Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

40
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CAMPO MOURÃO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DISCIPLINA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS PRAD LOTE 7-H ALINE WATANEBE FELIPE P. ALBUQUERQUE JULIANA CORREIA KELLY LEIKO UMEKI CAMPO MOURÃO 2011

description

Plano de recuperação de Área degradada no lote 7-h, no município de Campo Mourão. Encontra-se no local remanescente de cerrado.

Transcript of Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

Page 1: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

1

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CAMPO MOURÃO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL DISCIPLINA DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

PRAD – LOTE 7-H

ALINE WATANEBE FELIPE P. ALBUQUERQUE

JULIANA CORREIA KELLY LEIKO UMEKI

CAMPO MOURÃO 2011

Page 2: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

2

ALINE Y. M. WATANABE FELIPE P. ALBUQUERQUE

JULIANA CORREIA KELLY LEIKO UMEKI

PRAD – LOTE 7-H

Trabalho apresentado como requisito da disciplina de Recuperação de Áreas Degradadas, referente ao oitavo período do Curso Superior de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná campus Campo Mourão - PR

Professor: Marcelo Galeazzi Caxambu

CAMPO MOURÃO 2011

Page 3: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

3

SUMÁRIO

1. Descrição geral da área ........................................................................................ 5

1.1 Informações gerais ......................................................................................... 5

1.1.1 Identificação da área ............................................................................... 5

1.1.2 Legislação pertinente ............................................................................... 5

1.1.3 Localização da área ................................................................................. 6

1.1.4 Identificação da empresa que elaborou o plano ...................................... 7

1.1.5 Nome e endereço do proprietário ............................................................ 7

2. Diagnóstico ambiental........................................................................................... 7

2.1 Definição das áreas de influência direta e indireta ......................................... 7

2.2 Meio físico ...................................................................................................... 8

2.2.1 Climatologia ............................................................................................. 8

2.2.2 Geologia .................................................................................................. 8

2.2.3 Hidrologia ................................................................................................ 8

2.3 Meio biótico .................................................................................................... 9

2.3.1 Caracterização qualitativa e quantitativa da fauna e flora ....................... 9

2.3.2 Interrelação fauna/flora .......................................................................... 19

2.3.3 Caracterização da biodiversidade e estrutura dos habitates ................. 20

2.4 Meio antrópico .............................................................................................. 20

2.4.1 Dinâmica populacional ........................................................................... 20

2.4.2 Uso e ocupação do solo e seus ordenamentos ..................................... 20

2.4.3 Atividades econômicas e estrutura produtiva ........................................ 20

2.4.4 Elementos do patrimônio natural, histórico, cultural e arqueológicos .... 21

2.4.5 Caracterização de interesses potencialmente conflitantes .................... 21

2.5 Fisionomia ecológica da região .................................................................... 22

2.6 Integração dos aspectos bióticos e abióticos da paisagem .......................... 23

3. Impactos ambientais ........................................................................................... 24

4. Aptidão e intenção de uso futuro ........................................................................ 25

4.1 Descrição dos impactos ............................................................................... 25

4.2 Utilização prevista para a área ..................................................................... 25

5. Conformação topográfica e paisagística ............................................................. 25

5.1 Detalhamento do processo nas áreas de influência direta e indireta ........... 25

5.1.1 Estabilidade, controle de erosão e drenagem ....................................... 25

Page 4: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

4

5.1.2 Adequação paisagística ......................................................................... 25

5.1.3 Revegetação com predominância de espécies nativas locais ............... 28

5.2 Concepção esquemática da área reabilitada ............................................... 29

6. Ações emergenciais para riscos de acidentes ambientais .................................. 30

6.1 Atuação em condições anormais, de acidentes e de situações potenciais de

emergência ............................................................................................................ 30

6.2 Níveis de gravidade de risco gerados pelos incidentes e acidentes ............ 31

6.2.1 Detecção do incidente ........................................................................... 31

6.3 Estabelecimento de atendimento de emergências ....................................... 31

7. Programa de acompanhamento e monitoramento .............................................. 32

7.1 Fauna ........................................................................................................ 32

7.2 Flora ............................................................................................................. 32

7.3 Biodiversidade .............................................................................................. 32

7.4 Instrumentação de estrutura e obras............................................................ 33

7.5 Acompanhamento e manutenção das obras executadas............................. 33

8. Fluxograma de planejamento e execução .......................................................... 34

9. Cronograma executivo ........................................................................................ 35

9.1 Físico ............................................................................................................ 35

9.2 Financeiro .................................................................................................... 35

9.2.1 Confecção e instalação de cercas, alambrados, portão e passagem de

pedestres ............................................................................................................ 35

9.2.2 Serviços de limpeza do terreno, Manejo monitorado das espécies

exóticas e exóticas invasoras e recuperação da área ........................................ 36

9.2.3 Pró-labore .............................................................................................. 36

10. Referencias Bibliográficas ............................................................................... 36

11. Equipe técnica ................................................................................................. 39

12. Anexo .............................................................................................................. 40

Page 5: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

5

1. Descrição geral da área

1.1 Informações gerais

1.1.1 Identificação da área

A área em estudo é uma vegetação remanescente de cerrado, situada

em área urbana localizada no município de Campo Mourão - PR. Esta área possui

quantidades significativas de plantas típicas de cerrado, como o Caryocar brasiliense

Cambess, além de possuir plantas endêmicas como a Butia paraguayensis (Barb.

Rodr.) L. H. Bailey e outras ameaçadas de extinção. Há a presença também de

espécies exóticas e exóticas invasoras, como a Urocloa brizantha (Hochst. ex A.

Rich.) Stapf. e a Leucaena leucocephla Mart. A área possui 20.000 m2 e tem sofrido

depredação por ser utilizada como depósito de entulhos e outros rejeitos, além de

ser usada como atalho pra passagem de moradores das redondezas.

1.1.2 Legislação pertinente

NBR 13030/99

Elaboração e apresentação de projetos de reabilitação de áreas

degradadas pela mineração. O PRAD realizado foi baseado nessa norma da ABNT.

Sistema Nacional de Unidades de Conservação

Lei Federal nº 9.985, de 18 de Julho de 2000 e Decreto Federal nº

4.340, de 22 de Agosto de 2002. Regulamentam artigos da Lei n° 9.985 de 18 de

Julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação

da Natureza - SNUC e dá outras providências.

ICMS Ecológico

Lei Complementar nº 59, de 01 de outubro de 1991. Dispõe sobre a

repartição de 5% do ICMS, a que alude o art. 2º da Lei nº 9.491/90, aos municípios

com mananciais de abastecimento e unidades de conservação ambiental, assim

como adota outras providências.

Compensação Ambiental

Resolução CONAMA 371, de 5 abril de 2006. Estabelece diretrizes

aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de

gastos de recursos advindos de compensação ambiental, conforme a Lei nº 9.985,

de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza - SNUC e dá outras providências.

Page 6: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

6

Legislação Municipal

A área é declarada de preservação permanente pela Lei Municipal

nº 1.769 de Dezembro de 2003 e declarado de utilidade pública para fins de

desapropriação pelo Decreto Municipal nº 3.845, de 22 de agosto de 2007, visando

instituir no local uma Unidade de Conservação. A ação foi motivada por uma

iniciativa do Fórum Permanente da Agenda 21 local de Campo Mourão e da UTFPR,

os quais consideram prioritária a proteção das espécies existentes no Lote 7-H

(MIZOTE, 2011).

1.1.3 Localização da área

O lote 7-H, resultante da subdivisão do lote 7-REM da Gleba 1, 3° parte

da Colônia Mourão, consta na planta do loteamento urbano, denominado Jardim

Nossa Senhora Aparecida na margem da rodovia PR 158, sendo essa a sua

principal via de acesso. Encontra-se logo na saída da cidade de Campo Mourão,

sentido a Maringá. Entre as instalações das empresas Cipauto e VRI (Figura 1).

Figura 1. Imagem área do Lote 7-H. Escala: 1:3600. Fonte: Google Maps, 2011. Com adaptação.

Área

20.000 m2

Page 7: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

7

1.1.4 Identificação da empresa que elaborou o plano

Razão social/Nome: Ecobio Carbon Empreendimentos Ecológicos Ltda.

