mais

30 táxons identificados somente até ao nível de família e gênero e 19 taxons que

não haviam sido identificados até a data da publicação do trabalho pela autora,

resultando em 238 espécies. Mesmo que a quantidade de espécies levantada pelo

estudo já demonstre a expressiva riqueza florística que pode ocorrer na área, a

referida autora reconhece que essa riqueza pode ser bem maior, sendo, portanto, o

total de espécies subestimado, principalmente, pelo fato de grande parte das

coletas feitas no sub-bosque não terem sido identificadas. Ainda, de acordo com a

mesma autora, na área da Reserva ocorrem todas as sinúsias citadas para Florestas

Tropicais Pluviais, contando com representantes de plantas autotróficas

mecanicamente independentes (árvores, arbustos e ervas), mecanicamente

dependentes (lianas, hemiepífitas e epífitas) e de plantas heterotróficas (saprófitas e

parasitas).

Segundo Negrelle (2006), existe na área um arranjo vertical desde o solo até o

dossel mais ou menos definido, não sendo, no entanto, de fácil distinção em face à

multiplicidade de organismos das diferentes sinúsias que compõe todo o sistema,

devido à presença de representantes de diferentes fases ontogenéticas das

espécies presentes, mesclando-se às espécies típicas de cada estrato.

Na sinúsia herbácea (sub-bosque da floresta), a fitofisionomia é dominada por

espécies das famílias Araceae e Bromeliaceae, vindo a seguir Maranthaceae e

Rubiaceae. Outras famílias, tais como, Clusiaceae, Lauraceae, Myrtaceae e

Meliaceae também são bem representativas, principalmente por indivíduos

arbóreos jovens. No tocante à cobertura do solo, a família Bromeliceae é a que

mais se destaca, formando, em muitos casos, adensamentos que formam um

verdadeiro tapete vegetal que recobre o solo da floresta (figura 17).

Page 42: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

28

Figura 17. Adensamento de bromélias sobre o solo da floresta. Foto: Celso Seger (2012)

Dentre as bromélias, destaca-se a espécie Nidularium innocentii (bromélia) que

apresenta alto índice de cobertura. Espécie exclusiva da Floresta Atlântica, N.

innocentii apresenta vasta e expressiva dispersão, tendo, segundo Reitz (1983)

citado por Negrelle (2006) seu limite austral nas proximidades de Porto Alegre (RS).

Ao contrário do que é citado na literatura, em que Nidularium geralmente é

considerada como típica de áreas encharcadas, na área da RPPN Palmital e

entorno, essa espécie foi constatada como dominante em áreas de solos bem

drenados. Outras espécies herbáceas também são comuns no sub-bosque, tais

como: Aechmea gamosepala Marcgravia polyantha, Coccocypselum condalia,

Monstera adansonii, Anthurium scanden, Neomarica Cândida e Maranta

arundinacea.

Em relação ao sub-bosque, é destacada a grande diversidade de espécies que ali

ocorrem, apresentando-se a área da Reserva como um dos sítios mais diversos,

segundo comparação feita por Negrelle (2006) com outros sítios de Floresta

Atlântica onde estudos foram realizados com a aplicação de metodologia idêntica

à empregada pela autora citada.

Na sinúsia arbustiva que corresponde ao compartimento intermediário da floresta,

predominam as famílias Myrtaceae, Rubiaceae, Lauraceae, Melastomataceae,

Euphorbiaceae e Arecaceae. Nessa sinúsia, a maioria das espécies é representada

por indivíduos jovens arbóreos do estrato superior. Numa altura que varia entre 1 e 2

metros de altura, as espécies mais importantes são: Psychotria astrellantha (maria-

mole), P. barbiflora (maria-mole), P. leiocarpa (maria-mole), Miconia hymenonervia

Page 43: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

29

(pixirica), M. chartacea (pixirica), Ossaea sanguinea (sangreiro), Cephaelis

hastisepala (ipecacuanha), Piper cernuum (jaborandi)e Guapira aspérula (maria-

mole). No estrato logo acima, entre 2 e 3 metros de altura, destacam-se Geonoma

elegans (guaricana) e Neea schwackeana (maria-mole). O estrato seguinte, com

altura entre 3 e 6 metros, caracteriza-se principalmente pela presença de Rudgea

villiflora (casca-branca), Guapira opposita (maria-mole) Geonoma schottiana

(aricanga), G. gamiova (guaricanga) e Bactris lindmaniana (tucum). Formando

moitas adensadas espalhadas pela floresta, também aparece Merostachysternata

(taquara-lixa). Nesse estrato existe uma forte profusão de lianas (trepadeiras)

destacando-se Peritassa laevigata (saputá-açu).

No compartimento superior da floresta, abrangendo a sinúsia arbórea, as famílias

representativas registradas foram: Myrtaceae, Lauraceae, Rubiaceae,

Aquifoliaceae e Euphorbiaceae. Para a Floresta Ombrófila Densa as famílias citadas

encontram-se entre as mais diversas em espécies (STEHMANN, 2009). Na área de

amostragem do estudo feito por Negrelle (2006) essas famílias apresentaram mais

de 5 espécies. As demais famílias apresentaram menos de5 espécies, sendo que

aproximadamente 55,6% das famílias presentes nesta área, estavam representadas

por somente uma espécie. A família Myrtaceae apresenta maior riqueza de

espécies, fato esse comum de acontecer em sítios estudados de Floresta Atlântica.

Alguns autores (MORI et al., 1998; PEIXOTO e GENTRY, 1990) citados por Negrelle

(2006) consideram a grande diversidade e representatividade da família Myrtaceae

como de grande importância ecológica para ecossistemas de Floresta Atlântica.

As principais espécies que representam o estrato superior são: Tapirira guianensis

(cupiuva), Aparisthmium cordatum (quineira), Ocotea aciphylla (canela-poca),

Manilkara subsericea (massaranduba), Pera glabrata (tobocuva), Aniba firmula

(canela-de-cheiro), Alchornea triplinervea (tapiá), Tetrastylidium grandifolium

(mandigaú), Sloanea guianensis (laranjeira-do-mato) e Euterpe edulis (juçara).

Na parte inferior da sinúsia arbórea com altura máxima de 10 metros as espécies

características são: Affonsea hirsuta (ingá-banana), Euterpe edulis (juçara) e

Esenbeckia grandiflora (guaxupita). No estrato seguinte com altura máxima entre 10

e 15 m, destacam-se as espécies Eugenia cerasiflora (mamoneira), E. obovata

(jambro), E. sulcata (guamirim), Myrcia multiflora (cambuí), Marlierea

eugeniopsoides (araçarana), Mollinedia triflora (pimenteira), M. calodonta

(pimenteira), M. ulleana (pimenteira), Alibertia concolor (guaramimzinho), Clusia

Page 44: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

30

parviflora (criúva), Conomorpha peruviana (capororoquinha), Endlicheria parviflora

(canela-fedida), Garcinia gardneriana (bacupari), Guarea macrophylla (catingá-

morcego), Mouriri chamissoana (pitanga-brava) Pouteria beaurepairei (guapeva),

Prunus sellowii (pessegueiro-bravo), Virola oleifera (bicuiba) e Weinmannia

paulliniifolia (guamiminha). A seguir, entre 15 e 20 metros de altura, a família

Lauraceae predomina com várias espécies do gênero Ocotea (canelas), além de

Aiouea saligna (canela-fogo) e Nectandra grandiflora (canela-amarela).

Associados a estas, encontram-se indivíduos de Amaioua guianensis (carvoeiro),

Andira anthelminthica (lombrigueira), Attalea dúbia (indaiá), Calyptranthes lúcida

(araçarana), Campomanesia guavirova (gavirova), Gomidesia

schaueriana(batingua), Hieronyma alchorneoides (urucana) Maytenus robusta (pau

d’arco), Myrcia falax (araçá-do-mato), M. pubipetala (cambuizinho)eMatayba

guianensis (Miguel-pintado). Acima de 20 metros aparece um estrato composto

essencialmente por indivíduos de Tapirira guianensis (cupiuva), Alchornea triplinervia

(tapiá), Cabralea canjerana (canjerana), Calophyllum brasiliense (guanandi),

Didymopanax angustissimus (mandioqueira), Ilex integerrima (congonha), I.

theazans(caúna-amarga), Manilkara subsericea massaranduba), Nectandra

megapotamica (canela), N. grandiflora (canela-amarela), Ocotea odorífera

(canela-sassafráz), Sloanea guianensis (laranjeira-do-mato)e Tetrastylidium

grandifolium (mandigaú).

4.2.1.2 Espécies vegetais ameaçadas

Duas espécies vegetais consideradas como ameaçadas de extinção de acordo

com MMA (2008) foram registradas até o momento na área da RPPN Fazenda

Palmital, descritas a seguir:

I - Euterpe edulis - palmito juçara: o palmito juçara (figura 18) é considerado

ameaçado devido à intensa exploração para comercialização de palmito. Na

área da RPPN Fazenda Palmital ainda é encontrado em grande quantidade, muito

embora, sofra a pressão antrópica contínua através da extração ilegal por parte de

pessoas (palmiteiros) da região. Essa espécie tem grande importância ecológica

para determinadas espécies animais (especialmente para aves) que utilizam seus

frutos para a alimentação.

Page 45: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

31

Figura 18. Euterpe edulis (palmito-juçara) com detalhe dos frutos. Fonte: http://eptv.globo.com/terradagente (2012)

II - Ocotea odorífera - canela sassafráz: a canela sassafráz (figura 19) também é

relativamente comum na Reserva. Essa espécie encontra-se ameaçada devido à

excessiva extração do óleo que produz para aplicações em perfumaria e na

fabricação de inseticidas.

Figura 19. Ocotea odorífera - canela sassafráz com detalhes da floração. Fonte: FloraRS- http://www6.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_sp.php?img=2449.(2012) Foto:

Anita Stival

Page 46: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

32

4.2.2. Fauna

A comunidade faunística de uma determinada área é um produto da existência de

atributos básicos de suporte de vida para diferentes espécies (COOPERRIDER, 1986).

Esses atributos consistem de: oferta de alimento, disponibilidade de abrigos,

espaços propícios para forrageamento e espaços adequados para a reprodução.

A vegetação é considerada a variável mais importante do habitat para a maioria

das espécies animais, pois, direta ou indiretamente, há uma dependência dos

animais para com as plantas. No caso da fauna brasileira, que em sua maioria é

composta de espécies silvícolas (florestais), quanto melhor o estado de

conservação de uma área em relação à vegetação primitiva, maior será a

diversidade de espécies presentes (GONZAGA, 1982).

Para a área da RPPN Fazenda Palmital, a presença de florestas primárias e

secundárias avançadas contendo densa colonização de espécies epífitas, faz com

que a comunidade faunística presente seja de elevada riqueza de espécies.

4.2.2.1 Caracterização dos mamíferos

Dentro da escala zoológica, os mamíferos são considerados os animais mais

evoluídos (SILVA, 1984), apresentando alta diversidade de espécies que habitam

praticamente todos os ambientes do globo terrestre. Os mamíferos têm importante

papel na manutenção e na regeneração das florestas tropicais, pois apresentam

funções ecológicas vitais e são chaves na estruturação das comunidades

biológicas. Em se tratando da mastofauna brasileira, a maioria das espécies

apresenta hábitos noturnos (SILVA, 1984), o que dificulta sua constatação por

observação direta, sendo, dessa forma, os registros feitos em grande parte pela

presença de vestígios (forma indireta), ou pelo uso de armadilhas fotográficas.

O território brasileiro apresenta o maior número de espécies de mamíferos em todo

o mundo. Segundo Reis et al. (2006), ocorrem no Brasil 652 espécies, grande parte

destas distribuindo-se pela área do bioma Floresta Atlântica, onde foram registradas

71 espécies endêmicas dessa formação florestal (CONSERVATION INTERNATIONAL,

2005). Apesar dessa riqueza, é estimado que em torno de 11% das espécies de

mamíferos encontradas em território brasileiro estejam ameaçadas de extinção

(MACHADO et al., 2005). Dentre as diferentes famílias de mamíferos, a família

Page 47: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

33

Felidae, composta de espécies predadoras que basicamente ocupam o topo da

cadeia alimentar (onça, puma gato-do-mato, jaguatirica, etc.) é a que apresenta

estado mais crítico. Espécies de maior porte como Panthera onca (onça-pinta) e

Felis concolor (puma), que necessitam de um território de grandes dimensões para

a obtenção do alimento necessário a sua sobrevivência são cada vez mais raros de

serem registrados em remanescentes florestais de menor porte.

Para o estado de Santa Catarina, Cherem et al. (2004) apontaram a presença de

211 espécies de mamíferos, sendo 152 de ocorrência certa, ou seja, já confirmadas

e 59 consideradas como de possível ocorrência (que ainda necessitam de

confirmação). As espécies já confirmadas se encontram distribuídas em 10 ordens:

Chiroptera (60 espécies), Rodentia (54 espécies), Cetacea (33 espécies), Carnivora

(26 espécies), Didelphimorphia (17 espécies), Xenarthra (9 espécies), Artiodactyla (7

espécies), Primates (3 espécies), Perissodactyla (1espécie) e Lagomorpha (1

espécie). Com relação às famílias, as mais numerosas em espécies são: Muridae (37

espécies), Phyllostomidae (26 espécies), Delphinidae (16 espécies), Didelphidae (17

espécies) e Vespertilionidae (15 espécies). Embora essas informações constituam

importante fonte de dados, os autores alertam que certas ordens, como, por

exemplo, Chiroptera (morcegos) e Rodentia (roedores) necessitam de estudos bem

mais aprofundados para uma determinação mais conclusiva sobre a quantidade

de espécies dessas ordens que ocorrem em território catarinense.

Para a área da RPPN Fazenda Palmital projetos desenvolvidos com os mamíferos

geraram importante base de dados que contribuíram para a caracterização da

mastofauna aqui apresentada. São destacados os estudos realizados por Sipinski e

Reis (1995), Quadros (1997) e Graipel et al. (2003). Em relação a estudos

desenvolvidos na região do entorno da RPPN Fazenda Palmital, abrangendo a

região da Serra do Mar do litoral norte catarinense e paranaense, a principal fonte

de dados consultada foi o levantamento da fauna de vertebrados na Área de

Especial Interesse Turístico do Marumbi (SPVS, 1988), trabalho que resultou numa

listagem bastante ampla de espécies de mamíferos da região, servindo como

referência para o conhecimento da fauna da Floresta Atlântica do Sul do Brasil.

Com base nos resultados dos estudos referenciados, foram listadas 66 espécies de

mamíferos com potencial de ocorrência para a área da RPPN Fazenda Palmital

(anexo 2). Esse número deve ser interpretado como preliminar, pois, além das

Page 48: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

34

espécies listadas, outras mais podem ocorrer na área, cuja confirmação somente

poderá ser feita com novos estudos.

Tomando-se como referência as características ambientais da Reserva e de seu

entorno (estado de conservação) é estimada que a diversidade mastofaunística

local fique entre 60 e 90 espécies. Algumas são consideradas raras ou ameaçadas,

e outras, habitantes exclusivas de ambientes florestais mais conservados.

Na comunidade mastofaunística presente na área da Reserva, a predominância

certamente é de espécies de pequeno porte pertencentes às ordens Chiroptera

(morcegos), Marsupialia (gambás, cuícas, catitas, etc.) e Rodentia (roedores). Essas

ordens, segundo Nowak (1999), são as mais numerosas em espécies, apresentando

juntas mais da metade de todos os mamíferos conhecidos em todo o mundo.

Estudos realizados em diferentes locais de Floresta Atlântica no sul e sudeste do Brasil

demonstraram a riqueza de espécies de pequeno dessa formação florestal. Como

exemplo, pode ser citado o estudo realizado no Parque Estadual do Alto Ribeira –

PETAR ao sul do Estado de São Paulo, no qual foram registradas 93 espécies, sendo

15 da ordem Didelphimorphia, 28 da ordem Rodentia e 50 da ordem Chiroptera

(SEMA, 2012).

I. Mamíferos voadores

Mamíferos voadores compreendem a ordem Chiroptera (morcegos) cujas espécies

têm importante papel nas cadeias tróficas (EMMONS; FEER, 1997). Os morcegos,

certamente apresentam a maior riqueza de espécies na área da RPPN Fazenda

Palmital. Espécies pertencentes a diferentes guildas alimentares como insetívoras,

frugívoras, nectarívoras e polinívoras ocorrem na área conforme constatado por

Sipinski e Reis (1995), sendo que, além dessas, também é certa a ocorrência de

espécies hematófagas. Os quirópteros têm importante papel na ecologia local.

Enquanto os insetívoros têm papel fundamental no controle de insetos, os morcegos

polinívoros, nectarívoros e frugívoros contribuem diretamente na dinâmica do ciclo

de sucessão de espécies vegetais e de regeneração da floresta local. Em nível

preliminar, foram registradas 15 espécies na área (SIPINSKI e REIS, 1995) sendo essas:

Anoura caudifer, Carollia perspicillata, Sturnira lilium, Chiroderma doriae, Artibeus

lituratus, A. fimbriatus, A. jamaisensis, Pygoderma bilabiatum, Myotis nigricans, M.

ruber, Eptesicus brasiliensis, Lasiurus borealis, L. ega, Molossus molossus e M. ater,

Page 49: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

35

todas essas espécies com o nome de morcego conforme denominação vernácula

(nome popular) adotada por Reis et al. (2006). Além dessas, também ocorrem

espécies hamatófogas como Desmodus rotundus e Dhyphyla ecaudata chamados

de morcegos-vampiros, e ainda, Noctilio leporinus (morcego-pescador) espécies

registradas com frequência na região.

II. Mamíferos não voadores

a) Mamíferos de pequeno porte

Além dos morcegos (Chiroptera) as ordens dos marsupiais (Didelphimorphia) e dos

roedores (Rodentia) são as que englobam espécies consideradas de pequeno

porte. Segundo Rossi et al. (2006), os marsupiais são menos diversificados em

espécies em relação aos roedores e morcegos, porém, por estarem presentes em

todos os tipos de habitat, têm importante papel nas cadeias tróficas e

comunidades ecológicas. Para a RPPN Fazenda Palmital, são exemplos de espécies

que ali ocorrem: Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta), Philander frenata (cuíca-

de-quatro-olhos), Monodelphis americana (guaixica) e Marmosops spp. (cuíca),

Chironectes minimus (cuíca d’água), Gracilinanus microtarsus (cuíca) e Caluromys

philander (cuíca-lanosa). Quanto aos roedores de pequeno porte, várias espécies

têm grandes probabilidades de habitar a área da Reserva, especialmente dos

gêneros Akodon, Oryzomes, Nectomys e Delomys. Graipel et al. (2003) registraram

as espécies Akodon montensis (rato-do-mato) e Oryzomys russatus (rato-do-mato),

sendo estas duas espécies de pequenos roedores considerados, portanto, de

ocorrência certa para a RPPN Fazenda Palmital.

b) Mamíferos de médio porte

Com relação a mamíferos de médio porte, a área a RPPN Fazenda Palmital

condiciona a presença de espécies típicas de áreas florestadas, caso de: Nasua

nasua (coati) e Procyon cancrivorus (guaxinim) (figura 20), Cebus nigritus (macaco-

prego), Leopardus spp. (gatos-do-mato), Mazama bororo (veado-vermelho),

Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim), Eira barbara (irara), Pecari

tajacu(cateto), Guerlinguetus ingrami (serelepe) e Cuniculus paca (paca). Espécies

Page 50: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

36

que vivem tanto em florestas como nas bordas e mesmo em áreas abertas

(campos) também são encontradas na Reserva. Dentre outras, são exemplos:

Sphiggurus villosus (ouriço-cacheiro), Euphractus sexcinctus (tatu-peludo), Dasypus

novemcinctus (tatu-galinha), Cerdocyon thous (graxaim-do-mato), Herpailurus

yaguarondi (yagouaroundi), Galictis cuja (furão) e Dasyprocta azarae (cutia).

Outra espécie de médio porte com probabilidade de ocorrência na área é

Conepatus chinga (zorrilho), registrado pela primeira vez para a Serra do Mar do

Paraná por Cáceres (2004). Esse registro culminou com a expansão da distribuição

geográfica da referida espécie em sentido norte, abrangendo a região onde está

inserida a RPPN Fazenda Palmital.

Nasua nasua (coati)

Foto: Germano Woehl Jr. Junior

Procyon cancrivorus (guaxinim)

Foto: Germano Woehl Jr. Junior

Figura 20. Espécies de mamíferos comuns da RPPN Fazenda Palmital. Fonte: InstitutoRã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

c) Mamíferos de grande porte

Dentre as espécies de mamíferos de maior porte que ocorrem na Reserva,

destacam-se herbívoras com ampla distribuição geográfica no Brasil, tais como:

Hydrochaeris hydrochaeris (capivara), Mazama americana (veado-mateiro) e M.

gouazoubira (veado-catingueiro). Outra espécie herbívora de grande porte já

registrada na área é Tapirus terrestris (anta), atualmente rara de ser constatada na

região, em face às pressões que sofre pelas atividades humanas.

Quanto aos predadores de grande porte, Puma concolor (puma) tem sido

registrado com frequência por meio de vestígios, demonstrando que a área da

Reserva fornece todos os atributos básicos para a sobrevivência dessa espécie em

nível local. Com relação à Panthera onca (onça-pintada), essa espécie não foi

Page 51: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

37

confirmada na área, no entanto, há possibilidade de ocorrer (remota), pois, a

agregação da área da Reserva com seu entorno compõe um grande maciço

florestal, condicionando capacidade de suporte de vida para a espécie em

questão. Após muitos anos sem registros na região litorânea dos estados do sul do

Brasil e em São Paulo, a espécie tem sido novamente registrada em unidades de

conservação de Floresta Atlântica, principalmente através do emprego de

armadilhas fotográficas. O registro mais próximo de onça-pintada da área da RPPN

Fazenda Palmital em anos recentes ocorreu a uma distância de aproximadamente

85 quilômetros na RPPN Rio Cachoeira pertencente à Sociedade de Pesquisa em

Vida Selvagem e Educação Ambiental, de acordo com relato do biólogo Boberto

Boçon.

De acordo com Cullen Jr. et al., (2000), essa espécie apresenta preferência por

florestas primárias ou secundárias em estágios avançados, vegetação que recobre

praticamente toda a área da Reserva. Pelo fato de necessitarem de grandes áreas

para territórios que podem chegar a centenas ou milhares de hectares, não é

descartada a probabilidade que a espécie ocorra na área da RPPN Fazenda

Palmital.

4.2.2.1.1 Mamíferos ameaçados

Com relação aos mamíferos em situação mais crítica que constam na lista de

espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção (MMA, 2003) e na lista da IUCN

(2008), 7 espécies têm ocorrência certa para a RPPN Fazenda Palmital, sendo essas:

Leopardus pardalis (jaguatirica), L. tigrinus (gato-do-mato), L. wiedii (gato-

maracajá), Puma concolor (puma), Mazama bororo (veado-bororó), Speothos

venaticus (cachorro-do-mato-vinagre) e Myotis ruber (morcego). A espécie

Panthera onca (onça-pintada), embora não registrada há muito tempo na regiãoé

considerada como de ocorrência provável, e, mesmo assim, de probabilidade

muito baixa.

As espécies de mamíferos e respectivos status de ameaça de acordo com as duas

listas utilizadas como referências para o presente diagnóstico são apresentadas no

quadro 2, com respectivas imagens na figura 21.

Page 52: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

38

Quadro 2. Espécies consideradas ameaçadas de extinção no Brasil de ocorrência

para a área da RPPN Fazenda Palmital.

ESPÉCIE NOME POPULAR OCORRÊNCIA STATUS

MMA IUCN

Leopardus pardalis jaguatirica Certa VU NC

Leopardus tigrinus gato-do-mato Certa VU VU

Leopardus wiedii gato-maragajá Certa VU QA

Puma concolor Puma Certa VU NC

Mazama bororo veado-bororó Certa VU VU

Speothos venaticus cachorro-vinagre Certa VU QA

Myotis ruber morcego Certa DD QA

Panthera onça onça-pintada Provável VU QA

LEGENDA: CR = criticamente em perigo, EP = em perigo, VU = vulnerável, DD = dados

insuficientes, QA = quase ameaçado, NC = não consta.

4.2.2.1.2 Mamíferos endêmicos

Com relação aos endemismos da Floresta Atlântica, poucas são as espécies de

mamíferos de ocorrência certa ou de provável ocorrência presentes na área da

RPPN Fazenda Palmital. A maioria das espécies levantadas com base em dados

secundários tem ampla distribuição nos demais biomas brasileiros.

As espécies endêmicas da Floresta Atlântica presentes ou provavelmente presentes

na área da Reserva são: Myiotis ruber (morcego), Cebus nigritus (macaco-prego),

Guerlinguetus ingrami (serelepe), Mazama bororo (veado-bororó), Akodon serrensis

(rato-do-campo) e Sphiggurus villosus (ouriço-cacheiro).

Page 53: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

39

Leopardus tigrinus (gato-do-mato)

Foto: Germano Woehl Jr.

Leopardus wiedii (gato-maracaja)

Foto: Germano Woehl Jr.

Puma concolor (puma)

Foto: Germano Woehl Jr.

Leoprdus pardalis (jaguatirica)

Foto: Germano Woehl Jr.

Speothus venaticus (cachorro-vinagre)

Foto: Criadouro Onça-Pintada (sem autoria)

Mazama bororo (veado-bororó)

Foto: Criadouro Onça-Pintada (sem autoria)

Myotis ruber (morcego)

Foto: Criadouro Onça-Pintada (sem autoria)

Panthera onca (onça-pintada)

Foto: Criadouro Onça-Pintada (sem autoria)

Figura 21. Espécies ameaçadas de mamíferos presentes na RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012) e

Criadouro Onça-Pintada - http://www.criadourooncapintada.org.br/(2012)

Page 54: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

40

4.2.2.2 Caracterização das aves

A classe aves é a mais diversificada dentre os vertebrados terrestres, constituindo,

muitas vezes, elos finais de cadeias alimentares (SICK, 1997). A maioria das espécies

apresenta hábitos diurnos, o que, juntamente com o fato de vocalizarem

constantemente, permite que o seu registro seja facilitado. Por esse motivo, é um

dos grupos animais mais estudados e com 99% das espécies já descritas pela

ciência (ANDRADE, 1993). O fato de ocuparem ambientes variados e com muitas

espécies altamente sensíveis às alterações ambientais faz com que as aves sejam

consideradas como excelentes bioindicadoras de qualidade ambiental, sendo

assim, ferramenta útil para estudos de ecologia e avaliação ambiental. Através da

ausência ou presença de determinadas espécies, é possível indicar o grau de

conservação ou de alteração ambiental em determinada área (GONZAGA, 1982).

A composição avifaunística é desse modo, um importante recurso biótico para a

adoção de medidas de conservação ou de zoneamentos de unidades de

conservação (ANDRADE, 1993).

O território brasileiro contendo 1801 espécies (CBRO, 2011) é o terceiro país com

maior riqueza de espécies, apresentando aproximadamente 55 % das aves que

ocorrem no continente sul-americano. No cenário mundial, o país se destaca pelo

fato de muitas espécies serem consideradas endêmicas, sendo que, em alguns

casos, com distribuição geográfica pouco ampla (SICK, 1997).

De acordo com a descrição feita por Sick (1997) referente aos principais habitats de

aves encontrados no Brasil, a área da RPPN Fazenda Palmital está inserida na seção

ecológica denominada de Floresta Pluvial Atlântica, na ecorregião da Floresta

Ombrófila Densa. Essa macrorregião é considerada criticamente ameaçada em

vista da forte ação antrópica que tem provocado uma série de impactos negativos

que afetam diretamente a comunidade de aves nela existente (STOTZ et. al., 1996).

Na RPPN Fazenda Palmital o primeiro inventário da avifauna realizado por Seger

(1992) através de projeto apoiado pela Fundação o Boticário de Proteção a

Natureza, apontou a presença de cerca de 250 espécies. Após a conclusão do

projeto e com a continuidade das visitas à área da Reserva por pelo menos mais

um ano, novas espécies foram registradas pelo referido autor, chegando a um

número próximo de 260. Em anos posteriores, novos estudos foram realizados por

outros ornitólogos na região de Itapoá, contribuindo para o conhecimento a

Page 55: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

41

avifauna regional. O ornitólogo Eduardo W. Patrial (RESERVA VOLTA VELHA, 2012)

compilando os dados de estudos realizados na região com os registros próprios

realizados no município de Itapoá e na porção continental do município de São

Francisco do Sul apresentou uma lista de 264 espécies. Ghizoni-Jr. e Azevedo (2006),

estudando bandos mistos na área da Reserva Volta Velha muito contribuiu para o

conhecimento do comportamento de várias espécies de aves da região. Com

base nos estudos de Seger (1992) e de outros trabalhos realizados no município de

Itapoá e região, pode-se apontar a presença de pelo menos 270 espécies de aves

para a RPPN Fazenda Palmital, as quais estão apresentadas na tabelado anexo 3.

A atual configuração ambiental da RPPN Fazenda Palmital é a variável que

determina a composição de sua avifauna. A paisagem que se presencia nessa

unidade de conservação particular favorece a presença de espécies especialistas

de ambientes florestais, assim como, de generalistas que podem habitar ambientes

distintos. Parte das espécies apresenta dependência de áreas florestadas, algumas

das quais a certos padrões florísticos típicos de floresta primária. É o caso especial

de alguns representantes de famílias da ordem Passeriformes, tais como

Dendrocolaptidae, Formicariidae, Pipridae, Cotingidae e Rhynocryptidae, assim

como, de algumas famílias dos não-Passeriformes, dentre as quais Tinamidae,

Ramphastidae e Picidae. A riqueza de espécies pertencentes às famílias citadas é

representativa, o que indica o grau de conservação da floresta local.

A distribuição da avifauna nos diferentes ambientes encontrados na área da RPPN

Fazenda Palmital é assim descrita:

a) Ambiente florestal

O ambiente florestal local, caracterizado por vegetação primária e secundária em

estágio avançado e médio de sucessão recobre mais de 90% da área da Reserva,

constituindo um maciço florestal que interliga outras áreas recobertas de florestas

no seu entorno. A riqueza de espécies de aves nesse ambiente é expressiva, com

destaque à presença de especialistas florestais.

Dentre outras, são exemplos de espécies tipicamente florestais que ocorrem na

área: Penelope obscura (jacu-guaçu), Ramphodon naevius (beija-flor-grande-do-

mato), Asyo stygius (mocho-diabo), Malacoptila striata (joão-barbudo), Ramphastus

dicolorus (tucano-de-bico-verde), Selenidera maculirostris (araçari-poca), Celeus

Page 56: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

42

flavescens (pica-pau-joão-velho), Dryocopus lineatus (pica-pau-de-banda-branca),

Campephylus robustus (pica-pau-rei), Dysithamnus mentalis (choca-lisa), Scytalopus

indigoticus (macuquinho), Chamaeza campanisona (tovaca-campainha), Philydor

atricapilus (limpa-folha-coroado), Xiphocolaptes albicollis (arapaçu-de-garganta-

branca), Tytira cayana (anambé-branco-de-rabo-preto), Chiroxiphia caudata

(tangará-dançador), Procnias nudicollis (araponga), Habia rubica (tiê-do-mato-

grosso), Tangara preciosa (saíra-guaçu), Orchesticus abeillei (sanhaçu-pardo),

Cyanocorax caeruleus (gralha-azul), Tachyphonus coronatus (tié-preto) e Schiffornis

virescens (flautim), Batara cinerea (matracão), Turdus albicollis (sabiá-coleira) e

Turdus flavipes (sabiá-preto).

Quanto às espécies habitantes de florestas mais conservadas, ou seja, mais

exigentes às condições ambientais de florestas com características primitivas

podem ser exemplificadas: Ramphodon naevius (beija-flor-grande-da-mata),

Aphantochroa cirrochloris (beija-flor-cinza), Cychlocolaptes leucophrys (trepador-

de-sobrancelha-branca), Hypodaleus guttatus (chocão-carijó), Myrmotherula

unicolor (choquinha), M. gularis (choquinha-de-garganta-pintada), Myrmecyza

squamosa (papa-formigas-de-gruta) e Formicarius colma (pinto-do-mato).

B) Ambiente de áreas semiabertas

São consideradas áreas semiabertas aquelas onde houve corte raso da floresta e

que atualmente se encontram em regeneração, contendo floresta secundária em

estágio inicial. Esse ambiente é bastante inexpressivo na Reserva, sendo que apenas

cerca de 3% da área é recoberta por essa tipologia vegetacional. Ocorrem aí tanto

espécies típicas de ambientes abertos, como habitantes de bordas de florestas e

com hábitos generalistas. Dentre outras, são exemplos: Milvago Chimachima

(carrapateiro), Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Leptotila verreauxi (juriti-pupu),

Patagiaenas picazuro (pomba-asa-branca), Megarynchus pitangua (neinei),

Tyrannus melancholicus (suiriri), Pitangus sulphuratus (bem-te-vi), Knipolelus

cyanirostris (maria-preta-de-penacho), Camptostoma obsoletum (risadinha),

Colonia colonus (viuvinha), Serpophaga subcristata (alegrinho), Parula pityaiumi

(mariquita), Coereba flaveola (sebinho), Cyclarhis gujanensis (pitiguari), Vireo chivi

(juruviara), Turdus amaurochalinus (sabiá-poca), Zonotrichia capensis (tico-tico) e

Thraupis sayaca (sanhaçu). Também são espécies exclusivas desse ambiente:

Page 57: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

43

Synallaxis spixi (bentererê), S. ruficapilla (joão-tenenem), S. cinerascens (pipui) e

Geothlypis aequinoctialis (pia-cobra).

c) Ambientes aquáticos e semiaquáticos

Os sistemas aquáticos e semiaquáticos da RPPN Fazenda Palmital são

representados pelos rios Saí-Mirim, Braço do Norte e Volta Velha e por vários

córregos que cortam a Reserva. Nesses ambientes ocorrem espécies que buscam

alimento ou locais de reprodução em águas lênticas e lóticas, sendo exemplos:

Phalacrocorax brasilianus (biguá), Nycticorax nycticorax (socó-dorminhoco),

Butorides striatus (socozinho), Egretta thula (garça-branca-pequena), Amazonetta

brasiliensis (marreca-ananaí), Cairina moschata (pato-do-mato), Pardirallus nigricans

(saracura-sanã), Aramides saracura (saracura-do-mato), Aramides cajanea

(saracura-três-potes) e Gallinago gallinago (narceja).

d) Ambiente ribeirinho

Espécies de aves ribeirinhas são aquelas que vivem na vegetação arbórea às

margens de rio e córregos. Dentre as espécies ribeirinhas que ocorrem na área da

Reserva destacam-se: Megaceryle torquata (martim-pescador-grande),

Chloroceryle amazona (martim-pescador-verde) e C. americana (martim-pescador-

pequeno).

Duas espécies de ambiente ribeirinho merecem destaque como de ocorrência

para a Reserva: Chloroceryle aenea (arirambinha) e C. inda (martim-pescador-da-

mata) (figura 22). Ao contrário de outras espécies de martim-pescador, as duas

habitam exclusivamente o interior de florestas, sempre às margens de pequenos rios

de onde obtêm seu alimento (peixes). Devido a esses hábitos, não são espécies

comuns de serem registradas, sendo, portanto, consideradas raras por Sick (1997).

Quanto à ordem dos passeriformes, o destaque fica também para duas espécies

habitantes de beira de cursos de água no interior de áreas florestadas, a saber:

Phaeothlypis rivularis (pula-pula-ribeirinho) e Lochmias nematura (joão-porca).

Page 58: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

44

Chloroceryle inda (martim-pescador-da-

mata).

Foto: Alberto Garcia Rios

Chloroceryle aenea (arirambinha).Fonte: IBC.

Foto: Philip Perry

Figura 22. Espécies de martim-pescadores habitantes de interior de floresta. Fonte: Wikiaves - http://www.wikiaves.com.br/(2012)

e) Ambiente de áreas abertas

Pequenos espaços abertos (manchas) também se fazem presentes na área da

RPPN Fazenda Palmital, sendo essas, no entanto, raras. Esse ambiente é habitado,

dentre outras, pelas seguintes espécies: Carcara plancus (carcará), Athene

cunicularia (coruja burraqueira), Vanellus chilensis (quero-quero), Falco sparverius

(quiri-quiri), Columbina talpacoti (rolinha paruru), Furnarius rufus (joão-de-barro) e

Sicalis flaveola (canário-da-terra).

4.2.2.2.1 Aves migratórias

Na área da Reserva, Seger (1992) registrou duas espécies consideradas como

tipicamente migratórias, ou seja, que não nidificam na área e que aparecem

apenas durante o período de invernada na região, são elas: Tringa solitaria

(maçarico-solitário) e T. flavipes (maçarico-de-perna-amarela). Essas espécies foram

registradas em pequenos bancos de areia presentes às margens dos rios Saí-Mirim,

Braço-do-Norte e Volta Velha, locais onde estavam procurando seu alimento.

Com relação às espécies que fazem curtas migrações, denominadas por Sick (1997)

como residentes de verão (que na primavera e verão nidificam na área e durante o

inverno migram para outras regiões do continente sul-americano), foram registradas

as seguintes espécies: Elanoides forficatus (gavião-tesoura), Tyrannus melancholicus

(suiriri), T. savana (tesourinha), Vireo chivi (juruviara), Myiarchus swainsonii (irré),

Pyrocephalus rubinus (príncipe), Legatus leucophaius (bem-te-vi-pirata),

Page 59: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

45

Myiodynastes macullatus (bem-te-vi-rajado) e Empidonomus varius (peitica).

Quanto aos migrantes altitudinais, que nos meses mais frios deslocam-se para a

planície litorânea voltando às encostas da Serra do Mar nos meses mais quentes

foram registradas: Carpornis cuculatus (corocoxó), Florisuga fusca (beija-flor-preto-e-

branco) e Muscipipra vetula (tesoura-cinzenta).

4.2.2.2.2 Aves ameaçadas

Sete espécies de aves ameaçadas de acordo com MMA (2003) e IUCN (2008)

ocorrem na RPPN Fazenda Palmital. Essas espécies (apresentados no quadro 3) são:

Dryocopus galeatus (pica-pau-de-cara-canela), Amadonasturs lacernulatus

(gavião-pombo-pequeno), Stymphalornis acutirostris (bicudinho-do-brejo),

Hemitriccus kaempferi (maria-catarinense), Phylloscartes kronei (maria-da-restinga),

Amazona brasiliensis (papagaio-de-cara-roxa) e Crypturellus noctivagus (jaó-do-

litoral).

Quadro 3. Espécies de aves ameaçadas de extinção de ocorrência na RPPN

Fazenda Palmital.

ESPÉCIE NOME POPULAR OCORRÊNCIA STATUS

Brasil IUCN

Dryocopus galeatus pica-pau-de-cara-

canela

certa VU NC

Amadonasturs lacernulatus gavião-pombo-

pequeno

certa VU VU

Stymphalornis acutirostris bicudinho-do-brejo certa VU QA

Hemitriccus kaempferi maria-catarinense certa VU NC

Phylloscartes kronei maria-da-restinga certa VU VU

Amazona brasiliensis papagaio-de-cara-

roxa

certa VU QA

Crypturellus noctivagus jaó-do-litoral certa DD QA

LEGENDA: CR = criticamente em perigo, EP = em perigo, VU = vulnerável, DD = dados

insuficientes, QA = quase ameaçado, NC = não consta.

Page 60: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

46

Amadonasturs lacernulatus(gavião-pomba-

pequeno).

Foto: Wikiaves (sem autoria)

Crypturellus noctivagus (jaó)

Foto: Wikiaves (sem autoria)

Amazona brasiliensis (papagaio-de-cara-roxa)

Foto: Wikiaves (sem autoria)

Stymphalornis acutirostris (bicudinho-do-brejo)

Foto: Beto Vieira

Hemitriccus kaemferii (Maria-catarinense)

Foto: Eduardo Patrial

Phylloscartes kronei (Maria-da-restinga)

Foto: Wikiaves (sem autoria)

Dryocopus galeatus (pica-pau-de-cara-canela)

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 23. Espécies de aves ameaçadas de ocorrência na RPPN Fazenda Palmital. Fontes: Wikiaves - http://www.wikiaves.com.br/(2012) e Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-

bugio.org.br/ (2012).

Page 61: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

47

4.2.2.2.3 Aves endêmicas

Com base no trabalho de Stotz et al.(1996) que definiram as áreas de ocorrência

das espécies de aves do neotrópico, a área de abrangência da RPPN Fazenda

Palmital encontra-se situada na região zoogeográfica denominada Floresta

Atlântica. Para esta região (que abrange o macrobioma Floresta Atlântica), os

autores apontaram um total de 199 espécies endêmicas, das quais, 40 ocorrem na

área da Reserva, sendo essas: Pseudastur polionotus (gavião-pombo-grande),

Amadonastur lacernulatus (gavião-pombo-pequeno), Ortalis guttata (aracuã),

Penelope obscura (jacuguaçu), Odontophorus capueira (uru), Aramides saracura

(saracura-do-mato), Pyrrhura frontalis (tiriva), Brotogeris tirica (periquito-verde),

Phaethornis eurynome (rabo-branco-de-cabeça-rajada), Phaethornis squalidus

(rabo-branco-veludo), Aphantochroa cirrochloris (Beija-flor-cinza), Malacoptila

striata (joão-barbudo), Florisuga fusca (beija-flor-preto-de-rabo-branco), Selenidera

maculirostris (araçari-poca), Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde),

Melanerpes flavifrons (benedito-de-testa-amarela), Veniliornis spilogaster (pica-pau-

carijó), Piculus flavigula (pica-pau-bufador), Campephilus robustus (pica-pau-rei),

Batara cinerea (matracão), Myrmotherula gularis (choquinha estrelada),

Myrmotherula unicolor (choquinha), Drymophila squamata (choquinha-escamosa),

Pyriglena leucoptera (papa-taoca), Conopophaga lineata (chupa-dente),

Synallaxis ruficapilla (joão-tenenem), Philydor atricapillus (limpa-folhas-de-corôa),

Automolus leucophthalmus (barranqueiro-de-bico-branco), Scytalopus indigoticus

(macuquinho), Cichlocolaptes leucophrys (trepador-de-sobrancelha-branca),

Dendrocincla turdina (arapaçu-turdina), Myiornis auricularis (miudinho), Chiroxiphia

caudata (tangará-dançador), Schiffornis virescens (flautim), Pyroderus scutatus

(pavó), Procnias nudicollis (araponga), Cyanocorax caeruleus (gralha-azul),

Hylophilus poicilotis (verdinho-coroado), Tachyphonus coronatus (tié-preto),

Haplospiza unicolor (cigarra-bambu).

4.2.2.3 Caracterização dos répteis

São conhecidas atualmente no Brasil 721 espécies de répteis (SBH, 2011). Esse grupo

de vertebrados tem grande importância ecológica em face às interações tróficas

que apresenta com outros grupos de fauna. Ao mesmo tempo em que são

Page 62: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

48

predadores e controladores de populações de vários invertebrados e pequenos

vertebrados, os répteis também servem de alimento a outras espécies, em especial,

às aves de rapina, constituindo-se, dessa forma, como elementos intermediários de

cadeias alimentares.

A maioria das espécies é especializada em habitar ambientes específicos, sendo

algumas pouco tolerantes às alterações ambientais oriundas de interferências

antrópicas, especialmente, das espécies que vivem nas florestas tropicais. Somente

poucas espécies conseguem se beneficiar de ambientes alterados, sendo

colonizadoras oportunistas de ambientes antrópicos (MARQUES et al., 2009).

Estudos com répteis em Santa Catarina são poucos e com resultados ainda muito

preliminares para se determinar a real composição da fauna reptiliana que ocorre

no Estado. De acordo com a lista de espécies elaborada por Schwirkowiski (2011),

foram registradas 114 espécies de répteis em território catarinense, número esse que

deverá aumentar com o incremento das pesquisas.