CNPJ: 08.380.319/0001-00

Fone: (044) 3017 1988

Endereço: Rua Mato Grosso, n° 528. CEP: 87600-000 – Nova

Esperança – PR

Responsável técnico: Aline Watanabe

1.1.5 Nome e endereço do proprietário

Razão social/Nome: Imobiliária Sol.

Fone: (44) 3543-1884

Endereço: Rua Guarujá, 2147

CEP: 87600-000 Maringá – PR

2. Diagnóstico ambiental

2.1 Definição das áreas de influência direta e indireta

No entorno da estação existem empresas e há também grande fluxo de

pessoas devido ao acesso ao bairro próximo a estação. A atividade urbana interfere

de forma direta na conservação da estação, pois torna difícil o controle de visitas

clandestinas, sendo que as visitas mais preocupantes são as que levam lixos

domésticos e resíduos de construção civil pra dentro da unidade. A população

também adentra a área para a retirada de frutos provenientes do Caryocar

brasiliensis Cambess.

O lote 7-H encontra-se na margem da BR-157. A rodovia afeta direta e

indiretamente a área. Os fatores indiretos dizem respeito tanto ao ruído quanto a

poluição atmosférica em decorrência do grande fluxo de veículos, já os diretos se

devem ao fato dos possíveis atropelamentos de animais.

Outros fatores que influenciam diretamente a área são os animais

errantes, como cachorros, gatos e roedores que podem afugentar a fauna,

prejudicando na dispersão de sementes.

O incêndio realizado de forma indiscriminada é um fator que influencia

diretamente as plantas locais, assim como a circunvizinhaça, pois a área se localiza

em ambiente urbano. A população do município pode considerar os incêndios

criminosos. Outros, por falta de conhecimento atearão fogo em qualquer lugar, como

Page 8: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

8

datas e terrenos baldios, pois isso acontece em determinados lugares. Portanto,

deverá ser realizada uma conscientização da população local em relação à

importância do incêndio controlado, já que este é fundamental para o

desenvolvimento de plantas do cerrado. Com isso a população se conscientizará

que os incêndios são legais apenas em áreas restritas.

2.2 Meio físico

2.2.1 Climatologia

Segundo a classificação de Köppen (1948), o clima de Campo Mourão

é classificado como Clima subtropical úmido mesotérmico (Cfb), apresenta verões

frescos (temperatura média do mês mais quente inferior a 22 °C), invernos com

ocorrências de geadas severas e freqüentes (temperatura média do mês mais frio

inferior a 18 °C), não apresentando estação seca.

2.2.2 Geologia

Segundo o ITCG, a geologia do município de Campo Mourão é

classificada como Grupo São Bento, formação Serra Geral. White (1908) usou o

termo “Grupo São Bento” para reunir as rochas vulcânicas e eólicas que ocorrem na

Serra do Rio do Rastro, sul do estado de Santa Catarina. Fazem parte deste grupo

as formações Botucatu e Serra Geral.

Litologicamente, a formação Serra Geral é constituída por uma

sucessão de derrames de lavas, predominantemente básicas, contendo domínios

subordinados intermediários e ácidos, principalmente no terço médio e superior.

Geralmente, encontram-se bastante fraturados, exibindo fraturas conchoidais

características. Esta formação é consequência de um intenso magmatismo de

fissura, correspondendo ao encerramento da evolução gonduânica da bacia do

Paraná. O contato da Formação Serra Geral com as unidades sedimentares mais

antigas da Bacia do Paraná é determinado por discordância. É muito freqüente a

intrusão de diabásios em rochas sedimentares gonduânicas (KREBS, 2002).

Mühlmann et al. (1974) situam a Formação Serra Geral no Cretáceo

Inferior (entre 120 e 130 milhões de anos), através de dados radiométricos, obtidos

por diversos autores.

2.2.3 Hidrologia

O local de realização do PRAD se situa nos limites da bacia do Rio KM

119 (Figura 2), a qual pertence a bacia hidrográfica do rio Mourão, afluente do Rio

Ivaí, tributário do Rio Paraná.

Page 9: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

9

Figura 2. Mapa da área urbana do município de Campo Mourão –PR, com destaque para o lote 7- H. Fonte: Silva (2009) in Palinologia da Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão e áreas adjacentes.

2.3 Meio biótico

2.3.1 Caracterização qualitativa e quantitativa da fauna e flora

A caracterização qualitativa da flora foi realizada através da

consulta ao acervo do herbário da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

campus Campo Mourão e através de levantamentos de campo, onde, além do

levantamento qualitativo, um levantamento quantitativo (tabela 1) também foi

realizado. Na análise de campo a área foi dividida em 12 diferentes parcelas de 100

m2 cada e nessas parcelas a amostragem de todas as espécies vegetais foi

realizada, assim como foi levantado o diâmetro a altura do peito e a altura das

espécies arbóreas.

Page 10: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

10

Tabela 1: Listagem das espécies arbóreas e indicação de sua ocorrência natural nos biomas / ecossistemas com classificação sucessional. (Classe sussecional: PI – Pioneira e NP – Não Pioneira. Biomas / Ecossistemas: R – Vegetação de Restinga, FOD – Floresta Ombrófila Densa, FES – Floresta Estacional Semidecidual, MC – Mata Ciliar Estacional Semidecidual, C – Cerrado e FOM – Floresta Ombrófila Mista).

Ocorrência de Estágio Sucessional

Família Espécie Nome Popular Nº

Ind. (%) R FOD FES MC C FOM FED PI NP

Leguminosae-Papilionoideae Acosmium subelegans (Mohlenb) Yakovl Amendoim-falso 3 2,31 X X X

Verbenaceae Aegiphila verticillata Vell. Milho-de galinha 2 1,54 X X

Leguminosae-Mimosoideae Anadenanthera peregrina (L.) Angico-do-mato 4 3,08 X X X X

Apocynaceae Aspidosperma tomentosum Mart Peroba-do-cerrado 4 3,08 X X X X

Myrtaceae Aulomyrcia laruotteana Cambess Camboí 1 0,77 X X X X X

Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess Pequi 54 41,54 X X

Flacurtiaceae Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga 7 5,38 X X X X X X

Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk Vassourinha 11 8,46 X X X X X X X

Caesalpiniaceae Copaifera langsdorffii Desf. Copaíba 3 2,31 X X X X X X

Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. Caroba De Flor Verde 1 0,77 X X X X

Asteraceae Gochnatia polymorpha (Less.) Cabr. Cambará-do-mato 2 1,54 X X X X X X

Mimosaceae Leucaena leucocephala (LAM.) De Wit. Leucena 1 0,77 Invasora X

Anacardiaceae Lithraea molleoides Vell. Aroeira-do-cerrado 4 3,08 X X X X X X

Tiliaceae Luehea candicans Mart. Acoita-cavalo 2 1,54 X X

Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatá-branco 4 3,08 X X X X X X

Melastomataceae Miconia cinerascens Miq. Pixirica 2 1,54 X X X

Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC Guamirim 2 1,54 X X X X

Primulaceae Myrsine balansae (Mez) Arechav. Canela-mole 2 1,54 X X X

Lauraceae Ocotea corymbosa (Miers.) Mez. Canelão 5 3,85 X X X X

Lauraceae Ocotea lancifolia (Schott) Mez. Canela-pilosa 7 5,38 X X X

Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamona 1 0,77 Invasora X

Anacardiaceae Schinus polygama (Cav.) Cabr Assobiadeira 5 3,85 X X

Fabaceae Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin & Barneby Alcaçuz-bravo 1 0,77 X X X

Mimosoideae Stryphnodendron adstringens (Mart.) Barbatimão do cerrado 1 0,77 X X X

Bignoniaceae Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Ipê-do-cerrado 1 0,77 X X X X

Total 25 25 130 100,00 5 17 12 8 20 4 3 13 12

Page 11: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

11

Através da observação feita no local de coleta, nas doze parcelas

amostradas, infere-se que há presença, além das espécies arbóreas acima listadas,

de Austroeupatorium inulaefolium (Kunth.) R.M. King & H. Robinson, Bromelia

balansae Mez, Butia paraguayensis (Barb. Rodr.) L. H. Bailey, Cochlospermum

regium (Schrank) Pilger, Manettia cordifolia Mart., Mimosa dolens Vell. e Peixotoa

reticulata Grisebach, típicas de vegetação de cerrado, assim como praticamente a

totalidade das espécies amostradas em todas as parcelas.