Para a região do litoral norte catarinense as informações sobre esse grupo animal

são escassas, necessitando, dessa forma, de estudos de longo prazo para um

conhecimento mais aprofundado sobre a comunidade desse grupo na região.

Para a área da RPPN Fazenda Palmital não foram realizados estudos com os répteis

até o momento, sendo a caracterização aqui apresentada feita puramente com

base em dados secundários. Em princípio, é estimado um número aproximado de

70 espécies de répteis que apresentam grandes probabilidades de ocorrência para

a área da Reserva, conforme lista apresentada na tabela do anexo 4. O atual

estado de conservação da área e do seu entorno constitui-se de importante refúgio

para várias espécies, principalmente daquelas de hábitats florestais e que

necessitam dessa cobertura vegetal para a manutenção de suas populações.

Por serem mais diversificadas em relação aos lagartos, as serpentes certamente

apresentam maior riqueza específica na área, estimando-se um número

aproximado de 50 espécies. Algumas das serpentes que ocorrem na Reserva já

foram registradas por observação direta, sendo essas: Spilotes pullatus (caninana) e

Bothropoides jararaca (jararaca) apresentadas na figura 24, Liophis poecilogyrus

(cobra-verde), Bothrops jararacussu (jararacuçu), Micrurus coralinus (coral-

verdadeira) e M. altirostris(coral), espécies essas que além das planícies, também

habitam diferentes níveis altitudinais da Serra da Mar.

Page 63: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

49

Spilotes pullatus (caninana)

Foto: Germano Woehl Jr.

Bothropoides jararaca (jararaca)

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 24. Serpentes comuns de observação na RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Muitas outras serpentes, também são consideradas como de presença certa na

área por apresentarem ampla distribuição geográfica e sem correspondência

aparente com tipos vegetacionais, clima, altitude ou situação geográfica. Com

exemplos são citadas: Chironius bicarinatus (cobra-cipó), Echinanthera

cephalostriata (papa-rã), E. cyanopleura (papa-rã), Liophis miliaris (cobra-d’água),

Tomodon dorsatus (corre-campo), Xenodon neuwiedii (boipevinha), Atractus

zebrinus (cobra-coral), Oxyrhopus clathratus (falsa-coral), Pseudoboa haasi

(muçurana), P. nigra (muçurana), Sibynomorphus neuwiedii (dormideira), Sordellina

punctata (cobra-d’água), Tropidodryas striaticeps (dormideira), Oxyrophus

clathratus (falsa-coral), Phylodryas olfersii (cobra-verde), Thamnodynastes strigatus

(cobra-espada).

Com relação aos lagartos, Tupinambis merianae (teiú) (figura 25), Anisolepis grilli

(camaleãozinho) e Enyalius iheringii (camaleãozinho-verde) já foram observados

diretamente. Outros lagartos com probabilidades de ocorrência são:

Colobodactylus taunayi (lagartinho), Ophiodes striatus (cobra-de-vidro) e O. striatus

(cobra-de-vidro).

Quanto aos répteis de habitat aquático, Hidromedusa tectífera (cágado-de-

cabeça-de-cobra) da ordem Testudidae, têm ocorrência certa, enquanto que

outras como, por exemplo, Phrynus spp., também podem ocorrer na área.

Quanto aos répteis de habitat aquático, Hidromedusa tectífera (cágado-de-

cabeça-de-cobra) da ordem Testudidae, têm ocorrência certa, enquanto que

outras como, por exemplo, Phrynus spp., também podem ocorrer na área.

Page 64: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

50

Figura 25. Tupinambis merianae (lagarto-teiú). Fonte: www.http://animais.culturamix.com/informacoes/repteis/teiu. Foto: sem autoria

4.2.2.3.1 Répteis ameaçados

Dentre as espécies de répteis listadas como ameaçadas de extinção segundo MMA

(2003), possivelmente só Anisoleps grilli (camaleãozinho) (figura 26) ocorra na área

da RPPN Fazenda Palmital.

Figura 26. Anisoleps grilli (camaleãozinho), réptil ameaçado de provável ocorrência

para a RPPN Fazenda Palmital. Fonte:www.picssr.com/photos. Foto: Renato Gaiga

4.2.2.3.2 Répteis endêmicos

Dentre as serpentes endêmicas da ecorregião da Floresta Ombrófila Densa do Sul

da Brasil, a maior probabilidade de ocorrência para a Reserva são as espécies

Page 65: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

51

Tropidodryas striaticeps (dormideira) e Micrurus decoratus (cobra-coral). Quanto aos

lagartos, Placosoma glabelum (lagartinho) que ocorre associado às bromélias,

também é passível de ocorrência.

4.2.2.4 Caracterização dos anfíbios

A classe dos anfíbios apresenta espécies que habitam tanto o meio aquático (água

doce), como o meio terrestre em locais com alto teor de umidade. A distribuição

das espécies em diferentes partes do planeta é fortemente influenciada pela

presença de água, considerando-se que grande parte das espécies se reproduz

nesse meio. Muitas delas são altamente exigentes a condições satisfatórias de

qualidade de água, ou seja, com alto grau de pureza, sem contaminantes ou

poluentes. A reprodução em ambientes aquáticos pode ocorrer em rios, riachos,

lagos, banhados e poças temporárias formadas por chuvas fortes ou contínuas, ou

mesmo, no acúmulo de água em folhas de certas plantas, em especial, de

bromélias.

De acordo com Duellman (1999), as florestas úmidas Neotropicais são as que

apresentam maior diversidade de espécies de anfíbios. A Floresta Atlântica, inserida

numa região de altas taxas de precipitação pluviométrica contém expressiva

riqueza de anfíbios, sendo o bioma brasileiro com maior número de espécies em

relação aos demais. Estima-se que das 877 espécies de anfíbios registradas no Brasil

(SBH, 2011), mais de 400 espécies ocorrem na Floresta Atlântica, várias delas

endêmicas (HADDAD et al., 2011).

No estado de Santa Catarina, o conhecimento sobre a ecologia e taxonomia de

anfíbios ainda é muito incipiente, levando-se em conta que as pesquisas ainda são

poucas, e, portanto, muito aquém do necessário para se chegar a uma definição

mais realista da composição de espécies que ocorre no Estado. Além das

pouquíssimas pesquisas realizadas até o momento, a falta de publicações

relacionadas aos estudos já realizados faz com que esse grupo seja ainda pouco

conhecido para o território catarinense, com algumas regiões sem nenhuma

referência para consulta. Gonsales (2008) considera a ocorrência de 144 espécies

de anfíbios anuros para o estado de Santa Catarina, sendo 110 confirmadas, 22 de

provável ocorrência (ainda não confirmadas) e 12 sem descrição ou com

Page 66: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

52

problemas taxonômicos. Já Schwikowski (2011), fazendo a compilação de dados de

várias referências bilbiográficas que consultou, listou um total de 152 espécies.

Para a área que abrange a RPPN Fazenda Palmital e seu entorno imediato, não

foram ainda realizados estudos in situ com o grupo dos anfíbios. O único estudo

realizado em uma área relativamente próxima à Reserva é o de Cunha et al. (2010),

desenvolvido na localidade de Castelhanos no município de Guaratuba – PR. Nesse

estudo, os autores registraram 32 espécies de anfíbios anuros, distribuídas em dez

famílias. A maioria das espécies registradas no estudo citado tem nas florestas seu

habitat preferencial, o que, de certa forma, reforça a importância de se manter

áreas conservadas de Floresta Atlântica na região.

A falta de estudos impossibilita para o momento uma determinação mais precisa

da diversidade de espécies que pode ocorrer na RPPN Fazenda Palmital, sendo,

dessa forma, apenas possível de se fazer uma estimativa aproximada de quantas

espécies podem habitar a área, utilizando-se como base estudos realizados da

porção de Floresta Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) que se distribui no norte

catarinense e no Paraná.

Pelas características ambientais da área da RPPN Fazenda Palmital e de toda a

região onde está inserida, é esperada a presença de um número de

aproximadamente 40 espécies nessa área (anexo 5), sendo esse número

quantitativamente significativo para esse grupo faunístico. Muito embora

apresentando menos especializações do ponto de vista ontogenético em relação

às espécies que habitam as encostas da Serra do Mar, a riqueza de espécies de

anfíbios da região da planície onde se localiza a Reserva provavelmente é maior,

pois, de acordo com Lutz (1954), a comunidade de anfíbios das florestas que

recobrem as baixadas litorâneas geralmente é mais expressiva em comparação às

florestas serranas.

A configuração ambiental da RPPN Fazenda Palmital, caracterizada pela cobertura

de vegetação arbórea densa e a presença de riachos que cortam toda a área e

escorrem para os rios maiores, seguramente compõe habitats para diferentes

espécies de anfíbios, cada qual, dentro de suas adaptações e preferências. Os

gêneros que provavelmente sejam mais representativos são: Dendrophryniscus,

Phasmahyla, Crossodactylus e Hylode, Hypsoboas, Dendropsophus, Scinax e

Leptodactylus.

Page 67: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

53

Um elemento marcante da área da RPPN Palmital e que possibilita a presença de

várias espécies é a grande quantidade de vegetação epífita e de bromélias

recobrindo o solo, o que acaba criando microhabitats para a sobrevivência dessas

espécies. As bromélias, em especial, tanto as epífitas como terrícolas prestam-se a

diferentes graus de utilização pelos anfíbios que ali ocorrem de acordo com a

adaptação. Para algumas espécies representam espaços para abrigo, enquanto

para outras constituem locais de reprodução ou seu próprio habitat.

Dentre as espécies consideradas como de ocorrência praticamente certa para a

área da RPPN Fazenda Palmital destacam-se exclusivas das florestas de restinga e

de terras baixas (consideradas endêmicas desses ambientes), e que se reproduzem

em águas com baixo pH (águas ácidas) (INSTITUTO RÃ-BUGIO, 2012), condições

essas verificadas com as águas da maioria dos riachos e lagoas temporárias

presentes na Reserva. Exemplos de espécies são: Dendrophryniscus leucomystax

(sapinho-da-restinga) e Aparasphenodon bokermanni (perereca-de-capacete)

(figura 27).

Dendrophryniscus leucomystax(sapinho-da-

restinga)

Foto: Germano Woehl Jr.

Aparasphenodon bokermanni (perereca-de-

capacete).

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 27. Espécies de anfíbios de floresta de restinga e terras baixas. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Outras espécies com grande probabilidade de ocorrência são Physalaemus olfersi

(rã-bugio) e P. cuvieri (rãzinha-foi-não-foi) cuja reprodução é no meio terrestre ou

aquático com os ovos protegidos do ressecamento por gelatina espumosa. Além

dessas, Scinax rizibilis (perereca-gargalhada) e Chiasmocleis leucosticta (rãzinha-da-

cabeça-pequena) (Figura 28) que depositam os ovos em espuma flutuante em

lâminas de água.

Page 68: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

54

Scinax rizibilis (perereca-gargalhada)

Foto: Germano Woehl Jr.

Chiasmocleis leucosticta(rãzinha-da-cabeça-

pequena).

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 28. Espécies de anfíbios com provável ocorrência na área da RPPN Fazenda

Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Também ocorrem espécies de anfíbios que se reproduzem em lagoas permanentes,

citando, dentre outras: Rhinella icterica (sapo-comum) e Leptodactylus ocellatus

(rã-comum) (figura 29), assim como, Leptodactylus plaumanni (rã-escavadeira),

Hypsiboas faber (sapo-martelo) e Adenomera marmorata (rãzinha-piadeira), cujos

girinos desenvolvem-se fora da água, mas envoltos em espuma gelatinosa.

Rhinella icterica (sapo-comum)

Foto: Germano Woehl Jr.

Leptodactylus ocellatus (rã-comum)

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 29. Espécies de anfíbios comuns encontrados na RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Também é praticamente certa a ocorrência de: Phyllomedusa distincta (perereca),

além de Hyalinobatrachium uranoscopum (rã-de-vidro) e Dendrophryniscus

berthalutzae (pererequinha-da-restinga) (figura 30), espécies que fazem a desova

em folhas suspensas sobre a superfície de lagoas temporárias, no meio ou nas

Page 69: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

55

bordas da floresta, com os girinos caindo diretamente na água após eclodirem dos

ovos.

Hyalinobatrachium uranoscopum (rã-de-vidro)

Foto: Germano Woehl Jr.

Dendrophryniscus berthalutzae(pererequinha-da-

restinga).

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 30. Espécies de anfíbios que fazem a desova em folhas suspensas sobre a

superfície de lagoas temporárias. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Espécies que se reproduzem no interior das folhagens das bromélias também

ocorrem na área da RPPN Fazenda Palmital. Para algumas espécies, as bromélias

constituem um micro-habitat que lhes permite sobreviver na Floresta Atlântica,

garantindo proteção e locais para reprodução. Exemplos de espécies que vivem

nas bromélias são: Scinax perpusillus (perereca-de-bromélia) e Flectonotus fissilis

(Perereca-transporta-ovos) (figura 31).

Scinax perpusillus (perereca-de-bromélia)

Foto: Germano Woehl Jr.

Flectonotus fissilis (Perereca-transporta-ovos)

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 31. Espécies de anfíbios da RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

Espécies de rãs que habitam a Floresta Atlântica e que não apresentam fase de

girino aquático, ou seja, se reproduzem por desenvolvimento direto também tem

Page 70: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

56

grandes probabilidades de ocorrência na área da Reserva, sendo exemplos:

Eleutherodactylus binotatus (rã-da-floresta) e Eleutherodactylus guentheri (rã-da-

floresta) (figura 32).

Eleutherodactylus binotatus (rã-da-floresta)

Foto: Germano Woehl Jr.

Eleutherodactylus guentheri (rã-da-floresta)

Foto: Germano Woehl Jr.

Figura 32. Espécies de anfíbios da RPPN Fazenda Palmital. Fonte: Instituto Rã-Bugio - http://www.ra-bugio.org.br/ (2012)

4.2.2.4.1Anfíbios ameaçados e endêmicos

Quanto às espécies ameaçadas, nenhuma das espécies de anfíbios que constam

na lista nacional de espécies ameaçadas ocorre para a RPPN Fazenda Palmital,

sendo, no entanto, uma suposição que pode ser alterada com a realização de

estudos específicos com esse grupo animal na área. A ocorrência de espécies

endêmicas da Floresta Atlântica praticamente é certa, no entanto, não se

podendo aqui indicar quais devido à falta de dados in situ da área. Além dessas,

pode-se afirmar também a ocorrência de espécies especialistas florestais, bastante

sensíveis à alteração ambiental e dependentes de florestas bem preservadas e de

cursos de águas limpos, condições essas cada vez mais restritas às áreas onde a

presença humana é dificultada.

4.3 Caracterização dos Aspectos Históricos e Culturais da RPPN

Em relação aos aspectos históricos, há na área da RPPN Fazenda Palmital a

presença de sítios arqueológicos. O principal sítio presente na área é representado

por um Sambaqui em perfeito estado de conservação (figura 33), com idade

Page 71: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

57

estimada de 3.500 anos. Esse Sambaqui recebe visitação monitorada de estudantes

e turistas, sendo explorados durante a visitação temas referentes à vida e cultura

dos povos primitivos que habitaram a região antes da chegada dos colonizadores

europeus.

Além do sambaqui, existem relatos históricos que dão conta de que na área da

Reserva e no seu entorno houve a formação de Quilombos durante o período da

escravatura no Brasil. Esses Quilombos foram formados por escravos fugitivos da

região de São Francisco do Sul. O porto dessa cidade foi utilizado por muitos anos

de local para “desembarque” de escravos.

Figura 33. Sambaqui presente na RPPN Fazenda Palmital. Fotos: Celso Seger (2012)

4.4 Atividades Desenvolvidas na Reserva

Atualmente, a única atividade desenvolvida na RPPN Fazenda Palmital é a

visitação ao Sambaqui, atividade que faz parte dos programas de educação

ambiental e de turismo desenvolvidos na Fazenda Santa Clara, área contígua à

RPPN e pertencente ao mesmo proprietário. Descrições mais detalhadas dos

programas de educação ambiental e de turismo da Fazenda Santa Clara são feitas

no capítulo 5 referente à caracterização da propriedade.

4.5 Sistema de Gestão

A gestão da RPPN Fazenda Palmital é feita atualmente por meio de um processo

cooperativo entre o proprietário da Reserva (Natanoel Machado), seus filhos (Lúcio

Antônio Machado e Ana Maria Machado) e a ADEA (Associação de Defesa e

Page 72: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

58

Educação Ambiental), conforme termo de parceria assinado entre ambas as partes

apresentado no anexo 6.

A RPPN não possui funcionários permanentes, sendo o gerenciamento e a

fiscalização realizada eventualmente por pessoas que prestam serviços na Fazenda

Santa Clara. No entanto, poderá haver a necessidade de contratação de pessoal

para exercer atividades referentes aos programas elaborados no presente Plano de

Manejo para o gerenciamento da unidade. Recursos financeiros para o

gerenciamento da UC provem do próprio proprietário, não havendo outra fonte de

obtenção desses recursos para contribuir com a manutenção da Reserva.

Também não existe nenhum tipo de infraestrutura na área da RPPN, no entanto,

para a administração da mesma é utilizada toda a infraestrutura presente na

Fazenda Santa Clara.

Page 73: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

59

5. CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE

5.1 Descrição da Propriedade

Toda a área de propriedade do Sr. Natanoel Machado é composta por duas

fazendas. A primeira é a Fazenda Santa Clara com área de 594 hectares e a

segunda é a Fazenda Palmital com 590,62 hectares, decretada como RPPN (figura

34).

Enquanto a Fazenda Palmital é destinada à conservação integral dos recursos

naturais, na Fazenda Santa Clara aproximadamente 20% da área é utilizada para

plantio de palmeira real (Archontophoenix sp.) para produção de palmito. A junção

da RPPN Fazenda Palmital com a Fazenda Santa Clara é conhecida local e

regionalmente como Reserva Volta Velha (figura 34). A Reserva Volta Velha protege

em torno de 1.000 hectares de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas em ótimo

estado de conservação, abrangendo toda a área da RPPN Fazenda Palmital e a

área recoberta por floresta da Fazenda Santa Clara.

Através de visitas e entrevistas técnicas com as famílias, verificou-se a existência de

quatorze pessoas residindo na área, distribuídas em seis residências. O número de

jovens entre dez e dezoito anos é de quatro pessoas, registrando-se apenas uma

criança com três anos de idade. Um adolescente e a criança estudam na rede

municipal de ensino de Itapoá, e dois adolescentes frequentam o ensino médio no

Colégio Estadual Nereu Ramos. Dentre os moradores, encontram-se quatro pessoas

com formação superior, e os demais adultos com ensino médio incompleto.

A renda per capita declarada é de R$ 794,00. Todas as famílias exercem atividades

na Fazenda Santa Clara. Durante o período de verão, há um maior afluxo de

visitantes na área, com uma média de vinte e cinco pessoas/mês. Ocasionalmente

há visitas de alunos de escolas do Município de Itapoá e da região para atividades

educativas e culturais.

Page 74: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

60

Figura 34. Localização da propriedade no município de Itapoá, com identificação

de proprietários de terras do entorno. Produção: Rafael Vida Almeida

Page 75: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

61

5.2 Reserva da Biosfera

A importância que representa para a manutenção de várias espécies da flora e da

fauna regional, algumas das quais, de alto interesse à conservação fez com que a

área da propriedade (Reserva Volta Velha) fosse reconhecida juntamente com a

RPPN Salto Morato (Paraná) pertencente à Fundação O Boticário de Preservação

da Natureza, como uma das áreas piloto para conservação de ecossistemas

costeiros do sul do Brasil dentro da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. A reserva

recebeu essa titulação pelo fato de ser um dos poucos núcleos protegidos de

Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas em bom estado de conservação em

Planície Costeira Quaternária de Santa Catarina.

Devido à maior facilidade de acesso e exploração de seus recursos, acrescida

ainda a expansão urbana registrada em toda a orla catarinense nos últimos anos,

os remanescentes de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas se apresentam em

estado bastante crítico quanto a sua conservação em todo o complexo da Floresta

Atlântica de Santa Catarina. Isso determina que, a adoção de medidas que visem

à manutenção e a integridade dos poucos remanescentes ainda existentes seja

uma prioridade. Além de uma vegetação arbórea com alta diversidade específica,

a área da propriedade se destaca por apresentar uma das maiores concentrações

de bromélias do litoral catarinense, as quais, somadas a outras espécies com

hábitos epífitos, criam microambientes que tem papel crucial para a manutenção

direta ou indireta de muitas espécies animais que se utilizam da mesma para abrigo,

reprodução e procura de alimento.

Toda a área da propriedade também contribui para recarga e conservação de

manancial de água da região. Na área em questão, várias nascentes que formam

riachos pertencentes à Bacia Hidrográfica do rio Saí-Mirim encontram-se

preservadas. O rio Saí-Mirim é o único rio de captação de água para

abastecimento do município de Itapoá.

5.3 Infraestrutura da Propriedade

A infraestrutura da propriedade consta de três edificações. A primeira é a casa

sede (figura 35) contendo 6 cômodos, um dos quais, estruturado e convertido em

Page 76: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

62

escritório para o gerenciamento da propriedade, abrangendo a Fazenda Santa

Clara e a RPPN Fazenda Palmital. Esse escritório também é utilizado atualmente

como sede da ADEA (Associação de Defesa e Educação Ambiental), organização

não governamental (ONG) gestora da RPPN Fazenda Palmital. Os demais cômodos

são utilizados para hospedagem de estudantes que participam de programas

educacionais na reserva e por pesquisadores que desenvolvem suas pesquisas na

área e visitantes eventuais.

A segunda edificação é a casa de hospedagem (figura 36), que contém quatro

quartos e que também são utilizados para hospedagem de visitantes e turistas que

passam as férias na cidade de Itapoá, ou então, nos programas educativos. À

estrutura de hospedagem da propriedade pode acomodar confortavelmente 50

pessoas, permitindo, dessa forma, o atendimento de grupos grandes, incluindo

turmas inteiras de estudantes e de professores acompanhantes.

Figura 35. Casa Sede da Propriedade (Reserva Volta Velha). Foto: Celso Seger (2012)

Page 77: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

63

Figura 36. Casa de hospedagem de visitantes. Foto: Celso Seger (2012)

A terceira edificação é um espaço construído com material reciclado, servindo de

recepção de visitantes e de restaurante (figuras 37 e 38).

Figura 37. Recepção e Restaurante. Foto: Celso Seger (2012)

Page 78: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

64

Recepção

Restaurante

Figura 38. Vista do interior do espaço para recepção e restaurante. Fotos: Celso Seger (2012)

Outra estrutura presente na propriedade é uma oca indígena (figura 39) construída

por índios do Reserva Indígena do Xingu – MT. A oca é utilizada tanto para

atividades de educação ambiental e turismo, como também para programas de

resgate da cultura indígena brasileira.

Figura 39. Oca Indígena utilizada em atividades educativas. Fotos: Beto Vieira (2010)

5.4 Programas da Propriedade (Reserva Volta Velha)

5.4.1 Programa de educação ambiental

O desenvolvimento de atividades educativas voltadas à conscientização ambiental

faz parte do contexto conservacionista da propriedade (Reserva Volta Velha).

Page 79: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

65

Durante os últimos anos, programas de educação ambiental foram desenvolvidos

na área, tendo como público alvo, escolas das cidades de Itapoá, Curitiba, Joinville

e outros municípios do Norte Catarinense. Entre os anos de 2000 a 2008 a

propriedade serviu de base para o atendimento de escolas da rede privada da

região, através do Projeto VIEFLORA – Viagem educativa à Floresta Atlântica. Além

de escolas privadas, escolas públicas foram atendidas através do projeto CEAL –

Centro de Educação ao Ar Livre. Durante os anos de 2006 a 2010 o programa

atendeu mais de 1.500 alunos do ensino fundamental da rede pública de Itapoá

(figura 40).

O Projeto CEAL foi uma parceria realizada entre os proprietários, ADEA e o

Programa Glen Helen Outdoor Education Center coordenado pelo Glen Helen

Ecology Institute na cidade de Yellow Springs – Ohio – USA.

Figura 40. Programas de Educação Ambiental na Propriedade (Reserva Volta

Velha). Fotos: Beto Vieira (2006)

5.4.2 Programa de turismo

O turismo de natureza é a principal atividade com fins econômicos desenvolvidos

na propriedade. Um circuito de turismo de natureza planejado por Seger (2006)

para a Fazenda Santa Clara propicia a realização de várias atividades em contato

com a natureza, possibilitando a aquisição de conhecimentos e contemplação

(figura 41).

Além do ecoturismo, o segmento de observação de aves (BirdWatching) é

explorado na propriedade, em face da presença de mais de 300 espécies de aves,

Page 80: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

66

algumas ameaçadas de extinção e outras endêmicas da região (figura 42), a

avifauna local tem atraído observadores de outros países, em especial, dos Estados

Unidos, Inglaterra e Alemanha. A presença de um sambaqui associado às

paisagens naturais de beleza cênica relevante, também se constituem de fonte de

atração de turistas.

Figura 41. Atividades de ecoturismo e de aventura. Fonte: Seger (2006). Fotos: Celso Seger

Figura 42. Avifauna - atrativo de observadores de aves. Fonte: www.reservavoltavelha.com.br (2012). Fotos: Eduardo Patrial

5.4.2 Programa de desenvolvimento de pesquisas

A área da Reserva Volta Velha abrangendo a RPPN Fazenda Palmital e a Fazenda

Santa Clara serviu de base para o desenvolvimento de vários projetos de pesquisa

desenvolvidos por técnicos e pesquisadores ligados a instituições governamentais e

não governamentais (ONGs), além de docentes e estudantes de graduação e pós-

graduação de universidades do Paraná e Santa Catarina, que resultaram em

Page 81: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

67

monografias de cursos de especialização, além de dissertações e teses para a

obtenção de grau de mestrado e doutorado.

A realização desses trabalhos gerou uma gama de informações sobre o

ecossistema presente, resultando num dos mais completos bancos de dados de

uma unidade de conservação particular em todo o estado de Santa Catarina. Os

principais projetos de pesquisa desenvolvidos na reserva estão relacionados a

seguir.

1. Dados Ecológicos dos Quirópteros (morcegos) da Reserva Volta Velha, Itapoá-SC.

(1990). Projeto de iniciação científica coordenado pela Universidade Estadual de

Londrina, PR. Autoria: Elenize B. Sipinski e Nélio Roberto dos Reis.

2. Inventário avifaunístico preliminar da Reserva Volta Velha, Itapoá - SC. (1992). Projeto

realizado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental -

SPVS, com recursos da Fundação O Boticário para a Proteção da Natureza.

Autoria: Celso Darci Seger.

3. Macrofungi study at Volta Velha Reserve (1994). Trabalho de estágio

supervisionado do programa Environmental Studies da Antioch New England -

E.U.A. Autoria: Teri Ratté.

4. Estrutura florística e dinâmica de regeneração de um trecho da Floresta

Ombrófila Densa de Planície Quaternária na Reserva Volta Velha, Itapoá-SC, Brasil.

(1995). Tese de doutorado da Universidade de São Carlos – SP. Autoria: Raquel R.B.

Negrelle, Professora do Departamento de Botânica da UFPR.

5. Sprouting after uprooting of canopy trees in the Atlantica Rain Forest of Brazil. Projeto do

Departamento de Botânica da UFPR. Autoria: Raquel R. B. Negrelle.

6. Composição e dinâmica do banco de sementes em duas áreas em diferentes

estágios sucessionais da Floresta Atlântica de Planície Quaternária na Reserva

Volta Velha, Itapoá - SC. (1996). Tese de mestrado do Departamento de Botânica

da UFPR. Autoria: Cleber Ibrahim Salimon.

7. Pteridófitas epífitas de um segmento de Floresta Atlântica da Reserva Volta

Velha, Itapoá - SC. (1997). Tese de mestrado do Departamento de Botânica da

UFPR. Autoria: Paulo Henrique Labiak Evangelista.

Page 82: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

68

8. Relação entre características morfo-anatômicas foliares e esclerofilia em oito

espécies arbóreas de um trecho de Floresta Pluvial Atlântica. (1997). Projeto do

Departamento de Botânica da UFPR. Autoria: Boeger, M.R.T., Alves de Brito, C.J.F.,

Negrelle, R.R.B.

9. Análise fitossociológica de uma subsérie de Floresta Ombrófila Densa das Terras

Baixas, Reserva Volta Velha, Itapoá - SC. (1997). Tese de mestrado do

Departamento de Botânica da UFPR. Autoria: Solange de F. Lolis.

10. Estrutura e regeneração de uma subsérie de Floresta Ombrófila Densa das

Terras Baixas Reserva Volta Velha, Itapoá, SC. (1997). Tese de mestrado do

Departamento de Botânica da UFPR. Autoria: Lúcia Patrícia Pereira Dornelles.

11. Dieta, área de vida e sobreposição de nicho trófico e espacial dos Carnívoros

(Mammalia) da Reserva Volta Velha, em Itapoá, Santa Catarina. (1997). Tese de

doutorado do Departamento de Zoologia pela UFPR. Autoria: Juliana Quadros.

12. Aspectos da ecologia de Lontra longicaudis (Olfers, 1818) em uma área de

floresta atlântica de planície, Município de Itapoá - SC. Autoria: Juliana Quadros.

13. Dinâmica populacional de pequenos mamíferos em Floresta Atlântica de

Planície, Reserva Volta Velha, Itapoá, Sul do Brasil (2005). Tese de doutorado em

zoologia pela UFSC. Autoria: Maurício E. Graipel.

14. Utilização dos Recursos Naturais da Paisagem para o Planejamento de um

Circuito de Ecoturismo na Reserva Volta Velha – Itapoá – SC (2006). Dissertação de

Mestrado em Conservação da Natureza, curso de Eng. Florestal – UFPR. Autoria:

Celso Darci Seger.

Page 83: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

69

6. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO ENTORNO

Para a caracterização da área de entorno da RPPN Fazenda Palmital, foram

considerados os limites do município de Itapoá, onde a Reserva está inserida.

6.1 Aspectos Demográficos de Itapoá

Atualmente, verifica-se que a urbanização do município de Itapoá está próxima a

100% da área prevista no Plano Diretor da cidade, observando-se um declínio,

ainda que suave, da população rural. Esse declínio, possivelmente está relacionado

à decadência das atividades agrícolas e manufatureiras (engenhos de farinha de

mandioca), a partir da década de setenta do século passado (êxodo rural) e aos

processos de industrialização da região norte-nordeste de Santa Catarina.

Há que se considerar também, como fator positivo ao incremento das migrações

internas nos últimos anos, a expansão e exploração do setor turístico,

principalmente no município de Itapoá. Devido aos seus atrativos naturais e culturais

presentes em sua orla marítima, Itapoá tem sua população em torno de 14.800

(IBGE, 2010), acrescida de 100.000 pessoas na temporada de verão, que

corresponde aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Tal fluxo de população

sazonal acarreta sobrecargas na infraestrutura disponível no município, com

enfoque importante no que tange às questões de saúde, transporte e assistência

social. No quadro 4 são apresentados os resultados dos censos demográficos

realizados no município de Itapoá entre os anos de 1991 e 2007.

Quadro 4. Censos demográficos do município de Itapoá entre 1991 e 2007.

Ano

População

Urbana

Grau de

Urbanização

População

Rural

Grau de

Ruralidade População Total

Itapoá Itapoá Itapoá Itapoá Itapoá

1991 3.309 82,6 % 698 17,4 % 4.007

2000 8.191 92,7 % 648 7,3 % 8.839

2007 9.988 94,6 % 573 5,4 % 10.561

Fonte: IBGE, Censo Demográficos 1991; 2000 e Cont. Pop. 2007.

Através da análise dos resultados apresentados na tabela, nota-se que, com a alta

taxa de urbanização verificada no município a partir dos anos de 1990, a

Page 84: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

70

população rural sofreu um decréscimo. Atualmente, a maioria das zonas rurais

corresponde a áreas contíguas às urbanas, onde moradores domiciliados exercem

atividades no núcleo urbano.

6.2 Educação, Assistência Social, Saúde e Habitação

O município de Itapoá conta com 7 escolas de ensino de 1º grau, 01 colégio

estadual de 1º e 2º grau e 05 pré-escolas. O município também conta com uma

creche municipal denominada Pequeno Aprendiz, um instituto de educação

especial mantido pela APAE, quatro grupos de Idosos legalmente constituídos três

clubes de mães e algumas associações de moradores.

Também há grupos organizados na forma de associações, clubes, colônias, etc.,

conforme apresentado a seguir.

ACINI – Associação Comercial e Industrial de Itapoá;

ACIVIT – Associação de Vídeo e Teatro de Itapoá;

ACOPOF – Associação Comunitária do Pontal do Norte;

APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais;

ADEA – Associação de Defesa e Educação Ambiental

Associação de Idosos Maria Izabel;

Associação dos Vendedores Ambulantes e Artesanais de Itapoá;

Associação da Terceira Idade Céu Azul;

Associação Caminho do Sol – Terceiras Idade;

Clube de Mães Maria Izabel;

Clube de Mães Pedra Preciosa;

Clube de Mães Redes ao Mar;

Associação Comunitária Redes ao Mar;

Colônia de Pescadores Z1;

Fundação Pró-Itapoá.

Os Conselhos Municipais de Políticas Públicas em atividade no município são os da

Assistência Social, dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar, de

Saúde, de Educação e do Idoso. Os Conselhos a serem reativados são de Trabalho

Page 85: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

71

e Emprego, de Desenvolvimento, da Agricultura e da Pesca, do Turismo e do

Programa Bolsa Família.

Na área da saúde, o Município conta com um Hospital Geral e cinco Postos de

Saúde distribuídos em diferentes localidades: 01 no Samambaial, 01 em Itapema do

Norte, 01 na Barra do Say, 01 em Itapoá e 01 no Pontal do Norte, todos de saúde da

família, além de um Ponto de Atendimento.

O município de Itapoá realiza ações no que diz respeito ao atendimento básico de

saúde sendo que os demais procedimentos são encaminhados ao município de

referência – Joinville, obedecendo a uma Programação Pactuada Integrada. A

população pode também contar com o Consórcio Intermunicipal de Saúde, que

abrange os municípios da AMUNESC, que atende alguns procedimentos de

demanda reprimida de atendimento do SUS.

Até o momento o município não dispõe de rede de esgoto sendo utilizadas fossas

sépticas. A coleta de lixo é realizada diariamente, atingindo cerca de 60 % da

cidade. A coleta é de responsabilidade da empresa terceirizada Engenharia

Serrana que atua na região. Por não ter um local adequado para o depósito dos

resíduos, todo o lixo de Itapoá é encaminhado para o lixão do município de Mafra,

distante aproximadamente a 150 quilômetros.

No tocante à habitação, a maioria das residências de Itapoá constitui-se de

construções simples, de alvenaria ou madeira. Há apenas dois edifícios na cidade,

enquanto que, moradias coletivas são raras.

Quase todo o município é atendido por energia elétrica fornecida pela CELESC

(Central de Energia Elétrica de Santa Catarina). O abastecimento de água é feito

pela Empresa Águas de Itapoá, responsável pela captação, tratamento e

distribuição. Em torno de 65% da população recebe água via rede pública; 32,4%

têm poço ou nascente na propriedade e 4,2% utilizam outras formas de

abastecimento, conforme dados do IBGE do ano de 2010.

Verifica-se uma maior concentração de famílias em situação de vulnerabilidade

nos Bairros do São José I e II, Samambaial e Vila Nazaré. No entanto, pode-se dizer

que em todo território encontram-se pessoas em situação de vulnerabilidade, com

risco de exclusão social. Não se verifica a existência de moradores de rua e nem de

crianças e adolescentes de rua.

A maioria das mulheres tem suas atividades voltadas para o lar, excetuando-se no

período de veraneio quando, muitas delas, ocupam-se com atividades de faxinas

Page 86: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

72

domésticas e auxiliares de restaurantes e lanchonetes. Os homens, além da pesca

artesanal que ocupa uma boa parcela da população nativa, ainda desenvolvem

atividades na área da construção civil, próspera nos períodos que antecedem o

veraneio.

As famílias em situação de risco são principalmente aquelas formadas por pessoas

excluídas do mercado formal de trabalho, subempregadas e desempregadas,

pessoas portadoras de deficiência, além de crianças, adolescentes e idosos. O

enfoque principal de toda a ação da assistência é centrado no atendimento à

família, com ênfase em Programas específicos, conforme apregoa a Política

Nacional de Assistência Social e a Norma Operacional Básica 01/2005.

6.3 Base Econômica

6.3.1 Silvicultura e agropecuária

De meados do século XIX até o início da década de sessenta do século XX, a base

econômica do município de Itapoá estava alicerçada apenas na exploração dos

recursos florestais nativos. Por meio de incentivos governamentais, teve início a partir

da década de 1970 o uso do solo para a silvicultura, sendo plantadas espécies

vegetais exóticas, em especial, o pinus (Pinus sp.). Para a implantação dessa

atividade, várias áreas cobertas por vegetação nativa foram desmatadas, dando

lugar a povoamentos de pinus. A pouca produtividade verificada na área do

município devido às condições climáticas e de solo desfavoráveis ao crescimento

da madeira, faz com que a silvicultura esteja atualmente em processo de

retrocesso.

Quanto à agricultura, em grande parte das propriedades é basicamente de

subsistência, sendo as principais culturas a banana, mandioca, abacaxi e outros

hortifrutigranjeiros. Uma exceção é o plantio de arroz, feito em maior escala,

principalmente em terrenos no contraforte da Serra do Mar. Em parcelas de solo

direcionadas às culturas permanentes, verifica-se o predomínio dos cultivares da

palmeira real (figura 43) para produção de palmito. A pecuária é explorada de

forma extensiva por pequenos proprietários, principalmente com gado leiteiro, cuja

produção (leite) é feita na maioria das vezes de forma direta ao consumidor (de

Page 87: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

73

porta em porta). Há também um pequeno rebanho de gado de corte, que é

abatido periodicamente para consumo na propriedade.

Figura 43. Plantio de palmeira-real (Archontophoenix sp.). Foto: Celso Seger (2012)

6.3.2 Atividade turística

O turismo representa uma das principais atividades econômicas do município de

Itapoá. O turismo de veraneio (sol e praia) durante a temporada de verão (entre

dezembro e fevereiro) é o que mais atrai pessoas ao município, levando-se em

conta a extensa faixa de praia ali presente. Com seus 27 quilômetros de praias

(figura 44), Itapoá tem forte vocação turística, sendo essa a principal fonte

econômica no momento. Toda essa extensão de praias compõe cinco balneários,

sendo esses: Barra do Saí, Itapema do Norte, Itapoá, Pontal do Norte e Figueira do

Pontal. Praticamente todas as praias oferecem boas condições de balneabilidade

(inclusive na alta temporada), apresentando águas limpas e de temperaturas ideais

para banho. Algumas praias encontram-se praticamente intocadas, caso da praia

deserta que fica entre as desembocaduras dos rios Saí Mirim e Saí -Guaçu.

Page 88: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

74

Figura 44. Vista aérea da faixa de praias do município de Itapoá.

Fonte: PMI - http://www.itapoa.sc.gov.br/turismo/(2012)

Outros segmentos turísticos estão sendo planejados para implantação no

município, em especial, de turismo de natureza, porém, até o momento ainda não

apresentaram os resultados pretendidos, muito embora, Itapoá tenha grande

potencial para tal.

6.3.3 Outras atividades econômicas

Os setores da pesca, do imobiliário e do comércio têm participação na base

econômica municipal.

A pesca já foi uma das principais atividades do município, entretanto, pelo seu

caráter extrativista e pela característica artesanal dos pescadores estabelecidos no

município, encontra-se em franca decadência, perdendo dia a dia seu espaço

para as frotas pesqueiras industriais. Em Itapoá encontra-se estabelecida a Colônia

de Pesca Z-1. A comercialização do pescado é, em sua maioria, feita de produto

trazido de outros municípios catarinenses, destacando-se São Francisco do Sul,

Itajaí, e Guaratuba (Paraná), pois a quantidade produzida pelos pescadores locais

é insuficiente para atender a demanda até mesmo fora do período de alta

temporada.

O setor imobiliário sofreu grande expansão nos últimos 20 anos, em face da venda

de terrenos de inúmeros loteamentos que deram origem à zona urbana depois da

emancipação do município.

Page 89: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

75

O comércio também vem se destacando nos últimos anos, apresentando contínuo

crescimento para atender a atividade turística em expansão na região,

principalmente na alta temporada de visitação. A área marítima do município

também proporciona boas condições para a prática de esportes náuticos como o

surfe, o windsurf, o jet-ski e barcos a vela, além da pesca esportiva.

Atualmente encontra-se em funcionamento o terminal Portuário de Itapoá (figura

45) que alterou a vida do município. O porto de Itapoá, inaugurado em dezembro

de 2010, é o principal empreendimento implantado até o momento no município,

gerando diversos empregos para a população local.

Em relação à arrecadação municipal, o Porto de Itapoá é dos principais

contribuintes. Outras fontes de arrecadação são o IPTU (imposto territorial urbano), e

verbas de transferências constitucionais referentes às cotas partes do FPM e do

ICMS (PMI, 2011).

Figura 45. Terminal portuário de Itapoá. Fonte: Porto de Itapoá - http://www.portoitapoa.com.br/galeria.asp(2012)

Page 90: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

76

7.VETORES DE PRESSÃO DA ÁREA DO ENTORNO SOBRE A RPPN

Na área do entorno, diferentes vetores de pressão sobre a RPPN Fazenda Palmital

foram identificados. Os principais são apresentados a seguir.

a) Atividades de agricultura

A atividade de agricultura no entorno da Reserva é constituída principalmente de

plantio de arroz em contato direto com a água (figura 46). Essa atividade se

desenvolve basicamente em terraços aluviais presentes na porção oeste do

município, ao longo das encostas de uma formação de Serras conhecida

localmente por “Serrinha”, formação essa que faz parte do complexo da Serra do

Mar. Nos últimos anos, os arrozais têm se expandido no município, encontrando-se

em alguns pontos muito próximo dos limites da RPPN Fazenda Palmital.

Figura 46. Plantio de arroz na área de entorno da RPPN. Foto: Celso Seger (2012)

Os principais impactos dos arrozais são o desmatamento no entorno da RPPN, o

assoreamento dos rios provocados por sedimentos que são levados pelas águas

durante o período de colheita, além de defensivos agrícolas utilizados para

combate a ervas daninhas e pragas dessa cultura. Tanto o rio Braço do Norte

quanto o rio Volta Velha que cortam a área da Reserva, apresentam durante o

período de colheita de arroz águas com alteração de coloração (barrentas)

Page 91: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

77

devido à grande quantidade de sedimentos provenientes dos esvaziamentos da

água dos terraços utilizados para o plantio de arroz.

Além do arroz, há plantios de bananas e de palmeira real nas encostas da Serrinha,

sendo, no entanto, em escala bem menor, e, consequentemente, gerando

impactos de menor intensidade em comparação aos arrozais.

b) Atividades de silvicultura

Atividades de silvicultura também representam um vetor de pressão no entorno da

RPPN, através de plantios de Pinus sp. (pinus) (figura 47), atividade que recebeu

grandes incentivos governamentais durante as décadas de 1970 e 1980 na região

norte catarinense. Embora tenham sido feitos plantios dessa vegetação exótica no

município, em muitas áreas essa atividade mostrou-se pouco produtiva, em face

das condições pedológicas pouco adequadas ao crescimento do pinus.

Nos espaços onde o pinus não gerou a produção esperada e foi realizada a

colheita em anos recentes, estão sendo feitos estudos para a substituição dessa

cultura florestal por plantios de Eucaliptus sp. (eucaliptus).