A distribuição diamétrica das espécies florestais amostradas (Gráfico 1)

evidenciam a predominância de indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP)

inferior a 16 cm, somando 91% do total amostrado (Gráfico 2). Quanto aos

resultados da análise das alturas das espécies florestais amostradas (Gráfico 3 e 4),

verifica-se predominância de indivíduos com altura inferior a 4 metros, com 63% das

espécies amostradas.

Gráfico 1. Distribuição diamétrica das espécies florestais amostradas.

Page 12: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

12

Gráfico 2. Porcentagem das espécies florestais amostradas por classe diamétrica.

Gráfico 3. Distribuição das espécies florestais amostradas por classe de altura.

Page 13: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

13

Gráfico 4. Porcentagem das espécies florestais amostradas por classe de altura (m).

Além dos levantamentos de campo, consultas ao herbário HCF foram

realizadas e a ocorrência de outras 42 espécies foi aferido, conforme mostrado na

tabela 2.

Tabela 2: Levantamento florístico do lote 7-H, Município de Campo Mourão – PR.

Familia Espécie

Poaceae Andropognon bicornis L.

Poaceae Axonopus pressus (Nees ex Steud.) Parodi

Moraceae Brosimum gaudichaudianum Trécul

Menispermaceae Cissampleos ovalifolia CD.

Fabaceae Crotalaria balansae Micheli

Euphorbiaceae Croton aberrans M. Arg.

Euphorbiaceae Croton serratifolius Baill.

Euphorbiaceae Dalechampia trichophila Pax. & K. Hoffmann

Rubiaceae Declieuxia dusenii Standl.

Mimosaceae Desmanthus tatuhyensis Hoehne

Moraceae Dorstenia brasiliensis Lam.

Fabaceae Eriosema campestre Benth.

Fabaceae Eriosema longifolium Benth.

Malpighiaceae Galphimia australis Chodat

Hypericaceae Hypericum brasiliense Choisy

Poaceae Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth.

Page 14: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

14

Melastomataceae Leandra lacunose Cogn.

Verbenaceae Lippia obscura Briq.

Fabaceae Machaerium opacum Vogel

Fabaceae Macroptilium atropurpureum (Sessé & Moc. Ex DC.) Urb.

Mimosaceae Mimosa debilis Humb. & Bonpl. Ex Willd.

Mimosaceae Mimosa xanthocentra Martius

Myrtaceae Myrcia laruotteana Cambess

Lauraceae Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez

Poaceae Panicum olyroides Kunth.

Poaceae Panicum sellowii Ness

Fabaceae Peltophorum dubium (Spreng) Taub.

Solanaceae Petunia variabilis R. E. Fries

Sapotaceae Pouteria torta (Mart.) Radlk.

Myrtaceae Psidium cinereum Mart. & DC.

Fabaceae Rhynchosia melanocarpa Grear

Rosaceae Rubus brasiliensis Mart.

Euphorbiaceae Sebastiania híspida (Mart.) Pax ex Engl.

Polypodiaceae Serpocaulon latipes (Longsd. & Fisch.) A. R. Sm.

Gesneriaceae Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler

Solanaceae Solanum granulosumleprosum Dunal

Fabaceae Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.

Fabaceae Stylosanthes montevidensis Vogel

Verbenaceae Verbena thymoides Cham.

Vochysiaceae Vochysia tucanorum Mart

Sterculiaceae Waltheria douradinha St. Hil.

Fabaceae Zornia reticulate Smith

Fonte: Herbário HCF

Segundo Walter & Ribeiro (1998), Cerrado Sensu Stricto (Figura 3) é

formação savânica caracterizada pela presença de árvores baixas, tortuosas,

inclinadas, com ramificações irregulares e retorcidas e geralmente com evidência de

queimadas. Assim sendo, através das observações realizadas (Figuras 4 e 5) e dos

dados obtidos (Tabelas 1 e 2), pode-se afirmar que a área em estudo trata-se de

uma vegetação de cerrado Sensu Stricto.

Page 15: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

15

Figura 3: Variação fisionômica de cerrado. Fonte: Miranda et al.,1996.

Figura 4: Cerrado Sensu Stricto - área de estudo.

Figura 5: Cerrado Sensu Stricto - área de estudo.

Page 16: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

16

No lote 7-H foram encontradas 13 espécies incluídas na lista vermelha

de plantas ameaçadas de extinção no estado do Paraná. As espécies encontradas

estão dispostas na tabela 3.

Tabela 3: Levantamento florístico de espécies ameaçadas de extinção presentes no lote 7-H, Município de Campo Mourão – PR.

Família Espécie Situação

Moraceae Brosimum gaudichaudianum Trécul Rara

Annonaceae Annona coriácea Mart. Rara

Annonaceae Duguetia furfaracea (St. Hil.) Benth. & Hook. F Rara

Myrtaceae Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg. Rara

Arecaceae Butia paraguayensis (Barb. Rodr.) L. H. Bailey Em perigo

Caryocaraceae Ipomoeae argêntea (Witt.) Prance & Freitas da Silva Vulnerável

Annanoceae Annona dióica St. Hil. Rara

Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess Vulnerável

Moraceae Dorstenia brasiliensis Lam. Super ameaçada

Myrtaceae Compomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg. Rara

Myrtaceae Campimanesia sessiliflora (Berg.) Mattos Rara

Cucurbitaceae Cayponia espelina (Silva Manso) Cogn. Rara

Cochlospermaceae Cochlospermum regium (Schrank) Pilg. Criticamente ameaçada

É de grande importância conhecer essas espécies, pois desta forma é

possível priorizar a conservação do local e assegurar que a biodiversidade ali

presente (mais de 60 espécies já foram observadas na área) seja mantida.

Desta forma, as palmeiras, por exemplo, destacam-se tanto pelo

recurso natural e econômico que representam às populações humanas, como pelo

seu papel ecológico nas formações vegetais onde ocorrem (Peres, 1994). Seus

frutos fazem parte da dieta de animais silvestres frugívoros, como canídeos,

roedores e psitacídeos (Galetti et al., 2003). A Figura 6 mostra a palmeira Butia

paraguayensis em meio a outras espécies dentro do lote 7-H.

Page 17: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

17

Figura 6. Butia paraguayensis.

Já em Campomanesia pubescens Moreti et al. (2006) observaram que

esta é polinizada e, consequentemente, atrativa para diversas espécies de abelhas,

dentre as quais podemos citar Melipona quadrifasciata (Lepeletier, 1836),

Paratrigona lineata (Lepeletier, 1836) e Melipona quadrifasciata (Lepeletier, 1836).

De maneira análoga a Butia paraguayensis e a Campomanesia

pubescens, todas as espécies ameaçadas possuem importância, sejam elas

ecológicas ou econômicas para o ambiente, o que justifica a sua preservação.

A caracterização da avifauna local teve alguns entraves devido ao curto

período de análise, o período de seca e a falta de alimento na área, que não eram

propícios para o aparecimento frequente de um número significativo de espécies que

caracterizavam o cerrado. A tabela 5 apresenta as espécies de aves observadas no

lote 7-H.

Tabela 4. Lista de espécies da avifauna observadas no lote 7-H.

Família Espécie Habito alimentar

Columbidae Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Onívoro

Tyrannidae Pitangus sulphuratus (Linnaeus,1766) Granívoro

Picidae Melanerpes candidus (Otto, 1796) Onívoro

Trochilidae Augastes lumachella (Lesson, 1838) Nectarívoro

Cuculidae Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Insetívoro

Accipitridae Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Insetívoro

Zenaida auriculata tem como nome popular “pomba rolinha”. Adapta-se

com muita facilidade e é muito comum em cidades, muitas vezes sendo até

considerada uma praga principalmente pelos agricultores, pois se alimenta de grãos

Page 18: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

18

silvestres e brotos de plantações. Pode construir seu ninho até mesmo no chão ou

em lugares baixos, porém é mais comum ninhos dessa espécie em galhos de

arvores.

As espécies Pitangus sulphuratus e Crotophaga ani procuram lugares

mais adequados para a alimentação, nidificação, reprodução e melhores condições

de temperatura. (Gava, 2007)

A espécie Melanerpes candidus é uma espécie muito importante para a

área porque habita campos com áreas esparsas, como o cerrado.