Figura 47. Plantio de pinus no entorno da RPPN. Foto: Celso Seger (2012)

Page 92: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

78

c) Atividades de pecuária

A criação de gado no entorno da RPPN é de baixa intensidade, dessa forma, são

poucas as áreas destinadas à formação de pastagens. Esse vetor tem assim, pouca

influência na área da RPPN.

d) Extração de palmito

A extração de palmito da palmeira Euterpe edulis (palmito-juçarra) representa o

principal vetor de pressão que ocorre diretamente na área da RPPN. Consistindo na

espécie de maior valor de mercado para a industrialização de palmito, a palmeira-

juçara sofre intensa pressão em toda sua área de distribuição, constando, dessa

forma, na lista de espécies ameaçadas da flora brasileira. Na área da RPPN

Fazenda Palmital, roubos de palmito praticados por pessoas (palmiteiros) da região

são relativamente frequentes.

e) Caça de animais silvestres

Em anos passados a caça na área da Reserva era mais intensa, no entanto,

regrediu bastante em anos mais recentes, em face da atuação do proprietário da

área para coibir essa ação ilegal. É considerado um vetor de baixa intensidade de

interferência na área.

As atividades de agricultura, pecuária e silvicultura que se encontram mapeadas na

imagem da figura 48, são consideradas como as mais preocupantes quanto às

possíveis interferências (diretas e indiretas) na área da RPPN Fazenda Palmital,

podendo, com o tempo, afetar a manutenção da biodiversidade presente na

Reserva.

Page 93: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

79

Figura 46. Localização das principais atividades de uso direto do solo no entorno da

RPPN Fazenda Palmital. Produção: Rafael Vida Almeida

Page 94: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

80

8. POSSIBILIDADE DE CONECTIVIDADE

Um aspecto importante a ser considerado para a RPPN Fazenda Palmital é o seu

papel na formação de corredor ecológico. A área desta UC se insere num grande

maciço florestal que se estende entre as baías da Babitonga em Santa Catarina e a

de Guaratuba (Paraná). Devido a sua localização e estado de conservação, a

área da reserva contribui para a manutenção de extenso corredor biológico que

serve para dispersão vegetal e deslocamento de espécies de fauna especialistas

de florestas, permitindo o fluxo gênico e a manutenção da variabilidade genética

de várias espécies. Outro aspecto relevante a ser considerado é a proximidade da

reserva a outras UCs de proteção integral e de uso sustentável de recursos naturais

na região (quadro 5). A unidade de conservação mais próxima da reserva é o

Parque Natural Municipal Carijós situado em Itapoá e que conserva uma área de

aproximadamente 45 hectares de Floresta Atlântica. Outra UC localizada na região

é o Parque Estadual do Acaraí, situado no Município de São Francisco do Sul (Santa

Catarina) a uma distância de aproximadamente 22 km em linha reta da área da

RPPN. Em terras paranaenses, com distâncias entre15 a 40 km, encontram-se o

Parque Natural Municipal Lagoa do Parado e o Parque Estadual Boguaçu no

município de Guaratuba, além da APA Estadual de Guaratuba com cerca de 200

mil hectares que se estende por vários municípios do litoral do Paraná. Todas essas

UCs estão inseridas no maciço florestal que compõe o corredor ecológico florestal

que se estende entre as Baías de Babitonga, Guaratuba e Paranaguá.

A localização da UCs de proteção integral e uso sustentável de recursos naturais no

entorno da RPPN Fazenda Palmital estão marcadas na imagem da figura 49.

Quadro 5. Unidades de Conservação no entorno da RPPN Fazenda Palmital

Unidade de Conservação Município e Estado Distância aproximada (Km)

APA Estadual de Guaratuba Guaratuba - PR 28

Parque Natural Municipal da

Lagoa do Parado

Guaratuba - PR 26

Parque Estadual Boguaçu Guaratuba - PR 22

Parque Natural Municipal

Carijós

Itapoá - SC 4

Parque Estadual do Acaraí São Francisco do Sul - SC 23

Page 95: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

81

Figura 49. Localização de UCs no entorno da RPPN Fazenda Palmital. Fonte de imagem: GoogleEarth2012

Page 96: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

82

9. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA

A criação da RPPN Fazenda Palmital foi um ato marcante para o município de

Itapoá, em face da ação pioneira para a conservação dos ecossistemas, da

biodiversidade do município e da região onde esse está inserido.

Com 590,62 hectares a RPPN Fazenda Palmital consistia até a criação do Parque

Natural Municipal Carijós no ano de 2011, como a única unidade de conservação

localizada no município de Itapoá e da Península do Saí. Com a criação da RPPN

garantiu-se a preservação de uma parcela dos recursos naturais de ecossistemas

de planície litorânea quaternária do sul do Brasil, recoberta por Floresta Atlântica.

Durante muitos anos, a área da RPPN Fazenda Palmital juntamente com a área

recoberta de floresta da Fazenda Santa Clara (Reserva Volta Velha), serviu de

espaço para o desenvolvimento de vários projetos de pesquisa científica,

resultando num dos mais completos acervos referentes ao conhecimento da flora e

da fauna da Floresta Ombrófila Mista de Terras Baixas do território catarinense. Esses

estudos geraram importantes resultados que dão uma ideia da riqueza de espécies

que ocorre na área.

A RPPN Fazenda Palmital conserva ecossistemas costeiros e a biodiversidade

associada, representando a proteção de uma ampla gama de espécies vegetais e

de fauna, com alguns grupos apresentando grande número de espécies, caso de

mamíferos, estimados em mais de 70 espécies, das quais, 7 ameaçadas de

extinção, com ocorrência certa e uma provável, e aves com a ocorrência de pelo

menos 260 espécies, incluindo espécies residentes e migratórias, endêmicas

regionais e da Floresta Atlântica, além de 7 espécies ameaçadas em nível nacional,

que encontram na Reserva e seu entorno espaços para sobreviver.

Uma das particularidades da área é a grande densidade de bromélias (uma das

maiores concentrações do litoral de Santa Catarina), permitindo a criação de

microhabitats para a sobrevivência de várias espécies, muitas delas fazendo parte

de diversas cadeias tróficas. Outra espécie vegetal de importância regional por

fornecer alimento à fauna é o palmito-juçara (Euterpe edulis) ainda presente com

boa densidade na área da Reserva, muito embora, sofra pressão devido à extração

furtiva.

Em face da importância da proteção de um núcleo de Floresta Ombrófila Densa de

Terras Baixas em área de Planície Quaternária e do extenso banco de dados sobre

Page 97: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

83

a vida vegetal e animal, a RPPN faz parte de uma das áreas consideradas como

piloto para conservação de ecossistemas costeiros do Sul do Brasil, dentro da

Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

Por se localizar numa região onde há presença de outras UCs próximas, a RPPN

Fazenda Palmital também faz parte de um extenso corredor biológico abrangendo

várias áreas protegidas.

Além da proteção de ecossistemas e da biodiversidade regional, outra importante

função da RPPN é a proteção de rios que fazem parte da Bacia Hidrográfica do rio

Saí-Mirim, manancial de captação de água para abastecimento da cidade de

Itapoá. Na área da reserva, existem várias nascentes que abastecem o rio Volta

Velha e o rio Braço-do-Norte, afluentes do rio Saí-Mirim.

Quanto ao contexto históricocultural, a RPPN mantém sítios arqueológicos, sendo o

principal deles um Sambaqui datado de mais de 3.500 anos atrás e que se encontra

muito bem conservado, servindo de monumento em memória dos povos primitivos

da região de Itapoá.

Portanto, a existência desta RPPN Fazenda Palmital tem importância para a

preservação ambiental da região, mesmo que, somente sua área não represente a

garantia de preservação de muitas espécies, o que, no entanto, acontece com a

agregação de extensa área florestada presente no seu entorno.

Page 98: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

84

10. PLANEJAMENTO

10.1 Conceituação

De acordo com Milano (1993), entende-se do planejamento de uma unidade de

conservação “uma técnica ou instrumento de organização de processos futuros

que permite otimizar as ações destinadas a alcançar objetivos propostos, resultando

no plano de manejo da unidade de conservação”. Ainda, segundo o mesmo

autor, o plano de manejo deverá conter todas as informações que, por meio de

atividades e ações, permitam que a unidade de conservação atinja os objetivos de

criação, orientando o diretor dessa unidade nos seus trabalhos de conservação.

Três são os aspectos fundamentais que o planejamento de uma unidade de

conservação dever abranger: o primeiro deve tratar do futuro da área, o segundo,

deve implicar ação e o terceiro, a identificação de pessoas ou organizações que

realizarão as atividades que serão propostas para o manejo.

O plano de manejo como instrumento de gerenciamento da unidade de

conservação deve responder a várias perguntas, tais como: o que? por que?

onde?, quando? Como? Para que a área seja efetivamente protegida, atingindo

seus objetivos.

10.2 Diretrizes do Planejamento da RPPN Fazenda Palmital

Para o planejamento da RPPN Fazenda Palmital foi utilizado como referência para

subsidiar o zoneamento e a definição dos programas de manejo o Roteiro

Metodológico para Elaboração do Plano de Manejo para Reservas Particulares do

Patrimônio Natural (RPPN) (FERREIRA et al., 2004), além do SNUC (Lei nº 9.985/2000) e

Decreto regulamentador nº 4.340 de agosto de 2002 (BRASIL, 2004).

10.3 Objetivos de Manejo da RPPN Fazenda Palmital

Com base nos objetivos apresentados no artigo 4º da Lei n° 9.985/2000 que

estabelece o sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, e daqueles

advindos da vontade da família proprietária da RPPN Fazenda Palmital, essa

unidade de conservação privada tem por objetivos:

Page 99: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

85

- Preservar a integridade de uma área de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas

(Floresta Atlântica) no município de Itapoá – SC, contribuindo com a manutenção

da diversidade biológica e dos recursos genéticos em nível regional e nacional;

- Contribuir com a proteção de ecossistemas naturais da região do Litoral norte de

Santa Catarina, através da manutenção de sítios biológicos de Floresta Atlântica

em bom estado de conservação;

- Promover a proteção de paisagens naturais e pouco alteradas, apresentando

beleza cênica notável;

- Manter a integridade de abrigos e espaços reprodutivos de espécies de

relevância à conservação, em especial, de espécies ameaçadas de extinção e de

endêmicas regionais, além de migratórias e daquelas dependentes de nichos

ecológicos específicos que não sofreram alterações antrópicas;

-Contribuir com a conservação de recurso hídrico através da proteção da Bacia do

rio Saí-Mirim, manancial de água da cidade de Itapoá;

- Incentivar o desenvolvimento da pesquisa científica, visando à ampliação dos

conhecimentos sobre a biodiversidade de ecossistemas de planícies quaternárias

do litoral catarinense, fornecendo mais subsídios para o manejo de unidades de

conservação que abrangem esses ecossistemas;

- Promover o desenvolvimento de programas de visitação direcionados à

recreação ao ar livre e ao turismo de natureza;

- Manter a integridade de sítios arqueológicos presentes na área e estimular o

resgate da história e cultura dos povos primitivos da região;

- Integrar a reserva a uma rede de áreas protegidas já estabelecidas na região,

dentro da estratégia de formação de Corredor de Biodiversidade entre o litoral

norte de Santa Catarina e o Litoral sul do estado do Paraná.

Page 100: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

86

– Divulgar a RPPN Fazenda Palmital na região de entorno da mesma, estimulando a

criação de outras RPPNs no município de Itapoá e região do entorno.

10.4 Zoneamento

O zoneamento, segundo Milano (1993), consiste de um instrumento de manejo que

apoia a administração na definição das atividades que podem ser desenvolvidas

em cada setor da unidade, orientando ou mesmo proibindo determinadas

atividades Seu objetivo é dividir uma área protegida em parcelas ou zonas visando

ao alcance dos seus objetivos de manejo. Portanto, consiste de uma técnica de

ordenamento territorial, usada para atingir melhores resultados no manejo de uma

UC, pois, estabelece usos diferenciados para cada espaço, segundo seus objetivos,

potencialidades e características.

Para a elaboração do zoneamento da RPPN Fazenda Palmital, duas oficinas de dois

dias de duração foram realizadas na sede da Fazenda Santa Clara (que faz parte

da Reserva Volta Velha) com a participação da equipe técnica responsável pelo

Plano de Manejo e o proprietário da Reserva (figura 50). Durante as oficinas, foram

utilizadas imagens de satélite da área, que subsidiaram a definição do zoneamento,

com base nas características naturais da Reserva. Além das oficinas, também foram

realizadas incursões em toda a área da RPPN, com o objetivo de averiguar o estado

de conservação das diferentes zonas definidas.

Figura 50. Oficinas de planejamento para zoneamento da RPPN Fazenda Palmital. Fotos: Yauwaritzaua Trumai Waura (2012)

Page 101: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

87

A divisão territorial da RPPN Fazenda Palmital, em diferentes zonas de uso, teve

como base a proposta de manejo e uso dos recursos naturais da área apresentada

pelo proprietário e filhos, além das considerações feitas pelos técnicos que

elaboraram o plano em relação às restrições de acesso a determinados espaços,

em face da relevância desses espaços para a conservação da biodiversidade

local. Para a definição do zoneamento, foram assim tomados todos os cuidados em

relação à intensidade de uso, de forma a garantir as condições mínimas para se

atingir os objetivos da Reserva.

Os critérios utilizados para a definição de diferentes zonas de uso basearam-se em:

I - Estado de conservação da área;

II - Diversidade ambiental;

III - Fragilidade ambiental;

IV - Presença de sítios de reprodução de espécies relevantes à conservação;

V - Potencial para pesquisas devido à facilidade de acesso;

VI - Potencial para visitação monitorada, através de atividades de educação

ambiental e turismo de natureza.

Levando-se em consideração todos os aspectos levantados nos diagnósticos

relacionados ao meio físico, biótico e social da área da RPPN Fazenda Palmital e do

seu entorno, cinco zonas de manejo foram definidas. Essas zonas foram delimitadas

em imagem digital para confecção de mapa de Zoneamento da RPPN Fazenda

Palmital, mostrado nas figuras 51 e 52.

Page 102: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

88

Figura 51. Mapa de zoneamento da RPPN Fazenda Palmital. Produção: Rafael Vida Almeida

Page 103: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

89

Figura 52. Mapa sobre imagem digital do zoneamento da RPPN Fazenda Palmital.

Produção: Rafael Vida Almeida.

Page 104: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

90

Na tabela 2 são apresentadas as áreas de cada zona e o percentual de

abrangência da área da RPPN.

Tabela 2. Zonas de manejo da RPPN Fazenda Palmital com respectivas áreas e

percentuais.

Zona Área (ha) Percentual (%) de

abrangência

Zona Silvestre 453,10 76,71

Zona de Proteção 35,40 5,99

Zona de Visitação 55,21 9,34

Zona de Transição 46,91 7,94

As zonas definidas seguem a denominação apresentada no Roteiro Metodológico

para Elaboração de Planos de Manejo para Reservas Particulares do Patrimônio

Natural (FERREIRA et al., 2004). O manejo dos recursos naturais a ser feito em cada

uma delas é descrito adiante.

10.4.1 Zona Silvestre

A Zona Silvestre abrange 453,10 hectares, correspondente a 76,71% da área da

RPPN Fazenda Palmital. Por abranger área de maior integridade, essa zona é

destinada exclusivamente à conservação da biodiversidade.

Seu objetivo é a preservação dos recursos naturais garantindo o processo evolutivo

natural. Em toda a abrangência da Zona Silvestre, a vegetação se apresenta em

ótimo estado de conservação, pois não sofreu nenhuma intervenção antrópica

direta. Essa zona é recoberta em grande parte pela Floresta Ombrófila Densa de

Terras Baixas, e uma pequena parcela por Floresta Ombrófila Densa de Influência

Fluvial e de vegetação pioneira fluviolacustre.

Em relação à fauna, existe alta riqueza de espécies dos diferentes grupos animais,

algumas delas consideradas ameaçadas, citando: Leopardus pardalis (jaguatirica),

Leopardus tigrinus (gato-do-mato), Myotis ruber (morcego), Puma concolor (puma)

dentre os mamíferos, e Stymphalornis acutirostris (bicudinho-do-brejo) e Phylloscartes

kronei (maria-da-restinga), dentre as aves. Também há presença de espécies

Page 105: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

91

endêmicas regionais e do bioma Floresta Atlântica, caso de Hemitriccus kaempferii

(maria-catarinense) e Pseudastur polionotus (gavião-pombo-grande).

Nessa zona de manejo não será realizada nenhuma atividade de uso indireto,

exceto de fiscalização. Não existe nenhum tipo de acesso (caminho, estrada, etc.)

a essa zona, sendo a única forma de acessá-la através de alguns pontos ao longo

das divisas com propriedades vizinhas.

10.4.2 Zona de Proteção

A zona definida como de proteção abrange uma área de 35,40 Hectares,

equivalente a 5,99 % da RPPN. Apresenta atualmente uma cobertura florestal

relativamente bem conservada, muito embora, no passado (a mais de trinta anos

atrás), tenha sofrido exploração seletiva de algumas espécies madeireiras,

exploração essa, feita, no entanto, em escala reduzida. Essa zona será destinada

apenas para atividades de pesquisa científica com a flora e fauna local, além de

turismo científico e turismo de observação (especialmente de aves), com grupos

pequenos de pessoas e com o acompanhamento de monitores. Não há nenhuma

estrutura física na Zona de Proteção, porém, existe uma antiga estrada que

atualmente encontra-se abandonada e com a vegetação das margens tomando

parte de seu leito. Essa estrada deverá ser utilizada como via de acesso a essa zona

de manejo para a realização das atividades pretendidas. Não deverá sofrer

nenhuma intervenção para melhoria das condições atuais, pois, a intenção é que a

mesma se transforme em curto espaço de tempo apenas num caminho por entre a

floresta, o qual poderá ser utilizado somente por pesquisadores e pessoal

responsável pela fiscalização, além das atividades de turismo de baixo impacto.

10.4.3 Zona de Transição

Como Zona de Transição foi definida uma estreita faixa (de 50 metros de largura) ao

longo de parte da divisa leste da RPPN pelo fato da propriedade do entorno ter o

uso do solo destinado ao plantio de pinus (Pinus sp). Embora não haja registro de

presença de pinus na área da Reserva, essa faixa deverá ser monitorada para

evitar que o pinus (espécie exótica e invasora) colonize espaços da RPPN Fazenda

Page 106: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

92

Palmital. A zona de Transição abrange uma área de 46,91 hectares, 7,94% da

Reserva.

10.4.4 Zona de Visitação

A Zona de Visitação abrange uma área de 55,21 hectares, correspondendo a 9,34%

da RPPN Fazenda Palmital. Essa zona também sofreu exploração seletiva de

madeira no passado, sendo, no entanto, em maior escala em comparação à área

da Zona de Proteção. Atualmente apresenta a maior parte de sua extensão

comportando floresta regenerada em estágio avançado, há algumas manchas em

estágio médio de sucessão florestal. Nessa Zona está localizado o sítio arqueológico

mais importante da RPPN de que se tem conhecimento. Trata-se de um Sambaqui

com idade estimada de 3.000 anos, e que se encontra em ótimo estado de

conservação.

Nessa Zona de Manejo deverão ser realizadas atividades de pesquisa científica, de

turismo, lazer e educação conservacionista. Em relação ao turismo, as modalidades

que poderão ser desenvolvidas são: ecoturismo, turismo científico, turismo de

observação de aves e turismo de aventura. Quanto às atividades educativas, a

educação ambiental voltada à conscientização conservacionista.

O acesso à Zona de Visitação se dá pela mesma estrada descrita para a Zona de

Proteção, sendo o trecho que passa pela Zona de Visitação anterior ao da Zona de

Proteção. Do perímetro da Reserva até o local onde se encontra o Sambaqui (com

percurso de cerca de 100 metros), o trecho da estrada deverá ser estruturado para

a visitação, ou seja, com melhorias no seu leito. No restante do trecho que vai do

Sambaqui até o início da Zona de Proteção, deverá ser estruturado para

caminhada, porém, com utilização de material que não impacte a vegetação das

margens e nem descaracterize a paisagem do seu entorno.

Durante o processo de zoneamento da RPPN não foi definida uma zona de uso

especial ou zona administrativa. A justificativa para tal é que para a administração

da Reserva será utilizada a infraestrutura administrativa e de recepção de visitantes

existente na Fazenda Santa Clara (Reserva Volta Velha), descrita em capítulo

anterior referente à caracterização da propriedade. Em face da existência de uma

infraestrutura administrativa na Fazenda Santa Clara, não haverá, portanto, a

Page 107: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

93

necessidade de construção da referida infraestrutura no interior da RPPN Fazenda

Palmital.

11. NORMATIZAÇÃO REFERENTE À CONSEVAÇÃO DA RPPN

11.1 Em relação à Conservação

I – A RPPN Fazenda Palmital deverá ter fiscalização contínua, com o objetivo

proteção de seus recursos naturais;

II – Deverá ser proibida a entrada de pessoas que provocam danos aos recursos

naturais da Reserva, tais como a perseguição, captura e caça de animais silvestres,

a pesca e a extração ilegal de espécies vegetais de interesse econômico;

III - Somente poderão ser permitidas atividades de extração de produtos florestais

ou de captura de animais em atividades de pesquisa científica;

IV – Deverá haver programa de cooperação conservacionista, através da

integração com proprietários do entorno da RPPN;

V - Não poderá haver a presença de animais domésticos no interior da Reserva,

exceto para os casos de fiscalização ou para deslocamentos de pessoal e carga

nos projetos de pesquisas;

VI - Quaisquer atividades que possam ser causadoras de danos ao recurso hídrico

ou ao solo deverão ser reavaliadas e corrigidas, ou mesmo suspensas;

VII - Atividades que não estejam de acordo com os seus objetivos da RPPN,

conforme seu plano de manejo e seus regulamentos não deverão em hipótese

nenhuma ser desenvolvidas;

VIII - Não poderão ser realizadas atividades em desacordo com o que foi definido

para cada zona de manejo da reserva, conforme zoneamento elaborado;

IX - No caso de realização de obras de infraestrutura na área da RPPN, todas as

sobras de material não utilizado deverão ser transportadas para fora dessa unidade

de conservação;

X - Nenhum tipo de material a ser utilizado em obras de infraestrutura da Reserva

poderá ser proveniente dessa mesma área.