Rupornis magnirostris é o gavião mais abundante do Brasil, chegando

a habitar até metrópoles desde que haja arborização suficiente, aparecendo também

em áreas campestres desprovidas de arborização (Sick, 1997).

Ferreira (2005) estudou as espécies de aves do cerrado de Campo

Mourão e foram identificadas 31 espécies de aves distribuídas entre 14 famílias,

conforme apresentando na tabela 5.

Tabela 5. Lista de espécies da avifauna identificada na Estação Ecológica do Cerrado.

Família Espécie Habito alimentar

Accipitridae Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Onívoro

Trochilidae

Chlorostilbon aureoventris (d'Orbigny e Lafresnaye,

1838) Nectarívoro

Hylocharis chrysura (Shaw, 1812) Nectarívoro

Cardinalidae Saltator similis (d'Orbigny e Lafresnaye, 1837) Granívoro

Coerebidae Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Nectarívoro

Cuculidae Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Insetívoro

Emberizidae Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Granívoro

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Granívoro

Furnariidae Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Onívoro

Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Onívoro

Mimidae Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Onívoro

Parulidae Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Insetívoro

Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Insetívoro

Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Insetívoro

Thamnophilidae Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Insetívoro

Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Insetívoro

Thraupidae Thraupis sayaca (Linnaeus, 1976) Onívoro

Troglodytidae Troglodytes musculus Naumann, 1823 Insetívoro

Turdidae Turdus albicollis Vieillot, 1818 Onívoro

Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Onívoro

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Onívoro

Page 19: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

19

Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Onívoro

Tyrannidae Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Onívoro

Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) Insetívoro

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Onívoro

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Onívoro

Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Onívoro

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Onívoro

Serpophaga nigricans (Vieillot, 1817) Onívoro

Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Onívoro

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Onívoro

Fonte: Ferreira (2005)

Devido à proximidade em que se encontra o lote 7H da Estação

Ecológica do Cerrado e da ocorrência simultânea em ambos locais de diversas

espécies vegetais que são atrativas para a avifauna é bastante provável que as

mesmas espécies observadas na unidade de conservação também venham a visitar

a área de estudo.

2.3.2 Interrelação fauna/flora

Devido à proximidade do remanescente de cerrado com outros dois

fragmentos, sendo um deles a Estação Ecológica do Cerrado, sabe-se que há

probabilidade de chuva de sementes através da avifauna.

No Cerrado, a eficiência na dispersão de sementes para fundação de

novas populações naturais de plantas é um fator muito importante para a

manutenção da diversidade genética de espécies em longo prazo (Martins et al.,

2006). Isto se deve porque, com a ocorrência de constantes queimadas nesse

bioma, a dispersão de sementes auxilia no estabelecimento de genótipos em áreas

não afetadas pelo fogo, diminuindo o risco de perda de genótipos (Ibañes et al.,

2008).

Entre os animais, as aves são reconhecidas como bons agentes de

dispersão de sementes em áreas degradadas, com dezenas de espécies vegetais

zoocóricas sendo dispersadas de áreas mais conservadas para o interior das áreas

a serem recuperadas (Toh et al., 1999; Zimmerman et al., 2000; Araújo, 2002)

contribuindo para reduzir um dos maiores obstáculos à recuperação de áreas

degradadas nos trópicos, que é a disponibilidade de sementes (McClanahan e

Wolfe, 1993; Uhl, 1997; Wijdeven e Kuzee, 2000).

Page 20: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

20

2.3.3 Caracterização da biodiversidade e estrutura dos habitates

Apesar da área do terreno ser reduzida com apenas 20.000 m2, este

habitate campestre, ainda que alterado, apresenta diversidade alta, como foi

evidenciado no item 2.3.1. Dentre os principais fatores que podem vir a comprometer

essa diversidade está a presença de espécies exóticas e exóticas invasoras, que

colaboram para a degradação ambiental e podem vir a competir com espécies

nativas e ocupar áreas ocupadas por estas.

2.4 Meio antrópico

2.4.1 Dinâmica populacional

Segundo o IBGE (2010), a população de Campo Mourão é de 87.194

habitantes, sendo 42.013 homens e 45.181 mulheres. No ano de 2009 os nascidos

vivos registrados, foram de 1.382 pessoas. O total de morbidades hospitalares no

mesmo ano foi de 319 óbitos de homens e 246 óbitos de mulheres.

2.4.2 Uso e ocupação do solo e seus ordenamentos

A imagem 1 do anexo indica o uso e ocupação do município de Campo

Mourão. A vegetação nativa possui área de 61.8174 Km2, que corresponde 8% do

município. A agropecuária e a silvicultura possuem áreas de 654.4467 Km2 e

14.4378 Km2, e correspondem a 86% e 2 % respectivamente. Por sua vez a área

urbana possui 19.8117 km2, isso representa 3% do município.

2.4.3 Atividades econômicas e estrutura produtiva

O município de Campo Mourão tem como principal economia a

atividade agrícola, em especial a produção de soja. O aumento da produção agrícola

na microrregião geográfica de Campo Mourão foi impulsionada por incentivos

governamentais, através de aberturas de créditos agrícolas e financiamentos para

produtores. Os interesses na região de Campo Mourão se intensificaram através da

aquisição de terras para o plantio, gerando lucro e uma maior produtividade,

sobretudo da produção destinada à exportação, contribuindo com a maior área de

produção da soja do Estado do Paraná. É neste sentido que a região apresenta uma

grande demanda de produtos agrícolas com destaque para a cultura de soja, que

através da modernização agrícola e da elevada produtividade impulsionou o

surgimento de várias cooperativas agrícolas de recebimento e armazenamento de

grãos, bem como de vendas de insumos e maquinários visando o aumento da

produtividade das colheitas anuais (Bertotti e Bovo, 2009).

Page 21: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

21

2.4.4 Elementos do patrimônio natural, histórico, cultural e arqueológicos

O município de Campo mourão possui os seguintes patrimônios:

Estação Ecológica do Cerrado

Em 1,3 hectares de área de preservação estão espécies

remanescentes do Quaternário Antigo, sendo o Cerrado mais meridional do

planeta. É considerada uma relíquia por estudiosos, e recebe cientistas de

todo o mundo.

Parque do Lago

O Parque Municipal Joaquim Teodoro de Oliveira é um dos

cartões de visita da cidade. Possui pista de cooper que adentra a mata, cancha de

areia, estufas, sede do grupo de escoteiro da cidade, orquidário, jardim francês e um

lago com diversas espécies de peixes.

Parque Estadual Lago Azul

Possui uma biodiversidade exuberante, um lago com 70 milhões

de metros cúbicos de água aberto às práticas de esportes náuticos, como jet-ski,

esqui aquático, passeios de lancha, canoagem e pesca amadora. Além disso, possui

uma grande área florestal com casas de veraneio. O Centro de Educação Ambiental

tem sede nesta área, onde realiza palestras e acompanha os visitantes pelas

diversas trilhas.

Museu Municipal "Deolindo Mendes Pereira"

O Museu Histórico de Campo Mourão abrigando a memória e

história de Campo Mourão tem registros através de entrevistas, depoimentos e

peças históricas que remontam ao século XVII. Além de guardar e proteger a

memória local serve a estudantes, universitários e a comunidade como fonte de

pesquisa, sendo um ponto de encontro, cultura e lazer para os munícipes.

2.4.5 Caracterização de interesses potencialmente conflitantes

O município de Campo Mourão é predominantemente agrícola, tendo

no plantio de soja e milho seus principais produtos, sendo que abriga a maior

cooperativa do Brasil e a terceira maior do mundo – COAMO. Ao mesmo tempo que

a intensiva prática agrícola fortalece a economia ela representa um perigo eminente

para a vegetação nativa da região pelo uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes.

Nos últimos anos, a cidade tem atraído empresas de grande porte

como a Colacril Auto Adesivos Paraná Ltda (maior fábrica de produtos adesivados

da América Latina), a VRI Eletrônica e a Frangobrás (Tyson Foods do Brasil),

Page 22: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

22

gerando uma grande quantidade de emprego e viabilizando a expansão da área

urbana do município. O fato de Campo Mourão estar se transformando num pólo

universitário também contribui muito pra expansão imobiliária.

O município possui quatro instituições de ensino superior, sendo dois

campi de instituições públicas, uma estadual, a Universidade Estadual do Paraná

(UEPR), e uma federal, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Também estão instaladas no município duas instituições privadas de ensino

superior, o Centro Integrado de Ensino Superior (CIES), e a Faculdade União de

Campo Mourão (UNICAMPO). Conta, ainda, com cursos técnicos do SENAC-PR, e

uma extensão do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), sendo uma instituição

de ensino superior à distância (PNUD, 2000). Neste contexto, a demanda por novos

loteamentos torna extremamente vulneráveis as áreas de Cerrado ainda existentes

nos arredores do perímetro urbano.

A área de estudo localiza-se dentro do Jardim Nossa Senhora

Aparecida, uma área residencial, e ao lado da BR-157, sendo um obstáculo para a

comunidade em seu entorno, que usa o lote como um „atalho‟ para ter acesso mais

fácil a BR-157. Conseqüentemente surgem „trilhas‟ devido ao grande pisoteio no

local, implicando na perda de espécies vegetais e aumentando o efeito borda sobre

a vegetação.

Um último fator conflitante observado na área diz respeito a grande

quantidade da planta Caryocar brasiliensis Cambess existente na área. Conhecida

popularmente como Pequi é muito apreciada na culinária local, fazendo com que

seus frutos sejam coletados e, desta forma, prejudicando o desenvolvimento da

área, pois impede o ciclo reprodutivo do indivíduo, além de dificultar a coleta de

sementes para a produção de mudas e de corroborar para a falta de alimento para a

fauna local.

2.5 Fisionomia ecológica da região

O termo cerrado pode designar tanto os tipos de vegetação quanto o

bioma ou área geográfica. O cerrado sensu lato designa as formaçoes savânicas e

campestres, enquanto o cerrado Sensu Stricto designa o tipo fisionômico que mais

caracteriza o bioma (COUTINHO, 1978; RIBEIRO & WALTER, 1998).

A região de Campo Mourão é o ecótono de transição da Floresta

Estacional Semidecidual Submontana e Floresta Ombrófila. Nesta área pode-se

observar a presença de espécies comuns aos dois biomas e espécies

Page 23: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

23

características a cada um deles: Floresta Ombrófila Mista a ocholoespécies

Araucária angustifólia, além das espécies típicas Anadenanthera colubrina e

Piptocarpa angustifolia, espécies características da Floresta Estacional

Semidecidual, como a Tabebuia heptaphylla, Jacaratia spinosa (Encarte III, 2005).

Na composição não florestal encontra-se o Cerrado. De acordo com

Maack (1955/1968) o Cerrado não está inserido, na paisagem do estado do Paraná

como um bioma, mas a vegetação aqui encontrada possui famílias e espécies com

fitofisionomias características da vegetação de cerrado. A constituição morfológica

das espécies vegetais, bem como, grande parte da sua flora, aparecem em alguns

locais isolados na porção central do estado.

O cerrado de Campo Mourão é classificado segundo o IBGE (1992)

como Sensu Stricto por apresentar vegetação graminóide com estrato herbáceo

contínuo e lenhoso composto por partes quase iguais de arbustos e árvores

dispersos.

Segundo Maack (1965), o município de Campo Mourão possuía uma

área de cerrado com 102 km2. Hoje restam 11,17 ha, das quais 1,33 ha encontram-

se protegidos como unidade de conservação, denominada Estação Ecológica do

Cerrado, localizada no Jardim Nossa Senhora Aparecida, num bairro do município.

A área em estudo possui 20.000 m2 com formações típicas do cerrado (Mizote,

2005).

2.6 Integração dos aspectos bióticos e abióticos da paisagem

O clima no Cerrado é estacional, com um período seco que,

dependendo da região, dura de três a sete meses (IBGE 1992). A precipitação

média anual é de 1.500mm (Nimer 1989) e as temperaturas médias variam entre

22ºC e 27ºC (Klink & Machado, 2005). A sua distribuição espacial está relacionada a

determinados tipos de solos, em sua maioria, profundos, álicos e distróficos,

arenosos lixiviados ou litólicos, desenvolvidos a partir de terrenos de idade pré-

cambriana até quarternária ao nível do mar (IBGE 1992). Esses solos possuem

baixo pH e baixa disponibilidade de nutrientes (FURLEY & RATTER, 1988).

Os fragmentos de cerrado de Campo Mourão, por estarem situados na

região subtropical do Brasil, encontram-se em condições climáticas muito diferentes

das áreas onde predomina o bioma Cerrado, as árvores de tronco retorcido e de

casca grossa aparecem na paisagem de Campo Mourão, segundo Maack (1968),

Page 24: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

24

como uma “formação estranha”, uma prova viva de um clima primitivo semiárido que

existiu nessa região em um passado remoto sendo uma vegetação relictual.

3. Impactos ambientais

O lote 7-H está situado em área urbana, cercado por dois empreendimentos

industriais, e também por duas estradas, uma asfaltada e a outra de chão, o que

acaba acarretando grandes prejuízos à área. Além da influência antrópica,

principalmente porque a população acaba utilizando o local para o despejo de

objetos indesejados, a fauna acaba acuando-se pelo barulho dos carros.

Além de a população acondicionar os resíduos na área, ela faz do fragmento

trilha e ainda realiza a coleta predatória de alguns frutos que são retirados antes do

amadurecimento, impedindo o ciclo reprodutivo do indivíduo, além de dificultar a

coleta de sementes para a produção de mudas e falta de alimento para a fauna

local.

A área por ser relativamente pequena e retangular, sofre efeito de borda por

todos os lados, concentrando as espécies de cerrado apenas no centro do

fragmento.

A capacidade de rebrotar inúmeras vezes após distúrbios facilita muito o

trabalho de recuperação da vegetação de cerrado em boa parte dos casos. Porém,

impactos mais severos e recorrentes são capazes de eliminar por completo a

vegetação nativa (Durigam et al, 2011) . Pode se afirmar, portanto, que o fogo

freqüente atrapalha a regeneração natural, ou seja, ele impede o tempo que a

vegetação necessita para poder iniciar o processo de sucessão ecológica. Além

disso, as queimadas freqüentes podem gerar impactos negativos às áreas

circunvizinhas, danificando os empreendimentos ali existentes.

A grande preocupação com o lote 7-H é a presença de espécies exóticas e

invasoras que causam impactos negativos significativos sobre a vegetação, pois

essas plantas têm grande potencial de crescimento e dispersão rápida, o que acaba

inibindo o crescimento das espécies locais e dominando o local e,

conseqüentemente, eliminando as espécies nativas locais. Entre as espécies

invasoras, destacam-se principalmente Leucaena leucocephala e Urocloa brizantha

Page 25: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

25

4. Aptidão e intenção de uso futuro

4.1 Descrição dos impactos

Após os procedimentos a serem realizados na área, é possível que ainda

haja impactos, como por exemplo, a não funcionalidade das estratégias para

diminuir as espécies exóticas e exóticas invasoras.

O cercamento da área não impedirá que a avifauna se afugente por causa

dos barulhos provenientes da rodovia e da rua localizadas próximas à área.

Como uma das características da vegetação de cerrado é pegar fogo

espontaneamente, a probabilidade de que isso aconteça em épocas e locais

indesejados não pode ser descartada.

É importante ressaltar que as técnicas a serem aplicadas para minimizar os

impactos negativos da área são tentativas de melhoria, mas não sua garantia.

4.2 Utilização prevista para a área

Preve-se que a área de estudo seja transformada em uma Unidade de

Conservação para que, assim, haja a proteção da vegetação de Cerrado existente e

a preservação de um dos últimos fragmentos com vegetação remanescente de

Cerrado no município de Campo Mourão – PR.

5. Conformação topográfica e paisagística

5.1 Detalhamento do processo nas áreas de influência direta e indireta

5.1.1 Estabilidade, controle de erosão e drenagem

Um dos fatores que poderiam intervir na formação de erosão no lote 7-

H é escoamento de água da rodovia PR-378, mas não se observou indícios de que

isso ocorra, pois além da cota da rodovia ser inferior a do terreno, a mesma possui

um bom sistema de drenagem fluvial, impedindo o escoamento superficial.

Pode-se observar que a área possui uma declividade amena e poucas

áreas de solo exposto contribuindo que a velocidade das águas fluviais não seja

elevada, assim a erosão superficial é minimizada.