Page 108: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

94

11.2 Em relação aos Projetos de Pesquisa

I - Os projetos específicos de pesquisa do meio físico e biótico deverão ser

elaborados e desenvolvidos sob a orientação de profissionais especializados e com

aprovação dos proprietários da Reserva e por órgãos ambientais;

II - Não poderão ser desenvolvidos projetos sem autorização prévia ou que não

sejam compatíveis com os objetivos da RPPN;

III - A coleta de espécimes da fauna e da flora somente poderá ser feita desde que

tenha finalidades científicas, havendo, no entanto, a necessidade de autorização

prévia por parte da administração da Reserva e pelos órgãos ambientais;

IV- No caso do desenvolvimento de alguma atividade de pesquisa representar

indícios de risco à sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas locais,

essa deverá sofrer avaliação, e, se for o caso, a suspensão ou a adoção de

procedimentos corretivos.

11.3 Em relação à Visitação

I - Toda a visitação na área da Reserva, independente se for de propósitos

científicos, culturais, educativos ou recreativos, deverá estar de acordo com a

regulamentação específica das RPPNs;

II - Toda a visitação à área da Reserva (Zona de Visitação) seja de turismo, de

educação ambiental ou para puro conhecimento, deverá ser acompanhada de

condutores, bem como, estarem de acordo com a regulamentação específica;

III - Todo o condutor deverá ser previamente capacitado para o acompanhamento

de pessoas que visitam a Reserva;

IV - Todas as atividades deverão ser realizadas em locais destinados para tal, com o

mínimo de impacto possível sobre os ambientes naturais;

V - Todo o resíduo sólido não biodegradável gerado durante as visitações deverá

ser devidamente recolhido e destinado à coleta pelo órgão municipal;

VI - Os resíduos biodegradáveis deverão ser retirados da área da Reserva e

enterrados para compostagem em outro espaço da propriedade.

11.4 Em relação à Segurança

Page 109: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

95

I - Não deverá ser permitida a presença de pessoas não autorizadas na área da

RPPN;

II - O ingresso de pessoas portando armas, materiais ou instrumentos destinados ao

corte, caça ou quaisquer outras atividades prejudiciais à fauna e a flora deverá

será proibido;

III - Somente será permitido o uso de armas ou instrumentos em atividades de

pesquisa, sendo que nesse caso, deverá haver autorização especial para tal

utilização, com devida descrição da metodologia no projeto a ser desenvolvido.

Page 110: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

96

12. PROGRAMAS DE MANEJO

Os programas de manejo definem as atividades que deverão ser desenvolvidas,

procurando atingir os objetivos definidos em cada zona de uso, além do que,

estabelecem as normas e diretrizes para o desenvolvimento de projetos na unidade

de conservação (MILANO, 1993). Os Programas de Manejo, com seus respectivos

objetivos, ações, atividades, normas e resultados esperados deverão definir a

conduta administrativa para a RPPN Fazenda Palmital.

Muito embora, desde a aquisição da propriedade (composta pelas fazendas

Palmital e Santa Clara) exista um manejo integrado entre as duas áreas, ou seja,

ambas são manejadas com o propósito da conservação de seus recursos naturais,

os programas de manejo aqui elaborados estão voltados exclusivamente para a

RPPN Fazenda Palmital, para a qual está sendo elaborado o presente Plano de

Manejo. No entanto, embora específicos para a RPPN Fazenda Palmital, não há a

intenção de promover um desvinculo entre as duas fazendas no que se refere à

sinergia existente entre ambas, em relação à conservação da biodiversidade local

e das atividades de sustentabilidade da área como um todo. Dessa forma todos os

programas de manejo da RPPN Fazenda Palmital deverão automaticamente se

estender para a Fazenda Santa Clara, excluindo-se as áreas produtivas dessa

fazenda.

Os programas que deverão ser implantados foram basicamente aqueles sugeridos

no Roteiro Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo para RPPNs

(FERREIRA et al., 2004). Assim como foi para o zoneamento da RPPN Fazenda

Palmital, também para a elaboração dos programas de manejo dessa unidade de

conservação particular foi realizada oficina para discussão conjunta entre a equipe

técnica os proprietários da Reserva.

Foram definidos 6 programas de manejo para a RPPN Fazenda Palmital, sendo

esses: Programa de Administração; Programa de Proteção e Fiscalização; Programa

de Pesquisa e Monitoramento; Programa de Visitação; Programa de

Sustentabilidade Financeira e Programa de Comunicação.

A descrição desses programas com os objetivos, atividades e normas e ações gerais

é feita a seguir.

12.1 Programa de Administração

Page 111: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

97

A administração da RPPN Fazenda Palmital deverá ser feita por um gerente, com

apoio dos proprietários. O gerente terá sob sua responsabilidade a coordenação

de todas as ações para a proteção da reserva, além da administração, do

acompanhamento financeiro e contábil, a compra de materiais e equipamentos, a

implantação e manutenção de infraestruturas de visitação, assim como, a

coordenação dos calendários de visitação, de pesquisas e de cursos voltados à

conservação. Portanto, o Programa de Administração deve incorporar um

planejamento amplo, integrando com outras organizações o desenvolvimento do

seu Plano de Manejo e os projetos específicos.

A área da RPPN Fazenda Palmital não possui nenhuma construção, além do que, é

difícil o acesso a vários pontos dentro de seus limites. Portanto, para a implantação

da infraestrutura administrativa da Reserva deverá ser utilizada as instalações de

gerenciamento presentes na Fazenda Santa Clara. A estrutura física da Fazenda

Santa Clara é atendida por energia elétrica, telefone e água de poço artesiano,

além do acesso à internet através de ondas de rádio captado por antena,

instalada na fazenda.

A operacionalidade administrativa do conjunto da propriedade facilitará a gestão

da RPPN Fazenda Palmital.

Objetivo

O programa de administração tem por objetivo gerenciar de forma eficiente a

RPPN Fazenda Palmital, para que se cumpram os propósitos de criação dessa

unidade de conservação particular. Visa garantir a funcionalidade da Reserva

através da implantação de um sistema administrativo que permita o usufruto da

área e de seus recursos de forma indireta de acordo com o zoneamento planejado.

Ações Gerais

- Implantação da infraestrutura administrativa;

- Adequação de infraestrutura necessária para a implantação dos demais

programas de manejo;

- Definição de gerente para a RPPN;

- Elaboração de Regulamento Interno para o gerenciamento da Reserva;

- Sinalização da RPPN;

Page 112: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

98

- Demarcação da RPPN;

- Estabelecimento de convênios com instituições de ensino e pesquisa e

organizações não governamentais (ONGs).

Atividades

- Estruturar escritório para a administração da RPPN Fazenda Palmital, utilizando-se

da infraestrutura física presente na Fazenda Santa Clara;

- Adquirir móveis, equipamentos e material de consumo para a administração da

Reserva e para os demais programas de manejo;

- Adequar espaço físico que sirva de almoxarifado para a guarda de material e

equipamentos de campo, a ser utilizado no gerenciamento e fiscalização da RPPN;

- Implantar infraestrutura mínima para pesquisa e monitoramento ambiental, com

alojamento e área de alimentação;

- Gerenciar e implantar o zoneamento e os programas de manejo, respeitando o

desenvolvimento de atividades previstas para cada zona de uso;

- Promover a administração geral da Reserva no que se refere à contratação e

capacitação de pessoal, procedimentos contábeis, registros de atividades e

relatórios diversos sobre a rotina da RPPN;

- Elaborar Regulamento Interno de Gerenciamento da RPPN, contando com normas

administrativas gerais para o gerenciamento eficaz da Reserva;

- Providenciar a sinalização da Reserva através de fixação de placas com

informações sintetizadas e legíveis conforme previsto no programa de proteção e

fiscalização;

- Demarcar a área da Reserva com a implantação de marcos geodésicos;

- Providenciar a execução de toda a infraestrutura necessária para a implantação

dos demais Programas de Manejo da Reserva;

- Contatar e firmar convênios de parcerias com instituições públicas e privadas, bem

como, ONGs ambientais da região para o desenvolvimento de pesquisas e gestão

compartilhada da Reserva.

- Formular e promover programas de estágios e voluntariados nas atividades da

RPPN Fazenda Palmital, no intuito de auxílio na proteção da Reserva;

Page 113: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

99

- Manter arquivo impresso e em modelo digital de toda a documentação da área

em pastas e mídias (CDs, HDs externos, etc.) digitais no escritório administrativo da

Reserva;

- Manter registros das atividades realizadas em forma de relatórios, para

disponibilidade de consulta ao público interessado;

- Elaborar projetos de captação de recursos financeiros para o gerenciamento e

manutenção da RPPN;

- Preparar calendários de eventos contendo atividades recreacionais, exposições e

palestras;

- Promover o agendamento para atendimento de grupos e do público em geral.

Normas

- O espaço administrativo da RPPN deverá conter no mínimo uma sala, um banheiro

e um galpão para depósito de materiais e equipamento;

- A sala administrativa deverá ser bem arejada e com claridade suficiente para o

conforto de trabalho do gerente;

- O gerente da RPPN deverá ter experiência na área ambiental, bem como, na

organização de documentos e elaboração de relatórios;

- Todos os convênios e termos de parceiras deverão ser formulados em conjunto

com a gerência, proprietários da RPPN e representantes das instituições que

pretendam desenvolver atividades na área;

- As placas de sinalização da reserva deverão ser legíveis, fixadas em locais de fácil

visualização e confeccionadas com material e formato que se integrem à

paisagem local;

- A infraestrutura para os demais programas de manejo deverá ser coerente com os

objetivos da RPPN, assim como, provocar o mínimo de impactos negativos aos

ambientes da Reserva.

Resultados Esperados

- Escritório administrativo da RPPN implantado e em funcionamento, com todos os

materiais e equipamentos necessários;

- Gerente da reserva escolhido e contratado;

Page 114: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

100

- Rotina de administração e manutenção estabelecida;

- Programas de manejo implantados;

- Área da Reserva sinalizada com placas informativas;

- Convênios de parcerias firmados com instituições públicas e privadas da região;

- Regulamento Interno de Gerenciamento da RPPN elaborado e implantado;

- Equipamentos básicos requeridos para os demais programas, suficientes e em

funcionamento.

12.2 Programa de Proteção e Fiscalização

Toda a área de uma unidade de conservação depende de ações diretas e

indiretas contínuas de proteção para cumprir seu papel na conservação da

biodiversidade. O conceito de proteção incorpora ações de monitoramento,

prevenção e fiscalização na área da unidade e do seu entorno. As ações de

fiscalização, controle e proteção ambiental devem corresponder basicamente a

prevenir e coibir a depredação do patrimônio natural, por meio da vigilância e da

conscientização popular.

A RPPN Fazenda Palmital não conta no momento com nenhum programa de

proteção e fiscalização, sendo, portanto, para garantir a manutenção do

patrimônio natural e histórico-cultural presentes na área, necessário a implantação

desse programa com base nos objetivos, ações, atividades e normas apresentadas

a seguir.

Objetivo

O programa de proteção e de fiscalização tem como objetivo proteger os recursos

naturais e histórico-culturais presentes em toda a extensão da RPPN Fazenda

Palmital, assim como, promover a segurança dos frequentadores da área nas zonas

de uso que permitem o acesso público para visitação ou desenvolvimento de

pesquisas.

Ações Gerais

- Contratação de pessoa para a função de guarda-parque, visando à fiscalização

da área;

Page 115: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

101

- Formalização de parceria de fiscalização com o grupamento de polícia ambiental

do norte catarinense, sediado em Joinville;

- Elaboração de proposta de trabalho conjunto de fiscalização com proprietários

de terras do entorno da Reserva.

Atividades

- Capacitar pessoa responsável pela fiscalização, para agir com eficiência na

função de guarda-parque;

- Adquirir e disponibilizar equipamentos de proteção individual para o guarda-

parque e de comunicação portátil para contatos entre o guarda e a administração

da Reserva;

- Abrir picadas (trilhas) ao longo das divisas da propriedade para a circulação do

responsável pela fiscalização;

- Identificar os locais de maior risco à entrada de pessoas na área da RPPN, em

função da acessibilidade e da concentração de presença de recursos naturais de

interesse à retirada ilegal;

- Realizar rondas diárias pelos limites de toda a extensão da RPPN para o

impedimento da entrada de pessoas não autorizadas (palmiteiros, caçadores, etc.)

que podem provocar danos à flora e à fauna da Reserva;

- Elaborar relatórios de rondas quando identificada alguma ameaça ou intervenção

antrópica na área;

- Buscar a proteção do patrimônio ambiental e histórico-cultural da RPPN através de

ações integradas com a Polícia Ambiental de Santa Catarina e outros órgãos de

fiscalização;

- Desenvolver parcerias com proprietários do entorno para fiscalização conjunta da

RPPN e das áreas lindeiras;

- Elaborar projeto de busca de recursos financeiros em empresas privadas

estabelecidas na região, para contribuir com a manutenção de pessoa(s)

responsável (eis) pela fiscalização da RPPN;

Normas

Page 116: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

102

- A pessoa a ser contratada para função de fiscal (guarda-parque) deverá ser da

região, estar apta a percorrer grandes distâncias diárias em meio à floresta e passar

por capacitação para o monitoramento e fiscalização da área;

- As rondas deverão abranger toda a área da reserva, porém, concentrando-se em

locais onde há maiores riscos de entrada de pessoas não autorizadas;

- Os relatórios de ronda devem ser inseridos ao livro de registros contendo

informações referentes à manutenção das trilhas, o acesso não autorizado de

pessoas, ou qualquer outra ocorrência que interfira nos objetivos da RPPN;

- Rondas realizadas pela polícia ambiental deverão ser periódicas, com pelo menos

uma vistoria a cada mês, sem dia certo para evitar a previsibilidade;

- O trabalho de fiscalização conjunta com proprietários vizinhos deverá concentrar

esforços tanto para a proteção da RPPN como da área de entorno;

- As infrações e ameaças à RPPN por pessoas que adentrem a mesma sem

autorização deverão ser comunicadas aos órgãos ambientais competentes e os

infratores, se identificados, enquadrados na Lei de Crimes Ambientais;

- A eficiência e eficácia das atividades de fiscalização devem ser periodicamente

avaliadas e corrigidas, se necessário;

- Contatos com proprietários vizinhos da RPPN deverão ser feitos pelo gerente da

área com consentimento dos proprietários da reserva.

Resultados Esperados

- Sistema de fiscalização para a proteção da RPPN implantado;

- Convênio de parceria de fiscalização com a Polícia Ambiental firmado;

- Programa de envolvimento de proprietários vizinhos para a fiscalização da RPPN e

das áreas do entorno estabelecido.

12.3 Programa de Pesquisa e Monitoramento

Os programas de pesquisa e monitoramento devem gerar continuamente

informações estratégicas, contribuindo com a administração para a melhor forma

de uso dos recursos naturais da área e do entendimento às principais ameaças

sobre a biodiversidade, para que estratégias de manejo e de conservação possam

ser adotadas e reavaliadas no planejamento das unidades de conservação. A

geração de um banco de dados com informações padronizadas, e de atualização

Page 117: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

103

contínua devem subsidiar a compreensão de dinâmicas e processos da

biodiversidade e do uso de recursos naturais, nas escalas espacial e temporal.

Objetivo

Esse programa tem por objetivo apoiar o desenvolvimento de pesquisas científicas

que visem aprofundar os conhecimentos sobre os elementos bióticos e abióticos e

dos aspectos socioeconômicos e culturais da RPPN Fazenda Palmital, além do

monitoramento de espécies vegetais e animais de maior relevância à conservação,

descrito no capítulo referente ao diagnóstico da área.

O Programa de Pesquisa e Monitoramento deverá proporcionar subsídios às ações

de proteção e manejo ambiental da Reserva, funcionando como um dos

contribuintes da revisão periódica do Plano de Manejo após sua implantação.

Ações Gerais

- Incentivo e disponibilização da área da RPPN para realização de pesquisas

científicas e monitoramentos de espécies da biota local;

- Estruturação de espaço físico (alojamento) para pesquisadores e estudantes;

- Estabelecimento de parcerias e convênios com instituições de ensino e pesquisa e

organizações governamentais e não governamentais de preservação ambiental da

região que tenham interesse e sejam capacitadas em desenvolver projetos de

pesquisas que contribuam com o manejo da RPPN;

- Desenvolvimento de projetos com grupos animais ainda não contemplados com

estudos na área da Reserva, caso dos répteis, anfíbios e peixes, dentre outros;

- Levantamento complementar aos trabalhos já desenvolvidos e utilizados para a

elaboração do presente Plano de Manejo, visando o aprofundamento de

conhecimentos de espécies da flora e da fauna local e regional.

Atividades:

- Estabelecer contatos e firmar convênios com universidades e instituições em geral,

que realizam pesquisas geológicas, biológicas e sociológicas, para o

desenvolvimento de projetos no interior e entorno da Reserva;

Page 118: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

104

- Disponibilizar espaço físico estruturado para alojamento (dormitórios e refeições)

viabilizando a permanência de pesquisadores e estudantes durante as atividades

de campo;

- Organizar e atualizar continuamente o acervo bibliográfico referente aos trabalhos

realizados na RPPN;

- Subsidiar tecnicamente a elaboração de projetos de pesquisa de maior interesse

para o melhor gerenciamento da Reserva;

- Divulgar os resultados das pesquisas em diferentes meios de comunicação.

Normas:

- Toda a pesquisa ou monitoramento a serem realizados, deverão ser formalizados

ao gerente da RPPN por meio de apresentação de projeto;

- Os projetos somente poderão ser desenvolvidos após análise e parecer técnico

escrito pelo gerente da área ou de especialistas colaboradores com a gestão da

RPPN;

- Todo o projeto deverá ter em sua apresentação os objetivos, as justificativas, a

metodologia a ser aplicada e os resultados esperados com a realização da

pesquisa;

- Deverá ser firmado um termo de compromisso entre a RPPN e a instituição

responsável, com o objetivo de tanto o proprietário como o pesquisador (es)

honrarem seus compromissos;

- Os projetos devem preferencialmente abranger a área do entorno e não ficarem

limitados somente à área da RPPN;

- Projetos visando estudos de interesse direto para o manejo da Reserva devem ser

considerados prioritários para serem realizados;

- No caso do projeto ser desenvolvido por estudantes de graduação ou pós-

graduação, deverá haver a coordenação de professor ou profissional responsável

da instituição de ensino, na qual o aluno está matriculado;

- Todo pesquisador deverá levar em conta critérios éticos para a realização de sua

pesquisa, visando sempre à busca de novos conhecimentos que contribuam com a

conservação da RPPN Fazenda Palmital;

Page 119: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

105

- Pesquisas que envolvam coleta, captura e marcação devem adotar

procedimento exigido em legislação pertinente e do cadastro no Sistema de

Autorização e Informação em Biodiversidade SISBIO/ICMBIO;

- Após o término do projeto, todos os equipamentos e materiais utilizados no

trabalho deverão ser retirados da Reserva;

- Dependendo da duração do projeto, deverão ser entregues relatórios parciais

anuais, e, ao final dos trabalhos, relatório conclusivo impresso e em versão digital

sobre a pesquisa desenvolvida;

- Todos os relatórios deverão ser arquivados pela gerência da Reserva, para fazer

parte do acervo técnico dessa unidade de conservação;

- Os resultados das pesquisas ou monitoramentos poderão ser publicados em

revistas ou anais de congressos, devendo a gerência da Reserva ser previamente

comunicada;

- Toda produção científica dos projetos deverá ficar disponível para acesso público

em meio digital em site na internet e por meio impresso no escritório administrativo

da RPPN, sendo no segundo caso, necessário a solicitação por escrito para

empréstimo do material.

Resultados Esperados

- Programa de pesquisa e monitoramento implantado;

- Convênios de parcerias com instituições de ensino e pesquisa e demais

organizações ambientais firmados;

- Conhecimentos referentes aos aspectos bióticos, abióticos, socioeconômicos e

culturais da RPPN aprofundados;

- Banco de dados sobre a produção científica na área da Reserva organizado e a

disposição para consulta pública;

- Inventários com os grupos animais significativos ainda pouco ou não estudados na

área realizados.

- Valoração em nível regional e nacional da RPPN por meio da divulgação das

informações geradas;

12.4 Programa de Visitação

Page 120: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

106

A visitação pública pode se tornar uma das principais fontes de geração de renda

de uma RPPN, necessitando para isso, ser devidamente planejada. Para os

visitantes, é uma ótima oportunidade para enriquecer seus conhecimentos sobre a

natureza, além de fomentar o senso crítico em relação à conservação ambiental. A

RPPN Palmital tem interesse futuro em desenvolver atividades de visitação na área,

respeitando, no entanto, as diretrizes e o zoneamento apresentados no presente

Plano de Manejo. Dessa forma, o programa de visitação tem como objetivo

promover o desenvolvimento de atividades turísticas de natureza em suas diferentes

modalidades, em especial, do ecoturismo e do turismo da observação, de forma

que sejam gerados recursos para contribuir com a sustentabilidade financeira dessa

unidade de conservação.

O programa de visitação da RPPN Palmital estará ancorado na infraestrutura física e

de pessoal atuante em toda a propriedade, ou seja, será utilizada a estrutura de

hospedagem, de alimentação e de atividades gerais ligadas à educação

ambiental e ao turismo de natureza presente na Fazenda Santa Clara. Dessa forma,

o programa de visitação poderá ser implantado sem haver a necessidade de

construção de espaço físico para recepção e acomodação de visitantes, devendo

apenas ser estruturados os acessos que levam à Zona de Visitação e aos atrativos

nela existentes.

No que se refere à educação ambiental, não estão previstas atividades para serem

realizadas na área da RPPN, pois, todos os programas com esse propósito serão

desenvolvidos somente na área da Fazenda Santa Clara (propriedade como um

todo).