Dessa forma, não é necessária nenhuma técnica exclusiva para que se

controle a erosão, bastando que apenas as técnicas de recuperação apresentadas

neste trabalho sejam realizadas.

5.1.2 Adequação paisagística

Para controle das espécies exóticas e exóticas invasoras encontradas

no lote 7-H será realizado um manejo adequado de acordo com cada planta. Para as

Page 26: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

26

espécies, Ricinus communis L., Hibiscus eetveldeamus Wild. & T. Durand, Setaria

vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult, Janusia guaranitica (St. Hil.) Adr. Juss. e

Byrsonima intermedia Adr. Juss, será utilizado o método de manejo manual, ou seja,

para o controle dessas plantas será feito a retirada manual do local, arrancando o

individuo por inteiro, colocando-os em saco de lixo para que não haja contaminação

da área.

Já o controle da espécie Leucaena leucocephala (Lam.) R. de Wid,

será utilizado o manejo manual, dito anteriormente e também o manejo químico,

onde será aplicado o herbicida glifosato para controle químico da espécie. Para o

manejo da espécie Setaria vulpiseta (St. Hil.) Adr. Juss, segundo a EMBRAPA, a

combinação do controle químico (herbicidas) e o mecânico pode ser realizada, mas

nem sempre é feita com grande sucesso ou a custos razoáveis. A quantidade de

sementes remanescentes e as condições climáticas são as principais causas desses

insucessos.

Os herbicidas dissecantes (paraquat), sistêmicos (glifosato) e os

graminicidas (vários) podem ser utilizados, desde que os critérios técnicos sejam

obedecidos à risca, pois o emprego inadequado de dosagens e equipamentos ou

condições ambientais impróprias podem inviabilizar a eficiência do controle, então a

eliminação da Urocloa brizantha deve ser feito de forma cautelosa e de longo

período, para que seja feita sua erradicação por completo.

No entanto, é de extrema importância saber os efeitos causados por

tais herbicidas, o paraquat, por exemplo, é altamente toxico e volátil, então sua

utilização torna-se extremamente perigosa.

As espécies arbóreas de grande porte não típicas do cerrado serão

retiradas do local através do corte manual, sendo que as arvores que margeiam a

rodovia e a rua terão sua queda direcionada para estas, evitando, desta forma,

impactar as demais árvores. As que se encontram mais no interior do terreno terão

sua queda direcionada para um aceiro, já existente na área.

Com essas ações torna-se possível que uma queima controlada seja

realizada na área. As principais razões para se realizar esse tipo de manejo são a

redução do material combustível, preparo do terreno, controle de espécies

indesejáveis e quebra de dormência de espécies típicas desse bioma que são

favorecidas pelo fogo.

Page 27: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

27

É importante que esse manejo de fogo ocorra em uma parcela pré

delimitada, com analise previa da direção dos ventos, quantidade de material

combustível e a disponibilidade da brigada de incêndio do município para estar

presente.

Desta forma deve-se subdividir o local em três parcelas, para que cada

um queime em anos distintos, possibilitando, desta forma, que a área que não está

sendo queimada possa gerar sementes e frutos que serão disponibilizados para a

parcela que está sendo queimada e facilitando a regeneração desta de uma maneira

constante e equitativa, eliminando as espécies não típicas de cerrado e intolerantes

ao fogo. A técnica de queima por zonas, como ilustrado na figura 7, ainda fará com

que o local continue a ser atraente para a fauna, em particular para a avifauna,

mesmo logo após o período da queima. Pondera-se, ainda, que as chances do

incêndio se tornar de grandes proporções serão ínfimas uma vez que o material

lenhoso de grande porte terá sido previamente retirado, conforme já descrito.

Figura 7. Zoneamento da área em parcelas de queima. Escala: 1:1350. Fonte: Google Maps, 2011.

Com adaptação.

Durante a queimada é necessário que se atente à direção do fogo, que

deve ser oposta ao vento. Vale ressaltar que a presença de brigadistas e dos órgãos

Page 28: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

28

ambientais e o corpo de bombeiro estejam presentes para que o fogo não se alastre

e para que eventuais contratempos possam ser rapidamente solucionados.

5.1.3 Revegetação com predominância de espécies nativas locais

A estabilidade do local, não poderá ser alcançada em curto período de

tempo, pois a natureza pode levar anos para se recuperar e assim se estabilizar.

Podem ser adotadas medidas, para que esses processos sejam acelerados.

Segundo DURIGAN ET AL (2011), podem ser recomendadas três

técnicas para a recuperação da cobertura vegetal do cerrado: regeneração natural,

enriquecimento e plantio convencional. Além dessas técnicas podemos citar também

a técnica de nucleação.

A regeneração natural é indicada em situações nas quais o solo e a

vegetação de cerrado for submetida a baixo impacto e há arbustos em regeneração

com densidade e diversidade suficientes, basta que sejam eliminados os agentes de

perturbação. Quando a área estiver ocupada por espécies invasoras, como a

braquiária, capim gordura, etc., medidas que controlam essas plantas devem ser

adotadas DURIGAN ET AL (2011).

Apesar do tamanho da área ser reduzido, possui uma diversidade

considerável, ainda que a maior parte esteja impactada e que muitas espécies

apresente poucos indivíduos, fazendo com que a diversidade genética seja baixa.

Desta forma propõe-se uma técnica de recuperação que consorcie

técnicas de regeneração natural com técnicas modificadas de nucleação. Após a

queima das áreas, como mencionado anteriormente, serapilheira será trazida de

diferentes locais e disposta no solo, auxiliando, desta forma, que a variabilidade

genética seja aumentada e que sementes de outras espécies de cerrado sejam

trazidas para o local de estudo.

A queimada das zonas será feita em diferentes épocas do ano e, após

aproximadamente 3 semanas após a queima de cada uma das zonas, a serapilheira

oriunda, no primeiro ano do Parque Estadual de Jaguariaíva – PR, no segundo ano

do Parque Estadual de Juqueri, no município de Franco da Rocha – SP e,

finalmente, no terceiro ano de outros remanecentes de cerrado do próprio município,

será depositada sobre a zona previamente queimada.

Para que a serapilheira dos parques mencionados possa ser trazida

para ser usada na recuperação da área, autorizações e parcerias terão que ser

firmadas com os parque antes mencionados.

Page 29: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

29

Espera-se que ao final de um período de 4 anos, quando todas as

zonas de queima (figura 7) já tiverem sido incendiadas, que a serapilheira já tenha

sido depositada em toda a area e que a última parcela já tenha passado por um

período de um ano para se regenerar, poderá se avaliar a eficiência da técnica

adotada e, caso o resultado seja insatisfatório, uma outra técnica, tal como o plantio

convencional poderá ser adotada para a recuperação do local.

O plantio convencional, por sua vez é indicado onde o solo tenha sido

revolvido muitas vezes e alterado quimicamente por corretivos e fertilizantes

geralmente não apresentam potencial de regeneração natural. Essas práticas de uso

do solo tendem a eliminar as estruturas subterrâneas que poderiam rebrotar e, além

disso, não há registros de recuperação da vegetação de cerrado a partir de banco

de sementes do solo ou trazidas por vento ou por animais, colonizando áreas

totalmente desmatadas e cultivadas intensamente por anos a fio. Nessas áreas, a

única técnica recomendável é o plantio de espécies de cerrado, seguindo as práticas

silviculturais convencionais, com pequenas adaptações: preparo do solo,

espaçamento, coveamento, fertilização, tamanho das mudas, época de plantio

DURIGAN ET AL (2011).

Dentre as espécies chave do cerrado, que podemos utilizar no plantio

convencional, podemos citar o Solanum lycocarpum, que possui grande interação

com a fauna e, devido as suas folhas grandes, quando caem ao solo podem

favorecer outras espécies do cerrado; Byrsonima spp. e Annona spp. possuindo alto

interação com a fauna; Brosimum gaudichaudianum, planta ameaçada no Paraná e

da mesma família da figueira, tendo importância análoga a essa em cerrado; Butia

spp., Allagoptera camoestris e Acanthoxoxoa emensis, palmeiras geralmente raras e

de suma importância devido ao seu alto nível de interação com a fauna e aos

aspectos paisagísticos e econômicos.