Objetivo

O Programa de Visitação tem por objetivo ordenar e orientar a visitação na RPPN

Fazenda Palmital promovendo o conhecimento dos aspectos ambientais e

histórico-culturais da área da Reserva através de atividades de turismo de natureza

e de interpretação ambiental.

Ações Gerais

- Planejamento e implantação de roteiro de visitas a atrativos da reserva,

localizados na Zona de Visitação;

Page 121: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

107

- Planejamento de programas e roteiros específicos de turismo técnico-científico e

de observação de aves;

- Definição da capacidade de suporte dos espaços a serem visitados;

- Estruturação de acessos aos locais a serem visitados;

- Planejamento de programas de visitação e de conscientização ambiental com o

envolvimento da comunidade do entorno;

- Compra de equipamentos específicos para as atividades de visitação;

- Preparação de material audiovisual abordando aspectos naturais e histórico-

culturais da RPPN, para apresentação aos visitantes previamente ao deslocamento

para os locais de visitação.

Atividades

- Planejar circuito de visitação de forma a proporcionar aos visitantes,

oportunidades diversificadas de recreação e de enriquecimento das experiências

em contato com um ambiente natural;

- Estruturar a estrada de acesso à Zona de Visitação, permitindo caminhada

confortável e sem riscos de acidentes;

- Implantar trilhas para deslocamento aos locais de visitação fundamentados em

estudos prévios para a geração mínima possível de impactos;

- Implantar placas de sinalização, indicação e orientações gerais sobre as normas

de visitação nos diferentes atrativos a serem visitados;

- Determinar temas interpretativos nos percursos das trilhas para gerar

conhecimentos ambientais aos visitantes;

- Promover a capacitação de condutores para o acompanhamento dos visitantes

nas trilhas, com segurança;

- Criar e estruturar sistema de segurança emergencial para atendimento aos

visitantes em caso de possíveis acidentes;

- Realizar monitoramento frequente dos locais de visitação para a avaliação de

possíveis impactos gerados aos ambientes locais, e tomada de atitudes para a

minimização ou erradicação desses impactos;

- Elaborar fichas de avaliação para preenchimento pelos visitantes para a melhoria

das atividades;

- Avaliar para cada trilha a capacidade de carga e respeitar essa capacidade;

Page 122: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

108

- Elaborar roteiros de atividades que estimulem os visitantes à prática da fotografia

da natureza;

- Promover atividades de recreação através de dinâmicas de sensibilização.

Normas

- A visitação na área da RPPN deverá ser controlada e restrita a grupos pequenos,

visando minimizar os impactos aos ambientes visitados, além do que, constituir-se de

experiências em contato com a natureza para a aquisição de conhecimentos;

- A única área do zoneamento da RPPN em que poderá ser feita a visitação é a

Zona de Visitação;

- O acesso à Zona de Visitação e as trilhas para se chegar aos atrativos deverão

estar sempre em boas condições de uso;

- A quantidade máxima de pessoas nas trilhas deverá obedecer ao número

estipulado no cálculo de capacidade de carga real, podendo ser flexível mediante

estudos de monitoramento do uso público, através da avaliação de indicadores de

impactos;

- Independente do tamanho do grupo, a visitação somente poderá ser feita com

acompanhamento de condutor;

- Os condutores devem ser preferencialmente moradores da região, com

conhecimentos básicos sobre a ecologia da área e capacitados a lidar com

pessoas;

- Todo condutor contratado deverá ser maior de idade, ou seja, ter mais de 18 anos;

- O tempo de visitação e o tamanho dos grupos de visitantes devem estar de

acordo com a capacidade de suporte do ambiente e da quantidade de

condutores disponíveis para acompanhar os grupos;

- Deverá haver monitoramento constante da estrada de acesso e trilhas visando à

manutenção dessas e a minimização de ocorrência de impactos negativos aos

ambientes da área;

- Todos os visitantes deverão ser cadastrados e informados dos procedimentos e

normas de visitação na área da Reserva, de modo a evitar impactos negativos

sobre os ambientes locais e a garantir a segurança dos visitantes;

- As visitas em grupo deverão, preferencialmente, ser agendadas com

antecedência;

Page 123: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

109

- Todas as atividades deverão ser monitoradas para identificação e correção de

impactos que a visitação venha a provocar;

- Todas as atividades deverão ser realizadas de forma a proporcionar segurança

aos visitantes;

- As trilhas que forem implantadas para a visitação deverão ter placas indicativas,

educativas e informativas;

- As atividades de visitação e uso público não devem interferir no objetivo principal

da RPPN que é a conservação da biodiversidade biológica;

- Não deverá ser permitido o uso de aparelhos sonoros na RPPN, para não

influenciar no comportamento da fauna local. Esses aparelhos somente poderão se

utilizados na área de alojamento e restaurante da Fazenda Santa Clara, sempre em

volume compatível com a harmonia do espaço;

- O consumo de bebida alcoólica não deverá ser permitido na área da RPPN;

- Qualquer tipo de resíduo sólido (lixo) levado pelos visitantes para dentro da área

da RPPN deverá ser recolhido e levado para a Sede da RPPN localizada na

Fazenda Santa Clara para destinação final;

- O horário de visitação deverá ser entre as 08:00 às 17:00 horas no horário normal e

das 8:00 até as 19:00 no horário brasileiro de verão;

- Atividades noturnas não deverão ser realizadas na RPPN, ficando essas restritas à

realização na área da Fazenda Santa Clara;

- Não será permitida a realização de eventos de cunho religioso ou políticos no

interior da Reserva;

- A gerência da RPPN deverá vistoriar continuamente os locais de visitação para

verificação das condições ambientais desses locais.

Resultados Esperados

- Programa de visitação implantado;

- Estrada de acesso à Zona de Visitação estruturada;

- Trilhas implantadas e estruturadas para deslocamento de visitantes às áreas de

interesse;

- Condutores de visitantes capacitados para desenvolvimento das atividades;

-Sistema de segurança emergencial para atendimento aos visitantes em caso de

acidentes, planejado e implantado;

Page 124: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

110

- Sistema de monitoramento de trilhas implantado;

- Compreensão por parte do visitante do papel da RPPN como área protegida e de

seus benefícios ambientais, além de sua inserção em escala local, regional e global.

12.5 Programa de Sustentabilidade Econômica

Atingir a sustentabilidade econômica é com certeza o maior desafio das RPPNs,

levando-se em conta que o uso dos recursos naturais (somente de forma indireta),

limita grandemente a opções de geração de recursos para aplicação na

conservação mais efetiva dessas áreas.

Para a RPPN Fazenda Palmital não existe, até o momento, nenhum programa que

possibilite a geração de renda que possa manter essa unidade autossustentável no

que diz respeito à sua efetiva conservação. Os recursos atualmente aplicados

proveem da receita da área do entorno, ou seja, das atividades desenvolvidas na

Fazenda Santa Clara. Dessa forma, o desenvolvimento de um programa de

arrecadação é necessário, seja por atividades permissíveis de serem realizadas

numa RPPN (caso do turismo de natureza) ou através da busca de recursos por

meio de projetos ou de parcerias com empresas privadas, que visem à injeção

contínua de recursos nessa unidade de conservação.

O turismo de natureza pode ser perfeitamente explorado na área da Reserva, pois

tanto essa área como a propriedade como um todo apresenta vários atrativos para

visitação e consequente geração de renda. Nesse caso, é necessária a elaboração

de um projeto de turismo de natureza, com várias opções de modalidades, tais

como; o ecoturismo, o turismo de aventura, a canoagem e o arvorismo, dentre

outras.

O fato de a RPPN Fazenda Palmital situar-se próxima à zona urbana de Itapoá

permite que, em caso de um projeto planejado e implantado, muitos turistas

possam se interessar em praticar o turismo de natureza na área, especialmente no

período de temporada (dezembro a fevereiro), quando a população (temporária)

da cidade sofre enorme aumento. Fora do período de temporada de praias,

poderão ser feitos contatos com instituições diversas para a visitação de grupos à

área e a participação nas atividades de turismo de natureza oferecidas.

Page 125: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

111

Em relação às parcerias, além de ONGs que já atuam na área, também poderá ser

feita com o mais importante empreendimento do município de Itapoá, no caso, o

Porto de Itapoá que há mais de um ano vem operando na região.

Objetivo

O Programa de Sustentabilidade Econômica da RPPN Fazenda Palmital tem por

objetivo alcançar a sustentabilidade financeira da Reserva, para implantação dos

programas de manejo e projetos específicos, através de atividades de geração de

renda em torno do turismo de natureza e da busca de recursos de instituições

governamentais e de empresas privadas instaladas na região.

Ações Gerais

- Captação contínua de recursos financeiros através do Programa de Visitação,

com base na implantação de projeto de turismo de natureza;

- Manutenção de contatos e estabelecimentos de convênios e parcerias com

ONGs e empresas, para a arrecadação de recursos que possibilitem a sustentação

econômica da área;

- Promoção de eventos voltados à conservação ambiental visando à arrecadação

de recursos para aplicação na proteção da Reserva;

- Desenvolvimento e comercialização de produtos de vendas relacionados à RPPN.

Atividades

- Elaborar planilha de custos com previsão de gastos em atividades de

gerenciamento e fiscalização;

- Preparar circuito turístico com diferentes modalidades de turismo de natureza;

- Identificar fontes potenciais de financiadores que apoiam projetos e ações em

UCs e buscar a captação de recursos financeiros para o gerenciamento e

manutenção da RPPN;

- Buscar parcerias, apoios e financiamentos externos para contribuir com a

manutenção da área;

Page 126: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

112

- Criar produtos com a marca da RPPN para serem comercializados em hotéis,

pousadas e comércio em geral da cidade de Itapoá para entrada de recursos

financeiros.

Normas

- As atividades de geração de renda por meio da visitação somente poderão ser

realizadas na Zona de Visitação;

- Parcerias com ONGs somente deverão ser feitas se essas tiverem corpo técnico

que realmente possa contribuir com a conservação da área;

- Recursos financeiros provenientes de empresas deverão ser aceitos somente no

caso de não poluidoras e que não possuam passivos ambientais. Portanto, o

gerente e o proprietário da RPPN devem avaliar a origem da fonte de recursos

recebida e obedecer à legislação pertinente para transações financeiras.

Resultados Esperados

- Projeto de visitação com base no turismo de natureza planejado e implantado;

- Parcerias firmadas com empresas para arrecadação contínua de recursos;

- Programas de eventos planejados e implantados;

-Visitantes satisfeitos com as atividades desenvolvidas e conscientizados da

importância da RPPN Fazenda Palmital para a conservação da natureza.

12.6 Programa de Comunicação

O programa de comunicação tem como propósito a divulgação de uma área

protegida, demonstrando a importância dos aspectos ambientais, culturais e

históricos que protege, além da divulgação dos serviços ambientais prestados, dos

resultados de pesquisas científicas e das atividades em geral voltadas à

conscientização ambienta (MILANO, 2003).

No caso da RPPN Fazenda Palmital, não existe atualmente uma divulgação em

particular da área, mas sim, de toda a propriedade (Fazenda Palmital e Santa

Clara), sendo essa área, como já descrito anteriormente, denominada de Reserva

Volta Velha.

Page 127: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

113

A divulgação da Reserva Volta Velha é feita através de um web site

(www.reservavoltavelha.com.br) mantido pelos proprietários, que tem por

finalidade a apresentação da referida área, sua importância na conservação

ambiental e atividades de pesquisa e de educação ali realizadas. Também existe

um vídeo sobre a Reserva Volta Velha com duração aproximada de 9 minutos,

disponível para acesso do público pela internet através do YOUTUBE.

Além do uso da mídia eletrônica, a divulgação da Reserva também é feita por

meio de prospectos que ficam à disposição das pessoas em locais de grande

movimentação, tais como, restaurantes, hotéis e pousadas, além do BLOG da ADEA

(Associação de Defesa e Educação Ambiental) e da página da internet da

Associação de Proprietários de RPPNs de Santa Catarina (RPPN Catarinense). Como

já existe um site de divulgação da propriedade (Reserva Volta Velha), não haverá

há necessidade de se criar outro para a RPPN Fazenda Palmital, mas sim, apenas

reestruturar o site da Reserva Volta Velha, criando-se um Link com informações

específicas da RPPN.

Objetivo

Esse programa tem por objetivo incrementar a divulgação da RPPN Fazenda

Palmital através de material digital específico da Reserva para inclusão na mídia

eletrônica, assim como, de material impresso para distribuição ao público em geral.

Ações Gerais

- Produção de material em meio digital para divulgação da RPPN Fazenda Palmital;

- Produção de material impresso;

- Criação de logomarca para a RPPN Fazenda Palmital;

- Produção de vídeo referente à RPPN Fazenda Palmital para demonstrar sua

importância regional, para a conservação ambiental;

- Produção de material gráfico com a síntese do Plano de Manejo da Reserva para

distribuição às instituições ambientais e órgãos de fiscalização.

Atividades

Page 128: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

114

- Participar em eventos ambientais da região, tais como, congressos, seminários e

encontros técnicos para apresentação do Plano de Manejo da RPPN Fazenda

Palmital;

- Promover exposições com material informativo sobre a Reserva nas escolas da

região em datas comemorativas ligadas ao meio ambiente;

- Criar um Link no site da Reserva Volta Velha para acesso a informações específicas

da RPPN Fazenda Palmital;

- Produzir vídeo com imagens de todas as atividades desenvolvidas na RPPN,

conhecidas pelo público, visitantes e comunidade em geral como referência para

a região;

- Produzir material informativo impresso (folders, informativos, etc.), referente à

Reserva;

- Produzir acervo de imagens para divulgação das atividades de pesquisa à

comunidade científica;

- Divulgar as atividades desenvolvidas na Reserva para as comunidades da região;

- Produzir material audiovisual referente à RPPN para ser utilizado em palestras nas

escolas e instituições de ensino superior da região;

- Utilizar espaços de mídias locais para a divulgação de notícias sobre as atividades

desenvolvidas na RPPN.

Normas

- Todo o material utilizado para divulgação da RPPN, tais como, fotografias, filmes

com imagens da Reserva e áudio com sons de animais, deverá obrigatoriamente

aparecer o crédito do(s) autor (es);

- Toda a informação nos materiais de divulgação devera ser verídica e não

constituir de informação que não seja verdadeira;

- A divulgação na mídia local somente deverá ser feita em meios comprometidos

ou que tenham afinidade com a proteção ambiental;

- A divulgação de produtos que envolvam pessoas não diretamente ligadas à

RPPN, somente poderá ser feita com a permissão dessas pessoas, como, por

exemplo, resultados de projetos de pesquisas.

Resultados Esperados

Page 129: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

115

- Site da Reserva Volta Velha reformulado e contendo Link com informações

específicas da RPPN Fazenda Palmital;

- Material digital e impresso de divulgação da RPPN produzido;

- Logomarca da RPPN produzida;

- Divulgação local e regional da RPPN realizada com mais intensidade.

Page 130: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

116

13. PROJETOS ESPECÍFICOS

No presente item são apresentados os projetos específicos que deverão ser

desenvolvidos na área da Reserva, com o objetivo de proporcionar o

desenvolvimento de atividades de geração de renda para sustentabilidade da

área protegida em questão.

13.1 Projeto: Planejamento e Formatação de Roteiro de Turismo de Natureza

I - Apresentação

O turismo em áreas naturais ou turismo de natureza vem sendo amplamente

difundido em vários países, incluindo o Brasil. As atividades ligadas a esse segmento

de turismo são as que atualmente mais crescem em todo o mundo, segundo estudo

da Organização Mundial do Turismo (WTO). O ecoturismo, por exemplo, já responde

por cerca de 5% do contingente total de viajantes (turistas), com perspectivas de

um crescimento acima da média do mercado turístico convencional. O turismo de

observação de aves (birdwatching) é outro segmento que vem aumentando, com

a estimativa de um número de mais de 80 milhões de adeptos em todo o mundo.

Com paisagens exuberantes e a maior diversidade de vida do planeta, o território

brasileiro apresenta grande potencial para a realização de atividades turísticas do

referido segmento, potencial esse que, no entanto, ainda é explorado de forma

muito aquém do que poderia ser, quando comparado a outros países com

potencial semelhante.

Na região de Itapoá, apesar de todo seu potencial, a exploração do turismo de

natureza é muito incipiente, ou seja, praticamente inexistem roteiros planejados,

assim como, não há também material de apoio disponível para a realização de

atividades.

Com a intenção de mudar esse quadro, o presente projeto visa à formatação e

implantação de um roteiro de turismo de natureza na área da RPPN Fazenda

Palmital. Esse roteiro deverá ser um complemento do roteiro já existente na área da

Fazenda Santa Clara. Dessa forma, as atividades de turismo de natureza

desenvolvidas na Fazenda Santa Clara, também poderão ser realizadas na área da

RPPN Fazenda Palmital. O projeto em questão deverá estar ligado ao programa de

Page 131: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

117

manejo de visitação da área, e, portanto, deverá respeitar todas as normas de

visitação descritas para o referido programa.

A proposta é realizar diferentes modalidades de turismo de natureza na área da

RPPN, abrangendo a zona de visitação dessa unidade de conservação. O

ecoturismo e o turismo de observação de aves (birdwatching) se constituirão no

foco principal, pois, a área da Reserva tem potencial para essas modalidades

turísticas. Para o planejamento dos roteiros, estão previstas diferentes ações que

visem à minimização de impactos provocados ao meio natural pela visitação.

II - Objetivos

Objetivo Geral

Implantar um programa de turismo de natureza na área da RPPN Fazenda Palmital,

com o propósito de fazer uso dos recursos naturais e paisagísticos na zona de

visitação dessa unidade de conservação.

Objetivos Específicos

- Desenvolver atividades de turismo de natureza, em especial, de ecoturismo e de

observação de aves, modalidades turísticas prioritárias no presente projeto para a

atração de turistas brasileiros e estrangeiros;

- Identificar e aplicar medidas de minimização de impactos aos ambientes da área

abrangida pelo roteiro, visando, com base no uso sustentável dos recursos naturais,

à geração de renda para aplicação na reserva e, ao mesmo tempo, promover a

conservação desses recursos;

-Realizar monitoramento das atividades e avaliação dos níveis de satisfação dos

visitantes.

III -Atributos da Reserva

Page 132: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

118

Os atributos que a RPPN Fazenda Palmital e seu entorno apresentam e que fazem

dessas áreas potenciais para a prática de segmentos de turismo de natureza

constituem-se de:

a) Diversidade de ambientes e paisagens: a área apresenta uma heterogeneidade

ambiental, composta por florestas de planícies e rios cuja interação propicia a

formação de paisagens cênicas relevantes e habitats distintos para a flora e fauna,

temas abordados em atividades de ecoturismo e turismo de observação de vida

silvestre.

b) Conservação ambiental: a conservação da área é outro atributo importante da

área da RPPN Fazenda Palmital, ao contrário da maioria das áreas de planícies que

geralmente encontram-se alteradas.

c) Diversidade de vida selvagem: a diversidade ambiental propicia a presença de

uma grande variedade de espécies de flora e fauna, algumas endêmicas da

região (com distribuição geográfica restrita à região) e outras consideradas

ameaçadas de extinção. Tanto espécies endêmicas como ameaçadas constituem-

se de argumentos consistentes para convencer a vinda de ecoturistas e

observadores de aves em escala global.

IV - Procedimentos Metodológicos

A execução do projeto consistirá no desenvolvimento de 2 ações, conforme

descrição a seguir:

a) Implantação do Roteiro:

Para a implantação do roteiro de turismo de natureza as seguintes atividades

deverão ser realizadas:

- Inventário de áreas

Page 133: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

119

A primeira atividade consistirá no levantamento e seleção de espaços com

vocação para o desenvolvimento de modalidades de turismo de natureza dentro

da zona de visitação. Para tal, campanhas de campo para o reconhecimento

dessas áreas deverão ser feitas. Durante o inventário, descrição detalhada das

áreas escolhidas será feita, além da produção de material fotográfico digital e a

tomada de pontos georeferenciados com o uso de equipamento de

posicionamento geográfico - GPS.

- Avaliação de impactos

A segunda ação será a realização de diagnóstico para avaliação dos impactos

potenciais que as atividades de turismo de natureza poderão gerar nos locais onde

as atividades deverão ser desenvolvidas. O propósito da avaliação é adotar

medidas de minimização, ou mesmo, medidas para evitar a geração de impactos

negativos aos ambientes locais.

- Formatação de roteiro

A formatação do roteiro deverá abranger os espaços escolhidos, formando um

circuito onde diferentes modalidades de turismo de natureza poderão ser

realizadas. A formatação do roteiro deverá ser subsidiada pelos resultados obtidos

do diagnóstico dos possíveis impactos que poderão ser gerados sobre o meio físico

e biótico, com a adoção de medidas de mitigação dos referidos impactos.

Para a análise dos impactos, serão utilizados indicadores físicos e bióticos que

forneçam informações específicas a respeito das condições do solo, da água, da

vegetação e da fauna nos espaços a serem utilizados para as atividades turísticas.

Além da minimização de impactos, o roteiro deverá ser planejado de tal forma que

possibilite o desenvolvimento das atividades com a sustentabilidade dos recursos

naturais e a satisfação dos visitantes. A sustentabilidade consistirá do melhor

aproveitamento possível dos recursos naturais e paisagísticos da área.

O planejamento do roteiro deverá assegurar que os impactos negativos estejam

dentro dos limites aceitáveis de mudança, ou seja, dentro de limites que um

determinado ambiente pode suportar sem causar danos significativos aos recursos e

sistemas ecológicos necessários para o seu equilíbrio, garantindo a qualidade da

Page 134: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

120

experiência do visitante. Deverá orientar principalmente o controle da capacidade

de visitação desses locais, através da limitação do número de turistas por unidade

de tempo e da postura dos mesmos que permitam a visitação conciliada à

conservação dos ambientes locais.