5.2 Concepção esquemática da área reabilitada

Após as medidas aplicadas, espera-se que a fisionomia da área seja

semelhante à apresentada na figura 9. A figura 8 demonstra a situação atual da

área.

Page 30: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

30

Figura 8. Situação atual da área. Escala: 1:1350.Fonte: Google Earth, 2011.

Figura 9. Situação esperada do lote 7-H. Escala: 1: 1350. Fonte: Fonte: Google Maps, 2011. Com

adaptação.

6. Ações emergenciais para riscos de acidentes ambientais

6.1 Atuação em condições anormais, de acidentes e de situações potenciais

de emergência

Page 31: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

31

Em visita a campo, foi possível identificar pela aparência dos troncos que a

área tem sofrido queimadas. O fogo ocorre acidentalmente no período de seca e

também é causadao pelo vandalismo da população.

Primeiramente ao se detectar um incêndio, faz-se necessário o

acionamento de um alarme de incêndio, para que todos fiquem atentos e saiam do

local que esta sendo queimado. A segunda medida é chamar imediatamente os

brigadistas da unidade de conservação e o corpo de bombeiro da cidade para que o

controle seja feito o mais rápido possível, evitando uma maior destruição.

Nos incêndios já ocorridos o controle foi realizado pelo Corpo de Bombeiro

de Campo Mourão que, avisado pela população de entorno, se dirigiu ao local

estabilizando a área antes que o fogo tomasse proporções desatrosas.

6.2 Níveis de gravidade de risco gerados pelos incidentes e acidentes

Uma vez que o local está situado dentro da área urbana do município de

Campo Mourão, qualquer incêndio pode tornar-se altamente grave, pois seus efeitos

poderão se alastrar para os empreendimentos circunvizinhos e causar grandes

prejuízos econômicos e sociais.

6.2.1 Detecção do incidente

A idéia principal é combater o fogo quando o mesmo ainda está em seu

início, ou seja, o incêndio deve ser detectado no menor espaço possível de tempo.

Isto engloba não só localizar o fogo de maneira rápida, como também localizar sua

posição exata e enviá-la à equipe de combate. A detecção pode ser feita tanto pela

população da região como também pelos funcionários da unidade da conservação.

6.3 Estabelecimento de atendimento de emergências

Em situações de emergência, primeiramente deve-se ligar para o Corpo de

Bombeiro da cidade, para que a contenção do fogo seja efetuada.

A prevenção engloba todas as medidas tomadas para que um incêndio não

ocorra e se propague. A meta para o controle deve ser sempre a prevenção.

A prevenção pode ser feita pela retirada da fonte de ignição ou do material

combustível. A alternativa escolhida vai depender dos valores influenciados pelo

fogo. Quanto mais valiosa uma área ou produto florestal, maior a necessidade de

eliminar o risco de incêndios. O efetivo controle das fontes de risco requer o

conhecimento de como e quando elas ocorrem e onde. Nestes casos é sempre

necessária uma avaliação das condições pretéritas que influenciaram na ocorrência

de um incêndio.

Page 32: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

32

Sendo assim é extremamente importante o registro individual de um

incêndio, pois se transforma em fonte estatística em relação a ocorrência dos

incêndios. São analisadas as causas dos incêndios que ocorreram, a época, o local

de ocorrência e a extensão da área queimada.

7. Programa de acompanhamento e monitoramento

A fiscalização terá como objetivo o monitoramento e controle das atividades

no local, afim de minimizar ou até eliminar as negligências que possam comprometer

a conservação da área tanto da fauna quanto da flora. Será feita por terra, a qual

consiste na realização de monitoramento nas trilhas/aceiros de acesso restrito a

fiscalização e em todo o entorno da estação. É necessário que seja feita a

observação de presença de estranhos, presença de armadilhas, indícios de caça,

risco de incêndio e policiamento de qualquer atividade não autorizada.

7.1 Fauna

A grande maioria das espécies da avifauna, por apresentarem hábitos

diurnos, poderão ser observadas por um binóculo e também por máquina

fotográfica. O monitoramento de aves através de observações pode ser feito nos

aceiros, sendo mais eficiente o registro em pontos fixos distribuídos nos locais de

estudo. Em situações mais complexas, o monitoramento deve ser complementado

com levantamentos através de capturas, marcações e recapturas, efetuadas através

redes ornitológicas, as quais são armadas em trilhas abertas. O uso destas "redes

neblina" dependem de autorização do IBAMA.

7.2 Flora

O monitoramento e acompanhamento da flora do Lote 7H, será feito

através de coletas e analises a campo, por uma equipe especializada, onde será

caracterizado a quantidade de indivíduos novos, o CAP das espécies, se há

presença de novas espécies, e também a ocorrência de plantas invasoras.

7.3 Biodiversidade

O índice de Shannon, também chamado de índice de Shannon-Weaver ou

índice de Shannon-Wiener, é um dos vários índices de diversidade usados para

medir a diversidade em dados categóricos. Trata-se da informação entrópica da

distribuição, tratando espécies como símbolos e o tamanho da respectiva população

como uma probabilidade. A vantagem desta medida de heterogeneidade é que ela

leva em consideração o número das espécies e sua equitabilidade. Portanto esse

Page 33: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

33

índice será utilizado na área, para que a biodiversidade possa ser quantificada e

para analisar o grau de regeneração do local.

7.4 Instrumentação de estrutura e obras

A área será protegida por cercas em todo a sua extensão e os funcionários

farão visitas semanalmente, para verificar se não houve ação de vândalos em

nenhum local.

7.5 Acompanhamento e manutenção das obras executadas

As obras e também sua manutenção será realizada pela prefeitura, para

que possam sempre estar em perfeito estado de conservação.

Page 34: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

34

8. Fluxograma de planejamento e execução

Coleta de Informações Gerais

Diagnóstico Ambiental

Impactos Ambientais

Aptidão e Intenção de Uso Futuro

Recuperação – Queima/Serrapilheira

Programa de Acompanhamento e Monitoramento

Resultados foram os

esperados

Monitoramento

Sim

Programa de Recuperação

Alternativo

Não

Page 35: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

35

9. Cronograma executivo

9.1 Físico

Atividades 2011 a 2015

2011 2012 2013 2014 2015

Coleta de Informações Gerais X

Diagnóstico Ambiental X

Impactos Ambientais X

Aptidão e Intenção de Uso Futuro X

Recuperação Natural da Área Degradada X X X X

Programa de Acompanhamento e Monitoramento X X X X

9.2 Financeiro

Listagem de Bens e Serviços Custos R$

Serviço de limpeza do terreno e manejo das espécies exóticas e exóticas invasoras

5.940,00

Confecção e instalação de cercas, alambrados, portão e passagem de pedestres 39.691,75

Pró-labore / ART 48.842,00

Total: 94.473,75

Fonte: MIZOTE, 2011. Adaptado.

9.2.1 Confecção e instalação de cercas, alambrados, portão e passagem

de pedestres

Descrição das atividades: Contratação de serviço para

confecção e instalação de 401,42 m linear de cerca de tela de alambrado (fio

12, malha 8), com pilares e mourões de concreto fixados em base de

concreto, com portões e rampas de acesso para pessoas e veículos, e

passeio de alvenaria junto à cerca de alambrado.

QTDE UNID ESPECIFICAÇÃO MATERIAL VALOR UNIT. VALOR TOTAL

800 M2 Tela de alambrado fio 12 malha 8 15,90 12.720,00

24 Um Pilares de concreto 15x15 cm h=3,5m 66,00 1.584,00

112 Um Mourões de concreto 12x12 cm h=3,5m 32,00 3.584,00

48 Um Catracas (esticadores) 4,50 216,00

48 Um Escoras de concreto 23,00 1.104,00

45 Kg Arame recozido 7,50 337,50

45 kg Arame galvanizado fio 12 9,50 427,50

03 rolo Arame farpado (500 m) 250,00 750,00

01 Um Portão de ferro/alambrado 0,80 x 2,10 m 152,00 152,00

02 Um Portão de ferro/alambrado c/ lança 3/8 4,00x2,50m 950,00 1.900,00

300 M Tábuas 20 cm 6,00 1.800,00

150 M Ripas 5 cm 2,50 375,00

7,5 Kg Prego 17x21 7,50 56,25

75 saco Cimento 23,00 1.725,00

15 m3 Areia lavada 70,00 1.050,00

15 m3 Pedra brita 38,00 570,00

Total: 39.691,75

Fonte: MIZOTE, 2011. Adaptado.

Page 36: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

36

9.2.2 Serviços de limpeza do terreno, Manejo monitorado das espécies

exóticas e exóticas invasoras e recuperação da área

Descrição das atividades: Limpeza geral do terreno, capina

manual da vegetação invasora nos limites do terreno e remoção dos resíduos

resultantes preparando o local para a instalação de cerca de alambrado. Execução

de serviço de manejo da vegetação invasora e de espécies exóticas, e técnicas de

nucleação modificada (serrapilheira).

QTD UNID ESPECIFICAÇÃO MATERIAL VALOR UNIT. VALOR TOTAL(R$)

1 Mensal Técnico Ambiental 1500,00 1000,00

1 Diária Operário de motosserra 40,00 880,00

2 Diária Funcionários para a capina manual 30,00 660,00

2 Unit Caçamba para entulho de 4m 75,00 150,00

2500 Km Transporte de serrapilheira 1,30 3.250,00

Total: 5.940,00

Fonte: MIZOTE, 2011. Adaptado.

9.2.3 Pró-labore

Descrição das atividades: Planejamento, monitoramento e implantação do projeto.

QTD UNID ESPECIFICAÇÃO VALOR UNIT. VALOR TOTAL(R$)

1600 Horas Engenheiro 30,00 48.000,00

1 Unit ART 842,00 842,00

Total: 48.842,00

10. Referencias Bibliográficas

ARAÚJO, R. S. Chuva de sementes e deposição de serrapilheira em três sistemas de revegetação de áreas degradadas na Reserva Biológica de Poço das antas, Silva Jardim, RJ. 2002. 92f. Dissertação de Mestrado- Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13030: Elaboração e

apresentação de areas degrades pela mineração. Rio de Janeiro, 1999.

BERTOTTI, G. M.; BOVO, M. C. Desenvolvimento do setor terciário da economia com base na agricultura: o caso do município de Campo Mourão-PR. Campo Mourão: 2009. COUTINHO, L.M. O conceito de cerrado. Revista Brasileira de Botânica 1:17-23. 1978. DURIGAN, G. et al. Manual para recuperação da vegetação de cerrado. 3 ed. ver. e atual. São Paulo: SMA, 2011. ENCARTE III- Parque Estadual Lago Azul- Plano de Manejo, IAP, 2005.

Page 37: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

37

FERREIRA, J. H. D. & CARNEIRO, M. G. Caracterização da vegetação arbórea do município de Campo Mourão- PR. Campo Mourão: 2010. FERREIRA, R. C. Levantamento expedito de aves e espécies vegetais de forrageamento na estação ecológica do cerrado em Campo Mourão- PR. 2005. 23f. Monografia (Graduação) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Curso Superior de Tecnologia Ambiental. Modalidade Meio Urbano. Campo Mourão, 2005. FURLEY, P.A & RATTER, J.A. 1988. Soil resources and plant communities of the central Brazilian cerrado and their development. Journal of Biogeography 15 (1): 97-108.

GAVA, Eugenio Anselmo, Levantamento de avifauna do Campus. 2007. Trabalho de Conclusão de Curso, UTFPR, Campo Mourão – PR. GALETTI, M., M. A. PIZO; P. MORELLATO. Fenologia, frugivoria e dispersão de sementes. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Paraná, p. 395-422, 2003. Google Maps. Disponível em: <maps.google.com>. Acesso em: 07 jun 2011.

IBAÑES, B.; TARAZI, R.; FERRAZ, E.M.; GANDARA, F.B.; KAGEYAMA, P.Y. Distribuição espacial de Diospyros hispida por classe de diâmetro em uma parcela no cerrado da Estação Ecológica de Itirapina,SP. In: 16º SIICUSP - SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 16, Ribeirão Preto, 2008. Resumos.Ribeirão Preto: USP, 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1992. 92p Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.Cidades. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: 13 jun. 2011. KÖPPEN, W. Climatología. Com um estúdio de los climas de La tierra. México: FCE, 1948. KLINK, C. A.; MACHADO, R.B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade 1 (1): 147-155. MAACK, R. Geogradia Física do Estado do Paraná. Curitiba: Papelaria Masc. Roesner, 1968. KREBS, A.S.J. Contribuição ao conhecimento dos recursos hídricos subterrâneos da área correspondente à bacia Hidrográfica do Rio Araranguá, SC. 2002. 1 v. proposta de Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

Page 38: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

38

MARTINS, K.; CHAVES, L.J.; BUSO, G.S.C.; KAGEYAMA, P.Y. Mating system and fine-scale spatial genetic structure of Solanum lycocarpum St.-Hil. (Solanaceae) in the Brazilian Cerrado. Conservation genetics, Arlington, v.7, p.957-969, 2006. McClanahan, T. R.; Wolfe, R. W.. Accelerating forest succession in a fragment landscape: the role of birds and perches. Conservation Biology, 7 (2): 279-289, 1993 MIRANDA, A.C., MIRANDA, H.S., LLYOD,J.,GRACE, J., FRANCEY, R.J., MCINTYRE,J.A., MEIR,P., RIGGAN,P., LOCKWOOD, R., BRASS,J. Fluxes of carbon, water and energy over Brazilian cerrado, na anaysis using eddy covariance and stable isotopes. Plant, Cell and Environment. 20, p. 315-28, 1996. MIZOTE, L. T. M. Campo Mourão: até quando? Coordenadora da Agenda 21 local de Campo Mourão. Agenda 21 de Campo Mourão. Disponível em : <http:// www.agenda21cm.com.br/noticias.php?id=1287> Acesso em 9 mai. 2011. MORETI, A. C. C. C. et al. Abelhas visitantes em vegetação de diferentes áreas remanescentes de cerrado. Magistra, Cruz das Almas-BA, v. 18, n.4, p. 229-248, out./dez., 2006

NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE, 421 p. 1989.

PERES, C. A. Composition, density, and fruiting phenology of arborescent palms in Amazon terra firme forest. Biotropica. Malden, v. 26, p. 285-294, 1994. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLDIMENTO. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil, 2000. Atlas do desenvolvimento Humano. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH%2091%2000 Ranking%decrescente%20(pelos20de%202000).htm.> PORTARIA n°125/2009. Lista Oficial de Espécies Invasoras para o Estado do Paraná. Disponível em : <http:institutohorus.org.br/dowload/marcos_legais/Portaria_ IAP_125_2009_Lista_Oficial.pdf>. Acesso em 12 jun. 2011. RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T. 1998. Fitofionomias do bioma Cerrado. Pp. 89- 166. In: Sano, S.M. & Almeida, S.P. de. (eds). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados. SICK, H. Ornitologia Brasileira. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997. SILVA, V. A., PAROLIN, M. e MEDEANIC, S. Palinologia da Estação Ecológica do Cerrado de Campo Mourão e áreas adjacentes. IV EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 2009. TOH, I.; LAMB,D. The role of isolated trees in facilitating tree seedling re\cruitment at a degraded sub-tropical rainflorest. Restoration Ecology, p 228-297, 1999.

Page 39: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

39

UHL,C. Restauração de terras degradadas na Bacia Amazônica. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, Brasil, p. 419-427, 1997. ZIMMERMANN, C. E. Dispersão de Virola bicuhyba (Schott) Warb. no Parque Botânico do Morro do Baú . 2000. 102 f. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, 2000. WIJDEVEN, S. M. J.; KUZEE, M. E. Seed availability as a limiting factor inforest recovery processes in Costa Rica .Restoration Ecology, p. 414-424, 2000. WHITE, I.C.Relatório final da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil. Rio de Janeiro : DNPM , 1988. Parte I, p.1-300 ; Parte II, p. 301-617, 1908.

11. Equipe técnica

Responsável Técnica: Aline Watanabe

Coordenador do Plano de Recuperação: Felipe Albuquerque

Ordenadora de Despesas: Juliana Correia

Especialista em Fauna e Flora: Kelly Leiko Umeki

Page 40: Plano de Recuperação de Área Degradada no Lote 7h - Campo Mourão

40

12. Anexo

Imagem 1. Imagem de uso e ocupação do solo do município de Campo Mourão - PR. Fonte: FERREIRA;CARNEIRO (2010).