- Divulgação do roteiro

A divulgação do roteiro deverá ser feita através de:

I - Na Web site da Reserva Volta Velha e da Associação de RPPNs de Santa

Catarina, contendo todas as informações sobre o roteiro e o que os turistas poderão

desfrutar em suas visitas;

II - Por meio de prospectos que ficarão a disposição de pessoas em pousadas e

hotéis de Itapoá e cidades da região;

III - Pela imprensa local e regional;

IV - Através da formação de rede de contatos com operadoras que vendem

pacotes de turismo em áreas naturais.

- Monitoramento do roteiro

O roteiro deverá ser monitoramento continuamente para a avaliação das

atividades no que se refere à qualidade das mesmas e às medidas indicadas para

mitigação de impactos negativos.

V - Duração do Projeto

A duração do projeto para se atingir os objetivos propostos será de 6 meses,

incluindo o planejamento e a implantação do circuito de turismo de natureza.

Page 135: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

121

VI - Cronograma de Atividades

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES MESES

1 2 3 4 5 6

Reuniões técnicas ▲

Campanha de campo para definição de locais mais

apropriados para inclusão no roteiro de turismo de

natureza

Avaliação de possíveis impactos negativos e indicação de

medidas mitigadoras

Estruturação dos locais de visitação, de acordo com o

roteiro planejado

▲ ▲

Elaboração de relatório técnico e plano de operação

turística para a RPPN Fazenda Palmital através de

atividades de turismo de natureza

▲ ▲

Implantação do roteiro ▲

Divulgação dos roteiros ▲

VII - Orçamento

1. Serviços de Pessoa Jurídica ou Pessoa Física

Descrição dos serviços Responsável Duração dos

trabalhos

Valor

mensal R$

Valor

total R$

Levantamento de áreas com

atrativos de visitação,

planejamento, formatação de

roteiro de turismo de natureza

na RPPN Fazenda Palmital

Profissional com

experiência na

implantação de

roteiros de

turismo de

natureza

6 meses 2.500,00 15.000,00

Abertura e estruturação de

trilhas e demais locais de

visitação

Pessoal

prestador de

serviços

2 meses 1.500,00 3.000.00

Impressão de material

produzido

Gerente da

unidade

500,00

Total R$ 18.500,00

Page 136: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

122

Observação: todo o material, ferramentas e equipamentos a serem utilizados para

a estruturação de trilhas e locais de visitação, deverão ser fornecidos pelo

proprietário da Reserva.

A busca de recursos financeiros para a implantação do roteiro deverá ser através

de apresentação do projeto a possíveis financiadores da região.

13.2 Projeto: Capacitação de Condutores de Visitantes

I - Apresentação

O atendimento de visitantes na área da RPPN Fazenda Palmital exigirá a

preparação de recursos humanos para condução de grupos de turistas. Para a

qualificação de condutores será necessário a preparação e aplicação de curso

específico para tal.

A aplicação do curso terá por objetivo capacitar condutores para o

desenvolvimento de atividades de interpretação ambiental (atividade que procura

revelar os significados, relações ou fenômenos naturais por intermédio de

experiências práticas). A realização desse curso é importante e necessária, pois o

condutor, além de conhecimentos que deve ter sobre a ecologia local, também

deve ser um educador ambiental, transmitindo uma mensagem de conscientização

para modificação de comportamentos, valores e hábitos dos turistas.

II - Objetivos

Objetivo Geral

Elaborar e aplicar curso de capacitação de condutores de visitantes para

atividades de turismo de natureza na área da RPPN Palmital.

Objetivos Específicos

- Desenvolver atividades de turismo de natureza com profissionalismo, através da

condução de grupos de visitantes por pessoal capacitado;

Page 137: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

123

- Enriquecer as experiências dos visitantes através de atividades geradoras de

conhecimento em relação ao meio ambiente local;

- Garantir a segurança dos visitantes através do acompanhamento e realização de

atividades por pessoas capacitadas.

III - Procedimentos Metodológicos

Para a execução do projeto serão desenvolvidas 4 ações que constarão de:

Ação 1 - Produção de material didático para os cursos de capacitação de

condutores:

Refere-se à produção de material didático para emprego no curso de

capacitação de condutores. O material a ser produzido conterá informações gerais

sobre ambientes da região, geologia, flora, fauna, hidrografia, etc. O material

produzido deverá ser disponibilizado em meio digital e impresso para uso dos

condutores durante o curso de capacitação e posteriormente durante o

desenvolvimento de atividades de turismo em áreas naturais.

Ação 2 - Aplicação do curso de capacitação

A aplicação do curso de capacitação terá a duração de 8 meses, com módulos

mensais de duração de três dias, perfazendo um total de 192 horas de curso. Será

aberto à participação o máximo de 20 pessoas, dentre as quais, deverão ser

escolhidas posteriormente aquelas com melhor desempenho. As aulas terão caráter

teórico e prático, sendo ministradas por profissional com experiência na área.

A dinâmica de trabalho dos cursos será por meio de módulos, sendo que, em cada

módulo será trabalhado tema específico referente à:

1. Origem e evolução geológica da região;

2. Tipologias vegetacionais e principais espécies da flora regional;

3. Ambientes marinhos e estuários;

4. Composição da fauna, principais grupos, aspectos de bioecologia e

espécies relevantes à conservação;

5. História e cultura da região.

Page 138: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

124

Para todos os módulos, os participantes terão tarefas extraclasses para cumprir, o

que exigirá trabalhos de pesquisa sobre a literatura técnica referente aos assuntos

abordados.

Além dos módulos direcionados à geração de conhecimentos, haverá um módulo

específico visando à preparação dos participantes na condução de grupos. Nesse

módulo, serão feitos exercícios práticos que visem preparar os condutores em

relação à postura que devem ter perante os visitantes e a utilização de técnicas

que propiciem a atenção das pessoas. Além disso, promover a interação do

público quanto aos assuntos abordados durante atividades de diferentes

modalidades de turismo em áreas naturais.

Ação 3 - Monitoramento e avaliação dos níveis de desempenho dos condutores:

Através do acompanhamento dos monitores durante a realização das atividades

com a recepção dos primeiros grupos de turistas.

VI - Cronograma de atividades

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES MESES

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Elaboração de material didático para

cursos de capacitação de

condutores

Aplicação dos cursos de

capacitação de condutores ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲ ▲

Monitoramento e avaliação dos níveis

de desempenho dos condutores ▲ ▲

Avaliação dos resultados alcançados

pelo projeto e níveis de satisfação dos

visitantes

Page 139: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

125

V - Orçamento

1. Serviços de Pessoa Jurídica ou Pessoa Física

Descrição dos serviços Responsável Duração dos

trabalhos

Valor mensal

R$

Valor total

R$

Elaboração de material

de apoio

Profissional

especializado na

elaboração de

material para

cursos de

condutores de

turismo de

natureza

2 meses 2.000,00 4.000,00

Impressão de material

para o curso

Gerente da

unidade

1 mês 1.000,00

Aplicação dos cursos

de capacitação

Profissional com

experiência em

ministrar cursos

para

capacitação de

condutores

8 meses 2.000,00 16.000,00

Total R$ 21.000,00

Page 140: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

126

14. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, M. A. de. A Vida das Aves. Introdução à biologia e conservação. Editora

Líttera Maciel: Belo Horizonte, 1993, 160p.

ARAUJO, D. S. D. Restingas: síntese dos conhecimentos para a costa sul e sudeste

brasileira. In: ACIESP (org.). Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste

Brasileira. Anais. v. 1, 1987, p. 333-337.

BASEI, M.S. A.; SIGA JR. O.; MACHIAVELLI A.; MANCINI F. Evolução tectônica dos

terrenos entre os Cinturões Ribeira e Dom Feliciano (PR-SC). Rev. Brasileira de

Geociências, v. 22 n. 2 p.216-221, 1992.

BÉRNILS, R. S.; M. A. BATISTA; P. W. BERTELLI. Cobras e lagartos do Vale: levantamento

das espécies de Squamata (Reptilia: Lepidosauria) da Bacia do Rio Itajaí, Santa

Catarina, Brasil. Revista de Estudos Ambientais n. 3, v.1, p. 69-79, 2001.

BÉRNILS, R. S.; GIRAUDO A. R.; CARREIRA, S.; CECHIN. S. Z. RÉPTEIS DAS PORÇÕES

SUBTROPICAL E TEMPERADA DA REGIÃO NEOTROPICAL. Ciência e Ambiente n. 35, p.

102-136, 2007.

BRACK, P. Ecossistemas e sustentabilidade. In: Resumos. II Encontro Socioambiental

do Litoral Norte do RS, Imbé: CECLIMAR – UFRGS, Resumos, 2006, pag. 46-71,

CABRAL, O. R. História de Santa Catarina. Vol. I, Editora Grafipar: Curitiba, PR, 1999.

CABRERA, A. L.; WILLINK, A. Biogeografia de America Latina. 2 ed., Washington, OEA,

1980.

CÁCERES, N. C. Occurrence of Conepatus chinga (Molina) (Mammalia, Carnivora,

Mustelidae) and other terrestrial mammals in the Serra do Mar, Paraná, Brazil. Revista

Brasileira de Zoologiav. 21 n. 3, p. 577–579,2004.

CBRO - COMITE BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS. Lista de Aves do Brasil.

Atualização: 27/1/2011. Disponível em http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm.

Acesso em novembro de 2011.

CHEREM, J. J.; SIMÕES-LOPES, P. C.; ALTHOFF,S.; GRAIPEL, M.LISTA DOS MAMÍFEROS

DO ESTADO DE SANTA CATARINA, SUL DO BRASIL. Mastozoologia Neotropical, v. 11,

n. 2, p.151-184, 2004.

CI – CONSERVATION INTERNATIONAL. Megadiversidade. vol. 1,1ª edição,

Conservation International do Brasil, 2005.

COOPERRIDER, A. Y. Habitat Evaluation System. In: U.S. Dep. Inter., Bureau of Land

Manegement, p. 757-776, 1986.

CULLEM JR., L.; BODMER, E. R.; VALLADARES-PADUÁ, C. Effects of huntingin hábitat

fragments of the Atlantic Forest, Brazil. Biological Conservation, v. 95, p. 49-56, 2000.

Page 141: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

127

CUNHA, A. K.; OLIVEIRA, I. S.; HARTMANN. M. T. Anurofauna da Colônia Castelhanos,

na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, Serra do Mar paranaense, Brasil.

Biotemas, v. 23, n. 2, p. 123-134, 2010.

DUELLMAN, W. E.Distribution Patterns of Amphibians in South America.255-328pp.In:

W.E. Duellman (ed.), Patters of Distribution of Amphibians. A Global Perspective. The

Johns Hopkins University Press, 1999, p. 633.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos. Brasília: Embrapa, Produção de Informação; Rio de Janeiro:

Embrapa Solos, 1999.

EMMONS L.H.; FEER. F. Neotropical rainforest mammals: a field guide. Chicago,

University of Chicago Press, XVI+ 307, 1997.

FERREIRA, L. M.; CASTRO, R. G. S.; CARVALHO, S. H. C. Roteiro metodológico para

elaboração de plano de manejo para Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA, 2004.

FONSECA, G.A.B.; HERRMANN, G.; LEITE, Y.L.R.; MITTERMEIER, R.A.; RYLANDS, A.B.;

PATTON, J.L. Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Occasional Papers on

Conservation Biology, n. 4, p 1-38, 1996.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA E INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS.

Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica Período 2008 – 2010. São Paulo,

2010. Disponível em: http://www.sosma.org.br/index.php?section=atlas&action

=atlas. Acesso em março de 2012.

GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I. G. Status do Hotspot Mata Atlântica: uma síntese.

Belo Horizonte, Fundação SOS Mata Atlântica/Conservation International Brazil, 2005.

GHIZONI-JR, I. R.; AZEVEDO, M. A. G. Composição de bandos mistos de aves

florestais de sub-bosque em áreas de encosta e planície da Floresta Atlântica de

Santa Catarina, sul do Brasil. Biotemas, v. 19, n. 2, p. 47-53, 2006.

GONSALES, E. M. L. Diversidade e Conservação de Anfíbios Anuros no Estado de

Santa Catarina, Sul do Brasil. 218 f. Tese (Instituto de Biociências), Universidade de

São Paulo. São Paulo, 2008. Disponível em:

<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-02122008-163811/pt-r.php>.

Acesso em fevereiro de 2012.

GONZAGA, L. P. Conservação e Atração de Aves. Fundação Brasileira para a

Conservação da Natureza, série divulgação. Rio de Janeiro, 1982, 110p.

GOOGLE EARTH. Imagem 2011 – Digitalglobe. Disponível em http://www.google

earth.com. Acesso: janeiro de 2012.

GRAIPEL, M. E.; MILLER, P. R. M.; GLOCK, L.PADRÃO DE ATIVIDADE DE AKODON

MONTENSIS E ORYZOMYS RUSSATUS NA RESERVA VOLTA VELHA, SANTA CATARINA, SUL

Page 142: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

128

DO BRASIL. Mastozoología Neotropical / J. Neotropical. Mammal, v. 10, n. 2, p. 255-

260, 2003.

GRAIPEL, M. E. Dinâmica populacional de pequenos mamíferos em Floresta atlântica

de Planície Reserva Volta Velha, Itapoá, Sul do Brasil. Tese em zoologia.

Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.

HADDAD, C. F. B.; ABE, A. Anfíbios e Répteis. In: WORSHOP MATA ATLÂNTICA E

CAMPOS SULINOS. 1999. Disponível em www.bdt.org.br/workshop/mata.atlantica

Acesso em janeiro de 2012.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010.

Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/de-

fault.shtm. 2010. Acesso em dezembro de 2011.

INSTITUTO RÃ-BUGIO. Características dos anfíbios. Disponível em:http://www.ra-

bugio.org.br/anfibios_pererecas.php. Acesso em janeiro de 2012.

IUCN -International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. The

IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em

http://www.iucnredlist.org/.Acesso em fevereiro de 2012.

LAGOS, A. R.; MÜLLER, B. L. A.HOTSPOT BRASILEIRO – Mata Atlântica. Saúde e

Ambiente em Revista. Duque de Caxias, v. 2, n.2, p. 35-38, 2009.

LUTZ, B.. Anfíbios Anuros do Distrito Federal. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz v. 52

n. 1, 1954.

MACHADO, A. B. M.; MARTINS, C. S.; DRUMMOND, G. M. Lista da fauna brasileira

ameaçada de extinção: incluindo as espécies quase ameaçadas e deficientes em

dados. Fundação Biodiversitas, 2005, 158 p.

MARQUES, O. A. V.; PEREIRA, D. N.; BARBO, F. E., GERMANO, V. J. E SAWAYA, R. J. Os

Répteis do Município de São Paulo: diversidade e ecologia da fauna pretérita e

atual. Biota Neotropical, vol. 9, n. 2, 2009.

MITTERMEIER, R. A.; AYRES, J. M.; FONSECA, G. A. B. O. País da Megadiversidade.

Ciência Hoje, v. 14, n. 8, p. 20-27, 1992.

MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lista das Espécies da Fauna Brasileira

Ameaçada de Extinção. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis, Instrução Normativa nº 3, de 27 de maio de 2003.

MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira

Ameaçadas de Extinção. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_arquivos/83_19092008034949.p

df. Acesso em janeiro de 2012.

MANTOVANI, W. A vegetação sobre a restinga de Caraguatatuba, SP. In: Anais do II

Congresso Nacional sobre Essências Nativas. v. 4. P. 139-144, São Paulo, 1992.

Page 143: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

129

MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. AVALIAÇÃO E AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA A

CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA E CAMPOS SULINOS.

Brasília, 2003.

MILANO, M. S. CURSO SOBRE MANEJO DE ÁREAS PROTEGIDAS. Universidade Livre do

Meio Ambiente, Curitiba, Apostila, 1993.

MORATO, S. A. Serpentes da Região Atlântica do Estado do Paraná, Brasil:

Diversidade, distribuição e ecologia. Curitiba, 195 f. Tese do Departamento de

Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

NEGRELLE, R. R. B. Composição florística, estrutura fitossociológica e dinâmica de

regeneração da Floresta Atlântica na Reserva Volta Velha, Mun. Itapoá, SC. Tese,

Universidade Federal de São Carlos, 1995.

NEGRELLE,R. R. B. Composição florística e estrutura vertical de um trecho de Floresta

Ombrófila Densa de Planície Quaternária. Hoehnea v. 33, n. 3, p. 261-289, 2006.

NOWAK, R. M. Walker’s mammals of the world. The John Hopkins University Press.

Baltimore and London, 1999.

PMI – Prefeitura Municipal de Itapoá. Dados Históricos. Disponível em

http://www.itapoa.sc.gov.br. Acesso em dezembro de 2011.

QUADROS, J. Dieta, área de vida e sobreposição de nicho trófico e espacial dos

Carnívoros (Mammalia) da Reserva Volta Velha, em Itapoá, Santa Catarina. Tese

(Departamento de Zoologia), Universidade Federal do Paraná, 1997.

REIS, R. R. dos; PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, de I. P. Mamíferos do Brasil –

Londrina, 2006.437 p.

REITZ, R.; KLEIN, R.M.; REIS, A. Projeto madeira de Santa Catarina. Herbário Barbosa

Rodrigues, Itajaí, 1978.

RESERVA VOLTA VELHA. RELAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS DESENVOLVIDOS NA

RESERVA VOLTA VELHA. Disponível em http://www.reservavoltavelha.com.br/.

Acesso em janeiro de 2012.

RODERJAN , C. V.; GALVÃO, F.; KUNIYOSHI, Y. S.; HATSCHBACH, G. G. As unidades

fitogeográficas do estado do Paraná, Brasil. Revista Ciência e Ambiente, n. 25.

Santa Maria – RS, 2002.

ROSSI R.V., BIANCONI, G.V.; PEDRO, W.A. Ordem Didelphimorphia. In: Mamíferos do

Brasil. Eds. N. R. Reis, A. L. Peracchi, W. A. Pedro ; I. P. Lima. Paraná, p. 29-68, 2006.

SBH - SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOLOGIA. A Lista Brasileira de Anfíbios e

Répteis. Disponível em: http://www.sbherpetologia.org.br/checklist/checklist_

brasil.asp. Acesso em janeiro de 20112.

Page 144: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

130

SCHWIRKOWSKI, P. Lista de répteis (reptilia) de Santa Catarina. Disponível em

http://pt.scribd.com/doc/53552563/Lista-de-repteis-reptilia-de-Santa-Catarina-2011-

Paulo-Schwirkowski. Acesso em Janeiro de 2011.

SEGER, C. D. Inventário Avifaunístico Preliminar da Reserva Particular do Patrimônio

Natural Volta Velha, Itapoá – SC. Relatório - SPVS, Curitiba, 1992. Relatório. Não

publicado.

SEGER, C. D. UTILLIZAÇÃO DOS ECURSOS NATURAIS DA PAISAGEM PARA O

PLANEJAMENTO DE UM CIRCUITO DE ECOTURISMO NA RESERVA VOLTA VELHA –

ITAPOÁ – SANTACATARINA. Dissertação (conservação da natureza), Universidade

Federal do Paraná, Curitiba, 2006.

SEMA – SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE DO PARANÁ/IAP – INSTITUTO

AMBIENTAL DO PARANÁ. Relatório Parcial do Diagnóstico Sócio-Ambiental da APA

da Serra do Mar. Curitiba, 2003. 154p.

SEMA – SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO. Plano de Manejo

do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR. Disponível em

http://www.petaronline.com.br/Plano%20de%20Manejo%20PETAR/0.%20P%E1ginas%

20Iniciais%20pre%20consema.pdf. Acesso em janeiro de 2012.

SICK, H. Ornitologia Brasileira. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997. 828p.

SILVA. F. Mamíferos Silvestres do Rio Grande do Sul. Fundação Zoobotânica do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, 1984, 245p.

SILVA, S. M. Composição florística e fitossociologia de um trecho de floresta de

restinga na Ilha do Mel, Município de Paranaguá, PR. Tese, Universidade Estadual de

Campinas, Campinas, 1990.

SIPINSKI, E. A. B.; REIS, N. Dados Ecológicos dos Quirópteros da Reserva Volta Velha,

Itapoá, Santa Catarina, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v.12 n.3, Curitiba, p.519-

528, 1995.

Souza, M. C. Mapeamento da planície costeira e morfologia e dinâmica das praias

do município de Itapoá, SC: subsídios à ocupação. Dissertação 169f, Universidade

federal do Paraná, 1999.

SPVS – SOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCAÇÃO AMBIENTAL.

Considerações Preliminares sobre a Fauna de Vertebrados e Fitofisionomia da Área

de Especial Interesse Turístico do Marumbi – PR. SPVS, Curitiba, 1988. 274p.

STCP Engenharia Ltda. Diagnóstico Ambiental da APA de Guaratuba. STCP, Curitiba,

1996. Relatório não publicado.

STEHMANN, J. R. Plantas da Floresta Atlântica. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico.

Rio de Janeiro, 2009.

Page 145: PLANO DE MANEJO RPPN FAZENDA PALMITAL - icmbio.gov.br · Com a elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Fazenda Palmital conta agora com documento técnico que será de grande importância

131

STOTZ, D. F.; FITZPATRICK, J. W. ; PARKER III, T. A. & MOSKOVITS, D. K. Neotropical Birds.

Ecology and Conservation. The University of Chicago Press, Chicago – USA, 1996.

480 p.

STRAUBE, F. C. Conservação de Aves do Litoral Sul do Estado do Paraná. Arquivos de

Biologia e Tecnologia v. 33, n. 1, p. 159-173, Curitiba, 1990.

VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação

brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE/PROJETO RADAMBRASIL, 1991. 112

p.

WOEHLJR., G. A dramática situação dos anfíbios da Mata Atlântica. Revista ECO-21.

Disponível em:

http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:bA83kXfzHYJ:www.eco

21.com.br/textos/textos.asp%3FID%3D1499+A+dramática+situação+dos+anfíbios+da

+Mata+Atlântica&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client. Acesso em dezembro de

2011.

WWF. Mapa vegetação brasileira. Disponível em http://wwf.org.br. Acesso em

janeiro de 2012.